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Universidade de São Paulo Escola Politécnica Programa de Educação Continuada Governo Orientado por Dados João Fabiano Martucci Lopes São Paulo 2018

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Universidade de São Paulo 

Escola Politécnica 

Programa de Educação Continuada 

 

  

 

  

 Governo Orientado por Dados 

 

 

 

 

 

João Fabiano Martucci Lopes 

 

 

 

 

  

 

 

 

São Paulo 

2018 

  

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João Fabiano Martucci Lopes 

 

 

 

Governo Orientado por Dados 

 

 

 

 

 

Monografia apresentada ao Programa de Educação Continuada (PECE), Escola 

Politécnica (POLI), Universidade de São Paulo (USP), para obtenção do título de 

Especialista em Planejamento e Gestão de Cidades.  

 

Áreas de Concentração: Gestão Pública, Governo, Ciência de Dados; Privacidade; 

Participação. 

 

 

Orientador: Miguel Luiz Bucalem 

 

 

 

 

 

 

São Paulo 

2018 

  

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer 

meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada 

a fonte. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

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Nome: LOPES, João Fabiano Martucci 

Título: Governo Orientado por Dados: Inteligência Artificial e Ciência de Dados 

aplicadas à concepção, monitoramento e avaliação de políticas e serviços públicos. 

 

Monografia apresentada ao Programa de Educação Continuada (PECE), Escola 

Politécnica (POLI), Universidade de São Paulo (USP), para obtenção do título de 

Especialista em Planejamento e Gestão de Cidades. 

 

Aprovado em: 

 

Banca Examinadora 

 

Prof. Dr. Miguel Luiz Bucalem 

Instituição:__________________________________________________________ 

Julgamento:_________________________________________________________ 

 

Profa. Dra. Renata Maria Maré Gogliano 

Instituição:__________________________________________________________ 

Julgamento:_________________________________________________________ 

 

Prof. Dr. Sergio Takeo Kofuji 

Instituição:__________________________________________________________ 

Julgamento:_________________________________________________________ 

 

 

 

 

 

  

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Agradecimentos 

 

Ao Prof. Dr. Miguel Luiz Bucalem, coordenar o curso de Planejamento e Gestão de                           

Cidades, que me orientou e incentivou, tornando possível а conclusão desta                     

monografia. 

 

À Prof. Dra. Renata Maré, por ter contribuído com meu aprendizado, auxiliado na                         

pesquisa e no desenvolvimento deste trabalho. Sua atenção e dedicação aos alunos                       

é fantástica.  

 

Agradeço ao Daniel Annenberg e Marianna Sampaio, que tanto me inspiraram e                       

ensinaram. Grato pela oportunidade que tivemos de colocar a tecnologia a favor                       

das pessoas que mais precisam, usando-a como uma ferramenta de                   

empoderamento para reduzir as desigualdades sociais.  

 

Ao Ricardo Cappra, por ter me despertado a paixão pela ciência de dados. Seus                           

ensinamentos foram substanciais na fundamentação desta pesquisa. 

 

Agradeço também а todos оs demais professores do curso de Planejamento e                       

Gestão de Cidades, e aos funcionários do Programa de Educação Continuada                     

(PECE), que sempre foram todos tão solícitos e atenciosos.  

 

À todos companheiros de curso com quem convivi e aprendi ao longo desses anos.                           

Foi uma experiência extraordinária. Tenho a todos com muito carinho. Agradeço em                       

especial ao Caio Chamma, Carol Peçanha e Yasmin Sipahi, que me acompanharam                       

durante toda essa trajetória.  

 

Gratidão. 

  

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Resumo 

 

LOPES, João Fabiano Martucci. Governo Orientado por Dados. Monografia (Pós                   

graduação, lato sensu, em Planejamento e Gestão de Cidades), Programa de                     

Educação Continuada (PECE), Escola Politécnica (POLI), Universidade de São Paulo                   

(USP). São Paulo. 2018 

 

O objetivo da pesquisa era de entender como as tecnologias digitais podem                       

promover a governança pública, fortalecendo processos participativos, ampliando a                 

transparência e tornando o governo mais eficiente. A metodologia teve caráter                     

bibliográfico exploratório, buscou o referencial teórico e exemplos de sua aplicação                     

em diversas cidades do mundo. Foram explorados os conceitos de Inteligência                     

Artificial, Ciência de Dados, Participação, Cooperação, Governança Pública e                 

Privacidade, temas extremamente relevantes e inovadores no contexto da                 

Administração Pública. A análise permitiu compreender que em um Governo                   

Orientado por Dados as pessoas assumem um papel ativo na gestão e                       

desenvolvimento da cidade e das instituições que a organizam, é mais eficiente e                         

transparente. Para implementar relacionou-se os recursos necessários e proprô-se a                   

utilização do Ciclo de Atividades de um Governo Orientado por Dados. Também foi                         

ressaltada a importância da promoção do engajamento e incentivo à participação                     

dos cidadãos, instituindo, organicamente, uma cultura colaborativa na sociedade.                 

Com isso enxergou-se o arquétipo de uma democracia direta, garantindo, assim                     

como explícito na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que a vontade do                       

povo seja base da autoridade do governo. 

 

Palavras Chave: Gestão Pública. Governo. Governo Orientado por Dados. Governo                   

Aberto. Governo Digital. Ciência de Dados. Dados Abertos. Big Data. Internet das                       

Coisas (IoT). Democracia. Privacidade.  

  

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Abstract 

 

LOPES, João Fabiano Martucci. Data-Driven Government. 2018. Monograph               

(Postgraduate, lato sensu, in Planning and Management of Cities), Continuing                   

Education Program (PECE), Polytechnic School (POLI), University of São Paulo (USP).                     

São Paulo. 2018. 

 

The aim of the research was to understand how digital technologies can promote                         

public governance, strengthening participatory processes, increasing transparency             

and making government more efficient. The methodology had a bibliographic                   

exploratory character, sought the theoretical reference and examples of its                   

application in several cities of the world. The extremely relevant and innovative                       

topics in the context of Public Administration like Artificial Intelligence, Data                     

Science, Participation, Cooperation, Public Governance, and Privacy were explored.                 

The analysis allowed us to understand that in a Data-Driven Government people                       

take an active role in the management and development of the city and the                           

institutions that organize it, it is more efficient and transparent. To implement, the                         

necessary resources were related and the use of the Cycle of Activities of a                           

Data-Driven Government was proposed. It was also emphasized the importance of                     

promoting engagement and encouraging citizen participation, organically             

establishing a collaborative culture in society. With this, the archetype of a direct                         

democracy was glimpsed were the government ensure, as well as explicitly in the                         

Universal Declaration of Human Rights, that the will of the people is the basis of the                               

authority of the government. 

 

Keywords: Public Management. Government. Data-Driven Government. Open 

Government. Digital Government. Science of Data. Open Data. Big Data. Internet of 

Things (IoT). Democracy. Privacy. 

  

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Lista de Ilustrações 

 

Código Descrição Página

Figura 1 Gartner Hype Cycle for emerging technologies, 2017 22

Figura 2 Linha do tempo 2000-2018 das realizações de Governo Eletrônico no âmbito do Governo Federal Brasileiro

26

Figura 3 Estratégia de Governança Digital (EGD) 28

Figura 4 Princípios e objetivos da EGD 29

Figura 5 Diagrama Estratégico da EGD. Temas detalhados a partir do conceito do E-Digital.

30

Figura 6 Estratégia Brasileira para Transformação Digital (E-Digital). Eixos e ações previstas.

31

Figura 7 Pirâmide do Conhecimento (Data, Information, Knowledge and Wisdom - DIKW)

47

Figura 8 Framework para visualização de dados (Data Viz) 50

Figura 9 Internet das Coisas 52

Figura 10 Definições de Inteligência Artificial 55

Figura 11 Processo de reconhecimento facial A 59

Figura 12 Processo de reconhecimento facial B 60

Figura 13 Como cria-se um modelo preditivo 62

Figura 14 Modelo Preditivo 63

Figura 15 Framework para elaboração de KPI's 69

Figura 16 The Data Ethics Canvas 82

Figura 17 Escala de maturidade de um Governo Orientado por Dados 87

Figura 18 Ciclo de Atividades de um Governo Orientado por Dados 91

Figura 19 Sistema de monitoramento por Inteligência Artificial e CFTV da China

93

FIgura 20 Smart Glasses: Óculos com capacidade para realizar reconhecimento facial.

94

Figura 21 Estimativa de câmeras CFTV que serão instaladas na China 94

  

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Figura 22 Foto de Palma de Mallorca, com enfoque no Access Point que disponibiliza o sinal de Wi-Fi

96

Figura 23 Mapa de calor que demonstra os principais pontos de concentração dos usuários do SmartWifi

96

Figura 24

Elemento que consta no Dashboard do projeto Smart Wi-Fi. Os dados demonstram a porcentagem de usuários do serviço em relação ao sistema operacional utilizado e as aplicações mais acessadas.

97

Figura 25 Modelo de perguntas enviadas pelo Google Local Guide aos usuários do serviço

98

Figura 26 Protótipo de perguntas que um Governo Orientado por Dados pode fazer aos cidadãos

99

Figura 27 Mapa da violência Armada. St Louis, Estados Unidos. A 100

Figura 28 Mapa da violência Armada. St Louis, Estados Unidos. B 101

Figura 29 Mapa da violência Armada. St Louis, Estados Unidos. 102

Figura 30 Telas do Portal de Atendimento da Prefeitura de São Paulo - SP 156

104

Figura 31 Página inicial da plataforma de participação de Barcelona - decidim.barcelona

108

Figura 32 Etapas do processo de participativo - “la Model” 109

Figura 33 Visualização da rede de pessoas e suas interações no âmbito do processo participativo

109

Figura 34 Conclusão e Framework - Governo Orientado por Dados 113

 

Lista de Siglas 

Sigla Descrição

BOLD Big and Open Linked Data

C2C Cidadão para Cidadão

C2G Cidadão para Governo

CDO Chief Data Officer

CDO Chief Data Officer

  

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CFTV Circuito Fechado de Televisão

CMX Customer Monitoring Experience

CPS Cyber-Physical Systems

DIKW  Data, Information, Knowledge and Wisdom

DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos

E-Digital Estratégia Brasileira para a Transformação Digital

E-GOV Governo Eletrônico

EGD Estratégia de Governança Digital

EUA Estados Unidos da América

GDPR General Data Protection Regulation

GDPR General Data Protection Regulation

IA Inteligência Artificial

IoT Internet of Things

KPI Key Performance Indicator

LGPDP Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais

M2M Máquina para máquina

MIT Massachusetts Institute of Technology

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

ODI Open Data Institute

ONU Organização das Nações Unidas

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

RNA Redes Neurais Artificiais

RNA Redes Neurais Artificiais

TDQM Total Data Quality Management

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

UE União Europeia

V2I Veículo para infraestrutura

V2V Veículo para veículo

VGI Volunteered Geographic Information

  

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Sumário 

 

Seções Descrição Página

1. Introdução 13

2. Contexto 15

2.1. A era da informação 18

2.2. Transformação Digital 20

2.3. Governança e Transformação Digital no Governo Federal Brasileiro

25

3. Governo Aberto. Dados Abertos 31

4. Ciência de Dados 36

4.1. Análise de dados e sua estrutura enquanto projeto 39

4.2. Governança de dados 41

4.3. Qualidade dos dados 41

4.4. Chief Data Officer 43

4.5. Big Data 45

4.6. BOLD - Big and Open Linked Data 48

4.7. Visualização de dados 49

5. Internet das Coisas 50

6. Inteligência Artificial 54

6.1. Aprendizado de Máquina 60

6.2. Análise Preditiva 61

7. Governança Pública 64

7.1. Indicadores 66

8. Participação 69

9. Privacidade 74

10. Ética no uso de dados 79

10.1. Data Ethics Canvas 81

11. Governo Orientado por Dados 83

  

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11.1. Escala de maturidade de um Governo Orientado por Dados 86

11.2. Recursos necessários para implementação de um Governo Orientado por Dados

89

11.3. Ciclo de atividades de um Governo Orientado por Dados

90

12. Referências 92

12.1. Referência #01: China 92

12.2. Referência #02: SmartWifi. Cidade de Palma de Mallorca 95

12.3. Referência #03: Google Local Guide 97

12.4. Referência #04: Mapa da epidemia de violência armada nos Estados Unidos

100

12.5. Referência #05: Portal de Atendimento SP 156. Prefeitura de São Paulo.

103

12.6. Referência #06: Estratégia para direção autônoma e conectada da Alemanha

105

12.7. Referência #07: Decidim: Plataforma de participação de Barcelona, Espanha

107

13. Conclusão 110

13.1. Futuros desdobramentos desta pesquisa 111

 

14. Bibliografia 114

 

 

 

 

 

 

  

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1. Introdução A pesquisa iniciou com o objetivo de entender como as tecnologias                     

digitais podem promover a governança pública, fortalecendo processos               

participativos, ampliando a transparência e tornando o governo mais eficiente.  

A metodologia da pesquisa teve caráter bibliográfico exploratório. Para                 

elaborá-la foram pesquisadas estratégias, casos, e documentos de referência no                   

cenário internacional e nacional. Assim, foi possível definir conceitos, e identificar                     

desafios e oportunidades, contextualizando ações de diversas organizações no                 

âmbito de um Governo Orientado por Dados.  

O encadeamento das idéias expostas na seção 2 contextualiza e                   

exemplifica o impacto da utilização das TIC na sociedade, na democracia e no                         

governo, contextualizando os fenômenos da Transformação Digital e a Era da                     

Informação. 

A seção 3 trata dos temas Governo Aberto e Dados Abertos. São                       

abordadas as principais características desses conceitos, e as bases para a                     

elaboração de uma política nesse sentido, para que o governo seja um mecanismo                         

de ação coletiva, funcionando como uma plataforma. 

O conceito de Ciência de Dados, sua relação com o governo e exemplos                         

de aplicação são dados na seção 4. A seção 4.1 aborda a temática da análise de                               

dados e sua estrutura enquanto projeto, que pode ser dividida em cinco fases:                         

Formulando perguntas; Análise exploratória; Modelagem formal; Interpretação dos               

resultados; Comunicação de resultados. As seções 4.2 e 4.3 tratam dos temas                       

governança de dados e qualidade dos dados, sucessivamente. Também são                   

exploradas as características e atribuições de um profissional de ciência de dados, o                         

Chief Data Officer. A seção 4.5 versa sobre o Big Data e o contextualiza perante a                               

administração pública. Nela também é discorre-se sobre a Pirâmide do                   

Conhecimento, onde explicita-se o conceito de dados, informação, conhecimento e                   

  

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sabedoria. Por fim, debate-se e apresenta-se uma forma adequada de realizar a                       

visualização de dados.  

A seção 5 disserta sobre a Internet das Coisas. É feita a abordagem                         

histórica conceitual dessa tecnologia, citando exemplos de aplicações para                 

contextualizar seu potencial em um Governo Orientado por Dados.  

A compreensão sobre a temática da Inteligência Artificial é tratada na                     

seção 6, onde apresentam-se oito diferentes entendimentos que essa tecnologia                   

possui. As seções 6.1 e 6.2 versam sobre Aprendizado de Máquina e Análise                         

Preditiva.  

Na seção 7 é feita a caracterização de Governança Pública, tanto em seu                         

entendimento como um pilar da democracia, que preza pela transparência e                     

participação, colocando o cidadão no centro das ações governamentais, tanto como                     

uma ferramenta gerencial, que organiza o relacionamento das organizações com as                     

demais partes interessadas, estabelecendo controles, fluxos, padrões e regras. Esse                   

último é aprofundado na seção 7.1, que trata da importância do estabelecimento de                         

indicadores. 

A seção 8 expõe sobre como a participação está relacionada ao Governo                       

Orientado por Dados. Nela aborda-se os conceitos de crowdsourcing e informação                     

geográfica voluntária.  

A temática da privacidade é debatida na seção 9, onde também é feito                         

um paralelo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Casos de                     

vazamento de dados são apresentados. A seção também versa sobre o                     

Regulamento Geral de Proteção de Dados, tanto no cenário internacional, como no                       

nacional, que foi regulamentado por meio da Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018. 

A ética no uso de dados é abordada na seção 10. Exemplos que                         

agridem-na, impactando negativamente pessoas e a sociedade, são apresentados.                 

A seção 10.1 indica o Data Ethics Canvas como uma ferramenta que contribuiu para                           

a tomada de decisão, criando condições para que as organizações avaliem as                       

  

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implicações éticas de um projeto de dados. 

A seção 11 contextualiza e exibe um modelo de maturidade para um                       

Governo Orientado por Dados. Também citam-se exemplos no setor da saúde,                     

educação, zeladoria urbana, energia, etc. Na seção 11.2. sintetiza os recursos                     

necessários para implementação de um Governo Orientado por dados e na seção                       

11.3. é proposto uma metodologia, “Ciclo de Atividades de um Governo Orientado                       

por Dados”, que governos podem utilizar para tomada de decisão. 

Referências de organizações que utilizam dados para tomada de decisão,                   

tanto em âmbito nacional e internacional, são discutidas e apresentadas na seção                       

12.  

Por fim, a seção 13. conclui a pesquisa ressaltando as principais                     

descobertas e resultados obtidos. Entende-se que com a aplicação do Governo                     

Orientado por Dados abre-se a possibilidade de empoderar a sociedade para                     

conduzir o governo e promover mudanças justas e equilibradas pelo coletivo,                     

viabilizando o constante monitoramento e avaliação dos serviços públicos, onde as                     

pessoas assumem uma função ativa na construção e reforma da cidade e das                         

instituições que a organizam.  

 

2. Contexto A cooperação é uma habilidade extraordinária. Talvez essa tenha sido a                     

característica central que possibilitou ao homo sapiens a conquista de todo o                       

planeta Terra. Há cerca de 12 mil anos, a revolução agrícola facilitou o                         

desenvolvimento de pequenos assentamentos humanos. Inicialmente com dezenas               

de membros, pouco a pouco os assentamentos foram-se expandindo. Cada vez                     

mais e mais homo sapiens se aglomeravam no mesmo local. Essas redes de dezenas                           

de pessoas se tornaram redes de centenas, milhares (Yuval Harari, 2014). 

Saltamos de sistemas de cooperação em rede compostos por dezenas de                     

  

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pessoas, para bilhões. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) estão                     

ampliando nossa habilidade de cooperação de uma forma sem precedentes.                   

Existem pessoas com milhões de seguidores no YouTube. Algumas organizações,                   

como o Facebook, possuem bilhões de usuários cadastrados (Estadão, 2018).  

Como estamos vendo nos últimos anos, a tecnologia permitiu que as                     

mobilizações populares fossem convocadas com mais agilidade e ampliou a                   

quantidade de pessoas alcançadas. Depois de um levante popular convocado por                     

SMS em Moçambique em 2010 (BBC, 2010), da Primavera Árabe difundida pelo                       

Twitter no Oriente Médio (UOL, 2012), e das manifestações brasileiras de junho de                         

2013, impulsionadas pelo Facebook, em 2018 foi a vez do WhatsApp possibilitar a                         

mobilização dos caminhoneiros que interditou milhares de trechos de rodovias em                     

todo o país ao longo de dez dias, causando prejuízos consideráveis à economia                         

(BBC, 2018). A tecnologia se apresenta como uma ponte que leva a sociedade para                           

fora da caverna , possibilitando a construção de redes e ampliando a aquisição de                         1

conhecimento. Foi uma ferramenta fundamental para mobilizar pessoas a se                   

rebelarem contra a tirania e a opressão. 

A produção de conteúdo foi descentralizada, qualquer pessoa pode                 

gravar ou assistir vídeo aulas no YouTube, por exemplo. A Wikipedia é um exemplo                           

de enciclopédia multilíngue, de licença livre, baseada na web e escrita de maneira                         

colaborativa. A organização visa empoderar e engajar pessoas pelo mundo para                     

coletar e desenvolver conteúdo educacional, sob uma licença livre ou no domínio                       

público, e disseminá-lo efetivamente e globalmente (Wikipedia, 2018). 

Manuel Castells explica que entre as décadas de 1960 e 1970, surgiram                       

três processos independentes: (i) a revolução da tecnologia da informação; (ii) a                       

crise econômica do capitalismo e estatismo; (iii) a ascensão de novos movimentos                       

sociais, como ambientalismo e feminismo. Essa combinação possibilitou uma                 

1 A alegoria da caverna, escrita pelo filósofo grego Platão, encontra-se na obra intitulada                           A República, e busca exemplificar como o ser humano pode se libertar da condição de escuridão,                               que o aprisiona, por meio da luz da verdade. 

  

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formação de nova estrutura social, a sociedade em rede, e criou uma nova                         

economia, a economia informacional global, e também em uma cultura de                     

“realidade virtual” (Castells, 1989). 

O conceito de rede sofreu recentemente um processo revolucionário,                 

tendo um novo entendimento. Em 1950 a leitura arquitetônica de redes analisava a                         

infraestrutura de cima para baixo, onde as funções eram conectadas e por meio das                           

quais as mercadorias - materiais e virtuais - eram distribuídas de suas fontes para os                             

consumidores. As redes do século XXI são distribuídas, estruturadas de baixo para                       

cima, permitindo que a humanidade ganhe acesso constante e contínuo a                     

informações em tempo real. As conexões são feitas diretamente entre os cidadãos,                       

peer-to-peer , onde a autoridade central é substituída por relações colaborativas                   2

(Ratti; Nashid. 2018). 

A forma como as pessoas percebem a tecnologia também mudou                   

porque está inserida em atividades cotidianas, como correr, dirigir e se comunicar                       

(YOO, Y; 2010).  

Nesse novo ambiente, o governo deve se tornar uma plataforma de                     

inovação, onde as necessidades de cidadãos e parceiros podem ser rapidamente                     

transformadas em resultados e onde novos serviços digitais podem ser rapidamente                     

desenvolvidos, lançados e aperfeiçoados (A Government for the Digital Age, 2018). 

Contudo, muitos governos ainda possuem modelos de negócios e                 

tecnologias ultrapassadas, inflexíveis, que prejudicam sua capacidade de reagir                 

rapidamente às necessidades emergentes e resolver novos problemas. O resultado                   

é uma crescente desconexão entre o que os cidadãos querem do governo e o que                             

os governos podem oferecer (A Government for the Digital Age, 2018). 

2 Um processo Peer-to-peer (do inglês par-a-par, com sigla P2P) é realizado diretamente,                         sem intermediários, entre duas pessoas ou entidades. Em uma arquitetura de redes de                         computadores peer-to-peer, cada um dos pontos ou nós da rede funciona tanto como cliente quanto                             como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um                         servidor central.  

  

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O Governo Inteligente conceitua o uso de dados, informações e                   

conhecimentos como ativos governamentais, que otimizam os serviços públicos,                 

fornecem experiências de serviços integrados e proativos, fortalecem a interação                   

com os cidadãos e a cocriação de políticas públicas (Uruguay, 2016).  

 

2.1. A era da informação De acordo com Dave Chaffey (2011), a aplicação de informações e                     

tecnologia oferece novas maneiras de fazer negócios, aumenta a eficiência dos                     

processos de negócios, reduz os custos e fornece as medidas de desempenho que                         

promovem o controle a melhoria contínua.  

Para conceituar e informação no mundo moderno o autor cunhou três                     

termos: 

(i) Sociedade da Informação: uma sociedade com amplo acesso a receber                     

e transferir informações digitais dentro dos negócios e da comunidade. Uma                     

sociedade caracterizada pelo intenso fluxo de informação, presente no cotidiano                   

dos seus cidadãos e na maioria das organizações.  

(ii) Economia da informação: uma economia altamente dependente da                 

coleta, armazenamento e troca de informações. Além disso, muitas empresas                   

trabalham exclusivamente com o gerenciamento, organização e adição de valores                   

aos dados coletados, vendendo a informação e o conhecimento fruto desse                     

trabalho; 

(iii) Era da informação: a crescente importância da informação através do                     

tempo, tanto para a sociedade quanto para as economias, tem sido usada para                         

sugerir que estamos agora na "era da informação". Na era agrícola, os principais                         

recursos utilizados eram a terra e as pessoas que nela trabalhavam. Quando os                         

produtos eram produzidos pela primeira vez, geralmente eram feitos inteiramente                   

por uma única pessoa. As manualidades e artesanatos predominavam. Já na era                       

industrial, a produção em massa de produtos tornou-se comum, com diversas                     

  

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pessoas trabalhando em conjunto nos diferentes aspectos do produto, apoiadas por                     

máquinas. Na era da informação, informação e conhecimento são fatores críticos                     

para o sucesso organizacional. A informação também se torna um recurso                     

estratégico fundamental. Ela possibilita o entendimento sobre as necessidades dos                   

mercados, apoia o desenvolvimento de produtos, e controla a direção dos                     

negócios.  

Oliveira (1987) aponta alguns aspectos relacionados com as informações: 

a) Tipo das informações: são bastante variados, podendo abranger a                   

quantificação temporal, datas de ocorrências, valores, quantidade e qualidade; 

b) Frequência das informações: refere-se à periodicidade na obtenção ou 

disponibilização das informações, tanto no nível estratégico, tático e operacional; 

c) Qualidade das informações: trata-se da precisão e consistência das                   

informações, inclusive o seu conteúdo, forma e canais, sendo que a medida que                         

aumenta o nível decisório a informação tende a ser de menor grau de detalhamento                           

e maior consolidação.  

d) Fontes de informações: são oriundas dos coordenadores ou gerentes                   

de desenvolvimento e dos usuários do sistema. 

A sociedade em rede e a transformação digital ampliou                 

exponencialmente a quantidade de dados gerados. Desde o início da história da                       

internet, em 1984, até 2016, geramos mais 1.2 zettabyte de informações. Contudo,                       

a transformação digital vem alavancando esse processo e, de acordo com os dados                         

publicados no relatório do Cisco Visual Networking Index, estima-se que a partir de                         

2021: (i) produziremos mais de 3.3 zettabytes por ano; (ii) haverá 4.6 bilhões de                           

usuários da internet, ou seja, 58% da população mundial, que é de 7.8 bilhões de                             

pessoas. Em 2016 havia 3.3 bilhões de usuários, 44% da população mundial; (iii)                         

enquanto em 2016 havia uma média de 2.3 dispositivos conectados à rede, por                         

pessoa, totalizando 17.1 bilhão de dispositivos. Em 2021 teremos mais de 3.5                       

dispositivos por pessoa, ou seja, o número de dispositivos conectados será três                       

  

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vezes maior que a população global, alcançando cerca de 27.1 bilhões de                       

dispositivos conectados à rede (Cisco Visual Networking Index, 2017).  

Contudo, há de se observar que grande parte da população mundial não                       

possui acesso à internet. Segundo o estudo State of Connectivity, elaborado pela                       

Internet.Org e Facebook em 2015, apenas 43% da população mundial estava                     

conectada à internet, ou seja, 4.1 bilhão de pessoas eram excluídas digitalmente.                       

Muitas comunidades brasileiras sequer possuem infraestrutura de conectividade. O                 

Brasil é o 10º país em número de pessoas sem acesso à internet: 1/3 de sua                               

população é excluída (Internet.Org, 2015). A Pesquisa Nacional por Amostra de                     

Domicílios (PNAD Contínua TIC 2016-2017), realizada pelo IBGE, aponta que 69,3%                     

dos domicílios brasileiros não possui acesso a internet. Sendo que os motivos                       

apontados pelas pessoas entrevistadas que impossibilitam a utilização da internet                   

são: a. falta de interesse em acessar a internet (34,8%); b. serviço de acesso à                             

internet caro (29,6%); c. nenhum morador sabia usar (20,7%); d. serviço de acesso                         

indisponível na área do domicílio (8,1%); e. consideravam que o equipamento                     

eletrônico necessário para acessar a internet é caro (3,5%); f. outro motivo (3.3%)                         

(IBGE, 2018).  

 

2.2. Transformação digital A literatura sobre administração descreve o fenômeno da transformação                 

digital como o emprego de novas tecnologias digitais para promover grandes                     

melhorias de negócios nas organizações (Fitzgerald, 2013).  

Contudo, a transformação digital requer mudanças muito mais profundas                 

do que meramente investir em tecnologias digitais. É preciso buscar novos modelos                       

de negócios, repensar fundamentalmente seus modelos operacionais, renovar o                 

modo de atrair e estimular talentos digitais e reformular a forma como o sucesso é                             

medido (World Economic Forum, 2016). 

Don Tapscott afirma que uma primeira onda de inovação baseada no                     

  

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digital possibilitou o "e-government", onde as informações e os serviços ficaram                     

mais acessíveis aos cidadãos, e tornou a administração e operação mais eficiente.                       

Mas muitas dessas iniciativas focaram apenas em automatizar os processos                   

existentes e digitalizou os serviços. Assim, ele observa que iniciamos uma segunda                       

onda de inovação, que está fundamentalmente redesenhando como o governo                   

executa suas atividades (Lathtrop; Ruma. 2010). 

Ou seja, a transformação digital começa com a compreensão de quem                     

são seus clientes, colocando-os no centro das iniciativas que promovem a                     

modernização e melhoria dos serviços públicos. Para o governo, o cliente final será                         

sempre o cidadão e suas iniciativas devem ser de interesse público. Após identificar                         

quem são seus clientes, o governo precisa identificar quais serviços são oferecidos a                         

eles e, mais importante, como eles experimentam cada serviço (A Government for                       

the Digital Age, 2018). 

Este é um fenômeno que está em curso e é impulsionado pela evolução                         

das ferramentas de TICs, pelos usos que damos a elas, e pelas redes nas quais elas                               

operam (Zysman et al. 2010).  

 

  

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A figura 1, extraída do Gartner Hype Cycle for Emerging Technologies de                       

2017, relatório que monitora o progresso das tecnologias emergentes, desde a                     

inovação inicial até se tornar uma necessidade doméstica, foca em três                     

megatendências da tecnologia emergente: Inteligência artificial (AI) em todo lugar,                   

experiências imersivas e plataformas digitais.  

Observa-se que o aprendizado profundo e o aprendizado de máquina                   

estão no que chamam de "pico da expectativa inflada", mas estão a apenas dois a                             

cinco anos da adoção comum. Já a computação cognitiva, embora também esteja                       

dentro do pico de expectativa inflada, irá alcançar sua maturidade tecnológica em                       

até 10 anos. Também é possível observar que a inteligência artificial geral ainda                         

está no estágio inicial da inovação, sendo um vasto campo a ser explorado.  

O relatório classifica a inteligência artificial como a classe mais disruptiva                     

  

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de tecnologia dos próximos 10 anos, pois permitirá que organizações explorem                     

dados de modo a adaptar à novas situações e resolver problemas que sequer                         

haviam sido descobertos.  

A inovação é essencial para a melhoria dos serviços públicos (Albury,                     

2005). Contudo, as organizações no setor público enfrentam muitos desafios para                     

repensar e redesenhar os serviços (Valkama et al. 2013). Falta de incentivos,                       

carência de profissionais com habilidades em gestão de mudanças, orçamentos                   

públicos usados com uma visão de curto prazo, mentalidade de silos, relutância em                         

mudar e uma cultura de aversão ao risco são algumas das típicas barreiras para                           

inovar serviços públicos (Alberti, 2005). A escassez de recursos financeiros e                     

tecnológicos são desafios comuns.   

Assim, para navegar com sucesso pela transformação digital, o governo                   

deve compreender profundamente seus cidadãos, as prioridades de negócios atuais                   

e futuros, a infraestrutura de TI existente. O uso da tecnologia pode mudar a forma                             

como as instituições do governo oferecem serviços públicos, estabelecendo o                   

governo como uma plataforma, alinhando suas prioridades a partir de uma                     

perspectiva de experiência, eficácia e eficiência (A Government for the Digital Age,                       

2018). 

Os estudiosos argumentam que as tecnologias digitais estão moldando a                   

forma como as pessoas vivem, comunicam, consomem e trabalham, quebrando                   

barreiras de tempo e espaço (McDONALD, 2012). 

Por meio da plataforma educacional Veduca , por exemplo, um cidadão                   3

que reside na cidade de São Paulo, Brasil, pode assistir às aulas de professores de                             

Harvard, gratuitamente.  

A transição para o novo mundo digital não exige necessariamente que o                       

antigo seja completamente descartado em favor do novo. Examinar os ativos                     

3 https://veduca.org é uma plataforma online l que disponibiliza cursos 100% online e                         podem ser acessados por qualquer pessoa, gratuitamente.  

  

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estratégicos por meio de uma lente digital pode ajudar a identificar quais ativos                         

manterão seu valor, quais não terão mais valor, e quais poderão ser usados de                           

novas maneiras (Westerman, 2018). 

O Governo Digital amplia interatividade e a participação política nos                   

processos do Estado, facilita a navegação e acesso a portais e serviços de governo,                           

fortalece a democracia, a prestação de contas à sociedade, a comunicação com os                         

cidadãos (Brasil, 2018).  

Dentre as tecnologias digitais emergentes, as tendências que estão                 

gerando drásticas mudanças na infraestrutura de muitos setores são: (i) a                     

computação em nuvem (exemplo: acesso remoto a informações); (ii) as mídias                     

sociais (exemplo: interações online nas redes sociais); (iii) as tecnologias móveis                     

(exemplo: smartphones e tablets); (iv) big data (exemplo: por meio do uso de                         

grandes quantidades de dados para realizar análises preditivas) (Hanelt et al. 2015;                       

Westerman, 2018). 

Com isso, a transformação digital está impactando profundamente               

nossos negócios e nossa sociedade. A digitalização de dados ajuda a tornar os                         

processos mais eficientes e rápidos, economizando com papel, mão de obra e                       

tempo (Frost & Sullivan, 2017). 

A chave para essa transformação está no desenvolvimento,               

implementação e integração de tecnologias e capacidades, de forma a melhorar                     

significativamente as eficiências operacionais. As mudanças fundamentais ocorrem               

nos processos, nas funções, e no engajamento com clientes (Frost & Sullivan,                         4

2017).  

O surgimento de uma nova economia de serviços desafia as formas                     

tradicionais de trabalho. Muitos serviços podem ser codificados, formalizados e                   

modularizados pelas TICs. Muitos serviços públicos tornaram-se digitais (e-services).                 

4 Entende-se cliente como aquele adquire, utiliza bens ou serviços, públicos ou privados.                         Sendo divididos em Clientes Internos, àqueles que fazem parte da organização que oferece o ben ou                               serviço, ou externos, àqueles que não fazem parte da organização, mas que adquirem, utilizam ou                             são impactados pelos serviços. 

  

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Com isso, os custos globais de comunicação foram reduzidos substancialmente pela                     

digitalização (Valkama et al. 2013).  

 

2.3. Governança e Transformação Digital no         

Governo Federal Brasileiro As ações de governo digital, no âmbito do Governo Federal Brasileiro,                     

começaram a ser estruturadas no início da década de 2000. Naquele momento,                       

denominadas como “governo eletrônico” (e-Gov), tinham a finalidade de priorizar o                     

uso das TICs para democratizar o acesso à informação, visando ampliar a                       

participação popular, e também aumentar a qualidade e a efetividade dos serviços                       

e informações públicas (Estratégia de Governança Digital. 2016). 

A figura 2 apresenta a linha do tempo dessas ações. Nota-se que nos                         

últimos anos tivemos grandes avanços nessas questão, destacando a publicação da                     

Estratégia de Governança Digital (EGD) e da Política de dados abertos em 2016, da                           

Política de Governança Pública e do Decreto que dispõe sobre a simplificação dos                         

serviços públicos em 2017, e da Estratégia Brasileira para a Transformação Digital                       

(E-Digital) em 2018. 

 

 

  

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A Estratégia de Governança Digital (EGD), instituída em 2016, abrange o                     

  

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período de 2016 a 2019. Seu propósito é orientar e integrar as iniciativas de                           

transformação digital dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. 

A primeira versão da EGD estabeleceu nove princípios para governança                   

digital e dez objetivos estratégicos. A revisão, publicada em 2018, - que foi                         

co-criada com especialistas do governo, de organizações da sociedade civil, da                     

iniciativa privada, e da academia - simplificou o documento e deu foco aos objetivos                           

prioritários para a transformação digital até 2019. 

Como pode-se observar na Figura 3, o documento orienta as ações do                       

governo em três eixos principais: 

(i) Acesso à informação: tem como seus principais meios de                   

conectividade o Portal Brasileiro de Dados, que disponibiliza dados e as                     

informações públicas, e o Portal da Transparência, que possui para consulta                     

informações sobre as contas e despesas do governo federal. 

(ii) Prestação de serviços: que utiliza a Plataforma de Cidadania Digital                     

(PCD), para exibir o portfólio de iniciativas em prol da ampliação e simplificação do                           

acesso aos serviços públicos digitais. 

(iii) Participação Social: tendo o portal Participa.br como principal                 

mecanismo de engajamento e participação, onde são disponibilizados documentos                 

e temas para a contribuição, crítica e construção de ações e políticas do Estado.                         

  

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A EGD possui dez princípios e cinco objetivos estratégicos que foram                     

categorizados em três eixos: acesso à informação, prestação de serviços e                     

participação social (Figura 4). A figura 4 também demonstra as relações entre os                         

eixos estratégicos, os princípios da governança digital e os benefícios que serão                       

proporcionados à sociedade brasileira. 

Já a Estratégia Brasileira para Transformação Digital (E-Digital) oferece                 

um amplo diagnóstico dos desafios a serem enfrentados, uma visão de futuro, um                         

conjunto de ações estratégicas que busca essa visão, e estabelece indicadores para                       

seu monitoramento.  

 

 

 

 

  

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A E-Digital tem a função de coordenar diversas iniciativas 

governamentais, buscando uma visão única, sinérgica e coerente, apoiando a                   

digitalização dos processos produtivos e a capacitação para o ambiente digital,                     

gerando valor e crescimento econômico. O documento também ressalta a                   

importância da criação e atualização de marcos regulatórios. 

Com base nessas premissas, E-Digital divide a transformação digital da                   

economia e da sociedade em dois grandes grupos:  

(i) Transformação no Governo: que engloba a economia baseada em                   

dados, os dispositivos conectados, e os novos modelos de negócio viabilizados                     

pelas tecnologias digitais; 

(ii) Transformação na Economia: com vistas ao pleno exercício da                   

  

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cidadania no mundo digital e à prestação de serviços à sociedade. 

 

Os grupos foram divididos em temas, que estão detalhados na Figura 5.                       

A partir daí a E-Digital categorizou suas ações em dois eixos temáticos: eixos                         

habilitadores e eixos de transformação digital. 

Os eixos habilitadores possuem as temáticas dos dois grupos,                 

transformação em governo e transformação na economia. Os eixos de                   

transformação digital os temas abordados pela E-Digital (Figura 6). 

  

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O eixos habilitadores possuem o objetivo de criar um ambiente propício                     

para o desenvolvimento da transformação digital da economia brasileira, com                   

iniciativas para alavancar a digitalização. São mais de 100 ações previstas, que têm                         

foco no papel do governo como habilitador e facilitador da transformação digital,                       

na capacitação da sociedade para essa realidade, e na atuação do Estado como                         

prestador de serviços e garantidor de direitos. 

 

3. Governo Aberto. Dados Abertos.  Compreender o conceito de um Governo Aberto depende de se ter o                       

entendimento que todas as pessoas possuem o direito à acessar documentos e                       

procedimentos do governo (Lathrop; Ruma. 2010). 

Esse conceito continua a evoluir com o passar dos anos. O movimento a                         

favor do código aberto (open source software movement ), por exemplo, influenciou                     

positivamente o conceito de Governo Aberto, agregando foco na participação do                     

cidadão nos procedimentos do governo. Portanto, assim como o movimento do                     

  

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código aberto prega que os usuários podem alterar e contribuir com um código, o                           

governo aberto - além de permitir que os cidadãos acessem as informações,                       

documentos e procedimentos - viabiliza uma participação mais significativa                 

(Lathrop; Ruma. 2010). 

Com mais transparência e estabelecendo um fluxo de informação mais                   

intenso e periódico entre os diversas unidades que compõem a estrutura do                       

governo, melhora-se a comunicação e operação entre as áreas, aumentando a                     

eficiência e accountability (Lathrop; Ruma. 2010). 

Tim O'Reilly explica que o governo é, no fundo, um mecanismo de ação                         

coletiva. Os cidadãos unidos fazem leis, pagam impostos, e constroem instituições                     

de governo para administrar problemas que são grandes demais para um cidadão                       

único, e cuja solução é do interesse comum (Lathrop; Ruma. 2010). Assim, ele                         

cunhou o termo Governo como Plataforma (do inglês: Government as a Platform),                       

que propõe a ideia de que o governo deve construir uma infraestrutura                       

informacional, onde qualquer cidadão pode reutilizar as informações que estão                   

disponíveis para construir novas aplicações (O'Reilly. 2011). 

Para entender melhor o conceito, veja como o lançamento de satélites                     

meteorológicos, de comunicação e de posicionamento, e a abertura de seus dados                       

possibilitaram uma estratégia de plataforma. Quando uma pessoa utiliza um sistema                     

de navegação automotiva para guiá-lo até o seu destino, como o Waze ou Google                           

Maps, ela está usando um aplicativo criado na plataforma do governo, estendido e                         

enriquecido pelo investimento do setor privado. O mesmo ocorre quando                   

verifica-se o clima - tanto pela TV como pela Internet - pois essas organizações                           

estão utilizando aplicativos criados pelo governo, como Serviço Nacional de                   

Meteorologia dos Estados Unidos, como uma plataforma para construir suas                   

próprias aplicações e serviços (O'Reilly. 2011). 

As iniciativas de governo aberto promovem a transparência, o                 

  

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accountability , a participação dos cidadãos (Yiu, 2012), a colaboração                 5

interdepartamental (Morabito, 2015) e a Inovação (Uruguay, 2016).   

Assim, O’Reilly afirma que os governos devem aproveitar esse momento,                   

rico em novas tecnologias, como uma oportunidade para repensar a forma como                       

executam políticas e serviços públicos (O'Reilly. 2011). 

Seguindo este raciocínio, para que o governo esteja aberto e funcione                     

como uma plataforma, ele deve abrir seus dados para todos. Segundo o Open                         

Knowledge International, “dados abertos são dados que podem ser livremente                   

usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa - sujeitos, no máximo, à                       

exigência de atribuição da fonte e compartilhamento pelas mesmas regras” (Open                     

Knowledge International, 2018). 

Já Mueller conceitua o termo “Dados Abertos” como uma filosofia e                     

prática que exigem que certos dados estejam livremente disponíveis para todos,                     

sem restrições de direitos autorais, patentes ou outros mecanismos de controle                     

(Mueller, 2014). 

Nota-se que dados abertos não é um conceito limitado apenas ao                     

governo, pois qualquer organização pode abrir seus dados.Em projetos de software                     

de código aberto, como o Linux, e sistemas abertos, como a Internet, funcionam                         

sem um conselho central de aprovação. Os projetistas originais desses sistemas                     

estabeleceram regras claras para cooperação e interoperabilidade, garantindo que                 

qualquer um possa contribuir com melhorias e desenvolver novas funcionalidades                   

em cima da plataforma inicial (O'Reilly. 2011). 

A magia dos dados abertos é que a mesma abertura que permite a                         

transparência também permite inovação, a medida em que desenvolvedores                 

constroem aplicações que reutilizam os dados do governo de maneiras inesperadas                     

5 Accountability pode ser definido como “a construção de mecanismos institucionais por                       meio dos quais os governantes são constrangidos a responder, ininterruptamente, por seus atos ou                           omissões perante os governados (Abrucio, 2004). É um termo que pode ser traduzido para o                             português como responsabilidade com ética, remetendo à obrigação e à transparência (Wikipedia,                       2018) 

  

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(O’Reilly, 2011). 

Podemos inferir que, embora seja um fenômeno recente, os dados                   

abertos são potencialmente um facilitador para o engajamento cívico na formulação                     

de políticas, tanto no nível central como no nível local (Kassen, 2013). 

Embora não seja o único, o governo é um ator importante nesse sentido,                         

tanto devido a quantidade e centralidade dos dados que coleta, como também                       

porque os dados governamentais são públicos, portanto podem estar abertos e                     

disponíveis para que outros os utilizem.  

Assim, visando garantir a interoperabilidade - capacidade de diversos                 

sistemas e organizações trabalharem juntos, que é essencial para construir sistemas                     

grandes e complexos - e também para que os dados abertos sejam realmente úteis,                           

o Open Knowledge International (2018) relaciona três características importantes: 

(i) Disponibilidade e Acesso: os dados devem estar disponíveis como um                     

todo e sob custo não maior que um custo razoável de reprodução,                       

preferencialmente possíveis de serem baixados pela internet. Os dados devem                   

também estar disponíveis de uma forma conveniente e modificável; 

(ii) Reutilização e Redistribuição: os dados devem ser fornecidos sob                   

termos que permitam a reutilização e a redistribuição, inclusive a combinação com                       

outros conjuntos de dados; 

(iii) Participação Universal: todos devem ser capazes de usar, reutilizar e                     

redistribuir - não deve haver discriminação contra áreas de atuação ou contra                       

pessoas ou grupos. Por exemplo, restrições de uso ‘não-comercial’ que impediriam                     

o uso ‘comercial’, ou restrições de uso para certos fins (ex.: somente educativos)                         

excluem determinados dados do conceito de ‘abertos’. (Open Knowledge                 

International, 2018) 

Eles devem estar disponíveis, gratuitamente, para reutilização da               

população, sem restrições de propriedade. Contudo, muitas organizações não                 

possuem um nível de maturidade de dados abertos elevado (Open Data Institute,                       

  

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2015). Muitas sequer possuem bases de dados organizadas e tratadas. As                     

informações não são apresentadas de uma forma agradável, simples, possibilitando                   

que mais cidadãos tenham acesso àquele conhecimento.  

O governo Federal define dados abertos como aqueles acessíveis ao                   

público, representados em meio digital, estruturados em formato aberto,                 

processáveis por máquina, referenciados na internet e disponibilizados sob licença                   

aberta que permita sua livre utilização, consumo ou cruzamento, limitando-se a                     

creditar a autoria ou a fonte (Brasil, 2016). 

Uma política de dados abertos demonstra o comprometimento executivo                 

com dados abertos, define metas e padrões. Também pode descrever o período de                         

tempo e o processo de publicação dos dados. A política também definirá quais                         

dados governamentais serão públicos, quais não serão divulgados por motivos de                     

privacidade ou segurança, e estabelece o padrão, formato, de publicização.                   

Medidas de qualidade de dados e rotinas de auditoria podem ser incorporadas na                         

política. Além disso, também deve descrever o escopo e atribuições dos                     

departamentos e demais órgãos (Wiseman. 2016). 

Uma estratégia de dados abertos descreve como e quando os objetivos                     

de uma política de dados abertos serão alcançados. A estratégia deve detalhar                       

etapas, identificar as partes responsáveis e fornecer metas de desempenho                   

(Wiseman. 2016). 

A cidade de São Francisco, por exemplo, publicou uma estratégia de                     

dados abertos, que compreende um período de três anos, e é atualizada                       

anualmente. A cidade também publica uma atualização detalhada do progresso da                     

estratégia, mostrando quantos e quais conjuntos de dados foram publicados por                     

mês, por agência e por nível de prioridade (Wiseman. 2016). 

A ideia por trás do compartilhamento de dados e das iniciativas de                       

governo aberto é que as organizações possam usá-los para melhorar ou criar novos                         

  

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produtos ou serviços (Bertot et al. 2014). Essas iniciativas geram novos insights                       6

científicos e de pesquisa, promovem o desenvolvimento econômico, informam e                   

deixam clara quais foram as decisões do governo e possibilitam a formulação de                         

novas políticas públicas que beneficiam os cidadãos (Bertot et al. 2014). 

Portanto, um Governo Orientado por Dados está intimamente               

relacionado aos conceitos de Governo Aberto e Governo como Plataforma, já que                       

utiliza dados para tomada de decisão, e também envolve e engaja o cidadão na                           

gestão da cidade. 

 

4. Ciência de Dados Em boa parte, esse contínuo crescimento na quantidade de dados                   

gerados se deve à expansão do uso de dispositivos móveis, já que as pessoas                           

passaram de majoritariamente consumidoras para produtoras de dados, gerando                 

dados em velocidade, volume e variedade cada vez maiores (Carvalho, 2016).  

Logs de sistemas e registros de transações online, como curtidas,                   7

comentários, ou o compartilhamento de um post em uma rede social - indiferente                         

se em formato de texto, foto ou vídeo - ou qualquer outra ação online, como                             

realizar uma busca ou assistir um filme, são registrados e armazenados. 

Assim, enxerga-se uma crescente demanda de análise de dados por meio                     

de uma abordagem holística e interdisciplinar , que considere a integração e a                       8

combinação de dados provenientes de diferentes fontes, e é justamente esta                     

abordagem que define a ciência de dados (Loukides, 2012). 

6 Insight é um termo inglês que traduzido como uma compreensão repentina de um                           problema, ocasionada por uma percepção. Visão inesperada e repentina de alguma coisa. Clareza                         súbita na mente.  

7 Em computação, log de dados é uma expressão utilizada para descrever o processo de                             registro de eventos relevantes num sistema computacional. 

8 Para um olhar mais amplo buscamos o conceito de Interdisciplinaridade como a colaboração entre disciplinas de uma ciência, com interações, trocas recíprocas e                         enriquecimento mútuo (Piaget, 1972) 

  

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A Ciência de Dados utiliza princípios, métodos e sistemas computacionais                   

capazes para extrair conhecimento novo, útil e relevante dos dados. Ela só é útil                           

quando utilizada para responder questões (Caffo et al. 2012). 

Interdisciplinar por natureza, a ciência de dados pode contribuir na                   

resolução de problemas complexos nas áreas de Humanidades, Ciências Exatas,                   

Ciências da Vida, Ciências Agrárias e Tecnologias (Carvalho, 2016).  

Na área de Ciências Exatas, por exemplo, a ciência de dados tem sido                         

utilizada para prever o resultado de reações químicas a partir das condições                       

experimentais e dos reagentes utilizados. Também têm sido empregadas para a                     

classificação de objetos em imagens obtidas por telescópios espaciais (Carvalho,                   

2016). Já nas Ciências Agrárias a ciência de dados pode ser utilizada em aplicações 

como melhoramento genético de animais e de plantas, controle automático de                     

usinas produtoras de álcool, predição de ocorrência de doenças e pragas,                     

classificação automática da qualidade de frutas e redução de danos ao meio                       

ambiente e aos seres humanos na aplicação de pesticidas em plantações.  

As áreas de tecnologia foram das primeiras a aplicar ciência de dados em                         

problemas reais. Esses problemas incluem predição de falhas em linhas de                     

transmissão de energia elétrica, diagnóstico de fadiga em estruturas, predição de                     

locais onde podem ocorrer vazamentos de água, melhoria da estabilidade                   

aerodinâmica em projetos de aeronaves, classificação da qualidade da madeira                   

utilizada pela indústria moveleira e definição de políticas de mobilidade (Carvalho,                     

2016). 

No Livro Executive Data Science, Caffo et al. (2012) explicam que a                       

disciplina de Estatística interage fortemente com a ciência de dados, o aprendizado                       

de máquina e, é claro, a análise estatística tradicional. Abaixo estão relacionados                       

alguns ramos da estatística que os autores declaram como importantes no contexto                       

da ciência de dados: 

(i) estatística descritiva: ramo da estatística que aplica várias técnicas para                     

  

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descrever e sumarizar um conjunto de dados, que inclui análise exploratória de                       

dados, aprendizado não supervisionado, agrupamento e resumos básicos de dados.                   

Geralmente são o ponto de partida para qualquer análise. Freqüentemente, a                     

estatística descritiva possibilita identificarmos hipóteses que mais tarde podem ser                   

testadas com uma inferência mais formal. A estatística descritiva pode ser vista                       

como a simples apresentação dos fatos. 

(ii) Inferência: é o processo de tirar conclusões sobre populações a partir                       

de amostras. O seu objetivo é fazer afirmações a partir de um conjunto de valores                             

representativo sobre um universo, onde assume-se que a população é muito maior                       

do que o conjunto de dados analisados, a amostra. A inferência inclui a maioria das                             

atividades tradicionalmente associadas a estatísticas, tais como: estimativa,               

intervalos de confiança, testes de hipóteses e variabilidade. A inferência nos força a                         

definir formalmente metas de estimativas ou hipóteses. Isso nos força a pensar                       

sobre a população que estamos tentando generalizar a partir de nossa amostra. 

(iii) Predição: é o processo que busca adivinhar um resultado, uma                     

declaração sobre um evento futuro. Utiliza dados do passado e do presente, e                         

analisa tendências para fazer previsões. Geralmente requer métodos de séries                   

temporais, estudos transversais (Cross-sectional data ), e transversais (Longitudinal               

study). O aprendizado de máquina, regressão, aprendizado profundo, otimização,                 

florestas aleatórias e regressão logística são todos algoritmos de predição.   

(iv) Design experimental: é o ato de controlar seu processo experimental                     

para otimizar a chance de chegar a conclusões sólidas. O exemplo mais notável de                           

design experimental é a randomização. Na randomização, um tratamento é                   

randomizado em todas as unidades experimentais para tornar os grupos de                     

tratamento tão comparáveis quanto possível. Ensaios clínicos e testes A / B                       

empregam randomização.  

  

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4.1. Análise de dados e sua estrutura enquanto             

projeto A análise de dados é um processo altamente interativo e não linear.                       

(Peng; Matsui. 2018). 

Caffo et al. (2012) sugerem que um projeto de ciência de dados deve ser                           

estruturado em cinco fases, que podem ocorrer em diferentes escalas de tempo. De                         

acordo com o tamanho e complexidade do projeto, é possível realizar todas as                         

cinco em um único dia, ou se estender ao longo de muito meses. As cinco fases                               

são: 

(i) Formulando perguntas: considerada a mais importante, nesta fase                 

faz-se uma pergunta e especifica-se o tipo de aprendizado que deseja-se obter dos                         

dados. Existem seis tipo de perguntas que podem ser feitas: descritiva; exploratória;                       

inferencial; causal; preditiva; prescritiva; mecanicista.  

(ii) Análise exploratória: esta fase possui dois objetivos. O primeiro é                     

identificar se os dados coletados são adequados para responder a pergunta                     

formulada ou se há problemas com a base de dados. Questões comuns que podem                           

surgir nessa etapa são: a quantidade de dados é suficiente?; muitos dados se                         

perderam?; as variedade dos dados são suficientes?; será necessário coletar mais                     

dados?; A pergunta formulada é relevante?. O segundo objetivo é começar a                       

esboçar uma solução. Pois, se os dados coletados são adequados para responder à                         

pergunta, é possível começar a ter noção da resposta.  

(iii) Modelagem formal: um dos principais objetivos da modelagem formal                   

é desenvolver uma especificação precisa das perguntas formuladas e identificar                   

como os dados coletados podem ser usados para responder a essa pergunta.                       

Portanto, nesta fase as perguntas são melhor especificadas e descritas, e                     

posteriormente são definidos os parâmetros que devem ser alcançados. Criando,                   9

9 Parâmetros desempenham um papel importante em muitos modelos estatísticos                   formais. São números que usados para representar recursos ou associações que existem na                         

  

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assim, um framework para confrontar os resultados por diferentes suposições,                   

alcançando um nível robusto de evidências que suportam a resposta para a                       

pergunta formulada.  

(iv) Interpretação dos resultados: esta é uma fase de reflexão. Nela as                       

informações, conhecimento, e evidências que foram geradas são reunidas e                   

organizadas. As reflexões mais comuns que podem ser feitas são: sobre como os                         

resultados encontrados estão relacionados aos resultados que esperava-se               

encontrar no momento em que as perguntas foram definidas na primeira etapa;                       

sobre as evidências que foram encontradas.   

(v) Comunicação dos resultados: nesta fase informa-se sobre o processo                   

de análise dos dados, as evidências geradas, e os resultados encontrados. 

Com a conclusão do projeto, ao final da quinta fase, algumas decisões                       

precisarão ser tomadas ou ações realizadas. Todas orientadas por dados.  

Caffo et al. (2012), assim como Peng e Matsui (2018), sugerem que cada                         

aspecto da análise de dados pode ser abordado por meio de um processo                         

interativo, chamado de epiciclo de análise de dados. O epiciclo é aplicado a todas                           

as etapas da análise de dados, repetidamente ao longo de todo processo. (Peng;                         

Matsui. 2018). 

Mais especificamente, para cada uma das cinco fases principais, sugerem                   

que a execução das seguintes atividades: 

(i) Definir expectativas. Essa etapa é realizada antes de iniciar qualquer                     

uma das 5 fases do projeto.  

(ii) Coletar de informações (dados) e compará-las com as expectativas                   

definidas. Caso o resultado não corresponda às expectativas definidas, então passe                     

à próxima etapa; 

(iii) Revisar suas expectativas e a coleta de dados para encontrar                     

população. Por representarem características populacionais, os parâmetros geralmente são                 considerados desconhecidos, portanto na análise de dados deve-se estimá-los a partir dos dados                         coletados. 

  

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inconsistências. 

Assim, à medida que avança-se por todas as fases e estrutura do projeto,                         

aplica-se o epiciclo de análise de dados continuamente.  

4.2. Governança de dados Organizações investem em tecnologia e recursos humanos para coletar,                 

armazenar e processar grandes quantidades de dados. Contudo, muitas                 

frequentemente não conseguem traduzir seus esforços em insights significativos,                 

que podem otimizar processos, possibilitar decisões inteligentes e criar vantagens                   

competitivas.  

Nesse contexto, vemos a importância da governança de dados. Segundo                   

Robert S. Seiner, a governança de dados é a execução formal e a imposição de                             

autoridade sobre o gerenciamento de dados e ativos relacionados a dados. O                       

mesmo autor também propõe uma definição “menos invasiva”, onde explica que a                       

governança de dados é a formalização do comportamento em torno da definição,                       

produção e uso de dados para gerenciar riscos e melhorar a qualidade e                         

usabilidade dos dados selecionados (Seiner, 2014). 

Já, segundo o Master Data Management Institute, a governança de                   

dados é a formulação de políticas para otimizar, garantir e se beneficiar de                         

informações como um ativo empresarial (MDM Institute. 2017). 

Ladley afirma que governança de dados é a organização e                   

implementação de políticas, procedimentos, estrutura, papéis e responsabilidades               

que delineiam e reforçam regras de comprometimento, direitos decisórios e                   

prestação de contas para garantir o gerenciamento apropriado dos ativos de dados                       

(Ladley. 2012). 

4.3. Qualidade dos dados A política de qualidade de dados refere-se à intenção e direção geral de                         

uma organização em relação a questões relacionadas à qualidade dos produtos de                       

  

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dados (Wang et al. 1995). Essa é uma das principais funções que auxiliam na                           

governança de dados. 

Em 1992, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) lançou o                   

programa Total Data Quality Management (TDQM). As pesquisas iniciais do                   

programa desenvolveram o framework TDQM, que defende a melhoria contínua da                     

qualidade dos dados, seguindo os ciclos de definição, mensuração, análise e                     

aprimoramento (Madnick e Wang, 1992), sendo: 

A. Definição: durante esta fase as características dos chamados produtos                 

de informação (IP) são capturadas, tais como seus requisitos de informação, seus                       

principais objetos e seus componentes. As principais dimensões da qualidade dos                     

dados foram descobertas usando uma análise fatorial em mais de 100 atributos de                         

qualidade de dados identificados sistematicamente pelo estudo de pesquisa                 

empírica. Essas dimensões foram organizadas em quatro categorias de qualidade                   

de dados: intrínseco, contextual, representacional e acessibilidade (Wang et al.                   

1994). 

(i) intrínseco: denota que os dados têm qualidade por direito próprio. Está                       

relacionada a precisão, objetividade, credibilidade e reputação dos dados. 

(ii) contextual: enfatiza que a qualidade dos dados deve ser considerada                     

dentro do contexto da tarefa em questão. Contextualmente os dados devem ser                       

relevantes, oportunos, completos e apropriados em termos de quantidade, de                   

modo a agregar valor. 

(iii) representacional: inclui aspectos relacionados ao formato dos dados                 

(representação concisa e consistente) e significado dos dados (interpretabilidade e                   

facilidade de compreensão). Portanto, os dados não devem apenas ser concisos e                       

consistentemente representados, mas também interpretáveis e fáceis de entender.  

(iv) acessibilidade: dizem respeito à função de sistemas e ferramentas que                     

permitem e facilitam as interações entre usuários e dados. Está relacionada a                       

segurança de acesso aos dados. Os dados devem ser acessíveis, porém seguros.  

  

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B. Mensuração: Um instrumento foi desenvolvido para medir a qualidade                 

dos dados na organização (Lee et al. 2002). Ele operacionaliza cada dimensão em                         

quatro a cinco itens mensuráveis, com formulários apropriados para pontuar cada                     

uma delas (Pipino et al. 2002). O instrumento pode ser adaptado para necessidades                         

organizacionais específicas (Wang et al. 2014).  

C. Análise: Esta etapa interpreta os resultados da medição. Na maioria                   

das organizações, as três principais funções são: coleta, custódia e consumo de                       

dados (Lee e Strong, 2004). A análise também identifica as dimensões que mais                         

precisam de melhorias e as causas-raiz dos problemas no âmbito da qualidade de                         

dados (Wang et al. 2014).  

D. Aprimoramento: As ações realizadas nesta etapa buscam identificar               

pontos de melhoria, como, por exemplo, por meio do alinhamento do fluxo de                         

informações e de trabalho com o sistema de produção e coleta de dados. 

No setor privado, as organizações adotaram variações na metodologia                 

TDQM. Um número crescente de empresas está contratando Chief Data Officer                     

(CDO) ou executivos seniores com responsabilidades semelhantes às do CDO para                     

supervisionar os processos de produção de dados e gerenciar essas iniciativas (Lee                       

et al., 2012). 

 

4.4. Chief Data Officer À medida que o volume de dados disponíveis para o governo aumenta,                       

aumenta a necessidade por líderes e gestores com habilidades e interesse para                       

explorar dado. 

Para lidar com essa questão, muitos órgãos estão contratando CDO para                     

coordenar e implementar uma cultura de dados. Sua missão é aumentar a                       

capacidade de produção e consumo de dados das organizações, criando uma                     

cultura que reconheça o valor desses ativos, tornando o governo mais eficiente e                         

responsivo ao cidadão (Wiseman. 2018) 

  

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Um CDO deve analisar dados e apresentá-los de uma maneira que                     

permita que gestores e formuladores de políticas públicas tenham insights e tomem                       

decisões melhores. Ele deve utilizar dados para ajudar o governo a definir                       

prioridades (Wiseman, 2018). 

O relatório Data-Driven Government: The Role of Chief Data Officers,                   

publicado em 2018, faz seis recomendações para que as organizações tenham                     

sucesso na implementação e operação de uma gestão orientada por dados, sendo:  

(i) Os órgãos de orçamento e gestão, e o congresso devem criar                       

condições para contratação de CDOs. Esse é um cargo de tempo integral, que deve                           

ter autoridade e recursos para viabilizar o governo orientado por dados; 

(ii) Os órgãos devem criar em sua estrutura a posição de CDO, de forma                           

que ele tenha autoridade para avançar nas iniciativas. Deve-se contratar ou                     

desenvolver uma pessoa com talento para inovação e habilidades analíticas para                     

realizar as entregas; 

(iii) Quando contratados, os CDOs devem permitir que a estratégia                   

conduza as operações, para que concentrem-se nos clientes da organização. Seu                     10

trabalho começa com o desenvolvimento da estratégia e visão da organização. Ele                       

deve identificar problemas e estabelecer prioridades; 

(iv) O quadro de pessoal que forma a equipe do CDO deve ser composto                           

por profissionais qualificados e diversificados, com habilidades complementares; 

(v) Os CDOs devem se esforçar para criar uma cultura de dados e                         

inovação, comunicando aos demais sobre o valor dos dados, e divulgando o                       

resultado dos projetos; 

(vi) As análises e os resultados obtidos não devem violar direitos                     

fundamentais. O CDO assegurar a qualidade e o padrão dos dados, além de                         

garantir a privacidade e a segurança das informações (Wiseman, 2018). 

 

10 Os clientes neste contexto são os externos, cidadãos, e internos, outros servidores                         públicos e órgãos do governo.  

  

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4.5. Big Data Dados são a representação simbólica das propriedades observáveis do                 

mundo (Duan et al. 2006). Hoje, em um mundo cada vez mais conectado, essa                           

enorme massa de dados que circula pela internet, o big data, se revelou como uma                             

fonte inesgotável de oportunidades para que governos sejam eficientes,                 

melhorando as condições de vida na cidade. Embora não haja uma definição                       

amplamente aceita sobre o termo, a descrição mais básica é que o big data é um                               

conjunto de dados que são grandes demais para os sistemas de processamento                       

tradicionais e exigem novas tecnologias (Provost; Fawcett, 2013).  

O Gartner define Big Data como conjunto de informações, com grande                     11

volume, velocidade, e variedade, que exigem formas inovadoras para serem                   

processadas, e que permitem que a tomada de decisão e a automação de                         

processos seja melhorada, possibilitando novos insights (Gartner, 2018. Laney,                 

2001).  

Atualmente, mais e mais dados são criados e podem ser usados para                       

uma variedade de propósitos, desde o monitoramento até a formulação de políticas                       

públicas. Além disso, a disponibilidade, a abertura e a vinculação de dados                       

oferecem amplas oportunidades para gestores e pesquisadores (Janssen; Kuk,                   

2016). Dados são coletados em toda parte, por diferentes organizações, contudo a                       

comunicação entre eles é exígua, e não há uma base integrada, na nuvem, que                           

pode ser compartilhada entre as diferentes partes interessadas (Lohr, 2014. Dasu;                     

Johnson, 2003). 

A mineração de dados é a ciência que extrai informações implícitas,                     

previamente desconhecidas, e potencialmente úteis, de grandes conjuntos de                 

dados (Frawley et al., 1992). 

11 A Gartner é uma das principais empresas de pesquisa e consultoria do mundo.   

 

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O governo é produtor e consumidor de dados. Muitos deles são                     

coletados em vários níveis governamentais e em diferentes domínios, como                   

sistemas tributários, programas sociais, registros de saúde e afins. Além desses                     

dados mais tradicionais, os governos e as empresas adicionam cada vez mais dados                         

(em tempo real) com base na entrada de mídias sociais, câmeras e sensores (Giest,                           

2017). 

Esmaeilian et al. classificam os dados em duas categorias: (i) dados                     

sociais privados, gerados principalmente pelos cidadãos; e (ii) informações sobre a                     

infraestrutura pública, coletada por tecnologias de sensoriamento implantadas para                 

fins de monitoramento e gerenciamento (Esmaeilian et al. 2018). 

Russel Ackoff (1988) e Milan Zeleny (1987) são frequentemente citados                   

como aqueles que conceituaram a Pirâmide do Conhecimento (do inglês: Data,                     

Information, Knowledge and Wisdom - DIKW), as vezes referenciada como                   

“Hierarquia do Conhecimento” ou “Hierarquia da informação” (Figura 7). A                   

pirâmide oferece um modelo de hierárquico estruturado em em 4 partes:   

(i) dados: São elementos distintos, individuais, desvinculados. Definidos               

como símbolos que representam propriedades de objetos, eventos e do ambiente.                     

Eles são os produtos da observação. Mas são inúteis até que estejam em uma forma                             

utilizável. Os dados são transformados em informações adicionando valor por meio                     

de contexto, categorização, cálculos, correções e condensação. 

(ii) informação: São elementos que estão conectados, possuem               

significativo e são contextualmente relevantes. A informação é o resultado do                     

processamento e análise dos dados. É usado para tomada de decisão. Assim como                         

os dados, as informações representam propriedades de objetos, eventos, e do                     

ambiente, mas é apresentada forma mais compacta e útil. Elas estão contidas em                         

descrições, respostas a perguntas que começam com palavras como: quem, o quê,                       

quando e quantas. A informação é transformada em conhecimento com o                     

entendimento de padrões, feito pela comparação, conversão, contextualização e                 

  

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organização de informações; 

(iii) conhecimento: É a combinação de dados e informações, de forma                     

organizada. Conhecimento é o know-how, é o que possibilita a transformação da                       

informação em instruções. O conhecimento pode ser explícito e/ou tácito, individual                     

e/ou coletivo. Pode ser obtido por transmissão de outro que o tenha, por                         

instruções, ou extraído da experiência. É transformado em sabedoria com sua                     

estruturação, interpretação, avaliação e julgamento; 

(iv) sabedoria: É o conhecimento aplicado, que agrega valor e aumenta a                       

eficácia. O processo que transforma o conhecimento em sabedoria envolve o                     

exercício do julgamento. (Rowley, 2006. Ackoff, 1999. McCandless, 2018). 

  

A suposição implícita é que os dados podem ser usados para criar                       

informações, as informações podem ser usadas para criar conhecimento, e o                     

conhecimento pode ser usado para criar sabedoria (Rowley, 2006).  

É importante notar que, embora os dados sejam a matéria-prima do                     

conhecimento, é a interpretação deles que gera insights, visão, conhecimento e                     

  

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sabedoria. Nas sociedades modernas, a interpretação de dados era trabalho de                     

especialistas, fortalecendo a propriedade individual. Na era digital, esse é um                     

trabalho colaborativo, com co-propriedade. A Wikipédia é um excelente exemplo                   

de como dados e informações são organizados e interpretados de forma                     

colaborativa, online , fornecendo uma compreensão sobre cada assunto, em meio a                     

um constante debate e evolução (Bentley et al. 2014).  

4.6. BOLD - Big and Open Linked Data Janssen e Kuk (2016) cunharam o termo Big and Open Linked Data                       

(BOLD) como uma fonte de inovação governamental. Enquanto open data permite                     

o acesso de todos aos dados, sem restrições ou condições de uso pré-definidas, big                           

data são grandes volumes de dados de diversas fontes (Janssen; Matheus;                     

Zuiderwijk, 2015) e linked data dispõe sobre as melhores práticas para publicar e                         

conectar dados estruturados na Web (Bizer, Heath e Berners-Lee, 2009).  

O BOLD pode ser utilizado para explorar novas ações e transformar as                       

atuais práticas e processos de vários campos, incluindo a elaboração de políticas                       

públicas e a fiscalização, provisão e execução de serviços públicos (Janssen; Kuk,                       

2016). Por exemplo, o BOLD pode ser usado para melhorar a detecção de fraudes                           

pelas organizações aduaneiras e fiscais (Klievink; Zomer, 2015).  

Em vez de aprimorar e integrar incrementalmente os novos insights no                     

que já sabemos e fazemos, o BOLD pode oferecer alguns pontos de inflexão                         

incomuns para novos insights e compreensão. Uma ilustração é que a combinação                       

de fontes de dados pode resultar na descoberta de padrões ocultos anteriormente                       

e na revelação de novos insights. Por exemplo, a organização tributária holandesa                       

descobriu que as pessoas que estavam se divorciando têm uma chance maior de                         

cometer erros em seus pedidos de impostos. Os formuladores de políticas                     

normalmente querem ter insights sobre esse comportamento para melhorar suas                   

políticas. Além disso, para os pesquisadores, tais percepções são interessantes, pois                     

podem promover nossa compreensão do comportamento humano (Janssen; Kuk.                 

  

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2016). 

 

4.7. Visualização de dados O uso de técnicas de visualização para facilitar a tarefa para humanos na                         

interpretação de conjuntos de dados tem sido estudado há muito tempo (Keim,                       

2002; Liu et al., 2014).  

McCandless observa em sua palestra realizada no evento TED Global que                     

estamos sobrecarregados de informação, o que ele chama de "excesso de dados".                       

Ele sugere que devemos representar os dados de uma nova maneira, que estimule                         

nossos olhos, para combater o excesso e saturação de dados, a falta de confiança                           

na informação, e a ausência de transparência. O autor afirma que com a adequada                           

formatação dos dados, conseguimos revelar padrões e conexões importantes,                 

provendo novos insights e gerando inovação, dando foco às informações que                     

realmente importam. Visualizar a informação dessa forma é uma maneira de juntar                       

uma enorme quantidade de informação e entendimento num espaço pequeno                   

(McCandless, 2010).  

Como pode-se observar na Figura 8, para criar uma boa forma de                       

visualização de dados é preciso mesclar a informação, a arte do jornalismo, com a                           

visualização, a arte do design. Esse elemento deve ter uma história, atrativa e                         

relevante, com seu objetivo e função bem definida, útil e aplicável. As informações,                         

com dados coerentes, íntegros e acurados, devem ser exibidos de forma                     

estruturada, com um visual belo e harmônico.  

Assim, todos os quatro elementos de uma visualização de dados -                     

informações; história; objetivo; e forma - são essenciais. O autor explica que com                         

apenas dois elementos, o resultado será algo incompleto, um protótipo - o que é                           

bom se você estiver em um estágio inicial. Mesmo com três elementos o resultado                           

final é incompleto. Por exemplo se você combinar informações, função, e forma                       

visual sem história, ficará "chato". Algo que parece bom, mas não é tão                         

  

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interessante. Se você combinar os elementos “informações”, “histórias” e “forma”                   

sem considerar a funcionalidade e seu objetivo, o resultado pode ser inútil                       

(McCandless, 2010).   

 

5. Internet das Coisas Em todo o mundo, vários outros termos associados à idéia de conectar o                         

físico ao digital foram desenvolvidos. Identificação por radiofreqüência (RFID),                 

máquina para máquina (M2M), computador vestível, computação ubíqua, internet                 

das coisas (IoT) são exemplos desses conceitos.  

Em 1955 Edward O. Thorp concebeu o primeiro computador vestível, um                     

dispositivo analógico do tamanho de um maço de cigarros, usado com o propósito                         

  

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de prever rodadas em jogos de roleta. Foi desenvolvido com a ajuda de Claude                           

Shannon, e testado em Las Vegas no verão de 1961, mas sua existência só foi                             

revelada em 1966 (Thorp. 1999).  

Mark Weiser publicou em Setembro de 1991 o artigo “A computação do                       

século 21”. Ele usou os termos computação ubíqua e virtualidade incorporada para                       

descrever sua visão sobre como elementos especializados de hardware e software,                     

conectados por fios, ondas de rádio e infravermelho, serão tão onipresentes que                       

ninguém notará sua presença (Weiser, 1991). 

Em 1995 a Siemens estabelece um departamento dedicado dentro de                   

sua unidade de negócios de telefones celulares para desenvolver e lançar um                       

módulo de dados GSM chamado “M1” para aplicações industriais M2M, permitindo                     

que as máquinas se comuniquem através de redes sem fio (Forbes. 2018). 

Em outubro de 2004, Neil Gershenfeld, Raffi Krikorian e Danny Cohen                     

publicaram o artigo “The Internet of Things”. Nele os autores relatam que dar a                           

objetos do cotidiano a capacidade de se conectar a uma rede de dados traria uma                             

série de benefícios. Reduziria o custo e a complexidade da construção civil; tornaria                         

a configuração de luzes e switches mais fácil; auxiliaria na assistência médica                       

domiciliar” (Gershenfeld. 2004). A Figura 9, extraída do artigo, traz um exemplo de                         

como a IoT pode conectar diversos dispositivos do cotidiano. 

Kevin Ashton, em seu artigo publicado em junho de 2009, intitulado                     

“That “Internet of Things” Thing“, conta que em 1999 ele realizou uma                       

apresentação na Procter & Gamble (P & G) com o título “Internet of Things”. Na                             

época, buscava vincular a nova ideia de RFID na cadeia de suprimentos da P & G.                               

10 anos mais tarde, o autor defendia que na época a tecnologia da informação era                             

dependente de dados gerados por pessoas. Assim, ele explica que os                     

computadores deveriam ser capazes de coletar e gerar novos dados sem qualquer                       

ajuda humana. Onde desta forma seria possível rastrear e contar tudo, além reduzir                         

o desperdício, a perda e o custo. Ashton também defende que com a IoT                           

  

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saberemos quando as coisas precisavam ser substituídas, consertadas ou                 

recuperadas, se estão frescas ou passadas (Ashton. 2009). 

 

 

  

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Obras mais recentes referem-se a IoT como uma rede de dispositivos                     

inteligentes, que incluem sensores que medem o ambiente ao seu redor, atuadores                       

que reagem fisicamente ao ambiente, como a ação de abrir uma porta,                       

processadores que manipulam e armazenam os dados gerados, nós que                   

  

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retransmitem as informações e coordenadores que ajudam o gerenciamento desse                   

conjunto (Zhang; Mitton, 2011). O Gartner define-a como a rede de objetos físicos                         

que contém tecnologia incorporada para comunicar, sentir e interagir com seu                     

estado interno ou com o ambiente externo (Gartner. 2018).  

Alguns autores já pontuam que a IoT está impulsionando a terceira onda                       

da revolução da tecnologia da informação, alcançando a era da ubiquidade ,                     12

heterogeneidade e conectividade (Altoaimy apud. Atzori. 2018).  

Sua adoção contribui com a geração de grandes volumes de dados                     

(Uruguay, 2016), sendo uma ferramenta importante no contexto de um Governo                     

Orientado por Dados. Atualmente, espera-se que os governos possam explorar as                     

informações existentes e avançar para uma atitude mais proativa, capaz de                     

antecipar as necessidades dos cidadãos ou prevenir problemas (Uruguay, 2016). 

Muitas iniciativas brasileiras surgiram nos últimos anos. A Wardston                 

Consulting, por exemplo, desenvolveu algumas soluções baseadas em IoT que                   

ilustram esse conceito. A SmartyTempy, por exemplo, utiliza IoT e outras                     

tecnologias emergentes para capturar dados do ambiente, e Inteligência Artificial                   

para se comunicar com os usuários. Os sensores identificam a temperatura,                     

umidade e se está chovendo na região. Assim, por meio de um Chatbot                         

desenvolvido sobre a plataforma do aplicativo Telegram, os usuários podem                   

interagir com o sistema e obter informações da região em tempo real. Já o sistema                             

SmartyIndustry monitora a corrente elétrica e mede sua variação nos equipamentos                     

e dispositivos. Ambas as soluções fazem a coleta de dados periodicamente,                     

armazenando-os em nuvem (wardston.com. 2018). 

A Startup brasileira Pluvi.On, que iniciou suas atividades em 2016,                   

desenvolveu a Pluvi, uma estação metereológica de baixo custo. Já são mais de 120                           

estações meteorológicas espalhadas pelo Brasil e, recentemente, foi um dos                   

12 Ubiquidade é fato de estar ou existir concomitantemente em todos os lugares,                         pessoas, coisas. É a propriedade ou estado do que é ubíquo, que é a capacidade de estar ao mesmo                                     tempo em diversos lugares.  

  

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convidados a participar de uma iniciativa global da ONU (Redbull. 2018). A solução                         

coleta dados do ambiente, simplifica sua visualização, envia alertas em tempo real.                       

Sua aplicação pode contribuir com o planejamento e produção do setor agrícola. O                         

setor público pode utilizar para reduzir riscos de perdas relacionados a eventos                       

climáticos extremos, sensorizando sua cidade e alertando antecipadamente as                 

pessoas certas, como enchentes, deslizamentos e frio intenso (Pluvion. 2018).  

Estamos chegando ao ponto em que a Smart Dust - poeira inteligente -,                         

rede difundida de sensores de tamanho milimétrico e tecnologias de comunicação,                     

estará incorporada a dispositivos que estão presentes em todas as atividades diárias                       

(Warneke et al., 2001). Esses micro dispositivos possuem sensores, câmeras e                     

mecanismos de comunicação para transmitir os dados que eles coletam. Essa rede                       

pode detectar desde a luz, umidade, pressão, até as vibrações e a temperatura                         

(Marr, 2018).  

No contexto do Governo Orientado por Dados, a utilização de IoT é                       

importante dado sua capacidade de coletar dados em grande quantidade,                   

variedade e velocidade. Assim, é possível que o governo tenha informações das                       

áreas da saúde, segurança, mobilidade, meio ambiente, e muitas outras, em tempo                       

real.  

 

6. Inteligência Artificial (IA) As primeiras pesquisas sobre Inteligência Artificial (do inglês: Artificial                 

Intelligence - AI) iniciaram na década de 1950. No início, a ferramenta era utilizada                           

para explorar temas como a resolução de problemas. Logo pesquisadores                   

começaram a treinar computadores para imitar o raciocínio humano básico. Assim,                     

suas funcionalidades e aplicações foram evoluindo. Seu conceito, por vezes                   

divergente entre alguns autores, se tornou mais complexo.  

A Figura 10 apresenta oito definições para explicar o que é IA, que estão                           

  

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dispostas ao longo de duas dimensões: (i) processos de pensamento e raciocínio; (ii)                         

comportamento. 

As definições que estão ao lado esquerdo medem o sucesso em termos                       

de fidelidade ao desempenho e inteligência humana, já as do lado direito                       

mensuram o sucesso comparando-o a um conceito ideal de inteligência. 

 

 

Essas quatro abordagens que englobam essas oito definições são: 

(i) Sistemas que agem como humanos: O agir de forma humana exige                       

  

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que o sistema tenha as seguintes capacidades: 

A. Processamento de Linguagem Natural: Ela permite que as máquinas                 

se comuniquem com sucesso em um idioma natural (Russel & Norvig, 2013); 

B. Representação do conhecimento: pode ser definida como um               

conjunto de convenções sintáticas e semânticas que torna possível descrever coisas.                     

Consiste na utilização de linguagens específicas, frases ou números que                   

correspondem à descrição ou condição do mundo (Oliveira, H. C.; Carvalho, C. L.                         

apud John. 2000). É utilizada para armazenar o que sabe ou ouve (Russel & Norvig,                             

2013). Tem o foco no aspecto de modelagem e estuda alternativas para a                         

representação do conhecimento dos agentes humanos e computacionais que                 

interagem em um sistema de informação; 

C. Raciocínio Automatizado: para usar informações armazenadas com a               

finalidade de responder perguntas e tirar novas conclusões (Russel & Norvig, 2013); 

D. Aprendizado de máquina, para se adaptar a novas circunstâncias e                   

para detectar e explorar padrões (Russel & Norvig, 2013); 

E. Visão computacional: é a ciência e tecnologia das máquinas que                   

enxergam, que percebem objetos (Russel & Norvig, 2013). Ela desenvolve teoria e                       

tecnologia para a construção de sistemas artificiais que obtém informação de                     

imagens ou quaisquer dados multi-dimensionais. Áreas da inteligência artificial                 

relacionadas com a visão computacional são o reconhecimento de padrões e a                       

aprendizagem de máquina (Wikipedia, 2018).  

F. Robótica: utilizada para manipular objetos e movimentar-se (Russel &                 

Norvig, 2013). 

(ii) Sistemas que pensam como humanos: para compreender essa                 

abordagem é preciso entender como os seres humanos pensam, penetrando nos                     

componentes da mente humana. Pode-se fazer isso por meio da introspecção -                       

buscando capturar nossos próprios pensamentos a medidas que eles se                   

desenvolvem - com experimentos psicológicos - observando uma pessoa em ação;                     

  

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e observando o cérebro em ação por meio de imagens cerebrais (Russel & Norvig,                           

2013). 

(iii) Sistemas que pensam racionalmente: o pensar de maneira racional                   

contribui para diferenciar o certo do errado. O pensamento racional é organizado e                         

esclarecido, sem contradições e sem influência de emoções. Aristóteles foi um dos                       

primeiros a tentar codificar o “pensamento correto”, ou seja, criar processos de                       

raciocínio irrefutáveis. Esses silogismos, modelos de raciocínio baseados na ideia                   

da dedução, fornecem padrões para estruturas de argumentos que sempre resultam                     

em conclusões corretas ao receberem as premissas corretas. São composto por                     

duas premissas, declarativas, que se conectam de tal modo que, a partir da análise                           

e entendimento das duas primeiras, é possível deduzir uma conclusão. O estudo do                         

pensamento racional deu início ao campo chamado lógica (Russel & Norvig, 2013). 

(iv) Sistemas que agem racionalmente: o agir de maneira racional                   

refere-se a sistemas que agem para alcançar o melhor resultado ou, quando há                         

incerteza, o melhor resultado esperado. Uma das formas de agir racionalmente é                       

raciocinar de modo lógico até a conclusão de que dada ação poderá alcançar as                           

metas pretendidas e, depois, agir de acordo com essa conclusão. Contudo, em                       

algumas situações não existe nenhuma ação comprovadamente correta a realizar,                   

porém ainda assim algo precisa ser feito (Russel & Norvig, 2013). 

Para compreender melhor o conceito é importante observar que um                   

agente é qualquer coisa capaz de perceber seu ambiente pela utilização de                       

sensores e de agir sobre o ambiente por intermédio de atuadores. Um humano tem                           

ouvidos, olhos e outros órgãos como sensores, sendo que suas mãos, pernas e                         

bocas são considerados atuadores. Um agente digital pode ter câmeras e                     

infravermelho como sensores, além de alguns motores funcionando como atuadores                   

(Russel & Norvig, 2013).  

O termo percepção faz referências às entradas perceptivas do agente em                     

um determinado instante (Russel & Norvig, 2013). Desta forma, quando um agente                       

  

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é inserido em um ambiente, gera-se uma sequência de ações de acordo com suas                           

percepções. A função do agente especifica a ação executada pelo mesmo em                       

resposta a qualquer sequência de percepções. 

A IA constrói entidades inteligentes, que percebem, compreendem,               

preveem e manipulam o mundo a sua volta. Sua aplicação agrega valor a todos os                             

setores, possibilitando novos modelos de negócios. Sua tecnologia suporta                 

iniciativas-chave, como engajamento do consumidor, produção digital, cidades               

inteligentes, carros autônomos, gerenciamento de risco, visão computacional e                 

reconhecimento de fala (Gartner, 2017).  

Segundo o Gartner, as organizações podem investir em IA para alcançar                     

resultados em uma destas três dimensões: 

(i) Análise: para ser usada para criar análises preditivas, prescritivas, e                     

aumentadas, que podem ser apresentadas aos usuários para avaliação posterior ou                     

conectadas a um processo para conduzir uma ação autônoma. 

(ii) Processo: para direcionar ações mais inteligentes e otimizadas,                 

identificando padrões de trabalho.  

(iii) Experiência do usuário: para contribuir com a melhora da experiência                     

do usuário. Com o processamento de linguagem natural é possível criar assistentes                       

de voz pessoais, fazer o reconhecimento facial, interpretar emoções e prever                     

necessidades.  

No âmbito do reconhecimento facial, por exemplo, pode ser utilizada em                     

para promover a segurança pública e simplificar o acesso a serviços. A IA divide a                             

imagem em camadas de processamento. A primeira camada quebra a imagem real                       

em pixels. A segunda compara cada pixel com seu vizinho, ignora os que são iguais                             

e fica com os que variam e definem o que é uma borda, como a curva dos lábios ou                                     

o contorno de um rosto, conforme ilustrado na Figura 11. 

 

  

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A terceira camada de processamento faz a análise das bordas que foram                       

descobertas na segunda camada com o intuito de identificar e definir padrões                       

(exemplo: desenho dos olhos, boca e sobrancelhas). A última camada compara os                       

padrões identificados e definidos na terceira camada com os padrões de outra                       

imagem real, conforme ilustrado na figura 12. 

 

O campo interdisciplinar da Ciência Cognitiva, responsável pelo estudo                 

científico da mente ou da inteligência, reúne modelos computacionais de AI e                       

técnicas experimentais da psicologia para tentar construir teorias verificáveis e                   

precisas a respeito dos processos de funcionamento da mente humana. A Ciência                       

Cognitiva se baseia necessariamente na investigação experimental de seres                 

humanos ou animais. Ciência Cognitiva e IA continuam a fertilizar um ao outro, em                           

especial nas áreas de visão e linguagem natural (Russel & Norvig, 2013). 

6.1. Aprendizado de Máquina O aprendizado de máquina (do inglês: Machine Learning) se baseia em                     

vários campos de estudo - inteligência artificial, mineração de dados, estatística e                       

  

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otimização. Em uma descrição mais ampla, podemos dizer que o aprendizado de                       

máquina é composto de métodos computacionais que aprendem com a experiência                     

para melhorar o desempenho ou para fazer previsões precisas (Hall et al. 2018). 

Alguns dos algoritmos de aprendizado de máquina mais populares                 

incluem regressão, árvores de decisão, floresta aleatória, redes neurais artificiais e                     

máquinas de vetores de suporte. Esses modelos são treinados em dados existentes,                       

executando grandes quantidades de dados por meio do modelo até encontrar                     

padrões suficientes para poder tomar decisões precisas sobre esses dados. Essa                     

tecnologia é utilizada, por exemplo, para analisar sentimentos por meio de dados                       

coletados em redes sociais, fazer recomendações , detectar fraude, ofertar                 13

publicidade online , reconhecimento de padrões e imagens, previsão de falhas de                     

equipamentos, resultados de pesquisa na Web , filtragem de spam e detecção de                       

invasão de rede (Hall et al. 2018). 

O aprendizado profundo (do inglês: Deep Learning) utiliza o aprendizado                   

de máquina para conduzir o reconhecimento de padrões em imagens, vídeo e som.                         

A tecnologia se mostra superior às demais dada a sua melhor capacidade de                         

classificar, reconhecer, detectar e descrever dados. O aprendizado profundo é um                     

dos fundamentos da computação cognitiva, um campo no qual sistemas complexos                     

de aprendizado de máquina podem realizar tarefas específicas, semelhantes a                   

humanos, de uma maneira inteligente. O algoritmo primário usado para realizar a                       

aprendizagem profunda são as redes neurais artificiais (RNA) (Hall et al. 2018). 

 

6.2. Análise Preditiva A Análise Preditiva é um recurso que afeta praticamente todas as                     

pessoas, todos os dias e tende a crescer. Nossas mais simples experiências e                         

13 Um Sistema de Recomendação (Recommendation System) combina diversas técnicas                   computacionais para selecionar produtos e serviços personalizados. O sistema se baseia nos                       interesses dos usuários, e no contexto no qual ambos - usuário; produto; e/ou serviço - estão                               inseridos. 

  

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interações, como dirigir, comprar, estudar, votar, assistir TV, são impactadas por                     

algoritmos que fazem a análise preditiva (Siegel, 2013).  

Quando aplicamos algoritmos a bases de dados, podemos conseguir                 

análises preditivas, aprendendo com as observações para prever os eventos futuros                     

(Winter, 2015). 

O algoritmo lê o passado, contido na base de dados, e, com base nos                           

padrões que se repetem, mostra quais possuem mais chance de acontecer                     

novamente e faz recomendações, criando um modelo preditivo, conforme Figura                   

13. Assim, conforme Eric Siegel explica em seu livro, a “análise preditiva é a                           

tecnologia que aprende com a experiência (dados) para prever o comportamento                     

futuro dos indivíduos, a fim de impulsionar melhores decisões.” (Siegel, 2013).  

 

É possível, por exemplo, transformar as características comportamentais               

dos indivíduos em dados. Assim, com a mineração e análise, as características                       

daquela pessoa, o grupo de pessoas se revelarão. Os atributos do comportamento                       

são pesados e têm pontuações definidas. E, quanto maior a pontuação obtida, mais                         

  

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propenso o grupo estará a tomar uma determinada ação (Siegel, 2013). 

As máquinas podem ser treinadas para realizarem a extração de                   

características, classificação e agrupamento, as quais podem ser aperfeiçoadas por                   

meio da otimização sucessiva de seu algoritmo (Warner, 2011). Modelos preditivos                     

são calibrados constantemente.  

Dentre tantas aplicações, a análise preditiva revela as tendências                 

comportamentais do ser humano. A Figura 14, por exemplo, analisa e estabelece as                         

condições para saber a probabilidade de um indivíduo clicar em um anúncio. 

 

Esse modelo é o resultado do aprendizado de máquina que inclusive                     

pode ser aperfeiçoado e calibrado pelo próprio algoritmo. Sua fórmula, pesos,                     

regras podem ser criadas automaticamente pelo computador, desenvolvendo novas                 

capacidades a partir dos dados coletados e analisados (Siegel, 2013). 

Em um contexto governamental, essa pontuação pode guiar as decisões                   

do governo, emitindo sinais para que ele aja com antecedência para mitigar riscos e                           

  

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reduzir impactos negativos.  

Assim, por exemplo, a aplicação da análise preditiva na área da saúde,                       

principalmente em epidemiologia, pode contribuir com o gerenciamento de crises.                   

Quanto mais preciso pudermos prever a propagação de uma doença, a prevenção e                         

o tratamento serão mais eficientes e com um custo-benefício melhor.  

Também é possível adotar a análise preditiva para avançar na prevenção                     

ao crime e reduzir recursos de policiamento (Morabito, 2015). Se o governo puder                         

prever um aumento de assaltos em uma determinada área, ele pode agir                       

antecipadamente aumentando o policiamento e evitando incidentes negativos               

(Câmara Municipal de Barcelona, 2014).  

 

7. Governança Pública Para a Organização das Nações Unidas (ONU), “o governo é considerado                     

“bom” e “democrático” se as instituições e os processos do país forem                       

transparentes. As instituições dizem respeito a órgãos como o Parlamento e seus                       

vários ministérios. Seus processos incluem atividades como eleições e                 

procedimentos legais, que devem estar livres da corrupção e prestar contas à                       

população. O sucesso de um país em alcançar esse padrão tornou-se uma medida                         

chave de credibilidade e respeito no mundo” (ONU. 2018). 

Em 2015 a Organização das Nações Unidas publicou o relatório “World                     

Public Sector Report : Responsive and Accountable Public Governance” que                 

demonstrou a necessidade de que a governança pública se torne mais responsiva.                       

O relatório define o Estado como ator que deve liderar a implementação de uma                           

visão coletiva de desenvolvimento sustentável. Segundo a ONU, as inovações                   

sociais e técnicas possibilitam que o contrato social estabelecido entre o Cidadão e                         

o Estado tenha uma governança mais colaborativa (ONU, 2015).  

Em geral, governança é um conjunto de princípios adotados por uma                     

  

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organização, como uma empresa ou um estado, que expressa como governar e que                         

tipo de princípios aplicar nas relações internas e externas, com padrões e regras de                           

negócio estabelecidas (Anttiroiko et al. 2011).  

A governança pública trata da coordenação e do uso de várias formas de                         

arranjos institucionais na formulação de políticas e processos para atingir o interesse                       

coletivo. Uma modelo de governança pública que funcione bem - que apoie uma                         

estrutura regulatória responsiva, e com programas, políticas e serviços públicas de                     

alto desempenho - tornou-se indispensável para qualquer cidade, grande ou                   

pequena, que busca o desenvolvimento econômico sustentável e crescimento                 

inteligente (Anttiroiko et atl. 2011).  

Löffer afirma que a governança tem como objeto a ação conjunta,                     

realizada pelo Estado, pela iniciativa privada e pela sociedade civil, de forma eficaz,                         

transparente e compartilhada, visando encontrar soluções inovadoras para os                 

problemas sociais, que resultem no desenvolvimento sustentável para todos (Löffer,                   

2001).  

Finger e Langenberg (2007) caracterizam a governança como o crescente                   

envolvimento de atores não estatais na resolução de problemas públicos. O                     

desenvolvimento sustentável, exige a integração entre diferentes níveis, esferas e                   

setores, criando desafios adicionais nos processos de governança (ONU, 2015). 

Ao aproveitar a oportunidade e enfrentar os desafios, todas as partes                     

interessadas na governança podem elaborar estratégias para acomodar as suas                   

distintas perspectivas, para, assim, desenvolver políticas públicas, bens e serviços                   

mais responsivos e responsáveis para o desenvolvimento sustentável (ONU, 2015).                   

Assim, a governança pública refere-se ao direcionamento, coordenação e uso de                     

arranjos institucionais nos processos de formulação e implementação de políticas                   

em um contexto multissetorial multicêntrico, buscando o interesse coletivo.  

Conforme disposto no Inciso I, Art. 2º, do Decreto nº 9.203/2017,                     

governança pública é conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle                     

  

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postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à                         

condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade                         

(Brasil, 2018).  

Assim, boas práticas de governança estão intimamentes relacionadas a                 

gestão pública por resultados. Conforme explicado por Corrêa (2007) a gestão                     

pública por resultados exige boa governança, eficiência e accountability . Ela é                     

viabilizada por diversos mecanismos gerenciais, começando pelo planejamento               

estratégico das ações governamentais, sejam elas organizadas em projetos ou                   

programas; desenvolvimento de indicadores de desempenho; ampliação da               

flexibilidade gerencial; e, por fim, a avaliação de desempenho, que além de                       

medição de metas estabelecidas, fornece subsídios para retroalimentação de                 

informações para o desenvolvimento de futuras metas gerenciais. 

Conforme entendimento de Anttiroiko et. al. (2011) democracia tem uma                   

conexão inerente à governança, porque a interação governo-cidadão está no cerne                     

da governança pública.  

Portanto, conseguimos enxergar duas trilhas que compõem o               

entendimento sobre governança e sua aplicação no contexto de um Governo                     

Orientado por Dados: (i) como um pilar da democracia, que preza pela                       

transparência e participação, colocando o cidadão no centro das ações                   

governamentais, pautando-se no desenvolvimento sustentável; (ii) como uma               

ferramenta gerencial, que organiza o relacionamento das organizações com as                   

demais partes interessadas, estabelecendo controles, fluxos, padrões e regras,                 

tornando os processos mais céleres, isonômicas e eficientes.  

7.1. Indicadores Observando a governança como uma ferramenta gerencial e sua                 

contextualização no âmbito de um governo orientado por dados, é importante                     

entender o que são métricas e indicadores e suas aplicações. 

Uma das frases mais famosas de Edward Deming, estatístico, professor                   

  

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universitário, reconhecido como pioneiro nos estudos e na aplicação de melhorias                     

nos processos produtivos, buscando a qualidade total e gestão, afirma que: “não se                         

gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que                                     

não se entende, não há sucesso no que não se gerencia” (Deming, 1990). 

Farris et al. (2007) definem métrica como um sistema de mensuração que                       

quantifica uma tendência, uma dinâmica ou uma característica. No mundo dos                     

negócios, da ciência e do governo, as métricas estimulam o rigor e a objetividade,                           

tornando possível a comparação entre regiões e períodos de tempo distintos. Além                       

disso, facilitam a compreensão e a colaboração.  

Quando é decidido que uma atividade necessita ser medida, ela se torna                       

importante e as pessoas começam a se preocupar e acompanhar a mesma. Este                         

fato, por si só, contribuirá com a melhora do desempenho dos projetos (Buchanan,                         

2008). 

Em geral, as métricas se dividem em duas categorias: (i) medidas                     

preditivas, que ajudam a prever ou identificar tendências, funcionando como um                     

sistema de alerta; (ii) medidas corretivas, que auxiliam a estabelecer padrões, para                       

melhorar o desempenho de projetos (Buchanan, 2008). 

Os dados quando, bem coletados, organizados e classificados, nos                 

permitem criar KPIs , ter insights e tomar decisões melhores. Focamos em                     14

resultados definindo metas quantitativas, qualitativas, medindo o desempenho e                 

podendo compará-lo entre pares (Esty & Rushing, 2007). 

Os indicadores precisam ser precisos o suficiente para garantir uma boa                     

comunicação, com nomenclatura padronizada, proporcionando assistência para a               

tomada de decisões e conduzir a uma interpretação homogênea (Juran, 2002). 

É importante transformar dados brutos em visualizações simples e                 

intuitivas, que comunicam o significado por trás dos números, e possibilitem o                       

acompanhamento do desempenho e das mudanças ao longo do tempo. 

14 KPI é a sigla em inglês para Key Performance Indicator, que significa Indicador-chave                           de Desempenho.  

  

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Os indicadores permitem que a situação atual seja medida em                   

comparação a um padrão previamente estabelecido. Eles dão suporte à análise                     

crítica dos resultados, à tomada de decisões, ao planejamento e ao controle dos                         

processos da organização (Nuintin, 2007).  

Ainda segundo Nuintin (2007), as informações obtidas com a avaliação                   

dos indicadores auxiliam os gestores no processo de tomada de decisão, permite a                         

correção de desvios em relação ao que foi planejado e contribui na busca pela                           

melhoria contínua.  

Como explicado por Rezende (2000), indicadores apontam para a                 

estratégia da organização e são, portanto, adequados para responder ao gestor se                       

ele está ou não atingindo suas metas. induzem os comportamentos desejados nos                       

funcionários da empresa; expressam o que deve ser feito; informam às pessoas                       

como elas estão se saindo, individualmente e em grupo; comunicam os resultados                       

das ações realizadas (projetos e processos); estimulam a melhoria contínua; reduzem                     

a dissonância de focos, isto é, os desentendimentos quanto aos objetivos;                     

disseminam o uso universal de conceitos por meio de uma linguagem comum.  

Assim, entende-se que os indicadores são ferramentas de gestão que                   

possibilitam o entendimento do que está funcionando e do que não está. Eles                         

também facilitam a transmissão da visão e missão organizacional para os demais                       

colaboradores, deixando claro para toda equipe o que realmente importa. As                     

fórmulas que os compõem são evolutivas e passam por ajustes e aprimoramentos                       

constantes, estando sempre alinhados às metas e objetivos.  

Para administradores, formuladores de políticas, projetistas e             

planejadores, é crucial determinar indicadores de desempenho efetivos para prever                   

e avaliar a qualidade ambiental e implementar as informações coletadas nas                     

decisões de projeto e no seu planejamento (Santucci et. al. 2018).  

Conforme exposto na Figura 15, a organização KPI Karta desenvolveu                   15

15 http://www.kpikarta.com/   

 

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uma metodologia para ajudar as organizações na identificação, mensuração e                   

gerenciamento de indicadores. O método estabelece um processo lógico projetado                   

para facilitar o entendimento entre equipes de negócios e de tecnologia. A                       

metodologia possui duas dimensões - negócios e tecnologia. Do lado do negócio,                       

ele divide os objetivos e as metas de negócios em fatores críticos de sucesso e, do                               

lado da tecnologia, constrói métricas a partir dos dados disponíveis. Assim, na                       

interseção entre fatores críticos de sucesso e métricas estão os indicadores-chave                     

de desempenho. 

O estabelecimento desses KPIs inicia pela análise das metas e objetivos                     

da organização que, por sua vez, impulsiona os fatores críticos de sucesso. Os                         

dados brutos geram métricas. Algumas das métricas podem ser tornar KPIs.                     

Portanto, os KPIs são direcionados pelos objetivos e metas da organização, mas são                         

construídos a partir dos dados e           

métricas existentes. 

Com KPIs bem definidos, iniciamos         

o monitoramento e avaliação. O         

monitoramento permite a     

identificação de pontos de       

melhoria e abre caminho para         

realizar ações corretivas. Desta       

forma, faz-se o acompanhamento       

do desempenho, comprando o       

resultado alcançado com a meta         

estabelecida (Oliveira, 1987). 

Portanto, a construção de indicadores, seu monitoramento, avaliação e,                 

se necessário, reformulação, possuem um papel importantíssimo dentro de Governo                   

Orientado por Dados. São elementos importantes na promoção da eficiência,                   

transparência e participação.  

  

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8. Participação Os governos estão, gradualmente, utilizando as TICs para aumentar a                   

transparência, accountability e participação popular. As decisões sobre as cidades                   

precisam se basear em princípios, valores e, portanto, métricas qualitativas sobre                     

como as pessoas querem viver suas vidas e o que significa bem-estar para elas.                           

Afinal, as cidades buscam melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos; e a                           

qualidade está nos olhos de quem vê (Morabito, 2015). 

Os avanços tecnológicos permitem que os governos interajam               

diretamente com os cidadãos, para que exerçam seus direitos de maneira mais                       

simples (Uruguay, 2016). As pessoas não precisam sair de casa ou alterar sua rota                           

para participar e contribuir com a gestão da cidade. Elas poderiam utilizar um                         

aplicativo, acessar um site ou apenas registrar sua reclamação no Facebook. Não há                         

necessidade de esperar ser atendido em uma ligação telefônica ou enfrentar                     

grandes filas.  

As ferramentas que facilitam os processos participativos estão               

começando a surgir, sendo que muitas delas ainda estão em fase de                       

desenvolvimento (Sivarajah et al. 2015).  

Os processos participativos devem estar integrados à nossa vida                 

cotidiana. Qualquer cidadão com smartphone ou acesso a internet pode relatar                     

problemas cívicos, sugerir soluções e declarar sua opinião. Além disso, o feedback                       

direto e a rastreabilidade podem proporcionar às pessoas satisfação e um senso de                         

realização, já que elas contribuíram para o bem comum. No passado, as                       

informações relatadas não eram reconhecidas e as informações de                 

acompanhamento eram inexistentes (Morabito, 2015).  

Há de se observar que, atualmente, muitas audiências públicas acabam                   

não alcançando resultados satisfatórios. Seu rito engessado inibe uma participação                   

  

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mais ampla, com discussões profundas e abertas. Muitas audiências públicas                   

acabam apenas cumprindo os requisitos formais legislativos, sendo pouco atrativas                   

para o cidadão, que precisa gastar algumas horas do seu dia para participar de uma                             

audiência pública, o que é totalmente inviável para a grande parte das pessoas. O                           

deslocamento que o cidadão precisa fazer para comparecer a uma audiência                     

pública também é uma barreira à participação. Também percebe-se que em muitos                       

casos as audiências públicas criam um debate em torno de ideias e interesses de                           

alguns poucos grupos, corporativistas. A maioria dos processos participativos não                   

permite a colaboração e cocriação entre cidadão e governo.  

Simultaneamente, a tecnologia e os provedores de serviços digitais estão                   

modificando a forma como levamos nossas vidas (Castells, 2009). A tecnologia                     

amplia as formas de participação, possibilitando que o governo tenha um número                       

maior e mais heterogêneo de dados, considerando as vocações locais e a                       

inteligência coletiva da cidade. Ela facilita a criação de processos participativos, os                       

torna mais simples e ágeis. Assim, o governo tende a tomar decisões mais plurais,                           

justas e transparentes. 

Ainda é desafiador demonstrar os benefícios e os valores para que os                       

cidadãos participem do processo de concepção de políticas públicas (Liddo; Shum,                     

2014). Mas, com a crescente utilização de plataformas online e aumento do uso das                           

mídias sociais, os governos são estimulados a tornar o processo de tomada de                         

decisão mais transparente, e fomentar a colaboração entre todas as partes                     

interessadas - cidadãos, empresas locais, ONGs, instituições de caridade, grupos                   

comunitários etc. (Sivarajah. et al., 2015. Janssen et al., 2012. Bertot et al., 2010).  

Os processos participativos podem ser mais ágeis, amplos e confortáveis                   

ao cidadão. A tecnologia pode facilitar a participação, evitando que as pessoas se                         

desloquem até o local onde são realizadas audiências públicas. A participação cívica                       

via mídia social, por exemplo, também pode reduzir o custo da prestação de                         

serviços públicos (Morabito, 2015).  

  

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As inovações baseadas em co-criação e em crowdsourcing têm altos                   16

níveis de participação e possuem um componente externo, pois as informações são                       

coletadas de fora do governo (Giest, 2017).  

O crowdsourcing está se tornando um termo cada vez mais comum e                       

abre novos caminhos para a criação de valor público, promovendo o engajamento                       

cívico e transparência. Esse crowdsourcing pode, por exemplo, reduzir os custos de                       

fiscalização de um serviço público, como o de tapa buracos e da poda de árvores                             

(Morabito, 2015). As pessoas podem assumir um papel ativo na gestão da cidade,                         

utilizando aplicações online para relatar problemas cívicos ao governo, reduzindo a                     

quantidade de recursos humanos alocados na fiscalização. 

Essas mudanças alteram a forma como governo e cidadão se relacionam.                     

Os avanços sociais e tecnológicos podem dar aos cidadãos o poder de decisão                         

sobre questões sociais, permitindo uma democracia direta, similar a da Grécia                     

antiga (Morabito, 2015).  

As tecnologias incorporadas para aquisição de informações (como redes                 

de dispositivos de monitoramento) e fornecimento de informações (como redes de                     

dispositivos de atuação) permitem um mundo em que os objetos conectem-se a                       

outros objetos e possuam recursos computacionais e de comunicação integrados. 

Além disso, os humanos se tornaram parte da rede. As tecnologias                     

móveis estendem digitalmente cada indivíduo, fornecendo-lhes um mini-terminal               

equipado com sensores embutidos e um portal para a entrega de informações - seja                           

um smartphone ou qualquer outro dispositivo de computação pessoal portátil. Tais                     

dispositivos são capazes de estabelecer conexões de dados tanto para as redes                       

móveis de infra-estrutura quanto para as redes ad hoc mais localizadas, mediadas                       17

16 O termo crowdsourcing foi cunhado em 2005 e é definido pelo Dicionário                         Merriam-Webster como o processo de obtenção de serviços, ideias ou conteúdo mediante a                         solicitação de contribuições de um grande grupo de pessoas e, especialmente, de uma comunidade                           online, em vez de usar fornecedores tradicionais ou uma equipe de empregados. É a união de duas                                 palavras inglesas, ‘Crowd’ (multidão/amontoado) e ‘Sourcing’ (abastecimento/fornecimento). 

17 As redes ad hoc são redes sem fio que dispensam o uso de um ponto de acesso                                   comum aos computadores conectados a ela, de modo que todos os dispositivos da rede funcionam                             

  

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pelas tecnologias Wi-Fi e Bluetooth (Ratti; Nashid. 2018). 

As pessoas desempenham papéis-chave nesse sistema como agentes de                 

detecção, regulação e atuação. Em termos de sensoriamento, eles voluntariamente                   

e involuntariamente deixam rastros digitais em várias redes implantadas no espaço.                     

A rede registra a hora e a localização de cada uma das ações administradas por seus                               

usuários humanos. Ainda mais interessante, a rede registra todo o conteúdo gerado                       

e enviado voluntariamente pelos usuários. Depois que os conjuntos de dados são                       

anexados ao espaço físico, as paisagens são transformadas em novas paisagens. Por                       

sua vez, estas visões da informação proporcionam aos cidadãos um melhor                     

conhecimento do seu ambiente e lhes permitem tomarem decisões melhores (Ratti;                     

Nashid, 2018). 

Assim, a participação do cidadão na concepção, monitoramento e                 

avaliação de serviços e políticas públicas pode ser feita por meio de uma ação                           

pequena e simples. Mais do que isso, ela pode ser passiva, sem que seja necessária                             

uma ação direta, como clicar em um botão de votação ou preencher um formulário.  

Cada vez mais nossas atividades diárias estão sendo observadas e                   

armazenadas digitalmente, o que potencialmente oferece uma base para uma                   

compreensão mais profunda do comportamento humano. Com as abordagens                 

tradicionais de pesquisa, os comportamentos reais raramente são conhecidos. Essas                   

abordagens têm que lidar com o viés do entrevistado, que se origina da                         

incapacidade ou falta de vontade em fornecer respostas precisas ou honestas.                     

Alguns entrevistados simplesmente não conhecem sobre o tema abordado na                   

pesquisa. Outros, muitas vezes, não são honestos. A fim de evitar constrangimentos                       

ou agradar a organização que conduz, fornecem respostas que são socialmente                     

aceitáveis. Esse fenômeno é amplamente conhecido como viés de desejabilidade                   

social (Janssen; Kuk. 2016).  

A informação geográfica voluntária (do inglês: Volunteered geographic               

como se fossem um roteador, encaminhando comunitariamente informações que vêm de                     dispositivos vizinhos. 

  

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information - VGI), por exemplo, coletada a partir do uso de ferramentas que criam,                           

reúnem e organizam dados geográficos fornecidos voluntariamente por indivíduos                 

(Goodchild. 2007).  

A VGI é extraída a partir de uma participação passiva. Esses dados são                         

coletados, organizados e analisados por algoritmos. A coleta é feita de forma                       

indireta, a partir das interações do cidadão com o meio, como por exemplo: os                           

sentimentos identificados a partir de um tweet; o trecho e o tempo de                         

deslocamento na cidade; a conexão em redes WiFi; na utilização de serviços                       

públicos; em manifestações públicas feitas em redes sociais; etc. 

A disponibilidade de dados permite focar em comportamentos reais. As                   

pessoas costumam compartilhar seus dados de localização com amigos e                   

expressam publicamente seus sentimentos nas mídias sociais (Janssen; Kuk. 2016).   

Os dados coletados a partir da participação ativa do cidadão, como                     

aqueles oriundos de pesquisas de opinião, audiências públicas e outros métodos,                     

também são riquíssimos.  

É importante que o governo consiga facilitar a participação do cidadão,                     

oferecendo processos participativos diversos, em virtude da necessidade criada                 

pela situação que se quer analisar ou decidir. Os dispositivos móveis e a conexão                           

wifi podem facilitar que o cidadão avalie um serviço ou manifeste sua opinião a                           

respeito de um Projeto de Lei. O governo também poderia se integrar a plataformas                           

que já realizam esse serviço, como o Google, para tomar decisões orientadas por                         

dados. 

 

9. Privacidade O direito à vida privada e o direito à proteção dos dados pessoais estão                           

intimamente relacionados, mas diferem em sua formulação e escopo. O direito à                       

vida privada surgiu na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada                     

  

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em 1948, como um dos direitos humanos fundamentais protegidos. Ele garante a                       

Inviolabilidade domiciliar, o sigilo à correspondência e à comunicação. Com                   

avanços tecnológicos, nossas sociedades estão se tornando cada vez mais digitais.                     

A forma como vivemos e nos relacionamos com a cidade e as instituições que nela                             

se encontram mudou. A nossa vida e as informações que a compõem circulam pela                           

rede. A privacidade ganhou outra dimensão. O direito ao respeito pela vida privada                         

consiste em uma proibição geral de interferência, sujeita a alguns critérios de                       

interesse público que podem justificar a interferência em certos casos. A proteção                       

de dados pessoais é vista como um direito moderno e ativo, colocando em prática                           

um sistema de freios e contrapesos para proteger os indivíduos sempre que seus                         

dados pessoais são processados (European Union Agency for Fundamental Rights,                   

2018).  

Ambos se esforçam para proteger valores semelhantes, ou seja, a                   

autonomia e a dignidade humana dos indivíduos, concedendo-lhes uma esfera                   

pessoal na qual possam desenvolver livremente suas personalidades, pensar e                   

moldar suas opiniões. São, portanto, um pré-requisito essencial para o exercício de                       

outras liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão, a liberdade de                     

reunião e associação pacíficas e a liberdade de religião (European Union Agency for                         

Fundamental Rights, 2018). 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos também reconhece que                 

toda pessoa tem direito a direitos econômicos e sociais, incluindo educação,                     

participação cultural e política. O Artigo 2º da DUDH afirma que esses direitos se                           

aplicam igualmente a todas as pessoas, “[...] sem distinção alguma, nomeadamente                     

de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de                               

origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra                       

situação.” (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948). 

Em tempos de transformação digital, big data e utilização de sensores, a                       

discussão sobre a privacidade e proteção dos dados pessoais entrou na agenda da                         

  

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sociedade civil e de muitos governos. Em meio a este processo, governos assumem                         

um importante papel, liderando essa discussão, engajando e envolvendo a                   

sociedade nesta discussão, garantindo a proteção à privacidade e aos dados                     

pessoais. 

Em 1980, o Organização para a Cooperação e Desenvolvimento                 

Económico (OCDE) publicou as Diretrizes sobre a Proteção da Privacidade e Fluxos                       

Transfronteiriços de Dados Pessoais. A sentença de abertura do prefácio permanece                     

relevante hoje: “O desenvolvimento do processamento automático de dados, que                   

permite que grandes quantidades de dados sejam transmitidas em segundos                   

através das fronteiras nacionais e, de fato, através dos continentes, tornou                     

necessário considerar a proteção da privacidade em relação aos dados pessoais.                     

dados."(Open Data Institute. Ethical Data Handling, 2017) 

Mark Weiser já afirmava que o mundo iria vivenciar uma realidade de                       

bilhões de dispositivos conectados, o que traria preocupações sobre a segurança e                       

privacidade dos dados manipulados (Kawana et al. 2015, apud Weiser, 1991). 

Governos e organizações públicas são custodiantes de nossos dados,                 

possuem permissão para usá-los em troca do fornecimento de serviços públicos e                       

da promoção do bem público (Gudipati et al. 2013). 

A quantidade de incidentes envolvendo o compartilhamento ou uso                 

indevido de dados também contribuiu com a aceleração dessa discussão.  

Em 2018, nos estados Unidos, Marck Zuckerberg, presidente do                 

Facebook, depôs por mais de cinco horas em uma audiência no Senado, explicando                         

sobre o vazamento de dados de 87 milhões de usuários pela consultoria política                         

Cambridge Analytica, consultoria política que trabalhou na campanha de Donald                   

Trump, em 2016, e também na campanha para a saída do Reino Unido da União                             

Europeia, Brexit (The New York Times, 2018. G1, 2018). 

A Level One Robotics, companhia de robótica canadense, expôs dados                   

de mais de 100 empresas, como Tesla, Ford, Toyota, GM e Volkswagen. Os dados,                           

  

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que somavam mais de 157 GB, foram encontradas pela companhia de segurança                       

UpGuard (UpGuard, 2018).  

No Brasil, em 2018, um hacker acessou o banco de dados do Banco Inter                           

SA, um dos maiores bancos totalmente digitais do Brasil. O hacker enviou um                         

pacote com mais de 40 GB de dados para o site TecMundo e relatou a invasão. No                                 

pacote são encontradas fotos de cheques, documentos, transações, e-mails,                 

informações pessoais, chaves de segurança e senhas de cerca de 100 mil pessoas.                         

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio da                       

Comissão de Proteção dos Dados Pessoais, moveu uma ação civil pública por danos                         

morais coletivos em desfavor do Banco Inter S/A. O MPDFT condena o banco ao                           

pagamento de R$ 10 milhões, a título de indenização, em razão de não ter tomado                             

os cuidados necessários para garantir a segurança dos dados pessoais de seus                       

clientes e não clientes (Tecmundo, 2018).  

À luz da discussão sobre o direito à privacidade e o uso de dados, estão                             

emergindo novos regulamentos em todo mundo. A União Europeia (UE), em 2016,                       

publicou o Regulamento Geral de Proteção de Dados (General Data Protection                     

Regulation - GDPR), aplicável a todas as organizações estabelecidas na Europa e,                       

dependendo das circunstâncias, também fora dos limites desse território. Jan                   

Philipp Albrecht, membro do Parlamento Europeu da Alemanha e relator do GDPR                       

afirmou que “O GDPR vai mudar não apenas as leis europeias de proteção de                           

dados, mas nada menos que o mundo inteiro como o conhecemos” (MMC Cyber                         

Handbook, 2018). O comentário de Albrecht reflete a força da crença na Europa de                           

que a privacidade constitui um direito humano fundamental. 

Uma estratégia orientada por dados atua dentro do GDPR. Esse                   

regulamento foi caracterizado como uma medida de conformidade e governança,                   

mas também abrange novos fluxos de receita e criação de negócios. O GDPR será                           

disruptivo e democratizará os mercados de dados em vários setores. Os cidadãos                       

ganharão mais controle sobre seus dados e as organizações que desenvolvem                     

  

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novos serviços de negócios baseados nesses ativos de dados serão grandes                     

vencedores (Microsoft and PwC. 2018). Foi um passo importante para que os                       

cidadãos tenham mais controle sobre seus dados, e entendam como as a empresas                         

fazem uso deles. 

A proteção de dados pessoais é garantida na Argentina pela Lei nº                       

25.326/2000. O Chile regulamentou o tema com a promulgação da Lei nº 19.628 ,                           

de 1999. Já nos Estados Unidos, em 28 de junho de 2018, foi aprovado o California                               

Consumer Privacy Act of 2018 (CCPA), a primeira Lei de um estado norte americano                           

inspirada na Legislação Europeia (GDPR).  

O Brasil regulamentou o uso, a proteção, o tratamento e a transferências                       

dados pessoais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou                         

privado, por meio da Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018. Inspirada na legislação                             

européia, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP). Além de trazer todo                           

esse conjunto de regras que garantem direitos de informação e à privacidade ao                         

cidadão, ela unificou outros dispositivos legais que tratavam do assunto, como o                       

Marco Civil da Internet e Lei de Acesso à Informação. 

O texto, fruto de uma ampla discussão, com forte envolvimento da                     

sociedade civil, visa além de garantir direitos individuais, fomentar o                   

desenvolvimento econômico, tecnológico e a inovação por meio de regras claras,                     

transparentes e amplas para o uso adequado de dados pessoais. O projeto recebeu                         

manifestações favoráveis de mais de 70 entidades, do setor produtivo e da                       

sociedade civil, que, inclusive, destacaram que a Lei proporcionará um ambiente de                       

negócios seguro, potencializando a atração e materialização de investimentos na                   

ordem de R$ 250 bilhões em tecnologias de transformação digital até 2021 (Frost &                           

Sullivan’s, 2018). 

A LGPDP garante que o cidadão tenha mais controle sobre seus dados.                       

Ela exige consentimento explícito para a coleta e uso dos dados, e obriga a oferta                             

de opções para que o usuário visualize, corrija e exclua esses dados. A Lei entrará                             

  

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em vigor em fevereiro de 2020, possibilitando que governos, empresas e                     

prestadores de serviços tenham 18 meses para se adequar às alterações previstas                       

na legislação.  

A Lei define que um dado pessoal é qualquer informação relacionada a                       

pessoa natural, identificada ou identificável, como nome, e-mail, IP do dispositivo,                     

geolocalização, número de telefone, endereço e até dados de conexão. Já um dado                         

pessoal sensível é qualquer informação acerca da etnia e origem racial,                     

posicionamento religioso ou político, e dados sobre saúde ou vida sexual, que                       

estão vinculados a uma pessoa natural. E dado anonimizado, como sendo aquele                       

que não pode ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos                     

razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento. 

Para garantir a eficácia da legislação, foram estabelecidas penalidades                 

como multas e advertências. Também estabelece padrões de segurança da                   

informação, exigindo que as empresas que fazem uso de dados pessoais e sensíveis                         

se adequem a uma série de medidas e padrões que garantam a proteção das                           

informações dos cidadãos.  

 

10. Ética no uso de dados A ética de dados (do inglês: Data Ethics ) é uma área que está emergindo                           

rapidamente. Ela permeia todo o trabalho com dados, da coleta ao                     

compartilhamento, envolvendo, inclusive, o uso de dados que não são pessoais                     

(ODI, 2017). 

Open Data Institute (ODI) publicou o relatório Ethical Data Handling, em                       

2017, onde propôs a seguinte definição: “A ética dos dados é um ramo da ética                             

que avalia as práticas de dados com o potencial de causar um impacto negativo nas                             

pessoas e na sociedade - na coleta, compartilhamento e uso de dados.” (ODI,                         

2017). 

  

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As organizações devem resguardar-se e precaver para que, da coleta ao                     

compartilhamento, o trabalho com dados seja livre de preconceitos e vieses, não                       

permitindo que questões relacionadas à idade, raça, sexualidade, gênero, religião,                   

deficiências resultem em uma decisão injusta ou desigual, que possam levar à                       

discriminação contra uma pessoa ou grupos de pessoas. 

O relatório traz estudos de casos interessantes, como o do Reino Unido,                       

que demonstra que a simples ausência de determinados campos de dados ou                       

categorias de informações em uma base de dados pode refletir um viés histórico. O                           

país exige apenas o nome de ocupação do pai em registros de casamento. A                           

omissão da informações sobre o nome e a ocupação de uma mãe tem efeitos                           

subsequentes em campos como genealogia, sociologia e história. É mais fácil para                       

as pessoas analisarem como as ocupações masculinas evoluíram ao longo dos                     

séculos do que as femininas (ODI, 2017). 

Outro case interessante é o dos EUA, país cujas cortes usam um sistema                         

de avaliação de risco de reincidência criminal com base em algoritmo, com o                         

objetivo de prever a probabilidade de uma pessoa cometer um novo crime (BBC,                         

2018). A Propublica - uma organização de mídia sem fins lucrativos com sede nos                           

EUA - obteve as pontuações de risco atribuídas a mais de 7.000 pessoas presas no                             

condado de Broward, Flórida em 2013–2014 (ODI, 2017). A organização analisou os                       

dados das condenações e descobriu que o algoritmo previa que réus negros tinha                         

mais chances de serem classificados com “alto risco de incidência”, enquanto os                       

réus brancos eram classificados com “baixo risco de incidência”. Para realizar                     

chegar a essas conclusões, o algoritmo analisava respostas de 137 perguntas, que                       

foram respondidas por réus ou extraídas de registros criminais (BBC, 2018). 

Embora a etnia não seja uma questão explícita na pesquisa, várias                     

questões colocadas tendem a aumentar os escores de risco entre os réus negros. As                           

perguntas feitas incluem: Algum de seus pais já foi preso?; Quantos de seus amigos                           

e/ou conhecidos estão usando consumindo drogas ilegalmente? (ODI, 2017). 

  

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E assim, além dessa situação já afrontar o campo da ética, leva-se em                         

consideração o contexto dos EUA: No país as crianças negras são mais de sete                           

vezes mais propensas do que as brancas ter uma mãe na prisão; A Pesquisa                           

Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde de 2014 indicou que 12,4% dos                         

afro-americanos de 12 anos ou mais utilizavam drogas, número acima da média                       

nacional, que é de 10,2% (ODI, 2017). Esse contexto influenciou negativamente a                       

classificação de risco de um réu negro.  

Como já observado em outros capítulos, dados demográficos,               

socioeconômicos, localização geográfica, hábitos de navegação e até interações                 

com a mídia social são usados com frequência para que organizações direcionem a                         

publicidade. A informação é adaptada para indivíduos e/ou grupos.  

Ao apresentar informações seletivas, as organizações podem causar               

prejuízos, tanto para as pessoas, como para a sociedade, especialmente quando os                       

indivíduos não estão cientes de que são seus dados pessoais estão moldando as                         

informações que veem (ODI, 2017).  

A Cambridge Analytica, empresa privada que combinava mineração e                 

análise de dados com comunicação estratégica, usou modelagem de dados e                     

análise de perfis psicográficos para segmentar populações e encaminhar                 

informações políticas durante as eleições de 2016 nos EUA, e também no referendo                         

do Brexit no Reino Unido (ODI, 2017).  

O relatório também aborda o conceito da ética no uso de dados no                         

desenvolvimento de algoritmos. Em 2016, o primeiro concurso internacional de                   

beleza julgado por Inteligência Artificial , analisou os participantes com base em                     18

características "objetivas", como simetria facial e rugas, elegeu quase todos os                     

vencedores como brancos (ODI, 2017). Em 2015, uma atualização do Google Fotos                       

identificou pessoas negras como gorilas (Terra, 2015).  

Portanto, além de levar em conta possíveis vieses em base de dados,                       

18 http://beauty.ai/: Primeiro concurso de beleza artificial julgado por inteligência                   artificial.  

  

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deve-se observar como os modelos de inteligência artificial e preditivos são                     

projetados, para que seu design não reforcem preconceitos.  

 

10.1. Data Ethics Canvas O Data Ethics Canvas , criado pelo ODI, é uma ferramenta que contribuiu                       

para a tomada de decisão, criando condições para que as organizações avaliem as                         

implicações éticas de um projeto de dados, enxergando os possíveis impactos de                       

suas práticas nas pessoas e na sociedade. 

O modelo foi elaborado com base no Ethics Canvas , e no Business                       19

Model Canvas. Portanto, não possui um checklist e respostas claras. É reflexivo e                         

orientador, conforme pode ser observado na Figura 16. 

O Data Ethics Canvas pode ser usado tanto no contexto do GDPR, da                         

União Europeia, quanto a LGPDP, Lei Nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, no que                               

tange ao Relatório e Avaliação de Impacto de Proteção de Dados.  

Segundo a legislação brasileira, o relatório de impacto à proteção de                     

dados pessoais é a documentação do controlador que contém a descrição dos                       

processos de tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades                       

civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e mecanismos                     

de mitigação de risco, e pode ser solicitado pela autoridade nacional ao controlador                         

e aos agentes do poder públicos (Brasil. Lei nº 13.709/2018).  

Além disso, o framework também pode viabilizar a privacidade por                   

design e por padrão, no âmbito das duas legislações.  

19 O Ethics Canvas foi desenvolvido pelo ADAPT - Center for Digital Content                         Technology, disponível em: <https://www.adaptcentre.ie/>.  

  

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11. Governo Orientado por Dados As organizações que lideram o uso da tecnologia digital diferem das                     

demais não apenas da sua capacidade e estrutura organizacional, mas na sua visão.                         

Eles não enxergam o digital como um desafio tecnológico, mas como uma                       

oportunidade de transformação, utilizando-o para mudar a forma como fazem                   

negócios (Westerman, 2018). 

Focar na experiência do usuário, entendendo como ela afeta o que o                       

governo faz, colocando o cidadão no centro, é fundamental para progredir com a                         

  

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transformação digital. Isso requer uma mudança de perspectiva, de mindset , uma                     20

mudança sobre como o governo atende seu cliente, o cidadão, de modo que os                           

serviços públicos sejam melhores, e que atendam as necessidades das pessoas (A                       

Government for the Digital Age, 2018).  

A conexão digital do cidadão com a cidade, feita a partir de suas                         

interações com diversos dispositivos, redes e instituições que o cercam, gera uma                       

grande massa dados. A utilização desse Big Data possibilita que o governo ofereça                         

serviços públicos mais personalizados (Giest, 2017).  

Exemplos bem conhecidos vêm do setor de saúde. A medicina                   

personalizada, como diagnósticos e tratamentos individualizados, é orientada por                 

dados. Os sistemas de apoio à decisão clínica, por exemplo, automatizam a análise                         

de imagens de raios-X ou tomografia computadorizada. Essas ações têm como                     

objetivo a economia de recursos e a padronização do atendimento (Murdoch;                     

Detsky, 2013). 

A cidade de Chicago, por exemplo, foi uma das primeiras a nomear um                         

Chief Data Officer (CDO), e é uma das líderes em análise preditiva. Em 2015, a                             

cidade desenvolveu um modelo matemático para prever quais de seus mais de                       

15.000 restaurantes e outros estabelecimentos que servem comida estavam mais                   

propensos a causar doenças transmitidas por alimentos. O modelo preditivo                   

permitiu que os inspetores do Department of Streets & Sanitation , responsáveis                     21

por avaliar as condições sanitárias de restaurantes priorizassem suas visitas de                     

acordo com o risco, visitando primeiro os locais com maior probabilidade de deixar                         

os clientes doentes. Esse projeto utilizou dados do governo municipal, inclusive do                       

20 Mindset pode ser traduzido por mentalidade ou programação mental. É o conjunto de                           pensamentos e crenças que existe dentro de nossa mente, que determinam como nos sentimos e                             nos comportamos. O mindset é como a mente está programada para pensar sobre determinado                           assunto. 

21 Department of Streets & Sanitation, traduzido como Departamento de Ruas e                       Saneamento, tem o objetivo de garantir ambiente seguro e saudável nas ruas de Chicago. O DSS é                                 responsável pelo saneamento, limpeza das ruas, coleta de lixo, controle de roedores, poda de                           árvores, etc,  

  

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Departamento de Polícia, Departamento de Saúde Pública, Departamento de                 

Assuntos de Negócios e Proteção ao Consumidor, bem como dados externos,                     

como clima e mídias sociais. O projeto proporcionou uma melhoria de 25% na                         

eficiência operacional e aumentou a capacidade de encontrar violações críticas do                     

código de saúde (Wiseman. 2016). 

No contexto educacional, muitas instituições já são orientadas por dados.                   

Elas possuem dashboards interativos, que fornecem informações atualizadas sobre                 22

o sistema educacional. Com a utilização das TICs e aplicando elementos da ciência                         

de dados é possível identificar quais são as áreas de conhecimento que os alunos                           

possuem mais interesse em aprender, e avaliar quais são as matérias e assuntos que                           

os alunos possuem mais dificuldade. Isso envolve ainda um elemento preditivo, no                       

qual a trajetória individual do aluno pode ser criada e calculada para ampliar o seu                             

aprendizado (Edwards 2014; Williamson 2016). Com o feedback em tempo real o                       

governo pode agir para ajustar e publicar novas diretrizes para escolas (Giest, 2017).                         

Assim, o aprendizado é potencializado e o plano de aula pode ser adequado às                           

necessidades dos alunos e da escola.  

Desde 2016 a cidade de Boston investe em análise de dados. O governo                         

utiliza ciência de dados para analisar e resolver problema diversos, como overdoses                       

de drogas, uso de ambulâncias, congestionamento de tráfego, falta de moradia,                     

inspeções em restaurantes, e fiscalização do estacionamento. Um dos maiores cases                     

de casos da cidade foi a utilização de dados para reduzir os custos de energia                             

(Wiseman, 2017). 

O departamento de energia de Boston desenvolveu um sistema que                   

monitora o uso de energia em tempo real. O sistema rastreia o uso da energia e o                                 

compara entre períodos. Todos os dados são públicos. A ferramenta consegue                     

analisar o consumo de energia individual, por equipamento, o que permite a                       

22 Dashboards são painéis que mostram métricas e indicadores importantes para                     alcançar objetivos e metas traçadas de forma visual, facilitando a compreensão das informações                         geradas. 

  

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identificação de valores discrepantes, sinalizando quais equipamentos             

possivelmente estão com defeitos e necessitam de manutenção ou até substituição.                     

Outra funcionalidade importantíssima da ferramenta é a possibilidade de realizar                   

ajustes no uso de energia em tempo real. Um exemplo de ajuste executado foi a                             

diminuição da velocidade dos ventiladores, em determinados períodos do dia, em                     

uma biblioteca, que resultou na economia de U$ 40.000 por ano. Outro exemplo é                           

a redução do consumo de energia quando o edifício está fechado (Wiseman, 2017). 

Esse modelo de administração orientada por dados possibilita que as                   

ações tomadas por governos sejam mais assertivas e céleres. Uma estratégia                     

orientada por dados, por exemplo, permite que as administrações tributárias tomem                     

decisões que beneficiem seus próprios objetivos socioeconômicos e do país, agora                     

e no futuro ( Microsoft; PwC. 2018).  

 

11.1. Escala de maturidade de um Governo Orientado             

por Dados Jane Wiseman publicou em Julho de 2016 um artigo que propõe uma                       

escala de maturidade para um Governo Orientado por Dados. Segundo a autora,                       

conforme os governos amadurecem sua capacidade de produzir e compartilhar                   

dados, eles criam oportunidades para que usuários internos e externos analisem e                       

usem os dados, o que, por sua vez, melhora o desempenho do governo.  

Segundo a autora, os dados abertos funcionam como uma base e um                       

acelerador do governo orientado por dados. Embora não seja um precursor                     

necessário para desenvolver uma cultura de dados, o processo de publicação de                       

dados abertos cria oportunidades para que governos avaliem a disponibilidade e                     

qualidade dos dados (Wiseman. 2018).  

O modelo descreve um caminho geral, que se aplica tanto ao governo                       

como um todo quanto a um departamento dentro do governo, com seu próprio                         

  

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ambiente de dados e desafios distintos. 

Embora os estágios descritos para o modelo são apresentados                 

sequencialmente, a autora afirmar que o progresso raramente é linear. São quatro                       

os estágios da escala de maturidade, conforme Figura 17.  

 

 

(i) Publicar: Lançando um programa de dados abertos 

Publicar dados em um formato utilizável para o público é o primeiro                       

passo para que um governo seja orientado por dados. A exposição dos dados ao                           

público convida à interação e, a medida que os usuários dentro e fora do governo                             

começam a utilizá-los, aumenta-se a demanda por mais dados (Wiseman. 2016). 

  

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(ii) Polir: Publicando grandes volumes de dados e melhorando sua                   

qualidade.  

O segundo estágio está relacionado a qualidade dos dados. Neste                   

momento a publicação de dados é rotineira e o volume cresce rapidamente. Com                         

isso aumenta-se o interesse e uso dos dados pelas pessoas, mídia, universidades,                       

organizações sem fins lucrativos e outros usuários do governo. Com mais utilização,                       

espera-se que esses usuários forneçam feedbacks que melhorem a qualidade e                     

precisão dos dados divulgados. Desta forma, o governo pode começar “polir” os                       

dados publicados (Wiseman. 2016). 

Nesse estágio de maturidade de dados, a governança de dados se torna                       

mais formalizada, com linhas de responsabilidade claras para o gerenciamento de                     

dados, atualizações de dados e integridade de dados. Os dados fornecem                     

contexto, origem e formato, permitindo que os usuários entendam como os dados                       

foram criados e como se relacionam com outras fontes (Wiseman. 2016). 

(iii) Analisar: Uso de dados para melhorar o desempenho e aumentar a                       

transparência.  

Neste estágio o governo começa a utilizar os dados para entender                     

melhor as políticas e programas públicos, prever e prevenir problemas, buscar                     

padrões e novas percepções, e conduzir melhores decisões. Assim, o governo                     

melhora sua eficiência e aumenta a transparência de suas ações (Wiseman. 2016). 

Projetos de análise de dados que são bem sucedidos podem atrair                     

atenção positiva, tanto do governo quanto da mídia, o que cria um movimento                         

positivo em direção a uma cultura de dados. Outro benefício que nota-se nesta                         

etapa é o potencial que a análise de dados têm para corroer os silos do governo, à                                 

que todos têm acesso isonômico às informações públicas (Wiseman. 2016). 

(iv) Otimizar: incorporando processos decisórios orientados por dados em                 

toda organização.  

Neste nível o uso de dados é otimizado em toda organização, todos os                         

  

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níveis de governo utilizam dados em seus processos decisórios. A cultura da cidade                         

não apenas aceita, mas também adota o uso de dados. O trabalho é organizado em                             

torno de problemas ou questões públicas, e não as linhas de autoridade criadas                         

quando as agências foram estabelecidas (Wiseman. 2016). 

Os governos enxergam os analistas e os cientistas de dados como ativos                       

valiosos e, portanto, investem em treinamento e desenvolvimento de habilidades                   

analíticas (Wiseman. 2016). 

 

11.2. Recursos necessários para implementação de         

um Governo Orientado por Dados Com a pesquisa foi possível concluir que a implementação de um                     

Governo Orientado por Dados depende do investimento em Tecnologia da                   

Informação e Comunicação, Governança Pública e Pessoas.  

No contexto da Tecnologia da Informação e Comunicação, como                 

conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, por meio das funções de                       

hardware, software e telecomunicações, o Governo Orientado por Dados investe                   

em Inteligência Artificial, para coleta, tratamento e análise de dados, Internet das                       

Coisas, para coleta de dados, e no armazenamento desses dados coletados. 

No âmbito da Governança Pública, um Governo Orientado por Dados                   

investe em ações que promovem a transparência, a participação, e o accountability,                       

criando mecanismos para realizar uma gestão por resultados baseada na visão                     

coletiva da sociedade.  

O investimento em pessoas é fundamental para que a implantação de um                       

Governo Orientado por Dados seja bem sucedida. Nesse contexto, identificaram-se                   

duas divisões. Uma interna, onde o governo pode realizar atividades capacitatórias,                     

visando desenvolver competências analíticas no corpo de funcionários, e contratar                   

cientistas de dados. Outra externa, composta de ações que visam engajar o cidadão                         

  

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nas atividades de gestão da cidade, promovendo a cooperação na concepção,                     

fiscalização e avaliação de políticas e serviços públicos.  

 

11.3. Ciclo de atividades de um Governo Orientado             

por Dados Tendo os recursos necessários, a administração pode iniciar suas                 

atividades. Para isso, apoiando-se na Ciência de Dados, propõe-se a utilização de                       

um método baseado na repetição, cíclico, que deve ser aplicado sucessivamente,                     

buscando a melhoria contínua e um maior controle das atividades e resultados, tal                         

qual como o PDCA , Total Data Quality Management e também como exposto no                         23

capítulo 4.1 Análise de dados e sua estrutura enquanto projeto. 

A metodologia aqui proposta, nomeada como “Ciclo de Atividades de                   

um Governo Orientado por Dados”, é composto por 5 etapas, conforme figura 18,                         

sendo: 

(i) Coletar: nesta etapa o governo deve definir quais serão as fontes de                         

coleta, como por exemplo por meio da colaboração do cidadão em processos                       

participativos, ou oriundos das mídias sociais, ou utilizando de sensores espalhados                     

pelo território, e assim passar a coletá-los e armazená-los; 

(ii) Tratar: é a operação realizada por meios manuais ou automatizados,                     

que classifica, organiza, agrupa, filtra, processa, armazena, elimina, modifica os                   

dados coletados.  

(iii) Analisar: nesta etapa faz-se a análise e interpretação dos dados que                       

foram coletados e tratados. Pela exploração da base de dados, busca-se encontrar                       

padrões e tendências, e identificar problemas e oportunidades. As descobertas são                     

sintetizadas e apresentadas visualmente de modo a orientar as ações do governo.                       

Os resultados encontrados são avaliados e comparados aos resultados esperados                   

23 PDCA (do inglês: PLAN - DO - CHECK - ACT ou Adjust) é um método iterativo de                                   gestão de quatro passos, utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos. 

  

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(metas e objetivos). 

(iv) Executar: momento onde o governo pode tomar ações corretivas,                   

preventivas e de melhorias. Nesta etapa também é possível que a administração                       

pública estabeleça novos objetivos e metas, ou que corrija as falhas encontradas                       

nos passos anteriores.  

(v) Comunicar: A última etapa do ciclo visa engajar o cidadão e dar                         

publicidade aos atos do governo, informando os resultados alcançados e                   

divulgando suas ações.  

Assim, entende-se   

que um Governo Orientado       

por Dados deve ser pró-ativo e           

estabelecer uma relação mais       

pessoal com os cidadãos,       

tornando-se mais democrático     

e eficiente.  

Importante ressaltar   

que o ciclo pode ser utilizado           

em um projeto, programa, ou         

como uma referência de       

atuação governamental.   

Também deve-se ter em       

mente, conforme exposto na       

seção 4.1, que formular a         

pergunta, ou seja, entender qual o objetivo da coleta e análise dos dados, e                           

especificar que tipo de aprendizado deseja-se obter é muito importante. Essa                     

atividade não foi inserida dentro do ciclo pois esse tem caráter permanente, para                         

que o governo de fato torne-se mais mais eficiente, responsivo, pró ativo, e                         

transparente.  

  

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12. Referências As referências apresentadas nestas linhas que seguem possuem o intuito                   

de exemplificar os conceitos pesquisados, demonstrando como governos e                 

organizações estão utilizando dados para aumentar a performance e aprimorar                   

serviços.  

12.1. Referência #01: China A China é um dos países que está liderando o desenvolvimento da                       

inteligência artificial, propondo uma nova maneira de administrar a economia e a                       

sociedade, alcançando uma governança algorítmica. 

O governo utiliza a inteligência artificial para prestar serviços públicos e                     

monitorar a cidade, e as pessoas que nela vivem. Já é possível que o cidadão                             

chinês pague suas contas, saque dinheiro e acesse demais serviços públicos apenas                       

com seu rosto.  

Muitas empresas chinesas estão desenvolvendo aplicativos competitivos             

globalmente que fazem o reconhecimento e análise de imagem e voz. Uma das                         

empresas pioneiras em pesquisa e inovação em IA, a YITU Tech , desenvolve                       24

soluções para construir um mundo mais seguro, rápido e saudável. A empresa                       

espera aprimorar a IA para que as máquinas possam escutar e compreender,                       

buscando avançar em visão computacional processamento de linguagem natural,                 

raciocínio e representação do conhecimento, hardware inteligente e robótica. Hoje                   

YITU tem uma presença extensa em setores como segurança, finanças, transporte e                       

saúde (The Economist. 2018). 

Uma de suas soluções, a Generic Portrait Platform, foi projetada para                     

realizar o reconhecimento facial em fluxos de vídeo dinâmicos. Ele incorpora                     

24 http://www.yitutech.com/en/  

 

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funções como reconhecimento de facial, vigilância em tempo real e rastreamento e                       

consulta de pedestres. O avanço tecnológico permite que o sistema, inclusive,                     

interprete as emoções das pessoas.  

A tecnologia do módulo de vigilância em tempo real possui uma blacklist                     

que aciona um alarme para as autoridades assim que uma pessoa entra nas áreas                             25

monitoradas. Já o módulo de rastreamento e consulta de pedestres permite que                       

suspeitos sejam identificados a partir do seu padrão de movimentos corporais,                     

conforme Figura 19(The Economist. 2018). 

Contudo, o Governo Orientado por Dados pode, nesse contexto, facilitar                   

a hipervigilância. Deve-se ter sempre a preocupação de evitar que a tecnologia seja                         

usada para fins autoritários 

Com milhões de câmeras e linhas de código, a China está adotando                       

tecnologias como reconhecimento facial, inteligência artificial, aprendizado de               

25 Segundo o dicionário Cambridge, blacklist é uma lista de pessoas, IPs, número de                           celular, países, etc. que foram considerados, por uma autoridade ou grupo, como inaceitáveis, ou                           que merecem ser evitados, ou que não são confiáveis. 

  

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máquina e análise preditiva para identificar e monitorar 1,4 bilhão de pessoas.                       

Aparelhos experimentais, como óculos que possuem tecnologia integrada capaz de                   

realizar o reconhecimento facial, já estão sendo testados pelo governo chinês                     

(Figura 20). A tecnologia ajuda a identificar suspeitos em tempo real.  

Um artigo no Diário       

do Povo, o jornal oficial do           

Partido Comunista, cobriu uma       

série de prisões feitas com a           

ajuda de reconhecimento facial       

em diversos eventos. Na       

cidade chinesa de Zhengzhou,       

por exemplo, um policial       

usando óculos de     

reconhecimento facial avistou     

um contrabandista de heroína       

em uma estação de trem. Contudo, os óculos funcionam apenas se o alvo ficar                           

parado por alguns segundos. Eles têm sido usados principalmente para verificar se                       

as pessoas que estão entrando e saindo do país estão utilizando identidades falsas                         

(The New York Times. 2018).  

Até 2018 o país       

já havia instalado 170       

milhões de câmeras de       

Circuito Fechado de     

Televisão (CFTV), sendo     

que sua meta é ter 570           

milhões de câmeras até       

2021 (Figura 21). As       

autoridades informam que     

  

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o sistema tem o objetivo de proporcionar mais segurança aos cidadãos. Se você                         

não tem nada a esconder, você não tem nada a temer. Contudo, há há temores de                               

que governo utilize a tecnologia para localizar dissidentes políticos ou identificar as                       

minorias étnicas (BBC. 2018). 

As câmeras estão em todos os lugares. Os cidadãos dizem sentir-se em                       

constante vigilância. Praticamente todas as atividades são monitoradas. Quanto                 

mais a tecnologia vai se desenvolvendo, maior a capacidade dela ser abusiva.                       

Todos estão sendo vigiados o tempo todo, portanto não podem fazer nada que                         

desagrade o governo (The Economist. 2018). 

O governo utiliza os recursos dos contribuintes para monitorar os                   

contribuintes. Como defende Castells (2003, p. 128), “em vez de o governo vigiar as                           

pessoas, as pessoas poderiam estar vigiando o seu governo – o que é de fato um                               

direito delas, já que teoricamente o povo é soberano. 

 

12.2. Referência #02: SmartWifi. Cidade de Palma de             

Mallorca A prefeitura da cidade de Palma de Mallorca, em Baleares, na Espanha,                       

criou um departamento que coordena e lidera todas as ações de reconversão . O                         26

"SmartOffice" é formado por uma coordenação, representantes dos conselhos                 

municipais e empresa pública. O plano diretor da cidade focou em inovação, no uso                           

das TICs e na geração de ideias, em em colaboração com o setor privado.  

Uma das ações implementadas foi o projeto SmartWifi, realizado em                   

parceria com o consórcio da Praia Palma e as Prefeituras de Palma de Mallorca e                             

Llichmajor (Figura 22). Além de oferecer o livre acesso à internet para cidadãos e                           

26 reconversão, neste contexto, consiste em modificar novamente algo que,                   anteriormente, já havia sido transformado. O uso mais frequente da noção está no contexto das                             indústrias, referindo-se à evolução técnica que permite modernizar uma atividade.  

  

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turistas, a mesma infraestrutura de telecomunicações de dados é utilizada para uma                       

série de serviços da prefeitura, como em áreas como segurança e mobilidade, por                         

exemplo. A prefeitura contrata o serviço de infraestrutura, manutenção da rede e                       

conexão Wi-Fi da iniciativa privada. Atualmente existem 1.000 pontos de Wi-Fi que                       

são totalmente custeados pelo governo. 

O sistema possui uma       

plataforma CMX   

(Customer Monitoring   

Experience), que estuda     

o comportamento das     

pessoas na cidade em       

tempo real. A     

ferramenta permite que     

as empresas interajam     

com os usuários do       

Wi-Fi, baseando-se em sua       

geolocalização e comportamento,     

possibilitando uma oferta mais       

adequada de conteúdo e serviços         

às pessoas. O Big Data do           

comportamento humano permite     

entender com mais precisão o         

público que utiliza o serviço.         

Baseando-se no perfil demográfico,       

socioeconômico e interesses dos       

usuários é possível explorar de         

maneira mais eficaz a publicidade. 

A análise dos dados       

  

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identifica a quantidade de pessoas e o tempo de permanência que elas tiveram no                           

local, criando mapas de calor (Figura 23).  

Os mapas de calor podem contribuir para que o Governo otimize as                       

ações de segurança pública, por exemplo.  

O serviço de Wi-Fi é totalmente gratuito para usuários finais, contudo a                       

solução é monetizada por meio da venda de espaços de publicidade customizáveis,                       

que são adquiridos por negócios locais, como cafés, restaurantes e hotéis. 

O sistema disponibiliza um Dashboard que fornece aos administradores                 

informações valiosas, como     

por exemplo a análise sobre         

os locais de acesso e quais           

aplicativos são usados, perfil       

do usuário, tempo de       

conexão, os dias e horários         

de maior acesso, quantidade       

de novos e recorrentes       

usuários, entre outras     

informações, conforme   

exemplo exposto pela Figura       

24. 

Com essas análises e informações é possível que o governo crie                     

estratégias e ações para melhorar a segurança da cidade e tornar a comunicação                         

entre Governo e pessoas mais eficiente. Com o envio de mensagens personalizadas                       

para as pessoas, o governo promove o turismo e a cultura. 

12.3. Referência #03: Google Local Guide O Google conta com um programa de recompensas, atrelado ao Google                     

  

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Maps, chamado Local Guide . Com ele, o usuário contribui com avaliações de                       27

locais, fotos e comentários. Cada avaliação gera um número de pontos e, conforme                         

o usuário acumula pontos, ele aumenta o nível de sua reputação dentro da                         

comunidade. Conforme o usuário sobe de nível, ele ganha vantagens, como o                       

acesso antecipado a funções em produtos do Google e brindes oferecidos por                       

parceiros. 

O Local Guide, por meio de um sistema colaborativo, avalia espaços e                       

serviços, públicos e privados, conforme exemplos expostos na figura 26. Ao                     

reconhecer geograficamente que uma pessoa, usuária dos serviços Google, visitou,                   

por exemplo, um restaurante ou um parque, o sistema envia perguntas para que                         

esse usuário colabore com a comunidade. Com pequenas interações, a pessoa irá                       

informar se, por exemplo: se sentiu segura; se o local possuia estacionamento; se os                           

valores cobrados eram caros; se o local estava bem iluminado e limpo; se ela foi                             

bem atendida; etc. As avaliações e opiniões são fornecidas voluntariamente,                   

permitindo que os usuários compartilhem informações entre si, gerando uma                   

sabedoria de massa a respeito do território.  

 

27 Google Local Guide: https://maps.google.com/localguides/home  

 

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Um mapeamento digital do território, criado e alimentado               

colaborativamente pelas pessoas, permitiria ao Governo identificar problemas e ter                   

informações atualizadas e precisas sobre a cidade. Essa interação direta entre                     

governos e cidadãos feita por meios digitais permitiria, por exemplo, sabermos                     

quais são as escolas que os alunos se sentem mais inseguros, ou quais escolas                           

possuem o menor nível de satisfação de pais e alunos sobre a qualidade do ensino                             

e da edificação. O governo poderia saber, em tempo real, a quantidade de pessoas                           

que estão em uma determinada Unidade Básica de Saúde - UBS.  

A tecnologia permitiu a rápida e direta conexão entre cidadão para                     

governo (C2G) e elevou a interação entre cidadão para cidadão (C2C) (Cardone et                         

al., 2013). Desta forma, o cidadão tem a possibilidade de, rapidamente, se                       

manifestar e contribuir com a concepção, monitoramento e avaliação de políticas e                       

serviços públicos.  

 

Conforme é enxerga-se na Figura 26, seria possível, por exemplo, que                     

órgãos do poder executivo consultassem os munícipes sobre a priorização das                     

ações que serão realizadas no bairro. O poder legislativo poderia, rapidamente,                     

saber a opinião dos cidadãos sobre questões de interesse público.  

  

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A participação constante do cidadão na concepção, monitoramento e                 

avaliação de políticas e serviços públicos possibilita que o governo tenha                     

informações mais atualizadas sobre os serviços que oferece, e que suas ações sejam                         

orientadas na supremacia do interesse público.  

Outra aplicação seria na realização de censo demográfico. De acordo                   

com o IBGE, o custo estimado para realizar o Censo Demográfico 2020 é de R$ 3                               

bilhões. Para realizar a pesquisa é necessário contratar cerca de 300 mil                       

pesquisadores, que visitam todos os domicílios brasileiros (Folha. 2017). Portanto,                   

quando o governo e o cidadão estiverem conectados, com iterações frequentes,                     

diminui-se a necessidade de mobilizar tantos recursos humanos para realizar a                     

pesquisa presencial, podendo direcionar os profissionais contratados regiões que                 

não sofrem com a exclusão digital. Os dados também são coletados e atualizados                         

com maior frequência.  

 

12.4. Referência #04: Mapa da epidemia de violência             

armada nos Estados Unidos Em 2015, nos Estados       

Unidos da América, houve mais de           

13.000 homicídios com armas. O         

Federal Bureau of Investigation (FBI)         

fornece estatísticas de assassinatos       

cometidos com armas de fogo até o             

nível da cidade, o que mascara o             

agrupamento de violência dentro dos         

bairros. A análise feita pelo The           

Guardian, em parceria com a Gun           

Violence Archive, mapeou os       

  

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homicídios nos EUA até o nível dos bairros (The Guardian, 2017). 

O mapa da epidemia de violência armada da América é um case que                         

demonstra como a visualização de dados revela padrões e fornece insights                     

relevantes.  

Foi descoberto que essa violência não é distribuída pelo país. Metade                     

dos homicídios com armas nos Estados Unidos, em 2015, aconteceram em apenas                       

127 cidades e vilas. Entender os motivos do agrupamento da violência armada dos                         

EUA é crucial para salvar vidas (The Guardian, 2017).   

A cidade de St. Louis, nos Estados Unidos, teve a maior taxa de                         

homicídios com armas do país. Se todos os homicídios com armas que aconteceram                         

em 2015 em St. Louis fossem distribuídos aleatoriamente, o resultado seria o                       

apresentado na Figura 27 (The Guardian, 2017). 

Contudo, com uma análise aprofundada da região, foi possível agrupar                   

os crimes dentro dos bairros e, após cruzar com dados socioeconômicos da cidade,                         

foi possível identificar que a maior incidência de crimes está concentrada nas                       

regiões mais pobres da cidade, que possuíam o menor nível de escolaridade, e em                           

bairros que foram construídos sob décadas de segregação racial. (Figuras 28 e 29). 

 

  

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A linha divisória que é possível enxergar entre as áreas com muitos                       

homicídios por arma de fogo e poucos homicídios por arma de fogo é traçada pela                             

Avenida Delmar Boulevard, uma das principais ruas que fazem a ligação leste-oeste                       

(The Guardian, 2017). 

Essa segregação, que se desenvolveu ao longo do tempo, dividiu a                     

cidade em duas. Esse processo ocorreu durante a maior parte do século 20, devido                           

aos acordos de moradia racial, as práticas discriminatórias de empréstimo e a “fuga                         

branca ”. Ainda hoje, alguns moradores tratam a Delmar Boulevard como uma                     28

linha que não querem atravessar. O peso desigual da violência também é marcado                         

por intensas disparidades raciais (The Guardian, 2017). 

 

 

28 White Flight, ou “Fuga Branca”, é o processo em que pessoas brancas saem de uma                               área porque pessoas de outras raças estão se mudando para o local.  

  

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12.5. Referência #05: Portal de Atendimento SP 156.             

Prefeitura de São Paulo. A transformação digital já alcançou a prefeitura de São Paulo. Muitos                     

serviços já possuem interface online, e podem ser solicitados utilizando qualquer                     

dispositivo conectado à internet. Além de simplificar a vida do cidadão, que não                         

precisa se deslocar até um posto de atendimento, os serviços eletrônicos coletam                       

dados estatísticos que contribuem com a melhora da gestão.  

Um exemplo de iniciativa bem sucedida foi o desenvolvimento e                   

implantação do o aplicativo SP 156, que facilita a comunicação entre o cidadão e                           

governo. O aplicativo permite que cidadãos contribuam com a gestão da cidade a                         

partir da solicitação de serviços, reclamações e denúncias. Em alguns casos é                       

possível fazer a solicitação de forma anônima, em outros é necessário que seja                         

identificada. A solicitação identificada fica vinculada ao cadastro do(a) munícipe. Ela                     

permite que, caso o cidadão tenha cadastrado e-mail e celular, a Prefeitura entre                         

em contato para avisá-lo sobre o andamento da solicitação. A solicitação anônima                       

não permite o contato ativo por parte da prefeitura, mas o cidadão pode                         

acompanhar a resolução da sua solicitação utilizando o número do protocolo                     

recebido.  

Com o SP 156 o munícipe pode solicitar serviços como: (i) fiscalização de                         

comércios; (i) limpeza de bueiros; (iii) cata-bagulho; (iv) falta de varrição; (v)                       

tapa-buraco; (vi) denúncia de trabalho infantil; (vii) veículo estacionado em local                     

proibido; e muitos outros (Figura 30). Ao cadastrar uma solicitação o cidadão pode                         

tirar ou anexar uma foto de sua galeria. O aplicativo utiliza georreferenciamento                       

para identificar a localização do cidadão, facilitando a indicação de onde o serviço                         

deve ser prestado.  

  

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A digitalização dos serviços públicos está intimamente ligada ao uso de                     

dados: os aplicativos digitais fornecem ampla oportunidade para agregar e analisar                     

dados e, por sua vez, a análise de dados pode apoiar a implementação de serviços                             

digitais (Demirkan; Delen, 2013). Isso se traduz, por exemplo, em dados abertos ou                         

personalizados, nos quais o governo coleta dados de cidadãos e, em seguida,                       

fornece um serviço com base nesses dados, facilitando o acesso e o uso de serviços                             

públicos. Outra aplicação é a do cidadão que fornece dados adicionais ou até                         

  

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coleta dados para o governo, apoiando a prestação de serviços públicos no futuro                         

(Giest, 2017). Isso inclui a criação de serviços que sejam mais receptivos às                         

necessidades dos cidadãos, bem como que o próprio governo seja mais eficiente                       

em sua resposta (Bekkers; Homburg, 2007).  

 

12.6. Referência #06: Estratégia para direção         

autônoma e conectada da Alemanha Em 2013, o Ministério Federal dos Transportes e Infraestrutura Digital da                     

Alemanha criou um órgão - a Mesa Redonda sobre Direção Autônoma - que                         

viabiliza que partes interessadas da indústria, academia, associações e governo se                     

troquem ideias e experiências sobre condução autônoma e automatizada                 

(Alemanha. New Pathways for Energy. 2018). 

O Governo Alemão entende que as novas tecnologias abrigam o                   

potencial de aumentar a segurança nas estradas e a eficiência do tráfego, reduzindo                         

as emissões dos transportes e fortalecendo a Alemanha como um local competitivo                       

para a atividade econômica e um local mais atraente para empresas inovadoras. 

Com isso, definiu a “Estratégia para Direção Autônoma e Conectada”,                   

que está centrada nas seguintes áreas temáticas: infraestrutura, legislação, inovação,                   

conectividade, segurança cibernética, proteção de dados e diálogo social                 

(Alemanha. New Pathways for Energy. 2018). 

Em 2016 o Ministério Federal dos Transportes e Infra-estrutura Digital                   

estabeleceu o programa “Digital Motorway Test Bed”, na auto-estrada federal A 9,                       

na Baviera. As auto-estradas da Baviera sofrem com cargas elevadas de trânsito e                         

tráfego intenso. A presença de obras nas rodovias, acidentes ou condições                     

meteorológicas adversas causam engarrafamentos regularmente, impactando           

negativamente os tempos de viagem, a segurança no trânsito e a emissões de                         

poluentes relacionados ao tráfego.  

  

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As lições aprendidas com os testes fornecem aos gestores e                   

formuladores de políticas públicas informações fundamentais para subsidiar a                 

tomada de decisão sobre as políticas de transporte.  

O programa tem como objetivo dar à indústria e à comunidade de                       

pesquisa uma oportunidade de testar, avaliar e desenvolver tecnologias para                   

veículos automatizados e conectados, e para a infraestrutura viária inteligente, em                     

um ambiente real (Alemanha. New Pathways for Energy. 2018). A proposta é testar                         

soluções que permitam a comunicação de veículo para infraestrutura                 

(vehicle-to-infrastructure - V2I) e veículo para veículo (vehicle-to-vehicle - V2V),                   

transformando A9 na primeira rodovia inteligente e totalmente digitalizada.  

O Digital Motorway Test Bed é operado pelo Ministério Federal de                     

Transportes e Infraestrutura Digital, juntamente com o Estado Livre da Baviera, a                       

Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA) e a Associação de Tecnologia da                       

Informação, Telecomunicações e Novas Mídias (Bitkom) (Alemanha. Digital               

Motorway Test Bed. 2018). 

Em outubro de 2017 o governo divulgou uma lista com 15 projetos que                         

foram selecionados para fazer parte do programa. Um deles, fruto de uma parceria                         

entre as empresas Siemens AG and Infineon Technologies AG, está utilizando                     

radares e sensores para medir o volume e a velocidade do tráfego, e, por                           

conseguinte, identificar congestionamentos e melhorar a gestão e as condições do                     

tráfego (Siemens. 2016).  

Os dados coletados também servem como base para geração automática                   

de relatórios de tráfego e relatórios sobre distúrbios de tráfego (engarrafamentos e                       

congestionamentos) e para o cálculo automático das previsões de tráfego.                   

(Alemanha. Bayerinfo. 2018).  

Com o gerenciamento dinâmico do volume de dados, e utilizando                   

estratégias que otimizam o uso da infraestrutura, o sistema de gestão de tráfego                         

toma decisões para neutralizar e reduzir impactos negativos. Ele possui algoritmos                     

  

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para controle automatizado e semi-automatizado, projetados para otimizar o fluxo                   

de tráfego e fornecer aos motoristas informações oportunos sobre todos os tipos de                         

acidentes (SIEMENS. Case studies for traffic solutions. 2016).  

Paineis digitais alertam os motoristas sobre congestionamentos             

repentinos, ocorrência de veículos dirigindo na contramão e presença de animais na                       

estrada. Os sensores também informam o centro de operações de tráfego assim                       

que identificam que um veículo parou no acostamento. A tecnologia otimiza e faz a                           

gestão das faixas de rodagem, sugerindo a alteração da direção para reduzir o                         

congestionamento (SIEMENS. Radar’s Key Role on Smart Roads. 2016).  

O gerenciamento de tráfego trouxe resultados positivos em relação a                   

redução e prevenção de acidentes; harmonização de velocidade; e redução de                     

congestionamento ou prevenção de gargalos, como: (i) Reduziu em 35% o número                       

de acidentes; (ii) 31% por cento o número de feridos em acidentes; (iii) Reduziu em                             

20% o congestionamento; (iv) aumentou a capacidade rodoviária; (v) melhorou a                     

sincronização de tráfego durante o horário de pico (SIEMENS. Case studies for                       

traffic solutions. 2016). 

 

12.7. Referência #07: Decidim: Plataforma de         

participação de Barcelona, Espanha Decidim.barcelona (www.decidim.barcelona) é a principal plataforma de             

participação da cidade de Barcelona (Figura 31). Ela realiza o gerenciamento de                       

projetos de orçamento aberto e co-criação de políticas, visando a uma democracia                       

genuinamente participativa. Possui mais de 27.000 usuários registrados e mais de                     

11.700 propostas. 

  

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Pela plataforma foi desenvolvido um ambicioso plano de mobilidade, que                   

tinha como objetivo reduzir a poluição atmosférica excessiva, diminuir os níveis de                       

ruído e reduzir o tráfego em 21%. O processo participativo foi muito rico, com                           

etapas online, compostas de propostas, respostas a perguntas e votações, como                     

presencialmente em audiências públicas, workshops temáticos, debates, grupos de                 

discussão. 

Atualmente a cidade abriu para debate a recuperação de um espaço                     

chamado “La Model”.   

Os munícipes poderão debater sobre:  

➔ O grau de proteção patrimonial e preservação da memória. 

➔ Os usos e equipamentos que devem ser bem vindos. 

➔ A configuração urbana mais adequada. 

  

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No site foram disponibilizados diversos documentos e estudos para subsidiar a                     

participação da sociedade civil.   

 

Conforme figura 32, o processo foi divido em 4 fases: (i) informação: dar                         

publicidade e informar aos cidadãos o início do processo; (ii) debate: proporcionar                       

diálogo, contraste de argumentos e coletar as contribuições dos participantes                   

utilizando diferentes metodologias, presenciais e virtuais, buscando alcançar o maior                   

número possível de pessoas; (iii) retorno: informar a todos os participantes e aos                         

cidadãos como um todo os resultados finais que emergiram do processo                     

participativo. (iv) acompanhamento: facilita o follow-up dos resultados do processo.  

Outro grande case da       

plataforma foi a elaboração do         

Plano Municipal. Esse processo       

contou com a participação de mais           

de 42.000 pessoas (Figura 33). A           

plataforma digital permite que       

você veja como esse espaço para           

reuniões e relacionamentos foi       

construído entre a Administração,       

os coletivos e as pessoas. 

 

 

  

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13. Conclusão No decorrer dessas linhas viu-se a fundamentação e exemplos de ações                     

que podem compor um Governo Orientado por Dados. Buscou-se proporcionar o                     

entendimento sobre sua aplicabilidade e possíveis resultados que sua                 

implementação pode proporcionar.  

Viu-se que a implantação de um modelo de Governo Orientado por                     

Dados deve ser analisada caso a caso, projeto a projeto, cidade a cidade. Também                           

foi discutida a importância de viabilizar a participação da sociedade de forma                       

simples e voluntária. Assim, para garantir isonomia, é importante que o governo                       

combine ações de inclusão digital, como por exemplo por meio da disponibilização                       

de um serviço de internet pública, viabilizando a participação daqueles que estão                       

excluídos digitalmente.  

Entendeu-se que um Governo Orientado por Dados deve ser pró-ativo e                     

estabelecer uma relação mais pessoal com os cidadãos, tornando-se mais                   

democrático e eficiente.  

O cidadão deve estar no centro das iniciativas do governo, zelando por                       

seus direitos e liberdades fundamentais, como a privacidade, a liberdade de palavra                       

e crença, e a igualdade em dignidade e direitos. Dada a importância, o tema da                             

ética no uso dos dados e da privacidade foram tratados com total zelo durante a                             

pesquisa, buscando exemplificar melhores práticas e propor metodologias que                 

asseguram os direitos das pessoas. 

A utilização da ciência de dados, em especial do Ciclo de Atividades de                         

um Governo Orientado por Dados, capítulo 11.3, adicionado à promoção dos                     

processos participativos e no engajamento do cidadão, permite que avaliação e                     

monitoramento das atividades seja mais eficiente, gerando insights, e orientando a                     

tomada de decisão por meio de ações preventivas e corretivas, resultando na                       

melhoria contínua dos resultados.  

  

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Entendeu-se que a implementação de um Governo Orientado por dados                   

depende do investimento em Tecnologia da Informação e Comunicação,                 

Governança Pública e Pessoas. Com isso é possível que a administração pública                       

colete, trate e analise dados para realizar suas atividades, comunicando a população                       

sobre as decisões tomada e engajando-a durante todo o processo. A contínua                       

execução desse ciclo torna o governo mais eficiente, transparente e fortalece a                       

democracia. Cria-se um vínculo de parceria com o cidadão, que se torna um agente                           

direto na gestão da cidade, colaborando com a concepção, monitoramento e                     

avaliação de políticas e serviços público (Figura 36). 

Desta forma, abre-se o caminho para um constante monitoramento e                   

avaliação dos serviços públicos. As pessoas assumem uma função ativa na                     

construção e reforma da cidade e das instituições que a organizam. Enxerga-se o                         

arquétipo de uma democracia direta, governada pela vontade do todo, abraçada                     

pela igualdade. Garantindo, assim como explícito na Declaração Universal dos                   

Direitos Humanos, que a vontade do povo seja base da autoridade do governo                         

(ONU, 1948). 

13.1. Futuros desdobramentos desta pesquisa Nota-se a oportunidade de continuar esta pesquisa com o                 

aprofundamento em questões relacionadas à segurança dos dados. Vislumbra-se                 

que uma rede distribuída, como Blockchain , é uma possível opção tecnológica                     29

para garantir, a segurança da rede e confiança em todo o sistema. Inclusive, com a                             

integração das base de dados, abre-se a oportunidade para que o cidadão tenha                         

um cadastro único. 

29A tecnologia Blockchain foi inventada em 2018 por uma pessoa que utilizou o nome                           de Santoshi Nakamoto. É a base da bitcoin e muitos outros produtos. Blockchain é um registro                               aberto e distribuído, que grava transações entre duas partes de maneira eficiente e verificável e                             permanente (Iansiti and Lakhani. The Truth about Blockchain. Harvard Business Review. 2017.).                       Analogamente, a tecnologia cria um livro-razão aberto e distribuído, onde os dados digitais são                           replicados, compartilhados, sincronizados e espalhados geograficamente em vários locais, países ou                     instituições. Não há administrador central nem armazenamento de dados centralizado. 

  

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Por fim, para que o modelo entregue os resultados esperados, é                     

interessante que o governo realize ações para promover o engajamento e incentive                       

a participação dos cidadãos, instituindo, organicamente, um cultura colaborativa na                   

sociedade. Portanto, enxerga-se que a gamificação do sistema pode ser uma                     30

solução possível, merecendo um maior aprofundamento.  

 

 

 

 

 

 

30 Gamification é a aplicação de elementos de design de jogos e princípios de jogos em                               contextos não relacionados a jogos (Robson, K. et all. 2015). A gamificação geralmente emprega                           elementos de design de jogos para melhorar o engajamento do usuário, produtividade                       organizacional, fluxo, aprendizado, crowdsourcing, recrutamento e avaliação de funcionários, apatia                   dos eleitores e muito mais. 

  

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