UMESP AUTOBIOGRAFIA, CONTOS E CRÔNICAS · irmãos e um primo por nome de “véio” ainda me ......
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UMESP AUTOBIOGRAFIA, CONTOS E CRÔNICAS
1
Sumário Dedicação ................................................... 2 Meus pais ................................................... 3 Filhos do casal ............................................ 4
Nasci! .......................................................... 5
1962 ............................................................ 6
Breve histórico da cidade de Indiaporã ....... 7 ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS .. 9 1963 .......................................................... 12
Os heróis dos campos .............................. 14 Permanência em Votuporanga ................. 18
Vida na Kentinha ...................................... 22 Meus primeiros contatos com o livro da capa preta ................................................. 24
Entardecer de minha vida ......................... 32
2
Dedicação
Dedico estas memórias aos meus adoráveis filhos
que sempre me deram apoio nos momentos mais
difíceis em nossas vidas:
Oséias do Nascimento Ferreira
Osiane do Nascimento Ferreira
Osiel do Nascimento Ferreira
Também ao meu genro Michel Lopes dos Santos
que foi um dos primeiros a ler meus manuscritos e
fazer as devidas críticas.
3
Meus pais
Após leituras de vários livros de biografias de
pessoas famosas, sinto desejo de registrar para
conhecimento de minha família e de todos que por
ventura se der ao prazer de perder o seu precioso
tempo nestes dados, alguns fatos sobre minha vida
e de meus adoráveis pais e irmãos.
Transcorre o ano de 1934, e em uma cidade do
grande Estado de Minas Gerais, chamada de São
Francisco de Sales, é feito na igrejinha local o
matrimônio de João Gabriel Ferreira e Maria
Geralda de Jesus, ambos nascidos em Campo Belo
MG. “Estes são meus queridos pais”. Ela com doze
anos de idade, uma menina que brincava com
bonequinha de pano, era acostumada a árdua vida
do sertão. Ele “papai” também acostumado à vida
de cultivar a terra nos seus vinte e quatro anos.
Mamãe não sabia o sentido real do casamento e
pensava que casar era para ganhar roupas novas,
ela nasceu em 04 de abril de 1920 ele em 06 de
janeiro de 1910. Mamãe nunca foi alfabetizada e,
contudo me ensinou muitas coisas das quais foram
muito úteis neste mundo que eu vivo.
4
Filhos do casal
É difícil registrar dados dos filhos de papai e
mamãe, 5 filhas eles tiveram. Mamãe dizia que se
elas fossem Ter a mesma “sina” que ela teve, que
Deus às recolhessem aos céus. Assim aconteceu!
Uma a uma faleceram. No céu, junto eu verei todas
elas, estas que eu nunca pude conhecê-las na terra.
11 de Fevereiro de 1935 São Francisco de Sales
MG Nasce o primogênito João Gabriel Ferreira
filho. “Meu irmão” Meus pais mudam para Tanabi
SP onde é feito o registro do João constando que
ele nasceu nesta cidade de Tanabi SP.
19 de Outubro de 1938 em Tanabi SP nasce
Delcides Gabriel Ferreira, e meus pais mudam
para Álvares Florence SP próximo a cidade de
Votuporanga SP e passam a residir numa fazenda
chamada Arrôio.
11 de Fevereiro de 1942, Nasce Antônio Gabriel
Ferreira
15 de Março de 1943 nasce Ataydes Gabriel
Ferreira
25 de Julho de 1947 nasce Walter Custódio
Ferreira
16 de Setembro de 1950 nasce Arsênio José
Ferreira
5
Nasci! Aos cinco de Dezembro de 1956 em uma Quarta
feira, na fazenda do Arrôio município de Álvares
Florence SP, nasci! Uma parteira que para mim
nunca a conheci, fez o parto de mamãe.
Prontificaram-se para serem meus padrinhos o
Senhor Segundo e a D. Juliana ambos espanhóis
residentes na fazenda. Diz mamãe que a madrinha
colocava açúcar na chupeta e dava para mim! Meus
irmãos me levavam à roça para mamãe me dar de
mamar. Aos três anos de idade, papai e mamãe
mudam para Votuporanga SP e eu não falava, e
quando ia à venda comprar doces eu apontava com
o dedinho para a maria-mole de dizia “hum hum”
deveria ter problemas na fala. Em 1959 eu já com 3
anos papai e mamãe mudam para o sertão de Minas
Gerais num lugar pertencente ao município de
Iturama MG. Mato por todo lado, à noite só via
algumas lamparinas acesas nas casinhas distantes,
onças pintadas deixavam seus rastros nos trilhos
dos matos, A noitinha ouvia-se os lobos uivarem e
eu cobria a cabeça de medo. Ia pescar com meus
irmãos e um primo por nome de “véio” ainda me
lembro que quando eu pegava um lambari, gritava
bem alto “peguei, peguei” atrapalhando a pescaria
do pessoal. Meu primo e meus irmãos gostavam de
caçar e sempre traziam Inhambus e codornas para
fazer parte de nossa alimentação, algumas
lembranças me vêm à mente: um dia eu coloquei
6
meu dedinho na boca de uma traíra que eles haviam
pescado e fiquei com o dedinho a sangrar. Minhas
brincadeiras eram de colocar um pedaço de pau
entre as pernas e correr atrás de cavalos e
potrinhos, certa vez levei um coice violento no
rosto e quando voltei a si estava na cama suando
muito frio e até hoje tenho no rosto abaixo do olho
esquerdo uma cicatriz que recebi na infância dos
tempos que vivi no sertão de Minas Gerais.
1962
Com seis anos de idade meus pais mudam para
Indiaporã SP e passamos a morar na casa dos
fundos de uma marcenaria do Sr. João de Matos.
Era uma casinha de dois cômodos de tábua e do
lado de fora viam as luzes da rua, no quintal tinha
uma parreira que sempre estava carregada de uvas
rosadas, e debaixo da parreira, mamãe lavava
roupas para várias casas. Alguns irmãos moravam
em São Paulo e numa das visitas do Delcides, e
como ele gostava muito de mim, levou-me para
morar com ele em Santo André SP. Morando na
Rua Potiguares comecei a freqüentar uma escola
Estadual, Ainda tenho boas lembranças deste
tempo que eu tinha meu caderninho e fazia as
lições.
A saudade da mamãe foi um suplício para mim e eu
chorava e reclamava com o Delcides meu irmão, e
dizia:- Prefiro puxar água no balde para mamãe
lavar roupas e buscar trouxas de roupas do que
7
ficar aqui longe dela. Até que um dia, o meu irmão
não agüentou mais minhas reclamações e levou-me
de volta para Indiaporã SP.
Breve histórico da cidade de Indiaporã
A cidade teve seu início no dia 8 de agosto de
1.939, quando três jovens, Hipólito Moura,
Alcides Borges e Francisco Leonel Filho
combinaram de adquirir do senhor Luís
Antônio do Amorim (clique aqui),
conhecido popularmente por Luís Caetano,
uma gleba de terras.
Tinham eles, um ideal de, com estas terras, formar
um patrimônio no interior paulista, que
posteriormente se transformaria em uma
cidade.
Luís Antônio do Amorim, animado pelo mesmo
ideal, disse que faria uma doação do terreno
da praça central, a qual leva, em
homenagem póstuma, o seu nome, e que o
restante seria loteado e vendido.
Na época, eram 94 datas de terras, cujas
propriedades eram de 47 contribuintes, e a
escritura foi lavrada no Cartório do Registro
Civil de Monte Aprazível, sob número
14.021.
Estas datas foram medidas pelo engenheiro Dr.
José Dantas, da vizinha cidade de Cardoso
e, logo em seguida, no dia 15 de janeiro de
8
1.940, foi implantado na praça central o
Cruzeiro, simbolizando a fundação do
Patrimônio de Indianópolis.
Inaugurou-se a primeira capela, e os festejos foram
realizados nos dias 11 e 12 de maio do
mesmo ano, e a primeira missa foi celebrada
pelo Padre Ovídio.
Francisco Leonel Filho e esposa
Antonio Sylvio Cunha Bueno e esposa. O
Deputado Estadual que auxiliou na criação
do Distrito de Paz de Indiaporã
Em 24 de dezembro de 1.948, Indianópolis foi
elevado à categoria de distrito de Paz, sob
empenho do senhor Francisco Leonel Filho,
auxiliado pelo deputado estadual Antonio
Sylvio Cunha Bueno e, a partir daí, passou a
ser chamada de Indiaporã, que na linguagem
tupi-guarani, significa "Índia Bonita", em
homenagem aos índios Cayapós, que viviam
nas proximidades do Rio Grande.
Indiaporã passou a município através da Lei
Estadual n. 2.456, em 26 de dezembro de
1.953, tendo como primeiro Prefeito
Municipal o senhor Djalma Castanheira,
empossado no cargo, no dia 1 de janeiro de
1.955, juntamente com a Câmara Municipal,
composta de 9 vereadores.
Djalma Castanheira - Prefeito Municipal
9
Vicente Ribeiro Soares - Vice Prefeito
Atacil Luiz Arantes
Adelino Francisco do Nascimento
Alfredo Arthur Pagioro
Cláudio Ribeiro Corrêa
Eunápio Antonio Cotrim
José Oliveira de Souza
Manoel Jerônimo da Silva
Paulo Campos
ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS
O município de Indiaporã, que compreende
também o bairro de Tupinambá, possui uma
área de 275 km2. Está situado na região
noroeste do stado de São Paulo e faz parte
da região Administrativa de São José do Rio
Preto.
Localização:
- Latitude 19,59
- Longitude 50,17
- Altitude 440 m acima do nível do mar.
Regiões limítrofes: Limita-se ao norte com o Rio
Grande, que corta o município, fazendo uma
linha divisória entre Indiaporã e o município
de Iturama, Estado de Minas Gerais. Ao sul,
limita-se com o município de Macedônia,
ao leste com o município de Mira Estrela e
10
a oeste com os municípios de Guaraní
D'Oeste e Ouroeste.
Solo: Em sua composição, o solo do município se
apresenta em 3 tipos:
- Hidromórficos: localizados no extremo norte do
município às margens do Rio Grande.
- Latosol Roxo: Se apresenta na zona central do
município.
- Latosol Vermelho escuro: É identificado na
totalidade da parte sul do município,
representando mais de 50% da composição
total.
Observação: O lençol freático do município
apresenta-se a uma média de 10 metros de
profundidade.
Clima: O clima é tropical semi-úmido, com inverno
seco e verão chuvoso.
A precipitação pluviométrica tem uma média anual
de 1.363 mm.
As temperaturas médias atingem mínimas de
17,5QC e máximas de 33,5QC.
ACONTECIMENTOS
No dia 1 de janeiro de 1.940, houve um mutirão
para roçar o local onde seria a praça da
capela. Compareceram 22 pessoas, com
foices, machados, enxadões e enxadas.
Dentre as pessoas destaca-se a presença de
um rapaz de nome Benevenute Garapa,
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vulgo Negrinho Barbeiro, que transportava
água na cabaça. Fez-se a roçada,
arrancaram-se os tocos e foi marcado o local
da capela e, logo em seguida, fizeram um
poço de água. Neste dia houve pagode à
noite toda. Durante o dia, na hora do
trabalho, foi servida uma suculenta
merenda, constando de arroz doce e café,
fornecidos pelo doador do terreno, senhor
Luís Caetano, que morava à beira do
ribeirão Água Vermelha. Estava fundada a
Vila de Indianópolis.
O contingente de pessoas que aportaram nestas
plagas, após o surgimento da Vila de
Indianópolis, são famílias que vieram tanto
para habitar a zona rural, como também o
vilarejo.
Todos estes prestimosos dados foram extraídos do
livro "MEMÓRIAS DE INDIAPORÃ" de
Adelino Francisco do Nascimento.
Indiaporaense ilustre por quem a família
Arantes tem o maior apreço
12
1963 Já com sete anos de idade, e no fim do ano,
curti a doce vida ao lado de mamãe ajudando-a no
serviço de carregar trouxas de roupas e puxar água
no poço! Janeiro de 1964 com oito anos de idade,
fui matriculado no Grupo Escolar Otaydes Luiz
Arantes cursando o primeiro ano primário.
Nesta idade comecei a fumar não sabia que eu
iria arrepender-me amargamente e sofrer para
deixar este vício tão cruel, catando pontas de
cigarros nas estradas quando ia tomar banho nos
córregos com as molecadas. Passei a ser engraxate
na pequena Indiaporã e o dinheiro que ganhava,
gastava em picolés e maços de cigarros que eu
fumava escondido de mamãe, algumas vezes
fumava até debaixo dos cobertores com medo de
ser visto por ela (como era inocente).
Mamãe sempre mudava de casa e eu creio que
moramos nos quatro cantos da cidade de Indiaporã.
Moramos algum tempo em uma casa de tábua com
um terreno enorme sendo que muitos circos eram
armados no local, eu vendia doces para os
moradores do circo e entrava de graça para assistir
os espetáculos. Em uma das mudanças de mamãe,
passamos a morar no sítio do Sr. Teotônio ficava
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distante de Indiaporã quatro quilômetros, mesmo
assim eu não faltava às aulas, se faltasse apanhava
muito de mamãe. Como não tinha bolsa para
carregar o material para a escola, mamãe fazia
embornal de pano e cabia certinhos os lápis e
cadernos. A vida neste sítio era uma maravilha,
pois todos os dias eu ajudava o Sr. Teotônio a tirar
leite das vacas, e eu com a caneca com café forte e
açúcar cristal, tomava leite tirado na hora dos
úberes das vacas. Ganhamos um pedacinho de terra
e nós plantávamos milho. Papai ia constantemente
para Minas Gerais e trabalhava na roça e mamãe
com meus irmãos trabalhavam na roça como bóias
frias. Eu fui um bom aluno e consegui terminar o
primário em 1969 com a nota de 78,33 (setenta e
oito inteiros e trinta e três centésimos) Dos
professores que eu me lembro foram: D. Ágda, D.
Irene e Wanderley. A colação de grau foi no
cinema da cidade, recebi o diploma do primário das
mãos de minha madrinha, O fotógrafo que registrou
a cerimônia perdeu todas as fotos e fiquei sem esta
lembrança.
Final de meus primeiros passos escolares, já com
doze anos de idade dedico-me a ajudar mamãe e
meus irmãos trabalhando na roça em colheita de
algodão e arroz.
Cada época tinha o tempo de certos brinquedos:
Bolinhas de gude, papagaio (pipa) pião, arquinho,
salva pegas. Este brinquedo era de correr e salvar
14
os moleques que eram capturados, divertíamos
muito nas noites quentes desta cidade
Os heróis dos campos A cidade de Indiaporã, bem pequenina,
fundada na região centro oeste do grande Estado de
São Paulo, fica distante de São Paulo 650
quilômetros. Em Maio, a pequenina cidade era
agitada por grandes movimentos de bóias frias.
Os bóias frias eram pessoas acostumadas à árdua
vida, de acordar de madrugada quando os galos
saudavam o novo dia, os fogões a lenha são acesos
pelas heroínas dos lares, isto era após de muito
choro por causa da fumaça que toldavam as
pequeninas casinhas de barro. O forte cheiro de
gordura de suínos a aquecer os dentes de alhos,
atraia os gatos e cachorros, que se assentavam
próximo ao fogão a olhar suas donas. Ao término
do “almoço” que era feito nas madrugadas, o
alimento era colocado nos caldeirões que
juntamente com os talheres são embalados nos
embornais de pano. Pronto! Está feito o “moleque”,
apelido que os bóias frias davam ao almoço que
serão levado às roças! O tempo neste mês de Maio
é frio e as mãos enrijecem, o orvalho tinge de
branco as ervas e as plantas dos quintais das casas,
a tina com água, acumula-se pequenos flocos de
gelo na superfície das águas, as flores exalam seu
adocicado olor enchendo-o o ar desta fragrância.
Mamãe, com meus irmãos, Arcênio, Ataydes e eu
já com nossos chapéus mexicanos de abas largas,
caminham para a praça da matriz a aguardar o “pau
15
de arara” nome que é dado ao caminhão, com uma
tora de madeira de um extremo ao outro na
carroceria que serve de sustento aos bóias frias.
Mamãe com meus irmãos se ajuntam as outras
pessoas e picando fumo de corda que é enrolado
em palha de milho, enchem o lugar com o forte
cheiro, ficam a conversar enquanto aguardam a
chegada do motorista José Pinheiro. Enfim chega o
motorista com o seu caminhão soltando um grande
tufo de fumaça de óleo diesel queimado. Todos
sobem pelos pneus e se acomodam na carroceria e
ficam segurando os grande chapéus, algumas
mulheres, queridinhas do motorista, vão na boleia
do caminhão, e assim começa a viagem até a
lavoura de algodão, cujo local era do outro lado do
rio grande. O rio grande, como o próprio nome diz
é grande mesmo e divido os dois Estados, Minas e
São Paulo. A fazenda da qual íamos trabalhar
ficava próximo a esse rio. Na viagem, o olor de
capim gordura, misturado a poeira impregnam as
roupas, cortante vento faz tremer os bóias frias, e a
única alternativa é se proteger abaixando a cabeça
até o fim da viagem. Muitos acidentes aconteciam
nesta época, devido a imprudência dos motoristas,
pois em alta velocidade, nestas estradas
esburacadas, muitos caminhões tombavam nas
curvas, ceifando muitas vidas destes humildes
trabalhadores. Há uma curva na estrada que
recebeu um cômico nome de “curva da morte”
porque lá muitos bóias frias perderam a vida. Até
nos dias de hoje as pessoas passam neste fatídico
local e tiram os seus chapéus e fazem o sinal da
16
cruz em reverencia às pessoas que perderam a
vida.
As seis horas da manhã, o nosso caminhão
chega no grande rio, e aguarda a chegada da balsa
que fará a travessia para a outra margem, no Estado
de Minhas Gerais, o caminhão sobe na plataforma
da balsa e nós os bóias frias ficamos dentro da
balsa contemplar as águas a correr, pois o tempo de
travessia era de vinte minutos. O tempo ainda está
frio e os fortes ventos obrigam alguns dos bóias
frias a buscarem refugio na frente do caminhão ao
calor do motor já desligado. Pela correnteza do rio,
observa-se madeiras, folhas e alguns peixinhos
como lambaris nas águas turvas a correr. Faltando
uns duzentos metros para a balsa chegar nas
margens do grande rio, por imprudência o
motorista José Pinheiro entra no caminhão e dá
partida, esquecendo que o caminhão estava
engrenado, acontece o imprevisto, o veículo dá um
arrancada para frente e retorna, e com o impacto
projeta para as águas gélidas quatro bóias frias.
desespero total das histéricas mães, que pulam na
embarcação aos gritos de “salvem meu filho por
amor de Deus”, eles com suas pesadas botinas,
embornais pendurados, grossas roupas de frio são
levados pelas fortes correntezas, junto com eles vão
também pãezinhos levados com a correnteza.
Alguns barqueiros num gesto de civilidade
consegue trazer para a balsa alguns náufragos
enquanto outros num forte instinto de se salvarem,
nadam e retornam à balsa.
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O dia inicia-se com este fato marcante na
vida dos bóias frias, e o motorista quase apanha
das mulheres revoltosas. Chegamos à lavoura de
algodão e tudo volta a rotina, apesar das
murmurações gerais. Mamãe e meus irmãos
penduram os embornais nas frondosas árvores e
começamos a colher algodão, as nove horas da
manhã o sol começa a lançar seus fortes raios na
terra bronzeando os bóias frias. Os mosquitos
borrachudos atacam sem parar, calor torna-se forte
e as quatro horas da tarde vários moleques e entre
eles eu também vamos a pé até o rio para aguardar
a chegada do caminhão. Aproveitamos estas horas
de lazer para se refrescar no rio. Agora sim um
nado voluntário e não forçado.
Mais uma vez em casa com mamãe e meus
irmãos a alegria invade nosso humilde lar. O banho
era tomada em uma bacia de alumínio, com sabão
de soda, à noitinha as lamparinas à querosene eram
acesas e íamos ao quintal contar alguns “causos.”
Os bóias frias são realmente uns heróis dos
campos, pois mesmo enfrentando esta árdua vida,
nas colheitas de algodão são felizes e ainda sobra
tempo a noitinha para irem à praça da matriz para
conversarem e gargalhar dos seus problemas e
desgraças dos outros. Sim são felizes porque estão
ajudando a construir este próspero país.
18
Permanência em Votuporanga
Em 1973, eu com dezessete anos de idade,
mamãe com meus irmãos resolvem mudar para
Votuporanga SP, é arrumado um caminhão e foi
colocado os (móveis) juntamente com as galinhas,
chegamos em Votuporanga já bem cedo e só ouvia
o cacarejar das aves em plena cidade grande.
A vida em Votuporanga foi um pouco
melhor do que em Indiaporã, mas continuamos a
trabalhar como bóias frias. Sendo ainda menor de
idade com dezessete anos, morávamos numa casa
de meu irmão João distante do centro da cidade
quatro quilômetros. Nossa casa não tinha luz
elétrica e usávamos lamparina que nós
colocávamos querosene, não tínhamos água
encanada, mas dentro da varanda havia um poço
que fornecia uma excelente água, fogão a gás,
também não tínhamos, eu e mamãe íamos nos
matos e trazíamos lenhas para que pudéssemos
cozinhar os nossos alimentos. À tardinha e a noite
devido o forte calor que fazia, éramos atacados por
nuvens de pernilongos que atacavam cruelmente,
em uma lata de dezoito litros, colocávamos fogo
em fezes de gado e com a fumaça dentro de casa
ficávamos livres alguns instantes destes insetos.
Em nossa casa habitavam: Eu, mamãe,
papai e o Ataydes. Papai sempre viajava para
Minas Gerais para trabalhar em fazendas do grande
sertão. Em casa eu e o Ataydes trabalhava nas roças
para poder manter nossa casa com gêneros
19
alimentícios, colheitas de café, maracujá,
arrancando tocos nas fazendas dos ingleses,
colhendo algodão, em lavoura de amoras para
alimentar bichos da seda.
Em épocas sem colheitas, eu e mamãe,
íamos ao lixão da cidade reciclar lixo. Vendíamos
papel, vidro, alumínio, cobre e tudo que desse
alguns trocados. Com o cheiro forte de lixo podre
suportávamos tudo isso para conseguir algum
dinheiro. Freqüentava bailes nas fazendas mesmo
não sabendo dançar tinha minhas diversões, e na
volta para casa passa nos cafezais já tarde da noite
e furtávamos melancias que nas estradas
cortávamos e além de matar a sede servia de
alimento. Também ia à cidade de Votuporanga,
aos domingos de manhã para trocar revistas e gibis
em frente ao cinema, com estes materiais novos
tinha muita coisa para ler durante a semana, a noite
eu ia tomar vitamina nas lanchonetes e assistir
filmes de bang - bangs, e terror, de volta para casa
pelas estradas desertas morria de medo de
fantasmas. Duas vezes por semana, munido de um
gancho num pau, e um farolete da everedy de três
pilhas eu entrava nos córregos para caçar rãs, que
serviam de mistura para levar para a roça no dia
seguinte. Para quem não sabe a carne de rã é
deliciosa. Mamãe também criava galinhas, e
tínhamos ovos e frangos diariamente como mistura.
Pescávamos nos córregos e conseguíamos
boa mistura para variar o nosso cardápio, bagres
traíras, lambaris davam em abundância nos
córregos. Meu irmão Walter quando nos visitava
20
trazia roupas que eram úteis para os passeios dos
finais de semana. Com cabelos longos e lisos, e
dentes cariados na boca passava muita vergonha
quando no contato com as pessoas, mas
infelizmente não possuía dinheiro necessário para
cuidar dos dentes.
Completei dezoito anos, e tirei fotos, para o
RG, carteira profissional etc. Consegui um
emprego em uma firma por nome de Sotril, esta
firma trabalhava em canteiros de obras e prestava
serviço para a CESP uma empresa que construía
usina hidrelétrica em Ilha solteira SP. O trabalho
era distante de Votuporanga oitenta quilômetros e
todos os dias em uma caminhão mercedes, coberto
embarcávamos para as obras, trabalhávamos em
diversas cidades como Guarani do Oeste, Ouro
este, Ilha Solteira e até na adorável Indiaporã. O
salário era muito baixo, mas já era melhor do que
trabalhar de bóia fria.
Fevereiro de 1976 mudança para São
Caetano do Sul
Tendo sonhos de uma vida mais digna e
próspera, senti o chamado da grande cidade de São
Paulo. Já havia feito várias viagens, quando menor
de idade, e eu tinha certeza que já estava gostando
imensamente desta cidade da garoa. Apesar do frio
intenso e garoa, que fazia parte da paisagem
citadina. Comuniquei o desejo para mamãe e ela
com lágrimas nos olhos disse: - Faça o que você
quiser meu filho, sei que Deus vai te abençoar.
21
Parti, só com minhas roupas de passeio que
foram ganhas, e em uma malinha de couro fui
morar na casa de meu irmão Walter na rua Henrica
Grigolleto Rizzo no. 202 Bairro Santa Maria em
São Caetano do Sul SP. Minha permanência na
casa do Walter foi por pouco tempo. Em Março de
1976, fui informado pelos irmãos da Bete esposa
do Walter que uma firma por nome de Kentinha,
em São João Clímaco S. Paulo estava com vagas
para ajudante de caminhão. Esta firma ficava
distante 40 minutos da casa do Walter, eu tomava
dois ônibus, um até Vila São José em São Caetano
do Sul e outro para São João Clímaco São Paulo,
quando não podia pagar o ônibus eu ia a pé da Vila
São José à São João Clímaco. Fui admitido em 05
de Março de 1976.
Certo dia, o Walter me chamou e disse:-
Jerônimo, me desculpa mas a Bete não te quer mais
em casa pois sua permanência tira a nossa
privacidade, e achamos melhor você procurar um
local para morar. disse com certa tristeza.- Parti, e
fui morar e fui morar em uma pensão no largo de
São João Clímaco nos fundos do “bar do tio”. A
vida na pensão foi terrível, pois dormia num quarto
com oito rapazes recém chegados do nordeste, o
banheiro estava sempre entupido e vivíamos com o
mal cheiro das fezes que boiavam na bacia, a
comida era de péssima qualidade e chorava em
silêncio de saudades da casa da mamãe e de sua
comida quentinha e seu amor por mim. Agora
distante, aquilo que eu nunca preocupava passei a
dar muita importância.
22
Vida na Kentinha
Kentinha ficava na estrada de São João
Clímaco no. 471, era uma produtora de embalagens
para alimentos e copos descartáveis, tinha dois
prédios, um era a fábrica e outro fica a expedição
de onde partiam os caminhões e kombis para a
distribuição dos produtos. Meu trabalho era de
ajudante de caminhão, e trabalhava das 7:30 às
17:30 horas e haviam os seguintes motoristas: José
Lima, Walter, Joel e Pinheiro. Dos ajudantes eu
me lembro muito bem do José Carlos Dias um
jovem baixinho, mas muito comunicativo. O senhor
José Lima era um pernambucano, sempre disposto
e muito conversador, trabalhávamos nas ruas de
São Paulo fazendo as entregas num caminhão baú
Ford rodando pelas marginais Tietê e Pinheiro e
vários bairros como Vila Maria, Parque Novo
Mundo etc. No depósito de expedição desta firma,
trabalhavam mais ou menos 20 pessoas e a maioria
professavam a fé evangélica, criam em um Deus
Vivo criador de todas as coisas, este Deus era
diferente daquele que eu acreditava. Eu ia às missas
aos domingos desde que eu morava no interior,
fazia minhas orações a vários santos e tinha em
meus bolsos várias rezas para santos que eu julgava
que poderiam me ajudar nos momentos mais
angustiantes da vida, era devoto da Senhora
Aparecida, e minha mente era invadida por muitas
superstições, era viciado em cigarros desde a
23
meninice, bebia bebidas alcoólicas socialmente e
algumas vezes ficava bêbado.
Minha fé no futuro após a morte era
confusa, não sabia para onde iria minha alma após
meu corpo ser colocado na terra fria, cria num
purgatório, pois desde que eu era criança,
juntamente com a mamãe nós íamos aos cemitérios,
e nas capelinhas deste campo santo queimávamos
vários maços de velas para as almas do purgatório.
Em uma enorme cruz, chamada de cruzeiro,
fazíamos as queimas das velas também. Era
atormentado por arrepios e sempre desmaiava,
dormia com a cabeça coberta por medo de
fantasma. Assim vivendo nesta crendice, conheci
vários crentes que trabalhavam na kentinha, entre
eles estavam: Joel Cirilo Dias, José Carlos Dias,
José Lima, e um chefe de expedição chamado de
João Batista, quase todos pertenciam à igreja
Presbiteriana Renovada de São São João Clímaco,
que fica na mesma rua da firma. A igreja tinha um
salão de adoração nos fundos de um terreno,
outrora era uma centro de macumba, os bancos
eram vermelhos e tinham um compartimento para
os fiéis colocarem suas bíblias e hinários, nas
caixas de som erradiava alguns hinos que o diácono
Hermindo colocava antes do culto. O pastor da
igreja era o senhor Osvaldo Mendes, que era
auxiliado pelos presbíteros: Victor, Joel, José
Antonio, e mais alguns que eu não lembro seus
nomes.
24
Meus primeiros contatos com o livro da capa preta
Nesse início de 1976, trabalhava com uma
roupa azul, pesava 70 quilos, não usava óculos
apesar de não saber que eu tinha visão míope.
Como ajudante de caminhão, quando não tínhamos
entrega para fazer, ficávamos no interior do
depósito fazendo arrumações das caixas de
embalagens, durante o serviço conversávamos,
sobre vários assuntos. Em uma destas conversas
com o José Carlos eu disse que fazia rezas para
Santa Catarina para arrumar uma namorada para
casar. – O quê? Jerônimo, - disse o José Carlos com
seu ar de gozação – Jerônimo você precisa aceitar
Jesus como teu Salvador e quando você tiver esse
encontro com ele você vai aprender que não é
preciso usar rezas para falar com Deus, pois você
será um filho de Deus e como filho poderá
conversar de filho para pai sem necessidades de
rezas decoradas. - Jogue fora suas rezas e escutar
mais o que eu quero te ensinar. – assim falou e
continuou a mostrar dentro da bíblia vários
assuntos que antes eu desconhecia. Às vezes saia
para fazer entregas na grande São Paulo, com o
caminhão cheio de mercadorias. Em minhas mãos
estavam as notas fiscais e um guia de ruas, na
direção do grande caminhão estava o Joel, sempre
entoando alguns hinos ao seu Jesus, tinha uma
linguagem diferente das que eu era acostumado a
ouvir no meu dia-a-dia. No painel do caminhão,
havia a causa de sua vida ser tão bela e feliz, “uma
25
Bíblia” livro gasto pelo manuseio diário, rabiscado
em suas páginas, um evidente sinal que este livro
era importante para seu leitor assíduo, este livro
tinha os preceitos que ditavam normas à sua
conduta de vida, e enchia de alegria sua vida com
as promessas Divinas, cada momento de folga eu
via o Joel ler, e fechava os seus olhos em atitude de
adoração, nos restaurantes quando parávamos para
o almoço, antes de nós almoçarmos, ele inclinava
sua fronte e dava graças ao Pai pelo alimento. –
Jerônimo – disse ele – Você precisa aceitar Jesus
como teu Salvador, para onde vai sua alma depois
que você morrer? Você tem certeza de tua
salvação? com esta vida que você leva, para onde
vai sua alma depois que você morrer? Pegue esta
Bíblia e veja o que diz Marcos 8: 36. Eu com muita
vergonha pegava o livro e me atrapalhava
desfolhando, mas ele com paciência achava o texto
e eu lia: - Que aproveita ao homem ganhar o
mundo inteiro e perder sua alma? – palavras de
Jesus. Com estas palavras poderosas eu estava
sendo orientado na nova fé, mas foi muito difícil
largar os vícios, pois mesmo dentro do caminhão,
eu enchia a cabina de fumaça de cigarros, mas
algumas vezes eu tentava por conta própria deixar
os vícios, chegava em casa e ia destruindo algumas
rezas e aquilo que eu considerava que desagradava
a Deus. Este livro semelhante a força e o corte de
uma navalha feriu meu coração e uma operação no
meu modo de pensar teve início. Senti como um
soldado que é rendido por soldados inimigos e
levado à prisão, feito o julgamento é condenado a
26
execução à cadeira elétrica. A bíblia teve este
impacto em minha vida.
Foi me indicado pelo Joel à pessoa
de Jesus Cristo como um advogado que podia me
libertar dos vícios e dar-me a certeza de um perdão
da pena de morte, e a luz começou a brilhar nas
trevas de minha pobre vida maculada pelos pecados
e uma vida distante de Deus, sentia com muita sede
de ler as verdades contidas neste livro de capa
preta.
Secretamente no recôndito de minha
pensão onde residia, jogava fora, isqueiros, cigarros
e ficava até três dias sem fumar, mas voltava
novamente, cada tragada eu sentia no meu íntimo
duas batalhas, uma vontade de me libertar com as
próprias forças e o desejo de conhecer mais este
Jesus e seu livro de capa preta.
Em uma Quinta-feira, rendi ao poder
soberano de Jesus, fui pela primeira vez à igreja
Presbiteriana Renovada em São João Clímaco, um
local diferente, uma paz inundava o meu coração,
tinha vontade de chorar tamanha era a emoção que
atingia o fundo de minha alma, pelas caixinhas que
estavam fixadas nas paredes da igreja ecoava uma
melodia evangélica, a música era linda e era
cantada pelo cantor evangélico Feliciano Amaral.
A música falava de um banquete em babilônia, e
dizia assim:- Numa orgia nefanda o rebelde
Baltazar com os súditos do seu reino todos eles a
alegrar, com espanto parou quando viu uma mão
que na parede escrevia.
27
Ouvi a pregação da mensagem
bíblica, e saí da igreja transformado e professando
ser um crente. Destruí tudo aquilo que eu sabia que
não agradava a Deus, encomendei uma bíblia ao
pastor Osvaldo Mendes e passei a lê-la. Transcorria
o ano de 1976.
Continuo a trabalhar na Kentinha, mas agora como
crente, e a cada entrega que eu fazia nas
transportadoras, hospitais, churrascarias e onde
quer que fosse ali deixava folhetos evangelísticos.
Às quintas feiras as entregas eram feitas na baixada
santista. Em Novembro de 1976, tornei-me
membro da Igreja Presbiteriana Renovada,
admitido através do batismo em uma represa. Com
uma toga branca, num lugar com muitas árvores,
com uma camisa vermelha por baixo, uma calça
super apertada de boca de sino, devido Ter
engordado alguns quilinhos, nesta época eu estava
com 75 quilos. Peguei a fila com outros membros
de toga branca e caminhei para a represa onde era
aguardado pelo pastor Osvaldo Mendes e o
presbítero Eduardo. Ao som dos hinos entoados
pelo povo de Deus, apoiado pelo pastor, fui
empurrado para traz na represa, enquanto ouvia a
voz que dizia:- Eu te batizo em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo amem. As águas me
encobriram simbolizando morte para este mundo,
levantei das águas e as águas escorrendo pelo meu
rosto simbolizando ressurreição com Cristo. Talvez
meu corpo estará consumido pelas larvas, mas meu
espírito estarás ao lado de meu salvador Jesus
Cristo e juntamente com aqueles que já partiram
28
para a eternidade. Todos que estiverem lendo estas
humildes notas aceitem esta mesma fé que eu
aceitei um dia.
Como membro da igreja, dedico aos trabalhos da
igreja, juntamente com a leitura intensa da bíblia,
aos sábados a tarde eram realizados trabalhos em
um hospital no bairro do Brás, passei a pregar as
mesmas mensagens que um dia havia me
conduzido a Cristo.
Em Fevereiro de 1977 fiz uma ficha na
Mercedes Benz do Brasil para trabalhar de ajudante
de produção, fui chamado, mas estava trabalhando
ainda na Kentinha, e a Mercedes precisava urgente
de fazer a admissão, mas a Kentinha não queria me
dispensar, pedi a conta mas fui obrigado a cumprir
30 dias de aviso prévio. Fiquei desesperado e com
medo de perder o emprego da Mercedes. Falei com
o Joel e relatei meus medos e ele olhando bem
firme nos meus olhos disse:- Jerônimo, se você não
crê no teu Deus e não tem fé que este emprego é
seu pegue sua bíblia jogue fora em não vem mais
para a igreja. Chegue em sua casa e leia o capítulo
11 de Hebreus! Foi uma bronca e tanto mas serviu
para eu testar o meu Deus! Passei 30 dias de aviso
prévio, e no dia 20 de Março de 1977 fui admitido
na Mercedes Benz do Brasil S/A como ajudante de
produção. Cumpriu-se os planos de Deus nesta
nova jornada de fé.! No ano de 1978 freqüentando
a igreja conheci uma jovem por nome de Eunice,
filha do me antigo motorista era kentinha, ela
pernambucana, de baixa estatura, usando óculos de
grau, saia com botões no meio, começamos a
29
conversar após o culto e iniciamos um namoro. Ela
trabalhava no laboratório Zambom próximo a via
Anchieta. Eu buscava no seu serviço e
namorávamos em sua casa e aproveitava também
para “serrar a bóia” de Dona Dulce assim quase
sempre escapava da péssima comida da pensão.
Neste mesmo ano de 1978 ficamos noivos e em 23
Setembro casamos. A cerimônia foi realizada pelo
pastor Osvaldo, ainda hoje tenho algumas fotos e
uma fita k7 do casamento. Fomos morar na rua
Imoroti no Sacomã no ano seguinte mudamos para
rua Alencar Araripe nos fundos da casa do Senhor
Claudionor. A Eunice sofre o primeiro aborto, mas
em 1979 fica grávida do Oséias e em 1980 nasce
nosso primeiro filho, em 1981 nasce a Osiane, nós
mudamos para rua Caripurá nos fundos de uma
casa que pertencia ao Senhor Sérgio. Na igreja
continuo a trabalhar e já era eleito presbítero. Fui
demitido da Mercedes em 24 de Janeiro de 1983,
mas consegui em emprego como vigilante do banco
Itaú. A direção da igreja me colocou para dirigir
uma pequena congregação no Jardim Maria Estela,
estas atividades trouxe muitos benefícios para
minha vida espiritual pois tive meus conhecimentos
enriquecidos com diversas experiências, mas
comecei a Ter sérios problemas com os ciúmes da
Eunice e trouxe muitas dificuldades para continuar
a trabalhar na igreja. Mudamos para Estrada de São
João Clímaco numero 414 e em seguida para rua
Otaviano L.R da Silva Neste ano no dia 30 de Julho
de 1985 nasce nosso adorável filho: Osiel. Neste
mesmo ano fiz minha cirurgia de vasectomia para
30
evitar mais filhos. O Osiel nasceu com um tumor
chamado de angioma gigante em seu joelho
esquerdo, foi preciso uma delicada cirurgia na
Clínica Infantil do Ipiranga. Após a cirurgia vieram
as complicações trazendo fortes anemias que
debilitaram o seu frágil corpinho. Ainda me lembro
que todos os dias de manhã, eu enrolava ele em um
chale verde e levava à casa da prima da Eunice
chamada de Irani, sendo ela enfermeira aplicava
fortes doses de injeções em suas nádegas tão
macérrimas, eu gostaria de receber aquelas
injeções, tamanha era o dó que eu sentia deste meu
filho. Os médicos nos alertaram que o período mais
crítico de sua vida seria aos doze anos de idade.
Em 1986 fiz mais uma vez uma ficha na
Mercedes para trabalhar como segurança. Mais
uma vez Deus me abençoou e eu pela Segunda vez
voltei a trabalhar nesta tão boa empresa. Em
Setembro de 1995 fui demitido e passei a trabalhar
em entrega de compras como clandestino na porta
do Rhodia em São Bernardo do Campo fiquei
quatro anos, mesmo assim mantendo meu lar,
porém tive algumas dificuldades antes de
pagamentos porque tinha muitos gastos com a
variante.
Em Junho recebi notícias que mamãe estava
internada com graves complicações, fique
desesperado e ansioso por ir lá a Indiaporã, porém
estava sem dinheiro, mas graças a Deus ela
melhorou e quando foi o último dia de aula 8 de
Julho comprei passagem e viajei para lá
31
permanecendo 10 dias até 18 de julho, neste
período conheci a Ana Lucia amiga da minha
sobrinha Jéssica, com as duas fomos até a casa da
Fabiana em Iturama Mg, fomo muito bem
recebidos. Havia levado a Web câmera do Oséias e
aproveitei para registrar momento maravilhosos
cujas fotos estão no meu site! Comi muitos
espetinhos com cervejas na lanchonete do Pedro,
visitei muitas vezes o Clube do ARACI e assisti
jogos do São Paulo futebol clube, principalmente
no dia em que ele sagrou-se tri campeão das
libertadores. Nestes dias, em que lá permaneci o
meu primo Tonhão esposo da prima Nega, me
emprestou a bicicleta, fiz algumas trocas de catraca
e usei todos os dias, indo até pescar no córrego três
tubos distante de Indiaporã 5 Quilômetros, no
caminho quebrou e eu tive que empurrá-la. Viajei
de volta para São Paulo dias 18 e quando cheguei
em casa, ouvi muitos xingatórios da Eunice, meu
velho computador estava jogado na lavanderia,
minhas roupas também, mesmo assim suportei, dia
20 de Julho vou visitar meu netinho no hospital
Beneficência Portuguesa,vejo a felicidade no rosto
de meu filho Oséias, e relembro do dia de seu
nascimento! O Oséias me paga um almoço
(feijoada) regada com uma caipirinha e uma
deliciosa cerveja, e ele me fez lembrar que fazia
muitos anos que nós não almoçávamos juntos. No
dia 21 a Eunice me expulsou de casa! Fez
escândalos no quintal ameaçando de chamar a
polícia se eu não fosse embora, como eu não gosto
de escândalo, arrumei uma Kombi pagando 20,00
32
reais, e num quartinho no Patente recomecei minha
vida, agora com paz! Saí apenas com minhas
roupas algumas rasgadas pela Eunice, computador,
fogareiro sem gás, e meus adoráveis livros, colchão
apenas com a espuma. Deus continua a me olhar e
eu agradeço muito a pessoas especiais que muito
me ajudaram. A Maria da Paz mandou seu filho até
o posto da ultragás, com duas sacolas e 20,00 reais,
na sacola tinha alimentos e panelas, comprei meu
gás e pude assim cozinhar meus alimentos.
Também recebi da professora Elizete uma
frigideira e um toalha, da Patrícia também
professora, recebi um televisor de 5 polegadas, e
alimentos que tão gentilmente ela com seu esposo
vieram trazer aqui no meu quartinho!
A passagem do ano para mim foi um pouco triste,
ainda tenho muitas mágoas da Eunice Hoje apenas
a Osiane almoçou aqui, O Michel chegou em casa
embriagado. A tarde a Osiane brigou muito com o
Michel e quebrou vidros na rua causando muitos
escândalos
Entardecer de minha vida
Uma bela manhã no intervalo de aulas,
vieram algumas enfermeiras até a escola Ataliba de
Oliveira, foi feito um chekup em mim e constatou
que sou hipertenso pressão 160x100. Após
33
consulta no hospital Servido público, no setor de
emergência passei a fazer uso de medicamentos
para controle da hipertensão, inciei com enalapril,
captomed, lodipil e losartana. Uma manhã após
jogar bola no pátio da escola descalço, senti fortes
dores no calcanhar que me atormentaram muitos
dias. Após fazer radiografias no local das dores,
constatou esporão no calcâneo. Pronto, tomei
injeções e mais alguns remédios para dor. Esporão
continua a me atormentar. Estou tendo muitos
gastos com aluguel a 300, reais luz telefone,
produtos matinais e misturas, além de ainda vir
descontada em meu pagamento a pensão
alimentícia de 28 por cento. Isto tem sido um
câncer que me corrói intimamente, tenho tristezas e
sinto a grande ingratidão do cônjuge, minha
esperança é conseguir um advogado e entrar com
pedido de revisão desta pensão.
A chegar em meu lar após um dia de trabalho 2 de
junho de 2006 devido não ter mistura em casa,
passei no restaurante Campeão e trouxe um
marmitex de costela
Qual não foi a minha surpresa ao abrir a caixa de
correspondências lá estava uma intimação policial
de SBC convocando-me para 22 de junho deste ano
uma audiência com o delegado de policia para
esclarecer uma apropriação indébita referente á
pensão alimentícia.
Sexta-feira 19 de Março 2006 comecei a Ter
algumas decepções com o filho caçula. Estando eu
34
com dificuldades financeiras ao vê-lo sair para
trabalhar disse para que me emprestasse 20, reais.
Ele me disse que nem sabe se iria receber nesse dia.
A noite ele chegou em casa com roupas e sapatos
novos. Fiquei triste pela ingratidão e creio que
minhas dificuldades serão sanadas e terei uma vida
sem humilhação de suplicar ajuda dos filhos.
Sempre recebo gozações dos filhos e do cônjuge
devido algumas reclamações que eu faço sobre
minha saúde, tenho tomado resoluções de não mais
reclamar ou dizer o que sinto para evitar
consternações. Abril 28, peguei 6 aulas numa
escola por nome Caran Apparecido Gonçalves
próximo ao hospital Campo limpo. Trabalho no
período noturno. Saio da escola Café Filho as 13.30
viajo para casa, viajem que dura 2 horas. Descanso
um pouco e retorno para lecionar para o EJA
ensino de suplência na escola Caran.
Final de Agosto passo por uma situação financeira
muito difícil e sem dinheiro para o transporte, peço
para o Osiel após seu pagamento de adiantamento e
ele se recusa a me ajudar. Falatórios da Eunice,
acusações, e por não agüentar mais a crise
conjugal, contatei o Silas funcionário da Unasp,
reservei um quartinho na rua Bracará 154 fundos.
Lugar sossegado, porém acreditei que encontraria o
sossego que precisaria. Numa quarta feira enquanto
a Eunice foi trabalhar, preparei um saco de lixo
mais uma sacola, peguei meu monitor, roupas e fiz
a viagem para minha nova morada. Fiz uma
segunda viagem e levei a tv mais algumas coisas e
35
deixei um bilhete manifestando minhas mágoas e
iniciando uma vida nova.
O quartinho, ou melhor, minha suíte, pois tem um
banheiro interno, coloquei minhas coisas no chão,
caixotes de frutas serviram para apoiar o
computador e a TV. Pregos na parede seguraram
minhas roupas. Um colchão esquecido pelo antigo
morador serviu para eu dormir. Durmo no chão e
não tenho cadeira para sentar. Almoço na escola
Café filho, e a noite como algum lanche, lavo
minhas roupas e um barbante serviu de varal.
A vida só, tem suas tristezas, a solidão minha
amiga inseparável às vezes faz quase chorar de
saudades de meu filho e minhas netinhas e o
netinho Gustavo. A TV me traz notícias e assisto
alguns filmes, a imagem está ruim porque não
tenho antena ainda. Hoje enquanto digito estas
linhas estou um pouco mais feliz, barriga cheia,
acabei de comer um lanche que sai debaixo de
chuva para comprar. A professora Joana do Café
me emprestou 50, reais, ainda tenho bons amigos.
Ontem 31/8 a Mary me ofereceu ajuda nestes
momentos difíceis.
É interessante que certas desilusões ás vezes vem
para o nosso bem, estava com dificuldades
financeiras, pois meu pagamento seria pouco para
cumprir meus compromissos devido o pagamento
de pensão para a Eunice. Havia um compromisso
íntimo com a MP no Metrô V. Mariana cheguei
atrasado e não tive contato com a pessoa, fui para
uma lanchonete e comecei a jogar numa máquina
caça níqueis, estava muito nervoso pois estava
36
perdendo uns 20 reais, passou uma criança e me
pediu um lanche, não dei atenção e ela me disse:
Boa sorte hein? Após alguns minutos ganhei R$
700,00 na máquina. Paguei algumas dívidas e pude
comprar uma antena para TV e sair do crédito
especial do banco. Hoje enquanto digito estas notas
tenho no bolso 150,00 e vai dar para terminar o
mês.
Nas notas anteriores disse que estava dormindo no
chão, hoje após 7 de Setembro já tenho meus
móveis na suíte: caminha de ferro, cobertor, mesa
para TV e computador, alimentos para jantar.
“Estou feliz” De manhã liguei para Osiane e a
mesma disse que a Eunice quer falar comigo, ainda
não telefonei para ela, demorei 26 anos para
libertar do jugo do matrimonio e não vou voltar
assim tão fácil. Que Deus me ajude a viver só e
com saúde.
A Larissa fez 2 anos fala em monossílabos como
vi, (vidro) tal hospital e algumas vezes ela diz bye
bye com sua voz meio grossa. Quando fica brava
não olha para ninguém, abaixa a cabeça e cruza os
braçinhos, outras vezes e quase sempre joga no
chão com toda a força a mamadeira e o que tiver
nas mãos, vai até a geladeira e abre a porta com
tudo. Em Outubro de 2007 ao subir um degrau da
escada aqui de casa indo atrás de mim porque
queria balas, ela tropeçou e cortou a sobrancelha,
levei-a até o posto de saúde do Heliópolis teve que
suturar com 3 pontos, tive muito dó.
37
A Mikelly tem 5 anos faz muitas birras, não gosta
de tomar banho, e quando percebe que vai embora
e a Eunice começa a arrumar sua mochila faz a
maior gritaria. As duas ficam com a Dona Zilar
uma vizinha da Osiane que tomam conta das duas,
apesar que as vezes a Larissa vem com feridas na
boca.
Algumas anotações a partir de hoje virá em conta
gotas.
Novembro de 2007 ao aferir a pressão no posto
constatei para meu desespero que a pressão estava
20x12. Permaneci 3 horas no posto tomando
medicamentos, preciso manter o uso dos remédios,
enalapril 10mg, hidrocloritiazida, atenolol. Creio
que se eu manter os remédios poderei viver um
pouco mais.
Hoje 1/12/07 o Osiel trouxe para nós uma deliciosa
feijoada com coca cola, fiz um comentário sem
intenção que ele parece “cachorro louco”, pois
chega muito tarde e sai rapidamente, fui mal
interpretado por ele e a Eunice. Quis comparar
sobre o desespero em chegar e sair e ficar sem
sossego.
Tenho no computador um arquivo de uma vaca
louca que quando os mosquitos mexem com ela e
dá um mugido e começa a dançar muito louca.
A Larissa com dois anos morre de medo e nem
chega perto do computador, alguns fatos são muito
engraçados.
38
Ontem dia 5/12/07 fiz 51 anos e ao chegar em casa
aqui estavam a Osiane e o Michel para me darem
os parabéns. Fui cumprimentado pelo Osiel a
noite, durante o dia o Oséias me ligou dando os
parabéns, na escola os alunos da 8 ª vierem quase
todos me cumprimentar.Faço parte da comunidade do
Orkut e faço muitos amigos.
Ao cair da tarde de 8/12/07 lá pelas 18:00 horas
fritei um ovo e comi com arroz feijão, pois estava
com fome. Em casa a Eunice cuidava da limpeza,
no quarto as netinhas brincavam sem parar e
brigavam também.Tocou a campanhia e pensei que
fosse apenas a Osiane para buscar as crianças,mas
era oOséias, Osiane, Raquel Gustavo, trouxeram
um bolo para comemorar meu aniversário.
Pela primeira vez na vida alguém me presenteou
com um bolo. Fiquei muito feliz.
17/12/07 Hoje ganhei do professor Carlos na escola
Itaúna, 2 pares de sapatos usados, mas em bom
estado e um paletó para que eu possa usar na
formatura de amanhã. Fiquei muito feliz.
20/12/07 Hoje às 16 horas compareci à escola
Itaúna entreguei relatórios do ano letivo.
Foi preparado pela diretora, uma lauta mesa de
alimentos: Arroz com frutas, maionese, castanha
portuguesa, carne de pernil, vinhos, champanhas,
muitas frutas, e principalmente a s cristalizadas,
como damasco, tâmara, castanhas etc.
39
Foi solicitado ao professor Carlos que abrisse a
garrafa de champanha gigante e ao abri-la caiu na
mesa quebrando várias taças, ele não se incomodou
e “levou tudo na esportiva” .
Acho que nunca participei de um final de ano em
escola como aqui no Itaúna. O ano foi difícil mas o
final foi maravilhoso. Presentes os professores do
noturno: Cíntia, Angela, Vandoir, Carlos e outros.
Boca maldita
O que está contribuindo para o fim desta vida junto
com a Eunice este 4º retorno para casa é a
facilidade que ela tem para ofender com suas
palavras, ela não mede as conseqüências e xinga
mesmo. Hoje o Osiel estava pintando a casa, com a
tinta que ele comprou, eu falei que ia pintar a
lavanderia. A Eunice disse:- Não compra tinta e
fica pegando carona na tinta do Osiel. – Ela se
esquece que se tem dinheiro na conta dela veio
tudo de mim que anda pago esta maldita pensão.
- Ontem 21/12/07 ela após muito xingar disse que
minha mãe é puta etc.
- Ainda faço planos de ir embora definitivo para
Campinas e dar uma adeus para sempre para a
Eunice e viver minha vida por lá.
020108 - Engano seu de pensar que o que você faz,
fica por isso mesmo. Você se “fode” e não percebe.
Com essas palavras eu deduzi que ela comete
algum mal sem eu saber. Alguma vingança cruel.
Não dá para eu ficar mais nesta casa.
40
27/12/2007 Após uma grande discussão com
Eunice fui até o terminal Tietê e viajei para São
Sebastião. Meu genro Michel estava reformando
uma casa lá. Cheguei 20.00 horas e curti a vida até
sábado.
A casa estava sem energia, para conter os
pernilongos era necessário acender uma fogueira,
os alimentos eram preparados num fogãozinho
velho. Assim que eu cheguei o Michel estava
usando energia do vizinho, desligaram a luz!
A praia é maravilhosa, águas límpidas, areia muito
branca, muito calor, andei muito e criaram-se
bolhas nos pés.
A minha netinha Mikelly com apenas 5 anos de
idade fez a seguinte pergunta para a Eunice- Vó, o
Osiel lavou a roupa dele? – Não, disse a Eunice, Eu
lavei! A Mikelly tinha percebido que eu tenho
sempre lavado minhas roupas. Eu constantemente
lavo e cozinho em casa porque a Eunice não faz
nada por mim.
Livros lidos nas férias dezembro 07 jan 08
Terminei o livro pássaros feridos
Guerra de botões
Os três mosqueteiros
Vida de droga Walcyr Carrasco
Vidas amargas
Consegui ficar em casa até ao final das finas
de final de ano, não suportando mais os maus tratos
do cônjuge no dia 24 de Janeiro peguei algumas
roupas e livros e saí de casa mesmo sendo
41
praguejado pela Eunice,estando numa rua deserta
em São João Clímaco minha amiga Mary as 17
horas me deu uma carona até sua casa, fiquei até o
dia de ir para Sumaré SP.
Fui acolhido pela minha prima Kenia e sua
colega dona da casa Márcia, a vida num mês
transcorreu bem até que senti que a Márcia estava
um pouco diferente comigo, aí senti que “era hora
de colocar a viola no saco e cantar em outra
freguesia”
Após um mês em Sumaré consegui através
do professor Agostinho, uma casa próximo da
escola 3 cômodos rua Brás Cubas 843 jardim
Amanda II Hortolandia. A casa é um pouco velha
com problemas de vazamentos na cozinha e
banheiro, encontrei na casa um colchão de casal e
uma coberta, me apossei! Não tinha nenhum
móvel, para tomar minhas refeições, consegui num
pequeno restaurante na avenida Brasil, uma mulher
cristã que passou a me vender fiado, fiz amizade
com o zelador de minha escola senhor Manuel e
sua companheira D. Paulina, foi muito útil pois eu
ganhei uma cama um colchão uma bi cama uma
mesa uma cadeira talheres e panelas cômoda etc. e
me vendeu uma geladeira usada por 100,00. Graças
a Deus e espero poder recompensá-la. Assim que
ganhei a bi cama a D. da casa D. Josefa me pediu
para devolver o colchão e uma antena da
casa.Recebei também do professor Agostinho uma
TV usada que muito tem me ajudado em minhas
horas de insônia.
42
Ao receber o pagamento de Março fiquei
um pouco decepcionado pois recebi apenas 400,00
e não foi possível honrar meus compromissos pois
ainda estava devendo para a Márcia 241,00 do
aluguel em Sumaré. Comprei um botijão 40,00 um
fogão 70,00, gás 32,00 e alguns gêneros
alimentícios no mercadinho Lisboa.
Conheci uma pessoa que muito conversou
comigo, criamos um boa amizade, é a Isabel um
maravilhosa mulher que cuidava da casa da
proprietária, tomamos cerveja no mercadinho com
sua filha e irmã, constantemente nós conversamos
na rua ou no portão, pois ela receosa das más
línguas dos vizinhos evita entrar em casa, mesmo
assim algumas vezes ela veio como beija-flor bem
rapidinho e olhamos algumas fotos de minha
família. Tenho gostado muito dela acho difícil ficar
alguns dias sem a vê-la. Fui até a chácara da Bel,
ela iria sair para uma consulta as 10.00 horas,
peguei alguns abacates e um jaca. Saí com ela,
deixei as frutas em casa e acompanhei até uma
unidade básica de saúde, senti muita atração por
ela, seu lindo corpo me fez tomar algumas decisões
que achei que me envergonharia muito, toquei em
seu ombro , alisei suas costas, forcei um beijo,
porém ela virou o rosto e a beijei. Ela me disse para
dar um tempo e o que tiver que acontecer
acontecerá. Fui aferir a pressão e constatei que
estava 17x12, passei com uma médica e a mesma
me disse para continuar os remédios que eu tomo.
Voltamos! Ela foi até o mercado e eu fui para casa.
Hoje ao voltar da escola as 23horas, tive insônia e
43
só fui conseguir dormir as 2 horas. Estou sofrendo
muito com a abstinência sexual. Dia 12 de Abril
2008 num sábado, sai com destino ao um barzinho
próximo de casa, para tomar uma cerveja e passar
algumas horas, senti a mão esquerda com um
pequeno formigamento, passei na farmácia para
aferir a pressão e levei um susto, ela estava 18x12,
rapidamente fui ao pronto socorro do bairro e fui
medicado, ficando lá umas 3 horas, no dia seguinte
após tomar os medicamentos receitados pelo
médico a pressão voltou a melhorar, fiquei
preocupado com um dos medicamentos o atenolol,
o mesmo estava tendo um efeito colateral que
mexe com a libido, mesmo sendo obrigado a tomar,
tenho tomado outros que não me causam tantos
danos.
26/04/2008
Sábado, acordei cedo, lavei algumas meias,
cuecas, fiz faxina em casa passando pano molhado
com cândida e desinfetante, corrigi algumas
redações da escola.