UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor...

27
UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE REAWAKENED Sala do Trono | Throne Room 01/10 >>> 21:30

Transcript of UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor...

Page 1: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDAA SERENADE REAWAKENED

Sala do Trono | Throne Room01/10 >>> 21:30

Page 2: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

LUCIA NAPOLI ::: MEZZOSOPRANO

MILENA GEORGIEVA ::: SOPRANO

BÁRBARA BARRADAS ::: SOPRANO

MARGARIDA PINHEIRO ::: SOPRANO

DIVINO SOSPIRO:

VIOLINOS I | FIRST VIOLINS: Elisa Bestetti (Concertino | Concertmaster), Iskrena Yordanova, Elisa Bestetti, Malina Mancheva, Gabriele Politi, Lina Manrique VIOLINOS II | SECOND VIOLINS: Paolo Perrone, Heriberto Delgado Gutierrez, Mariña Garcia Bouso, João Mendes

VIOLETAS | VIOLAS: Diana Vinagre, Ana Raquel Pinheiro

CONTRABAIXO | DOUBLE BASS: Marta Vicente

ALAÚDE | LUTE: Pietro Prosser

FLAUTAS | FLUTES: Mattia Laurella, Joana Amorim

OBOÉS | OBOES: Pedro Castro, Luís Marques

FAGOTE | BASSON: Giulia Breschi

TROMPAS | FRENCH HORNS: Paulo Guerreiro, Pedro Pereira

CRAVO | HARPSICHORD: José Carlos Araújo

MASSIMO MAZZEO ::: DIREÇÃO | DIRECTION

UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDAA SERENADE REAWAKENED

Sala do TronoThrone Room

01/10 SÁBADO | SATURDAY >>> 21:30

NICCOLÒ JOMMELI ::: “L’ENDIMIONE”, SERENATA

PSM

L | W

ilson

Per

eira

Page 3: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Amor: Bela Deusa do Cinto,Não desdenhes, que um pastor humildeTeu companheiro se faça, e teu seguidor.Diana: Quem és tu: de onde vens, e que desígnioA passear te trazA estas felizes paragens?

Amor: É o meu nome Alceste, de Chipre venhoAbri os olhos aos primeiros raios do dia,E desde o meu nascimentoFoi meu doce pensamento o arco, e as setas:Mas pois que das suas presasTornei pobre o meu país natal,Desejoso venho de novas empresas.

Diana: E tu mancebo aindaOusas sujeitar teu inseguro flancoCom pesada aljava, e não te demoveDas feras homicidas o dente, e a ira?

Amor: Ainda que moço seja,Esta tenra mãoNenhum dardo ainda desfechou em vão.Se bem que do meu valorDar-te seguro penhorMais com obras que com palavras me apraz;O que sou, na prova vê-lo-ás .

Diana: Orgulhosinho Alceste,Essa tua fala confiadaEm demasia atrevida me soa, e porém me agrada.Por companheiro te aceito;Prepara pois as armas,Segue-me de pronto, e as minhas leis aprende.

Amor: E quais são as tuas leis?

Diana: Que dos bosques sejas amigo

ENDIMIÃOCOMPOSIÇÃO DRAMÁTICA DE PIETRO METASTASIO

- PRIMEIRA PARTE - Coro:

À caça, à caça:Atrás das feras com sanha

Por campos, matas, e montanhaComo prazer inteiro.

Deixemos o amor que passaA tantos cegos amantes;

Que só cuidados, e prantosRecebem do vão Arqueiro.

Diana:Sim, sequazes meus, vós,Que as minhas leis tendes gravadas no coração,Deveis evitar, e detestar o Amor.Não mais poderei suportar, que interfiraO falso Nume a perturbar a paz,Que reina nestes bosques.Vamos, amigos; eia, Ninfas minhas, vamos,Com a destreza, e o valor costumadoDar novas provas do dardo dourado.

Coro:À caça, à caça:

Atrás das feras com sanhaPor campos, matas, e montanha

Como prazer inteiro.

Page 4: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Entregues a Diana o coração,Sigas as feras, e não dês a Amor aceitação.

Amor: E porquê tal rancorContra tão plácido Nume,Por quem só tem a terra, e têm as esferasGentilezas, e agrados?

Diana: Se no seio dos mortaisEle derrama seus venenos fatais,Entre rancores guerreirosArdem as Cidades, caem os Reinos.

Amor: Até no doce fogoDos amorosos desdénsAumentam as Cidades, crescem os Reinos.

Diana: São companheiros do amorAs guerras, e o furor.

Amor: E do amor são sequazesAs blandícias, e as pazes.

Diana: Ora, contigo não queroPerder tempo a divagar em vão;Se queres ser meu seguidorNão podes servir o Amor.

Amor: Perdoa, Diana,Ser teu companheiro anseio;Mas queima-me o coração um duplo ardor;Amante; e CaçadorCom igual prazer quero deverasFerir as Ninfas, e seguir as feras.

Diana: Temerário mancebo,

Aparta-te dos meus olhos:Por seres tão moço aindaÀ tua tenra idade o erro perdoo;Se tal não fosses, entãoMais prudente aprenderiasA não desafiar com teus ditos o meu rigor,E a não louvar-me na cara o cego Amor.

Ária Diana:Quando tudo arruína

Com seu desvarioA neve alpina

Tornada em rio,Assim funestaPela floresta

Talvez não vá.Também, se de furor

Cíntia contendeCom quem a ofende,

Cruel será.

Amor: Vai então: onde quer que vásDe mim não fugirás.Não, não seja tal, que tu apenasEntre os Numes, e entre mortaisNão sintas as minhas setas, e saias ilesaDa minha doce chama que não se apaga,A que não escapa rocha, nem vaga.Agora agora poderás ver,Se te resta qualquer defesa,Agora, que me apresto à importante empresa.Com o meu poder, que dominaToda outra força, a quem se inclinaTodo o mortal na terra, os Numes no Céu,A ti Rei poderoso da Noite filho,Te invoco, e a ti requeiroQue aqui venhas sem perda de tempo,Que hei mister da tua ajuda neste intento.Levanta a adormecida, e grave fronte,E as morosas pupilas volve a mimGrande Rei do sono, ouve-me, eia, e deixaPor um momento abandonado o ocioso leito,E cumpre de pronto aquilo que a ti cometo.

Page 5: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Adormecer tu devesEndimião o grácil pastorinhoNa margem do ribeiro onde DianaFrequentemente passa;E recomenda a teu filho Morfeu,Que em formas tais lhe apareça enquanto dorme,Que o movam a amar a Deusa Triforme.Cuidarei eu depois que a severaDiana caia no laço,E saberei escolher o certeiro instanteDe desfechar a seta, e fazê-la amante.Almas, que ao amor fugis,Todas ao Amor acudiNão já como era costumeSalpicadas de veneno as setas,E são suaves até as suas penas.

Ária Amor:É verdade; de qualquer maneira,

Quando quero sou capaz:Sou modesto, e sou audaz,

Sei falar, e sei calar.Guardo a fé; uso o enganoSou piedoso, e sou tirano;E moldo-me a meu talanteAo tormento, e ao folgar.

Endimião: Sílvio, Sílvio, que fazes? Não ouves comoChilreiam entre a ramagemDa verdura floridaAs avezinhas matinais,Que róseas do Ganges a AuroraSaem a consolar, que chora?E tu enquanto flamejaA oriente no horizonteCom os primeiros raios a Aurora bem-vinda,Plácido dormes, e não acordaste ainda?Larga, larga o leitoPreguiçoso, que tu és, levanta-te, e chamaPara a futura caçaPara fora das suas moradasTirso, Florindo, e todos os caçadores.

Sílvio: Condenas-me sem razão,Amigo Endimião; e alguma vezEntre centos de riscos, e outro centoA seguir um rasto o teu Sílvio foi lento?De entre todos os teus companheirosQue as flechas, e o arco de ouro já tocaram,Seguidor mais fiel que eu não tens.E agora porque um momentoTalvez mais do que o costumeAo sono me dou,Preguiçoso me chamas, e ocioso sou?

Endimião: Ah Sílvio, tu não ésComo em tempos te vi: agora junto à fonteCompões, e enfeitasFora dos teus usos com esmero escusado os teus cabelos:Vagueias por bosques, vales, e por encostasSolitário, e à parteDos caçadores amigos:Já em feras não cuidas,Sempre pensativo, a suspirar, e trazes impressosOs teus novos afetos no semblante;Ou não me chame Endimião, Sílvio está enamorado!

Sílvio: Portanto falso aindaTu crês que eu seja...

Endimião: Não digas mais: fica calado, que jáPelos caminhos de luz avança no céu,O alto Nume de Delos,E com os cálidos raiosDas gotas de orvalhoAs ervas enxuga, e enfraquece as flores.Vai: e ao meu sinalOs companheiros desperta, junta os lebreiros;E tu vai pensando, que só deve(Aquele que de Diana quer seguir as leis,Seja ninfa, ou caçador)Perseguir as feras, e detestar o Amor.

Page 6: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Sílvio: Basta; por ora me calo:Mas depois pelas minhas obrasVerás se sou amante ou caçador.

Endimião: Agora que estou só, posso a meu talanteNo suave leito de ervasDevagar descansar meu flanco fatigado.Oh como ao sono convidaEsta airosa brisa:Vem pois, amigo Sono,E com uma onda de olvidoEsparzindo os meus cílios,Em doce esquecimento imerges meus sentidos.Vem pois, amigo Sono,E as tuas serenas asas,Consolo dos mortais,Estende, e poisa...

Amor: Destas antigas plantasO espesso torpor te possuiE tu dormes, Endimião, mas vela o Amor,Verei agora com provas,Se o teu rigor te ajuda.Mas não longe avistoA Deusa no primeiro giro.Irei daquele louroEntre a folhagem ocultar-me,E do sofrido desdouroCom apurado castigo ora vingar-me.

Diana: Nice, Elisa, Licor:Todas vós de mimVos perdestes a certo ponto.Mas um caçador ali vejo,Que dorme na margemDaquele rio sereno.É ele, se não me engano,Um dos meus seguidores. Oh como imersoNa profunda quietudeDocemente respira!

Aquelas sinuosas ramarias,Que com as folhas lhe dão sombra à fronte;Aquela gárrula fonte,Que com doce murmúrioFavorece o sono, e lhe lambe os pés,Aquele loureiro manso,Que os cabelos soltos agita, e confunde,Quanta, oh quanta beleza, oh Deuses, lhe acrescenta.Zéfiros ligeiros,Que em torno dele voais,Por piedade não o acordeis;Que admirá-lo me faz sentirUm prazer, que é deleite, e é tormento.

Endimião: Sílvio, deixa-me paz… Oh céus, que vejo?Cíntia, minha Deusa, perdoaO involuntário engano:Seguiam os incautos lábiosDo sono ainda a imagem ilusória.(Quanto este rosto, oh Deuses, quanto me agrada.)

Diana:Tu olhas-me, e suspiras?

Endimião: (Ai de mim! que poderei dizer!)Esse suspiro inocenteEra filho do sono, e não de amor.

Diana: Antes que te perdoeDo delito de que te desculpas,Que te torna mais caro à minha alma.Esquece, esquece o temor;E se enamorado és, fala de amor.

Ária Endimião: Não sei dizer, se sou amante;Mas sei que ver teu semblante

Toda a paixãoPena o coração,

E lhe é caro o seu penar.Sobre o teu rosto (se te miro)

Foge a alma num suspiro;E ri depois no meu peitoPara de novo suspirar.

Page 7: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Diana: Não digas mais, meu bem, estou vencida.Esta alma enamorada,Pela doce seta vergada,Como sua esfera em torno de ti gira,E Diana, coração meu, por ti suspira.

Endimião: Mas como saber que sentidoRetirar daquilo que dizes?

Diana: Temes pois, Endimião?Sei, que te assusta aindaDe Calisto a sorte,O de Acteão a morte.Mas já essa não souTão rígida, e severa.Não temas, Ídolo meu,A ti só adoro, e desejo a tua fé.

Endimião: Ah Cíntia, eu não te creio;Perdoa os meus temores,Desculpa a minha cobardia,Se Diana não fosses eu te amaria.

Diana: Cruel! Assim de um NumeEscarneces os afetos?Antes amor me prometes,Para depois me negar o amor;E o meu mísero coraçãoDescobre num instante,Mas com incerta sorte,Desses lábios inconstantes, ora a vida, ora a morte.Tanto me enjeitas, como me acolhes;Com isso começas, ingrato,Agora que vês esta almaDentro da tua cadeia,A sentir prazer com minhas penas.

Endimião: Ah não digas mais, esperança minha,Ah não me faças corar. Peço que perdoesO meu excessivo temor: sim, ora o renego;Eis-me aqui, estou tranquilo.Meu bem, em ti confio.

Diana: Confias em mim:Renegas os teus delírios,Juras estar tranquilo, e depois suspiras?Explica-te afinal; vá, fala: o que anseias?

Endimião: Diz-me de novo, oh Deuses! Diz-me se me amas.

Dueto Diana e Endimião:Tantas vezes, meu tesouro,Que te disse, por ti morro,Porque voltas a duvidar?

Caros lábios, nisso assento:Mas queria, que todo o momento

Voltasses a renovar.Sim, meu bem, só tua sou.E por ídolo só a ti terei.

E por meu querer jamais podereiA ti, amada minha, abandonar.

E por meu querer, jamais podereiA ti, meu amado, abandonar.

Só esse rosto me desafia.Só esses cílios o coração me roubam.

A ti só...A ti só....

Estou destinada a adorarEstou destinado a adorar

- FIM DA PRIMEIRA PARTE -

Page 8: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

- SEGUNDA PARTE -

Diana: Aonde, aonde te impele o juvenil desejo,Endimião, amado meu? Esquece o rastoDas fugazes feras,E aqui onde caindoDaquele alto rochedoA água branqueja, e depois em milGotas cintilantesEsparze o prado de cristalino orvalho,Fica a meu lado a falar de amor.

Endimião: Para onde quer que me volte,Cíntia, bela Deusa amada,Sempre de grave erro minha alma é culpada.Se de ti me afasto,Se com o teu esplendor me acendo,Ou a tua chama, ou as tuas leis ofendo.

Diana:Quais leis, qual ofensa?Endimião: Condenam as tuas leisAqueles que o coração deixam arder no amoroso fogo.

Diana: Eu que tais leis ditei, agora as revogo.

Endimião: Oh quanta inveja terãoDos meus felizes amoresMeus companheiros pastores.

Diana: Oh, com que espantoA minha nova afeiçãoOs Deuses receberão!Mas deles não cuido;Repousa pois segura

Vénus no regaço do seu grácil Adónis;Do inerte TitonoFuja a Aurora, e pelas gregas areiasSe quede cansada junto ao caçador de Atenas.Nem os cuidados, nem os prazeresA esta perturbo, e não invejo aquela,Que é a minha chama mais que a sua bela.

Endimião: Meu Nume, alma minha;Pois que o coração em ofertaCom tão pródiga mão hoje me dás,Não me traias, não me deixes jamais.

Diana: Eu deixar-te? Eu trair-te?Ah não, não duvides, como mais te agradar,Sempre, meu bem, a teu lado me terás,Caçadora, ou viandante como mais desejarás.

Endimião: Oh Deuses!

Diana: Duvidas ainda? Fidelidade eternaDiana a ti para sempre jura.

Endimião: Temer mais deve, quem mais penhor procura.

Ária Endimião:Sulca o mar de lado a lado

Aquele barqueiro, cheio de temor;E então, quando o medo é menorSurgir vê o vento, e o mar irado

As suas velas lacerar.Voa por entre o bosque cerradoA avezinha, que canta, e geme;E então, quando menos o teme

Vão-se-lhe as penas enlear

Amor: Detém-te, Diana, escuta.Diana: E ousas aindaChamar meu nome, quando assim me comparas?

Page 9: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Amor: Vá, deixa, oh bela Deusa, a zanga, e a ira:Já do meu erro arrependidoA ti venho perdão implorar.Já de amor deixo de falar,Antes por ti renegoAs suas setas, sua paixão,Que jamais se prende a coração gentil,Mas só a baixos pensamentos, a alma vil.Não respondes, ó Diana?

Diana: Ó inimigo, ó companheiro,Quão molesto me és a cada instante;Essa tua boca atrevida,Esse rosto obstinado,Há de picar, e ferir, esteja a falar, ou calado.

Amor: Poderia com tais ditos arder de fúriaNinfa de amor insana:Mas a casta DianaTem coração superior,Segue as feras, sem atender ao amor.

Diana: De mais me irritas, Alceste,E porém tantas ofensasNão ousarei vingar,Levas-me à fúria, para logo me desarmar.

Amor:Se o perdão me concedes,Dois culpados te direi, que te injuriam,Amando as tuas leis.

Diana: Quem jamais a ira não temeDa minha vingadora mão?

Amor: Nice e Endimião.

Diana: Endimião! E de que modo?

Amor: Assim que de ti se aparta, logo correAonde Nice o esperaPelos loureiros protegidosA falar dos seus amores escondidos.

Diana: Ah que isso mesmo mo disse. Entendo agoraPor que de mim o ingratoTão prestes se afasta. Mas à Estrige juroNem o próprio AmorPoderá livrá-lo da ira minha.

Amor: Não fosses tu Diana,Diria, que é ciúme uma tal fúria.

Diana: Insolente, atrevido,Desde que vi em má horaEsse teu rosto mentiroso,Não tem já a minha alma paz nem repouso.Oh que contenda armamNo agitado peitoAmor, ciúme, raiva, e despeito.Sim, sim; daquele ingratoCom minhas mãos quero rasgar o seio:Mas que digo eu, desgraçada,Se tirando amá-lo outra coisa não me é dada!Amor, tirano Amor,Aquele coração me negas,E nem ao menos queres deixar-meO mísero prazer de vingar-me.

Ária Diana:Oh faz que me ame

O Ídolo amado;Ou o meu ligameDesprende, Amor.Vão é o querer,

Page 10: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Se aquele ingratoSó sente prazer

Com a minha dor.

Amor:Cingi-me de louros: nestas ofensasVejo eu os meus triunfos, o reino meu;E estes ciúmes fataisSão do meu fogo, as centelhas, e os sinais.Mas vejo desta vezAretusa chegar. Também essa aindaSe gaba de minha inimiga, e soberba, e insanaDespreza o meu fogo, e segue apenas Diana.Sim, não há dúvida, é ela!E traz consigo algumas ninfas,Que em roupagens simuladasSe fingem caçadoras no aspeto,Mas só de amor sentem as chamas no peito.Vem, arrogante, vem: sim, tu aindaCairás nos laços meus dentro de instantes;E estarás entre as minhas sequazes amantes.Não, não quero que jamais existaNa terra, e no céu alma, que digaSer do Amor inimiga.Dali escondido ficarei a ver... Mas eis AlfeuQue chega do outro lado! Oh como o acasoAjuda os meus desígnios!À obra pois. Eia, nada de atrasos;Escondo-me agora, e apresto os dardos.

Sílvio: Do meu pobre coração, que queres esperança?Tu de pai cortês, iníqua filha,Esperança nascida do amorVais iludindo o coração, e queres que eu espere.Que prémio afinal terá a minha constância?Do meu pobre coração, que queres esperança?Bem sabes porém, que a cruel Diana,Inimiga inexorável do Amor,É aquela que o ardor,Para meu cruel destino,Me acendeu no peito: Sabes também,Que arder devo, e calar: que me é vedadoMesmo dizer amor: e sabes ainda

Que há entre um Nume, e um mortal distância:Do meu pobre coração, que queres esperança?Não, Sílvio desventurado,Esperança para ti não há: não te iludas:Aflito, desesperadoCalar deves, e morrer: bárbaro Amor,Eis o prazer, que a seguir te espera!Não, pobre coração meu, não há esperança.

Ária Sílvio:Por campos, na selva bravia

Antes as feras seguia,Pascia o rebanho a meu sabor

Livre zagal,Livre caçador:

Agora p’ra meu mal ,Perdi a liberdade.

E é ainda pior meu mal!Explicar o meu tormento

Nem a ela posso talPara fazer que o meu lamento

Lhe verta no seio piedade.

Endimião: Ah Sílvio, amado Sílvio, diz-me por favor,Se por acaso viste, para onde foi Diana?

Sílvio: Andas pois no rasto de Diana? Oh Deuses! Que é isto?Que significa esta ânsia? Por quê tais suspiros?

Endimião: Ah caro amigo, não, não me escondo mais:Por Diana ardo de amor.

Sílvio: E ela...

Endimião: E elaArde de amorE corresponde com igual ardor.

Page 11: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Sílvio: (Ah sinto-me morrer!) Perdoa, amigo,Não posso acreditar:Diana amante! Ah não: estás-te a enganar.

Endimião: Não, não me engano, amigo: o mais feliz,O mais contente sou agora... mas o tempo passa,Tenho de a procurar: adeus:Que não tenho paz longe do ídolo meu.

Sílvio: Numes, que pretendeis! Sonho? Estou desperto?Pérfido ciúme, faltava-me apenaso teu veneno para maiores penas.

Diana:Sílvio, Sílvio detém-te.Ah diz-me a verdade, Endimião, que disseQuando daqui saiu?

Sílvio: Que o mais contenteÉ ele de entre todos os pastores; o mais feliz...

Diana: Porque amante outra vez é de Nice.

Sílvio:De Nice? Ah não, estás enganada: é outra a chamaQue queima Endimião: beleza celeste(Ai de mim) lhe acendeu o coração.

Diana: (Pérfido Alceste.)Qual é então essa beleza, de que se gaba ele?

Sílvio:(Finjamos) Eu sei quem ele ama:Nenhuma mortal beldade, disse-me ele:Mas não sei dizer-te (oh Deuses!)Qual seja a Deusa amada.

Diana: (Essa sou eu.)

Amor: Pobre Endimião! Terão aindaPiedade da tua sorteAs árvores, e as florestas.

Diana: Ó céus, que vem a ser isto!

Sílvio: Que dizes, Alceste?

Amor: Sílvio, Diana, oh Deuses! nem coragem tenhoDe pronunciar as palavras.

Diana: Alguma infausta notícia!

Amor: Jaz junto ao antroDo velho SilvanoPálido, e descoradoEndimião maltratado.

Diana: Ai de mim! Quem foi o indigno?

Amor: Um banal javali,Atingido pela sua setaAtirou-se cheio de raivaAo débil flanco com a boca cheia de sangue.Eu vi (Oh que horror!)Sobre a funesta vistaDas alvas presasO sangue vermelho tépido ainda:Ouvi aquele infeliz,Coberto de imunda poeiraAs faces suaves , os cabelos dourados,Repetir moribundo o teu belo nome.

Page 12: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Diana: Ai de mim! Qual gelo frio,Gela-me o sangue, e me cobre o coração!Piedade, medo, amorVêm com seu venenoTodos ao mesmo tempo lacerar-me o peito.Cruel monstro inumanoDevolve-me a minha vida:Júpiter, se és justo, deixa, que possaNestas infaustas paragensTambém eu morrer, se o meu belo Sol não vive.

Sílvio: Alceste, eu sou de pedra!

Amor: Ah que a dor me mata!

Diana: Venceu o Amor.

Amor: (Triunfante, ri-se.)

Diana: Ah por piedade, Alceste,Guia-me até onde o meu bem está.Talvez que viva ainda, e antes, que a morteDaquele javali nele apague a luz de todoQuero recolher dos seus lábios um último suspiro.

Sílvio: Detém-te, ó Cíntia, Endimião aproxima-se.

Diana: Amado Endimião, doces são meus cuidadosTu vives, e eu respiro. Oh que ânsiasSenti com os teus perigos!Senta-te aqui, e mostra-meOnde é a tua ferida.

Endimião: Qual ferida, Nume meu? Outra feridaEm mim não podes verQue não seja a que me vem do teu olhar.

Diana: Mentiu então Alceste?

Endimião: Sim, meu tesouro,Acalma o teu espírito.

Diana: Abraço-te, olho-te, e mal acredito.

Amor: Cíntia, sossega a alma de teus medos;Aqueles afetos inconstantes,Aqueles ciúmes e suspeitas,E todos os perigos que te urdi,Só para triunfar, inventei, e fingi.

Diana: A tanto te atreveste, Alceste?

Amor: Eu sou o Amor,Reconhece em Alceste o teu senhor.

Diana: Amor! Agora entendoAs tuas graças, os teus ditos:Fui vencida, estou cega: sempre te viManifesto ao olhar meuMas nunca, que fosses o Amor, a alma percebeu.Se o teu laço é tão dileto ,Se tão doce fruto tem a tua punição,Eu beijo de boa mente a minha prisão.Ah gozemos nós entretanto,Amado Endimião;E fiéis, e felizesFaçamos com admiraçãoDe quantos o claro Deus rodeia, e vê,Doce troca entre nós de amor e confiança.

Endimião: Sim, minha bela esperança:Antes a Parca cruelApós a Aurora os meus dias corte,que eu de ti me afaste ou me separe.

Page 13: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Diana: Queiram os céus, que de tal guisaFalem sempre os teus lábios, ídolo meu.Endimião: Sempre, como agora te adoro,Sempre te adorarei, doce tesouro.

Ária Endimião:Que eu jamais possa

Deixar de amar,Não acrediteisPupilas caras:

Nem sequer por graçaVos posso enganar.Vós fostes, e soisMinha luz clara,E sempre sereisPupilas caras,

O meu belo fogoEnquanto eu durar.

Amor: E tu dolente, e sóSílvio, que fazes? Por tão estranhos casosEspanto não sentes?

Sílvio: Choro a minha desventura,Que o objeto do meu penar me rouba.

Amor: Consola-te, ó Sílvio,Os meus favores te concedo;E tomarei a meu cuidadoO fazer-te feliz.Fia-te pois no amor. Entretanto vósGozai, ó afortunados amantes;Mas quero que saibas, ó Diana,Que dos meus triunfosO troféu maior não serás tu talvez.Fazem-me rico as minhas setasDe mais soberbos, e gloriosos despojos,Que há no céu nas celestes paragens.Do Olimpo, das ondas, e da terra

Vê as grandes Divindades, que vencidas sãoPelo meu poder. Entre elasNão tenho de corar com a comparação;Que mesmo dos deuses triunfa o Amor.

CoroTodos:

Se assim triunfa o AmorDos Deuses, e dos mortais;

Ah que coração será em rigor,Capaz de desprezar suas setas fatais,

E a liberdade louvar?Diana: Mesmo o mar pode seu fogo levar.

Endimião: Desfaz os montes com os seus dardos.Sílvio: Faz prisão de qualquer lugar.

Todos: Todo o coração, cedo, ou tardeAos seus laços há de ir dar.

- FIM -

Tradução do libreto original: José Lima (Kennistranslations)

Page 14: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDAA SERENADE REAWAKENED

Niccolò Jommelli (1714-1774) foi um dos mais relevantes compositores de música teatral e sacra da transição do Barroco para o Classicismo. Nunca esteve em Lisboa, mas a sua música foi muito tocada cá entre os anos 60 e 80 do século XVIII, fruto de um acordo celebrado entre a corte e o compositor. Enquadra-se nesse acordo a serenata ‘L’Endimione’, sobre um libreto de Pietro Metastasio, que estreou em Stuttgart em 1759 e que, algo modificada, foi ouvida em Queluz, a 29 de Junho de 1780, caindo depois num esquecimento que o presente concerto vem enfim resgatar. A partitura faz parte da colecção da Biblioteca da Ajuda.

Niccolò Jommelli (1714-1774) was one of the leading composers of theatrical and sacred music at the time of the transition from the Baroque to Classicism. He never visited Lisbon but his music was commonly played here, especially between 1760 and the 1780s following an agreement reached between the court and the composer. Falling under its auspices was the serenade “L’Endimione”, based on a libretto by Pietro Metastasio that premiered in Stuttgart in 1759 and that, following some modifications, was played in Queluz on 29 June 1780, before falling into the obscurity from which this concert now restores the work. The score forms part of the Library of Ajuda collection.

Bernardo Mariano

PSM

L | L

uís

Dua

rte

Page 15: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

PSM

L | W

ilson

Per

eira

Page 16: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Niccolò Jommelli (1714-1774) é uma das figuras centrais da música europeia do século XVIII, tendo desempenhado um papel importante nas transformações da linguagem musical que criaram as fundações para o desenvolvimento do estilo clássico. Os seus maiores êxitos representam uma combinação estilística do brio italiano, da complexidade germânica e de elementos decorativos franceses, unidos por um extraordinário instinto para a eficácia dramática.

Jommelli nasceu em 1714, em Aversa, e estudou em Nápoles com Francesco Feo e Nicola Fago. No início da sua carreira torna-se protegido de Leonardo Leo (1694-1744), e, em 1737, a sua primeira ópera, “L’errore amoroso”, sobe ao palco no Teatro Novo napolitano. A estreia do jovem Jommelli em Roma, no ano de 1740, com “Ricimero re dei Goti”, impressionou o Duque de Iorque, Cardeal Henrique Benedito Stuart (1725-1807), que se tornou num dos seus mais importantes patronos. A década de 1740 foi extremamente prolífica: Jommelli escreve óperas para Bolonha (onde conhece o Padre Martini e se torna membro da importante Accademia Filarmonica), Roma, Turim, Pádua e Ferrara. O seu contacto com Veneza teve início em 1742, com o sucesso da ópera “Merope”. Em 1745, por recomendação de Johann Adolf Hasse, torna-se maestro di cappella do Ospedale degli Incurabili, um dos quatro prestigiados conservatórios da cidade, onde permanece até 1747, compondo uma quantidade considerável de música sacra: missas, salmos, motetos e oratórios. Em 1747, regressa com a primeira versão da ópera “Didone” à Cidade Eterna, onde estabelece residência, mantendo contacto com o Cardeal-Duque, a quem dedica o famoso oratório “La Passione di Gesù Cristo” (1749). Com a ajuda do Cardeal Alessandro Albani (1692-1779) obtém, no ano de 1750, o prestigioso cargo de maestro di cappella da Basílica de S. Pedro, onde permanece até 1753.

O reconhecimento do talento de Jommelli fora de Itália teve início com a sua importante estadia em Viena, entre 1749 e 1750. O influente Cardeal Albani, embaixador romano do Império Habsburgo, obteve-lhe, nessa cidade, encomendas para importantes composições operáticas. Nesta fase da sua experiência teatral, teve a oportunidade de conhecer o mais reverenciado poeta da época, Pietro Metastasio (1698-1782). O contacto direto, os conselhos práticos e a aprovação de Metastasio contribuíram para o desenvolvimento do compositor no tratamento de textos poéticos. Os libretos do “Poeta Cesareo” da corte de Viena constituem a maior parte dos textos usados por Jommelli nas suas obras.

Nos inícios da década de 1750, Jommelli achava-se no auge da sua fama, recebendo diversas ofertas prestigiosas de Lisboa, Mannheim e Estugarda. Escolhe a corte do Duque Carlos Eugénio de Vurtemberga (1728-1793),

que lhe oferece o controle total sobre os sofisticados meios artísticos ao seu dispor e completa liberdade criativa. Jommelli trabalhou em Estugarda durante 15 anos. Da frutuosa colaboração com o libretista Mattia Verazi (1730? -1794) nascem as óperas “Pelope”, “Enea nel Lazio”, “Fetonte”, “Vologeso”, na qual se exprime, no seu melhor, o seu novo estilo dramático reformado. Em paralelo, surgem composições de diversos dramas metasta-sianos, como “Ezio”, “L’Olimpiade”, “Alessandro nell’Indie”. Em 1766, Jommelli conhece o poeta Gaetano Martinelli, com quem desenvolve um novo género de paródia chamado dramma serio-comico, que alcança grande sucesso.

Nos seus últimos anos, regressa a Nápoles, produzindo algumas das suas obras mais importantes: as óperas “Armida abbandonata”, a quarta versão de “Demoofonte” e “Il Trionfo di Clelia”, a serenata “Cerere placata”, e outros trabalhos para a corte portuguesa. Morre a 25 de agosto de 1774.

A primeira tentativa da corte portuguesa de contratar Jommelli data de 1753. Após os contactos estabelecidos na década de 1760, em 1767 o compositor começa a enviar para Lisboa o seu trabalho em troca de uma pensão generosa, que receberia até ao final da sua vida. O jovem maestro português João Cordeiro da Silva (c. 1735- 1808) foi encarregado de adaptar as partituras às necessidades dos cantores locais. Em 1769, o poeta Martinelli, por recomendação de Jommelli, foi comissionado em Lisboa. A apresentação das obras de Jommelli era agendada especialmente para os aniversários do rei e da rainha no Teatro da Ajuda e para a época do carnaval em Salvaterra de Magos. D. José I (1714-1777) e a sua família apreciavam imensa-mente a sua música. Uma ligação próxima com Portugal nos últimos anos da vida do compositor tornaram-no um dos mais interpretados nos teatros reais e públicos de Lisboa durante a segunda metade do século XVIII. Entre 1767 e 1795, mais de 25 óperas, serenatas e divertimentos foram levados a público, e as suas obras influenciaram várias gerações de compositores portugueses durante esse século.

Atualmente, as bibliotecas portuguesas estão em posse de uma das mais ricas coleções de partituras do compositor.

Uma extensa correspondência entre Jommelli e os diretores dos teatros reais, escrita entre 1769 e 1774, foi publicada por Marita McClymonds em 1980. Jommelli, apesar da sua idade avançada, problemas de saúde e dos seus compromissos com os teatros napolitanos, procurou honrar o contrato com a coroa portuguesa, enviando diversas obras compostas especialmente para a corte de D. José I. Algumas cartas datadas de 1767 e 1768, parte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, foram exibidas numa grande exposição dedicada a Jommelli e organizada pelo CEMSP no Teatro de São Carlos. Trata-se de um período importante, durante o qual Jommelli, ainda a residir em Estugarda

Page 17: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

e Ludwigburgo, começava a ver deteriorar-se a sua relação com o Duque Carlos Eugénio. Pelas cartas ficamos a saber que Jommelli recebeu duas ofertas para a aquisição dos 52 volumes de obras compostas após 1758, e realizou “catálogos” manuscritos da suas composições em italiano e francês de “gli annali de’ miei progressi nel’arte di comporre, ed un chiaro metodo per chi ha più coraggio, lena e forza di andare avanti”. Entre estas destaca-se uma composição de 1759: “Nel nuovo Teatro di Stutgard [...] per dopo Pasqua [...] Endimione. Pastorale di Metastasio”.

“Endimione” por Artino Corasio, aliás Pietro Metastasio, foi comissionada em 1720 por Marianna, Condessa Althann, dama de honor da Imperatriz Isabel Cristina. A serenata em duas partes foi estreada em Nápoles, a 30 de maio de 1721, para celebrar o casamento do irmão de Althann, Antonio Pignatelli, com Anna Francesco Pinelli di Sangro. Apesar de Jommelli confirmar nas suas cartas o uso do texto de Metastasio (cujo nome aparece em todos os libretos existentes), existem diferenças substanciais entre o original e a variante de Jommelli (chamada no libreto de Estugarda “Endimione, ovvero il Trionfo d’Amore”). A história é abreviada e tornada de certa forma mais linear, um reflexo do novo gosto literário que o compositor adquirira (criticado por Metastasio em algumas cartas mais tardias). Começa com o coro “Alla caccia”, seguido pelo encontro entre Diana e Amore (que se apresenta como Alceste). A ninfa Nice (no texto original) é transformada em Silvio, um pastor amigo de Endimione, que está também apaixonado por Diana. Nice, a ninfa presumivelmente amada por Endimione, é mencionada apenas uma vez por Amore, nas suas tentativas de afligir Diana com ciúmes.

É possível que o próprio compositor tenha realizado as modificações ao texto, sendo conhecido o seu grande pendor literário (o compositor era, ele próprio, membro da Arcádia). É também possível que tenha recebido alguma ajuda de Verazzi. Grande parte das árias originais é omitida ou modificada na variante de Jommelli. As únicas que permanecem intactas são “Non so dir” (Endimione) e “O fa che m’ami” (Diana), que no texto metastasiano é uma ária de Nice.

A partitura manuscrita de “Endimione” que se acha conservada na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, é o único exemplar sobrevivente até aos nossos dias. Trata-se de uma cópia portuguesa realizada pela mão de um copista que pode ser reconhecido em diversas outras cópias das obras de Jommelli presentes nesta biblioteca. A data da partitura permanece incerta, mas o libreto impresso pela Stamperia Reale portuguesa mostra claramente a ocasião e o local de apresentação: 29 de junho de 1780, dia onomástico do monarca Pedro III (marido da rainha D. Maria I e irmão de D. José I), no Palácio Real de Queluz.

Comparando os libretos das duas ocasiões (Estugarda 1759 e Queluz 1780) pode observar-se que não ocorre qualquer modificação do texto. O cantores de Estugarda foram Maria Masi Giura (soprano), e os castrati Ferdinando Mazzani (provavelmente meio-soprano), Francesco Guerrieri (soprano) e Francesco Bozzi (soprano). Em Queluz não havia mulheres no elenco (pois tal era a tradição na corte portuguesa), e as vozes eram as mesmas: 3 sopranos (Diana, Silvio e Amore), e 1 meio-soprano (Endimione). Uma voz tenor era usada apenas nos coros, no início e no fim, para preencher as vozes. Os intérpretes em Queluz foram os mais famosos castrati que serviam a corte naquela época: Carlo Reina (Endimione), Giovanni Ripa (Diana), Giuseppe Orti (Silvio), e Giuseppe Totti (Amore).

Apesar de “Endimione” poder ser considerada uma obra menor de Jommelli, é uma gema que representa a capacidade do compositor de servir com música sublime as funcionalidade dramáticas dos textos (como, por exemplo, no belíssimo arioso no qual nos aparece Endimione dormindo, em que o jogo tímbrico das flautas ajuda a construir o pitoresco quadro idílico). Jommelli coloca sempre as vozes em primeiro plano, como um escultor que retira uma graciosa estátua de um bloco quadrado de mármore, demonstrando perfeito conhecimento das suas possibilidades dramáticas, e sempre cuidando das suas necessidades.

Niccolò Jommelli (1714-1774) is one of the central figures of eighteenth century European music. He played a significant part in the transformations of musical language that created the foundations for the development of the classical style. His greatest successes represent a stylistic combination of Italian brio, German complexity and French decorative elements, welded together by an extraordinary flair for dramatic effectiveness.

Jommelli was born in 1714 in Aversa and studied in Naples with Francesco Feo and Nicola Fago. Earlier in his career he was a protegé of Leonardo Leo (1694-1744) and in 1737 the first opera, “L’errore amoroso”, opened in the Neapolitan Teatro Novo. The debut of the young Jommelli in Rome in 1740 with the “Ricimero re dei Goti” impressed the Duke of York, Cardinal Henry Benedict Stuart (1725-1807), who became one of his most important patrons.

The 1740s were extremely prolific: Jommelli wrote operas for Bologna (where he met Padre Martini and became a member of the important Accademia Filarmonica), Rome, Turin, Padua and Ferrara. His contact with Venice began in 1742 with the success of the opera “Merope”. In 1745, on the recommendation of Johann Adolf Hasse, he became maestro di cappella at Ospedale degli Incurabili, one of four prestigious conservatories of the city. He remained there until 1747, and wrote a considerable quantity of sacred music: masses, psalms and motets

Page 18: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

and oratorios. In 1747 returned with the first version of the opera “Didone” and established residence in the Eternal City, keeping contact with the Cardinal-Duke, to whom he dedicated the famous oratorio “La Passione di Gesù Cristo” (1749). With the help of Cardinal Alessandro Albani (1692-1779) he obtained, in 1750, the prestigious position of maestro di cappella of St. Peter’s Basilica, where he remained until 1753.

The approbation of Jommelli’s talent outside Italy began with his important stay in Vienna between 1749 and 1750. The influential Cardinal Albani, roman ambassador of the Habsburg Empire, obtained commissions for important operatic compositions for him there. At this stage of his theatrical experience, he had the opportunity to meet the most revered poet of the age, Pietro Metastasio (1698-1782). Direct contact, practical advices and the approval of Metastasio contributed to the development of the composer in his treatment of poetic texts. The librettos of the “Poeta Cesareo” at the Vienna Court constituted the major part of the texts used by Jommelli for his works.

In the early 1750s Jommelli was at the height of his fame and received several prestigious offers from Lisbon, Mannheim and Stuttgart. He chose the court of Duke Carl Eugen of Württemberg (1728-1793), who offered him full control of the sophisticated artistic means at his disposal and complete creative freedom. Jommelli worked in Stuttgart for 15 years. From the fruitful collaboration with the librettist Mattia Verazi (1730? -1794) were born the operas “Pelope”, “Enea nel Lazio”, “Fetonte”, “Vologeso”, in which was expressed, at his best, his new reformed dramatic style. In parallel, compositions of various metastasian dramas appeared, such as “Ezio”, “L’Olimpiade”, “Alessandro nell’Indie”. In 1766, Jommelli met the poet Gaetano Martinelli, with whom he developed a new genre of parody called dramma serio-comico, met with great success.

In his later years he returned to Naples, producing some of his most significant works: the operas “Armida abbandonata”, the fourth version of “Demoofonte” and “Il Trionfo di Clelia”, the serenata “Cerere placate”, and other works for the Portuguese court. He died on August 25th, 1774.

The first attempt by the Portuguese Court to appoint Jommelli dates back to 1753. Following the contacts established during the 1760s, in 1767 the composer started to send to Lisbon his work in exchange for a generous pension which he received until the end of his life. The young Portuguese maestro João Cordeiro da Silva (c. 1735- 1808) was charged with the task of adapting the scores to the needs of the local singers. In 1769 the poet Martinelli, recommended by Jommelli, was commissioned in Lisbon. The presentation of Jommelli’s works was timed especially for the anniversaries of the king and queen in the Teatro da Ajuda and for the Carnival season in Salvaterra de Magos. D. José I (1714-1777) and his family had a special fondness for his music. A close link with Portugal in the

last years of the composer’s life made him one of the most performed in royal and public theatres in the second half of the eighteenth century in Lisbon. Between 1767 and 1795 more than 25 of his operas, serenatas and divertimentos were performed, and his works have influenced several generations of eighteenth-century Portuguese composers.

Currently Portuguese libraries are in possession of one of the richest collections of this composer’s scores.

There is extensive correspondence between Jommelli and the directors of the Royal Theatres, written between 1769 and 1774, published by Marita McClymonds in 1980. Jommelli, despite his advanced age, health problems and commitments with the Neapolitan theatres, tried to honour the contract with the Portuguese crown and provided several works written especially for the court of D. Jose I. Some unpublished letters dated 1767 and 1768, part of Arquivo Nacional de Torre do Tombo, were exposed in a big Jommelli exhibition organized by CEMSP in Lisbon’s São Carlos Opera Theater. This was a very significant period in which Jommelli, still living in Stuttgart and Ludwigburg, had seen his relationship with Duke Carl Eugen starting to be compromise. In the letters emerges that Jommelli had two offers for acquisition of his 52 volumes of works composed after 1758, and makes handwritten “catalogs” of his compositions in Italian and French of “gli annali de’ miei progressi nel’arte di comporre, ed un chiaro metodo per chi ha più coraggio, lena e forza di andare avanti”. Between them stands a composition from 1759: “Nel nuovo Teatro di Stutgard [...] per dopo Pasqua [...] Endimione. Pastorale di Metastasio”.

“Endimione” by Artino Corasio, alias Pietro Metastasio, was commissioned in 1720 by Marianna, Countess Althann, a lady-in-waiting to Empress Elisabeth Christina. The two-part serenata was premiered at Naples on 30 May 1721 to celebrate the marriage of Althann’s brother Antonio Pignatelli with Anna Francesco Pinelli di Sangro. Although Jommelli confirmed in his letters the use of the text by Metastasio (whose name also appears in all existing librettos), there are some substantial differences between the original and Jommelli’s variant (called in the Stuttgart libretto “Endimione, ovvero il Trionfo d’Amore”). The story is shortened and somehow more linear, and reflects the new literature taste that the composer took on (criticized by Metastasio in some of his later letters). It starts with coro “Alla caccia”, followed by the meeting between Diana and Amore (who’s presenting himself as Alceste). The nymph Nice (in the original text) is transformed into Silvio, a shepherd and friend of Endimione, who’s also in love with Diana. Nice, as the presumably beloved nymph by Endimione, is mentioned only once by Amore in his attempts to afflict Diana with jealousy.

It is possible that the composer himself made the modifications of the text, knowing about his great knowledge in literature (he was a member of Arcadia

Page 19: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

himself). It could be also that he received some help by Verazzi. Most of the original arias are omitted or changed in Jommelli’s variant. The only ones that remain intact are “Non so dir” (Endimione) and “O fa che m’ami” (Diana), which in the metastasian text is an aria of Nice.

The manuscript score of “Endimione” in Lisbon’s Biblioteca de Ajuda is the only one survived nowadays. It is a Portuguese copy of the hand of a copyist that can be recognized in many other copies of Jommelli’s works present in this library. Date of the score remains uncertain, but the printed libretto from the Portuguese Stamperia Reale shows clearly the occasion and the place of performance- June 29th 1780, the name day of the monarch Pedro III (husband of the Queen Maria I, and brother of Jose I), at Queluz Royal Palace.

Comparing the librettos for both occasions (Stuttgart 1759 and Queluz 1780), could be observed that no modification of the text occurs. The singers used in Stuttgard are Maria Masi Giura (soprano), and castratos Ferdinando Mazzani (probably mezzosoprano), Francesco Guerrieri (soprano) and Francesco Bozzi (soprano). At Queluz there were no women in the cast (as this was the tradition in the Portuguese court), and the voices were the same: 3 sopranos (Diana, Silvio and Amore), and 1 mezzosoprano (Endimione). A tenor voice was used only in the choruses, at beginning and at the end, to fulfil the voices. The interpreters in Queluz were the most famous castrati serving in the Lisbon court at that time: Carlo Reina (Endimione), Giovanni Ripa (Diana), Giuseppe Orti (Silvio), and Giuseppe Totti (Amore).

Although “Endimione” could be considered a minor work by Jommelli, it is a gemstone that represents the composers’ ability to serve with sublime music the dramatic functionalities of the texts (as for example the beautiful arioso scene of the dormant Endimione, in which the timbric play of the flutes helps to carry the picturesque idyllic moment). Jommelli always put the voices in first plan, as a sculptor who takes out a gracious statue out of a square piece of marble, demonstrating perfect knowledge of the their dramatic possibilities, and always taking care of their necessities.

Iskrena Yordanova

PSM

L | L

uís

Dua

rte

Page 20: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

LUCIA NAPOLI

Terminou estudos de violino e canto com classificação máxima, após o que tem vindo a ganhar várias competições na área do canto, entre as quais o Concurso Internacional de Canto Barroco Francesco Provenzale, Centro di Musica Antica Pietà de’ Turchini em Nápoles, o Concours International de Chant de Clermont-Ferrand, o Concorso Città di Cagli e Città di Terni. Especializou-se em belcanto, música barroca e repertório de câmara pela Academia Arturo Toscanini de Parma, onde trabalhou com artistas como Sara Mingardo, Gloria Banditelli e Dalton Balwin. Tem aperfeiçoado o estudo da música de J. S. Bach com Michael Radulescu, que a levou a apresentar inúmeras cantatas: o Magnificat, as Paixões, o Salmo 51 e os Motetes. Desenvolve intensa atividade concertística, convidada por prestigiados festivais e em importantes salas, como: o Festival de Musica Antiga Resonanzen de Viena, o Sommer Internationale Barocktage Stift Melk, o MiTo SettembreMusica, o Ravenna Festival, o Maggio Musicale Fiorentino, o Salzburger Festspiele, o White Light Festival Lincoln Center New York, o Concertgebouw Amsterdam, o Teatro La Fenice de Veneza e o Teatro Olímpico de Vicenza. Colaborou como solista com os maestros Riccardo Muti, Gustav Leonhardt, Sigiswald Kuijken, John Eliot Gardiner, Philippe Herreweghe, Christopher Hogwood, Frans Brüggen, Fabio Ciofini, Claudio Cavina, Michael Radulescu ou Umberto Benedetti Michelangeli. É solista com vários ensembles italianos e

europeus como La Petite Bande, o Ensemble Arte Musica, a Accademia Hermans, o Concerto Romano e La Stagione Armonica. Já gravou vários CD, interpretando obras de Nino Rota, Rossini, Monteverdi, Charpentier e Purcell. É docente de Canto e Música de Câmara na Associazione Enarmonia de Montefiascone e, desde 2013, apresenta-se em conferências sobre Historia da Música.

Having finished her studies in violin and singing with the maximum grade, she has subsequently won a series of song competitions, including the Francesco Provenzale International Baroque Song Competition, Centro di Musica Antica Pietà de’ Turchini in Naples, the Clermont-Ferrand International Song Competition, and the Concorso Città di Cagli e Città di Terni. She has specialised in belcanto, Baroque music and chamber repertoire with the Arturo Toscanini Academy of Parma, where she has worked with artists such as Sara Mingardo, Gloria Banditelli and Dalton Balwin. She deepened her study of the music of J. S. Bach with Michael Radulescu, which resulted in her performing a broad range of cantatas: the Magnificat, the Passions, Psalm 51 and the Motets. She has also engaged in intense concert performance activities, invited by prestigious festivals and important venues, such as and including: the Classical Resonanzen Festival of Music of Vienna, the Sommer Internationale Barocktage Stift Melk, the MiTo SettembreMusica, the Ravenna Festival, the Maggio Musicale Fiorentino, the Salzburger Festspiele, the White Light Festival at Lincoln Center New York, the Concertgebouw Amsterdam, the La

Page 21: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Fenice Theatre of Venice and the Olympic Theatre of Vicenza. As a soloist, she has performed with maestros Riccardo Muti, Gustav Leonhardt, Sigiswald Kuijken, John Eliot Gardiner, Philippe Herreweghe, Christopher Hogwood, Frans Brüggen, Fabio Ciofini, Claudio Cavina, Michael Radulescu and Umberto Benedetti Michelangeli. She is a soloist with various Italian and European ensembles such as La Petite Bande, the Ensemble Arte Musica, the Accademia Hermans, the Concerto Romano and La Stagione Armonica. She has already recorded various works, interpreting pieces by Nino Rota, Rossini, Monteverdi, Charpentier and Purcell. She is a lecturer in Singing and Chamber Music at the Associazione Enarmonia de Montefiascone and has given conferences on the History of Music since 2013.

MILENA GEORGIEVA

Nascida em Sófia, a soprano búlgara Milena Georgieva iniciou o seu treino musical como solista no Coro Infantil da Emissora Nacional da Bulgária. Mais tarde, estudou interpretação, voz e piano nas academias de Sófia e Viena. Foi artista convidada na Áustria, Bulgária, França, Finlândia, Alemanha, Itália, Polónia, Espanha e Japão, em eventos como o Vienna Konzerthaus, Cité de la Musique, Festival d’Aix-en-Provence, Bulgaria Hall, Théâtre d’Orléans, Munich Kammerspiele, Festival de Otono etc. Milena atuou com músicos conceituados como Jon-Frederic West, Genia Kühmeier, Roberta Invernizzi, Antonio Florio ou Rebecca Nelsen.

Entre os momentos altos dos anos mais recentes estão a performance de “Stabat Mater” de Dvořák na Sala de Concertos da Bulgária, em Abril de 2016, a interpretação de Magda em “La Rondine” de Puccini, numa produção da Darina Takova Fondation, e o programa de concertos “Baroque – Cabaret” no Palácio Nacional da Cultura em Sófia, durante 2015, bem como o concerto de gala televisionado in memoriam Boris Christoff na sede da UNESCO em Paris, bem como a apresentação da composição contemporânea de Charles Augustin “Primary Colors” no Auditorio Miguel Delibes, em 2014.

No âmbito da ópera, Milena interpretou papéis como Magda/”La Rondine”, Raposa/”As Aventuras da Raposa Astuta”, Osmida/”Didone Abbandonata”, Marzelline/”Fidelio”, Miles/”The Turn of the Screw”, Emilia/”Flavio”, Papagena/”A Flauta Mágica”, ou Taumännchen/”Hansel e Gretel”, entre outros. O seu reportório de concerto inclui o “Messias” de Handel, a “Missa da Coroação” e o “Requiem” de W. A. Mozart, o “Carmina Burana” de Orff, a “Missa em Fá Menor” de Bruckner, ou “O Paraíso e a Peri” de Schumann. A paixão particular da artista pela canção reflete-se no seu projeto “A Fairy Tale or Reality”, em conjunto com o pianista francês Joelle Bouffa, do qual já resultou um CD lançado em 2015.

Born in Sofia, Bulgarian soprano Milena Georgieva started her musical training as a soloist of the Children’s Choir of the Bulgarian National Broadcasting

Page 22: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Company. Later, she went on to study acting, voice and piano at the music academies of Sofia and Vienna. She has guested in Austria, Bulgaria, France, Finland, Germany, Italy, Poland, Spain and Japan at venues such as the Vienna Konzerthaus, Cité de la Musique, Festival d’Aix-en-Provence, Bulgaria Hall, Théâtre d’Orléans, Munich Kammerspiele, Festival de Otono etc. Milena has performed with renowned artists like Jon-Frederic West, Genia Kühmeier, Roberta Invernizzi, Antonio Florio or Rebecca Nelsen.

The past years’ highlights comprise Dvořák’s “Stabat Mater” at the Bulgaria Concert Hall in April 2016, Magda in Puccini’s “La Rondine” produced by the Darina Takova Fondation and the concert program “Baroque – Cabaret” at the National Palace of Culture in Sofia in 2015, as well as a televised gala concert in memoriam Boris Christoff at the UNESCO Headquarters in Paris and Charles Augustin’s contemporary composition “Primary Colors” at the Auditorio Miguel Delibes in 2014.

On an operatic level, Milena has appeared as Magda/”La Rondine”, Vixen/”The Cunning Little Vixen”, Osmida/”Didone Abbandonata”, Marzelline/”Fidelio”, Miles/”The Turn of the Screw”, Emilia/”Flavio”, Papagena/”The Magic Flute “or Taumännchen/”Hansel and Gretel”, to name but a few. Her performed concert repertoire includes Handel’s “Messiah”, W.A. Mozart’s “Coronation Mass” and “Requiem”, Orff’s “Carmina Burana”, Bruckner’s “Mass in F Minor” or Schumann’s “Paradise and the Peri”. The artist’s particular love for song is reflected in the project “A Fairy Tale or Reality” with French pianist Joelle Bouffa, released on CD in 2015.

BÁRBARA BARRADAS

Nascida em Lisboa, em 1986, estudou no Conservatório Nacional, Guildhall Scholl de Londres (bolseira da Gulbenkian) e na Flanders OperaStudio (Antuérpia). Participou em masterclasses com Kiri Te Kanawa, Mara Zampieri, Ann Murray, Graham Johnson, Sarah Walker e Tom Krause, entre outros. Foi premiada em competições nacionais e internacionais.

Entre os papéis que já preparou e/ou interpretou, contam-se os de Lucia (“Lucia di Lammermoor”), Gilda (“Rigoletto”), Susanna e Barbarina (“Bodas de Figaro”), Frasquita (“Carmen”), Delia (“Il Viaggio a Reims”), Donna Anna e Zerlina (“Don Giovanni”), Rainha da Noite (“A Flauta Mágica”), Emmie (“Albert Herring”), Maria (“West Side Story”) e Belinda (“Dido e Eneias”), em cidades como Londres, Amesterdão e Lisboa (São Carlos e Gulbenkian).

Em repertório de concerto e canção de câmara já se apresentou no CCB (Dias da Música), no Teatro São Carlos, no Palácio Nacional da Pena, no Teatro Luísa Todi, em Óbidos (Festival de Ópera), no St. James Theatre (Londres), no De Singel (Antuérpia). Integrou ainda os coros do Festival de Glyndebourne e da Opera Holland Park. Também já atuou com a Orquestra do Algarve e a Orquestra Clássica do Centro.

Compromissos recentes incluem um concerto com a Divino Suspiro, dirigido por Massimo Mazzeo (Fev. 2016);

Page 23: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

concertos na Fundação Gulbenkian (Junho 2016) e no Festival de Almada (Julho 2016) com a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Jan Wierzba; solista na 9ª Sinfonia de Beethoven com a Orquestra Metropolitana de Lisboa (Setembro 2016).

Em Agosto de 2015 cantou no Festival Oper im Berg, em Salzburgo, a Lucia (Lucia di Lammermoor), sendo bastante acarinhada pela crítica e pelo público.

Born in Lisbon in 1986, she studied at the National Conservatory, the Guildhall School of London (on a Gulbenkian scholarship) and Flanders OperaStudio (Antwerp). She furthermore participated in masterclasses with Kiri Te Kanawa, Mara Zampieri, Ann Murray, Graham Johnson, Sarah Walker and Tom Krause, among others and has won awards in both national and international competitions.

Among the roles she has already prepared and/or performed are those of Lucia (“Lucia di Lammermoor”), Gilda (“Rigoletto”), Susanna and Barbarina (“The Marriage of Figaro”), Frasquita (“Carmen”), Delia (“Il Viaggio a Reims”), Donna Anna and Zerlina (“Don Giovanni”), Queen of the Night (“The Magic Flute”); Emmie (“Albert Herring”), Maria (“West Side Story”) and Belinda (“Dido and Aeneas”), in cities such as London, Amsterdam and Lisbon (São Carlos and Gulbenkian).

Regarding concert and chamber song repertoire, she performed at the CCB (Days of Music), the São Carlos Theatre, the Palace of Pena, the Luísa Todi

Theatre, at Óbidos (Festival of Opera), the St. James Theatre (London) and the De Singel (Antwerp). She has also been a member of the choirs at Glyndebourne Festival and Opera Holland Park. She has furthermore performed with the Orchestra of the Algarve and the Centro Classical Orchestra.

Her recent commitments have included a concert with Divino Suspiro, conducted by Massimo Mazzeo (Feb. 2016); concerts at the Gulbenkian Foundation (June 2016) and at the Almada Festival (July 2016) with the Gulbenkian Orchestra, conducted by Jan Wierzba; and as a soloist for Beethoven’s 9th Symphony with the Metropolitan Orchestra of Lisbon (September 2016).

In August 2015, at the Oper im Berg Festival, in Salzburg, she performed the role of Lucia (Lucia di Lammermoor) to warm applause from both the critics and the public.

MARGARIDA PINHEIRO

Iniciou os seus estudos musicais aos 8 anos, na classe de violino da professora Inês Barata, no Conservatório Regional de Almada. Ingressa em 2007 no Instituto Gregoriano de Lisboa, na classe de violino (prof. Inês Barata). É admitida na Escola Superior de Música de Lisboa em 2011, na classe de Canto do professor Luís Madureira, concluindo a licenciatura em 2014.

Em Canto, já trabalhou com Sílvia Mateus, Ana Ester Neves e Magna Ferreira, Yvonne Minton, Lieve Verschraegen, Piérre Mak, Christian

Page 24: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

Hilz e Susanne Ryden. Como solista, cantou “Five Folk Songs for Soprano and Band”, de B. Gilmore e foi 2ª voz em “Drumming”, de Steve Reich, Anjo em “Lauda per la Natività del Signore”, de Respighi, Maria Vergine em “Cantata per il Santissimo Natale”, de Stradella. Foi também soprano II na estreia da peça “Courage to follow the way”, de Daniel Davis, com o Coro Sinfónico e a Orquestra de Sopros da Escola Superior de Música de Lisboa.Em ópera, interpretou Belinda em “Dido e Eneias”, de Purcell e foi membro do ensemble solista na “Ester”, de Leal Moreira/Melgás. Desde 2014 integra o Ateliê de Ópera do Conservatório Nacional, tendo participado nos projetos “Savitri” e “Plaisirs de Versailles” (baseados, respecivamente, em Holst e em Charpentier) e “Froufou aux Enfers” (2015, baseado no “Orfeu nos Infernos”, de Offenbach). Em 2011 ganha uma Menção Honrosa no Concurso Interno de Canto do Instituto Gregoriano. Em 2015 recebe o ABA Award no Curso de Música Antiga de ABA, indo cantar na RadioKulturhaus de Viena em Junho de 2016.

She began her musical studies aged eight in the violin class of Professor Inês Barata in the Regional Conservatory of Almada. In 2007, she enrolled in the Gregorian Institute of Lisbon in the violin class (prof. Inês Barata). She was accepted by the Lisbon Higher School of Music in 2011, joining the singing class of Professor Luís Madureira before graduating in 2014.As a singer, she has worked with Sílvia Mateus, Ana Ester Neves and Magna Ferreira, Yvonne Minton, Lieve Verschraegen, Piérre Mak, Christian Hilz

and Susanne Ryden. As a soloist, she has sung “Five Folk Songs for Soprano and Band”, by B. Gilmore and was the second voice in “Drumming”, by Steve Reich, the Angel in “Lauda per la Natività del Signore”, by Respighi, Maria Vergine in “Cantata per il Santissimo Natale”, by Stradella. She was also soprano II in the premiere of the play “Courage to follow the way”, by Daniel Davis, with the Lisbon Higher School of Music Symphonic Choir and Wind Orchestra.

In opera, she has performed Belinda in “Dido and Aeneas”, by Purcell and was a member of the soloist ensemble in “Ester”, by Leal Moreira/Melgás. Since 2014, she has been a member of the National Conservatory Opera Atelier, having in the meanwhile participated in the “Savitri” and “Plaisirs de Versailles” (based, respectively, on Holst and on Charpentier) and the “Froufou aux Enfers” projects (2015, based on “Orpheus in the Underworld”, by Offenbach). In 2011, she won an Honourable Mention at the Gregorian Institute International Singing Competition. In 2015, she received the ABA Award from the ABA Classical Music Competition and going onto sing in Vienna’s RadioKulturhaus in June 2016.

Page 25: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

DIVINO SOSPIRO

Divino Sospiro é uma orquestra barroca fundada sobre os princípios de qualidade e da fidelidade da interpretação, que enfrenta o repertório antigo sem, no entanto, abdicar do seu próprio instinto criativo, na vontade de despertar um novo gosto estético, uma nova paixão pelo “ouvir”, uma nova reflexão sobre o sentido da música e dos músicos.Desde a sua fundação (2004), deu importância central ao estudo e investigação da música portuguesa do período setecentista. Neste contexto, em 2013, criou, em parceria com a Parques de Sintra – Monte da Lua, o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (CEMSP), sediado no Palácio de Queluz.

Apresentou em estreia moderna mundial a ópera “Antigono” (1755) de Antonio Mazzoni e as oratórias “Morte D’Abel” (c. 1770) e “Gioás, Re di Giudá”, ambas de Pedro Antonio Avondano.Em 12 anos de actividade percorreu um caminho dificilmente previsível para uma orquestra de câmara barroca portuguesa, numa diversidade de formações que vão do pequeno agrupamento à orquestra de ópera, com uma aposta na internacionalização ab initio que a posiciona na vanguarda da divulgação do património musical português.

Concertos e masterclasses com prestigiados artistas como Alfredo Bernardini, Chiara Banchini, Christina Pluhar, Christophe Coin, Deborah York, Emma Kirkby, Enrico Onofri, Fulvio Bettini, Gemma Bertagnolli, Katia e

Marielle Labèque, Kenneth Weiss, Maria Cristina Kiehr, Maurice Steger, Rinaldo Alessandrini, Romina Basso, Vittorio Ghielmi, Vivica Genaux, entre outros.

Apresentou-se em salas como as da Fundação Gulbenkian, do CBB e do Auditório Nacional de Música (Madrid) e festivais como o Festival de Île de France, a Folle Journée (Nantes e Japão), o Festival de Varna, o Fevereiro Lírico de San Lorenzo del Escorial, a Mozartiana em Gdansk e o Festival de Ambronay. A sua discografia inclui “Chiaroscuro” (obras de Mozart), 1700-The Century of the Portuguese (2012), com o soprano Gemma Bertagnolli, apresentando obras em estreia discográfica mundial, e “Antigono” (2014), ópera de Antonio Mazzoni gravada ao vivo.

Divino Sospiro is a Baroque orchestra founded on the principles of the quality and faithfulness of its interpretation, which approaches this classical repertoire without, however, abdicating on its own creative instincts out of the desire to establish a new aesthetic taste, a new passion to “listen”, and a new reflection on the meaning of music and the feelings of musicians.Ever since its foundation (2004), the orchestra has attributed central importance to the study and research of Portuguese music from the 18th century. Within this context, in 2013, in partnership with Parques de Sintra – Monte da Lua, CEMSP – the Centre of 18th Century Portuguese Musical Studies was founded, based in the Palace of Queluz.

Page 26: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

This presented the modern world premiere of the opera Antigono (1755) by Antonio Mazzoni and the oratorios “Morte D’Abel” (c. 1770) and “Gioás, Re di Giudá”, both by Pedro Antonio Avondano.

In twelve years of activity, there has been progress along the expectedly difficult path faced by a Portuguese Baroque Chamber Orchestra, with a diversity of formations that range from small groups through to opera orchestras of the period and focusing on the ab initio internation-alisation that positions the grouping in the vanguard of promoting Portuguese musical heritage. Its concerts and masterclasses have featured prestigious artists such as Alfredo Bernardini, Chiara Banchini, Christina Pluhar, Christophe Coin, Deborah York, Emma Kirkby, Enrico Onofri, Fulvio Bettini, Gemma Bertagnolli, Katia and Marielle Labèque, Kenneth Weiss, Maria Cristina Kiehr, Maurice Steger, Rinaldo Alessandrini, Romina Basso, Vittorio Ghielmi, Vivica Genaux, and among others.

The orchestra has performed in venues and at festivals such as the Gulbenkian Foundation, the CBB, the National Auditorium of Music (Madrid), the Île de France Festival, the Folle Journée (Nantes and Japan), the Festival of Varna, the Fevereiro Lírico in San Lorenzo del Escorial, the Mozartiana in Gdansk and the Festival of Ambronay. The orchestra’s discography includes “Chiaroscuro” (works by Mozart), 1700-The Century of the Portuguese (2012), with the soprano Gemma Bertagnolli, with works receiving their world recorded premieres, and “Antigono” (2014), in a live recording of the opera by Antonio Mazzoni.

Page 27: UMA SERENATA REDESPERTA PARA A VIDA A SERENADE … · Se bem que do meu valor Dar-te seguro penhor Mais com obras que com palavras me apraz; O que sou, na prova vê-lo-ás . Diana:

OrganizaçãoOrganization

ApoioSupport

ParceirosPartners

Media Partner

SerõesMusicaisno Palácio da Pena

BREVEMENTE | COMING SOON2017

Março | March Junho | June

Re ncontroseMemórias Musicais de um Palácio

PALÁCIO NACIONAL DE SINTRA