Uma reflexão sobre o ministério pastoral

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IV - O MINISTÉRIO PASTORAL Não poderia deixar de escrever sobre este assunto, pois o plano de Deus tem seus detalhes. Entre estes detalhes, existe o chamado de pessoas salvas para ministérios específicos como já vimos anteriormente, e de todos estes ministérios (serviços) no reino de Deus aqui na terra, este se encontra como aquele que mais responsabilidades carrega, já que tem como incumbência alimentar, proteger e cuidar do rebanho de Deus administrando, delegando, planejando, organizando, ensinando, pregando, enfim, pastoreando. Este crente é chamado, vocacionado, capacitado e respaldado por Deus para esta tarefa árdua que pode se tornar mais tranquila quando cada crente tem consciência de qual área na Igreja Deus a chamou para atuar, usando assim seus dons espirituais para essa atuação. Quando isso acontece, o pastor pode ficar supervisionando e delegando os serviços e se concentrando em alimentar o povo através da pregação e ensino da Palavra de Deus. Mas, a tarefa de levar o povo a ter esta consciência dos ministérios e dons também é do pastor, portanto todo início de trabalho pastoral é desgastante mas se o pastor priorizar este aspecto e tendo a capacitação do Espírito para levar a cabo, no tempo certo terá um grupo de crentes na Igreja maduros e prontos para o trabalho, facilitando e ajudando o trabalho pastoral. Quero neste capítulo abordar alguns pontos que são difíceis de entender para alguns, outros que são essenciais para o ato de pastorear e por fim algumas distorções existentes. Respeitando a seqüência citada, começarei abordando o ponto abaixo: O Chamado e a Vocação Pastoral: Ouvi ou li de alguém uma definição sobre chamado pastoral que achei interessante, é a seguinte: “Chamado pastoral é um chamado de Deus a alguém que não merece, para realizar um serviço impossível, em um lugar que não conhece por um tempo que não sabe”. Já ouvi de muitas pessoas o seguinte: “nunca entendi esse negócio de chamado para ser pastor” ou “todos somos chamados” ou ainda “pra mim essas pessoas que dizem foram chamadas para ser pastor não querem é trabalhar como todo mundo”. Entendo que todas estas pessoas têm suas razões para expor suas opiniões, pois este assunto é muito complicado para quem não o vive. Exige de quem analisa ter uma vida de comunhão íntima com Deus e claro que esta pessoa terá que ter um conhecimento bíblico razoável, pois a comunhão vem de conhecer a

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IV - O MINISTÉRIO PASTORAL Não poderia deixar de escrever sobre este assunto, pois o plano de

Deus tem seus detalhes. Entre estes detalhes, existe o chamado de pessoas salvas para ministérios específicos como já vimos anteriormente, e de todos estes ministérios (serviços) no reino de Deus aqui na terra, este se encontra como aquele que mais responsabilidades carrega, já que tem como incumbência alimentar, proteger e cuidar do rebanho de Deus administrando, delegando, planejando, organizando, ensinando, pregando, enfim, pastoreando.

Este crente é chamado, vocacionado, capacitado e respaldado por Deus para esta tarefa árdua que pode se tornar mais tranquila quando cada crente tem consciência de qual área na Igreja Deus a chamou para atuar, usando assim seus dons espirituais para essa atuação. Quando isso acontece, o pastor pode ficar supervisionando e delegando os serviços e se concentrando em alimentar o povo através da pregação e ensino da Palavra de Deus. Mas, a tarefa de levar o povo a ter esta consciência dos ministérios e dons também é do pastor, portanto todo início de trabalho pastoral é desgastante mas se o pastor priorizar este aspecto e tendo a capacitação do Espírito para levar a cabo, no tempo certo terá um grupo de crentes na Igreja maduros e prontos para o trabalho, facilitando e ajudando o trabalho pastoral.

Quero neste capítulo abordar alguns pontos que são difíceis de entender para alguns, outros que são essenciais para o ato de pastorear e por fim algumas distorções existentes.

Respeitando a seqüência citada, começarei abordando o ponto abaixo:

O Chamado e a Vocação Pastoral:Ouvi ou li de alguém uma definição sobre chamado pastoral que achei

interessante, é a seguinte: “Chamado pastoral é um chamado de Deus a alguém que não merece, para realizar um serviço impossível, em um lugar que não conhece por um tempo que não sabe”.

Já ouvi de muitas pessoas o seguinte: “nunca entendi esse negócio de chamado para ser pastor” ou “todos somos chamados” ou ainda “pra mim essas pessoas que dizem foram chamadas para ser pastor não querem é trabalhar como todo mundo”.

Entendo que todas estas pessoas têm suas razões para expor suas opiniões, pois este assunto é muito complicado para quem não o vive. Exige de quem analisa ter uma vida de comunhão íntima com Deus e claro que esta pessoa terá que ter um conhecimento bíblico razoável, pois a comunhão vem de conhecer a Deus a cada dia mais pelo estudo de Sua revelação escrita, a Bíblia e ainda por uma vida de oração diária e constante.

Além disso, compreender sem vivenciar é muito difícil, pois se fica apenas no campo da teoria e sabemos que saber apenas não convence ninguém. O próprio cristianismo vai além do conhecimento teórico de Deus e incentiva um relacionamento muito próximo entre a divindade e a criatura.

Quando a Bíblia diz: “quem crer, será salvo” esta afirmando que quem recebe a Cristo, tem um encontro com Cristo será salvo. Podemos tranquilamente trocar o verbo “crer” pelo verbo “receber”.

Desta forma, quem entende com certa facilidade este assunto é aquele que vivencia, ou seja, os próprios chamados.

Mas, mesmo com toda dificuldade que alguns crentes tem de entender este assunto, uns por ignorância sobre o assunto,

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outros por má vontade, outros por pura maldade, creio que o Espírito Santo pode levar todo crente a compreender este chamado, pois Ele é Deus, portanto pode fazer tudo que lhe aprouver. E esta deve ser nossa oração para que todos entendam o plano de Deus e se esmerem em cumpri-lo.

Bem, a partir disto posso afirmar que Deus tem chamado homens de um modo direto e encontramos na Bíblia vários exemplos como os chamados de: Noé (Gn. 6:13), Abraão ( Gn. 6: 8-12), Moisés (Êx. 3:10), Isaías ( Is. 6:9), os apóstolos (Mc. 1:17; Mateus 4: 18-22; João 1:35-42), Paulo (At. 26:19; At. 9: 3-19) entre outros comprovando que Deus chama homens para exercerem as mais distintas tarefas em Sua obra, e como Ele é soberano em seus desígnios, não existe um método definido para a chamada divina, mas sim tudo depende desta soberania.

Contudo, temos que diferenciar o chamado ao ministério pastoral do chamado do crente a salvação e do chamado que atinge todos os crentes ao serviço cristão de uma forma geral. Esta chamada especificamente trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da Igreja. Os destinatários desse chamado precisam ter a certeza de que Deus assim os escolhe para liderar.

Esta certeza vem internamente e posso definir como um profundo desejo de servir a Deus cuidando de uma parte de Seu rebanho e este desejo cresce a cada dia movendo a pessoa a este objetivo. Todas as outras coisas se tornam secundárias e a busca pelo preparo para isso se torna quase que uma “obsessão santa”.

A pessoa não sente prazer em mais nada que faça a não ser servir a Deus desta forma, então, o período de preparo para esta obra é para o vocacionado um período de sofrimento que necessariamente todos estes tem que passar para serem ensinados por Deus para exercer este ministério.

Há confirmação deste chamado primeiramente é divina e o crente chamado tem firme convicção dada pelo Espírito Santo disto. Porém, há a necessidade para a Igreja da confirmação de outros e isso não é problema para quem é chamado, pois este irá se diferenciar dos demais pelos dons espirituais que recebeu para exercer o pastorado além de habilidades naturais que o próprio Deus aperfeiçoa neste.

Normalmente este crente já ocupará postos de liderança mesmo antes da ordenação ao ministério pastoral e estará envolvido com certeza no ministério da pregação e ensino da Palavra de Deus, pois este crente já recebeu dons espirituais específicos para o exercício pastoral e como conseqüência autoridade espiritual para tal. Podemos dizer que a unção para exercer o serviço pastoral já é dada mesmo antes da unção litúrgica que se recebe quando da ordenação pela Igreja.

Se, todavia não há indícios destas características espirituais no candidato todo cuidado é pouco por parte da Igreja, pois pode estar havendo um engano por parte do candidato ao pastorado e se não houver um criterioso exame de suas aptidões espirituais para a função, muitos problemas futuros acontecerão, pois o preparo acadêmico não pode ser a única exigência para ser um

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pastor, mas sim deve ser conseqüência do chamado e da vocação deste crente.

O diploma de teologia não é a marca de um pastor, ele é necessário para quem foi chamado para ser pastor porque estará sendo coerente e levando a sério o serviço a que foi chamado para executar, mas o essencial para o pastorado é, acima de tudo ser chamado e vocacionado por Deus para tal tarefa.

Isso é determinado externamente pelas aptidões espirituais, ou seja, dons espirituais, habilidades e autoridade espiritual dadas por Deus e reconhecidas claramente pela Igreja de Cristo.

Ocorrendo normalmente este reconhecimento, no tempo certo de Deus este crente estará exercendo sua função no corpo de Cristo.

Tenho que ressaltar, porém, que ninguém é qualificado totalmente para o ministério pastoral do ponto de vista humano, pois à medida que este crente exerce este ministério Deus vai estar o capacitando para este serviço. Deus usa vasos de barro para Seus propósitos. A confirmação humana citada anteriormente tem em mente as qualidades espirituais da pessoa e não sua capacidade particular com relação ao serviço específico, por isso a Igreja tem que compreender o que é chamado pastoral e vocação desta pessoa para tal.

Também devo ressaltar que não se trata de um chamado a uma profissão, essa idéia não encontra respaldo na Antiga Aliança muito menos na atual. O ministério neo-testamentário é um dom e uma vocação de Deus: “E Ele concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres” ( Ef. 4:11) . A partir disto, o homem chamado por Deus deve estar consciente de que do Senhor vem a recompensa e pelo Senhor ele será julgado. ( 1 Pe. 5:2-4 e I Co. 4:3-5).

Posso definir então que chamado pastoral é um ato soberano de Deus em selecionar alguns para pastorear Seu rebanho e vocação pastoral é um desejo profundo, constante e imenso iniciado por Deus no coração deste crente que o move para buscar este objetivo com todas suas forças sem motivações externas de qualquer espécie.

O chamado e vocacionado por Deus é desprendido de sentimentos gananciosos e materialistas e acima tudo tem a convicção de que a obra de Deus é o serviço mais importante na face da terra. Incluo o profundo desejo de obedecer à voz do Bom Pastor na sua consciência, com a exigência muitas vezes, de sacrifícios e sofrimentos.

Em Filipenses 1:8 diz esse desejo ser a “entranhável afeição de Jesus Cristo”.

Veja algumas características desta chamada:

1. É divina - Não se trata de uma incumbência dada por convenção, concílio ou Igreja. Embora que estes possam ser instrumentos de Deus na chamada de alguém.

2. É Pessoal - A chamada para a salvação é universal, e a sua eficácia para todos os eleitos. Já a chamada para o ministério é pessoal. Deus tem o ministério ou serviço certo para cada

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crente, por isso distribui os dons e talentos conforme lhe aprouver. Como há vários ministérios no corpo de Cristo, Deus capacita cada um com ferramentas próprias e específicas para cada serviço.

3. É Soberana - Por Deus ser soberano é que o crente quando chamado aceita com humildade, submissão e obediência esta determinação. Quando o crente quer ir contra esta determinação se torna insatisfeito, estressado e mecânico no serviço cristão e sofre a correção de Deus para retornar ou iniciar no lugar certo, com ferramentas certas e na hora certa, um exemplo claro e clássico disto é o do profeta Jonas. Mesmo com toda sua teimosia me responda, ele foi ou não foi pregar em Nínive ? Infelizmente alguns crentes são vomitados na praia para poderem entender que Deus é soberano.

4. É definitiva - A chamada para o ministério pastoral é também uma chamada para o discipulado porque envolve algumas condições que são exigidas por Deus ao vocacionado, tais como: não ter interesse material, prioridade em Deus na sua vida, que renuncie a tudo para servir a Deus, ou seja, o crente chamado não pode impor condições, pelo contrário deve seguir algumas condições impostas por Deus e acima de tudo agradecer a Deus o privilégio de ser chamado, como o fez Paulo em I Timóteo 1:12,13.

5. É uma chamada acompanhada de autoridade - Aqueles que são chamados para o ministério também são revestidos de autoridade para o desempenho de sua missão. Deus não apenas delega responsabilidades aos seus servos; concede autoridade para sua execução. Creio, ainda, que a chave da autoridade do ministro está em saber usar com reverência e temor, pelo Espírito, o precioso nome do Senhor Jesus. Seja no ensino, na pregação, no aconselhamento, assim como ao repreender o mal e corrigir atos pecaminosos.

Concluo afirmando que a chamada e a vocação pastoral é um detalhe importante do plano de Deus, pois esta é a forma utilizada pelo Senhor para organizar Sua Igreja. Os dons e ministérios devem ser entendidos por todos os crentes porque esta é a forma que Deus idealizou para que a Igreja caminhasse aqui na terra.

Como vimos há três tipos de chamadas fundamentadas na Bíblia: a primeira é para a salvação, a segunda é para o serviço cristão e a terceira é para ministérios específicos. Nesta terceira encontra-se a que nós expusemos acima.

O Manual PastoralPode parecer estranho este tópico, pois todos concordam

que o manual do pastor é a Bíblia, mas infelizmente vemos que na prática muitos pastores não utilizam os ricos ensinamentos bíblicos para pautar suas atitudes e as do rebanho que tem a incumbência de cuidar para o Senhor. Porque digo isto? Porque está acontecendo uma grande influência nos aconselhamentos e nas pregações de outras formas de filosofias de vida e ideologias.

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O Pastor como vimos foi chamado pessoalmente por Deus para exercer um ministério fundamentado nos ensinos bíblicos. Os valores e princípios utilizados pelo pastor para sua vida e para orientação do povo de Deus devem ser exclusivamente bíblicos. A ortodoxia bíblica é fundamentalmente necessária para a função pastoral.

O crente chamado para ser pastor não tem o direito de propagar idéias pessoais sobre qualquer assunto sem ter a convicção de que esta idéia esteja alinhada com as Escrituras, ele não foi chamado para causar polêmicas nem discussões inúteis, Deus deu a ele condições, autoridade, dons e habilidades para exercer de forma correta o pastorado, não para usar isto com displicência e sem responsabilidade.

O manual de regra e prática de todo crente e muito mais do pastor é a Bíblia e ela deve ser utilizada em todas as situações pastorais, seja administrativamente, socialmente, particularmente, liturgicamente, emocionalmente ou espiritualmente. Todas as circunstâncias da vida encontram na Bíblia princípios a serem aplicados para agirmos segundo a vontade de Deus.

Todas as outras ferramentas usadas pelo homem para dar-lhe paz e tranqüilidade são inúteis, apenas maquiam, iludem, pois o homem pelo homem não encontra solução para sua vida. Só em Jesus ele a encontrará, e a Palavra de Deus (a Bíblia) tem todas as orientações para a cura do homem em Jesus. O pastor que se utiliza das ferramentas humanas para ensinar, consolar, confortar, motivar ou encorajar o rebanho de Deus a seus cuidados peca contra o Deus que o chamou e certamente prestará contas disto a Ele.

Creio que quando se trata de Igreja as soluções humanas são inaceitáveis. A psicologia e a filosofia só trouxeram para dentro da Igreja confusão e distorção. Os pais destas ciências sempre foram ateus convictos com aversão pelo cristianismo e por Deus. Freud era um insano com idéias subjetivas que se tornaram quase que leis para explicar o comportamento humano e curar as doenças da alma. Da psicologia veio a psicanálise, uma aberração, a meu ver, pois parte de um pressuposto absurdo que é o seguinte: o homem analisando o comportamento e a vida de outro pode descobrir o porque de seu temperamento, caráter ou personalidade bem como seus traumas, complexos ou desvios. Se o homem pudesse realmente fazer isso, com certeza ele resolveria os seus próprios problemas, mas o que vemos é que nem os psicanalistas conseguem entender eles próprios e se arrogam no direito de entender e explicar sobre outros e mais, ainda ganham para isso. O único que pode entender o homem em todos os seus aspectos, corpo, alma e espírito é seu criador, Deus, qualquer outra tentativa para isso é perda de tempo. Em Jeremias 17: 9 Deus diz que o coração do homem é enganoso e corrupto e faz uma pergunta: quem o conhecerá? O próprio Deus responde sua pergunta no v. 10 e diz: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os pensamentos...” Só Deus pode compreender e curar o homem, pois o problema, o mal que assola o homem é o

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pecado não idéias absurdas de Freud, Jung ou filósofos como Nietzche.

Lamentavelmente o que vejo hoje são pastores e ministros fazendo aconselhamento pastoral e utilizando para isso métodos de abordagem da psicologia, encorajando os membros de suas Igrejas a pensarem positivo e assim por diante, conselhos que não tem fundamento nem consistência bíblicos.

Desgraçadamente vejo pastores e pregadores subirem aos púlpitos para propagarem idéias de auto-ajuda e mensagens motivacionais com princípios anti-bíblicos e valores humanos para a vida e o pior, usando textos bíblicos de forma desonesta para justificar suas posições.

Tristemente vejo crentes sendo ensinados e até incentivados a buscar ajuda em terapias e profissionais desta área para resolverem problemas de relacionamento conjugal, criação de filhos, depressão, falta de paz, etc. Outro dia soube pela própria pessoa, um pastor, que ele próprio precisava de remédios para poder dormir por falta de paz e excesso de ansiedade, e se aconselhava com um psicólogo para ter condições para pastorear. Ora, isso realmente é vergonhoso e completamente absurdo, pior do que um incrédulo herege é um pastor herege.

Isto é a contramão do cristianismo, é completamente contrário a tudo que a Bíblia ensina. E os pastores têm a responsabilidade de ensinar o povo de Deus a buscar a Deus para ter a orientação do que fazer diante dos problemas da vida humana.

O problema do ser humano se chama pecado. O causador deste problema se chama diabo. Todos os demais problemas do homem decorrem deste problema principal, o pecado. Sem resolver este problema não adiantam tentar resolver os outros, não se chegará a lugar nenhum, ou melhor, se chegará sim a um lugar, o inferno.

A única solução para este problema se chama Jesus Cristo. Só Ele pode restaurar o homem e religá-lo a Deus.

As ferramentas que o pastor vai utilizar para ensinar esta verdade contida no manual pastoral que é a Bíblia vão ser os seus dons espirituais, sua autoridade (unção) espiritual, a sabedoria de Deus e os seus talentos naturais a serviço do reino de Deus. O próprio Deus já capacitou o pastor com tudo que ele precisa para o bom exercício deste ministério, se utilizar de outras ferramentas não é aconselhável por não ser uma forma bíblica de agir.

O pastor como alguém chamado por Deus para cuidar do povo de Deus tem que ter consciência e convicção disto e ensinar o povo a buscar em Deus direção e orientação para sua vida. E ponto final.

Os Falsos PastoresLamentavelmente, tenho que afirmar que este assunto que

vamos tratar agora, está cada vez se tornando mais real para a Igreja de Cristo. Não é de assustar, pois a Bíblia já nos adverte quanto a isso desde o VT.

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Muitas pessoas atualmente são chamadas de “pastores”, porém nunca foram chamadas por Deus para o serem. Em meus anos de Igreja já encontrei alguns “profissionais de púlpito” que se utilizam de seus cargos para angariarem notoriedade e segurança financeira. Outros se utilizam do cargo para se aproveitar do rebanho executando em oculto transações comerciais com dinheiro da Igreja com fins de lucro pessoal e ouso afirmar que alguns são mesmo enviados de satanás para causarem confusão e escândalo.

Pessoas que buscam o interesse próprio e o de sua família sem considerar o rebanho e a sua missão como pastor de ovelhas. Certa vez constatei que um destes “falsos pastores” submetia o rebanho a pagar inclusive vacinas e veterinário de um animal doméstico que lhe pertencia e além disso se utilizava do trabalho indevido e ilegal de dependentes químicos em uma casa de recuperação que dirigia, fazendo-os “vender quinquilharias” nos semáforos e residências( trabalho este não remunerado) para angariar fundos para uso duvidoso de sua parte.

Estes profissionais e aproveitadores de rebanhos são na realidade pessoas de má fé, oportunistas, que se infiltram nas Igrejas demonstrando uma falsa espiritualidade, ensinando o povo a dar ênfase na busca pela prosperidade financeira e pressionando e induzindo os crentes a darem tudo ou o máximo que puderem em dinheiro e bens para a Igreja pois desta forma serão abençoados por Deus. Chegam ao cúmulo de arrecadarem em seus cultos duas e até mais vezes, as ofertas. Fazem isso não visando a benção do povo, mas evidentemente o enriquecimento próprio e o crescimento numérico de suas congregações, já que ensinam que “é dando que se recebe”, uma forma completamente equivocada e desvinculada do ensino bíblico ortodoxo.

Enganam líderes ingênuos, desatentos ou simplesmente enganam líderes que buscam inovações sem medir suas conseqüências.

O texto de Colossenses 2:8 diz o seguinte: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo a Cristo...” . Esta advertência de Paulo aos irmãos Colossenses é bem aplicada nesta situação.

Porém as Igrejas, eu ressalto, não devem fechar as portas para estas pessoas, pois Jesus pode restaurar estas vidas, porém nunca devem ser recebidas e aceitas em cargos de liderança muito menos em posições de dirigir e pastorear pontos de pregação, congregações ou Igrejas locais. Isto seria um perigo e uma irresponsabilidade enorme de quem está na liderança de qualquer denominação evangélica.

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Há outro tipo também de “falso pastor”. Este segundo tipo é aquele que não é desonesto como os que

mencionei, mas não foi chamado para este ministério e insiste em permanecer. Isso causa transtornos imensos para a Igreja, pois por não ser vocacionado para tal função não tem as ferramentas necessárias para exercê-la e o trabalho se torna infrutífero e sem objetivo.

Neste pastor não há o desejo de se aprofundar no estudo da Bíblia e, por conseguinte alimentar o povo cada vez mais com alimentos nutritivos e necessários.

A conseqüência disto, são sermões sem conteúdo e sem sentido, normalmente cansativos e repetitivos, demonstrando nitidamente a falta de preparo e mesmo disposição do pastor em prepará-los . Ressalto que o pastor não precisa ser necessariamente um pregador eloqüente e carismático, porém deve pregar corretamente e aplicar os princípios divinos para a vida do homem hoje com responsabilidade e conhecimento bíblico.

Deve alimentar o rebanho sistematicamente com tudo aquilo que este precisa, que Deus o dirige a servir. Para isso, o pastor gastará tempo em leitura, meditação e estudo de sua Bíblia bem como em oração e devoção diária. O aperfeiçoamento e a busca de maior conhecimento bíblico e geral deve ser uma tarefa constante na vida do verdadeiro pastor e isso ele faz naturalmente porque o Espírito Santo o leva a amar o rebanho e ter prazer nisto.

Já o “falso pastor” não sente prazer nesta tarefa e a considera cansativa e sem muita utilidade. Defende na maioria das vezes a tese de que “Deus me revelará Sua vontade” e por isso não se prepara adequadamente para pregar ou ensinar. Sua atuação então se torna medíocre e certamente todo o rebanho perceberá isso, e não terá a confiança necessária para respeitá-lo como líder espiritual.

Outra característica desse “falso pastor” é a falta de amor pelas ovelhas. Ele não foi preparado por Deus para suportar os problemas e situações que se sucedem no ministério pastoral. Ele não tem “coração de pastor” e por isso trata as ovelhas a distância e não quer de forma alguma conhecê-las mais profundamente, porque se fizer isso vai ter que ajudá-las, entendê-las, aconselhá-las e fazer todo o possível na força de Cristo para conduzí-las a restauração. Este processo todo para o “falso pastor” é muito difícil e complicado porque tudo isso depende do amor que ele tem pela ovelha, e isso infelizmente ele não tem o suficiente. Ele se torna muitas vezes apenas um administrador de coisas e as pessoas de sua comunidade são deixadas para elas mesmas se cuidarem.

Conclusão:Os dois tipos de “falsos pastores” que citei são danosos para a

Igreja de Cristo e provocam um desconforto entre os verdadeiros pastores. Cabe a Igreja de Cristo identificar esses falsos líderes e adverti-los quanto ao erro que estão cometendo, bem como os verdadeiros pastores cabe o confronto bíblico com estes falsos pastores e de forma alguma pode existir o corporativismo nestas

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questões. A verdade bíblica é absoluta e deve ser comunicada a todos.

Para encerrar este tópico, cito o texto abaixo:Filho do Homem, profetiza contra os pastores de Israel,

profetiza e dize-lhes: Ai dos pastores de Israel que apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curaste, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o elevado outeiro; as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque. Portanto. ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e se tornaram pasto para todas as feras do campo, por não haver pastor, e que os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas. Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas, porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto. Porque assim diz o Senhor: Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei...” Ezequiel 34: 2-11

Que Deus tenha misericórdia destes “falsos pastores”!