Uma Publicação da União Brasileira do Biodiesel e ... · Desde sua criação, em 2007, a...

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ESPECIAL 10 ANOS Uma Publicação da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene - Ubrabio ano X - Edição nº 8

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ESPECIAL 10 ANOS

Uma Publicação da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene - Ubrabio

ano X - Edição nº 8

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A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) é uma associação sem fins econômicos que representa nacionalmente toda a cadeia produtiva desses biocombustíveis. Desde sua criação, em 2007, a entidade lidera o segmento e atua como interlocutora entre sociedade e governo para mobilizar e unir esforços, recursos e conhecimentos na busca pelo desenvolvimento do setor.Focada em colaborar com a trajetória virtuosa do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), e agora com o RenovaBio, além de atuar em prol da estruturação do Segmento de Combustíveis Renováveis de Aviação no Brasil, a Ubrabio coopera com a execução de políticas socioeconômicas e contribui diretamente para a substituição gradual dos combustíveis fósseis na Matriz Energética Brasileira; incentivando a agricultura familiar e agregando valor às matérias-primas produzidas no país.Nossos principais objetivos são o estímulo à produção, comercialização, realização de pesquisas, e elaboração de projetos e propostas a favor do aperfeiçoamento regulatório de toda a cadeia produtiva, na busca pela previsibilidade para o setor e evolução do uso do biodiesel atrelada às suas externalidades positivas.A representação da Ubrabio compreende produtores de biodiesel e bioquerosene e das matérias-primas necessárias à produção, além de fornecedores de equipamentos, agroindústrias de extração de óleo vegetal e farelos, indústrias de insumos químicos, tecnologias e serviços relacionados ao setor.

PresidenteJuan Diego Ferrés - GRANOL Indústria, Comércio e Exportação S.A.Vice-Presidente de Assuntos TributáriosIrineu Boff - OLEOPLAN S.A - Óleos VegetaisVice-Presidente de Assuntos Jurídicos Julio Valente Jr. Junior - LINKER Consultores AssociadosVice-Presidente Administrativo Pedro Granja - FIAGRIL Ltda.Vice-Presidente Financeiro Antin Bianchini - BIANCHINI S.A. – Indústria, Comércio e Agricultura.Vice-Presidente TécnicoMarcos Boff - PALMAPLAN Agroindustrial Ltda. Diretor de Biocombustíveis de Aviação Pedro Scorza - GOL Linhas Aéreas Inteligentes Diretor de OGR - Óleos e Gorduras Residuais Paulo José Fuga - FUGA COUROS S.A.Vice-Presidente de Relações Associativas e InstitucionaisPaulo Mendes - B100 Participações Ltda.

Diretoria ExecutivaDiretor SuperintendenteDonizete TokarskiDiretor ExecutivoSergio Beltrão

Comunicação SocialCoordenadora de ComunicaçãoNayara MachadoDesigner de Interface GráficaMichael Danglen MonteiroEstagiáriaMaria Clara GonçalvesImpressão1.000 exemplares - Gráfica Artecor

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diante de uma oportunidade inigualável. Rico em biodiversidade, terras férteis e gente qualificada, o país pode consolidar o protagonismo no uso de biocombustíveis, deixando sua matriz energética ainda mais limpa, agregando valor à produção agrícola, descentralizando a indústria e ampliando os postos de trabalho.

Sem dúvida, estamos diante de um momento único, em que temos a chance de sair na frente em direção ao desenvolvimento sustentável. E a Ubrabio convida a sociedade a fazer parte dessa transição energética: que combustível queremos para avançar?

Boa leitura!

Em 2017, a Ubrabio celebra dez anos de trajetória como a principal entidade representativa do setor. Muitas foram as conquistas ao longo dessa década, que colocaram o Brasil em posição de destaque no cenário internacional, como o segundo maior produtor e consumidor de biodiesel no mundo. Ao longo das próximas páginas, compartilhamos essa história, o trabalho que vem sendo feito e os caminhos que ainda temos a percorrer em direção à bioeconomia.

Com os compromissos assumidos internacionalmente para substituição dos combustíveis fósseis por renováveis, o Brasil está

Trabalhando por um Brasil sustentável

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Editorial

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Conteúdo

5 ........................................ Mobilidade, poluição e saúde pública em questão

12 ..........................História contada por quem faz

18 ............ Marco regulatório e mistura obrigatória

23 ......................... B20 Metropolitano e qualidade de vida para a população

24 ........................... RenovaBio e Acordo de Paris

28 ........................ O melhor combustível do Brasil

32 ....................................................... Novos Voos

36 .................................. Ubrabio celebra 10 anos com seminário de alto nível

44 .......................De olho na pesquisa e inovação

48 ..............................................Ubrabio adere ao Movimento Combustível Legal

50 .....................................Terceira maior usina do país se associa à Ubrabio

52 .......................... Prisma Brazil celebra 10 anos

54 ...........................Programa Novo Óleo atinge a marca de um milhão de litros coletados

55 .................... Bianchini recebe cooperativas da agricultura familiar em Dia de Fábrica

56 ................Soluções garantem sustentabilidade e produtividade na cadeia do biodiesel

57 ...............Representantes da Mitsubishi visitam usina experimental de biodiesel em Brasília

58 .......................... below50: Brasil pode ser o mais importante player internacional

62 ........................................... Emitir vai ficar mais caro para o setor aéreo

68 ........................................ A hora do RenovaBio

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Mobilidade, poluição e

saúde pública em questão

Qualidade do ar que a população respira está diretamente ligada ao combustível que ela usa

Em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma revisão nos padrões de qualidade do ar. A emissão diária de material particulado, de acordo com o órgão, não deve ultrapassar 25 µg/m³ (microgramas por metro cúbico). A partir de 50 µg/m³o nível é considerado de emergência, podendo causar danos à saúde. No Brasil, esses padrões ainda seguem o estabelecido na década de 1990 e o nível tolerado é de 150 µg/m³ – três vezes o nível de emergência da OMS.

Enquanto em cidades como Londres e Paris, o nível considerado de emergência é 80 µg/m³, em São Paulo é 500 µg/m³, igual ao da China. Na Cidade do México, a partir de 300 µg/m³ a qualidade do ar é considerada perigosa, segundo informações do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Cada vez mais, especialistas alertam para a associação entre o agravamento de doenças respiratórias, cardiovasculares e neurológicas, especialmente em crianças e idosos, com a poluição do ar, principalmente nos grandes centros urbanos.

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No Brasil, cerca de 84% da população vive em áreas urbanas, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A poluição atmosférica gerada pelo uso de combustíveis derivados de petróleo tem um custo anual de R$ 6,7 bilhões, no país, aponta o Relatório Geral do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP). Desse total, R$ 2,4 bilhões são relativos à poluição causada pela queima de diesel fóssil.

O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, destaca estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo que mostra que, somente no estado de São Paulo, a emissão de material particulado (a chamada fumaça preta) leva

anualmente a óbito 17 mil pessoas - a maioria crianças e idosos. “Além disso, os gastos do Estado de São Paulo por problemas de saúde decorrentes da poluição chegam a R$ 300 milhões por ano. Sustentabilidade e sobrevivência são sinônimos. É preciso refletir sobre como trabalhar a economia do futuro e construir infraestruturas baseadas em matrizes limpas e permanentes”, comenta.

A visão de que desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental devem andar de mãos dadas é compartilhada pela Ubrabio. “O modelo atual do setor de transportes no Brasil, baseado em combustíveis fósseis, representa uma ameaça à qualidade de vida da população. Se, por um lado, precisamos diminuir a quantidade de veículos nas ruas, investindo em transporte público de qualidade, por

outro, é preciso tornar este transporte coletivo sustentável. É uma questão de saúde pública”, defende o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

Há dez anos a Ubrabio defende que seja adotado um modelo de transporte público mais limpo nos centros urbanos brasileiros, com o uso de 20% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil – o B20 – que abastece ônibus nas grandes cidades. O projeto foi implantado em São Paulo, entre 2011 e 2013, com cerca de dois mil ônibus usando B20. Em Brasília, o ano de 2017 começou com uma novidade: os veículos que fazem o transporte público no trajeto que liga os ministérios, Praça dos Três Poderes, Catedral, Teatro Nacional, Rodoviária do Plano Piloto, tribunais, Palácio do Buriti e Estádio Nacional contam com a mistura B20.

“O modelo atual do setor de transportes

no Brasil, baseado em combustíveis fósseis,

representa uma ameaça àqualidade de vida

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Ônibus movidos a B20 circulam em BrasíliaCada ônibus abastecido com o combustível renovável reduz a emissão de CO2

equivalente ao plantio de 130 árvores por ano, comparado ao diesel fóssil

Uma linha de ônibus abastecidos com 20% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil, o chamado B20, começou a circular no dia 12 de janeiro de 2017 na área central de Brasília.

Os ônibus, que utilizam 20% de combustível fabricado a partir de fontes renováveis, como óleo de soja, gordura animal, óleo de algodão e óleo de fritura usado, têm o piso mais baixo, dispensando a necessidade de

“Tudo que acontece em Brasília reflete no país todo,

então a gente espera que isso possa ser replicado

para outras cidades

escadas, além de contar com ar-condicionado. Sem custos adicionais.

Para o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, esta é uma iniciativa notável do governo de Brasília e da empresa que opera a linha, a Piracicabana, de reconhecer a importância do biocombustível.

“Poder proporcionar isso à população da cidade em que eu vivo dá um diferencial

a mais no nosso trabalho. A capital federal é um exemplo, tudo que acontece em Brasília reflete no país todo, então a gente espera que isso possa ser replicado para outras cidades. Além disso, o problema ambiental é uma questão que atinge a todos. Quando fazemos um benefício ambiental, estamos beneficiando toda a sociedade” comentou Tokarski, durante o lançamento.

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Ubrabio: Os motores precisaram ser adaptados?FD: Nenhuma adaptação. Esses ônibus novos já são preparados com motores com garantia para utilização dessa mistura B20, que já é autorizada inclusive pelo Conselho Nacional de Política Energética – CNPE.

Ubrabio: O uso do B20 vai impactar o preço das passagens?FD: Nenhum custo adicional. Esse biocombustível não impactou financeiramente para o sistema, mas traz muitos benefícios para a sociedade.

Três peguntas para o secretário de Mobilidade do DF, Fábio Damasceno:Ubrabio: Por que usar o B20?Fábio Damasceno: Primeiro, devido à importância de colaborarmos com a melhoria ambiental. O B20 com todas as características que ele traz, principalmente com esses nove carros que equivalem à plantação de aproximadamente 1,2 mil árvores por ano, é muito importante para a qualidade ambiental de todo o Distrito Federal. Por ser um combustível de fontes renováveis, o biodiesel abre novos horizontes para produção de soja e aproveitamento do sebo animal e do óleo de fritura, enfim, abre novos caminhos em relação à produção de combustível sustentável, à redução do uso de diesel fóssil e à mitigação da emissão de poluentes. É uma nova fronteira que o Distrito Federal atravessa na qualidade de vida, do ar e da mobilidade urbana.

Passando dos limitesUm estudo do Greenpeace

divulgado em agosto de 2017 mostra que mais de 80% das cidades no mundo estão expostas à qualidade do ar que excede os níveis preconizados pela OMS. No Brasil, quarenta cidades que monitoram a qualidade do ar estão expostas a níveis de poluição superiores aos seus limites.

“Dentre as medidas a serem tomadas para reduzir os efeitos negativos da poluição do ar, ressalta-se a importância de se agir diretamente nas fontes de emissão de poluentes. A maioria delas são diretamente influenciadas pelas tecnologias energéticas e de combustíveis utilizados e, portanto, a prevenção de doenças associadas à poluição atmosférica depende da aplicação de políticas setoriais específicas que objetivem a diminuição da poluição na sua fonte”, afirma o documento.

O estudo está disponível na página da Ubrabio: ubrabio.com.br na aba Publicações.

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os materiais particulados, nocivos para a saúde. No Setor de Transportes do Brasil, cerca de 96% das emissões de material particulado está associada ao diesel fóssil. Este poluente atmosférico é composto de sólidos com diâmetro reduzido, que penetram as vias respiratórias podendo causar diversos problemas. O biodiesel é uma alternativa viável para diminuir essas emissões”, explica o consultor técnico da Ubrabio, Donato Aranda.

De acordo com avaliação preliminar da Ubrabio, caso a região metropolitana de

Campinas, que envolve ainda 19 cidades, adotasse o B20, cerca de mil mortes e 8 mil internações associadas a problemas respiratórios seriam evitadas em um horizonte de dez anos. A substituição do diesel fóssil geraria, ainda, em uma década, a economia de R$ 25 milhões aproximadamente, decorrente de gastos somente com internações públicas e privadas.

A prefeitura de Campinas-SP integra o Grupo de Liderança Climática das Cidades (C40), a maior rede de cidades globais comprometidas com medidas para conter as mudanças climáticas, e está em busca de agendas que tornem o município sustentável, de acordo com os objetivos da plataforma.

Como o setor de transportes é um fator significativo de emissões de poluentes, o município estuda alternativas para mitigar as emissões, e o biodiesel mostra-se como a oportunidade mais viável.

Com o B20 voluntário, os ganhos ambientais serão significativos. “Um ônibus usando B20 reduz, em um ano, a emissão de 18 toneladas de CO2, quando comparado a um veículo abastecido com diesel fóssil puro”, explica Tokarski.

Campinas estuda usar B20 para reduzir poluiçãoSetor de transportes é um fator significativo de emissões

no município, que estuda alternativas para mitigar a poluição

A prefeitura de Campinas está estudando a criação de um programa que promova o uso de B20 (20% de biodiesel no diesel fóssil) no transporte público do município. Em reuniões com os secretários do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, de Transportes, Carlos José Barreiro e de Saúde, Cármino Antônio de Souza, a Ubrabio apresentou a proposta e abordou as vantagens do B20 para a saúde pública.

“A combustão do diesel fóssil gera um conjunto de poluentes, entre eles

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Os benefícios ambientais do uso de 20% de biodiesel, o B20, no transporte público de Maricá-RJ foram apresentados pelo diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, durante reunião com o presidente da Empresa Pública de Transportes (EPT), Fabiano Filho, e o diretor de Planejamento e Tecnologia da EPT, Amilcar Carvalho, em setembro.

Segundo Carvalho, a empresa pública que presta o serviço de transporte é uma autarquia da prefeitura de

Maricá que vem buscando formas de diminuir o impacto da frota que utiliza diesel fóssil. “Estamos convictos de que o biodiesel é o melhor combustível a ser utilizado”, afirmou o diretor.

Em todo o mundo, governos e empresas vêm buscando alternativas para substituição do diesel fóssil, considerado pela Organização Mundial da Saúde como causador de câncer.

A frota de Maricá conta com 30 ônibus para fornecer o transporte público gratuito a

Prefeitura de Maricá estuda uso do B20

toda população, e a expectativa é aumentar para 38 veículos. Segundo Carvalho, além de usar o B20 nesses ônibus, a autarquia estuda, em conjunto com a Prefeitura, a adoção de combustível renovável nos demais veículos do Município. Para isso, está em contato com a distribuidora para atender a demanda.

“A prefeitura tem uma preocupação muito grande com a questão ambiental, porque o nosso maior patrimônio é a biodiversidade”, explicou. ■

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Antin Bianchini (Bianchini S.A.) Vice-Presidente Financeiro da UbrabioA Ubrabio é uma organização de vanguarda no cenário brasileiro no tocante à implantação e produção de biodiesel. A nossa empresa entrou na Ubrabio a partir de 2012, quando o programa de biodiesel estava em andamento e a entidade já era reconhecida nacionalmente por sua ação pioneira e inovadora na exploração de pontecialidades do uso de biocombustiveis no Brasil. Desde então, a Ubrabio vem consolidando sua trajetória de gestão junto ao governo, formulando políticas que permitem o avanço do consumo de biodiesel no Brasil, oferecendo à sociedade uma matriz energética cada vez mais sustentável.

Pedro Granja (Fiagril) Vice-Presidente Administrativo da UbrabioCom muita felicidade eu participo da Ubrabio através da atuação da Fiagril dentro do setor de biodiesel. Neste período, criamos um vínculo não só profissional, mas de muita amizade. Isso fez com que nós evoluíssemos, tanto no setor de biodiesel, quanto na nossa estrutura como associação. A Ubrabio atua de forma brilhante em seus negócios. O biodiesel e o bioquerosene têm um suporte digno da sua robustez. Essa geração de valor é fruto de muito trabalho e dedicação de todos os seus membros. Não chegamos aqui à toa, mas através do trabalho de muita gente que acreditou e investiu no programa, para que o biodiesel pudesse hoje estar presente na vida do brasileiro.

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Ubrabio 10 anos

A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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História contada por

quem faz

Presidente do Conselho Superior da Ubrabio e sócio da Granol desde 1975, Juan Diego Ferrés foi um dos primeiros entusiastas da indústria de biodiesel no Brasil. Em entrevista para a Revista Biodiesel e Bioquerosene em Foco, Diego conta como o biodiesel entrou na agenda brasileira para em pouco tempo colocar o país na posição de segundo maior produtor mundial do biocombustível. O presidente da Ubrabio também fala sobre a construção do primeiro marco regulatório, a definição do modelo de comercialização e como as mudanças climáticas vão levar a um novo modelo de consumo e precificação dos combustíveis, citando como exemplo o RenovaBio.

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Entrevista

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Quando o biodiesel começou a entrar na pauta brasileira?

No final de 1999, início dos anos 2000, o biodiesel era uma novidade. Eu fui convidado para palestrar em um seminário da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) nessa época, fundamental porque foi bem no começo e contou com a presença de importantes personalidades do setor, como o presidente da Petrobras. Outra participação de destaque foi a do José Goldemberg, que hoje é presidente da FAPESP. Ele, que foi um dos arquitetos do ProÁlcool e já tinha bastante conhecimento sobre biocombustíveis, fez a maior parte das perguntas. Foi importante porque ninguém perguntava muita coisa, porque nunca tinham ouvido falar de biodiesel, então eu tinha que explicar até o que era a molécula de éster que substitui o óleo diesel.

O biodiesel já era utilizado em outros países? Como foi que se começou a falar sobre isso no Brasil?

A gente pesquisou a experiência europeia. A França e a Áustria estavam na vanguarda. Mais à frente, a Itália e a Alemanha também seguiram a tendência. Nós aproveitamos a experiência deles, buscamos referências nas instalações. Uma foi a BDI austríaca e depois uma empresa francesa, a Di-Ester, uma empresa de cooperativas que tinham duas fábricas nacionais (França) de biodiesel. Eles desenvolveram a tecnologia e a gente fez um trabalho de pesquisa tecnológica, recebemos comitivas que tinham o interesse de estender essa iniciativa para o Brasil para encontrar mercados que não concorressem com o mercado deles. E aqui nós tinhamos a soja. Então nós fizemos um trabalho muito bom entre o ano 2000 e 2003 e começamos a levar a ideia para o governo de criação de um programa que depois virou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).

Como foi a recepção do governo?

O programa de biodiesel inicialmente foi conduzido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), à frente do desenvolvimento da tecnologia do biodiesel. Foi criada uma rede de desenvolvimento e colaboração para estender a todo o país o conhecimento dessa tecnologia. Isso durou até o final do governo Fernando Henrique Cardoso, ainda sem nenhuma estruturação prática do programa. Mudou o governo e nós fomos falar com o então presidente Lula. Ele adorou, mas havia uma grande resistência contra a soja, principalmente, na Casa Civil. O José Dirceu era o ministro na época. Depois tudo isso mudou. O programa saiu do MCTI e ficou com a Casa Civil, em 2004, o embrião do PNPB.

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Entrevista

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Quais foram os primeiros gargalos nesse início?

Parte das dificuldades que a gente teve que enfrentar foi no Congresso Nacional, quanto ao desenho social do programa incluindo a agricultura familiar, além de superar os preconceitos contra a soja e a questão da diversificação de matérias-primas – que não andou muito, mas tem que andar. Precisamos desenvolver outras formas de produzir biodiesel com matérias-primas que não são safras anuais, com palmáceas como dendê, macaúba, babaçu. O Brasil tem mais de 200 potenciais matérias-primas para o biodiesel, além de outros produtos.

Por que a soja se sobressaiu em relação a outras matérias-primas?

Porque a soja é produzida não apenas pelo óleo, mas também pelo farelo. O farelo tem um valor muito significativo que faz com que, mesmo que o óleo perca valor, como acontece em certos períodos de superoferta, a produção tenha valor pelo farelo, pela proteína, para cadeia de carnes.

Como mudar isso?Com previsibilidade e

segurança jurídica. Uma forma é garantir que, através das políticas adotadas, mesmo que caia o preço, nunca caia tanto que inviabilize ao ponto de criar rupturas do crescimento. Essas rupturas são muito ruins porque perdemos décadas de desenvolvimento. Se o produtor investe em ciência, tecnologia, conhecimento agronômico, boas técnicas de plantio, como melhorar geneticamente as variedades para os objetivos postos e há uma ruptura, isso tudo vai por água abaixo e se fia aos pedaços.

Quando começou a produção de biodiesel no Brasil as indústrias já eram grandes?

Não. Não eram indústrias grandes. Elas foram crescendo e aumentando a escala e reduzindo custos. A Granol, por exemplo, começou com duas instalações, uma de 330 mil litros por dia, e outra de 440 mil litros por dia, em 2006, e eram as maiores que existiam no Brasil. Hoje tem uma de 1.033 m³ por dia, em Anápolis.

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Entrevista

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Mas elas já começaram integradas à industria de esmangamento?

Sim. Essa é uma condição fundamental, porque até pela estrutura de tributação e pela logística, a atividade precisa estar integrada, pelo menos parcialmente. Totalmente desintegrada, e dependendo de matéria-prima, é dificil que se consiga sobreviver por muito tempo. O óleo custa mais caro, porque se alguém o produziu vai ter uma apropriação de valor: ele teve que comprar o grão para produzir o óleo e exportar ou vender o farelo e esses custos serão repassados na hora de vender o produto, no caso o óleo, para o produtor de biodiesel. Se você juntar os dois elos em uma unidade única, o empreendedor que é integrado tira o lucro das suas atividades conjugadas, e também não tem logística.

Como foi que se venceu o preconceito com a soja e começou a desenhar o PNPB?

Foi nessa época, em 2004, na Casa Civil, com a criação da CEIB (Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel), que chegou a ter 14 ministérios. Mas quem assumiu o protagonismo foi o Ministério de Minas e Energia. A ministra na época era a Dilma Rousseff, que trouxe uma figura importante para superar a questão da soja, a Graça Foster. Elas chegaram à conclusão de que sem soja não teria programa de biodiesel. Não há como você imaginar sair do zero com matérias-primas que precisam começar a ser produzidas do zero também. O programa precisava começar com escala já razoável, face até à escala do petróleo.

Hoje, o biodiesel está na ordem de 4 bilhões de litros por ano, frente ao mercado de diesel que é de mais de 50 bilhões de litros. Sem o óleo de soja, que é cerca de 80% da produção, nós estaríamos produzindo somente 800 milhões litros, ao invés dos 4 bilhões atuais. Não haveria um programa significativo, não existiria Ubrabio, nada. Então lá em 2005 foi criado o programa, com a Lei 11.097/2005 e tivemos o primeiro leilão.

Por que foi decidido o modelo de comercialização via leilão?

Para poder legitimar o processo licitatório. Se não tivesse seria muito mais frágil. O modelo de leilão oferece abertura para que as diversas empresas interessadas participem. A administração pública exige os princípios de transparência, publicidade e economicidade. Como foram os primeiros leilões?

No primeiro leilão, era esperado que só uma empresa participasse, mas para surpresa apareceram cinco ofertas. A Granol foi uma delas. Mas era facultativo. As distribuidoras que optavam tinham que adicionar 2%. Só que apareceu uma distribuidora, a Ale, que achou muito esperto para o marketing dela, porque poderia colocar 2% de biodiesel e já tinha a denominação de vender biodiesel. Isso teve um impulso próprio de marketing institucional pelo fato de ser a primeira. Tanto foi que a Petrobras copiou e foi a segunda a adicionar 2%. Depois passou a ser obrigatório e dali em diante foi entrando num mandato crescente, passou para B3, B4... cada progressão de mistura era uma luta, como está sendo agora o B10. Cada salto foi um parto.

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Por que representar toda a cadeia?

Porque a cadeia era inexistente. Precisava promover as condições para que todos os setores crescessem de uma forma harmonizada. A cadeia precisa de tecnologia, fabricação de equipamentos, formação de técnicos, fornecedor de insumos, pesquisa agronômica, pecuária (com o uso do sebo na cadeia) etc. Se você só representa os produtores, fica com um monte de pontas soltas. O setor não pode crescer porque ele não completa as necessidades do programa. O programa precisa dos insumos e de conhecimentos difundidos, não apenas conhecidos e pesquisados. Ou seja, que técnicos e engenheiros desenvolvam a pesquisa e disponibilizem esse conhecimento para que haja pessoal qualificado nas atividades industriais. O setor precisa abranger tudo, senão você vai ter que importar os equipamentos, os insumos, depender de tecnologia estrangeira. O serviço fica incompleto. O Brasil pode fazer tudo. Não precisa de nada do exterior. Pode até ter uma dependência do exterior para ter competitividade, mas pode ser o mais autosuficiente possível num cenário aberto e global.

Quais foram os primeiros pleitos?

Primeiro era que se criassem bases transparentes concorrenciais, que o governo providenciasse oportunidades para todos os empreendedores que quisessem produzir, sempre com base de concorrência e um relativo equilíbrio de oferta e procura. Isso sempre foi muito colocado e não suficientemente conquistado. Então nós tivemos diferentes crises por excesso de oferta, por entusiasmo do produtor, porque é um sistema aberto e, por outro lado, porque a demanda depende do petróleo que pode ir de US$ 200 a US$ 50 dólares por barril.

Como foi formatado o PNPB? A Lei 11.097/2005 agradou o setor na época?

Foi formatado e discutido na CEIB. Foi um processo estruturante até bonito. Todo mundo discutia e participava das reuniões. A lei agradou. Só que ninguém estava pronto. Nós da Granol, inclusive, que fornecemos desde o primeiro leilão, adaptamos uma fábrica de uma indústria química muito antiga em Campinas. Como a Ubrabio surgiu nesse processo?

Em 2007, já havia algumas tentativas de pessoas de fora do setor querendo formar uma representação, apenas para ocupar esse espaço. Então nós, envolvidos com o programa, achamos melhor criar uma entidade legitimada e todo mundo aderiu. Desde o início, a proposta da Ubrabio foi representar toda a cadeia produtiva. Nós queríamos um programa que colocasse o crescimento do próprio programa como um objetivo final.

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O modelo de mistura obrigatória dá estabilidade para o setor?

Essa fórmula da mistura obrigatória é uma boa fórmula, mas não é eterna, porque a mistura obrigatória determina um volume de demanda que precisa ser compatível com a oferta, de forma que tenha um pouco de excesso de oferta para que seja concorrencial. Mas também não pode ser como está hoje, com o dobro de capacidade de produção em relação à demanda. Uma unidade de produção que fica parada é caríssima e retroalimenta a ineficiência do programa. Você não pode ter 2x para produzir x, porque esse x que sobra custa instalações, depreciações, energia. Muitas empresas ficaram inviabilizadas, saíram do setor ao invés de usar esse potencial para que o Brasil tivesse uma produção ainda maior, com um grau mais avançado de sustentabilidade.

Por que a mistura obrigatória não pode ser uma eterna solução?

Porque a concorrência com outras fontes de energia, como o petróleo, não considera outros custos. Por exemplo, o petróleo vai baixar de preço sempre que necessário, mas ele não pode ser usado de uma forma irresponsável porque compromete o meio ambiente. Então a gradualidade tem que ser planejada e gerida para que não tenha um consumo irracional que comprometa a mudança de clima e a poluição ambiental. Esta é uma questão que não pode ser tratada só como livre mercado. Se o petróleo é mais barato, acaba o biocombustível. O combustível fica mais barato, mas o meio ambiente está sendo prejudicado. Portanto, quando a mistura de biodiesel começa a crescer para B15 ou B30 ou B40, que representa quase metade do preço do combustível, essa fórmula não é uma solução. Ela serve para o começo, até o B10. Depois você precisa criar equações econômicas que permitam dizer que quando você faz uso de fóssil você está agravando as mudanças climáticas. Essa fórmula econômica é o que propõe o RenovaBio.

Como o RenovaBio pode equacionar essa distorção?

Para poder queimar diesel, independentemente da mistura obrigatória, o RenovaBio vai criar um mercado para remunerar a descarbonização. Se alguém se dá o direito de produzir e jogar no ar muito CO2, tem que ter alguém que capta esse CO2 para que não acumule eternamente criando um acentuado processo de mudança climática, como o que temos observado. Isso é econômico. Tem que ser. Só que é dificil de construir. Por isso a mistura obrigatória faz sentido no início. A continuidade é a oferta e demanda de alternativas fósseis ou não fósseis dentro de uma fórmula que calcula o ciclo de vida do produto e a necessidade de descarbonização, porque um dia não vamos ter ar puro para respirar. Então é preciso entender que vamos ter que pagar por isso. Não é trivial. É dificil de fazer. Leva tempo para mudar a cultura, criar mecanismos, governança, fiscalização e transparência, até virar um hábito. ■

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Entrevista

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Marco regulatório

e mistura obrigatória

O início do biodiesel no Brasil e como chegaremos ao B10

No século passado, com o desenrolar da crise do petróleo, vários países passaram a investir em pesquisas em busca de alternativas para o combustível fóssil. No Brasil, esses esforços se intensificam no final dos anos 90, com destaque para as pesquisas realizadas pela Embrapa. Mas foi somente em 2004 que o país deu passos mais significativos para substituir o combustível mais usado nacionalmente – o diesel –, com a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).

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Lançado pelo governo federal, com apoio do setor produtivo que nascia naquele momento, o PNPB implementou o biodiesel na matriz energética brasileira, com foco em aspectos sociais, ambientais e mercadológicos.

Em janeiro de 2005, a Medida Provisória 214/2004, que alterava a lei do Petróleo e previa a fixação de prazos para a adição do biodiesel ao óleo diesel em percentuais mínimos obrigatórios, se transformou na Lei n° 11.097/2005 e configurou o primeiro Marco Regulatório do Biodiesel no Brasil. Foram criadas também medidas complementares para instituir o modelo de tributação com diferenciação de PIS e Cofins, definindo critérios por região e tipo de matéria-prima.

A regra de adição foi regulamentada pelo Decreto n° 5.448, ainda em 2005, e permitiu a comercialização

do biodiesel, na proporção de 2% adicionado ao diesel (mistura B2).

Com o nascimento desse novo setor, o de biodiesel, nascia também a Ubrabio. “Há dez anos, quando o programa de biodiesel estava começando a deslanchar, um grupo de companheiros e eu percebemos a necessidade de uma entidade representativa do setor, para dar maior ordenamento à interlocução com o governo e ações que eram demandadas pelo setor privado desde o início da década de 2000”, conta o presidente do Conselho Superio da Ubrabio, Juan Diego Ferrés.

Em 2007, era fundada a União Brasileira do Biodiesel – o Bioquerosene só foi acrescentado ao nome da Ubrabio em 2012 – com o objetivo de tornar mais eficiente o diálogo com o governo. “Nesses 10 anos

tivemos a grande satisfação de ver que a iniciativa não só vingou como superou as expectativas. Ajudamos a construir no Brasil um programa que tem reconhecimento internacional e nos juntamos ao grupo de grandes produtores europeus, dos EUA e Argentina. Tudo ocorreu em um prazo relativamente curto, tanto em avanços tecnológicos como investimentos”, relata Ferrés.

A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, estabeleceu prazos para a evolução da mistura compulsória. Em 2008, o B2 passou a ser obrigatório em todo o país e nos anos posteriores esse percentual foi aumentando. Já em 2010, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) o elevou para 5% e o B5 passou a ser obrigatório, antecipando em três anos o prazo previsto em lei.

“Ajudamos a construir no Brasil um programa que

tem reconhecimento internacional

”O novo marco regulatório do biodiesel foi aprovado por unanimidade pela Comissão Especial do Senado, em novembro de 2015

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Após um longo período de estagnação, e diversas ações da Ubrabio em defesa da evolução do programa, em 2014, a mistura obrigatória passou para 6% (B6) e logo em seguida alcançou os 7% (B7). Em 2015, quando o CNPE autorizou a comercialização e o uso voluntário de misturas de biodiesel em quantidade superior ao percentual obrigatório, a Ubrabio já defendia a ampliação para misturas mais elevadas. Na época as usinas de biodiesel do Brasil operavam com cerca de 40% de ociosidade.

Em novembro de 2015, a Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado aprovou o PLS

613/2015, de autoria do então senador Donizeti Nogueira (PT/TO), que previa que a mistura obrigatória do combustível renovável ao óleo diesel chegasse progressivamente a 10% em até três anos. O Projeto de Lei foi aprovado por unanimidade pelos senadores e seguiu para a Câmara dos Deputados, onde tramitou em regime de urgência, a pedido do deputado federal Evandro Gussi (PV/SP), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel. O projeto também contou com apoio unânime dos deputados, fazendo com que fosse sancionado em março de 2016, como a Lei nº 13.263.

“Podemos alcançar 5 bi de litros com o atendimento

do B10 esperado para os próximos meses

”A partir daí, ficaram estabelecidos prazos máximos para as misturas obrigatórias B8, B9 e B10. Além disso, o novo marco regulatório permite que o país alcance o B15, bastando apenas uma decisão do CNPE.

“Quem acompanha os trabalhos do Congresso Nacional sabe que aprovar uma lei em menos de seis meses é um trabalho de muita dedicação e articulação. A aprovação desse Novo Marco Regulatório é resultado do esforço dos parlamentares e suas equipes, do Governo Federal e da iniciativa privada, liderada pela Ubrabio, que se uniram para renovar a matriz energética brasileira”, conta o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

“Hoje chegamos a uma escala de produção da ordem de 4 bilhões de litros e podemos alcançar 5 bi de litros com o atendimento do B10 esperado para os próximos meses”, conclui Juan Diego Ferrés. ■

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Juan Diego Ferrés (Granol) Presidente do Conselho Superior da UbrabioHá dez anos, quando o programa de biodiesel estava começando a deslanchar, um grupo de companheiros e eu percebemos a necessidade de uma entidade representativa do setor, para dar maior ordenamento à interlocução com o governo e ações que eram demandadas pelo setor privado desde o início da década de 2000. Em 2007, nós fundamos a Ubrabio para que pudéssemos ser mais eficientes nesse dialogo e nessas ações. Nesses 10 anos, tivemos a grande satisfação de ver que a iniciativa não só vingou como superou as expectativas. Ajudamos a construir no Brasil um programa que tem reconhecimento internacional e nos juntamos ao grupo de grandes produtores europeus, dos EUA e Argentina. Tudo ocorreu em um prazo relativamente curto, tanto em avanços tecnológicos como investimentos. Hoje chegamos a uma escala de produção da ordem de 4 bilhões de litros e podemos alcançar 5 bi de litros com o atendimento do B10 esperado para o próximo ano.

Fernando Coelho Filho Ministro de Minas e EnergiaA iniciativa da Ubrabio vai ao encontro do movimento do governo federal que lançou o RenovaBio e tem contado com a participação de diversas associações e agentes do setor privado, para que a gente possa dar o sinal correto e o estímulo apropriado para incentivar os investimentos no setor de energia e combustíveis limpos. Sem dúvidas, com o conhecimento adquirido no seminário promovido pela Ubrabio (maio de 2017) e com as iniciativas que estão em gestação, nós vamos lançar as bases para que o país possa ter cada vez mais um combustível de qualidade, limpo e preservando o meio ambiente.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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B20 Metropolitano e qualidade de vida para a populaçãoBrasília, São Paulo e Rio de Janeiro já passaram pela experiência de uso de um combustível mais limpo. Confira a trajetória de um dos projetos defendidos pela Ubrabio

Em janeiro de 2017, ônibus abastecidos com 20% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil (B20) começaram a circular em Brasília.

Segundo dados do Inventário de Emissões do Distrito Federal, o setor de transportes representa 49% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em Brasília. Com a adoção do B20 é possível evitar a emissão de 18 toneladas de CO2 anualmente, por ônibus.

A ação é fruto do trabalho de articulação desempenhado pela Ubrabio desde a sua fundação. O uso da mistura superior à obrigatória nos ônibus do transporte público das grandes cidades

é defendido pela Ubrabio desde 2007, já que os grandes centros urbanos são os que mais sofrem com a poluição. Se os ônibus que fazem o transporte das 40 maiores cidades brasileiras utilizassem o B20, cerca de 300 milhões de litros de diesel fóssil deixariam de ser consumidos anualmente, o que significariam 580 mil toneladas de CO2 a menos.

No Brasil, além da experiência brasiliense, o B20 já foi utilizado em cerca de dois mil ônibus em São Paulo e, durante os jogos olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Internacionalmente, temos como exemplo de experiências bem sucedidas os Estados

Unidos, com mais de 600 postos que comercializam o B20, e Inglaterra, com três mil ônibus utilizando a mistura.

O objetivo da Ubrabio é expandir o uso facultativo de B20 e B30 imediatamente. Para isso, a entidade tem se reunido com prefeituras e realizado seminários para divulgar os benefícios econômicos, sociais e ambientais do uso de um combustível mais limpo. A Ubrabio também fornece informações e está disponível para o diálogo com empresas, produtores rurais, agentes econômicos e sociedade para tirar dúvidas e auxiliar no processo de adoção deste combustível mais limpo.■

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RenovaBio e Acordo de Paris

Após intenso trabalho, sustentabilidade dos

biocombustíveis recebe reconhecimento nacional e

internacional

Reunidos em Paris, na França, em dezembro de 2015, 195 nações se comprometeram com ações para descarbonizar e economia e frear o aquecimento do planeta. No Brasil, o ano de 2015 também foi marcado por intenso trabalho da Ubrabio. O objetivo: incluir o biodiesel e o bioquerosene nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, sigla em inglês), isto é, as

estratégias brasileiras para reduzir as emissões de CO2.

Em reuniões com os Ministérios do Meio Ambiente (MMA), Minas e Energia (MME), Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Casa Civil, entre outros, a Ubrabio defendeu a discussão da ampliação do uso desses biocombustíveis no âmbito da meta apresentada pelo Brasil às Nações Unidas durante a COP 21, em Paris.

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Café da manhã na Câmara dos Deputados reuniu as frentes parlamentares da Agropecuária; do Biodiesel; do Setor Sucroenergético e da Indústria de Máquinas e Equipamentos para demonstrar apoio ao RenovaBio, em junho de 2017

O resultado foi o reconhecimento do potencial do biodiesel no cumprimento do Acordo de Paris. O texto final da NDC brasileira aponta como objetivo: “aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030, expandindo o consumo de biocombustíveis, aumentando a oferta de etanol, inclusive por meio do aumento da parcela de biocombustíveis avançados (segunda geração), e aumentando a parcela de biodiesel na mistura do diesel”.

Os biocombustiveis foram escolhidos como estratégia de descarbonização, pois o setor de transportes representa aproximadamente 14% do total das emissões brasileiras. A substituição de diesel fóssil por biodiesel pode reduzir as emissões de CO2 em cerca de 70%. Desde o início do uso do biodiesel no Brasil, 50 milhões de toneladas de

CO2 deixaram de ser lançadas na atmosfera.

Este reconhecimento internacional da necessidade de substituição dos fósseis foi um impulso que levou o MME a estruturar o RenovaBio. O programa foi construído após diálogos entre o governo e representantes da indústria, lideranças do agronegócio e diversos segmentos que integram o abastecimento nacional de combustíveis, por meio de extensa agenda de reuniões e uma consulta pública que culminou com uma Resolução do Conselho Nacional de Política Energética publicada no Diário Oficial da União, no final de junho de 2017. O texto traz as diretrizes do programa que vem para valorizar a externalidade ambiental positiva dos biocombustíveis – que atualmente não é devidamente reconhecida.

“O Brasil está dando um novo passo com essa iniciativa, que recebe todo o apoio da Ubrabio. O RenovaBio visa criar um mecanismo econômico que reconhece a externalidade ambiental da atividade de produção de biocombustíveis e cria uma espécie de commodity, ambiental”, destaca Juan Diego Ferrés, presidente do Conselho Superior da Ubrabio.

A Ubrabio participou de todo esse processo, apresentando propostas para a evolução sustentável dos combustíveis renováveis na matriz energética brasileira, e apoiando a iniciativa do governo federal. Em maio de 2017, a entidade promoveu um seminário para celebrar seus dez anos de fundação e organizou um painel dedicado exclusivamente ao RenovaBio e como os biocombustíveis podem avançar e colaborar com a descarbonização da economia brasileira.

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“A iniciativa da Ubrabio vai ao encontro do movimento do governo federal que lançou o RenovaBio e tem contado com a participação de diversas associações e agentes do setor privado, para que a gente possa dar o sinal correto e o estímulo apropriado para incentivar os investimentos no setor da energia e combustíveis limpos”, destacou o ministro Fernando Coelho Filho (MME), durante o evento.

“Sem dúvidas, com o conhecimento adquirido no seminário promovido pela Ubrabio e com as iniciativas que estão em gestação, nós vamos lançar as bases para que o país possa ter cada vez mais um combustível de qualidade, limpo e preservando o meio ambiente”, concluiu.

“A responsabilidade social e a sustentabilidade ambiental não devem ser imposições externas, mas fazer parte da identidade econômica e empresarial

” Sustentabilidade do biodiesel brasileiro na Conferência do Clima

Reunidos em Marrakech, Marrocos, integrantes da delegação brasileira e de diversos países participaram no dia 14 de dezembro de 2016 de uma mesa no Espaço Brasil sobre as contribuições do biodiesel para a descarbonização da economia brasileira.

“Biodiesel: energia para combater as mudanças climáticas” foi o tema da mesa conduzida pelo deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FrenteBio), e pelo diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

O deputado destacou que o programa de biodiesel brasileiro é um exemplo de como o setor produtivo pode ser sustentável econômica,

social e ambientalmente. “A responsabilidade social e a sustentabilidade ambiental não devem ser imposições externas, mas fazer parte da identidade econômica e empresarial”, frisou.

Segundo o diretor superintendente da Ubrabio, esta foi uma oportunidade para discutir em profundidade as possibilidades e desafios para diversificação da matriz energética nacional.

“O Brasil pode sinalizar para o mundo que, ampliando as nossas fontes de matéria-prima, podemos atingir resultados superiores ao previsto até 2030 na redução das emissões dos gases de efeito estufa no setor de transportes”, afirmou Tokarski. ■

A sustentabilidade do biodiesel foi apresentada no Espaço Brasil na COP22, no Marrocos

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Marcos Boff (Palmaplan) Vice-Presidente Técnico da UbrabioEu acompanhei a história da Ubrabio desde a fundação. No início, o biodiesel ainda era uma promessa, que começou com um marco regulatório que se esgotou em poucos anos. Houve um período de indefinição no programa e, recentemente, com a nova lei, conquistamos uma previsibilidade, um novo ânimo para o setor. A Ubrabio sempre teve um papel de protagonista nesse processo, desde a criação do novo marco regulatório até o desenvolvimento de tecnologias relacionadas a todos os setores envolvidos com o programa. É uma honra ter participado da Ubrabio nesses dez anos e ter contribuido com esse protagonismo.

Nataly Albuquerque Pesquisadora da Universidade Federal da ParaíbaA Ubrabio vem promovendo uma discussão importante sobre o cenário atual dos biocombustíveis no Brasil. Em destaque para o bioquerosene de aviação, desde o início a Ubrabio esteve presente com a articulação da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação (RBQAV) junto com o MME, o MCTIC, as empresas representantes do setor de aviação e os pesquisadores da área. Isso representa um avanço enorme, principalmente, para a área de pesquisa que será fortalecida agora com a RBQAV.

Hiroyuki Kobayashi (Mitsubishi Corporation do Brasil) Associado à UbrabioParabéns, Ubrabio, pelos dez anos de aniversário. A Mitisubishi passou a ser sócia da Ubrabio em 2016 e com isso espera colaborar para que possamos crescer juntos com o mercado de biodiesel.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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Além de representar o melhor custo x benefício

entre os combustíveis comercializados no país, excelência na

especificação garante qualidade do biodiesel desde a produção até

o consumo

O melhor combustível

do Brasil

A qualidade do biodiesel está entre as prioridades da Ubrabio. Desde sua fundação, em 2007, a entidade participa de audiências, grupos de trabalho e consultas públicas, envolvendo representantes da cadeia produtiva, assegurando a qualidade do combustível desde a produção até o consumidor.

Nenhum outro combustível no Brasil possui especificação com tantas análises. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vem aprimorando os requisitos de especificação do biodiesel desde o início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).

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Em 2012, a elaboração do Guia de Procedimentos de Manuseio e Armazenagem de Óleo Diesel B impediu que eventuais problemas chegassem aos consumidores finais, ao resumir os cuidados mais importantes que devem ser tomados durante o armazenamento e transporte do biodiesel e sua mistura com o diesel para que não se deteriore entre a saída das usinas e o tanque de combustível.

Também foi ampliado o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis Líquidos – PMQC e intensificadas as ações de fiscalização. Essas ações combinadas resultaram na redução de não conformidades mais persistentes.

Em agosto de 2014 foi publicada a Resolução ANP nº 45, tornando a especificação brasileira de biodiesel uma das mais rigorosas do mundo, garantindo a qualidade do

biodiesel desde a produção até o consumo final.

Desde o início do programa de biodiesel, importantes avanços tecnológicos e de qualidade vem sendo alcançados. E a Ubrabio colabora com esse processo, atuando como interlocutora entre setor produtivo, academia, sociedade e governo para mobilizar e unir esforços, recursos e conhecimentos na busca pelo desenvolvimento do setor.

“A Ubrabio sempre teve um papel de protagonista, desde a criação de novo marco regulatório até o desenvolvimento de tecnologias relacionadas a todos os setores envolvidos com o programa”, relembra o vice-presidente técnico da Ubrabio, Marcos Boff.

Nesses dez anos, novos parâmetros do biodiesel brasileiro foram definidos, alinhados com os mais rigorosos padrões internacionais de qualidade.

Isso também garantiu que o aumento da mistura compulsória de biodiesel no diesel passando do B7 para B8, ou mesmo o B10 que começa a valer em março de 2018, não exija mudanças nas especificações do diesel B (Resolução ANP nº 50/2013) nem do biodiesel B100 (Resolução ANP nº 45/2014).

“Eu gostaria de cumprimentar e parabenizar a Ubrabio pelos dez anos e pelo papel importante e fundamental na divulgação, consolidação e crescimento da participação do biodiesel na matriz energética nacional. Graças a associações como a Ubrabio, o Brasil saiu do zero para os 8% de participação que temos hoje, com perspectiva de chegar a 10%, contribuindo com a matriz veicular brasileira”, destacou o diretor da ANP, Aurélio Amaral, durante seminário promovido pela Ubrabio em maio, para celebrar seus dez anos de fundação.

“Nenhum outro combustível no Brasil

possui especificação com tantas análises

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Mudança de paradigmaPela excelência do produto

e pelo uso já consagrado em todo o território nacional e mesmo em misturas superiores como em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, com ônibus usando B20, demonstra-se que o parque fabril brasileiro, no estado da arte, está adequado para atender a demanda por biodiesel.

O uso do biodiesel está consolidado pela excelência dos parâmetros de qualidade mais restritivos até mesmo que nos EUA e na União Europeia. Em 2015, a Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou o trabalho Usos de Biodiesel no Brasil e Mundo. O estudo reúne 57 trabalhos científicos, de 12 países, com experiências sobre a mistura de biodiesel ao óleo diesel em percentual superior ao B10. Em geral, os resultados mostram uma redução da emissão de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e material particulado, o que contribui para diminuir a poluição ambiental e para a saúde humana. Este estudo está disponível na página da Ubrabio: ubrabio.com.br na aba “Publicações”.

Os cientistas também avaliaram o consumo de combustível, emissões de gases, partida a frio, potência e desempenho, durabilidade e desgastes de componentes e analisaram a frota nacional e compararam as especificações do biodiesel nacional com os demais países.

As conclusões positivas dessas análises levaram a Ubrabio a criar, em 2016, o selo “Biodiesel: o melhor combustível do Brasil”. O professor Donato Aranda, consultor técnico da Ubrabio, explica que, no Brasil, com o biodiesel, a combinação entre um motor altamente eficiente e um combustível muito mais sustentável resulta numa mudança de paradigma no setor de transportes. ■

Certificação Em 2016, em um acordo de adesão conjunta, a certificadora internacional RSB e a Ubrabio passaram a ser associadas. Como parceiras, Ubrabio e RSB estão engajadas nas discussões e processos de tomada de decisões para promover a sustentabilidade da cadeia produtiva de biocombustíveis e bioprodutos no Brasil.

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Irineu Boff (Oleoplan) Vice-Presidente de Assuntos Tributários da UbrabioEu tenho muito orgulho de participar da Ubrabio, que mvauitas alegrias nos tem dado, muitos sucessos econômicos. Nos dá muito trabalho também nos pleitos que se busca fazer. A Ubrabio começou antes mesmo de ser fundada, com as peregrinações do nosso presidente, Juan Diego Ferrés, que foi um sacerdote do biodiesel. Depois que as primeiras vendas ocorreram, e houve a publicação da primeira lei do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, ele aglomerou os produtores da época, que não eram muitos, e fundou a Ubrabio. A partir daí fomos crescendo. Começamos com o B2, passamos para B3, B4 e hoje estamos em B8. Um diferencial que muito nos orgulha é o fato de a nossa associação, além de cuidar dos produtores de biodiesel, também abranger toda a cadeia, desde os fabricantes de equipamentos até fornecedores de insumos como metanol, metilato e outros produtos utilizados na produção deste biocombustível.

Deputado Federal Evandro Gussi (PV/SP) Presidente da Frente Parlamentar Mista do BiodieselVer pessoas trabalhando com tamanho afinco por um objetivo tão nobre faz com que a nossa esperança e o nosso vigor de trabalho sejam renovados. Me sinto honrado por ter participado junto com a Ubrabio e os demais deputados e senadores de um momento tão determinante para as energias renováveis, com a aprovação do marco regulatório do biodiesel, o que nos garantiu uma previsibilidade de aumento da mistura de 8, 9 e 10%, e vai permitir com certeza que cheguemos até 15% de participação do biodiesel em todo o diesel comercializado no Brasil.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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NOVOS VOOSEm 2012, a Ubrabio incluiu o bioquerosene em seu nome e agenda de trabalho. De lá para cá, a entidade vem liderando ações para estabelecer essa cadeia definitivamente no país

O primeiro envolvimento público da Ubrabio com o bioquerosene aconteceu em 2012. Durante a Rio+20, a Ubrabio e a GOL Linhas Aéreas participaram do lançamento da Plataforma Brasileira de Bioquerosene (PBB). O evento representou o marco zero para o setor no Brasil e, por ter ocorrido dentro da agenda da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20,

adquiriu um valor simbólico ainda mais relevante. A estrela do lançamento foi a chegada do primeiro voo da GOL abastecido com o biocombustível e com autoridades brasileiras e internacionais, parceiros e associados como passageiros.

Nesse momento, a Ubrabio iniciava uma agenda para tratar dos biocombustíveis de aviação, afirmando a importância socioeconômica e ambiental da utilização de renováveis,

e demonstrando que, assim como no transporte terrestre, esta é uma potencialidade na produção nacional dentro da economia global com possibilidade de atender ao mercado interno e externo. Além disso, coloca o Brasil em posição de vanguarda, visto que a ação é uma contribuição adicional ao país no sentido de reduzir a emissão de poluentes atmosféricos – hoje o setor responde por 2% das emissões globais de CO2.

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Desde o lançamento da PBB, em 2012, a Ubrabio trabalha para comprovar a viabilidade técnica, os benefícios ambientais e a sustentabilidade deste biocombustível e, também, a viabilidade econômica, mostrando que o país tem condições de ofertar, de forma regular e estável, o biocombustível para aviação, por contar com uma vasta oferta de matérias-primas que podem ser aproveitadas na produção.

Uma das metas da Internacional Air Transport Association (Iata) é melhorar

a eficiência do combustível em 1,5% por ano, limitando as emissões a um crescimento neutro a partir de 2020, e cortando as emissões pela metade até 2050. Em 2016, a associação reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade quando a 72ª Assembleia Anual (AGM) aprovou uma resolução determinando que os governos adotem um único mecanismo global de compensação de carbono para atender as emissões geradas pela aviação internacional.

Para cumprir essas metas, além dos investimentos

na produção em larga escala e a baixo custo, é necessário, também, investir no desenvolvimento de aeronaves e motores mais eficientes e na melhor gestão do tráfego aéreo.

Com o objetivo de fomentar a realização de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no setor por meio de parcerias entre academia, indústria e governo, em maio deste ano, durante o seminário de celebração dos 10 anos da Ubrabio, foi lançada a Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação (RBQAV).

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Segundo o diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Miguel Ivan Lacerda, o lançamento da RBQAV representa um ato histórico. “A Ubrabio, nesses dez anos, tem contribuído com o setor de biodiesel e, mais do que isso, tem trabalhado na fronteira do apoio às novas tecnologias como é o caso do bioquerosene. O lançamento da RBQAV é um ato histórico, porque essa rede ataca um problema do mercado sobre emissão de CO2, que é a aviação”, afirmou durante o evento.

A ação é fruto do diálogo entre pesquisadores, MME, Ministério da Ciência,

Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) e representantes da iniciativa privada e pretende dar suporte à formulação de políticas públicas e às ações que possam viabilizar a produção de bioquerosene e hidrocarbonetos renováveis.

“Hoje, no aniversario de dez anos da Ubrabio, estamos colhendo os frutos desse investimento que começou cinco anos atrás. O lançamento da RBQAV e a inclusão do bioquerosene no escopo do RenovaBio marcam o nascimento dos biocombustíveis de aviação no Brasil”, celebrou o diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio, Pedro Scorza.

DecolandoDurante a Copa do Mundo

de 2014, a GOL realizou 360 vôos abastecidos com bioquerosene. Outras empresas aéreas ao redor do mundo também já fazem vôos com o biocombustível. Além disso, em 2015, o governo de Pernambuco assinou um memorando de entendimento para a criação da Plataforma Pernambucana de Bioquerosene. Em Minas Gerais pesquisadores e empresas estão investindo em estudos com a macaúba, uma palmeira nativa que pode, ao mesmo tempo, gerar energia e recuperar áreas degradadas. [Veja mais na página 64] ■

“O lançamento da RBQAV e a inclusão do bioquerosene no

escopo do RenovaBio marcam o nascimento dos

biocombustíveis de viação no Brasil

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Áurea Nardelli (RSB) Associada à UbrabioA RSB é uma organização internacional que trabalha com a missão de promover os biomateriais e os biocombustíveis que atendam aos padrões de sustentabilidade. Nós nos filiamos à Ubrabio no ano passado em um modelo interessante de filiação mútua. A partir daí, trabalhamos juntos na promoção e no desenvolvimento de projetos voltados à sustentabilidade do biodiesel e, agora, do bioquerosene. A ideia é que a RSB possa colaborar com a Ubrabio e seus associados no desenvolvimento de ferramentas, sistemas e modelos sustentáveis para o biodiesel e bioquerosene e que, a Ubrabio, representando uma grande parte dos produtores de biodiesel e dos futuros produtores de bioquerosene no Brasil, possa trazer essa experiência e suas demandas para dentro da RSB e nos ajudar a construir um padrão de sustentabilidade que reflita também as demandas do setor e o contexto no Brasil.

Donizeti Nogueira (ex-senador) Autor do novo Marco Regulatório do Biodiesel (Lei 13.263/2016)A Ubrabio é um exemplo de que a organização da categoria para investir na produção, na inovação tecnológica, e no social é uma experiência de sucesso. Eu tenho a honra, a satisfação e a felicidade de ter participado de uma parte desse processo que foi a nova fase do marco regulatório do biodiesel, aprovando um projeto de lei que englobou as demandas do setor para conferir previsibilidade para o biodiesel no Brasil.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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Ubrabio celebra

10 anos com seminário de

alto nível

Evento aconteceu no auditório do CNPq e contou com a presença de importantes personalidades do setor

No dia 24 de maio de 2017, a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) celebrou 10 anos de trajetória como a primeira entidade representativa do setor no Brasil, com seminário que reuniu representantes da indústria, lideranças do agronegócio e diversos segmentos que integram o abastecimento nacional de combustíveis, poder Executivo e Legislativo, instituições de pesquisa, convidados estrangeiros e sociedade.

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Com o tema “Biodiesel e Bioquerosene: sustentabilidade econômica e ambiental”, o evento foi realizado do auditório do CNPq, em Brasília, e contou com a presença, na mesa de abertura, do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho; do presidente do CNPq, Mário Neto Borges; do secretário de Desenvolvimento Tecnológico do MCTIC, Álvaro Prata, do secretário de Mudanças Climáticas do MMA, Everton Lucero; do presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés; do presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FrenteBio), deputado federal Evandro Gussi (PV-SP); do senador Cidinho Santos; e do chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville.

Durante a cerimônia de abertura, o ministro Fernando Coelho Filho afirmou o apoio da pasta à antecipação do aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil para 10% em 2018 e destacou o programa RenovaBio, que busca convergências sobre a relevância dos biocombustíveis na matriz energética nacional.

“Temos os compromissos que assumimos internacionalmente, com percentuais ousados. Tenho certeza que até o ano de 2030 conseguiremos cumprir todos eles”, disse o ministro em seu discurso, citando o acordo firmado pelo Brasil na COP 21 de que a participação da bioenergia chegue a 18% da matriz energética até 2030.

O presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan

Diego Ferrés, elogiou a iniciativa: “o RenovaBio apresenta soluções modernas para construção de caminhos que o país tanto precisa, gerando investimentos e emprego na área de biocombustíveis”.

O seminário contou com três paineis temáticos: “Biodiesel: A visão do mercado e novas oportunidades”, “Combustíveis sustentáveis de aviação e o Acordo do Clima de Paris” e “RenovaBio, Plataforma Biofuturo e Desafios dos Biocombustíveis”. Em seguida, houve o lançamento da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação, com assinaturas de Termos de Adesão e Termos de Apoio.

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“Tenho uma grande alegria de ter feito parte dessa história no parlamento, na companhia dos meus colegas deputados e senadores, quando aprovamos o marco regulatório do biodiesel

HomenagensComo parte da celebração

de aniversário da Ubrabio, a entidade homenageou o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), o senador Cidinho Santos (PR-MT) e o ex-senador Donizeti Nogueira, pela fundamental contribuição para o fortalecimento da cadeia de biodiesel no país.

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A entrega das homenagens foi feita pelo presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés (Granol), os vice-presidentes Irineu Boff (Oleoplan), Marcos Boff (Palmaplan), Antin Bianchini (Bianchini), Pedro Granja (Fiagril) e Julio Valente Junior (Linker Consultores), os conselheiros José Wagner dos Santos (Biopar Parecis), João Artur Manjabosco (Prisma Brazil)

e João Martin (Evonik), o diretor de Biocombustíveis Renováveis de Aviação, Pedro Scorza (GOL Linhas Aéreas), o diretor de Óleos e Gorduras Residuais, Paulo Fuga (Biofuga), os associados Hiroyuki Kobayashi (Mitsubishi Corporation do Brasil) e Áurea Nardelli (RSB), e o diretor superintendente, Donizete Tokarski.

“Tenho uma grande alegria de ter feito parte dessa história no parlamento, na companhia dos meus colegas deputados e senadores, quando aprovamos o marco regulatório do biodiesel, que deu previsibilidade para os aumentos de mistura para B8, B9 e B10”, celebrou o presidente da FrenteBio.

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Painel Biodiesel: A visão do mercado e novas oportunidades - Presidente da Mesa: Irineu Boff, vice-presidente da Ubrabio e representante da associada Oleoplan. Palestrantes: Milas Evangelista e Tamar Roitman, pesquisadores da FGV Energia; Gustavo Willy, Coordenação de Projetos Especiais da Confederação Nacional do Transporte (CNT); Leandro Silva, diretor de Regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom); Aurélio Amaral, diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Donato Aranda, professor da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e consultor técnico da Ubrabio. Moderador: Donizete Tokarski, diretor superintendente da Ubrabio.

PainéisVeja quem participou dos paineis:

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Miguel Ângelo Diretor executivo da BiodieselBRA Ubrabio é a única associação que trabalha realmente só com biodiesel desde antes de o biodiesel ficar obrigatório. A gente da BiodieselBR vem acompanhando essa trajetoria desde o começo, em 2007, quando a Ubrabio se posicionou como a grande associação do setor, reunindo praticamente quase todos os produtores, e trabalhando pelo B2, para o avanço para B3 já em julho de 2008. Desde então tivemos B4, B5, B6, B7 e agora a luta é pelo B10. Tenho certeza que nos próximos 10 anos a Ubrabio estará brigando pelo B11, pelo B15 e pelo B20.

Donato Aranda Consultor Técnico da Ubrabio e professor da Universidade Federal do Rio de JaneiroTive o prazer de conhecer Juan Diego Ferrés mais ou menos no ano 2000, quando estavam sendo lançadas as sementes do pró-biodiesel, programa que antecedeu o PNPB. No ano seguinte, tive o prazer de conhecer também o senhor Irineu Boff na Cientec, em Porto Alegre, onde se fazia os primeiros ensaios de transesterificação. Naquela época, se me perguntassem se eu imaginava que em pouco tempo, sete ou oito anos o Brasil produziria 4 bilhões de litros de biodiesel, eu diria que é um grande sonho. Mas eu vi isso se tornar uma realidade, graças à atuação da Ubrabio. Parabéns por esse lado visionário de vocês, por todos aqueles que acreditaram nesse programa e entraram de cabeça colocando seus esforços, seus recursos próprios, investindo num projeto que, sem dúvida, é um dos que mais trazem benefícios sociais, econômicos, independência energética e social para o Brasil.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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Painel Bioquerosene: Combustíveis sustentáveis de aviação e o Acordo do Clima de Paris - Presidente da Mesa: Pedro Granja, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel – CSOB, vice-presidente da Ubrabio e representante da associada Fiagril. Palestrantes: Ana Paula Machado, coordenadora Geral de Serviços Aéreos Internacionais do Departamento de Políticas Regulatórias da Secretaria de Aviação Civil (SAC); Ricardo Fenelon, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC); Rogério Benevides Carvalho, consultor técnico da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR); Ricardo Gomide, coordenador-geral de Biodiesel e Outros Biocombustíveis do MME; Pedro Scorza, diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio e assessor para Combustíveis Renováveis da associada GOL Linhas Aéreas. Moderadora: Áurea Nardelli, representante da associada RSB.

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Painel Programa RenovaBio, Plataforma Biofuturo e Desafios dos Biocombustíveis - Presidente da Mesa: Antin Bianchini, vice-presidente da Ubrabio e representante da associada Bianchini. Palestrantes: Miguel Ivan Lacerda, diretor de Biocombustíveis do MME, Marília Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente; Everton Frask Lucero, secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA); João Genésio, diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores (MRE); Rafael Menezes, coordenador de Inovação em Tecnologias Setoriais da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (SETEC/MCTIC). Moderador: Plinio Nastari, membro representante da sociedade civil no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ■

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De olho na pesquisa e inovação

Toda quinta-feira, a Ubrabio divulga notícias, artigos,

teses e outras publicações científicas

relacionadas aos setores de biodiesel e

bioquerosene

Com o objetivo de estabelecer uma ponte entre pesquisadores, setor produtivo, governo e sociedade, a Ubrabio começou a divulgar, em março de 2017, artigos, teses, pesquisas, editais e notícias com trabalhos que vêm sendo produzidos na academia brasileira diretamente relacionados ao setor de biodiesel e bioquerosene.

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Além do clipping diário que seleciona e repercute notícias relevantes do setor, agora a Ubrabio também produz um clipping específico de inovação.

“A proposta do clipping especial ‘Ponte Inovação’ é estabeler uma interação entre indústria e pesquisa, e vai ao encontro da necessidade do país de alinhar conhecimento e demandas do mercado”, explica o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

A concepção aconteceu em novembro de 2016, durante o 6º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e o 9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, realizado em Natal-RN. Na ocasião, foram apresentados mais de 700 trabalhos de pesquisadores do país inteiro.

“Isso mostra a capacidade dos biocombustíveis em gerar pesquisa e conhecimento para o país”, comenta Tokarski.

Desde então, a entidade vem reunindo trabalhos disponibilizados em domínio público para divulgação. Interessados também podem encaminhar artigos, teses, notícias e outras publicações científicas de interesse do setor para [email protected], para submeter ao conselho editorial da Ubrabio. Os trabalhos selecionados serão divulgados via e-mail toda quinta-feira pelo Ponte Inovação. Atualmente, tanto o clipping diário quanto o de inovação contam com mais de cinco mil pessoas cadastradas.

Quem quiser receber pode fazer o cadastro no site ubrabio.com.br. A assinatura é gratuita.

Parceria estratégicaComo parte das iniciativas

a favor da pesquisa e inovação, a Ubrabio realiza ações conjuntas com a Embrapa Agroenergia com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva do biodiesel e bioquerosene. Em 2011, as duas entidades assinaram um Termo de Cooperação Geral com a finalidade de aprofundar o conhecimento técnico, planejar e executar estudos e programas que fomentem a produção de biocombustíveis. Além disso, o presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, participa do Conselho Assessor Externo da Embrapa Agroenergia, o que permite a colaboração ativa da entidade na construção de estratégias para o setor.

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A as duas instituições também promovem ações e eventos para difusão de conhecimento e se apoiam mutuamente.

Em maio de 2015, a Ubrabio e a Embrapa Agroenergia promoveram o seminário “B20 Metropolitano: Mobilidade Sustentável para as Cidades Brasileiras”. Voltado às prefeituras das 40 maiores cidades do país, o evento divulgou as vantagens do uso de uma maior mistura de biodiesel ao diesel utilizado no transporte público dessas cidades.

Já em agosto de 2015, as duas instituições organizaram um encontro para assessores parlamentares, com o objetivo de apresentar informações sobre as externalidades sociais, econômicas e ambientais da ampliação do uso do combustível renovável. Como resultado do “Conversando sobre Biodiesel, Saúde e Mudanças Climáticas” foi proposto um Projeto de Lei no Senado, pelo então senador do Tocantins Donizeti Nogueira, que mais tarde viria a se tornar o novo marco regulatório do setor.

Apoio à inovaçãoA biotecnologia industrial

foi tema do IV Encontro de Pesquisa e Inovação da Embrapa Agroenergia (EnPI 2017), que aconteceu entre os dias 25 e 27 de setembro de 2017, em Brasília/DF. O evento contou com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF) e da Ubrabio.

Durante a cerimônia de encerramento, o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, destacou a importância da parceria entre pesquisa e setor produtivo, com destaque para a evolução dos biocombustíveis no Brasil, rumo à descarbonização da economia.

“A Ubrabio sempre participa de reuniões com o

governo e parlamentares para implementação do programa RenovaBio, que tem tudo a ver com o trabalho que vocês estão fazendo, porque vai abrir um mercado cada vez maior para a produção de biocombustíveis”, contou.

Tokarski também elogiou a visão de futuro dos pesquisadores que reconhecem a relevância dos biocombustíveis no contexto da bioeconomia. “Infelizmente nós ainda temos setores atrasados que não têm essa leitura que vocês estão tendo, que enxerga a importância da produção de biocombustiveis associada à segurança alimentar, segurança energética, geração de emprego e reda no interior

Em agosto de 2015, a Ubrabio e a Embrapa Agroenergia organizaram um diálogo com assessores parlamentares sobre biodiesel, saúde e mudanças climáticas

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“Essa parceria é uma parceria constante. Nós

temos desenvolvido ações de interesse para a

agricultura, a indústriae a sociedade

do Brasil, descentralização da indústria e geração de novas oportunidades, saúde e qualidade de vida”, ressaltou.

A agregação de valor e o surgimento de uma nova cadeia com o bioquerosene também foi pontuada pelo representante da Ubrabio. Segundo Tokarski, por meio de pesquisa e inovação, os subprodutos poderão ser transformados em coprodutos de maior valor para a economia nacional. “O bioquerosene é uma nova indústria que está nascendo no Brasil e nós já trabalhamos muito por isso. Daqui a alguns anos, muitos de vocês também estarão trabalhando com biocombustíveis de aviação”.

Tokarski lembrou ainda o compromisso assumido pelo

Brasil ao ratificar o Acordo de Paris, de reduzir 37% das emissões de gases de efeito estufa, até 2025, e 43%, até 2030 e o papel da Embrapa Agroenergia de esclarecimento da sociedade e difusão de conhecimento.

Para chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, a parceria entre a Ubrabio e a Embrapa Agroenergia é importante para o fortalecimento do setor de biocombustíveis no Brasil. “Essa parceria é uma parceria constante. Nós temos desenvolvido ações de interesse para a agricultura, a indústria e a sociedade”, concluiu. ■

Ubrabio participou da premiação dos trabalhos apresentados no Encontro de Pesquisa e Inovação da Embrapa Agroenergia

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Ubrabio adere ao Movimento Combustível Legal48 |

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José Medeiros, da senadora Ana Amélia e do deputado federal Evandro Gussi.

Durante o evento, foram apresentados dados de estudo recém lançado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mostram que 4,8 bilhões de reais em impostos não estão sendo devidamente pagos, anualmente, por algumas empresas que não possuem ativos para honrar estas enormes dívidas acumuladas por longos períodos. De acordo com o Sindicom, essas empresas sabem disso e continuam operando às margens da lei prejudicando

Durante o lançamento do Movimento Combustível Legal (MCL), em Brasília, no dia 22 de agosto, a Ubrabio anunciou o apoio institucional à campanha de combate a atividades anticoncorrenciais e fraudulentas como sonegação, inadimplência de tributos e fraudes nas bombas.

Liderado pelo Sindicom, o lançamento do programa aconteceu no Congresso Nacional, com a participação de entidades como Ajufe – Associação dos Juízes Federais do Brasil, ETCO, Fecombustíveis, Fiesp, OAB, dentre outras, além do senador

o mercado legal, as empresas geradoras de empregos e o consumidor final.

O objetivo do MCL é mudar a legislação que favorece os devedores contumazes e prejudica a arrecadação dos tributos lesando o mercado, a sociedade e o consumidor.

Durante o evento, foi apresentado o Projeto de Lei do Senado, de autoria da senadora Ana Amélia, que caracteriza o devedor contumaz de tributos.

Para saber mais sobre o movimento, acesse o site combustivellegal.com.br. ■

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Terceira maior usina do país se associa à UbrabioCom isso, a Ubrabio passa a representar 10 usinas que respondem por mais de 36% da

capacidade instalada no país

Com capacidade de produção aprovada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) de 382,7 milhões de litros de biodiesel por ano, a Potencial Biodiesel agora também é associada à Ubrabio.

O diretor superintendente da Potencial, Luiz José Meira, conta que a empresa sempre quis fazer parte de uma associação, por acreditar que “a união faz a força”. “O setor de biodiesel é um setor relativamente novo e ainda há muita coisa a ser conquistada. Esperamos que, com essa parceria, possamos fazer parte disso e contribuir

com a Ubrabio na busca pelo desenvolvimento da cadeia do biodiesel”.

Meira também destacou a atuação da Ubrabio, que desde 2007 lidera o segmento, e atua como interlocutora entre sociedade, governo e Congresso Nacional, mobilizando esforços, recursos e conhecimentos. “A Ubrabio, no cenário atual, é a associação que está mais atuante e nós acreditamos que está no caminho certo”.

Integrante do Grupo Potencial – que tem origem no setor de distribuição de combustíveis –, a Potencial Biodiesel vem ampliando sua

capacidade desde que entrou no segmento, em novembro de 2012, quando a usina, localizada no município de Lapa (PR), foi inaugurada.

Do total de 1,92 bilhão de litros de biodiesel fabricados no primeiro semestre deste ano, a produtora paranaense foi responsável 138,3 milhões de litros – 7,2% do total.

Com a adesão da Potencial, a Ubrabio passa a ter 22 integrantes dos quais 8 são fabricantes de biodiesel e, com isso, representa 10 usinas que totalizam 2,8 bilhões de litros/ano de capacidade produtiva – cerca de 36% da capacidade instalada no país. ■

Potencial Biodiesel

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Associadas

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Pedro Scorza (GOL Linhas Aéreas) Diretor de Biocombustíveis de Aviação da UbrabioO primeiro envolvimento público da Ubrabio com o bioquerosene aconteceu em 2012. Durante a Rio+20, a Ubrabio e a GOL Linhas Aéreas participaram do lançamento da plataforma brasileira de bioquerosene. Hoje, no aniversario de dez anos da Ubrabio, cinco anos depois, estamos colhendo os frutos desse investimento: com o lançamento da RBQAV e a inclusão do bioquerosene no escopo do RenovaBio estamos concebendo os biocombustíveis de aviação no Brasil. É mais um passo na estruturação desse novo produto que vai ajudar o país a reduzir as emissões no âmbito nacional e cumprir as obrigações internacionais assumidas perante a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, sigla em inglês).

João Artur Manjabosco (Prisma) Conselheiro Fiscal da UbrabioA Prisma é uma externalidade positiva do que a Ubrabio busca com suas ações: agregação de valor e desenvolvimento do nosso país, por meio de combustíveis renováveis e de uma nova ideia, uma nova política de país e de sociedade. A Prisma trabalha com coprodutos da indústria do biodiesel e vem atuando junto com o setor. Nos sentimos muito felizes de comemorar os dez anos da Ubrabio, nesse importante momento em que vemos uma possível antecipação do B10 já para o próximo ano. Nós precisamos de um país que tenha uma preocupação maior com os combustiveis renováveis, com a redução de emissão de poluentes e, sem dúvida, o papel da Ubrabio coloca a instituição na vanguarda da produção de combustíveis e da geração de energia do nosso país.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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Prisma Brazil celebra 10 anos

“Há exatos 10 anos, em 06 de setembro de 2007, era fundada a partir do sonho de dois jovens empreendedores uma pequena trading em Caxias do Sul - RS. Os então colegas universitários, Moisés Garcia da Rocha e Matheus Mazzotti Balestro apostaram tudo em ultrapassar fronteiras, iniciando assim a história de uma das maiores empresas de exportação,

Prisma

processamento e trading de oleoquímicos, sucatas metálicas e polímeros do Brasil”.

Este é o resumo da história da Prisma Brazil, empresa associada à Ubrabio, que em 2017 celebra 10 anos de trajetória.

A trading atua em quatro segmentos:• Prisma Oleoquímicos: Produção, processamento e trading

de oleoquímicos;• Prisma Sucatas Metálicas: Coleta, reciclagem e trading de

sucatas metálicas;• Prisma Polímeros: Importação e distribuição de polímeros

termoplásticos;• Prisma Foods: Trading nacional e internacional de

alimentos e bebidas. ■

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Julio Valente Junior (Linker Consultores) Vice-Presidente de Assuntos Jurídicos da UbrabioEu participei da fundação da Ubrabio, junto a um grupo de empresários do segmento de um biocombustível que nascia 11 anos atrás, pouco antes da fundação da entidade. Como advogado, pude participar da elaboração do estatuto que deu corpo a esta entidade que cresceu e desenvolveu um programa fantástico para o país, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, que é o programa de biodiesel. Nesses dez anos, a gente fica feliz e realizado ao observar as grandes conquistas, desde o B2 inicialmente facultativo ao B8 e ao B10 que certamente chegaremos em março do ano que vem.

Donizete Tokarski Diretor Superintendente da UbrabioNesses dez anos da Ubrabio, o que podemos sintetizar é a capacidade de diálogo entre os diversos setores: governamental, empresarial, sociedade civil e a construção permanente da interlocução também com o Congresso Nacional. A Ubrabio lidera nesse aspecto todo o trabalho que se faz no sentido de desenvolver as políticas públicas. Nesses dez anos, nós comemoramos não só a história, mas também a trajetória do biodiesel, do bioquerosene e das demais bioenergias.

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A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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Programa Novo Óleo atinge a marca de um milhão de litros coletadosO projeto teve início em 2009 e desde então busca conscientizar cada vez mais a

população sobre o descarte do óleo de cozinha usado

Em março de 2017, o programa Novo Óleo atingiu a marca de um milhão de litros de óleo de cozinha usado, coletados nos municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sorriso e Sinop, em Mato Grosso.

Durante oito anos do projeto, a Fiagril contou com a parceria da cooperativa Sicredi e já ajudou a preservar cerca de 20 bilhões de litros de água, que deixaram de ser contaminados pelo descarte incorreto de óleo.

A coleta é feita em restaurantes, lanchonetes, bares, e, principalmente, nas residências. O óleo recolhido é enviado para a fábrica de biodiesel da Fiagril em Lucas do Rio Verde e reutilizado para a fabricação de biocombustível.

Segundo a diretora de Sustentabilidade da Fiagril, Dionéia Canci, a intenção é expandir o programa para mais cidades, incluindo a capital do Estado, Cuiabá. “O Novo Óleo é um programa que representa bem os pilares de sustentabilidade da empresa, pois preserva o meio ambiente, conscientiza a população e ainda contribui com a economia do Estado”, explica.

A empresa também criou programas sociais, como Voluntários do Bem – ações espontâneas a partir do diagnóstico de necessidade da comunidade local em que a Fiagril está inserida; e Plantando o 7 – projeto de educação ambiental que ministra palestras e organiza trabalhos educativos.

O projeto abrange crianças e adolescentes, com idades entre zero e dezoito anos e o Jardim Especial – uma parceria da Fiagril com a APAE de Lucas do Rio Verde para que alunos da Escola Especial Renascer possam interagir com a sociedade fazendo a manutenção de duas das principais praças do município: a praça do Pioneiro e Menino Deus.

Além disso, a Fiagril também apoia o esporte. Tanto o time de vôlei de Lucas do Rio Verde, quanto o time de futebol da cidade - Luverdense Esporte Clube (LEC)- recebem o patrocínio da empresa. Este ano, o LEC, foi campeão nacional da Copa Verde. ■

Fiagril

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Associadas

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Bianchini

Bianchini recebe cooperativas da agricultura familiar em Dia de Fábrica

No dia 23 de junho de 2017, a Bianchini realizou a oitava edição do seu Dia de Fábrica para a Agricultura Familiar, na unidade de produção de biodiesel em Canoas-RS.

O evento abre as portas da empresa para que os agricultores familiares parceiros possam conhecer todo o processo de beneficiamento de soja e de produção de biodiesel. A iniciativa faz parte das ações da Bianchini de fortalecimento da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel no âmbito das ações que compõem o Selo Combustível Social de que a empresa é detentora.

Nesta edição, a Bianchini recebeu, pela primeira vez, 71 agricultores da Cooperativa Rural dos Vales (Cooperval) e da Cooperativa

dos Produtores de Leite de Serafina (Cooperlate) e contou com a presença do vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul – Fetag/RS, Nestor Bonfante e do Coordenador Geral de Energias Renováveis da Secretaria Especial da Agricultura Familiar da Casa Civil da Presidência da República, André Luiz.

Devidamente orientados sobre os procedimentos de segurança e uso de EPIs, eles puderam adentrar na fábrica e conhecer todas as etapas do processo, tanto de esmagamento de soja, quanto de produção e expedição de biodiesel, além de setores adjacentes como os laboratórios de controle de qualidade, a geração de vapor, oficinas e o setor de expedição fluvial que faz o

transporte de farelo de soja para o porto de Rio Grande, servindo-se da hidrovia da Lagoa dos Patos. Cada fase industrial foi explicada por um profissional da empresa responsável pela etapa.

Além disto, os agricultores puderam conhecer melhor o padrão de qualidade da soja, os defeitos que podem ser reduzidos com boas práticas agrícolas e como é feita a classificação durante o recebimento.

Para o diretor executivo da Bianchini, Antin Bianchini, a produção oriunda da Agricultura Familiar tem relevante papel para a produção do biodiesel. “Espero que essa importante cadeia produtiva permaneça atuando com destaque, acompanhando a evolução e crescimento do mercado nacional”, destaca. ■

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BASF

Soluções garantem sustentabilidade e produtividade na cadeia do biodiesel

Além de atender aos requisitos de combustíveis de alta qualidade exigidos pelos fabricantes de motores, o biodiesel é considerado um combustível bastante promissor por ser produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais, trazendo segurança energética para o país, fomentando a geração de empregos e renda, entre outros benefícios.

A BASF garante para a América do Sul alguns insumos importantes para assegurar a produtividade e, principalmente, a sustentabilidade na produção do biodiesel. Os produtos

catalisadores, por exemplo, têm papel fundamental na cadeia de produção: sem eles, esta seria mais cara e difícil.

Ao construir sua fábrica no Brasil, em 2012, a BASF trouxe a produção desse insumo essencial para a fabricação do biodiesel para perto dos clientes da América do Sul, facilitando a logística, reduzindo o transporte e consequentemente diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.

A BASF também desenvolve aditivos que proporcionam um desempenho confiável em combustíveis que contêm biocombustíveis. O uso de

aditivos garante um aumento de eficiência e promove vantagens tecnológicas, prevenindo falhas e assegurando um melhor desempenho dos veículos.

Além disso, os aditivos também contribuem para o desenvolvimento sustentável dessa cadeia: com um motor mais limpo e um combustível mais eficaz, há uma redução de manutenção do veículo e uma maior economia de combustível. Isso contribui para uma utilização sustentável dos recursos e uma redução de emissões de CO2, gerando ganhos econômicos e ambientais. ■

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Mitsubishi

Representantes da Mitsubishi visitam usina experimental de biodiesel em Brasília

Representantes da Mitsubishi Corporation do Brasil, empresa associada à Ubrabio, conheceram, em abril, a usina experimental para produção de biodiesel a partir de óleo de fritura usado, em Brasília.

Quando descartado incorretamente, o óleo de cozinha pode gerar diversos prejuízos às redes de esgoto, além de poluir água potável. Para estimular a destinação adequada desse passivo ambiental, a Ubrabio, a Embrapa Agroenergia e a Caesb (empresa de saneamento do Distrito Federal) realizam em conjunto

o projeto M.O.V.E.R – Meu Óleo Vira Energia Renovável. A proposta é promover a conscientização da população do DF e incentivar a reciclagem do produto.

A Mitsubishi é parceira na produção de biodiesel na usina experimental, doando insumos para o processo de transformação do óleo residual em combustível renovável.

“Estamos participando de um projeto que vai trazer uma melhoria ao meio ambiente. Para nós é muito gratificante o envolvimento nesse tipo de projeto”, afirmou o representante da Mitsubishi José Oswaldo Fernandes.

Além de visitar as instalações da unidade de produção, os executivos também conheceram os laboratórios da Embrapa Agroenergia.

Participaram da visita os representantes Mitsubishi Shingo Hashimoto, José Oswaldo Fernandes e Juliana Oliveira; o chefe geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville; o gerente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Caesb, Vladimir Puntel; o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski e o diretor executivo da Ubrabio, Sergio Beltrão. ■

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below50: Brasil pode ser o mais

importante player internacional

Colaboração global quer impulsinoar o mercado de combustíveis sustentáveis

Criado pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, sigla em inglês), uma associação mundial de cerca de 200 empresas que trata exclusivamente de negócios e desenvolvimento sustentável, o below50 é uma colaboração global que tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do mercado de combustíveis mais limpos.

Em 2017, a Ubrabio firmou mais uma parceria para fortalecer a produção e uso de biodiesel e desenvolver a cadeia de bioquerosene no Brasil. Desde o segundo semestre, a entidade apoia o programa below50, que busca criar demanda para combustíveis que emitam, no mínimo, 50% menos CO2 do que os combustíveis tradicionais.

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A gerente de projetos do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Ana Carolina Szklo, explica que o projeto está alinhado com os compromissos assumidos na NDC Brasileira (Acordo de Paris) e no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Podemos listar, pelo menos, seis ODS em que o uso de biocombustíveis se enquadra. Além disso, o Brasil conta com condições extremamente favoráveis para produção de combustíveis renováveis, e pode ser o mais importante player no mercado below50 internacional, ainda em desenvolvimento”, destacou Ana Carolina, durante evento promovido pela Ubrabio e Fiemg em agosto de 2017.

Além disso, o below50 visa impulsionar iniciativas nacionais, como o

“A Ubrabio participa dessa iniciativa que já está sendo implementada em diversos países porque tanto o biodiesel quanto o bioquerosene são combustíveis que reduzem as emissões em muito mais do que 50%. Essa ação do CEBDS demonstra à sociedade as oportunidades que o Brasil tem para reduzir as emissões e avançar para uma economia cada vez mais sustentável”, comenta Tokarski.

O below50 se propõe a:

• aumentar o número de empresas que optam pelos combustíveis below50;

• criar oportunidades intersetoriais via cadeias de suprimentos;

• demonstrar que os combustíveis below50 possuem um apelo econômico, social e ambiental;

• abordar as barreiras legislativas e financeiras no abastecimento dos combustíveis below50.

RenovaBio, e internacionais como Plataforma para o Biofuturo, criada para promover o diálogo sobre políticas e colaboração entre os principais países, organizações, academia e setor privado sobre a necessidade de acelerar o desenvolvimento de soluções baseadas em combustíveis não-fósseis nos transportes, produtos químicos, plásticos e outros setores.

Fundado em 1997 por um grupo de grandes empresários brasileiros atentos às mudanças e oportunidades que a sustentabilidade trazia, o CEBDS é responsável pela liderança do below50 na América do Sul e busca adaptar o projeto global ao contexto da região.

Para o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, a iniciativa amplia a divulgação dos benefícios atrelados ao uso dos biocombustíveis.

“Tanto o biodiesel quanto o bioquerosene são combustíveis que reduzem as emissões em muito mais do que 50%

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Fonte: CEBDS

ODS associados ao below50:

Faça parte do below50 – hub América do Sul

Visão de vanguardaPrimeira instituição no Brasil

a falar em sustentabilidade dentro do conceito do Tripple Bottom Line, que norteia a atuação das empresas a partir de três pilares: o econômico, o social e o ambiental, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é referência na vanguarda da sustentabilidade tanto para as empresas quanto para parceiros e governos.

A associação civil foi responsável pelo primeiro Relatório de Sustentabilidade do Brasil, em 1997, e ajudou a implementar em parceria com

o World Resources Institute (WRI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de 2008, a principal ferramenta de medição de emissões de gases de efeito estufa no país, o GHG Protocol.

O CEBDS reúne hoje cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do Brasil, com faturamento de aproximadamente 40% do PIB e responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos, e é reconhecido como o principal representante do setor empresarial na liderança de um revolucionário processo de mudança.

Entre as iniciativas do grupo, está o projeto Ação 2020, que reúne recomendações concretas e viáveis para que as empresas instaladas no Brasil possam se estruturar e protagonizar, por meio de soluções de negócios, a construção de um país mais justo e sustentável, de acordo com as projeções contidas no relatório Visão Brasil 2050.

Em 2016, o CEBDS, representado por sua presidente, Marina Grossi, foi convidado a integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um órgão de assessoramento do presidente da República. ■

Organizações de qualquer etapa da cadeia de abastecimento podem participar do below50. O critério de entrada considera se sua empresa ajuda a produzir, investir ou consumir combustíveis que emitam 50% menos CO2 em relação aos combustíveis tradicionais. Confira alguns dos setores que podem participar do below50:

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Aurélio Amaral Diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e BiocombustíveisEu gostaria de cumprimentar e parabenizar a Ubrabio pelos dez anos e pelo papel importante e fundamental na divulgação, consolidação e crescimento da participação do biodiesel na matriz energética nacional. Graças a associações como a Ubrabio, o Brasil saiu do zero para os 8% de particpação que temos hoje, com perspectiva de chegar a 10%, contribuindo com a matriz veicular brasileira.

Miguel Ivan Lacerda Diretor do Departamento de Biocombustíveis do MMEA Ubrabio, nesses dez anos, tem contribuído com o setor de biodiesel e, mais do que isso, tem trabalhado na fronteira do apoio às novas tecnologias como é o caso do bioquerosene. Exemplo disso é o lançamento, no aniversário de dez anos da Ubrabio, num ato histórico, da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação. Essa rede ataca um problema do mercado sobre emissão de CO2 que é a aviação.

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Ubrabio 10 anos

A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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Emitir vai ficar mais caro para

o setor aéreoBioquerosene é alternativa mais eficiente para

neutralizar carbono

Responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), o setor de aviação busca soluções para se descarbonizar e cumprir os acordos firmados internacionalmente para conter o aumento da temperatura do planeta. Empresas de aviação de 192 países – incluindo as que atuam no Brasil – se comprometeram a neutralizar o crescimento das emissões de carbono a partir de 2020, numa iniciativa coordenada pela Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, sigla em inglês).

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“A forma mais efetiva de neutralizar e reduzir essas emissões é o uso de biocombustível”, avalia o diretor de Biocombustíveis de Aviação da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Pedro Scorza.

Scorza, que também representa a GOL Linhas Aéreas, empresa associada à Ubrabio, explica que a companhia aérea tem interesse em comprar o biocombustível, desde que haja paridade de preço com o fóssil.

Para apresentar oportunidades de negócios e investimentos nessa cadeia de valor, a Ubrabio, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e o Governo do Estado de Minas Gerais promoveram nos dias 29 e 30 de agosto, em Belo Horizonte, o Seminário de Desenvolvimento Sustentável e Descarbonização: oportunidades de negócios e investimentos na cadeia de valor do Bioquerosene. O objetivo foi justamente promover o debate

sobre o protagonismo brasileiro no programa de descarbonização assumido nos acordos internacionais, investimentos em projetos de reflorestamento para energia e biocombustíveis de aviação, com oleaginosas da biodiversidade regional do Brasil, e também biomassas comerciais já disponíveis, como a soja e a cana.

Para o vice-presidente da Fiemg, Aguinaldo Diniz, o Brasil acerta em cheio ao investir nessa cadeia de valor em que todos saem ganhando.

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A concretização do plano de longo prazo para o desenvolvimento dos biocombustíveis de aviação no Brasil pode gerar investimentos de R$ 1 bilhão a R$ 5 bi em refinarias para produção de bioquerosene, e 60 mil empregos diretos, nos próximos anos. A estimativa foi apresentada pela Ubrabio ao Ministério de Minas e Energia (MME), para subsidiar a estruturação do programa RenovaBio.

“Temos no Brasil uma situação diferenciada de outros países. Para muitos, o cumprimento das metas de descarbonização servirá como uma punição. Já no Brasil temos a grande oportunidade de fomentar a indústria de biocombustíveis gerando emprego, renda, investimentos e desenvolvimento tecnológico. Tenho certeza de que Minas Gerais fará um marco histórico na construção de uma cadeia produtiva a partir do bioquerosene porque tem todos os ingredientes

necessários: demanda – justificada pela presença do Aeroporto Internacional, em Confins –, e matéria-prima abundante – tanto as tradicionais como soja e cana-de-açúcar, como a macaúba, originária do cerrado”, explicou o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

Segundo Ana Paula Machado, coordenadora-geral de Serviços Aéreos Internacionais da Secretaria Nacional de Aviação Civil, emitir GEE vai ficar mais caro para o setor aéreo e os biocombustíveis de aviação precisam estar disponíveis em escala comercial até 2035. “É preciso estabelecer um plano de negócios”, ressaltou.

A análise é compartilhada pela Abear (associação que representa as empresas aéreas no Brasil). De acordo com Rogério Benevides, engenheiro aeronáutico da Abear, o setor tem duas vertentes para atuar: eficiência e bioquerosene.

MacaúbaEm Minas Gerais,

pesquisadores e empresas estão investindo em estudos com a macaúba, uma palmeira nativa, cujos frutos podem fornecer óleo para produção de bioquerosene, e matéria-prima para diversos produtos da chamada química verde. Esta é uma proposta de biomassa sustentável para produção de biocombustível de aviação no Brasil, apresentada pela Plataforma Mineira de Bioquerosene.

A Prefeitura de Juiz de Fora assinou recentemente um protocolo de intenção do “Projeto Macaúba” que visa garantir a recuperação e a preservação do bioma através do plantio da palmeira. “O potencial é enorme. O projeto envolve 45 municípios da Zona da Mata, Sul e Vertentes”, disse o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira.

“É preciso estabelecer um plano de negócio

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Neutralizando as emissões

Atualmente, o Brasil consome 7 bilhões de litros de querosene de aviação – o equivalente à capacidade autorizada para produção de biodiesel no país, hoje em 7,7 bilhões de litros por ano. Pelo acordo firmado com a ICAO, as empresas que aumentarem as emissões depois de 2020 terão que comprar crédito de carbono para compensar esse incremento. Ou, para que a neutralização ocorra, o Brasil teria que produzir 4 bilhões de litros de bioquerosene em 2030. “Isso é factível. O biodiesel cresceu porque houve um marco regulatório. É o que o bioquerosene precisa”, destaca Scorza.

Para o representante da Embraer Marcelo Gonçalves, os biocombustíveis de aviação são “uma baita oportunidade para o Brasil”. “Esse mercado vai ser necessário. Quem pratica voos internacionais vai ter que mitigar emissões”.

RegulaçãoDurante o encontro em

Belo Horizonte, Aurélio Amaral, diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), anunciou a revisão da Resolução ANP n° 63/2014, que “estabelece as especificações dos Querosenes de Aviação Alternativos e do Querosene de Aviação B-X (QAV B-X)”, algo que vem sendo pleiteado pelo setor. Segundo Amaral, é preciso “modernizar para gerar desenvolvimento”.

Aviação internacionalA sustentabilidade dos

biocombustíveis de aviação também foi o ponto de destaque a 2ª edição da Conferência sobre Combustíveis Alternativos de Aviação (CAAF2, sigla em inglês), promovida pela ICAO no México, nos dias 11, 12 e 13 de outubro de 2017.

Membro da delegação brasileira no evento, o diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio, Pedro Scorza, conta que ficou claro o papel dos combustíveis sustentáveis na aviação, que não tem outra alternativa para descarbonização a não ser a combinação do uso de biocombustíveis com as melhorias operacionais e tecnológicas.

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A Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação (RBQAV) foi lançada em maio de 2017, no Seminário “Biodiesel e Bioquerosene: sustentabilidade econômica e ambiental” promovido pela Ubrabio. A RBQAV recebeu o aporte financeiro de R$ 337 mil do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) para sua gestão.O projeto intitulado “Gestão da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação” será executado a partir de outubro de 2017, através do convênio UFRN/FUNPEC que tem como principal objetivo a estruturação da rede de pesquisa, mapeamento das competências instaladas no país, divulgação das atividades e notícias do setor e realização de workshops e cursos de capacitação.

Além disso, a RBQAV vai dar suporte à criação de políticas públicas e às ações viabilizadoras para a produção de bioquerosene e hidrocarbonetos renováveis, contribuindo para redução das emissões do mercado de aviação civil. Essas atividades estão alinhadas às metas da NDC brasileira e de crescimento neutro do setor, conforme os acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário (CORSIA).A RBQAV já conta com o apoio de pesquisadores de diferentes instituições (UFRN, UFPB, UFRJ, UFPE, UFMA, UFGO, UERN, UNB, UFMG, UFRGS e INT), empresas (Embraer, GOL Linhas Aéreas, Boeing, Byogy Renewables, Curcas Diesel Brasil, Camelina Company, GeoFlorestas) e agentes governamentais como MCTIC, MME, Embrapa e ANP. As pesquisas para produção de bioquerosene e

hidrocarbonetos renováveis já vem sendo realizada em algumas universidades. Na UFRN, investigamos o processo de desoxigenação de óleos vegetais na presença de catalisadores bifuncionais (Mo/HBETA, Mo/SBA-15, Ni/Kit-6) para obtenção de hidrocarbonetos renováveis. Na UFPB, a professora Nataly Alburquerque dos Santos vem pesquisando a obtenção do bioquerosene a partir do processo de hidrotratamento e pirólise de oleaginosas regionais, não alimentícias e que apresentem composição química dentro da faixa do bioquerosene de aviação como óleo de munguba, licuri, babaço e microalgas. Já no Centro de Planta Piloto de Catalise (PROCAT/UFRJ), coordenado pelo professor Donato Aranda, são pesquisandos dois processos: o hidrotratamento de ésteres e ácidos graxos (HEFA) e o ATJ (etanol para jetfuel). ■

RBQAV Pesquisas em cursoPor Amanda Gondim, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Sergio Beltrão Diretor Executivo da UbrabioAinda em 2004, quando era funcionário da ANP, fui mordido pelo mosquitinho do biodiesel e fiz questão de trabalhar com o produto ainda na agência, logo após o lançamento do programa. Após o contato inicial com alguns agentes de mercado, vi que era muito promissor e que é um mercado que o Brasil desconhece, esse Brasil agrícola e agroindustrial. Fui convidado pelo presidente Juan Diego Ferrés para integrar uma entidade que pudesse representar nacionalmente e integralmente a cadeia do biodiesel e, no dia 3 de maio de 2007, eu estava em Brasília dando os primeiros passos junto com o nascimento da própria entidade. Isso me orgulha muito até hoje, nesses dez anos de luta e de grande sucesso em prol da sustentabilidade e do desenvolvimento do Brasil.

Amanda Gondim Pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do NorteA Ubrabio está sendo fundamental para a estruturação da RBQAV, porque foi ela que articulou a parceria entre governo, instituições de pesquisa e indústria e reuniu representantes dos diversos elos dessa cadeia para apoiar a rede. Seria impossível isso estar acontecendo sem a participação da Ubrabio tão efetivamente.

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Ubrabio 10 anos

A história contada por personalidades do setor de biodiesel e bioquerosene no Brasil

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A hora do RenovaBio

Biocombustíveis são aposta brasileira para

descarbonização

acordo internacional que busca acelerar o desenvolvimento e expansão sustentáveis dos biocombustíveis. A plataforma é estratégica para alcançar a expansão do uso de biodiesel, etanol e bioquerosene e, assim cumprir as metas do Acordo de Paris.

Os biocombustiveis foram escolhidos como estratégia de descarbonização, pois o setor de transportes representa aproximadamente 14% do total das emissões brasileiras. A substituição de diesel fóssil por biodiesel pode reduzir as emissões de CO2 em cerca de 70%.

O Brasil, como signatário do Acordo de Paris, apresentou sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês) se comprometendo a reduzir 37% das emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE, até 2025, e 43%, até 2030. Para cumprir essa meta, o país precisa aumentar a participação de energia limpa em sua matriz energética. Em 2030, 18% de toda a energia consumida aqui precisa ser bioenergia.

Por isso, através de uma iniciativa brasileira, foi criada a Plataforma para o Biofuturo,

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Além disso, o aumento do uso de biocombustíveis permite que o Brasil deixe de ser um importador estrutural de gasolina e diesel e alcance maior equilíbrio na balança comercial. Somente nos primeiros oito meses de 2017 o Brasil gastou 3,3 bilhões de dólares com a importação de 8 bilhões de litros de diesel, 90% acima do mesmo período de 2016. Desde o início do uso do biodiesel no Brasil, já foram evitados gastos de mais de 17 bilhões de dólares com a importação de óleo diesel e 50 milhões de toneladas de CO2, que deixaram de ser lançadas na atmosfera.

A ampliação do uso de biodiesel também estimula o processamento interno de soja (matéria-prima do biodiesel), o que faz com que o Brasil se torne um exportador de produtos de maior valor agregado, exportando o óleo e o farelo da soja. Além disso, o processamento interno gera inúmeros postos de trabalho e fomenta o desenvolvimento de pesquisas no setor do agronegócio.

Para que o Brasil cumpra o compromisso assumido no acordo de Paris, em 2030, 18% de toda a energia que

o país consome deverá ser bioenergia, o que significa que o Brasil vai precisar aumentar sua produção de biocombustíveis. Para promover esse aumento de forma sustentável, levando em consideração todo o ciclo de vida da cadeia de produção dos biocombustíveis, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o programa RenovaBio. O obejtivo da iniciativa é conferir previsibilidade e segurança jurídica para viabilizar os investimentos necessários nas cadeias produtivas de bioenergia.

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“O RenovaBio é uma política ambiental e estrategicamente correta, além de não ser uma política tributária, porque não vai aumentar tributo para ninguém. A proposta do programa é reconhecer que existe um valor que não está sendo mencionado no setor de biocombustíveis, que é a redução de CO2”, explica o diretor de Biocombustíveis do MME, Miguel Ivan Lacerda.

O programa está sendo estruturado de forma semelhante ao conceito utilizado na Europa e nos EUA. Certificados de reduções de emissões serão emitidos por produtores de

biocombustíveis e definidos sob os critérios de empresas certificadoras independentes. Ou seja, o programa vai induzir e reconhecer os níveis superiores de eficiência energética na produção de biocombustíveis.

“O RenovaBio é uma proposta de regulação que visa a indução de ganhos de eficiência energética na produção e no uso de biocombustíveis, e o reconhecimento da capacidade de cada biocombustível contribuir para o atingimento de metas de descarbonização”, pontua Plínio Nastari, representante da sociedade civil no CNPE. ■

“O RenovaBio é uma proposta de regulação que visa a indução de ganhos

de eficiência energética na produção e no uso de biocombustíveis, e o reconhecimento da capacidade de cada

biocombustível contribuir para o atingimento de

metas de descarbonização

”Plataforma para o BiofuturoA Plataforma para o Biofuturo abrange alguns dos países mais relevantes para mercados e inovação em biocombustíveis avançados e biomateriais. A lista dos participantes inclui Argentina, Brasil, Canadá, China, Dinamarca, Egito, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Índia, Indonésia, Itália, Marrocos, Moçambique, Países Baixos, Paraguai, Reino Unido, Suécia e Uruguai.Fonte: Ministério das Relações Exteriores

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AQUECIMENTO GLOBAL

ACORDO DE PARIS COP21

NDC BRASILEIRA

• Esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais

Expansão na produção e uso de

biocombustíveis

Políticas públicas para assegurar

previsibilidade para o mercado

Promover competitividade

no mercado

Geração de investimentos e

empregos no setor

Aumentar eficiência energética

• Redução das emissões de GEE

Caminhar Para

Bioeconomia Sustentável

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Validam

Emitem

Que Possui uma

Órgãos de Certificação Acreditados

Análise de ciclo de vida da produção

PRODUTORES DE BIOCOMBUSTÍVEIS

Biodiesel, bioquerosene, etanol, biogás,

biometano

PEGADA DE CARBONO: Emissão de gases de efeito

estufa (CO2eq) em todo o processo

de produção

Certificado da Produção Eficiente de Biocombustíveis

Nota de Eficiência Energético-Ambiental

Crédito de Descarbonização

(Cbio)

Nota +Volume vendido

para as distribuidoras

Volume a ser adicionado

• Definidoapartirdo tipo de biocombustível;

• Emitido pelo produtor a partir do volume danotafiscal,proporcional à nota deeficiência;

• Negociado em bolsa;

• Representa a quantidade de gases de efeito estufa gerado por unidade de energia (TCO2/MJ)

• Definidaapartirda análise do ciclo de vida do biocombustível, do tipo de biocombustível e das emissões geradas.

Como Funciona

Define

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