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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CÂMPUS ARARAQUARA UMA PROPOSTA DE INOVAÇÃO NO CARDÁPIO ESCOLAR BASEADA NA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR, DE PIRACICABA - SP RITA DE CÁSSIA FURLAN PECORARI ORIENTADOR: Prof. Dr. JOÃO BOSCO FARIA Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Rita M. de Oliveira ARARAQUARA – SP 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

CÂMPUS ARARAQUARA

UMA PROPOSTA DE INOVAÇÃO NO CARDÁPIO ESCOLAR

BASEADA NA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE

ALIMENTAÇÃO ESCOLAR, DE PIRACICABA - SP

RITA DE CÁSSIA FURLAN PECORARI

ORIENTADOR: Prof. Dr. JOÃO BOSCO FARIA

Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Rita M. de Oliveira

ARARAQUARA – SP2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

CÂMPUS ARARAQUARA

UMA PROPOSTA DE INOVAÇÃO NO CARDÁPIO ESCOLAR

BASEADA NA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE

ALIMENTAÇÃO ESCOLAR, DE PIRACICABA-SP

RITA DE CÁSSIA FURLAN PECORARI

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição,

Área de Alimentos, da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas, UNESP, como

parte dos requisitos para obtenção do Título

de Mestre em Ciências dos Alimentos e

Nutrição.

ORIENTADOR: Prof. Dr. JOÃO BOSCO FARIA

Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Rita M. de Oliveira

ARARAQUARA – SP2006

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BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________Prof. Dr. João Bosco Faria

(Orientador)

___________________________________________________________________Profa. Dra. Marina Vieira da Silva

(Membro Titular)

___________________________________________________________________Profa. Dra. Vera Mariza Henriquez de Miranda Costa

(Membro Titular)

___________________________________________________________________Profa. Dra. Gilma Lucazechi Sturion

(Membro Suplente)

___________________________________________________________________Profa. Dra. Maria Alice Rosa Ribeiro

(Membro Suplente)

Araraquara, 22 de Junho de 2006.

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Dedicatória

Aos meus pais, Assumpto (“in memoriam”) e Maria, pelas lutas que empreenderam

nunca medindo esforços para tornar possível todos os meus sonhos.

Ao meu marido Jovir, pela compreensão, incentivo e paciência nas diferentes etapas

deste trabalho.

Aos meus filhos Nicole e Matheus nos momentos de ausência e em outros que

souberam dividir a minha atenção.

À minha irmã Lia pela especial atenção e carinho para comigo e meus filhos.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. João Bosco Faria pela orientação, confiança, estímulo e extrema

competência com que sempre me ensinou.

À Profa. Dra. Maria Rita Marques de Oliveira, pela dedicada participação

como co-orientadora, possibilitando a realização deste trabalho o tempo todo.

Aos funcionários das Secretarias de Educação, Agricultura e Abastecimento e

de Planejamento da Prefeitura Municipal de Piracicaba, que colaboraram muito na

coleta de dados e discussão das propostas.

Ao Gerente da unidade CEASA - Piracicaba, pela disponibilização das

informações técnicas e valiosa participação na discussão das propostas.

À toda a equipe da Divisão de Alimentação e Nutrição, diretoras, professoras,

e demais funcionários das escolas pesquisadas, que permitiram e colaboraram

sempre na discussão e coleta de dados necessários para a realização da pesquisa.

Aos alunos das escolas pesquisadas, pela atenção e colaboração nas

opiniões, fornecendo dados importantes para a pesquisa.

Aos ex-alunos do Curso de Nutrição da Universidade Metodista de Piracicaba

Adriana Danelon, Carolina Passarelli, Rita Maria Eleutério, Roselene Valota, Tatiane

Fernanda Ferreira e a aluna Bruna Caramelo Torres que de maneira muito especial,

me apoiaram na coleta de dados, contribuindo para a realização desta pesquisa.

À Cristiane Mariana Rodrigues pela extrema competência e contribuição na

organização final deste trabalho.

A todos que de maneira direta e indiretamente, contribuíram para a realização

deste trabalho.

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RESUMO

O Programa de Alimentação Escolar (PNAE) tem como objetivos principaismelhorar as condições nutricionais do aluno e sua capacidade de aprendizagem,procurando formar hábitos alimentares saudáveis com dinamização da economialocal. O objetivo desta pesquisa foi propor inovações no cardápio do Programa deAlimentação do Escolar do Município de Piracicaba-SP, a partir da avaliação doabastecimento alimentar e das condições de produção das refeições. A pesquisa foirealizada em três etapas: na primeira foi realizado um diagnóstico geral doabastecimento alimentar do município, da Divisão de Alimentação e Nutrição daPrefeitura Municipal e dos hábitos alimentares das crianças da rede de ensino; asegunda etapa consistiu de um diagnóstico específico onde foram avaliadas aadesão e aceitabilidade de uma amostra dos cardápios atuais, utilizando-se de trêsmetodologias tradicionais: Percentagem de Adesão, Estimativa Visual dos Restosem cada Prato e Escala Hedônica Estruturada Facial; na terceira etapa foi formuladauma proposta de inovação do cardápio para a alimentação escolar, a partir dodesenvolvimento, padronização e avaliação das preparações. O levantamento dedados referentes à disponibilidade de produtos alimentícios indicou uma auto-suficiência de produção apenas de verduras, milho, mandioca e banana, sendo queo abastecimento alimentar do PMAE é parcialmente regionalizado e não conta comfornecedor local. A avaliação da adesão da alimentação apontou para uma baixaadesão ao Programa, 39,32% na média geral. Nas escolas municipais (região nortee oeste) a adesão foi maior (55,88%) que nas estaduais (22,77%). Na escola daregião norte onde as crianças pertencem a famílias com menores rendimentos aadesão foi mais expressiva (63,39%). A menor adesão (19,77) foi na escola estadualregião sul, onde as crianças pertencem a famílias com maiores rendimentos. Quantoà aceitabilidade, a metodologia da Estimativa Visual dos Restos de cada Prato(consumo) apontou uma melhor aceitação (88,43%) na escola estadual da regiãocentro, onde as crianças pertencem a famílias com maiores rendimentos e menoraceitabilidade (77,72%), foi na escola municipal da região norte. A aceitabilidadeutilizando a metodologia da Escala Hedônica Estruturada Facial, revelou maioríndice na escola municipal da região norte (47,28%) e menor aceitabilidade naescola estadual região centro. Os resultados da avaliação da adequação nutricionaldos cardápios analisados em relação à energia, macronutrientes, vitamina A,vitamina C, cálcio e ferro, mostraram que em relação às recomendações diáriaspreconizadas pelo PNAE de energia (350 Kcal) e proteínas (9g), para pré-escolarese escolares, foram classificadas como insuficientes, quando avaliadasseparadamente, refeições de entrada e refeição salgada servida no intervalo doperíodo de aula. Quando avaliadas conjuntamente foram suficientes, com umavariação a maior tanto em calorias como em teor de proteínas. A partir dodiagnóstico realizado foi possível fundamentar, uma proposição de inovação nocardápio para o Programa de Alimentação Escolar do Município de Piracicaba,aproveitando os alimentos disponíveis no município e região, com garantia de umamelhor adequação nutricional.

Palavras chave: alimentação escolar, cardápio, abastecimento, avaliação deprograma.

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ABSTRACT

The Brazilian National School Meals Program has as main goals to improvestudent’s nutritional conditions and his/her learning capacity, through developinghealthy eating habits and stimulating local economy.. The aims of this study was topropose changes in the Municipal School Meal Program’s menu, from an elementarystudy in four Piracicaba’s public schools and valuation of food supplay and theconditions of production the meals. The research was developed in three stages: inthe first one three general diagnosis were carried out: (a) in the Municipal FoodSupply, (b) within the Piracicaba Municipal of Food and Nutrition Division, and (c) thechildren eating habits from municipal public schools. The second stage constituted ofa specific diagnosis evaluating the adhesion and acceptability of a food sample of theactual school menu. For this were used three traditional methodologies – AdhesionPercentages, Estimated Visual Leftovers and Facial Hedonic Scale. In the third stageit was developed, standardized and evaluated new preparations and formulated anew menu for the school meals. The data collected from the available food productsindicated a self-sufficiency production only for vegetables, corn, cassava andbananas. The evaluation on eating adhesion showed a low adhesion to the programon average of 39.32%. The adhesion of the Municipal’s Schools located in the northand northeast of Piracicaba was higher (55.88%) than the State’s Schools (22.77%).The schools located in the north where the kids belonged to the lowest incomefamilies, the adhesion was higher (63.39%). Lower adhesion (19.77%) was found inState’s School located in the south where the children belonged to higher incomefamilies. When analyzing the acceptance using Visual Estimative of Leftovers(consumption) methodology it was observed a better acceptance (88.43%) in theState’s School located in downtown where children belonged to higher incomefamilies, and the lowest acceptance (77.72%) was found in the Municipal’s Schoollocated in the north. Acceptance using the Facial Hedonic Structured Scalemethodology, revealed a higher index in the Municipal’s School located in the north(47.28%) and lowest acceptance in the State’s School located in downtown area.The data suggest that students adhere to the menu when they are hungry or whenthe preparations please them. The results from the menu’s nutritional adequacy forenergy, macronutrients, and A and C vitamins, calcium and iron, compared toPNAE´s daily recommendation for energy (350 calories) and proteins (9g) fortoddlers and elementary kids, showed that they are inadequate when evaluatedseparately the menus: entrance meals and salty meal served during breaks. Whenthe meals were evaluated together they were considered sufficient with a variationtending to high in calories and proteins. From all of these identified aspects, it wasproposed an innovation and improvement in the menu of Piracicaba’s School MealProgram, which may allowed a better use of the available regional foods and toguarantee a better nutritional adequacy.

Key words: school meals, scholar menus, food supplies, school program evaluation.

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LISTA DE QUADROS

1. Evolução dos recursos financeiros e alunos atendidos pelo PNAE no Brasil ... 26

2. Alimentos considerados básicos para fins do PNAE......................................... 28

3. Distribuição de rendimentos médio domiciliar dos chefes de família por região

administrativa. Piracicaba, 2000........................................................................ 47

4. Relação das escolas avaliadas, segundo a região administrativa e

respectivos números de escolares matriculados por série e período.

Piracicaba, 2005................................................................................................ 55

5. Cardápio básico da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura

Municipal. Piracicaba, 2005............................................................................... 57

6. Aceitabilidade da alimentação escolar por meio da adoção da metodologia

“Estimativa visual dos restos em cada prato”. Brandão, 2000........................... 60

7. Relação entre a produção local e o volume comercializado no setor varejista.

Piracicaba, 1991................................................................................................ 73

8. Recursos financeiros (em Reais) transferidos para o Município e

complementação de verba da Prefeitura Municipal de Piracicaba. 2004 e

2005 .................................................................................................................. 74

9. Fornecedores de alimentos do Programa Municipal de Alimentação Escolar.

Piracicaba, 2005................................................................................................ 77

10.Caracterização dos recursos humanos de produção da alimentação escolar.

Piracicaba, 2005................................................................................................ 80

11.Não conformidades constatadas durante a distribuição nas escolas públicas.

Piracicaba, 2005................................................................................................ 81

12.Aspectos avaliados nas escolas estaduais do município de Pircicaba, 2004 ... 82

13.Relação das preparações desenvolvidas como propostas de alternativas à

alimentação escolar. Piracicaba, 2005.............................................................. 105

14.Cardápios básicos elaborados a partir das preparações dietéticas

desenvolvidas especificamente para o PMAE. Piracicaba, 2005...................... 109

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15.Cardápios equilibrados nutricionalmente e suas combinações. Piracicaba,

2005. ................................................................................................................. 110

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LISTA DE FIGURAS

1. Aceitabilidade da refeição de entrada distribuídas para alunos das quatro

escolas. Piracicaba, 2005 ................................................................................. 95

2. Aceitabilidade da refeição salgada distribuídas para alunos das quatro

escolas. Piracicaba, 2005 ................................................................................. 97

3. Aceitabilidade das refeições servidas (entrada + salgada) para alunos das

quatro escolas. Piracicaba, 2005 ...................................................................... 98

4. Adesão às diferentes refeições nas 4 escolas, Piracicaba-SP, 2005................ 99

5. Adesão com e sem repetição às refeições (entrada + salgada) distribuidas

nas quatro escolas. Piracicaba, 2005................................................................ 100

6. Proporção de consumo da refeição de entrada distribuída para alunos nas

quatro escolas. Piracicaba, 2005 ...................................................................... 101

7. Proporção de consumo da refeição salgada distribuída para alunos nas quatro

escolas. Piracicaba, 2005 ................................................................................ 102

8. Proporção de consumo das refeições (entrada + salgada)distribuída para

alunos nas quatro escolas. Piracicaba, 2005 .................................................... 102

9. Adesão às refeições (entrada + salgada) distribuídas para alunos nas quatro

escolas conforme o período. Piracicaba, 2005.................................................. 103

10.Contribuição percentual de nutrientes dos cardápios propostos, baseada na

Dietary Reference Intakes – DRI’s 2002, para crianças entre 4 e 8 anos ......... 120

11.Contribuição percentual de nutrientes dos cardápios propostos, baseadda na

Dietary Reference Intakes – DRI’s 2002, para crianças entre de 9 e 13 anos .. 121

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LISTA DE TABELAS

1. Densidade demográfica por região administrativa. Piracicaba, 2000................ 47

2. Alimentos regionais de maior produção em Piracicaba, 2004........................... 70

3. Produção agrícola de Piracicaba, 2003............................................................. 71

4. Produção agrícola temporária de hortaliças. Piracicaba, 1996 ........................ 72

5. Quantidade das preparações dietéticas da alimentação escolar de Piracicaba,

2004 .................................................................................................................. 86

6. Freqüência de participação dos alimentos e preparações no cardápio da

alimentação escolar de Piracicaba, 2004.......................................................... 89

7. Estimativa da composição química das refeições servidas para os alunos das

quatro unidades de ensino, conforme o período e o tipo de refeição.

Piracicaba, 2005................................................................................................ 92

8. Adesão e aceitabilidade da refeição de entrada distribuída para alunos das

quatro escolas. Piracicaba, 2005 ...................................................................... 95

9. Adesão e aceitabilidade da refeição salgada distribuída para alunos das

quatro escolas. Piracicaba, 2005 ...................................................................... 96

10. Adesão e aceitabilidade das refeições (entrada + salgada) distribuída para

alunos das quatro escolas. Piracicaba, 2005 .................................................... 98

11. Custo alimentar total (em Reais) dos cardápios propostos, destacando as

preparações desenvolvidas para o lanche de entrada do PMAE. Piracicaba,

2005 .................................................................................................................. 111

12.Custo alimentar total (em Reais) dos cardápios propostos, destacando as

preparações desenvolvidas para a refeição salgada do PMAE. Piracicaba,

2005 .................................................................................................................. 112

13.Valor nutricional dos cardápios propostos como alternativas ao PMAE.

Piracicaba, 2005................................................................................................ 114

14.Contribuição energética e custos (em Reais) das preparações desenvolvidas

às especificações do PNAE. Piracicaba, 2005.................................................. 116

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15.Contribuição protéica e custos (em Reais) das preparações desenvolvidas às

especificações do PNAE. Piracicaba, 2005 ...................................................... 117

16.Valor nutricional dos cardápios básicos propostos como alternativas ao

PMAE. Piracicaba, 2005.................................................................................... 118

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LISTA DE SIGLAS

AL Adequate Intakes

CAE Conselho de Alimentação Escolar

CASE’s Centro de Atendimento Sócio-Econômico

CEAGESP Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo

CEASA Central de Abastecimento S.A de São Paulo

CEC’s Centro de Educação Complementar

CFN Conselho Regional de Nutricionistas

CNA Comissão Nacional de Alimentação

CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar

DAN Divisão de Alimentação e Nutrição

DRI Dietary Reference Intakes

DSE Departamento de Suprimento Escolar

EAR Estimated Average Requiriment

EMEC’s Escolas Municipais de Educação Complementar

EMFE’s Escolas Municipais de Educação Fundamental e Pré-Escolas

EMEI’s Escolas Municipais de Educação Infantil

ESALQ Escola Superior de Agronomia “Luiz de Queiróz”

FAE Fundação de Assistência ao Estudante

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

INAN Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEA Instituto de Economia Agrícola

IPPLAP Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba

NCSH National Center for Health Statistics

PAM Produção Agrícola Municipal

PEJA’s Programa de Educação para Jovens e Adultos

PMAE Programa Municipal de Alimentação Escolar

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PND Plano Nacional de Desenvolvimento

PNIAM Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno

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PNLCC Programa Nacional do Leite para Crianças Carentes

PSA Programa de Suplementação Alimentar

SEMA Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento

SFCI Secretaria Federal de Controle Interno

SISVAN Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional

TCU Tribunal de Contas da União

UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 20

2.1. A alimentação do escolar no contexto global................................................... 20

2.1.1. Programa Nacional de Alimentação Escolar................................................. 21

2.1.2. Programa Municipal de Alimentação Escolar ............................................... 27

2.2. Abastecimento alimentar no Brasil .................................................................. 30

2.3. Segurança alimentar e nutricional ................................................................... 35

2.4. Recomendações nutricionais para crianças .................................................... 39

2.5. Modelos de gestão da alimentação escolar no Município ............................... 41

3. OBJETIVOS..................................................................................................... 45

3.1. Objetivo geral................................................................................................... 45

3.2. Objetivos específicos....................................................................................... 45

4. LOCAL DO ESTUDO........................................................................................ 46

5. METODOLOGIA .............................................................................................. 49

5.1. Primeira etapa da pesquisa ............................................................................. 50

5.1.1. Abastecimento alimentar do Município de Piracicaba .................................. 50

5.1.2. Estrutura da Divisão de Alimentação e Nutrição........................................... 52

5.1.3. Consumo e hábitos alimentares dos escolares ............................................ 53

5.2. Segunda etapa da pesquisa ............................................................................ 54

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5.2.1. Escolas participantes do estudo ................................................................... 54

5.2.2. Cardápios avaliados ..................................................................................... 55

5.2.3. Adesão dos alunos ao Programa Municipal de Alimentação Escolar ........... 57

5.2.3.1. Percentagem de repetição ........................................................................ 58

5.2.4.Metodologias de avaliação da aceitabilidade dos cardápios ......................... 59

5.2.4.1. Estimativa visual dos restos em cada prato............................................... 60

5.2.4.2. Escala hedônica estruturada facial ............................................................ 61

5.2.4.3. Estimativa da composição química dos cardápios avaliados .................... 62

5.3. Terceira etapa da pesquisa ............................................................................. 63

5.3.1. Desenvolvimento de novas preparações...................................................... 63

5.3.2. Proposta de um novo cardápio ..................................................................... 64

5.4. Aspectos éticos e legais .................................................................................. 64

5.5. Análise dos resultados..................................................................................... 65

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 66

6.1. Primeira etapa da pesquisa ............................................................................. 66

6.1.1. Disponibilidade de alimentos no Município................................................... 66

6.1.2.Caracterização da estrutura do Programa Municipal de Alimentação

Escolar.................................................................................................................... 73

6.1.3. Fatores que interferem no planejamento do cardápio do Programa de

Alimentação Escolar de Piracicaba ........................................................................ 78

6.1.4. Consumo e hábito alimentar dos escolares.................................................. 84

6.2. Segunda etapa da pesquisa ............................................................................ 90

6.2.1.Caracterização dos cardápios avaliados do Programa de Alimentação

Escolar.................................................................................................................... 90

6.2.1.1. Adequação de energia, macronutrientes e micronutrientes (Vit A, Vit C,

Fe e Ca).................................................................................................................. 91

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6.2.2. Adesão e Aceitabilidade dos cardápios avaliados ........................................ 94

6.3. Terceira etapa da pesquisa ............................................................................. 104

6.3.1. Desenvolvimento de novas preparações...................................................... 104

6.3.2. Proposta de um novo cardápio ..................................................................... 108

6.4. Considerações gerais ...................................................................................... 125

7. CONCLUSÃO .................................................................................................. 128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 130

APÊNDICES........................................................................................................... 145

APÊNDICE A .......................................................................................................... 146

APÊNDICE B .......................................................................................................... 147

APÊNDICE C.......................................................................................................... 148

APÊNDICE D.......................................................................................................... 149

APÊNDICE E .......................................................................................................... 150

APÊNDICE F .......................................................................................................... 160

APÊNDICE G.......................................................................................................... 161

ANEXOS................................................................................................................. 162

ANEXO A................................................................................................................ 163

ANEXO B................................................................................................................ 164

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1. INTRODUÇÃO

A infância é um período biologicamente vulnerável e os primeiros anos de

vida são decisivos para o crescimento das crianças. Nesse sentido, os programas

que tenham por base cuidados infantis, disponibilizados de forma integral e com boa

qualidade, destinados às crianças desde os primeiros anos de vida, podem exercer

um papel preventivo para protegê-las de distúrbios nutricionais, especialmente da

desnutrição crônica e da obesidade (SILVA et. al, 2000).

Considerando que expressiva parcela das crianças brasileiras, que vai à

escola e que nela permanece considerável parte do seu dia, fica muito clara a

relevância de uma Política Nacional de Alimentação e Nutrição, que estabeleça

diretrizes e regulamente a alimentação do escolar, para permitir o desenvolvimento

infantil, associado ao direito humano à alimentação. Nesse sentido, o Programa

Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, dentre os programas públicos de

suplementação alimentar, sobressai-se pela dimensão, cobertura, grandes

investimentos e pela continuidade (VALENTE, 2002).

Os objetivos do PNAE podem ser expressos nas palavras “nutrir e educar”,

representando uma importante ferramenta no combate aos desvios nutricionais da

população. Junto à população infantil são identificados problemas de deficiências de

vitamina A, ferro e iodo, sobrepeso e obesidade infantil (BRASIL, 2002). Crianças

necessitam de dietas com conteúdo energético e protéico adequados, além das

vitaminas A,D,C, tiamina e ácido fólico; os minerais, cálcio, ferro, zinco, iodo e

selênio, prioritariamente e essenciais ao metabolismo infantil (HASCHKE; MALE,

1998).

O PNAE atende a cerca de 22% da população brasileira, buscando garantir

no mínimo duas refeições diárias, visando formar bons hábitos alimentares, “além de

contribuir para a diminuição dos índices de evasão e repetência dos escolares. Em

algumas regiões do Brasil, a alimentação do Programa é a única refeição diária das

crianças, o que pode incentivar sua permanência na escola e contribuir para a

diminuição dos índices de desnutrição infantil e carência de minerais e vitaminas”

(FUNDO NACIONAL..., 2004).

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Com a descentralização do PNAE iniciada em 1993, mudanças significativas

vêm ocorrendo na operacionalização do programa pelos municípios, com o intuito de

refletir na melhoria de seu desempenho. Procedimentos alternativos foram

introduzidos como mudanças da sistemática de compras, implantação de produção

alternativa de alimentos e utilização de maior volume de produtos básicos e in natura

(PIPITONE, 1997), permitindo melhorar a aceitabilidade das refeições, dada à

possibilidade de cardápios mais diversificados (ABREU, 1995).

Apesar da alimentação escolar preconizar suprir, no mínimo, 15% das

necessidades nutricionais diárias dos alunos matriculados em creche, pré-escola e

ensino fundamental, muitas controvérsias têm sido observadas em relação à sua

composição, qualidade e quantidade, principalmente ao que se refere às

necessidades diárias das crianças em período escolar e as políticas de

abastecimento alimentar do município, baseadas em seu programa de alimentação

escolar (AMODIO, 2002).

Tendo em vista a meta do abastecimento alimentar do PNAE, a análise da

operacionalização deste, no âmbito municipal, devem-se levar em consideração as

condições de disponibilidade de alimentos na região. Em cada caso, as dificuldades

operacionais dependerão das características regionais e de infra-estrutura pública,

variando desde situações onde as condições de abastecimento são plenamente

suficientes, até situações onde tais condições inexistam (VIANNA e TERESO, 2000).

Durante todos os anos de existência, o PNAE nas escolas de ensino

fundamental vem sendo avaliado com relação à aceitabilidade ou rejeição de seus

cardápios (BRANDÃO, 2000), por meio da metodologia de “Medidas de Sobras

Agregadas”, ou pelo método de “Estimativa Visual dos Restos em cada Prato”.

Embora válidas, essas metodologias são limitadas, no sentido de que crianças que

não participam do programa de alimentação escolar, em virtude de rejeição aos

cardápios servidos, ou devido a constrangimentos sociais, dentre outros motivos

não são considerados nos índices que definem a aceitabilidade de cardápio. Outra

limitação recai no fato de que, em bolsões de pobreza, os índices de aceitabilidade

da alimentação do programa, gerados pelas metodologias citadas, podem ser

facilmente inflados, uma vez que, devido à fome e falta de alimentos oferecidos pela

família, as crianças acabam ingerindo a alimentação fornecida na escola, mesmo

que esta não seja de seu total agrado ou preferência.

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Para se avaliar com maior validade a aceitabilidade e preferência dos

cardápios adotados pelo Programa de Alimentação Escolar brasileiro é necessário

que sejam utilizados Métodos Sensoriais Afetivos e que sejam incluídas na avaliação

as crianças que não aderem ao programa e, medidas de atitude, opiniões e

expectativas das crianças, com relação aos alimentos que compõem o cardápio

(BRANDÃO, 2000).

Entre as pesquisas nacionais sobre a aceitabilidade de alunos à alimentação

escolar merece destaque a conduzida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação - FNDE, em 2001, avaliando o impacto do PNAE. Foi identificada uma

maior adesão nas regiões Norte e Nordeste, especialmente nas cidades de pequeno

porte da zona rural 83,9% contra 62,4% dos escolares da zona urbana. Já a

aceitabilidade foi maior nas regiões Sul e Sudeste, em torno de 75% (FUNDO

NACIONAL, 2003).

Segundo Silva (2002), estudos mostram que a adesão é maior entre os

menores de 11 anos, especialmente entre as populações de menor poder aquisitivo.

Assim, alternativas ao cardápio escolar fazem-se necessárias, uma vez que a

adesão e aceitabilidade a refeição servida na escola poderá ser plenamente

satisfatória, quando a alimentação servida for atrativa, condizente aos hábitos

alimentares e costumes dos escolares servida em local e de forma apropriada e

adequada em nutrientes. É Importante considerar a necessidade de proposição de

novas preparações dietéticas, para compor o cardápio escolar, com variabilidade

dos gêneros alimentícios evitando a monotonia do cardápio, adequada ao horário

das aulas e ao clima do município, bem como enfocando e priorizando, o máximo

possível, a produção agrícola local a partir da capacidade de abastecimento

alimentar do município.

Piracicaba é um município privilegiado pela presença de importantes

universidades, as quais vêm sistematicamente desenvolvendo trabalhos voltados à

alimentação do escolar, tanto no que diz respeito à avaliação do estado nutricional

da população infantil, quanto à operacionalização do Programa Municipal de

Alimentação Escolar - PMAE. Falta, no entanto a sistematização dos dados

existentes de forma intersetorializada, incluindo na discussão as diversas políticas

municipais e os objetivos do programa. Essa foi a principal justificativa para a

realização deste estudo no referido município.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. A alimentação do escolar no contexto global

O programa de alimentação escolar está presente tanto em países

desenvolvidos como em países em desenvolvimento. De acordo com Collares e

Moisés (1989), nos países desenvolvidos (Estados Unidos, França, Inglaterra, Japão

e Canadá), a alimentação escolar é tratada como um dever do Estado, pois refere-se

ao bem-estar dos cidadãos. Incorporados integralmente às atividades pedagógicas,

os programas fornecem refeições para atender principalmente a uma necessidade

fisiológica, ou seja, a fome que o aluno sente durante o período de aula (STURION,

2002).

Abreu (1995) e Andrade (1999), citam que nos países em desenvolvimento,

em face da pobreza e da miséria presente, o programa ganha uma dimensão social

maior, passando a ter um caráter assistencialista de suplementação alimentar,

dirigida ao combate à fome.

Existem enormes diferenças econômicas, sociais e culturais entre os países

que compõem a América Latina, sendo possível identificar duas grandes vertentes

de políticas sociais, que, por sua vez, delineiam dois grupos distintos quanto à

formação e desenvolvimento de sistemas de proteção social, em particular, de

programas de alimentação escolar (VIANA et. al., 1995).

No primeiro grupo encontram-se Argentina, Brasil e Chile, que se

caracterizam pela forte e marcante presença de órgãos governamentais e órgãos

institucionais complexos, com tradição na formulação e implementação de políticas

públicas que datam de meio século, com operação permanente e regular (VIANA et

al., 1995). Políticas e programas assistenciais são financiados, unicamente, com

recursos públicos nacionais de fontes regulares. A política de alimentação escolar

deste grupo de países, já adquiriu identidade própria, com objetivos e metas

estabelecidas onde os programas incluem diversificação de cardápios com

gerenciamento permanente e avaliação da qualidade. No Brasil e Uruguai essa

política tem caráter universal e esses países implementaram a descentralização na

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forma de municipalização (STURION,2002).

No segundo grupo, composto por Guatemala, Nicarágua, Peru e República

Dominicana, não há tradição nas políticas e programas sociais, sendo o

gerenciamento e a regulamentação pública de oferta de bens e serviços,

consideradas simples ou até inexistentes. Características marcantes deste grupo é

a dependência de ajuda de órgãos internacionais para efetivar programas e projetos

de pouca duração. A política assistencial nesse grupo é seletiva e compensatória,

porém sem estudos estatísticos para identificar a população que está em risco. A

Bolívia representa uma transição entre esses dois grupos (VIANA et al., 1995).

2.1.1. Programa Nacional de Alimentação Escolar

As políticas sociais no Brasil surgiram na década de 30 coincidindo com o

processo de industrialização do país, simultaneamente à institucionalização do

sistema de proteção social com a constituição da legislação trabalhista e da

previdência (NÉRI, 2004).

Em 1940, o governo implementou as primeiras ações na área de alimentação,

com o estabelecimento da “ração tipo-essencial mínima” do trabalhador (que

subsidiava o valor do salário mínimo estabelecido) e a criação do Serviço Nacional

de Alimentação e Previdência Social (L’ABBATE, 1982).

Embora o berço inicial das Políticas de Alimentação Escolar tenha sido o

sistema previdenciário, o PNAE foi criado em 1954, na Comissão Nacional de

Alimentação - CNA, vinculada ao setor de Saúde Pública do Ministério da Saúde,

como uma política de cunho assistencial (STURION, 2002). O objetivo era a

suplementação alimentar e a melhoria das condições nutricionais das crianças,

diminuindo os índices de evasão e repetência, propiciando, por conseqüência, um

melhor rendimento escolar (CALIL e AGUIAR, 1999).

Com a promulgação da Constituição Federal, em 1988, ficou assegurado o

direito à alimentação escolar a todos os alunos do ensino fundamental por meio de

programa suplementar de alimentação escolar a ser oferecido pelos governos

federal, estaduais e municipais.

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Desde sua criação até o ano de 1993, o PNAE consolidava-se em uma

política centralizada, na qual os alimentos formulados e industrializados eram

comprados de um conjunto selecionado de poucas empresas, por meio de licitação

pública, contando com o apoio dos mecanismos instituídos entre a própria Fundação

da Assistência ao Estudante - FAE, responsável pelo financiamento, desenho e

gerenciamento do programa, e a Secretaria de Abastecimento (no plano federal),

enquanto os produtos básicos eram adquiridos nas instâncias estaduais, a partir do

momento em que se regionalizaram as compras (SPINELLI e CANESQUI, 2002).

O sistema centralizado de aquisição alimentar absorveu o maior volume dos

recursos financeiros do programa, afetando a sua operacionalização e a eficácia dos

resultados, em conseqüência de um conjunto de distorções (sistemas complexos de

fornecimento e armazenamento dos produtos, cartelização dos fornecedores,

elevação dos custos da alimentação escolar, entre outros). Tornou ainda,

compulsórios e bastante desequilibrados, os gastos com a aquisição de produtos

alimentares formulados e industrializados em relação aos produtos básicos, além de

não condizer com os hábitos dos alunos, pois os cardápios eram padronizados em

função daquele mecanismo. Sob este aspecto da centralização, a FAE apontou

dificuldades operacionais, enfrentadas pelos municípios na prestação de contas,

deficiências gerenciais e morosidade na liberação dos repasses dos recursos,

afetando, portanto a regularidade do programa. Somente em 1994 este processo de

compras foi desativado, favorecendo os esforços descentralizadores deste

empreendimento a partir de 1995, tornando-o condizente à real situação dos

municípios.

O Estado de São Paulo e o Rio de Janeiro pioneiramente implantaram no

ano de 1983 um “Programa de Municipalização da Merenda Escolar” (ou

estadualização), no qual os órgãos estaduais (de educação ou de planejamento)

passaram a coordenar o programa de alimentação escolar, encarregando-se do seu

gerenciamento e articulação com as prefeituras dos estados. Experiência esta que

resultou, segundo avaliação pela Secretaria Estadual da Educação, em um ganho à

qualidade do Programa, além do incentivo à participação popular nas políticas do

município (VIANNA e TERESO 2000; PIPITONE et al., 2003).

Além do aumento significativo do volume de alimentos servidos aos

escolares, a esta política somavam-se projetos alternativos de produção de

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alimentos como hortas comunitárias, integração de pequenos produtores rurais,

serviços municipais de apoio ao desenvolvimento rural, padarias municipais,

cozinhas pilotos, produção de leite fluido, projetos de apicultura, piscicultura e

cunicultura e mini-usinas de produção de extrato hidrossolúvel de soja (VIANNA e

TERESO, 2000).

As inovações implementadas nesta experiência, como a compra direta de

alimentos (básicos e in natura) pela própria prefeitura, corrigiriam problemas de

logística do programa, bem como simplificaria os procedimentos de aquisição dos

produtos, possibilitando utilização de mecanismos licitatórios simplificados,

substituindo as compras centralizadas de grandes quantidades, fato este justificado

pelo contingente menor de escolares (SPINELLI e CANESQUI, 2002).

Além disso, com a descentralização no âmbito da política centralizadora

buscavam, sobretudo o uso de produtos regionais nos cardápios, aproximando-os

dos hábitos alimentares locais e aos estímulos à produção local (cooperativas,

indústrias e produtores rurais de pequeno e médio porte), à participação da

comunidade escolar, além de minimizar as perdas e deterioração dos alimentos pela

permanente descontinuidade deste empreendimento que comprometia a eqüidade

no atendimento aos beneficiários (PIPITONE et al., 2003).

Porém, este processo descentralizador não foi avaliado sistematicamente, e

deste modo estas experiências, em São Paulo e no Rio foram na época insuficientes

para mudar o padrão centralizado do programa.

A descentralização do Programa de Alimentação Escolar, iniciada em 1993,

passou de uma experiência a uma política concreta em decorrência da crise do

PNAE no início da década de 1990, dado ao gigantismo, ineficácia, consumo

elevado de recursos financeiros e deficiências no controle da qualidade dos

alimentos deste programa até então, centralizado, buscando simplificar a estrutura

burocrática no nível central, além de otimizar a utilização dos recursos financeiros.

Com a descentralização, foram transferidas para as administrações locais as

decisões sobre os alimentos a serem utilizados na alimentação do escolar. Enquanto

política pública, tal medida se insere no contexto de descentralização das políticas

de segurança alimentar e combate à fome implementada durante a década de 90

(SILVA, 2001).

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Deste modo, esta nova política transferiu para o município a responsabilidade

da gestão da alimentação escolar, que prevê entre outras competências, a

prestação de contas da utilização dos recursos ao Governo Federal, o principal

financiador do programa, baseando sua trajetória na busca de caminhos que aliem

eficiência e eficácia das ações do Estado à participação popular (BRASIL, 2001).

Cabe notar que dentre as metas e diretrizes da política de descentralização

destaca-se, além da busca da regularidade do fornecimento da alimentação escolar,

melhoria da qualidade das refeições, o abastecimento do programa com os recursos

locais, em função da capacidade de produção local, regional ou estadual e dos

mecanismos de distribuição de alimento do município (VIANNA e TERESO, 2000).

Além disso, segundo Mclure (1995), a descentralização pode introduzir uma

saudável competição entre os dirigentes municipais, facilitando o reconhecimento

das reais necessidades pelos governos, de seus municípios a fim de garantir uma

alimentação de boa qualidade.

O PNAE visa, por meio da transferência de recursos financeiros, a

alimentação escolar dos alunos da educação infantil (creches e pré-escola) e do

ensino fundamental, inclusive das escolas indígenas, matriculados em escolas

públicas e filantrópicas, atendendo cerca de 22% da população brasileira (FUNDO

NACIONAL..., 2004).

Este programa tem o intuito de proporcionar ao escolar a assistência

alimentar suplementar, cujo cardápio visa suprir, no mínimo, 15% das necessidades

nutricionais diárias dos alunos beneficiados, (Resolução n0 015 do Conselho

Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, de 25/08/2000

Cap.III – Do Cardápio da Alimentação Escolar art.50) o que corresponde a um valor

nutricional de 350 quilocalorias (Kcal) e 9 gramas de proteínas por cardápio, no

mínimo, durante 180 a 200 dias letivos, praticamente um terço da vida ativa do

escolar nos dias de semana (ALVES, 2001; AMÓDIO, 2002), respeitando os hábitos

alimentares e a vocação agrícola da comunidade (FUNDO NACIONAL....., 2004).

Além disso, o PNAE pode ser considerado também um instrumento

pedagógico de atividades educativas em nutrição, não apenas por fornecer uma

parte dos nutrientes que o escolar necessita diariamente, mas também por se

constituir em espaço educativo melhor explorado, estimulando a integração de

temas relativos à nutrição ao currículo escolar e visando promover a saúde a partir

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da construção de novos conhecimentos (COSTA et al., 2001). As atividades

educativas promotoras de saúde na escola representam importantes ferramentas, se

for considerada que, pessoas bem informadas têm mais possibilidades de participar

ativamente na promoção do seu bem-estar (ORGANIZACIÒN PANAMERICANA DE

LA SALUD, 1996).

Uma alimentação correta e equilibrada busca suprir as necessidades de

nutrientes que o organismo precisa para ter uma boa condição de saúde. Para tanto,

o cardápio oferecido aos alunos da educação matriculados em escolas do estados,

do Distrito Federal e dos municípios, ou em estabelecimentos mantidos pela União,

deve ser um conjunto de alimentos variados, e servidos diariamente durante as

principais refeições. O planejamento dos cardápios é fundamental, e deve respeitar

alguns aspectos técnicos como: escolha dos alimentos, sua composição química, a

compatibilidade entre os ingredientes, as recomendações nutricionais do PNAE, o

custo médio per capta da refeição, a sua variação, a fim de evitar saturação por

parte dos alunos e prejuízo na aceitabilidade dos mesmos (ALVES, 2001).

A Resolução no 015 do FNDE, de 16 de Junho de 2003, também trata da

elaboração dos cardápios que deve ser feita por nutricionistas capacitados, com a

participação do Conselho Alimentar Escolar - CAE, observando as características da

população-alvo quanto ao gosto e paladar próprios da clientela, que varia de acordo

com a idade correlacionada, à educação ou reeducação de hábitos alimentares não

adequados a partir dos hábitos alimentares locais e costumes regionais (BRASIL,

2002).

O atual Governo Federal centrou esforços na recuperação do valor per capita/

dia do programa, que não era reajustado havia dez anos. O primeiro aumento, no

início de 2003, foi para os alunos da educação infantil (pré-escola), cujo per

capita/dia passou de R$0,06 para R$0,13, igualando-se ao valor da alimentação

escolar do ensino fundamental. Além disso, houve a ampliação do atendimento às

crianças matriculadas em creches, garantindo o direito à alimentação de uma

parcela da população muito vulnerável à insegurança alimentar (BRASIL, 2005).

Em 2004, iniciou-se o atendimento diferenciado para os alunos das escolas

indígenas, devido ao alto índice de insegurança alimentar e nutricional, esse

atendimento teve como enfoque também o resgate dos hábitos alimentares de cada

etnia e o valor per capita definido foi de R$0,34/ estudante indígena (BRASIL, 2004).

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Ainda em 2004, um reajuste de 15,38%, elevou o valor do percapita/dia

repassado pelo governo federal para o ensino fundamental e educação infantil de

R$0,13 para R$0,15. A medida representou um investimento adicional de R$14,3

milhões ao mês, totalizando R$57,4 milhões naquele ano. Em Maio de 2005, o valor

da refeição escolar do ensino fundamental e da educação infantil teve um outro

aumento, de 20%, passando para R$0,18/dia/criança (creches públicas e

filantrópicas/ensino fundamental) e nas escolas indígenas R$0.34 e, em Março de

2006, outro aumento elevou o valor per capita da alimentação escolar para R$0,22.

Com isso, o governo atual investiu mais 69,3% no valor da refeição escolar (BRASIL,

2005, 2006).

Visando ampliar o universo dos alunos beneficiados pelo programa, em 2005,

o PNAE passou a conceder um valor per capita diferenciado também para a

alimentação dos estudantes das escolas localizadas em comunidades quilombolas,

igualando-o ao repassado aos alunos indígenas (BRASIL, 2005). Esse atendimento

especial considerou o alto índice de insegurança alimentar e nutricional dessas

populações.

O Quadro 1 apresenta a evolução dos recursos financeiros e alunos

atendidos no últimos anos pelo PNAE.

Quadro 1. Evolução dos recursos financeiros e alunos atendidos pelo PNAE no

Brasil.

AnoRecursos financeiros

(em milhões de R$)

Alunos atendidos

(em milhão)

2000 901,7 37,1

2001 920,2 37,1

2002 848,6 36,9

2003 954,2 37,3

2004 1025,0 37,8

2005 1266,0 36,4

Fonte: FNDE, 2006.

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2.1.2. Programa Municipal de Alimentação Escolar

No Estado de São Paulo, o Programa de Alimentação Escolar é diretamente

ligado à Secretaria do Estado da Educação, por meio do Departamento de

Suprimento Escolar - DSE, e no âmbito do município, a vinculação deste serviço é

com a Secretaria de Educação, cujo objetivo é oferecer alimentação ao estudante,

para que possa atingir um mínimo de rendimento em aula.

Cabe salientar que, para atingir um determinado objetivo, é preciso

operacionalizar as etapas, para que o resultado seja satisfatório. Neste ponto se

justifica a vinculação, também com a Secretaria de Abastecimento, ou ainda uma

relação direta com o gabinete do Prefeito, visando agilidade nas decisões, maior

independência nas ações e maior controle pela administração central (CALIL e

AGUIAR, 1999).

A única afinidade operacional entre a prestação de serviços de alimentação

escolar e a Secretaria de Educação é a escola. Entretanto, essa Secretaria trata de

livros, didática, planejamento pedagógico, professores, e o serviço de alimentação

escolar precisa de alimento, merendeiras, material de limpeza, gás, caminhão,

combustível, garantia da qualidade, entre outros. O governo municipal precisa tornar

mais ágeis as estruturas organizacionais, ou seja, menos burocratizadas, utilizando

somente o número necessário de pessoas, propiciando um melhor atendimento a

um custo compatível com a qualidade pretendida (CALIL e AGUIAR, 1999).

Na implantação da descentralização do PNAE, foi elaborada a Medida

Provisória no 1784 de 14/12/1998, que previa, a partir de 1999, a transferência,

mediante depósito em conta corrente específica, de recursos financeiros aos

Estados, Distrito Federal e a todos os municípios brasileiros pelo FNDE,

automaticamente, sem necessidade de convênio, ajuste, acordo ou contrato.

Esse repasse é feito diretamente aos estados e municípios, com base no

censo escolar realizado no ano anterior ao do atendimento, cabendo aos estados e

municípios a complementação de cota. Porém há divergências de região para região

do país e de município para município, estando sujeita às políticas e aos recursos

locais. Para tanto, o programa é acompanhado e fiscalizado diretamente pela

sociedade, por meio do CAE, FNDE, Tribunal de Contas da União - TCU, Secretaria

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Federal de Controle Interno - SFCI e pelo Ministério Público. A transferência ocorre

em dez parcelas mensais a partir de fevereiro de cada ano. As entidades deverão

utilizar, no mínimo, 70% dos recursos do PNAE na aquisição de produtos

alimentícios básicos, conforme apresentados no Quadro 2. (FUNDO NACIONAL....

2004).

Quadro 2. Alimentos considerados básicos para fins do PNAE.

Grupo Alimentos

Cereais, Pães, Massas e Tubérculos

amido de milho; arroz; batata doce; batatainglesa; biscoito polvilho; bolacha doce,salgada; canjiquinha; cará; farinhas demandioca, milho, rosca, tapioca, trigo;fécula batata; inhame; macarrão;mandioca; milho para canjica; milho parapipoca; pão; sagu; sêmola milho; inhame;trigo para quibe.

Hortaliças milho; polpa de tomate; legumesdiversos; verduras diversas.

Frutas açaí; polpa de frutas; suco natural (laranja...).

Leite e Derivados leite em pó; leite fluído; manteiga; queijocoalho; queijo minas.

Carnes

carne bovina; carne seca; carne suína;

carne frango; miúdos; ovos; carne peixe;sardinha em conserva.

Leguminosas feijão; lentilha; soja em grão; grão de bico.

Açúcares e gorduras

açúcar; mel; melado de cana; rapadura;

banha; margarina; óleo soja; toucinhodefumado;

Fonte: FNDE / Alimentos considerados básicos para fins do PNAE – 2003. FUNDO NACIONAL ...,

2004. Em destaque os alimentos hoje utilizados pelo PMAE – Piracicaba, grifos do autor.

O CAE visa melhoria da eficiência e eficácia do programa com a participação

da comunidade na formação de estratégias, na busca de soluções, na avaliação dos

resultados e na fiscalização do dinheiro público. O repasse dos recursos aos

municípios para o PNAE está condicionado à criação do CAE.

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Segundo a Resolução/FNDE/CD/no 015 de 16 de Junho de 2003, o CAE deve

ser constituído por 07 membros a saber: sendo um do Poder Executivo, um

representante do Poder Legislativo, dois representantes dos professores, dois dos

pais de alunos e um representante de outro segmento da sociedade civil. As

atribuições principais legais são fiscalizar e controlar a aplicação dos recursos e

elaborar o regimento interno. Deve também zelar pela qualidade dos alimentos em

todos os níveis, apreciar e votar o plano de ação da entidade executora, divulgar os

recursos recebidos, apresentar relatório ao FNDE sempre que solicitado e formalizar

denuncia no caso de irregularidades.

Os cardápios das escolas beneficiadas pelo PNAE devem ser elaborados por

nutricionistas capacitadas, com a participação do CAE, colegiado composto por

representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, dos professores, dos pais de

alunos e de outros segmentos da sociedade local, respeitando os hábitos

alimentares, a vocação agrícola de cada região, dando preferência aos produtos

semi-elaborados e in natura. Ao CAE compete também orientar na aquisição dos

alimentos para o PNAE, assessorar a comissão de licitação na seleção dos

fornecedores e de produtos de boa qualidade (FUNDO NACIONAL... 2003).

No atual governo, o PNAE, vem buscando mudar o modelo da alimentação

escolar, que passou a ser um programa de segurança alimentar e nutricional, onde

toda a atenção é voltada ao escolar e seus hábitos alimentares saudáveis. As ações

do Programa devem ser assumidas por todos e não apenas pelo governo federal.

Segundo Peixinho (CFN, 2005), “Defendemos princípios e diretrizes pautadas pelo

direito à alimentação de todos os escolares e não um programa para carentes ou

pobres. Alteramos nossos objetivos que não visam a redução da evasão escolar; ao

contrário, pretendemos contribuir não só para a aprendizagem e o rendimento

escolar, como também para a formação de hábitos alimentares saudáveis e a

dinamização da economia local, além do respeito aos hábitos regionais e a vocação

agrícola da região”.

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2.2. Abastecimento alimentar no Brasil

O abastecimento alimentar passou por importantes transformações ao longo

da história brasileira, tornando-se cada vez mais complexo e fora do alcance de

políticas específicas e isoladas dentro do setor, como é o caso da grande maioria

dos programas e ações desenvolvidas pelo Estado (SILVA, 2001).

Numa análise relativa aos aspectos retrospectivos da história brasileira,

verifica-se que, desde o período colonial, o problema do abastecimento alimentar

estava presente, acompanhando a partir daí, toda a nossa história, com freqüentes

crises. Segundo Linhares (1979), o problema da carestia a da escassez de alimentos

apresenta-se com uma constante a partir de século XVI.

Os dois primeiros séculos da colonização brasileira foram marcados pelos

sistemas de exploração extrativista e pela grande produção açucareira pelo trabalho

escravo, cuja característica principal foi o estabelecimento da conhecida tríade:

grande propriedade, monocultura e escravismo. Nesse período, os problemas do

abastecimento basicamente se referiam ao sal (totalmente importado da metrópole),

à carne, devido à dificuldade do transporte da região sul para as povoações (falta de

estradas, meios de transporte) e à mandioca, o alimento do povo, devido à falta de

incentivo à produção (LINHARES, 1979).

O segundo marco da agricultura brasileira é definido com a crise do sistema

baseado no trabalho escravo, processo que ocorreu de forma paulatina e vinculada

ao escoamento do sistema colonial brasileiro. Nesse período, a cultura que viabilizou

o novo ciclo de expansão da economia primária - exportadora foi o café. Seu

crescimento deu-se na década de 1820 até a década 1870, passando de 18% do

valor de exportação a mais de 40% na década de 60 (SZMERCSANYI, 1990). A

partir de 1850, a proibição do tráfico negreiro torna-se um fator desorganizador da

economia, devido à supervalorização da mão-de-obra escrava, associado à

substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. Esses fatores levaram a uma

elevação geral dos preços, incidindo sobre o abastecimento de alimentos. Durante

todo o século XIX até os finais da Primeira Grande Guerra, vive-se um estado de

crise crônica de abastecimento (LINHARES, 1979).

Do ponto de vista da produção, durante todo o período considerado, embora o

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café tivesse permanecido a mais importante cultura do Estado de São Paulo, a

expansão de sua área cultivada se deu mais lentamente que outras culturas, como o

algodão, o milho e o arroz. Os fatores determinantes, seriam a expansão da

fronteira agrícola, que fez com que, junto com a cafeicultura paulista, se

expandissem uma série de outras atividades agropecuárias e medidas de política

econômica no sentido de substituições das exportações, especialmente de grãos e a

ampliação da demanda do mercado interno (SZMERCSANYI, 1990).

O período compreendido entre o início do século e o fim da Primeira Grande

Guerra Mundial constituiu-se na busca do reerguimento econômico, face à crise

internacional de superprodução do café: instituiu-se uma política emissionista de

moeda, que levava a uma desvalorização do salário. Nesse período, as causas da

carestia alimentar eram: inflação crescente (pelo aumento da emissão de moeda);

falta de alimentos devido ao aumento da exportação brasileira, após o início da

Guerra; aumento do preço do trigo importado da Argentina; monopólio estrangeiro

sobre certos produtos; e a presença dos açambarcadores (pessoas que estocavam

alimentos para vender a preço mais alto) (LINHARES, 1979). Frente a essa crise

crônica, que chegava a ameaçar a ordem vigente, e diante da revolta do povo, o

governo, em 1918, tomou a primeira medida de intervenção no âmbito do

abastecimento alimentar, com a criação do Comissariado de Alimentação Pública.

A criação do Comissariado ficou conhecida como o primeiro marco de

intervenção pública no abastecimento alimentar (HOMEM DE MELLO, 1988). Este

órgão tinha por finalidade incentivar a produção de alimentos, regular preços e

estoques numa sociedade de hegemonia liberal. Apesar de ter uma legislação

provisória provocou uma grande reação de protesto por parte dos comerciantes,

proprietários agrícolas, deputados liberais, principalmente, de uma fração da

burguesia ligada ao abastecimento (usineiros, charqueadores, plantadores,

fabricantes de bebidas e beneficiadores de alimentos e de algodão), traduzindo-se

em pressões da extinção do Comissariado. Isto ocorreu em 1920, com sua

substituição pela Superintendência do Abastecimento, com funções bem mais

delimitadas. Nesse período, todos os órgãos criados no setor foram apenas de

fomento à produção e nunca implementaram ações de intervenção. Com a criação

da Superintendência do Abastecimento extinguiu-se o controle das exportações e a

tabela de preços. Sua função de fomento à produção, incentivou a criação de

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Cooperativas, promovendo propaganda das feiras livres, comprando produtos de

primeira necessidade para posterior distribuição (LINHARES, 1979).

A partir da revolução de 1930, inicia-se uma nova fase na história da

economia brasileira. Presenciou-se “o fim da hegemonia do modelo agrário

exportador e o início da predominância da estrutura produtiva de base urbana

industrial” (DELGADO,1985), onde o Estado deveria garantir a transição de um

modelo de acumulação para outro. O Estado assumia a função de criar as bases

necessárias para o processo de industrialização, substituindo a importação de bens

de consumo por bens de capital, capazes de amparar as indústrias de base

diminuindo, assim, a dependência econômica externa. Paralelamente ao

crescimento da indústria no Brasil, sucederam-se várias crises de abastecimento,

como por exemplo, a crise do trigo, induzindo a criação de sucessivos órgãos, sem

que se conseguisse avançar na resolução ou minimização do problema (SPINELLI e

CANESQUI, 2002).

Entre os anos de 1930 e 1960, a expansão da agricultura e o aumento da

produção, deu-se, basicamente, pela expansão horizontal, com a constante

incorporação de novas fronteiras de terras férteis, sem alterar o rendimento das

culturas. Durante quase todo período, a agricultura fica à margem do processo de

industrialização brasileira (DELGADO, 1985). Do ponto de vista da comercialização,

é nesse período que se incrementa a modernização capitalista, com a expansão das

grandes unidades de varejo diversificado e os supermercados. Ocorre, então, uma

integração entre grandes e médios produtores e agroindústrias de alimentos,

fornecendo diretamente seus produtos a esses novos estabelecimentos, porém isso

só se torna fundamental no abastecimento alimentar, a partir da década de 70.

O final da década de 60 e a década de 70, caracteriza-se pela nova fase de

desenvolvimento da agricultura a chamada modernização conservadora, sem

alteração da estrutura fundiária (DELGADO, 1985). Segundo Sorg (1980), o crédito

agrícola se transformou, no maior impulsionador do processo de modernização das

forças produtivas, em particular da mecanização, chegando a subsidiar praticamente

a metade do valor da máquina agrícola. No entanto, isso não foi distribuído de forma

eqüitativa entre os produtores, sendo utilizado, basicamente, pelos médios e

grandes proprietários, que se enquadravam quanto à garantias necessárias e

condições de pagamento. Os menos capitalizados foram marginalizados desse

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processo, gerando o êxodo rural e proletarização do homem no campo.

Homem de Mello (1988), baseado num diagnóstico sobre produção e o

abastecimento alimentar no Brasil, conclui que, para os produtos domésticos (arroz,

feijão, mandioca e milho), no período de 1966 a 1986, houve um declínio na

produção, apesar da elevação real e relativa (aos produtos de exportação) dos

preços recebidos pelos produtores.

As políticas adotadas no I e II Plano Nacional de Desenvolvimento - PND -

(1972 e 1974) para crescimento do setor agropecuário, como a criação das Centrais

de Abastecimento e o incentivo à expansão dos supermercados, caminharam no

sentido de uma maior concentração de capitais na produção e na comercialização.

A quase totalidade das Centrais de Abastecimento foi construída no período

entre os anos de 1971 e 1974, sendo que as primeiras começaram a funcionar em

1972. A Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo – CEAGESP é

a mais antiga, tendo sido criada em 1969. Seus objetivos eram diante da intensa

urbanização e contínuas crises de abastecimento: modernizar o sistema de

abastecimento de hortifrutigranjeiros, reduzindo custos direto e indiretos de

comercialização no atacado; melhorar a qualidade dos produtos alimentares e

intensificar a classificação e padronização das mercadorias; propiciar condições para

dinamização e ampliação do sistema de informação de mercadorias agrícola;

estimular a implantação dos supermercados; reduzir a flutuação de ofertas de

produtos agrícolas; aperfeiçoar mecanismos de formação de preços; aumentar o

nível de renda dos empresários agrícolas; eliminar gradativamente problemas

urbanísticos (gerados pelo comércio de alimentos nas ruas (NABUCO e PORTO,

1999).

Uma avaliação no início dos anos 80, segundo Maluf (1989), indicava que a

criação das Centrais de Abastecimento pouco ou nada alterou o fluxo de produtos e

os preços deles. A estrutura de comércio não se alterou e, contrariamente, os

agentes mais fortes puderam ampliar seu espaço geográfico de atuação e seus

poderes oligopolistas.

Enfim, a produção de alimentos e o abastecimento alimentar passaram por

importantes transformações, acompanhando o processo de capitalização de alguns

setores da agricultura brasileira, nas últimas décadas. Os grandes agentes que

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integram esse processo são: a agroindústria voltada à transformação de produtos de

origem agrícola; as grandes cooperativas com caráter empresarial, que são a

expressão da acumulação de capitais agrário e financeiro (dado o seu envolvimento

com atividades agroindustriais) e, na distribuição de alimentos, os supermercados,

representando a concentração de capital no mercado varejista, com fortes

repercussões, desde a estrutura de comercialização de alimentos até a produção

agrícola (NABUCO e PORTO, 1999).

Assim, todo o processo de concentração econômica levou ao estreitamento

das relações entre a rede de distribuição, indústria e agricultura, provocando a

formação de uma estrutura oligopolizada e internacionalizada, eliminando boa parte

da intermediação autônoma e, mantendo para si, o poder de fixação dos preços.

Isso não repercutiu na redução efetiva dos preços ao consumidor, nem na melhoria

do padrão alimentar da população brasileira (MALUF, 1989).

Maimon (1991), conclui em seu trabalho de revisão sobre a estrutura

organizacional do abastecimento no Brasil, que a ação do estado na área padece de

superposição de funções, nas esferas inter e intraministeriais. Esses fatos geram um

acúmulo de proposições contraditórias com outros ministérios, reduzindo o alcance

das políticas adotadas.

Porém, há autores (ESCOLA SUPERIOR..., 1992), que afirmam que o

problema não se localiza na esfera administrativa, e não alcança soluções na

aplicação, mesmo que eficiente, de políticas paliativas, por se tratar de uma questão

estrutural. O tema abastecimento, portanto não se resume a um problema em si,

mas constitui-se numa conseqüência do modelo de desenvolvimento adotado no

Brasil.

Vale ressaltar que as perdas de estoques na cadeia produtiva e de

comercialização no Brasil são expressivas. O trabalho desenvolvido pelo Ministério

da Agricultura e do Abastecimento, intitulado “Perdas na Agricultura Brasileira,

publicado em 1993, aponta que as perdas anuais dos principais grãos aqui

produzidos (arroz, milho, soja, trigo e feijão) alcançam cifras de U$1,3 bilhão,

equivalentes a 9 milhões de toneladas anuais. O mesmo trabalho informa que se

perde do valor citado, cerca de U$ 1 bilhão de dólares, em decorrência das

imperfeições no sistema de escoamento e armazenamento da safra (COMPANHIA

NACIONAL...,2005). Se levarmos em consideração as perdas que acontecem com

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outros produtos agropecuários, a exemplo dos hortifrutigranjeiros, o desperdício é

ainda maior.

Considerando as compras institucionais do governo para hospitais, creches,

presídios e outras atividades públicas, o PNAE representa atualmente o principal

elemento da demanda por alimentos por parte do poder público. Estima-se que uma

parte importante do orçamento público seja destinado a compra de alimentos para

várias atividades. Esse volume de compras governamentais, se bem dirigido e

administrado, poderia servir diretamente para incentivar a produção agrícola,

estimular hábitos de consumo e aumentar a abrangência do público atendido

(SILVA, 2001).

2.3. Segurança alimentar e nutricional

De acordo com Valente (2002), a segurança alimentar e nutricional trata

exatamente de como uma sociedade organizada, por meio de políticas públicas, de

responsabilidade do Estado e da sociedade, pode e deve garantir o direito à

alimentação a todos os cidadãos. A este dever do Estado, entende-se que o acesso

à alimentação adequada é um direito humano básico que está acima de qualquer

outra razão que possa tentar justificar sua negação, seja de ordem econômica ou

política.

Porém a segurança alimentar e nutricional de uma determinada população,

depende tanto da disponibilidade de alimentos quanto ao acesso aos alimentos, em

quantidade e qualidade, e a partir daí, os notórios problemas de ordem social em

nosso País passam a interferir na garantia dessa premissa (OLIVEIRA, et al., 2003).

No Brasil, o principal problema de insegurança alimentar que se apresenta é o

da insuficiência de acesso, causado pelas intensas desigualdades na estrutura de

renda e de oportunidades existentes no país, haja visto, o alto grau de

desenvolvimento da sua estrutura econômico-produtiva (BELIK, 2004), e também às

questões ligadas à oferta de alimentos (CARVALHO FILHO, 1995; MALUF, 1999).

Logo, esta problemática se resume, fundamentalmente, à dificuldade de

acesso ao alimento, por expressiva parcela da população, e não à falta de

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alimentos. Estudos mostram que a pobreza do País é fruto do elevado índice de

carência da população, devido a intensa desigualdade de renda, tanto no que se

refere à distribuição pessoal, à renda do trabalho, e à distribuição setorial e inter-

regional, bem como uma perversa desigualdade das oportunidades de inclusão

econômica e social (HOFFMANN, 1996; VALENTE 1997).

Até a década de 70, poucos são os registros de experiências pontuais de

políticas de garantia de acessibilidade alimentar direcionada a população. O marco

para as iniciativas públicas neste campo foi a criação do Instituto Nacional de

Alimentação e Nutrição – INAN, nos anos 70, que instituiu um conjunto de

programas direcionados às populações em situação de insuficiência alimentar e a

grupos específicos em situação de risco (gestantes, nutrizes e crianças), além dos

trabalhadores do mercado formal de trabalho (TAKAGI et al., 2004).

Na década de 80, a promoção de diversas ações de assistência alimentar e

nutricional, pelo Ministério da Saúde, fez com que alguns programas recém-criados,

obtivessem destaque, tais como os Programas de Prevenção e Combate a

Carências Nutricionais Específicas, o Programa de Suplementação Alimentar - PSA,

e o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno - PNIAM. Porém,

críticas acerca da eficiência e eficácia destes programas assistenciais, inclusive

alimentar, evidenciaram que somente 10% dos recursos empregados pelo governo

federal atingiram o seu público-alvo, o que ficou evidente que a assistência alimentar

nem sempre estava associada à prestação de ações básicas de saúde, como seria

necessário, e que deste modo, o caráter assistencial não mais era o resultado

destes. (COHN, 1995; MONTEIRO, 1997).

Ainda no início da década de 80, alguns outros programas ativos foram

considerados de maior sucesso. Como é caso do PNAE, que apesar do caráter

excessivamente centralizador forneceu de modo contínuo a alimentação diária a

todos os alunos matriculados nas pré-escolas e nas escolas de 10 e 20 graus,

matriculados nas escolas públicas e nas instituições filantrópicas de todo o país.

Além do Programa Nacional do Leite para Crianças Carentes – PNLCC que criado

em 1986, visava a distribuição de um litro de leite por dia para famílias com renda

mensal de até dois salários mínimos com crianças de até sete anos de idade,

garantindo assim o incentivo ao consumo do alimento e conseqüente melhorias a

sua produção (PESSANHA, 2004).

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A criação do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, em 1976,

estruturado na forma de parceria entre governo, empresários e trabalhadores, com o

objetivo de atender às necessidades básicas de alimentação e saúde dos

trabalhadores, apesar do crescimento estável e contínuo do número de

beneficiários, concentrou-se nas regiões Sul e Sudeste, restringindo-se apenas aos

trabalhadores do mercado formal de trabalho em geral vinculados ao setor público

ou às grandes e médias empresas privadas (PELIANO et al., 1995).

Mesmo implantado no país há quatro décadas, o PNAE raramente passou por

avaliações visando conhecer a sua real cobertura e impacto sobre o estado

nutricional de seus beneficiários. Somente no final da década de 80, em 1989, foi

realizada a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN, cujos dados

possibilitaram um conhecimento da situação de cobertura do PNAE. A pesquisa

revelou que substancial parcela de crianças, em todo o país, tinha acesso ao PNAE.

No entanto, eram evidentes as desigualdades entre as regiões Norte, Nordeste e

Centro-Oeste, que revelaram uma rede escolar com menor disponibilidade de

refeições distribuídas pelo Programa comparada com as regiões Sul e Sudeste

(IBGE, 1991).

Com um desempenho insatisfatório dos programas federais de alimentação e

nutrição na década de 80, devido a ausência de priorização política, insuficiência e

interrupção do fluxo de recursos, problemas de gerenciamento, enfraquecimento da

capacidade de coordenação e gerenciamento das instituições responsáveis

(GASQUEZ, 2002), a criação em 1990, do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar

e Nutricional – SISVAN, teve como objetivo a produção de informações que

permitissem a identificação, descrição e análise dos problemas alimentares e

nutricionais, de modo a identificar o caráter dispersivo da sua distribuição geográfica,

e os grupos sociais de risco, bem como as suas tendências no curto e longo prazos,

com vistas a subsidiar políticas e medidas de prevenção e correção dos problemas

alimentares e nutricionais (PESSANHA, 2004).

Críticas acerca da ineficiência dos programas de alimentação e nutrição,

contribuíram no governo Collor, para a extinção parcial desses programas,

mantendo somente o PNAE, ainda que extremamente enfraquecido. Manteve-se a

distribuição de cestas de alimentos, por meio da utilização de estoques públicos de

alimentos em risco de deterioração, fazendo com que de 1990 a 1992 fosse

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marcado pela omissão governamental no setor (VALENTE, 1995).

Porém, com o aquecimento das discussões sobre o problema da fome e da

pobreza no Brasil, a partir da elaboração do Mapa da Fome pelo Instituto de

Pesquisa Econômica - IPEA, que indicou a existência de 32 milhões de brasileiros

vivendo em situação de miséria, uma nova onda de mobilização interna realçou a

questão da segurança alimentar na arena política do país. Em 1993, já no governo

Itamar Franco, dá-se à constituição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional – CONSEA, criado em resposta à forte mobilização popular diante do

problema da fome e da miséria. Concebido como um organismo de consulta e de

coordenação de políticas da Presidência da República, do qual participavam

representantes do governo e da sociedade, tendo como objetivo prioritário

consolidar uma parceria entre o Estado e a sociedade organizada visando buscar

alternativas à erradicação da fome e da miséria no país (MENEZES et al., 2004).

A partir daí, novas críticas foram lançadas ao governo a despeito do

Conselho. A dificuldade na implementação dos objetivos e diretrizes do CONSEA;

problemas relacionados à legitimidade de suas atuações em virtude de seu formato

organizacional não convencional, já que o mesmo propunha-se a defender

segmentos sociais não organizados, visando dirimir conflitos de competência

internos, entre os integrantes egressos da sociedade civil e representantes do

governo. Dificuldade em garantir a implementação de políticas não exclusivamente

assistenciais, que permitissem alterar de modo significativo a situação da pobreza,

fez com que em 1995, o Programa Comunidade Solidária do governo Fernando

Henrique Cardoso, fosse concebido como um plano de ação de combate à pobreza

e à desigualdade. A estratégia visava instituir um novo estilo de gerenciamento de

ações públicas na área social, de modo a permitir a descentralização e a integração

das ações a nível federal, estadual e municipal, bem como a parceria com a

sociedade civil (CONSELHO DA COMUNIDADE SOLIDÁRIA, 1996; RESENDE,

2000; PELIANO, et al., 1995).

Porém, problemas de ordem funcional, fizeram com que em janeiro de 1999,

o governo federal reorganizasse a sua estratégia de atendimento a grupos

socialmente vulneráveis. A extinção da Comunidade Solidária, redistribuiu suas

competências entre dois grandes eixos: a constituição do Projeto Alvorada voltado

para o combate à pobreza e da Comunidade Ativa, focada na indução do

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desenvolvimento local integrado e sustentável. Implementou-se também diversos

programas de garantia de renda mínima voltados ao atendimento a grupos

socialmente vulneráveis, entre os quais a modalidade de bolsa alimentação.

(PESSANHA, 2004).

No decorrer da década de 90, o tema da segurança alimentar e nutricional,

fundamentado na questão da acessibilidade e do direito ao acesso ao alimento,

perdeu a força acabando por ser deslocado do centro dos debates do país. Para o

ressurgimento do tema, que veio à tona como estratégia de campanha eleitoral para

chefia do Executivo Federal, o Partido dos Trabalhadores, em 2001, lançou o

“Projeto Fome Zero”, cujo principal objetivo foi estimular a retomada dos debates

públicos e de reconduzir o tema da segurança alimentar para a arena política

(SILVA, et al., 2002).

As políticas de segurança alimentar e nutricional propostas envolvem quatro

grandes linhas de atuação: melhoria da renda, barateamento da alimentação, ações

específicas e o aumento da oferta de alimentos básicos (BELIK, 2005). Porém,

outras preconizações são consideradas, como a preocupação com a garantia da

segurança e qualidade dos alimentos, por meio de uma alimentação adequada,

defendendo a priorização de uma série de atividades, como: o controle preventivo; a

implementação de um sistema de informações e vigilância da segurança dos

alimentos; educação dos envolvidos na cadeia produtiva; promoção de estudos

científicos e a transferência de tecnologia e métodos para prevenir riscos e melhorar

a segurança; direito de informação do consumidor, sobre a origem do alimento que

consome, a ser garantido por meio da rotulagem e divulgação de informações

(MENEZES et al., 2004).

2.4. Recomendações nutricionais para crianças

As recomendações nutricionais são padrões objetivos para atender às

necessidades nutricionais diárias do indivíduo, baseadas nos conhecimentos

científicos atualizados, e que avaliam a adequação de dietas em populações visando

manter a boa saúde (SIZER e WHITNEY, 2003).

As Dietary Reference Intakes (DRI’s), são valores de referência propostos

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pela Academia Americana de Ciências (National Acad...,2002) visando planejar e

avaliar dietas para pessoas saudáveis. As DRI’s, tem sido adotadas como

referência para a população brasileira. Disponibilizada pela ILSI (International Life

Sciences Institute). Para avaliar a adequação quanto à ingestão de um grupo de

pessoas é indicado que se utilize a média de ingestão da população de referência

Estimated Average Requirement (EAR) como referencial. A EAR para crianças com

idade entre 4 e 8 anos e 9 e 13 anos de carboidrato total, deve ser de 130 grama ao

dia, levando-se em conta que esse nutriente é fonte de principal de energia para o

cérebro. Em relação ao açúcar, o limite deve ser de 25% do total de energia

preconizado/dia (NATIONAL ACADEMY..., 2002a).

Quando não se dispõe de EAR, a referência passa a ser a AI (Adequate

Intakes), que representa um valor arbitrário. Em relação à quantidade de fibra total,

segundo a AI, esta deve estar presente no cardápio diário para crianças com idade

entre 4 e 8 anos, o valor deve ser 25 gramas ao dia e 31gramas ao dia para o sexo

feminino e 26 gramas ao dia para o sexo masculino, ambos para crianças entre 9 e

13 anos de idade, melhorando o poder laxativo, reduzindo o risco de doenças

coronarianas e ajudando o organismo a manter os níveis normais de glicose do

sangue (NATIONAL ACADEMY...,2002a).

Em relação à quantidade de gordura total da dieta da criança com idade entre

4 e 8 anos e 9 e 13 anos, conforme as DRI’s, este valor não é determinável devido à

falta dos dados de efeitos adversos nestes grupos e interesse de idade no que diz

respeito à falta da habilidade de segurar quantidades adicionais. As gorduras da

dieta devem prover os ácidos linoléico e � linoléico. A quantidade necessária do

ácido linoléico é de 10 gramas para crianças com idade entre 4 e 8 anos e 12

gramas ao dia para crianças com idade entre 9 e 13 anos. O ácido linoléico é um

componente essencial dos lipídeos estruturais da membrana, sendo requerido para

a função normal da pele. O ácido α-linoléico deve estar presente diariamente na

dieta da criança com idade entre 4 e 8 anos na quantidade de 0,9 gramas ao dia e

1,2 gramas ao dia para crianças entre 9 e 13 anos de idade, quantidades estas

importantes para o desenvolvimento e crescimento neurológico (NATIONAL

ACADEMY...,2002a).

Em relação às proteínas e aminoácidos essenciais, a EAR para crianças com

idade entre 4 e 8 anos de idade, é de 19 gramas ao dia e para crianças de 9 a 13

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anos de idade, a quantidade deste macronutriente essencial é de 34 gramas ao dia,

funcionando como o principal componente estrutural de todas as células do corpo,

inclusive enzimas e hormônios. Quanto ao colesterol, gordura trans-saturada e

saturada, o ideal é o consumo baixo e adequado a uma dieta nutricionalmente

equilibrada (NATIONAL ACADEMY...,2002a).

De acordo com a EAR, a recomendação nutricional de Vitamina A para

crianças de 4 a 8 anos de idade é 400µg por dia, e 600µg por dia para crianças entre

9 e 13 anos de idade (NATIONAL ACADEMY...,2002b).

Baseando-se na EAR de Vitamina C para crianças da faixa etária de 4 a 8

anos de idade, deve ser de 25mg/dia e de 45mg/dia para as de 9 a 13 anos de idade

(NATIONAL ACADEMY..., 2000).

O mineral Cálcio, de acordo com a AI das DRI’s (1997), deve fazer parte da

dieta diária da criança com idade entre 4 e 8 anos, dentro da recomendação de

800mg/dia e de 1300mg/dia para a faixa etária de 9 a 13 anos (NATIONAL

ACADEMY...,1999).

A EAR das DRI’s (2001), recomendam, respectivamente, para crianças de 4 a

8 anos e 9 a 13 anos de idade valores de 10mg/dia e 8mg/dia para o mineral Ferro

respectivamente (NATIONAL ACADEMY...,2002b).

A alimentação escolar foi regulamentada com o objetivo de corrigir as falhas

fisiológicas da alimentação doméstica, procurando suprir, de 15% a 20% das

recomendações nutricionais diárias para as crianças com idade escolar,

matriculadas em estabelecimentos oficiais de ensino infantil, fundamental e escolas

filantrópicas. Esse percentual representa um atendimento médio de 350 Kcal e 9 g

de proteína diárias, per capita. É dada ênfase ao conteúdo de ferro, cálcio e vitamina

C das refeições (BRASIL, 2004).

2.5. Modelos de gestão da alimentação escolar no Município

Para repensar a alimentação escolar, é preciso entender que a prestação

deste serviço é basicamente governamental e tem como meta atender todos os

escolares, até o ensino fundamental do País, por meio da escola.

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Porém, a diversidade de situações nas diferentes regiões brasileiras aponta

para a necessidade de se estabelecerem políticas para programas de alimentação

apropriadas às questões sociais, culturais e educacionais, além, do que, nas

próprias microrregiões, podem ser verificadas diferenças nutricionais entre grupos de

estudantes, bem como diferenças na gestão dos serviços (CALIL e AGUIAR, 1999).

As Unidades de Alimentação e Nutrição podem estar estabelecidas em

escolas sob diversas formas de gerenciamento: auto-gestão, onde a própria

instituição possui e gerencia sua unidade de alimentação e nutrição ou concessão,

sendo que a instituição cede seu espaço de produção e distribuição para um

particular ou para empresa particular, especializada em administração de unidades

de alimentação e nutrição (ABREU et al., 2003). Essas formas de gerenciamento por

sua vez, podem funcionar em cozinha central (piloto) ou em cozinha descentralizada.

Em cozinha central toda alimentação é preparada, com posterior distribuição às

escolas, nos vários horários de atendimento, havendo a necessidade das refeições

serem transportadas em recipientes isotérmicos para maior garantia de qualidade. A

cozinha descentralizada, localizada em cada escola, recebe os insumos alimentares

para estocagem e posterior preparo pelas merendeiras e distribuição aos alunos.

A auto-gestão com cozinha descentralizada é a forma de gerenciamento dos

serviços, predominante nas Prefeituras dos municípios do Brasil. A terceirização

aparece em poucos municípios1, 1% das unidades escolares públicas, sendo a

maior ocorrência na região sul do país (2,3%). Em 2001, 1,1% adotavam esse

processo de gestão, passando a 2%, quando se incluem as unidades de ensino

fundamental e as escolas particulares (STURION, 2002).

Dentre as expressivas mudanças ocorridas na operacionalização do PNAE,

decorrentes da implementação da descentralização, deve-se destacar a adoção da

terceirização do serviço de alimentação escolar (PREFEITURA MUNICIPAL DE

SOROCABA, 2005) e, também, a refeição transportada, com ou sem terceirização,

em serviços de alimentação que possuem cozinha central (PREFEITURA

MUNICIPAL DE INDAIATUBA, 2005).

1 São Paulo (capital) e interior: São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Valinhos, Campinas, Sorocaba,

Salto, Lorena, Tietê e São Pedro.

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A concessão ou terceirização do serviço de alimentação escolar é definida

como um processo de gestão que, por meio do estabelecimento de contrato

bastante especificado, delega a empresas especializadas a execução das atividades

de compra e distribuição às unidades escolares dos insumos alimentares, preparo e

distribuição das refeições aos usuários (com equipe de mão de obra própria ou da

Prefeitura) e manutenção das instalações físicas do serviço de alimentação,

permanecendo para a Administração Municipal o controle e a fiscalização dos efetiva

dos serviços (MORAES, 2000).

Dentre as vantagens da concessão na parceria dos serviços são

mencionadas a promoção do desenvolvimento econômico local, flexibilidade na

programação dos cardápios pelo acesso facilitado junto aos fornecedores, melhoria

da qualidade dos serviços devido à mão de obra ser mais especializada e treinada,

aprimoramento do sistema de custeio dos setores municipais, otimização de

recursos, diminuição do desperdício e maior agilidade das decisões. A liberação da

Prefeitura dos longos e complexos processos licitatórios e, também, da

responsabilidade do armazenamento e distribuição dos gêneros alimentícios,

contribui de maneira significativa na redução dos custos com a alimentação escolar

e a dedicação da equipe técnica de trabalho no acompanhamento e supervisão dos

serviços e atendimento ao escolar (PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA,

2005).

A implantação da concessão/terceirização, por outro lado, encontra barreiras

como a falta e conhecimento dos técnicos das vantagens e do processo e o

conservadorismo de algumas instituições (GIOSA, 1997). O desconhecimento do

custo real interno da Prefeitura para comparar com os preços propostos pela

empresas prestadoras desse serviço, os custos com demissões e, também, a perda

do poder de execução tem sido os fatores principais que restringem o número de

administradores municipais a optarem por este novo modelo de gestão. Os

problemas encontrados pelas instituições que já implementaram o sistema passam

pela mesma dificuldade, encontrar parceiros que tenham o domínio do conhecimento

na operacionalização do programa de Alimentação Escolar, que se diferencia de

maneira significativa de outros programas de alimentação tradicionalmente

desenvolvidos pela maioria das empresas existentes, prestadoras desses serviços

(PREFEITURA MUNICIPAL DE INDAIATUBA, 2005).

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A forma de gestão que inclui a refeição transportada ainda aparece de forma

bastante discreta, entre as unidades escolares no Brasil. Em Curitiba, Estado do

Paraná, esse modelo é adotado há algum tempo, e consiste de uma cozinha com

produção centralizada e posterior distribuição da alimentação entre as unidades

escolares. Além da enorme estrutura física e de equipamentos para produção e

armazenamento, o sistema de distribuição requer a utilização de equipamentos

especiais de acondicionamento térmico, para garantir temperatura e condições

sanitárias dos alimentos.

O Prefeito, administrador de órgão público precisa considerar em suas

decisões, que a otimização das estruturas organizacionais, proporcionam um melhor

atendimento, a um custo compatível com a qualidade pretendida (CALIL e AGUIAR,

1999). Ressalta-se também, que, em se tratando de produção e distribuição de

alimentos, há que se considerar a necessidade de um serviço bem estruturado,

profissionalizado e com autonomia para trabalhar, pois, as intervenções na grande

maioria das situações, têm que ser muito rápidas e acertivas, devido à abrangência

deste programa e do impacto na população.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Propor inovações no cardápio do Programa de Alimentação do Escolar do

Município de Piracicaba-SP, a partir da avaliação do abastecimento alimentar e das

condições de produção das refeições.

3.2. Objetivos específicos

1. Caracterizar o abastecimento alimentar do Programa Municipal de

Alimentação Escolar, as condições de funcionamento do programa, o

consumo e os hábitos alimentares dos escolares.

2. Verificar se há diversidade quanto à adesão ao Programa entre os alunos

de quatro escolas, considerando a renda familiar das crianças, o período

da distribuição das refeições, a característica da administração da escola

(estadual ou municipal) e o tipo de recursos humanos profissionais que

assumem o preparo e distribuição da alimentação (do município ou

terceirizada).

3. Avaliar a aceitabilidade da alimentação servida entre os alunos nessas

mesmas escolas, compreendendo lanche de entrada e refeição salgada

servida, utilizando métodos distintos.

4. Avaliar a adequação nutricional de energia, macronutrientes, vitamina A,

vitamina C, cálcio e ferro, considerando refeição de entrada e do intervalo

escolar servida.

5. Propor inovações de fácil implementação no cardápio do Programa de

Alimentação Escolar do Município.

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4. LOCAL DO ESTUDO

Piracicaba é um Município paulista, localizado a 138,1 km da capital do

Estado de São Paulo (Região Sudeste), com uma área de 1.312,30 km2 de extensão

territorial, sendo 158, 06 km2 de área urbana / cidade e distritos e 1.154,24 km2 de

área rural. De acordo com o último censo do IBGE (2000), o município contava com

aproximadamente, 329.158 mil habitantes, sendo 317.374 habitantes no meio

urbano e 11.784 moradores na zona rural. A taxa de urbanização é de 96,42%

(IBGE, 2005). Sua economia está historicamente vinculada à produção agrícola e

industrial, com destaque para os setores sucroalcooleiro e metal-mecânico (IPPLAP,

2005).

O crescimento do poder aquisitivo da população de Piracicaba desenvolveu-

se num processo similar ao que vem ocorrendo nos grandes centros urbanos

brasileiros, caracterizando-se pela acentuação das desigualdades sociais e gerando,

em conseqüência, uma parcela de excluídos e marginalizados na população

(IPPLAP, 2005).

Para fins administrativos, o Município de Piracicaba é dividido em 5 regiões

denominadas: Centro, Norte, Sul, Leste e Oeste e, cada região, compreende uma

série de bairros com as mais diversas características demográficas, sociais e

econômicas.

A taxa geométrica de crescimento anual, segundo dados do IPPLAP de 2005,

é de 1,34% e, a população tem crescido, na área urbana, em velocidade bastante

diferenciada entre as diversas regiões do município.

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Tabela 1. Densidade demográfica por região administrativa. Piracicaba, 2000.

Região Área TotalOcupada (ha.)

PopulaçãoTotal

Densidade(hab/ha.)

Proporção

(população)

Centro 1.237,30 63.736 51,51 20,69

Norte 1.521,50 69.276 45,53 22,49

Sul 1.128,50 66.486 58,92 21,59

Leste 2.886,70 57.796 20,02 18,76

Oeste 920,60 50.643 55,01 16,44

Total 7.694,60 307.937,00 ----- 99,97

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2.000.

A Tabela 1 apresenta a distribuição da população em relação à área ocupada

nas diversas regiões do Município, onde pode ser observado que a região Norte tem

uma das maiores áreas de ocupação e a maior proporção populacional e a região

Leste tem a maior área de ocupação com uma das menores proporções

populacionais.

A renda média, nas diversas áreas, também evidencia diferenças, com o

predomínio de rendimentos superiores, variando de 5 a 10 salários mínimos nas

regiões Leste, Centro e Sul e de rendimentos menores, entre 1 e 2 salários mínimos

nas regiões Oeste e Norte, conforme evidenciado no Quadro 3.

Quadro 3. Distribuição de rendimentos médio domiciliar dos chefes de família por

região administrativa. Piracicaba, 2000.

Domicílios Domicílios Domicílios Domicílios DomicíliosExtratos deRendimentos

Centro Norte Sul Leste OesteSaláriomínimo N0 % N0 % N0 % N0 % N0 %Até 0,5 11 0,06 37 0,24 44 0,25 23 0,15 53 0,440,6 a 1 911 4,56 1.151 7,54 1.247 7,09 814 5,22 1.130 9,331,1 a 2 1.372 6,87 2.447 16,04 2.375 13,51 1.587 10,18 2.317 19,132,1 a 3 1.554 7,78 2.497 16,37 2.559 14,56 1.865 11,96 2.220 18,333,1 a 5 3.258 16,32 4.361 28,58 4.022 22,88 3.718 23,85 3.001 24,785,1 a 10 5.537 27,73 3.905 25,59 4.514 25,68 4.752 30,48 2.613 21,5710,1 a 15 2.221 11,12 531 3,48 1.206 6,86 1.198 7,68 416 3,4315,1 a 20 1.872 9,37 214 1,4 767 4,36 754 4,84 208 1,72 ≥ 20 3.233 16,19 114 0,75 845 4,81 879 5,64 155 1,28Total 19.969 100 15.257 100 17.579 100 15.590 100 12.113 100

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

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Os indicadores apresentados revelam grandes desigualdades demográficas e

de níveis de rendimentos, quando são considerados os dados relativos das cinco

regiões administrativas do Município de Piracicaba, sendo a região Norte a mais

comprometida em relação aos indicadores considerados e a região Leste a menos

comprometida.

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5. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido no período compreendido entre os meses de

setembro de 2004 a outubro de 2005. Os dados analisados foram de caráter

primário e secundário. Os dados secundários foram obtidos na literatura e em

documentos gerados no município. Os dados primários foram levantados a partir de

investigação realizada em quatro escolas e dos experimentos dietéticos que visaram

a proposição dos cardápios. Ainda, entre os dados analisados, estão os registros de

entrevistas com profissionais que atuam na Secretaria Municipal de Agricultura e

Abastecimento - SEMA, Secretaria de Educação, Departamento de Compras da

Prefeitura Municipal, Divisão de Alimentação e Nutrição - DAN local e de outras

cidades. Para a proposição das inovações no cardápio foi utilizada a metodologia da

intersetorialidade2 (CONSEA, 2004), envolvendo técnicos das secretarias municipais

citadas, Departamento de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba,

funcionários das diversas escalas hierárquicas da DAN, bem como dirigentes das

escolas e alguns membros do CAE, para que esses setores do governo e sociedade

civil, pudessem definir as ações estratégicas e o monitoramento, de forma articulada.

Primeira etapa da pesquisa – Diagnóstico geral, fez-se um diagnóstico da

situação do abastecimento alimentar do Município de Piracicaba, por meio de visitas

na Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento -SEMA, na Central de

Abastecimento S.A. de São Paulo – CEASA Piracicaba e na Divisão de Compras da

Prefeitura Municipal de Piracicaba, bem como coleta de dados nos institutos

econômicos de pesquisa municipal (SEMA/DEPAB, 2004; IPPLAP, 2004, 2005) e

federal (IBGE, 1985, 1991,1996, 2003, 2004; IEA, 2003,2004, 2005). Foi realizado

também um levantamento do funcionamento e da estrutura geral da DAN do

Município e compilação de dados relacionados ao consumo e hábitos alimentares

dos escolares da rede de ensino do Município.

2 Intersetorialidade significa ações articuladas e coordenadas, utilizando os recursos existentes em

cada setor (materiais, humanos, institucionais) de modo mais eficiente, direcionando-os para açõesque obedeçam a uma escala de prioridades estabelecidas em conjunto. Recursos dispersos eaplicados sem um planejamento global são mais facilmente desperdiçados ou utilizados por gruposisolados para seus interesses particulares (CONSEA, 2004).

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Segunda etapa da pesquisa – Diagnóstico específico, foram avaliadas a

adesão e aceitabilidade pelos escolares de uma amostra dos cardápios adotados no

período da pesquisa nas escolas estaduais e municipais, localizadas em três regiões

administrativas distintas da cidade. Utilizou-se três metodologias tradicionalmente

adotadas nessa área de estudo: “Estimativa Visual dos Restos em cada Prato”,

“Escala Hedônica Estruturada Facial” e “Percentagem de Adesão dos Escolares”

ao PMAE. Foi avaliada também a estimativa da composição química de energia,

macronutrientes, vitaminas A e C, cálcio e ferro dos seis cardápios avaliados.

Terceira etapa da pesquisa – Proposta de inovação, foram desenvolvidas,

padronizadas, degustadas e avaliadas, preparações no Laboratório Cozinha

Pedagógica e Experimental da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP,

para formulação de uma nova proposta de cardápio para o PMAE.

5.1. Primeira etapa da pesquisa – Diagnóstico geral

5.1.1. Abastecimento alimentar no Município de Piracicaba

Para o levantamento de dados e diagnóstico da situação atual do

abastecimento alimentar do Município de Piracicaba foram realizadas visitas

técnicas da pesquisadora e de auxiliares recrutados entre os alunos do curso de

graduação em Nutrição da UNIMEP, e em alguns Departamentos da Prefeitura

Municipal de Piracicaba, como o Departamento de Abastecimento (SEMA),

Departamento de Compras, bem como ao CEAGESP - Unidade Piracicaba

(CEASA), onde foram contatados os respectivos responsáveis pelos setores e

entidade.

Um roteiro para cada uma das entrevistas foi elaborado, visando dinamizar a

obtenção das informações e melhor orientar a coleta de dados sobre a

operacionalização do abastecimento alimentar do município e da alimentação

escolar.

Os objetivos previstos para essas atividades foram:

− caracterizar o Município quanto ao seu perfil agrícola;

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− identificar os centros produtores agrícolas do Município de Piracicaba,

verificando a capacidade produtiva de cada um deles;

− destacar os principais produtos produzidos no Município;

− identificar o tipo atual de classificação de alimentos utilizada.

Outros alimentos de interesse para a alimentação escolar tais como carnes,

cereais, laticínios, leguminosas e tubérculos, tiveram os dados levantados quanto a

sua produção local e abastecimento no município, a partir de busca em sites

especializados: SEMA (2004, 2005), IPPLAP (2004, 2005); IBGE (2004, 2005), IEA

(2004, 2005), e trabalhos realizados por técnicos da Escola Superior de Agricultura

“Luiz de Queiroz”/ESALQ-USP (1992).

A entrevista na SEMA foi realizada com o seu Diretor3, e com o Chefe4 de

Divisão de Operação de Mercado da SEMA. As informações obtidas foram

registradas na forma de relato, enquanto os documentos com registros numéricos

referentes ao abastecimento foram organizados e apresentados na forma de

quadros e tabelas.

Foi realizada uma visita ao Varejão Municipal do bairro Residencial Água

Branca, em Piracicaba, a fim de observar o funcionamento e a comercialização de

alimentos pelos produtores locais.

Outra entrevista foi realizada na CEASA - Piracicaba, com o Gerente5 , a fim

de conhecer a sistemática de funcionamento e comercialização entre produtores e

permissionários e, cruzar com os fornecedores atuais do programa de alimentação

escolar do Município. Os dados relativos à produção dos alimentos comercializados

foram obtidos no site especializado do IEA (2004, 2005).

Uma outra visita técnica ocorreu junto ao Departamento de Compras da

Prefeitura Municipal de Piracicaba. Nesse departamento, a entrevista envolveu o

Chefe6 de Compras, onde foi possível identificar o processo de aquisição de

alimentos para a alimentação escolar de Piracicaba, o processo de licitação pública

3 Carlos César Ambrosano, Diretor do Departamento de Abastecimento da Secretaria Municipal de

Abastecimento de Piracicaba.4 Francisco E. Guastalli, Chefe da Divisão de Operação de Mercado da Divisão de Abastecimento da

Secretaria Municipal de Abastecimento de Piracicaba.5 Nivaldo A. Servelin, Gerente da Central de Abastecimento S.A. de São Paulo – CEASA Piracicaba.6 Wander Viana Santos, Chefe da Divisão de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba.

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e pregão eletrônico, bem como os fornecedores atuais do Programa

(hortifrutigranjeiros, carnes, ovos, laticínios, cereais entre outros).

5.1.2. Estrutura da Divisão de Alimentação e Nutrição

O funcionamento da Divisão de Alimentação e Nutrição (DAN) do Município

de Piracicaba foi descrito a partir de várias visitas técnicas, da pesquisadora e de

auxiliares. As entrevistadas, as quais contribuíram com os dados pertinentes ao

Município foram a Gerente7 da DAN; Chefe8 da DAN e a Nutricionista9 da DAN,

responsável técnica, pelo controle de qualidade do Programa.

O levantamento de dados, diagnóstico das refeições distribuídas nas escolas

e da estrutura física da DAN e cozinhas escolares foram orientados por um roteiro

previamente elaborado. Além desse levantamento foram realizadas diversas

reuniões para levantamento dos problemas e as possíveis soluções e, sendo que

em alguns momentos os representantes das escolas e do CAE também

participaram. O diagnóstico nesse setor visou:

− conhecer todo o abastecimento alimentar da DAN;

− identificar o processo licitatório do Programa Municipal de Alimentação

Escolar (PMAE), bem como a seleção dos alimentos prioritários a este

Programa;

− observar o recebimento e a distribuição dos alimentos adquiridos pela

DAN;

− identificar os fatores considerados relevantes no planejamento do cardápio

vigente.

− conhecer o funcionamento das atividades veiculadas ao programa, como a

produção e o controle de qualidade dos produtos servidos nas escolas.

7 Dayse Diniz P. Eluf, Gerente da Divisão de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Educação da

Prefeitura Municipal de Piracicaba.8 Maria Angélica S. Danelon, Chefe da Divisão de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Educação

da Prefeitura Municipal de Piracicaba.9 Elisa C. Coleone, Nutricionista da Divisão de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Educação da

Prefeitura Municipal de Piracicaba.

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− analisar os cardápios oferecidos pelo PMAE;

− conhecer a estrutura física, equipamentos e recursos humanos das

cozinhas nas unidades de ensino envolvidas no estudo.

Em outras três visitas técnicas a DAN, foi feito um reconhecimento de todo o

espaço físico do local, a fim de estabelecer, com esta pesquisa, medidas cabíveis ao

seu funcionamento.

A participação da pesquisadora em reuniões do CAE, no período de abril a

agosto de 2005, permitiu conhecer o empenho que seus representantes assumem

na manutenção da garantia de um serviço, não apenas atentando para a questão

financeira, mas, sobretudo, para a qualidade dos produtos oferecidos, a adequação

aos hábitos alimentares saudáveis e a satisfação das necessidades nutricionais dos

escolares, bem como na participação das decisões técnicas e administrativas da

DAN do Município.

5.1.3. Consumo e hábitos alimentares dos escolares

O levantamento de dados relacionados ao consumo e aos hábitos alimentares

dos alunos da rede de ensino do Município de Piracicaba beneficiados com o

Programa Nacional de Alimentação e Nutrição foi possível, por meio da análise de

dados provenientes de pesquisas e estudos de uma população constituída de

crianças matriculadas no 10 e 20 ciclo do Ensino Fundamental de doze escolas

municipais e estaduais do Município de Piracicaba (SP) na área urbana, localizadas

em diferentes regiões administrativas (OLIVEIRA et al., 2004).

Os referidos estudos e pesquisas foram realizados entre o segundo semestre

de 2002 ao segundo semestre de 2004, por alunos (as) e estagiários (as) da

UNIMEP. Nesse levantamento foram considerados também dados obtidos por meio

de um estudo da alimentação escolar, realizado em agosto de 2004, na Prefeitura do

Município de Piracicaba – SP por uma empresa de assessoria. Participaram desta

pesquisa 52 escolas estaduais do município. As informações foram extraídas das

planilhas originais da pesquisa, disponibilizadas pela DAN na forma de forma de

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relatório, as quais incluem os registros individualizados por escola, constando dos

ingredientes utilizados, número de alunos presentes na escola, número de alunos e

funcionários que consumiram a refeição e número de repetições no dia pesquisado.

As planilhas constavam também de conformidades e não conformidades das

condições higiênico-sanitárias das cozinhas de todas as escolas envolvidas na

pesquisada. A coleta de dados realizada pela empresa de assessoria contou com a

participação de alunos do curso de graduação em Nutrição da UNIMEP. A partir do

banco de dados dessa pesquisa, após avaliação da consistência dos mesmos, foi

possível construir tabelas e avaliar a variabilidade na oferta de nutrientes e a

quantidade per capita dos diversos alimentos e nutrientes que compõem as

refeições servidas aos escolares.

5.2. Segunda etapa da pesquisa – Diagnóstico específico

5.2.1. Escolas participantes do estudo

Um diagnóstico mais específico foi realizado tendo por base uma amostra

(n= 2.256 alunos) de 4 escolas do ensino fundamental (1a e 4a série), que atendem

cerca de 10,73% do total de alunos matriculados na área urbana, no ano de 2005. A

escolha das escolas foi conduzida por sorteio entre as escolas extratificadas por

região, a partir de um levantamento junto a Diretoria de Ensino. Garantiu-se na

amostra que duas escolas fossem municipais (M) e, duas estaduais (E) em duas as

merendeiras deveriam ser terceirizadas (T) e em outras duas deveriam ser

funcionárias do serviço público (municipalizadas). A renda das regiões foi

estratificada em dois grupos (Ra e Rb). A partir desse critério, as escolas foram

caracterizadas, conforme descrito a seguir.

MRa = Escola municipal localizada em região cuja renda média é considerada

superior e merendeira lotada no serviço público.

MRbT = Escola municipal localizada em região cuja renda média é considerada

inferior e merendeira terceirizada.

ERaT = Escola estadual localizada em região cuja renda média é considerada

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superior e merendeira terceirizada.

ERb = Escola estadual localizada em região cuja renda média é considerada inferior

e merendeira lotada no serviço público.

Nessas escolas foram avaliadas a adesão e a aceitabilidade dos cardápios

oferecidos, nos diversos horários de distribuição (períodos manhã e tarde), aos

escolares entre os meses de abril a junho de 2005.

Quadro 4. Escolas avaliadas, segundo a região administrativa do município e

respectivos números de escolares matriculados por série e período.

Piracicaba, 2005.

1a a 4a série 1a a 4a série TotalRegião Escola Legenda

Manhã Tarde de alunos

Oeste Genny Stolf MRa 146 100 246

Norte José A. de Souza MRbT 169 184 353

Centro Augusto Saes ERaT 430 400 830

Sul Alcides Zagatto ERb 413 414 827

Fonte: Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Piracicaba, 2005.

Na pesquisa para avaliar a adesão, considerou-se o universo total de

alunos/escola do ensino fundamental e, para avaliar aceitabilidade, uma amostra de

100 alunos/escola, com idade entre 7 e 10 anos, ambos os gêneros sendo que, no

caso das escolas que atendem alunos do ensino fundamental nos períodos da

manhã e tarde, foram considerados 50 alunos/ período, a fim também de se

investigar possíveis interferências na composição nutricional e na adequação dos

cardápios aos horários em que são servidos.

5.2.2. Cardápios avaliados

Para a pesquisa foram consideradas as três opções do cardápio oferecido no

lanche de entrada e sorteadas três opções do cardápio com refeições salgadas,

onde foram avaliadas a adesão e a aceitabilidade entre os escolares presentes no

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dia, em cada uma das escolas/período. As avaliações foram realizadas durante todo

o horário de produção e distribuição das refeições, por alunas da graduação em

Nutrição da UNIMEP, devidamente treinadas. Antes do início da distribuição das

refeições, a cada período, 50 xícaras ou pratos foram identificados com pequenos

adesivos e, os primeiros 50 alunos que se serviram foram então avaliados, sem

nenhuma abordagem inicial, para que não houvesse interferência no seu consumo.

As avaliações ocorreram no período matutino, durante o lanche de entrada

servido as 7h00 e refeição salgada às 9h30 e no período vespertino no lanche de

entrada servido as 13h00 e refeição salgada às 15h30. A coleta de dados se deu em

triplicata, para assegurar uma maior confiabilidade dos resultados.

O Quadro 5, apresenta o cardápio padronizado pela DAN, desde 2002,

envolvendo as três opções de lanche de entrada e dez opções da refeição salgada.

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Quadro 5 . Cardápio básico da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura

Municipal. Piracicaba, 2005.

2a Feira 3a Feira 4a Feira 5a Feira 6a Feira

Entrada

Leite c/chocolate

Pão commargarina

Leite c/chocolate

Biscoitodoce

Leite c/chocolate

Pão commargarina

Leite c/chocolate

Biscoitosalgado

Leite c/chocolate

Pão commargarina

1a

SemanaSopa de fubá

com carne

Arroz.

Ovos mexidoscom legumes

Cuscuz defrango

Arroz

Peixe ao molho

Sopa defeijão commacarrão,

carne elegumes

2a

Semana

Sopa de arrozcom carne e

legumes

Arroz comfeijão e ovosmexidos

Risoto defrango

Macarronadacom carne

Sopa defeijão commacarrão,

carne elegumes

3a

Semana

Sopa demacarrão

com carne elegumes

Arroz.

Ovos mexidoscom legumes

Polenta comfrango

Arroz

Carne comlegumes

Sopa defeijão commacarrão,

carne elegumes

4a

Semana

Sopa demacarrão com

carne elegumes

Arroz comfeijão e ovos

mexidos

Risoto defrango

Macarronadacom carne

Sopa defeijão commacarrão,

carne elegumes

Fonte: Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura Municipal. Piracicaba, 2005. Obs.: Em negrito

estão registrados os cardápios avaliados na presente pesquisa. Os grifos são do autor.

5.2.3. Adesão dos alunos ao Programa Municipal de Alimentação Escolar

Com o objetivo de se verificar a aceitabilidade dos cardápios, aplicou-se uma

metodologia alternativa, a qual consistiu na identificação da proporção dos alunos

presentes diariamente, em cada uma das quatro escolas públicas, que aderiram ou

não ao PMAE, a cada dia.

Foram coletados a cada dia e por período os dados relativos ao número de

escolares matriculados (secretaria da escola) e presentes na escola (lista de

presença dos professores nas salas de aulas) e registrados na Ficha Controle de

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Adesão e Aceitabilidade (Apêndice A). Para o cálculo da percentagem de adesão

dos escolares ao cardápio servido, foi aplicada a fórmula utilizada por Brandão

(2000), considerando-se o universo de alunos presentes no dia:

100*presentes alunos de n

PMAE ao aderiram que escolares de n adesão de %

o

o

×=

* referente ao dia e período da avaliação

5.2.3.1. Percentagem de repetição

Admitindo-se a hipótese de que os cardápios de maior aceitabilidade,

despertariam o desejo de repetição por parte dos escolares, utilizou-se um

instrumento de avaliação da percentagem de repetição do prato - Controle de

Adesão e Aceitabilidade (Apêndice A), conforme proposto por Brandão (2000), onde

o autor identificou entre os escolares que aderiram ao Programa, a proporção

daqueles que se serviam, mais de uma vez, considerando o universo de alunos

presentes na unidade de ensino no dia da coleta dos dados.

100*aderiram que alunos de n

PMAE cardápio o repetem que escolares de n média repetição de %

o

o

×=

* referente ao dia e período da avaliação

A repetição das refeições constitui uma prática diária nas escolas, organizada

pelas próprias merendeiras, onde após o término da distribuição da refeição a todos

os alunos dispostos a consumir, forma-se uma nova fila, com os que desejam repetir

o cardápio servido, quantas vezes desejarem ou enquanto houver refeição

disponível.

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5.2.4. Metodologias de avaliação da aceitabilidade dos cardápios

A aceitabilidade dos alunos foi avaliada, nas quatro escolas, a partir do

acompanhamento desde a produção até o final da distribuição de cada um dos

cardápios avaliados, a cada período, utilizando-se de duas metodologias, distintas,

com vistas a maior detalhamento dos dados. A metodologia da “Estimativa Visual

dos Restos em Cada Prato”, citada por Silva (1996), é um dos métodos mais

utilizados no Brasil para avaliar o consumo alimentar e a Escala Hedônica

Estruturada Facial, é um método também muito utilizado para avaliação da

preferência por provadores não treinados (MONTEIRO,1984; DUTCOSKI, 1996;

LAWLESS e HEYMANN, 1999).

Não foi possível trabalhar com o universo de alunos das escolas, por meio da

adoção desses métodos, devido ao rigor de atenção no acompanhamento dos

alunos durante o consumo das refeições, bem como à rapidez necessária na

visualização dos restos alimentares, no momento da devolução dos utensílios

controles dos alunos.

Da mesma forma foi definida uma amostra aleatória de 100 alunos/ escola

avaliada, divididos por período, 50 no período matutino e 50 no vespertino. Para a

avaliação da aceitabilidade e preferência foram padronizados, os seguintes

procedimentos:

a) 50 pratos/xícaras a serem avaliados foram identificados discretamente por

adesivos coloridos e foram os primeiros utensílios a serem entregues aos escolares;

b) no momento da distribuição, orientou-se oralmente o escolar onde deveria

ser devolvido o prato / xícara com o resto alimentar, após o término do consumo da

refeição;

c) conforme os escolares devolviam seus utensílios identificados, foram

realizados os registros dos dados no Controle da Adesão e Aceitabilidade

(Apêndice A) e Ficha Escala Sorriso Simplificada (Apêndice B).

A aceitabilidade dos escolares foi avaliada tendo como referência o índice de

aceitabilidade de 85%, previsto na Resolução/FNDE/CD/n0 015 de Junho de 2003,

que estabelece critérios para a execução do PNAE.

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60

5.2.4.1. Estimativa visual dos restos em cada prato

Este método, segundo Meiselman, (1984); Silva (1996) é o mais

recomendado para avaliação da aceitabilidade de cardápios, devido à sua rapidez,

facilidade na aplicação, validade e reprodutividade de resultados, além de refletir

melhor as variações individuais. O objetivo é avaliar a proporção que cada

consumidor ingere do produto que lhe foi oferecido.

Inicialmente, foi realizada a capacitação dos observadores para a avaliação

visual e individual da quantidade de alimento servida e não consumida pelo escolar,

para seu registro no Controle de Adesão e Aceitabilidade (Apêndice A), observando

os seguintes procedimentos:

a) observar atentamente a proporção do resto e fazer a devida indicação

na ficha de controle (Apêndice A), confirmando a devolução dos 50

pratos/xícaras identificados;

b) ao final do teste, a partir dos dados registrados e aplicação da fórmula,

computar a apuração em percentagem da aceitabilidade média do

cardápio avaliado, em cada escola/período.

Quadro 6. Aceitabilidade da alimentação escolar por meio da adoção da

metodologia “Estimativa visual dos restos em cada prato”. BRANDÃO,

2000.

Quantidade de alimento deixada no prato pelos escolares

(Percentagem)

Número deescolares

0 25 50 75 100

Total T0 T25 T50 T75 T100

Fonte: BRANDÃO, 2000.

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Após a realização da coleta de dados foi adotada a seguinte fórmula:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ]1007550250

1007550250

TTTTT

100T75T50T25T0T100 aceitação de %

++++×+×+×+×+×

−=

5.2.4.2. Escala hedônica estruturada facial

Os métodos sensoriais têm sido amplamente utilizados em investigações que

envolvem alimentos e podem ser classificados em dois grandes grupos, aqueles

cujos testes consideram a resposta objetiva e outros que consideram a resposta

subjetiva. Esse segundo grupo é bastante utilizado com provadores não treinados,

onde se esperam respostas que resultem da reação espontânea dos indivíduos ao

degustar um alimento. Estes testes são usados para determinar a aceitabilidade e

preferência dos produtos (DE PENNA, 1999).

Ferreira (2002), cita que em sistemas de alimentação coletiva a análise

sensorial pode ser um instrumento muito útil para definir o padrão de identidade e

qualidade do produto que está sendo adquirido, seja no processamento, seja no

produto acabado. A palavra hedônica refere-se ao estado psicológico consciente

agradável e desagradável. A escala hedônica é largamente utilizada , desde que foi

desenvolvida em 1957, para análise de preferência e aceitabilidade, com provadores

não treinados, onde a preferência é implícita (DUTCOSKI, 1996).

Nessa pesquisa foi adotada uma ficha simplificada para teste da Escala

Hedônica (Monteiro, 1984) onde, utilizaram-se apenas cinco categorias de atributos,

conforme apresentada na Ficha Escala Sorriso (Apêndice B), por se tratar de

crianças, que poderiam sentir dificuldades para selecionar entre tantos atributos com

discreta alteração de expressão (na escala de referência consideram 9 atributos no

total). O procedimento adotado para abordar o escolar, foi padronizado e treinado

com as auxiliares do trabalho:

a) os mesmos 50 escolares/escola/período, ao devolverem seus pratos/xícaras

identificados, com restos ou não, foram abordados a fim de identificarem na

Ficha Escala Sorriso (Apêndice B) qual a expressão facial que melhor

representava sua aceitabilidade da refeição naquele momento;

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b) registrar imediatamente a resposta do escolar no Controle de Aceitabilidade

Geral (Apêndice C), confirmando a amostra de 50 escolares pesquisados;

c) ao final do teste, a partir dos dados registrados, foi computada a proporção

de aceitabilidade média do cardápio avaliado.

5.2.4.3. Estimativa da composição química dos cardápios avaliados

Para a pesagem dos alimentos que integram os cardápios avaliados foram

utilizadas quatro balanças eletrônicas digitais, com capacidade de 15kg,

sensibilidade de 5 g, Marca Toledo.

Todos os alimentos foram pesados in natura imediatamente após o pré-

preparo, ou seja, lavagem e remoção de partes não comestíveis, com

acompanhamento da adição de óleo e água, quando necessários. Após a cocção,

tomou-se o peso das sobras, e aplicaram-se os indicadores de conversão10

correspondentes e assim definiu-se o peso do alimento distribuído. O peso dos

restos alimentares foi identificado após o término do horário de distribuição das

refeições. A partir do peso do alimento distribuído e do resto, definiu-se o per capita

distribuído considerando o número total de escolares que aderiram ao Programa, a

cada dia.

Foram também obtidos dados referentes às condições de contratação das

merendeiras nas unidades escolares, uma vez que atualmente o serviço conta com

merendeiras municipalizadas e terceirizadas, por empresa especializada no ramo de

alimentação. Ainda no que diz respeito a DAN, foi realizado um levantamento das

não conformidades nas cozinhas das quatro escolas, no momento da distribuição,

por meio do instrumento Notificação de não-conformidade (Apêndice D), para avaliar

possíveis interferências na adesão e aceitabilidade da alimentação servida aos

escolares.

10 Os alimentos podem sofrer modificações por fatores físicos (temperatura), químicos (ação de

ácidos) e biológicos (fermentos). A ação externa que os alimentos recebem, na passagem de umestado para outro (cocção, congelamento, descongelamento) fazem com que o peso do alimentose modifique.A conversão do alimento pode ser medida por meio de uma constante, obtida da relação entre opeso do alimento processado (gramas) e o peso do alimento no estado inicial (gramas).hilippi, 2003.

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5.3. Terceira etapa da pesquisa – Proposta de inovação

Os dados coletados foram sempre discutidos de forma intersetorializada, em

reuniões junto a uma comissão composta por profissionais técnicos da área

acadêmica da UNIMEP; técnicos que atuam especificamente no setor de

alimentação escolar da DAN; representantes da Secretaria de Educação e do CAE,

os quais puderam subsidiar a formulação de propostas de inovações no cardápio

escolar atualmente praticado, adequando-o às prerrogativas do PNAE e

expectativas dos escolares.

5.3.1. Desenvolvimento de novas preparações

As preparações dietéticas para o uso na alimentação do escolar foram

desenvolvidas a partir dos resultados da avaliação da aceitabilidade das

preparações oferecidas no período da pesquisa pelo PMAE, quanto à aceitabilidade,

conforme identificado nas metodologias Estimativa Visual dos Restos em cada Prato

e Escala Hedônica Estruturada Facial (Escala Sorriso). Com base na análise dos

dados do estudo das preferências alimentares dos escolares, já existentes em

pesquisa sobre o consumo de alimentos entre os escolares de doze escolas

públicas, no período de 2002 a 2004, por alunos e estagiários do Curso de Nutrição

da UNIMEP. A adequação aos recursos financeiros disponíveis do Programa, à

produção local de alimentos, a composição em nutrientes, variedades alimentares e

os hábitos alimentares regionais, tiveram uma influência significativa nessa etapa da

pesquisa.

Inicialmente foi realizado um levantamento de preparações alternativas que

cumprissem às exigências já explicitadas. Os procedimentos experimentais deste

projeto consistiram no desenvolvimento e pré-testes de receitas visando à inovação

do cardápio atual do Programa, pela pesquisadora e pelos auxiliares do projeto. As

receitas foram desenvolvidas e produzidas em escala piloto, nos laboratórios do

Curso de Nutrição da UNIMEP, localizado no Campus de Piracicaba.

Nas preparações desenvolvidas como pré-testes, levou-se em consideração

o tempo de preparo, número de merendeiras nas unidades escolares, equipamentos

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e materiais disponíveis nas cozinhas das escolas, alimentos considerados básicos

para fins do PNAE, disponibilidade de alimentos produzidos na região e o custo

médio de referência informado pela DAN, seguindo também as orientações do

Ministério da Saúde e do PNAE. Essa etapa foi realizada no período de março a

agosto de 2005.

Num segundo momento as preparações foram produzidas em definitivo para

serem avaliadas sensorialmente por um grupo de provadores não treinados

composto por professores do Curso de Nutrição da UNIMEP, alunos da graduação

em Nutrição e profissionais ligados à área de gastronomia. Definidas as preparações

de maior coerência à alimentação de escolares, fez-se avaliação nutricional destas a

partir de tabelas de composição química de alimentos (Philippi, 2002; Pinheiro,

2002), e do software NUTRIWIN (PHILIPPI, 2005).

5.3.2. Proposta de um novo cardápio

As inovações do cardápio foram decorrentes das novas receitas

desenvolvidas, e pretendeu-se preencher parcialmente todos os aspectos passíveis

de melhoria, identificados nos diagnósticos geral e específico.

Na formulação da proposta de ampliação das opções nos cardápios,

considerou-se: maior variedade de alimentos; garantia de uma nutrição adequada e

rica em nutrientes; condições climáticas do município; horário de distribuição das

refeições; hábitos alimentares dos escolares; adequação ao orçamento de referência

do Município; disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e estrutura física.

Na medida do possível a disponibilidade agrícola do município também foi

considerada na elaboração da proposta.

5.4. Aspectos éticos e legais

Este projeto fez parte de um projeto temático do Curso de Nutrição da

Universidade Metodista de Piracicaba, Saúde, Alimentação e Nutrição do Escolar, o

qual cumpriu as diretrizes do Conselho Nacional de Saúde, conforme a resolução

196 de 10 de Outubro de 1996, tendo sido submetido ao Comitê de Ética em

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Pesquisa da Universidade Metodista de Piracicaba, e recebido o parecer favorável

em 02 de Junho de 2003, cuja inscrição de pesquisa no CONEP é no. 18/03 e,

encontra-se no Anexo A.

5.5. Análise dos resultados

A análise estatística e apresentação dos resultados foram realizadas com

auxílio de programas para computação Excel para Windows, versão 7.0; Sigma Stat

2.0). Todas as variáveis registradas foram tabeladas e registradas como

percentagem (variáveis categóricas) e como média ± desvio padrão (variáveis

contínuas).

Foi realizada análise descritiva comparando-se os resultados obtidos junto

aos alunos das quatro escolas, segundo as variáveis do estudo. O teste qui-

quadrado, ou quando necessário, o teste exato de Fischer foi utilizado para analisar

a relação entre duas variáveis categóricas. Para efeito de análise, as variáveis com

valores iguais a zero foram agrupadas na categoria subseqüente em todo o conjunto

de dados.

Para analisar a relação entre uma variável contínua e uma variável

categórica, foram utilizados os testes paramétricos, teste t (quando em duas

categorias) ou ANOVA (quando em três categorias ou mais). O nível de significância

adotado foi de 5%, ou seja, p=0.05.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1. Primeira etapa da pesquisa

6.1.1. Disponibilidade de alimentos no Município

Piracicaba apresenta 90% de seu território de área rural, sendo que metade é

submetida ao cultivo da cana-de-açúcar, produção de maior destaque do Município,

e metade à pastagem e criação de gado. Nestes 10% restantes, estabelece-se a

área urbana do Município, na qual um cinturão produtivo a delimita, ou seja, em

torno de toda a zona urbana de Piracicaba, há produtores, principalmente de

folhosos, milho, mandioca e banana.

Com a expansão do Município, muitas propriedades rurais acabaram sendo

levadas ao interior da cidade, dando à Piracicaba a característica de cidade rural.

Um exemplo disso é a utilização dos terrenos urbanos como hortas, pelo fato do

desconto de 50% no Imposto Predial e Territorial Urbano- IPTU, a quem se submete

a esta prática.

O Município é auto-suficiente na produção de verduras, importando-as

somente quando há problemas na produção, em virtude da interferência do clima.

Em relação aos legumes, estes vêem quase que exclusivamente de outras regiões

produtoras próximas, para abastecer o Município. Segundo Servelin, Gerente da

CEASA -Piracicaba, a deficiência deste tipo de alimento na produção de Piracicaba

relaciona-se à falta de mão de obra especializada para produção, solo e clima não

favoráveis para produção de legumes em geral , além do fato de ser um tipo de

cultura que consome tempo e cuidados especiais do produtor rural.

Piracicaba é considerada um importante pólo de agricultura, e isto se deve

principalmente a ótima qualidade de suas terras, o que confere benefícios à

produção. No ano de 2004, a produção do Município chegou a 6.975,95 toneladas

de alimentos produzidos e comercializados nos varejões do Município, crescimento

este observado quando se compara a produção do ano de 1982, que não passava

de 721,32 quilos de alimentos (DEPAB/SEMA, 2004; VAREJÕES

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MUNICIPAIS,2005).

Os varejões, segundo Ambrosano11, representam um diferencial bastante

positivo do Município, por incentivar a produção municipal e facilitar a compra de

pequenos comerciantes e supermercados, devido à qualidade dos alimentos

comercializados e preço inferior de venda. Esses fatos contribuem ainda, com o

controle da quantidade produzida e vendida por produtor, facilitando as informações

quanto à produtividade da cidade. Acrescenta-se a isso as melhorias na produção

em relação à orientação do plantio, garantindo qualidade e, principalmente, melhor

estabilidade financeira aos produtores, uma vez que estes recebem seu pagamento

à vista de acordo com as vendas realizadas nos varejões.

Este sistema de comercialização e abastecimento alimentar adotado em

Piracicaba, conta com 130 permissionários, dentre os quais 45% são pequenos

produtores, que comercializam toda sua produção e, 55% são atacadistas que

atuam na CEASA Piracicaba ou no comércio da cidade, vendendo produtos de

outras regiões (CEAGESP/CEASA, 2004).

No total, 19 varejões funcionam no município, atendendo-o em cerca de 37%

do abastecimento de hortaliças e frutas. Além dos varejões, há também outros dois

canais de comercialização: 14 feiras-livres e 1 mercado municipal. Das feiras e do

mercado municipal, a SEMA é somente responsável pela parte administrativa,

controlando a classificação dos alimentos. Cabe também a esta secretaria o

gerenciamento dos varejões, controlando o preço e a qualidade do que está sendo

comercializado. No ano de 2003, estas linhas de trabalho, obtiveram um crescimento

de 5%, já em 2004, este crescimento foi de 10%, e estes números tendem a crescer,

em vista da produtividade do Município (PREFEITURA MUNICIPAL DE

PIRACICABA, 2005).

Visando uma melhoria na produção e na comercialização dos alimentos

produzidos, a ESALQ -USP, criou uma tabela classificatória dos alimentos quanto à

sua qualidade, que está sendo utilizada e normatizada por critérios da CEAGESP.

Deste modo, os produtos são classificados da seguinte forma: 2 A (representa

o alimento de melhor qualidade), 1 A (o alimento apresenta uma queda de 40% do

11 Carlos César Ambrosano, Diretor do Departamento de Abastecimento da Secretaria Municipal de

Abastecimento de Piracicaba, em entrevista datada de 18/11/2004.

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seu preço, em virtude da qualidade mais baixa), extrinha (alimentos de qualidade

inferior utilizados principalmente pelas cozinhas industriais) e extra (alimento que se

diferencia em 80 a 90% do preço do alimento classificado como sendo 2 A). A esta

classificação, atribui-se a diminuição do desperdício de alimentos, uma vez que

estes passaram a ser devidamente utilizados.

Segundo informação do gerente da unidade CEASA, em Piracicaba, um

trabalho realizado entre a SEMA e a ESALQ - USP, em 2001, revelou que a média

de desperdício apontada foi de 12% por semana, visto que, das 150 toneladas de

alimentos que são comercializados dentro da rede de varejões, cerca de 18

toneladas são desprezados por semana, por várias causas: imperícia no

armazenamento, transporte ou na comercialização.

Piracicaba poderia ser um importante abastecedor agrícola do seu Programa

de Alimentação Escolar, em termos de vegetais folhosos, uma vez que a cidade é

auto-suficiente na produção desses alimentos. Porém, a falta de informação e

motivação dos produtores rurais, a precariedade na produção, a sistemática de

compras da iniciativa pública pelo processo de licitação, somado à dificuldade dos

produtores rurais de se organizarem em cooperativa agrícola, além da limitação de

capital financeiro, afastam essa proposta de integração da agricultura com a

alimentação escolar. Esta estratégia poderia propor, principalmente, a redução de

custos e promoção de benefícios nutricionais nas refeições servidas aos escolares.

Tendo em vista a meta do abastecimento regional do programa municipal de

alimentação escolar, a análise da operacionalização deste, no âmbito dos

municípios, deve-se levar em consideração as condições de disponibilidade de

alimentos na região. Em cada caso, as dificuldades operacionais dependerão das

características regionais e de infra-estrutura pública, variando desde situações onde

as condições de abastecimento são plenamente suficientes, até situações onde tais

condições inexistam. Esta forma de fazer as aquisições substituiria as compras

centralizadas, de grandes quantidades, que requerem procedimentos de licitação

mais complexos além, de integrar o hábito alimentar dos alunos, diminuir o custo e

incentivar a produção local, por meio da compra dos alimentos produzidos no

Município e região (VIANNA e TERESO, 2000; ALVES, 2001).

O aproveitamento dos recursos do município e região, o abastecimento

municipal de maneira integrada com os programas institucionais, a efetiva

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implementação de cardápios variados de acordo com a regionalidade, apontam para

um quadro bastante favorável de melhora qualitativa do programa de alimentação

escolar (VIANNA e TERESO, 2000).

O poder público dos municípios conta com vários instrumentos para melhorar

o quadro de abastecimento local. Entre os mais simples e menos dispendiosos estão

aqueles que diminuem os preços e melhoram a qualidade da comercialização dos

alimentos, aumentando a sua oferta, especialmente no que se refere a normatização

e fiscalização de feiras-livres, supermercados e indústrias alimentícias, apoiando

inclusive o pequeno produtor agrícola local, distribuidores e permissionários do

serviço público (especialmente no caso do CEASA). Esta função de extrema

importância deve ser desempenhada pela prefeitura, pois com a diminuição do

grande número de intermediários entre a produção e o consumo final dos alimentos,

a negociação entre os produtores e a população seria privilegiada, melhorando os

preços finais para ambos (POLÍTICA DE ABASTECIMENTO..., 2004).

A integração dos elementos existentes nos municípios, tais como produtores

locais, comércio e indústria, permitem à Prefeitura um maior grau de liberdade para

as decisões, buscando otimizar os recursos existentes na formulação de cardápios,

de acordo com as necessidades das crianças e com condições de preparo em cada

escola, em melhores alternativas de preços de gêneros alimentícios e na

participação da população no programa, otimizando as considerações das

diferenças da população alvo (VIANNA e TERESO, 2000).

Além disso, a criação de um Conselho Municipal de Abastecimento poderia

favorecer o envolvimento da população e o setor privado na criação e aplicação de

mecanismos de estabilização de preços, de normatização e regulamentação do

abastecimento, prevendo a participação das classes populares e a revitalização do

poder legislativo como canais de expressão da população, quase sempre

incapacitada de se adaptar às exigências “tecnificadas” e burocratizadas dos

aparelhos do Estado (POLÍTICA DE ABAST..., 2004; PIPITONE et al., 2003).

Piracicaba consta de uma realidade na qual aproximadamente 50% das terras

agricultáveis, são cobertas por cana-de-açúcar sendo, a agropecuária, a segunda

maior atividade e, por fim, o abastecimento de hortifrutigranjeiros concentrado,

principalmente, nas mãos dos produtores locais situados na periferia da cidade

(NUTRE VIDA, 2004).

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Segundo o Instituto de Economia Agrícola -IEA, instituição vinculada à

Secretaria de Abastecimento do Estado de São Paulo, que pesquisa, analisa e

divulga informações a fim de atender as necessidades dos diversos setores de

agronegócio de São Paulo, alimentos como cana-de-açúcar, milho, mandioca e

banana são considerados regionais e de maior produtividade no Município de

Piracicaba (IEA, 2004) .

Além destes, outros alimentos considerados básicos para fins do PNAE, são

apresentados na Tabela 2, com seus respectivos volumes de produção, em

Piracicaba, segundo o Banco de Dados do Instituto de Economia Agrícola – IEA.

Tabela 2 . Alimentos regionais de maior produção em Piracicaba, 2004.

Alimento Produção (Tonelada)

Cana de açúcar 3.200.000

Milho 4.950

Mandioca 750

Banana 600

Limão 326,4

Couve 90

Fonte: Estimativa do Instituto de Economia Agrícola – IEA , 2004.

No caso dos hortifrutigranjeiros, toda a produção do Município de folhosos do

minicípio, é suficiente para o seu abastecimento, porém os legumes são totalmente

importados de outras regiões produtoras para abastecer a demanda interna12.

As Tabelas 3 e 4, mostram a Produção Agrícola Municipal - PAM, mais

atualizadas, disponível nos Censos Agropecuários do IBGE.

12 Nivaldo A . Servelin, Gerente da Central de Abastecimento S.A. de São Paulo - CEASA

Piracicaba, em entrevista datada de 27/01/2005.

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Tabela 3. Produção agrícola de Piracicaba, 2003.

Produção PAM / 2003 (tonelada)

Alimentos Produção Temporária:

Arroz (em casca) 36

Batata doce 1.200

Batata inglesa 3.161

Cana de açúcar 3.200.000

Mandioca 2.480

Melancia 3.078

Milho (em grãos) 4.975

Soja (em grãos) 331

Tomate 110

Alimentos Produção Permanente:

Abacate 140

Banana 600

Laranja 44.800

Limão 240

Manga 950

Maracujá 51

Tangerina 2.029

Uva 6

Fonte: Censo Agropecuário do IBGE – PAM, 2003.

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Tabela 4. Produção agrícola temporária de hortaliças. Piracicaba, 1996.

Fonte: Censo Agropecuário do IBGE – PAM , 1996.

Alimentos PAM (tonelada)

Abobrinha verde 105

Acelga 22

Agrião 41

Alface 1.102

Almeirão 86

Berinjela 12

Bertalha 4

Beterraba 128

Brócolis 90

Cenoura 37

Chicória 262

Chuchu 8

Couve 137

Couve-flor 55

Ervilha (vagem) 1

Espinafre 15

Jiló 1

Mostarda 2

Pepino 204

Pimentão 49

Quiabo 80

Rabanete 37

Repolho 87

Rúcula 192

Vagem (feijão vagem) 11

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Um único documento de pesquisa sobre o abastecimento alimentar em

Piracicaba, datado de 1991, mostra que a participação da rede pública atacadista

(CEASA-Piracicaba) na intermediação pelo fornecimento diretamente ao setor

varejista de Piracicaba é bastante limitada de um modo geral. Observa-se que a

participação da rede pública atacadista se dá para produtos comercializados sem

processamento que, na sua maioria, são perecíveis (ESALQ -USP, 1992), conforme

apresentados no Quadro 7.

Quadro 7. Relação entre a produção local e o volume comercializado no setor

varejista. Piracicaba, 1991.

Proporção (%) Produtos

0 a 10

Frutas: abacaxi, maçã, melão, melancia, uva

Legumes: tomate, chuchu

Tuberosas: batata, cebola

10 a 25 Legumes: cenoura, vagem, beterraba

Cereais: arroz, feijão

25 a 50 Legumes: pimentão

Verduras: couve, repolho

50 a 75 Legumes: abobrinha, berinjela, pepino

Verduras: alface, chicória, couve flor

75 a 100 Frutas: laranja

Legumes: quiabo, batata-doce, mandioca

Tuberosas: alho

Fonte: Dados de produção. Censo Agropecuário – IBGE, 1985.

6.1.2. Caracterização da estrutura do Programa Municipal de Alimentação

Escolar

No PMAE, a Prefeitura Municipal é a entidade executora do programa, que

adota o modelo municipalizado. Recebe os recursos financeiros do FNDE, Estado de

São Paulo e do Programa Fome Zero, proporcional ao censo escolar do ano

anterior, adquire e distribui os alimentos, a todas as escolas da rede de ensino

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estadual e municipal. Segundo informações colhidas junto à DAN, em 2005, o setor

atendeu 213 unidades, envolvendo 57.063 alunos sendo: 72 Escolas Estaduais e

Escolas Municipais de Educação Fundamental e Pré-escolas – EMEF’s (41.185

alunos); 41 Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEI’s (6.174 alunos); 13

Escolas Municipais de Educação Complementar – EMEC’s (812 alunos); 03 Centros

de Educação Complementar – CEC’s (455 alunos); 38 Programas de Educação

para Jovens e Adultos – PEJA’s (1.336 alunos); 3 Centros de Atendimento

Socioeconômico – CASE’s (455 alunos); 3 brinquedotecas (92 alunos); 08 Pré-

escolas isoladas da estrutura das creches (625 alunos) e 32 Instituições

Filantrópicas do Município (5.929 pessoas). Todas essas unidades pertencem à

Secretaria de Educação ou fazem parte dos programas de Desenvolvimento Social

O Quadro 8 apresenta os recursos transferidos para o Município de

Piracicaba, bem como a complementação da verba da Prefeitura Municipal de

Piracicaba.

Quadro 8 . Recursos Financeiros (em Reais) transferidos para o Município e

complementação de verba da Prefeitura Municipal de Piracicaba. 2004

e 2005.

Órgão Governamental 2004 2005

Fundo Nacional deDesenvolvimento daEducação

1.300.622,45 1.602.577,80

Fundação do Estado deSão Paulo

407.388,00 599.778,00

Programa Nacional deAlimentação de Creches /Fome Zero

89.415,00 90.315,00

Prefeitura Municipal dePiracicaba

2.146.178,19 2.004.748,45

TOTAL 3.943.603,64 4.297.419,25

Fonte: Divisão de Alimentação e Nutrição. Piracicaba, 2004; 2005.

O sistema adotado para a aquisição dos gêneros alimentícios do Programa de

Alimentação Escolar, no Município de Piracicaba é o estabelecido pela Lei Federal

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da Licitação – 8.666/93, onde o processo todo transcorre num período médio,

aproximado de 90 dias. Até o ano de 2004, todas as compras da DAN adotaram

essa sistemática, no entanto, a partir de 2005, as compras passaram a ser

realizadas pelo sistema do Pregão ou Bolsa Eletrônica13.

Este sistema da Bolsa Eletrônica de Compras vem sendo aperfeiçoado e está

bastante avançado no Estado de São Paulo, uma vez que permite o cumprimento

das disposições colocadas para licitação, de uma forma muito mais ágil e

transparente, proporcionando uma enorme confiabilidade a tudo que está sendo

adquirido, principalmente economia de recursos (SILVA, 2001).

Em Piracicaba, a DAN, vinculada à Secretaria Municipal de Educação tem

como objetivo fornecer uma alimentação nutricionalmente adequada e de qualidade,

para auxiliar no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes

atendidos nos programas que atua. Moraes (2005), constatou em seu trabalho uma

elevação dos índices de aceitabilidade nos últimos anos, e segundo a DAN14 o

cardápio tem suprido as recomendações nutricionais em relação aos

macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios), de 60 a 65% para as EMEI’s e

15 a 30% das recomendações para as EMFE’s, porém, uma deficiência de

micronutrientes (vitaminas A e C e minerais Fe e Ca) é observada nas escolas de

ensino fundamental.

De acordo com Moraes (2005), compete a DAN planejar, orientar e executar a

operacionalização dos Programas de Alimentação do Município de Piracicaba, que

abrange todas as unidades de ensino atendidas pela Secretaria de Educação e

Desenvolvimento Social. Para isto, conta com uma estrutura formada por: Seção de

Alimentação (2 funcionários), Serviço de Programação/Suprimentos (2 funcionários),

Serviço de Supervisão(3 funcionários) e Orientadora de Serviços de Alimentação (2

funcionárias). Entretanto, tornou-se necessário, a partir do ano de 2004, desenvolver

um acompanhamento técnico de avaliação mais criterioso, com o intuito de subsidiar

a Divisão, na elaboração de parâmetros quanto ao controle de qualidade dos

alimentos e aquisição dos mesmos, quando foi contratada uma nutricionista, como

responsável técnica, para cuidar desses aspectos.

13 Wander Viana Santos, Chefe da Divisão de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba, em

entrevista datada de 03/03/2005.14 Dayse Diniz P. Eluf, Chefe da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura Municipal de

Piracicaba, em entrevista datada de 22/03/2005.

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Segundo Viana15, a DAN, a partir do cardápio aprovado junto ao CAE, faz-se

a previsão quantitativa de toda a matéria prima necessária para a produção da

alimentação dos escolares e a encaminha ao Departamento de Compras da

Prefeitura Municipal, para que seja aberto o processo de licitação pública. É de

fundamental importância que as requisições de compras, tragam uma especificação

do alimento bastante detalhada, para que a licitação seja dirigida de forma

plenamente satisfatória para a DAN e também ao fornecedor. Essa estratégia pode

abreviar em muito o processo licitatório.

A aquisição dos alimentos e insumos para o PMAE, está sendo realizada

praticamente toda fora do Município de Piracicaba, nos últimos anos, fato decorrente

do sistema de compras. Este fato, segundo Viana16, onera em aproximadamente

32% o preço final dos produtos, referente ao adicional transporte, que somado à

perda da qualidade dos alimentos, devido à dificuldade da DAN conferir a

classificação dos gêneros alimentícios, acarreta um comprometimento ainda maior,

da verba do Programa.

Viana17 aponta ainda, que o Estado de São Paulo, apesar da redução de suas

alíquotas de ICMS nos últimos anos, para alguns produtos ainda tem valores

elevados, quando comparados a outros estados do país, o que, em muitos casos,

distancia a possibilidade de ganho de um fornecedor do Estado de São Paulo, nos

processos licitatórios para o PMAE, principalmente quando envolve alimentos de

maior volume de compra, comprometendo fortemente a valorização da economia

local. Há que se considerar ainda que para alguns produtos de expressivo volume

de compra, embora a alíquota do ICMS seja menor, como o fornecedor regional não

é produtor, acaba perdendo no preço final. O Anexo B, permite visualizar as

alíquotas de ICMS, dos Estados de procedência dos gêneros alimentícios do PMAE.

15 Wander Viana Santos, Chefe do Departamento de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba,

em entrevista datada de 04/04/2005.16 Wander Viana Santos, Chefe do Departamento de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba,

em entrevista datada de 04/04/2005.17 Wander Viana Santos, Chefe do Departamento de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba,

em entrevista datada de 22/11/2005.

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O Quadro 9 apresenta a relação de fornecedores do PMAE, em 2005, a

origem dos fornecedores e os alimentos adquiridos para a alimentação escolar de

produtor, indústria e atacadista onde pode-se observar a não participação de

produtores e atacadistas local.

Quadro 9. Fornecedores de alimentos do PMAE. Piracicaba, 2005.

Município/Estadode Origem Prod. Indús. Atac. Fornecedor

São Caetano doSul/SP X

“Cathita”

(achocolatado, pó p/ bebida láctea, chá mate, póde café, farinha de trigo, trigo p/ quibe, óleo, sagu,

sal e groselha)

Espírito Santo doPinhal/SP X

“FG JR”

(mistura p/ pão fran cês, extrato de tomate, docede leite, vinagre, fermento em pó)

Jundiaí/SP X“CRI Alimentos”

(refresco em pó)

Bauru/SP X“Águia Cereais”

(amido)

São José do RioPreto/SP X

“Alimentar”

(fermento de panificação, doce de goiaba, anti-mofo)

Corumbataí/SP X“João Afonso”

(biscoito doce e salgado, açúcar, margarina –balde 5kg, farinha de milho, leite condensado, fubá)

Indaiatuba/SP X“Adorela”

(macarrão Padre Nosso)

São Paulo/SP X “CDPL” (leite em pó)

Itaquaquecetuba/SP X“CCM”

(potes de margarina, colorau, canjica, aveia)

Campinas/SP X“Itaúba”

(hortifrutigrangeiros)

Sorocaba/SP X“CEAZA”

(hortifrutigrangeiros)

Contagem/MG X X“Socila Alimentos”

(arroz, feijão)

Belo Horizonte/MG X

“Progresso Alimentos”

(bebida láctea de chocolate)

“Fridel”

(carnes)

Concórdia/SC X“Pastifício Gioveneze”

(macarrão parafuso)

Fonte: DAN. Piracicaba, 2005. Grifos indicam maior volume de compra dos alimentos para o PMAE.

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A Prefeitura Municipal de Piracicaba, de forma sistemática, há anos,

complementa a verba recebida do PNAE, para poder atender as crianças

beneficiadas do programa, com duas refeições/dia, nos respectivos períodos de

aulas. Para garantir a alimentação escolar, durante todo o ano letivo, a DAN trabalha

com orçamento anual. Desde 2002, foi definido um Cardápio Padrão para Escolas

Estaduais e Municipais da área urbana e outro para área rural (este último devido às

hortas nas escolas, possibilita um cardápio com maior variedade de hortaliças), no

qual ano a ano pequenos ajustes são processados, a fim de resolver problemas de

ordem técnica e administrativa. O cardápio possui baixíssima diversificação de

alimentos, preparações inadequadas tanto para o horário em que é servida a

refeição, como para as condições climáticas do Município, isso na grande maioria

das preparações servidas, conforme será demonstrado mais adiante.

6.1.3. Fatores que interferem no planejamento do cardápio do Programa de

Alimentação Escolar de Piracicaba

Considerando que o Programa Nacional de Alimentação do Escolar (PNAE)

tem como principal meta suplementar a alimentação dos escolares do Ensino

Fundamental (BRASIL, 1999), é indiscutível a importância de uma alimentação

adequada, do ponto de vista nutricional para assegurar crescimento e

desenvolvimento, principalmente durante a infância e, o seu papel para a promoção

e a manutenção da saúde e do bem-estar do indivíduo (CRUZ et al., 2001).

Diante desse contexto há necessidade de uma atenção especial a esse grupo

etário, no sentido de buscar regularidade do fornecimento da alimentação escolar,

melhoria da qualidade das refeições, atendimento dos hábitos alimentares,

diversificação da oferta de alimentos, e fornecimento de alimentos em quantidade e

qualidade que satisfaçam suas reais necessidades nutricionais, de forma a minimizar

riscos à saúde e permitir que seu potencial genético de crescimento e

desenvolvimento seja atingido de forma adequada (PIPITONE et al., 2003).

Ao planejar um cardápio é fundamental levar-se em consideração os vários

aspectos dos alimentos (nutricionais, químicos e físicos), bem como as expectativas

da população; a estrutura física disponível para armazenar, produzir e distribuir de

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forma segura a alimentação; adequação e capacitação da mão de obra e por fim a

verba disponível para aquisição da matéria prima e dos equipamentos (ABREU,

2003). A adequação ao clima, a digestibilidade dos alimentos, as características

sensoriais das preparações, o equilíbrio de cores, a freqüência de alimentos em

preparações diferentes são outros aspectos que devem ser considerados na

elaboração dos cardápios (SILVA,2001).

É importante lembrar ainda, o incentivo à economia local e regional, a

diminuição dos custos operacionais e estímulo à participação da comunidade local

na execução e controle do Programa de Alimentação Escolar, quando se associa a

busca por uma alimentação equilibrada por meio do fornecimento da alimentação

escolar ao abastecimento alimentar do município, visando a sua regionalização, a

fim de melhorar o suporte alimentar com o envolvimento dos próprios cidadãos nesta

operação de caráter público (CRUZ et al., 2001).

Ao se analisar a característica, disponibilidade e capacitação da mão de obra

para as atividades de produção e distribuição da alimentação escolar, segundo

Eluf18, a DAN prevê uma produtividade de 100 refeições salgadas/

merendeira/período, nas escolas de ensino fundamental. No entanto, essa não é a

realidade do Município que atualmente, trabalha com uma menor produtividade nas

escolas onde as merendeiras são municipalizadas do que naquelas onde essa mão-

de-obra é terceirizada.

Desde 1988, data do último concurso público para contratação de

merendeiras (número de vagas do concurso eram 160, mas foram admitidas apenas

80), vêem trabalhando com uma relação bem superior a esta, na maioria das

unidades escolares, devido ao crescente número de alunos/escola nos últimos anos.

Essa sobrecarga de trabalho, associada à elevada idade das merendeiras e a falta

de capacitação dessas profissionais, desencadearam ao longo desses anos vários

problemas: sem concurso a alternativa foi readaptação de cargo para alguns

funcionários públicos. A Prefeitura no entanto, não realinhou salários e tampouco

fez atualização de cargos, afirma Eluf19 e, com o tempo, os afastamentos de saúde,

18 Dayse Diniz P. Eluf, Gerente da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura Municipal de

Piracicaba, em entrevista datada de 17/03/2004.19 Dayse Diniz P. Eluf, Gerente da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura Municipal de

Piracicaba, em reunião de trabalho para discussão sobre terceirização dos serviços dealimentação escolar, datada de 01/08/2005.

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as readaptações de função surgiram, justificadas pela sobrecarga de trabalho,

insatisfações pessoais com a remuneração além de cargos não condizentes. Em

1998 teve início o processo de terceirização da mão-de-obra para produção e

distribuição da alimentação escolar, por empresas não especializadas

(aproximadamente 25 merendeiras).

Eluf20 relatou que não sendo possível abrir novo concurso público para

resolver esses problemas e não encontrando apoio das instâncias superiores, em

2001, a solução encontrada foi terceirizar as vagas de mão-de-obra em aberto, por

empresa especializada nesse tipo de profissional, por meio da concorrência pública.

Isso só ocorreu em 2003, dado ao moroso processo licitatório. O Quadro 10

apresenta a realidade de 2005, quanto à caracterização da mão-de-obra para

produção e distribuição da alimentação escolar, abrangendo todas as unidades

escolares do Município.

Quadro 10. Caracterização dos recursos humanos de produção da alimentação

escolar. Piracicaba, 2005.

Recursos humanos –serviço públicoCARACTERIZAÇÃO

Estatutária CLTTOTAL Mão-de-obra

terceirizada

Na função 82 76 158

Readaptadas 17 2 19

Desfunção 49 8 57

Afastadas 9 9 18

TOTAL 157 95 252 195

Fonte: Divisão de Alimentação e Nutrição. Piracicaba, 2005.

20 Dayse Diniz P. Eluf, Gerente da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura Municipal de

Piracicaba, em reunião de trabalho da comissão de estudos para terceirização dos serviços dealimentação escolar, realizada em 01/08/2005.

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Considerando que o atendimento ao escolar, no momento da distribuição tem

grande influência na adesão, e a criança precisa ser estimulada a experimentar a

alimentação oferecida e ser respeitada em várias outras necessidades, aplicou-se

durante três dias aleatórios a Ficha de Notificação de Não-conformidades (Apêndice

D), nas 4 escolas avaliadas, para identificar a qualidade quanto ao atendimento ao

escolar. Os resultados evidenciaram uma média de 62,5% de não conformidade,

sugerindo uma possível influência na adesão ao cardápio. Vale ressaltar que a

caracterização da mão- de -obra na unidade escolar, terceirizada ou municipalizada,

influenciou consideravelmente no percentual acima.

Quadro 11. Não conformidades constatadas durante a distribuição nas escolas

públicas. Piracicaba, 2005.

Aspectos AvaliadosPercentual (%)

Não Conformidade

Incentivo ao escolar para se servir da refeição 75

Organização dos utensílios na distribuição 50

Suficiência de utensílios 100

Utensílios higienizados e secos 100

Apresentação da alimentação 50

Temperatura adequada das preparações servidas 25

Atendimento pela merendeira 75

Horário de início e término da distribuição 0

Respeito ao escolar 50

Acomodação no refeitório 100

Fonte: Escolas públicas participantes da pesquisa. Piracicaba, 2005.

A insuficiência de utensílios bem como a higienização insatisfatória e a falta

de acomodações, prevaleceram nas quatro escolas. Martins,et al. (2004) já apontava

em seu estudo, em escolas públicas de Piracicaba, ausência de investimentos do

Estado e Município em infra-estrutura para o Programa. Salientava ainda, a

utilização de utensílios de plástico, de aparência pouco atraente, bem como a não

disponibilidade de mesas e cadeiras para os alunos fazerem as suas refeições.

Abreu (1995), relatou situação semelhante no que tange às escolas estaduais do Rio

Grande do Sul.

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82

Na tentativa de proporcionar melhorias para com a qualidade da alimentação

escolar do Município de Piracicaba, em 2004, a Prefeitura Municipal cedeu

permissão a uma empresa especializada do ramo de alimentação que avaliasse 52

Escolas Estaduais, em relação aos aspectos nutricionais, operacionais e condições

higiênico-sanitárias da refeição preparada e distribuída, conforme sumarizados no

Quadro 12.

Quadro 12. Aspectos avaliados nas escolas estaduais do município. Piracicaba,

2004.

Cozinhas das Escolas(Proporção de não conformidades)

Cardápio servido(Pontos deficientes)

Índice deadesão àalimentaçãoescolar (%)

-Estrutura e edificação (65) - Monotonia das cores 39

-Disposição e controle no armazenamento (75)

-Despadronização receitas

- Organização de refrigeradores (44)- Não seguimento docardápio padrão

- Higiene e guarda de utensílios (81)

- Higiene pessoal (15)

- Uniformização (42)

- Higiene das mãos ( 96)

- Higiene ambiental ( 52)

- Higiene de hortifrutigranjeiros (87)

- Descongelamento (100)

- Distribuição ( 44)

- Sobras ( 29)

- Guarda de amostras (100)

- Controle de refeições e estoque (52)

- Produtos vencidos ( 10)

Fonte: NutriDados. Agosto, 2004.

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O Quadro 12 apresenta uma relação de aspectos avaliados bastante ampla e

os resultados mostram uma realidade muito preocupante, principalmente quanto aos

aspectos de estrutura das cozinhas. A precariedade das condições higiênico-

sanitárias, apontam para duas ações de suma importância; a necessidade de

reforma das instalações físicas das cozinhas nas escolas estaduais do Município,

oferecendo melhores condições operacionais e a capacitação técnica, de forma

sistemática, das merendeiras responsáveis pela produção das refeições com

supervisão das orientadoras de serviços de alimentação da DAN, para garantir

melhores condições higiênico sanitárias para o produto final e para com a saúde dos

escolares.

Com relação ao cardápio servido além da pouca variedade de gêneros

empregados, não existem receitas padronizadas, e também muitos gêneros não são

entregues nas escolas, o que desencadeia alterações no cardápio pelas próprias

merendeiras, sem nenhuma orientação técnica da DAN.

Cardápios não atrativos sensorialmente são fatores da não ou baixa adesão à

alimentação escolar. O índice registrado nessa avaliação (39%), reflete diretamente

sobre a avaliação financeira e dá a falsa impressão, que a refeição escolar está

tendo um baixo custo, pois se imagina o gasto do Programa, atendendo o número

de alunos matriculados na escola e, não o número de refeições efetivamente

servidas.

Entende-se que essa iniciativa demonstrou uma preocupação do serviço

público, em buscar um diagnóstico real do seu atendimento aos escolares a fim de

estabelecer uma proposta alternativa de melhoria ao programa de alimentação

escolar do Município.

Na estrutura organizacional da DAN, os responsáveis pelo recebimento dos

alimentos consomem grande parte do seu tempo de trabalho para resolver questões

voltadas ao abastecimento alimentar do armazém central (problemas com os

fornecedores relativos à qualidade dos alimentos, quantidade entregue não

suficiente, atraso da entrega entre outros) e nas unidades escolares (com a

programação de entrega, transporte, falta de merendeiras, problemas com gás entre

outros). Isso ocorre de forma sistemática, envolvendo muito tempo também da

responsável técnica (nutricionista) e da gerente da DAN. Esses fatos são justificados

dada à precariedade da informatização; dificuldade com os fornecedores quanto à

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classificação, elevado volume de compra de alimentos de um mesmo fornecedor,

dificuldade de contato com os fornecedores devido todos serem externos ao

Município, alguns inclusive de outros estados. Essa característica do abastecimento

alimentar do PMAE de Piracicaba aponta a falta de um trabalho intersetorial entre as

Secretarias de Ensino, Agricultura e Abastecimento e do Departamento de Compras

da Prefeitura, para um objetivo comum e de grande impacto para a população.

Eluf21 justifica esse problema também devido ao fato da DAN estar ligada à

Secretaria de Educação, e enumera várias restrições a essa interligação. Uma

produção de alimentos em grande escala, tem muitos problemas e particularidades

que precisam ser discutidas entre técnicos visando maior agilidade nas decisões,

maior independência nas ações e maior controle pela administração central. Assim,

uma proposta a ser estudada pelos dirigentes públicos de Piracicaba, seria a DAN

vir a ser uma Coordenadoria, ligada diretamente ao gabinete do Prefeito, com

autonomia para trabalhar, condição essa inexistente na atual estrutura de vínculo.

Calil e Aguiar (1999), já apontavam para essa alternativa, ao colocarem que para

atingir um determinado objetivo, é preciso operacionalizar as etapas, para que o

resultado seja satisfatório e neste ponto é que se justifica outra vinculação, com a

Secretaria de Abastecimento ou, na ausência uma relação direta com o gabinete do

Prefeito.

6.1.4. Consumo e hábito alimentar dos escolares

No Município de Piracicaba, segundo dados do ano de 2004, a avaliação do

estado nutricional de escolares, aponta para um índice de 3,75% de excesso de

peso e mesmo valor para o estado nutricional de baixo peso, seguido de um total de

92,5% de indivíduos eutróficos, com base na relação do Z-escore de IMC/Idade,

considerando como ponto de corte o Z-escore ≥ 2 em relação à referência

populacional do National Center for Health Statistics - NCHS 2000 (ALVES, 2004).

21 Dayse Diniz P. Eluf, Gerente da Divisão de Alimentação e Nutrição da Prefeitura Municipal de

Piracicaba, em reunião de trabalho da comissão de estudos para terceirização dos serviços dealimentação escolar, realizada em 05/05/2005.

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Apesar deste perfil eutrófico dos escolares do Município, segundo dados

coletados no ano de 2003, há variação, conforme a escola, de 0,5 a 0,63% em

relação à prevalência do baixo peso e 1,5 a 8,7% em relação ao excesso de peso,

evidenciando possível heterogeneidade de classes sociais das famílias dos

escolares, localização das escolas (periferia ou centro), além da adesão e consumo

da refeição escolar oferecida (ALVES, 2004).

Em termos da alimentação escolar, a análise dos dados coletados entre 2002

e 2004, mostrou que a alimentação servida aos escolares de Piracicaba atende

quantitativamente às preconizações do PNAE, uma vez que oferece valores

superiores aos 15% (350Kcal e 9g de proteína) das necessidades diárias de energia

e proteínas da criança. Porém, fatores como a despadronização no tamanho das

porções, proporção dos ingredientes nas receitas e o não seguimento do cardápio

padrão, devem ser considerados ao se buscar a melhoria da qualidade das refeições

servidas pelo Programa. Essa irregularidade pode estar contribuindo com os desvios

nutricionais nessa população. Há que se considerar que a alimentação servida em

algumas escolas pode estar suprindo a necessidade nutricional diária total da

criança (em termos de calorias e proteínas principalmente) somente nas duas

refeições servidas (entrada e intervalo de aula), o que contribui com a obesidade

(OLIVEIRA, et al., 2004).

Em creches municipais de Teresina – Piauí, a avaliação dietética da

alimentação oferecida, apontou para a necessidade de reformulação do programa

de planejamento dos cardápios em sua composição (qualidade/quantidade), a

definição e padronização nas porções dos alimentos. O contínuo monitoramento das

atividades definidas no planejamento para conhecer os graus de benefícios que

realmente as refeições oferecem às crianças, considerando a diferenciação no

tamanho das porções da alimentação servida de acordo com a idade da criança,

seria importante para avaliar os déficits de nutrientes (CRUZ, 2001).

Em Piracicaba, a confirmação desta despadronização pode ser observada

nas Tabelas 5 e 6, construídas a partir de dados secundários (OLIVEIRA, et al.,

2004).

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Tabela 5. Quantidade das preparações dietéticas da alimentação escolar de

Piracicaba, 2004.

Alimentos e

Preparaçõesn Média + DP (g) Valor

mínimo (g)Valor

máximo (g)

Açúcar do leite 25 5 ± 7 1 35

Chocolate do leite 25 7 ± 7 1 35

Leite em pó 25 24 ± 26 6 160

Margarina 15 11 ± 12 3 42

Pão de leite 15 51 ± 16 17 83

Batata da sopa 8 25,5 ± 18 7 51

Cenoura da sopa 8 17 ± 12 5 36

Chuchu da sopa 8 14 ± 9 5 27

Óleo para sopa 8 3 ± 2 2 6

Repolho da sopa 8 8 ± 8 2 14

Carne da sopa 7 15 ± 8 7 26

Molho de tomate da sopa 6 6 ± 1 6 7

Biscoito maisena 5 43 ± 56 13 200

Biscoito salgado 5 68 ± 80 6 180

Macarrão da sopa 5 30 ± 17 14 61

Arroz c/ feijão 4 48 ± 16 17 84

Feijão c/ arroz 4 20 ± 8 11 38

Óleo para arroz c/ feijão 4 4,5 ± 2 1 7

Fonte: Relatório Final de Pesquisa FAP – UNIMEP. Oliveira, 2004.

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87

Tabela 6. Freqüência de participação dos alimentos e preparações no cardápio da

alimentação escolar de Piracicaba, 2004.

Alimentos e Preparações nFREQUÊNCIA NO

CARDÁPIO (%)

Achocolatado 25 21,36

Leite 25 21,36

Margarina 15 12,82

Pão 15 12,82

Biscoito Doce 5 4,27

Biscoito Salgado 5 4,27

Arroz com feijão 4 3,41

Sopa de macarrão com carne e legumes 3 2,56

Arroz 2 1,70

Macarronada com carne 2 1,70

Ovos mexidos com legumes 2 1,70

Risoto de frango 2 1,70

Salada de legumes com ovos 2 1,70

Sopa de feijão com macarrão com carne e legumes 2 1,70

Carne com legumes 1 0,85

Canja de frango com legumes 1 0,85

Cuscuz de frango 1 0,85

Peixe ao molho 1 0,85

Polenta com frango 1 0,85

Sopa de arroz com carne e legumes 1 0,85

Sopa de fubá com carne e legumes 1 0,85

Fonte: Relatório Final de Pesquisa FAP – UNIMEP. Oliveira, 2004.

A Tabela 6 mostra o quão restrito é o cardápio oferecido aos escolares em

preparações e ingredientes, sendo sempre as mesmas receitas servidas. Há de se

considerar que a alimentação escolar depende de uma compra de alimentos de

certa forma restrita em opções e quantidades, porém, a criatividade na produção dos

cardápios com a criação de preparações com diferenciais como a forma de

apresentação a ser servida, ou mesmo a substituição de certos ingredientes, pode

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tornar uma alimentação convencional em preparações diferenciadas e

conseqüentemente com uma maior adesão e aceitabilidade por parte dos escolares.

Logo, conclui-se que os maiores problemas hoje enfrentados pelo cardápio

servido aos escolares são: a monotonia de cores; o não seguimento do cardápio

estabelecido como padrão a todas as escolas; a falta de padronização no

porcionamento das preparações e na proporção dos ingredientes nas receitas e a

pouca variabilidade das preparações Esses fatores são contrários aos requisitos

básicos à composição de um cardápio adequado aos escolares como a variabilidade

deste, a adequação da temperatura das preparações ao clima da região, o aspecto

agradável e principalmente a sua coerência aos hábitos alimentares dos alunos. A

atenção a esses aspectos, possivelmente contribuiriam grandemente na melhoria

dos índices de adesão do PMAE de Piracicaba.

Pesquisas datadas de 2004, realizadas pelo Curso de Nutrição da UNIMEP

apontam para uma grande heterogeneidade entre as cinco regiões administrativas

do Município de Piracicaba (norte, sul, leste, oeste e centro), em termos de adesão à

alimentação escolar. Na região norte, é sensível a representação da alimentação

escolar frente às recomendações nutricionais do dia da criança. Por ser a região de

maior adesão ao Programa, é também a região cujas crianças menos levam lanche

de casa para a escola dada às limitações financeiras das famílias. Na região oeste,

por sua vez, o valor energético da alimentação na escola provem principalmente dos

lanches extras, e deste modo, a contribuição percentual de energia obtida por meio

da alimentação oferecida na escola em relação à necessidade diária, por esta

região, é menor que na região norte (ALVES, 2004; MONIS, 2004).

Diante disto, pode-se inferir que possíveis fatores possam estar contribuindo

para tal variação na adesão ao Programa. Porém, esses resultados não são

atribuídos somente à qualidade das refeições servidas, há de se considerar também

as características socioeconômicas da população destas regiões, bem como o fato

das crianças levarem, ou não lanche de casa, uma vez que dados de 2004, apontam

para índice de 53,75% de adesão confirmando esta prática. As cantinas também

devem ser consideradas como fatores de contribuição à baixa adesão à refeição

servida, já que cerca de 11,25% das crianças utilizam essa prática para alimentar-se

(MONIS, 2004).

As cantinas representam uma outra opção de alimentação nas escolas,

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quando a refeição oferecida é contrária ao paladar da criança. Porém, há de

considerar que a qualidade desta alimentação comercializada nem sempre faz jus ao

que a criança realmente necessita ao seu bom desenvolvimento. Segundo dados

coletados no ano de 2004, alimentos como salgadinhos industrializados, fritos e

assados, refrigerantes, guloseimas, sorvetes, etc. são de grande consumo entre os

escolares, principalmente quando no cardápio do Programa há sopas, ou mesmo

peixes, verduras e legumes e frutas, alimentos estes pouco consumidos nas escolas

pelas crianças (OLIVEIRA, et al., 2004).

Os hábitos alimentares dos escolares, nem sempre são condizentes à

alimentação servida no período letivo, e esta é uma das causas da baixa adesão a

algumas das preparações que lhes são servidas. A macarronada é um exemplo de

preparação do cardápio escolar, que representa maior freqüência de consumo pelas

crianças. Em vista disso, observou-se também, segundo os dados de mesma origem

datados de 2004, que as massas são consideradas preparações de grande

palatabilidade inclusive em casa.

Estudo semelhante realizado em Madrid no período decorrente de 1991 a

1993 observou-se que a população escolar apresentou grande e aumentado

consumo de carnes, produtos cárneos, doces e preparações típicas de lanchonetes

de fast-foods, além de apropriado consumo de ovos, legumes e frutas, porém

deficiência em vegetais, principalmente folhas verdes e batatas (VAZQUES et al,

1995).

Pesquisas sobre o padrão alimentar do brasileiro mostram a elevação do

consumo de açúcares e gorduras nas últimas décadas (Monteiro e Mondini 2000),

prática danosa, do ponto de vista nutricional, por contribuir para o aumento da

obesidade. Tal preocupação é compartilhada por estudos internacionais de

avaliação do consumo alimentar dos escolares, que têm alertado para a

necessidade de investimento em estratégias educativas voltadas à melhoria do

padrão alimentar dessa população (CULLEN, 2000; MELNICK et al., 1998 e

RUFINO e MUÑOZ, 1999).

Portanto, pode-se dizer que os alimentos consumidos em casa refletem

grandemente na adesão à dieta proposta ao Programa, uma vez que os hábitos

alimentares das crianças são construídos principalmente no ambiente familiar e

frente às preferências dos pais e/ou responsáveis, além da prática do oferecimento

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de determinados alimentos a estas crianças.

O âmbito escolar funciona também como ferramenta educativa, inclusive das

questões relacionadas ao bem-estar e à saúde, e deste modo, a alimentação servida

aos escolares deveria apresentar-se como modelo de qualidade e equilíbrio

nutricional. Porém, a realidade é outra, e a análise dos cardápios propostos ao

Município de Piracicaba, demonstram falhas principalmente no incentivo ao consumo

de alimentos como frutas e verduras e legumes que são consumidos em casa pelas

crianças, e que por elas são considerados alimentos conceituados de saudáveis,

mas que não constam diariamente na refeição oferecida na escola, comprometendo

este caráter de promoção da saúde que lhe é cabida.

Deste modo, apesar de uma adequação quantitativa, as preparações e

alimentos propostos no Programa de Piracicaba, são considerados qualitativamente

pouco variadas e principalmente desinteressantes do ponto de vista nutricional-

saudável.

6.2. Segunda etapa da pesquisa

6.2.1. Caracterização dos cardápios avaliados do Programa de Alimentação

Escolar

O PMAE de Piracicaba dispõe, diariamente, durante o período letivo, duas

refeições, durante a jornada de aulas com duração de 5 horas e, em cada período

são oferecidas duas refeições: uma refeição de entrada, composta de leite e pão

com margarina ou leite e bolacha doce ou leite e bolacha salgada, em dias

alternados e, uma refeição salgada no intervalo do período de aula, composta por

cereal, carne e hortaliças.

Os cardápios elaborados são iguais para todas as escolas estaduais e

municipais de ensino fundamental. No entanto, nas próprias escolas são realizadas

alterações na forma de preparo de alguns alimentos com a finalidade de adaptá-los

às preferências alimentares dos escolares, como também pode haver variação do

cardápio em relação à disponibilidade dos gêneros alimentícios nas unidades

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escolares, devido a problemas no cronograma de entrega dos alimentos pelos

fornecedores ou sazonalidade. Essas alterações são realizadas pelas próprias

merendeiras nas escolas, que teoricamente não recebem treinamento para tal, no

entanto muitas vezes o fazem. Nesta pesquisa, foi observada apenas uma

substituição de alimento (macarrão por arroz na sopa servida).

Os cardápios avaliados, conforme apresentado no Quadro 5, quanto à

composição química, adesão e aceitabilidade foram: lanche de entrada: leite com

pão e margarina (L Pão Marg.), leite com bolacha doce (L Bol Doce) e leite com

bolacha salgada (L Bol Salg); refeição salgada: arroz, feijão e ovos com legumes (A

F ovo), risoto de frango (Risoto) e sopa de macarrão, carne e legumes (Sopa).

6.2.1.1. Adequação de energia, macronutrientes e micronutrientes (Vit A,, Vit C,

Fe e Ca)

A partir da pesagem dos alimentos oferecidos em diferentes dias e cardápios,

em triplicatas de amostras (observadas durante três dias), nas quatro escolas

avaliadas foram calculadas a estimativa da composição química de energia,

macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios) e micronutrientes (vitaminas A e

C, ferro e cálcio). A Tabela 7 apresenta a média dessa estimativa com desvio

padrão, bem como apresenta indicadores históricos da DAN em relação a todos os

nutrientes avaliados, exceto vitamina C. Apresenta também a variação da estimativa

dos nutrientes por escola, por refeição e por preparação.

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Tabela 7. Estimativa da composição química das refeições servidas para os alunos

das quatro escolas conforme a unidade de ensino, o período e o tipo de

refeição. Piracicaba, 2005.

Energia

(Kcal)

M±DP

Prot.

(g)

M±DP

CHO

(g)

M±DP

Lip.

(g)

M±DP

Vit. A

( µg )

M±DP

Vit. C

(mg)

M±DP

Ferro

(mg)

M±DP

Cálcio

(mg)

M±DP

Refeição/dia

Geral 471±114 16,0±3,5 68,6±16,9 14,6±4,3 213±60 1,7±0,95 1,9±0,8** 215±35

Histórico* 397±165 18±8 64±19 15±5 191±146 - 5,0±1,9 231±106

Escola:

ERb 547±144 18,6±4,0 79,8±24,2 16,8±6,0 253±103 2,1±2,5 2,2±1,3 258±248

MRbT 382±95 13,4±2,4 55,6±14,2 11,5±5,8 174±84 1,5±2,6 1,4±0,6 205±204

MRa 474±136 16,3±6,8 68,7±17,6 14,9±6,0 285±39 2,0±2,2 2,1±1,1 194±161

ERaT 483±156 15,7±3,9 70,4±23,7 15,1±6,4 222±67 1,2±1,7 1,9±1,4 201±189

NS NS NS NS NS NS NS NS

Refeição:

Ent. Manhã 245±46a 7,7±0,8a 34,6±2,6a 8,5±1,1a 140±13a 0,0±0, 0a 0,8±0, 1a 190±27a

Ent. Tarde 242±47a 7,4±1,4a 34,2±7,0a 8,5±1,7a 120±20a 0,0±0,0a 0,8±0,1a 206±12a

Salg. Manhã 196±113a 6,7±2,7a 28,9±16,5a 6,0±4,7a 113±53a 1,4±0,7b 1,1±0,8a 18±7b

Salg. Tarde 258±68a 10,1±3,1b 39,5±11,0a 6,1±2,5a 94±59a 2,0±1,1b 1,1±0,7a 15±7b

NS P=0,004 NS P=0,045 NS P<0,001 NS P<0,001

Preparação:

L Pão Marg. 240±19a 7,7±0,9a 33,8±2,7a 8,3±1,2ab 144±12a 0±0a 0,7±0,1a 188±30a

L Bol Doce 243±51a 7,1±1,5a 35,2±7,6a 8,3±1,8a 115±19a 0±0a 0,8±0,1a 210±31a

L Bol Salg 247±30ab 7,8±1,0a 34,1±4,6a 8,9±1,1a 130±14a 0±0a 0,8±0,1a 195±41a

A F ovo 315±79b 9,3±2,3ab 48,9±11,3b 9,7±3,7a 123±49a 1±0b 2,0±0,5b 21±7b

Risoto 245±50a 10,9±3,1b 35,4±5,8c 5,5±1,8b 88±63a 3±1c 0,7±0,1a 14±7b

Sopa 122±23c 5,1±0,7c 18,3,5±3,8d 2,9±0,5b 99±54a 1±1b 0,5±0,2a 14±7b

P < 0,001 P < 0,001 P< 0,001 P< 0,001 NS P< 0,001 P=0,001 P=0,001

* Dados obtidos de registros anteriores. Fonte: DAN, 2004** P < 0,05 na comparação das média pelo teste t de StudentNas colunas, para cada bloco com mais de duas médias é apresentado o resultado da comparaçãodas médias pela ANOVA, seguida do teste de Tukey. Nos blocos, as médias indicadas pela mesmaletra não são diferentes.

Considerando o total/dia das quatro escolas, comparativamente aos dados

históricos disponíveis da DAN, não se observou uma variação significativa dos

macronutrientes em relação aos dados históricos da DAN. No entanto, para o

micronutriente vitamina A, encontrou-se variação maior na média e menor no desvio

padrão em relação ao histórico DAN, enquanto que para o ferro e cálcio registrou-se

uma variação estatística menor na média e desvio padrão. Essas variações são

justificadas pela composição das preparações que compõem os cardápios

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selecionados nesse estudo, que possuem menor teor desses minerais, que na

média geral dos cardápios do PMAE, que compõem os dados do histórico da DAN.

A vitamina C não foi possível avaliá-la em relação ao Histórico por falta de dados

anteriores. Em relação aos parâmetros do PNAE, para energia (350 cal/ dia) e

proteínas (9g/dia), os cardápios avaliados atingem e ultrapassam o mínimo proposto

pelo PNAE, caracterizando o Programa desenvolvido em Piracicaba como

quantitativamente adequado. Importante ressaltar, que nessa análise foi considerada

a composição química das duas refeições diárias servidas aos escolares. Com

relação a EAR, para os micronutrientes, todos os dados estimados, estão acima das

DRI’s.

Garcia (2005), apresenta em seu trabalho de pesquisa que crianças de 0 a 5

anos de um bairro carente de Piracicaba, após o ingresso à escola, o índice de

anemia cai para 2% em relação a valores próximos de 50%, quando pesquisadas

em prontuários do Programa de Saúde da Família.

A comparação da composição centesimal da refeição geral/dia entre as quatro

escolas avaliadas, considerando os dois períodos, apresentou-se como não

significativa, pela ANOVA. Ao se reportar à tabela 5 verifica-se que há grande

variação nos per capitas de gêneros utilizados nas preparações dos cardápios, mas

essa variação não se confirmou nos resultados encontrados nas quatro escolas,

possivelmente, devido à presença da pesquisadora no local de preparo das

refeições.

Quando se analisa a variação da composição centesimal das refeições

total/dia, entre as escolas, observa-se uma variação não significativa em todos os

resultados, sugerindo que não houve diferenças na padronização das receitas, pelas

merendeiras, independente da condição dos recursos humanos, municipalizada ou

terceirizada.

Quando se avalia os cardápios separadamente, refeição de entrada e refeição

salgada, observa-se que nenhum dos cardápios conseguiu atingir as

recomendações de macro e micronutrientes, pelas recomendações do PNAE, exceto

as preparações “Arroz/Feijão/Ovos”, que excedeu em energia e proteínas; a “Sopa

de macarrão, carne e legumes”, foi a que mais se distanciou para o menor valor de

energia e proteínas e o “risoto de frango”, excedeu em proteínas e praticamente

quase atingiu em energia. Essa diferença de macro e micronutrientes entre os

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cardápios, reforça a importância na combinação adequada entre as preparações,

compondo cardápios com melhor perfil nutricional, utilizando-se alimentos mais

variados tanto cereais como hortaliças, o que não aconteceu com os cardápios

avaliados, que como hortaliças usaram sempre cenoura, batata, chuchu, abobrinha

e repolho, tanto na preparação ovos com legumes, como na sopa.

6.2.2. Adesão e aceitabilidade dos cardápios avaliados

Os resultados encontrados apontaram que a aceitabilidade não acompanhou

a adesão. O principal fator determinante da adesão foi o tipo de gestão da escola,

alunos de unidades municipais aderem melhor à refeição. A aceitabilidade entre

aqueles que aderiram a alimentação não seguiu o mesmo padrão, sendo que os

melhores resultados foram encontrados nas escolas estaduais.

A aceitabilidade foi medida por três diferentes metodologias, a fim de um

maior detalhamento dos resultados. A Tabela 8 e Figura 1, apresentam a

aceitabilidade considerando apenas as três opções de refeição de entrada, nas 4

escolas, em relação a medida de adesão, de consumo e análise sensorial.

Importante destacar que as escolas estaduais possuem cantinas, com venda de

salgados, refrigerantes e outras guloseimas, extremamente atrativas para os

escolares dessa faixa etária (7 a 10 anos em média), que possivelmente não

adquirem as guloseimas devido a limitações financeiras.

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Tabela 8. Adesão e aceitabilidade da refeição de entrada distribuída para alunos das

quatro escolas. Piracicaba, 2005.

ERb MRbT ERaT MRaMetodos Utilizados

n % N % n % n %Alunos presentes 371 91,49 169 90,56 346 88,65 121 93,77

Aderiu a refeição 73 19,77 87 51,87 44 12,65 38 31,19

Repetiu 7 10,06 13 15,14 25 56,80 16 42,71

Gostou muito 11 20,44 29 56,22 4 11,14 15 37,71

Gostou pouco 40 59,33 11 20,00 20 51,34 15 39,82

Foi indiferente 9 13,78 8 16,44 15 36,42 7 20,85

Desgostou 0 0,78 1 1,44 1 1,10 1 1,62

Desgosto muito 0 0,11 0 0,33 0 0,00 0 0,00

Consumiu 0% 1 1,56 0 0,00 0 0,00 0 0,00

Consumiu 25% 1 2,33 1 1,89 0 0,00 0 0,00

Consumiu 50% 2 3,22 1 1,00 0 0,69 1 2,12

Consumiu 75% 3 5,67 2 3,33 1 3,34 3 6,02

Consumiu 100% 43 86,67 47 93,78 38 95,97 34 91,85A adesão à refeição de entrada foi diferente entre as escolas pelo teste exato de Ficher (p< 0,05).A diferença da distribuição percentual da aceitabilidade entre as escolas foi confirmada pelo testequi-quadrado (X2 = 48,8, p< 0,001, com 9 graus de liberdade)A escola ERb apresentou distribuição percentual quanto à percentagem de consumo diferente dasdemais pelo teste qui-quadrado ( p< 0,05).

0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%90%

100%

ERb MRbT ERaT MRa

Desgosto muito

Desgostou

Foi indiferente

Gostou pouco

Gostou muito

Figura 1. Aceitabilidade da refeição de entrada distribuída para alunos das quatro

escolas. Piracicaba, 2005.

Considerando a refeição de entrada, independente do período, matutino ou

vespertino, as escolas municipais apresentam no geral maior adesão. A adesão na

escola municipal com escolares pertencentes a famílias com menores rendimentos

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foi a maior (51,87%), enquanto a menor adesão (12,65) foi observada na escola

estadual com escolares procedentes de famílias com maior rendimento,

possivelmente pelo fato da criança sair de casa tendo consumido o café da manhã.

Quanto à condição dos recursos humanos, ambas as escolas possuem merendeiras

terceirizadas.

A Tabela 9 e Figura 2, apresentam os mesmos resultados, da Tabela 8 e

Figura 1, em relação à refeição salgada, servida nas 4 escolas.

Tabela 9. Adesão e aceitabilidade da refeição salgada distribuída para alunos das

quatro escolas. Piracicaba, 2005.

ERb MRbT ERaT MRaMetodologiasUtilizadas n % N % n % n %Alunos presentes 358 88,21 164 87,96 346 88,63 119 92,59

Aderiu a refeição 146 41,61 121 74,91 134 38,88 78 65,55

Repetiu 12 8,27 12 10,06 12 9,01 15 18,51

Gostou muito 16 32,89 23 38,33 8 16,56 16 32,50

Gostou pouco 26 51,78 9 14,89 26 51,22 19 37,81

Foi indiferente 6 12,67 7 12,22 15 29,44 13 25,14

Desgostou 1 2,33 6 10,11 1 2,67 2 4,44

Desgosto muito 0 0,33 5 7,78 0 0,11 0 0,00

Consumiu 0% 1 1,67 3 6,78 1 1,00 0 0,22

Consumiu 25% 2 3,78 6 11,33 1 1,11 0 0,33

Consumiu 50% 2 4,11 2 4,22 3 6,11 3 5,46

Consumiu 75% 5 9,22 6 10,44 5 10,89 9 18,82

Consumiu 100% 41 81,22 33 61,67 40 80,89 38 75,16A adesão à refeição salgada diferente entre as escolas municipais (M) e estaduais (E)b pelo testeexato de Ficher.A diferença da distribuição percentual da aceitabilidade entre as escolas foi confirmada pelo testequi-quadrado (X2 = 42,5, p< 0,001, com 9 graus de liberdade)As escolas Ra apresentaram diferença em relação às escolas Rb na distribuição percentual quanto àpercentagem de consumo da refeição salgada pelo teste qui-quadrado (X2= 19,7 , p=0,019 com 9graus de liberdade)

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0%

20%

40%

60%

80%

100%

ERb MRbT ERaT MRa

Desgosto muito

Desgostou

Foi indiferente

Gostou pouco

Gostou muito

Figura 2. Aceitabilidade da refeição salgada distribuída para alunos das quatro

escolas. Piracicaba, 2005.

A adesão da refeição salgada confirma-se na mesma condição da refeição de

entrada, escolas municipais com maior adesão. A escola municipal com escolares

procedentes de famílias com menor rendimento maior adesão (74,91) contra menor

adesão (38,8%) na escola estadual de maior faixa de renda. Quanto à condição dos

recursos humanos, também se confirmam merendeiras terceirizadas.

A Tabela 10 e Figura 3, destacam a aceitabilidade das refeição de entrada e

salgada, nas quatro escolas.

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Tabela 10. Adesão e aceitabilidade das refeições (entrada + salgada) distribuídas

para alunos das quatro escolas. Piracicaba, 2005.

ERb MRbT ERaT MRaMetodologiasUtilizadas N % N % N % N %Alunos presentes 371 91,49 166 89,26 346 88,64 120 93,18

Aderiu a refeição 73 19,77 104 63,39 89 25,77 58 48,37

Repetiu 7 10,06 13 12,18 19 20,82 15 26,38

Gostou muito 11 20,44 26 47,28 6 13,85 15 35,10

Gostou pouco 40 59,33 10 17,44 23 51,28 17 38,81

Foi indiferente 9 13,78 8 14,33 15 32,93 10 22,99

Desgostou 0 0,78 3 5,78 1 1,88 2 3,03

Desgosto muito 0 0,11 3 4,06 0 0,06 0 0,00

Consumiu 0% 1 1,56 2 3,39 0 0,50 0 0,11

Consumiu 25% 1 2,33 3 6,61 0 0,56 0 0,17

Consumiu 50% 2 3,22 1 2,61 2 3,40 2 3,79

Consumiu 75% 3 5,67 4 6,89 3 7,11 6 12,42

Consumiu 100% 43 81,67 40 77,72 39 88,43 36 83,51A adesão à refeição salgada diferente entre as escolas municipais (M) e estaduais (E) pelo testeexato de Ficher (p< 0,05).A diferença da distribuição percentual da aceitabilidade entre as escolas foi confirmada pelo testequi-quadrado (p< 0,05).A escola MRbT apresentou diferença em relação à escolas ERaT na distribuição percentual quanto àpercentagem de consumo da refeição salgada pelo teste qui-quadrado (p< 0,05).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

ERb MRbT ERaT MRa

Desgosto muito

Desgostou

Foi indiferente

Gostou pouco

Gostou muito

Figura 3. Aceitabilidade da refeição servida (entrada + salgada) distribuídas para

alunos das quatro escolas. Piracicaba, 2005.

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99

A Figura 4 mostra a adesão nas quatro escolas em relação á refeição de

entrada, salgada e total/dia, e confirma a maior adesão nas escolas municipais. A

maior adesão foi de 63,30%, na escola municipal, com escolares pertencentes a

famílias com menores rendimentos, com mão-de-obra da merendeira terceirizada. A

menor adesão, 19,77% foi observada na escola estadual com escolares

pertencentes a famílias com menores rendimentos, com mão-de-obra

municipalizada. Observa-se que a condição da mão-de-obra da merendeira não

interferiu na adesão.

O diferencial da adesão nesse caso, possivelmente está no fato das escolas

municipais desenvolverem atividades educativas voltadas para a alimentação,

atividade essa inexistente nas escolas estaduais devido ao grande porte em relação

ao número de alunos matriculados. Isto implica numa estrutura administrativa muito

maior (mais salas de aulas, mais professores e mais problemas). A menor adesão

nas escolas estaduais pode ocorrer ainda pelo fato de possuírem cantinas, com

venda de alimentos mais atrativos para os escolares, ainda que a alimentação

oferecida não tenha nenhum custo para a criança/família.

0

10

20

3040

50

60

70

80

ERb MRbT ERaT MRa

Escolas

Ad

esão

(%

)

Entrada

Salgada

Entrada +Salgada

Figura 4. Adesão às diferentes refeições por alunos das quatro escolas. Piracicaba,

2005.

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100

A Figura 5 mostra que a percentagem de repetição também se confirma maior

nas escolas municipais que nas estaduais, sendo que o maior índice de repetição

está na escola municipal com escolares pertencentes a famílias com maiores

rendimentos, com mão-de-obra das merendeiras municipalizada. Os percentuais de

repetições apresentadas nas Tabelas 8, 9 e 10 apontam que tanto na escola

municipal como na estadual, com escolares pertencentes a famílias com maiores

rendimentos, o índice de repetição é sempre maior, quando considerado as

refeições totais do dia. Isso sugere que além da fome, a refeição “gostosa” e um

atendimento mais “Cortez” ao escolar, pode criar um diferencial na adesão. Essa

proximidade entre os funcionários das escolas municipais e os escolares, foi

observada entre as escolas avaliadas, nos dias da pesquisa.

0

10

20

30

40

50

60

70

ERb MRbT ERaT MRa

Esc

ola

res

Adesão Adesão com repetição

Figura 5. Adesão com e sem repetição às refeições (entrada + salgada) por alunos

das quatro escolas. Piracicaba, 2005.

A Figura 6 mostra o percentual de consumo dos escolares nos diferentes

cardápios de entrada, nas 4 escolas, independente do período. O maior consumo

foi similar na escola estadual e municipal, com escolares pertencentes a famílias

com menores rendimentos, bem como o “gostar” também se confirmou nessas

mesmas escolas, sugerindo que o cardápio e a fome são condições com forte

influência na adesão e aceitabilidade do cardápio do dia.

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0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%90%

100%

ERb MRbT ERaT MRa

Consumiu 100%

consumiu 75%

Consumiu 50%

Consumiu 25%

Consumiu 0%

Figura 6. Proporção de consumo da refeição de entrada por alunos das quatro

escolas. Piracicaba, 2005.

A Figura 7 apresenta a proporção de consumo dos escolares em relação à

refeição salgada servida nas quatro escolas, sendo a escola estadual, com crianças

pertencentes a famílias com menores rendimentos, a que apresentou maior

consumo, enquanto o menor consumo foi observado na escola municipal com

crianças de famílias com menores rendimentos. Isso demonstra que o cardápio

interfere no consumo. A condição da mão-de-obra é a mesma entre essas

merendeiras, são terceirizadas. Nas escolas estaduais pelo fato da existência de

cantina a criança quando opta pela refeição na escola é porque gosta do cardápio, o

que não ocorre nas escolas municipais, onde as crianças se servem da refeição e,

parte delas, por não gostarem geram desperdício maior.

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102

0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%90%

100%

ERb MRbT ERaT MRa

Consumiu 100%

Consumiu 75%

Consumiu 50%

Consumiu 25%

Consumiu 0%

Figura 7. Proporção de consumo da refeição salgada por alunos das quatro escolas.

Piracicaba, 2005.

A Figura 8 mostra o consumo dia dos escolares, ou seja, incluindo as duas

refeições servidas nas escolas e prevalece a mesma condição entre as escolas,

conforme discussão feita a partir da Figura 7.

0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%90%

100%

ERb MRbT ERaT MRa

Consumiu 100%

consumiu 75%

Consumiu 50%

Consumiu 25%

Consumiu 0%

Figura 8. Proporção de consumo das refeições (entrada + salgada) por alunos das

quatro escolas. Piracicaba, 2005.

A Figura 9, mostra a adesão à refeição total do dia, nas escolas avaliadas,

considerando o período, e observamos que a condição da mesma refeição ser

oferecida no período matutino ou vespertino, não gera diferença quanto à adesão,

no entanto confirma-se que a adesão nas escolas municipais é maior.

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0

20

40

60

80

Zagatto Souza Saes Nogueira

Ad

esão

(%

)

Adesão manhã Adesão tarde

Figura 9. Adesão às refeições (entrada + salgada) por alunos das quatro escolas

conforme o período. Piracicaba, 2005.

Considerando todos os resultados, podemos afirmar que a adesão sempre foi

maior nas escolas municipais, seja com crianças pertencentes a famílias com menor

ou maior rendimento; período matutino ou vespertino, localizada da escola no centro

ou região mais de periferia ou ainda, à característica da mão-de-obra da merendeira,

ser municipalizada ou terceirizada. A adesão e aceitabilidade do escolar em relação

à refeição servida está condicionada, provavelmente, ao cardápio, a presença de

cantinas nas escolas estaduais e ao atendimento oferecido ao escolar no momento

da distribuição.

Silva et al.(2002), avaliando a cobertura de programas sociais em dez

municípios brasileiros, verificaram que a adesão à alimentação escolar era maior

entre os alunos menores de 11 anos de idade, chegando em torno de quatro vezes

por semana. Já o estudo do FNDE (2002), mostrou que o consumo em cinco vezes

na semana foi verificado em 76,1% dos alunos pesquisados.

Quanto ao cardápio fatores que podem justificar a adesão e aceitabilidade

são: por gostar ou não da preparação, o clima estar ou não adequado para o

momento e a apresentação da preparação ao escolar.

Martins et al. (2004) avaliando a aceitabilidade da alimentação servida em

escolas estaduais e municipais de ensino fundamental, no município de

Piracicaba/SP, observou que para algumas preparações como sopa de macarrão,

macarrão ou arroz com molho e risoto, os índices são altos, 90%, 95% e 97%,

respectivamente, quando comparados conforme parâmetros utilizados por Sturion

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(2002), que encontrou valor médio de 85% de aceitação.

Quanto às cantinas, é um aspecto que deve ser trabalhado pelo CAE e seus

representantes pela proximidade de relação, principalmente entre diretores das

escolas e família dos escolares, para que possam discutir interesses e necessidades

da criança. Sturion et al. (2005), avaliando a influencia da presença de cantina

escolar na unidade de ensino sobre a “participação do aluno no Programa”,

encontraram 25 pontos percentuais acima da proporção observada nas unidades

escolares sem cantina escolar (66,1%).

Quanto ao atendimento aos escolares são fatores que podem justificar: um

maior cuidado da merendeira despertando a atenção do escolar, a ambiência do

refeitório da escola que nas municipais têm uma melhor infra-estrutura, a motivação

geral que os escolares recebem dos professores nas atividades educativas e a

atenção dos demais funcionários da escola no momento da distribuição das

refeições.

6.3. Terceira etapa

6.3.1. Desenvolvimento de novas preparações

Com o propósito de garantia de uma nutrição adequada, rica em nutrientes e

variedades alimentares, foram desenvolvidas algumas preparações dietéticas como

possíveis alternativas à alimentação escolar oferecida no Município de Piracicaba,

procurando contemplar alimentos saudáveis, como a soja, cereais, hortaliças e

frutas. Considerou-se também na seleção das receitas a disponibilidade de produtos

agrícolas de Piracicaba, atentando para a dinamização da economia local, porém

incluindo os alimentos de fácil preparo, adequando-o a mão-de-obra existente.

Dentre os alimentos de maior produção agrícola local as verduras e a banana,

puderam ser introduzidas nas receitas, inclusive porque apresentam um custo

bastante razoável. No entanto, o milho e a mandioca, como são alimentos que

demandam um tempo maior de preparo, foram descartados nessa proposta, pois

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inviabilizariam qualquer preparação. Vale destacar que o milho, alimento de

expressivo valor nutricional é altamente perecível, e no momento as unidades

escolares não dispõem de infra-estrutura (o milho quando descascado necessita de

armazenamento refrigerado) condizente à garantia de sua qualidade.

O Quadro 13 apresenta um total de 39 preparações desenvolvidas como

alternativas para o cardápio escolar, sendo nove variedades de sucos, quatorze de

leites, duas frutas, três sopas, seis preparações salgadas e cinco bolos/pão.

Quadro 13. Relação das preparações desenvolvidas como propostas de

alternativas à alimentação escolar. Piracicaba, 2005.

Abacaxi com couve Leite com groselhaLaranja Leite frio com abacateLaranja com mamão Leite frio com bananaLaranja com maracujá Leite frio com cereaisLimão com couve Leite frio com maçãLimonada Leite frio com mamãoMaçã com limão Leite frio com Nesquik morangoMaracujá Leite quente com achocolatado

SUCOS

Suco refrescante Leite quente com açúcarcaramelizado

Banana com cereal Leite quente com baunilhaFRUTASMamão com cereal Leite quente com caféBolo de cenoura Leite quente com canela em póBolo de laranja Leite quente com cereais

Bolo de maracujá

LEITES

Leite com OvomaltineBolo nutritivo Almôndega de soja

BOLOS/PÃO

Pão com requeijão Arroz primavera

Caldo verde Hambúrguer de soja

Canja especial Quibe assadoSOPASEnsopado de feijão Torta de legumes

PREPARAÇÕESSALGADAS

Torta de sardinha

Porém, nem todas estas preparações obtiveram resultados satisfatórios

quando degustadas, custeadas e após cálculo de seu valor nutricional. Isto porque,

a formulação do cardápio do Programa deve convir com os requisitos básicos

preconizados pelo PNAE, o de suplementar 15% das necessidades nutricionais

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diárias de pré-escolares e escolares e condizer com o custo per capita estabelecido

pelo Município, considerando a verba do Programa.

Dentre as preparações desenvolvidas, foram descartadas do estudo: suco de

maçã com limão, suco de couve com limão, suco refrescante, leite frio com abacate,

leite com Ovomaltine, leite com Nesquik morango, leite com groselha, leite frio

com cereais, leite com açúcar caramelizado, leite com canela, bolo nutritivo, quibe e

caldo verde.

Dentre os sucos mencionados, o suco refrescante, preparado a partir de

folhas de acelga e groselha, resultou em um sabor amargo e residual, deixando uma

sensação de arenosidade na boca, fatores estes suficientes para a não

aceitabilidade pelos escolares. O suco de couve com limão, apresentou sabor

amargo e com resíduos não toleráveis por crianças. Já o suco de maçã com limão,

obteve sabor muito agradável, porém de fácil decantação, o que comprometeria a

distribuição e aceitabilidade pelas crianças.

O leite frio com cereais e o leite com canela em pó apresentaram baixa

palatabilidade com efeito de decantação facilitado, o que certamente comprometeria

a aceitabilidade e o processo de distribuição. O leite com Ovomaltine, Nesquik

morango e açúcar caramelizado, foram descartados apenas pelo elevado custo . No

desenvolvimento das novas preparações de leites, optou-se pelo uso do leite em pó,

visto que o uso do leite fluído implicaria em mudanças mais complexas, que só

poderiam ocorrer a longo prazo, e o objetivo desse estudo é exatamente apresentar

uma proposta de rápida implementação. Caso seja possível viabilizar o uso do leite

fluído, possivelmente algumas dessas receitas descartadas nesse momento,

poderiam ser adaptadas e utilizadas como outras opções.

No caso das refeições salgadas, o caldo verde e o quibe, foram descartados

devido ao alto custo e, no caso do quibe, dado ao elevado tempo do preparo do

alimento.

O bolo nutritivo, embora de significativo valor nutricional, à base de frutas

cítricas e tubérculos, foi uma preparação muito dispendiosa de tempo e mão-de-

obra, sendo, portanto, inviável como opção no cardápio escolar.

As demais preparações dietéticas foram avaliadas conforme seu custo, valor

nutricional e contribuição às necessidades diárias da criança pelas DRI’s e

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necessidades diárias preconizadas pelo PNAE. Além disso, foram estabelecidas

algumas combinações de cardápios, para o horário de entrada e intervalo das aulas,

com o intuito de melhor adequar as refeições servidas diariamente em termos de

valor nutricional e variabilidade alimentar.

Importante ressaltar que foi considerado, ao sugerir essa lista de novas

preparações, a verba e a produtividade de recursos humanos que vigoram no

Município. No entanto quanto a infraestrutura, as cozinhas das unidades escolares,

principalmente as das escolas estaduais, que se encontram em precárias condições

em relação à área física e com uma limitação muito grande de equipamentos, como

aponta detalhadamente o relatório da NutriDados (2004). A manutenção das

instalações físicas é primordial para qualquer melhoria quanto à seguridade das

refeições nas cozinhas das escolas estaduais. Durante o acompanhamento das

pesquisas nas escolas, pode ser observado que as cozinhas das escolas municipais

encontram-se em melhores condições de conservação, dotadas de mais

equipamentos por serem de construção mais recente, com uma menor utilização

quando comparadas às cozinhas das escolas estaduais.

Assim para que essa proposta possa ser implementada, haverá necessidade

de investimentos em adaptações de áreas e de equipamentos de pequeno porte

como, forno convencional simples para a produção de preparações assadas,

aquisição de liquidificador e extrator de suco semi-industrial e de utensílios, para

produção de bolos e tortas. As cozinhas escolares, principalmente as das escolas

estaduais, quanto a equipamentos, possuem apenas fogão, geladeira, e freezer.

A conjuntura para a produção da alimentação do escolar é complexa e

depende de investimentos, nem sempre dotados nos orçamentos, já que a gestão

do programa é partilhada entre a Federação, o Estado e o Município. Para suprir

essa demanda há que se prever um considerável investimento do Município, ao se

levar em conta os valores repassados pela União e também pelo estado. A DAN

juntamente ao CAE, deverão emitir relatórios para propor à Secretaria de Educação

providências na infraestrutura das cozinhas das escolas, fundamentando-o nos

objetivos do PNAE, aos aspectos técnicos de cardápios e à segurança alimentar, a

partir dos dados de pesquisas existentes, voltadas ao perfil antropométrico, de

saúde, de hábitos alimentares e de condições higiênico sanitárias. Paralelamente os

Diretores das Escolas também deverão emitir relatórios apontando a necessidade

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dessas mesmas providências, fundamentando-o quanto às condições de

manutenção das cozinhas e equipamentos. Trabalhar essa questão usando da

intersetorialidade, é fundamental, pois mostra a integração entre os diferentes

setores, cujas ações, em seu conjunto, têm impacto direto na situação de segurança

alimentar, nutricional e da educação da população, que são estratégicos para o

governo e têm fortes pontos em comum. Não se pode manter os cardápios servidos

no PMAE de Piracicaba, por todos os fatos já considerados anteriormente. O Estado,

responsável pela infra-estrutura física e equipamentos nas escolas estaduais, tem de

ser cobrado nesse processo.

6.3.2. Proposta de um novo cardápio

Os cardápios foram elaborados, adotando-se a combinação entre as

preparações, de modo a priorizar o valor nutricional total, a sazonalidade, a

disponibilidade do alimento local ou na região, as estações climáticas do ano e a

inclusão de hortaliças e frutas diversificadas. Deste modo, no Quadro 14, os

cardápios descritos são padrões, ou seja, somente é necessário substituir pela

preparação, de acordo com o tipo mencionado.

Além disso, um outro diferencial foi adotado, considerou-se as estações do

ano como fatores contribuintes à melhor adesão da alimentação fornecida. Sendo

assim, no período do outono e inverno, priorizam-se as preparações mais quentes,

que oferecem um conforto térmico maior ao consumidor e, conseqüentemente maior

adesão ao cardápio. Ao contrário disto, no período do verão e primavera, os

cardápios utilizados serão aqueles cujas preparações são mais leves e refrescantes,

de modo a proporcionar igual conforto aos consumidores.

Na prática, nos dias em que o leite será servido no lanche de entrada, há três

opções de complemento: bolo, pão ou bolacha. Nos dias em que o bolo for servido,

a preparação da refeição deverá ser mais simples, facilitando o trabalho das

merendeiras. Além disso, em decorrência do leite ser uma fonte protéica, a

preparação a ser servida na refeição, deverá ser com uma quantidade menor de

proteínas. São exemplos: ensopado de feijão, torta de legumes e arroz primavera.

Deste modo, é possível atingir o valor nutricional mínimo de 350Kcal, e também,

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aumentar a biodisponibilidade do ferro, já que essas preparações são deficientes

em ferro tipo heme, acrescenta-se um suco de fruta a essa refeição.

Por outro lado, nos dias em que na refeição de entrada foi proposto suco com

pão ou bolo, a refeição de intervalo deverá ser composta de uma preparação com

maior teor protéico, sendo opções o hambúrguer/almôndega de soja e canja. Porém,

como essas preparações requerem uma receita complementar, foi proposto um

arroz com legumes, que além de garantir vitaminas, minerais e fibras, é um incentivo

à alimentação saudável e colorida. Nos dias em que a refeição for canja, ela não

será acompanhada do arroz com legumes, pois a sopa é um prato único.

Quadro 14. Cardápios básicos elaborados a partir de preparações dietéticas

desenvolvidas especificamente para o PMAE. Piracicaba, 2005.

CARDÁPIOS BÁSICOS

Cardápio Resumido1 Cardápio Resumido 2 Cardápio Resumido 3

Entrada Leite (média) Leite (média) Suco (média)

Pão Bolo (média) Pão

IntervaloRef Interv Prot - Ref Interv Prot - Ref Interv Prot +

Suco (média) Suco (média) Arroz com legumes

Cardápio Resumido 4 Cardápio Resumido 5 Cardápio Resumido 6

Entrada Suco (média) Suco (média) Suco (média)

Pão Bolo (média) Bolo (média)

IntervaloRef Interv Prot + Ref Interv Prot + Ref Interv Prot +

Canja Arroz com legumes CanjaProt + = refeição com maior teor de proteínas Prot - = refeição com menor teor de proteínas

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Quadro 15. Cardápios equilibrados nutricionalmente e suas combinações.

CARDÁPIOS Cardápio 1 Cardápio 2 Cardápio 3

Entrada Bolo maracujá Bolo laranja Bolo cenoura Leite (média) Leite (média) Leite (média)Intervalo Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - suco (média) suco (média) suco (média) Cardápio 4 Cardápio 5 Cardápio 6Entrada Leite com groselha Leite com groselha Leite com baunilha Pão Bolo (média) PãoIntervalo Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - suco (média) suco (média) suco (média)

Cardápio 7 Cardápio 8 Cardápio 9Entrada Leite com baunilha Leite com Nesquik

morangoLeite com Nesquik

morango Bolo (média) Pão Bolo (média)Intervalo Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - suco (média) suco (média) suco (média)

Cardápio 10 Cardápio 11 Cardápio 12Entrada Leite quente com cereais Leite quente com cereais Suco de abacaxi com

couve Pão Bolo (média) PãoIntervalo Ref Interv Prot - Ref Interv Prot - Ref Interv Prot + suco (média) suco (média) Arroz com legumes Cardápio 13 Cardápio 14 Cardápio 15

Entrada Suco de abacaxi comcouve

Suco de abacaxi comcouve

Suco de abacaxi comcouve

Pão Bolo (média) Bolo (média)Intervalo Ref Interv Prot + Ref Interv Prot - Ref Interv Prot + Canja Arroz com legumes Canja

Cardápio 16 Cardápio 17 Cardápio 18Entrada Bolo maracujá Bolo maracujá Bolo laranja Suco (média) Suco (média) Suco (média)Intervalo Ref Interv Prot - Ref Interv Prot + Ref Interv Prot - Arroz com legumes Canja Arroz com legumes

Cardápio 19 Cardápio 20 Cardápio 21Entrada Bolo laranja Bolo cenoura Bolo cenoura Suco (média) Suco (média) Suco (média)Intervalo Ref Interv Prot + Ref Interv Prot - Ref Interv Prot + Canja Arroz com legumes Canja

Cardápio 22 Cardápio 23 Cardápio 24Entrada Leite (média) Leite (média) Leite (média) Pão Bolo (média) PãoIntervalo Ensopado de feijão Ensopado de feijão Arroz primavera suco (média) suco (média) suco (média)

Cardápio 25 Cardápio 26 Cardápio 27Entrada Leite (média) Leite (média) Leite (média) Bolo (média) Pão Bolo (média)Intervalo Arroz primavera Torta de legumes Torta de legumes suco (média) suco (média) suco (média)

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Continuação do Quadro 15... CARDÁPIOS

Cardápio28 Cardápio 29 Cardápio 30Entrada Leite (média) Leite (média) Leite (média) Pão Bolo (média) PãoIntervalo Hambúrguer/Almôndega

de sojaHambúrguer/Almôndegade soja

Ref Interv Prot +

Arroz com legumes Arroz com legumes Canja suco (média) suco (média) suco (média)Prot + = refeição com maior teor de proteínas Prot - = refeição com menor teor de proteínas

As Tabelas 11 e 12 apresentam os custos dos cardápios fator de suma

importância à adequação de um cardápio e às condições estabelecidas pelo PNAE.

Porém, é necessário salientar que todos os preços dos alimentos utilizados foram

cotados em mercados de médio porte do varejo, e para o cálculo do custo da porção

foi considerado o rendimento da receita em pequena escala, o que certamente

representa um desvio, numa produção em maior escala, nos custos apresentados.

Tabela 11. Custo alimentar total (em Reais) dos cardápios propostos, destacando

as preparações desenvolvidas para o lanche de entrada do PMAE.

Piracicaba, 2005.

Prot + = refeição com maior teor de proteínas Prot - = refeição com menor teor de proteínas

De acordo com o que foi proposto na tabela 11 em que foram destacadas as

PREPARAÇÃO CUSTO(R$)

COMPLE-MENTO

CUSTO(R$)

REFINTERVALO

CUSTO(R$)

CUSTOTOTAL

(R$)Bolo de maracujá 0,12 leite 0,27 Prot - 0,18 0,57Bolo de laranja 0,07 leite 0,27 Prot - 0,18 0,52Bolo de cenoura 0,07 leite 0,27 Prot - 0,18 0,52Média 0,09 0,27 0,18 0,54Leite com groselha 0,29 pão 0,15 Prot- 0,18 0,62Leite com groselha 0,29 bolo 0,09 Prot- 0,18 0,56Leite com baunilha 0,22 pão 0,15 Prot- 0,18 0,55Leite com baunilha 0,22 bolo 0,09 Prot- 0,18 0,49Leite quente com cereais 0,29 pão 0,15 Prot- 0,18 0,62Leite quente com cereais 0,29 bolo 0,09 Prot- 0,18 0,56Média 0,27 0,12 0,18 0,57Suco de abacaxi com couve 0,12 pão 0,15 Prot+ 0,27 0,54Suco de abacaxi com couve 0,12 bolo 0,09 Prot+ 0,27 0,48Média 0,12 0,12 0,27 0,51Bolo de maracujá 0,12 suco 0,12 Prot+ 0,27 0,50Bolo de laranja 0,07 suco 0,12 Prot+ 0,27 0,45Bolo de cenoura 0,07 suco 0,12 Prot+ 0,27 0,45Média 0,09 0,12 0,27 0,48

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preparações do lanche de entrada, associadas aos tipos de preparações da refeição

escolar, para se observar o impacto destas no orçamento destinado à alimentação

escolar, pode-se dizer que os cardápios com sucos na entrada, ou seja, os

destinados principalmente às estações do ano primavera e verão, são mais baratos

quando comparados às entradas compostas de leite. Além disso, os bolos, são mais

interessantes em termos de custo, do que o pão, sem contar com a sua contribuição

nutricional às necessidades das crianças.

As refeições do Programa com maior teor proteíco (Prot+), são mais onerosas

que as preparações com menor quantidade teor protéico (Prot-), decorrente da maior

utilização da carne nestas receitas.

Os bolos de cenoura e laranja, também são considerados vantajosos em

termos de custo, quando comparado ao bolo de maracujá, apesar das receitas

serem parecidas. Em relação aos leites, é evidente que aqueles preparados a partir

de alimento industrializado como a groselha, apresentou um custo maior, perto dos

leites cujas receitas constam de ingredientes in natura ou mais simples e usuais.

Tabela 12. Custo alimentar total (em Reais) dos cardápios propostos, destacando

as preparações desenvolvidas para a refeição salgada do PMAE.

Piracicaba, 2005.

A partir da Tabela 11, em que são apresentados os cardápios propostos com

destaque às preparações da refeição escolar, pode-se inferir que a diferença de

custo é praticamente inexpressíva entre as preparações com mais ou menos

proteínas. Porém, o hambúrguer/almôndega de soja é uma exceção, uma vez que

PREPARAÇÃO CUSTO(R$)

COMPLE-MENTO

CUSTO(R$)

REF.ENTRADA

CUSTO(R$)

CUSTOTOTAL

(R$)Ensopado de feijão 0,19 suco 0,12 com leite 0,39 0,70

Arroz primavera 0,14 suco 0,12 com leite 0,39 0,65

Torta de legumes 0,20 suco 0,12 com leite 0,39 0,71

Média 0,18 0,12 0,39 0,69

Hambúrguer/Almôndega de soja

0,31 arroz c/legumes 0,16 com suco 0,24 0,71

Canja especial 0,35 ---- com suco 0,24 0,59

Média 0,33 0,16 0,24 0,65

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113

apresentou um custo final mais alto que os demais cardápios apresentados, pelo

fato de que em sua receita constar, além da carne, a proteína texturizada de soja.

Sendo assim, independente do tipo de preparação proposta nos cardápios,

todos eles apresentaram um custo total condizente ao valor total per capita de

R$0,82 por dia, adotado pelo Município de Piracicaba destinado à alimentação

escolar, com base em junho de 2005, sendo que 30% deste valor é subsidiado por

ele próprio.22

A tabela 13, apresenta o valor nutricional dos trinta cardápios propostos como

alternativas à alimentação escolar para o município de Piracicaba, onde pode-se

observar adequação quanto a energia, macronutrientes e vitaminas A e C, porém,

quanto ao cálcio e ferro não foi observada a mesma adequação.

22 Segundo dados fornecidos em visita técnica, pela Gerente da Divisão de Alimentação Escolar da

Secretaria Municipal e Educação do Município de Piracicaba.

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114Tabela 13. Valor nutricional dos cardápios propostos como alternativas ao PMAE. Piracicaba, 2005.

Cardápios Kcal Prot (g) Prot – NET(%) CHO (g) CHO – NET(%) Lip (g) Lip – NET(%) Cálcio (mg) Ferro (mg) Vit. A (µg) Vit. C (mg)Card1 418,57 10,93 10,44 68,43 65,39 11,97 25,73 267,44 1,63 355,19 13,05Card2 420,82 10,68 10,15 68,85 65,25 12,27 26,24 280,36 1,59 352,81 16,13Card3 460,70 10,98 10,15 68,73 65,25 16,64 26,24 269,02 1,67 565,69 13,51Card4 392,05 12,93 13,19 65,17 66,49 9,38 21,53 243,29 1,69 339,70 12,30Card5 398,49 10,72 10,76 61,03 61,26 13,08 29,54 265,32 1,42 422,36 13,48Card6 400,87 12,93 12,90 67,39 67,24 9,38 21,05 243,29 1,74 339,7 12,00Card7 407,31 10,72 10,52 63,25 62,11 13,08 28,90 265,32 1,47 422,36 13,48Card8 426,70 12,93 12,12 73,99 69,36 9,38 19,78 243,29 1,69 339,70 12,30Card9 433,14 10,72 9,89 69,85 64,50 13,08 27,17 265,32 1,42 422,36 13,48Card10 430,00 13,47 12,53 73,99 68,82 9,38 19,63 273,56 2,23 339,70 15,03Card11 436,44 11,26 10,31 69,85 64,01 13,08 26,97 295,59 1,96 422,36 16,21Card12 549,32 15,31 11,14 97,95 71,32 7,04 11,53 57,10 4,26 469,51 15,52Card13 347,97 11,73 13,48 76,76 88,23 5,51 14,25 33,02 1,79 603,23 22,88Card14 555,76 13,10 9,42 93,81 67,51 10,74 17,39 79,13 3,99 552,17 16,70Card15 354,41 9,52 10,74 72,62 81,96 9,21 23,38 55,05 1,52 685,89 24,06Card16 531,20 13,05 9,82 91,27 68,72 8,98 15,21 72,51 3,87 599,75 12,69Card17 329,85 9,47 11,48 70,08 84,98 7,45 20,32 48,43 1,40 733,47 20,05Card18 533,45 12,80 9,59 91,69 68,75 9,28 15,65 85,43 3,83 597,37 15,77Card19 332,10 9,22 11,10 70,50 84,91 7,75 21,00 61,35 1,36 731,09 23,13Card20 573,33 13,10 9,13 91,57 63,88 13,65 21,42 74,09 3,91 810,25 13,15Card21 371,98 9,52 10,23 70,38 75,68 12,12 29,32 50,01 1,44 943,97 20,51Card22 400,40 13,22 13,20 73,01 72,93 6,97 15,66 220,57 2,46 200,72 12,06Card23 406,84 11,01 10,82 68,87 67,71 10,67 23,60 242,60 2,19 283,38 13,24Card24 415,54 13,38 12,87 71,06 68,40 9,08 19,66 199,45 1,93 440,10 13,08Card25 421,98 11,17 10,58 66,92 63,43 12,78 27,25 221,48 1,66 522,76 14,26Card26 464,81 12,60 10,84 74,36 63,99 13,73 26,58 330,71 1,30 384,87 14,00Card27 471,25 10,39 8,81 70,22 59,60 17,43 33,28 352,74 1,03 467,53 15,18Card28 666,43 19,71 11,83 108,97 65,40 17,02 22,98 229,94 4,41 644,06 14,68Card29 672,87 17,50 10,40 104,83 62,31 20,72 27,71 251,97 4,14 726,72 15,86Card30 466,01 16,16 13,87 90,89 78,01 10,37 20,02 202,07 1,88 765,28 21,91LEGENDA: Kcal (energia), Prot (g proteína), Prot Net (%proteína), CHO (g carboidrato), CHO Net (% carboidrato), Lip (g lipídio), Lip Net (% lipídio),Cálcio, Ferro, Vit (mcg vitamina A) e vit C(mg vitamina C).

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Em termos qualitativos, foi possível identificar pontos positivos às receitas

propostas, tais como a variedade dos ingredientes utilizados e os tipos de

preparações apresentadas; a inclusão de frutas e verduras nos cardápios; bem

como a utilização de preparações que despertam à apreciação de novos sabores;

planejamento de uma alimentação colorida e prazerosa. Porém, do ponto de vista

dietético, alguns pontos ainda ficaram em defasagens, pelo limite da verba do

Programa.

A partir da análise das Tabelas 13, 14, 15 e 16, e dos Apêndices F e G, pode-

se observar que em termos calóricos e protéicos, que são os dois pontos mais

importantes destacados pelo PNAE, as preparações são condizentes às

necessidades das crianças, uma vez que não serão servidas em separado, mas sim

combinadas na forma de um cardápio por dia. Apenas as fibras podem ser

apontadas como principais problemas das preparações, já que todas ofereceram

quantidades baixas deste nutriente, mesmo utilizando suas principais fontes, como

vegetais e frutas, para a composição das preparações, principalmente dos sucos

que levam couve e abacaxi. Porém, há de se considerar, que este cardápio não

corresponde ao dia alimentar completo da criança, devendo este ser somado à

alimentação feita em casa, que por sua vez deve ser equilibrada e nutricionalmente

adequada, ou seja, rica em todos os nutrientes essenciais às crianças. Por isso a

incorporação de atividades educativas, nas escolas, reconhecendo o ambiente

escolar como um espaço para o desenvolvimento da segurança alimentar, a qual é

entendida como acesso aos alimentos em quantidade suficiente, sem desconsiderar

o aspecto nutricional, para a qualidade necessária à promoção e manutenção da

saúde. Dessa forma sim, o PMAE poderá atender a todas as prerrogativas do

PNAE.

Em relação aos cardápios cuja entrada não oferecem o leite, foram

observados resultados positivos em termos protéicos, uma vez que a refeição com

maior teor de proteína (Prot+), substitui a defasagem decorrente da utilização dos

sucos. Mas, em relação ao cálcio, estes mesmos cardápios acarretaram menor teor

deste micronutriente, decorrente da ausência do leite que é uma de suas maiores

fontes.

O ferro foi outro nutriente de oscilação quantitativa nos cardápios, uma vez

que nem todas as combinações alimentares contendo preparações com mais

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proteínas, possuem a carne vermelha como fonte protéica, uma vez que este tipo de

alimento é importante fonte de ferro heme. A canja, que também foi considerada

preparação com maior teor de proteína, leva o frango, mas que, porém, não é

considerado a melhor fonte deste mineral.

Tabela 14. Contribuição energética e custos (em Reais) das preparações

desenvolvidas às especificações do PNAE. Piracicaba, 2005.

PREPARAÇÃO CONTRIBUIÇÃO %PNAE – Energia

CUSTO (Reais)de 100 Kcal

Bolo de cenoura 40,39 0,07

Bolo de laranja 29,00 0,07

Bolo de maracujá 28,35 0,12

Suco de abacaxi com couve 26,96 0,12

Torta de legumes 41,37 0,13

Arroz primavera 27,29 0,14

Leite com baunilha 29,07 0,22

Leite quente com cereais 37,39 0,29

Ensopado de feijão 22,97 0,23

Canja especial 41,71 0,23

Hambúrguer/Almôndega de soja 30,79 0,28

Leite com groselha 26,55 0,31

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Com base na Tabela 14, é possível observar que algumas preparações de

maior contribuição à recomendação energética do PNAE (mínimo de 350Kcal) são

as de menor custo a cada 100Kcal. O bolo de cenoura, por exemplo, que contribui

em 40,39% às recomendações do PNAE, é a preparação que tem as 100Kcal mais

econômicas e por outro lado, o leite com groselha que apresenta uma menor

contribuição às recomendações do PNAE, é a preparação mais onerosa, já que o

custo de 100Kcal é de R$0,31.

Deste modo, no caso da alimentação escolar em que o item custo é

considerado fator limitante na inovação de cardápios variados e nutricionalmente

mais adequados, fica claro que é possível a inclusão de preparações com alimentos

in natura mais saudáveis, uma vez que estas apresentam um custo total alimentar

menor que preparações que envolvem alimentos industrializados, com maior valor

agregado, de certa forma pobres em nutrientes, como é o caso da groselha.

Tabela 15. Contribuição protéica e custos das preparações desenvolvidas às

especificações do PNAE. Piracicaba, 2005.

PREPARAÇÃO CONTRIBUIÇÃO %PNAE - Proteínas

CUSTO (Reais) de 1g Proteína

Arroz primavera 54,66 0,028

Ensopado de feijão 52,88 0,039

Bolo de cenoura 18,11 0,042

Hambúrguer/Almôndega de soja 80,66 0,042

Canja especial 85,55 0,045

Torta de legumes 46,00 0,048

Leite com baunilha 49,00 0,049

Bolo de laranja 14,77 0,052

Leite quente com cereais 55,00 0,058

Leite com groselha 49,00 0,065

Bolo de maracujá 17,55 0,075

Suco de abacaxi com couve 3,44 0,380

Na Tabela 15, a análise da quantidade de proteínas oferecidas no cardápio,

demonstra que as preparações com maior teor de proteínas, são as que apresentam

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menor custo de 1g de proteína, uma vez que estas são ricas neste nutriente, e deste

modo a quantidade deste é maior que nas demais preparações como os sucos e

bolos. Ainda em relação a estas preparações protéicas, o quibe assado foi a de

menor custo por grama de proteína, uma vez que além da carne, leva em sal receita

proteína texturizada de soja, que contribui grandemente no aporte protéico, embora

tenha apresentado custo elevado como fonte de energia.

A tabela 16 apresenta a composição nutricional das preparações

desenvolvidas como alternativas, considerando as recomendações da RDA (1989).

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Tabela 16. Valor nutricional dos cardápios básicos propostos como alternativas ao PMAE. Piracicaba, 2005.

Preparação Porção Kcal Prot (g) Prot - NET(%) CHO (g) CHO - NET

(%) Lip (g) Lip - NET(%) Fibra (g)

Vit. A

(µg)

Vit. C

(mg)

Cálcio

(mg)

Ferro

(mg)

Bolo de maracujá 60g 99,25 1,58 6,36 18,58 74,88 2,12 19,22 0,00 13,29 0,00 26,00 0,21

Bolo de laranja 60g 101,50 1,33 5,24 19,00 74,87 2,42 21,45 0,04 10,91 3,08 38,92 0,17

Bolo de cenoura 60g 141,38 1,63 4,61 18,88 53,41 6,79 43,22 0,08 223,79 0,46 27,58 0,25

Média 114,04 1,52 18,82 3,78 0,04 82,66 1,18 30,84 0,21

Leite com groselha 165ml 92,94 4,41 18,97 8,79 37,83 4,41 42,70 0,00 42,90 1,11 163,89 0,00

Leite com baunilha 165ml 101,76 4,41 17,33 11,01 43,27 4,41 39,00 0,00 42,90 1,11 163,89 0,05

Leite quente com cereais 165ml 130,89 4,95 15,12 17,61 53,81 4,41 30,32 0,00 42,90 3,84 194,16 0,54

Média 108,52 4,59 12,47 4,41 42,90 2,02 173,98 0,20

Suco de abacaxi com couve 165ml 94,36 0,31 1,31 24,14 102,33 0,21 2,00 0,31 28,36 11,45 7,84 0,31

Média 94,36 0,31 24,14 0,21 0,31 28,36 11,45 7,84 0,31

Hambúrguer/Almôndega de soja 50g 107,78 7,26 17,00 4,99 18,51 6,47 54,02 0,44 25,00 1,40 19,41 1,14

Média 107,78 7,26 4,99 6,47 0,44 25,00 1,40 19,41 1,14

Canja especial 222g 146,01 7,70 21,09 29,66 79,88 5,22 32,17 0,00 574,87 11,43 16,38 1,00

Ensopado de feijão 200g 80,40 4,76 23,68 11,78 58,60 1,82 20,37 0,34 10,31 1,58 34,88 1,58

Arroz primavera 106g 95,54 4,92 20,50 9,83 41,15 3,93 37,02 0,35 249,69 2,60 13,76 1,05

Torta de legumes 54g 144,81 4,14 11,43 13,13 36,26 8,58 53,32 0,33 194,46 3,52 145,02 0,42

Média 116,69 5,38 14,35 4,88 0,26 257,33 4,78 52,51 1,02

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Por meio dos dados apresentados na Tabela 16, fica mais fácil analisar a

participação do carboidrato, proteína e lipídeo nos cardápios. Para tanto, faz-se

necessário observá-los em conjunto, uma vez que estes valores são proporcionais

aos nutrientes de cada receita, não sendo possível uma comparação entre eles.

Porém, em termos gerais, os cardápios compostos de canja, apresentaram maior

contribuição de calorias provenientes dos carboidratos, uma vez que esta é uma

preparação que leva arroz e também batata, alimentos estes classificados no grupo

dos energéticos. Em relação às calorias provenientes dos lipídeos, cardápios que

levam suco ao invés do leite e pão ao invés do bolo, tendem a apresentar menor

quantidade de lipídeos, já que não contam com a gordura natural do leite e do óleo e

gordura dos ovos dos bolos.

De um modo geral, todos os cardápios praticamente condizem com a

proporção de energia fornecida por macronutriente, recomendados pela RDA (1989),

de 10 a 15% de proteínas, 15 a 30% de lipídeos e 55 a 75% de carboidratos, isto

porque é possível observar equilíbrio em praticamente todos os nutrientes em quase

todas as combinações. Deste modo, a proposta de utilizá-los de fato no PMAE de

Piracicaba, deve ser cuidadosamente estudada pela DAN, pois a proposta apresenta

coerência ao que é preconizado pelo PNAE.

As Figuras 10 e 11, demonstram o quanto os cardápios propostos contribuem

na cobertura das necessidades nutricionais das crianças com idades distintas, onde

se contemplam as faixas etárias dos escolares do ensino fundamental: 4 a 8 anos e

9 a 13 anos (Apêndice F e G).

A Figura 10, indica que em relação à proteína, carboidrato e vitaminas A e C,

os valores encontrados, foram superiores aos 50% mínimos esperados. A fibra,

cálcio e ferro ficaram em defasagem nos cardápios de modo geral, evidenciando a

necessidade de melhorias nestas preparações a fim de se atingir esta necessidade,

uma vez que estes são nutrientes fundamentais ao desenvolvimento das crianças. É

necessário considerar, que esta inadequação de cálcio, ocorre, quando nos

cardápios quando nos cardápios do lanche de entrada o leite é substituído por suco.

Uma avaliação dietética realizada em Teresina-PI evidenciou que nas creches, a

oferta de cálcio mostrou-se insuficiente, uma vez que o leite distribuído no desjejum

foi substituído pelo suco de maracujá (CRUZ, 2001). Além disso, a inadequação do

cálcio pode ter relação direta com a quantidade de proteína oferecida, uma vez que

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quando esta apresenta-se em excesso, propicia o efeito hipercalciurético,

comprometendo a biodisponibilidade de cálcio na dieta (KERSTETTER e ALLEN,

1994).

0%

50%

100%

150%

200%

250%K

cal m

enin

as

Kca

l men

inos

Pro

t

CH

O

Fib

ra

Fer

ro

Vit

A

Vit

C

Figura 10. Contribuição percentual de nutrientes dos cardápios propostos baseados

na Dietary Reference Intakes – DRIs 2002, para crianças entre 4 e 8

anos.

Na Figura 11, é possível identificar que em relação às crianças entre 9 e 13

anos ocorre o mesmo da Figura 10 onde a contribuição de proteína, carboidrato,

vitaminas A e C são suficientes, chegando até ultrapassar os limites, mas em

relação às fibras, cálcio e ferro, contribuem muito pouco às necessidades de grupo.

A proteína, carboidrato e vitaminas A e C, principalmente a vitamina A,

merecem destaque nas preparações, já que ultrapassaram o valor mínimo de 29%

para as meninas e 30% para os meninos (como sugerem os Apêndices F e G)

estabelecidos como mínimos, uma vez que esta foi a contribuição energética média

atingida pelos cardápios para a faixa etária de 4 a 8 anos. Estudo realizado em

Americana-SP aponta para uma adequação na oferta de vitamina C aos escolares,

porém, em Teresina-PI, mesmo com a grande oferta de alimentos fontes de vitamina

C na região, como buriti, manga, goiaba, azeita de dendê, óleo de pequi, entre

outros, a sua adequação foi muito baixa (CRUZ, 2001; SILVA, 1998).

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Figura 11. Contribuição percentual de nutrientes dos cardápios propostos baseados

na Dietary Reference Intakes – DRIs 2002, para crianças entre 9 e 13

anos.

A partir da avaliação da contribuição percentual dos cardápios desenvolvidos

para a refeição escolar de Piracicaba, sugerida nos Apêndices F e G pode-se dizer

que em termos quantitativos de contribuição às necessidades nutricionais para

crianças entre 4 e 8 anos, o cardápio fornece um aporte energético médio de 23%

para as meninas e de 21% para os meninos. Tendo o equilíbrio alimentar como

principal meta a ser comprida com a proposição desses cardápios, pode-se destacar

na Figura 11, que em termos de proteína, carboidrato, ferro e vitaminas A e C, o

cardápio supriu o percentual mínimo esperado. Estudo realizado nos Centros

Integrados de Educação Pública (CIEPS) na cidade de Americana-SP, no ano de

1998, revelou que com exceção dos escolares mais velhos, toda a alimentação

oferecida por meio do Programa, ultrapassa em 90% a adequação dos nutrientes.

Diante disso, há de se considerar, que na adolescência, a dieta merece atenção

redobrada em relação à adequação de ferro, uma vez que estes são mais

suscetíveis à anemia devido ao rápido crescimento do esqueleto, do volume

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Kca

l men

inas

Kca

l men

inos

Pro

t

CH

O

Fib

ra m

enin

as

Fib

ra m

enin

os

Cál

cio

Fer

ro

Vit

A

Vit

C

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123

sanguíneo e da massa muscular, o que exige incremento do volume de alimentos

fontes de ferro (SILVA, 1998). Assim, para este grupo ter uma adequação de ferro é

necessário muita atenção, na combinação dessas preparações no momento da

formulação dos cardápios, a fim de melhorar sua ingestão e aproveitamento.

Em relação ao cálcio e fibras, para crianças de ambos os gêneros, a

adequação não foi atingida, considerando os cardápios propostos. Uma possível

alternativa seria implantar nas escolas um programa contínuo de educação

nutricional, envolvendo professores, merendeiras e outros funcionários da escola,

mostrando que a alimentação realizada em casa deve ser complementar, permitindo

assim maior aporte diário.

A partir deste conhecimento mais amplo da qualidade da refeição escolar

oferecida às crianças da rede pública de ensino de Piracicaba, do seu estado

nutricional e de que é possível desenvolver cardápios com preparações saudáveis,

nutritivas e de aspecto e sabor agradáveis. Assim, dentro das condições

estabelecidas para o fornecimento da refeição escolar, algumas melhorias devem

ser realizadas a fim de se conseguir um melhor desempenho da alimentação

oferecida.

Escolas com maior número de crianças obesas, poderiam estar modificando a

alimentação oferecida por meio da substituição do lanche de entrada por uma fruta,

como a laranja, por exemplo, que além de ser uma fonte de vitamina C, poderá

contribuir também com o aporte de fibras, uma vez que uma unidade pequena

apresenta cerca de 1,9 gramas deste nutriente, a um custo relativamente baixo,

aproximadamente R$ 0,11, e é uma fruta de boa aceitabilidade entre as crianças.

A inclusão de vegetais e frutas é de fundamental importância não só para o

desenvolvimento da criança, mas como incentivo ao consumo em casa, uma vez

que a alimentação escolar é um grande veículo educativo e que, portanto deveria

ser exemplo de qualidade. Além disso, melhorias em sua aparência, paladar,

consistência e sabor melhorariam sua adesão e conseqüentemente sua contribuição

à alimentação da criança seria maior. Cullen et al. (2000), alerta em seu estudo

sobre avaliação do consumo alimentar dos escolares, para a necessidade de

investimento em estratégias educativas voltadas à melhoria do padrão alimentar

dessa população.

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A diversificação dos cardápios do Programa de Alimentação Escolar hoje

tornou-se uma realidade ainda mais viável, segundo Santos23 devido à maior

facilidade na aquisição dos gêneros alimentícios, considerando a implantação,

desde setembro de 2005, do Pregão Eletrônico. Não tem mais limite mínimo de valor

para as compras, podendo as mesmas serem acionadas quantas vezes forem

necessárias, considerando ainda uma redução no prazo da licitação de 30

para 8 dias, devido a uma simplificação na documentação dos fornecedores.

Outro aspecto, atualmente em discussão no Município, é a questão da

terceirização da alimentação escolar. Em Vinhedo-SP (VINHEDO, 2005), desde

2005 adota essa forma de gerenciamento. Estudos realizados na cidade

evidenciaram rejeição de 75% dos alunos à alimentação escolar servida nas escolas

estaduais, 69% nas municipais de ensino fundamental, 24% nas unidades de ensino

infantil e 23% nas creches. Frente a estes números, a terceirização foi a opção

adotada, uma vez que não só a qualidade das refeições passou a ter melhorias

significativas, como uma maior vigilância sanitária na produção da alimentação

(limpeza, manutenção dos equipamentos, correta manipulação e armazenamento

dos alimentos, capacitação das merendeiras, etc.) e conseqüentemente diminuição

do desperdício e dos custos.

Para Piracicaba, esta opção melhoraria em muito a alimentação escolar, pois

com maior independência no gerenciamento na aquisição dos gêneros alimentícios

pelo setor privado e uma maior variabilidade dos cardápios, a qualidade nutricional

e a aceitabilidade emergeriam muito rapidamente. O “now how” das empresas

gestoras desse segmento, dispensaria a necessidade de se manter uma padaria e

açougue no prédio da DAN do Município que, além de estarem fora dos padrões

técnicos para produção de alimentos, geram custos significativos com transporte,

manutenção, mão-de-obra especializada e controle de qualidade.

23 Wander Viana Santos, Chefe da Divisão de Compras da Prefeitura Municipal de Piracicaba, em

entrevista datada de 28/11/2005.

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6.4. Considerações gerais

Face ao exposto alguns aspectos merecem destaque e são referentes aos

objetivos do PNAE no município com o porte de Piracicaba. A quem compete, por

exemplo, a valorização da cultura local, a garantia da procedência dos alimentos

para o programa, seja em termos ambientais ou sanitário a educação nutricional,

entre outros? Como tratar as inseguranças alimentares e nutricionais dos escolares

geradas pela pobreza e a exclusão social? Essa discussão extrapola, em muito, as

competências de uma divisão dentro de uma secretaria municipal. Somam-se a esse

aspecto intersetorial do PMAE, as demandas emergentes de se garantir a “comida

no prato” num sistema com procedimentos morosos e infra-estrutura deficiente.

Partindo do pressuposto de que essa não é uma discussão que compete

exclusivamente à DAN e que nem mesmo o CAE daria conta dela, sem a

participação efetiva dos outros segmentos envolvidos no abastecimento, na

educação e no desenvolvimento social, volta-se na demanda para que o PMAE

seja diretamente ligado ao gabinete do prefeito. Entretanto, o tema gera polêmica,

pois a operacionalização do Programa é extremamente complexa, justificando a

adoção da metodologia da intersetorialidade, envolvendo todos os setores afins,

dentro de ações articuladas e coordenadas, utilizando os recursos existentes em

cada setor de mofo eficiente.

Em relação ao abastecimento alimentar do Programa de Alimentação Escolar,

a valorização do produtor agrícola local não existe, quer seja justificada pela não

organização jurídica para que se habilite um fornecedor, quer seja pela não

priorização do setor público a esse objetivo, seja no maior incentivo da diversificação

das culturas agrícolas, visando a autonomia da produção, seja pela comercialização

dos produtos já existentes. Em termos de geração de renda, o produtor rural de

Piracicaba consegue comercializar toda a sua produção nos varejões municipais e

feiras livres, não há demanda de mercado reprimida, o que não os estimula a

procura de novos mercados. Do ponto de vista de valorização dos alimentos locais e

da cultura alimentar da região o PMAE perde com isso, mas não o produtor. Não é o

caso de certos municípios que podem encontrar impulso na economia local via o

PMAE.

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O PNAE é um programa de significativo impacto social, visto beneficiar uma

parcela da população altamente vulnerável, pré-escolares e escolares. Pela sua

abrangência, sempre será um programa em destaque no cenário social e político,

pois é um programa social que pode significar ganho ou perda de imagem política.

Ao mesmo tempo é um programa também de grande impacto financeiro, que requer

muita habilidade técnica e política nos estudos para inovações.

Qualquer mudança radical inviabilizaria de antemão sua implantação, pois

entre correr o risco de comprometer a imagem política do governo ou deixar as

“falhas como estão”, opta-se pela segunda hipótese, dada à tradição que esse

programa requer.

Baseada nesses aspectos, as propostas apresentadas nesse trabalho de

pesquisa, foram na linha de propor sugestões de inovações no cardápio de fácil

implementação, porque os governos possuem quatro anos de mandato, tempo

insuficiente para se inteirar das questões emergentes do Município, promover

estudos alternativos e implantar uma mudança de tamanha grandeza, como o

Programa de Alimentação Escolar, além do fato da gerência da Divisão de

Alimentação Escolar ser cargo de confiança do Prefeito Municipal, que pode mudar a

cada troca do chefe político.

Um estudo aprofundado referente à terceirização do serviço de alimentação

do escolar, parece ser uma alternativa positiva para Piracicaba, pois expressiva

parcela dos entraves hoje existentes, como problemas com licitação pública e

fornecedores; deficiência no sistema de informatização; manutenção da estrutura

física, equipamentos e utensílios das cozinhas nas escolas; capacitação das

merendeiras e de todo o quadro funcional da DAN, dificuldades no armazenamento

e abastecimento de alimentos das cozinhas nas unidades escolares, entre outras,

poderiam ser mais facilmente resolvidas por uma empresa especializada em

gerenciar serviços de alimentação com autonomia decisória.

O Município vivencia uma experiência com a terceirização parcial da

contratação de merendeiras, desde 2003. Terceirizar a parte operacional do

programa seria uma nova etapa, onde as mudanças fossem ocorrendo de forma

gradativa e planejada, permitindo a DAN reestruturar o seu trabalho e sua a equipe,

voltado para uma supervisão efetiva da operacionalização pela empresa

terceirizada. Isso abriria uma ampla possibilidade para a DAN em se ater às

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questões inerentes à criança e ao seu desempenho escolar como: avaliação

antropométrica e nutricional, educação nutricional, acompanhamento da adesão,

consumo e aceitabilidade da criança às refeições servidas, enfim cuidar dos

aspectos que zelam da segurança alimentar, com mais tempo para discutir os

aspectos técnicos do Programa de Alimentação do Escolar.

Assim, procurou-se introduzir na proposta de inovação do cardápio, alimentos

de significativa produção no Município, para que no futuro possam surgir

oportunidades de negócio entre o poder público e os produtores agrícolas locais,

efetivando assim mais um dos objetivos do PNAE, dinamizar a economia local mas,

sobretudo de valorização da cultura alimentar regional.

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7. CONCLUSÃO

A complexidade e a importância do Programa de Alimentação do Escolar não

é diferente no Município de Piracicaba, quando são tratadas as questões de

abastecimento alimentar, atendimento às recomendações nutricionais do cardápio,

infra-estrutura e operacionalização do Programa.

Quanto ao potencial de abastecimento do PMAE, Piracicaba tem auto-

suficiência na produção e comercialização de verduras, além de ser um importante

produtor de milho, mandioca e banana. Outros alimentos também merecem

destaque de produção, como a laranja e o limão. A produção de legumes é

praticamente inexistente no Município, tendo que importar toda a sua demanda de

regiões próximas, as quais possuem condições climáticas mais favoráveis.

Todo o abastecimento alimentar do PMAE é atendido atualmente por

fornecedores regionais e mesmo de outros estados, não existe nenhum trabalho

voltado para valorização do produtor local, mesmo gerando um custo adicional na

ordem de 32% referente ao transporte. Quanto ao aproveitamento dos recursos do

Município, referentes ao abastecimento alimentar do Programa, no momento, não

aponta para um quadro favorável, devido à falta de produtores e fornecedores

habilitados, para fornecer alimentos à DAN e falta de programas de apoio e incentivo

da própria Secretaria de Abastecimento.

O cardápio adotado na alimentação escolar é rotativo, porém com uma baixa

diversificação de preparações e de alimentos que compõem essas preparações,

onde há uma predominância na utilização de legumes, baixo uso de verduras,

apenas o repolho e inexistência do uso de frutas.

Os alunos das escolas municipais apresentam uma maior adesão que os das

unidades de ensino estaduais, as quais são fortemente influenciadas pelas cantinas

escolares, que provocam um consumo alimentar totalmente inadequado às

necessidades nutricionais dos escolares.

O período em que são servidas as refeições, matutino e vespertino, não

interferiu no percentual de adesão, assim como a caracterização da mão-de-obra da

merendeira, municipalizada ou terceirizada, também não interferem em nenhum dos

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resultados da adesão.

A aceitabilidade é um outro fator de extrema importância quando se avalia

consumo alimentar, no entanto nessa pesquisa ela não acompanhou os resultados

da adesão, confirmando as escolas estaduais como aquelas com maior

aceitabilidade das refeições servidas. Essa situação mostra que os escolares não

procurarem o Programa apenas porque têm fome, mas também porque gostam da

alimentação servida ou ainda possivelmente porque comem por impulso.

O cardápio oferecido aos escolares atende a todas as prerrogativas de

adequação nutricional, indicadas pelo PNAE, quando consideradas o consumo das

duas refeições normalmente servidas ao dia, em relação a energia e proteínas.

Dependendo da combinação entre as preparações, não é possível atingir as

recomendações das DRI’s / EAR, em relação aos micronutrientes avaliados, isso é

atribuído a pouca variedade de hortaliças e inexistência de frutas no cardápio para

alunos do ensino fundamental.

O estudo de proposição de novas preparações no cardápio escolar permitiu

identificar vários alimentos com preços compatíveis ao custo atual de referência da

refeição escolar de Piracicaba, bem como o emprego de alimentos que fazem parte

da vocação agrícola do Município, que poderão ser adquiridos, possivelmente, com

melhores preços e maior facilidade de abastecimento, no armazém central da DAN,

ou até mesmo diretamente nas escolas, o que reduziria em muito o custo da

alimentação escolar e o trabalho da DAN voltado para o abastecimento das cozinhas

nas escolas.

A proposta de inovação do cardápio foi capaz de atender a expressiva parcela

das deficiências nutricionais dos cardápios, porém dependendo da combinação de

preparações, nas refeições, não foram atingidas as recomendações nutricionais do

PNAE e as DRI’s. A integralização de alimentos condizentes aos hábitos alimentares

das crianças, adequabilidade ao clima e horário de oferecimento do cardápio, foram

teoricamente atendidos, resta a implementação da proposta junto aos escolares

para avaliação da sua efetividade.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Controle de adesão e aceitabilidade

Escola: ____________________________________________________________

Cardápio: ___________________________________________________________

Merendeira: _________________________________________________________

Data: ____________________________ Horário: __________________________

No de alunos matriculados/período: Manhã: __________ Tarde: __________

No de alunos presentes dia: Manhã: __________ Tarde: __________

Pesquisadora: _________________________________ Rubrica: ______________

Aceitabilidade %Repetição

Aluno Pesquisado0 25 50 75 100

0/1/2/3

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12...50

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APÊNDICE B – Escala sorriso simplificada

Indique o quanto você gostou ou desgostou do cardápio consumido,de acordo

com as expressões faciais abaixo.

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APÊNDICE C – Controle da aceitabilidade geral

ACEITABILIDADE GERAL

AlunoPesquisado

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20...50

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149

APÊNDICE D – Notificação de não-conformidades

Escola:________________________________________ Data: ____ / ____ / ____

Cardápio: __________________________________________________________

Merendeiras: ________________________________________________________

___________________________________________________________________

Percentual de não conformidade constatado no momento da distribuição aos

escolares.

Incentivo ao escolar para se servir da refeição.

Organização dos utensílios à disposição dos escolares

Suficiência de utensílios (canecas, pratos e colheres)

Utensílios devidamente higienizados e secos

Apresentação da alimentação

Temperatura adequada das preparações servidas

Atendimento da merendeira

Horário adequado de início e término da distribuição

Atitude durante o porcionamento

Respeito ao escolar

Acomodação no refeitório

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APÊNDICE E – Receitas padronizadas desenvolvidas

• SUCOS

SUCO DE ABACAXI COM COUVEIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Abacaxi descascado 500g

Couve (sanitizar comcloro previamente)

2 folhas

Água 1 l

Açúcar refinado 1 xícara (chá)

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 1,5L = 10 porções de 150 ml

SUCO DE LARANJA (DILUÍDO)Ingredientes Quantidade Técnica de Preparo

Suco de laranja 200 ml

Água 200 ml

Açúcar refinado ½ xícara (chá)

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 450ml = 3 porções de 150ml

SUCO DE LARANJA COM MAMÃOIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Suco de laranja 300 ml

Mamão descascado 200g

Água 900 ml

Açúcar refinado ½ xícara (chá)

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 1,350L = 9 porções de 150 ml

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SUCO DE LARANJA COM MARACUJÁ

Ingredientes Quantidade Técnica de Preparo

Suco de laranja

Maracujá (polpa)

200 ml

50g

Água 700 ml

Açúcar refinado 1 xícara (chá)

a. Bater no liquidificador o suco delaranja, a polpa de maracujá, a águagelada e o açúcar.

Rendimento: 900 ml = 6 porções de 150 ml

SUCO DE LIMÃO (LIMONADA)Ingredientes Quantidade Técnica de Preparo

Suco de limão taiti 100 ml

Água 800 ml

Açúcar refinado 1 xícara (chá)

b. Bater no liquidificador o suco de limão,a água gelada e o açúcar.

Rendimento: 900ml = 6 porções de 150 ml

SUCO DE MARACUJÁIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Maracujá (polpa) 50g

Açúcar refinado 1 xícara (chá)

Água 700 ml

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 750 ml = 5 porções de 150 ml

• FRUTAS

BANANA COM CEREAISIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Banana nanica 1 unidade pequena

Cereais 1 colher sopa (10g)

a.Cortar a banana em rodelas eadicionar o cereal.

Rendimento: 1 porção de 50 g

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MAMÃO COM CEREAISIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Mamão formosa 1 fatia pequena

Cereal 1 colher sopa (10g)

a.Cortar o mamão em pequenos cubose adicionar o cereal.

Rendimento: 1 porção de 50 g

• BOLOS/PÃO

BOLO DE CENOURAIngredientes(Massa) Quantidade Técnica de Preparo

Ovos inteiros 4 unidades

Açúcar refinado 2 xícaras (chá)

Óleo 1 xícara (chá)

Cenourasdescascadas

2 unidades

Farinha de trigo 2 xícaras (chá)

Fermento em pó 1 colher (sopa)

a. Bata os quatro primeiros ingredientes no

iquidificador.

b. Numa travessa, coloque a farinha detrigo e o fermento misturando bem.

c. Misture delicadamente, o líquido batido àmistura da farinha de trigo e fermento.

d. Leve para assar em forno pré-aquecido.

Opcional: Depois de assado pode cobrircom uma cobertura de chocolate.

Ingredientes(Cobertura) Quantidade Técnica de Preparo

Manteiga 4 colheres(sopa)

Nescau 4 colheres(sopa)

Leite 8 colheres(sopa)

Açúcar refinado 10 colheres(sopa) rasas

a. Leve todos os ingredientes ao fogomisturados, até ferver e aparecer ofundo da panela.

b. Espere esfriar um pouco e cubra o bolo.

Rendimento: 24 porções de 50 g

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BOLO DE LARANJAIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Laranja com casca,cortada e semsementes

1 unidade

Açúcar refinado 2 xícaras (chá)

Óleo ½ xícara (chá)

Ovos inteiros 3 unidades

Farinha de trigo 2 xícaras (chá)

Fermento em pó 2 colheres(sobremesa)

a. Bata no liquidificador a laranja(devidamente sanitizada em cloro), osovos, o açúcar e o óleo.

b. Coloque em uma tigela a farinha de trigoe o fermento e vá misturando aospoucos os ingredientes do liquidificador.

c. Asse em forno pré-aquecido.

Rendimento: 24 porções de 50 g

BOLO DE MARACUJÁIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Farinha de trigo 2 xícaras (chá)

Açúcar refinado 2 xícaras (chá)

Ovos inteiros 4 unidades

Manteiga ½ xícara (chá)

Maracujá 1 xícara (chá)

Fermento em pó 1 colher (sopa)

a. Retire a polpa dos maracujás atécompletar 1 xícara, bater noliquidificador. Coe e reserve.

b. Bata as claras em neve e reserve.

c. Bata as gemas com o açúcar e amanteiga.

d. Acrescente o maracujá, a farinha de trigoe mexa bem.

e. Coloque o fermento, misturando bem.

f. Acrescente as claras em neve e mexadelicadamente.

g. Coloque em forma untada e leve paraassar em forno regular, pré-aquecido.

Rendimento: 24 porções de 50 g

PÃO COM REQUEIJÃO CREMOSO

Ingredientes Quantidade Técnica de Preparo

Pão de leite / francês 1 unidade (50g)

Requeijão cremoso 1 colher (sopa)nivelada

a.Cortar a porção de pão ao meio epassar o requeijão.

Rendimento: 2 porções de 25g cada

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154

• LEITES

LEITE FRIO COM BANANAIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Banana descascada 50g

Leite em pó integralreconstituído frio

550ml

Açúcar refinado 4g

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 600ml = 4 porções de 150 ml

LEITE FRIO COM MAÇÃIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Maçã parcialmentecom casca (sanitizarcom cloropreviamente)

50g

Leite em pó integralreconstituídofrio/quente

550ml

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Açúcar refinado 8gRendimento: 600ml = 4 porções de 150 ml

LEITE FRIO COM MAMÃOIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Mamão descascado 50g

Leite em pó integralreconstituído frio

550ml

Açúcar refinado 10g

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 600ml = 4 porções de 150 ml

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155

LEITE QUENTE COM ACHOCOLATADOIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Leite em pó integralreconstituído frio /quente

400ml

Achocolatado 10g

Açúcar refinado 10g

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 450ml = 3 porções de 150 ml

LEITE QUENTE COM BAUNILHAIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Leite integral quente 450ml

Baunilha 4g

Açúcar refinado 10g

e. Misturar todos os ingrediente e servir.

Rendimento: 450ml = 3 porções de 150 ml

LEITE QUENTE COM CAFÉIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Leite integral bemquente

350ml

Café adoçado bemquente

100ml

a. Misturar todos os ingrediente e servir.

Açúcar refinado 10g

Rendimento: 450ml = 3 porções de 150 ml

LEITE QUENTE COM CEREAISIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Leite em pó integralreconstituído quente

600ml

Cereais 15g

Açúcar refinado 12g

a. Bater todos os ingredientes noliquidificador e servir.

Rendimento: 600ml = 4 porções de 150 ml

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• SOPAS

CANJA ESPECIALIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Peito de frango semosso e sem pele

200g

Arroz cru 1 xícara (chá)

Molho de tomate 40 g (2 colheressopa)

Cenoura picada 100g (1 unidadepequena)

Batata 100g (2 unidadespequenas)

Cebola 20 g (1 colhersopa)

Óleo 10g (1 colhersopa)

Água 1 Litro

a. Cozinhar o frango na água.

b. Reservar a água e depois desfiar ofrango.

c. Refogar a cebola e acrescentar a águada cocção do frango, o frangodesfiado, a cenoura, a batata e omolho de tomate.

d. Quando ferver, acrescentar o arrozlavado e deixar tudo bem macio.

e. Pouco antes de desligar, colocar asalsinha e mais água, sê necessário.

f. Acertar o tempero.

Sal q.s.

Rendimento: 1200g = 6 porções de 200g)

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ENSOPADO DE FEIJÃOIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Mandioca cruadescascada

3 xícaras (chá)

Feijão preto 1 ½ xícara (chá)

Cebola picada 1 unidadepequena

Alho 1 unidade

Frango sem pele esem osso

110g

Óleo 1 colher(sobremesa)

Tomate picado ½ unidade

Água 900 ml

a. Descascar a mandioca, cortar emcubos, cozinhar e reservar.

b. Cozinhar o feijão e reservar.

c. Refogar no óleo a cebola e o alho,juntar o frango já cozido e cortado empedaços pequenos.

d. Adicionar o tomate picado, o feijãocozido com o caldo e a mandioca.

e. Levar ao fogo para dar uma fervura, eacrescentar sal em quantidadesuficiente.

Rendimento: 1,800Kg = 9 porções de 200g

• PREPARAÇÕES SALGADAS

ARROZ PRIMAVERA

Ingredientes Quantidade Técnica de Preparo

Arroz lavado e escorrido 1½ xícara (chá)

Vagem em pedaçospequenos

1 xícara (chá)

Cenoura descascada emcubos pequenos

1 xícara (chá)

Carne de frangodesfiada

100 g

Cebola moída 1 unidadepequena

Óleo 2 colheres(sopa)

a. Refogar a cebola no óleo e emseguida acrescentar todos osdemais ingredientes secos.

b. Colocar em uma assadeira, cobrircom água fervente e leve ao forno180o C de 30 a 40 minutos.

c. Descansar por 15 minutos e servir.

Água fervente 3 xícaras (chá)

Sal q.s.

Rendimento: 15 porções de 120g

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ALMÔNDEGA/HAMBÚRGUER DE SOJAIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Proteína texturizadade soja

1 xícara(chá)

Caldo de carne ¼ tablete

Carne moída 1 xícara (chá)

Cebola bem picada ½ unidade

Farinha de rosca ½ xícara (chá)

Ovo batido 1 unidade

Sal q.s.

Salsa q.s.

a. Hidratar a proteína texturizada de soja,cozinhando-a até fervura, com o caldode carne dissolvido em ½ litro de água.

b. Em seguida, remova toda a água,acrescente a carne moída, e osdemais ingredientes, misturando bem.

c. Modelar manualmente o hambúrguerou almôndega.

d. Passar ligeiramente pela farinha detrigo e grelhar na frigideira.

Pimenta do reino q.s.Rendimento: 10 almôndegas de 25g cada = 10 porções

ou 5 hambúrgueres de 20g cada = 5 porções

TORTA DE LEGUMESIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Ovos inteiros 2 unidades

Óleo ½ xícara (chá)

Leite em pó integralreconstituído

2 xícaras (chá)

Farinha de trigo 12 colheres(sopa)

Sal q.s.

Fermento em pó 2 colheres(sopa)

a. Bata todos os ingredientes da massano liquidificador, exceto o fermento.

b. Acrescentar por último o fermento emexa delicadamente. Reservar.

c. Colocar todos os ingredientes dorecheio numa tigela e temperar comosalada (menos vinagre).

d. Numa assadeira untada, colocarmetade da massa, o recheio e depoisa outra metade da massa.

e. Assar em forno quente a 180oC pormais ou menos 1 hora.

Tomate picado semsemente

1 xícara (chá)

Cebola bem picadinha 1 xícara (chá)

Milho verde 1 xícara (chá)

Cenoura em cubospequenos

1 xícara (chá)

Rendimento: 1,3 Kg = 24 porções de 54g

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TORTA DE SARDINHAIngredientes Quantidade Técnica de Preparo

Ovos inteiros 2 unidades

Óleo ½ xícara (chá)

Leite em pó integralreconstituído

2 xícaras (chá)

Farinha de trigo 12 colheres(sopa)

Sal q.s.

Fermento em pó 2 colheres(sopa)

f. Bata todos os ingredientes da massano liquidificador, exceto o fermento.

g. Acrescentar por último o fermento emexa delicadamente. Reservar.

h. Colocar todos os ingredientes dorecheio numa tigela e temperar comosalada (menos vinagre).

i. Numa assadeira untada, colocarmetade da massa, o recheio e depoisa outra metade da massa.

j. Assar em forno quente a 180oC pormais ou menos 1 hora.

Tomate picado semsemente

2 xícara (chá)

Cebola bem picadinha 2 xícara (chá)

Sardinha 1 xícara (chá)Rendimento: 1,3 Kg = 24 porções de 54g

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APÊNDICE F – Contribuição percentual dos cardápios propostos às DRI’s 2002, para crianças com idade entre 4 e 8 anos

Contribuição (%) dos cardápios para crianças com idade entre 4 e 8 anos Preparação EAR - Kcal

meninasEAR - Kcalmeninos EAR - Prot EAR - CHO EAR - Fibra EAR - Cálcio EAR - Ferro EAR - Vit. A EAR - Vit.C

Bolo de maracujá 6,67 6,88 8,31 14,29 0,00 3,25 2,10 3,32 0,00Bolo de laranja 6,82 7,04 7,00 14,61 0,16 4,86 1,70 2,72 12,32Bolo de cenoura 9,50 9,81 8,57 14,52 0,32 3,44 2,50 55,94 1,84Média 7,66 7,91 7,96 14,47 0,16 3,85 2,10 20,66 4,72Leite com groselha 6,25 6,44 23,20 6,76 0,00 20,48 0,00 10,72 4,44Leite com baunilha 6,84 7,06 23,20 8,46 0,00 20,48 0,50 10,72 4,44Leite quente com ovomaltine 7,17 7,40 23,20 8,88 0,00 21,51 0,00 10,72 6,60Leite quente com canela em pó 8,17 8,43 23,20 12,69 2,16 22,20 5,40 10,86 6,60Leite com Nesquik morango 8,58 8,85 23,20 13,54 0,00 20,48 0,00 10,72 4,44Leite quente com cereais 8,80 9,08 26.00 13,54 0,00 24,27 5,40 10,72 15,36Leite com abacate 10,39 10,72 26,00 11,83 2,16 20,87 5,40 14,98 13,32Leite com açucar caramelizado 12,53 12,93 23,20 25,38 0,00 20,48 0,00 10,72 4,44Média 8,59 8,86 23,90 12,64 0,54 21,35 2,09 11,27 7,46Suco de couve com limão 5,25 5,42 0,78 15,48 0,00 0,83 1,50 101,34 32,08Suco de limão com maçã 5,45 5,63 0,63 16,33 0,80 0,45 1,20 0,54 25,56Suco de abacaxi com couve 6,34 6,54 1,63 18,56 1,24 0,98 3,10 7,09 45,80Média 5,68 5,86 1,01 16,79 0,68 0,75 1,93 36,32 34,48Hambúrguer/Almôndega de soja 7,24 7,47 38,21 3,83 1,76 2,42 11,40 6,25 5,60Quibe assado 7,37 7,60 38,52 8,62 10,20 1,47 10,10 0,00 4,56Canja especial 9,81 10,13 40,52 22,81 0,00 2,04 10,00 143,71 45,72Média 8,14 8,40 39,08 11,75 3,99 1,98 10,50 49,99 18,63Ensopado de feijão 5,40 5,57 25,00 9,06 1,36 4,36 15,80 2,57 6,32Arroz primavera 6,42 6,63 25,89 7,56 1,40 1,72 10,50 62,42 10,40Torta de legumes 9,73 10,04 21,78 10,10 1,32 18,12 4,20 48,61 14,08Média 7,18 7,41 24,22 8,91 1,36 8,07 10,17 37,87 10,27

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APÊNDICE G – Contribuição percentual dos cardápios propostos às DRI’s 2002, para crianças com idade entre 9 e 13 anos

Contribuição (%) dos cardápios para crianças com idade entre 9 e 13 anos

Preparação EAR - Kcal

meninasEAR - Kcalmeninos EAR - Prot EAR - CHO EAR - Fibra

meninasEAR - Fibrameninos

EAR -Cálcio EAR - Ferro EAR - Vit. A EAR - Vit.C

Bolo de maracujá 5,20 4,77 4,64 14,29 0,00 0,00 2,00 2,62 2,21 0,00Bolo de laranja 5,32 4,88 3,91 14,61 0,12 0,15 2,99 2,12 18,18 6,84Bolo de cenoura 7,41 6,80 4,79 14,52 0,25 0,30 2,12 3,12 37,29 10,22Média 5,98 5,48 4,45 14,47 0,12 0,15 2,37 2,62 19,23 5,69Leite com groselha 4,87 4,47 13,97 6,76 0,00 0,00 12,60 0,00 7,15 2,46Leite com baunilha 5,33 4,89 13,97 8,46 0,00 0,00 12,60 0,62 7,15 2,46Leite quente com ovomaltine 5,59 5,13 13,97 8,88 0,00 0,00 13,24 0,00 7,15 3,66Leite quente com canela em pó 6,37 5,84 13,97 12,69 1,74 2,07 13,66 6,75 7,24 3,66Leite com Nesquik morango 6,69 6,13 13,97 13,54 0,00 0,00 12,60 0,00 7,15 2,46Leite quente com cereais 6,86 6,29 14,55 13,54 0,00 0,00 14,93 6,75 7,15 8,53Leite com abacate 8,10 7,43 14,55 11,83 1,74 2,07 12,86 6,75 9,99 7,33Leite com açucar caramelizado 9,77 8,96 13,97 25,38 0,00 0,00 12,60 0,00 7,15 2,46Média 6,70 6,14 14,12 12,64 0,44 0,52 13,14 2,61 7,52 4,13Suco de couve com limão 4,09 3,75 0,44 15,48 0,00 0,00 0,51 1,87 67,56 17,82Suco de limão com maçã 4,26 3,91 0,35 16,33 0,64 0,76 0,27 1,50 0,36 14,20Suco de abacaxi com couve 4,94 4,53 0,91 18,56 1,00 1,19 0,60 3,87 4,72 25,44Média 4,43 4,06 0,57 16,79 0,55 0,65 0,46 2,41 24,21 19,15Hambúrguer/Almôndega de soja 5,65 5,18 21,35 3,83 1,41 1,69 1,49 14,00 4,16 3,11Quibe assado 5,74 5,27 21,52 8,62 8,22 9,80 0,90 12,62 0,00 2,53Canja especial 7,65 7,02 22,64 22,81 0,00 0,00 1,26 12,50 95,81 25,40Média 6,35 5,82 21,84 11,75 3,21 3,83 1,22 13,04 33,32 10,35Ensopado de feijão 4,21 3,86 14,00 9,06 1,09 1,30 2,68 19,75 1,71 3,51Arroz primavera 5,00 4,59 14,47 7,56 1,12 1,34 1,05 14,25 41,61 5,77Torta de legumes 7,59 6,96 12,17 10,10 1,06 1,26 11,15 5,25 32,41 7,82Média 5,60 5,14 13,55 8,91 1,09 1,30 4,96 13,08 25,24 5,70

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ANEXOS

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da UNIMEP, 2003.

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ANEXO B – Alíquotas de ICMS dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e

Santa Catarina

Alíquota ICMSProduto

Minas Gerais Santa Catarina São Paulo

Arroz 12 12 7

Bebidas Lácteas 12 12 18

Carnes 12 12 12

Feijão 12 12 7

Massas 12 12 18(em percentagem)Elaborado pelo Banco de Dados Socioeconômicos do Curso de Ciências Econômicas - FGN –UNIMEP, Março, 2006.

Fontes

Minas Gerais:

REGULAMENTO DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À

CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE

TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO

(ATUALIZADO ATÉ O DECRETO No 44.258, DE 15 DE MARÇO DE 2006)

Santa Catarina:

REGULAMENTO DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À

CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE

TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO

(DECRETO N° 3.143, de 16.05.05 - (857))

São Paulo:

REGULAMENTO DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À

CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE

TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO -

RICMS (APROVADO PELO DECRETO No 45.490, DE 30-11-2000) E

(ATUALIZADO ATÉ O DECRETO No 48.042, DE 21-08-2003).