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PERFIL 64 caesegatos.com.br O médico veteriná- rio está a serviço da sociedade”, uma ideia defen- dida por Alexan- dre Develey, que há 55 anos se de- dica com muita paixão a esta profissão. Nascido na Suíça sonhou como toda criança em ser bombeiro, porém, ainda nesta época se viu seguindo os passos de seu tio veterinário, que exercia a função de chefe de inspeção sanitária em Basileia, uma cidade suíça. Aos 15 anos de idade imigrou para o Brasil com os pais, época em que já se in- teressava pelos animais. Em dezembro de 1959, se formou na 22ª turma da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP), mesmo ano em que obteve o prêmio “Francisco Emydgio da Fonseca Pacheco”, entregue ao estudante classificado em primeiro lugar durante a graduação. Demonstrou ao longo do curso curiosida- de em conhecer tudo o que se apresentava, Develey estava presente em todas as aulas práticas. “Comprei muitos livros didáticos, estava disponível para qualquer tarefa. Participei intensivamente do Centro Aca- dêmico, palestras, congressos, exposições e campanhas de vacinação. Durante dois Foto: divulgação Uma jornada Meio século de dedicação à medicina veterinária e Alexandre Develey está longe de parar, o amor pela profissão o faz seguir sempre adiante GLAUCIA BEZERRA, DA REDAÇÃO [email protected] PERFIL 64 caesegatos.com.br brilhante

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O médico veteriná-rio está a serviço da sociedade”, uma ideia defen-dida por Alexan-dre Develey, que há 55 anos se de-dica com muita

paixão a esta profissão. Nascido na Suíça sonhou como toda criança em ser bombeiro, porém, ainda nesta época se viu seguindo os passos de seu tio veterinário, que exercia a função de chefe de inspeção sanitária em Basileia, uma cidade suíça.

Aos 15 anos de idade imigrou para o Brasil com os pais, época em que já se in-teressava pelos animais. Em dezembro de 1959, se formou na 22ª turma da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP), mesmo ano em que obteve o prêmio “Francisco Emydgio da Fonseca Pacheco”, entregue ao estudante classificado em primeiro lugar durante a graduação.

Demonstrou ao longo do curso curiosida-de em conhecer tudo o que se apresentava, Develey estava presente em todas as aulas práticas. “Comprei muitos livros didáticos, estava disponível para qualquer tarefa. Participei intensivamente do Centro Aca-dêmico, palestras, congressos, exposições e campanhas de vacinação. Durante dois

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Uma jornadaMeio século de dedicação à medicina veterinária e Alexandre Develey está longe de parar, o amor pela profissão o fazseguir sempre adiante

Glaucia Bezerra, da redaçã[email protected]

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Tenho cerTeza de que hOnrei meu diplOmae luTei pela melhorada classe

anos, o presidente do Centro me incumbiu de lançar uma revista científica, desenvolvi o conceito, e coloquei-a em circulação. Isso me abriu os horizontes”.

Hoje, o médico veterinário exerce as fun-ções de tesoureiro da Academia Paulista de Medicina Veterinária (Apamvet), secretário do Sindicato dos Médicos Veterinários (Si-mdimvet) e conselheiro Suplente do Con-selho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), entidades sediadas em São Paulo (SP).

Depois da euforia da colação de grau e festas de fim de ano, surgiu o desespero. “É agora? Naquele tempo, fora o atendimento aos pequenos animais, a clínica particular era rara, pensei na Secretaria da Agricultura na área de bovinos de leite. Alguns colegas tam-bém se preparavam para outros concursos como do Instituto Biológico da Polícia Militar. Poucos montaram uma clínica de pequenos”, pontua, neste período de escolhas, o Jockey Club de São Vicente (SP) divulgou uma no-tícia na qual procurava um veterinário que necessariamente fosse formado em primeiro lugar da turma. Devely conseguiu a vaga.

Em função de uma lei estabelecida pelo então presidente do Brasil, Jânio Quadros, que proibia as apostas fora do prado, o mo-vimento no Jockey caiu drasticamente. Foi então que o médico veterinário encarou um novo desafio, o de exercer a profissão em campo pela Bayer (São Paulo/SP). “Atuei por 15 anos na empresa, mas não deixei de estu-dar, fiz cursos de marketing, organização e planejamento, liderança, finanças para não financistas e tantos outros”. Também não se afastou da faculdade, seja participando ou patrocinando pesquisas e ministrando palestras. “De veterinário de campo, passei a gerente de Produto, responsável Técnico e gerente da Divisão”.

Trabalhou durante oito anos na empresa Socil Pro Pecuária, brasileira produtora de rações adquirida pelo grupo francês Guyomarc’h, ocupando o cargo de diretor Comercial. Após esse período, montou uma consultoria, na qual assessorava coo-perativas e empresas do ramo de nutrição. Recebeu o convite da Boehringer Ingelheim (São Paulo/SP) para criar a divisão veteriná-ria da empresa, lá permaneceu por 15 anos no cargo de diretor e responsável Técnico pelos produtos veterinários.

Mesmo aposentado, Develey permanece atuante, ficar parado não faz parte de sua rotina. “Assessorei várias empresas, espe-cialmente a Ourofino Saúde Animal (Cra-vinhos/SP), onde permaneci por mais de sete anos. Hoje, mais velho e mais tranquilo, me dedico à parte conceitual da profissão. Costumo dizer que faço parte de órgãos intermediários da democracia”, salienta, e diz sentir que falta integração e dialogo

entre as classes profissionais responsáveis pela produção. “Nesta posição intermediária sinto que tenho a plena convicção que, reali-zando o link entre os poderes constituídos e os profissionais, posso ajudar minha classe”.

Develey encara os desafios com um olhar positivo, já que devemos aprender diaria-mente em um processo contínuo de evolu-ção. Requer paciência, flexibilidade, saber ouvir, e principalmente, muita humildade para confessar que ainda não sabe. “Mas, ter a vontade férrea de ir atrás e conseguir, cor-rigir as faltas, afinal, aprendemos fazendo, ouvindo pessoas com mais conhecimento, e se aperfeiçoando”.

Vindo de uma geração que se orgulhava de não tirar férias, agora, com mais experiência, reconhece que o laser é fundamental. E que é preciso realizar com intensidade todas as atividades da vida. “Como amo o que faço, quando trabalho, me divirto. Quando vendia produtos, conseguir um pedido era mera con-sequência - embora alguns considerem que o fechamento da venda seja o sucesso -, mas o que me deixava realmente satisfeito era a ava-liação de como tinha conduzido o processo”.

Até hoje Develey se fascina pelo plane-jamento, a estratégia, o envolvimento de várias áreas, a coordenação dos artífices.

alexandre develey

E afirma que seu último sonho - não o derradeiro - é de produzir um livro sobre a memória da veterinária paulista. “São me-ses de intensa atenção, mas a cada página produzida uma sensação de plenitude me invade. Haja coração e a equipe é boa”.

Mas, as ações não param por aí, atual-mente ele gere dois novos projetos “apai-xonantes”. Junto com especialistas e uma universidade, o médico veterinário está desenvolvendo um curso internacional de pós-graduação sobre comportamento animal, “Relação Homem-Animal”, além da confecção de uma cartilha para os novos profissionais sobre direitos e deveres do médico veterinário.

Quando o assunto é a carreira, Develey se mostra humilde, lembrando seus passos com orgulho, seja das realizações que o for-tificaram ou da boa gestão vivida nas várias empresas pelas quais passou. A lembrança do reconhecimento da classe ao elegê-lo como presidente da SPMV, e mais tarde, como interventor e conselheiro suplente do CRMV-SP, entre outras. “Tenho certeza de que honrei meu diploma e lutei pela melhora da classe. Adoro a frase do Guimarães Rosa: ‘A saída e a chegada não são importantes, o que importa é a travessia’”, finaliza. ◘

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