Uma Ideia Fundamental Da Fenomenologia de Husserl - A Intencionalidade

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O intento de Sartre no artigo, é discorrer brevemente sobre o conceito de intencionalidade de Husserl, o qual ele considera fundamental para entender a sua filosofia. Depois de 100 anos de academia, os franceses ainda acreditam que o conhecimento se compara a digestão. Compreendem o conhecimento como a dissolução das coisas na consciência. O que tornaria a consciência como uma espécie de gaveta ou baú, onde são guardados a árvore e os pássaros que vemos pela manhã. Entretanto, Husserl não cansa de afirmar que é impossível dissolver as coisas na consciência. Quando vemos uma árvore ou os pássaros que nela estão empoleirados, os vemos no lugar exato em que estão; eles não são assimilados por uma consciência, que faz da árvore seu conteúdo. É impossível que a árvore entre na minha consciência, pois a árvore e a consciência não são da mesma natureza. Husserl vê a consciência como um se manifestar rumo a. “A consciência é pura, ela é clara como um grande vento, não há nada nela, salvo um movimento para fugir de si, um deslizamento para fora de si”. É esta renuncia em ser substância que a constitui como consciência. A consciência possui a necessidade de existir como consciência de alguma coisa que ela não é. Seguindo este pensamento, podemos dizer que existem infinitas possibilidades de minha consciência manifestar-se diante de uma árvore. Não é a árvore que possui a qualidade de bonita, mas somos sós que a fazemos bonita. “E esta ultrapassagem da consciência em relação à ela mesma, que nomeamos de intencionalidade.” Se a consciência é somente um “vento” que se direciona para fora, podemos finalizar com Sartre dizendo que, “tudo está fora, tudo, até nós mesmos: fora, no mundo, entre os outros. Não é em não sei qual retiro que nós nos descobriremos: é na estrada, nas cidades, no meio da multidão, coisa entre as coisas, homem entre os homens.”

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O intento de Sartre no artigo, é discorrer brevemente sobre o conceito de intencionalidade de Husserl, o qual ele considera fundamental para entender a sua filosofia.

Depois de 100 anos de academia, os franceses ainda acreditam que o conhecimento se compara a digestão. Compreendem o conhecimento como a dissolução das coisas na consciência. O que tornaria a consciência como uma espécie de gaveta ou baú, onde são guardados a árvore e os pássaros que vemos pela manhã.

Entretanto, Husserl não cansa de afirmar que é impossível dissolver as coisas na consciência. Quando vemos uma árvore ou os pássaros que nela estão empoleirados, os vemos no lugar exato em que estão; eles não são assimilados por uma consciência, que faz da árvore seu conteúdo. É impossível que a árvore entre na minha consciência, pois a árvore e a consciência não são da mesma natureza. Husserl vê a consciência como um se manifestar rumo a. “A consciência é pura, ela é clara como um grande vento, não há nada nela, salvo um movimento para fugir de si, um deslizamento para fora de si”. É esta renuncia em ser substância que a constitui como consciência.

A consciência possui a necessidade de existir como consciência de alguma coisa que ela não é. Seguindo este pensamento, podemos dizer que existem infinitas possibilidades de minha consciência manifestar-se diante de uma árvore. Não é a árvore que possui a qualidade de bonita, mas somos sós que a fazemos bonita. “E esta ultrapassagem da consciência em relação à ela mesma, que nomeamos de intencionalidade.”

Se a consciência é somente um “vento” que se direciona para fora, podemos finalizar com Sartre dizendo que, “tudo está fora, tudo, até nós mesmos: fora, no mundo, entre os outros. Não é em não sei qual retiro que nós nos descobriremos: é na estrada, nas cidades, no meio da multidão, coisa entre as coisas, homem entre os homens.”