UMA DEFINIÇÃO GUARDADA A OITO CHAVES

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___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., João Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 105 UMA DEFINIÇÃO GUARDADA A OITO CHAVES: CONCEITOS, CONSIDERAÇÕES E APONTAMENTOS BIBLIOGRÁFICOS SOBRE CRIATIVIDADE 1 Cristiano Max Pereira Pinheiro 2 Mauricio Barth 3 RESUMO: O texto apresenta conceitos, considerações e apontamentos acerca da criatividade, propondo, desta forma, uma reflexão sobre a mesma. Utilizam-se, para isto, autores como Amabile (1998), Eysenck (1999), Guilford (1987), Mednick (1962), Sternberg (2006), Torrance (1972) e Vygotsky (1987), entre outros. Ao fim do trabalho, constata-se que, embora exista um variado leque de conceitualizações, não se tem, ainda, uma teoria definitiva e absoluta e, segundo apontam os autores analisados, o sentido de criatividade permanecerá assim por um longo período. Palavras-chave: Pesquisa Bibliográfica. Criatividade. Conceitos. ABSTRACT: The text presents concepts, considerations and notes about creativity, proposing thus a reflection on it. Use is made for this, as the authors Amabile (1998), Eysenck (1999), Guilford (1987) Mednick (1962), Sternberg (2006), Torrance (1972) and Vygotsky (1987), among others. After work, it appears that while there is a wide range of conceptualizations, has not yet been a final and absolute theory and, according to the authors point out analyzed, the sense of creativity remain so for a long period. Keywords: Bibliographic Search. Creativity. Concepts. 1 INTRODUÇÃO Creditada por alguns como algo divino e entregue a apenas poucos mortais, a criatividade habita o imaginário do ser humano. Conforme Boden (1994), há quem pense que os deuses do Olimpo, em um ato de seleção, escolhem um entre milhares e o presenteiam com o dom da habilidade criativa; e aqueles que não tiveram tamanha sorte, são fadados a carregar eternamente o peso de não terem sido contemplados. Alguns filósofos do início do século XX acreditavam que a criatividade era uma manifestação divina, em que o indivíduo considerado criativo era um vaso vazio onde um ser milagroso o encheria de inspiração (STERNBERG; 1 Trabalho desenvolvido no Grupo de Pesquisa “Universidade Criativa: o papel das IES como território de desenvolvimento da Indústria Criativa no Rio Grande do Sul”, financiado pelo CNPq. 2 Doutor em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil. Coordenador do Laboratório de Criatividade e Professor do Mestrado em Indústria Criativa da Universidade Feevale. 3 Mestre em Indústria Criativa pela Universidade de Feevale. Professor nos cursos de Publicidade, Produção de Áudio e Vídeo e Comunicação Visual da Universidade Feevale.

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Criatividade

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___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 105 UMA DEFINIO GUARDADA A OITO CHAVES: CONCEITOS, CONSIDERAES E APONTAMENTOS BIBLIOGRFICOS SOBRE CRIATIVIDADE1 Cristiano Max Pereira Pinheiro2 Mauricio Barth3 RESUMO: O texto apresenta conceitos, consideraes e apontamentos acerca da criatividade, propondo, destaforma,umareflexosobreamesma.Utilizam-se,paraisto,autorescomoAmabile (1998), Eysenck (1999), Guilford (1987), Mednick (1962), Sternberg (2006), Torrance (1972) eVygotsky(1987),entreoutros.Aofimdotrabalho,constata-seque,emboraexistaum variadolequedeconceitualizaes,nosetem,ainda,umateoriadefinitivaeabsolutae, segundo apontam os autores analisados, o sentido de criatividade permanecer assim porum longo perodo. Palavras-chave: Pesquisa Bibliogrfica. Criatividade. Conceitos. ABSTRACT: Thetextpresentsconcepts,considerationsandnotesaboutcreativity,proposingthusa reflection on it. Use is made for this, as the authors Amabile (1998), Eysenck (1999), Guilford (1987)Mednick(1962),Sternberg(2006),Torrance(1972)andVygotsky(1987),among others.Afterwork,itappearsthatwhilethereisawiderangeofconceptualizations,hasnot yetbeenafinalandabsolutetheoryand,accordingtotheauthorspointoutanalyzed,the sense of creativity remain so for a long period. Keywords: Bibliographic Search. Creativity. Concepts.1 INTRODUOCreditadaporalgunscomoalgodivinoeentregueaapenaspoucosmortais,a criatividade habita o imaginrio do ser humano. Conforme Boden (1994), h quem pense que os deuses do Olimpo, em um ato de seleo, escolhem um entre milhares e o presenteiam com o dom da habilidade criativa; e aqueles que no tiveram tamanha sorte, so fadados a carregar eternamente o peso de no terem sido contemplados. Alguns filsofos do incio do sculo XX acreditavam que a criatividade era uma manifestao divina, em que o indivduo considerado criativoeraumvasovazioondeumsermilagrosooencheriadeinspirao(STERNBERG;

1 TrabalhodesenvolvidonoGrupodePesquisaUniversidadeCriativa:opapeldasIEScomoterritriode desenvolvimento da Indstria Criativa no Rio Grande do Sul, financiado pelo CNPq. 2 DoutoremComunicaoSocialpelaPontifciaUniversidadeCatlicadoRioGrandedoSul,Brasil. CoordenadordoLaboratriodeCriatividadeeProfessordoMestradoemIndstriaCriativadaUniversidade Feevale. 3 Mestre em Indstria Criativapela Universidade de Feevale. Professor nos cursos de Publicidade, Produo de udio e Vdeo e Comunicao Visual da Universidade Feevale. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 106 LUBART,1999).ParaSimonton(2000,p.152),frequentemente,oatocriativoretratado comoummisteriosoeatmesmomsticoprocesso,maissemelhanteainspiraodivinado que ao pensamento mundano.4 Tal afirmao desconstruda por Rocha (2009), que defende que todos podem ser criativos, pois, desde os primrdios, os homens j vem demostrando sua essnciainventiva,buscandocriarmaneirasdeenfrentarasadversidadesimpostaspelo ambienteemquevivem.Aautoraexemplificaqueohomem,utilizandoelementosda natureza,criouinstrumentosdedefesacomoomachadoemqueamarrouumapedraaum galho de rvores com cips e a roda para ajud-lo a se locomover com mais rapidez , at chegaraosmodernosmsseisqueajustamseuprpriorumoemdireoaosalvoseaos avies supersnicos dos dias atuais. Alencar(1995)mencionaqueh,tambm,quemacrediteque,emsetratandode criatividade,tudoumaquestodeoitoouoitenta:ouvoccriativoouno.Inexiste, porexemplo,apossibilidadededesenvolver-seenquantosercriador.ParaCleggeBirch (2000),acriatividadehabitacadaserhumano,ecabeaeleencontraramelhorformade explor-laedesenvolv-la.Segundoosautores,oserhumanotem,inclusive,muitomais criatividade dentro de si do que realmente usa. Howkins(2005)citaquefrequente,tambm,acrenadequeacriatividadesurge atravsdeumlampejodeinspirao;emoutraspalavras,bastaaocriativoreclinar-sena poltronadosofpois,deformasbita,aideiaqueresolvetodasasquestessurgir,semo mnimo esforo. Afirmativa, esta, desmistificada por Mirshawka e Mirshawka Jr. (2003), que argumentam que a criatividade surge de um processo contnuo e envolto em diversas etapas e fases (a seo 2.2 Processo Criativo discutir, com mais afinco, este tema). DeMasi(2005)mencionaque,emalgumasdiscussessobreotema,predomina, ainda,aassociaodacriatividadeedaloucuracomoparceirasinseparveis.Autorescomo WittyeLehman(1965)defendemestaposio,argumentandoqueconflitosinconscientes, beirandoainsanidade,podempossuirfatoresdecisivosnoprocessodecriao.Contudo, Gigliorebatetalafirmao,arguindoquenopossvelcomprovar[...]queloucurae genialidade estejam necessariamente vinculadas. O gnio pode ser tal, apesar de sua loucura; entretanto, sem ela, muito mais criativo (1992, p. 35).

4 Traduo dos autores para The creative act is often portrayed as a mysterious and even mystical process, more akin to divine inspiration than to mundane thought. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 107 Destarte,asubseoseguintebusca,sobdiversosolhares,discutiraconceituaodo termo criatividade.2 PROPOSTAS PARA UM QUEBRA-CABEA CONCEITUAL: O QUE , MESMO, CRIATIVIDADE?Aperguntaquenomeiaestasubseotalvezseja,dentretodas,ademaisdifcil resposta.Nohumconsensoentreosautoresdarea;tampoucoumaconcordnciaa respeitodasfasesqueabarcamoprocessocriativo.Ofatoqueotemaenvoltode incgnitase,talvezporisso,sejatofascinante.Acriatividadeumquebra-cabeas,um paradoxo e, para alguns, um mistrio5 (BODEN, 1994, p. 81).Vygotsky(1987,p.5)conceituaaatividadecriadoracomoalgocapazdegeraro novo, sendo visto aos olhos do mundo exterior. Contudo, para o autor, a criatividade pode estar,tambm,emumpensamentointernodoserhumano,semque,necessariamente,essa ideiasejaexternalizadaesepropaguecomo,porexemplo,umproduto. Oatocriativopode, portanto,seralgointrapessoal.Avisodoautorcontrasta,attulodeexemplo,comade profissionaisdoMarketingedaAdministraoquearguemqueumaideia,paraser consideradaboaeinovadora,deve,necessariamente,gerarumproduto,queseraladoaos mercadose,posteriormente,renderaltosdividendosaempresadetentoradeseusdireitos pelo menos at que algum o repita (CHIAVENATO, 2002; KOTLER, 2004).Reconhecendo a abrangncia do termo criatividade, Clegg e Birch (2000) dividem-no emtrstipos.Emumprimeiromomento,osautoresdissertamsobreacriatividadeartstica, referindo-seaosprodutoscriadosporartistas,comoumacano,umquadroouuma escultura.Nasequncia,osautoresmencionamacriatividadedadescobertaque,nestecaso, refere-seaalgocriadocomnovidadeextrema,oque,nasteoriasadministrativas,chama-se inovao radical (JONASH, 2001; CASTIAUX, 2007; GREEN; CLULEY, 2014). Por fim, os autoresmencionamtambmacriatividadehumorsticapor,justamente,perceberemalgo diferentementeincrvelnohumore,porisso,oconsideramessencialparaareacriativa. Existe algo de especial sobre o humor, porque envolve ver o mundo de um prisma diferente, e isso essencial para a criatividade (CLEGG; BIRCH, 2000, p. 6)

5 Traduo dos autores para Creativity is a puzzle, a paradox, some say a mystery. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 108 Figura 1 Criatividade, por Clegg e Birch (2000) Fonte: Elaborado pelos autores Alencar(1995)vnacriatividadeelementosnotadamentepsicolgicos.Segundoa autora, o ato de criar mostra-se como um fenmeno multifacetado, o qual mistura elementos referentes pessoa (personalidade e pensamento) e ao ambiente (clima psicolgico, valores e normasdaculturaeoportunidadesparaexpressodenovasideias).Corroborandocoma autora,Florida(2011)defende,tambm,queacriatividademultifacetadae multidimensional,assimcomoessencialparaosdiasdehoje.Oautordiscursa,ainda,em discordnciaVygotsky(1987),defendendoqueoatocriativo,necessariamente,social,e no, apenas, individual. Amabile(1998)ressaltaque,emmaisdeduasdcadasatuandoeminmeras empresas,percebeuacriatividade,commaisfrequncia,serdestruda,aoinvsdeser estimulada. Para a autora, o sistema empresarial contribui para isso, atravs de suas metas de produtividade e princpios de gesto, que parecem frear o potencial criativo dos funcionrios. Obviamente, as organizaes atuais possuem objetivos e escopos, porm, no devem basear-se, nica e exclusivamente, neles: [...] no se pode esperar que os gerentes ignorem as metas empresariais,claro.Mas,trabalhandonadireodessasmetas,elespodemestar, inadvertidamente,gerenciandoorganizaesque,sistematicamente,esmagama CRIATIVIDADE Criatividade Artstica Criatividade HumorsticaCriatividade da Descoberta ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 109 criatividade6.Aautora,ainda,destacatrselementoscomoitensbasilaresnacriatividade: expertise, raciocnio criativo e motivao.Aomencionaraexpertise,Amabile(1998)refere-seatodoconhecimentoqueuma pessoa possui e que pode ser usado no trabalho. Trata-se da experincia adquirida e possibilita aresoluodosproblemasdeformamaisrpidaeeficaz.Umadasfbulasdedomnio pblico que cercam a criao publicitria diz respeito a um redator de cabelos brancos e idade avanada que, em meio aos jovens de uma agncia de propaganda, demonstrou a fora que a expertisepossui.Aoserapresentadoaumbriefingquesolicitavaumafrasecurtae impactante,opublicitrio,emmenosdecincominutos,apresentousuaversodotextoque, prontamente,foiaprovadopelosgestoresdaempresa.Impressionadoscomagenialidadedo idoso,osjovensoquestionaramsobrearapidezcomqueeleatingiraopropsito.Como criastealgotobomemapenascincominutos?interrogaram.Comumtomcalmo,porm, confiante,oredatorpublicitriorespondeu:Naverdade,nocrieisomentenessetempo. Foram cinco minutos somados a cinquenta anos de experincia.7 Raciocniocriativo,paraAmabile(1998),versasobreamaneiradeabordaros problemaseacapacidadedejuntarideiasexistentesemnovascombinaes.um determinante do quo flexveis e imaginativas as pessoas podem ser durante a abordagem de umasituao-problema.Osatores,attulodeexemplo,quandoprecisammoldarumnovo personagemnocinemaounateleviso,realizamumlaboratrioparainteirar-sedas caractersticasepeculiaridadesquecercamaquelepapel.Hcasos,inclusive,quea transformao fsica: Matthew McConaughey, gal conhecido pelas comdias romnticas ao ladodeatrizescomoJenniferLopez,SarahJessicaParkereKateHudson,perdeu19quilos paraatuarnofilmeClubedeComprasDallas,de2013.8 Atransformao,necessriapara interpretar um cowboy texano diagnosticado com o vrus da aids, foi recompensada: o papel lhe rendeu o Oscar de melhor ator.9

6 TraduodosautoresparaManagerscannotbeexpectedtoignorebusinessimperatives,ofcourse.Butin working toward theseimperatives,theymay beinadvertently designing organizations that systematically crush creativity. 7 BRAINSTORM9.Braincast83Profisso:Redator.Disponvelem:. Acesso em: 01 fev. 2015.8 Disponvelem:. Acesso em: 01 fev. 2015. 9Disponvelem:. Acesso em: 01 fev. 2015. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 110 Ainda,aautoradestacaofatormotivacional,dividindo-oemdoiselementos:(a) motivaoextrnsecae(b)motivaointrnseca.Aprimeira,refere-sequeleestmulo originado da necessidade do fazer, ou seja, o indivduo, por inmeros motivos, no gostaria de realizar determinado ato, contudo, dada a sua necessidade, o faz. Como exemplo, podemos citarumguitarristadejazzeblues,quevnestesestilosmusicaisasuaautorrealizaoeo prazerenquantoinstrumentista.Entretanto,estemesmoprofissional,dadaabaixa receptividadedograndepblicoque,normalmente,prefereartistasdegnerosmainstream, obriga-se a tocar outros estilos musicais, ditos da cultura pop ou de baixo valor tcnico. Nesse caso,amotivaoextrnsecapassaaserodinheiroqueomesmoreceberenquantomsico contratadodeumaoumaisbandas,deixandode ladooseugostopessoaleatuando,nicae exclusivamente, pelo retorno monetrio de tal atividade. Por outro lado, a motivao intrnseca atua no caminho oposto. Dando continuidade ao exemplocitadoanteriormente,ilustra-seoinstrumentistaque,mesmonorecebendoaltos valoresmonetrios,fazquestodetocaraquiloquerealmentegostaenquantoprodutorde msica. Demais exemplos podem ser citados, principalmente no campo esportivo; casos como odojogadorGerard,doLiverpooldaInglaterra,delineiamaquesto.Oatletadedicouboa partedesuacarreiranoesporteaoclube,recusandoofertasmilionriasdeoutrostimespor julgarqueoclubeinglsasuaverdadeiracasa.10 NoBrasil,umconhecidoexemploo goleiro Rogrio Ceni que, mesmo com 42 anos (uma idade consideradaalta para os padres dofutebolmoderno),fazquestodeprestarseusserviosaoSoPauloFutebolClube,time que defende h mais de 20 anos.11 Embora bem remunerado no clube, o jogador, assim como Gerard, j recebeu inmeras propostas financeiramente vantajosas e, por carinho ao time que oconsagrou,manteve-sefiel.Afiguraaseguirobjetiva,graficamente,demonstrarateoria proposta por Amabile (1998).

10 Disponvelem:.Acessoem:01fev. 2015. 11 Disponvel em: . Acesso em: 01 fev. 2015. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 111 Figura 2 Criatividade, por Amabile (1998) Fonte: Elaborado pelos autores Eysenck(1999)destacaacriatividadecomoauniodetrsvariveis:cognitivas, ambientaisedepersonalidade.Comovariveiscognitivas,oautoridentificafatorescomo inteligncia,conhecimento,habilidadestcnicasetalentosespeciais.Quantoaosaspectos ambientais, Eysenck cita fatores poltico-religiosos, fatores culturais, fatores socioeconmicos efatoreseducacionais.Ainda,diantedasvariantesdepersonalidade,sodiagnosticadasa motivao interna, a confiana, o no-conformismo e os traos que predispem a criatividade em cada sujeito. Importante ressaltar que, para o autor, embora o indivduo possua traos que direcionamcriatividade,semosdemaiselementosele,nonecessariamente,serum criativo.Omodelosugerido,admiteoautor,concordaemmuitosaspectoscomuma abordagemgenricasimilarpropostaporAmabile(1999,p.212).Aseguir,representa-se, graficamente, a proposio de Eysenck (1999). CRIATIVIDADE Motivao Extrnseca / Instrnseca Pensamento Criativo Expertise ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 112 Figura 3 Criatividade, por Eysenck (1999) Fonte: Elaborado pelos autores Guilford(1987)aponta,emsuadefiniodecriatividade,aspectosrelativoss caractersticashumanas,demonstrandoquecertosindivduospossuemumapredisposio maioraoatocriativo.Paraoautor,dosandoseustraosmotivacionaisetemperamentais,o sujeito ter condies de apresentar um comportamento criativo a um grau notvel (1987, p. 33).Diferentementedediversosoutros(ALENCAR,1995;AMABILE,1998;CLEGG; BIRCH, 2000), este autor abordaa criatividadecomo algo predisposto em cada ser humano, como se a mesma estivesse no DNA do indivduo. Um criativo possui, ento, traos que so caratersticos de pessoas criativas (1987, p. 34). McCrae (1987), abordando a criatividade sob aspectos cognitivos, menciona a dvida sobreasuaorigemnocrebrohumano.Elapodeserconsideradapartedaintelignciageral ou uma habilidade totalmente independente? Para o autor, os estudos que envolvem area aindanosoconclusivosequalquerjulgamento,pelomenosnessemomento,podeser precipitado. O fato que, independente do nascedouro da criatividade em nosso crebro, ela cercada de incgnitas e, por isso, demonstra-se to fascinante e admirvel (AMABILE, 1998). McCrae,noentanto,afirmaquehevidnciasconsiderveisdequeacriatividadeest fortementeassociadainteligncia,sendoqueindivduosaltamentecriativos,emgeral, recebem altas notas quando sua inteligncia medida (1987, p. 1258). Criatividade como realizao Variveis cognitivas Inteligncia Conhecimento Habilidade tcnicas Talentos especiais Variveis ambientais Fatores poltico-religiosos Fatores culturais Fatores socioeconmicos Fatores educacionais Variveis de personalidade Motivao interna Confiana No-conformismo Traos de criatividade ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 113 Mednick (1962), por sua vez, ressalta que a criatividade a juno de elementos, que associados,produzemumaideia.Attulodeexemplo,podemoscitarosetorcriativo denominadoDesignGrfico:aocriarumanncioderevista,oartista,normalmente,une elementos j vistos por ele em outras peas. Essa unio que, frequentemente, no proposital (excluem-se,aqui,osplgios),gera,assim,umnovolayoutque,atmesmo,servirde referncia para a criao de outro artista em outro momento. Esse processo, dentro da criao grficae/oupublicitriaconsideradonormal;nosevessaassociaodeideiaseque gera uma nova ideia como algo irregular, que burla a tica da profisso. Inclusive, os alunos soincentivadosnosprprioscursossuperioresabuscarfontesdereferncia,pois,dessa forma,alimentamasuaexpertisee,posteriormente,tornam-semaisaptosadesenvolverum estilo prprio. Woodman, Sawyer eGriffin (1993) percebem a criatividade como algo valioso e til e,assimcomoAlencar(1995)eFlorida(2011),aveemcomoumprocessocoletivo,com indivduos que trabalham juntos em um sistema social complexo. Os autores tratam, tambm, dediferenciarosconceitosdecriatividadeeinovaoque,segundoosmesmos,sotermos, corriqueiramente,confundidos.Paraeles,acriatividadeumprocessoanteriorinovao: [...]acriatividadepodeproduzirumnovoproduto,servio,ideiaouprocesso[...] implementado atravs da inovao12 (1993, p. 293). Corroborando com a necessidade dessa diferenciaoentreostermos,Burnside,AmabileeGryskiewicz(1988)tambmdiscutema questo, apontando que criatividade a produo de novas ideias que so teis, enquanto que inovaoaimplementaoexitosadessasnovas(eteis)ideias.Percebe-se,atravsda exposio dos autores, que a criatividade vista como algo que pode possibilitar a inovao, ouseja,nobasta,apenas,quesetenhaalgumgraudenovidadeevalornoquesecunhou, mas, tambm, h a necessidade de implantao dessa nova ideia. Perry-Smith e Shalley (2003) veem na criatividade a necessidade de empregabilidade damesmanomercadodetrabalho.Nadefiniodosautores,oatocriativodeveenvolver estratgiasinventivasdenegcios,soluesinovadorasparaproblemasempresariaisou mudanas diferentes para os processos. Contudo, ressaltam os autores, as noes de novidade esingularidadesoimportantesedevemseravaliadasdentrodeumcontextotemporal,ou seja,umaideiasrealmenteboaseatenderaosobjetivosdaqueleperodoespecifico.De

12 Traduodosautorespara[]creativitymayproducethenewproduct,service,idea,orprocess[] implemented through innovation. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 114 nadaadianta,porexemplo,aempresaXelaborarumpoderosotocadordefitasK-7nos anos2000se,nestemomento,essetipodemdiaestobsoletaecondenadaavirarpeade museu;ou,ainda,aempresaYdesenvolverumabelaTVdetubo,comdesignarrojadoe inovador, sendo que o pblico quer televisores LCD e LED, mais modernos e baratos. Sternberg(2006)apontaqueacriatividadedemandadeseisfatoresdistintos, entretanto,extremamenteligadosentresi.Inicialmente,oautorressaltaacapacidade intelectual, que cercada de trs importantes particularidades. So elas: 1.Acapacidadededetectarproblemase,apartirdeles,fugirdoslimitesdos pensamentos convencionais; 2.Acapacidadeanalticaparareconhecerquaisideiassoeficientesevalemo investimento; 3.Acapacidadeverbaldeconvenceraquelesquefazempartedoprocesso, vendendo de maneira eficaz a sua ideia e, partir da, agregar seguidores a sua proposta. Na sequncia, o autor menciona o conhecimento como recurso. preciso conhecer de formaamplaocampoondesepretendeatuar,pois,sassim,serpossvelmov-lopara frente.Noentanto,oconhecimentodemasiadosobredeterminadocampopoderesultarem umaperspectivafechadaeentranhada,comoumcavalocomviseiras,quelimita-seaver somente aquilo que est a sua frente. O conhecimento pode, alerta o autor, ajudar ou matar a criatividade. Dando continuidade, Sternberg (2006) ressalta os estilos de pensamento, como formas de utilizar as habilidades de cada um. Em essncia, eles so decises sobre como implantar as habilidadesdisponveisdecadapessoa.Ocriativodeve,dessaforma,conhecerseuspontos fortesefracosparaque,detalmodo,consigaexerceraplenitudedoseupapelenquantoser criador. Um importante passo para obter o sucesso professional , justamente, compreender-se enquantoespecialista,distinguindoaflorestadasrvoresereconhecendo,assim,quais questes so importantes e quais no so (2006, p. 89).13 Emseguida,oautormencionaaspectosdapersonalidadecomoimportantesatributos para o pensamento criativo. Esses predicados incluem mas no esto limitados a , vontade desuperarosobstculos,disposioparaassumirriscoscalculados,disponibilidadepara suportar ambiguidades e auto-eficcia. Em suma, o criativo o sujeito que tem a caracterstica

13 Traduodosautorespara[]distinguishingtheforestfromthetreesandtherebyrecognizingwhich questions are important and which ones are not. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 115 deremarcontraamarecaracterizar-secomoumprofissionalsemfronteiras (BRIDGSTOCK,2011).Muitasvezesaspessoascriativasprocuramoposio (STERNBERG, 2006, p. 89). Ainda,amotivaogrifadaporSternberg(2006)comoalgofundamentalparaa criatividade.Oautorressaltaamotivaointrnseca(AMABILE,1998),argumentandoque, dificilmente,algumfarumtrabalhoverdadeiramentecriativosenofizeraquiloqueama, mesmoqueasrecompensasfinanceirassejamaltas.Inclusive,notvelofatoquedequea motivao algo inerente ao ser humano; no h possiblidade de apertar uma tecla e, a partir disto,motivar-se:ouseestounoestmotivado.Oautor,contudo,ressaltaque determinadosprofissionais,dadaanecessidadefinanceiraderealizaremalgunstrabalhos, buscam encontrar pontos positivos no que esto fazendo, para, assim, encontrar a motivao. H,ainda,casosemque,noencontrandoessespontoscapazesdegerarfatores motivacionais,determinadosprofissionaisburlamoseucrebroeenxergamcoisas positivas onde no h, apenas para que, dessa forma, consigam realizar as atividades que lhe so entregues; e o fazem isso, nica e exclusivamente, pelo retorno financeiro. Porfim,evidencia-seoambientequeSternberg(2006),assimcomoFlorida(2011), considera fundamental para o desenvolvimento de um potencial criativo. Para o autor, pode-se tertodososrecursosinternosnecessriosparapensarcriativamente,entretanto,semalgum apoio ambiental, a criatividade que um sujeito possui pode nunca se manifestar. Contudo, faz-seimportanteumaquesto:equandooambientenooportunoaodesenvolvimentoda criatividade, ela no frutificar? O indivduo, portanto, deve decidir como responder em face dosdesafiosambientaisquaseonipresentesqueexistem.Algumaspessoasdeixamasforas desfavorveisdoambientebloque-las;outrasno.14 Afigura,demonstradanasequncia, visa explanar a teoria proposta por Sternberg (2006).

14 TraduodosautoresparaTheindividualthereforemustdecidehowtorespondinthefaceofthenearly omnipresente environmental challenges that exist. Some people let unfavorable forces in the environment block their creative output; others do not. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 116 Figura 4 Criatividade, por Sternberg (2006) Fonte: Elaborado pelos autores Torrance (1972, 1976), em sua definio de criatividade, aborda questes relacionadas buscadehiptesesparaencontrarsolues.Umadascaractersticasdotrabalhocriativo, justamente,aprocuraincessanteporalternativasparasolucionardeterminadasquestes.Na rea publicitria, por exemplo, comum os criativos receberem seus briefings e, a partir da, procurarem as respostas para os problemas dos clientes. Contudo, uma das notrias situaes de quem trabalha neste setor criativo a chamada sndrome do papel em branco15, ou seja, o profissional deve, a partir de um relato feito pelo cliente, desenvolver toda uma campanha publicitria.Paraalguns,esteumperododeangstiaeaflio,afinal,hgrandepresso paraqueaideiasurja;paraoutros,estemomentoencaradocomoumdesafio,ondeo profissional sente-se provocado enquanto criativo. Independente do perfil profissional, cabe a esses criativos formularem hipteses na tentativa de solucionar a questo. Oldham e Cummings (1996) arguem que, para serem considerados criativos, produtos, ideiasouprocedimentosdevem,necessariamente,possuirineditismoouoriginalidade,e demonstrarempotencialrelevantee/outilparaumainstituio.Osautoresdebatem,ainda,

15 PLULASdecafena-Podcast.Comoganhardinheirocomcriatividade.Podcast,edio#1.Disponvel em: . Acesso em: 01 fev. 2015. CRIATIVIDADE Capacidade intelectual Conhecimentos Estilos de pensamento Personalidade MotivaoAmbiente ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 117 queumarecombinaodemateriaisou,inclusive,umaperfeioamentodealgoexistente, caracteriza-se, sim, como algo de propriedades inditas. Esse processo chamado, nas teorias administrativas,deinovaoincremental(ALI,1994;ORIHATA;WATANABE,2000; DORAN; RYAN, 2014).Oliveira,ArajoeSilva(2013)destacamqueascaractersticasdacriatividadeem diferentessegmentosdaatividadehumanapodemserarticuladasemtrsgrandesreas. Inicialmente,osautoresressaltamacriatividadeartstica,expressaatravsdetextos,sonse imagens.LudwigvanBeethoven,mesmosurdo,criouasmaisbelascanesdamsica clssica,baseando-se,apenasnoestudodaspartituras,oqueoalouaostatusdegnio(DE MASI,2005).Taisfeitossforampossveisgraasaopotencialimaginativoeacapacidade degerarideiasoriginaisenovasmaneirasdeinterpretaromundoe,aomesmotempo, reinterpretar-se enquanto msico erudito. Na sequncia, os autores mencionam a criatividade cientfica,conhecidaporestabelecernovasconexesnaresoluodosproblemas.Umbom exemploIsaacNewton,conhecidoporsualeidagravitaouniversal.Ofsico,aonotar uma ma que caa de um pomar, percebeu que a Lua no estava suspensa no cu, e, sim, que caa ininterruptamente, sem atingir o cho devido curvatura da Terra. Newton pensou, desta forma,oqueningum,atento,tinhapensado(SPASSOV;PAVLOVIC,2011).Porfim, Oliveira,ArajoeSilva(2013)apontamacriatividadeeconmica,relacionadaaosaspectos mercadolgicosecomerciais.SteveJobs,grandeexpoentecriativo,caracterizou-sepor revolucionarasempresasporondepassou,desenvolvendoprodutosnotadamentecriativose inovadorese,tambm,comforteapelomercantil.Oscasosmaisconhecidosreferem-seao iPod, iPhone e Ipad, produtos que arrecadam cifras milionrias todos os anos (KOHL, 2010). A figura seguinte objetiva mostrar, de forma ilustrada, a teoria proposta por Oliveira, Arajo e Silva (2013). ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 118 Figura 5 Criatividade, por Oliveira, Arajo e Silva (2013) Fonte: Elaborado pelos autores SegundoRocha(2009),umadascaractersticasdosercriativoumaimensa curiosidadeacercadascoisasqueorodeiam;eaquestopropostaparaestasubseo, seguramente,gerainquietaeseprovocaosinteressadosnoassunto.Noquadroseguinte, sero expostos conceitos, consideraes e apontamentos moldados pelos autores selecionados paracomporumasntesedareaafimdeque,dealgumaforma,sepossaencontraruma definio mais apropriada embora, admite-se, tal objetivo pode parecer ousado demais. Quadro 1 Quadro-sntese Criatividade Autor(es)Conceitos, consideraes e apontamentos Alencar (1995, p. 03) Criatividadeumfenmeno complexo emultifacetado queenvolveuma interao dinmica entre elementos relativos pessoa, como caractersticas depersonalidadeehabilidadesdepensamento,eaoambiente,comoo climapsicolgico, osvaloresenormas daculturaeas oportunidades para expresso de novas ideias. CRIATIVIDADE Criatividade artstica Criatividade econmica Criatividade cientfica ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 119 Autor(es)Conceitos, consideraes e apontamentos Amabile (1998, p. 78) Dentrodecadaindivduo,acriatividadeumafunodetrs componentes:conhecimentos,pensamentocriativoemotivao.Os gestorespodeminfluenciaressescomponentes?Arespostaumenftico sim-paramelhorouparapior-,pormeiodeprticasecondiesde trabalho.16 Clegg e Birch (2000, p. 6) Oproblemacomacriatividadequeumtermoabrangenteparavrias coisas similares. Existe a criatividade artstica a produo de um livro ou quadro,ouacomposiodeumamsicaquedealgumaformaseja original. Existe a criatividade da descoberta, quer seja Arquimedes que sai correndo do seu banho gritando Eureka!, quer sejaum novo conceito de produto.Ehtambmacriatividadehumorstica.Existealgodeespecial sobreohumor,porqueenvolveveromundodeumprismadiferente,e isso essencial para a criatividade. Eysenck (1999, p. 212) Para o autor, criatividade um possvel conjunto de variveis cognitivas, ambientaisedepersonalidadequeprovavelmenteinteragemdeforma multiplicadora para produzir resultados e realizaes criativas. Florida (2011, p. 21-22) Emprimeirolugar,acriatividadeessencialparaamaneiracomo vivemos e trabalhamos hoje e, em vrios sentidos, sempre foi. [...]. Emsegundolugar,acriatividademultifacetadaemultidimensional.Ela no se limita inovao tecnolgica ou a novos modelos de negcios; no algo que pode ser guardado em uma caixa e sacado assim que o indivduo chega ao escritrio. [...]. Porfim,temosoquetalvezsejaaquestomaisimportantenestaeraem ascenso:atensocrnicaentrecriatividadeeorganizao.Oprocesso criativo social, no s individual: logo, requer formas de organizao. Guilford (1987, p. 33) Emumtnuesentido,criatividaderefere-seshabilidadesquesomais caractersticas de pessoas inventivas. As aptides criativas determinam se o indivduo tem o poder de apresentar um comportamento criativo a um grau notvel.Umindivduocomashabilidadesnecessriasvairealmente produzirresultadosdeumanaturezacriativadependendodeseustraos motivacionais e temperamentais.17

Hong Kong Government (2005, p. 26)Criatividade fundamental para a atividade humana. Como a capacidade doncleodahumanidade,temsido,econtinuaaser,onossoativo intangvel para criar algo novo, inovador e valioso.18

16 TraduodosautoresparaWithineveryindividual,creativityisafunctionofthreecomponents:expertise, creative-thinking skills, and motivation. Can managers influence these components? The answer is an emphatic yes-for better or for worse - through workplace practices and conditions. 17 Traduo dos autores para In its narrow sense, creativity refers to the abilities that are most characteristic of creative people. Creative abilities determine whether the individual has the power to exhibit creative behavior to a noteworthy degree. Whether or not the individual who has the requisite abilities will actually produce results of a creative nature will depend upon his motivational and temperamental traits. 18 Traduo dos autores paraCreativity is centraltohuman activity.As acoreability ofmankind, ithas been and continues to be our intangible asset to create something new, innovative and valuable ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 120 Autor(es)Conceitos, consideraes e apontamentos McCrae (1987, p. 1258) Contesta-se,ainda,seacriatividadedeveserconsideradaparteda intelignciageralouumacorrelatadamesmaou,ainda,umahabilidade totalmente independente.19 Mednick (1962, p. 221) Criatividade [] o processo de pensamento criativo como formao de elementosassociativosemnovascombinaesquesatisfazemrequisitos especificados ou so, de alguma forma, teis.20 Oldham e Cummings (1996, p. 608)Definimosperformancescriativascomoprodutos,ideiasou procedimentosquesatisfazemduascondies:(1)elassoinditasou originais e(2) elas so potencialmenterelevantes para, ou teis para, uma organizao.Almdisso,nsconsideramosumproduto,ideia,ou procedimentoinditoseeleenvolverqualquerrecombinaosignificante demateriaisexistentesouumaintroduodemateriaiscompletamente novos.21

Oliveira, Arajo e Silva (2013, p. 9) [...]ascaractersticasdacriatividadeemdiferentessegmentosda atividade humana podem ser articuladas em trs grandes reas, conforme a seguir. 1)Acriatividadeartstica,queenvolveaimaginaoeacapacidadede gerarideiasoriginaisenovasmaneirasdeinterpretaromundo,expressa em texto, som e imagem. 2)Acriatividadecientfica,queenvolvecuriosidadeeumavontadede experimentar e fazer novas conexes em resoluo de problemas. 3)Acriatividadeeconmica,queumprocessodinmicoconducente inovaoemtecnologia,prticasdenegcios,marketing,eest intimamente ligada obteno de vantagens competitivas na economia. Perry-Smith e Shalley (2003, p. 90) Ns definimos criatividade em nvel individual como uma abordagem para o trabalho que leva gerao de novas e adequadas ideias, processos ou solues.22 Sternberg (2006, p. 88) []criatividaderequerumaconflunciadeseisrecursosdistintos, porm,interligados:capacidadeintelectual,conhecimentos,estilosde pensamento, personalidade, motivao e ambiente.23

19 Traduo dos autores para Whether creativity should be considered part of general intelligence or a correlate of it or an entirely independent ability is still disputed. 20 Traduo dos autores para [] the creative thinking process as the forming of associative elements into new combinations which either meet specified requirements or are in some way useful. 21 Traduo dos autores para [...] we defined creative performance as products, ideas, or procedures that satisfy twoconditions:(1)theyarenovelororiginaland(2)theyarepotentiallyrelevantfor,orusefulto,an organization.Further,weconsideraproduct,idea,orprocedurenovelifitinvolveseithersignificant recombination of existing materials or an introduction of completely new materials. 22 TraduodosautoresparaWedefinecreativityatworkanindividual-levelconstructasanapproachto work that leads to the generation of novel and appropriate ideas, processes, or solutions. 23 Traduodosautorespara[]creativityrequiresaconfluenceofsixdistinctbutinterrelatedresources: intellectual abilities, knowledge, styles of thinking, personality, motivation, and environment. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 121 Autor(es)Conceitos, consideraes e apontamentos Torrance (1972, p. 190) Emmeutrabalho,tenhocaracterizadoacriatividadecomoumprocesso natural do ser humano motivado por fortes necessidades humanas.24 Torrance (1976, p. 2) Paraoautor,criatividade[...]oprocessodetornar-sesensvela problemas,deficincias, lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar adificuldade,buscarsolues,formulandohiptesesarespeitodas deficincias;testareretesarestashipteses;e,finalmente,comunicaros resultados. Vygotsky (1987, p. 5) Chamamos atividade criadora a qualquer tipo de atividade do homem que crie algo novo, seja qualquer coisa do mundo exterior, produto da atividade criadora,ouumadeterminadaorganizaodopensamentooudos sentimentos que atue e esteja presente no prprio homem. Woodman, Sawyer e Griffin (1993, p. 293) [...]acriaodeumvaliosoetilnovoproduto,servio,ideia, procedimentoouprocesso,porindivduosquetrabalhamjuntosemum sistema social complexo.25 Fonte: Elaborado pelos autores 3 CONSIDERAES FINAIS fatoque,emboramostre-seumcampodeestudofascinante,acriatividadeno dispe,ainda,deslidaeconsolidadabibliografia(BODEN,1994;ALENCAR;BRUNO-FARIA; FLEITH, 2010; OLIVEIRA; ARAJO; SILVA, 2013). H, sim, muitas teorias que a envolvem,porm,nenhumadelasparecedemonstrardeformadefinitivaessainquietante rea: Muitos estudos, poucas certezas (DE MASI, 2005, p. 24). Um discurso do psiclogo JoyPaulGuilford,em1950,noexatomomentoemqueassumiaagestodaAssociao AmericanadePsicologia,chamouaatenodomundoacadmico:segundoele,haviaum descasopelapesquisasobrecriatividadeporpartedospsiclogosnorte-americanos.Emseu discurso, Guilford afimou que, dos 121 mil ttulos indexados noPsychological Abstracts at aquela data, apenas 186 tinham alguma relao com a rea criativa. Ainda, a fala ressaltou a importnciasocialdacriatividade,especialmentenabuscadenovassoluesparaos problemasenfrentadospelahumanidade.Apartirdaqueladata,areaganhoumais visibilidadeacadmicaepassouaserobjetodediversasinvestigaescientificas (ALENCAR, 1995, 2000).

24 Traduo dos autores para In my work I have characterized creativity as a naturalhuman process motivated by strong human needs. 25 Traduo dos autores para [] is the creation of a valuable, useful new product, service, idea, procedure, or process by individuals working together in a complex social system. ___________________________________________________________________________ Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., Joo Pessoa, v. 10, n. 1, p. 105-125, 2015. 122 Sendo assim, a subseo anterior se props a analisar, de maneira conceitual, aspectos relacionados criatividade. No se tinha como objetivo chegar s ltimas linhas do texto com umarespostaparaaquestopropostainicialmente(oquecriatividade?).Conforme demonstrado, h uma infinidade de conceituaes e julgamentos a respeito do assunto. Alguns mais voltadas a arte, outras ao aspecto mercadolgico e outros, ainda, a uma feio cognitiva. Oquesepodeperceberqueadefiniosemoldadeacordocomareadequemaditou: artistas preferem definircriatividade sob uma perspectiva mais romntica; gestores preferem daraelaumpontodevistacomercial.Ofatoqueosentidodecriatividadepermanece, ainda, obscuro e indefinido e, provavelmente, continuar assim por muito tempo (EYSENCK, 1999; DE MASI, 2005; OLIVEIRA; ARAUJO; SILVA, 2013). REFERNCIAS ALENCAR, E. M. L. S. Criatividade. 2. ed. Braslia, DF: Universidade de Braslia, 1995. ______. O Processo de criatividade. So Paulo, SP: Makron Books, 2000. ______; BRUNO-FARIA, M.; FLEITH, D. S. Medidas de Criatividade - Teoria e Prtica. Porto Alegre: Artmed, 2010. ALI, A. Pioneering Versus Incremental Innovation: Review and Research Propositions. Journal of Product Innovation Management, v. 11, 1994, p. 46-61. AMABILE, T. A. How to kill creativity. Harvard Business Review, September-October, p. 77-87, 1998. BODEN, M. A. What Is Creativity? In: BODEN, Margaret A. (Org). Dimensions of Creativity. 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