UMA DÉCADA PARA NÃO SER...

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CIDADE DO CONHECIMENTO UMA DÉCADA PARA NÃO SER ESQUECIDA

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CIDADE DO CONHECIMENTO

UMA DÉCADA PARA NÃO SER ESQUECIDA

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Copyright © 2020

Prefeitura Municipal de Macaé

Prefeito Aluizio dos Santos Junior

Secretaria Municipal de Educação

Leila de Souza Clemente

Secretaria Adjunta de Educação Básica

Michele C. Macedo

Coordenação Geral da Obra:

Gelda Maria Tavares Rodrigues

Apoio:

Superintendência de Ensino Fundamental e Médio Superintendência de Educação Integrada Superintendência Administrativa Superintendência de Educação Infantil Secretaria Municipal Adjunta de Ensino Superior Secretaria Municipal Adjunta de Qualificação Profissional

Organização da obra:

Coordenadoria de Avaliação Institucional – SEMAEB Superintendência de Educação Infantil

Fotografia:

Rui Porto Filho Ana Chaffin Bruno Campos

Diagramação e Arte Final:

Sandro Josant Ferreira Gutierrez

Revisão:

Daniele Vieira de Moura

Direitos reservados a Prefeitura de MACAÉ

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra

sem consentimento por escrito.

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

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APRESENTAÇÃO

Esta obra, fruto do desejo coletivo daqueles que de alguma forma

participam da construção da Educação Pública de Qualidade em nossa

querida cidade de Macaé, pretende apresentar aos leitores a trajetória

da Educação Pública Municipal, no período de 2009 a 2019, quanto aos

processos pautados na integração e democratização que consolidaram

Macaé como a Cidade do Conhecimento. Uma trajetória vivenciada por

profissionais que fizeram do desafio de democratizar e qualificar o ensino

público, suas verdadeiras bandeiras profissionais.

Após muitos anos dedicados ao ensino público, antes de encerrar minha

carreira profissional pude participar da Coordenação Geral desta obra que

registra os avanços dos últimos 10 anos da Rede Municipal de Ensino de

Macaé.

A obra está dividida em onze artigos que contam e recontam a

história de cada modalidade e segmento de ensino que de alguma forma

contribuíram para que hoje Macaé fosse reconhecida como sendo a cidade

do Conhecimento, do Saber e da Inovação. Na última década, dois prefeitos

estabeleceram a bandeira da Educação como ação estratégica para o

desenvolvimento da cidade. Vários foram os Secretários de Educação que

aceitaram participar e colaborar com essa construção.

Macaé Cidade do Conhecimento: O Processo de Democratização

e Integração da Rede Municipal de Ensino de Macaé: Uma década para

não ser esquecida é resultado de um esforço realizador de profissionais

que acreditam que a participação, a pluralidade, a transparência e o

comprometimento são condições fundamentais para promover a qualidade

da educação, consolidando Macaé como a Cidade do Conhecimento.

A todas e a todos meus sinceros agradecimentos.

Gelda Maria Tavares Rodrigues

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PREFÁCIO

DEMOCRATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Começo esse prefácio recordando o educador Paulo Freire, pensador

reverenciado no Brasil e no mundo pelo seu olhar sensível e aguçado do

processo de aprendizagem, um olhar que vive potencialmente em cada

profissional que acredita no poder transformador que a educação exerce em

nossas vidas e para quem educar é um ato revolucionário.

Registrar aqui a história dos últimos 10 anos da educação de Macaé

envolveu os atores responsáveis pela execução do nosso novo modelo de

educação, que foi baseado na Lei Complementar 111/2008, de 27/12/2008 e

dispõe sobre a reestruturação administrativa do Poder Executivo Municipal

de Macaé. Em um primeiro momento, senti que seria a oportunidade de

fazer uma viagem no tempo com o objetivo de registrar aqui também as

conquistas.

Sempre acreditei na importância do registro da história e na necessidade

de se conhecer os caminhos percorridos para se entender o presente,

assim como acredito na importância do relato dessa trajetória que inclui

profissionais da educação, sociedade civil, universidades e poder público,

em uma união de forças e saberes que permitiu se ver como o processo de

democratização e a integração do sistema de ensino foi um divisor de águas

para os avanços conquistados pela educação municipal.

É necessário enfatizar que sem liberdade de ação, sem uma escuta ativa

dos gestores envolvidos e, especialmente, sem a continuidade dos trabalhos

propostos, esse processo não teria êxito. No nosso país, onde a continuidade

das políticas públicas não é uma prática comum, é importante esse destaque,

para além de questões partidárias.

Estão apresentadas aqui as ações implementadas em um exercício

constante de autonomia e solidariedade. Nesse sentido, esse livro é também

uma possibilidade para que todos os que colaboraram nesse novo modelo

de gestão sintam-se autores das inovações que ousamos realizar.

Mais do que enfatizar ou destacar algumas ações, já que estão todas

bem documentadas aqui, acredito que um outro legado, para além das

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experiências concretas, está em comprovar que a força da união modifica

a realidade e que o exercício da democracia é um processo em constante

aperfeiçoamento, e não um fim.

É com muito orgulho, e prazer, que escrevo esse prefácio, desejando

que essa experiência seja inspiradora a quem entrar em contato com ela.

E com a certeza de que esse processo vai continuar se desenvolvendo e

aprimorando e consolidando cada vez mais Macaé como a Cidade do Saber

e do Conhecimento.

Marilena Garcia

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Sumário

INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9

POR QUE MACAÉ É HOJE A CIDADE DO CONHECIMENTO? .......................9

I - AFINAL, COMO SE DEU O PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE MACAÉ A PARTIR DE 2009? ........... 21

II - EM BUSCA DE RESULTADOS: GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS

NO SERVIÇO PÚBLICO DE ENSINO DE MACAÉ .................................. 31

III - SOBRE REALIDADES E DESEJOS: A GESTÃO DEMOCRÁTICA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................................................... 41

Conquistas e desafios: a construção da gestão democrática ............................. 43

Democracia e conhecimento: a formação dos profissionais de educação

infantil ............................................................................................................ 48

IV - ENSINO FUNDAMENTAL: TECENDO A ESCOLA PÚBLICA QUE

QUEREMOS ...................................................................................... 57

V - OS JOVENS E A EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: AS EXPERIÊNCIAS DE

SUCESSO DO ENSINO MÉDIO NO MUNICÍPIO DE MACAÉ ................ 73

VI - EDUCAÇÃO INTEGRADA: UMA CIDADE DO CONHECIMENTO

PARA TODOS E TODAS...................................................................... 83

Introdução ...................................................................................................... 83

A multiplicidade de uma Superintendência ..................................................... 85

A Superintendência e a articulação de suas ações ............................................ 87

VII - PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E SUA

IMPORTÂNCIA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE MACAÉ .......... 111

VIII - ESPAÇO FÍSICO DAS ESCOLAS E A APRENDIZAGEM: AVANÇOS

NA ADEQUAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO ESCOLAR EM MACAÉ ............ 119

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X FORMAÇÃO CONTINUADA: PÁGINAS DE SUCESSO NA REDE

MUNICIPAL DE ENSINO DE MACAÉ ................................................ 127

XI - QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL COMO POLÍTICA PÚBLICA DE

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ............................................................ 133

A história do centro de educação tecnológica e profissional de Macaé ........... 133

XII - EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONQUISTAS E DESAFIOS NA CIDADE

DO CONHECIMENTO ..................................................................... 143

Das Conquistas: Sonhos, parcerias e realizações ............................................ 143

Dos Desafios: Planejamento, trabalho e perspectivas ..................................... 146

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INTRODUÇÃO

POR QUE MACAÉ É HOJE A CIDADE DO

CONHECIMENTO?

Roberio Fernandes Dias1 Maria Amélia Gonçalves2

Passaram por merecimento, estudaram nas horas extras

e fizeram excelentes provas. Nenhuma foi reprovada.

Graças a Deus!

Carolina Sodré Garcia3

Começou ainda nas décadas de 1970-80, o grande movimento de

profissionais da Educação na busca de direitos, visando “participação,

democratização, valorização do trabalho, capacitação profissional e

autonomia da escola, os educadores se organizaram para provocar mudanças

educacionais e sociais no Brasil” (ZIENTARSKI & PEREIRA, 2009, p. 159).

Muitos professores macaenses se fizeram presentes nessa luta,

formando a consciência “de que a escola não se explica por ela própria

e sim pela relação política que mantém com a sociedade” colocando na

“administração educacional, partidos e homens compromissados com os

objetivos da escola popular e libertadora” (NOSELLA, 2005, p.223-38). Em

Macaé (RJ), esses pensamentos se aprimoraram, assumindo uma dimensão

realizadora, pautada pelo binômio Integração e Democratização.

Na Rede Municipal de Ensino, o período de 2009-2019 se caracterizou

fundamentalmente por uma tomada de consciência e novas práticas,

1 ROBERIO FERNANDES DIAS, Pedagogo, Orientador Pedagógico da Rede Muni-

cipal de Ensino de Macaé

2 MARIA AMÉLIA GONÇALVES NEVES, Pedagoga, Orientadora Pedagógica da

Rede Municipal de Ensino de Macaé.

3 FROSSARD, Larissa; GARCIA, Marilena. Carolina Sodré Garcia. In: FROSSARD, Larissa; GAVINHO, Vilcson (Org.). Macaé, Nossas Mulheres, Nossas Histórias. Ma-

caé, RJ: Macaé Offshore, 2007, 71, verbete 37.

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gerando um conjunto de ações, programas e projetos que consolidaram

Macaé como a Cidade do Conhecimento. A ideia de registrar estas ações

foi impulsionada pelas recomendações da União dos Dirigentes Municipais

(UNDIME) que diz:

Memoriais, relatórios, planos, dentre outros, são formas de

registro de uma realidade que sempre está em movimento,

de um processo que sempre é rico e inesgotável, pelas

múltiplas facetas que o integram, sendo o memorial um

documento que retrata determinado momento e registra

aspectos essenciais, vividos num determinado espaço de

tempo (PRADIME, 2008, p. 7).

Para a realização deste projeto foram reunidas narrativas de

representantes de diferentes setores da Educação, com formações

acadêmicas variadas, gerando uma obra que acreditamos primar justamente

pela diversidade de estilos e vivências profissionais dos autores.

Os artigos que compõem esta obra se basearam em pesquisas

bibliográficas e documentais, memórias coletivas e individuais, arquivos

da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e de outros órgãos da

Prefeitura Municipal de Macaé (PMM). São escritos resultantes de trabalhos

compartilhados, registrando marcos importantes desse período de

integração e democratização da Rede Municipal de Ensino de Macaé.

A proposta maior é trazer à memória do público acontecimentos e

conquistas recentes na esfera pública municipal. A historiadora Emília Viotti

da Costa sabiamente afirmou que: “Um povo sem memória é um povo sem

história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no

futuro, os mesmos erros do passado”4 . No entanto, apesar do viés histórico,

não é pretensão deste livro resgatar a história da educação em Macaé, e sim

preservar um pouco da memória institucional desta última década, quando

ocorreu a decisão política e administrativa de promover a reestruturação

organizacional da Rede Municipal de Ensino, integrando Educação Infantil e

Ensino Superior, como estratégia para atender aos cidadãos macaenses em

todos os segmentos e modalidades de ensino.

Tratou-se de uma integração cujo objetivo não foi apenas o de permitir

um novo organograma, mas sim uma organização que buscou integrar

4 Disponível em: https://folhadolitoral.com.br/editorial/educacao-patrimonial-cons-

truir-aprender-e-compartilhar-a-historia-de-cada-cidadao/#.Xil1czJKjIU Acessado

em: 23/01/2020. Intr

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o cidadão da Educação Infantil e todos os profissionais deste importante

segmento de ensino às decisões pedagógicas, políticas e administrativas

que se faziam necessárias ao Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino

Profissionalizante e Ensino Superior. Ações planejadas e orquestradas para

garantir o acesso, permanência e conclusão de todas as etapas do processo

de educação que asseguram ao futuro de uma sociedade o real espírito

republicano de cidadania e de direitos estabelecidos pela Constituição

Federal DE 1988 (CONSTITUIÇÃO, 2016).

A integração da Rede Municipal de Ensino de Macaé se caracterizou

como um grande avanço e também trouxe muitos desafios, pois pensar a

formação do cidadão desde a Educação Infantil significa pensá-lo como

sujeito de direitos desde a tenra idade, pensamento que materializou-se com

a criação da Subsecretaria Municipal de Educação Infantil, e exalta-se que

foi ação pioneira no Brasil. Além disso, o aluno deste segmento de ensino

passou a fazer parte do mesmo guarda-chuva onde estavam os cidadãos

adultos beneficiados pela política de fortalecimento local de expansão e

interiorização do Ensino Superior materializado na Cidade Universitária de

Macaé por meio de seus mais de 40 cursos de graduação e pós graduação

ofertados pelas universidades públicas mais importantes do país além dos

ofertados pela Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS),

ou seja, as políticas educacionais do Município, nesse período, passaram a

ser pensadas e executadas verdadeiramente para todos e todas, de maneira

integrada e democratizada.

O movimento de Integração e Democratização possibilitou também

reflexões importantes sobre o sistema de ensino público municipal e sobre

a necessidade de fazer com que os cidadãos nascidos ou que escolheram

esta terra para viver pudessem aproveitar as infinitas oportunidades

econômicas que Macaé proporcionava, naquela ocasião sendo responsável

pela produção de mais de 80% do petróleo do país.

É importante situar as políticas de Integração e Democratização

em um período que notadamente o município de Macaé, ancorado pela

economia petrolífera, recebia a migração de trabalhadores de todos os

estados do Brasil e de outros países enfrentando os problemas advindos

do crescimento acelerado da economia ligada à cadeia do petróleo, óleo

e gás, com uma infraestrutura ainda incapaz de atender às demandas dos

serviços básicos prestados à sociedade. Porém, no período de 2009-2010, o

Município ainda contava com as benesses econômicas da prosperidade da

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cadeia petrolífera e seus contrastes estabelecidos que geravam crescimento

sem desenvolvimento social o que impôs desafios para o poder público

municipal. Com demandas que vinham como marolas, gerir as políticas

públicas de educação requereu uma gestão forte e peculiar, que fosse capaz

de contornar os percalços da economia do município nas últimas décadas.

Nascia ali o desejo dos gestores das políticas educacionais em constituir

Macaé como a Cidade do Conhecimento.

É contundente que temos muitas vocações. A pesca, desde a época

de nossos antepassados, a vocação comercial e de pequenas indústrias, o

potencial turístico, a agricultura e a vocação portuária que tem sido muito

discutida nas calçadas, nos bares da cidade, nos gabinetes do poder público

e nos bancos escolares atualmente. Todas as vocações devem e podem

receber destaques e incentivos, pois a diversificação da economia é a base

de uma sociedade que visa o desenvolvimento econômico e socialmente

justo.

Embora a economia exploratória petrolífera em Macaé estivesse nos

holofotes do mundo inteiro, o desejo em transformar a cidade como Cidade

do Conhecimento permeou todas as ações, programas e projetos estratégicos

das políticas educacionais.

O “Conhecimento” foi se estabelecendo como estratégia das políticas

públicas educacionais com foco no desenvolvimento e fortalecimento da

Democracia. Tornar democráticas as ações, decisões e iniciativas do sistema

municipal de ensino foi se constituindo mais um marco do período 2009-

2019.

A partir de 2009 o Brasil é tomado por grande debate a respeito

do Plano Nacional de Educação realizando conferências estaduais e

municipais que discutiam democraticamente o caminho a ser seguido

pelo documento norteador que determinava diretrizes, metas, estratégias

para a política educacional. Em sintonia com o panorama nacional, no

ano de 2009, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Macaé, como

um primeiro marco do processo de integração e democratização da Rede

Municipal de Ensino, organizou e realizou a I Conferência de Educação do

Município de Macaé para a discussão do documento base da Conferência

Nacional de 2010. Este importante evento oportunizou forte engajamento

e fortalecimento dos atores da rede municipal de educação, dos grêmios

estudantis, dos representantes dos conselhos escolares, do colegiado de

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diretores e de outros setores da sociedade.

A I Conferência Municipal de Educação de Macaé, em 2009, reuniu

aproximadamente dois mil profissionais da educação, constituindo um

espaço democrático, onde governo e sociedade puderam discutir e (re)

construir os rumos da educação municipal.

Ainda no âmbito da democracia participativa, documentos nos revelam

movimentos de suma relevância, como a formação dos conselhos escolares

e o fortalecimento do Conselho Municipal de Educação. O fortalecimento

se deu quando a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), a partir de

2010, estabeleceu que o cargo de presidente dos conselhos, passaria a ser

de responsabilidade dos segmentos autônomos e não mais pelo próprio

secretário de Educação.

Ainda no ano de 2010, realizou-se a primeira eleição de diretores

escolares da Rede Municipal de Ensino que resultou na mobilização de

toda comunidade educacional e da sociedade para escolherem livremente

os gestores das unidades escolares do município, caracterizando-se um

processo genuinamente democrático e participativo.

Dando prosseguimento à democratização da educação no município,

Macaé desponta mais uma vez como pioneira no Estado do Rio de Janeiro,

com a gestão co-participativa entre entes federados: Município, Estadual

e União, o que favoreceu a consolidação da expansão do ensino superior

na cidade, para melhor atender aos milhares de alunos que tiveram seu

direito à Educação Superior garantido por meio da instalação de grandes

universidades públicas em Macaé. Universidades que se propuseram a não

atuar como “escolões” certificadores, mas como instituições que promovem

o tripé: ensino, pesquisa e extensão. Um polo que atualmente é baseado

no Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM/UFRJ), precursor

de todo movimento de interiorização da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), no Campus da UFRJ, Campus da Universidade Federal

Fluminense (UFF), Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos

(FeMASS), Campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)

e no Instituto Federal Fluminense (IFF). Ou seja, uma cidade de 250 mil

habitantes com duas das melhores universidades públicas do Brasil. Tratou-

se de um verdadeiro marco no processo de democratização do ensino rumo

à consolidação de Macaé como sendo a Cidade do Conhecimento.

A perspectiva cidadã e democrática que marcaram as ações da

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Secretaria Municipal de Educação (SEMED) exigiram que a Cidade do

Conhecimento transbordasse os saberes para a população e obtivesse da

própria população os saberes que dela são oriundos. Como resultados desta

interação podemos destacar a ação do NUPEM/UFRJ com a rede municipal

de ensino por meio de iniciativas com estudantes da educação básica

promovendo o desenvolvimento do pensamento científico da investigação

e da curiosidade, necessários ao desenvolvimento de uma sociedade que

valorize o conhecimento, além disso, podemos destacar a interação do

curso de Medicina da UFRJ que levou ao processo de melhoria da rede de

saúde do município de Macaé por meio da instalação do Hospital Escola

e do foco na atenção básica como ação promotora da saúde preventiva e

humanizada.

Na perspectiva integradora e de democratização, algumas ações

foram implantadas para que os alunos da educação básica do município

pudessem aproveitar as oportunidades de formação acadêmica oferecidas

na Cidade Universitária. A sensibilidade dos gestores da época constatou

que havia a necessidade de ofertar cursos de Ensino Médio com qualidade

que permitissem a entrada dos jovens no Ensino Superior, apesar de o

município não ter a responsabilidade constitucional em ofertar o Ensino

Médio foi criado, pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED), o

Colégio de Aplicação (CAP) com a finalidade de alicerçar os conhecimentos

dos jovens para a entrada no Ensino Superior. Hoje o CAP é considerado

uma das melhores escolas públicas municipais do país.

Dentre outras iniciativas do período 2009-2019 destacamos a ação que

visou atender aos trabalhadores de diversas áreas instalados em Macaé e

que precisavam de qualificação, capacitação e aperfeiçoamento profissional.

Para atender este público a Secretaria Municipal de Educação (SEMED)

consolidou o Centro de Educação Tecnológica e Profissional (CETEP), por

meio de parcerias, como referência não só na qualificação profissional para

atividades da cadeia do petróleo como para outras áreas do arranjo produtivo

local. São ações estratégicas que fizeram Macaé despontar como a cidade

que fez da educação o seu maior investimento para enfrentar as contínuas

mudanças que o município vivenciava, articulando ações não exclusivas à

cadeia do petróleo e promovendo a qualificação profissional para incluir o

cidadão trabalhador com dignidade nos setores produtivos.

Na defesa de uma educação verdadeiramente democrática que

visava construir a Cidade do Conhecimento, esta obra destaca no âmbito

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da valorização dos profissionais da educação a aprovação do Plano de

Cargos, Carreira e Vencimentos do Magistério. Ninguém constrói uma

Cidade do Conhecimento sem a devida valorização e reconhecimento

dos profissionais que fazem o cotidiano escolar. A elaboração do plano, a

partir do estabelecimento de comissão representativa dos profissionais da

educação, se transformou num grande marco da educação municipal. Em

comparação com 2009, o salário médio atual dos professores apresenta

um aumento de 100%. Além disso, ações de melhoria na Infraestrutura das

Unidades Escolares, de Formação Continuada dos Profissionais por meio do

Centro de Formação Professora Carolina Garcia e do atendimento à Lei do

Piso (nº 11738) que assegurou que o professor tivesse cada vez melhores

condições de trabalho e tempo para estudos e planejamento de aulas.

As ações de Educação Inclusiva desenvolvidas pela Secretaria Municipal

de Educação (SEMED) tratou de acolher e dar visibilidade aos estudantes

com deficiência por meio da criação da escola polo para deficientes

auditivos, com proposta bilíngue, e escolas equipadas com salas de recursos

multifuncionais e profissionais especializados para realizar o atendimento

educacional especializado para alunos com deficiências e transtornos

globais de desenvolvimento. Além disso, as ações de inclusão também

foram desenvolvidas para aproximar a população do universo do Saber e

do Conhecimento por meio de políticas afirmativas de gênero, de respeito

à cultura e história africana, da diversidade sexual, do desenvolvimento do

esporte e da efetiva inclusão social de todos os cidadãos da cidade.

A leitura deste livro reforça a certeza de que nos últimos dez anos, os

agentes da Democratização e Integração da Rede Municipal de Ensino de

Macaé, atuaram de forma consistente e presente implantando projetos com

foco na melhoria da qualidade de vida da população.

É consenso entre os historiadores que para preservar memórias é

necessário organizar os registros dos fatos, arquivar fotos, documentos e

objetos, mas também é importante “registrar” as pessoas, pois qualquer

instituição é feita por pessoas que fazem ou fizeram parte da história a ser

preservada.

Então, durante os trabalhos de apuração dos fatos rememorou-se um

episódio conhecido do grupo que organizou as pesquisas, ocorrido no início

do século XX. Uma moça cruza a linha férrea, aguça os olhos e mira a imagem

da criança adiante e chama-lhe, naturalmente, pelo nome. Não precisava

estar ali, não fora contratada para esta tarefa: caçar os que não estavam em

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seu território, a sala de aula. Provavelmente as palavras universalização e

democratização do ensino não faziam parte do seu vocabulário. No entanto,

suas ações incorporavam o conceito de universalização e democratização

da educação pública. Essa mesma moça, agora reconhecida como Carolina

Sodré Garcia, professora macaense, fundadora da primeira Escola Estadual

Feminina Macahense, a qual dirigiu por 56 anos, presença marcante na

formação de muitas gerações (GAVINHO & FROSSARD, 2007, p. 71), não

assistiu ao filme “Nenhum a Menos”, do diretor Zhang Yimou5 , porém, tinha

plena consciência de que garantir “nenhum a menos” requer também a

promoção da qualidade da educação para os “muitos a mais”, de meninos e

meninas, que estão nas escolas. A personagem da década de 1920 aguçava

olhos e coração, certamente, devido a seriedade e o pensamento de que se

não pudesse “juntar” todos em seu território, não estaria fazendo sua parte.

Seguramente tantos outros personagens percebidos estão na educação

lutando para garantir a permanência e sucesso das nossas crianças e jovens,

e essa luta pressupõe uma busca permanente pela qualidade. Precisamos

então fazer o exercício de rememorar para enaltecer muitas mãos e mentes

que engajaram pela educação macaense. A estas pessoas, ofertamos as

palavras do poeta Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo

em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem

momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”6.

Para conhecer esses enredos, narrados por profissionais que fazem

parte dessa história, os artigos do livro foram organizados em onze capítulos.

No capítulo I - Afinal, como se deu o processo de democratização da

rede municipal de ensino de Macaé a partir de 2009? – apresenta-se um

panorama geral de como foi construída a democratização na rede municipal

de ensino, a partir da organização de fóruns e conferências, da eleição de

diretores das unidades escolares e da organização dos Conselhos Escolares,

entreoutrasações. Ocapítulo II - Embuscaderesultados: gestãoestratégica

de pessoas no serviço público de ensino de Macaé – trata sobre questões

que envolvem as medidas de política educacional que criam condições

para garantir o padrão mínimo de funcionamento das unidades escolares,

assegurando qualidade dos recursos humanos e serviços imprescindíveis

5 Drama chinês, de 1999 , distribuído na China pela China Film Group Corporation

e internacionalmente pela Sony Pictures Classics e pela Columbia Tristar. Disponível

em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nenhum_a_Menos Acessado em: 23/01/2020.

6 Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/688065649290659583/ Acessado

em: 23/01/2020.

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para qualidade da educação escolar.

Os capítulos seguintes tratam sobre as etapas da educação básica.

Sobre realidades e desejos: a gestão democrática na educação infantil é o

capítulo III, que narra a trajetória da Educação Infantil durante o período

de 2009 a 2019, destacando a especificidade do trabalho com crianças

de 0 a 6 anos e apresentando suas conquistas e desafios a partir de seu

reconhecimento como primeira etapa da educação básica. No capítulo IV

– Ensino Fundamental: tecendo a escola pública que queremos – trata

dos avanços recentes na qualidade das políticas educacionais do município,

apresentando todas as ações dos diferentes setores que fazem parte desse

segmento, para garantir as crianças e adolescentes do ensino regular de nove

anos, bem como aos jovens e adultos da EJA, o acesso e a permanência com

sucesso, efetivando o direito à educação básica. Ainda sobre esse aspecto

o capítulo V - Os jovens e a educação de qualidade: as experiências de

sucesso do ensino médio no município de Macaé – trata da oferta de ensino

médio que, embora não sendo responsabilidade dos governos municipais, o

município de Macaé oferece essa modalidade de ensino principalmente na

região serrana evitando o deslocamento diário desses jovens até a cidade.

Também apresenta o Colégio de Aplicação, um marco na história da cidade

de Macaé, que garante 80% das vagas para estudantes oriundos das escolas

públicas e que visa ampliar suas possibilidades de continuidade de estudos

no ensino superior através de experimentação de novas pedagogias.

O capítulo VI - Educação integrada: uma cidade do conhecimento

para todos e todas – apresenta o trabalho realizado pela Superintendência

de Educação Integrada, que articula vários setores que dão suporte às

outras Superintendências, com o objetivo de organizar ações de combate a

todas as formas de exclusão, contribuindo para a garantia de permanência

satisfatória no sistema escolar. No capítulo VII - Programa Nacional de

Alimentação Escolar e sua importância na rede municipal de ensino de

Macaé – destaca-se como a Coordenadoria de Nutrição Escolar organiza

e executa o PNAE, programa do governo federal, no município de Macaé,

em articulação a Agricultura Familiar, para atender a necessidade de uma

alimentação saudável oferecida as unidades escolares.

Compreendendo a importância do espaço físico para possibilitar as

interações e as aprendizagens em seus aspectos sociais, afetivos e cognitivos,

o capítulo VIII – Espaço físico das escolas e a aprendizagem: avanços

na adequação do espaço físico escolar em Macaé – apresenta algumas

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ações de melhoria dos espaços das unidades escolares pertencentes à Rede

Municipal de Ensino de Macaé na última década.

Um outro aspecto muito valorizado para a democratização diz respeito a

formação continuada de seus profissionais, assim, no capítulo IX - Formação

continuada: páginas de sucesso na rede municipal de ensino de Macaé –

encontra-se uma narrativa sobre a construção dos processos de formação

continuada em serviço, sua concepção e organização, com destaque para a

criação do Centro de Formação Carolina Garcia, que representa um espaço

especialmente dedicado a formação de nossos profissionais.

Reconhecendo a importância da qualificação dos cidadãos macaenses,

o capítulo X - Qualificação profissional como política pública de

transformação social – apresenta a forma de organização e execução das

ações que visam proporcionar à população a formação profissional que

contribuam para o aprimoramento de suas habilidades com vistas a sua

inserção no mercado de trabalho ou a promoção da empregabilidade e do

empreendedorismo e geração de renda da população do município.

E, ainda, o capítulo XI - Educação Superior: conquistas e desafios na

cidade do conhecimento – conta a história do processo do estabelecimento

das instituições de ensino superior em Macaé, reconhecendo sua importância

para a promoção de educação superior de qualidade, articulando ensino,

pesquisa e extensão e para o desenvolvimento social, econômico, cultural e

ambiental da cidade, com destaque para a criação de uma faculdade pública

municipal, genuinamente macaense, a Faculdade Professor Miguel Ângelo

da Silva Santos (FeMASS).

Finalmente, desejamos que este livro possa inspirar muitos olhares

na esperança de dias melhores para a educação do Brasil, em especial aos

nossos munícipes. Que haja desdobramentos de ações que foram realizadas

no transcorrer de uma década de Integração e Democratização e agora

registradas com o espírito republicano, para também corroborar com os

agentes públicos. Um livro escrito a muitas mãos precisar ser folheado

também por muitas mãos e lido em territórios diversos do município, cruzar

todas as “linhas férreas” em busca dos meninos e meninas, razão do nosso

trabalho. E cada capítulo deste livro você poderá conhecer um pouco mais

das ações relatadas nesta introdução. Ações que seguramente colaboraram

para que Macaé hoje, no cenário regional, fosse reconhecida como a Cidade

do Conhecimento.

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REFERÊNCIAS

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3ª ed., 1986.

BRASIL, Constituição Da República Federativa Do Brasil: texto

constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações

determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas

Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no

186/2008. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016.

BULHÕES, Maria da Graça; ABREU, Mariza. A Luta dos professores

Gaúchos-1979/1991. O difícil aprendizado da democracia. Porto Alegre: L

& PM, 1992.

CIAVATTA M. & FRIGOTTO, G. Educação básica no Brasil na década

de 1990, subordinação ativa e consentida à lógica do mercado. In: Educação

e Sociedade. Campinas, SP: Vol. 24, nº 82, p.93-130, 2003. Disponível em:

http://www..cedes.unicamp.br. Acessado em: 23/01/2020.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, v.1,

1981.

FROSSARD, Larissa; GAVINHO, Vilcson (Org.). Macaé, Nossas Mulheres,

Nossas Histórias. Macaé, RJ: Macaé Offshore, 2007.

GHIRALDELLI Jr., Paulo. Filosofia e História da Educação Brasileira. São

Paulo: Manole, 2003.

GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais e educação. São Paulo:

Cortez, 1992.

NOSELLA. Paolo. Compromisso Político e Competência Técnica: 20

anos depois. In: Educação e Sociedade. Campinas, SP, vol. 26, n. 90, p. 223-

238, Jan./Abr. 2005. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acessado

em: 23/01/2020.

PRADIME: Programa De Apoio Aos Dirigentes Municipais De Educação:

Memorial Da Gestão Da Educação Municipal / Secretaria De Educação

Básica. Brasília, DF: MEC, SEB, 2008.

ZIENTARSKI, Clarice; PEREIRA, Sueli Menezes. Os caminhos para a

democratização da educação no Brasil: qual o papel dos educadores neste

processo?. Revista HISTEDBR On-Line, v. 9, n. 34, jun, 2009.

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I - AFINAL, COMO SE

DEU O PROCESSO DE

DEMOCRATIZAÇÃO DA REDE

MUNICIPAL DE ENSINO DE

MACAÉ A PARTIR DE 2009?

Márcia Alves Corrêa1

É consenso que os avanços da modernidade atingiram

a vida sociocultural das pessoas, hoje, fazem parte

do cotidiano das escolas, faculdades e universidades,

possibilitando que professores e alunos tenham à

disposição a possibilidade de uma nova forma de ensinar

e aprender. Assim, surgem novos paradigmas no cenário

da educação.

Marielza Nascimento Pedra2

Convidamos você leitor a fazer conosco um percurso cumulativo

do processo de democratização da Educação. Primeiramente, podemos

dizer que ter portas abertas para o acesso à educação é ter a porta inicial

para o processo da democratização da Educação. Mas, a permanência e o

sucesso escolar também fazem parte deste processo. Então, temos acesso,

permanência e sucesso. Para que o sucesso escolar ocorra, é necessário

garantir a qualidade do ensino ofertado.

Então temos supracitados os pré-requisitos da educação democrática?

Não. Esses aspectos são fundamentais da democratização da educação,

no entanto, precisamos incluir em nosso percurso cumulativo as relações

que ocorrem nos espaços educativos. Trazemos então a necessidade da

1 MÁRCIA ALVES CORRÊA , Pedagoga, Orientadora Pedagógica da Rede Munici-

pal de Ensino de Macaé.

2 PEDRA, Marielza. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/demo-

cratizacao-do-ensino-publico-funcao-da-escola-e-a-qualidade-de-ensino/149324

Acessado em: 02/03/2020.

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gestão democrática dos espaços, onde as decisões devem ser tomadas em

conjunto. Seria desnecessário apresentar que gestão democrática anda de

mãos dadas com posturas democráticas, mas ainda estamos fortalecendo

essas relações, onde o poder público, a sociedade, a comunidade escolar

devem sincronizar suas ações para garantir a qualidade da educação.

Para tanto, e segundo Araújo (2000), “a gestão democrática na escola e

nos sistemas de ensino torna-se um processo de construção apresentando

quatro elementos indispensáveis a uma gestão democrática: “participação,

pluralismo, autonomia e transparência”.

Destacamos que a participação não se restringe a dar opinião sobre

assuntos pertinentes a determinado grupo. A efetiva participação ocorre

quando há sentido público dos projetos, quando os sujeitos têm o sentimento

de pertencimento.

Estamos diante então da primazia da abertura para considerar os

diferentes e suas ideias e interesses. Reconhecer as diferenças que coabitam

o espaço escolar e perceber que a riqueza se dá a partir dos conflitos

ali vivenciados, instaurando assim o verdadeiro processo democrático.

Obtemos e garantimos o pluralismo de ideias, quando reconhecemos o outro

como sujeito de direitos e que suas diferenças favorecem a desconstrução do

poder. Há de se notar resistências ao pluralismo de ideias, mas faz premente

que todos tenham o “poder”. Este deve ser “distribuído”. Então trazemos

agora em nosso percurso o autogoverno. E naturalmente chegamos a

questões ligadas à autonomia. Estamos nos referindo à autonomia das

escolas, de suas gestões e também dos sujeitos sociais. Confirmando a ideia

de desconstrução de poder, Bobbio (1998) esclarece que “uma sociedade é

tanto melhor governada, quanto mais repartido for o poder e mais numerosos

forem os centros de poder que controlam os órgãos do poder central”.

Conceitualmente, podemos dizer que autogoverno acontece quando

os sujeitos e organizações constroem as regras próprias e têm autogestão.

Vale considerar que a autogestão ocorre quando há participação tanto em

espaços micros como também em espaços macros. Ainda segundo Araújo

(2000),

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a autonomia precisa ser conquistada a partir da

democratização interna e externa da escola, politizando o

espaço escolar e propiciando o desenvolvimento de duas

facetas importantes da autonomia escolar: a autonomia

da escola e a autonomia dos sujeitos sociais (ARAÚJO,

2000).

Finalizando nosso percurso cumulativo do processo de construção da

democratização da educação, sem esgotar os conceitos e as suas múltiplas

facetas, trazemos outro elemento fundamental da gestão democrática, a

transparência. A gestão dos processos (educativos) ocorre em espaços

públicos. A transparência é elemento fundamental para a ética nas relações.

“Sua existência pressupõe a construção de um espaço público vigoroso e

aberto às diversidades de opiniões e concepções de mundo, contemplando

a participação de todos que estão envolvidos com a escola” (ARAÚJO, 2000).

No transcorrer das apresentações dos quatro elementos indispensáveis

à gestão democrática no espaço público, temos que considerar que

participação, pluralismo, autonomia e transparência precisam de alicerces

para sua viabilização. A quais alicerces estamos nos referindo? Estamos

nos referindo aos espaços de trocas e discussões, onde ocorra a efetiva

participação dos sujeitos envolvidos. Espaços que deliberam e constroem

caminhos, onde a prática democrática é real e “tocável”.

Após as considerações acima expostas convidamos o leitor a seguir

adiante e acompanhar as ações que favoreceram a construção de uma

educação democrática em Macaé no período de 2009 a 2019. Esta década

foi marcada pela Integração e Democratização do Ensino Público Municipal

de Macaé que projetou e desenvolveu ações, programas e projetos que,

além de integrar a Educação Infantil às decisões pedagógicas, políticas e

administrativas que se faziam necessárias ao Ensino Fundamental, Ensino

Médio, Ensino Profissionalizante e Ensino Superior, impulsionaram Macaé

a ser destacada na região como a Cidade do Conhecimento.

Baseada nos preceitos “participação, pluralismo, autonomia e

transparência”, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) buscou a

implantação de ações, programas e projetos que buscaram oportunizar à

Rede Municipal de Ensino a construção dos pilares básicos do exercício da

democracia; como a realização da I Conferência Municipal de Educação.

A Conferência Municipal de Educação teve como objeto a discussão do

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documento referência CONAE (Conferência Nacional de Educação):

Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: O Plano Nacional

de Educação, suasdiretrizeseestratégiasdeação. Umadiscussãodemocrática

na construção histórica das políticas públicas do setor educacional. Os eixos

de discussão do documento-base CONAE-2010 foram debatidos em grupos

de trabalho, de acordo com a escolha de interesse dos participantes.

I Conferência Municipal de Educação. Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

Outra ação de Democratização foi o Processo de Certificação

Profissional de Professores e Eleição para Diretor-Geral e Diretor Adjunto

da Rede Municipal de Ensino de Macaé. A eleição de diretores foi uma

discussão iniciada na Conferência Municipal de Macaé. Esta discussão

culminou no compromisso da Secretaria de Educação Municipal (SEMED)

de instituir o Fórum Permanente de Educação. O Fórum teve na sua primeira

edição o tema “Gestão Democrática” e a Eleição de Diretores como principal

encaminhamento.

O compromisso com uma gestão participativa garantiu a verdadeira

Democratização. Professores, pais, servidores e alunos - sujeitos do cotidiano

escolar - escolheram livremente os gestores de suas unidades escolares por

meio do primeiro processo de Eleição de Diretores, ocorrido em todas as

escolas da Rede. Ressalta-se que todos os professores que se candidataram,

foram aprovados através de uma Certificação Profissional, inaugurando uma

nova etapa para a Educação de Macaé, onde a comunidade escolar passava

a ter voz e força na construção dos rumos a serem traçados em busca da

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melhoria da qualidade do Ensino.

Iniciado no ano de 2010, composto por 13 diretores representando todas

as Unidades Escolares, com a responsabilidade de ser a voz dos gestores,

com poder de decisão sobre as questões relativas à Educação a partir da

consulta entre os pares que representam, criou-se o Colegiado de Diretores.

Uma iniciativa da gestão da Secretaria Municipal de Educação (SEMED)

que optou por dividir responsabilidades, de buscar melhores formas de

administrar a rede de ensino com os Diretores Escolares a partir da tomada

de decisões de forma coletiva com aqueles que vivem diretamente “o chão da

escola” e muitas vezes as realidades mais duras e difíceis que um profissional

pode vivenciar.

Trata-se de mais um marco do processo de Democratização da Rede

Municipal de Ensino a partir da ressignificação do grande potencial de

colaboração de cada gestor escolar promovendo efetivamente um trabalho

coletivo na construção da cidadania e efetivação do processo democrático.

Outro marco na condução democrática da Educação Municipal de

Macaé foi o registro legal do Plano Municipal de Educação (PME), sancionado

por meio da Lei 4.106 de 2015. O PME tem como objetivos a elevação global

do nível de escolaridade da população, melhoria da qualidade de ensino em

todos os níveis, redução das desigualdades sociais, no tocante ao acesso e à

permanência com sucesso, na educação.

Dentre as metas previstas no PME há também a democratização da

gestão do ensino público nos estabelecimentos oficiais, o que implica na

participação dos trabalhadores da Educação. A elaboração do Projeto

Político - Pedagógico da escola, com atualização bianual e a participação

das comunidades escolares e locais em organizações estudantis, Conselhos

Escolares e Gestores, também fazem parte do PME. Segundo Documento da

CONAE:

A demanda social por educação pública implica,

pois, produzir uma instituição educativa democrática

e de qualidade social, devendo garantir o acesso ao

conhecimento e ao patrimônio cultural historicamente

produzido pela sociedade, por meio da construção de conhecimentos críticos e emancipadores a partir de

contextos concretos. Para tanto, considerando sua

história, suas condições objetivas e sua especificidade,

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as instituições educativas e os sistemas de ensino devem

colaborar intensamente na democratização do acesso

e das condições de permanência adequadas aos/às

estudantes no tocante à diversidade socioeconômica,

étnico-racial, de gênero, cultural e de acessibilidade, de

modo a efetivar o direito a uma aprendizagem significativa,

garantindo maior inserção cidadã e profissional ao longo

da vida (CONAE-2010).

Os conselhos municipais que atuam no âmbito da implantação,

controle e acompanhamento da execução das políticas educacionais,

contribuem para fortalecer o cumprimento do princípio constitucional da

gestão democrática que prevê a participação da sociedade na definição de

políticas públicas e no acompanhamento de suas execuções. O Conselho

de Alimentação Escolar atua por meio de ações de acompanhamento

da execução do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), nas

escolas da Rede Municipal de Ensino e demais estruturas pertencentes

ao Programa por meio de visitas in loco nas escolas da Rede Municipal de

Ensino, de acordo com o Plano de Trabalho, Ação e Análise dos documentos

comprobatórios acerca da Prestação de Contas referente à execução do

PNAE, anualmente, para posterior emissão de Parecer Conclusivo no

SIGECON (Sistema de Gestão de Conselhos).

O Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo

de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos

Profissionais da Educação (FUNDEB), tem como finalidade, entre outras,

acompanhar e controlar a repartição, transferência e aplicação dos recursos

do FUNDEB e emitir Parecer Conclusivo ao Poder Executivo Municipal para

a apresentação da Prestação de Contas junto ao Tribunal de Contas.

Um movimento interessante e com ótimos resultados em relação

à participação diz respeito ao Conselho Escolar. Esse Conselho, com

unidade representativa em cada escola, traz a perspectiva de escolha dos

representantes de cada um dos segmentos da categoria “profissionais da

Escola” (professor e demais servidores) e da categoria “comunidade atendida

pela Escola” (alunos, pais ou responsáveis e representante da comunidade

local) através de eleições.

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Processo de votação de eleição de Diretores. Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

As eleições ocorrem no âmbito de cada unidade escolar bienalmente.

Antes das eleições é realizado um processo intitulado pré-eleitoral, período

que antecede o vencimento da ata e que consiste em uma série de ações que

envolvem toda a comunidade escolar e local em um processo de mobilização

para escolher os representantes que serão eleitos.

Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito

comum sob uma interpretação e um sentido compartilhado, conforme nos

afirma Toro (2005, p. 91). Esse processo de mobilização é fundamental para

legitimar o processo democrático e de direito que vem sendo alcançado ao

longo dos anos no município com a eleição dos conselhos escolares.

Em Macaé o Conselho Escolar começou a ser implantado no ano de

2016, com a promulgação da Lei Municipal Nº 4271/16 e caracteriza -se em

conformidade com o parágrafo 1.0 do artigo 1.0, como:

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sociedade civil, com personalidade jurídica, de direito

privado, sem fim lucrativo, representativo da comunidade

escolar e local, de apoio à direção, de caráter colegiado,

com funções financeira, consultiva, fiscalizadora,

deliberativa, mobilizadora e pedagógica nos assuntos

referentes a gestão pedagógica, administrativa e financeira

das Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino

(MACAÉ, 2016).

No entanto, vale ressaltar que no ano de 2004, através da Lei Municipal N.0

2550/04, foi iniciada a implantação das Unidades Executoras denominadas

de Associações de Apoio à Escola que deram origem a implantação dos

conselhos escolares. No artigo 8.0, desta Lei, temos a definição e as funções

da Unidade Executora, denominada de Associação de Apoio à Escola (AAE):

A Associação de Apoio à Escola (AAE) é órgão

representativo da Comunidade Escolar, de apoio à

Direção, de caráter colegiado, com funções consultiva e

fiscalizadora nos assuntos referentes à gestão pedagógica,

administrativa e financeira das Unidades Escolares da

Rede Municipal de Ensino de Macaé (MACAÉ, 2004).

Essa instância colegiada deu origem ao processo embrionário de um dos

mecanismos de gestão democrática no município, uma vez que trouxe para

a rede uma nova concepção, a partir da ideia de ter um órgão representativo

da comunidade escolar para apoiar a direção no gerenciamento de cada

unidade escolar no aspecto financeiro.

Era necessário ressignificar o processo embrionário de um dos

mecanismos de gestão democrática para isso foram implantados os

conselhos escolares abrindo espaço para a discussão das questões de cunho

administrativo, pedagógico e financeiro, sem se limitar apenas ao cunho

financeiro.

A partir do ano de 2016, com a implantação dos conselhos escolares

na Rede Municipal de Ensino, o protagonismo da comunidade escolar

e local vem se intensificando através do gerenciamento coletivo das

unidades escolares, onde são partilhadas as responsabilidades com os

atores envolvidos no processo, que passam a ter a noção de pertencimento e

empoderamento, desses espaços públicos.

Desta forma é possível perceber que a autonomia, a participação, a

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descentralização do poder, a transparência da gestão dos recursos públicos

dentre outras são ações fortalecidas pela Democratização e Integração da

Rede Municipal de Ensino de Macaé.

REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto. 1998. Diário de um século. Autobiografia. Rio de

Janeiro: Campus, 1998.

LÜCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências.

Curitiba: Editora Positivo, 2009.

MACAÉ. Secretaria Municipal de Educação. Lei N. 2550, de 10 de

dezembro de 2004. Dispõe sobre a Gestão Democrática do Ensino Público

da Rede Municipal de Macaé. Macaé, 2004.

. Lei No 4271, de 08 de novembro de 2016. Dispõe a Instituição

dos Conselhos Escolares nas Unidades Escolares da rede Municipal de

Ensino. Macaé, 2016.

TORO, José Bernardo. A Construção do público: cidadania, democracia

e participação. Editora SENAC Rio. Rio de Janeiro, 2005.

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II - EM BUSCA DE RESULTADOS:

GESTÃO ESTRATÉGICA

DE PESSOAS NO SERVIÇO

PÚBLICO DE ENSINO DE MACAÉ

Ana Paula Aguiar1 Wilma Nery2

A relação com o trabalho para algumas pessoas é vital,

alguns indivíduos chegam a assimilar o trabalho como sua

identidade (MASLOW, 2000, p.1).

O presente artigo3 está pautado nas ações de Gestão Estratégica de

Pessoas no serviço público de ensino em Macaé (RJ), considerando que

todos os profissionais que estão envolvidos têm suas funções especificadas

em ato de contratação e deverão demonstrar capacidade em desempenhar

suas funções para que os resultados sejam eficientes. Os profissionais devem

ter formação inicial e em serviço, a chamada formação continuada. Quando

falamos em Gestão Estratégica de Pessoas na Rede Municipal de Ensino,

precisamos observar a realidade de crescimento e desenvolvimento em que

se encontra o município, especificamente, na década de 2009 a 2019.

É uma realidade crescente de alunos e movimentação no sistema

educacional, impactado pela demanda social e econômica que atraem

famílias em busca de emprego no mercado Offshore que ainda estimula e

rege a economia do município. Nessa perspectiva, a Gestão Estratégica de

Pessoas da Rede Municipal de Ensino tem lidado ao longo dos anos com

uma expansão de matrículas em suas unidades escolares, revelando um

crescimento da demanda para atendimento dessa realidade. A exemplo,

1 ANA PAULA AGUIAR - Pedagoga, Pós-Graduada em Gestão Pública, Supervi-

sora de Ensino da Rede Municipal de Macaé,Pós Graduada em Supervisão Escolar

e Administração Escolar, Superintendente Administrativa da Secretaria Adjunta de

Educação Básica de Macaé.

2 WILMA NERY-Pedagoga, Supervisora de Ensino da Rede Municipal de Macaé.

3 Os dados desse artigo são baseados em consultas e análises de documentos

produzidos e arquivados na Secretaria Municipal de Educação (SEMED), especial-

mente no Serviço de Cadastro e Movimentação de Alunos.

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podemos destacar os números de profissionais na Rede Municipal de Ensino

que, em 2009, contava em seu quadro com 4.102 e, em 2019, apresenta o

número de 6.390 profissionais. Um crescimento de mais de 50%.

Para assumir uma Gestão Estratégica de Pessoas de qualidade

atendendo as exigências em vigor, são necessárias medidas de política

educacional, sobretudo buscando criar condições para garantir o padrão

mínimo de funcionamento das unidades escolares, sem perder o foco nas

melhores condições de oferta do ensino público, com base no binômio

qualidade e equidade, assegurando qualidade dos recursos humanos e

serviços imprescindíveis para o desenvolvimento da aprendizagem e de um

padrão de qualidade da educação escolar. Sob esta ótica, destacamos que,

os recursos humanos, em especial os “profissionais da educação básica”, são

fundamentais em qualquer processo da educação, sejam os profissionais do

magistério que exercem função docente e atividades de suporte pedagógico,

incluindo auxiliares de serviços escolares somados aos demais servidores

que desenvolvem atividade-meio em educação como pessoal de apoio

representados em nosso município como auxiliares de turno, auxiliares de

serviços gerais e porteiros.

Para definir padrões mínimos de qualidade no que se refere a recursos

humanos faz-se necessária a fixação de um quantitativo, formação e

condições de trabalho desses profissionais essenciais ao funcionamento das

unidades escolares públicas do nosso município.

Recorrendo ao referencial do Ministério da Educação (MEC) / Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Escola (Fundescola): ”Padrões Mínimos

de Funcionamento da Escola do ensino Fundamental: Recursos Humanos”

(MORAES, 2006), o Município desenvolveu, em 2017, através da ação

administrativa da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), em parceria

com o colegiado de diretores, um instrumento que se destina a organização

e coordenação dos recursos humanos lotados nas unidades escolares

chamado de “lotacionograma”.

Considerando as necessidades do sistema público municipal de ensino

e a garantia de um padrão de qualidade na Educação Infantil e no Ensino

Fundamental, o estabelecimento de um lotacionograma teve por objetivo

orientar a organização e distribuição dos recursos humanos com equidade,

respeitando as necessidades e a realidade de cada unidade escolar,

facilitando o encaminhamento e lotação de servidores, ainda favorecendo

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possíveis trabalhos de remanejamento ou de reorganização administrativa

desses profissionais.

É de nosso conhecimento que os padrões mínimos de funcionamento

das unidades escolares municipais exigem um conjunto de insumos e

condições necessários para garantir oportunidades de aprendizagem e

educação de qualidade, como recursos pedagógicos, currículo, mobiliários

e equipamentos, instalações físicas além dos recursos humanos e

gerenciamento.

Como medida para promover qualidade na gestão, o instrumento

lotacionograma vem estabelecer um avanço na gestão de pessoal e primar

pela valorização desses profissionais que atuam na Educação, no que se

refere às atribuições, alocação e quantidades de pessoas necessárias a

qualidade da educação que o município deseja ao longo desses anos.

Assim, para estabelecer padrões e critérios de progressão funcional

para todos os cargos públicos que compõem o quadro do magistério público

municipal e para manter a administração dos vencimentos dentro dos

padrões estabelecidos na legislação vigente, considerando as características

da área educacional e os critérios de progressão funcional, foi aprovado o

Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos do Magistério Público Municipal

de Macaé contemplando aos profissionais do magistério da Educação Básica

que exercem suas funções, no âmbito das unidades escolares de Educação

Básica, em seus diversos níveis e modalidades de ensino (Educação Infantil,

Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, Educação

Especial, Educação Profissional) e nos órgãos do sistema municipal de

ensino. Além dessa questão, também institui e estrutura, os princípios

e as normas para os cargos, carreira e vencimentos de profissionais da

Educação, nos termos da legislação vigente, estabelecendo que o quadro

da Rede Municipal de Ensino é formado pelos trabalhadores em Educação

que exercem as funções de apoio operacional e técnico administrativo, de

docência, de suporte pedagógico à docência e à Educação Especial/Inclusiva

e de gestão das unidades de ensino, dos cargos de carreira com formação de

nível fundamental, médio e superior, dos grupos ocupacionais relativos aos

objetivos finalísticos da SEMED.

Com a homologação do Plano, podemos entender que a política da

Secretaria Municipal de Educação (SEMED), em Macaé, absorve novos

conceitos em relação ao que é gerir pessoas, tratando os profissionais

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34

como talentos que precisam se desenvolver pessoalmente e promover o

desenvolvimento da organização. Não estamos falando de recursos humanos

e sim de potenciais intelectuais que têm talentos, competência.

Os resultados obtidos estão visíveis no alto nível de satisfação existente

nos profissionais do magistério da educação básica pública do município

de Macaé. Dentre muitos, pode-se apontar a remuneração condigna dos

profissionais do magistério, com vencimento inicial de carreira, com nível

médio na modalidade Normal, nunca inferior ao valor correspondente ao

Piso Salarial Profissional Nacional, nos termos da Lei Federal n° 11.738/20084

, sendo a garantida à percepção superior ao salário mínimo para a menor

jornada; comprometimento dos gestores da Secretaria Municipal de

Educação (SEMED) com aperfeiçoamento profissional continuado;

Valorização da qualificação profissional de acordo com as determinações da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); Período reservado ao

professor, incluído em sua carga horária, a estudos, planejamento e avaliação

do trabalho discente; Início da renovação das políticas de avaliação do

sistema municipal de ensino, da unidade de ensino e de desempenho

profissional, com base em fatores objetivos, a partir de critérios democráticos;

Garantia de apoio técnico e financeiro que visem melhorar as condições de

trabalho dos profissionais da educação e diminuir a incidência de doenças

profissionais; Integração do desenvolvimento profissional de seus servidores

ao desenvolvimento da educação do município; Valorização e mobilização

dos profissionais do magistério para fazer cumprir o compromisso para

assegurar o acesso, permanência, conclusão e o sucesso de todas as

crianças, jovens e adultos matriculados nas diversas unidades de ensino

municipais; progressão salarial na carreira baseada na titulação, experiência,

atualização, aperfeiçoamento profissional e valorização do tempo de serviço

prestado pelo servidor ao serviço público municipal; Início do processo de

implantação da gestão democrática do ensino público municipal.

A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) comunga então

com todo processo de valorização dos profissionais da educação que foi

estabelecido na Constituição Federal de 1988, nos princípios explícitos

no artigo 206, parágrafo V, que prevê a “Valorização dos profissionais da

educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com

ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das

4 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/

l11738.htm Acessado em: 25/01/2020.

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II

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redes públicas” (CONSTITUIÇÃO, 2001), ganhando novos contornos,

especialmente no embate das propostas defendidas pela sociedade civil e

aprovadas nos anos seguintes. Em 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, Nº 9.394/19965 , absorveu os princípios que emanam

da Constituição e os passos seguintes dados na articulação do Pacto de

Valorização do Magistério. A LDB, no artigo 67, também traz a valorização

dos profissionais da educação escolar como princípio, sinalizando que:

Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos

profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive

nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do

magistério público: I - ingresso exclusivamente por

concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento

profissional continuado, inclusive com licenciamento

periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial

profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação

ou habilitação, e na avaliação do desempenho [...] (LDB,

2018, p.44).

Acompanhando o Plano Nacional de Educação (2014-2024), o

município através da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) observou

em suas políticas públicas as Metas 17 e 18 que preconizam valorizar os

profissionais nos quesitos rendimentos e plano de cargo e carreira. Podemos

então afirmar com segurança que a SEMED tem cumprindo seu papel no que

se refere às metas supracitadas quando, em 2011, realizou a implementação

do “Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos da Rede Pública Municipal de

Ensino” (PCCV), através da Lei Complementar nº195/20116 , estabelecendo

a estruturação de carreira, ingresso por concurso público, a formação

adequada e contínua, licenciamento remunerado, garantia do piso salarial,

progressão funcional baseada na titulação e também no tempo de serviço,

período reservado a estudos, planejamento e avaliação.

A implementação do PCCV do magistério possibilitou a realização

de “enquadramento” dos profissionais da educação na Rede Municipal

de Educação nos anos de 2011, 2013 e 2019, evidenciando a evolução

salarial e a valorização dos nossos profissionais do magistério através dos

vencimentos iniciais acima do piso salarial nacional com crescimento na

5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acessado em:

25/01/2020.

6 Disponível em: http://macae.rj.gov.br/midia/uploads/file/Legislacao/Municipal/

LC%20195-2011%20MAGISTERIO.pdf Acessado em: 25/01/2020.

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proporcionalidade de formação e tempo de serviço de cada um, sendo

possível afirmar que temos os melhores e maiores salários dessa categoria

pública municipal na região.

Desfile Cívico em Comemoração ao Aniversário da Cidade de Macaé.

Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

Seguindo um padrão de salário base inicial, os professores da Rede

Municipal de Ensino de Macaé, classificados em professores A, obtiveram

112% de reajuste entre os períodos 2010 a 2019; e os professores classificados

como professores C obtiveram 84,35% percentual de reajuste no mesmo

período. Destacamos que o PCCV do magistério municipal, realizou um

feito inédito para a valorização dos profissionais que atuam na Educação

Básica, determinando que o cargo de Auxiliares de Serviços Escolares (ASE)

passasse a compor o quadro de profissionais do magistério do município

de Macaé, definindo suas atribuições e possibilitando enquadramento junto

aos profissionais da educação.

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Auxiliares de Serviços Escolares integrando o Quadro de Profissionais da Educação Municipal. Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

Os Auxiliares de Serviços Escolares são profissionais de apoio

que desempenham funções e atividades de suma importância no

funcionamento das unidades escolares, principalmente na assistência aos

docentes nas atividades de atendimento diário às crianças, prioritariamente

na Educação Infantil. Outra atividade relevante desse profissional é o

acompanhamento aos alunos com necessidades especiais junto ao docente.

Atendendo a demanda dos últimos anos, a convocação de ASE ocorreu,

excepcionalmente, através de Processo Seletivo Simplificado (PSS) para

garantir o funcionamento da Rede Municipal de Ensino e o atendimento aos

alunos, tendo em vista que o último concurso público para ASE aconteceu

em 2008. No PSS de 20177 foram ofertadas 300 vagas para auxiliares de

serviços escolares; em 2018 foram convocados 684 aprovados; e 490 no ano

de 2019, totalizando a contratação de 1.174 profissionais contratados.

7 EDITAL Nº 002/2017. Disponível em: http://www.macae.rj.gov.br/midia/conteu-

do/arquivos/1504364408.pdf Acessado em: 25/01/2020.

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Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

O município tem buscado suprir o quadro de profissionais do magistério

em virtude do crescimento da rede municipal de ensino e da garantia de

cumprimento da nossa matriz curricular. Para tanto, foram realizados nesse

período concursos públicos para admissão de professores. Entre 2010 e

2019, ingressaram na administração municipal: 1.165 professores A e 763

professores B, 68 professores C.

Como parte das políticas públicas da Secretaria Municipal de Educação

(SEMED) para valorização dos profissionais da educação na Rede Municipal

de Ensino e atendendo a “Lei de 1/3” de planejamento para os profissionais

do magistério, também foi observado o cumprimento da Lei nº 11.738/20088

que institui o Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) para os profissionais

do magistério público da educação básica, definindo também a composição

da jornada de trabalho dos profissionais do magistério observando o

limite máximo de 2/3 da carga horária para o desempenho nas atividades

de interação com os alunos, ficando o tempo restante, equivalente a 1/3,

destinado às atividades de formação, avaliação e planejamento, conforme

previsto no inciso V, do art. 67, da LDB/1996.

8 Ver nota 4.

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Podemos demonstrar o dinamismo em relação às matrículas e a

necessidade de informatização dos processos. Com a implantação de

sistema informatizado de pré-matrícula, em 2009, houve melhoria do

gerenciamento e organização de matrículas nas unidades escolares com

a pré-matrícula online, objetivando garantir o acesso e permanência dos

alunos na Rede Municipal de Ensino. Em relação à Educação Infantil,

observamos o crescimento de matrículas desde 2009, quando foram

registrados 8.810 ingressos, alcançado o número de 11.733 matrículas, em

2019. Em relação ao Ensino Fundamental, o número era de 23.003 em 2009,

alcançando 25.691 matrículas, em 2019.

Finalmente destacamos dentro do panorama de investimentos para a

qualidadena Gestãode Pessoas, avançosemgestãoinformatizada. OE-cidade

é um software público de gestão municipal, que se destina-se a informatizar

a administração dos municípios brasileiros de forma integrada, com acesso

através do portal da Prefeitura Municipal de Macaé (PMM), levantamento

de dados facilitando ações da municipalidade, para gerenciamento e

consulta da Rede Municipal de Ensino, por: gestores escolares; professores

(frequência, conteúdos e notas); pais de alunos (boletim escolar).

Portanto, estamos conscientes e atentos em relação à qualidade das

ações de Gestão de Pessoas por parte da Secretaria Municipal de Educação

(SEMED), com o intuito de promover também qualidade na prestação

dos serviços públicos pelos servidores da Educação. Corroboramos

com o professor Idalberto Chiavenato, um dos autores nacionais mais

reconhecidos na área de Administração de Empresas e Recursos Humanos9,

quando afirmou que “as organizações, públicas ou privadas, precisam

equiparar talentos e competências para poder acompanhar a forte mudança

e evolução do mundo moderno” (CHIAVENATO, 2008, p. 25). Segundo ele:

a excelência na prestação de serviços públicos ou

privados, não depende apenas de conquistar, reter,

aplicar, desenvolver, motivar e recompensar talentos,

mas, principalmente, de gerir competência e alcançar

resultados significativos por meio delas (IDEM).

Para nós, são importantes conquistas no âmbito da formação e

valorização destes profissionais que convivem diariamente com uma

9 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Idalberto_Chiavenato Acessado em:

25/01/2020.

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Rede dinâmica e com grandes desafios. Além disso, são conquistas que se

coadunam com a construção de uma cidade que valoriza os profissionais

que promovem, como bases do Sistema Público Municipal de Ensino em

Macaé, o CONHECIMENTO e o SABER.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Luis Cesar G. de. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2006.

BECKER, B. E.; HUSELID, M. A.; ULRICH, D. Gestão estratégica de

pessoas com Scorecard: interligando pessoas, estratégia e performance. Rio

de Janeiro: Campus, 2001.

BRASIL, Constituição Da República Federativa Do Brasil: texto

constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações

adotadas pelas Emendas Constitucionais n.1/92 a 32/200 e pelas Emendas

Constitucionais de Revisão n. 1 a 6/94. Brasília (DF): Senado Federal,

Subsecretaria de Edições Técnicas, 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Lei nº 9394 de 20

de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3.a ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2008.

MASLOW, Abraham H. Maslow no Gerenciamento. Rio de Janeiro:

Qualitymark, 2000.

MORAES. Karla Motta Kiffer de (Coord.). Padrões mínimos de

funcionamento da escola do ensino fundamental: Recursos Humanos. 2a

impressão. Brasília: Fundescola/DIPRO/FNDE/ MEC, 2006.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico:

Conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 2002.

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III - SOBRE REALIDADES

E DESEJOS: A GESTÃO

DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Carla Andrea Corrêa1 Mariana da Silva Duarte Pinto2

Sandra Espíndola Carneiro3

(...) a arte de narrar está em vias de extinção. São cada

vez mais raras as pessoas que sabem narrar devidamente.

Quando se pede num grupo que alguém narre alguma

coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivéssemos

privados de uma faculdade que nos parecia segura e

inalienável: a faculdade de intercambiar experiências.

Walter Benjamin, 2012.

Narrar uma trajetória não é apenas trazer à tona relatos

cronologicamente organizados. Narrar é rememorar acontecimentos,

pessoas, lugares. É mergulhar na história vivida, reconhecendo enredos

potentes nas experiências do passado que ressoam o presente e embalam

o futuro, “o saber da experiência se dá na relação entre o conhecimento e a

vida humana” (LARROSA, 2016, p. 30).

Esse capítulo propõe apresentar uma breve narrativa sobre a trajetória

da Educação Infantil do município de Macaé/RJ no período de 2009 a 2019,

valorizando os caminhos percorridos para o reconhecimento desta etapa

da educação básica como fundamental para a formação do humano. O

conhecimento implica interação, é contextual. Assim são os princípios que

nos conduzem. Num mergulho pela história dos últimos 10 anos da Educação

1 CARLA ANDREA CORRÊA - Pedagoga; Orientadora Pedagógica da Rede Muni-

cipal de Macaé; Coordenadora Pedagógica da Superintendência Municipal de Edu-

cação Infantil.

2 MARIANA DA SILVA DUARTE PINTO – Pedagoga; Superintendente de Educação

Infantil da Rede Municipal de Macaé; Professora A.

3 SANDRA ESPÍNDOLA CARNEIRO – Pedagoga; Orientadora Pedagógica da Rede

Municipal de Macaé; Coordenadora Pedagógica da Superintendência Municipal de

Educação Infantil.

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Infantil deste município, experenciamos muitos desafios e avanços, tanto do

ponto de vista estrutural quanto no que concerne as concepções de criança,

de currículo e de educação infantil.

O reconhecimento de tais concepções foi imprescindível para a

formulação de políticas públicas na educação infantil, com destaque para a

criação da Subsecretaria de Educação Infantil, uma iniciativa precursora no

país. Mais do que um novo arranjo organizacional, tal ação representou um

marco para o fortalecimento da gestão democrática e para a inclusão desta

etapa nas instâncias decisórias da educação básica.

O ano de 2009 foi marcado por um importante avanço para a Educação

Infantil do país: a revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil (DCNEI), do Conselho Nacional de Educação, mecanismo

legal de caráter mandatório, cujo objetivo é “orientar as políticas públicas e

a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas

e curriculares de Educação Infantil” (BRASIL. MEC, 2010, p. 11), definindo

o currículo da educação infantil e suas propostas pedagógicas que devem

respeitar os princípios éticos, estéticos e políticos e considerar que a criança

é

[...] sujeito histórico de direitos que, nas interações,

relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua

identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,

deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona

e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade,

produzindo cultura (BRASIL, 2009, p.01).

Mas nem sempre foi assim... Os espaços coletivos de Educação Infantil

refletiam uma fragmentação nas concepções sobre educação das crianças e

para ter a importância que possui hoje, foram necessárias organizações de

movimentos sociais e educacionais que buscaram o reconhecimento legal

da educação de crianças de zero até seis anos4 . Historicamente, a educação

da infância no Brasil foi marcada por um modelo assistencialista para as

crianças mais pobres e abandonadas nas creches e escolas maternais, onde

as ações restringiam-se ao cuidar da alimentação e higiene, e o educar, com

ênfase no aspecto escolarizante nos jardins de infância, reservada às crianças

mais privilegiadas como preparação para as classes de alfabetização. Além

4 Alterada pela Emenda Constitucional n. 053 de 06 de dezembro de 2006, modi-

ficando essa etapa da Educação Básica para o atendimento de crianças de zero a

cinco anos.

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disso, predominava uma política caracterizada pela ausência de investimento

público e pela não profissionalização da área (BRASIL, Parecer CNE/CEB nº

20/2009).

O avanço vem a partir de 1996, com a aprovação da nova Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, ao reconhecer a

educação infantil como...

primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade

o desenvolvimento integral da criança até 5 anos de idade

em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade”

(BRASIL, 1996, p. 11).

...essas escolas foram integradas aos sistemas de ensino, impactando em

novas políticas. Entretanto, a educação infantil torna-se obrigatória, a partir

dos 4 anos de idade (pré-escola), somente com a Emenda Constitucional nº

059/2009. Em 2013, a LDBEN foi alterada pela Lei nº 12.796 que, pela primeira

vez no país, indicou a necessidade de a educação infantil estabelecer uma

base nacional comum e foram explicitadas regras importantes em relação à

carga horária, à frequência e à avaliação da educação infantil.

Dentro deste contexto, o município de Macaé instituiu o Sistema

Municipal de Ensino (LEI nº 1940/99), regulamentando a Educação Infantil

através da Deliberação/CME nº 001/99, de 29 de outubro de 1999.

Conquistas e desafios: a construção da gestão democrática

A gestão democrática da educação não constitui um fim em si mesma,

ainda assim, constitui-se um imprescindível mecanismo no processo

de superação de práticas autoritárias, individualistas e geradoras de

desigualdades socioeconômicas. O professor Vitor Paro, da Universidade de

São Paulo (USP), nos fala que a “democracia caracteriza-se, dentre outras

coisas, pela participação ativa dos cidadãos na vida pública, considerados

não apenas como ‘titulares de direito’, mas também como ‘criadores de

novos direitos’’” (PARO, 2000, p. 8). Os novos direitos relacionam-se às novas

concepções que vão sendo construídas à medida que a sociedade avança,

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de acordo com o contexto histórico, social e político em que se encontra,

definindo as relações de poder, as prioridades, os valores. Para definir a

organização de políticas públicas para a educação infantil é necessário ter

como foco a criança, suas necessidades e desejos. Sabemos que as crianças

e as infâncias não são as mesmas, acompanham os contextos da sociedade

em todas as épocas, por isso é importante destacar a concepção atual,

preconizada através das DCNEI (2009), que valoriza o papel protagonista da

criança, compreendendo que

A criança é colecionadora, dá sentido ao mundo,

produz história e pertence a uma classe social. Olhar

o mundo a partir do ponto de vista da criança pode

revelar contradições e dar novos contornos à realidade

e conhecer a infância e as crianças favorece que o ser

humano continue sendo sujeito crítico da história que ele

produz (e que o produz) (KRAMER, 2009, p.71).

Arquivos da SEMED/ Fotógrafo: Rui Porto Filho

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Reconhecer essa concepção de criança foi fundamental para elaborar

políticas públicas para Educação Infantil no município de Macaé/RJ. Em

2009, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), institui a Subsecretaria

Municipal de Educação Infantil, primeira no Brasil, uma estrutura

organizacional administrativa que fortalece a gestão democrática, ampliando

a autonomia para esta etapa da educação básica em âmbito municipal,

reafirmando a importância da educação infantil para o desenvolvimento

integral da criança. Essa Subsecretaria foi criada com o compromisso de

ampliar o acesso das crianças a uma educação de qualidade, garantindo

seus direitos conforme a legislação em vigor.

A Subsecretaria determinou que o atendimento às crianças de 2 a 5

anos e 11 meses fosse realizado em Escola Municipal de Educação Infantil

(EMEI), um espaço institucional de referência, organizado de forma a

atender às especificidades das crianças pequenas, integrando creche e pré-

escola. Para garantir a adequação dos espaços às necessidades das crianças

foram realizadas mudanças de seis escolas para espaços mais apropriados;

reformas em algumas unidades escolares e o início da construção de cinco

novas EMEI. Todas receberam mobiliário adequado à faixa etária. Esse

atendimento é oferecido à comunidade através de escolas de horário parcial

e de horário integral, cuja escolha é feita pelos responsáveis.

As escolas de horário integral na Rede Pública Municipal de Ensino

foram instituídas pela lei municipal nº 2.982/2007, sendo implementadas,

gradativamente, com a inauguração de 24 escolas em 2009. Atualmente,

existem 30 unidades escolares com esse atendimento, perfazendo

50% da Rede Municipal de Educação Infantil. Mas todo o processo de

implementação das escolas de horário integral continua passando por

diversas fases. Inicialmente, por questões de organização administrativa,

as crianças passavam um turno com ações pedagógicas, mediadas por

professores da Rede, e o outro com atividades extraclasses, como capoeira,

dança, atividades artísticas, entre outras, sob a mediação de oficineiros com

habilidades nas referidas áreas. Foi uma importante conquista quando,

em 2009, as escolas de horário integral receberam um professor para cada

turno, garantindo a integralização das ações pedagógicas durante toda a

jornada da criança na escola, entrelaçando as diferentes linguagens para o

desenvolvimento pleno da criança.

Entre outras ações, um norteador para garantir o acesso a essas

escolas está na meta 1 do Plano Nacional de Educação (PNE), que trata da

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universalização, até 2016, da Educação Infantil para as crianças de 4 a 5 anos

de idade, e ampliação da oferta de creches de forma a atender, no mínimo,

50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência do plano, em 2024.

Convém ressaltar que o município de Macaé desde o ano de 2014, - portanto,

já no primeiro ano de vigência do PNE, - atendeu 100% da demanda por

matrículas na pré-escola (4 e 5 anos); com relação à oferta de vagas para as

crianças de 3 anos também foi atendida plenamente a partir de 2017 e ainda

se destaca-se que o município superou as metas estabelecidas, avançando

no atendimento da demanda por matrículas para a faixa etária de 2 anos,

que saltou de 67,46% no ano de 2014 para 90,30% em 2019, conforme o

gráfico abaixo:

Atendidos Não

Atendidos

Atendidos Não

Atendidos

Atendidos Não

Atendidos

MATERNAL I

(2 anos)

67,46%

32,54%

85,08%

14,92%

90,30%

9,70%

MATERNAL II

(3 anos)

92,58%

7,42%

100,00%

0,00%

100,00%

0,00%

Igualmente importante foi o aumento do quantitativo de Professores

Orientadores (PO)5 para atendimento a todas as EMEI, fortalecendo a gestão

pedagógica e possibilitando a efetivação da sistemática de acompanhamento

pedagógico em cada sala de aula.

5 Professor A selecionado pela direção, responsável por coordenar e cooperar com

as práticas pedagógicas organizadas pelos professores.

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III

DADOS DA EVOLUÇÃO DE MATRÍCULAS NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

MATERNAL I MATERNAL II

92,58%

67,46%

100,00% 85, 08%

90, 100,00% 30%

32,54%

7,42% 14,92%

0,00% 9,70%

0,00%

Atendidos Não Atendidos Atendidos Não Atendidos Atendidos Não Atendidos

2014 2017 2019

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Outrosprocessosdedemocratizaçãoforamimplementados,fortalecendo

a gestão da Subsecretaria e das escolas, como o acompanhamento e apoio à

Gestão Escolar através do Coordenador Pedagógico de Campo, um elo entre

escola e a Subsecretaria, e a criação da Coordenação de Gestão Participativa

promovendo, assim, ações sistemáticas junto às Unidades Escolares, através

de reuniões com diretores, diretores adjuntos, orientadores pedagógicos,

orientação e atualização do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE)6

e acompanhamento do plano de ações, através de visitas semanais para

avaliação e elaboração de estratégias com objetivo de melhoria da prática

pedagógica e administrativa. Ainda cabe destacar a importância da

participação mensal da equipe pedagógica da Subsecretaria e dos diretores

nas discussões das políticas públicas referentes a educação infantil no

âmbito do estado do Rio de Janeiro durante o Fórum Permanente de

Educação Infantil; afinal, a gestão democrática na educação faz parte de um

constante embate entre as concepções gerencial e democrática das políticas

implementadas pelo poder público, evidenciando que a gestão da educação

não é algo dado, acabado, mas em constante construção, aprendizado e luta

política. É um campo de disputa de sentidos e forças e, por isso, precisa-

se manter em constante alerta para não permitir que as conquistas nesse

campo sejam sufocadas por políticas antidemocráticas.

Em 2010, a Subsecretaria reestruturou todas as escolas nucleadas

(anexos às escolas-polo), tornando-as autônomas, com seus respectivos

diretores nomeados, valorizando a gestão democrática de cada EMEI.

Também organizou ações prioritárias, centradas no bem-estar das

crianças como a melhoria dos espaços externos das EMEI, iniciando com a

distribuição de parque infantil para todas por reconhecer que esse recurso

é absolutamente necessário para estimular a brincadeira livre das crianças

e o desenvolvimento de suas habilidades motoras, além de ser mais um

espaço que promove a socialização. Sonhos cultivados, realidades vividas,

criações e construções, assim pensam-se as escolas da infância, como

ambientes organizados que oferecem aos sujeitos um espaço de vida.

Espaços envolventes para crianças e adultos, acolhedores, incentivadores de

possibilidades criativas de expressão e comunicações múltiplas.

Um marco importante para toda a educação do município foi a

implementação de um processo seletivo para eleição de diretores das U.E.

6 O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) é uma ferramenta gerencial

que auxilia a escola a produzir decisões e ações fundamentais que moldam e guiam

o que ela é, o que faz e por que assim o faz, com um foco no futuro.

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em 2011. Professores, pais, servidores e alunos escolheram livremente os

gestores de suas Unidades Escolares, garantindo um processo democrático

em busca da melhoria da qualidade do ensino. Nesse mesmo processo,

todas as EMEI receberam um reforço importantíssimo: um diretor adjunto

para cada escola, assumindo as responsabilidades com o diretor geral como

coordenadores dos processos administrativos e pedagógicos no âmbito

escolar. Desse modo, a gestão democrática se concretiza no momento em

que os sujeitos envolvidos com o processo educacional tomam consciência

de que eles são os autores das relações democráticas.

Além da chegada do diretor adjunto, e, por orientação da Subsecretaria,

a escolha do Professor Orientador (PO) passa a ter como critério mínimo a

formação pedagógica destes profissionais com o objetivo de contribuir ainda

mais para o aperfeiçoamento e o aprimoramento da qualidade de ensino.

O PO trabalha em estreita relação com a Gestão da Unidade de Ensino e, a

partir de 2012, também junto ao Professor Orientador Pedagógico (POP)7 .

O POP também é o responsável pelas ações de formação de professores no

âmbito da U.E. e contribui para as formações dos profissionais da educação,

organizadas pela Secretaria de Educação.

Neste ano também houve a ampliação do número de Auxiliares de

Serviços Escolares (ASE) nas EMEI para o atendimento a todas as turmas,

ação fundamental para a melhoria da organização do cotidiano das salas de

aula e das ações de cuidar e educar as crianças.

Democracia e conhecimento: a formação dos profissionais

de educação infantil

No processo de construção da gestão democrática da educação, faz-se

necessário recolocar a importância de uma educação pública comprometida

com a formação dos diferentes sujeitos. A Resolução nº 2/2009 do CNE e

da Câmara de Educação Básica, que institui Diretrizes Nacionais para

os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério

da Educação Básica Pública, destaca a importância de as redes públicas

7 Membro do Magistério Público Municipal, devidamente habilitado que, de forma

planejada e integrada com a equipe de gestão, é responsável pela elaboração, exe-

cução e avaliação de planos, programas e projetos de ação pedagógica da Unidade

Escolar (REGIMENTO ESCOLAR, 2010).

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garantirem a formação continuada dos docentes, bem como da necessidade

dessa atividade estar prevista na jornada de trabalho. O documento não

possui caráter mandatório, mas serve de valiosa orientação para estados e

municípios.

Para a Rede Municipal de Educação de Macaé/RJ, a formação de

professores e demais profissionais é um dos pilares mais importantes, por

isso, durante a jornada de trabalho, desde a instituição do Sistema de Ensino,

garante-se o horário de atividade no âmbito escolar, dedicando-as a estudos,

pesquisas e planejamento de atividades docentes. Afinal, reconhece-se o

valor da educação de crianças e adultos como renovação para um mundo

melhor, onde “o conhecimento volte a ser uma aventura encantada”

(SANTOS, 2001, p. 36), capaz de abrir novos caminhos para a sociedade.

Além disso, a formação proposta pela SEMED está, prioritariamente,

centrada na escola e se constitui em um processo de estudos e reflexões

contínuas visando o fortalecimento da consciência coletiva dos profissionais,

da autonomia, da identidade profissional, bem como o desenvolvimento de

conhecimentos e saberes essenciais ao exercício da prática. A formação é

um espaço de valorização e integração em rede dos profissionais que atuam

em unidades escolares que atendem a Educação Infantil.

Desde 2009, a formação dos profissionais que atuam nas EMEI já se

configurava como uma preocupação da Subsecretaria de Educação Infantil,

por isso, foram organizadas reuniões, na sede da SEMED, com dias e horários

preestabelecidos para que todos os profissionais das escolas seguissem na

efetivação de estudo e reflexão com vistas ao aperfeiçoamento gradativo das

práticas pedagógicas e administrativas, também contribuindo na elaboração

do PDE com planejamento estratégico, fortalecendo a gestão democrática

e participativa. Nesses encontros também foram garantidos espaços para

a valorização das práticas bem-sucedidas das EMEI através de trocas de

experiências.

As ações de formação continuada, para serem efetivas e eficazes, devem

ocorrer de forma sistemática e colaborativa, levando em consideração

as necessidades da Rede e de cada U.E. em particular. Davis et al. (2011)

salientam que

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[...] as redes de ensino que contam com políticas de

formação próprias encontram-se mais conectadas com

as necessidades e as demandas de professores e, por

isso, têm mais chances de criar ações de formação que

tenham impacto positivo no cotidiano das escolas (DAVIS

et alii., 2011).

Nesta perspectiva, a experiência acumulada pela Secretaria ajudou

a aprimorar as ações de formação nos anos seguintes. Assim, a partir de

2013, a Subsecretaria investiu na formação da coordenação pedagógica e na

atualização do Programa de Formação Continuada em Serviço, organizando

material teórico e prático para a realização dos cursos de curta duração, que

foram elaborados com a intenção de propiciar experiências práticas no

corpo e pelo corpo dos professores, constituindo-se em um saber direto,

sensível (DUARTE JR., 2000)8 , garantindo experiências para os professores

que contribuíssem com suas práticas pedagógicas na elaboração de projetos

próprios, autônomos, com vista à construção de sua identidade profissional

e o reconhecimento do protagonismo infantil.

Nosso programa considera que a formação continuada de

professores é o processo permanente de aperfeiçoamento

dos saberes necessários à atividade docente, realizado ao

longo da vida profissional, com o objetivo de assegurar

uma ação docente efetiva que promova aprendizagens

significativas (COP em Ação, 2016).

Todas as ações referentes à formação continuada em questão,

compreendem a necessidade de que os sujeitos em formação passem por

processos de experimentação, de inovação e de novos modos de trabalho

pedagógico, valorizando a formação como a arte do encontro, onde o

conhecimento é cultivado com atenção e delicadeza em todos os processos.

Dessa forma, as reuniões e os cursos realizados, desde 2013, utilizaram

como caminho metodológico a reflexão e ação através de experiências com

múltiplas linguagens.

8 O saber sensível é explicado por Duarte Jr (2000) como sabedoria incorporada

ao seu detentor: “[...] na medida em que incorporar significa precisamente trazer ao

corpo, fundir-se nele: o saber constitui parte integrante do corpo de quem o possui,

torna-se qualidade sua” (DUARTE JR, 2000, p. 16. Grifado no original).

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Toda formação organizada pela SEMED para os profissionais da

educação infantil baseia-se na legislação vigente e na documentação

elaborada coletivamente para a orientação e organização do trabalho

pedagógico nas EMEI. Esse conjunto de normas e procedimentos que servem

de referência para as instituições de educação infantil são denominados

Cadernos de Orientação Pedagógica (COP e COP em Ação), documentos

baseados nas Diretrizes Curriculares para Educação Infantil (DCNEI, 2009),

que determinam as orientações para as propostas pedagógicas na educação

infantil da Rede. Segundo a DCNEI as propostas pedagógicas têm como

objetivo

[...] garantir à criança acesso a processos de

apropriação, renovação e articulação de conhecimentos

e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como

o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança,

ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à

interação com outras crianças (DCNEI, 2009).

Os Cadernos de Orientação Pedagógica foram elaborados a partir

de estudos realizados em grupos de trabalho (GTs), reuniões e formação

continuada em serviço com diretores, professores orientadores, professores

e coordenadores pedagógicos da Subsecretaria, objetivando fortalecer e

garantir a unidade de trabalho nas EMEI. O processo de tomada de decisões,

com vistas a estabelecer os compromissos de mudança com os profissionais

da educação, se deu de forma gradativa, garantindo a participação de todos.

Em 2012, concluiu-se a elaboração do Caderno de Orientação Pedagógica

da Educação Infantil (COP), um referencial teórico para nortear as ações

das EMEI, considerando o momento histórico de valorização da educação

infantil no país, iniciado a partir da aprovação das novas Diretrizes

(Resolução nº 5/2009).

Em 2014, considerando a proposta de continuidade do COP (Cap. VI p.

4), iniciaram-se os estudos e pesquisas para a elaboração do COP em Ação,

documento teórico-prático com a finalidade de orientar os educadores na

organização e estruturação das práticas pedagógicas no cotidiano escolar.

Este documento enfatiza o papel da Subsecretaria de Educação Infantil de

elaborar políticas públicas que contribuam para o cumprimento da legislação

vigente, bem como disseminar junto às equipes gestoras as concepções

sobre educação de crianças até 5 anos e 11 meses, fortalecendo práticas

administrativas e pedagógicas necessárias para o desenvolvimento integral

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das crianças. Para garantir uma participação ativa de todos os profissionais

envolvidos, o documento foi concluído em 2016 e encaminhado às escolas

para sua implementação no ano seguinte.

Em 2017, a Superintendência de Educação Infantil9 organizou uma

estrutura com a finalidade de embasar suas ações, articulando a tríade

ACOMPANHAMENTO - FORMAÇÃO – PROCEDIMENTOS. Toda

ação planejada parte desses princípios. Assim, organizam-se reuniões

administrativas e formativas para as equipes gestoras das EMEI, diretores

geral e adjunto e professores orientadores, contribuindo na formulação de

procedimentos que auxiliassem na organização da gestão escolar.

Outra ação importante é o apoio à gestão realizado pela Coordenação

Pedagógica desta Superintendência, formada por Professores Orientadores

Pedagógicos (POP) e professores, através do acompanhamento de cada

EMEI para entrelaçar as orientações gerais à realidade de cada uma delas.

Dessa forma, valoriza-se a identidade, a organização e a estrutura de cada

escola, orientando e apoiando pedagógica e administrativamente com foco

na unidade do trabalho em rede, alinhando concepções, a fim de atender

com maior eficiência as crianças deste município.

Constituindo-se como um espaço de valorização e integração em

Rede dos profissionais que atuam em unidades escolares da Educação

Infantil, ressalta-se a importância da continuidade do Programa de

Formação Continuada em Serviço que, alinhado aos procedimentos e

acompanhamento, alicerça a elaboração, avaliação e revisão de documentos

entrelaçados ao COP e COP em Ação, norteando o trabalho nas escolas de

educação infantil.

Em 2018, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), através da

Superintendência de Educação Infantil, iniciou a participação, junto a

outras secretarias do município, na elaboração do Plano Municipal pela

Primeira Infância (PMPI). Esse Plano é um instrumento político e técnico,

que deve ser construído em um processo democrático com participação das

diferentes secretarias e órgãos públicos da administração municipal, poder

legislativo, judiciário e sociedade civil, também contemplando a escuta e

participação das crianças – sujeitos de direito a quem se destina o PMPI. Tem

como referência o Plano Nacional pela Primeira Infância (PNPI), visando o

atendimento aos direitos das crianças na primeira infância (até os 6 anos de

9 Com a Reforma Administrativa, em 2017, a Subsecretaria de Educação Infantil

passou a denominar-se Superintendência de Educação Infantil. Ca

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idade) no âmbito do município, cuja elaboração é recomendada pelo Marco

Legal da Primeira Infância (Lei 13.257/2016).

A primeira infância é a fase de maior vulnerabilidade, que demanda

proteção especial em um ambiente seguro, acolhedor e estimulante.

Cuidar e educar as crianças é a estratégia comprovadamente mais eficaz de

promover o desenvolvimento da pessoa, da sociedade e do país. É importante

reconhecermos que a criança é sujeito de direitos, único, com valor em si

mesmo e em condição de desenvolvimento.

Em continuidade às ações planejadas, em 2019, cada secretaria do

município de Macaé, envolvida na elaboração do PMPI, organizou suas

ações específicas para a elaboração de um documento síntese a partir de

diagnósticos sobre a situação da primeira infância no município. A Secretaria

Municipal de Educação (SEMED), valorizando os processos democráticos,

utilizou-se de metodologia de cunho qualitativo, para conhecer a situação

dos espaços de educação, lazer e cultura, através de um questionário

semiestruturado para os pais, enviado para cada escola de educação

infantil da Rede e, ainda, através da escuta das crianças e análise coletiva de

desenhos, de falas e das brincadeiras que expressam as vivências em suas

famílias e nas instituições de educação infantil. As questões colocadas foram:

“O que as crianças pensam? O que conhecem? Como pronunciam o mundo

através das diferentes linguagens (desenhos, gestos, falas, brincadeiras)?

Que experiências viveram? Que significado atribuem a estas experiências?”

Outra importante ação, iniciada em 2018 pela Superintendência

de Educação Infantil, foi o estudo sobre currículo na educação infantil,

articulando as orientações da DCNEI (BRASIL, 2009), as orientações de

nossos Cadernos (COP, 2012; COP em Ação, 2016) e a Base Nacional Comum

Curricular (BNCC), aprovada ao final de 2017. Para garantir um processo

democrático, esses estudos contaram com a participação de diretores,

professores orientadores e professores e deram origem a um documento

preliminar de orientação curricular para a , atualmente em fase de avaliação

pelos professores que atuam nas EMEI, com vistas ao aprimoramento do

documento para melhor atender às necessidades das U.E.

Durante o ano de 2019, essa versão preliminar foi desenvolvida, de

forma experimental, nas escolas e, para tanto, a formação continuada em

serviço enfatizou em seus cursos e reuniões, orientações teóricas-práticas

de como implementar essa proposta, a fim de garantir o desenvolvimento e

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a aprendizagem das crianças.

O propósito desse documento é estruturar uma orientação curricular

para educação infantil da Rede que embase a organização do currículo de

cada instituição de Educação Infantil, tendo como norteador o conceito

trazido pelas DCNEI, que compreende o currículo como “práticas

educacionais organizadas em torno do conhecimento e em meio às relações

sociais que se travam nos espaços institucionais, e que afetam a construção

das identidades das crianças” (BRASIL, 2009). O currículo é vivo, corresponde

a tudo o que acontece no cotidiano escolar, são as experiências e os saberes

das crianças articulados aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio

cultural, artístico, científico e tecnológico da sociedade. Acredita-se que esse

documento garantirá a unidade das EMEI enquanto instituições ligadas a

um Sistema Municipal de Ensino, sem deixar de valorizar a identidade e

autonomia de cada U.E., como princípio democrático preconizado por esta

Secretaria.

Os processos que instituíram uma gestão democrática no município

de Macaé só foram possíveis pelo reconhecimento da coexistência das

diferenças - graças à liberdade de (re) existência - que permite o pluralismo

dos interesses e das opiniões como condição fundamental para a constituição

da qualidade social da educação e na consolidação de Macaé como Cidade

do Conhecimento.

Brincadeira como estratégia de desenvolvimento integral da criança.

Arquivos SEMED/ Fotógrafo: Rui Porto Filho

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história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2012.

BRASIL. PARECER CNE/CEB Nº 20/2009. Diretrizes Curriculares

Nacionais para Educação Infantil, 2009.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/

CEN nº 05/09. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil (DCNEI).

DUARTE JR., João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do)

sensível. Tese de Doutorado. UNICAMP, 2000.

KRAMER, Sonia. Retratos de Um Desafio. Crianças e Adultos da

Educação. São Paulo: Editora Ática, 2009.

LARROSA, Jorge. Tremores: escritos sobre a experiência. 1. ed; 2. reimp.

Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016. (Coleção Educação: Experiência e

Sentido).

MACAÉ/RJ. Secretaria Municipal de Educação. Subsecretaria de

Educação Infantil. COP em Ação: Orientações práticas às escolas de

Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Macaé. Macaé/RJ:

Secretaria Municipal de Educação, 2016.

PARO, Vitor. Por Dentro da Escola Pública. 3 ed. São Paulo: Xamâ, 2000.

SANTOS, B. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da

experiência. São Paulo: Cortez, 2000.

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IV - ENSINO FUNDAMENTAL:

TECENDO A ESCOLA PÚBLICA

QUE QUEREMOS

Balade Aref Ayala1 Andréa Nobre2

Alex Sanders Bogado de Lima3

Dezoito milhões de meninos e meninas passarão fome

na América Latina e no Caribe hoje à noite e sonharão

em ir à escola, a única instituição pública que todos os

dias, quando termina a madrugada, abre suas portas para

receber a infância, e prometer-lhe um mundo melhor.

Pablo Gentili (2009).

O panorama da educação brasileira nas últimas décadas vem afetando

e desafiando a elaboração de políticas públicas que garantam a todas as

crianças, e adolescentes o acesso ao Ensino Fundamental regular de nove

anos, como também sua permanência com sucesso, e aos jovens e adultos a

reinserção formal aos estudos na modalidade Educação de Jovens e Adultos

(EJA).

A universalização do ensino, princípio que assegura “a todos” o direito

à educação presente no Art. 205º da Constituição Federal de 1988 e no

Art.4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB/96, ampliou

significativamente a entrada de novos grupos na escola pública, rompendo

com a homogeneização do passado e introduzindo um novo diálogo com

coletivos de diferentes culturas, contextos, valores e possibilidades físicas,

afetivas, cognitivas e morais. A recente integração desses novos alunos,

somada a celeridade das formas de comunicação com uso de tecnologias

4.0 e a fluidez dos conteúdos num mundo de incertezas, aponta para a

1 BALADE CRISTINA AREF AYALA, Pedagoga, Superintendente do Ensino

Fundamental e Médio da Rede Municipal de Ensino de Macaé

2 ANDRÉIA NOBRE, Professora, Coordenadora de Mediação em Conflitos Escolares da

Secretaria Municipal de Educação

3 ALEX SANDERS BOGADO DE LIMA, Especialista em informática educativa e

mediação pedagógica em EAD, Coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional

de Macaé

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imperiosa necessidade de pensar e ressignificar uma proposta educativa

emancipatória, tecida na prática escolar por muitos protagonistas, sendo o

aluno interativo e produtor de conhecimento.

Com o propósito de exercitar e instituir na Rede Municipal de Ensino de

Macaé a prática da gestão democrática e da efetivação do direito à educação

com qualidade social (MEC, 2009), foram implementadas no período

de 2009-2019, ações pautadas nos objetivos específicos propostos pelo

Ministério da Educação (MEC) nas 55 escolas de Ensino Fundamental.

Ao apresentarmos uma década de trabalho educativo temos o objetivo

de registrar historicamente os avanços recentes na qualidade das políticas

educacionais da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Macaé,

para que as ações realizadas permaneçam preservadas e façam parte da

memória cultural educativa do nosso município. Assim, afirmamos nosso

exercício em prol da construção da Escola Pública de qualidade social

promotora da dignidade humana e da cidadania, pautada nos objetivos que

visam fortalecer a gestão democrática e efetivar o direito à educação básica.

A Secretaria Municipal de Educação (SEMED), organizada até 2016

em subsecretarias e coordenações, apresentava em sua estrutura campos

complementares de atuação e discussão, como também abertura para

estabelecer parcerias com outras instituições públicas e privadas, visando ser

campo de observação e estudo, ao mesmo tempo em que recebia mediação

e orientação especializada da academia.

Podemos citar alguns destaques das ações de observação e estudo,

nesta última década, com a colaboração do Observatório de Escolas do

Estado do Rio de Janeiro, em 2009, quando profissionais da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pontifícia Universidade Católica (PUC) e

Colégio Pedro II realizaram em Macaé encontros com diretores das escolas

do Ensino Fundamental visando conhecer a realidade da formação dos

gestores municipais, e também apontar estudos mais amplos referentes à

elaboração de planejamento estratégico baseado no diagnóstico de cada

realidade, em metas e políticas nacionais.

Por intermédio da coordenação do IAPP, é desenvolvido o primeiro

curso organizado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

(ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), na cidade de Macaé, sobre

“Impactos da Violência na Escola”, curso proposto pela Secretaria de

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Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – (MEC/SECAD),

destinado aos Professores Orientadores Educacionais. Também neste ano a

Secretaria Municipal de Educação (SEMED), recebeu assessoria da

professora Lúcia Veloso da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),

possibilitando encontros e estudo com a subsecretaria, equipe e diretores

das Unidades Escolares sobre o histórico e as experiências da Escola de

Horário Integral.

Fortalecendo a cultura de gestão compartilhada e dialogada que é

marcada pela implementação de processo seletivo para diretores das

Unidades Escolares, em 2011, fruto de propostas apresentadas no Fórum

Permanente de Educação Municipal em 2010, a equipe de coordenação

pedagógica da Subsecretaria de Ensino Fundamental orientou diretores e

pedagogos – supervisores, orientadores educacionais e pedagógicos das

escolas, na elaboração do Plano de Gestão.

Plano pautado nos eixos: organização escolar e planejamento

estratégico pedagógico, visando conhecimento da realidade escolar e

esforços educativos coerentes às necessidades de cada escola. O processo

democrático de eleição é reeditado a cada três anos, potencializa a

participação da comunidade escolar na escolha de seu representante, como

também inaugura novos espaços de participação e de transparência da

gestão.

Arquivos SEMED. Foto: Rui Porto Filho

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Ainda no âmbito da gestão compartilhada e dialogada, são promovidas

discussões coletivas com os docentes do Ensino Fundamental sobre a

relação entre currículo, conhecimentos e culturas, visando a atualização do

Caderno de Orientações Curriculares (COC), documento organizado e

operacionalizado por professores em suas respectivas áreas de

conhecimento cuja primeira edição ocorreu em 2007.

A segunda edição do COC, elaborada nos anos de 2011 e 2012 foi

disponibilizada em janeiro de 2013 para as Unidades Escolares e

posteriormente em versão digital , para orientação do planejamento do

trabalho em Rede.

As Coordenações Pedagógicas do Ensino Fundamental realizam nos

anos de 2016, 2017 e 2018 encontros com os profesores visando estudo,

planejamento e atualização do COC e organização de atividades com

referência à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), visando o

conhecimento das dez competências gerais e seu uso na prática

pedagógica.

Em 2019, a revisão coletiva do Caderno de Orientações Curriculares

realizada pelos professores e pautada na Base Nacional Comum Curricular

foi disponibilizada em versão aberta no site www.ntmmacae.com do

Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal de Macaé (NTM) para o uso

do documento como referência para o planejamento em rede. A versão

aberta para consulta, sugestões e acréscimos corrobora para atualização

do COC de acordo com a realidade das escolas. Para efetivação desta

ação demos destaque a competência 5, Cultura Digital, tendo o suporte

pedagógico e técnico do NTM.

O NTM foi criado a partir da adesão do município ao Programa

Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO), em 26 de março de 2008,

e encaminhado à Secretaria de Educação a Distância (SEED) do Ministério

da Educação (MEC), em 28 de abril de 2008, por entender a importância de

se investir no processo de inovação e de uso das tecnologias de informação

e comunicação a serviço da educação.

O PROINFO possui como principal meta a universalização da

informática na rede pública de Ensino Fundamental e Médio. O programa

além de equipar as escolas, também planejou e executou a formação dos

recursos humanos na área, através da criação dos Núcleos de Tecnologia

Educacional.

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A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) ao aderir ao PROINFO

comprometeu-se a garantir a infraestrutura básica (espaço físico, rede

lógica e rede elétrica), segurança e serviços de manutenção para o

funcionamento dos Laboratórios de Informática destinados às escolas

ou Núcleos de Tecnologia Educacional de sua rede de ensino. Além disso,

viabilizou o acesso dos professores às capacitações oferecidas pela SEED/

MEC, Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTEs) ou outras agências no

âmbito do PROINFO. Todas as ações de formação convergiram para garantir

a utilização dos equipamentos e serviços dos Laboratórios de Informática

pelos alunos e professores das escolas, fomentando a inserção do uso das

tecnologias em seu projeto pedagógico e em atividades para dinamizar e

qualificar o processo de ensino e aprendizagem e educação digital.

Desta forma foi elaborado pela Secretaria Municipal de Educação

(SEMED) um Plano Tecnológico Educacional para implantação do

Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal, com inauguração em 11

de novembro de 2009 e a partir daí foi desenvolvido todo o trabalho de

formação de professores em tecnologia educacional com turmas presenciais

desenvolvendo um conjunto de cursos com material didático próprio do

PROINFO - material impresso e acesso a plataforma E-proinfo.

Foram implantados Laboratórios de Informática com profissionais

formados para utilização pedagógica de recursos de tecnologia atendendo

a alunos de todo o Ensino Fundamental. Conforme consta no Plano

Tecnológico do NTM a abrangência de laboratórios de informática já

instalados no município antes da adesão ao PROINFO era de 10 escolas

beneficiadas e, segundo Censo de 2008, com internet acessível em 22 escolas

municipais.

A partir da adesão, houve uma grande ampliação dos laboratórios de

informática, com instalação paulatinamente em todas as escolas de ensino

fundamental, chegando nos anos seguintes a instalação de mais 42 escolas

de ensino fundamental totalizando 52 escolas atendidas.

Além da instalação de laboratórios outra ação de importante impacto

foi a formação de professores voltada ao uso das novas tecnologias como

ferramenta pedagógica. Diversos trabalhos inovadores foram realizados

a partir destes espaços de aprendizagem. Grandes possibilidades são

exploradas quando os alunos possuem acesso a recursos digitais mediante

um trabalho criativo e planejado tendo como propósito a potencialização

das ações dos discentes através de tais recursos.

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O NTM chegou à marca de 2.629 cursistas formados até setembro

de 2019, destacando-se com uma diversidade de temas trabalhados,

tais como: Introdução a Educação Digital, Tecnologias na Educação –

Ensinando e Aprendendo com as TICs, Uso Ético Seguro e Legal das

Tecnologias, Mediação Pedagógica com a Web 2.0, UBUNTU – História e

Cultura Afro- brasileira para Educação, Curta na Sala de Aula, entre

outras experiências de formação profissional.

O site www.ntmmacae.com foi disponibilizado com diversos recursos

Educacionais Abertos à disposição de professores e obteve ampla

divulgação e acesso desde então. No site constam recursos disponíveis

para a Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio e

Educação de Jovens e Adultos. Vale ressaltar que o site se apresenta

como ferramenta inovadora, disponibilizando não só recursos virtuais

de aprendizagem, mas também várias orientações pedagógicas de

trabalho para o professor. Em 2017 com a reforma administrativa

municipal o NTM é incorporado a Superintedência de Ensino Fundamental,

Médio e EJA.

A partir de 2017 as Subsecretarias de Ensino passaram a ser

denominadas como Superintendências. O Ensino Fundamental estrutura

seu planejamento de trabalho a partir de quatro eixos: 1- Organização

escolar, 2- Promoção de ambiente educativo acolhedor, 3-

Acompanhamento pedagógico sistematizado, 4 - Análise de dados para

futuros planejamentos. Estes eixos balizam o plano de gestão anual a ser

desenvolvido e o projeto político pedagógico de cada unidade escolar.

Ainda neste ano, é elaborado o Plano Plurianual em consonância com

as metas previstas no Plano Municipal de Educação a fim de garantir a

qualidade social da educação ofertada, no período 2017–2020. As ações

são planejadas para curto e médio prazo visando aumentar os índices de

aprovação e permanência dos alunos com sucesso na escola, regularizar o

fluxo escolar e promover espaços democráticos de formação e convivência

cidadã.

Neste período foram desenvolvidas ações cooperativas entre as

equipes das Superintendências do Ensino Fundamental, Infantil e Integrada

para realização de projetos, ações e estudos de casos. Também foi

planejada e executada cooperativamente a formação dos docentes e

demais profissionais de ensino.

Ca

pit

ulo

IV

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A Formação em Serviço para os professores, que autam nos anos

iniciais, teve como objetivo o desenvolvimento no nível de proficiência em

compreensão leitora, escrita, estratégias do pensamento lógico

matemático, nas competências socioemocionais e em Educação Física. Com

o objetivo de acompanhar o progresso dos alunos, implelmentamos o uso

de planilhas em Língua Portuguesa e Matemática.

Foram elaboradas e disponibilizadas apostilas de apoio ao estudo da

Língua Inglesa para alunos do 6° ano de escolaridade e para as áreas de

estudo da modadlidade EJA.

Em atendimento às competências socioemocionais da BNCC, foram

implementadas a Coordenação Educativa de Saber Cuidar para atuar nos

anos iniciais e a Coordenação de Mediação de Conflitos Escolares para anos

finais e médio. Estas coordenações visam fortalecer o Projeto Educativo em

sua construção diária, trabalho pautado em desenvolvimento de princípios,

valores e na metodologia dialogada para prover a convivência respeitosa,

ações constantes do Termo de Cooperação Técnica, firmado pela Secretaria

Municipal de Educação (SEMED) com o Ministério Público (MP) da

Comarca de Macaé.

Foi estabelecido desde 2017 acompanhamento sistematizado às

Unidades Escolares que ofertam turmas de Educação de Jovens e Adultos

(EJA) e Correção de Fluxo Escolar4.

As coordenações pedagógicas do Ensino Fundamental e do Livro

Didático são responsáveis em articular projetos e programas do Governo

Federal que requerem logística local para sua apropriação e consolidação,

tais como: Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), Pacto Nacional pela

Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e Mais Alfabetização. A coordenação

do Livro Didático tem como objetivo geral propor e implementar ações para

melhoria da gestão do PNLD nas escolas municipais de Macaé, através do

bom uso do livro didático, otimizando o atendimento de alunos e professores

e a melhoria da aprendizagem.

As coordenações de Orientação Educacional e Pedagógica orientam e

acompanham a execução dos processos educativos, promovem encontros

de estudo e elaboram materiais pedagógicos e realizam fóruns e jornadas

anuais.

4 O Ministério da Educação (MEC) estabeleceu a Política de Correção de Fluxo,

na perspectiva de erradicar o problema da defasagem idade/ano de escolaridade.

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Em relação a alfabetização foi estabelecida desde 2013 a parceria com

o Governo Federal para operacionalizar a política de formação

denominada Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC),

com os docentes que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Ação

que promoveu até 2016 estudos contínuos e sistematizados, mediados por

educadores da UFRJ- RJ.

No período compreendido entre 2017 e 2019, no Estado do RJ, foi

mantida a formação em intervalos de tempos mais espaçados. Em 2018, o

MEC, substitui o PNAIC, pelo programa Mais Alfabetização, também

pactuado com o Governo Municipal, mas com adesão opcional das

unidades escolares.

A Superintendência de Ensino Fundamental e Médio oferece cursos de

formação continuada em serviço para os professores de referência, em

encontros mensais de estudo, quando discutem as atividades que visam

organizar os tempos de aula em todas as turmas da rede, com organização

e logística que possibilitem a participação de todos.

De acordo com a Lei Federal nº. 11.7385 , de 16 de julho de 2008, que

instituiu o piso nacional para os profissionais do magistério público da

educação básica, mais conhecida como “Lei do Piso”, e dispõe sobre a

jornada de trabalho dos professores assim como o tempo necessário para

planejamento das suas atividades.

A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) conta com um importante

espaço de formação e estudo, o Laboratório de Matemática, inaugurado em

setembro de 2019 , situado na Cidade Universitária, tendo como objetivo

apresentar metodologias inovadoras que auxiliam a prática docente na

construção de saberes matemáticos para a leitura de mundo.

O LEMAK - Laboratório Interativo de Educação Matemática Ana Kaleff e

o LEMi - Museu Interativo Inclusivo de Educação Matemática, espaços que

oportunizam um conjunto de explorações e investigações matemáticas, com

o propósito de ser apoio complementar às atividades propostas em sala de

aula. Relevante destacar que esta ação ocorre em parceria com o curso

Superior de Matemática da Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva

Santos (FeMASS).

5 Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2008/lei-11738-16-ju-

lho-2008-578202-publicacaooriginal-101082-pl.html Acessado em 29/01/2020.

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As Formações em Serviço têm o objetivo de realizar estudos,

acompanhar os processos de ensino e de aprendizagem, identificar avanços

e dificuldades, elaborar planejamento e atividades, como também socializar

experiências desenvolvidas.

Para os professores que atuam como docentes integradores de 1º ao

5º ano acontece desde 2017. A formação é destinada ao desenvolvimento

do projeto Saber Cuidar, tal projeto a partir de 2019 conta com o recurso

de material didático.

Em 2017 e 2018, a Formação em Serviço priorizou o desenvolvimento

das competências socioemocionais e o uso de livros de literatura. Em 2019,

há orientação para o trabalho com Projetos Integradores da coleção “Da

Escola para o Mundo”. Cada tema se subdivide em 4 projetos apresentados

no livro e os componentes curriculares que são trabalhados em cada um

deles. Desenvolvidos bimestralmente durante todo o ano letivo, segundo as

Competências Gerais da BNCC (Responsabilidade e Cidadania, Empatia e

Cooperação e Autoconhecimento e Autocuidado). Ao final de cada bimestre

propõe-se uma produção para socializar com a comunidade educativa o

aprendizado.

Na História da Educação Brasileira, a Educação destinada aos Jovens e

Adultos passou por diferentes definições e concepções. Desde a Educação

de Adultos, a Educação de Adolescentes e Adultos, até sua definição atual

dada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n. 9.394/1996,

como Modalidade da Educação Básica, sendo definida como Educação de

Jovens e Adultos.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Macaé, conta com um público

diverso. Dentro da mesma sala de aula, há adultos de 40 anos, jovens de 20 a

24 anos e adolescentes com 15 anos. É observada a predominância de

estudantes jovens na modalidade e que possui histórico com marcas ou da

reprovação ou do abandono escolar, ambas configurando um processo de

exclusão.

Então, se faz necessário repensar não só um Currículo diferenciado, mas

que leve em consideração todas as especificidades e necessidades dos

alunos. O Currículo da EJA deve estar alinhado à heterogeneidade que o

grupo apresenta, considerando as diferentes culturas, interesses, etnias e

faixas etárias.

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IV

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Os encontros formativos com os professores que atuam na modalidade

de Educação de Jovens e Adultos, adotam a metodologia dialogada e

exploratória das experiências vividas.

O currículo da EJA está baseado nas Diretrizes Curriculares Nacionais de

Educação Básica e nos Cadernos de Orientação Curricular da Rede

Municipal de Ensino, com ênfase em temas de relevância social, como

também na Área de Conhecimento de maior necessidade para o aluno,

especialmente nos aspectos de leitura, escrita e pensamento matemático,

através da elaboração do planejamento coletivo e cooperativo, garantindo

a continuidade de aprendizagem contextualizada.

A implementação da EJA semestral em 2019, pretendeu reduzir as

taxas de evasão da modalidade, a medida que atende aos anseios de

terminalidade conjugados com o de continuidade. O presente desafio é o

de realizar a prática interdisciplinar de projetos, organizados em eixos

temáticos, visando a presença e a participação dos alunos, como elementos

ativos do próprio processo de aprendizagem, das questões coletivas

comunitárias e culturais, de descoberta de suas potencialidades e

pertencimento responsável aos seus propósitos.

Os professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) realizaram

seminário no ano de 2017 visando discutir estratégias de ação pertinentes

a modalidade de ensino. Em 2018, aprofundamos o estudo referente aos

desafios da EJA relacionados a evasão e a dar terminalidade aos estudos,

quando apresentamos ao Conselho Municipal de Educação (CME) estudo

para alterar a periodicidade de anual para semestral. Com esta mudança

espera-se a conclusão dos estudos do alunado.

Macaé obteve avanço nos resultados do Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (Ideb), em 2017. O resultado foi divulgado pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão ligado ao

Ministério da Educação (MEC). Nos anos iniciais foi alcançada a média

5,9. Este valor foi maior do que a média nacional e maior do que a média

do Estado do Rio de Janeiro. A nota 5,9 referente ao Ideb - anos iniciais é

maior se comparada com os anos de 2015 (5,6) e 2013 (5,2). Macaé ficou

em terceiro lugar em todo estado do RJ, se comparada aos municípios com

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mais de 100 mil habitantes e está como primeira colocada entre as cidades

do Norte Fluminense e 14ª em todo Estado do Rio de Janeiro.

Os quadros abaixo mostram o desempenho de Macaé em relação às

redes municipais do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil. Tanto nos Anos

Iniciais quanto nos Anos Finais, Macaé além de estar acima demonstra

tendência de crescimento a partir de 2013.

Quadro 1 - Evolução do IDEB nos Anos Iniciais

Fonte: MEC/INEP 2017

Quadro 2 - Evolução do IDEB nos Anos Finais

Fonte: MEC/INEP 2017

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7,0

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0

Macaé

RJ

Brasil

2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019

6

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3

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Macaé

RJ

Brasil

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0

2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019

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Fortalecendo as ações de elaboração, execução e avaliação de planos,

programas e projetos de ação pedagógica nas unidades escolares, a Secretaria

de Educação conta com membros do magistério, pedagogos especializados

na área da supervisão, orientação educacional e pedagógica. São

profissionais devidamente habilitados que impulsionam o coletivo educativo

para projetar e acompanhar metas de curto e médio prazos, mediando

processos educativos, avaliativos e estratégias diversificadas de ações que

possibilitam o processo de desenvolvimento e construção de conhecimento

dos educandos, nos aspectos cognitivos, conceitual, procedimental e

atitudinal, objetivando a sua formação integral e priorizando a articulação

família e escola, através de estratégias de aproximação que contribuam para

o estabelecimento de parcerias, cooperação e responsabilidade mútua.

As atividades desses profissionais ocorrem na escola, em espaços

coletivos de estudo, de trocas e planejamento, como reuniões quinzenais, em

Seminários e Jornadas, favorecendo uma prática cooperativa com ampliação

do raio de ação e de planejamento, e que tem promovido a integração dos

saberes e a parceria entre Professores Orientadores Pedagógicos, Professores

Orientadores Educacionais e Professores Supervisores de Ensino.

Apesar dos esforços em oferecer subsídios necessários para a qualidade

de educação pública municipal em Macaé, ainda estamos em processo de

muitas conquistas que convivem com desafios que fazem parte do cenário

nacional.

A defasagem idade/ano de escolaridade é um dos maiores desafios

do Ensino Fundamental, em especial nos anos finais. Nossos resultados

comprovam que, nem sempre, repetir o ano de escolaridade significa

real oportunidade de apropriar-se dos conhecimentos significativos para

continuar o processo de escolarização. De acordo com o professor Celso

Vasconcellos, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP),

é preciso repensar a prática de avaliação vinculada a uma concepção

de Educação transformadora e de inclusão: “[...] é preciso garantir a

aprendizagem. É constitucional o direito a Educação a todo cidadão, o que

não significa apenas o acesso, mas fundamentalmente a permanência e o

sucesso a cada ano de escolaridade” (VASCONCELOS, 2014, p. 20).

Na perspectiva de erradicar o problema da defasagem idade/ano de

escolaridade o MEC estabeleceu a Política de Correção de Fluxo Escolar.

Esta se constitui através de práticas motivadoras, consistentes metodologias

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de ensino que priorizam conteúdos significativos e principalmente o

desenvolvimento das competências de leitura, escrita e de raciocínio

matemático, organizadas em linguagens. Tendo como objetivo a garantia

da continuidade dos estudos sem o risco de novas reprovações. A Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/1996, no capítulo referent

e a Educação Básica, no art. 24, inciso V, alínea “b” respalda legalmente e

possibilita a “aceleração de estudos para alunos com atraso escolar”.

Em conformidade com as Diretrizes da Coordenação do Ensino

Fundamental I, a equipe pedagógica das unidades escolares faz a adaptação

do currículo das turmas de Correção de Fluxo Escolar, tendo sempre o

Caderno de Orientação Curricular como referência. Diante das expectativas

de aprendizagem, há orientações em rede com vistas à inclusão no

planejamento para que os estudantes sejam acompanhados em suas

especificidades,

potencialidades, saberes e que seja assegurado o seu direito de aprender.

Ao registrar as ações das políticas públicas para a educação municipal

de Macaé, constata-se processos em prol da qualidade do ensino ofertado

para as nossas crianças, jovens e adultos. São políticas públicas que estão

de fato tecendo a escola que queremos e precisam ser ampliadas.

O Ensino Fundamental, Médio e EJA da Secretaria Municipal de

Educação (SEMED) inserem-se no contexto de investimentos que estão

transformando a Capital Nacional do Petróleo de outrora na Cidade do

Conhecimento. Uma década de história que teceu muitos avanços sendo

fortalecida por todos os gestores envolvidos na educação pública. Acreditar

e investir em práticas democráticas e transparentes, seguindo as

orientações do Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais (PRADIME),

com o espírito republicano. “O que concerne a

todos deve ser decidido por todos” (LeonardoBoff).

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REFERÊNCIAS

BOFF, Leonardo: A importância da Gestão Democrática na Escola. 2013.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Lei nº 9394 de 20

de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

CARVALHO, Roseli Vaz. A Juvenilizaçaõ da EJA: quais práticas

pedagógicas? AMPEd. 2020.

COSTA, Caetano & GUIMARÃES, Décio (Orgs.): Direitos Humanose

Educação : Diálogos Interdisciplinares. Campos dos Goytacazes, RJ: Brasil

Multicultural, 2019.

FETZNER, Andreia de Menezes Janaían (Org.): A quem interessa a

democratização da escola? Reflexões sobre a formação de gestores. Rio de

Janeiro: Outras Letras, 2012.

GENTILI, Pablo. O direito a educação e as dinâmicas de exclusão na

América Latina. Educ. Soc; Campinas, 2009.

PARO, Vitor: Educação como Exercício do Poder: crítica ao senso

comum. São Paulo: Cortez, 2007.

VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: Projeto de Ensino-

Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico: Elementos Metodológicos

para elaboração e realização. 24 ed. São Paulo: Libertad, 2014.

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V - OS JOVENS E A

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: AS

EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO DO

ENSINO MÉDIO NO MUNICÍPIO

DE MACAÉ

Sérgio Pereira Gonçalves 1

Para pensar o ensino médio é necessário ousar. Não há

que ser econômico em ideias, nem em ações, mudanças,

formação e orçamento.

Nora Krawczyk2

Nesta última década - 2009 a 2019 - o município de Macaé (RJ) buscou

às suas crianças, jovens e adultos, não somente na sede do município, como

também na região serrana.

Muitos aparatos legais garantem a obrigatoriedade da educação como

um direito social, assim o faz a Constituição Federal de 1988 quando se refere

a Educação, a Saúde, o Trabalho, a Moradia, e tantos outros direitos, tidos

como fundamentais (CONSTITUIÇÃO, 2001). A Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9.394/96, estabelece como sendo dever

do Estado a progressiva extensão da obrigatoriedade do Ensino Médio. A

partir da aprovação da LBD, em 1996, o Ensino Médio passou a ser etapa

final da Educação Básica. Segundo o Art. 22, da Seção I, do Cap. II, trata-

se de uma etapa da escolarização que tem por finalidades “desenvolver o

educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício

da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores” (LDB, 2018, p. 17).

1 SÉRGIO PEREIRA GONÇALVES, Professor Universitário e Professor da Rede

Municipal de Ensino de Macaé

2 KRAWCZYK, Nora. Reflexão sobre alguns desafios do Ensino Médio no Brasil hoje.

In: Cadernos de Pesquisa, Set./Dez. 2011, n.144, v.41, p. 766. Disponível em: http://

www.scielo.br/pdf/cp/v41n144/v41n144a06.pdf Acessado em 07/02/2020.

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Embora o Ensino Médio não seja responsabilidade dos governos

municipais, a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM) o disponibiliza em 5

unidades escolares: Colégio Estadual Municipalizado Raul Veiga (Glicério),

Colégio Municipal Sana (Sana), Colégio Municipal Pedro Adami (Córrego

do Ouro), Escola Técnica Municipal Natálio Salvador Antunes (Córrego

do Ouro); além do Colégio de Aplicação (CAp), da Secretaria Municipal

Adjunta de Ensino Superior (SEMAES), na Cidade Universitária. Assim,

os jovens da região serrana macaense contam com escolas municipais

ou municipalizadas que oferecem essa modalidade de ensino, evitando a

locomoção dos mesmos até a sede do Município.

Um bom exemplo da atuação da Secretaria Municipal de Educação

(SEMED) no que se refere ao Ensino Médio é a Escola Técnica Municipal

Natálio Salvador Antunes, inaugurada em 2013, no distrito de Córrego do

Ouro, que atualmente conta com uma equipe técnico-pedagógica formada

por 6 profissionais, além de 19 professores e 13 servidores administrativos

e de apoio. É necessário ao discorrer sobre esta Escola Técnica Municipal

ressaltar algumas características que a humanizam. Trata-se de uma escola

sem muros, sem grades, abraçada pela natureza. Uma abertura no teto

do pátio interno permite visualizar uma linda montanha; pássaros das

mais diversas espécies se alimentam e constroem ninhos nas árvores que

cercam a unidade, especialmente em uma, localizada ao lado da sala dos

professores. É comum, durante o recreio, os alunos voltarem para a sala com

frutos colhidos em jabuticabeiras, mangueiras e goiabeiras. Neste contexto,

o aprendizado acontece em espaços que favorecem diálogos, com aulas

externas a critério de cada professor, sob as sombras das árvores: aulas de

filosofia sob as mangueiras; aulas de redação e literatura com produção,

leitura e dramatização de textos; caminhadas ecológicas de geografia; para

citar as mais frequentes. A unidade possui sete salas de aula, uma sala de

robótica, campo de futebol de várzea e quadra de voleibol. A sala da direção

está sempre aberta para profissionais e estudantes.

Na Escola Técnica Municipal Natálio Salvador Antunes sob orientações

de professores mestres e especialistas, os alunos participam de projetos

como o Inter-Hércules, que dura todo o ano; o Projeto Literário; a Feira de

Ciências; a Feira Cultural, Projeto de Robótica que conquistou prêmios para

Macaé. A equipe pedagógica está sempre dialogando com o corpo docente

e com o corpo discente, ouvindo, sugerindo, motivando... Muitos dos alunos

egressos estão fazendo curso superior em instituições públicas e privadas.

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A média de atendimento anual nesta unidade escolar é de 200 alunos. No

ano de 2017 obteve nota 4,2 no Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica (IDEB) em que a média nacional foi de 3,8. O índice de evasão entre

os anos de 2016 e 2018 foi de 0%. É uma escola que tem muito orgulho de sua

atuação e resultados, se definindo por meio de um trecho de uma canção da

banda Legião Urbana: “A minha escola não tem personagem. A minha escola

tem gente de verdade”3 .

Em relação ao projeto Robótica Educativa, iniciado no ano de 2014,

com 10 alunos, sob a supervisão de duas professoras. A Escola Técnica

Municipal se destaca com premiações em todo o país. No primeiro ano do

projeto ganhou o 1º lugar na Feira Educacional de Robótica, em Macaé, e

ficou em 13º lugar na regional do Espírito Santo, na cidade de Vitória. Em

2015, com 25 alunos, incluindo alguns alunos de U.Es vizinhas, foi destaque

nas premiações na cidade de Macaé, na competição estadual da Olimpíada

Brasileira de Robótica (OBR) na Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ)

e na competição nacional da OBR, em Uberlândia (MG), tendo dois alunos

medalhistas de prata e cinco medalhistas de bronze na prova teórica de

robótica. Já em 2016, o projeto começou a funcionar como sistema de aula

eletiva, abrangendo um total de 45 alunos. Foram diversas premiações em

competições locais, estaduais e nacionais. Nesse ano, dois alunos, bolsistas

do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

participaram da Mostra Nacional de Robótica, em Recife (PE), com projetos

aplicados às plataformas Offshore. Nos dois anos seguintes, o projeto atendia

60 alunos. Em 2017, foi destaque na Olimpíada Brasileira de Robótica, no

Torneio Local Juvenil de Robótica, na Mostra Nacional de Robótica, em

Curitiba (PR), e no Torneio Nacional Juvenil, em São Luis (MA). Em 2018,

além de ser destaque nessas mesmas competições, foi classificado para

participar do Torneio Internacional de Robótica que aconteceu na cidade de

São Luis (MA).

A partir de 2019, a Robótica Educativa passou a figurar como disciplina

regular da grade curricular da 2ª série do Ensino Médio, da Escola Técnica

Municipal e como oficina para atender as outras séries de escolaridade, bem

como alunos de outras unidades. Foi premiado com o 3º lugar no Torneio

Internacional de Robótica e ficou nos primeiros lugares nas olimpíadas

3 Trecho da música “Vamos Fazer um Filme”, de Renato Russo, para o álbum “O

Descobrimento do Brasil”, sexto da banda brasileira de rock Legião Urbana, lan-

çado, em 1993, pela gravadora EMI-Odeon. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/

wiki/O_Descobrimento_do_Brasil_(%C3%A1lbum) Acessado em: 05/02/2020.

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regionais e estaduais. A unidade escolar, também, foi premiada como

melhor escola pública em robótica em um evento que ocorreu na cidade

de Petrópolis (RJ). A Escola Técnica Municipal Natálio Salvador Antunes

também foi destaque nos Jogos Estudantis das Escolas Municipais (JEEM).

Nos anos de 2018-19 foi bicampeã no voleibol masculino, 2º lugar no

handebol masculino e 3º lugar no corfebol.

A cidade de Macaé ficou conhecida mundialmente pela produção de

petróleo e gás natural em suas águas oceânicas, o que a levou a receber

pessoas de todos os estados do Brasil e do Mundo, em busca de uma

colocação profissional - as chamadas “oportunidades de empregos”. Com

esse boom, além de faltar infraestrutura, havia carência de mão de obra local.

Na busca de qualificação profissional os jovens eram obrigados a deixar o

município para estudarem em outras cidades, o que só era permitido às

famílias de poder aquisitivo elevado. Como investimento na formação

acadêmica para seus cidadãos, a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM)

criou a Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS), que

buscou parcerias com instituições públicas, como a Universidade Federal

Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A

partir desse investimento, a “Capital Nacional do Petróleo” transformou-se

num polo de Educação Superior, conquistando hoje o título de “Cidade do

Conhecimento”.

Para que cidadãos macaenses, oriundos do Ensino Médio, se

preparassem para concorrer às vagas nas Instituições de Ensino Superior

(IES), públicas, estabelecidas no Município, disputando com candidatos de

todo o País, foi criado o curso Pré-Vestibular Social, no ano de 2003, com a

finalidade de contribuir para o acesso ao ensino universitário, principalmente,

dos discentes sem condições financeiras para cursarem um pré-vestibular

privado. Assim, pretende-se democratizar a Educação Superior, promovendo

a inclusão no âmbito social e cultural da academia e no mundo do trabalho.

O projeto, idealizado pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED),

foi formado com um currículo que atendesse às exigências do programa

estipulado para vestibulares em todo o país, lembrando que, nesse período,

nem todas as instituições utilizavam o Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM) como processo de seleção.

A SEMED fornece professores e pessoal de apoio para o funcionamento

do Pré-Vestibular Social, na Cidade Universitária, oferecendo vagas para

quem já completou o Ensino Médio ou para quem está cursando a terceira

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série desse segmento. O projeto é um reforço para os que sonham em cursar

uma faculdade, revisando os conteúdos do Ensino Médio. Muitos resultados

positivos foram alcançados, tendo índice de aprovação de 40% dos alunos.

Estes alunos estão presentes em todos os cursos das Instituições de Ensino

Superior (IES), públicas, estabelecidas na Cidade Universitária, incluindo

o curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

considerado o mais concorrido.

A tarefa educacional de qualificar a população para o exercício da

cidadania requer da escola, a discussão e a definição de seus (próprios)

pressupostos, rumos e finalidades, vistos na relação indivíduo/escola/

sociedade e ancorados no conceito contemporâneo de cidadania. Hoje,

entendemos que a escola deve estar voltada para a formação de um ser

humano crítico e autocrítico, pautado em princípios éticos, de valorização

da dignidade e dos direitos humanos, bem como de respeito às diferenças

individuais e socioculturais, capaz de mobilizar-se por aspirações justas

visando o bem comum.

O Colégio de Aplicação (CAp) foi instituído através da lei número

3.399, de 17 de junho de 2010, e autorizado pela portaria número 05, de

20 de abril de 2011. A Lei Complementar n.0 256, de 31 de dezembro de

2016, determina a sua subordinação à Secretaria Municipal Adjunta de

Ensino Superior (SEMAES)4. O CAp foi concebido a partir de três premissas

centrais: constituir-se em campo de estágio obrigatório para os cursos de

licenciatura do município; oportunizar a experimentação de novas práticas

pedagógicas e novas metodologias de ensino que pudessem contribuir para

a Rede Municipal de Ensino e oportunizar aos estudantes do Ensino Médio,

apesar de não se tratar de responsabilidade constitucional do município,

a formação de qualidade necessária para a ingresso dos alunos da rede

pública de ensino nas oportunidades de estudos no Ensino Superior criadas

na Cidade Universitária em Macaé.

4 DIÁRIO DA COSTA DO SOL. Macaé/RJ, Sábado/Segunda-feira, 31/12/2016 a

02/01/2017, p.9.

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Arquivos SEMED. Foto: Rui Porto Filho

O CAp Macaé vem se caracterizando como uma escola de caráter

singular, cujo trabalho pedagógico encontra-se alicerçado em três pilares

básicos: Valorização e transmissão de cultura geral, com ênfase na formação

humanística; Utilização de uma metodologia ativa; e carga horária semanal

ampliada, através da incorporação de novas práticas educativas. Dessa forma,

nesses anos de existência, tem procurado manter-se como um espaço onde a

experimentação de novas pedagogias, por parte do seu corpo docente e dos

alunos licenciandos, promova, através do aprendizado de conhecimentos

relevantes, aliado a um pensamento crítico e responsável, a formação de

indivíduos comprometidos com sua cidadania. O ingresso dos alunos para

a 1ª série do Ensino Médio é feito através de Processo Seletivo Simplificado

(PSS), com edital próprio, observados os percentuais de 80% das vagas para

alunos oriundos da Rede Municipal de Ensino e 20% das vagas para alunos

oriundos de outras instituições, sejam privadas ou de outros municípios.

O Colégio possui uma ampliação na jornada escolar, trazendo novas

disciplinas para o currículo. São oferecidos 10 tempos de 50 minutos de

aula diariamente, sendo 6 no turno da manhã e 4 no turno da tarde, o que

pode manter os alunos até 9h diárias no colégio. Por isso, são oferecidas

três refeições ao longo do dia: desjejum, almoço e lanche. O objetivo final

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da jornada ampliada do CAp é a promoção do desenvolvimento integral

dos alunos, por meio dos aspectos intelectual, afetivo, social e físico. A

organização curricular do Colégio de Aplicação possui dois eixos: uma Base

Comum, que inclui as disciplinas da Base Nacional Comum Curricular e

uma parte Diversificada, com disciplinas obrigatórias e eletivas.

As Disciplinas Eletivas se constituem em espaços de práticas

pedagógicas diferenciadas, que visam ao desenvolvimento de competências

e habilidades. Caracterizam-se por suas aulas dinâmicas, com metodologias

específicas, através das quais profissionais da educação e estudantes podem

desenvolver sua criatividade de forma mais livre e prática. Seus princípios

baseiam-se na reflexão científica, na investigação e na criatividade,

associados aos conteúdos abordados nas disciplinas regulares.

Aos alunos da 3ª série do Ensino Médio é oferecido o Programa de

Aprofundamento de Estudos (PAE), disciplina de caráter eletivo que tem

por objetivo aprofundar e complementar o preparo do estudante que

se submeterá ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e demais

vestibulares.

No CAp o estudante é o sujeito da aprendizagem na medida em que

participa do processo de construção do saber, da discussão do fazer e do

repensar o próprio saber para ser capaz de construir uma visão crítica da

vida e do processo de desenvolvimento. Ter uma visão crítica é ser capaz de

pensar e repensar, de ouvir o diferente, respeitar as diversas opiniões e, com

isso, enriquecer-se.

O protagonismo juvenil vivenciado no CAp, enquanto modalidade de

ação educativa, possibilita aos alunos envolver-se em atividades direcionadas

à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade

e compromisso. Ações como participação na escolha de 10% de sua

matriz curricular; eleição para representantes de turma; grêmio estudantil;

assembleias estudantis; organização da infraestrutura dos projetos didáticos;

festa Junina, dentre outras atividades, são realizadas pelos alunos. Dessa

forma , o aluno tem a oportunidade de estabelecer relações de diálogo e

respeito ao outro , tornando-se um diferencial para construir interação

coerente de aprendizagem com o mundo.

A gestão do CAp está pautada nos princípios democráticos e

participativos. Os gestores não decidem de forma arbitrária, mas convidam

a comunidade escolar para a elaboração e discussão dos diversos projetos,

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principalmente o Projeto Político-Pedagógico da escola; momentos em que

se discute, no coletivo, o dia a dia da instituição em todos os sentidos que

lhe sejam inerentes. A equipe de gestão é composta pela Direção Geral e

Adjunta, Orientação Pedagógica e/ou Educacional e Coordenadores dos

Setores Curriculares, os quais se reúnem periodicamente com o objetivo

de planejar todas as ações educativas do CAp, tendo como suporte legal a

Supervisão de Ensino.

Podemos afirmar que o CAp é uma unidade educacional que se

propõe ser inclusiva, participativa e democrática, que garante o acesso e

a permanência do aluno na escola a fim de desenvolver as competências

básicas para o exercício da sua cidadania, preparando cidadãos conscientes

e críticos com uma formação coerente capaz de inserir-se em um contexto

de Ensino Superior de qualidade, público ou privado, de sua preferência;

fornecendo-lhe subsídios para que possam confrontar, ideologicamente,

nas diversas situações sociais interativas, observando alguns pressupostos

básicos e determinados valores humanos. A busca pelo conhecimento

utilizando-se diversas estratégias e essa necessidade de um saber

sistematizado, produtivo, consciente e objetivo, além do engajamento

e dedicação de todo o grupo são, ao certo, pontos que representam o

dinamismo e a boa funcionalidade do colégio. Nesses dez anos de história,

o CAp tem apresentado resultados que validam o trabalho realizado pela

equipe: 403 Alunos Formados/Egressos até o ano de 2018, destes 23% estão

em instituições privadas de ensino superior e 77% em instituições públicas

em cursos ofertados na Cidade Universitária. Destacamos que 78% dos

alunos que saem do CAp estão matriculados no ensino superior.

Finalmente, destacamos alguns prêmios conquistados: O CAp Macaé

recebeu o segundo lugar no Prêmio Nacional de Educação, em Direitos

Humanos, de 2012, do Ministério da Educação e da Secretaria Especial de

Direitos Humanos da Presidência da República, conquistado pela Disciplina

Eletiva Programa de Estudos em Direitos Humanos - Professor Paulo

Henrique Dantas; 8º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - Concurso

de Redação; 1º Lugar no Ensino Médio: O jogo da minha vida - Ana Carolina

Corrêa Pereira Haber - Colégio de Aplicação de Macaé - Professor Orientador:

Paulo Henrique Dantas Pinto; Prêmio na Feira Estadual das Ciências - 2015;

Primeiro Lugar no Festival de Música Municipal - 2015 ; Medalha de ouro na

Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR); Prêmio de Astronomia; Em 2018,

foi reconhecida com a melhor escola pública de Ensino Médio do País.

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Consciente de seu papel, a escola tem uma contribuição decisiva a dar

no processo de construção da cidadania, acreditando que a atuação solidária

de pessoas autônomas pode levar à melhoria da sociedade, consciente

também de que não é a única instância para dar conta da problemática

social, inclusive porque é parte desse contexto. Assim sendo, o CAp Macaé

tem exercido um papel importante na formação dos jovens macaenses,

contribuindo para fortalecer a Cidade do Conhecimento.

A criação do Colégio de Aplicação foi um marco na história da cidade

de Macaé, a Cidade do Conhecimento, pois possibilitou a concretização do

sonho de muitos macaenses adentrarem os portões da Cidade Universitária,

como alunos dos cursos superiores públicos, até então pouco (ou nada)

acessíveis aos que cursaram o ensino fundamental e médio na escola pública.

Em paralelo ao processo da gestão pública do município de Macaé em

relação às políticas públicas para o Ensino Médio, foi apresentada a última

versão da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio do Brasil

que foi aprovada e deverá ser adotada por todas as escolas de Ensino Médio

até 2022.

O documento base é referência para a elaboração das políticas públicas

dos municípios, adequação dos currículos e documentos orientadores

das secretarias. Embora não seja da competência do município ofertar o

Ensino Médio, mas considerando a importância desta etapa da educação

básica para a formação dos jovens e sua inserção no mundo do trabalho

a gestão do município entendeu a importância de investir nesta etapa,

dadas as circunstâncias da economia local, a necessidade de primar que os

jovens dessem continuidade à sua formação, e entendendo que havia ainda

baixo desempenho dos alunos no ensino fundamental o que impedia a

permanência e continuidade de estudos, entre outras questões.

A gestão pública municipal por meio da Secretaria Municipal de

Educação (SEMED), com os projetos desenvolvidos para o Ensino Médio

contempla as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC),

em suas Competências Gerais, trazendo em seu currículo e abordagens

pedagógicas uma educação específica para este público que favorece

a permanência dos jovens na escola, com o desenvolvimento crítico e

autônomo, essenciais para os jovens do século XXI e seus desafios.

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REFERÊNCIAS

BRASIL, Constituição Da República Federativa Do Brasil: texto

constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações

adotadas pelas Emendas Constitucionais n. 1/92 a 32/200 e pelas Emendas

Constitucionais de Revisão n. 1 a 6/94. Brasília (DF): Senado Federal,

Subsecretaria de Edições Técnicas, 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Lei nº 9394 de 20

de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

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VI - EDUCAÇÃO INTEGRADA:

UMA CIDADE DO

CONHECIMENTO PARA TODOS

E TODAS

Janaina Pinheiro Ferreira Gomes1 Regina Auxiliadora Signé Pinho2

Vivianne da Motta Gil Rocha3

Desejar que a parede erguida para segregar

Se desmorone e seja um grande mural de poesia e grafite.

Pichadas de corações, palavras de algodão-doce, rimas

apaixonadas.

Andrea Lima - “Desejo de um Ano Realmente Novo”

Introdução

O trabalho articulado dos vários setores que englobam a

Superintendência de Educação Integrada faz diferença no atendimento

necessário a muitos alunos da rede municipal que apresentam situações

específicas; e eles não são poucos. Com um trabalho com a integração

necessária junto às demais Superintendências da Secretaria Municipal de

Educação Básica (SEMAEB), atualmente a Superintendência de Educação

Integrada é composta por: Coordenadoria de Educação Inclusiva (Educação

Especial, Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico em Domicílio),

Coordenadoria de Educação Social (Programa Bolsa Família na Educação,

1 JANAINA PINHEIRO FERREIRA GOMES, Formada em Direito, Superintendente

da Educação Integrada da Secretaria de Educação de Macaé.

2 REGINA AUXILIADORA SIGNÉ PINHO, Psicopedagoga, Pós Graduação em

Atendimento Educacional Especializado e Deficiência Intelectual. Coordenadora de

Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação de Macaé.

3 VIVIANNE DA MOTTA GIL ROCHA, Assistente Social, Coordenadora de Educa-

ção Social da Secretaria Municipal de Educação de Macaé.

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Programa Saúde do Escolar e Serviço Social), Coordenadoria de Inovação e

Robótica, Coordenadoria de Projetos Culturais (Coordenação de Cultura e

Bandas Escolares), Coordenadoria de Educação Esportiva, Coordenadoria

de Projetos Integrados (Programa de Referência à Leitura, Programa

Diversidade Étnica, Programa Educação Ambiental), Coordenadoria dos

Centros Municipais de Educação e Atendimento Especializado ao Escolar

(CEMEAES).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

entre 1995 e 2000, cerca de 5,2 milhões de brasileiros migraram, sobretudo

das áreas rurais rumo a áreas urbanas. O fluxo migratório que atingiu

Macaé foi avassalador. Desde a década de 70, Macaé teve um crescimento

populacional na ordem de 315,8% (IBGE) em decorrência sobretudo da

exploração e produção do chamado “ouro negro” – Petróleo. Em 2010, ainda

de acordo com o IBGE, Macaé tinha 206.728 habitantes e, destes, 42,6% não

haviam nascido aqui.

Em termos de ofertas profissionais, o município experimentou um

período bastante atrativo, contudo, a inserção no mercado de trabalho

exigiu qualificação profissional que, muitas vezes, não fazia parte do perfil

do migrante que, sem especialização ou mesmo condição financeira para

se qualificar, ficou muitas vezes à margem da empregabilidade, fixando

residência de modo precário em Macaé, fazendo com que a cidade

experimentasse o crescimento econômico e ocupação desordenada nas

últimas décadas.

Sendo assim, afloram desempregados de oportunidade, precedentes

de diversas regiões do país, bem como pessoas originárias de áreas rurais

de municípios vizinhos ou excluídas dos grandes centros urbanos e muitas

vezes em situação de marginalidade, buscando ‘facilidades’ para ações

contraventoras e/ou criminosas; também são recorrentes indivíduos com

transtornos mentais e/ou dependentes químicos, além de populações

oriundas de municípios vizinhos que buscam atendimentos de saúde,

previdência, justiça e educação, entre outros, na cidade de Macaé.

A presença de indivíduos de municípios e regiões vizinhas que, diariamente,

vêm ao centro da cidade de Macaé para pedir esmolas em pontos estratégicos

ou vender balas e afins.

Como é do conhecimento de qualquer morador local, ao experimentar

um crescimento econômico desequilibrado que produziu, na prática, além

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daqueles problemas relacionados diretamente ao fluxo migratório, diversos

outros cujos efeitos desafiam o poder público na busca de soluções eficazes

até hoje, sobretudo quando esse período de crescimento foi seguido de uma

expressiva crise econômica que devastou o ciclo produtivo em torno do

petróleo.

Em decorrência, Macaé muitas vezes se apresenta contraditória. Parece

que há duas cidades dentro de uma só, duas realidades antagônicas que

lutam entre si: a realidade dos bairros pobres, da população vulnerável de um

lado e, de outro, os cenários dos cartões postais, onde uma classe privilegiada

passeia e usufrui das belezas da princesinha do Atlântico. Essa divisão

inegável evidencia-se ainda mais na medida que outros aspectos se somam

à pobreza em si: gênero, raça, etnia, condição física, religião, entre outros.

Somar esforços contra toda desigualdade passa pelo propósito da

Superintendência de Educação Integrada, que atua em diversas frentes pelo

combate de muitas formas de exclusão que, assim como afeta toda sociedade,

também tem rebatimentos dentro das escolas. Para tornar essa cidade, a

Cidade do Conhecimento, foi necessária uma enorme transformação. A

reboque deste movimento transformador, ações de inclusão foram, e são

sempre, necessárias. É na subjetividade de cada aluno, somados um a

um, que podemos encontrar forças para transformar, provocar mudanças

que diminuam a distância social entre as classes, pela educação, com arte,

esporte, cultura, criando condições para cada aluno tomar lugar na cena,

ocupando espaço de protagonista da própria vida e encontrando apoio

para desenvolver suas potencialidades e tomar espaço na “Macaé do

Conhecimento”.

A multiplicidade de uma Superintendência

A lei nos garante o direito ao lazer, ao acesso à cultura, à educação, entre

tantos outros, o que justifica, por si só, a relevância de um departamento

pensado dentro da política municipal de Educação para a intervenção

profissional que proponha criar ou incentivar espaços para inclusão social,

acesso ao direito, por práticas de garantia e defesa, de criação artística, de

vivências desportivas, entre outras que, na sua totalidade, convergem para a

democratização do acesso à cidade do conhecimento.

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Através das coordenações reunidas na Superintendência de Educação

Integrada, pretende-se investir na construção de espaços onde seja possível

pensar e buscar a reconstituição das relações particulares, de cada aluno

consigo mesmo, com o outro, individual e coletivamente, na contramão da

desterritorialização, da falta de pertencimento da pessoa, afastada de toda

forma de individualidade e singularidade, em consequência do atual padrão

estabelecido pela sociedade de consumo em que vivemos, que uniformiza

costumes a partir do que é vendido no mercado.

E essa gente toda traz para a escola as suas demandas sociais, emocionais,

econômicas, que se relacionam à sua vida particular ou comunitária e

se encontram na escola, que se torna um lugar que não é só de ensino-

aprendizagem. Nesse sentido, a educação mobiliza não apenas os aspectos

que um ensino de qualidade pode somar para que o indivíduo se sinta ou

torne-se “protegido”, mas também pode articular com outras políticas sociais

a oferta de serviços/benefícios que equalizem oportunidades, garantam o

acesso aos padrões mínimos de bem-estar e que mobilizem e ampliem as

capacidades dos indivíduos ou de sua coletividade, reduzindo fragilidades

ou potencializando capacidades.

Estamos falando então de uma intersetorialidade necessária aos

indivíduos, que pode encontrar no espaço da educação lugar de efetividade

desde à Educação Infantil à Universidade. Importante destacar que no

período de 2009 a 2019, ocorreu a Integração e Democratização da Rede

Municipal de Ensino fortalecendo as ações intersetoriais.

Sensível à complexidade da realidade social e às especificidades da

área de educação, sabendo que é necessário “abrir as janelas” e dialogar

abertamente com as aprendizagens de outros campos de políticas

sociais, na perspectiva contextualizada de entender os desafios da gestão

democrática em educação como parte do desafio maior de democratização

do Estado, em 2009, foi criado o setor que naquele momento foi chamado de

Subsecretaria de Educação, Saúde, Cultura e Esporte, que em 2010 passou a

incluir também as ações relacionadas à preservação do meio ambiente e em

2018, já com o nome de Superintendência de Educação Integrada, passou a

englobar, além destes, os departamentos de Educação Inclusiva, CEMEAES,

Serviço Social, Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar e

Programa Bolsa Família na Educação, sendo mais recentemente também

inserida a Coordenadoria de Inovação e Robótica (2019).

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O nosso fazer profissional pode atuar diretamente junto aos aspectos

ligados, pela arte, à educação, ao lazer, à cultura, à liberdade, à convivência

familiar e comunitária. E vai além, atuando também sobre aspectos

referentes à vida, à saúde, ao esporte, à dignidade e ao respeito. Fica explícita

a relevância de um setor com esse comprometimento para nossa população

vítima de violência em tantas formas de desrespeito e agressão, física e

psicológica, na qual as crianças e adolescentes, que são o segmento de maior

expressão dentro do público SEMED, estão sempre ainda mais vulneráveis,

pela sua condição própria de ser em desenvolvimento.

A Superintendência e a articulação de suas ações

Pensando situações que nos oprimem e separam, é inevitável passar

pela discussão em torno da questão racial no Brasil; e em Macaé, por

termos uma constituição cultural, histórica, ligada diretamente à presença

do negro, isso fica ainda mais evidente. Sendo assim, podemos dizer que

muitas famílias macaenses estão potencialmente expostas, senão a outras

formas de violência, à violência pelo racismo. Sim, pois na medida em que

constrange, impede acesso a bens e direitos, segrega, traumatiza, o racismo é

de fato uma forma violenta que os seres humanos encontraram de conviver

com uma diversidade que lhes é própria. O que nossa práxis deve buscar e

propor são soluções coletivas, desenvolvidas pela ação criativa dos atores

sociais envolvidos.

O Programa Diversidade Étnica integra a Superintendência de Educação

Integrada, na Coordenadoria de Projetos Integrados, afim de promover

a aplicabilidade e implementação da Lei 10639/2003, que alterou a lei

9394/1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com

a inclusão no currículo oficial do estudo da História e Cultura Africana e Afro

brasileira nas Escolas públicas e privadas em todo âmbito nacional. Tem

como objetivos: (re)conhecer, (re)valorizar a contribuição negra e indígena

na construção da identidade brasileira, pela implementação de políticas de

equidade e multiplicação de uma pedagogia antirracista, multicultural e

pluriétnica. Esse trabalho vem sendo desenvolvido nas escolas através de

encontros com professores para estudo, fomento e construção de projetos e

atividades referentes ao tema a serem aplicados nas escolas e, em rodas de

conversas com alunos, abordando as questões étnico-raciais de acordo com

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a necessidade do projeto desenvolvido na escola.

Dentro das ações planejadas, a Mostra de Curta Metragem, dá lugar

ao educando como ator principal no processo de desenvolvimento da

atividade, voltado para os alunos do 6º ao 9º ano das unidades escolares

municipais, estaduais e particulares de Macaé, a mostra consiste na exibição

de produção cinematográfica curta, onde os atores protagonistas são pessoas

da comunidade, utilizando o celular como instrumento didático.

O Festival de Dança Africana, Afro-brasileira e indígena de Macaé,

tem como objetivo: fomentar a aplicação das leis 10.639/03 e 11.645/08,

estimular o trabalho em grupo, a criatividade, a pesquisa e a produção

coletiva; entender a dança como prática pedagógica; descobrir e valorizar

novos talentos, promovendo a integração escola/aluno/comunidade.

O Programa de Educação Ambiental, estratégica para uma cidade que

é ricamente coroada com as belezas naturais da serra e do mar, cumpre o

importante papel de desenvolver atividades integradoras nas escolas da

Rede Pública Municipal, tais como plantio de mudas, elaboração de hortas

nas escolas, coleta seletiva e reciclagem de óleo de cozinha, projetos para

conhecimento da importância de corpos hídricos locais como o Rio Macaé

e Lagoa de Imboassica, executa projetos em parceria com a iniciativa

privada e voluntariado, bem como promove a participação de alunos e

escolas em visitas e eventos como Feira de Ciências nas escolas, em especial

a Feira de Ciências Municipal (FECIMAC), que faz parte do calendário

oficial do município, Feira de Responsabilidade Social Empresarial da

Bacia de Campos, Semana Nacional do Meio Ambiente, entre outros. Esta

coordenação é o braço da Superintendência de Educação Integrada que

promove ações educativas que contribuem para a formação de cidadãos

conscientes da preservação do meio ambiente e aptos a tomar decisões

coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de

uma sociedade sustentável, permeando o universo escolar para facilitar o

entendimento dessas questões e suas aplicações no dia a dia. Atua com base

na Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, que no seu

Art 1º diz:

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Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os

processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do

meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à

sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL,

1999).

Chamando “vem historinha vem”, brincando de “era uma vez” ou de

“quem quiser que conte outra”, o Programa de Referência à Leitura, realiza

atividades que visam sensibilizar alunos, professores, profissionais das

Unidades Escolares e a comunidade em geral para a importância da leitura

como principal instrumento de construção de histórias pessoais e sociais, e

de sua utilização para o bom exercício da cidadania. Entre suas atividades,

destacam-se àquelas realizadas pelo Grupo HistoriArte, formado por

professoras e contadoras de histórias que visitam diariamente as Unidades

Escolares, levando aos alunos e outros ouvintes histórias, contos, poesias,

músicas, bibliografia de autores, entre outros, a fim de enriquecer cada

vez mais o seu universo literário, e provocar o desejo da leitura habitual

e significativa que contribuirá com o desenvolvimento do processo de

letramento dos alunos, além de trazer, pela viagem imaginativa de cada

ouvinte/leitor a possibilidade e o espaço do sonho, da fantasia e do prazer.

O Grupo também é responsável pelo projeto “Onde um rio de gente se

encontra com um mar de histórias”, que promove encontros de contadores de

histórias para semear a preservação e perpetuação da arte da narrativa oral

e promove cursos de formação, junto a proposta de formação continuada

do Centro de Formação Carolina Garcia, para professores e auxiliares que

desejam formar-se contadores de histórias, também favorecendo a formação

continuada ao partilhar experiências de leitura em reuniões de horários de

atividades com a equipe pedagógica e corpo docente nas unidades escolares,

buscando fortalecer a sensibilização sobre a importância da competência

leitora para os indivíduos.

Além de realizar diversas apresentações, a convite, em eventos e

culminâncias em associação às demais coordenações da própria Secretaria

Municipal de Educação Básica (SEMAEB) como também a outras secretarias

municipais e encontros de contadores de histórias de outros municípios,

oportunizando o acesso e partilha do saber literário com toda comunidade,

atua na organização no Festival de Literatura e Cultura de Macaé

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(FLICMAC), que faz parte do calendário oficial da Cidade do

Conhecimento, estimulando a leitura e formação do público leitor infanto-

juvenil através de um acesso cultural diferenciado, do encantamento que os

livros e histórias proporcionam e da aproximação do público com os

autores, escritores e demais artistas. A FLICMAC também cumpre o

importante papel de dar visibilidade à produção cultural das escolas e

dos alunos do município, num exercício de apresentações, debates e

experimentações que insere o segmento infanto-juvenil como protagonista

de uma grande festa.

Sob olhares curiosos e mãozinhas ativas, de crianças que por vezes

encontram nesta a grande oportunidade de visitar uma biblioteca, o Programa

de Referência à Leitura ainda contribui para espalhar conhecimento por

toda cidade também com a Biblioteca sobre Rodas. Composta por um

acervo com variados gêneros literários, a biblioteca montada num ônibus,

realiza visitas às Unidades Escolares, priorizando o atendimento à Educação

Infantil e ao Ensino Fundamental I, com o trabalho de sensibilização para o

cuidado e conservação do livro bem como o enfoque a respeito da autoria,

ilustrações e estilo literário recomendado para cada faixa etária.

A Coordenadoria de Projetos Culturais, que também faz parte do

escopo da Superintendência de Educação Integrada, com atuação desde o

ano de 2016 e tem como objetivo revelar, descobrir, fomentar as expressões

artísticas das Escolas da Rede Municipal, promovendo e preservando a

identidade através da arte, fazendo integração e exibição das mais variadas

expressões em eventos externos e nas escolas através de projetos próprios e

assim contribuir para formação de um indivíduo crítico e socializado.

Durante estes anos vem desenvolvendo ações dentro e fora das escolas

que são elas: Projeto Viva Praça Viva (eventos nos espaços urbanos e da

valorização do patrimônio histórico-cultural da cidade), Projeto Viva Escola

Viva (apresentações artísticas e oficinas culturais nas unidades escolares),

Festival de Música Estudantil (divido em duas etapas: audição onde são

classificadas músicas autorais e interpretes entre 10 a 15 participantes e uma

grande final no Teatro Municipal de Macaé), Semana da Criança (promove

atividades artísticas culturais e esportivas visando o lazer e a sociabilidade

educativa, integrando as escolas da Rede Municipal de Ensino), Festival

de Literatura e Cultura de Macaé (FLICMAC) (apresentações de dança

e música, lançamentos de livros, exposições, palestras com objetivo de

fomentar e difundir a arte e a cultura e ainda valorizar as produções do corpo

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discente das Unidades Escolares de nossa cidade), Encontro de Bandas

Escolares (exibição pública das bandas das Escolas da Rede Municipal),

Primavera da Ajuda - Polo Ajuda (integração entre a comunidade e as escolas

do entorno, onde acontecem apresentações artísticas e esportivas no espaço

com quadra poliesportiva coberta, vestiários, secretaria e estacionamento.

O Polo funciona sob a gestão compartilhada dos diretores das escolas

municipais situadas na área e é usado para as aulas de Educação Física e as

ações extracurriculares das unidades.

Sem deixar de falar de cultura, afinal, a “Cidade do Conhecimento” está

situada no “país do futebol”, um país que apesar de enfrentar condições

adversas no que tange o incentivo ao esporte, tem nesta área tantos motivos

de valorização da garra de um povo que luta e vence, a Coordenadoria De

Educação Esportiva, é parte fundamental para a cidade do conhecimento;

Sabe-se que a atividade física tem muita importância no desempenho

escolar, elevando a capacidade de aprendizado do aluno. Os exercícios

físicos aumentam a produção de células cerebrais, criando novas conexões

interneurais, auxiliando na concentração e melhorando a autoestima.

Quanto mais se trabalha o corpo, mais se exige do cérebro e isso é muito

positivo para a saúde e bem-estar de modo geral.

Nesse sentido, a Coordenadoria de Educação Esportiva atua a partir da

convicção de que, no ambiente escolar, o esporte pode recuperar tanto seu

aspecto lúdico quanto sua função de desenvolvimento psicomotor e psíquico

das crianças e dos jovens. Sua prática estimula o convívio social, a cooperação,

solidariedade, criatividade e participação dos alunos e sua permanência

no espaço escolar de forma saudável. Para tanto, a coordenadoria destaca-

se pela realização dos Jogos Estudantis das Escolas Municipais (JEEM),

realizados anualmente em diversas modalidades: JEEM Queimado, JEEM

Xadrez, JEEM Atletismo, JEEM Handebol, JEEM Voleibol, JEEM Futsal e

JEEM Corfebol, garantindo integração entre escolas municipais de Macaé;

Projeto Meta - Minha Escola tem atividades diversificadas (garantir no

contraturno escolar a prática orientada de atividades esportivas e culturais

para escolas do segundo segmento de ensino fundamental), oferecendo

atividades diferenciadas, orientadas, dentro do âmbito escolar, contribuindo

diretamente para os resultados educacionais, para a formação do caráter e,

estrategicamente, auxiliando no combate à evasão escolar, na redução de

doenças, no uso de drogas e outros reflexos da questão social nas escolas.

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Precisamos unir forças - legais, afetivas, práticas e teóricas e, porque

não, artísticas e tecnológicas - pelo desenvolvimento que queremos, com

melhores condições de vida para todos. Nesse sentido a Coordenadoria de

Educação Social, que atualmente reúne a equipe de Serviço Social, Programa

Bolsa Família na Educação e Programa Saúde do Escolar, instituída em

2011, então com o nome de Coordenadoria Interdisciplinar de Ações

Comunitárias (CIAC), para dar suporte à comunidade escolar em matéria

de Serviço Social e Psicologia, atua até hoje de modo a assegurar o direito à

educação às crianças e adolescentes do município.

Resgatando rapidamente a história desses 10 anos, por iniciativa da

gerência do Plano Diretor de Macaé, através do Serviço Social daquele

órgão, em parceria com a Coordenação de Orientação Educacional da

SEMAEB, foi realizado um mapeamento inicial do problema da evasão

escolar dentro das escolas municipais de ensino fundamental, no período

de 2009 a 2010, o estudo concluiu que a evasão escolar apresentava-se

como um reflexo da realidade socioeconômica das famílias das crianças e

adolescentes pesquisadas, e se desdobrou numa proposta de política pública

de combate à evasão escolar. Em conformidade com a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação e o Estatuto da Criança e do Adolescente, o município

de Macaé em sua Portaria SEMED nº 006/2004 de 17 de agosto, institui o

Programa Escola Legal visando diminuir a infrequência e a evasão escolar

nas unidades da Rede de Ensino de Macaé. Na sequência, como parte deste

esforço, a Classe Hospitalar foi criada também em 2010, tendo em vista que

as questões relacionadas aos problemas de saúde eram apontadas como um

dos principais motivos de infrequência/abandono escolar.

Sendo assim, fez-se necessário o estreitamento entre as ações da equipe

de Serviço Social e Programa Bolsa Família, que atualmente compõem a

Coordenadoria de Educação Social, com o Programa Saúde do Escolar.

Atuando desde 2009, esse programa teve no ano de 2013 um importante

incentivo com a instituição no município de Macaé, do programa Saúde na

Escola, política intersetorial promovida em parceria entre os Ministérios da

Saúde e da Educação, incentivando ações locais que levam serviços da Rede

Básica de Saúde às escolas, entre outras ações.

Desde seu início tem a finalidade de tratar a saúde e educação integral

como parte de uma formação ampla para a cidadania e o usufruto pleno

dos direitos humanos, permitindo a progressiva ampliação intersetorial

das ações executadas pelos sistemas de saúde e de educação com vistas à

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atenção integral à saúde de crianças e adolescentes. Promove a articulação

de saberes, a participação dos educandos, pais, comunidade escolar e

sociedade em geral, entendendo a saúde como processo construído também

coletivamente, incentivando assim a formação de uma cultura de paz e

solidariedade, favorecendo a prevenção de agravos à saúde.

Entre as atividades promovidas, são articuladas ações do Sistema Único

de Saúde (SUS) nas escolas de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas

ações relativas aos educandos e suas famílias, otimizando a utilização dos

espaços, equipamentos e recursos disponíveis, fortalecendo o enfrentamento

das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno

desenvolvimento escolar.

Como resultado do trabalho desta coordenação, é ampliado o

conhecimento sobre a rede pública de saúde e seus serviços e benefícios,

promovendo a comunicação, encaminhamento e resolutividade entre

escolas e unidades de saúde, assegurando as ações de atenção e cuidado

sobre as condições de saúde dos estudantes, como: avaliação antropométrica;

atualização do calendário vacinal; detecção precoce de agravos de saúde

negligenciados; avaliação oftalmológica; avaliação nutricional; avaliação da

saúde bucal, com realização de pequenos cuidados ou encaminhamento

aos postos de atendimento nas especialidades.

Além das ações diretas com alunos da rede municipal, nossas

intervenções também contribuem para a Educação Permanente e

Capacitação de Profissionais da Educação e da Saúde, além de estabelecer

parceria nas atividades com as universidades, com a acolhida de estudantes

do ensino superior em atividades de estágio.

Também sob responsabilidade deste setor da Superintendência de

Educação Integrada, é realizada distribuição de óculos aos estudantes

da rede municipal, entre outros benefícios necessários, que possam ser

realizados em parceria educação-saúde, como foi realizado em 2019 a

inédita vacinação de estudantes nas unidades escolares, das vacinas contra

meningite bacteriana ACWY e meningite tipo C, sendo disponibilizada, pela

Secretaria de Saúde, a imunização de todos os alunos de 05 a 12 anos.

Pensando em como diversos atores precisam ser acionados pela

garantia de direito à educação dos nossos alunos, os titulares das atribuições

de atendimento ao público alvo em situação de dificuldade, conforme

preceitua o Estatuto da Criança e do Adolescente, também fazem parte desse

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processo. Desta forma, a intervenção do Conselho Tutelar e até mesmo do

poder judiciário faz-se necessária sempre e quando for detectado que um

aluno está tendo seu direito violado, dentro ou fora da escola.

Nesse sentido, a contribuição do Programa de Combate à Evasão

Escolar Estudar é Legal! implementado pelo Serviço Social da SEMAEB com

apoio direto do Programa Bolsa Família na Educação, tem acionado sempre

que necessário a parceria com o Conselho Tutelar e o Ministério Púbico da

Infância.

A despeito das inúmeras demandas direcionadas ao Serviço Social da

SEMAEB, tentamos concentrar esforços em ações de combate à infrequência

e evasão escolar, pelo entendimento de que o Serviço Social é uma profissão

que atua no campo das políticas sociais, como a Educação, contribuindo,

entre outras formas, com o acesso e permanência dos alunos na rede de

ensino, com a garantia do direito à educação com qualidade, reconhecendo

a mesma como campo de formação de sujeitos e a escola como lugar de

exercício da cidadania e de construção de uma sociedade mais democrática.

A chegada do Serviço Social na SEMAEB está no embrião da ideia de

transformar Macaé na Cidade do Conhecimento: em 2009, uma pesquisa

realizada a partir dos dados da Secretaria de Educação demonstrou que a

infrequência e evasão escolar eram um problema substancial da cidade,

que demandavam ações urgentes do poder público. Tais ações, ao longo

desses anos, contribuíram para que a ideia embrionária, naquele momento

tão distante, tomasse forma e robustez rapidamente, servindo também

de incentivo para a permanência escolar de crianças e adolescentes. A

chegada à universidade, por exemplo, que era um sonho distante demais

para as camadas populares, tendo em vista que há 10 anos eram parcas as

ofertas de cursos de nível superior, hoje são visitadas pelos alunos já desde

o ensino fundamental da rede municipal, que também tem oportunidade de

realizar diversas atividades ali, como podemos ver no relato dos trabalhos

desenvolvidos pelas demais superintendências que compõem a SEMAEB

atualmente.

Não cabe desconsiderar que a Cidade do Conhecimento vivencia

desafios e está em construção; há muito que se fazer, que se conquistar... a

inclusão formal dos profissionais que não são tradicionalmente da escola no

sistema educacional está não apenas no debate local como também na luta

nacional, a exemplo de diversos projetos de lei em tramitação no Congresso

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Nacional. Outro aspecto desafiador, diz respeito justamente ao que tange a

Evasão Escolar. Acreditamos que a crise recente que afetou sobremaneira a

nossa cidade também teve rebatimentos nesta face da questão social que é

alvo direto da nossa atuação, mas que só teremos exata noção de seu alcance

a partir de pesquisas que ainda não foram finalizadas. Contudo, nos últimos

anos experimentamos o desenvolvimento de ações em parceria com a rede

pública de proteção, dentre as quais as “Ações de Combate à Evasão Escolar”

são um marco importante.

Ao ser implantado na Secretaria Municipal de Educação (SEMED), em

2011, o Serviço Social deu início ao chamado, na época, “Mutirão de Combate

à Evasão Escolar”, em conjunto com o Conselho Tutelar e Juizado da Infância

e Adolescência, quando foram convocados para atendimento cerca de 1000

famílias que tinham alunos cuja infrequência poderia incidir até mesmo na

judicialização dos casos, com seu enquadramento pelo crime de “abandono

intelectual”; resultado imediato daquela primeira ação conjunta em 2011,

após avaliação e encaminhamento de cada uma dessas famílias, teve início,

a primeira turma da chamada “Escola de Pais” em Macaé, que reuniu 16

famílias encaminhadas/acompanhadas pelo juizado.

Desde então o programa passou por mudanças, mas a parceria entre

Conselho Tutelar e judiciário no tocante ao combate à infrequência escolar

segue progredindo; atualmente, com maior presença do Ministério Público.

Este ano pudemos contar com a presença do promotor pessoalmente na

“Ação de Combate à Evasão Escolar”, o que é significativo para o sucesso

do programa. Reuniões regulares compõem um calendário comum de

atividades entre o Serviço Social da SEMAEB, Conselho Tutelar e Ministério

Público.

As ações de combate à evasão escolar partem da emissão pela

unidade escolar da Ficha de Comunicação do Aluno Infrequente (FICAI),

encaminhada ao Serviço Social da SEMAEB que recebe, digita, analisa cada

ficha individualmente. Casos necessários são agendados para atendimento

pelo Serviço Social na sede da secretaria ou nas unidades escolares. Casos

reincidentes ou de não adesão das famílias ao atendimento oferecido são

“convocados” para a “Ação de Combate à Evasão Escolar”, na presença

do Conselho Tutelar e Ministério Público. Toda logística desta ação fica a

cargo do Serviço Social da SEMAEB em parceria com as unidades escolares.

Situações em que as famílias não comparecem ou não aderem às propostas,

mesmo após esta última reunião com o Conselho Tutelar e Ministério

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Público, são formalmente notificados ao Conselho Tutelar que atua dentro

das prerrogativas do órgão e, sendo necessário, notifica os casos graves para

atuação junto ao Ministério Público.

Paralelamente às ações relacionadas diretamente à FICAI, outras

iniciativas têm sido tomadas a partir do entendimento de que problemas

educacionais como infrequência, evasão e defasagem escolar estão,

geralmente, relacionados às vulnerabilidades sociais que rebatem

diretamente nas crianças e adolescentes, que são o elo mais frágil na

estrutura social. Sendo assim, temos realizado ações conjuntas com

a Coordenação do Programa Bolsa Família, articulando atendimentos

em parceria com as equipes de Assistência Social e Saúde, priorizando

esclarecimento sobre a rede de serviços públicos e legislação pertinente

junto aos gestores escolares, buscando alinhamento com outras equipes no

âmbito da SEMAEB, realizando projetos específicos a partir das demandas

trazidas pelas unidades escolares, atuado junto ao Conselho Municipal de

Assistência Social (COMAS) e Conselho Municipal de Defesa dos Diretos da

Criança e do Adolescente (CMDDCA), entre outros esforços.

Outro exemplo que marca a intersetorialidade presente nas ações

da Superintendência de Educação Integrada, teve início em 2019 e causa

importante impacto nas escolas é o “Projeto Maria da Penha vai às escolas”,

que tem como objetivo a socialização e divulgação da Lei Maria da Penha

e outras informações sobre violência de gênero nas escolas, envolvendo

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crianças, adolescentes, comunidade escolar e demais atores sociais da

política infanto-juvenil e de gênero, no processo de reflexão sobre este

instrumento legal numa perspectiva de apoio ao processo educacional.

Neste ano, o projeto deu-se pela parceria do Serviço Social com a Orientação

Educacional das unidades escolares, Curso de Direito da Universidade

Federal Fluminense (UFF) e Centro Especializado de Atendimento à

Mulher (CEAM) (vinculado à política de Assistência Social), que traz entre

os parceiros também a presença da Patrulha Maria da Penha, da Guarda

Municipal. A dinâmica do projeto envolve palestras e oficinas nas escolas,

apresentação das produções realizadas pelos alunos em torno da temática,

entre outros desdobramentos.

Reforçando o caráter intersetorial das ações desta Superintendência,

pela Coordenação do Programa Bolsa Família (PBF) na Educação são

desenvolvidas ações do programa de geração de renda que tem como

centralidade, promover a garantia do direito de acesso e permanência à

escolarização, de crianças, adolescentes e jovens em situação de pobreza e de

extrema pobreza. Para tanto, é realizado o acompanhamento da frequência

escolar dos alunos beneficiários bimestralmente, em consonância com

a Portaria Interministerial MEC e MDS nº 3.789/2004. Destaca-se pela

mobilização e a articulação institucional para atendimento aos usuários,

a sensibilização bimestral, junto às escolas das redes estadual, municipal,

federal e privada de educação, com o objetivo de coletar as informações

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relacionadas à condicionalidade da educação do PBF e registrar estas

informações no Sistema Presença do MEC, que no segundo semestre de 2019

significou o acompanhamento da frequência de cerca de 11.350 (onze mil,

trezentos e cinquenta) alunos beneficiários do programa no município de

Macaé; além das “Ações Interdisciplinares” que unem os braços do programa

na Educação, Saúde e Assistência Social promovendo atendimentos dentro

das escolas em dias programados em que são realizadas pesagem de alunos,

avaliação nutricional, acompanhamento da situação vacinal, consulta e

atualização de cadastro e esclarecimento de dúvidas sobre o programa,

entre outros serviços. Em 2019, aproximadamente setecentas famílias

participaram das ações realizadas nas escolas municipais.

Avanços significativos na Educação Especial na Perspectiva Inclusiva

marcaram a trajetória da Coordenadoria de Educação Inclusiva na SEMAEB

de 2009 até aqui.

Pela legislação, o atendimento pedagógico para crianças hospitalizadas

integra a Educação Especial, portanto, foi adequado que a Classe Hospitalar

e o Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD), passassem a compor a

Coordenadoria de Educação Inclusiva, ao lado da equipe da Coordenação

de Educação Especial.

Desta maneira, o estabelecimento de classes hospitalares se dá,

tradicionalmente, em hospitais onde são predominantes internações

de crianças e adolescentes por períodos de longa permanência, que as

impediriam de frequentar a escola regular, o que não é o caso do município

de Macaé, tendo em vista que este não é o perfil preponderante das crianças

e adolescentes internados no HPM, onde hoje está atuando a equipe da

Classe Hospitalar. Entretanto, o estudo de 2009 constatou que alunos que

sofrem problemas crônicos de saúde acabam faltando várias aulas ou

para realizarem consultas médicas e/ou exames ou por recorrentemente

terem necessidade de pequenos períodos de internação hospitalar ou

repouso/cuidados em domicílio. Nesse sentido, a atuação da equipe da

Classe Hospitalar foca na conscientização da importância do estudo e do

comprometimento familiar para apoiar a reposição dos conteúdos perdidos,

bem como fazendo a “ponte” entre essa família e a escola, para que sejam

amenizados os danos dos períodos de ausência do aluno em sala de aula,

dentro do possível, e ele consiga acompanhar a evolução dos demais colegas,

sem grandes prejuízos.

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Muitas vezes, esse contato no ambiente hospitalar, traz informações

sobre a dinâmica da família e suas condições socioeconômicas, e culturais,

que podem estar atuando para o adoecimento recorrente da criança/

adolescente; isso favorece a intercessão com o trabalho da Coordenadoria de

Educação Social pois, trazidas à equipe, numa abordagem transdisciplinar,

esses aspectos podem ser avaliados e encaminhados para a rede de serviços

públicos, oportunizando a melhoria das condições e vida desta família,

movimentando uma rede de apoio que possibilite a solução dos problemas

causadores do adoecimento.

Não obstante, há casos de crianças/adolescentes que permanecem

por tempo significativo na internação; para esses as atividades da Classe

Hospitalar são fundamentais para o reestabelecimento da saúde, tendo em

vista os aspectos sobretudo emocionais que impactam pacientes de longa

permanência. A LDB, no Art. 23 traz que

a educação básica poderá organizar-se em séries anuais,

períodos semestrais, ciclos, alternância regular de

períodos de estudos, grupos não-seriados, com base

na idade, na competência e em outros critérios, ou por

forma diversa de organização, sempre que o interesse do

processo de aprendizagem assim o recomendar (BRASIL,

1996).

Há casos, contudo, em que o aluno não pode estar no ambiente

escolar, sendo necessário a permanência sob cuidados em domicílio, por

determinados períodos (a partir de 01 mês) ou até mesmo definitivamente,

como é o caso de crianças com atendimento hospitalar em casa. Para

estes, é necessário o Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD), em que a

professora desloca-se até o local da residência do aluno para ministrar os

conteúdos, vinculados à sua escola de origem, em dias/horários pactuados

com a família, respeitando a rotina familiar, as especificidades das condições

físicas e clínicas, culturais, socioeconômicas, entre outras, encontradas em

cada caso.

A garantia de direitos é imperativo para aprofundamento da

democracia e consolidação da cidadania e cabe ao poder público assegurar

a universalização deles. Entretanto, o cumprimento integral da garantia

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do direito da criança e do adolescente à educação envolve um conjunto

de ações, cujo desenvolvimento exige a participação do pai, da mãe, ou do

responsável, dos professores, da direção da escola e demais profissionais

da educação. Essa dimensão nos remete à importância da criação da Classe

Hospitalar, em 2010, que, apesar de ainda aguardar a tramitação do projeto

de lei municipal, PL-047/2017, consolidou-se na prática de uma equipe

extremamente comprometida, pela atuação das professoras que ali estão,

abrindo espaços, lutando por cada conquista, algumas desde sua criação,

se dispondo aos riscos do ambiente hospitalar, tendo mais recentemente

assegurado o entendimento de que seus direitos enquanto professoras

em atuação em classe precisam ser garantidos; quanto é impactante para

milhares de alunos e familiares que passaram por esse atendimento ao longo

desses quase 10 anos, em que tiveram seu direito à educação garantidos,

quantos que ali passaram não estariam fadados ao fracasso escolar sem o

trabalho acolhedor dessa equipe? Se em 2019 estamos falando de Macaé

como a “Cidade do Conhecimento”, muito desse título passou pelos

bastidores do trabalho pela permanência dos alunos na escola.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva,

lançada pelo Ministério da Educação (MEC), em 2009, foi um marco para

aprimorar o sistema educacional, garantindo o direito das pessoas com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/

superdotação, oportunizando o acesso, a permanência e a participação

de alunos com tais características, perpassando por todos os níveis de

escolaridade. Impulsionado pelo contexto nacional, o município de Macaé

fez adesão à nova política, compreendendo a amplitude da Educação

Especial na proposta inclusiva.

A partir de então, as escolas especiais do município de Macaé,

destinadas ao atendimento a alunos com deficiência auditiva/surdez e

deficiência visual/cegueira foram substituídas por escolas polos de ensino

regular e, pela necessidade de profissionais com formação específica para

adequação às novas práticas, a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM),

através das solicitações da Secretaria Municipal de Educação (SEMED),

realizou o primeiro concurso público de área específica, efetivando o quadro

de servidores, como: Professores de LIBRAS, Professores de BRAILLE,

Professores de Atendimento Educacional Especializado e Professores

Intérpretes de LIBRAS, possibilitando assegurar o acesso e permanência do

aluno com deficiência na rede de ensino. Para melhor organização do espaço

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educacional inclusivo na educação básica, o Programa de Inclusão Escolar

(PIE), passou a promover reflexões, discussões e ações, entre a comunidade

escolar, possibilitando maior capacitação humana e profissional, contando

com profissionais que, periodicamente, assistem às Unidades Escolares

da rede municipal com Salas de Recursos Multifuncionais (SEM), onde

acompanham e dão suporte à Educação Especial. Assim, gradativamente,

a Cidade do Conhecimento foi sendo construída na perspectiva inclusiva,

lado a lado com as conquistas da Coordenação de Educação Inclusiva.

Um dos grandes marcos efetivados com sucesso no município foi o

Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais; originário

do Ministério da Educação e Cultura. Em Macaé, esse programa tem como

objetivo “apoiar a organização e a oferta do Atendimento Educacional

Especializado – AEE”, de acordo com a resolução nº 4 CNE/CEB/2009.

Prestado de forma complementar ou suplementar aos estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/

superdotação matriculados em classes comuns do ensino regular,

assegurando-lhes condições de acesso, participação e aprendizagem, o

programa disponibiliza às escolas públicas de ensino regular um conjunto

de equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de

acessibilidade para a organização do espaço de atendimento educacional

especializado, em contra turno, com professor, para o “Atendimento

Educacional Especializado”.

Em 05 de julho de 2012, a homologação da Deliberação CME nº 1,

pelo Conselho Municipal de Educação, foi marcante ao fixar normas para a

Educação Especial (AEE) e o atendimento aos educandos com Necessidades

Educacionais Especiais (NEE), no Município, dando assim, maior visibilidade

às salas de recursos multifuncionais já existentes, e a criação de um trabalho

diferenciado, as salas de Apoio Pedagógico Específico (APE), objetivando

avaliar, apoiar e acompanhar a demanda dos alunos com NEE, garantindo

o acesso ao ensino regular e a oferta de atendimento específico as suas

necessidades, realizando o atendimento e o acompanhamento dos alunos

com transtornos funcionais específicos na Unidade Escolar.

Tais conquistas, passo a passo, demonstraram o empenho dos vários

atores envolvidos, por democratizar o acesso à cidade do conhecimento. A

adesão ao Programa Escola Acessível foi mais um passo e tem colaborado

para promover condições de acessibilidade ao ambiente físico, aos recursos

didáticos e pedagógicos e a comunicação e informação nas escolas públicas

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de ensino regular. Esse Programa disponibiliza recursos, por meio do

Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, às escolas contempladas pelo

Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. No âmbito

deste programa são financiáveis as seguintes ações: adequação arquitetônica

- rampas, sanitários, vias de acesso, instalação de corrimão e de sinalização

visual, tátil e sonora - aquisição de cadeiras de rodas; recursos de tecnologia

assistiva; bebedouros e mobiliários acessíveis.

O investimento em Capacitação Profissional é uma das ações centrais

pelas quais lutamos e, a partir disto, outro passo fundamental dessa

caminhada foi a elaboração de cartilhas, em parceria com o setor de

Ciência e Tecnologia: “Como lidar com as diferenças?” e “Como lidar com

pessoas com deficiência auditiva/surdez?”, cartilhas elaboradas em 2014,

a fim de facilitar e estimular o convívio entre pessoas para uma sociedade

mais inclusiva, com informações básicas para uma melhor convivência

entre a diversidade humana, chama atenção para a prática docente, assim

como outras formações implementadas, abrangendo diversos temas e

promovendo junto aos profissionais da rede um processo de reflexão-ação-

reflexão (Freire).

Para promover uma prática educativa coerente com o discurso da

inclusão, foi necessário criar espaços de formação continuada, que iniciaram

com os cursos: “Diferenças na Aprendizagem e Processo Mental: Alternativas

Pedagógicas”, Braille/AEE e LIBRAS, priorizando garantir profissionais

habilitados para o atendimento nas Salas de Recursos Multifuncionais, indo

além ao estender a oportunidade de formação a outros profissionais.

“O saber e o fazer no apoio aos alunos com deficiência”, curso planeado

para contemplar os Auxiliares de Serviços Escolares que atuam com o público

alvo da Educação Especial, exemplificando de forma prática, atividades que

podem ser desenvolvidas na diversidade, criando vínculos e motivação para

que tais profissionais revelem-se agentes da inclusão.

O curso “Eu no mundo”, aborda a caracterização do perfil de alunos

com Transtornos Globais do Desenvolvimento com pontos que facilitam a

sua identificação e atuação na sala regular de ensino (a LDB, no Capítulo V,

da Educação Especial, abrange a modalidade dos Transtornos Globais do

Desenvolvimento. Segundo a Resolução Nº 4/2009, os Transtornos Globais

do Desenvolvimento de dividem em: Autismo, Síndrome de Asperger,

Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância).

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O tema “Altas Habilidades: Aquecendo as turbinas das ideias”, é tratado

no curso que identifica as características desse alunado, possibilitando

estratégias de intervenções pedagógicas, por meio da aceleração nos estudos

e enriquecimento curricular, possibilitando o aproveitamento dos talentos

dos alunos para seu crescimento acadêmico. Segundo a Resolução CNE/

CEB 4/2009 os alunos com Altas Habilidades/Superdotação devem receber

o Atendimento Educacional Especializado como suplementação curricular

na forma do enriquecimento curricular, podendo assim ampliar parcerias

com instituições especializadas em diferentes áreas do conhecimento, como

no Ensino Superior, por exemplo.

Repensar práticas e lançar novos e diferentes olhares para a questão da

deficiência intelectual, transcendendo padrões e conceitos pré-estabelecidos

a partir de um ideal de normalidade, saindo do foco das limitações para as

possibilidades de encontrar alternativas pedagógicas de favorecimento no

desenvolvimento das habilidades afetivas, sociais e cognitivas, é o propósito

do curso na área da Deficiência Intelectual.

Em “Autismo e Inclusão, estratégias de aprendizagem para alunos

com TEA” ministramos um curso que se propõe a identificar as principais

características do espectro e suas implicações no ambiente escolar,

construindo estratégias de aprendizagem voltadas para as dificuldades

deste público-alvo e desenvolvendo materiais sensoriais direcionados às

suas necessidades.

“Cultura Inclusiva e sua relevância na sociedade atual”, intitula o curso que

traz a quebra de barreiras atitudinais no contexto da inclusão sensibilizando

para a importância da cultura inclusiva propiciando conhecimento que

possam favorecer a compreensão dos processos de inclusão, mediação e

cultura, seus obstáculos e fatores favoráveis.

O curso “TDAH - Mitos e verdades”, identifica, conceitua e descreve de

modo geral as crianças que possuem características do transtorno. Similar

ao curso, “Transtornos da Aprendizagem e Síndromes atuais”, que realiza um

relato inicial sobre a conceituação dos transtornos e síndromes, dando um

panorama sobre as políticas públicas e legislações específicas.

O curso “Noções Básicas de Língua Brasileira de Sinais, Cultura

e Identidade do Sujeito Surdo”, promove acessibilidade educacional,

comunicacional e a integração dos alunos surdos e deficientes auditivos na

comunidade escolar e desenvolve conhecimentos básicos, necessários e

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adequados na Cultura e Identidade Surda na Língua Brasileira de Sinais.

Em parceria com o Centro de Formação Carolina Garcia outros cursos

são ministrados, como curso da técnica de cálculos no sorobã, O uso do

Dosvox como ferramenta pedagógica.

As atividades de formação, além dos cursos, também compõem

seminários e eventos realizados pela Coordenação de Educação Inclusiva;

O I Seminário de Educação na perspectiva Inclusiva: “O fazer em rede

para a Diversidade” realizado em 2014, apresentou do Hino de Macaé em

Libras - Língua Brasileira de Sinais. Em 2015, o II Seminário de Educação na

Perspectiva Inclusiva, sob o tema: “Formação de Professores na Perspectiva

Inclusiva: desafios atuais”, destacou a criação da “Lei do Autismo”, nº 12.764

e teve como uma das palestrantes a criadora da lei, Berenice Piana. “O

corpo em ação: deficiências ou habilidades?” foi o tema do III Seminário

de Educação na Perspectiva Inclusiva, em 2016, e trouxe a participação da

primeira bailarina cadeirante do Brasil, a psicóloga Renata Vargas Carvalho.

No IV Seminário de Educação na Perspectiva Inclusiva o tema abordado,

“Para Além da Aceitação”, teve, em 2018, a participação da Professora do

Mestrado em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense

(UFF), associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da

presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Drª Edicléa

Mascarenhas, que abordou o tema “Síndromes Raras’. Finalmente, em

2019, o V Seminário de Educação Inclusiva, com o tema “Tecendo Práticas

Intersetoriais”, discutiu a intersetorialidade necessária ao cumprimento dos

direitos à educação, saúde, assistência social, entre outros, do aluno com

deficiência, que perpassa por todos os setores do município.

No somatório de todos os cursos, seminários e outras estratégias

de formação podemos perceber como a temática da inclusão agrega à

construção da Cidade do Conhecimento; se por um lado ela soma esforços

para que todos e todas possam gozar de espaço digno, desfrutando dessa

cidade de forma democrática, por outro ela fomenta e produz conhecimento

de maneira tal que se constitui num quase “motor gerador”, dínamo, que

movimenta toda uma cadeira geradora de insumos para essa realidade, de

onde uma cidade passa a demandar e, ao mesmo tempo, entregar, saberes

e práticas. Isso demonstra o quanto devemos a este público... o quanto os

alunos deste segmento foram determinantes, impulsionando ações, para

que hoje Macaé possa ser intitulada de “Cidade do Conhecimento”.

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Pensando ainda neste contexto, a então chamada Coordenação de

Educação Especial aceitou um grande desafio, em 2017, atendendo a Lei

Municipal 4.055/2014, com o lançamento da Semana de Educação Inclusiva,

com o tema “Rompendo Barreiras Atitudinais”. A “Semana de Educação

Inclusiva” vem sendo trabalhada ano a ano desde então, promovendo

a conscientização da comunidade escolar em diversas atividades que

acontecem em cada escola, onde são realizadas palestras, apresentações

culturais, campanhas informativas, numa efervescência de saberes e práticas

que vão sendo pulverizadas a partir do local e se espalhando pela cidade,

levando a cada cantinho o conhecimento.

E de cantinho em cantinho, de passo a passo a Educação Especial

chegou em Volta Redonda, município do estado do Rio de Janeiro há 300

(trezentos) quilômetros de Macaé, levando alunos com deficiência da

rede municipal de ensino para a OLIMPEDE - Olimpíada da Pessoa com

Deficiência, o maior evento esportivo de inclusão social para pessoas que

apresentam deficiências no Brasil, promovido em parceria com o Ministério

dos Esportes. Nossos alunos, que tiveram habilidades e competências

identificadas e foram treinados pela equipe de técnicos do Centro Municipal

de Educação e Atendimento Especializado ao Escolar (CEMEAES), foram

destaque durante a programação; cerca de 30 alunos atletas paralímpicos

de Macaé receberam medalha de ouro, prata e de participação. Além disso,

as escolas vencedoras ganharam troféus, demonstrando o alcance que as

ações intersetoriais podem ter quando levadas a sério pelos profissionais

empenhados em fazer o seu papel, encontrando recursos disponibilizados

para que as potencialidades individuais possam gerar superação e

transformação, pela educação, englobando tantas áreas de conhecimento.

Recordar o marco da OLIMPEDE nos remete ao trabalho fundamental

do CEMEAES. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva estabelece uma nota técnica que orienta a organização

de Centros de Atendimento Educacional Especializado, que tem como

função ofertar o Atendimento Educacional Especializado – AEE, de forma

não substitutiva à escolarização dos alunos público alvo da Educação

Especial, no contraturno do ensino regular.

O CEMEAES, desde 1999, criado pela Lei 1929/99 e regulamentado pela

Portaria no 004/1999, tem como objetivo prioritário conceder assistência

aos alunos da rede municipal de ensino e, apesar de, durante determinado

período ter sido desvinculado da Secretaria Municipal de Educação, sob

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gestão de outros setores do município, onde foram estabelecidos outros

objetivos, nunca deixou de atender ao público da Educação Especial (alunos

comdeficiências, transtornosglobaisdodesenvolvimento e altas habilidades/

superdotação), e aos alunos com necessidades educacionais especiais

(alunos com transtornos da aprendizagem e transtornos emocionais e de

comportamento da infância e adolescência), em seus módulos. E finalmente,

diante da homologação da Lei 4327/17, aprovando seu regimento, o

CEMEAES passou a ter uma legislação específica, garantindo o atendimento

prioritário do público de alunos destinado ao Atendimento Educacional

Especializado e do Apoio Pedagógico Específico.

Atualmente composto por 4 módulos (Centro, Barra, Aeroporto e Serra),

o CEMEAES atende em média 3.100 alunos matriculados em atividades de

psicologia, fonoaudiologia, apoio pedagógico, oficina do corpo, fisioterapia,

jogos pedagógicos, atendimento educacional especializado, dança, natação,

esportes coletivos e capoeira.

Asatividades e/ou atendimentos ocorrem a partir dos encaminhamentos

realizados pelas Unidades Escolares e pela Coordenação Inclusiva da

SEMAEB de acordo com as necessidades e/ou dificuldades específicas

de cada aluno, apontadas pela equipe pedagógica da escola, por médicos

e outros profissionais especializados de forma a contribuir com pleno

desenvolvimento desse aluno.

Além das atividades e/ou atendimentos disponibilizados nas áreas da

Pedagogia, Psicopedagogia, Psicomotricidade, Psicologia, Fonoaudiologia,

Esporte e Artística, destacam-se os projetos permanentes do CEMEAES:

O Projeto Dança que tem como objetivo trabalhar o desenvolvimento da

linguagem corporal nos alunos através de atividades específicas aplicadas no

decorrer do ano e da apresentação de uma coreografia no final do ano letivo;

o Projeto Festival Esportivo que tem como objetivo democratizar o acesso

à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento

integral dos alunos da rede municipal, como fator de formação da cidadania

e melhoria da qualidade de vida; e o Projeto Família (alongamento, hidro pra

adultos) que tem como objetivo promover a participação da comunidade

escolar através da parceria com os pais e/ou responsáveis buscando criar

condições para promoção de uma educação construtiva e justa através do

trabalho coletivo, educativo e reeducativo.

Diante do exposto, observam-se que as ações da Superintendência

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de Educação Integrada fazem parte e impulsionam essa cidade planejada,

desejada, sonhada e arquitetada em torno da busca pelo desenvolvimento

através do conhecimento, reunindo ações que envolvem cultura, esporte,

meio ambiente, saúde, defesa e promoção de direitos, trabalho comunitário,

formação profissional, atendimento de alunos e suas famílias, perspectiva

intersetorial, e percebemos que muitos avanços e conquistas fazem parte

dessa história, ainda assim, nos deparamos com vários desafios. O maior

desafio, sem dúvida, é manter nossa a capacidade de acreditar no futuro

melhor. Para isso é mister que precisamos nos sentir como participantes

da construção de uma nova Macaé, para todos e todas, uma cidade do

conhecimento, usando nosso melhor para acreditar que a construção dessa

cidade, que já sabemos necessária, não é só absolutamente possível, como já

é real, afinal, nossa trajetória fala por si.

Muito há que se conquistar... Reconhecemos toda adversidade, toda

exclusão que ainda incide sobre grande parte dos nossos alunos, mas

é justamente isso que nos impulsiona seguir adiante. Sabemos que o

fortalecimento dos direitos requer o reconhecimento dos deveres para com

o outro, e aponta para a necessidade de discutir e realizar ações inclusivas

em todas as esferas da sociedade, a fim de garantir que “os muros” formados

por atitudes segregadoras, herdadas por anos de desigualdades, se rompam

em favor de uma sociedade menos excludente, e consideramos que o

conhecimento é nosso recurso.

Vimos que a inclusão escolar, que é ao mesmo tempo a inclusão de todos

e todas na Cidade do Conhecimento, é também a engrenagem construtiva

dessa cidade, por isso, deve ser pensada no contexto dos diversos desafios

da educação: da formação docente, do projeto pedagógico à estrutura física

da escola, passando não apenas pela atenção às necessidades educacionais

específicas e acessibilidade, mas pelo fortalecimento dos educadores no

exercício de seu ofício, garantindo condições de permanência aos alunos que

são excluídos pelas condições sociais e econômicas de suas famílias. Muito

mais do que um projeto, a inclusão deve ser um princípio compartilhado

entre todos agentes do espaço escolar (professores, pais e alunos).

A Superintendência de Educação Integrada foi organizada a partir da

compreensão de que o direito à educação não se constitui somente por

uma vaga na unidade de ensino, mas, sobretudo, pelo direito ao ingresso e à

permanência satisfatória no sistema escolar, bem como um conjunto amplo

de ações, programas e projetos que favoreçam a formação em sua totalidade.

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Sendo assim, é fundamental estabelecer o diálogo, o comprometimento e

fortalecimento de uma rede intersetorial que promova condições para

garantir a universalidade da qual tratamos aqui, porque, militantes que

somos, caminhamos juntos na construção da Cidade do Conhecimento.

A gente quer viver pleno direito

A gente quer é ter todo respeito

A gente quer viver uma nação

A gente quer é ser um cidadão.

(É, Gonzaguinha, 1988).

REFERÊNCIAS

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Brasília, 1990.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Lei nº 9394 de 20

de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei nº 9795 de 27

de abril de 1999. Dispõe sobre a educação Ambiental. Disponível em http://

www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm.

BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui

Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado

na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-

secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/13684-resolucoes-

ceb-2009

GONZAGUINHA. É. Álbum 1988. Disponível em: https://www.letras.

mus.br/gonzaguinha/16456/ ACESSO EM 20/01/2020.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. 1930.

Tradução: Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. Rio de Janeiro: Ed. 34,

1992.

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OLIVEIRA, Luis Fernandesde. Exclusão Étnico-Racial– ummapeamento

das desigualdades étnico-raciais no município de Macaé. Macaé: Gráfica e

Editora La Salle / Programa Macaé Cidadão, 2005.

PAULA, Adilton de. Educar o Brasil com Raça – Das raças ao racismo

que ninguém vê. In: SANTOS, Gevanilda e SILVA, Maria Palmira da (org.)

Racismo no Brasil – Percepções da discriminação e do preconceito racial

do século XXI. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2005, p. 89-93.

SPOSATI, Aldaiza. Modelo Brasileiro de Proteção Social não

Contributiva. In: MDS/UNESCO. Concepção e gestão da proteção social não

contributiva no Brasil. Brasília, DF: MDS/UNESCO, 2009, p. 13-56.

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VII - PROGRAMA NACIONAL

DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E

SUA IMPORTÂNCIA NA REDE

MUNICIPAL DE ENSINO DE

MACAÉ

Rosane de Araujo Nunes1 Christiane Leal Antunes2

Cleide Lilia dos Santos3 Joana Guimarães Rodrigues4

Mariana Rosa dos Santos Berbet5 Luisa Gouvêa Fernandes da Silva6

“A alimentação escolar enquanto política social deve

estar contextualizada na prática do conjunto dos atores

envolvidos no cotidiano da escola. Cabe ao nutricionista,

dentre outras atribuições, estabelecer uma contínua

articulação com os profissionais da educação, a fim de

pactuar um trabalho conjunto em prol do incentivo à

hábitos de vida saudáveis instigados dentro do ambiente

escolar” (JUZWIAK; CASTRO; BATISTA, 2013).

Por volta de 1940, algumas escolas começaram a se organizar montando

os “caixas escolares”, que tinham como objetivo arrecadar dinheiro para

fornecer a alimentação aos estudantes, enquanto permaneciam na escola.

1 ROSANE DE ARAUJO NUNES, Nutricionista, Nutricionista RT da Secretaria de

Educação de Macaé

2 CHRISTIANE LEAL ANTUNES, Nutricionista, Quadro Técnico da Secretaria de

Educação de Macaé

3 CLEIDE LILIA DOS SANTOS, , Nutricionista, Quadro Técnico da Secretaria de

Educação de Macaé

4 JOANA GUIMARÃES RODRIGUES, Nutricionista,Quadro Técnico da Secretaria

de Educação de Macaé

5 MARIANA ROSA DOS SANTOS BERBET ,Nutricionista, Quadro Técnico da Se-

cretaria de Educação de Macaé

6 LUISA GOUVÊA FERNANDES DA SILVA, Nutricionista, Quadro Técnico da Secre-

taria de Educação de Macaé

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Nesse período, o Governo Federal ainda não participava dessas ações, mas

observando o resultado dessa iniciativa, notou a importância da alimentação

escolar para a permanência dos estudantes nas escolas, bem como para a

redução da desnutrição infantil no país. Em 31 de março de 1955, Juscelino

Kubitschek de Oliveira assinou o Decreto n. 37.106, criando a Campanha da

Merenda Escolar (CME). O nome dessa campanha foi se modificando até

que, em 1979, foi denominado Programa Nacional de Alimentação Escolar

(PNAE), conhecido popularmente por “merenda escolar”.

Sendo assim, desde a década de 1950, as crianças começaram a receber

alimentação no período em que estavam estudando, claro que nem todas

as crianças, pois o governo não estava organizado para alimentar todos

os estudantes do Brasil devido ao fato de que, no início do programa, os

alimentos eram oferecidos por organismos internacionais, sendo assim,

o Governo Federal não comprava alimentos e, sim, recebia doações de

gêneros alimentícios que eram compostas principalmente de alimentos

industrializados como: leite em pó desnatado, farinha de trigo e soja. Ao

longo dos anos, as ações foram diminuindo e o Brasil viu-se na necessidade

de manter o programa com recurso brasileiro.

A partir de 1988 com a promulgação da Constituição Federal, garantiu-

se a alimentação para todos os alunos do Ensino Fundamental, sendo

estendido também à educação infantil e às creches. O Programa Nacional

de Alimentação Escolar (PNAE) passou a ser administrado pelo Fundo

Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), criado em novembro

de 1968 e está vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Até 1993 o organismo administrador do PNAE comprava e distribuía os

alimentos. De 1993 a 1998, o Programa foi descentralizado com a celebração

de acordos com Estados, Distrito Federal e Municípios para otimização

do bom emprego dos recursos. Com o processo de descentralização e

desburocratização, a gestão dos recursos financeiros, bem como a execução

do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ficaram sob a

responsabilidade dos municípios e com acompanhamento do Conselho de

Alimentação Escolar (CAE).

Em 2009, com a sanção da Lei nº 11.947, de 16 de junho, novas

conquistas foram alcançadas pelo PNAE como por exemplo a extensão

do Programa para toda a rede pública de educação básica, inclusive aos

alunos participantes do Programa Mais Educação, e de jovens e adultos, e

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a garantia de que, no mínimo, 30% dos repasses do FNDE fossem investidos

na aquisição de produtos da agricultura familiar. Outra mudança importante

foi a inclusão do atendimento, em 2013, para os alunos que frequentam o

Atendimento Educacional Especializado (AEE), para os da Educação de

Jovens e Adultos semipresencial e para aqueles matriculados em escolas de

tempo integral.

Percebe-se que, na última década, o Brasil viveu uma série de conquistas

na área da alimentação escolar e o município de Macaé, compreendendo a

importância do programa para a sociedade, abraçou o contexto de avanços

nacionais nesta área e potencializou estes serviços junto a sua Rede

Municipal de Ensino.

Esta iniciativa foi acompanhada por estratégias de controle de

qualidade e de bom uso dos recursos. Para tanto, atendendo às exigências

e recomendações da Política Nacional de Alimentação Escolar em Macaé, o

PNAE passou a ser acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade,

por meio do Conselho de Alimentação Escolar (CAE), e também pelo FNDE,

pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União

(CGU) e pelo Ministério Público.

A partir de 2010 surgiram então novas demandas para o funcionamento

do PNAEno município de Macaé e com isso o quadro técnico de nutricionistas

foi praticamente triplicado para que o Programa pudesse ser desenvolvido

sob as recentes diretrizes da recente Lei Federal nº 11.947. Nesse período

foi organizada a política de compra de gêneros alimentícios produzidos

pela Agricultura Familiar através de chamada pública seguindo regras legais

estabelecidas por órgãos competentes e sempre priorizando os alimentos

produzidos de acordo com as Boas Práticas Agrícolas (BPA) e Boas práticas

de Fabricação (BPF) e de maneira orgânica.

Em 2011 foram adquiridos, provenientes da realização da primeira

chamada pública, doze gêneros produzidos no município para uso no

cardápio da merenda escolar do município como: couve, alface, cenoura,

feijão de corda, batata doce, banana prata, beterraba, aipim, inhame,

abóbora, salsa e cebolinha da COOPEMAC – Cooperativa Agropecuária

e Agroindustrial da Agricultura Familiar dos produtores e Trabalhadores

Rurais do Assentamento Celso Daniel. A alimentação escolar começou a ter

em seu cardápio gêneros alimentícios dos agricultores e pescadores locais.

O processo de compra da Agricultura Familiar vem sendo incentivado

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ao longo desse tempo em que foi lançado pela lei Nº 11.947 e, hoje, com

a oferta de 29 gêneros provenientes da Agricultura Familiar, o cardápio

escolar é atendido com hortifrutigranjeiros, laticínios entre queijos, iogurtes,

requeijão, manteiga e pescado da região, fomentando assim a produção local,

integrando as ações de merenda escolar no contexto de desenvolvimento

local com foco na geração de renda e dignidade para o cidadão trabalhador

da agricultura e da pesca macaense.

A Rede de Ensino do município, com número crescente de matrículas

atende atualmente a 43.413 alunos distribuídos pelas 106 unidades escolares

localizadas nas áreas urbana e rural. O Programa Nacional de Alimentação

Escolar (PNAE), estruturado sob a organização da Coordenadoria de

Nutrição Escolar vem operacionalizando o Programa no município de

forma a atender com o fornecimento diário de 2 a 3 refeições diárias para

os alunos, dependendo do período em que este passa na escola, com

planejamento de cardápios diferenciados para a Educação Infantil, Ensino

Fundamental, Ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) com

valores de necessidades nutricionais adequadas para cada segmento de

ensino, considerando e respeitando o estímulo ao consumo dos alimentos

que compõem o hábito alimentar da região, com objetivo de atender a

Resolução FNDE Nº 17 de junho de 2013 e por entendermos que o processo

de integração e democratização da educação municipal da última década

pressupõe a valorização da cultura local e o desenvolvimento social por meio

de ações que integram as demandas da sociedade às políticas educacionais.

Destaca-se que os alunos que apresentam patologias relacionadas

com a alimentação, sejam alergias ao leite de vaca, ovo, corantes, diabetes,

intolerância ao glúten ou a lactose, somam quinhentos e cinquenta casos

e necessitam de alimentos diferenciados durante o período em que se

encontram na escola.

Uma forma de acompanhar a prestação do serviço de alimentação nas

Unidades Escolares se dá por meio de visitas técnicas de nutricionistas nas

cozinhas das escolas, verificando as condições higiênicas no ambiente e no

preparo da alimentação, verificando a aplicação das normas de higiene da

legislação sanitária; e verificando também o cuidado no atendimento ao

aluno e na apresentação das refeições com apresentação de relatórios para

a devida adequação, caso necessário.

Também são desenvolvidas ações de esclarecimentos e orientações aos

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gestores escolares a respeito do controle de fornecimento de alimentação

escolar e controle do fornecimento dos gêneros da agricultura familiar por

meio de instrumentos específicos que asseguram o total controle por parte

do gestor e o acompanhamento pela Coordenadoria de Nutrição Escolar de

acordo com as normas de edital de contratação de serviço terceirizado de

alimentação escolar.

A terceirização do serviço viabilizou que mais atividades com os alunos

pudessem ser desenvolvidas para além da preparação da alimentação, pois

as atividades de educação nutricional são importantes para que o aluno

receba informações do profissional adequado, que é o nutricionista, para

que ele possa melhorar seu hábito alimentar e para que seja multiplicador

de informações para a família ou outras pessoas próximas. Em função disso

há um calendário permanente de execução de iniciativas de educação

nutricional.

O processo de Integração e Democratização da Rede Municipal de

Ensino na última década, também trouxe avanços na área da alimentação

escolar por meio da parceria entre a Secretaria Municipal de Educação

(SEMED) e o curso de graduação em Nutrição do campus da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Macaé, o que resultou ao longo dos

últimos anos na realização de preceptoria das discentes pelas nutricionistas

da SEMED, atendendo assim, localmente, ao campo de estágio curricular,

além das ações de educação nutricional com alunos da rede de ensino do

município e atividades de avaliação nutricional onde é classificado o estado

nutricional do aluno, em atendimento também à necessidade de atividade

curricular da Universidade.

A Semana de Educação Alimentar é outro marco do calendário da Rede

Municipal de Ensino. Sempre realizada na terceira semana do mês de maio

de cada ano, trata-se de um momento onde são realizadas atividades de

sensibilização junto aos alunos e atividades de formação dos professores em

relação à temática da alimentação escolar e a práticas e hábitos saudáveis de

alimentação.

O reconhecimento ao processo contínuo de melhoria do serviço de

alimentação escolar da última década em que ocorreu a Integração e

Democratização da Rede dá-se por meio do sorriso dos rostinhos felizes

das crianças alimentando-se e por meio de premiações externas. Macaé foi

finalista do 5º Congresso Brasileiro de Nutrição Esportiva, em 2010, na cidade

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de São Paulo, com um trabalho de tema “Introdução de um suco funcional

na alimentação educacional de Macaé”, selecionado para ser apresentado

no VI Congresso Internacional de Nutrição Clínica Funcional. Além disso,

o trabalho “Educação nutricional na garantia de cidadania e promoção de

práticas alimentares saudáveis”, que é um relato de experiências nas escolas

públicas de Macaé, com ênfase nas escolas de horário integral foi o vencedor

do concurso de banner promovido no 4º Fórum Nacional de Alimentação

Escolar.

Dentre todo o reconhecimento conquistado na área de Alimentação

Escolar, um dos mais importantes foi a aprovação da prestação de contas aos

órgãos fiscalizadores. Outro fator muito relevante foi a superação da meta de

aquisição de 30% de produtos da Agricultura Familiar estabelecida em lei.

Em Macaé, nos orgulhamos de adquirir atualmente mais de 40% de produtos

oriundos da Agricultura Familiar, fato pioneiro dentre os municípios do

Estado do Rio de Janeiro.

Produtos da Agricultura Familiar e da Pesca em Macaé na merenda escolar. Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

Tratar a alimentação como um direito fundamental do ser humano está

previsto no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Neste

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sentido, o poder público, como se vê no relato das ações de Alimentação

Escolar desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED), de

Macaé, na última década busca a intersetorialidade das ações de geração de

renda, agricultura familiar, desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento

social como sendo ações absolutamente importantes na construção de

Macaé como sendo a Cidade do Conhecimento por meio de ações educativas

que perpassam pelo currículo escolar, abordando o tema alimentação,

nutrição e a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de

ensino e aprendizagem dentro da perspectiva do desenvolvimento de

práticas saudáveis de vida e da segurança alimentar e nutricional.

Dentre os fatores que podem influenciar o desenvolvimento

intelectual do indivíduo, hoje se acredita que a força

da nutrição pode desenvolver o cérebro, melhorando a

inteligência e combatendo desgastes causados pelos

dias modernos (PÓVOA, 2005).

Portanto, a alimentação de qualidade tem o poder de aumentar a

capacidade de nossas crianças e jovens de “descobrir, inovar e inventar”.

Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

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REFERÊNCIAS

PÓVOA, H; AYER, L; CALLEGARO, J. Nutrição cerebral. Rio de Janeiro:

Objetiva, 2005, 228 p.

BRASIL. Política Nacional de Promoção da Saúde: PNaPS: revisão da

Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006 / Ministério da Saúde,

Secretaria de Vigilância à Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília:

Ministério da Saúde, 2014.

BRASIL. Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Dispõe

sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica

no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da

União 2013.

JUZWIAK, C.R.; CASTRO P.M.; BATISTA S.HS.S. A experiência da Oficina

Permanente de Educação Alimentar e em Saúde (OPEAS): formação de

profissionais para a promoção da alimentação saudável nas escolas. Revista

Ciência & Saúde Coletiva, 2013; 18:1009-18.

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VIII - ESPAÇO FÍSICO DAS

ESCOLAS E A APRENDIZAGEM:

AVANÇOS NA ADEQUAÇÃO DO

ESPAÇO FÍSICO ESCOLAR EM

MACAÉ

Lídia Rodrigues Rocha1

O termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos

locais para a atividade caracterizados pelos objetos, pelos

materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração. Já,

o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico

e às relações que se estabelecem no mesmo (afetos, as

relações interpessoais entre as crianças, entre crianças

e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto)

(FONEIRO, 1998).

Diante das mudanças que vêm afetando a sociedade em vários aspectos,

a escola do século XXI integra esforços no sentido de acompanhar tais

mudanças para atender com qualidade seu público.

Nesse sentido, o espaço escolar é o lugar onde crianças e jovens passam

maior parte de seu tempo, lugar onde ocorrem as interações sociais e

com o ambiente que são determinados por arquiteturas próprias e são

determinantes até mesmo de comportamentos, normas e regras.

Ao se referir a definição do ambiente escolar, Pol e Morales (1991)

destacam que

1 LÍDIA RODRIGUES ROCHA, Urbanista, Pós-Graduada em design de Interiores

- Universidade Gama Filho, Mestra em Planejamento Regional e Gestão de Cidades

- Universidade Candido Mendes.

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a relação entre o momento político-ideológico e as

características sociais de um grupo define um modelo

de homem ideal para aquele contexto, de modo que

(também idealmente) a configuração, a estrutura e o

partido estético da edificação escolar deveria refletir tal

modelo de homem, as tendências pedagógicas vigentes

e a própria sociedade, até mesmo em termos urbanísticos

(a localização e as características dos lotes disponíveis,

por exemplo).

O ambiente físico fala. Ele pode impactar de forma direta ou

por simbolismos todos que circulam nele, incentivando ou coibindo

comportamentos. Todos os valores dos adultos que gerem o espaço da

instituição podem ser demonstrados de forma não verbal aos discentes.

Podemos então afirmar que o ambiente físico educa. Educa se está

organizado e limpo, acessível e democrático. Educa se está desorganizado

e sujo, autoritário e com proibições e negativas. Os móveis da sala e sua

disposição definem as relações ali permitidas e o grau de interação entre seus

ocupantes, o tamanho também define as possibilidades e metodologias que

serão aplicadas. Isso vale também para a acústica do ambiente, as mobílias,

suas cores e tamanhos, as paredes e corredores e seus usos, ventilação,

luminosidade, tudo pode interferir nas relações e na aprendizagem em

seus aspectos sociais, afetivos e cognitivos. Existem dados que apontam

doenças oriundas do espaço físico escolar, como dores na coluna causadas

por mesas e carteiras impróprias, problemas com a audição por conta de

acústica inadequada para os usuários do espaço por muito tempo, crianças

reclamam de dor de cabeça, garganta, muitos dos quais relacionados ao

ambiente da sala de aula.

Portanto, acreditamos que dar atenção às condições físicas e estruturais

do espaço escolar é indispensável pra que jovens e crianças e mesmo adultos

possam ter condições de desenvolver seus potenciais de forma saudável e

plena.

Muitas ações de melhoria dos espaços das unidades escolares

pertencentes à Rede Municipal de Ensino da cidade de Macaé foram

promovidas na última década, dando respostas às preocupações em

relação à saúde do educando e seu aprendizado, acompanhando o processo

evolutivo das demandas oriundas da Cidade do Conhecimento.

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Foram inauguradas 40 novas escolas, entre 2009 e 2019, visando

à contínua melhoria do desenvolvimento das práticas pedagógicas e

conscientes de que o espaço escolar mantém ligação direta com o bem-

estar do usuário, pois tanto o ato de ensinar como o de aprender exigem

condições propícias ao bem-estar docente e discente. A Secretaria Municipal

de Educação (SEMED) deu devido suporte técnico para reformas e ainda

construção de novas unidades escolares de Educação Infantil e Ensino

Fundamental dentro da cidade de Macaé.

Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

As atividades esportivas ganham destaque, pois são essenciais

para os alunos em diferentes fases de escolaridade porque elas ajudam a

manter o estado físico em ordem, ajudam no desenvolvimento motor

e ainda promovem uma ótima sensação de bem-estar, que melhora a

produtividade, o bom funcionamento do metabolismo e a qualidade de

vida da pessoa em todos os aspectos. Dentro dessa perspectiva favorável

de desenvolvimento de cada aluno, a Secretaria Municipal de Educação

viabilizou a manutenção com pinturas, conserto e revitalização de

coberturas, assim como construção de novas quadras poliesportivas

dentro das unidades escolares municipais.

Conhecido como esporte-base, o atletismo desenvolve habilidades

naturais executadas pelo ser humano, como correr, saltar e lançar e, no

contexto escolar, o atletismo tem grande importância, pois as capacidades

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e habilidades inerentes aos seus conteúdos, frequentemente, servem de

base para outras modalidades desportivas que são praticadas dentro das

escolas municipais. Neste contexto, foram realizados investimentos fortes na

criação de áreas para atletismo, entre outras áreas que também irão impactar

positivamente no pleno desenvolvimento dos alunos.

A manutenção diária em todas as unidades escolares como um

procedimento “técnico-administrativo” tem por finalidade levar a efeito as

medidas necessárias à conservação do patrimônio que se configuram nas

edificações pertencentes à rede de ensino municipal. Tal procedimento

possui o intuito de resguardar as unidades escolares de maiores danos,

decadência, prejuízo e outros riscos, mediante verificação atenta do seu

uso; assim como condições de permanência das características técnicas e

funcionais da edificação, das suas instalações e equipamentos. Desta forma,

milhares de ordens de serviços são executadas com a finalidade de prover a

manutenção da rede física escolar.

O conforto ambiental, no espaço escolar, desempenha um papel

fundamental na educação do aluno, podendo ter um efeito relevante sobre

o seu desempenho, em termos de atenção, compreensão e aprendizagem.

É dentro desse contexto de comprometimento com o bem-estar do aluno

que a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) já climatizou algumas

salas de aula e possui processo em andamento para climatização de todas as

unidades de ensino dentro do município de Macaé.

Com o objetivo de ampliar a oferta de vagas para o ensino no município de

Macaé e aumentar a potencialidade na área de educação, foram necessários

novos projetos para a construção de mais 06 unidades escolares até o final

de 2020. Tais projetos arquitetônicos são, em sua maioria, específicos e

padronizados para a educação em diferentes faixas etárias contendo toda

a infraestrutura necessária ao atendimento dos alunos e professores da

rede de ensino contemplando salas de aula, módulos administrativos, de

serviços, refeitórios, laboratórios, entre outros espaços que favorecem o

desenvolvimento pleno do cidadão.

Na arquitetura e no urbanismo, a acessibilidade tem sido uma prioridade

constante na última década. Atualmente estão em andamento obras e

serviços de adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de

inclusão de toda população, visando eliminar os obstáculos arquitetônicos

existentes ao acesso, modernizando e incorporando essas pessoas ao

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convívio social, possibilitando o ir e vir. Com o Programa Dinheiro Direto

na Escola (PDDE) a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), através da

Superintendência de Infraestrutura, com a responsabilidade da constante

melhoria do espaço escolar assim como adequação do mesmo para torná-

lo mais acessível, tem realizado ações de melhorias do espaço escolar

no âmbito da acessibilidade. Para isso, além do respaldo nos dispositivos

legais sobre acessibilidade, também leva em consideração os princípios do

desenho universal.

De acordo com a Resolução/CD/ FNDE nº19, de 21 de Maio de 2013, que

trata sobre a destinação de recursos financeiros, nos moldes operacionais

e regulamentares do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), orienta,

em seu art.2º, sobre a execução dos recursos financeiros:

Art. 2º Os recursos financeiros de que trata o caput

do artigo anterior serão destinados à promoção da

acessibilidade e inclusão escolar de estudantes público

alvo da educação especial em classes comuns do ensino

regular, devendo ser empregados na aquisição de:

I – materiais e bens e/ou contratação de serviços para

construção e adequação de rampas, alargamento de

portas e passagens, instalação de corrimão, construção e

adequação de sanitários para acessibilidade e colocação

de sinalização visual, tátil e sonora;

II – cadeiras de rodas, bebedouros acessíveis e mobiliário

acessíveis; e

III – outros produtos de alta tecnologia assistiva..

Em relação à segurança, prevenção e proteção, poder contar com

estratégias eficientes de proteção contra incêndios gera muita segurança,

pois, mesmo que haja a iminência de algum problema, rapidamente esta

situação poderá ser controlada e haverá tempo para levar os integrantes da

escola para locais sem risco, se for necessário. Pensando nesta segurança,

a Secretaria Municipal de Educação realiza a recarga de extintores e

treinamento nas unidades escolares com o intuito de instruir professores e

diretores quanto ao uso dos extintores levando maior segurança à unidade

escolar e pessoas que desfrutam de tal espaço. Tais inspeções e recargas

servem para verificar se um local está seguro ou se demanda algum tipo de

cuidado para que nenhum acidente aconteça. E para garantir essa segurança

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nas escolas, é de suma importância realizar uma verificação cuidadosa nos

equipamentos e extintores. Dessa forma, é mais fácil prever e impedir que

muitos problemas ocorram, tornando o ambiente escolar, e suas atividades,

mais seguras. O processo de dedetização nas escolas também garante um

ambiente mais limpo, higienizado e seguro no combate as doenças para

crianças e adolescentes. Contar com a orientação e o trabalho adequado

de profissionais do ramo é indispensável para manter alunos, professores e

funcionários mais longe de problemas de saúde. Sendo assim, a Secretaria

Municipal de Educação (SEMED) também realiza o serviço de Dedetização

com atuação através de cronograma trimestral, com 04 aplicações anuais,

em todas as unidades escolares do município de Macaé.

O ato de brincar na primeira infância é cada vez mais valorizado,

já que, mais que diversão, esse é um momento de novos aprendizados

cognitivos, motores, afetivosesociais. Brinquedosebrincadeiras representam

momentos de liberdade, exploração de espaços e sensações, além da

conquista de novas amizades. A hora do recreio é, portanto, valiosa para a

percepção do desenvolvimento emocional e social da criança. O parque

de brincadeiras pode simbolizar o início de um grande amadurecimento

para a criança, pois é nesse ambiente que ela aprende a se relacionar, a

mover seu corpo, e, até mesmo, a se proteger de eventuais quedas. Por esta

razão, equipar as unidades de Educação Infantil com parquinhos foi uma

premissa da gestão pública ao longo desses últimos dez anos.

Enfim, infraestrutura da Rede Municipal de Ensino de Macaé é pensada

para atender necessidades e interesses dos discentes desde a educação

infantil, favorecendo seu protagonismo no espaço escolar e desenvolvimento

integral. Afinal, o saber e o conhecimento se fazem no currículo, no tempo e

no espaço escolar.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Resolução CEB n.º 5 de 17 de Dezembro de 2009. Fixa as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/

SEB, 2009.

. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Básica. Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação

Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2006.

FORNEIRO, L. I. A organização dos espaços na Educação Infantil. In:

ZABALZA, M. A. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed,

1998. p. 229-281.

POL, E., & MORALES, M. El entorno escolar desde la Psicología

Ambiental. In F. JIMÉNEZ-BURILLO & J. I. ARAGONÉS. Introducción a la

Psicología Ambiental. Madri: Alianza Editorial, 1991. p. 283-303.

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IX - FORMAÇÃO CONTINUADA:

PÁGINAS DE SUCESSO NA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE

MACAÉ

Regina Célia Santos Nascimento1

Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si carrega o dom de ser capaz

E ser feliz

Hoje me sinto mais forte,

Mais feliz, quem sabe

Só levo a certeza

De que muito pouco sei,

Ou nada sei

Todo mundo ama um dia,

Todo mundo chora

Um dia a gente chega

E no outro vai embora [. ]

Tocando em frente, Almir Sater, Renato Teixeira, 1990.

Relatar o percurso da Formação Continuada no município de Macaé

nos remete à concepção que defendemos de Formação Continuada em

Serviço para os profissionais da educação. Pensar a formação continuada

é considerar a educação contemporânea e todos os desafios vivenciados

pelos profissionais da educação, em especial para os docentes, que precisam

assegurar os saberes necessários à sua prática pedagógica, a melhoria

da qualidade do processo ensino e aprendizagem e a reflexão sobre sua

realidade e de seus alunos.

Esta realidade retrata, entre muitas outras facetas, a educação para todos,

a escola pública que atende grupos das camadas populares e heterogêneos,

1 REGINA CÉLIA SANTOS NASCIMENTO, Pedagoga, Pós-Graduada em Gestão e

Qualificação de Pessoas- FEMASS, Coordenadora do Centro de Formação Carolina

Garcia.

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as mudanças aceleradas que ocorrem na sociedade e a desvalorização da

profissão professor.

Neste contexto a escola está inserida. A escola é o local onde ocorre

a apropriação do conhecimento, a democratização do saber acumulado

pela humanidade, onde há a intencionalidade da prática pedagógica,

que alicerçada a um compromisso com a mudança social promove o

desenvolvimento do sujeito crítico frente a seu papel social e político na

sociedade.

Em conformidade com estes preceitos, a Prefeitura Municipal de Macaé

(PMM), por meio da Lei Complementar nº 195 /2011, que dispõe sobre a

estruturação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos da Rede Pública

Municipal de Ensino de Macaé, aplicada aos Profissionais do Magistério da

Educação Básica Pública do município de Macaé, que ao discorrer sobre as

Finalidades e dos Princípios Básicos:

assegura que são princípios do Plano de Cargos,

Carreira e Vencimentos do Magistério o aperfeiçoamento

profissional continuado e a valorização da qualificação

profissional de acordo com as determinações da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional bem como

assegura; período reservado ao Professor, incluído em

sua carga horária, a estudos, planejamento e avaliação do

trabalho discente (LDB 9394/96).

Não poderia ser diferente, uma vez que a Prefeitura Municipal de

Macaé (PMM), por meio da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) em

consonância com as diretrizes nacionais defende a educação de qualidade,

tal afirmação apresenta-se embasada nos projetos de valorização da

educação nas ações de Integração e Democratização da Rede Municipal de

Ensino de Macaé no período de 2009 a 2019. A formação continuada é um

dos aspectos de destaque, pois:

quando pensamos a docência, sua formação continuada

e sua prática no cotidiano, não podemos deixar de

considerar que temos de estar conscientes da necessidade

de articular dialeticamente as diferentes dimensões da

profissão docente (CANDAU, 1996).

Então, de acordo com a autora, a formação apresenta algumas dimensões

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que além de qualificar a prática docente e a valorização do professor, fomenta

a participação do docente nos processos de decisão interferindo no plano

de carreira, bem como nos “aspectos psicopedagógicos, técnicos, científicos,

políticos, sociais, ideológicos, éticos e culturais” (CANDAU, 1996).

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN),

a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de

colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a

capacitação dos profissionais de magistério. Desta forma, o município de

Macaé realizou ações de cunho formativo em parceria com o Ministério

da Educação (MEC) / Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

(FNDE), destaque para os programas federais como Pró-Letramento, Gestar

Língua Portuguesa/ Matemática e Pacto Nacional de Alfabetização.

Doravante, com as determinações da implementação da lei federal

11.738/2008, que garante aos docentes o direito de usar 1/3 de sua carga

horária para atividades de planejamento e de formação continuada, em

atendimento às demandas para a formação, a Secretaria Municipal de

Educação (SEMED) inaugura o Centro de Formação Carolina Garcia

(CFPG), realizando ações de formação em períodos semanais, quinzenais,

mensais, semestrais, com cartela anual e diversificada de cursos. Houve a

informatização de todos as ações do CFPG, ações de formação, inscrições e

certificação dos cursistas. A história e a atualidade tecnológica impulsionou

a Secretaria Municipal de Educação à criação de site próprio em

plataforma gratuita (https://formacaomacae.wixsite.com/formacao) com

estabelecimento de inscrições on-line, para todas as atividades formativas.

Banco de dados dos profissionais e das atividades formativas foram

organizados (cursos de curta duração, palestras, seminários, simpósios e

rodas de conversa). Assim, a inauguração do Centro de Formação Professora

Carolina Garcia – o CFCG – em 13 de novembro de 2015 marca de forma

expressiva, arrojada e atualizada a educação municipal de Macaé.

O Centro de Formação está atualmente localizado num ambiente de

formação por excelência - Cidade Universitária. Oferta curso de formação

inicial e continuada no mesmo ambiente de estudo, pesquisa e formação

profissional, importante movimento para o exercício da docência, como

muitos especialistas defendem. Tal localização confere ao CFCG, no universo

das políticas públicas de formação continuada da docência e dos centros

de formação, característica também pioneira no Brasil; entrelaçar espaço

acadêmico e teórico que a Cidade Universitária abriga, realizando parceria

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para formação, pesquisa etc. Neste espaço destinado ao Centro de Formação

acontecem conferências, seminários, simpósios, rodas de conversas,

jornadas pedagógicas e cursos de curta duração para docentes na gestão de

suas aulas. Com as crescentes demandas por formação as parcerias com as

instituições educacionais de ensino superior da cidade tornaram-se sólidas

e profícuas, como também de outras instituições de ensino.

Desse modo, a interface entre pesquisa e atividade formativa no CFCG,

gera conhecimento (teorização) sobre os processos de formação continuada

dos profissionais da educação básica macaense, cujos trabalhos foram

apresentados em Congressos Internacionais, originando uma significante

tese de doutorado. O Centro de Formação Carolina Garcia pode ser

considerada ação pioneira no universo de centros de formação municipais

e estaduais brasileiros, realizando primeiro curso de Pós-Graduação Lato

Senso Gestão Pública Escolar, totalmente gratuito aos gestores de escolas

municipais, contemplando a carga horária de trabalho destes profissionais,

o que favorece a participação e a permanência em Formação Continuada

em Gestão Pública Escolar. Confere-nos também o pioneirismo formativo

presencial no universo dos centros de formação municipais e estaduais

brasileiros.

Enriquecendo as experiências de formação, foi lançada a revista on-

line, “Docência em Diálogos”, com publicações dos trabalhos dos parceiros

e de profissionais da educação de nossa rede municipal, cujo link é: http://

revistacfcg.femass.edu.br.

Enfim, torna-se importante ressaltar que a criação e o desenvolvimento

do Centro de Formação Professora Carolina Garcia – o CFCG – tem o

potencial para, na próxima década, destacar-se cada vez mais como lócus de

realização de política pública de formação continuada da docência de uma

Secretaria Municipal de Educação, tanto na região como em nosso estado.

Relatar a história da formação dos servidores da educação de Macaé

significa resgatar todo profissionalismo que deixaram marcas delineadas

de afeto e carinho, razão pela qual nos sentimos desejosos de relembrar e

registrar como forma de oferecer aos que virão após a década de 2009/2019,

o conhecimento produzido. O Centro de Formação Professora Carolina

Garcia nasce da vontade política em querer que todos os servidores da

Educação da Rede Municipal de Macaé e de outros municípios, sejam

atendidos em um ambiente próprio, participem de diversas atividades

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formativas de qualidade na área da Formação Continuada.

Destacamos um importante capítulo da trajetória da História da

Formação que elucidamos nas linhas acima, o Projeto Memória Educa.

O Memória Educa é um Projeto que nasceu com o Centro de Formação

Carolina Garcia, com a nobre missão de resgatar e registrar as histórias

relevantes dos docentes do município. Com o lançamento da medalha

Darcy Ribeiro para mais de cem ilustres personagens que fizeram e fazem a

história da docência em toda a Rede de Ensino de Macaé, foi possível resgatar

a partir de depoimentos de sua caminhada profissional como docentes, suas

experiências marcantes e casos expressivos com seus discentes, bem como

obter para acervo do Memória Educa, livros, documentos, cadernos, fotos,

etc. agraciando e enriquecendo os conhecimentos de seus sucessores no

ofício da docência no município de Macaé.

Ao finalizar, afirmamos que rememorar e registrar os importantes

marcos da Formação Continuada da Rede Municipal de Ensino de Macaé,

na década de 2009/2019 consideramos que estamos folheando páginas de

sucesso!

Pós-Graduação e Graduação gratuita aos servidores. Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

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REFERÊNCIAS

BRASIL. LDB. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23

de dezembro de 1996.

CANDAU, Vera Maria. Pluralismo cultural, cotidiano escolar e formação

de professores. In: (org.). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ:

Vozes, 1997.

Prefeitura Municipal de Macaé. Lei Complementar nº 195 /2011. Dispõe

sobre a estruturação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos da Rede

Pública Municipal de Ensino de Macaé, 2011.

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X - QUALIFICAÇÃO

PROFISSIONAL COMO POLÍTICA

PÚBLICA DE TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL

Flaviá Picon1

A Educação tem sentido porque o mundo não é

necessariamente isto ou aquilo, porque os seres humanos

são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo.

A educação tem sentido porque mulheres e homens

aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem

porque mulheres e homens se puderam assumir como

seres capazes de saber , de saber que sabem, de saber

que não sabem. De saber melhor o que já sabem, de

saber o que ainda não sabem (FREIRE, 2000).

A história do centro de educação tecnológica e profissional

de Macaé

O presente artigo tem como proposta apresentar as contribuições

realizadas pela Prefeitura Municipal de Macaé (PMM) nos últimos dez anos

em relação às políticas públicas de qualificação profissional para atender

ao cidadão macaense ou ao cidadão que migra para o município em busca

de oportunidades. O registro das ações desta última década promove uma

reflexão sobre os caminhos trilhados e apontam para a necessidade de

um constante alinhamento com o cenário político, econômico e social,

permitindo assim que os atuais e futuros gestores constituam um panorama

histórico que fundamente ideias inovadoras e promova o desenvolvimento

humano e social para Macaé, tendo como princípio a consolidação de Macaé

como Cidade do Conhecimento.

1 FLAVIÁ PICON – Pedagoga, MBA-Marketing, Coordenadora do Centro Tecnoló-

gico de Educação Profissional da Secretaria de Educação de Macaé.

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Uma cidade que pretendia se transformar a partir da educação e

do conhecimento precisava ousar na direção de ofertar qualificação

de maneira democrática a todos os cidadãos e encontrou no Centro de

Educação Tecnológica e Profissional (CETEP), um departamento acanhado

que pertencia a Fundação Educacional de Macaé (FUNEMAC), o caminho

para proporcionar à população a formação profissional necessária para que

cada indivíduo pudesse aprimorar suas habilidades de modo a executar

funções específicas demandadas pelo mundo do trabalho. A geração de

renda para promover a autonomia e protagonismo foi um outro aspecto que

também pode ser observado no perfil de cursos de qualificação ofertados.

Portanto, sendo para inserção no mercado de trabalho ou para promoção

da empregabilidade e do empreendedorismo o foco sempre foi assegurar a

todos o exercício da plena cidadania através da educação profissional.

É a partir destas primícias que a história da qualificação profissional de

Macaé pode ser contada, pelo viés da transformação social e econômica e,

também, pelo olhar da educação que promove a autonomia e a cidadania

impulsionando a sociedade para superar desafios e conquistar novos

horizontes. Ao compreender seu papel, sua importância e a necessidade

do desenvolvimento humano como foco para o crescimento de Macaé, o

CETEP ganhou força e direção na condução de suas atividades.

A grande virada aconteceu em 2008 quando, a Prefeitura Municipal de

Macaé (PMM) por meio do Centro de Educação Tecnológica e Profissional de

Macaé (CETEP), o Governo do Estado e a Petrobras firmaram convênio para

implantação do Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região

(PRODESMAR). Vale ressaltar a importância e necessidade desta ação uma

vez que Macaé passava por um processo de grande transformação urbana

e social, consequência dos impactos provocados pelo desenvolvimento da

indústria do petróleo.

Apontada como o “eldorado brasileiro”, a cidade recebeu muitos

migrantes e imigrantes, que atraídos pela possibilidade de inserção num

mercado de trabalho promissor, chegavam à cidade com a esperança de ter

a carteira assinada. Porém sem a formação mínima necessária para atender

as expectativas e demandas do mercado Offshore, ficavam à margem do

crescimento e da oportunidade de trabalho. Esse abismo provocado pela

falta de qualificação ampliou as desigualdades e como consequência o

surgimento de comunidades em situação de vulnerabilidade e o aumento

exponencial dos indicadores de violência em Macaé e região.

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A divulgação do resultado da pesquisa intitulada Mapa da Violência

2006, realizada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a

Educação, a Ciência e a Cultura, apontava Macaé como o quinto município

mais violento do país em homicídios de jovens entre 15 e 24 anos e a 10ª

cidade com maior número de homicídios em todas as faixas etárias,

aparecendo como o município mais violento do Brasil, com 187 mortes

por 100 mil habitantes. Frente a esta realidade, a proposição, por parte dos

gestores das políticas educacionais da época, de um programa voltado a este

público se tornava urgente. Nascia então o PRODESMAR.

O Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região

(PRODESMAR) foi uma ação pensada pelos atores políticos que projetavam

a ideia de Macaé como Cidade do Conhecimento, e que acreditavam que a

transformação da realidade social do município se daria a partir da educação

como instrumento do desenvolvimento econômico com foco na redução da

desigualdade, da injustiça e da violência.

Foram realizados muitos encontros entre as instituições parceiras para

estabelecer as bases estruturantes do Programa, que tinha como objetivo o

desenvolvimento sustentável e harmônico da população, a partir de ações

preventivas para melhorar a segurança na cidade e projetos educacionais

de qualificação profissional para os jovens de Macaé. A primeira etapa

de implantação do PRODESMAR ocorreu com a oferta de 54 cursos de

capacitação profissional , não exclusivos à cadeia do petróleo, atendendo

aos moradores das áreas de alto risco social, com total 5.740 vagas ofertadas.

A partir daí a formação para a qualificação profissional ofertada pelo

município passou a ser reconhecida e chancelada por empresas de Macaé,

que encontram nos profissionais certificados pelo CETEP o conhecimento

teórico e prático essenciais exigidos para ocuparem os postos de trabalho,

contribuindo assim para o desenvolvimento social e econômico da região

e consequentemente a redução dos índices de criminalidade. Em apenas 3

anos após o início das atividades do PRODESMAR, foi possível registrar uma

queda nas taxas de violência, como pode ser comprovado na terceira edição

da pesquisa Mapa da Violência no Brasil realizada pela mesma instituição

que havia apontado Macaé como a décima cidade mais violenta do país,

agora colocava, em 2011, o município na 150º colocação, com uma taxa

média atual de 50,9 homicídios a cada 100 mil habitantes, o que demonstrou

uma queda significativa no índice de homicídios, em 64% no período entre

2008 e 2010.

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A redução nos índices de criminalidade só foi possível graças ao trabalho

sério e comprometido dos diversos agentes envolvidos para a promoção de

uma cidade segura e promissora, em que a educação, através do CETEP, teve

um papel de destaque, proporcionando mudanças significativas na vida de

diversas pessoas, principalmente nas que conseguiram emprego ou foram

promovidas após conclusão dos cursos.

O Centro de Educação Tecnológica e Profissional não se limitou a

execução do PRODESMAR, o CETEP ampliou sua rede de convênios com

outras instituições como a FIRJAN para oferta de cursos de Informática

Básica, Inglês, Espanhol e Pré-Enem; com a Odebretch, Instituto Crescer,

Unesco e SEMED para implantação e realização do Programa Escola

em Ação para oferta do curso de Corte e Costura para a comunidade das

Malvinas; com o Instituto Jelson da Costa Antunes (JCA) para oferta de

cursos na área automotiva e bolsa de estudos para jovens que cursavam o

9º ano do Ensino Fundamental, com a Federação de Canoagem do Estado

do Rio de Janeiro para certificação do curso de Primeiros Socorros para as

crianças e adolescentes atendidos pelo Projeto de Canoagem Remando para

o Futuro que aconteceu em Glicério. Para além das parcerias, o CETEP criou

o Projeto Banco de Currículos onde os alunos que terminavam os cursos

poderiam deixar seus currículos em contato com as empresas, dando mais

um passo para consolidação do CETEP como um espaço de excelência no

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serviço público prestado à população.

Entre 2011 e 2012 outros dois projetos foram implantados o curso

preparatório para concursos que dava ênfase em disciplinas como: Língua

Portuguesa, Matemática e Lei Orgânica, em um total de 20 polos espalhados

por toda a cidade, incluindo a região serrana. Outra ação relevante realizada

neste período foi em parceria com o Gabinete da Vice-prefeita e Secretária

de Educação da época para a realização do Programa Macaé mais Feliz a

fim de promover cursos profissionalizantes da área da Construção Civil para

mulheres.

Em 2015 as atribuições do CETEP passaram a ser conduzidas pela

Agência de Trabalho, Educação Profissional e Renda de Macaé (AGETRAB),

através da aprovação da Lei Municipal n. 4.104/2015. Esse fato não mudou

efetivamente a ação da qualificação profissional junto à comunidade,

uma vez que a continuidade das atividades desenvolvidas para realização

de cursos foi garantida em lei e executada pelo novo órgão. Um aspecto

interessante desta transição é que o nome CETEP estava tão consolidado

no município que mesmo após a mudança da nomenclatura, a população

ainda reconhecia a autarquia pela sigla CETEP. Outro fato importante que

merece destaque, por agregar ainda mais credibilidade a tudo que havia

sido construído até então, foi o de adotar o uso editais para divulgação das

vagas e acesso aos cursos. Essa dinâmica na condução dos trabalhos trouxe

ainda mais transparência, igualdade e equidade ao processo de inscrição

nas formações disponibilizadas, garantindo assim o fundamento do período

apresentado: a democratização ao acesso às vagas dos cursos ofertados.

Pouco mais de um ano após a criação da AGETRAB, o CETEP passa

por mais um processo de transformação, com a reforma administrativa

sancionada pela Lei Complementar Municipal n. 256/2016, o CETEP deixa

de ser autarquia e passa a fazer parte da administração direta dentro da

estrutura da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), como Secretaria

Adjunta de Qualificação Profissional e Ensino Médio. Esta nova composição

traz consigo um grande desafio ao gestor da pasta: como reestruturar a

qualificação profissional sem a autonomia financeira para contratação

direta de docentes?

A solução foi buscar parceria com instituições de ensino como

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal

Fluminense (UFF) e Instituto Federal Fluminense (IFF) que propiciaram,

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mesmo sem os recursos diretos, que o CETEP se mantivesse firme no

seu propósito de oferecer formações de qualidade, e ao final de 2017

tinha disponibilizado um total de 2.849 vagas em cursos de qualificação

profissional.

Outros parceiros surgiram entre os anos de 2017 e 2019, como o Grupo

Pão de Açúcar que tem no Programa Viva Bairro o Projeto Mão na Massa,

que disponibiliza a visita técnica com vivência prática para os alunos do

curso de panificação básica. Ainda no segmento da produção de alimentos

o CETEP também participou de uma ação conjunta entre a FIRJAN/SESI e

a Petrobras, o Programa Cozinha Brasil, para a oferta de cursos e oficinas

que visavam o incentivo da melhoria da qualidade de vida a partir da

alimentação saudável. Também destacamos a parceria com o Ministério do

Trabalho e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

que promoveu, por meio do Programa Caravana do Trabalho, uma ação de

alcance significativo de formação itinerante para qualificação profissional e

social de 400 jovens a partir dos 15 anos de idade.

Arquivo SEMED.

Nos anos de 2017, 2018 e 2019 iniciativas arrojadas, criativas em busca

de parcerias alcançam resultados positivos e implementam novas ações e

projetosquefavoreçamapopulação. Umexemplosimpleséodapré-inscrição

online para as vagas dos cursos. A implementação deste processo, a partir do

segundo semestre 2017, evitou que milhares de pessoas passassem horas na

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fila para conseguir uma vaga em um dos cursos ofertados, proporcionando

ainda mais conforto e organização ao processo de inscrição.

Ainda no ano de 2017 foram iniciados planejamento e estruturação do

que parecia um sonho: uma cozinha escola, para oferta de cursos voltados

a panificação e confeitaria. Entre visitas técnicas ao Núcleo Avançado em

Tecnologia de Alimentos (NATA), Escola de Ensino Médio Técnico situada

em Colubandê, bairro da cidade de São Gonçalo, e a busca de recursos

físicos com parceiros internos da própria prefeitura; consegue-se diversas

doações (2 fornos, 1 fogão industrial, 1 geladeira industrial, 2 botijões de gás,

além de utensílios para produção de pães e bolos), passou pouco mais de

um ano e no segundo semestre de 2018 inauguramos a cozinha escola. Até

hoje conseguimos formar 20 turmas em um total aproximado de 400 alunos,

o que demonstra que sonhos são possíveis, precisam apenas de pessoas que

acreditem e que trabalhem a favor para a sua realização.

A jornada tecnológica e profissional também foi um projeto que veio

para ficar. Implantado ao final de 2017, tem como objetivo disseminar

a qualificação profissional da maneira mais democrática possível

proporcionando ao cidadão, que desconhece as diversas possibilidades de

formação, a oportunidade de participar de workshops, palestras e atividades

de curta duração para que consigam esclarecer possíveis dúvidas que

tenham para decidirem qual caminho seguir. Outro aspecto interessante

desta proposta de atividade formativa é a de atualizar o cidadão que está no

mercado de trabalho e tem pouco tempo para se dedicar aos estudos.

Ao longo dos últimos 10 anos mais de 45 mil2 cidadãos passaram pelas

salas de aula do Centro de Educação Tecnológica e Profissional de Macaé,

demonstrando que o processo de democratização da formação profissional

é uma realidade no município, e a tendência é que esse número não pare de

crescer, uma vez que o fenômeno da globalização e da modernização são

irreversíveis e demandam do trabalhador a busca constante pela qualificação

profissional para adequar as atividades desenvolvidas aos padrões de

qualidade e produtividade vigentes no cenário econômico mundial.

Desta forma, acreditamos que a consolidação de Macaé como a

Cidade do Conhecimento passa também pelas oportunidades de elevação

de escolaridade do trabalhador e pelas oportunidades de qualificação

profissional que foram implantadas na última década na cidade de Macaé.

2 Quadro com número de vagas ofertadas.

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SÉRIE HISTÓRICA DE VAGAS OFERTADAS

Ano Medição Observação

2012 21.034 vagas Dados informados pelo Órgão.

2013 1.430 vagas Dados informados pelo Órgão.

2014 26.247 vagas Dados informados pelo Órgão.

2015 3.698 vagas Dados informados pelo Órgão.

2016 3.764 vagas Dados informados pelo Órgão.

2017 2.849 vagas Dados informados pelo Órgão.

2018 2.817 vagas Dados informados pelo Órgão.

2019 3.727 vagas Dados informados pelo Órgão.

Arquivo SEMED. Foto: Rui Porto Filho

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Lei nº 9394 de 20

de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação : Cartas pedagógicas e outros

escritos - São Paulo ; Editora UNESP, 2000.

FRIGOTTO, Gaudêncio. A produtividade da escola improdutiva: um

(re)exame das relações entre educação e estrutura econômico-social e

capitalista. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1989.

. Educação e a crise do capitalismo real. 11 ed. São

Paulo: Cortez, 2003.

OBSERVATÓRIO DO PNE. Metas para a educação profissional.

Observatório PNE, 2014. Disponível em <https://www. observatoriodopne.

org.br/metas-pne/11. Acesso em: 6 fev. 2020.

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XI - EDUCAÇÃO SUPERIOR:

CONQUISTAS E DESAFIOS NA

CIDADE DO CONHECIMENTO

Vilcson Gavinho1

A educação superior tem por finalidade estimular a

criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico

e do pensamento reflexivo (LDB, Art. 43 – I, 2018, p. 31).

Das Conquistas: Sonhos, parcerias e realizações.

“Toda memória transmuta experiências, destila o passado e não

simplesmente o reflete” (LOWENTHAL, 1988, p. 204), afirmou o historiador

americano David Lowenthal [1923-2018]. Reverenciar a memória das

instituições de ensino superior estabelecidas em Macaé (RJ) é muito mais

que demonstração de responsabilidade histórica, constitui-se em poderosa

estratégia de disseminação de valores e exemplos, gerando prestígio junto

aos macaenses, de berço ou adoção, possibilitando que, no presente, gestores

e servidores façam releituras fundamentais para seus planejamentos,

garantindo o sucesso de ações futuras.

A história da Educação Superior no Brasil teve início com a criação do

Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia, em 1808 (NISKIER, 2001, p.30), pelo

Príncipe Regente, Dom João de Bragança [1767-1826], o mesmo que criou

a Villa de São João de Macahé, em 29 de julho de 1813 (GAVINHO, 2020, p.

20-6). Nessa época, apenas um macaense, o fidalgo Bento Carneiro da Silva

[1780-1810], estava matriculado em curso universitário (PARADA, 1980,

1 VILCSON GAVINHO Bacharel em Museologia pela UNIRIO. Capacitado em Ges-

tão de Documentos pela UENF / Secretaria de Justiça e Interior do RJ. Fundador

do Centro de Memória Antônio Alvarez Parada, integrado ao Solar dos Mellos - Mu-

seu da Cidade de Macaé. Perito Documental da Primeira Vara Civil da Comarca de

Macaé-RJ. Sócio-Fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Macaé. Sócio-

-Fundador do Instituto Histórico e Genealógico do Norte Fluminense (SJB-RJ); Só- cio-Correspondente do Colégio Brasileiro de Genealogia (RJ), etc. Autor e/ou Coor-

denador de obras literárias sobre História de Macaé.

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p. 33-5). Por muito tempo, pouquíssimos desfrutaram de uma formação

acadêmica de nível superior, privilégio de famílias abastadas. Mais de um

século e meio depois, foi criada a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras

de Macaé (FAFIMA), por meio do Decreto Federal n°. 73.375, de 27 de

dezembro de 1973, iniciativa do Dr. Claudio Moacyr de Azevedo [1935-1995],

presidente da Fundação Educacional Luiz Reid (LÔBO JÚNIOR, 1990, p. 50).

A FAFIMA iniciou com os cursos de Pedagogia e Letras, marcando época.

No entanto, os macaenses vocacionados para outras áreas, recorriam, com

grandes sacrifícios, às instituições distantes, principalmente em Campos

dos Goytacazes, Niterói e na capital, o Rio de Janeiro. Sendo a FAFIMA uma

instituição particular, dificultava o ingresso de cidadãos com pouco poder

aquisitivo, discrepância que a municipalidade, durante décadas, tentou

amenizar com o custeio de bolsas escolares e transporte interurbano gratuito.

A criação da Fundação Educacional de Macaé2 (FUNEMAC), através da

Lei Municipal n°. 1369, em 17 de novembro de 1992, objetivou viabilizar os

primeiros cursos superiores públicos na cidade, possibilitando um convênio,

pioneiro e histórico, firmado pelo governo municipal e a Universidade

Federal Fluminense3 (UFF), implantando os cursos de Ciências Contábeis e

Administração, iniciados em março de 19934.

O Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM), atual Instituto

de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM), da Universidade Federal do

Rio de Janeiro5 (UFRJ), desde a década de 1980, tem uma atuação destacada

e precursora relacionada às pesquisas acadêmicas realizadas no Município,

liderando um pujante movimento social, iniciado em 1995, a partir de Macaé,

angariando apoio de municípios, instituições e pesquisadores, brasileiros

e estrangeiros, culminando na criação do Parque Nacional da Restinga

2 Disponível em: http://www.funemac.edu.br/conteudo.php?idCategoria=238&idS

ub=238&idConteudo=239 Acessado em 30/12/2019.

3 Instituição pública de Ensino Superior com sede em Niterói (RJ), criada pela Lei

nº 3.848, de 18/12/1960, com o nome de Universidade Federal do Estado do Rio

de Janeiro (UFERJ), a partir da integração de faculdades no município de Niterói.

Em 1965, foi oficializado o nome atual. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/

Universidade_Federal_Fluminense Acessado em 30/12/2019.

4 Disponível em: http://www.uff.br/?q=historico-macae-no-grupo-macae Acessa-

do em: 02/01/2020.

5 Criada em 07/09/1920, como Universidade do Rio de Janeiro, reorganizada em

1937, passou a se chamar Universidade do Brasil, recebendo a atual denominação

em 1965. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_

Rio_de_Janeiro Acessado em 30/12/2019.

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de Jurubatiba, em 29 de abril de 1998, com cerca de 15 mil hectares6. Em

2006, foi implementada, no NUPEM, a Licenciatura em Ciências Biológicas,

primeiro curso de graduação da UFRJ fora da sede no Rio de Janeiro.

O próximo e ambicioso passo seria uma faculdade pública municipal,

genuinamente macaense. A Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva

Santos (FeMASS), criada pela Lei n.° 2.095, de 23 de outubro de 2000, foi

inaugurada em 10 de janeiro do ano seguinte, com o curso de Bacharelado

em Sistemas de Informação, autorizado pelo Parecer CEE nº 965, publicado

no Diário Oficial/RJ de 15 de dezembro de 2000 e reconhecido, pelo Parecer

CEE nº 073, em 4 setembro de 2007. A FeMASS tem a nobre missão de

promover educação superior de qualidade, articulando ensino, pesquisa

e extensão nas interações entre o poder público, a indústria e a academia,

formando cidadãos para o desenvolvimento social, econômico, cultural e

ambiental de Macaé7.

A Constituição de 1988 integrou a questão educacional com demandas

variadas: assistência social, saúde, ciência, tecnologia, comunicação, meio

ambiente etc. - previstos no Título VIII, Da Ordem Social (CONSTITUIÇÃO,

2001, p. 115-30). Sua promulgação fez da Educação, até então restrita ao dever

do Estado e da família, uma obrigação também da sociedade, exigindo uma

integração e a adoção de novos parâmetros pedagógicos e administrativos.

Coube à FUNEMAC, como gestora do ensino superior, estruturar o

caminho que consolidaria Macaé como uma cidade comprometida com

o conhecimento. Seguindo os preceitos constitucionais, foi elaborada,

homologada e publicada a Lei Municipal n.° 1.997, de 22 de dezembro de

1999, que modificou a estrutura organizacional da FUNEMAC, criando o

Complexo Universitário de Macaé, constituído de instituições educacionais

próprias, com parcerias, convênios e institutos técnicos; além do Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento de Ensino Superior, Pesquisa e Extensão,

da Educação Profissional e dos Institutos Técnicos.

Tratativas envolvendo os poderes executivo e legislativo, a classe

acadêmica, a sociedade civil e o empresariado, culminaram com a doação

de uma área de 95 mil metros quadrados, na Granja dos Cavaleiros, feita

pelo empresário Arley Amaral de Carvalho, propiciando a construção de

um complexo educacional, projetado pelo arquiteto macaense Claudio

6 Disponível em: https://www.wikiparques.org/wiki/Parque_Nacional_Restinga_de_

Jurubatiba Acessado em 11/12/2019.

7 Disponível em: http://www.macae.rj.gov.br/femass/conteudo/titulo/apresentacao

Acessado em 11/12/2019.

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Augusto da Silva Santos, iniciado com dois prédios, trinta salas de aula, seis

laboratórios, biblioteca, o Auditório Cláudio Ulpiano, estacionamento com

duzentas vagas, e três faculdades públicas: UFF, UFRJ e FeMASS - esta última,

na época, a única faculdade municipal gratuita do país. A inauguração da

Cidade Universitária, em 11 de julho de 2007, foi a materialização de um

antigo sonho coletivo e o início de uma jornada irreversível que se renova,

sendo ampliada a cada dia8.

Cidade Universitária de Macaé. Arquivo: SECOM/PMM. Foto: Rui Porto Filho

Dos Desafios: Planejamento, trabalho e perspectivas.

O ano de 2009 foi um divisor de águas no que se refere à atuação da

Prefeitura Municipal de Macaé (PMM) no campo da Educação, com a

adoção de paradigmas inovadores que elevaram Macaé a um novo patamar,

consagrando-a como Cidade do Conhecimento, atestando que “antes

que um desafio de ação é a educação superior no Brasil um desafio de

compreensão” (SGUISSARDI, 2009, p. 17). Naquele ano, foi instituído o Plano

de Desenvolvimento Institucional (PDI), instrumento decisivo para a gestão

8 Disponível em: http://www.macae.rj.gov.br/conteudo/leitura/titulo/infraestrutura-

-completa Acessado em 18/12/2019.

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administrativa e acadêmica da Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva

Santos (FeMASS). Outro marco foi a pós-graduação lato sensu em “História

Regional: Sociedade, Cultura e Identidade”, primeiro curso acadêmico a tratar

desta temática, visando uma conscientização da importância das tradições

locais e seu papel na formação dos munícipes.

Nesse tempo, após frutíferos colóquios com a municipalidade,

a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), implantou em seu

Campus na Cidade Universitária, os cursos de bacharelado em Medicina,

Enfermagem e Obstetrícia, Nutrição e, posteriormente, Engenharia Civil,

Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica; que se somaram às

graduações em Ciências Biológicas e Química, também com Licenciatura,

além de Farmácia. Hoje, o Programa de Pós-Graduação oferece mestrados

em Ciências Ambientais e Conservação, Produtos Bioativos e Biociências e

Profissional em Ensino de Física9.

A presença dos cursos de graduação na área da Saúde trouxe

transformações positivas para Macaé, convertendo o Hospital Público

Municipal Doutor Fernando Pereira da Silva (HPM), em hospital escola,

contribuindo efetivamente para um melhor atendimento da população com

prestação de serviços fundamentais; sendo seguido por outras unidades,

públicas e privadas, como o Hospital São João Baptista, a Liga Beneficente

Asilo Casa do Idoso, pronto socorros, etc. O mesmo ocorre com os cursos de

engenharias, que buscam através de projetos de extensão atender e contribuir

nas demandas locais e regionais. A Catena Consultoria é a Empresa Júnior

da UFRJ-Macaé, oferecendo soluções de engenharias de Produção, Civil

e Mecânica. Com o auxílio de professores-engenheiros, seus membros

desenvolvem habilidades técnicas, acadêmicas, pessoais e profissionais, por

meio de projetos de consultoria. O movimento de Empresas Juniores atrai

associações, promove o empreendedorismo, garantindo aos seus clientes

um alto nível de qualidade, através dos serviços de auditoria, realização

e implementação de seu código de ética, garantindo que o espírito de

responsabilidade coletiva seja transmitido através deste modelo de negócio.

Hoje, o Campus UFRJ-Macaé, institucionalizado em 27 de março de

2008, tem um corpo docente composto por 400 professores, doutores,

mestres e especialistas; atende 3.000 alunos; ocupando os Blocos B e C

da Cidade Universitária, além dos polos Barreto, Ajuda e Novo Cavaleiros.

9 Disponível em: https://www.macae.ufrj.br/index.php/2016-02-15-16-00-04/2016-

02-22-14-38-42 Acessado em: 03/01/2020.

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A partir de 19 de setembro de 2012, o campus foi denominado Professor

Aloísio Teixeira [1944-2012], reitor que dirigiu a instituição entre 2003-11,

considerado figura decisiva no processo de interiorização da Universidade.

O Centro de Referência em Inovação para Operações Sustentáveis

(CRIOS-UFRJ), em parceria com a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM),

elaborou o Programa Startup Macaé visando o apoio e a promoção

de iniciativas que contribuam para a difusão do conhecimento e o

desenvolvimento de empreendimentos inovadores, incentivando a cultura

de inovação tecnológica, criatividade e empreendedorismo no Município;

objetivando alinhar as demandas tecnológicas do mercado e da sociedade ao

potencial de desenvolvimento de novos negócios por startups, estimulando

o amadurecimento com qualidade do ambiente de inovação em Macaé.

Biblioteca na Cidade Universitária de Macaé. Arquivo SECOM/PMM. Foto: Bruno Campos

O Campus da UFF-Macaé aprovado em 25 de julho de 2012, funciona

com os cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito, ocupando

parte do Bloco A da Cidade Universitária, com 1.300 alunos ativos e 45

docentes10. Para o segundo semestre de 2020, está prevista a entrega do

Bloco D, inteiramente destinado à Universidade Federal Fluminense (UFF).

O novo prédio faz parte do Programa de Expansão do Polo Universitário,

coordenado pela Secretaria Municipal Adjunta de Ensino Superior 10 Disponível em: http://www.uff.br/?q=historico-macae-no-grupo-macae Aces-

sado em: 02/01/2020. Ca

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(SEMAES), atendendo demandas pontuais para que a universidade crie

uma identidade sólida, agregando mais conhecimento ao ensino superior

de Macaé. As obras do Bloco D tiveram início em maio de 2019, a partir de

tratativas entre a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM) e a Vice-Reitoria da

UFF, que perceberam a necessidade de fundamentar um espaço próprio,

para que a universidade pudesse expandir suas atividades de conhecimento

no Município. Além dos três cursos já oferecidos pela UFF na cidade, a

expectativa é que outros sejam criados. A UFF será independente na gestão

do novo prédio e no trabalho de construção pedagógica, ampliando seus

programas de pós-graduação em diversas áreas do saber. No Bloco D, com 3

pavimentos, sendo 4.500 metros quadrados de área construída, funcionarão,

no térreo, secretaria, salas da direção e de professores, biblioteca, diretório

acadêmico, auditório com capacidade para até 200 pessoas, copa e sanitários,

e nos pavimentos superiores 30 salas de aula, constituindo mais de 40

espaços para a população acadêmica. Foram destinados cerca de 12 milhões

de reais a este projeto, com o propósito de contribuir com o modelo de

interiorização de grandes universidades do país, consolidando Macaé como

Cidade do Conhecimento. Também em 2020, a UFF pretende disponibilizar,

com recursos federais, as salas de Informática e de Professores, com área de

93,31 m2.

A UFF também promove importantes atividades que beneficiam

diretamente os munícipes. O Centro de Assistência Jurídica da UFF-Macaé

(CAJUFF), oferece estágio curricular para os alunos do curso de Direito, a

partir do 7º período; propiciando assistência jurídica às pessoas de baixa

renda, ingressando e acompanhando ações judiciais nas varas Cíveis, de

Família e no Juizado Especial Cível. Também desenvolve atividades de

pesquisa voltadas para o estudo e análise de jurisprudência e doutrina

relacionadas aos casos concretos em andamento no CAJUFF, com a

elaboração de trabalhos escritos; promove o estudo de disciplinas práticas

e teóricas divididas nos ramos do Direito Público, Direito Privado e Novos

Direitos; orientando e auxiliando no estágio de seus estudantes em Macaé.

O Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) é uma parceria entre o curso de

Ciências Contábeis do Instituto de Ciências da Sociedade/UFF de Macaé e

a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil. Seu objetivo é oferecer

complementação aos conhecimentos acadêmicos na área tributária e

aplicação prática para seus discentes; atendendo aos cidadãos contribuintes

em questões relacionadas à Receita Federal, por exemplo, auxiliando no

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preenchimento e envio da Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física.

Por se tratar de uma ação de extensão e prestação de serviço social, o público

alvo do NAF são microempreendedores, organizações não governamentais

e pessoas de menor poder aquisitivo.

A Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS) tem

1.193 alunos e 61 professores, funciona no Bloco A da Cidade Universitária,

oferecendo, gratuitamente, quatro cursos de graduação: Sistemas de

Informação, Administração, Engenharia de Produção e Licenciatura em

Matemática. Além de reingresso e transferência externa, as formas de

acesso são pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e por vestibular

próprio realizado uma vez por ano. Em 2016, foi iniciada a Licenciatura em

Matemática, e no ano seguinte foi inaugurado o Laboratório de Ensino de

Matemática (LEM+), proporcionando aos alunos computadores e materiais

didáticos para desenvolverem a parte prática das disciplinas ministradas em

sala de aula, oferecendo cursos e palestras. A Semana Acadêmica da FeMASS,

é um evento consolidado, integrando alunos, professores e a sociedade

macaense, gerando proveitosos debates sobre vertentes da Educação e

deixando grandes legados à população, tendo sempre uma programação

extensa, com atividades realizadas simultaneamente nos auditórios da

Cidade Universitária, onde são debatidos temas diversos. As atividades são

dinâmicas, em formatos variados, de palestras, mesas redondas, armazém

de jogos, flash mob, barraca do abraço, cabine de fotos “Toda forma de amor”,

karaokê, aulão de defesa pessoal, feira de adoção de animais, oficina de Libras

e minicursos. Durante edição de 2019, foi inaugurado, em 10 de setembro,

o Laboratório de Educação Matemática Professora Ana Kaleff (LEMAK),

oferecendo recursos didáticos manipulativos para o ensino de Matemática

com vistas à inclusão, e o Museu Itinerante Inclusivo de Educação Matemática

(LEMi) onde visitantes podem interagir com os aparelhos modeladores

de situações matemáticas como jogos, ábacos, quebra-cabeças planos e

espaciais. Neste espaço acontecem aulas práticas do curso de Matemática

da FeMASS, são atendidos alunos das redes pública e privada do Município,

porém, toda a comunidade pode visitar e usufruir do LAMEK/LEMi, que

funcionam de forma integrada no hall do prédio administrativo da SEMAES,

facilitando o acesso de todos os cidadãos. Estas ações são frutos de parcerias

firmadas com a Pró-Reitoria de Extensão (PROEX-UFF) e a SEMED-PMM,

que desenvolverá no espaço o projeto “Vendo com as Mãos” com recursos

didáticos manipulativos especiais de baixo custo destinados a alunos com

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deficiência visual para garantir a educação inclusiva.

Cerimônia de colação de grau na Cidade Universitária. Arquivo SECOM/PMM. Foto: Ana Chaffin

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)11 , com grande

tradição na área de petróleo e gás natural, em 2014, assinou um convênio

de cooperação com a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM), outro

importante passo na consolidação do conceito de polo universitário.

A UERJ preiteia junto a PMM a cessão de uma área de 21 mil metros

quadrados, no Condomínio Bella Vista, próximo ao Parque de Tubos, para

o estabelecimento de seu Campus, com laboratórios focados na pesquisa,

desenvolvimento tecnológico e inovação. Na Cidade Universitária, está

sendo construído o Laboratório de Adesão e Aderência (LAA), todo em

material pultrudado, subordinado ao Instituto Politécnico, que atua na

área de ciência e tecnologia de materiais. A princípio, o objetivo da UERJ é

desenvolver projetos tecnológicos focados em inovação, em parceria com o

Centro de Pesquisas da Petrobras, FAPERJ, CNPq e empresas, trazendo para

o Município parte dos recursos de pesquisa, transformando-o em ícone em

ciência, tecnologia e inovação. No Polo de Ciência, Inovação e Tecnologia de

11 Criada, em 12/10/1930, a partir da fusão da Faculdade de Ciências Econô-

micas do Rio de Janeiro, da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, da Faculdade

de Filosofia do Instituto Lafayette e da Faculdade de Ciências Médicas, tornou-se

Universidade em 04/12/1950. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Universi-

dade_do_Estado_do_Rio_de_Janeiro Acessado em 17/01/2020.

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Macaé (PCETIM), após a instalação do LAA, conforme previsto no convênio,

acontecerá um curso de mestrado tecnológico multi-institucional, além de

pequenos cursos de extensão, levando novas tecnologias para as plataformas

e ampliando a cultura tecnológica em Macaé.

A Secretaria Municipal Adjunta de Ensino Superior (SEMAES), integrada

a estrutura básica da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), foi criada

pela Lei Complementar n.° 256, de 31 de dezembro de 201612. Fruto de uma

reforma administrativa. Esta nova resolução estreitou um diálogo necessário

entre ensino superior e educação básica, corroborando com a necessidade

de políticas educacionais mais comprometidas com os interesses da

sociedade. Conforme o Art. 73, da Lei Complementar, estão subordinados

a SEMAES órgãos essenciais como o Centro de Extensão Universitária e

Sociedade (CENTREXS), o Instituto de Administração e Políticas Públicas

(IAPP), o Centro Municipal de Idiomas (CMI), o Colégio de Aplicação (CAp),

a Editora Funemac, e a Universidade Livre (UNILIVRE).

A SEMAES contribui efetivamente apoiando às Instituições de

Ensino Superior (IES) instaladas na Cidade Universitária, na gestão do

complexo, fiscalizando os serviços básicos de fornecimento de água,

energia elétrica, telefonia e jardinagem; acompanhando a construção de

blocos e laboratórios; a administração do Restaurante/Lanchonete etc. Para

além do espaço físico, a SEMAES vem aprimorando serviços importantes,

desenvolvendo, por exemplo, uma reconhecida expertise em Processos

Seletivos Simplificados (PSS), atuando na produção de editais; realização de

inscrições e confirmações, presenciais e on-line; elaboração de questões e

confecção de provas e atas; recrutamento e treinamento de fiscais; aplicação,

fiscalização e correção de provas, firmando frutíferas parcerias com órgãos

da municipalidade, a saber: Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da

Criança e do Adolescente (CMDDCA) - PSS para seleção de conselheiros

tutelares; Faculdade Municipal Professor Miguel Ângelo da Silva Santos

(FeMASS) - Vestibulares; Colégio de Aplicação (CAp) - PSS para ingresso de

alunos; Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) - PSS para preenchimento

de vagas do Programa de Residência Médica; Secretaria Municipal Adjunta

de Recursos Humanos - PSS de profissionais para atuarem na Administração

Pública Municipal; Secretaria Municipal de Educação (SEMED) - PSS

para certificação profissional de candidatos a diretores escolares; PSS de

Professores A e C e Engenheiros de Segurança do Trabalho; Secretaria 12 DIÁRIO DA COSTA DO SOL. Macaé/RJ, Sábado/Segunda-feira, 31/12/2016 a

02/01/2017, p. 9. Ca

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Municipal de Ordem Pública - PSS de guardas municipais, PSS de guardas

mirins; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

e Acessibilidade - PSS para o Programa Nova Vida, PSS para seleção de

profissionais de saúde do Centro de Convivência do Idoso; dentre outros.

O Centro de Extensão Universitária e Sociedade (CENTREXS) trabalha

o fomento e a extensão universitária como processo educativo e cultural,

viabilizando a realização de atividades de assistência técnica e científica

com vistas ao desenvolvimento social de comunidades, propiciando ações

integradas com as instituições de ensino estabelecidas no Município e região.

Esta integração se dá, por exemplo, com a manutenção de projetos como o

Conhecendo a Cidade Universitária, criado, em 2009, com o propósito de

fortalecer a interiorização de universidade pública, desenvolvendo novas

perspectivasparapossíveisfuturosalunos, atravésdasinformaçõesprestadas,

com maiores esclarecimentos acerca dos cursos ofertados, seus conteúdos,

estrutura administrativa e serviços disponíveis na Cidade Universitária. O

Conhecendo a Cidade Universitária, firmou-se como instrumento eficaz na

amenização da evasão de universitários pela falta de conhecimento prévio

e adequado sobre os cursos escolhidos, suas principais características, áreas

de atuação, mercado de trabalho, contribuindo de modo contundente com

a avaliação que seus participantes fazem quanto à correspondência entre

suas expectativas profissionais e os cursos almejados (PAREDES, 1994). Nas

últimas décadas, foram atendidos centenas de alunos do ensino médio, de

Macaé e arredores.

Outra importante meta do CENTREXS é a qualificação da sociedade

civil com cursos gratuitos, a exemplo do Curso de Extensão para Cuidadores

Domiciliares, com 80 horas/aula, exposição dialogada dos conteúdos, visita

a laboratórios e unidades de saúde, sempre estimulando a participação

ativa do aprendiz, capacitando-o a desenvolver o cuidado domiciliar,

já que envelhecimento e agravos de saúde geram limitações físico-

cognitivas, ameaçando à integridade familiar, evidenciando o papel da

família na prestação de cuidados, uma vez que todos os entes são afetados

(PAIVA & VALADARES, 2013, p. 252). A Atenção Domiciliar (AD) está

prevista na Política Nacional de Atenção Domiciliar (PNAD) que define as

diferentes modalidades de cuidado no domicílio, garantindo a regulação

e financiamento da AD no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS)

(BRASIL, 2011).

O Centro Municipal de Idiomas (CMI), criado pelo Decreto Municipal

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n.° 296, de 2009, tem a finalidade de atender a rede pública de ensino

de Macaé, estendendo-se à comunidade em geral, possibilitando-lhes

acesso gratuito ao processo de ensino de Língua Estrangeira (LE), Inglês

e Espanhol, primando pela qualidade pedagógica e potencializando o

Município na área das linguagens e suas tecnologias; objetivando, ainda,

construir um conhecimento com vistas ao alcance, por parte de seus alunos,

de uma competência comunicativa que contribuirá com seus processos

emancipatórios, facilitando o acesso ao mundo do trabalho e o exercício

pleno da cidadania (ALMEIDA FILHO, 2005). O CMI é um programa de

referência, que ao longo dos últimos 10 anos, beneficiou cerca de 5.000

cidadãos, priorizando os alunos da rede municipal, dialogando com a

necessidade permanente de capacitação profissional inerente a indústria de

petróleo e gás natural; ampliando a capacidade de atuação do comércio local

e incentivando o desenvolvimento de áreas promissoras como o turismo

ambiental e a hotelaria.

O Instituto de Administração e Políticas Públicas (IAPP) promove a

modernização e a profissionalização da administração pública, capacitando

quadros técnicos para os governos municipal, estadual e federal, difundindo

novas técnicas de gestão e desenvolvendo estudos e pesquisas. Desde sua

criação foram desenvolvidos dezenas de cursos, seja lato sensu ou livres,

certificando centenas de pessoas. Um bom exemplo é o curso de pós-

graduação lato sensu em “Gestão Pública”, com muitas edições, decorrente

do Programa de Capacitação de Servidores, com a proposta de desenvolver,

capacitar e atualizar os funcionários da Prefeitura Municipal de Macaé

(PMM), dando-lhes uma visão global do novo paradigma da gestão pública,

e principalmente equipando-lhes com uma ferramenta de gestão para

tornar o serviço público mais eficiente, propiciando que esses servidores

públicos enxerguem, de forma criteriosa e crítica, as principais questões

problemáticas inerentes aos processos de administração, para que seja

possível solucionar problemas reais de alta complexidade.

Outra ação vitoriosa do IAPP é o Curso de Atualização em Saúde da

Família para Agente Comunitário de Saúde, iniciado em 2018, com muitas

edições, sendo uma parceria da Secretaria Municipal de Educação (SEMED),

Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA), Secretaria Municipal Adjunta

de Ensino Superior (SEMAES), Secretaria Municipal Adjunta de Atenção

Básica (SEMAB) e Coordenação Técnica da Estratégia Saúde da Família.

Com duração de 100 horas/aula, é voltado aos profissionais das equipes de

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Saúde da Família da SEMUSA. A educação permanente na Saúde da Família

é uma proposta político-pedagógica que analisa o cotidiano do trabalho das

equipes possibilitando às mesmas a construção de espaços coletivos de

reflexão e de avaliação das ações produzidas no cotidiano orientando para

a melhoria de qualidade da atenção à saúde prestada por estas equipes às

famílias. A lógica da Educação Permanente em Saúde é descentralizadora,

ascendente e transdisciplinar, visando promover a democratização

institucional, incentivar a capacidade de aprendizagem e o enfrentamento

criativo das demandas e necessidades de saúde. Do total de 256.672 pessoas

(IBGE, 2019)13 , que compõem a população de Macaé, 36% são assistidas

pela Estratégia Saúde da Família (ESF), distribuídas nas 40 unidades de

saúde, onde atuam 30 equipes de Saúde da Família. Dentro desta lógica, a

SEMAES e a SEMAB, construíram uma proposta para dar conta da demanda

de capacitação do pessoal da ESF, preenchendo uma lacuna no trabalho das

equipes existentes, nascendo assim o Projeto para qualificar e humanizar o

trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde, nas suas ações de prevenção

de doenças e de promoção de saúde, realizadas tanto no âmbito domiciliar

quanto comunitário, prestadas de forma resolutiva e embasadas no

conhecimento científico.

Muitas das ações de capacitação realizadas pela SEMAES ultrapassam o

âmbito da municipalidade. Além dos médicos que atuam no Hospital Público

Municipal (HPM), em 2018, profissionais de duas atuantes instituições

particulares estabelecidas no Município, o Hospital São João Baptista e a

UNIMED, participaram de quatro cursos de capacitação, especialmente

elaborados para médicos que atuam nas Unidades de Tratamento Intensivo

(UTIs), objetivando credenciar leitos junto ao Sistema Único de Saúde (SUS),

conforme determina a Legislação: Cuidados Intensivos para Pacientes

Neurológicos, Fundamentos Básicos em UTI, Via Aérea Difícil, Suporte

Avançado de Vida em Cardiologia.

13 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/macae/panorama Acessado

em 30/12/2019.

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Aula na Cidade Universitária de Macaé. Arquivo SECOM/PMM. Foto: Bruno Campos

A Universidade Livre (UNILIVRE), criada em 2014, através da Escola

de Multiplicadores de Cuidado (EMC), atende aos servidores municipais

dos campos da Assistência Social, Saúde, Educação, bem como à sociedade

em geral, promovendo uma formação permanente sobre o tema do

cuidado, de forma complexa, contemplando a perspectiva de um cuidado

dirigido àquele que cuida, no caso os servidores, produzindo, como efeito,

um processo imprescindível no trato com os munícipes. A UNILIVRE

promove conferências nacionais e internacionais, fornecendo informação

e conhecimento a um público diversificado; desenvolve pesquisas sobre

a questão do cuidado e do pertencimento, tais como a Felicidade Interna

Bruta (FIB), realizada com o programa Pré-Vestibular Social da SEMED.

Tem organizado cursos de formação continuada para os servidores das

três unidades do Centro Municipal de Atenção à Infância e à Adolescência

(CEMAIA), resultando no crescimento do espírito de equipe e de uma

inteligência coletiva na construção de caminhos que fortaleçam o processo

produtivo do trabalho, beneficiando a relação interpessoal dos servidores,

bem como o trabalho com os acolhidos. Outras ações estão sendo

construídas com a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) em cursos

que atualizarão os agentes comunitários de saúde, bem como os servidores

do campo da Enfermagem. Todas estas iniciativas sempre sendo vertidas à

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produção de um cuidado coletivo na construção de espaços-ambientes de

trabalhos essenciais, onde os servidores possam se sentir pertencentes às

ações cotidianas de suas tarefas, levando vida e um cuidado vital para os

nossos cidadãos.

O Colégio de Aplicação (CAp), criado pela Lei n°. 3.399, em 2010, é hoje

uma escola de referência, considerada a melhor escola pública municipal

de Ensino Médio do Brasil, no ranking do Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM-2018), funciona em horário integral, adotando o ensino-

aprendizagem, dentro e fora da instituição, e realizando vários eventos

durante o ano, onde os alunos conseguem aplicar na prática o conhecimento

que aprenderam em sala de aula. O CAp também oferece cursos de

extensão dentro da educação continuada, visando melhorar as dinâmicas

na sala de aula e no cotidiano escolar entre todos: alunos, professores,

pessoal administrativo e de apoio, que precisam estar envolvidos. Todo o

trabalho obedece às diretrizes do Ministério de Educação (MEC), com eixos

norteadores que contemplam atividades que integram iniciação científica

e campo artístico-cultural; incorporando, por princípio educativo, a

metodologia da problematização como instrumento de incentivo à pesquisa,

a curiosidade pelo inusitado e o desenvolvimento do espírito inventivo, nas

práticas didáticas.

O CAp também promove a aprendizagem criativa como processo de

sistematização dos conhecimentos elaborados, como caminho pedagógico

de superação a mera memorização, estimulando o comportamento

ético, como ponto de partida para o reconhecimento dos deveres e

direitos da cidadania; praticando um humanismo contemporâneo, pelo

reconhecimento, respeito e acolhimento da identidade do outro e pela

incorporação da solidariedade aplicada no seu cotidiano. Para o ano de 2020

foi registrado recorde de inscritos no processo seletivo para ingresso no CAp,

que a partir deste ano conta com nova sede na Cidade Universitária.

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Palestra no Auditório Cláudio Ulpiano na Cidade Universitária.

Arquivo SECOM/PMM. Foto: Rui Porto Filho

A Educação é a base para o crescimento pessoal e profissional de cada

cidadão. Os programas educacionais são instrumentos fundamentais de

incentivo e ajuda para o acesso ao aprendizado. Macaé conta com vários

programas, na educação básica e superior, com o propósito de minorar

dificuldades e melhorar, cada vez mais, a qualidade da Educação. O Programa

de Moradia Estudantil da Prefeitura Municipal de Macaé (PMM), criado em

2018, atividade inerente ao escopo das Instituições de Ensino Superior (IES)

no Brasil, gerido pela SEMAES, disponibiliza 73 vagas para discentes das

IES públicas de Macaé, contribuindo assim com a permanência e fixação

de estudantes de outros municípios, que não teriam condições de residir na

cidade para conclusão de seus estudos. Outra ação vitoriosa é o Programa de

Transporte Social Universitário (TSU), com mais de 20 anos de atendimento

aos estudantes universitários, hoje com capacidade diminuta em função

do crescimento das áreas de graduação e pós-graduação na Cidade do

Conhecimento, mas ainda atendendo cerca de 600 usuários para as cidades

de Rio das Ostras, Campos dos Goytacazes e Rio de Janeiro.

A Funemac Editora, criada e regulamentada pela Lei n.° 3.125, de

24 de outubro de 2008, atualmente tem suas atribuições subordinadas

e desenvolvidas pela Secretaria Municipal Adjunta de Ensino Superior

(SEMAES), que vem cumprindo suas funções viabilizando a organização

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e publicação de obras significativas. Em 2019, foi lançado o livro “Macaé,

do caos ao conhecimento: Olhares acadêmicos sobre o cenário da crise

econômica” (ISBN 978-65-80683-00-0), organizado por Scheila Ribeiro de

Abreu e Silva e Meynardo Rocha de Carvalho, com 34 artigos assinados por

especialistas em diversas áreas do conhecimento, em 576 páginas ilustradas.

Em 2020, será a vez da obra “Macaé Memórias Recentes” (ISBN 978-65-80683-

02-4), organizada por Marilena Garcia e Meynardo Rocha de Carvalho, com

340 páginas ilustradas, contendo 30 entrevistas com cidadãos atuantes em

variados setores da sociedade macaense, rememorando acontecimentos

das últimas décadas, constituindo um documento inédito e valoroso sobre a

era do petróleo, o ouro negro.

O Observatório da Cidade de Macaé foi criado através da Portaria nº

09, em 2008, integrado a Secretaria Municipal Adjunta de Ensino Superior

(SEMAES), tem sede na Cidade Universitária, promove seminários, organiza

publicações, contando com Conselho Acadêmico de Gestão e Conselho

Editorial. O Observatório agrega parcerias acadêmicas voluntárias,

constituindo uma rede interinstitucional que reúne agentes públicos de

universidades, instituições privadas de ensino, gestão pública municipal e

instituições parceiras; objetivando analisar as transformações em curso

na cidade de Macaé, promovendo uma avaliação contínua e sistemática

da conjuntura social e econômica em que o município se insere; além de

reconhecer e valorizar o importante papel desempenhado pelas Instituições

de Ensino Superior (IES) enquanto dinamizadoras do processo de

desenvolvimento local e regional, visando o estreitamento da relação entre a

gestão pública, a universidade e as instituições de ensino e pesquisa.

Os cursos de Educação a Distância (EAD), públicos, também estão

disponibilizados aos macaenses14. O Centro de Ciências e Educação

Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), em Macaé,

oferece mais de 300 vagas, para as licenciaturas em Ciências Biológicas,

Matemática, Engenharia de Produção, Física, Administração, Pedagogia

e Turismo. O ingresso se dá por meio de vestibular próprio, e para os que

usarem a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), na modalidade

ampla concorrência, são reservadas 30% das vagas ofertadas. Os cursos

são na modalidade de EAD e em regime semipresencial no polo Macaé, o

Instituto Federal Fluminense (IFF). Certificados de conclusão são emitidos

14 Disponível em: https://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/vestibular-para-

-cursos-de-graduacao-a-distancia-do-cederj-em-macae-rj-tem-inscricoes-abertas.

ghtml Acessado em 03/01/2020.

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pelas instituições conveniadas: UFF, UFRJ, UERJ, UFRRJ, UNIRIO e UENF.

O consórcio CEDERJ conta com mais de 40 mil alunos matriculados em 15

cursos de graduação a distância.

Ainda na modalidade de EAD, a Secretaria Municipal Adjunta de Ensino

Superior (SEMAES) desenvolve, através da UNILIVRE, cursos em ambientes

virtuais, seguindo a lógica da necessidade de profissionais capacitados

e atualizados, dentro das especificidades e complexidades de cada área

de atuação, atendendo a Prefeitura Municipal de Macaé (PMM), em seu

Programa de Capacitação de Servidores (PCS), que prevê a realização de

Educação Permanente (EP) para funcionários e gestores, com o objetivo

primordial de buscar a qualificação dos trabalhos e seus resultados. Esses

cursos têm conteúdos programáticos e testes disponibilizados na plataforma

digital do Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal de Macaé (NTM), e

seus participantes contam com o apoio técnico de profissionais instrutores

e avaliações presenciais.

Também na Cidade Universitária está o laboratório #InovareAprender,

reconhecido por ser um ambiente voltado para criatividade e inovação,

onde educadores e estudantes criam protótipos autônomos ou remotos,

desenvolvem aplicativos (apps), animações e games, e programam

utilizando diferentes linguagens. Trata-se de um programa pedagógico,

desenvolvido na SEMED, visando a formação de autores de novas

tecnologias,contemplando alunos da educação básica, universitários e

docentes de todos os níveis, tendo como base metodológica o “Aprender

Fazendo”, onde “todos aprendem juntos, construindo e analisando

resultados, de maneira não-hierárquica, estimulando cada vez mais os

envolvidos no processo de aprendizagem, tornando-o significativo além de

inovador15” . O programa #InovareAprender desperta o interesse de alunos

pela computação, engenharias e demais áreas tecnológicas, desenvolve o

pensamento computacional, alinha robótica e automação, preparando-os

para solucionar problemas de maneiras inovadoras e lúdicas.

15 Disponível em: https://www.sbc.org.br/2-uncategorised/2046-inovareaprender

Acessível em 18/01/2020.

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Expansão da Cidade Universitária de Macaé. Arquivo SECOM/PMM. Foto: Bruno Campos

Macaé, atualmente, acolhe cerca de 14 mil alunos universitários, sendo

que milhares deles estão na Cidade Universitária, atendidos por centenas

de professores - Doutores, Mestres e Especialistas -, e grande número de

servidores e técnicos administrativos; tendo fornecido ao mercado, nos

últimos 10 anos, centenas de profissionais graduados em diversas áreas:

bacharéis, licenciados, especialistas, mestres e doutores. No complexo

universitário macaense quatro universidades públicas coexistem - UFF,

UFRJ, FeMASS e UERJ -, trabalhando de forma integrada em um modelo

único de gestão que não existe em nenhum outro município.

São muitas as expectativas para o futuro, com a ampliação de vagas

e número de cursos, investimento na manutenção e construção de novos

prédios com salas de aula, de pesquisa e laboratórios, organização de

bibliotecas, processos seletivos para contratação de professores e servidores

técnicos administrativos, investimento na aquisição de equipamentos,

aprimoramento de políticas que beneficiem a permanência do público

estudantil (alimentação, moradia, bolsas de estudo, etc.), fomento à

pesquisa; além de ações relacionadas à infraestrutura dando base para que

as Instituições de Ensino Superior (IES) se mantenham e expandam os seus

campos de atuação. A Parceria Público Privada (PPP) é parte deste escopo,

considerando a capacitação de todos os cidadãos, numa estratégia para

alcançar excelência e compromisso com a cidadania. Ressaltando que este

processo não acontecerá de um dia para o outro, e que somente a construção

de políticas públicas efetivas poderá trazer efeitos substanciais, a médio e

longo prazo, honrando, com mérito, o título de Cidade do Conhecimento.

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Para o Prof. José Murari Bovo, cientista social especializado em

economia:

As universidades públicas, ao contrário das atividades

econômicas de modo geral, exercem simultaneamente

um impacto econômico estático e um impacto dinâmico

sobre a economia em geral. Este último representado pela

contribuição da universidade para aumentar a riqueza

produzida (local, regional e nacional) graças a seu poder de

formar e aperfeiçoar o capital humano que, anualmente,

é incorporado à produção social do país (BONO, 2003,

p. 32).

Hoje, Macaé se une aos municípios que reconhecem nas Instituições

de Ensino Superior (IES) uma poderosa força propulsora de importantes

ramos da cadeia produtiva: comércio, serviços, habitação, transporte,

incluindo atividades culturais e de lazer. A perspectiva da Prefeitura

Municipal de Macaé é aprimorar, cada vez mais, o perfil urbano, desenvolver

as capacidades rurais, potencializar seus ativos, acolhendo aqueles que

optaram por deixar suas cidades de origem, dedicando-se à formação

universitária e contribuindo para o progresso do Município; sem jamais

perder de vista o carinho, o cuidado, e a valorização do Macaense.

Macaé, Cidade do Conhecimento: passado, presente e futuro

acontecendo no agora...

REFERÊNCIAS

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Ca

pit

ulo

XI

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Capitulo XI 1

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