Uma Contribuição Ao Estudo Das Pontes Em Vigas Mistas

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  • UMA CONTRIBUIO AO ESTUDO

    DAS PONTES EM VIGAS MISTAS

    GELAFITO EDUARDO REN GUTIRREZ KLINSKY

    Dissertao apresentada Escola de Engenharia de

    So Carlos, da Universidade de So Paulo, como

    parte dos requisitos para obteno do Ttulo de

    Mestre em Engenharia de Estruturas.

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Roberto Martins Gonalves

    So Carlos

    1999

  • Aos meus pais, minha tia Carmela

    e Dud

  • AGRADECIMENTOS:

    Ao meu orientador, Professor Dr. Roberto Martins Gonalves, pela

    pacincia na orientao fornecida e pela amizade conquistada durante a

    elaborao deste trabalho.

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnolgico CNPq

    pela bolsa de estudos concedida.

    Aos meus pais, Edgard Gutirrez e Maria Klinsky de Gutirrez e

    minha tia Carmen Klinsky pelo apoio e carinho dados ao longo de toda

    minha vida.

    Aos meus avs Gelafio (in memorian) e Efigenia Gutirrez (in

    memorian), Guillermo e Lola Klinsky pelo exemplo de vida.

    Fernanda pelo carinho, companhia e compreenso ao longo destes

    anos.

    Ao pessoal da minha repblica e da repblica los chocos; em

    especial Diego Alcal, Oscar Tonelli, Eduardo Ach e Enrique Lpez, pela

    grande amizade e apoio cedidos em todo momento.

    Aos professores, colegas e funcionrios do Departamento de

    Estruturas por todo o apoio e amizade desenvolvidos nestes anos de

    convvio.

  • SUMRIO

    RESUMO ________________________________ ___________________ I

    ABSTRACT ________________________________ __________________ II

    RESUMEN ________________________________ _________________ III

    LISTA DE FIGURAS ________________________________ __________ IV

    LISTA DE GRFICOS ________________________________ _________ X

    LISTA DE TABELAS ________________________________ ________ XII

    LISTA DE SMBOLOS ________________________________ _______ XIV

    LISTA DE MAISCULAS ________________________________ ____ XVII

    CAPTULO 1: INTRODUO________________________________ ____ 1

    CAPTULO 2: HISTRICO E ASPECTOS GERAIS __________________ 5

    2.1 - O incio da construo mista ao concreto e o seu

    desenvolvimento________________________________ __ 5

    2.2 - Aspectos gerais sobre pontes em vigas mistas___________ 9

    2.2.1 - Largura efetiva da laje de concreto_______________ 13

    2.2.2 - Conectores de cisalhamento____________________ 14

    2.3 - Tipos de construo_______________________________ 20

    2.3.1 - Sistemas construtivos_________________________ 20

    2.4 - Normalizao e materiais empregados________________ 28

    2.4.1 - Materiais empregados_________________________ 28

    2.4.1.1 - Aos utilizados na construo de pontes_____ 29

  • 2.4.2 - Concreto________________________________ ___ 33

    2.4.3 - Desenvolvimento de novos materiais_____________ 33

    CAPTULO 3: AES E SOLICITAES _________________________ 36

    3.1 - Cargas mveis________________________________ ___ 37

    3.2 - Efeitos de temperatura_____________________________ 41

    3.3 - Efeitos de retrao e fluncia________________________ 47

    3.3.1 - Consideraes sobre o comportamento viscoelstico

    da estrutura________________________________ _ 48

    3.3.2. - Mtodos algbricos simplificados________________ 50

    3.3.2.1 - Mtodo do Mdulo elstico______________ 50

    3.3.2.2 - Mtodo do Mdulo Elstico Ajustado com a

    idade do Concreto____________________ 51

    3.3.2.3 - Mtodo da taxa de fluncia______________ 52

    3.4 - Efeitos de fadiga________________________________ __ 53

    3.4.1 - Estudos experimentais________________________ 54

    3.4.2 - Fraturas de fadiga em vigas de pontes___________ 57

    3.4.3 - Efeito de fadiga em conectores de cisalhamento____ 61

    3.5 - Consideraes adicionais__________________________ 66

    CAPTULO 4: ANLISE ESTRUTURAL __________________________ 68

    4.1 - Aspectos gerais________________________________ __ 68

    4.2- Tipos de anlise________________________________ __ 72

    4.2.1 - Analogia de grelha___________________________ 73

    4.2.2 - Estruturas prismticas laminares

    (folded plate analysis)_________________________ 74

    4.2.3 - Anlise proposta pela AASHTO_________________ 76

    4.2.3.1 - Aspectos relacionados redundncia

    estrutural____________________________ 78

    4.2.4 - Aplicao do mtodo dos elementos finitos________ 82

    4.2.4.1 - Modelagens de tabuleiros de pontes

    encontradas na literatura____________________________ 82

  • 4.2.5 - Anlise experimental de tabuleiros de pontes_______ 95

    CAPTULO 5: TABULEIROS MISTOS MODELADOS PELO MEF _____ 100

    5.1 - Generalidades ________________________________ __ 100

    5.2 - Modelagem das vigas de ao ______________________ 101

    5.3 - Modelagem da Laje de concreto ____________________ 106

    5.4 - Ligao entre elementos de viga e elementos de laje ___ 107

    5.5 - Modelagem dos contraventamentos _________________ 110

    5.6 - Condies de apoio _____________________________ 112

    5.7 - Propriedades dos materiais________________________ 114

    5.8 - Exemplos dos tabuleiros modelados_________________ 114

    CAPTULO 6: ANLISES REALIZADAS E RESULTADOS OBTIDOS _ 115

    6.1 - Estudo da influncia dos contraventamentos___________ 115

    6.2 - Estudo da influncia da geometria do tabuleiro na

    distribuio de cargas ____________________________ 126

    6.2.1 - Influncia do vo __________________________ 126

    6.2.2 - Influncia da espessura da laje na distribuio de

    tenses ________________________________ __ 129

    6.2.3 - Relao entre parmetros geomtricos e

    estruturais________________________________ 131

    6.3 - Linhas de influncia de distribuio de carga nas vigas___ 133

    6.4 - Aplicao da tcnica de Analogia de grelha____________ 138

    6.5 - Estudo da redundncia estrutural___________________ 143

    6.5.1 - Redundncia do tabuleiro sobre quatro vigas ____ 148

    6.5.2 - Redundncia do tabuleiro sobre duas vigas _____ 155

    CAPTULO 6: CONCLUSES E COMENTRIOS FINAIS ___________ 162

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS _____________________________ 168

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR _____________________________ 184

    ANEXOS

  • RESUMO

    GUTIRREZ-KLINSKY, G. E. (1999). Uma contribuio ao estudo das

    pontes em vigas mistas. So Carlos. Dissertao (Mestrado) Escola de

    Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.

    Este estudo fundamenta-se na anlise numrica, via elementos

    finitos, de pontes em vigas mistas; considera-se a interao de todos os

    elementos que compem a estrutura na transferncia dos esforos at os

    apoios.

    Inicialmente apresenta-se um estado da arte sobre o projeto,

    execuo e anlise de pontes em vigas mistas, identificando as

    simplificaes e deficincias existentes no clculo destas estruturas.

    O estudo do comportamento estrutural de tabuleiros mistos foi

    abordado do ponto de vista tridimensional, sendo para isto modelados e

    analisados tabuleiros com 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24 e 26 m. de vo

    mediante a utilizao do programa ANSYS, verso 5.4. Foi estudada a

    influncia que a presena de contraventamentos, espessura da laje, vo e

    posio da carga mvel na seo transversal exercem na distribuio de

    cargas nas vigas, sendo para isto considerado comportamento elstico-

    linear.

    Realizou-se tambm uma abordagem ao estudo da redundncia

    estrutural de tabuleiros mistos considerando as no linearidades fsica e

    geomtricas do conjunto. Foi verificado que tabuleiros sobre duas e quatro

    vigas mantm o equilbrio esttico aps que uma das vigas sofre fratura,

    sem experimentar grandes deslocamentos (inferiores ou ligeiramente

    superiores ao limite L/500).

    Palavras chave: tabuleiros mistos, anlise estrutural, viga mista, estrutura

    mista, pontes, redundncia estrutural, fratura, elementos finitos,

    ANSYS, carga mvel.

  • LISTA DE FIGURAS

    CAPTULO 2

    FIGURA 2.1 - Linha Vermelha. COSIPA____________________________ 7

    FIGURA 2.2 - Ponte rodoferroviria sobre o rio Paran.________________ 8

    FIGURA 2.3 - Comparao entre ao no mista e mista______________ 9

    FIGURA 2.4 - Processo automatizado de incorporao de "studs"mediante

    pistola de solda. HACKETT&ASSOCIATES (1998)_________ 10

    FIGURA 2.5 Construo de viaduto em estrutura mista. HACKETT &

    ASSOCIATES (1998)._______________________________ 12

    FIGURA 2.6 - Construo de viaduto em estrutura mista em rbyhus,

    Sucia. COLLIN et al (1998)__________________________ 12

    FIGURA 2.7 - Ponte rodoferroviria sobre o rio Paran._______________ 13

    FIGURA 2.8 - Efeito de "shear lag"_______________________________ 13

    FIGURA 2.9 - Tipos de conectores de cisalhamento_________________ 18

    FIGURA 2.10 - a) Modelo de ensaio de "push-out"; b) curvas de fora

    aplicada versus escorregamento.AN & CEDERWALL (1997)_ 19

    FIGURA 2.11 - Utilizao de trelia para lanamento das vigas.________ 21

    FIGURA 2.12 - Tcnicas de escoramento da laje. HACKETT &

    ASSOCIATES. ________________________________ ______ 21

    FIGURA 2.13 - Comparao entre o sistema de laje com forma de ao

    incorporada e o sistema tradicional______________________ 22

    FIGURA 2.14 - Utilizao de pr-lajes como formas permanentes_______ 23

    FIGURA 2.15 - Execuo do tabuleiro mediante elementos pr-moldados de

    laje________________________________ _______________ 23

    FIGURA 2.16 Detalhe de ligao entre painis pr - moldados. JOHNSON

    & BUCKBY (1986)________________________________ ___ 24

    FIGURA 2.17 - Sistema Steel Free Deck. NEWHOOK et al (1997)______ 25

    FIGURA 2.18 - Sistema Exodrmico em tabuleiros de pontes.

    EXODERMICC BRIDGE DECK, INC (1999)_______________ 25

  • FIGURA 2.19 - Detalhes para execuo da laje de tabuleiros exodrmicos.

    EXODERMIC BRIDGE DECK, INC (1999)_________________ 26

    FIGURA 2.20 - Elevao e seo transversal da Ponte Lauffen, Alemanha.

    (TROITSKY, 1990)________________________________ ___ 27

    FIGURA 2.21 - Ancoragens de protenso em vigas de ao. TROITSKY

    (1990)________________________________ _____________ 28

    FIGURA 2.22 - Fluxo de produo de ao. CSN (1998)_______________ 29

    CAPTULO 3

    FIGURA 3.1 - Modelo analisado e resultados obtidos. SIMKO (1979)____ 42

    FIGURA 3.2 - Gradientes de temperatura na seo transversal, propostos

    por diferentes autores e regulamentos.___________________ 43

    FIGURA 3.3 - Anlise do efeito de temperatura em vigas mistas. SOLIMAN &

    KENNEDY (1986)________________________________ ____ 44

    FIGURA 3.4 - Integrao da equao de Sieltjes atravs da regra do

    trapzio. AMDIO (19993)____________________________ 49

    FIGURA 3.5 Locais que podem desenvolver o fenmeno da fadiga. SMITH

    (1991)________________________________ ____________ 54

    FIGURA 3.6 - Curvas S-N adotadas pela AASHTO. FISHER & MENZEMER

    (1991)________________________________ ____________ 55

    FIGURA 3.7 - Detalhes construtivos que podem apresentar fadiga em

    tabuleiros em vigas mistas.____________________________ 56

    FIGURA 3.8 - Fissuras por fadiga observadas em pontes. MAEDA et al

    (1991)________________________________ _____________ 58

    FIGURA 3.9 - Fissura induzida por deformaes fora do plano. FISHER

    (1981)________________________________ _____________ 59

    FIGURA 3.10 - Fissura observada na conexo entre longarina e

    transversina. FISHER (1981)__________________________ 59

    FIGURA 3.11 - Fissura observada ao longo da conexo entre a mesa

    superior e a alma. FISHER (1981).______________________ 60

    FIGURA 3.12 - Fissura na base do filete de solda entre a alma da viga e a

    chapa de ligao do diafragma. FISHER (1981)____________ 60

  • FIGURA 3.13 - Fissura no sistema de ligao de contraventamentos

    horizontais. FISHER (1981).____________________________ 61

    FIGURA 3.14 - Variao da resistncia esttica do conector segundo os

    ciclos de carregamento aplicado. OEHLERS et al (1995)_____ 63

    FIGURA 3.15 Comparao de tenses normais (kN/cm2) em vigas mistas

    com interao parcial e completa. SOTIROPOULOS & GANGA

    RAO (1992)________________________________ ________ 65

    FIGURA 3.16 Deformao elstica em conectores de cisalhamento.

    GATTESCO & GIURIANI (1996).________________________ 66

    CAPTULO 4

    FIGURA 4.1 - Deslocamento de corpo rgido da seo transversal do

    tabuleiro HAMBLY (1991)______________________________ 69

    FIGURA 4.2 - Representao de tabuleiros mistos atravs de modelos

    bidimensionais.________________________________ ______ 70

    FIGURA 4.3 - Representao de tabuleiros mistos atravs de modelos

    tridimensionais formados por elementos lineares, planos e

    slidos.________________________________ ____________ 71

    FIGURA 4.4 - a) Excentricidade entre os C.G. da viga e da laje; b) analogia

    de grelha considerando os C.G. coincidentes. ____________ 74

    FIGURA 4.5 Representao de uma viga mista atravs de lminas

    prismticas retangulares. JAEGER & BAKHT (1989)_______ 75

    FIGURA 4.6 - Condies de compatibilidade de deslocamentos.

    KRISTEK & STUDNICKA (1988).______________________ 76

    FIGURA 4.7 - Seo transversal da ponte I-40 sobre o Rio Grande.

    IDRISS et al (1995).________________________________ __ 80

    FIGURA 4.8 - Localizao dos extensmetros nas vigas principais. IDRISS

    et al (1995).________________________________ ________ 81

    FIGURA 4.9 - Modelagem de viga mista de ponte. BISHARA et al (1993)_ 83

    FIGURA 4.10 Comparao entre deslocamentos tericos e experimentais.

    KENNEDY et al (1989)_______________________________ 84

  • FIGURA 4.11 - Modelo tridimensional utilizado por TARHINI & FREDERICK

    (1992).________________________________ ____________ 85

    FIGURA 4.12 - Condies de compatibilidade na interface ao - concreto.

    ANSOURIAN & RODERICK (1978)______________________ 86

    FIGURA 4.13 - Comparao entre resultados tericos e experimentais.

    ANSOURIAN (1975).________________________________ _ 87

    FIGURA 4.14 - Elementos finitos utilizados por RAZAQPUR & NOFAL

    (1990).________________________________ ____________ 88

    FIGURA 4.15 - a) elevao e seo transversal da viga mista; b) modelagem

    por elementos finitos; c) comparao entre resultados tericos e

    experimentais. RAZAQPUR & NOFAL (1990).______________ 90

    FIGURA 4.16 Modelo analisado por HELWIG et al (1993).___________ 91

    FIGURA 4.17 - Elemento finito proposto por AMADIO & FRAGIACOMO

    (1993).________________________________ ____________ 91

    FIGURA 4.18 - Modelagem de uma seo de viga mista.

    BROCKENBROUGH (1986).___________________________ 92

    FIGURA 4.19 - Linhas de influencia para tabuleiro curvo em planta.

    BROCKENBROUGH (1986).___________________________ 93

    FIGURA 4.20 - Discretizao de seo mista em vrias camadas. OATE

    (1992).________________________________ ____________ 94

    FIGURA 4.21 - Prova de carga na ponte Stoney Creek. BAKHT & JAEGER

    (1992).________________________________ ____________ 96

    FIGURA 4.22 - Fatores de distribuio de carga para cada nvel de

    carregamento. BAKHT & JAEGER (1992).________________ 96

    FIGURA 4.23 - a) Seo transversal da ponte Wilson Memorial Bridge; b)

    tenses atuantes nas vigas. NOWAK et al (1993).__________ 97

    FIGURA 4.24 - a) Seo transversal da ponte; b) distribuio de foras

    axiais. MOORE et al (1990).____________________________ 98

    CAPTULO 5

    FIGURA 5.1 - Modelo tridimensional de uma viga de ao com seo I __ 101

    FIGURA 5.2 - Elemento de casca elstica SHELL63. ANSYS._________ 102

  • FIGURA 5.3 - Seo transversal da viga modelada._________________ 103

    FIGURA 5.4 - Clculo do momento fletor na seo. ________________ 105

    FIGURA 5.5 - Modelagem da viga de ao.________________________ 105

    FIGURA 5.6 - Modelagem da laje por elementos de casca SHELL63.___ 107

    FIGURA 5.7 - Elemento de viga tridimensional. "BEAM4". ANSYS._____ 108

    FIGURA 5.8 - Seo transversal e caractersticas geomtricas da viga

    mista________________________________ _____________ 109

    FIGURA 5.9 - Modelagem da viga mista._________________________ 110

    FIGURA 5.10 - Elemento de trelia espacial "LINK8"________________ 111

    FIGURA 5.11 - Modelagem do sistema de contraventamentos por elementos

    de barra "LINK8". Tabuleiros de 20 m de vo._____________ 112

    FIGURA 5.12 - Condies de apoio da estrutura.___________________ 113

    FIGURA 5.13 Tabuleiro sobre trs vigas._________________________ 114

    CAPTULO 6

    FIGURA 6.1 - Deslocamentos das vigas do tabuleiro de 22 m quando existe

    sistema de contraventamentos. Carregamento assimtrico.__ 124

    FIGURA 6.2 - Deslocamentos das vigas do tabuleiro de 22 m quando o

    sistema de contraventamentos removido. Carregamento

    assimtrico.________________________________ _______ 125

    FIGURA 6.3 - Esquema de carregamento da estrutura para obteno das

    linhas de influncia.________________________________ _ 134

    FIGURA 6.4 - Modelos de grelha analisados. Dim. em cm.___________ 139

    FIGURA 6.5 - Grelha analisada por elementos de viga "BEAM4".______ 140

    FIGURA 6.6 - Modelagem da fratura na mesa inferior._______________ 144

    FIGURA 6.7 - Modelagem da fratura na alma._____________________ 145

    FIGURA 6.8 - Localizao da fratura na viga.______________________ 146

    FIGURA 6.9 - Posio das cargas mveis na seo transversal. Dimenses

    em cm.________________________________ ___________ 147

    FIGURA 6.10 - Curva de tenso-deformao adotada para as vigas de ao.

    Comportamento bi-linear._____________________________ 147

    FIGURA 6.11 - Redistribuio das tenses atuantes.________________ 148

  • FIGURA 6.12 - Tenses atuantes nas vigas antes da fratura._________ 149

    FIGURA 6.13 - Deslocamentos obtidos nas vigas com a viga 1 fraturada.151

    FIGURA 6.14 - Deslocamentos obtidos com a viga 1 sem fratura.______ 151

    FIGURA 6.15 - Esforos normais nas barras do contraventamento mais

    prximo do local da fratura (regio central)._______________ 153

    FIGURA 6.16 - Reaes noa apoios antes e depois da fratura.________ 153

    FIGURA 6.17 - Tenses atuantes nas vigas de ao aps a fratura._____ 155

    FIGURA 6.18 - Tenses obtidas nas vigas de ao antes da ocorrncia da

    fratura.________________________________ ___________ 156

    FIGURA 6.19 - Deslocamentos das vigas aps a fratura._____________ 156

    FIGURA 6.20 - Deslocamentos das vigas antes da fratura.___________ 157

    FIGURA 6.21 - Esforos normais antes e depois da fratura.__________ 158

    FIGURA 6.22 - Reaes nos apoios antes e depois da fratura..________ 158

    FIGURA 6.23 - Abertura da fissura por flexo da viga._______________ 161

    FIGURA 6.24 - Fissura antes e depois que a viga deforma.___________ 161

  • LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 6.1 - Distribuio de tenses em tabuleiros sobre quatro vigas.

    Carregamento simtrico______________________________ 116

    GRFICO 6.2 - Distribuio de tenses em tabuleiros sobre trs vigas.

    Carregamento simtrico._____________________________ 117

    GRFICO 6.3 - Distribuio de tenses em pontes sobre quatro vigas__ 119

    GRFICO 6.4 - Distribuio de tenses em tabuleiros sobre trs vigas.

    Carregamento assimtrico.__________________________ 120

    GRFICO 6.5 Deslocamentos das vigas do tabuleiro de 12 m.

    Carregamento assimtrico.__________________________ 121

    GRFICO 6.6 - Deslocamentos das vigas do tabuleiro de 12 m.

    Carregamento simtrico.____________________________ 122

    GRFICO 6.7 - Deslocamentos das vigas do tabuleiro de 22 m.

    Carregamento simtrico._____________________________ 123

    GRFICO 6.8 - Deslocamentos das vigas do tabuleiro de 22 m.

    Carregamento assimtrico.___________________________ 123

    GRFICO 6.9 - Influncia da variao do vo em tabuleiro sobre quatro

    vigas. Carregamento assimtrico.______________________ 127

    GRFICO 6.10 - Influncia da variao do vo em tabuleiro sobre trs

    vigas. Carregamento assimtrico._____________________ 128

    GRFICO 6.11 - Ingluncia da variao da espessura da laje em

    tabuleiros sobre quatro vigas. Carregamento assimtrico.___ 129

    GRFICO 6.12 - Influncia da variao da espessura da laje em

    tabuleiros sobre trs vigas. Carregamento assimtrico._____ 130

    GRFICO 6.13 - Fatores de distribuio de carga para as vigas externas.

    Tabuleiros sobre quatro vigas._________________________ 135

  • GRFICO 6.14 - Fatores de distribuio de carga para as vigas internas.

    Tabuleiros sobre quatro vigas._________________________ 135

    GRFICO 6.15 - Fatores de distribuio de carga para as vigas externas.

    Tabuleiros sobre trs vigas.___________________________ 137

    GRFICO 6.16 Fatores de distribuio de carga para a viga interna.

    Tabuleiros sobre trs vigas.___________________________ 137

    GRFICO 6.17 - Tenses normais no caso de carregamento simtrico.

    Tabuleiro sobre trs vigas; L=20 m._____________________ 141

    GRFICO 6.18 Tenses normais no caso de carregamento assimtrico.

    Tabuleiro sobre trs vigas; L=20 m._____________________ 141

    GRFICO 6.19 - Tenses normais no caso de carregamento assimtrico.

    Tabuleiro sobre trs vigas; L=20 m._____________________ 142

    GRFICO 6.20 - Tenses normais no caso de carregamento simtrico.

    Tabuleiro sobre trs vigas; L=20 m._____________________ 142

    GRFICO 6.21 - Comparao de tenses antes e depois da fratura.___ 150

    GRFICO 6.22 - Comparao de deslocamentos antes e depois da

    fratura.________________________________ ___________ 152

    GRFICO 6.23 - Variao das tenses nas vigas a cada acrscimo de

    carga.________________________________ ____________ 154

    GRFICO 6.24 - Variao dos deslocamentos das vigas a cada

    acrscimo de carga.________________________________ _ 154

    GRFICO 6.25 - Comparao de deslocamentos antes e depois

    da fratura.________________________________ _________ 157

    GRFICO 6.26 - Variao da tenso na viga 2 a cada acrscimo

    de carga.________________________________ _________ 159

    GRFICO 6.27 - Variao do deslocamento da viga 2 a cada acrscimo

    de carga.________________________________ _________ 160

  • LISTA DE TABELAS

    CAPTULO 2

    TABELA 2.1 - Aos estruturais da srie NBR permitidos pela NBR 8800_ 30

    TABELA 2.2 - Aos estruturais especificados pela ASTM e permitidos pela

    NBR 8800________________________________ __________ 31

    TABELA 2.3 - Aos patinveis produzidos pela COSIPA._____________ 32

    TABELA 2.4 - Resistncia dos conectores de cisalhamento segundo a

    BS 5400. MALITE (1993)_____________________________ 33

    CAPTULO 3

    TABELA 3.1 Comparao entre veculos tipo utilizados em diferentes

    pases.________________________________ ___________ 38

    TABELA 3.1 - Comparao entre veculos tipo utilizados em diferentes

    pases. (Continuao)._______________________________ 39

    TABELA 3.2 - Coeficientes de impacto.___________________________ 41

    TABELA 3.3 - Categoria dos detalhes. (AASHTO).__________________ 56

    CAPTULO 4

    TABELA 4.1 - Mtodos de anlise para o estudo de tabuleiros de pontes.

    QUIROGA (1983).________________________________ ___ 72

    TABELA 4.2 - Comparao entre valores tericos e experimentais.

    BISHARA et al (1993)._______________________________ 83

  • CAPTULO 5

    TABELA 5.1 - Comparao dos resultados obtidos para vrios tipos de

    malha com os da teoria de flexo de vigas._______________ 104

    TABELA 5.2 - Comparao entre as tenses e deslocamentos obtidos pelo

    MEF e pela teoria de vigas mistas._____________________ 110

    CAPTULO 6

    TABELA 6.1 - Tenses admissveis de fadiga em estruturas redundantes e

    no redundantes.________________________________ __ 143.

  • LISTA DE SMBOLOS

    Letras romanas minsculas:

    a: semi espessura da laje de concreto

    b: largura da laje

    eb : largura da laje equivalente

    yb : espessura da alma da viga de ao na fibra y

    fd : distncia da fibra superior de ao ao centride da seo de ao

    2d : distncia da fibra inferior de ao ao centride da seo de ao

    e: excentricidade existentes entre os centros de gravidade da laje e da

    viga

    ckf : resistncia caracterstica do concreto compresso

    yf : resistncia de escoamento do ao trao

    uf : resistncia ltima do ao trao

    q: fluxo de cisalhamento longitudinal atuante entre o tabuleiro de concreto e

    a viga de ao.

    t: espessura da laje, alma ou mesas da viga de ao

    j,iu : deslocamento longitudinal dos ns i e j da ligao

    j,iw : deslocamento vertical dos ns i e j da ligao

    1y : distncia do centride da seo de ao fibra onde as tenses

    ocasionadas por gradiente de temperatura so calculadas

  • y: distncia do centride da seo de ao fibra onde as tenses

    ocasionadas por gradiente de temperatura so calculadas.

    Letras romanas maisculas:

    cA : rea da seo de concreto

    sA : rea da seo de ao

    D: rigidez flexo da laje, fator de distribuio de carga

    cE : mdulo de elasticidade do concreto

    ef,cE : mdulo de elasticidade efetivo do concreto

    28,cE : mdulo de elasticidade do concreto aos 28 dias

    )t(Ec : mdulo de elasticidade do concreto na idade t

    sE : mdulo de elasticidade do ao

    F: fora de cisalhamento atuante no conector

    H: relao entre a rigidez longitudinal das vigas e a rigidez transversal da

    laje

    cgI : momento de inrcia da viga mista

    sI : momento de inrcia da seo de ao

    L: vo livre do tabuleiro

    M: momento fletor atuante no tabuleiro

    N: nmero de ciclos de carga aplicados

    P: carga concentrada aplicada na laje do tabuleiro

    R: amplitude de fora aplicada

    S: espaamento entre as vigas longitudinais

    0T : temperatura da viga mista no perodo de construo

    1yT : temperatura de uma determinada fibra da laje de concreto

  • LISTA DE MAISCULAS

    AASHTO American Association of State Highway Oficcials

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ACI American Concrete Institute

    AISC American Institute of Steel Construction

    ASTM American Standardts of Testing Materials

    BS British Standardts

    EC Eurocode

    LRFD Load Rating Factor Design

    MEF Mtodo dos elementos finitos

    MF Mecnica da fratura

  • Letras gregas:

    ca : coeficiente de dilatao trmica do concreto

    sa : coeficiente de dilatao trmica do ao

    )t,t( 0c : coeficiente de envelhecimento do concreto

    )t,t( 0ce : deformao total do concreto no perodo (t,0t )

    )t(she : deformao do concreto na idade t ocasionada por retrao

    xce : deformao longitudinal total na fibra inferior da laje de concreto

    xse : deformao longitudinal total na fibra superior da viga de ao

    f : coeficiente de impacto

    ),t( tf : funo de viscosidade do concreto

    l : escorregamento entre ao e concreto na interface destes materiais

    q : rotao da ligao em relao ao plano da alma da viga de ao

    )(c ts : tenso aplicada no concreto na idade t

    maxs : mxima tenso normal na largura eb

    meds : tenso normal mdia na largura eb

    u : coeficiente de poisson

  • INTRODUO

    O notvel desenvolvimento das cidades na atualidade, acelerado por

    polticas de globalizao e livre comrcio estimula a construo de estradas,

    pontes e tneis que facilitem o transporte de pessoas e produtos entre

    cidades e pases, melhorando o relacionamento entre estes. Perante esta

    situao torna-se necessrio realizar uma abordagem ao clculo estrutural

    das pontes do ponto de vista o mais realista possvel, compatvel este com

    os recursos de anlise disponveis hoje em dia, visando obter uma melhor

    compreenso do comportamento deste tipo de estrutura e a elaborao de

    projetos que forneam maior economia sem comprometer a segurana;

    fatores determinantes na construo civil.

    Neste trabalho, a considerao de pontes de pequenos vos apenas

    realizada no intuito de apresentar resultados que sejam aplicveis na

    prtica. Em pontes de pequenos vos, a influncia que os fatores

    geogrficos exercem na definio do sistema estrutural no varia

    notoriamente de um local a outro, esta situao no se reflete em pontes de

    grandes vos onde so necessrios estudos complementares que podem

    variar drasticamente a natureza do sistema estrutural de uma ponte para

    outra.

    Nos captulos 2, 3, e 4 realizado um estudo de tabuleiros de pontes

    em vigas mistas, de maneira a fornecer ao leitor subsdios que permitam um

    maior conhecimento sobre a anlise estrutural e dimensionamento deste

    tipo de estrutura. Isto permitir um maior entendimento da modelagem

    realizada no captulo 5 e das anlises realizadas no captulo 6.

    11

    CA

    PT

    ULO

  • Captulo 1: Introduo 2

    Um histrico sobre o incio e desenvolvimento da construo de

    tabuleiros em estrutura mista inicialmente apresentado no captulo 2,

    sendo tambm apresentados conceitos bsicos sobre os elementos

    constituintes e princpio de funcionamento de uma estrutura mista.

    Finalizando o captulo so apresentados vrios sistemas construtivos que

    podem substituir ao sistema tradicional de construo mista e os materiais

    utilizados na construo deste tipo de tabuleiro.

    No captulo 3 esto apresentados os principais aspectos das aes

    atuantes num tabuleiro misto; prestando-se particular importncia s aes

    de carga mvel e os efeitos de temperatura, retrao e fluncia do concreto

    e efeitos de fadiga. Neste captulo apresentam-se tambm vrios estudos

    experimentais, encontrados na literatura, direcionados caracterizao e

    localizao de regies que podem desenvolver o fenmeno da fadiga ou

    ainda concentraes de tenses que possam ocasionar problemas

    estruturais.

    Uma abordagem anlise estrutural de tabuleiros de pontes

    apresentada no captulo 4, sendo inicialmente estabelecidos conceitos de

    modelos unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais e as hipteses

    sobre as quais estes se baseiam. A seguir, so apresentadas as tcnicas de

    anlise de maior divulgao no meio tcnico para a anlise de tabuleiros em

    vigas mistas, sendo brevemente descritas a tcnica de analogia de grelha e

    a de estruturas prismticas laminares (folded plate analysis).

    Apresenta-se tambm neste captulo, a metodologia de anlise

    proposta pela AASHTO, sendo dada particular importncia ao conceito de

    redundncia estrutural e aos estudos tericos e experimentais encontrados

    na literatura sobre este assunto.

    Neste mesmo captulo apresenta-se a aplicao do Mtodo dos

    Elementos Finitos (MEF) na anlise de tabuleiros em vigas mistas; para isto

    foram descritos vrios tipos de elementos finitos propostos na literatura para

    a modelagem dos tabuleiros, sendo tambm apresentadas vrias

    comparaes dos resultados obtidos atravs destes elementos com valores

    experimentais.

  • Captulo 1: Introduo 3

    Finalizando o captulo 4, apresentam-se alguns resultados de

    anlises experimentais de tabuleiros mistos encontrados na literatura, com o

    intuito de ilustrar o atual estgio das pesquisas experimentais.

    No captulo 5 apresentam-se as hipteses e simplificaes adotadas

    para a representao de tabuleiros mistos, sendo tambm estabelecidos os

    tipos de elementos que foram escolhidos para a anlise. As justificativas,

    tanto da escolha do tipo de elemento como das dimenses destes so

    tambm descritas, assim como o tipo de vinculao do tabuleiro e

    propriedades dos materiais.

    As anlises realizadas e os resultados obtidos com os modelos

    construdos so apresentados no captulo 6. Este captulo apresenta,

    basicamente, duas partes distintas: uma primeira na qual so realizadas

    vrias anlises que consideram o comportamento elstico-linear da

    estrutura, visando estudar o comportamento tridimensional do tabuleiro e

    qualificar a influncia que a presena de contraventamentos, variao do

    vo, espessura da laje e posio da carga mvel na seo transversal

    exercem na distribuio transversal de cargas para as vigas de ao. Para

    isto foram considerados tabuleiros sobre quatro e trs vigas.

    A segunda parte do captulo 6 apresenta os estudos considerando as

    no linearidades fsica e geomtrica do conjunto, visando estudar o

    comportamento esttico do tabuleiro aps a ocorrncia de fratura em uma

    das vigas. Para isto foram considerados tabuleiros sobre duas e quatro

    vigas.

    No captulo 7 apresentam-se as concluses obtidas no

    desenvolvimento deste trabalho.

    De maneira a complementar e permitir uma maior fluidez da leitura do

    texto, foram includos trs anexos no final. No ANEXO A apresentam-se as

    sees transversais e arranjo estrutural dos tabuleiros considerados nos

    captulos 5 e 6; o ANEXO B complementa o anterior apresentando as

    caractersticas geomtricas das vigas de ao e vigas mistas equivalentes

    dos tabuleiros. No ANEXO C so apresentados vrios grficos que mostram

  • Captulo 1: Introduo 4

    a variao da tenso mxima de trao nas vigas em funo da variao da

    localizao do trem tipo na seo transversal estudada (meio do vo).

  • HISTRICO E ASPECTOSGERAIS

    2.1 - O incio da construo mista ao-concreto e seu

    desenvolvimento

    O incio da construo mista ao - concreto marcado pela patente

    "Composite Beam Construction" (Construo em viga mista), pertencente a

    J. Khan no ano 1926 e aos estudos pioneiros de R. A. Caughey, publicados

    em 1929. A partir destas publicaes a construo mista foi empregada

    numa grande quantidade de pontes rodovirias nas dcadas de 1930 e

    1940.

    As primeiras publicaes sobre o projeto de estruturas mistas ao -

    concreto em pontes rodovirias foram realizadas pela American Association

    of State Highway Officials (AASHO) no ano 1944. A apresentao de

    critrios de projeto implementou rapidamente este novo tipo de construo.

    Extensas pesquisas, somadas a uma larga experincia acumulada,

    fizeram com que os princpios bsicos de funcionamento e comportamento

    das pontes mistas fossem estabelecidos na dcada seguinte, na medida

    que demandavam uma necessidade crescente de especificaes mais

    detalhadas.

    As especificaes da norma americana foram atualizadas em 1961,

    neste perodo a Alemanha introduz os critrios e normalizao para o

    projeto da construo mista no cdigo DIN 1078.

    22CAPTULO

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 6

    Mais recentemente, VIEST (1974) apresentou uma reviso do

    trabalho realizado at ento sobre o assunto em questo. Posteriormente, o

    comportamento estrutural de pontes mistas foi estudado por vrios

    pesquisadores como: Fisher, Daniels & Slutter (1979), Johnson & Hope-Gill

    (1976); Botzler & Colville (1979); Salani, Duffield, Mc Bean & Baldwin (1982,

    1983), Grace & Kennedy (1986). Uma comisso formada por representantes

    da ASCE - AASHTO (1985) publicou uma reviso de todo o escopo

    disponvel at ento sobre o projeto e execuo de pontes em vigas mistas.

    DUBAS (1987) estudou vrios aspectos relacionados ao projeto e

    construo de pontes mistas, em especial as pontes em vigas curvas.

    Alguns dos aspectos tratados por este foram o enrijecimento da alma de

    vigas I e vigas caixo, arranjo dos enrijecedores transversais, arranjo

    estrutural e comportamento esttico de pontes mistas em vigas curvas.

    DANIELS, BREKELMANS & STARK (1993) publicaram uma reviso

    dos avanos realizados no projeto e execuo de pontes em vigas mistas

    entre 1970 e 1992, sendo abordados por estes os seguintes tpicos:

    superestrutura de ao, laje de concreto, conectores de cisalhamento, cargas

    e distribuio de cargas, utilizao, manuteno, reabilitao e reparo.

    Os autores identificaram ainda vrios aspectos que precisam ser

    estudados com maior profundidade, estes so enumerados a seguir:

    - utilizao de lajes de espessura reduzida;

    - novos tipos de conectores de cisalhamento;

    - diferentes tcnicas de montagem e construo;

    - desenvolvimento de mtodos de avaliao e controle da

    fissurao da laje;

    - utilizao de protenso interna e externa em tabuleiros.

    Durante os ltimos 20 anos foram construdas no Brasil vrias pontes

    mistas utilizando vigas I ou vigas caixo. Tem-se por exemplo a ponte da

    Linha Vermelha, sobre a avenida Brasil, no Rio de Janeiro (Figura 2.1) cuja

    superestrutura consiste principalmente de traves em seo caixo e

    tabuleiros em vigas mistas, uma das inovaes realizadas na construo da

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 7

    Linha Vermelha foi a introduo do ao de alta resistncia mecnica tipo

    AR-COR, desenvolvido no Brasil.

    FIGURA 2.1 - Linha Vermelha. COSIPA

    Um exemplo digno de nota, construdo em estrutura mista no Brasil,

    a ponte Pedro Ivo; assim denominada a segunda etapa da travessia entre a

    Ilha de Santa Catarina e o continente em Florianpolis. Esta ponte

    constituda de perfis metlicos de ao Corten e lajes de concreto, nos

    tramos de 75 m e menores, e de estrutura totalmente em ao nos trechos

    maiores, vence um vo de 1252 m.

    Na construo dos tramos mistos as lajes foram moldadas no local e

    ligadas estrutura metlica por meio de conectores tipo pino com cabea,

    soldados nas mesas superiores dos perfis. Por tratar-se de uma estrutura

    contnua, onde os momentos negativos so geralmente maiores que os

    positivos, a espessura das lajes de 22 cm nos vos e 35 cm nos apoios

    (VASCONCELOS, 1993).

    Outro exemplo de construo mista no Brasil a ponte rodo -

    ferroviria sobre o rio Paran (Figuras 2.2 e 2.7), situada entre os municpios

    de Rubinia - SP e Aparecida do Taboado - MS.

    A estrutura metlica da referida ponte consiste de duas traves

    treliadas de banzos paralelos, contraventadas entre si, com o tabuleiro

    ferrovirio em via nica no nvel do banzo inferior e o tabuleiro rodovirio em

    duas vias, no nvel do banzo superior. formada por 26 tramos de 100 m

    cada, perfazendo um total de 2600 m.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 8

    Todas as barras das traves principais so em seo caixo, e o

    material utilizado em toda a estrutura metlica o ao USI-SAC 50 (alta

    resistncia mecnica e corroso atmosfrica), produzido pela USIMINAS.

    Todas as conexes das barras que compem as traves, as transversinas e o

    sistema de contraventamento foram executadas pelo processo de soldagem

    eltrica com eletrodo revestido1.

    FIGURA 2.2 - Ponte rodo - ferroviria sobre o rio Paran.

    O tabuleiro ferrovirio constitudo por longarinas de ao apoiadas

    nas transversinas, e os trilhos assentados sobre dormentes de madeira. O

    tabuleiro rodovirio constitudo por vigamento metlico (transversinas e

    longarinas), pr-lajes de concreto com capeamento executado no local e

    finalmente capa asfltica de acabamento.

    MASON & GHAVAMI (1994) apresentaram outros exemplos de

    pontes em estrutura de ao e mista executados no Brasil.

    Muitos sculos se passaram antes que o homem desenvolvesse os

    cinco tipos bsicos de construo de pontes: viga, balano, arco, suspenso

    e trelia (TROITSKY, 1994); atualmente a constante pesquisa e

    1 Extrado do Relatrio Tcnico SET/EESC-USP.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 9

    desenvolvimento dos materiais de construo, o refinamento da anlise

    estrutural e o aprimoramento dos processos construtivos proporcionam uma

    infinidade de alternativas e recursos para a construo de pontes. A

    construo mista ao - concreto destaca-se entre estes pelas vantagens que

    apresenta em relao ao tempo e custo de execuo e pela otimizao no

    uso dos materiais.

    2.2 Aspectos gerais sobre pontes em vigas mistas

    De maneira geral, uma estrutura mista constituda por materiais que

    possuem diferentes caractersticas mecnicas, para objeto deste trabalho

    entende-se por estrutura mista a viga de ao solidarizada laje de concreto

    junto mesa superior.

    O princpio de funcionamento de uma ponte em vigas mistas consiste

    na associao da laje de concreto armado, ou protendido, s vigas

    metlicas que lhe servem de suporte. A associao entre vigas e laje

    conseguida se os deslocamentos relativos na interface ao - concreto so

    impedidos ou pelo menos reduzidos consideravelmente, de maneira que

    exista transferncia do fluxo de cisalhamento entre laje e vigas. Esta

    transferncia de esforos se traduz em um comportamento misto do

    conjunto no qual, tanto as vigas de ao como a laje de concreto, atuam

    solidariamente para resistir s aes aumentando assim a resistncia e a

    rigidez da ponte ( Figura 2.3).

    FIGURA 2.3 - Comparao entre ao no mista e mista

    A limitao dos deslocamentos na interface ao - concreto

    conseguida atravs da incorporao, mediante solda, de pequenas peas

    de ao no topo da mesa superior das vigas. Estas peas recebem o nome

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 10

    genrico de conectores de cisalhamento e ficam imersas na massa de

    concreto aps a concretagem. Na figura 2.4 ilustra-se o processo de

    incorporao de conectores de cisalhamento tipo "stud"1 mediante pistola

    automtica de solda.

    FIGURA 2.4 - Processo automatizado de incorporao de "studs" mediante

    pistola de solda. HACKETT&ASSOCIATES (1998)2

    A funo dos conectores de cisalhamento consiste na transferncia

    de tenses tangenciais que surgem na interface ao concreto, fazendo

    com que os dois materiais trabalhem como um conjunto nico. Basicamente,

    o tabuleiro de uma ponte em viga mista constitudo pelos seguintes

    elementos estruturais:

    1. Vigas de ao: realizam a transferncia de cargas na direo

    paralela ao eixo longitudinal da ponte;

    2. laje de concreto: responsvel pela distribuio transversal de

    carga, sob condies normais de utilizao recebe as aes das

    cargas mveis;

    1 "studs": conectores de cisalhamento formados por uma haste e uma cabea. O dimetroda haste deste tipo de conector varia entre 13 e 25 mm e a altura entre 65 e 100 mm, ocomprimento da haste no deve ultrapassar quatro vezes o dimetro desta. A cabea desteconector tem dupla funo: impedir o afastamento vertical entre o ao e o concreto emelhorar a resistncia do conector, estabelecendo uma melhor ancoragem no concretocircundante. Ver tambm JOHNSON e BUCKBY (1986).

    2 http//:www.hackettassociates.com

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 11

    3. conectores de cisalhamento: responsveis pela ligao viga - laje

    e pela transferncia do fluxo de cisalhamento.

    A associao de dois materiais de comportamento estrutural

    diferente, o ao apresenta excelente resistncia trao enquanto o

    concreto altamente resistente compresso, leva a uma srie de

    vantagens sobre estruturas que no apresentam comportamento misto,

    entre as mais importantes pode-se citar:

    1. economia no consumo de ao, de 30 a 50% segundo OWENS &

    KNOWLES (1992), pois a maior rigidez da estrutura permite a

    utilizao de vigas de menor altura;

    2. rapidez de construo em relao ao tempo de execuo de

    tabuleiros sobre vigas de concreto moldadas no local.

    A principal desvantagem que este sistema apresenta a necessidade

    de incorporar conectores de cisalhamento na interface dos materiais.

    Nas figuras 2.5 a 2.7 apresentam-se alguns exemplos de tabuleiros

    de pontes construdos em vigas mistas.

    FIGURA 2.5 Construo de viaduto em estrutura mista. HACKETT &

    ASSOCIATES (1998).

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 12

    FIGURA 2.6 - Construo de viaduto em estrutura mista em rbyhus,

    Sucia. COLLIN et al (1998)1

    FIGURA 2.7 - Ponte rodo - ferroviria sobre o rio Paran.

    1 http//:www.sbi.se/bergen4.html.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 13

    2.2.1 - Largura efetiva da laje de concreto

    A associao entre vigas e laje, por meio de conectores de

    cisalhamento, ocasiona uma transmisso de tenses concentradas de corte

    ao longo da conexo, sendo esta responsvel pelo aumento de tenses

    normais na laje naquela regio. Estas tenses diminuem gradativamente

    para ambos os lados conforme ilustra a figura 2.8; este fenmeno

    denominado comumente na literatura por efeito de "shear lag".

    FIGURA 2.8 - Efeito de "shear lag"

    Para avaliar a rigidez efetiva das vigas de ao e determinar os valores

    das tenses mximas, continuando a utilizar as expresses da teoria de

    flexo geral, comum recorrer ao artifcio de considerar vigas mistas

    equivalentes, com banzos de largura reduzida.

    No projeto de tabuleiros mistos a largura efetiva da laje e a viga de

    ao formam uma viga mista ao - concreto, (Figura 2.8); a determinao

    analtica da largura efetiva em regime elstico implica em clculos

    laboriosos e depende, entre outros, da geometria da estrutura, o tipo de

    carregamento, condies de apoio e armadura da laje.

    Na prtica, a largura efetiva da laje obtida atravs das

    recomendaes fornecidas pela normalizao.

    Para o clculo das tenses (Figura 2.8), a largura efetiva definida

    da seguinte maneira (MALITE, 1993):

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 14

    emax

    med bb ss

    = (2.1)

    onde meds representa a tenso mdia na largura eb e maxs o valor

    mximo desta.

    O estudo do efeito de shear lag foi realizado inicialmente em

    estruturas de navios, sendo posteriormente aplicado a aeronaves e pontes.

    DOWLING & BURGAN (1987) publicaram um estado da arte do efeito de

    shear lag neste tipo de estruturas. Os pesquisadores abordaram ainda o

    problema da determinao da parcela de laje equivalente no caso de pontes

    mistas com conexo parcial.

    2.2.2 - Conectores de cisalhamento

    Os conectores de cisalhamento exercem grande influncia no

    comportamento estrutural de vigas mistas, podendo estes ser rgidos ou

    flexveis.

    Segundo o EUROCODE 4, parte 1-1, so conectores flexveis

    aqueles que possuem deformabilidade suficiente para tornar vlida a

    hiptese de comportamento plstico ideal da conexo na estrutura

    considerada.

    Os conectores tipo stud, com um comprimento total, aps serem

    soldados, no inferiores a quatro vezes o dimetro da haste, sendo este

    dimetro compreendido entre 16 e 22 mm, podem ser considerados flexveis

    dentro dos seguintes limites, segundo o grau de conexo definido pela

    relao fN/N .

    Para sees metlicas com abas iguais:

    5L 4,0NN

    f

    (2.2)

    25L5 L03,025,0NN

    f

    + (2.3)

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 15

    25L 0,1NN

    f

    (2.4)

    Para sees metlicas nas quais a aba inferior tem uma rea inferior

    ao triplo da aba superior:

    20L L03,04,0NN

    f

    +

    (2.5)

    20L 0,1NN

    f

    onde:

    L= vo em metros;

    N f = nmero de conectores determinado segundo o item 6.2.1.1 para

    o vo da viga;

    N = nmero de conectores dispostos na viga

    Os seguintes tipos de conectores podem ser considerados com a

    mesma flexibilidade que os studs considerados acima:

    a) parafusos protendidos dimensionados de acordo com o item 6.5

    desta norma;

    b) outros conectores que possuam capacidade caracterstica de

    escorregamento no inferior a 6 mm para sua resistncia

    caracterstica, determinada a partir de ensaios de cisalhamento

    realizados de acordo ao item 10.2 do regulamento.

    Os conectores de cisalhamento tipo pino com cabea podem ser

    considerados como flexveis para variaes de vo superiores s dadas

    anteriormente se:

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 16

    a) os conectores, aps soldados, possuem altura no inferior a 76

    mm e haste com dimetro entre 19 e 20 mm;

    b) a seo metlica laminada em I ou H com abas iguais;

    c) a laje de concreto mista com chapa nervurada perpendicular

    viga e continua sobre ela;

    d) existe um conector por nervura da chapa, centrado em relao a

    esta;

    e) para a chapa nervurada 2h/b po e 60hp mm;

    f) a fora cF calculada segundo o item 6.2.1.1 (3) da norma.

    Onde cfF o menor dos seguintes valores:

    a

    yacf

    fAF

    g

    = (2.6)

    s

    skse

    c

    ckccf

    fAfA85,0F

    gg

    +

    = (2.7)

    onde:

    Aa: rea do ao estrutural;

    cA : rea efetiva de concreto;

    seA : rea de quaisquer armadura longitudinal comprimida que seja

    considerada no clculo da resistncia a flexo.

    Estas reas so referentes seo transversal da viga mista no ponto

    de mximo momento fletor positivo.

    Se as condies acima so cumpridas, a relao N/fN dever

    satisfazer:

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 17

    10L 4,0NN

    f

    25L10 L04,0NN

    f

    (2.5)

    25L 0,1NN

    f

    A distribuio dos conectores de cisalhamento deve ser realizada ao

    longo da conexo da viga de maneira a transmitir o fluxo de cisalhamento e

    impedir a separao entre a laje de concreto e as vigas de ao

    FIGURA 2.9 - Tipos de conectores de cisalhamento

    O escorregamento de um determinado tipo de conector

    determinado em funo da resposta deste ao do fluxo longitudinal de

    tenses que se gera entre o perfil de ao e a laje de concreto. Esta resposta

    tem sido extensamente estudada em ensaios de vigas mistas (YEN et al,

    1997) e de "push-out"1 (AN et al, 1997) e caracterizada atravs do

    relacionamento entre fora no conector e deslocamento relativo na interface

    ao - concreto.

    1 "push -out": Ensaio realizado para obter a resistncia ao cisalhamento dos conectores.Basicamente consiste em duas lajes apoiadas na regio inferior de uma mquina de ensaio compresso e ligadas a uma viga de ao atravs de conectores de cisalhamento. Na viga aplicada uma carga axial mediante um atuador hidrulico e medido o escorregamentoocasionado na interface; atravs dos resultados obtidos so traadas as curvas de foraaplicada - escorregamento dos conectores. Ver tambm OEHLERS e COUGHLAN (1986).

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 18

    Na figura 2.10.a apresenta-se um modelo tpico de ensaio de "push -

    out" utilizando conectores tipo "stud"; na figura 2.10.b apresenta-se a curva

    experimental que caracteriza a relao existente entre fora aplicada e

    escorregamento relativo (AN & CEDERWALL, 1997) para concreto de alto

    desempenho e concreto comum, observa-se nesta figura que a resistncia

    caracterstica do concreto influencia na natureza da curva e que uma maior

    resistncia deste aumenta a rigidez do conector.

    (a)

    (b)

    FIGURA 2.10 - a) Modelo de ensaio de "push-out"; b) curvas de fora

    aplicada versus escorregamento.AN & CEDERWALL (1997) para concreto

    de alto desempenho (CAD) e concreto comum.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 19

    2.3 Tipos de construo

    Uma ponte em vigas mistas pode ser construda com o uso de

    escoramento para as vigas de ao durante a concretagem e cura da laje.

    Quando isto acontece pode-se assumir que todas as cargas aplicadas so

    suportadas pela ao mista ao-concreto.

    Se as vigas no so escoradas, estas so submetidas a tenses

    resultantes de cargas de peso prprio, frmas e peso da laje; somente aps

    a laje atingir a resistncia adequada, a viga passa a ter comportamento

    misto sob ao do carregamento mvel.

    Ao se determinar o uso de escoramento deve-se levar em

    considerao a influncia deste no custo global da obra e prever a

    possibilidade de ocorrncia de recalques e assentamentos do terreno,

    problemas sempre presentes na construo de pontes.

    Resultados publicados pelo ASCE ACI apud XANTHAKOS (1994)

    mostraram que a presena ou ausncia de escoramento em vigas mistas

    no impede que estas desenvolvam a sua resistncia ltima flexo. A

    principal influncia que o escoramento exerce no comportamento das vigas

    nos deslocamentos que estas sofrem.

    2.3.1 - Sistemas construtivos

    Geralmente a estrutura metlica inicialmente montada, as vigas so

    posicionadas sobre os pilares mediante guindastes ou sistemas de trelias

    "lanadeiras" (Figura 2.11); a seguir a superestrutura de ao aproveitada

    para suportar as cargas de construo da laje de concreto (Figura 2.12).

    A utilizao de escoramento s vezes pode resultar vantajosa pois

    facilita a imposio de um deslocamento inicial (contra-flecha) no sentido

    oposto ao de aplicao das cargas permanentes e mveis.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 20

    FIGURA 2.11 - Utilizao de trelia para lanamento das vigas.

    FIGURA 2.12 - Tcnicas de escoramento da laje. HACKETT &

    ASSOCIATES.

    O escoramento da laje indispensvel quando o concreto moldado

    no local (in loco). Existem ainda vrios sistemas construtivos que podem ser

    utilizados com vantagem sobre o sistema tradicional, principalmente no

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 21

    relacionado a economia de forma e diminuio do tempo de execuo;

    alguns destes so citados na continuao.

    Lajes com forma de ao incorporada ou "Steel Deck"

    Este sistema tem sido utilizado principalmente na construo mista

    de edifcios e consiste numa chapa de ao nervurada que serve de frma

    para realizar a concretagem da laje. Esta chapa possui na sua superfcie

    salincias que ficam imersas na massa de concreto garantindo assim a

    aderncia entre os dois materiais (ver Figura 2.13). A existncia de

    aderncia entre ao e concreto ocasiona que laje e frma se comportem

    como um conjunto misto, o que leva a um aumento de resistncia,

    possibilitando consumos menores de armadura.

    FIGURA 2.13 - Comparao entre o sistema de laje com forma de ao

    incorporada e o sistema tradicional - HACKETT & ASSOCIATES

    Utilizao de pr-lajes como forma permanente

    A utilizao destes elementos elimina por completo a necessidade

    de utilizao de formas convencionais e reduz consideravelmente os tempos

    de execuo. As pr-lajes so posicionadas entre as vigas de ao, sendo

    posteriormente lanado o concreto conforme ilustrado na Figura 2.14.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 22

    FIGURA 2.14 - Utilizao de pr-lajes como formas permanentes

    Lajes pr-moldadas

    A utilizao de elementos pr-moldados de laje reduz de maneira

    considervel o tempo de execuo do tabuleiro. Estes elementos possuem

    vazios destinados a alojar os conectores de cisalhamento (Figura 2.15),

    estes vazios so concretados aps os painis serem posicionados

    adequadamente sobre as vigas.

    FIGURA 2.15 - Execuo do tabuleiro mediante elementos pr-moldados de

    laje

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 23

    O principal inconveniente encontrado na utilizao deste sistema

    consiste na ligao entre os painis adjacentes, JOHNSON e BUCKBY

    (1986) apresentaram vrios detalhes construtivos adotados na Europa para

    resolver este problema; na Figura 2.16 apresenta-se um destes.

    FIGURA 2.16 Detalhe de ligao entre painis pr - moldados. JOHNSON

    & BUCKBY (1986)

    Sistema Steel Free Deck (Laje sem armadura)

    Este sistema de execuo de tabuleiros de pontes foi apresentado

    por NEWHOOK et al (1997) e consiste basicamente na incorporao,

    mediante solda, de tirantes de ao entre as mesas superiores das vigas,

    conforme mostrado na Figura 2.17. Neste sistema a armadura do tabuleiro

    parcial ou totalmente eliminada, restando aos tirantes auxiliar laje na

    transferncia de cargas para as vigas mediante efeito de arqueamento1.

    1 Ensaios realizados em tabuleiros de pontes mistas (CSAGOLY & LYBAS, 1989) mostraramque a laje de concreto capaz de transferir grandes parcelas de carga mediante efeito dearqueamento. PETROU & PERDIKARIS (1996), aps realizar vrios ensaios experimentaisem modelos reduzidos de tabuleiros de concreto, estabeleceram que o modo de ruptura dalaje, desde que esta possua uma relao espessura-vo adequada e estejaconvenientemente vinculada lateralmente, pode ser associado ao mecanismo deinstabilidade de uma trelia tri-articulada e vinculada lateralmente a molas elsticas. Vertambm JIANG & SHEN (1986).

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 24

    FIGURA 2.17 - Sistema Steel Free Deck. NEWHOOK et al (1997)

    Sistema "tipo grelha metlica" (Exodermic Bridge Deck)

    Um tabuleiro tipo grelha metlica constitudo basicamente por uma

    laje de concreto apoiada sobre uma grelha de ao (Figura 2.18). O

    desenvolvimento da ao mista entre laje e grelha garantido atravs da

    ligao do concreto com dois elementos da grelha: as barras tercirias e os

    conectores de cisalhamento.

    FIGURA 2.18 - Sistema "tipo grelha metlica" em tabuleiros de pontes.

    EXODERMICC BRIDGE DECK, INC (1999)1

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 25

    O concreto deste tipo de tabuleiro pode ser moldado in loco ou pr-

    moldado. Na figura 2.19 apresentam-se alguns detalhes de execuo da laje

    utilizando estes dois sistemas.

    FIGURA 2.19 - Detalhes para execuo da laje de tabuleiros "tipo grelha

    metlica". EXODERMIC BRIDGE DECK, INC (1999)

    Aplicao de protenso em vigas mistas

    A aplicao de protenso em vigas mistas uma das melhores

    tcnicas existentes para reduzir o consumo de ao na construo de

    tabuleiros mistos (TROITSKY, 1990). Esta tcnica tem sido bastante

    utilizada tanto na reabilitao e reforo de pontes existentes, como na

    construo destas.

    Embora a utilizao de protenso em pontes de concreto tenha tido

    maior divulgao no meio tcnico a nvel nacional, a protenso de pontes

    metlicas e mistas tem sido utilizada com sucesso em pases altamente

    industrializados como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.

    Na figura 2.20 apresenta-se um exemplo de aplicao de protenso

    em tabuleiros mistos, trata-se da ponte Lauffen (Alemanha) construda em

    1 http//:www.exodermic.com

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 26

    1955 (TROITSKY, 1990). Esta ponte possui um s vo de 34 m, sendo o

    tabuleiro constitudo por duas vigas de ao sobre as quais apoiada a laje

    de concreto. A protenso nas vigas foi aplicada atravs de quatro cabos,

    sendo cada um destes constitudo por 52 cordoalhas de 5,3 mm de dimetro

    cada uma.

    A utilizao de protenso nas vigas reduziu em 28 % as tenses

    atuantes na mesa superior e em 61% as atuantes na mesa inferior.

    FIGURA 2.20 - Elevao e seo transversal da Ponte Lauffen, Alemanha.

    (TROITSKY, 1990)

    Na figura 2.21 apresentam-se alguns detalhes construtivos das

    ancoragens de protenso em vigas de ao.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 27

    FIGURA 2.21 - Ancoragens de protenso em vigas de ao. TROITSKY

    (1990)

    2.3 - Normalizao e materiais empregados

    As especificaes publicadas sobre o projeto e execuo de pontes

    mistas variam de um pas a outro, isto deve-se em parte a que os materiais

    de construo so fabricados de acordo com especificaes internas e que

    os ensaios realizados para determinar as propriedades dos materiais podem

    tambm variar.

    Os fatores que talvez maior influncia exercem no conceito e projeto

    de um sistema estrutural so a histria e a geografia; JOHNSON e BUCKBY

    (1979) apud JOHNSON (1994), observaram que as principais diferenas

    existentes na concepo estrutural de pontes mistas construdas na Sua e

    na Inglaterra durante a dcada de 1970, deviam-se principalmente

    natureza do carregamento atuante, este era decorrente dos diferentes tipos

    de trfego de cada pas e do diferente desenvolvimento histrico dos

    sistemas de transportes.

    2.3.1 Materiais empregados

    Os materiais empregados na construo de pontes mistas so

    basicamente o ao e o concreto. Na anlise estrutural de pontes o

    comportamento destes pode ser elstico ou plstico, segundo o grau de

    solicitao no material, o tipo e a qualidade.

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 28

    2.3.1.1 - Aos utilizados na construo de pontes

    O ao uma liga de ferro (98%) com pequenas quantidades de

    carbono, silcio, enxofre, fsforo, mangans, etc. O carbono o componente

    que maior influncia exerce nas propriedades do ao, podendo este ser

    dividido nos seguintes grupos: aos carbono, aos de baixa liga e aos

    patinveis; atualmente estes aos so fabricados pelas seguintes usinas

    nacionais:

    - Companhia Siderurgica Nacional (CSN)

    - Companhia Siderrgica Paulista (COSIPA)

    - USIMINAS

    As usinas produzem o ao na forma de chapas e bobinas que podem

    ser laminados a quente ou frio, a CSN por exemplo apresenta o fluxo de

    produo mostrado na figura 2.22.

    FIGURA 2.22 - Fluxo de produo de ao. CSN (1998)1

    Os aos estruturais mais comumente utilizados no Brasil so os das

    especificaes ABNT e ASTM.

    1 http//:www.csn.com.br

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 29

    Nas tabelas 2.1 e 2.2 so apresentados os tipos de ao das

    especificaes NBR e ASTM, respectivamente, permitidos pela NBR-8800

    TABELA 2.1 - Aos estruturais da srie NBR permitidos pela NBR-8800

    NBR 7007 NBR 6648 NBR 6650 NBR 5000

    Aos para perfis laminados Chapas grossas de ao Chapas finas de ao - Chapas grossas de

    para uso estrutural carbono para uso carbono para uso estrut. ao de baixa liga e alta

    estrutural (a frio / quente ) resistncia mecnica

    Classe/ fy fu Classe/ fy fu Classe/ fy fu Classe/ fy fu

    Grau ( MPa) ( MPa) Grau ( MPa) ( MPa) Grau ( MPa) ( MPa) Grau ( MPa) ( MPa)

    MR - 250 250 400 G -30 300 415

    AR - 290 290 415 CG - 24 235 380 CF - 24 240 370 G-35 345 450

    AR - 345 345 450 CG - 25 255 410 CF - 26 260 400(a)

    AR - COR - 345 485 410(b)

    345 A ou B

    NBR 5004 NBR 5008 NBR 5920 / NBR 5921

    Chapas finas de ao de Chapas grossas de ao de baixa liga Chapas finas de ao de

    baixa liga e alta resistncia e alta resistncia mecnica, resistentesbaixa liga e alta resistncia

    mecnica corroso atmosfrica, para usos mecnica, resistentes

    estruturais coroso atmosfrica p/ uso

    estrutural (a frio / a quente )

    Classe/ fy fu Classe/ Faixa de fy fu Classe/ fy fu

    Grau ( MPa) ( MPa) Grau espessura ( MPa) ( MPa) Grau ( MPa) ( MPa)

    F - 32 / Q32 310 410 t

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 30

    TABELA 2.2 - Aos estruturais especificados pela ASTM e permitidos pela

    NBR-8800

    Classif. Denominao Produto Grupo/Grau fy* fu*

    A36 - o mais utilizado na construo de

    estruturas metlicas podendo ser usado na Perfis Todos os grupos

    Aos construo de ponte e edifcios. Este tipo

    de ao corresponde ao M270, Grau 36 na Barras t

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 31

    Durante os ltimos anos tem sido desenvolvidos os aos patinveis,

    assim denominados devido a que na superfcie formada uma ptina ao

    longo do tempo que aumenta a resistncia corroso. Na tabela 2.3

    apresenta-se os aos patinveis produzidos pela COSIPA.

    TABELA 2.3 - Aos patinveis produzidos pela COSIPA.

    PRODUTO GRAU ESPESSURA (mm) fy ( Mpa ) fu (Mpa) fy a 600 C (Mpa)

    chapas finas

    Laminadas a Frio COS AR COR 500 1,30 A 2,00 320 480 -

    Chapas COS AR COR 400 2,00 a 9,52 250 380 - 520 -

    Laminadas a quente COS AR COR 400E 2,00 a 12,50 300 380 - 520 -

    COS AR COR 500 2,00 a 9,52 375 490 - 630 -

    COS AR COR 400 6,00 a 50,80 250 380 - 520 -

    COS AR COR 400E 6,00 a 16,00 300 380 - 520 -

    Chapas Grossas COS AR COR 500 6,00 a 50,80 375 490 - 630 -

    COS AR COR FIRE 500 10,00 a 32,00 375 490 - 640 250

    Como exemplo dos aos utilizados nos conectores de cisalhamento

    podemos referenciar a norma inglesa, BS 5400, que apresenta as

    resistncias nominais de trs tipos de conectores de cisalhamento: pino com

    cabea, perfil "U" e barra com ala. Na tabela 2.4 reproduzida esta tabela

    (MALITE, 1993).

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 32

    TABELA 2.4 - Resistncia dos conectores de cisalhamento segundo

    a BS 5400. MALITE (1993)

    Resist. Nominal por

    Tipo de conector Material do conector conector em kN, para concreto

    de resist. fck, N/mm2

    Pino com cabea (stud) Dimetro Altura Tenso Escoam. = 385 N/mm2 20 30 40 50

    (mm) (mm) Along. Mnimo = 18%

    Tenso ruptura = 495 N/mm2

    25 100 139 154 168 183

    22 100 112 126 139 153

    19 100 90 100 109 119

    19 75 78 87 96 105

    16 75 66 74 82 90

    13 65 42 47 52 57

    Barra com ala (mm) Grade 43 da

    50 x 40 x 200 BS4360: 1972 697 830 963 1096

    25 x 25 x 200 348 415 482 548

    Perfil "U" (mm) Grade 43 da

    127 x 64 x (14,90) x 150 BS 4360: 1972 351 397 419 442

    102 x 51 x (10,42) x 150 293 337 364 390

    76 x 38 x (6,70) x 150 239 283 305 326

    2.4.3 - Concreto

    A norma americana AASHTO considera na diviso II, item 4.5, oito

    classes de concreto cujas resistncias compresso variam de 1,5 a 2,75

    kN/cm2, segundo a finalidade estrutural do elemento. A tabela 4.1 desta

    norma apresenta as exigncias em relao proporo gua - cimento,

    porosidade, tamanho do agregado, etc. que cada tipo de concreto deve

    satisfazer. No item 8.7 estabelece os valores do mdulo de elasticidade e de

    poisson do concreto.

    No Brasil o concreto estrutural deve satisfazer as especificaes

    estabelecidas pela NBR-6118.

    2.4.4 - Desenvolvimento de novos materiais

    Atualmente vem sendo realizada uma extensa pesquisa no

    desenvolvimento de novos materiais, embora muitos destes consistem na

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 33

    otimizao do concreto de alto desempenho (CAD) e dos aos de alta

    resistncia mecnica e corroso.

    O concreto de alto desempenho, desenvolvido na atualidade, pode

    alcanar resistncias superiores aos 100 MPa (CEB), sendo sua principal

    caracterstica a maior durabilidade que apresenta em relao ao concreto

    comum.

    O melhoramento nos processos de produo e fabricao do ao,

    assim como na execuo de conexes e tratamentos de proteo, permitem

    que o material apresente maior resistncia mecnica, corroso e fadiga.

    Aos facilmente soldveis e novos processos de soldagem podem reduzir

    consideravelmente os custos de execuo que, associados maior

    ductilidade e tenacidade do material, viabilizam cada vez mais a sua

    utilizao na construo de pontes. Estes aos associados a outros

    materiais como polmeros, concreto e cabos de protenso viabilizam

    inmeras tcnicas de execuo que otimizam os processos construtivos

    tradicionais, com a conseguinte reduo de custos.

    Polmeros reforados com fibra (FRP) apresentam a vantagem de

    serem mais leves, minimizando o peso prprio em pontes de grandes vos e

    oferecendo maior resistncia ao deletria do meio ambiente. As

    principais vantagens da utilizao destes materiais em tabuleiros de pontes

    so: diminuio de peso prprio, resistncia corroso e possibilidade de

    pr-fabricao em unidades modulares que permitem rapidez de montagem

    sem a necessidade de escoramento ou formas. PODOLNY (1998)

    estabeleceu que podem ser alcanadas economias de execuo de at 80%

    utilizando este novo tipo de material em tabuleiros de pontes.

    Embora os novos materiais desenvolvidos possuam maior

    resistncia, durabilidade e menor peso, estes podem apresentar o problema

    de instabilidade local ou global em funo da adoo de sees transversais

    menores que levam a uma diminuio de rigidez. Sem dvida alguma, existe

    um ponto em que torna-se simplesmente invivel aproveitar ao mximo as

    vantagens destes materiais em virtude de que os limites de utilizao so

    excedidos, ou do risco da estrutura tornar-se instvel. Estes problemas so

  • Captulo 2: Histrico e aspectos gerais 34

    superados atravs de solues estruturais inovadoras que emergem com o

    uso de novas tecnologias.

  • AES E SOLICITAES

    A principal caracterstica das aes que atuam em pontes que estas

    possuem variada natureza, a forma em que atuam e a intensidade mxima

    podem variar em funo da geografia, tipo de utilizao, estao do ano,

    etc. A determinao das cargas e a compreenso de como estas so

    aplicadas e distribudas at os apoios e fundaes, constitui um dos

    aspectos mais importantes na anlise e dimensionamento de tabuleiros de

    pontes.

    Determinar as aes que provocam solicitaes no tabuleiro constitui

    um problema complicado, cuja soluo deveria ser obtida atravs de

    estudos probabilsticos que considerem parmetros como densidade de

    trfego, tipos de veculos, vias de circulao, vo, vento, neve, sismo, etc.

    De maneira resumida, as aes podem ser enumeradas da seguinte

    maneira:

    n Aes permanentes: peso prprio, pavimentao, barreiras de

    proteo, passeios para pedestres, guarda - rodas e demais

    acessrios;

    n Aes de utilizao: cargas mveis que provocam efeitos de

    fadiga, impacto vertical e esforos longitudinais de acelerao e

    frenagem;

    n Aes provocadas por elementos naturais: presses e

    deslocamentos ocasionados pela gua, ar e terra;

    n Deformaes internas: variaes de temperatura, retrao e

    fluncia do concreto.

    33CAPTULO

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 37

    Neste trabalho resulta invivel revisar de maneira detalhada cada

    uma das aes mencionadas, razo pela qual sero abordadas apenas as

    cargas mveis, e os efeitos de temperatura, retrao, fluncia e fadiga;

    maiores detalhes sobre outras aes podem ser encontrados em EL DEBS

    & TAKEYA (1995).

    3.1 - Cargas mveis

    So denominadas assim as cargas ocasionadas pela passagem de

    veculos ao longo do tabuleiro. Na prtica resulta invivel considerar num

    mesmo projeto todos os tipos de veculos que circulam ao longo do vo, por

    este motivo os regulamentos tem adotado um carregamento representativo

    denominado trem tipo; a natureza deste pode sofrer variaes notveis de

    um pas a outro.

    De maneira a garantir a segurana da estrutura, deve ser realizado

    algum tipo de controle para evitar a passagem de veculos com excessos de

    carga, pelo geral cada pas estabelece atravs de rgos pblicos as cargas

    mximas legais para cada tipo de veculo.

    Na tabela 3.1 apresenta-se uma comparao entre os trens tipos

    adotados em diferentes pases.

  • 38

    TABELA 3.1 Comparao entre trens tipos utilizados em diferentes pases.

    Pas Tipo de N1 N2 D A1 A2 P S P1 P2 P3 P4 P5 d1 d2 d3 d4 ObservaoesCarga

    Veculo ocupa uma superfcieAlemanha Classe 60 3 2 2 0,6 0,2 600 3 200 200 200 - - 1,5 1,5 - - 6,0 x 3,0 m. Resto da vaOcidental 5 kN/m2, outras vias 3kN/m2

    Veculo ocupa uma superfcieClasse 45 3 2 2 0,5 0,2 450 3 150 150 150 - - 1,5 1,5 - - 6,0 x 3,0 m. Resto da va

    Brasil Classe 30 3 2 2 0,4 0,2 300 3 100 100 100 - - 1,5 1,5 - - 5 kN/m2 para os tipos 45 e 30Classe 12 2 2 2 0,2(1) 0,2 120 3 40 80 - - - 3 - - - e 4 kN/m2 para o tipo 12. Nos paseios

    adota-se 3 kN/m2 para todos. carga do veculo soma-se

    Espanha - 3 2 2 0,6 0,2 600 3,5 200 200 200 - - 1,5 1,5 - - 4 kN/m2 em todas as viasde circulaoSo dispostos dois veculos

    Frana BC 3 2 - - - 300 3 60 120 120 - - 4,5 1,5 - - separados 10,50 m.

    Este veculo considera-seReino HB 4 4 0,9 0,37 0,07 1800 3 450 450 450 450 - 4,5 1,5 - - com um 1/3 da carga HA nasUnido outras vas.

    No especifica veculo Itlia - - - - - - - 3,5 - - - - - - - - - extraordinrio.

    Notas: N1: Nmero de eixos A1: largura de contato da roda (m)N2: Nmero de rodas por eixo A2: Comprimento de contato da roda (m)S: largura da via (m) P: carga total (kN)D: separao transversal entre rodas Pi (kN), i=1,2,...,5

    di (m), i=1,2,...,5

  • 39

    TABELA 3.1 (continuao) Comparao entre trens tipos utilizados em diferentes pases.

    Pas Tipo de N1 N2 D A1 A2 P S P1 P2 P3 P4 P5 d1 d2 d3 d4 ObservaoesCarga

    A carga T apenas utilizadaJapo T-20 2 2 1,75 0,12 0,2 200 2,75 40 160 - - - 40 - - - para lajes. O veculo principal

    0,5 0,2 seguidos por outros com fator 0,75, separados 14,0 mVeculo considerado sobre cada

    Nova H20-S16-T165 2 1,8 - - 462 3 36,3 14,5 14,5 72,5 72,5 4,3 4,27 4,3 3,7 3 m de via. Para veculo com carga Zelanda excepcional, considera-se 100%

    da sobrecarga em apenas uma viaA posio transversal do

    Sucia - 5 - - - 3 100 3 200 200 200 200 200 3 1,5 1,5 3 veculo depende da largurada via. Eixos das rodas sodistribudos uniformementeCargas nas caladas de 7

    Rssia NK-80 4 2 2,7 0,8 0,2 800 3 200 200 200 200 - 1,2 1,2 1,2 - kN/m2 e carga concebtradade 3 kNUm comboiop por via de circu-

    HS20-44 3 2 1,8 - - 326 3 36 145 145 - - 4,3 4,27-9 - - lao. A distncia entre as as duasEstados HS15-44 3 2 1,8 - - 242 3 28 107 107 - - 4,3 4,27-9 - - rodas trraseiras pode variar entreUnidos H20-44 2 2 1,8 - - 178 2 36 142 - - - 4,3 - - - 4,29 e 9 m. Os veculos podem ser

    H15-44 2 2 1,8 - - 134 27 107 - - - - 4,3 - - - substitudos por uma carga distribuida e uma concentrada.

    Notas: N1: Nmero de eixos A1: largura de contato da roda (m)N2: Nmero de rodas por eixo A2: Comprimento de contato da roda (m)S: largura da via (m) P: carga total (kN)D: separao transversal entre rodas Pi (kN), i=1,2,...,5

    di (m), i=1,2,...,5

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 40

    O percurso de veculos em tabuleiros de pontes ocasiona efeitos

    dinmicos que produzem vibraes e efeitos de deslocamento e solicitao,

    maiores que os que seriam ocasionados por cargas estticas equivalentes,

    principalmente se a superfcie do tabuleiro irregular. Foras de natureza

    humana entram tambm dentro da classificao de cargas mveis,

    constituindo uma importante fonte de excitao dinmica; pedestres

    caminhando, marchando ou correndo podem ocasionar vibraes de ordem

    importante.

    O estudo do comportamento dinmico de tabuleiros de pontes mistas

    tem sido abordado por SMITH (1988), WANG et al (1993), HUANG et al

    (1992), CHANG et al (1994). A maioria destes estudos consistem na

    determinao da influncia que a rugosidade da pista, massa do veculo,

    sistema de suspenso, etc, exercem na resposta da estrutura e na

    determinao de coeficientes de impacto que permitam simplificar a anlise

    estrutural.

    Apesar da natureza do problema ser puramente dinmica, os

    regulamentos consideram as cargas mveis atravs de um incremento da

    carga esttica. De maneira geral, a ponte analisada localizando o veculo

    em diferentes partes do tabuleiro e multiplicando as solicitaes calculadas

    por um coeficiente de impacto; este coeficiente determinado a partir de

    valores obtidos experimentalmente e de modelagens de veculos e pontes

    utilizadas em estudos analticos.

    Na tabela 3.2 apresentam-se as especificaes que alguns

    regulamentos fornecem para a determinao do coeficiente de impacto.

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 41

    TABELA 3.2 - Coeficientes de impacto

    Norma: AASHTO BS5400 NBR 7187 DIN 1072

    36 67. L m f =1.4 -0.007L

    Tabuleirossem aterro:

    f =1.4 -0.008L

    3824.15

    1+

    +=L

    f Momento fletor:

    f = 2.00Cisalhamento:

    f = 1.67

    Tabuleiroscom aterro:

    f =1.4 -0.008L - 0.1h

    Coeficientede impacto

    67L Momento fletor:

    f = 073216

    02.

    ..

    +-L

    Cisalhamento:

    f = 082144

    02.

    .

    .+

    -L

    f = coeficiente de impacto; h = altura do aterro L = vo da ponte, em metros.

    Nas anlises realizadas neste trabalho as aes de carga mvel

    foram majoradas mediante coeficientes de impacto conforme as

    recomendaes da NBR 7187.

    3.2 - Efeitos de temperatura

    A grande diferena entre as condutividades trmicas do concreto e do

    ao pode ocasionar gradientes elevados de temperatura em uma mesma

    seo transversal. Uma das principais interrogaes sobre este assunto tem

    sido a forma em que a temperatura distribuda ao longo da altura do

    tabuleiro.

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 42

    SIMKO (1979) apud FU & CHEUNG (1990), realizou estudos

    experimentais para determinar a maneira em que a temperatura

    distribuda na seo transversal de um tabuleiro misto. Para isto foi

    construdo um modelo reduzido (escala 0,354) do tabuleiro da ponte sobre o

    rio Red, Canad. A experincia consistiu no resfriamento da laje atravs da

    aplicao de gelo, numa sala com temperatura constante a 25C.

    Na figura 3.1 ilustra-se a seo transversal do modelo reduzido

    analisado e a distribuio de temperaturas obtidas ao longo da seo.

    FIGURA 3.1 - Modelo analisado e resultados obtidos. SYMKO (1979)

    A partir dos resultados apresentados na figura 3.1 pode-se deduzir

    que a temperatura ao longo da altura da seo varia de forma no linear.

    O trabalho descrito acima foi complementado por FU & CHEUNG

    (1990), que, aps realizar vrios estudos analticos baseados em equaes

    diferenciais de transferncia de calor, identificaram alguns aspectos que

    influenciam na distribuio de temperaturas; alguns destes so transcritos a

    seguir:

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 43

    - a varivel que mais influncia exerce na distribuio de

    temperaturas aparentemente a relao entre a poro em balano

    da laje e altura do tabuleiro misto, esta varivel controla a rea de ao

    exposta radiao solar;

    - picos de temperatura durante o dia tem grande influncia no

    comportamento trmico de tabuleiros mistos;

    - existe uma relao direta entre gradientes de temperatura e tenses

    induzidas: quanto maior o gradiente, maior a tenso provocada por

    este;

    - a temperatura inicial aparentemente no influencia de maneira

    sensvel a distribuio de temperaturas na estrutura, quando esta

    submetida a radiao solar.

    Na figura 3.2 apresenta-se algumas variaes de temperatura, ao

    longo da altura da seo transversal, propostas por diferentes regulamentos.

    Tanto a AASHTO (1989) como a NBR 7187 no fornecem informaes

    sobre a distribuio transversal de temperaturas.

    FIGURA 3.2 - Gradientes de temperatura na seo transversal, propostos

    por diferentes autores e regulamentos.

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 44

    As tenses obtidas atravs das distribuies de temperatura

    propostas pela BS 5400 e EUROCODE 4 foram comparadas por

    MIRAMBELL & COSTA (1997) a tenses obtidas experimentalmente em

    tabuleiros de pontes, segundo estes a distribuio proposta pela BS5400 se

    aproxima mais da realidade pois leva a resultados mais prximos dos

    experimentais.

    A determinao das tenses ocasionadas por efeitos de temperatura

    tem sido estudada por SOLIMAN & KENNEDY (1986) os quais

    estabeleceram que gradientes de temperatura ao longo da altura da seo

    ocasionam pares de foras de cisalhamento (V) e de momentos (M) (Figura

    3.3). As deformaes resultantes na fibra inferior da laje e superior das vigas

    podem ser calculadas atravs das expresses 3.1 e 3.2.

    FIGURA 3.3 - Anlise do efeito de temperatura em vigas mistas. SOLIMAN

    & KENNEDY (1986)

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 45

    ( ) ( ) ( )

    ( ) ( )

    -

    -

    -

    +

    +

    -

    +

    +

    -

    -

    =

    a

    ayyc

    y

    a

    ayc

    ccxc

    dyTTa

    dTTAA

    MV

    EA

    11012

    101

    2

    213

    21

    23

    212

    an

    ann

    e

    (3.1)

    ( ) yyd

    dy

    s

    s

    sssssxs dybTTAAI

    d

    EV

    EI

    dM-

    +

    +

    -

    -= -

    2

    1

    0

    211 1 ae (3.2)

    As solicitaes M e V so obtidas atravs de condies de

    compatibilidade (na interface ao-concreto a deformao e o raio de

    curvatura devem ser os mesmos para a laje e as vigas) que levam s

    expresses 3.3 e 3.4.

    ( ) ( )

    ---+

    +

    -

    +-

    +

    -=+

    - -

    - -

    2

    1

    2

    1

    )()(1

    321

    01

    0

    1101101

    d

    d

    d

    dyyy

    syyy

    ss

    a

    a

    a

    ayyyyc

    dybTTId

    dbTTA

    dyTTa

    dTTa

    BMAV

    a

    an

    (3.3)

    -

    --+

    =+

    -

    -

    2

    1

    )(

    2)()1(3

    0

    31101

    d

    dyyys

    a

    ayysc

    sc

    ydbTT

    adyTTI

    wEERMKV

    a

    an (3.4)

    Os coeficientes A, B, K e R so obtidos atravs das relaes 3.5. As

    expresses 3.3 e 3.4 permitem calcular de maneira explcita o valor dos

    pares F e Q ocasionados por qualquer distribuio de temperatura.

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 46

    ss2

    c3

    ss2

    c3

    1

    c2

    2

    ss

    1

    c

    2

    ss

    21

    ss

    EI)1(3Eaw2R

    EIa)1(3Eadw2K

    Ewa

    15,1

    IEd

    B

    Eaw1

    2EI

    dAE

    1A

    n-+=

    n--=

    n--

    =

    n-

    +

    +

    =

    (3.5)

    Conhecidos os valores de F e Q possvel determinar os valores das

    tenses atuantes na laje e nas vigas atravs das expresses 3.6 e 3.7.

    --

    -

    -

    +-

    -

    +

    +-

    -

    -

    -

    +

    =

    a

    ayy

    a

    a

    ccyy

    cc

    ycc

    xc

    dyTTya

    EdTT

    a

    E

    TTE

    wa

    yMaV

    waV

    110113101

    0131

    )()1(2

    3)(

    )1(2

    )(12

    )(3

    2

    na

    na

    na

    s (3.6)

    -++

    +-

    +-

    +--= --

    sss

    d

    dyyy

    s

    ssyy

    d

    dy

    s

    ssyssxs

    Ay

    I

    dVy

    IM

    dbTTI

    EdbTT

    A

    ETTE

    1

    )()()(

    1

    000

    2

    1

    2

    1

    aaas

    (3.7)

    Exemplos de aplicao destas equaes podem ser encontrados em

    SOLIMAN & KENNEDY (1986).

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 47

    3.3 - Efeitos de retrao e de fluncia

    O concreto apresenta comportamento diferente segundo a durao

    do carregamento aplicado. Sob aes permanentes a deformao deste

    aumenta com o tempo, podendo atingir magnitudes superiores

    experimentada inicialmente.

    A deformao do concreto em uma idade 0tt > , constituda por trs

    parcelas de deformao: deformao instantnea, deformao lenta ou

    fluncia e deformao por retrao.

    Tanto a deformao instantnea como a deformao por fluncia so

    ocasionadas pelas tenses que o concreto submetido. A deformao por

    retrao ocorre mesmo na ausncia de carregamento e deve-se a outros

    efeitos, entre estes, a evaporao da gua confinada na massa de concreto

    e reaes qumicas como a carbonatao.

    Em um sistema misto estes efeitos so de grande importncia pois as

    vigas de ao, atravs dos conectores, impedem que o concreto deforme

    livremente. Isto leva a um acrscimo da curvatura das vigas mistas e a uma

    redistribuio de tenses entre ao e concreto.

    O estudo da retrao e fluncia um problema complexo. Para

    ANDERSON (1988) a previso do comportamento do concreto, submetido a

    aes de longa durao, pode ser tratada atravs de modelos visco-

    elsticos, cuja aplicao somente possvel atravs de tcnicas numricas.

    A maioria dos regulamentos contorna esta dificuldade fornecendo mtodos

    algbricos simplificados que permitem avaliar de maneira aproximada a

    resposta da estrutura. Os mtodos mais utilizados so o Mdulo Efetivo,

    Mdulo Efetivo Ajustado com a Idade do Concreto e o Mtodo da Taxa de

    Fluncia, estes so brevemente descritos no item 3.3.2.

    A NBR 7197 fornece critrios para estimar tanto a deformao por

    retrao, como tambm a deformao por fluncia.

  • Capitulo 3: Aes e solicitaes 48

    3.3.1 - Consideraes sobre o comportamento visco-elstico da

    estrutura

    A principal dificuldade encontrada na anlise de um problema visco-

    elstico consiste em que no possvel aplicar as relaes clssicas de

    tenso-deformao da teoria da elasticidade, no lugar destas, a hiptese de

    viscosidade linear tem sido extensamente utilizada atravs da integral de

    Stieltjes (AMADIO, 1993):

    e+tstf+fs=e=et

    tshcccc )t()(d),t()t,t()t()t,t()t(

    0000 (3.8)

    A funo ),t( tf denominada funo de viscosidade (ou de fluncia)

    e representa a deformao visco - elstica total ocasionada pela aplicao

    de uma tenso unitria constante na idade t , nos modelos do CEB esta

    funo definida da seguinte maneira:

    28c

    28

    cc

    c

    E),t(

    )(E1

    )(),t(

    ),t(tj

    +t

    =tste

    =tf (3.9)

    O valor da funo de fluncia varia de zero, no incio da aplicao da

    carga, a um valor final que varia entre 1,5 e 4 para =t (GILBERT, 1989).

    A soluo da equao 3.8 no "fechada", a determinao da

    deformao no instante t somente possvel atravs de tcnicas numricas

    de integrao passo a passo. Uma forma simples para resolver este

    problema consiste em aproximar a integral de Stieltjes atravs da regra dos

    trapzios (Figura 3.4): A deformao ocasionada no intervalo )t,t( k0 por uma

    funo )(c ts , definida no intervalo )t,t( k0 , dada por:

    [ ] )t()t,t()t,