Uma Chama na Escuridão - Vision Video · porque É chamado “o pai das missÕes modern as” Na...

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Uma Chama na Escuridão Manual do Coordenador e Materiais para o Aluno Para ser usado com o vídeo “Uma Chama na Escuridão” Uma produção do Christian History Institute Versão em Português: Dr. Levi DeCarvalho, Ph.D. (c) 2004 Christian History Institute

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Uma Chama na Escuridão

Manual do Coordenador

e

Materiais para o Aluno

Para ser usado com o vídeo “Uma Chama na Escuridão”

Uma produção do Christian History Institute

Versão em Português: Dr. Levi DeCarvalho, Ph.D.

(c) 2004 Christian History Institute

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ÍNDICE PÁGINAS GUIA PARA O COORDENADOR .............................................................................................. 4 CURSO BREVE

Introdução ............................................................................................................................ 7 1ª. Sessão ............................................................................................................................ 8 2ª. Sessão ............................................................................................................................ 9 3ª. Sessão ............................................................................................................................ 11 4ª. Sessão ............................................................................................................................ 13 A Difícil Situação Matrimonial de Carey .......................................................................... 14 CURSO COMPLETO Introdução ........................................................................................................................... 13 1ª. Sessão ............................................................................................................................ 16 2ª. Sessão ........................................................................................................................... 24 3ª. Sessão ............................................................................................................................ 29 4ª. Sessão ............................................................................................................................ 33 O PACTO DE SERAMPORE ...................................................................................................... 36 RESPOSTAS PARA OS QUESTIONÁRIOS Curso Breve e Curso Completo

1ª. Sessão ...................................................................................................................... 51 2ª. Sessão ..................................................................................................................... 54 3ª. Sessão ..................................................................................................................... 57 4ª. Sessão ..................................................................................................................... 59

Pacto de Serampore ........................................................................................................... 62

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“Esta obra é de Deus: Esperemos grandes coisas dele, e façamos grandes coisas por ele”.

William Carey

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GUIA PARA O COORDENADOR

PARA SER USADO COM O FILME “UMA CHAMA NA ESCURIDÃO”

O coordenador é a pessoa encarregada de coordenar a apresentação do filme e as atividades correspondentes, que incluem discussões em grupo baseadas nos questionários. O coordenador planeja o número de sessões que achar conveniente para um bom desenvolvimento do programa, podendo escolher um dos 3 planos que sugerimos na página 5 deste manual. Para facilitar, o vídeo pode ser dividido em 4 sessões, para dar tempo de assistir à película e discutir os questionários ao final de cada sessão.

A seguir, damos uma descrição da cena final de cada uma das quatro sessões do vídeo:

Parte I (25 minutos) – Mostra a família à mesa, participando de uma

refeição. A falta de alimentos faz com que Dorothy e sua irmã se irritem e saiam da sala de jantar.

Parte II (24 minutos) – Mostra Dorothy na cama, chorando a perda do

filho. Carey a consola e lhe faz ver as grandes necessidades da Índia.

Parte III (25 minutos) – O primeiro batismo de Carey na Índia. O amigo

do batizado mostra interesse em conhecer mais sobre a fé cristã.

Parte IV (23 minutos) – Continua até o final, com os créditos do filme.

Para cada aula ou sessão, sugerimos as seguintes atividades:

? Oração inicial ? Explicação do tema pelo Coordenador ? Exibição do filme (a sessão daquele dia ou o filme completo) ? Discussão em grupo (seguindo os Questionários) ? Tempo de aplicação pessoal e oração final

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PLANO A – Curso Breve Este é um curso para 5 aulas. Os participantes usam o material do curso breve, páginas 7 a 14, além do Pacto de Serampore, páginas 36 a 50 (opcional).

a) O coordenador divide o curso em cinco aulas, seguindo o material do curso breve. b) As primeiras 4 aulas correspondem às 4 sessões do vídeo. c) Após exibir a sessão do filme, os alunos participam da discussão dos questionários. Isto

pode ser feito em pequenos grupos, com um relator para cada grupo. d) A quinta aula é dedicada a estudar o Pacto de Serampore. Para isto, os alunos devem

receber uma cópia do Pacto com uma semana de antecedência para se prepararem para a discussão em grupo.

e) Sempre terminar com oração. PLANO B – Curso Completo Este é um curso para 5 aulas. Os participantes usam o material do curso completo, páginas 15 a 50, que inclui o Pacto de Serampore.

a) O coordenador divide o curso em cinco aulas, seguindo o material do curso completo. b) As primeiras 4 aulas correspondem às 4 sessões do vídeo. c) Após exibir a sessão do filme, os alunos participam da discussão dos questionários. Isto

pode ser feito em pequenos grupos, com um relator para cada grupo. d) A última sessão é dedicada a estudar o Pacto de Serampore. Para isto, os alunos devem

receber uma cópia do Pacto para ler em casa e o trazem para a última aula. e) Para terminar, faz-se uma oração.

PLANO C – Curso Completo e o livro de Vishal Mangalwadi O coordenador segue o Plano B e acrescenta algumas sessões para discutir o livro de Mangalwadi. Este plano é recomendado para institutos bíblicos e seminários, por exemplo , que exigem mais trabalho do estudante. O coordenador distribui o material de acordo com o tempo disponível.

* * *

NOTA: As Respostas para os Questionários, páginas 51 a 65, são para o uso exclusivo do Coordenador.

Mapa da Índia

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1 Calcutá (Carey e sua família chegaram a 11 de novembro de 1793)

2 Debhatta (de fevereiro a maio de 1794)

3 Mudnabatti (15 de Junho de 1794)

4 Kidderpore (fim de 1799)

5 Serampore (a missão)

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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“UMA CHAMA NA ESCURIDÃO” INTRODUÇÃO

QUEM FOI WILLIAM CAREY E

PORQUE É CHAMADO “O PAI DAS MISSÕES MODERNAS”

Na estação de trens de Serampore, perto da cidade de Calcutá, na Índia, há duas estátuas: uma do Mahatma Ghandi e outra de William Carey. Em Bengala Ocidental, Carey é conhecido como “O Pai do Renascimento Bengali” e “Amigo da Índia”. Junto com dois colaboradores, Carey fundou 26 igrejas, 126 escolas para crianças e a Faculdade de Serampore, para treinar pastores e educar o povo em geral.

Em 1801, Carey imprimiu a primeira Bíblia na língua Bengali. No total, ele supervisionou a tradução da Bíblia , inteira ou porções dela, em 35 línguas e dialetos. Entre outras realizações, Carey lutou para abolir o costume conhecido como sati, que consistia em queimar a viúva junto com o corpo do esposo falecido numa fogueira.

Este vídeo é baseado na vida e ministério de William Carey na Índia. Ele enfrentou muitas dificuldades e desânimo. Seu biógrafo indiano escreveu: “Carey estava mais preocupado com o senhorio de Cristo do que com os seus próprios sofrimentos”. Embora ele conseguisse poucos resultados nos primeiros anos, seu ministério floresceu grandemente quando chegaram novos companheiros de trabalho que formaram uma equipe com ele . Esta maravilhosa história ilustra claramente como Deus usa pessoas imperfeitas na sua obra. Seu lema era: “Espere grandes coisas de Deus, e faça grandes coisas por ele”.

Divisões do Vídeo O vídeo está dividido em 4 sessões (veja pág. 4 para mais detalhes):

1. Tarefa Missionária 2. Trabalho em Equipe 3. Tribulações 4. Triunfo

Pacto de Serampore Além do material de acompanhamento do vídeo, este manual contém uma cópia do “Pacto de Serampore”, que foi um documento de trabalho elaborado por Carey e sua equipe. O Pacto encontra-se nas páginas 38-44, seguido de um questionário para discussão em grupo.

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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1ª. SESSÃO – TAREFA MISSIONÁRIA

Para nós, hoje, é difícil imaginar que há pouco mais de 200 anos, as igrejas protestantes em geral não se interessavam pelas missões. Os crentes daquela época se ocupavam em discutir assuntos teológicos e tinham pouca motivação para levar o Evangelho de Cristo aos milhões de seres humanos que nunca o tinham ouvido.

Carey não tinha dúvida de que, como crentes, não podemos gozar dos benefícios do Evangelho sem ao mesmo tempo assumir suas responsabilidades. A ordem que Jesus Cristo entregou aos apóstolos, de levar o Evangelho ao mundo inteiro, é uma obrigação para todos os crentes em todas as épocas. Em 1792, Carey exortou aos seus colegas pastores a assumirem o desafio da evangelização do mundo, mas muitos ficaram indiferentes ao seu apelo. Mesmo assim, Carey não desanimou. Ele foi persistente, e com isso, Deus operou no meio dos irmãos, e foi fundada a Sociedade Missionária Batista. Pouco depois, no dia 13 de junho de 1793, Carey e sua família partiam para a Índia.

Os sermões de Carey continham palavras de ordem tiradas das Escrituras. Entre essas palavras, encontramos as seguintes: “Ouvi-me” (Is. 51:1, 4); “Desperta” (Is. 51:9, 17), “Sacode-te” (Is. 52:2), “Canta alegremente” (Is. 54:1), “Vinde” (Is. 55:1). PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - Isaías 45:2-3 e 54:2-3 1. Que ensina a Palavra de Deus sobre a responsabilidade de todo cristão de levar o Evangelho

ao mundo inteiro? (Mt. 28:19-20; At. 1:8)? Este mandato é opcional? 2. Por que Carey não era o candidato ideal para o título de “Pai das Missões Modernas”? Que

qualidades deve ter um candidato ideal?

3. Carey tinha certeza de um chamado de Deus. Todo crente tem um chamado? Por que? Na sua opinião, quais são os pontos básicos do chamado de Deus na vida de uma pessoa?

4. Qual é o papel da igreja na confirmação do chamado de uma pessoa? 5. Como se pode resolver o aparente conflito entre o chamado de Deus e outras

responsabilidades na vida da pessoa (como família, negócios, etc.)? O Dr. Ramesh Richard diz: “O laço matrimonial não pode ser desfeito. Mas, o chamado de Deus não pode ser evitado e os laços do matrimônio devem submeter-se ao chamado de Deus”. Qual é a nossa opinião sobre este assunto delicado? Quando se considera o chamado missionário de alguém hoje, muitos pensam que marido e mulher devem receber um chamado claro de Deus. Qual é a nossa opinião sobre este tema? (Ler 1 Pedro 3:6)

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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2ª. SESSÃO – TRIBULAÇÕES

Nos primeiros anos de trabalho na Índia, as cartas dos missionários não relatavam nada extraordinário, como por exemplo, de multidões que aceitavam o Senhor Jesus. Pelo contrário: a família Carey passava por uma desilusão atrás da outra. Depois de assistir o filme, uma missionária veterana disse que, se fosse hoje, a agência missionária provavelmente teria chamado de volta o casal Carey e, quem sabe, nem os deixaria sair ao campo. Como entender tudo isto? Carey procurava ser obediente ao chamado de Deus, mas tudo o que ele fazia parecia em vão. Além disto, o sacrifício que ele fez a sua família passar aumentava ainda mais as suas dúvidas.

Carey tinha uma fé inabalável na bondade e na providência de Deus. Mas como podia ele entender o que acontecia consigo e com sua família? Quem sabe, se fôssemos nós, talvez tivéssemos desistido logo na primeira dificuldade. Carey se mantinha firme no campo missionário porque era um “cabeça-dura” ou porque tinha fé? Suas cartas e seu diário mostram uma vida de altos e baixos. Ele desanimava muitas vezes, mas sempre renovava suas forças em Deus. Ele cria que as provações, longas e sem sentido, podiam ser usadas por Deus como alicerce para uma boa obra. Ele não podia negar o seu chamado; tudo era uma questão de obediência a Deus. Ele era um embaixador, enviado para a Índia para levar a Palavra, o único poder que podia mudar as crenças do povo e dissipar as trevas que dominavam a sua pátria adotiva. Ele já tinha visto o suficiente para pensar em voltar atrás. Mulheres sacrificavam seus filhos no Rio Ganges para pacificar os deuses; homens enfiavam agulhas e ganchos pelo corpo; viúvas eram queimadas na fogueira que consumia o cadáver do marido. Carey não podia desistir; ele sabia que a Palavra de Deus tinha poder para libertar essas almas preciosas. PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - Tiago 1:2-3 1. Como podemos entender o sofrimento dos servos de Cristo à luz da Palavra de Deus? 2. Como podemos entender a palavra de Tiago de que o sofrimento deve ser motivo de alegria? 3. Ler 2 Cor 11:23-29. Quais dos sofrimentos de Paulo eram físicos, espirituais ou relativos ao

relacionamento com outras pessoas? 4. Quais foram algumas das muitas provações que experimentou a família Carey? 5. Que influência tiveram as tribulações no caráter de Carey?

6. Carey também teve muitas dúvidas e períodos de depressão. O que o susteve e lhe deu

coragem para continuar?

7. O Dr. Richard afirma que Carey estava mais preocupado com o senhorio de Cristo do que em seus sofrimentos pessoais. Segundo ele, o ponto de vista de Carey era de que “Se a causa de Jesus Cristo é tão importante, o preço a pagar é irrelevante.” Como podemos entender essa frase de Carey?

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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8. Até que ponto deveríamos buscar o êxito como confirmação do chamado de Deus e de sua bênção sobre o nosso trabalho? O que significa ser bem sucedido no ministério? Como se pode avaliar o êxito de um servo de Deus? Como difere dos parâmetros do mundo?

O que Deus requer de nós?

9. O que podemos aprender do casamento de Carey?

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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3ª. SESSÃO – TRABALHO EM EQUIPE O Dr. Tomás, primeiro colega de trabalho de Carey, mostrou-se irresponsável e indigno de confiança. Carey teve de sobreviver sozinho numa terra estranha durante os primeiros anos. Quando chegaram reforços da Inglaterra, as circunstâncias levaram a família Carey a se mudar de lugar e a buscar proteção na colônia dinamarquesa em Serampore, onde eles reorganizaram suas vidas com base num acordo de compromisso e submissão mútua.

Os nomes de Marshman e Ward são pouco conhecidos, mas o nome de Carey converteu-se numa lenda. Suas realizações se devem à cooperação entre os membros de sua pequena equipe, que viviam juntos, compartilhavam o que tinham, reconheciam os dons de cada um e submetiam seus interesses pessoais ao ministério do grupo. Semanalmente, eles se reuniam para resolver seus problemas. Eles procuravam viver o modelo da igreja do Novo Testamento – um corpo ligado entre si, funcionando em harmonia, sabendo que o produto de todos era maior do que a soma das partes. PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - 1 Coríntios 1:10-16; 3:5-9; 12:4-13 1. A primeira carta de Paulo aos Coríntios foi dirigida aos problemas da jovem igreja, que

estava situada no porto marítimo daquela cidade grega. A divisão entre os irmãos é uma das crises a que Paulo se refere na carta. Leia com atenção as passagens citadas. O que Paulo ensina sobre o trabalho em equipe, a interdependência, o respeito mútuo e a unidade no corpo de Cristo?

2. O que significou para Carey a chegada de novos missionários ao campo? Que mudanças

podemos observar no comportamento de Carey após a chegada desses missionários? 3. Se não fosse pelo apoio que Carey recebeu da equipe missionária, você diria que teríamos

conhecido a sua história? 4. A experiência daqueles missionários era válida somente para aquela época e aquele lugar, ou

podemos aprender alguma coisa com eles sobre como desenvolver a obra missionária em outros lugares e épocas?

5. Carey convidou Krishna para comer com os crentes. O que isso significava naquela cultura?

Qual foi o significado do batismo de Krishna Pal?

6. Que oportunidades ministeriais Ana criou para a sua equipe?

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Consideremos algumas das opções para uma família missionária nos dias de hoje. Por

exemplo, a equipe missionária deve viver em comunidade, como fizeram Carey e seus colegas, ou cada família missionária deve viver num lugar diferente. Há outras opções?

2. Carey tinha razão: ser transparentes e resolver as diferenças que surgem entre os obreiros

imediatamente é sumamente importante. Vejamos 1 João 1:7, 1 Pedro 1:22 e ainda Hebreus 3:13. De que maneira mantêm nos comportamos com integridade e transparência com outros crentes? Como fazemos para manter a nossa unidade em Cristo?

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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4ª. SESSÃO – TRIUNFO A palavra triunfo aqui não tem nada a ver com triunfalismo. Mesmo em seus melhores momentos, a comunidade de Serampore teve problemas devastadores. De qualquer maneira, não podemos negar os seus frutos. As bênçãos que levaram para a região de Bengala são lembradas e respeitadas pelo povo da Índia até hoje.

Os benefícios de seu trabalho alcançaram muito além da sua área, servindo de inspiração para muitos cristãos e denominações. Seu exemplo moldou o futuro das missões evangélicas e deixou uma visão missionária que engloba todo o mundo, constituindo-se desde então num desafio permanente para todas as igrejas evangélicas.

Carey viajou meio mundo para instalar-se na Índia. Nos últimos 30 anos de sua vida, ele não viajou mais do que 30 quilômetros além de sua estação de trabalho. Mesmo assim, ele deixou um legado para o mundo inteiro que causa inveja a grandes estadistas da história. PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - 2 Coríntios 2:14-17 Paulo fala que Deus “sempre nos conduz em triunfo em Cristo Jesus”. Tomando em consideração o seu ministério, conforme Atos dos Apóstolos e as epístolas, podemos perguntar o que Paulo entende por “triunfo”.

Para ele, a vitória nunca foi fácil. Paulo se regozijava pela prosperidade do Evangelho, mesmo quando passava por muitas provações. Carey, igualmente, não chegou a ver o fim de suas tribulações, nem mesmo nos melhores dias da missão de Serampore.

1. Que princípios de cooperação encontramos em Carey e Ramohan Roy? 2. Qual é a sua opinião sobre o fato de que Carey dava grande valor à cultura indiana e sua

literatura (no que não contradiziam as Escrituras) ao ponto de crer que deviam ser retomadas e usadas apropriadamente?

3. Como podemos responder à crítica de que o cristianismo é uma crença estrangeira e que destrói a cultura nativa?

4. Carey agiu corretamente ao interferir no costume religioso do sati? Por que?

5. Com o passar do tempo, explique como Carey mudou de pensamento

a) em relação aos seus próprios dons e chamado b) quanto à razão pela qual ele se sentiu chamado para a Índia c) sobre como ele podia servir melhor aos interesses eternos do Evangelho

6. Que estratégias missionárias Carey adotaria se vivesse hoje?

“Uma chama na Escuridão” - Curso Breve

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A DIFÍCIL SITUAÇÃO MATRIMONIAL DE CAREY O filme mostra, de maneira franca e honesta, as muitas provações e o trágico relacionamento entre Carey e sua esposa Dorothy, com base em fatos históricos cuidadosamente investigados. Talvez seja uma parte do filme que algumas pessoas tenham dificuldade de entender; alguns coordenadores nos pediram que colocássemos essas informações numa perspectiva completa de sua vida e ministério.

Antes de mais nada, é imprescindível incluir esta informação se queremos mostrar uma história autêntica da vida de Carey. Como vemos no filme, Dorothy se opôs violentamente a que eles fossem para a Índia. Ela não tinha recebido um chamado missionário, como foi o caso de seu esposo. Como disse alguém, ela se tornou missionária pela força. Ela só aceitou o plano quando sua irmã Kitty concordou em acompanhá-los para ajudar. A família ia viajar dentro de 24 horas, o que não deixava muito tempo para ela fazer as malas e preparar-se para as tribulações que viriam sem que ela soubesse. Sem que ela soubesse, a família chegou a Calcutá sem os documentos necessários. Quando chegaram ao campo, as dificuldades de viver numa cultura diferente, a pobreza constante em que viviam, a criação dos filhos num ambiente estranho, disenterias crônicas, e a morte do seu filho Pedro, além de outros fatores, combinaram para acelerar a deterioração da sua saúde que a levou à loucura e à morte.

Não há uma explicação simples para o que aconteceu. Podemos ver no diário de Carey e na sua correspondência, que ele se sentia profundamente angustiado pelas aflições de sua esposa, e fez o melhor que podia para fortalecê-la e confortá-la. Apesar de que nenhum dos dois tivesse tido uma educação formal, está claro que os dons naturais de Carey o ajudaram a estudar por conta própria e alcançar um alto nível acadêmico. Ao que parece, Dorothy não sabia ler e nem escrever, o que provavelmente fez com que ela piorasse. Algumas pessoas dizem que ela já estava insatisfeita com a situação deles na Inglaterra antes de irem para a Índia, e talvez não fosse feliz em lugar nenhum, e muito menos casada com um homem que estava comprometido com uma vida inteira de ministério cristão.

A questão é complexa, mas o fato é que Carey agonizava pela angústia de sua esposa, e procurou fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para apoiá-la. Ele descartou a idéia de interná-la numa casa de saúde e decidiu cuidar dela até ao fim de sua vida. Mesmo assim, ele resolveu não voltar para a Inglaterra, como ela talvez preferisse. Ele estava entre a espada e a parede: por um lado, ele queria o melhor para a sua família, mas, por outro lado, sua convicção firme era de que ele tinha sido chamado e enviado para a Índia e Deus ia suprir todas as necessidades de sua família no campo.

O que Carey conseguir realizar só foi possível porque sua esposa e os ajudantes voluntários cuidavam das tarefas domésticas. Dorothy Carey pagou um alto preço, mas a herança que deixou alcançou os filhos. Três deles se tornaram missionários, e outro apoiou o trabalho do pai. Embora Dorothy não tenha sido feliz na Índia, nós nos lembramos dela com carinho e também de muitos outros como ela, que deixaram tudo para seguir a Cristo.

“Uma Chama na Escuridão” – Curso Completo

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UMA CHAMA NA ESCURIDÃO INTRODUÇÃO

QUEM FOI WILLIAM CAREY E

PORQUÊ FOI CHAMADO “PAI DAS MISSÕES MODERNAS” Na estação de trens de Serampore, perto da cidade de Calcutá, na Índia, há duas estátuas: uma do Mahatma Ghandi e outra de William Carey. Em Bengala Ocidental, Carey é conhecido como “O Pai do Renascimento Bengali” e “Amigo da Índia”. Junto com dois colaboradores, Carey fundou 26 igrejas, 126 escolas para crianças, e a Faculdade de Serampore, para treinar pastores e educar o povo em geral.

Em 1801, Carey imprimiu a primeira Bíblia na língua bengali. No total, ele supervisionou a tradução da Bíblia , inteira ou em porções, em 35 línguas e dialetos. Carey também lutou para abolir o costume conhecido como sati, que consistia em queimar a viúva junto com o corpo do esposo falecido, numa espécie de fogueira.

Este vídeo é baseado na vida e ministério de William Carey na Índia. Ele enfrentou muitas dificuldades, chegando a desanimar várias vezes. Seu biógrafo indiano escreveu: “Para Carey, era mais importante o senhorio de Cristo do que os seus próprios sofrimentos”. Embora ele conseguisse poucos resultados nos primeiros anos, seu ministério floresceu quando chegaram novos companheiros de trabalho. Esta maravilhosa história ilustra claramente como Deus usa pessoas imperfeitas na sua obra. Seu lema era: “Espere grandes coisas de Deus, e faça grandes coisas por ele”. Divisões do Vídeo O vídeo está div idido em 4 sessões (veja pág. 4 para mais detalhes):

1. Tarefa Missionária 2. Trabalho em Equipe 3. Tribulações 4. Triunfo

Pacto de Serampore Além do material de acompanhamento do vídeo, este manual contém uma cópia do “Pacto de Serampore”, que foi um documento de trabalho elaborado por Carey e sua equipe. O Pacto encontra-se nas páginas 38-44, seguido de um questionário para discussão em grupo.

“Uma Chama na Escuridão” – Curso Completo

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1ª. SESSÃO –TAREFA MISSIONÁRIA

Um Chamado Apaixonante - Uma Viagem Perigosa - Um Começo Difícil

Os Primeiros Anos O Dr. Timothy George escreveu: “Carey é considerado hoje como o Pai das Missões Modernas, mas, na verdade, ele era o candidato menos indicado para essa honra”. William Carey nasceu a 17 de agosto de 1761, num povoado pouco conhecido, chamado Paulerspury, no condado de Northamptonshire, na região central da Inglaterra. Paulespury era um povoado com cerca de 800 habitantes, rodeado de bosques e campos e com uma paróquia anglicana. William era o primogênito entre cinco filhos de Edmundo e Elizabeth Carey. Seu pai era um tecelão e, mais tarde, foi professor na escola do povoado e auxiliar da paróquia. Mesmo sendo de uma família pobre, William aprendeu do pai o gosto pelo estudo. Seu pai, um homem arrojado e um modelo para o seu filho, defendia a escolarização das mulheres, que, naquele tempo, eram geralmente analfabetas.

Aos 12 anos, William Carey teve de sair da escola para ganhar a vida. Começou trabalhando na agricultura, mas por um problema de pele, decidiu trabalhar como aprendiz de sapateiro. Aos 16 anos, através do testemunho de John Warr, um colega de trabalho, William aceitou a Cristo como seu salvador. Enquanto trabalhava como sapateiro, Carey preparava sermões e se informava sobre as viagens do Capitão James Cook aos mares do sul e Austrália. Foi nessa época que ele desenhou um mapa do mundo com todos os países, incluindo dados sobre sua população, religião e outros fatos. Diariamente, Carey sentia seu coração tocado por todas essas informações. Diz o Dr. Timóteo George: “No seu coração, começou a arder uma visão para o mundo inteiro; ele via um mundo vasto, que ia muito além das fronteiras de seu vilarejo na Inglaterra. Alguém disse que William Carey sentia a palavra mundo palpitar em seu coração”. Mais do que pensar, Carey sentia essas coisas como parte de seu ser e começou a perguntar-se onde ele se encaixava em tudo isso. “Ele começou a estudar sobre os morávios, um grupo de missionários que tinham levado o Evangelho à Groenlândia e ao Caribe; em sua alma nasceu um desejo profundo de incentivar outros a participarem dessa obra”. Seu Casamento Em 10 de junho de 1781, aos 19 anos de idade, Carey casou-se com Dorothy (“Dotty”) Plackett, que era 5 anos mais velha do que ele. Por ser analfabeta, ela assinou a certidão de casamento com um “x”. Para sobreviver, William abriu, em sua própria casa, uma escola noturna para as crianças do povoado. Andava por todo o condado de Northamptonshire, atendendo aos clientes da sua sapataria, procurando ganhar a vida como podia. Seu desejo de aprender era insaciável, e ele começou a estudar o grego, o hebraico e o latim, por conta própria.

“Uma Chama na Escuridão” – Curso Completo

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Amadurecimento Carey amadureceu através de seu trabalho pastoral em duas igrejas. Enfrentou, com ansiedade, problemas disciplinares em uma delas. Como pastor, teve a alegria de batizar sua própria esposa, mas experimentou também a tristeza de dirigir o culto fúnebre de sua filha Lucy, que morreu antes de completar o segundo ano de vida. Outra filha, Ana, morreu tempos depois, também aos dois anos de idade.

Sua congregação batista na cidade de Leicester decidiu consagrar alguns dias para o jejum e a oração. Como resultado, a igreja cresceu e Carey começou a visitar as cidades vizinhas, colocando mais empenho em seu trabalho de evangelização. Ele uma vez confessou ao seu pai: “Só de pensar que um ser humano pode morrer eternamente devia nos incentivar a usar todas as nossas forças e ocupar o nosso tempo. A situação é urgente. Trabalhemos incansavelmente até que não reste uma única alma sem Cristo em todo o mundo”.

Para nós, hoje, é difícil imaginar que há pouco mais de 200 anos, as igrejas protestantes em geral não se interessavam pelas missões. Os crentes se ocupavam em discutir assuntos teológicos e tinham pouca motivação para levar a mensagem de Cristo aos milhões de seres humanos que nunca tinham ouvido o Evangelho.

Para Carey, a situação estava muito clara. Não podemos desfrutar dos benefícios do Evangelho sem assumir as suas responsabilidades. A ordem que Jesus entregou aos apóstolos, de levar o Evangelho ao mundo inteiro, é uma obrigação para todos os crentes, em todas as épocas. Carey tentou persuadir seus colegas sobre a importância dessa obra, mas eles riam-se dele e desprezavam suas idéias. A Grande Comissão, eles diziam, tinha sido dada por Jesus aos apóstolos e à Igreja Primitiva, mas não era mais relevante para a igreja da sua época. Em certa ocasião, numa reunião de pastores, William Carey se levantou e pediu que se fizesse um estudo especial sobre a necessidade de levar o Evangelho ao mundo inteiro. O ministro presidente disse: “Sente-se, jovem! Quando Deus quiser converter os pagãos, ele o fará sem você e sem mim!” Mas Carey não se rendia.

Carey Publica o Panfleto “Levantamento sobre a Obrigação dos Crentes” O Dr. Timothy George comentou:

William Carey expressou suas idéias num panfleto que se transformou no manifesto do movimento missionário moderno. O título desse panfleto é bastante longo, e foi publicado em 1792 na cidade de Leicester [pronuncia -se “Léster”], onde Carey era pastor. O título do panfleto era: “Levantamento sobre a Obrigação dos Crentes de Usar Meios para a Conversão dos Pagãos, Considerando a Situação Religiosa das Diferentes Nações do Mundo, o Sucesso dos Esforços Evangelísticos Anteriores e a Possibilidade de Novos Empreendimentos – Escrito por William Carey”. Esse panfleto foi um resumo impressionante dos seus pensamentos e dos dados por ele levantados. Podemos dizer, de certa maneira, que William Carey inventou a pesquisa moderna sobre as missões; ele fez levantamentos de dados sobre as populações, grupos religiosos e até os climas nas diferentes regiões do mundo, para compor uma visão para os crentes de sua época. Logo após a introdução, Carey apresenta no seu panfleto um levantamento de grande

impacto, com base numa pesquisa minuciosa, analisando, com profunda convicção espiritual, cinco temas:

“Uma Chama na Escuridão” – Curso Completo

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1. O significado da Grande Comissão - Mateus 28:19-20 e Atos 1:8. 2. Precedentes históricos de como o Evangelho avançou, começando em Jerusalém e

chegando aos rincões do Império Romano e às regiões da Ásia, Europa, Groenlândia, Caribe, Ilha de Java e o Cabo da Boa Esperança (África do Sul), desde o século I até ao tempo de Carey.

3. Um levantamento sobre o mundo: Europa, Ásia, África e o Continente Americano. Ele incluiu dados que tinha coletado durante dez anos sobre as populações, as religiões e a geografia. Esse levantamento foi um precursor da Enciclopédia Cristã Mundial (editada por David Barrett) e do livro Operação Mundo (editado por Patrick Johnstone).

4. Os obstáculos para as missões: o barbarismo das populações “incivilizadas”, os perigos da vida missionária, as dificuldades de levantar sustento e de aprender um novo idioma.

5. A obrigação dos crentes de promover a causa das missões. O apelo final de Carey feito aos ministros batistas do condado de Northamptonshire dividia -

se em quatro partes: a) Um chamado à oração e à renovação teológica; b) A necessidade de um plano e de uma equipe de crentes dedicados para realizar a obra; c) A obra missionária exige (i) intercessores; (ii) planejadores; e (iii) doadores; cada crente

tem algo a contribuir; d) O chamado a ir ao campo. A visão de Carey se aprofundou no decorrer dos dez anos em que ele fez pesquisas para o seu

panfleto. Suas mensagens continham palavras de ordem que se encontram na Palavra de Deus: “Ouvi-me!” (Is. 51:1, 4); “Desperta!” (Is. 51:9, 17); “Levanta-te!” (Is. 52:2); “Canta!” (Is. 54:1); “Vinde!” (Is. 55:1).

Reação dos Ministros Batistas à Mensagem de Carey Em junho de 1792, Carey pregou uma poderosa mensagem perante a Associação de Pastores de Nottingham, Inglaterra, com o tema “Esperem grandes coisas de Deus, e façam grandes coisas para ele”, baseada em Isaías 54:2-3. Os ministros já tinham recebido seu panfleto intitulado “Levantamento Sobre a Obrigação dos Crentes”. Agora eles precisavam agir. Com relutância, a Associação Batista de Northamptonshire tomou a seguinte resolução: “Que se prepare um plano para a próxima reunião, com vistas a formar uma Sociedade Batista para a Propagação da Fé entre os Pagãos”.

Finalmente, no mês de outubro, o Rev. André Fuller, grande amigo de Carey, hospedou a reunião dos ministros. Catorze homens (doze pastores, um leigo e um estudante de seminário) se reuniram para orar e considerar o passo seguinte. A maioria era de pastores jovens, que trabalhavam em vilarejos distantes dos centros de poder e influência; apenas um deles era um homem de posses. O que se podia esperar de um grupo tão insignificante? Naquele momento de indecisão, Carey leu diante deles a edição mais recente do Informe Periódico das Missões dos Morávios, que noticiava como eles estavam ganhando escravos do Caribe para Cristo, edificando sobre o trabalho de Davi Brainerd entre os indígenas norte-americanos, e enviando novos obreiros para a África e o Extremo Oriente. Carey fez, então, a seguinte pergunta: “Será que os batistas não podem levar o Evangelho ao mundo pagão?”

Uma vez mais, Carey levou seus ouvintes vacilantes a uma decisão—de formar uma Associação Missionária Batista. Naquela noite, o grupo se comprometeu a contribuir com pouco

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mais de 13 libras esterlinas. Era uma pequena quantia, mas representava as primícias de uma grande colheita futura. Foi um grande chamado à obra missionária, e formou-se uma sociedade para a propagação do Evangelho entre todos os povos.

Mas, quem iria? William Carey disse aos seus amigos na Inglaterra: “Eu descerei ao poço, se vocês sustentarem as cordas”. Novos Começos Na terceira reunião da nova Sociedade, eles discutiram os seguintes temas: (a) os requisitos de um missionário; (b) candidatos em potencial; e (c) possíveis aberturas para a obra missionária. Carey tinha acabado de receber uma carta do Dr. João Thomas, que tinha trabalhado na Índia entre a população Bengali.

Anteriormente, Carey tinha pensado em promover uma iniciativa missionária no Haiti. As histórias dos mares do sul, narradas pelo Capitão Cook, chamavam a sua atenção. Nesse tempo, Thomas estava em Londres, procurando estabelecer um fundo para uma missão a Bengala. Thomas buscava um companheiro missionário para acompanhá-lo em sua viagem de regresso. Carey e Thomas logo se identificaram no desejo de trabalhar juntos.

Os líderes da missão estavam de acordo com o plano, mas a esposa de Carey, Dorothy, resistiu fortemente aos projetos missionários do marido. Ela havia dado à luz a seis filhos, dois dos quais já haviam morrido; a família vivia no limite da pobreza. Ela estava decidida a não sair de sua terra para ir a um país desconhecido. Assim, Carey se preparou para ir sem ela, levando o filho, Félix, de 8 anos, planejando regressar para levá-la junto com os outros filhos mais tarde. Mas, eles não puderam viajar no primeiro navio porque não tinham os documentos em ordem. Enquanto esperavam os documentos e a saída de outro navio, o Dr. Thomas convenceu Dorothy a viajar com a família, levando todos os filhos, inclusive o menor, de seis meses de idade. Ela só resolveu a ir porque sua irmã mais velha, Catarina (chamada Kitty), estava disposta a ir junto para ajudá-la a cuidar das crianças e dos trabalhos domésticos. Depois de muitas dificuldades e milagres da graça de Deus, a família Carey e o Dr. Thomas zarparam num navio dinamarquês rumo a Calcutá, no dia 13 de junho de 1793. Esse foi o princípio de uma nova época na história do movimento cristão mundial. Novo Começo em Calcutá O percurso de navio, que durou cinco meses, foi atribulado. As duas irmãs se sentiram mal durante quase toda a viagem. A bordo, Carey aproveitou para aprender a língua Bengali, sentindo que Deus colocara em seu coração a visão de traduzir as Escrituras para o idioma falado por muitos habitantes da Índia.

Ele viajou para a Índia sem a permissão da Companhia das Índias Orientais. Essa companhia era um monopólio que controlava o acesso ao território e proibia a entrada de missionários, por medo de que a presença deles afetasse os seus negócios. Assim, Carey teve de entrar ilegalmente no território indiano.

Chegando a Calcutá, Carey enfrentou muitos desapontamentos. Seu companheiro, o Dr. Thomas, além de não preparar a documentação adequada, tinha errado nos cálculos sobre o custo de vida no país. Thomas pensava que podia ganhar dinheiro vendendo produtos britânicos, mas logo sofreu uma decepção. Carey ficou chocado com o rápido esgotamento dos fundos de reserva por causa dos erros do Dr. Thomas, mas continuava declarando: “Estamos aqui como embaixadores de Cristo”.

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O Dr. Ramesh Richard comentou o seguinte:

A questão da família que acompanha um homem chamado por Deus para a obra missionária é um tema crucial para os que estão no ministério, e não apenas para o missionário. É um assunto que afeta qualquer pessoa, em qualquer área da vida. Se um homem se sente chamado a uma carreira política, sua esposa e filhos também devem ser chamados para a política? Se um homem se sente chamado a ser comerciante ou advogado, sua família também deve ser chamada ao mundo dos negócios ou à advocacia? Esta é uma questão transcendental. No meu entender, devemos distinguir entre um chamado e as demais obrigações da vida. O chamado de Carey era como o chamado dos missionários morávios. O Conde Zinzendorf, líder dos morávios, disse certa vez: “Só tenho uma paixão: Cristo, e somente Cristo”. Toda vez que substituirmos nossa paixão por Cristo por outra dimensão – por exemplo, a família, o cônjuge, ou a profissão – imediatamente caímos na idolatria, e creio que isto se torna uma luta constante para o resto da vida.

Quanto à questão se a esposa ou a família devem ser chamados ao ministério do esposo, seria maravilhoso se todos fossem chamados, mas temos situações tão antigas como, por exemplo, o caso de Abraão. Não sei se Sara foi chamada para deixar Ur dos caldeus, mas Pedro faz uma declaração extremamente importante a respeito. Diz ele que Abraão foi chamado por Deus, enquanto que Sara, por ter sido chamada ao matrimônio, se dispôs a seguir Abraão (1 Pedro 3:6), e creio que isso foi o que aconteceu com Carey.

O preço deste tipo de compromisso é o seguinte: os laços do matrimônio não podem ser rompidos, e não creio que Carey quis rompê-los, como de fato não o fez. Quando sua esposa estava enferma, ele disse que não a colocaria numa casa de saúde. Se os laços do matrimônio não podem ser desfeitos, não se pode fugir do chamado de Deus tampouco; o laço do matrimônio deve se submeter ao chamado de Deus. É por isso que eu disse anteriormente que a visão de Carey o conquistou e o levou a criar estratégias e a preparar-se para o trabalho missionário.

Cronologia da Vida de William Carey

1761 – Nasce em 17 de agosto em Paulerspury, Northamptonshire, Inglaterra. 1775 – Torna-se aprendiz de sapateiro. 1781 – Casa-se com Dorothy (Dotty) Plackett. 1782 – Inicia seu pastorado, pregando a cada quinze dias. 1785 – Assume o ministério em tempo integral, em regime de experiência, na Igreja Batista

de Moulton. 1787 – É ordenado ao pastorado; batiza sua esposa. 1790 - Assume o pastorado da igreja em Leicester. 1792 - Publica seu panfleto intitulado “Levantamento Sobre a Obrigação dos Crentes”; ajuda

a fundar a Sociedade Missionária Batista. 1793 - Sai da Inglaterra no dia 13 de junho, com sua família e viaja de navio para a Índia. Ele

tinha 32 anos de idade. Nunca voltou ao seu país, passando os restantes 41 anos de sua vida levando a mensagem de Deus aos habitantes da Índia.

1793 – Em 11 de novembro, a família Carey chega a Calcutá. 1797 – Carey termina a primeira versão do Novo Testamento na língua Bengali.

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1800 – Carey muda-se para a cidade de Serampore, a convite dos dinamarqueses. Ali estabeleceu uma missão e uma publicadora. Batiza Krishna Pal, o primeiro hindu convertido através do seu trabalho.

1801 – A Serampore Press publica a primeira edição do Novo Testamento em Bengali. Carey é aceito como professora na Escola Fort William em Calcutá.

1807 – Morre Dorothy. 1808 – Carey casa-se com Charlotte Rumohr. 1812 – Um incêndio no depósito da missão destrói o dicionário poliglota de Carey, e também

dois livros de gramática e duas versões da Bíblia. 1813 – O esforço missionário de Carey na Índia resultou na aprovação pelo Parlamento

britânico da “Ata da Índia”, por iniciativa de William Wilberforce, famoso político evangélico britânico. Esse decreto abriu as portas da Índia e outros territórios do Império Britânico aos missionários.

1819 – Fundação da Faculdade de Serampore, que recebe 37 alunos. Publicação da Bíblia em sânscrito.

1821 – Morre Charlotte. 1823 – Carey casa-se com Grace Hughes. 1834 - Carey morre no dia 9 de junho, aos 72 anos de idade. Na sua lápide se lê: “Um verme

miserável, pobre e inútil, descanso em teus braços de amor” [palavras tiradas de um hino escrito por Isaac Watts].

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QUESTIONÁRIO DA 1ª. SESSÃO TAREFA MISSIONÁRIA

Isaías 45:2-3 e 54:2-3

Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortuosos, quebrarei as portas de bronze e despedaçarei as trancas de ferro; dar-te-ei os tesouros escondidos e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o senhor, o Deus de Israel. Que te chama pelo teu nome.

Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças;

alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas.

Estes versículos contêm promessas que Carey aplicou à sua vida. Ele pregou um sermão baseado nestes versículos perante a Associação de Ministros de Nottingham, quando disse: “Esperemos grandes coisas de Deus, e façamos grandes coisas por ele”. Os ministros já tinham recebido cópias do seu panfleto “Levantamento sobre a Obrigação dos Crentes” e Carey os exortou a fazer algo concreto. Sem muito entusiasmo, a Associação Batista de Northamptonshire adotou a seguinte resolução: “Que se prepare um plano para o próximo encontro, com vistas a formar uma Sociedade Batista para a Propagação da Fé entre os Pagãos”.

PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - Isaías 45:2-3 e 54:2-3 1. Que ensina a Palavra de Deus sobre a responsabilidade de todos os crentes de levar o

Evangelho ao mundo inteiro? (Leia Mateus 28:19-20 e Atos 1:8.) Este mandato é opcional? 2. Por que Carey não era o candidato ideal para o título de “Pai das Missões Modernas”? Que

qualidades deve ter um candidato ideal? 3. Carey estava plenamente convencido do chamado de Deus. Deus tem um chamado para cada

crente? Por que? Quais são os elementos básicos para podermos discernir o chamado de Deus na nossa vida?

4. Qual é o papel da igreja na confirmação do chamado de uma pessoa? 5. Como podemos resolver o aparente conflito entre o chamado de Deus e as demais

responsabilidades que temos (como, por exemplo, família, trabalho, etc.)? O Dr. Ramesh Richard diz o seguinte: “O laço matrimonial não pode ser cortado, mas o chamado de Deus não pode ser evitado; o laço do matrimônio deve submeter-se ao chamado de Deus”. Como podemos entender este tipo de situação? Hoje em dia, quando um casal está considerando o chamado missionário, tanto um quanto o outro devem receber um chamado claro de Deus. Qual a sua opinião sobre isto? Leia 1 Pedro 3:6.

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QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Na narrativa da conversão do apóstolo Paulo em Atos 22:1-10, que decisão firme se nota no

versículo 10? 2. Como Carey entendia o fato de que Cristo era o senhor de sua vida?

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2ª. SESSÃO - TRIBULAÇÕES

Uma Descoberta Incrível - Um Preço Terrível - Enfrentando as Dúvidas

Tribulações Naquela época, uma carta levava meses para ir da Inglaterra à India. Nos primeiros anos de trabalho, não houve cartas entusiasmadas dos missionários à sua base na Inglaterra contando de multidões que aceitavam o Senhor. Pelo contrário: a família Carey passava por uma desilusão atrás da outra. Depois de assistir ao filme, uma missionária veterana disse que, com os casamentos mal feitos de hoje em dia, a agência missionária provavelmente teria chamado de volta o casal Carey e, quem sabe, talvez nem os deixasse sair para o campo.

O que estava acontecendo? Carey era um homem que procurava ser obediente ao chamado de Deus, mas seus esforços pareciam em vão. Por outro lado, o preço que a sua família estava pagando só aumentava as dúvidas de Carey. Seu ministério entre os hindus e muçulmanos era mais difícil ainda por falta de resultados visíveis na sua pregação. Certa vez ele escreveu em seu diário:

Sinto-me como um agricultor em relação à sua colheita. Às vezes tenho a impressão de que a semente está brotando, e tenho esperança. Em pouco tempo, porém, perde-se tudo e minhas esperanças desaparecem como as nuvens. O broto era apenas um arbusto; quando uma semente começa a brotar, morre rapidamente, sufocada pelas ervas daninhas ou secada pelo sol da perseguição. Mesmo assim, espero em Deus e sigo em frente, confiado em sua fortaleza e fazendo menção unicamente da sua retidão.

Carey tinha uma fé inabalável na bondade e na providência de Deus. Mas como entender o

que acontecia a ele e à sua família? Se fôssemos nós, quem sabe tivéssemos voltado para casa. Por que Carey se mantinha firme no campo missionário, apesar de tudo? Porque era um “cabeça-dura” ou porque tinha fé? Suas cartas e seu diário mostram uma vida de constantes altos e baixos. Ele desanimava muitas vezes, mas sempre se renovava na força de Deus. Ele cria que Deus podia usar as provações, que pareciam intermináveis e sem sentido, como alicerce para uma boa obra. Ele não podia negar o seu chamado. Tudo era uma questão de obediência a Deus. Ele era um embaixador, enviado à Índia para levar-lhe a Palavra, o único recurso que podia afugentar a superstição e as trevas que dominavam a sua pátria adotiva. Ele já tinha visto o bastante para pensar em desistir e voltar atrás. Mulheres sacrificavam seus filhos no Rio Ganges com o intuito de apaziguar os seus deuses. Homens enfiavam ganchos pelo corpo como sacrifício religioso. Além disto, havia o costume de queimar a viúva na mesma fogueira em que queimavam o cadáver do marido. Carey não podia ser indiferente; ele sabia que a Palavra de Deus tinha poder para libertar suas almas.

O Dr. Timothy George escreveu: Carey sofria de solidão e desânimo constantes, e às vezes caía num estado depressivo. O que o sustentava naqueles momentos tão difíceis? As Escrituras, sem dúvida. Ele estava traduzindo a Bíblia aos idiomas da Índia: ao idioma Bengali e a outros idiomas da região.

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Mas Carey não era apenas um erudito bíblico, ou um técnico, ou um tradutor. Ele também se alimentava, como crente, ao ler os salmos, e estudava as palavras de Jesus e do apóstolo Paulo. E porque vivia das Escrituras cada dia, Deus o sustentava quando ele andava pelo vale da sombra de morte.

Além da Bíblia, Carey levava consigo outro livro que lhe trouxe muito consolo: o diário de Davi Brainerd, missionário entre os índios norte-americanos. Logo após a morte de Brainerd, aos 32 anos de idade, Jonathan Edwards publicou o seu diário. Na sua viagem de navio da Inglaterra para a Índia, William Carey levou consigo um exemplar desse livro e, diariamente, ele o lia, encontrando grande consolo nas lutas de Brainerd e de outros, que o precederam na família da fé. E, sem dúvida, ele também se refugiava na oração. Todos os domingos, exatamente na hora que Carey sabia que seus amigos estavam orando por ele na Inglaterra, ele dizia que sentia uma grande força e a firme convicção de que ele não estava sozinho. Ele sabia que na sua cidade natal, seus amigos e irmãos lembravam-se dele, apresentando o seu nome diante do Pai Celestial.

No meio de tudo, William Carey continuava confiando em Deus e avançando com a visão que Deus lhe havia dado. Ele confessou o seguinte em seu diário: “O que eu estou passando é o vale da sombra da morte. Mas a minha alma é muito mais insensível do que a do Peregrino (o personagem do livro de João Bunyan). O que eu não daria por um amigo compreensivo, como os que eu tive na Inglaterra, com quem eu pudesse abrir meu coração! Apesar de tudo, eu me alegro em estar aqui e porque Deus está aqui também; ele não somente é um Deus de misericórdia, mas é o único que pode nos sustentar até o fim”. Esta era a fé que sustentava William Carey em suas noites mais escuras.

O Casamento de Kitty e o Aumento de Suas Tribulações A irmã de Dorothy, Kitty, aceitou ir à Índia, mas compartilhava com ela uma grande resistência à vida missionária. Com o passar do tempo, ela conheceu Charles Short, um oficial da Companhia das Índias Orientais, e casou-se com ele. Após algum tempo, Short se entregou ao Senhor, depois de muitas conversas com Carey. Mas, com isso, as duas irmãs se separaram. Dorothy, então, sentiu-se tomada de grande solidão. Diariamente, Carey sentia a pressão de viver entre o seu trabalho e o cuidado de sua esposa. O Enterro do Filho Pedrinho Pedrinho, seu filho, estava se recuperando de uma febre, quando teve uma recaída e morreu, vítima de uma disenteria violenta. Tinha apenas 5 anos de idade. “Nós tivemos que enterrá-lo naquele mesmo dia”, lembrava Carey. Mesmo havendo carpinteiros na fábrica de sal que ficava ao lado da missão, o próprio Carey teve de construir o caixão e pediu a ajuda de 4 muçulmanos para cavar o túmulo. Esse foi outro acontecimento que pesou na loucura de Dorothy. Nenhum dos 200 ou 300 empregados que trabalhavam na fábrica estava disposto a carregar o caixão. Por fim, dois dos servos que pertenciam à casta mais baixa, carregaram o caixão e o protegeram dos chacais. (Os hindus não enterram os seus mortos; eles os incineram ou os jogam no rio, para serem devorados por aves ou peixes.)

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A Difícil Situação Matrimonial de Carey O filme trata de maneira honesta e franca das muitas provações e o trágico relacionamento de Carey e sua esposa Dorothy, com base em fatos históricos cuidadosamente pesquisados. Talvez seja uma parte do filme que algumas pessoas tenham dificuldade de entender. Alguns coordenadores pediram que incluíssemos alguns comentários para que se possa entender essas informações numa perspectiva correta.

Primeiro, devemos dizer que é imprescindível incluir esta informação se queremos contar uma história autêntica da vida de Carey. Desde o começo, foi difícil para Dorothy agüentar as dificuldades da vida missionária. Como vemos no filme, Dorothy se opôs a que sua família fosse para a Índia. Ela não tinha recebido um chamado missionário como o seu esposo. Ela se tornou, como disse alguém, uma missionária relutante. Ela só aceitou a idéia de viajar à Índia quando sua irmã, Kitty, concordou em acompanhá-los, conforme uma sugestão inteligente do Dr. John Thomas, amigo e colega missionário. A família ia viajar dentro de 24 horas, que era pouco tempo para ela fazer as malas e preparar-se para as grandes tribulações que viriam. Sem que ela soubesse, eles viajaram a Calcutá sem os documentos necessários. Quando chegaram ao campo, as dificuldades de viver numa cultura diferente, a pobreza que constantemente os rondava, a criação dos filhos num ambiente estranho, com disenteria crônica e a morte do filho Pedrinho, além de outros fatores, pioraram a situação, que finalmente a levou à loucura e à morte. Todas essas situações, juntas, fizeram com ela fosse incapaz de enfrentar a realidade. No dia 8 de dezembro de 1807, Dorothy morreu, após uma febre prolongada. Tinha 25 anos de casada, a maior parte dos quais vividos na Índia, junto com o esposo e os filhos. “Sua morte foi tranqüila”, escreveu Ward em seu diário.

Não há uma explicação simples para o que aconteceu. Podemos ver no diário de Carey e na sua correspondência, que ele se sentia profundamente angustiado pelas aflições de sua esposa, procurando fazer o melhor que podia para fortalecê-la e confortá-la. Apesar do fato de que nenhum dos dois tivesse tido uma educação formal, está claro que os dons naturais de Carey o ajudaram a aprender com rapidez e alcançar um alto nível intelectual. Ao que parece, Dorothy não sabia ler e nem escrever. Isso deve ter-lhe causado muita angústia. Alguns dizem que ela já estava insatisfeita com sua situação na Inglaterra, mesmo antes de ir para a Índia, e talvez não fosse feliz em lugar nenhum, muito menos casada com um homem comprometido com uma vida inteira de ministério cristão.

Não há respostas simples. O que podemos dizer é que Carey se atormentava pela angústia de sua esposa, e procurava fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudá-la. Ele percebeu que sua esposa não era totalmente responsável por sua triste condição. Ele descartou a idéia de interná-la numa casa de saúde e cuidou dela até o fim. A missionária Ana Marshman foi o instrumento usado por Deus para cuidar de Dorothy com amor e de seus 4 filhos, como se fosse a mãe deles. Ao aproximar-se a morte de Dorothy, William se sentiu tocado pelo apoio carinhoso que seus filhos deram a Dorothy e a ele também.

Ele estava dividido entre a sua preocupação com o bem-estar de sua família e sua firme convicção de que ele tinha sido chamado e enviado para a Índia e de que Deus havia de suprir todas as suas necessidades naquele país. Evidentemente, Carey sofreu com todos os problemas enfrentados por sua família, especialmente por ter tirado Dorothy de sua terra. A irmã dela, Kitty, acusava Carey de ter obrigado a família a passar dificuldades na Índia. Carey vivia numa tensão entre seu amor à família e seu bem-estar, de um lado, e seu propósito de obedecer à vontade de Deus, acima de tudo. Ele não levou a família de volta à Inglaterra, como a esposa queria. Para o bem da Índia, foi bom que eles não tivessem voltado. A maneira como Carey cuidou da esposa não tinha paralelo nas práticas religiosas da Índia daquela época. Sem dúvida, a família Carey foi

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uma entre muitas famílias missionárias que tiveram de dizer adeus a familiares, amigos e sua terra natal, para atender ao chamado de Deus para lugares distantes.

Como William Carey enfrentou essas situações tão difíceis? Em parte, dedicando-se aos filhos. Certa vez, escreveu a suas irmãs na Inglaterra: “As crianças estão bem; são bons garotos: Félix é tipógrafo e William, encadernador.” Carey também se concentrava no que fazia: “Eu trabalho com todas as minhas forças para terminar esta tradução”.

Em meio a circunstâncias que ele não podia controlar, Carey continuava esperando em Deus, e escreveu a suas irmãs novamente: “Deus não aflige nem entristece de propósito a seus filhos, mas permite que um propósito importante se cumpra através da tribulação”. E acrescentou: “Não olhem apenas o lado escuro das coisas; examinem o outro lado e vejam que Deus cumpre o que promete”.

Carey só podia fazer o que fez porque sua esposa, e as pessoas que amorosamente a ajudavam, se ocupavam dos afazeres domésticos. Dorothy Carey pagou um alto preço, mas seu legado se estendeu aos filhos. Três deles foram missionários e um quarto apoiou o ministério de Carey. Embora a sua experiência na Índia não fosse agradável, ela é lembrada, juntamente com todos os que, em gerações posteriores, seguiram o exemplo dos que deixaram tudo, como disse Jesus, para segui-lo.

Maior Confiança na Fidelidade de Deus Carey acreditava na providência de Deus e se preocupava em ser obediente ao seu chamado. Porém, durante seis anos ele não viu fruto, nem um único convertido! Parecia que o seu trabalho era um fracasso. Ele escreveu a suas irmãs: “A onisciência de Deus é um tema precioso para um crente que ora – como são todos os demais atributos de Deus. Sou infrutífero e quase inútil, mas a Palavra e os atributos de Deus são a minha esperança, confiança e alegria”.

O Dr. Ramesh Richard comentou: Eu diria que Carey estava mais interessado no senhorio de Cristo do que nos seus próprios sofrimentos. Penso que é bom escutarmos isso. Fala -se muito sobre o êxito e a importância das pessoas; o tema da espiritualidade me atrai, mas o senhorio de Cristo ultrapassa e vence qualquer dificuldade quando o obedecemos. Eu diria que a atitude de Carey vai além de limitações culturais ou temporais. Também chamo a atenção ao preço da obediência. Se a causa de Cristo é importante, então o preço a pagar é, de certo modo, irrelevante. Este preço a pagar inclui todas as áreas da vida, seja o casamento, seja a vocação, sejam as aspirações do obreiro. Talvez haja aqui algumas lições espirituais que podemos aprender de Carey.

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QUESTIONÁRIO DA 2ª. SESSÃO TRIBULAÇÕES

PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - Tiago 1:2-3

“Irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”.

1. Como podemos entender o sofrimento dos servos de Cristo à luz da Palavra de Deus? 2. Como pode Tiago falar do sofrimento como algo que produz alegria? 3. Ler 2 Coríntios 11:23-29. Que sofrimentos de Paulo eram físicos, espirituais ou oriundos do

relacionamento com outras pessoas? 4. Quais foram algumas das muitas provas pelas quais passou a família Carey? 5. Que influência tiveram as provações no caráter de Carey? 6. Carey passou por muitas dúvidas e estados de depressão. O que o susteve e lhe deu coragem

para continuar? 7. O Dr. Richard afirma que “Carey estava mais interessado no senhorio de Cristo do que em

seus próprios sofrimentos”. E acrescentou que o ponto de vista de Carey era de que “se a causa de Jesus Cristo é tão importante, o preço a pagar é irrelevante”. O que pensamos sobre isto?

8. Até que ponto devemos buscar a prosperidade ou o sucesso como sinal de confirmação do chamado de Deus ou como prova de que Ele está abençoando o nosso ministério? O que significa ter êxito? Como se pode medir o êxito de um servo de Deus? Em quê é diferente dos padrões do mundo? O que Deus requer de nossa vida?

9. Que podemos aprender das experiências do casamento de Carey?

QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. William Carey queria que a família cristã fosse modelo neste mundo, seja localmente, seja de

forma global. Qual é a importância deste tema? 2. 1 Pedro 3:7 diz: “Maridos, … vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo

consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações”. Como se pode aplicar este versículo ao casamento?

3. O que faz com que os servos de Deus não desistam e nem abandonem sua missão? 4. A maneira como Carey sustentava o seu ministério era única. Discutir as possibilidades de

sustento hoje em dia – “fazer tendas” em países de acesso restringido ao Evangelho, a idéia de desenvolver uma comunidade cristã, e outras possibilidades.

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3ª. SESSÃO – TRABALHO EM EQUIPE

Mais Uma Mudança - Formação da Equipe - Finalmente, Resultados

O Trio de Serampore Desde o começo, Carey acreditava que os missionários não deviam trabalhar sozinhos. O primeiro companheiro de Carey, o Dr. Thomas, mostrou ser indigno de confiança e irresponsável. Carey teve de sobreviver sozinho numa terra estranha durante os primeiros anos; mas ele orou para que Deus enviasse obreiros para a seara, que se juntassem a ele na missão de dar o Evangelho para a Índia. Após sete anos naquele país, essa oração foi respondida, quando no dia 1º. de dezembro de 1799, William Ward chegou da Inglaterra. Ward era tipógrafo, e usou todo o seu conhecimento sobre gráfica para imprimir o Novo Testamento Bengali que William Carey tinha completado. Logo, outros dois indivíduos extraordinários, Josué e Ana Marshman, que tinham sido professores na Inglaterra, se juntaram a eles. Eles trouxeram consigo a visão de um ministério educacional para o povo da Índia.

No começo de 1800, e com os reforços que chegaram da Inglaterra, as circunstâncias fizeram com que Carey e sua família se deslocassem para buscar proteção contra a Companhia das Índias Orientais. Eles encontraram refúgio na região de Serampore, distante cerca de 20 Km de Calcutá, e que estava sob jurisdição do governo dinamarquês. A Dinamarca ajudou os missionários a comprar um terreno, que serviu de habitação para as famílias, além de abrigar uma capela, um refeitório, uma oficina gráfica e um internato escolar.

Os nomes de Marshman e Ward são pouco conhecidos, mas o nome de Carey tornou-se uma lenda. O que Carey realizou deve-se, em grande medida, à cooperação entre os três homens, que viviam juntos, comiam juntos, compartilhavam seus recursos, reconheciam os dons uns dos outros, e subordinavam seus interesses pessoais ao ministério da equipe. Duas vezes por dia, toda a comunidade missionária se reunia para leitura bíb lica e oração. Nas noites de sábado, discutiam temas do trabalho e resolviam as diferenças e conflitos que surgiam entre eles. Honestidade, intimidade e igualdade eram as palavras de ordem daquela comunidade. Agir assim era arriscado no começo, porque nenhum deles tinha vivido daquela forma antes. Ward dizia: “Eu tremo de medo de viver como vivemos; uma pessoa com o temperamento errado poderia transformar nossa existência num inferno”.

Eles procuravam seguir o modelo da igreja no Novo Testamento – como um corpo interligado, no qual os membros desempenham suas funções em unidade, tornando-se maior do que a soma das partes. Dali em diante, a visão de Carey começou a realizar-se: Ward ficou com a responsabilidade da gráfica e o casal Marshman se encarregou da parte de educação e evangelização. Durante anos, o trio se tornou inseparável, enfrentando juntos as provações e alegrando-se juntos na colheita.

Juntos eles redigiram o “Acordo de Serampore”, com onze declarações de propósito, que determinavam a base do seu trabalho missionário e definiam o que eles queriam realizar juntos na Índia. A seguir, apresentamos um resumo das declarações do Acordo de Serampore:

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1. Colocar um valor infinito na alma humana; 2. Procurar conhecer as armadilhas que controlam as mentes das pessoas; 3. Abster-se de qualquer barreira que aprofundasse o preconceito dos indianos contra o

Evangelho; 4. Estar atento a toda oportunidade de fazer o bem ao povo; 5. Pregar a Cristo crucificado como o meio principal de conversão; 6. Estimar e tratar os indianos como iguais; 7. Proteger e edificar as multidões que viriam como frutos da colheita; 8. Cultivar os dons espirituais dos convertidos, exortando-os a cumprir a Grande Comissão,

certos de que somente os indianos podem ganhar a Índia para Cristo; 9. Trabalhar incansavelmente na tradução das Escrituras; 10. Cuidar diligentemente da vida espiritual interior; 11. Dar-nos, sem reservas, à causa de Cristo, não considerando nada como propriedade

nossa, nem mesmo a roupa do corpo.

Em 24 de abril de 1800, a irmandade de Serampore celebrou um Dia de Ações de Graças, numa reunião de dedicação dos edifícios, constituindo-se numa igreja Batista, tendo Carey como pastor e Marshman e Ward como diáconos. Analisando o tempo que haviam passado juntos e as tribulações que tinham enfrentado, eles puderam ver a mão de Deus unindo os seus corações numa comunidade admirável, que tornou-se uma das mais impressionantes realizações da história das missões.

O Dr. Timothy George comenta:

William Carey não permitia que um convertido oriundo do Hinduismo fosse batizado até que estivesse disposto a compartilhar uma refeição com a comunidade cristã de Serampore. Isso significava que a pessoa tinha de romper as normas de sua casta, o que era considerado uma quebra de protocolo e falta de educação para as pessoas daquela época. O fato de Krishna Pal, um carpinteiro hindu, ter colocado sua confiança em Cristo como salvador e ter decidido obedecer-lhe através do batismo, foi uma ocasião muito especial. William Ward esteve presente naquele dia de dezembro de 1800, quando a congregação reuniu-se na beira do rio para o batismo de Krishna Pal, e assim descreveu o evento no seu diário: “Hoje, após o culto em inglês no qual eu preguei sobre o batismo, nos dirigimos à beira do rio bem em frente ao nosso portão, onde o governador e um bom número de europeus e portugueses, além de muitos Hindus e Muçulmanos se fizeram presentes. Cantamos um hino. Carey falou, em língua Bengali, enfatizando que não críamos que a água é sagrada, mas que é simplesmente água comum. Anunciou que um deles estava para ser batizado, professando por meio daquele ato que renunciava aos seus pecados e se revestia de Cristo. Depois de orar, Carey desceu ao rio e baixando Krishna Pal às águas, batizou-o falando em Bengali. Reinou completo silêncio. O governador não conteve as lágrimas, e quase todos sentiram-se tocados pela solenidade daquela ordenança. Nunca vi, nem mesmo na Inglaterra, uma congregação mais ordeira ou algo mais impressionante. [Como diz o hino:] “Vós, deuses de pedra e barro / não tremestes quando, em nome do Trino Deus, / uma alma vos sacudiu de seus pés como ao pó?” Carey alegrou-se em que Deus lhe houvera permitido “profanar” o Rio Ganges, como ele o disse, por meio do batismo de um novo crente em Cristo. Por volta de 1821, os missionários tinham batizado mais de 1400 novos crentes, muitos dos quais eram nativos da própria Índia.

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Naquela época, abandonar a própria casta e filiar-se a uma igreja cristã representava um grande sacrifício. Muitos foram perseguidos e alguns pagaram esse gesto com a própria vida. Passados mais de dois séculos, não devemos esquecer-nos de que, ainda hoje, em todo o mundo, centenas e até milhares de crentes são perseguidos, torturados e alguns até mortos, por causa do seu testemunho de Cristo Jesus. No meio das trevas, o seu testemunho brilha com mais força, como estrelas na noite, refletindo a glória de Deus e a graça de Cristo no meio da perseguição e da morte. William Carey foi exemplo dessa atitude na sua vida, e seu ministério incentivou muitos mais a seguirem nos passos de Jesus.

Conclusão Carey foi a primeira pessoa a resistir aos assassinatos e à opressão generalizada das mulheres – que eram sinônimos do Hinduismo dos séculos XVIII e XIX. Os homens na Índia oprimiam as mulheres através da poligamia, infanticídio de meninas, casamento entre crianças, queima de viúvas (conhecido como “sati”), eutanásia e analfabetismo obrigatório – práticas aprovadas pela religião. A cegueira espiritual e moral controlavam as massas. A prática do sati tinha se convertido numa espécie de ritual de santidade. Que trevas terríveis! Carey reconheceu que sua própria sociedade, o Império Britânico, era igualmente culpada de práticas cruéis. Juntamente com William Wilberforce, na Inglaterra, Carey foi um dos que protestaram fortemente contra a instituição desumana da escravatura. No final de sua vida, o tráfico de escravos tinha sido abolido. Carey dedicou-se de todo o coração ao Senhor, com o desejo de ver as vidas dos hindus transformadas por Deus. Carey foi como uma “chama na escuridão”, levando-lhes o conhecimento de Cristo Jesus, a Luz do Mundo.

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QUESTIONÁRIO DA 3ª. SESSÃO TRABALHO EM EQUIPE

PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - 1 Coríntios 1:10-16; 3:5-9; 12:4-13 1. A primeira carta de Paulo aos Coríntios foi dirigida aos problemas da jovem igreja, que

estava situada no porto marítimo daquela cidade grega. A divisão entre os irmãos é uma das crises a que Paulo se refere na carta. Leia com atenção as passagens citadas. O que Paulo ensina sobre o trabalho em equipe, a interdependência, o respeito mútuo e a unidade no corpo de Cristo?

2. O que significou para Carey a chegada de novos missionários ao campo? Que mudanças

podemos observar no comportamento de Carey após a chegada desses missionários? 3. Se não fosse pelo apoio que Carey recebeu da equipe missionária, você diria que teríamos

conhecido a sua história? 5. A experiência daqueles missionários era válida somente para aquela época e aquele lugar, ou

podemos aprender alguma coisa com eles sobre como desenvolver a obra missionária em outros lugares e épocas?

5. Carey convidou Krishna para comer com os crentes. O que isso significava naquela cultura?

Qual foi o significado do batismo de Krishna Pal?

6. Que oportunidades ministeriais Ana criou para a sua equipe?

QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Consideremos algumas das opções para uma família missionária nos dias de hoje. Por

exemplo, a equipe missionária deve viver em comunidade, como fizeram Carey e seus colegas, ou cada família missionária deve viver num lugar diferente. Há outras opções?

2. Carey tinha razão: ser transparentes e resolver as diferenças que surgem entre os obreiros imediatamente é sumamente importante. Vejamos 1 João 1:7, 1 Pedro 1:22 e ainda Hebreus 3:13. De que maneira mantêm nos comportamos com integridade e transparência com outros crentes? Como fazemos para manter a nossa unidade em Cristo?

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4ª. SESSÃO – TRIUNFO

Mais Tribulações - Mais Resistência - Visão Cumprida

A palavra triunfo aqui não significa triunfalismo. Até em seus melhores dias, a comunidade de Serampore teve problemas devastadores. Mesmo assim, não podemos negar os seus frutos. As bênçãos que levaram para a região de Bengala são lembradas e respeitadas pelo povo da Índia até hoje. Uma Cena Cruel Para Carey, era difícil presenciar o antigo costume Hindu do sati, em que a viúva era queimada junto com o cadáver do marido. A tradição dizia que isso contribuiria para a salvação da viúva e traria bênçãos para a sua família. Era outro choque cultural para Carey, que gritava, “Isso é assassinato!” Ele sentia a urgência de traduzir a Palavra de Deus para a língua Bengali. Só a verdade de Deus podia trazer-lhes a liberdade. Na cerimônia, a viúva rodeava a fogueira seis vezes, distribuindo doces entre os presentes. Depois, ela calmamente subia na fogueira e dançava, com as mãos estendidas, como se estivesse em perfeita paz de espírito. Por fim, ela abraçava o cadáver, enquanto amigos e parentes gritavam de alegria e acendiam o fogo. Carey não agüentava e saía, horrorizado.

Antecedentes Históricos da Cerimônia do Sati

Segundo as crenças hindus, três dos mais imp ortantes deuses do Hinduismo formam o Trimuri, isto é, uma trindade ou tríade, composta por Brama, o deus criador, Vishnu, o deus preservador, e Shiva, o deus destruidor. Cada um tem pelo menos uma esposa ou consorte. Brama é casado com Sarawati, a deusa do conhecimento, e Vishnu é casado com Lakshimi. Sati, a primeira esposa de Shiva, ateou fogo a si mesma para provar sua devoção ao marido quando soube que seu pai havia falado mal dele. Logo depois que morreu sua primeira esposa, Shiva casou-se com Parvati, que era a mais famosa reencarnação de Sati e filha de Himalaia. Sati significa “verdadeira” em sânscrito. Mais tarde, esta expressão começou a ser usada para referir-se à queima da viúva na pira crematória do cadáver do marido. Eles acreditavam que, com a morte do marido, a esposa não tinha mais razão para viver. Em teoria, o sati era voluntário, mas os funcionários do governo inglês descobriram, horrorizados, que as mulheres indianas eram acorrentadas às fogueiras, muitas vezes gritando para não serem queimadas vivas.

Esse costume tradicional hindu, além do infanticídio de meninas e os dotes de casamento (bens materiais que acompanhavam a mu lher quando se casava), refletia a posição subordinada da mulher em toda a história da Índia, como no caso das escravas dos temp los. Estas escravas dos deuses, conhecidas como devasadi, eram meninas rejeitadas pelos pobres ou abandonadas nas escadarias dos templos; eram levadas aos brâmanes no templo e depois usadas como concubinas ou prostitutas.

[Extraído do livro “Introdução à Índia”, de Wolpert.]

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O parágrafo seguinte foi extraído da biografia de William Carey, escrita por Vishal Mangalwadi. O decreto que permitiu à viúva casar-se novamente só entrou em vigor em 1865, isto é, 30 anos depois de o costume do sati ter sido declarado ilegal no país. Até então, as duas opções da viúva eram ou aceitar o sati ou viver uma vida indigna, de desprezo e muito trabalho. Muitas vezes o sati era considerado o menor desses dois males, pois muitas viúvas preferiam morrer queimadas do que viver os horrores da viuvez. Elas ouviam dizer que esse ato de sacrifício pessoal traria grande honra para as suas famílias e permitiria que sete gerações entrassem no céu.

O Costume do Sati – Um Ato de Santidade? Carey perguntava aos responsáveis pela queima da viúva: “Ela faz isso por livre e expontânea vontade?” A resposta era sempre que sim. “É um ato de santidade”, diziam eles. A reação de Carey era imediata: “Isto não passa de um assassinato”, dizia ele.

Em 1816, Carey pesquisou com cuidado os livros sagrados dos hindus e descobriu que esse costume não era requerido pelas escrituras deles, ao contrário do que as pessoas acreditavam. Com a ajuda de Raja Ram Mohan Roy, um líder hindu, e de muitos outros, os apelos de Carey foram ouvidos e, em 1829, o costume de queimar as viúvas foi legalmente banido no país.

Os efeitos do seu esforço tiveram um alcance além do seu trabalho missionário, inspirando outros crentes e várias denominações, formando o futuro das missões evangélicas e deixando um legado de uma visão missionária mundial que, desde então, tem impulsionado as igrejas. Carey viajou meio mundo para instalar-se na Índia. Nos últimos 30 anos de sua vida, ele não viajou mais do que 30 quilômetros além de sua estação de trabalho. Mesmo assim, ele deixou um legado para o mundo inteiro de causar inveja a grandes estadistas da história. Mais Tribulações e Mais Triunfos Um incêndio devastador. Vishal Mangalwadi o descreve como “algo belo surgindo das cinzas”. O incêndio ocorreu num prédio que abrigava umas 20 pessoas que trabalhavam em diferentes traduções, ao lado de tipógrafos, editores de texto, encadernadores e escritores. Dez traduções da Bíblia, além de vários manuscritos, foram destruídos pelo fogo. Um dicionário poliglota em sânscrito, grandes quantidades de papel inglês, catorze tipos de alfabetos orienta is, além de tipos para o hebraico, o grego e o inglês, dicionários, gramáticas, perfuradores de aço, livros de contabilidade e outros documentos – tudo foi destruído no incêndio. Quando Carey voltou de Calcutá, junto com o capelão da Faculdade de Fort William, e vistoriou o que sobrou, ele disse, com lágrimas: “O trabalho de anos foi consumido em uma única noite! Como são inescrutáveis os caminhos de Deus! Nos últimos tempos, eu cria que tinha aperfeiçoado o nosso trabalho, e contemplava a nossa base missionária talvez com muito orgulho. O Senhor me humilhou, para que simplesmente eu possa depender totalmente dele”.

Carey resolveu que ele confiaria no valor da Palavra de Deus e começou a crer que teriam uma gráfica ainda melhor para imprimir traduções ainda melhores. Ele tinham conseguido salvar do fogo algumas das impressoras, perfuradoras e matrizes (que eram moldes para as letras). Cinco meses depois, Ward já tinha aberto um depósito ainda maior. A notícia do incêndio espalhou-se por toda a Europa e América do Norte, além da Índia. Em nada menos do que 50 dias, cerca de 10.000 libras esterlinas (uns 15.000 dólares) foram coletadas na Inglaterra e na Escócia, o que era mais do que necessário para cobrir as perdas materiais. Em Calcutá, os jornais noticiavam o entusiasmo do empreendimento, prevendo que a Tipografia de Serampore “se levantaria das

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cinzas”. A causa do incêndio jamais foi descoberta, mas, como resultado, as traduções passaram por várias revisões. Outra benção foi a chegada de dois novos missionários a Serampore: um deles era especialista em tipografia, e o outro era um médico, casado com uma enfermeira. O Catedrático Carey A Bíblia traduzida ao vernáculo da Índia tornou-se, em si, uma grande ferramenta educacional. Mas as pessoas precisavam ser alfabetizadas para poderem ler e entender a Bíblia, como era o sonho de Carey. A preocupação da Carey ecoava a preocupação de Martinho Lutero, que no século XVI, dizia: “A Escritura não pode ser entendida sem o conhecimento da língua; e a língua só pode ser aprendida na escola”.

A primeira escola fundada por Carey era para crianças que se ocupavam da leitura das Escrituras. Mais tarde, foram fundados internatos, escolas para meninas e escolas dominicais em Serampore. Em 1817, os missionários batistas já tinham fundado 103 escolas, com uma assistência média de 6.703 alunos. Entre 1801 e 1830, Carey trabalhou como professor na Faculdade Fort William, viajando toda semana de barco de Serampore até Calcutá. Esta posição lhe deu prestígio nos círculos literários e governamentais. A Faculdade imitava o modelo de Oxford e Cambridge, dirigindo-se à elite intelectual, pessoas que mais tarde seriam funcionários do governo.

A filosofia de educação de Carey era inculcar a verdade divina nas mentes dos estudantes “na mesma velocidade de seu amadurecimento intelectual”. Ele desejava promover “a curiosidade e a descoberta” nas mentes da nova geração. Ele queria levá-los a contemplar “tanto os fatos compreensíveis do mundo natural como as verdades mais profundas da teologia em que esses fatos estavam fundamentados e sem os quais eles não tinham sentido”.

O trabalho acadêmico de Carey ajudou a causa evangélica de Serampore de várias maneiras: 1. Todo o seu salário era depositado no fundo geral da missão, com a exceção de uma

pequena quantia que ele usava para gastos da família e algumas remessas para a Inglaterra, para ajudar seu pai e sua irmã Polly, que era inválida;

2. As atividades acadêmicas de Carey na Faculdade complementavam o seu trabalho de tradução. Ele produziu gramáticas e dicionários em várias línguas e formou uma equipe de pesquisadores qualificados. Ele era, na verdade, o principal pesquisador e delegava o trabalho de tradução aos nacionais qualificados.

3. Ele usou a sua base acadêmica em Calcutá para continuar pregando e realizando atividades evangelísticas na cidade.

Em 1803, ele abriu um ponto de pregação. Ele pregava duas vezes, no domingo, em inglês.

Nas quartas-feiras, pregava em Bengali e nas quintas, em inglês de novo. Durante o dia, ele ensinava a aristocracia indiana que falava o inglês, além de desenvolver vários projetos de tradução das Escrituras. Nas noites, ele pregava o Evangelho aos pobres e párias nas favelas.

O ponto alto do trabalho educacional de Carey foi a Faculdade de Serampore, fundada em 1818. A escola começou com 37 alunos, 19 dos quais eram crentes nacionais e os demais eram de crença hindu. Conhecendo as limitações dos missionários ingleses, o alvo de Carey era oferecer educação teológica aos crentes indianos de várias denominações, para que eles se encarregassem da evangelização da Índia. O corpo docente era interdenominacional, embora todos os professores devessem partilhar as mesmas doutrinas evangélicas básicas, como a divindade de Cristo e sua morte expiatória. Os estatutos originais declaravam que “casta, raça ou país não deveriam impedir

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que alguém entrasse na Faculdade de Serampore”. Carey trabalhava como professor de teologia e dava aulas de botânica e zoologia.

O Dr. Ramesh Richard afirma: Missões em relação à cultura. Já ouvi pessoas dizerem que 90% do trabalho missionário é simplesmente uma cultura abusando ou destruindo outra; chegam a afirmar que isso não pode ser evitado porque todos nós levamos conosco a nossa própria cultura. O que devemos fazer é estar conscientes dos choques entre nossa cultura e as demais. Creio que Carey tinha esse tipo de sensibilidade cultural. Em toda cultura há costumes positivos, que podem ser aprovados biblicamente, há costumes neutros, que não entram em choque com as Escrituras, e há também costumes negativos. Isto ocorre, por exemplo, não só na cultura chinesa e na cultura hindu como também na cultura ocidental. Desta maneira, quando os antropólogos dizem que os missionários dominam as culturas locais e destróem seus costumes ancestrais, eles não estão falando do que realmente importa. Nenhum antropólogo pode dizer, hoje, que o costume do sati era uma coisa boa ou que queimar a noiva é algo aceitável. Hoje somos invadidos pelos valores da MTV. Nunca ouvi nenhum antropólogo criticar ou acusar nossos meios de comunicação de massa ocidentais de destruir outras culturas.

Quanto ao costume do sati, o testemunho da história é talvez o melhor elogio a Carey. Hoje muitos hindus são gratos aos missionários cristãos que contribuíram para a extinção daquele costume – que em grande medida foi o resultado do esforço de Carey. Ele viu algo que era totalmente errado, não somente do ponto de vista cristão como também do ponto de vista da gente comum. Creio que essa percepção era uma das grandes marcas de Carey. Ele cria que nenhuma cultura podia aprovar semelhante prática. A atitude de Carey deve ser examinada com cuidado, tanto por historiadores como por antropólogos.

William Carey continua sendo uma influência importante, dois séculos mais tarde. Vejo sua vida como algo intencional, uma filosofia que se traduziu em atos concretos, um direcionamento de sua vida segundo o senhorio de Cristo que se transformou numa estratégia e estrutura de trabalho. Em vez de agir de maneira impulsiva ou apenas pragmática, ele decidiu submeter-se às Escrituras desde o começo. A prioridade que ele deu às Escrituras, como mais tarde se percebe nas traduções que fez, tornou-se uma das mais importantes contribuições que continuam a influenciar as estratégias, conceitos e aplicações do trabalho missionário hoje em dia. Não conheço outra pessoa que viveu tão intencionalmente a Grande Comissão de Jesus Cristo como ele. Carey quase que criou um movimento inteiro que se submetia às Escrituras. Na minha opinião, a importância do seu trabalho está em que ele queria que tudo se subordinasse ao senhorio de Cristo, tanto a vida das pessoas como os seus costumes culturais.

O Dr. Timothy George opina:

Nesta parte final de nosso estudo sobre a vida de William Carey, encontramos grandes avanços e vitórias, após anos de lutas. Durante muitos anos, Carey protestou contra a prática desumana do sati até que finalmente foi declarado ilegal. Depois, ele lutou contra a escravidão; antes de morrer, ele recebeu um comunicado da Inglaterra segundo o qual William Wilberforce, famoso líder evangélico do Parlamento Britânico, tinha liderado a votação final para a abolição do tráfico de escravos. A criação da Faculdade de

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Serampore e o envio de missionários de lá para outras regiões do oriente foram algumas das muitas realizações que confirmaram a fidelidade de William Carey.

Apesar das grandes vitórias e êxitos obtidos, Carey permaneceu um homem humilde. Em tudo o que fazia, ele sempre demonstrava um espírito semelhante a Cristo. Ele tinha o costume de escrever uma carta a um de seus filhos, todos os anos, na época do seu aniversário, em que ele fazia uma análise de sua vida, repassando o ano anterior e examinando seu caminhar com Deus. Uma dessas cartas foi escrita a Jabes, no dia 17 de agosto de 1831. Ele dizia: “Hoje eu completo 70 anos de idade, um monumento à misericórdia e bondade divinas, muito embora, analisando minha própria vida, vejo tanta coisa que só posso humilhar-me até ao pó. Fiz muito pouco por Deus”. No entanto, ele tinha coordenado a tradução das Escrituras a quase 40 línguas da Índia e do oriente. Ele tinha fundado a Faculdade de Serampore e muitas outras escolas. Tinha estabelecido igrejas e pontos de pregação, lutando para erradicar da sociedade alguns dos seus piores abusos. Ele viveu uma vida cheia de realizações e vitórias. Mas, mesmo assim, ele só podia olhar para trás e dizer que tinha feito pouco por Deus.

Alexandre Duff, grande missionário escocês, viajou meio mundo só para estar com Carey antes de sua morte. Carey era famoso nessa época; as pessoas liam e falavam a seu respeito, na Inglaterra, na América do Norte, em várias partes do mundo cristão. Carey e Duff conversaram bastante, e quando terminaram, Carey chamou Duff ao seu leito de morte e lhe disse: “Você usou várias vezes a expressão ‘Dr. Carey”. Quando eu partir, por favor, não mencione o nome do Dr. Carey. Fale do Salvador do Dr. Carey”. Assim era Carey, e assim morreu.

No dia 9 de junho de 1834, às 5:30 da madrugada, Carey morreu em Serampore, aos 73 anos de idade. Durante toda a sua vida, ele sempre encontrou consolo nos hinos de Isaac Watts, e um dos seus últimos pedidos foi para que escrevessem uma estrofe de um de seus hinos na lápide do seu túmulo. E lá estão estas palavras: “Um pobre ser, um verme sem valor, nos teus braços, Senhor, eu descanso”.

Um dos que presenciaram o enterro de Carey foi um jovem missionário escocês, de nome John Leechman. Penso que Carey ficaria feliz ao ouvir o relato de Leechman sobre aquele dia. Disse aquele missionário: “Que faremos agora? Deus levou o seu Elias para o céu. Mas não devemos desanimar. O Deus das missões vive eternamente; sua causa tem de continuar. Nem as portas do morte e nem a falta de nosso melhor amigo impedirão o avanço e o êxito deste trabalho. Prossigamos! Temos muito mais a fazer do que ficarmos aqui, desanimados, lamentando a sua morte. Tudo está bem para o nosso desaparecido líder. Ele completou a sua carreira de maneira gloriosa. Agora cabe a nós continuarmos o trabalho. Peçamos uma porção dobrada do espírito divino!”

Creio que esta devia ser a oração de todo crente, duzentos anos após a missão de Carey à Índia, isto é, de todos nós que conhecemos, amamos e cremos em Cristo: que compartilhemos dessa “paixão” que Deus deu a Carey de compartilhar as Boas Novas de salvação a todos, em todo lugar. Que Deus nos ajude a sermos corajosos como foi William Carey, seguindo seus passos, para que a gloriosa luz do Evangelho de Cristo brilhe como uma chama na escuridão. Que Deus os abençoe.

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Algumas Realizações Notáveis de Carey

• Descobriu a careya herbacea, uma variedade de eucalipto que se encontra somente na Índia, e que leva o seu nome;

• Publicou os primeiros livros sobre ciências e historia natural na Índia, como, por exemplo, Flora Indica.

• Fabricou papel para a indústria gráfica do país a partir de matérias primas locais. • Introduziu o conceito de Bancos de Poupança. • Liderou a campanha para o tratamento humano de pacientes de lepra, que geralmente

eram queimados ou enterrados vivos. • Foi o pai da moderna indústria gráfica e publicadora da Índia. • Fundou e publicou o primeiro jornal em língua oriental, chamado Friend of India. • Fundou a Sociedade de Horticultura nos anos 1820, uns 30 anos antes de que a famosa

Real Sociedade de Horticultura fosse estabelecida na Inglaterra. • Foi o primeiro a traduzir e publicar os clássicos da literatura hindu, como o Ramayana e

o Samkhya. • Introduziu o estudo da astronomia na Índia. • Foi o pioneiro na Índia da idéia de bibliotecas que emprestam livros.

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QUESTIONÁRIO DA 4ª. SESSÃO – TRIUNFO

PARA DISCUSSÃO EM GRUPO - 2 Coríntios 2:14-17 1. Que princípios de cooperação encontramos em Carey e Ramohan Roy? 2. Qual é a sua opinião sobre o fato de que Carey dava grande valor à cultura indiana e sua

literatura (no que não contradiziaM as Escrituras) ao ponto de crer que deviam ser retomadas e usadas apropriadamente?

3. Como podemos responder à crítica de que o cristianismo é uma crença estrangeira e que destrói a cultura nativa?

4. Carey agiu corretamente ao interferir no costume religioso do sati? Por que?

5. Com o passar do tempo, explique como Carey mudou de pensamento

a. em relação aos seus próprios dons e chamado b. quanto à razão pela qual ele se sentiu chamado para a Índia c. sobre como ele podia servir melhor aos interesses eternos do Evangelho

6. Que estratégias missionárias Carey adotaria se vivesse hoje?

QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Carey era “mais que vencedor”. Ele considerava todas as coisas a partir de uma perspectiva

eterna. Sua motivação maior era a obediência a Cristo. A exemplo do Conde Zinzendorf, líder dos missionários morávios que foi uma grande inspiração para sua vida, William Carey tinha uma única paixão: Cristo. O incêndio da oficina gráfica só serviu para que ele crescesse ainda mais na semelhança de Cristo. Como disse um líder da Igreja Primitiva: “Submeta-se com alegria às circunstâncias que Deus coloca na sua vida”.

2. Carey não menciona Satanás como o culpado pelos seus problemas; em vez disto, ele procura

ver em tudo a mão de Deus. Que lições podemos aprender com ele? Por que Deus permitiu tantos problemas no seu trabalho missionário?

3. Qual foi o resultado do incêndio?

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4. Considere 1 Tessalonicenses 5:18 como um guia para os missionários. Como se pode colocá-la em prática? Quais foram as pressões, circunstâncias e provações que ajudaram Carey a amadurecer como servo de Deus na Índia?

5. Em harmonia com os seus dons, o Trio de Serampore entendeu qual era o seu ministério,

enfocando melhor o seu chamado missionário. Meditemos na importância deste princípio, especialmente em função da cooperação missionária entre obreiros de diferentes nacionalidades e culturas.

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PACTO DE SERAMPORE DE 1805 Nosso Acordo

Acordo dos grandes princípios que os Irmãos da Missão em Serampore estabeleceram como seu dever para a instrução dos pagãos, aprovado em reunião dos Irmãos em Serampore, na segunda-feira, 7 de outubro de 1805. Por que estamos aqui? O redentor, ao plantar-nos nesta nação pagã em vez de plantar-nos em outra obra, nos impôs o cultivo de qualidades específicas. Estamos firmemente convencidos de que Paulo teria plantado em vão e Apolo teria regado em vão, em qualquer lugar do mundo, se Deus não houvesse dado o crescimento. Estamos convencidos também de que somente os que estão ordenados para a vida eterna crerão, e que somente Deus pode acrescentar à igreja os que hão de ser salvos. Mesmo assim, não podemos senão observar com admiração que Paulo, o grande defensor da gloriosa doutrina da graça sem preço e soberana, destacou-se por seu zelo pela Palavra ao persuadir aos homens para que se reconciliassem com Deus, tornando-se por isto um nobre exemplo, digno de nossa imitação. Nosso Senhor afirmou aos apóstolos, que eram pescadores, que os faria pescadores de homens, dando a entender que em todo tempo e em qualquer circunstância adversa, seu objetivo devia ser atrair os homens às praias da vida eterna. Salomão diz: “O que ganha almas é sábio”. Isto implica, sem dúvida, que a tarefa de ganhar homens para Deus deve ser feita com métodos atrativos, e que se exige muita sabedoria para produzir fruto. Cremos que é correto nos concentrarmos séria e constantemente sobre estes pontos. 1. O valor infinito da alma humana. Para estar preparados para nosso trabalho, grande e

solene, é preciso que reconheçamos o valor infinito das almas imortais e que constantemente nos sensibilizemos pela perda terrível representada por uma alma inconversa, condenada por toda a eternidade. Convém gravarmos em nossas mentes a terrível doutrina do castigo eterno e estar sempre conscientes das inimagináveis e terríveis condições deste vasto país, que se encontra nos braços do maligno. Se não temos este tremendo sentido do valor infinito das almas, é impossível sentir-nos bem em qualquer área do nosso trabalho, e nesse caso houvesse sido melhor estarmos em outra situação, menos na condição de missionários. Que nossos corações sangrem por estes pobres idólatras, e que sua condição pese continuamente em nossas mentes, para que possamos ser semelhantes ao grande missionário que comparou com as dores do parto a aflição de sua alma pelo estado espiritual daqueles que estavam sob seus cuidados. Mas, ao mesmo tempo que lamentamos a sua condição miserável, não devemos desalentar-nos, como se sua recuperação fosse impossível. Aquele que ergueu os selvagens escoceses e bretões para faze-los sentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus pode igualmente erguer estes escravos da superstição, purificar seus corações pela fé e fazê-los adoradores do único Deus, em espírito e em verdade. As promessas são plenamente suficientes para desfazer nossas dúvidas, e para fazer-nos antecipar o tempo não muito distante quando Deus destruirá todos os deuses da Índia, fazendo com que estes mesmos idólatras lancem fora seus ídolos, e renunciem para sempre à obra de suas próprias mãos.

2. A importância da pesquisa. É muito importante que nos informemos dos vários tipos de

enganos e ilusões nos quais os pagãos estão emaranhados. Desta maneira poderemos

“Uma Chama na Escuridão” – Curso Completo

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conversar com eles de forma inteligente. Para ganhar sua atenção e para evitar ser vistos por eles como bárbaros é sumamente importante conhecer a sua maneira de pensar, seus hábitos, suas inclinações, as coisas que eles detestam, a maneira como raciocinam sobre Deus, o pecado, a santidade, o caminho da salvação, a vida vindoura; devemos estar conscientes da natureza controladora de sua adoração idólatra, de suas celebrações, cânticos, etc. Esta informação será fácil de obter se conversarmos com hindus sensatos, se lermos sua literatura e observamos atentamente seus costumes e comportamento.

3. Evitar ofensas desnecessárias. Em nosso contato com os hindus, é necessário, na medida do

possível, que nos abstenhamos de coisas que possam aumentar seus preconceitos contra o Evangelho. Os costumes ingleses que são mais ofensivos a eles devem ser evitados, ao máximo possível. Também devemos evitar todo tipo de crueldade contra os animais. Não é aconselhável atacar seus preconceitos de imediato, ou mencionar ofensivamente os pecados de seus deuses, ou atacar violentamente suas imagens, ou, ainda, interromper seus atos de adoração. As verdadeiras conquistas do Evangelho são as conquistas do amor: “Se eu for levantado, atrairei todos a mim mesmo”. Neste sentido, sejamos constantemente precavidos para não acontecer que uma palavra dita de maneira descuidada ou uma exposição desnecessária da diferença de comportamento entre nós e eles nos distanciem ainda mais dos hindus. A disposição de Paulo de fazer-se “tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns” e de privar-se até mesmo de confortos mínimos para não ofender aos fracos, é digna de imitação. Sua atitude estava baseada em princípios sábios. Quando nos encontramos entre pessoas semelhantes àquelas entre as quais se encontrava Paulo, pode acontecer que não vivamos com a mesma sabedoria que guiava o como missionário. As maneiras mansas dos morávios e dos quáqueros diante dos indígenas da América do Norte muitas vezes ganharam o afeto e a confiança dos pagãos de uma maneira maravilhosa. Aquele que é orgulhoso demais para rebaixar-se diante dos outros para conquistá-los, ainda que eles sejam em muitas maneiras inferiores a ele, não está qualificado para ser um missionário. As palavras de um abençoado pregador de nossos dias, de que “não lhe importaria se as pessoas o pisoteassem contanto que pudesse ser útil às suas almas”, exemplificam o tipo de temperamento que devemos cultivar sempre.

4. Estar em contato com as pessoas. É recomendável que busquemos toda oportunidade de

fazer o bem. Um missionário estaria em má situação se ele se contentasse apenas em pregar duas ou três vezes por semana às pessoas que se reúnem no templo. Ele deve, além disso, conversar com as pessoas em todas as horas, passando de aldeia em aldeia, de mercado em mercado, de uma reunião a outra, conversando com os serventes e os obreiros, aproveitando toda ocasião, “em tempo e fora de tempo”. Esta é a vida à qual fomos chamados neste país. Temos a tentação de relaxar nessas atividades que exigem esforço de nossa parte, especialmente quando faz muito calor. Mas seria bom recordar constantemente que a vida é curta, e que os que nos rodeiam estão perecendo. Ai de nós se não pregarmos as boas novas da salvação!

5. Fazer de Cristo o centro de tudo. Ao pregar aos pagãos, devemos seguir o exemplo de

Paulo e fazer do Cristo crucificado o tema central de nossa pregação. Seria muito fácil para um missionário pregar verdades por muitos anos sem ter a firme esperança de ajudar alguma alma. A doutrina da morte expiatória de Cristo e a suficiência de seus méritos é e deve ser sempre o grande meio de conversão. Esta doutrina e outras relacionadas a ela têm nutrido e santificado a igreja através dos séculos. Que estas verdades gloriosas sejam sempre o gozo e a

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fortaleza de nossas próprias almas, e desta maneira não deixarão de ser o tema de nossa conversa com outros. Foi a proclamação destas doutrinas que fez com que a Reforma do papado no tempo de Lutero se espalhasse rapidamente. Foram estas verdades que preencheram os sermões dos apóstolos modernos, como Whitefield, Wesley, etc., quando a luz do Evangelho, que havia sido levantada com resultados tão gloriosos pelos puritanos, quase se extinguiu na Inglaterra. É um fato conhecido que os missionários que dão mais frutos no mundo neste momento fazem da expiação de Cristo o seu tema central. Estamos nos referindo aos morávios. Eles atribuem todo o seu fruto à pregação da morte do nosso Salvador. Pela experiência que temos tido até este momento, devemos reconhecer que cada hindu que foi ganho para Cristo, foi conquistado pelo maravilhoso e constrangedor amor demonstrado pelo Redentor na sua morte expiatória. Tomemos a determinação, então, de não saber nada entre os hindus e os muçulmanos, a não ser Cristo crucificado!

6. Ser acessíveis, pacientes e justos. É absolutamente necessário que os nativos confiem em

nós e sintam-se à vontade em nossa presença. Para ganharmos sua confiança, devemos sempre estar dispostos a escutar suas queixas, dar um conselho amigável, e julgar todas as coisas de uma maneira aberta, justa e imparcial. Devemos ser facilmente acessíveis, relacionando-nos ao máximo possível de igual para igual com eles, colocando-nos ao nível deles. Toda conduta emotiva nos rebaixará diante dos olhos deles. Devemos abandonar toda imposição, orgulho e crítica. Todo sacrifício é pouco, quando a salvação eterna é nossa meta, para não acontecer que desobedeçamos os mandamentos de Cristo.

7. Trabalhar diligentemente com os novos convertidos. Outra parte importante do nosso

trabalho é a edificação e o cuidado das almas que são alcançadas. Nisto faremos bem em simplificar o mais possível nossas primeiras instruções e gravar os grandes princípios do Evangelho nas mentes dos convertidos até que tenham sua esperança plenamente arraigada e alicerçada em Deus. Devemos estar dispostos a passar tempo com eles diariamente, se necessário, neste trabalho. Devemos ter paciência com eles, mesmo que cresçam devagar no conhecimento de Deus.

No que depender de nós, devemos promover hábitos industriosos e ajudá-los a conseguir empregos que evitem ao máximo o perigo da tentação de praticar a maldade. Aqui também teremos oportunidade de exercitar ternura e paciência, conscientes de que os hábitos do trabalho são difíceis de se formar nas nações pagãs. Devemos recordar ainda que essas pessoas fazem grandes sacrifícios ao renunciar aos seus laços de amizade e de família, ao seu lugar na sociedade e às suas estruturas de apoio, e que será muito difícil encontrar emprego entre os senhores pagãos. Nestes casos, se não entendermos suas perdas temporais por amor a Cristo, seremos culpados de grande crueldade.

Da mesma maneira que consideramos ser nossa obrigação respeitar os magistrados civis e, em cada estado e país, prestar-lhes pronta obediência, quer sejamos protegidos ou perseguidos, devemos ensinar aos hindus os mesmos princípios. Também deveríamos ter um sentimento de gratidão ao agirmos desta forma, pela generosa proteção que temos recebido. É nossa obrigação e uma atitude sábia demonstrar às autoridades civis que elas não têm nada que temer do progresso das missões, pois um verdadeiro discípulo de Cristo deve seguir o exemplo de seu Senhor e todos os preceitos da Bíblia a respeito, antes de pensar em desobedecer à autoridade. Os pagãos convertidos, conquistados para a religião de seus governadores cristãos, se forem bem instruídos, terão mais propensão a amar aos seus senhores e sentirão mais afinidade com eles do os súditos de outra religião.

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É necessário suportar as falhas de nossos irmãos nativos, disciplinando-os em amor, com o objetivo de promover uma conversação santa. Recordemos as terríveis trevas nas quais se encontravam anteriormente, sem uma noção correta do pecado e de suas conseqüências. Também devemos recordar como a natureza humana atrasada é difícil de formar idéias espirituais e aprender a viver em santidade e abnegação. Portanto, não devemos desistir ou rejeitar um convertido que fracassa enquanto ele demonstrar a mais mínima inclinação para ser lavado de suas impurezas.

Ao vivermos entre os convertidos nativos, precisamos ser muito cuidadosos e discretos. A queda dos crentes na Europa não tem conseqüências tão fatais como teriam neste país, porque lá a Palavra de Deus chama mais a atenção do que a conduta dos cristãos mais conhecidos. Aqui, ao contrário, aqueles que nos rodeiam, dado o seu pouco conhecimento das Escrituras, tomam nossa conduta como modelo do que Cristo procura em seus discípulos. Eles só conhecem o Salvador e a sua doutrina pela maneira como se manifestam através de nossas vidas.

Necessitamos da ajuda das mulheres missionárias para conversar com as esposas dos convertidos, para guiá -las nos caminhos de Cristo, para que se tornem elas adornos da causa cristã e façam conhecido o Evangelho às outras mulheres. Vemos que nos tempos da igreja primitiva, as mulheres cristãs piedosas eram de muita ajuda aos apóstolos. Se considerarmos que as mulheres asiáticas estão separadas dos homens, e especialmente dos homens de outras castas, reconheceremos o grande valor da ajuda feminina. Portanto, convém ajudar ao máximo as irmãs européias para que aprendam o id ioma e possam usar toda oportunidade que Deus lhes dê de serem instrumentos para promover a salvação de milhares de mulheres que estão, geralmente, impedidas de escutar o Evangelho da boca dos missionários europeus. As mulheres européias podem fazer muito pela causa do Evangelho, promovendo a santidade e provocando o zelo pelo Senhor entre as mulheres convertidas.

Um verdadeiro missionário, de certa maneira, torna-se um pai para o povo. Se ele buscar o seu bem-estar e sua companhia, como um pai aos seus filhos, eles sentirão liberdade e confiança nele. Será impossível guiá -los de maneira alegre e constante se não se estimarem sinceramente e abrirem suas mentes um ao outro.

8. Promover a liderança nacional. Outra parte de nosso trabalho é a formação de nossos

irmãos hindus para toda boa obra, promovendo a sua criatividade e valorizando todo dom e graça que receberam. Neste sentido, o máximo que fizermos por eles ainda será pouco. Somente através dos pregadores nacionais é que temos a esperança de difundir o Evangelho por todo este imenso continente. Os europeus são muito poucos e sua subsistência custa demasiado caro para pensarmos que eles possam ser o instrumento de proclamação universal do Evangelho entre tantos milhões de almas, numa extensão tão vasta do mundo habitado. Sua incapacidade de agüentar o calor intenso em freqüentes viagens, os altos custos dessas viagens, sem contar os preconceitos dos hindus com a mera presença dos europeus e a sua enorme dificuldade de aprender fluentemente os idiomas nacionais tornam imprescindível valorizar os dons dos nativos e enviar como pregadores tantos deles quantos seja possível. Se adotarmos o costume de limitar o ministério da Palavra ao indivíduo e fizermos disto uma norma, não teremos esperança de que o Evangelho prospere na Índia por nosso intermédio. Portanto, usemos todo dom e animemos constantemente os nossos irmãos nativos para que compartilhem aos seus compatriotas o glorioso Evangelho do nosso bendito Deus.

Para fortalecer ainda mais a causa de Cristo neste país e dar-lhe estabilidade e permanência – embora os esforços dos europeus falhem – observamos que é nosso dever, o mais cedo possível, aconselhar os irmãos nativos que se congregam em igrejas separadas a

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escolher seus pastores e diáconos dentre seus próprios patrícios, para que a Palavra seja firmemente pregada por um nativo, tanto quanto possível, e sem a interferência do missionário daquele distrito, o qual apenas supervisionará os assuntos da igreja, aconselhando-a em assuntos de ordem e disciplina, corrigindo qualquer erro, para que, alegrando-se ao observar a sua ordem e a perseverança da sua fé em Cristo, possa concentrar-se na formação de novas igrejas em outros lugares e na difusão do Evangelho em seu distrito, no máximo de suas forças. Desta maneira, preservar-se-á a unidade do caráter missionário e todos os missionários formarão um corpo, movendo-se cada um de acordo com as necessidades da causa. As igrejas nacionais, por sua vez, cuidarão naturalmente e proverão os recursos para o sustento dos seus pastores e congregações, incluindo despesas de construção. Assim, toda a sua administração terá características nacionais, com as quais as pessoas se identificarão mais facilmente e tomarão como algo seu, sem o receio de cair nas mãos dos europeus. Esperamos, desta maneira, que os pastores destas igrejas e seus membros em geral sintam um novo vigor para difundir o Evangelho, ao experimentarem, entre eles mesmos, os seus privilégios.

Com a bênção divina, se no decorrer dos anos se estabelecer um certo número de igrejas, a partir delas poderá difundir-se a Palavra de Deus até aos confins da Índia, e numerosos pregadores nativos serão estabelecidos e enviados. Estes formarão um grupo de missionários nacionais, acostumados ao clima, ao comportamento, à linguagem, aos modismos e mentalidade do povo, com a capacidade de familiarizar-se com eles, entrar em suas casas, compartilhar sua comida e um lugar para dormir—mesmo que seja debaixo de uma árvore—com a liberdade de viajar de um extremo do país ao outro sem maiores gastos. Estas igrejas não correrão o perigo imediato de cair em erros de desordem, porque estarão constantemente sendo supervisionadas por um missionário europeu.

As vantagens deste plano são muito evidentes e colocá-lo em prática deve ser nossa contínua preocupação. Para que possamos executar a importante obrigação de supervisionar estas novas igrejas quando forem formadas, exortá-las a manter uma disciplina constante, proclamar a luz clara e consoladora da verdade do Evangelho nesta região de sombra de morte e para poder andar em todo aspecto como pessoas chamadas das trevas à admirável luz de Cristo, deveremos buscar continuamente a fonte de toda graça e fortaleza que necessitamos. Se o cargo de pastorear uma única igreja é tão solene e de tanta responsabilidade, quanto mais será cuidar de um número de igrejas recém resgatadas do paganismo e distantes uma das outras.

Parece-nos nosso dever não mudar os nomes dos convertidos hindus, observando nas Escrituras que os apóstolos não mudaram os nomes dos primeiros cristãos convertidos do paganismo: Epafrodito, Febe, Silvano, Apolo, Hermes, Júnia, Narciso, etc. Quase todos estes nomes provinham de nomes de deuses pagãos. Cremos que o maior objetivo que a Providência Divina tem em vista, ao difundir o Evangelho por todo o mundo, não é mudar o nome, a vestimenta, a comida ou os costumes inocentes da humanidade, mas, sim, produzir uma mudança moral e divina no coração e conduta de cada ser humano. Não seria correto perpetuar os nomes de deuses pagãos entre os crentes, mas tampouco é necessário ou prudente mudar o nome de cada pessoa quando se converte, para não ofender sua família ou seus vizinhos. Em outros assuntos, acreditamos que nosso dever é ensinar pelo exemplo, persuadindo amavelmente, abrindo e iluminando suas mentes pouco a pouco, não de forma autoritária. Desta maneira, eles aprendem a distinguir um mal costume, chegando a desprezá-lo e abandoná-lo. Nos casos onde se usa a força, ainda que abandonem um costume em nossa presença, como não percebem o que há de mal nele, correm o risco de cair na hipocrisia de praticá-lo quando não estamos por perto.

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9. Traduzir as Escrituras. Devemos fazer todo esforço possível para traduzir as Escrituras aos

idiomas dos hindus. A ajuda que Deus já nos tem concedido para levar a cabo este trabalho demonstra seu chamado para que continuemos este esforço. Até agora, na medida que Deus nos tem permitido aprender os idiomas que são necessários, consideramos nossa a obrigação de esforçar-nos por aprendê-los bem. Consideramos que a publicação da Palavra Divina em toda a Índia é um objetivo que não devemos abandonar nunca até que seja realizado, esforçando-nos para que a fonte de toda a sabedoria e poder nos capacite para este enorme trabalho, para executá-lo para o louvor de seu santo nome.

Devemos esforçar-nos assiduamente para distribuir e explicar as Escrituras em toda ocasião e por todo meio que esteja ao nosso alcance, para chamar a atenção e respeito dos hindus para a fonte da verdade eterna e para a mensagem de salvação para todo ser humano. É nosso dever distribuir todos os folhetos, já publicados, em todas as partes. Levando em conta que a difusão do conhecimento de Cristo depende da generosa e permanente distribuição da Palavra e destes folhetos em todo o país, devemos nos lembrar disto sempre, aproveitando toda oportunidade para colocá-los nas mãos das pessoas que encontramos ocasionalmente. Devemos buscar onde se reúnem as multidões para lá concorrermos e alegrarmos aldeias inteiras com a mensagem de salvação.

O estabelecimento de escolas nativas gratuitas também é de suma importância para as futuras conquistas do Evangelho. Não nos esqueçamos deste grato trabalho, que é parte da nossa obra missionária. Em cada oportunidade que se nos apresenta, devemos estabelecer, visitar e animar estas instituições, recomendando o estabelecimento de outras semelhantes aos demais europeus. O progresso da luz divina é gradual, tanto no nível individual como nacional. Qualquer atividade, portanto, que possa aumentar a intensidade da santa luz nestas regiões escuras é como o “pão lançado sobre as águas, que depois de muitos dias será achado”. De muitas maneiras, o progresso de um só acontecimento prepara os hindus para lançarem fora seus ídolos, para se tornarem parte da “raça eleita, sacerdócio real, e nação santa”. Algumas partes da obra missionária tendem a dar fruto em conversões de almas, enquanto que outras apressam o glorioso tempo quando então “a nação nascerá em um dia”. As escolas grátis pertencem a este último tipo.

10. A importância da oração e da devoção pessoal. A oração constante e a devoção pessoal nos capacitam para executar esse trabalho tão importante. Lembremo-nos sempre do exemplo daqueles que se destacaram no trabalho de Deus. Recordemo-nos com freqüência de Davi Brainerd, nas florestas da América do Norte, derramando sua alma diante de Deus em intercessão pelos pagãos perdidos e que não podia ser feliz sem estar seguro da salvação deles. A oração secreta, fervorosa e cheia de fé, é a base da piedade pessoal. Um conhecimento pleno das línguas correntes onde vive o missionário, um temperamento manso e amigável e um coração consagrado à devoção pessoal são os elementos que nos capacitarão para sermos os instrumentos de Deus na grande tarefa da redenção da humanidade, muito mais do que o conhecimento ou qualquer outro dom. Estejamos, pois, unidos em oração em tempos determinados, não importa quão distantes vivamos um do outro, e decidamos, cada um de nós, que buscaremos ser fervorosos no espírito, lutando com Deus até que ele prevaleça sobre todos os ídolos, e faça com que os pagãos experimentem a bênção que está em Cristo.

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11. Não exigir nada. Pertencemos a Deus. Para terminar, entreguemo-nos sem reservas a esta causa gloriosa. Nunca pensemos que nosso tempo, nossos dons, nossa força, nossas famílias, ou mesmo nossa roupa, nos pertencem. Santifiquemo-nos para a sua obra! Abandonemos a idéia de amontoar tesouros materiais para nós mesmos ou para nossos filhos. Se renunciarmos à decisão que tomamos quanto aos negócios pessoais, quando recentemente nos reunimos em Serampore, a missão, a partir deste momento, é uma causa perdida. Um espírito mundano, as disputas e toda obra má prosperarão desencadeados no momento em que permitamos que algum irmão possua algo exclusivamente seu. Ai daquele que seja o primeiro a adotar esta atitude! Vigiemos continuamente contra este espírito mundano e cultivemos uma indiferença cristã em relação a toda atitude indulgente. Ao contrário, suportemos a adversidade, como bons soldados de Cristo Jesus, e esforcemo-nos em aprender a estar contentes em qualquer situação.

Se desta maneira pudermos glorificar a Deus com nossos corpos e espíritos, que lhe pertencem, ele se encarregará de nossas necessidades. Não há família que haja desfrutado mais felicidade, até mesmo as mais prósperas e luxuosas, do que nós, quando decidimos ter todas as coisas em comum, evitando desenvolver negócios para proveito próprio. Se formos capazes de perseverar nestes princípios, poderemos esperar que as multidões de almas convertidas terão motivos para bendizer a Deus por toda a eternidade por haver enviado seu Evangelho a este país.

Para manter estas idéias vivas em nossa memória, resolvemos que este Acordo seja lido publicamente em cada base missionária, em nossas três reuniões anuais, ou seja, no primeiro domingo de janeiro, maio e outubro.

“Uma Chama na Escuridão” – Curso Completo

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QUESTIONÁRIO PARA O PACTO DE SERAMPORE 1. Por que estamos aqui? (a) Identifique neste parágrafo as convicções básicas da equipe

missionária. (b) Qual é a função de cada Pessoa da Trindade na obra de ganhar almas? (c) Qual é a responsabilidade do ser humano na obra de Deus?

2. O valor infinito da alma humana. Qual a importância do valor da alma humana, do juízo

eterno e do exemplo de Jesus na obra missionária? (b) Como o Pacto de Serampore se refere à idolatria hindu?

3. A importância da pesquisa. Qual a importância dos estudos antropológicos e de uma correta

compreensão do estilo de vida e da cosmovisão do povo indiano para comunicar-lhes o Evangelho?

4. Evitar ofensas desnecessárias. (a) Por que era importante a sensibilidade cultural para

evangelizar os hindus? (b) Como os morávios e quáqueros se transformaram em modelo missionário nessa questão?

5. Estar em contato com as pessoas. Como se relaciona a idéia de conviver com as pessoas

diariamente e conversar com elas e pregar o Evangelho apenas duas ou três vezes por semana?

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6. Fazer de Cristo o centro de tudo. (a) Na história da Igreja, qual foi o significado da pregação de Cristo crucificado (1 Cor. 2:2) para os apóstolos, os reformadores da igreja e os pregadores do grande avivamento na Europa e Estados Unidos (por exemplo, João Wesley e George Whitefield)? (b) Por que os morávios tiveram êxito como missionários?

7. Ser acessíveis, pacientes e justos. (a) Explique por quê é importante para o missionário

conquistar a confiança das pessoas em seu ministério. (b) Explique como o fato de ser uma pessoa acessível, paciente, justa e sacrificial ajuda o missionário a conquistar a confiança das pessoas.

8. Trabalhar diligentemente com os novos convertidos. (a) Como se deve instruir os novos

convertidos, especialmente quando eles são rejeitados por seus familiares, amigos e companheiros de trabalho, chegando, em alguns casos, até a perder seus empregos por causa de sua fé em Cristo? (b) Qual deve ser a atitude do missionário com relação ao governo? Por que? (c) Como o missionário deve lidar com as fraquezas do novo convertido tendo em vista que ele muitas vezes não conhece as Escrituras e não tem uma noção clara do que é pecado? (d) Por que é tão importante que o missionário se torne um modelo para os novos crentes? (e) Explique a importância do trabalho da mulher missionária dentro da cultura hindu.

9. Promover a liderança nacional. (a) Qual deve ser o papel do missionário à medida que as

igrejas se multiplicam e escolhem seus próprios líderes? (b) Por que é melhor o ensino bíblico indutivo em vez de um ensino bíblico autoritário?

10. Traduzir as Escrituras. Explique a prioridade das seguintes atividades missionárias: (a) a

aprendizagem do idioma; (b) a tradução e distribuição das Escrituras; (c) o desenvolvimento de programas de alfabetização; (d) a publicação de literatura cristã; (e) Por que é importante estabelecer escolas cristãs como parte do trabalho de pregação do Evangelho e plantação de igrejas?

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11. A importância da oração e da devoção pessoal. (a) Explique a importância da oração e da

vida devocional do missionário. (b) Que relevância tem o exemplo de Davi Brainerd hoje em dia?

12. Não exigir nada. Pertencemos a Deus. (a) O que o servo de Deus possui? (b) Explique o que

significa entregar-se sem reservas a esta causa gloriosa e vigiar continuamente contra o espírito deste mundo, para que o trabalho não seja uma causa perdida. (c) Explique como o contentamento é uma maneira de glorificar a Deus com o nosso corpo e espírito, que pertencem a ele.

13. Como os missionários usaram o Pacto de Serampore?

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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RESPOSTAS PARA OS QUESTIONÁRIOS

1ª. SESSÃO – TAREFA MISSIONÁRIA Pág. 8 e 22 – PARA DISCUSSÃO EM GRUPO 1. Que ensina a Palavra de Deus sobre a responsabilidade de todo cristão de levar o Evangelho ao

mundo inteiro? (Mt. 28:19-20; At. 1:8)? Este mandato é opcional?

Como cristãos, todos nós temos a responsabilidade de cumprir o mandato de Cristo, conforme Mateus 28:19-20 e Atos 1:8. Não se trata de uma opção; temos de partic ipar de uma forma ou de outra e promover a causa das missões. Em seu tratado, Carey estipulou quatro formas de participação: (a) ele fez um chamado à oração e à renovação teológica; (b) ele apresentou a necessidade de um plano e de uma equipe de cristãos sérios, comprometidos com as missões; (c) ele disse que a aventura missionária precisa de pessoas dispostas a contribuir financeiramente; (d) ele fez um apelo para que as pessoas fossem ao campo.

2. Por que Carey não era o candidato ideal para o título de “Pai das Missões Modernas”? Que

qualidades deve ter um candidato ideal?

a. Ele vinha de uma família de trabalhadores rurais, pobres e humildes; b. Ele tinha pouca instrução escolar (saiu da escola aos 12 anos); c. Ele trabalhava como sapateiro de dia e como professor primário de noite; d. Ele não era membro da igreja oficial do país (Igreja Anglicana) e portanto foi desprezado; e. Ele não teve o apoio de sua esposa, e sua família era numerosa; dos seis filhos, duas

filhas morreram na Inglaterra antes de completarem dois anos de idade; f. Sua saúde não era boa. Ele tinha problemas de pele; o calor e o sol afetavam sua saúde,

especialmente porque na Índia faz muito calor. Aos 23 anos, uma febre o deixou calvo. (Sua filha mais velha, Ana, morreu dessa mesma febre.)

g. Ele teve pouco apoio de sua igreja e da Associação de Pastores Batistas da sua cidade. O apoio econômico que lhe deram foi muito pequeno.

Em meio a tantos problemas, Carey não desanimou. Apesar de tudo, ele começou a

estudar grego, latim e hebraico por conta própria, aproveitando ao máximo sua facilidade para os idiomas. Ele estudou os diários do Capitão Cook que narravam suas viagens exploratórias e os países visitados. Carey tinha dez anos de experiência como pastor e era um estudioso da Palavra. Era um homem disciplinado; ele tinha sido influenciado por cristãos simples e famosos, e por seu pai, que foi para ele um modelo de vida cristã e de fé em Deus, além de preocupar-se em promover a educação escolar para moças. Carey era um homem de convicções firmes e não se rendia nem desanimava facilmente.

Um candidato ideal teria essas qualidades: uma fé firme em Deus, convicção do chamado missionário, disciplina, experiência no ministério, profundo conhecimento da Palavra de Deus, e a capacidade de perseverar diante da dificuldade.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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3. Carey tinha certeza de um chamado de Deus. Todo crente tem um chamado? Por que? Na sua opinião, quais são os pontos básicos do chamado de Deus na vida de uma pessoa? Um chamado é uma convicção interior , um entusiasmo crescente, baseado no conhecimento das necessidades do mundo. Existe um chamado geral e um chamado específico. Mateus 28:18-20 é um chamado geral; o chamado específico é para ir a um lugar determinado para exercer um ministério específico. Cada cristão deve ter um chamado claro para servir ao Senhor, tanto em um trabalho “secular” como no trabalho da Igreja. O senhorio de Cristo é vital. Se um crente não consagrou sua vida ao Senhor, não poderá escutar sua voz.

No caso de Carey, ele estava disposto a ir (elemento subjetivo), pensando no início em dirigir-se aos mares do sul por causa dos diários do Capitão Cook. Ele recebeu depois um convite para ir à Serra Leoa (África) e finalmente o Senhor o dirigiu para a Índia através de um encontro com o Dr. Thomas.

No aspecto objetivo, houve (1) confirmação por parte de seus colegas; (2) as portas se abriram para que ele fosse à Índia; e (3) a disposição dos seus colegas de ministério de enviá -lo ao campo. Mesmo assim, seu pai e sua esposa se opuseram a que ele saísse ao campo missionário.

4. Qual é o papel da igreja na confirmação do chamado de uma pessoa?

Atos 13:1-3 mostra como é importante que o chamado seja confirmado pela igreja que conhece a pessoa.

5. Como se pode resolver o aparente conflito entre o chamado de Deus e outras responsabilidades

na vida da pessoa (como família, negócios, etc.)? O Dr. Ramesh Richard diz: “O laço matrimonial não pode ser desfeito. Mas, o chamado de Deus não pode ser evitado e os laços do matrimônio devem submeter-se ao chamado de Deus”. Qual é a nossa opinião sobre este assunto delicado? Quando se considera o chamado missionário de alguém hoje, muitos pensam que marido e mulher devem receber um chamado claro de Deus. Qual é a nossa opinião sobre este tema? (Ler 1 Pedro 3:6)

O Dr. Ramesh Richard afirma: “Seria maravilhoso se tanto o esposo com a esposa fossem chamados, mas conhecemos situações antigas, como o caso de Abraão. Ele foi chamado por Deus, enquanto que Sara, por ter sido chamada ao matrimônio, estava disposta a seguir a Abraão, e eu creio que isto foi o que aconteceu no caso de William Carey.” Para o bem de Dorothy, talvez tivesse sido melhor que eles voltassem para a Inglaterra, mas para o bem da Índia, foi bom que isto não tivesse acontecido.

Em vista do que aconteceu com a esposa de Carey, muitas agências missionárias atualmente se preocupam com o chamado da esposa e do marido, juntos. Numa situação deste tipo, devemos orar para que Deus mude a atitude do cônjuge e esperar o tempo do Senhor. O tempo de Deus é diferente do nosso. O assunto deve ser compartilhado e discutido com os líderes da igreja, com a disposição de nos submetermos a eles. Enquanto esperamos em Deus, devemos continuar buscando a sua presença e direção, e continuar crescendo espiritualmente.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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Pág. 23 – QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Na conversão do apóstolo Paulo, conforme Atos 22:1-10, que decisão se vê claramente no

versículo 10? A disposição de Paulo de fazer a vontade de Deus, colocando-o como senhor de sua vida.

2. Que significava para William Carey o fato de que Cristo era o senhor de sua vida?

Pergunta aberta. Incentive os participantes a responderem à pergunta e aplicarem as respostas às suas próprias vidas.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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2ª. SESSÃO – TRIBULAÇÕES RESPOSTAS

Pág. 9 e 28 – PARA DISCUSSÃO EM GRUPO: Tiago 1:2-3 1. Como podemos entender o sofrimento dos servos de Cristo à luz da Palavra de Deus? 2. Como podemos entender a palavra de Tiago de que o sofrimento deve ser motivo de alegria?

Não devemos nos surpreender quando sofremos. Enquanto houver pecado, haverá sofrimento. Além disso, Cristo nos prometeu sofrimento e perseguição, e até mesmo a morte! De qualquer maneira, o sofrimento nos faz pacientes; adquirimos entendimento, crescemos na fé e podemos confortar aos demais que passam pelo mesmo fogo. A atitude que devemos tomar diante do sofrimento é reconhecer que é apenas passageiro. O que realmente conta são as coisas eternas; através do sofrimento Deus nos prepara para a eternidade. A Bíblia também ensina que há recompensa no céu para os que sofrem por causa da justiça e por causa da pregação do Evangelho (1 Tm 3:12; Rm 8:17; Mt 5:10-12, etc.).

3. Ler 2 Cor 11:23-29. Quais dos sofrimentos de Paulo eram físicos, espirituais ou relativos ao

relacionamento com outras pessoas? De acordo com esta passagem, quase nenhum dos sofrimentos mencionados é espiritual. Quase todos são físicos, exceto o que menciona o verso 26: salteadores, patrícios (=sua própria gente), gentios, falsos irmãos. Sem dúvida Paulo não podia evitar esses sofrimentos (a menos que ele abandonasse a pregação do Evangelho). Ele não desistia porque reconhecia o chamado de Deus sobre sua vida e tinha paixão por essa visão.

4. Quais foram algumas das muitas provações que experimentou a família Carey?

Carey experimentou pobreza, fome, enfermidades, muitas mudanças, perigo, a morte de um filho, as aflições de sua esposa e a oposição dos funcionários da Companhia das Índias Orientais que procuraram impedi-lo de pregar o Evangelho.

5. Que influência tiveram as tribulações no caráter de Carey?

Através das tribulações, Carey amadureceu em paciência e alcançou muitas coisas pela sua persistência e tenacidade. Essas experiências o tornaram humilde diante de Deus e não deixaram que ele tivesse um espír ito de orgulho.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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6. Carey também teve muitas dúvidas e períodos de depressão. O que o susteve e lhe deu coragem para continuar? Sua atitude foi descrita pelo Dr. Richard: “Carey estava disposto a pagar o preço. Não estava ali para benefício próprio, senão para a glória de Deus”. Que atitude impressionante! Ele estava consciente da soberania de Deus no seu sofrimento. Ele o considerava como um meio de mantê-lo humilde, dependendo totalmente de Deus (2 Co. 4:1-17 e Rm. 8:17-18).

7. O Dr. Richard afirma que Carey estava mais preocupado com o senhorio de Cristo do que em seus sofrimentos pessoais. Segundo ele, o ponto de vista de Carey era de que “Se a causa de Jesus Cristo é tão importante, o preço a pagar é irrelevante.” Como podemos entender essa frase de Carey? Resposta em aberto.

8. Até que ponto deveríamos buscar o êxito como confirmação do chamado de Deus e de sua

bênção sobre o nosso trabalho? O que significa ser bem sucedido no ministério? Como se pode avaliar o êxito de um servo de Deus? Como difere dos parâmetros do mundo?

O verdadeiro êxito consiste em fazer a vontade do Pai. Nossa obediência e fidelidade se medem pelo uso que fazemos dos dons e oportunidades que Deus nos concede. Os padrões do mundo são os resultados imediatos e espetaculares. Nós, como crentes, precisamos ver as coisas a longo prazo, com os olhos do Senhor (1 Co. 3:4-15; 13). Um êxito que todos vêm não quer dizer necessariamente que fomos chamados por Deus; da mesma forma, a dificuldade de conseguir resultados não quer dizer necessariamente que estamos fora da vontade de Deus para as nossas vidas. Muito depende do lugar em que estamos (fácil ou difícil), do tipo de ministério que desenvolvemos, da abertura espiritual das pessoas e dos nossos dons e capacidades.

(Conta-se a história de um jovem violinista que após um concerto recebeu muitos aplausos. Mas o jovem não dava atenção à platéia; ele tinha os olhos postos no seu mestre. Quando terminou de tocar, o jovem viu o seu mestre balançar a cabeça em sinal de aprovação. Só então o jovem violinista se curvou para receber os aplausos. A medida do êxito para o jovem músico era a aprovação do seu mestre.)

Precisamos ser fiéis no uso dos nossos dons. Tanto o homem que recebeu cinco talentos como o que recebeu dois talentos multiplicaram o que receberam em cem por cento e ambos foram recompensados em cem por cento (Mt. 25:14-30). Devemos trabalhar com amor (1 Co. 13) e submissão à vontade de Deus.

O que Deus requer de nós? Deus requer que sejamos fiéis ao seu chamado, usemos os dons que ele nos dá e vivamos em amor. Seria muito bom ver resultados e bênçãos, mas isto não é tudo. O êxito não é o sinal que devemos buscar.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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9. O que podemos aprender do casamento de Carey? É importante que a esposa seja submissa e que apóie o esposo, compartilhando sua visão.

Também é importante que o marido leve em consideração a opinião da esposa nas decisões que toma.

Podemos aprender que: a. Um lar feliz, submisso ao senhorio de Jesus, produz muito fruto e é um exemplo para

outros. b. Temos que ver o contexto da época de Carey. Naquela época, o homem tomava as

decisões da família, pouco levando em conta as necessidades pessoais da esposa. Hoje, a situação é diferente; marido e mulher precisam buscar juntos a vontade de Deus.

c. Em parte pelo que aconteceu com Dorothy Carey, hoje em dia muitas sociedades missionárias levam em consideração o chamado de Deus da esposa e sua necessidade de preparar-se para o campo junto com o chamado do marido.

Pág. 28 – QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. William Carey queria que a família cristã fosse modelo neste mundo, seja localmente, seja de

forma global. Qual é a importância deste tema? Carey conhecia muito bem a ênfase bíblica sobre a família. Durante todo o seu ministério na Índia, ele preocupou-se com sua família e também com o bem estar das famílias dos seus companheiros de equipe e dos novos convertidos. No mundo de hoje, quando os valores da família são questionados, os valores bíblicos sobre a família, quando colocados em prática, podem transformar uma sociedade.

2. 1 Pedro 3:7 diz: “Maridos, … vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações”. Como se pode aplicar este versículo ao casamento? Resposta em aberto.

3. O que faz com que os servos de Deus não desistam e nem abandonem sua missão? O que sustenta o obreiro no campo é a convicção de seu chamado, a certeza de que está

obedecendo ao Senhor que o chamou para a sua seara, sua dependência de Deus e do seu Espírito Santo, uma vida devocional consagrada, e a intercessão e o apoio dos irmãos que compartilham do seu ministério. Um coração cheio de amor e misericórdia pelo povo a quem ministra é outro ingrediente indispensável na perseverança do obreiro.

4. A maneira como Carey sustentava o seu ministério era única. Discutir as possibilidades de sustento hoje em dia – “fazer tendas” em países de acesso restringido ao Evangelho, a idéia de desenvolver uma comunidade cristã, e outras possibilidades.

Resposta em aberto.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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3ª. SESSÃO – TRABALHO EM EQUIPE RESPOSTAS

Pág. 11 e 32 – PARA DISCUSSÃO EM GRUPO: 1 Coríntios 1:10-16; 3:5-9; 12:4-13 1. A primeira carta de Paulo aos Coríntios foi dirigida aos problemas da jovem igreja, que estava

situada no porto marítimo daquela cidade grega. A divisão entre os irmãos é uma das crises a que Paulo se refere na carta. Leia com atenção as passagens citadas. O que Paulo ensina sobre o trabalho em equipe, a interdependência, o respeito mútuo e a unidade no corpo de Cristo? Paulo fala da necessidade de estarmos unidos e não seguirmos a homens, mas sim, a Cristo. Todos nós temos uma tarefa no Corpo de Cristo e ninguém é mais importante do que ninguém. Somos todos servos e precisamos reconhecer que necessitamos uns dos outros.

2. O que significou para Carey a chegada de novos missionários ao campo? Que mudanças

podemos observar no comportamento de Carey após a chegada desses missionários? Os novos missionários foram uma grande bênção para Carey. Deram-lhe muito ânimo para continuar o trabalho e formaram com ele uma equipe forte e bem constituída. Carey pôde delegar responsabilidades e projetos à equipe missionária, o que lhe permitiu dedicar-se mais integralmente ao seu chamado. Eles lhe deram apoio moral e ajudaram à sua esposa e aos filhos. O ministério de Carey floresceu e se multiplicou. A gráfica e as escolas deram lucro; ele teve mais liberdade para ministrar porque Ana o ajudava no cuidado dos filhos. A representação dinamarquesa na Índia ofereceu proteção e ajuda a Carey. Tempos depois, já casado com Charlotte, Carey encontrou felicidade e alegria no matrimônio.

3. Se não fosse pelo apoio que Carey recebeu da equipe missionária, você diria que teríamos

conhecido a sua história? Teria sido mais difícil para Carey realizar tudo o que ele fez. Provavelmente não teríamos ouvido a respeito dele, mesmo tendo sido um homem perseverante e tendo publicado a Bíblia na língua Bengali praticamente sozinho. Embora não se fale muito sobre os seus colaboradores, eles o ajudaram e o animaram muito. Possivelmente não teríamos ouvido falar de Carey se ele tivesse decidido trabalhar sozinho.

De acordo com 1 Coríntios 3:5-9, reconhecemos que só Deus é quem merece a glória pelo crescimento de seu reino. Uma pessoa pode dar os primeiros passos na obra, de acordo com a vontade de Deus, mas dependerá de outros para terminá-la. Não devemos fazer tudo sozinhos. Jesus Cristo deve ser o único fundamento. Deus quem dá a semente ao semeador e água ao que rega. Ele é quem torna tudo produtivo e lhe dá crescimento.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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4. A experiência daqueles missionários era válida somente para aquela época e aquele lugar, ou podemos aprender alguma coisa com eles sobre como desenvolver a obra missionária em outros lugares e épocas? Depende. Carey não tinha todos os dons para fazer tudo sozinho. Talvez ele tivesse trabalhado com o Dr. Thomas se as circunstâncias tivessem permitido. Deus faz tudo a seu tempo e, seis anos mais tarde, formou-se a equipe missionária . Em geral, o trabalho em equipe dá melhores resultados a longo prazo e permite que a obra continue, mesmo se um obreiro tiver de sair do país. Além disto, o trabalho em equipe multiplica os esforços do indivíduo, permitindo que os dons de um complementem os dons dos outros. Não há dúvida de que, normalmente, o trabalho em equipe produz mais do que o indivíduo que trabalha sozinho.

5. Carey convidou Krishna para comer com os crentes. O que isso significava naquela cultura?

Qual foi o significado do batismo de Krishna Pal? Comer junto com os cristãos significava quebrar as barreiras das castas hindus e arriscar-se a ser perseguido e reje itado pelo próprio povo. O batismo de Krishna foi uma demonstração visível de sua identificação com os cristãos e de sua ruptura definitiva com o Hinduismo. Esse batismo foi o primeiro fruto da colheita e serviu de grande alento para que os missionários continuassem o trabalho.

O equivalente para um crente hoje depende de sua cultura. Para um hindu, o ato de comer com pessoas de outra casta pode ser uma demonstração visível de sua sinceridade em querer seguir a Cristo. Para um muçulmano, o ato de batizar-se talvez seja equivalente.

6. Que oportunidades ministeriais Ana criou para a sua equipe? Ana criou oportunidades de ministério através de seu trabalho na escola para meninas, o qual lhe rendeu alguns lucros financeiros. O fato de ela administrar os negócios da comunidade missionária liberou os demais para que continuassem os seus ministérios. Ela também apoiou Carey e família, cuidando de Dorothy e servindo de mãe para as crianças. Josué Marsham e William Ward conduziram os filhos de Carey ao Senhor.

Pág. 12 e 32 – QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Consideremos algumas das opções para uma família missionária nos dias de hoje. Por

exemplo, a equipe missionária deve viver em comunidade, como fizeram Carey e seus colegas, ou cada família missionária deve viver num lugar diferente. Há outras opções? Resposta em aberto.

2. Carey tinha razão: ser transparentes e resolver as diferenças que surgem entre os obreiros imediatamente é sumamente importante. Vejamos 1 João 1:7, 1 Pedro 1:22 e ainda Hebreus 3:13. De que maneira mantêm nos comportamos com integridade e transparência com outros crentes? Como fazemos para manter a nossa unidade em Cristo?

Resposta em aberto.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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4ª. SESSÃO – TRIUNFO RESPOSTAS

Pág. 13 e 39 – PARA DISCUSSÃO EM GRUPO: 2 Cor 2:14-17 1. Que princípios de cooperação encontramos em Carey e Ramohan Roy?

Carey e Ramohan Roy se concentraram nos pontos que tinham em comum e os uniam, em vez de ficar discutindo suas diferenças. Devemos tomar cuidado para não julgar Carey por ter cooperado com descrentes. Sem o apoio de Roy, a campanha contra o costume do sati teria sido visto apenas como opinião de um estrangeiro. Além do mais, Roy era respeitado pelo líderes hindus, um respeito de que Carey não gozava.

2. Qual é a sua opinião sobre o fato de que Carey dava grande valor à cultura indiana e sua

literatura (no que não contradiziam as Escrituras) ao ponto de crer que deviam ser retomadas e usadas apropriadamente? Carey traduziu os clássicos da literatura indiana, incluindo os shastris (escrituras hindus) do original sânscrito para o Bengali comum. Devemos entender suas razões: ele queria mostrar que nas escrituras hindus costumes desumanos como o sati não eram exigidas pelos deuses. Ele queria encontrar um argumento contra as imposições dos brâmanes (líderes religiosos) usando suas próprias escrituras.

Seu esforço literário o ajudou a dominar o sânscrito para poder traduzir a Bíblia para esse idioma, considerado pelos brâmanes como o único idioma sagrado. Através do trabalho de tradução, ele adquiriu uma melhor compreensão daquela cultura.

Em terceiro lugar, esse esforço teve vantagens econômicas. Havia uma grande demanda por esses livros na língua Bengali e o lucro arrecadado ajudou na publicação da Bíblia em outras línguas.

3. Como podemos responder à crítica de que o cristianismo é uma crença estrangeira e que destrói a cultura nativa? A mudança cultural é inevitável. Em todo o mundo ocorrem mudanças culturais, por exemplo, cuando as multinacionais ocidentais, como a rede de restaurantes McDonalds e a Coca Cola, ou a televisão e outros meios de comunicação, provocam mudanças culturais. Mesmo assim, os antropólogos preferem ignorar esses fatos. O cristianismo transforma culturas, mas em vez de destruí-las, as complementa.

4. Carey agiu corretamente ao interferir no costume religioso do sati? Por que? Toda cultura tem características boas e más e também aspectos neutros. Devemos tentar mudar o que é negativo. O costume do sati, por exemplo, era uma prática condenável universalmente, não apenas dentro da moral cristã.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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5. Com o passar do tempo, explique como Carey mudou de pensamento a. em relação aos seus próprios dons e chamado b. quanto à razão pela qual ele se sentiu chamado para a Índia c. sobre como ele podia servir melhor aos interesses eternos do Evangelho

a. Ele foi à Índia para pregar e converter os nativos. Mais tarde, ele percebeu que seus dons

eram melhor usados na tradução da Bíblia e no ensino. b. No início, ele pensou que tinha sido chamado para pregar, mas com o correr do tempo,

ele entendeu que, através da tradução da Bíblia e do ensino da ciência, astronomia , geografia, agricultura, etc., ele influenciou a mentalidade deles em todos os aspectos.

c. Ele começou pensando em converter alguns pela pregação, mas o plano de Deus era muito mais amplo. Deus queria que ele experimentasse a cultura indiana em diversos aspectos e que criasse o movimento missionário moderno.

6. Que estratégias missionárias Carey adotaria se vivesse hoje?

Depende do contexto. Ele usaria todos os meios possíveis para evangelizar, de acordo com as necessidades—tradução da Bíblia, programas de alfabetização, etc—e buscaria maneiras de levar estes benefícios aos necessitados. Sem dúvida, ele usaria computadores e outros meios de comunicação. Ele promoveria a cooperação entre as agências missionárias e o trabalho em equipes.

Pág. 39-40 – QUESTIONÁRIO SUPLEMENTAR 1. Carey era “mais que vencedor”. Ele considerava todas as coisas a partir de uma perspectiva

eterna. Sua motivação maior era a obediência a Cristo. A exemplo do Conde Zinzendorf, líder dos missionários morávios que foi uma grande inspiração para sua vida, William Carey tinha uma única paixão: Cristo. O incêndio da oficina gráfica só serviu para que ele crescesse ainda mais na semelhança de Cristo. Como disse um líder da Igreja Primitiva: “Submeta-se com alegria às circunstâncias que Deus coloca na sua vida”.

2. Carey não menciona Satanás como o culpado pelos seus problemas; em vez disto, ele procura

ver em tudo a mão de Deus. Que lições podemos aprender com ele? Por que Deus permitiu tantos problemas no seu trabalho missionário? Como Carey, podemos aprender a ver todas as coisas como originárias em Deus ou permitidas por ele. “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, porque através delas Deus quer nos tornar semelhantes a Jesus. Ele nos torna mais dependentes dele e nos ensina a confiar nele quando tudo parece impossível. Carey viu a mão de Deus no incêndio que o humilhou, para aproximá-lo mais e mostrar-lhe que Deus não compartilha sua glória com ninguém.

3. Qual foi o resultado do incêndio?

O trabalho de Carey e sua equipe tornou-se conhecido em todo o mundo cristão, e chegaram ofertas para cobrir as perdas—mais do que precisavam. Produziram-se melhores traduções na segunda tentativa, e Carey e os demais tornaram-se mais humildes, reconhecendo que a obra é de Deus e que ele pode cumprir seus propósitos com ou sem eles, conforme a sua vontade.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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4. Ler 1 Tessalonicenses 5:18. Considere esta passagem como um guia para os missionários. Como se pode colocá-la em prática? Quais foram as pressões, circunstâncias e provações que ajudaram Carey a amadurecer como servo de Deus na Índia?

Resposta em aberto. 5. Em harmonia com os seus dons, o Trio de Serampore entendeu melhor qual era o seu

ministério, enfocando melhor o seu chamado missionário. Meditemos na importância deste princípio, especialmente em função da cooperação missionária entre obreiros de diferentes nacionalidades e culturas.

Resposta em aberto.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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“O PACTO DE SERAMPORE” RESPOSTAS

Páginas 48-50 1. Por que estamos aqui? (a) Identifique neste parágrafo as convicções básicas da equipe

missionária. (b) Qual é a função de cada Pessoa da Trindade na obra de ganhar almas? (c) Qual é a responsabilidade do ser humano na obra de Deus?

a. Eles tinham duas convicções básicas: eles estavam ali porque Deus os tinha enviado, isto

é, estavam ali na autoridade de Deus; a segunda era que todas as pessoas necessitam da salvação (redenção) que há em Cristo.

b. Deus é o que dá o crescimento; Deus é soberano em eleger e acrescentar à sua Igreja a

quem ele quer; o Filho é o Redentor, que deu sua vida para a salvação das almas; o Espírito Santo traz convicção e fé para salvação.

c. O ser humano tem a responsabilidade de esforçar-se em persuadir a outros a se

reconciliarem com Deus, a serem sábios e zelosos pescadores de homens. 2. O valor infinito da alma humana. Qual a importância do valor da alma humana, do juízo eterno e

do exemplo de Jesus na obra missionária? (b) Como o Pacto de Serampore se refere à idolatria hindu? a. O valor de uma alma humana e o peso do juízo final dos que não crêem em Cristo devem

motivar o missionário a esforçar-se em tudo. O exemplo de Jesus, que deu sua vida pelos perdidos, é outra motivação para que o missionário trabalhe com todas as suas forças, sem desmaiar ou desanimar.

b. O Pacto considerava a idolatria como uma superstição e adoração incorreta, algo a ser

renunciado. 3. A importância da pesquisa. Qual a importância dos estudos antropológicos e de uma correta

compreensão do estilo de vida e da cosmovisão do povo indiano para comunicar-lhes o Evangelho? Estas ferramentas são importantes para minimizar os obstáculos na comunicação do Evangelho. Os missionários tinham de entender a maneira de pensar dos hindus para poderem apresentar-lhes o Evangelho de uma forma que eles entendessem. Da mesma forma, eles tinham de mostrar que conheciam os seus costumes, ganhando assim a sua confiança e os seus ouvidos, em vez de serem vistos como bárbaros.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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4. Evitar ofensas desnecessárias. (a) Por que era importante a sensibilidade cultural para evangelizar os hindus? (b) Como os morávios e quáqueros se transformaram em modelo missionário nessa questão?

a. Para não causar ofensas ou preconceitos desnecessários contra o Evangelho. Se os hindus

tivessem a impressão de que os missionários nem sequer sabiam as regras básicas de cortesia de sua cultura, teriam criado uma barreira mental que os impediria de escutar os missionários. Se os missionários tivessem criticado seus costumes, eles não se interessariam em ouvir sua mensagem.

b. Os morávios e quáqueros estavam dispostos a rebaixar-se ante os olhos dos indígenas da

América do Norte para ganhar sua simpatia e abrir os seus ouvidos para ouvir o Evangelho.

5. Estar em contato com as pessoas. Como se relaciona a idéia de conviver com as pessoas

diariamente e a pregação do Evangelho duas ou três vezes por semana?

Muitas pessoas se conformam apenas com um tipo de evangelização programada. Mas devemos ter tanto amor por Cristo e pelas almas que falamos dele a todo momento.

6. Fazer de Cristo o centro de tudo. (a) Na história da Igreja, qual foi o significado da pregação de

Cristo crucificado (1 Cor. 2:2) para os apóstolos, os reformadores da igreja e os pregadores do grande avivamento na Europa e Estados Unidos (por exemplo, João Wesley e George Whitefield)? (b) Por que os morávios tiveram êxito como missionários?

a. Nas épocas mais fervorosas da história da Igreja, a pregação sempre enfocava na pessoa e

obra de Cristo como a parte central do Evangelho. b. Porque o tema principal de sua pregação era a expiação de Cristo.

7. Ser acessíveis, pacientes e justos. (a) Explique por quê é importante para o missionário conquistar a confiança das pessoas em seu ministério. (b) Explique como o fato de ser uma pessoa acessível, paciente, justa e sacrificial ajuda o missionário a conquistar a confiança das pessoas.

Conquistar a confiança do povo é importante porque, sem isto, as pessoas não escutarão a mensagem do missionário. O fato de o missionário ser acessível faz com que as pessoas se sintam bem na sua presença e desejem ouvi-lo.

8. Trabalhar diligentemente com os novos convertidos. (a) Como se deve instruir os novos convertidos, especialmente quando eles são rejeitados por seus familiares, amigos e companheiros de trabalho, chegando, em alguns casos , até a perder seus empregos por causa de sua fé em Cristo? (b) Qual deve ser a atitude do missionário com relação ao governo? Por que? (c) Como o missionário deve lidar com as fraquezas do novo convertido, tendo em vista que este muitas vezes não conhece as Escrituras e não tem uma noção clara do que é pecado? (d) Por que é tão importante que o missionário se torne um modelo para os novos crentes? (e) Explique a importância do trabalho da mulher missionária dentro da cultura hindu. a. O missionário deve ajudá-los a alicerçar sua fé em Deus, tratando-os com paciência,

buscando formas de conseguir empregos que vão evitem a tentação de pecar, sempre com uma atitude de compaixão pelos sacrifícios que eles fazem para seguir a Cristo.

b. O missionário deve respeitar o governo civil porque a Bíblia ensina a submissão às

autoridades civis e ao governo. Também ele deve ser um bom exemplo para os novos

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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crentes para que as autoridades vejam que os cristãos são os melhores cidadãos e que não necessitam temer a pregação do evangelho.

c. O missionário deve ser paciente com as faltas dos novos crentes, reconhecendo que vêm

de um passado onde não tinham uma noção correta do que é pecado. O missionário não deve desanimar e nem rejeitá-los, enquanto eles mostrarem a menor disposição ao arrependimento.

d. O missionário precisa ser um modelo ou porque não há conhecimento das Escrituras, ou

talvez, nem sequer as Escrituras em seu idioma. Quando é assim, a conduta do missionário é a única instrução que eles têm.

e. A mulher missionária é muito importante na cultura hindu porque as mulheres hindus só

podem conversar com outras mulheres. 9. Promover a liderança nacional. (a) Qual é o papel do missionário à medida que as igrejas se

multiplicam e escolhem seus próprios líderes? (b) Por que é melhor o ensino bíblico indutivo em vez de um ensino bíblico autoritário?

a. O missionário deve promover a liderança nacional o mais cedo possível, para que a igreja

nacional adquira a forma da cultura local, deixando de ser uma cópia das igrejas estrangeiras; assim, a igreja aprenderá mais rapidamente a não depender do missionário. O missionário deve ser como um pai espiritual ou mentor para os líderes da igreja, aconselhando-os em casos difíceis e corrigindo erros doutrinários.

b. O ensinamento autoritário muda as pessoas só por fora e somente quando o missionário

está presente. Não muda as atitudes ou convicções interiores e isto leva à hipocrisia. O convertido volta aos velhos costumes e crenças quando o missionário não está presente. O ensino indutivo leva à formação de convicções próprias que levam o novo convertido a mudar sua própria vida.

10. Traduzir as Escrituras. Explique a prioridade das seguintes atividades missionárias: (a) a

aprendizagem do idioma; (b) a tradução e distribuição das Escrituras; (c) os programação de alfabetização; (d) a publicação de literatura cristã. Por que é importante estabelecer escolas cristãs como parte do esforço de pregação do Evangelho e plantação de igrejas?

a. É preciso que o missionário tenha um bom domínio do idioma para poder pregar o

Evangelho de forma compreensível.

b. Também é muito importante que os novos convertidos tenham as Escrituras em seu próprio idioma o mais cedo possível, para poderem crescer, alicerçar a sua fé e desenvolver sua vida cristã. A tradução das Escrituras é uma forma eficaz de difundir em Evangelho a outros lugares.

c. Os novos convertidos devem aprender a ler (se for o caso) para poderem estudar as

Escrituras. Por isto, os programas de alfabetização são de suma importância, especialmente em países onde a porcentagem de analfabetos é alta.

“Uma Chama na Escuridão” – Respostas Para os Questionários

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d. Depois das Escrituras, outros livros e folhetos são importantes para evangelizar, ensinar e ajudar a nova igreja a crescer.

e. A prioridade de estabelecer escolas cristãs para o avanço do Evangelho dependerá de

cada situação. Se há suficientes escolas que dão uma boa educação, possivelmente não seja tão urgente estabelecer escolas cristãs naquele país. O objetivo de ter escolas cristãs é exercer uma influência a longo prazo.

11. A importância da oração e da devoção pessoal. (a) Explique a importância da oração, do estudo

da Bíblia e da vida devocional do missionário. (b) Que relevância teve David Brainerd neste aspecto?

a. Se o missionário não mantêm uma relação íntima com Deus, seu trabalho será afetado

porque será feito com a sua própria força e, portanto, não durará muito tempo. Alem do mais, ele não poderá desenvolver a mansidão e o amor necessários para que Deus o use como instrumento para sua glória.

b. Brainerd é um grande exemplo de sacrifício e abnegação. Estas atitudes eram o resultado

de uma íntima comunhão com Deus na intercessão, e não dos grandes dons que ele possuía.

12. Não exigir nada. Pertencemos a Deus. (a) O que o servo de Deus possui? (b) Explique o que

significa entregar-se sem reservas a esta causa gloriosa e vigiar continuamente contra o espírito deste mundo, para que o trabalho não seja uma causa perdida. (c) Explique como o contentamento é uma maneira de glorificar a Deus com o nosso corpo e espírito, que pertencem a ele.

a. Não possui nada, mas, ao mesmo tempo, possui tudo (em Cristo). b. O espírito mundano busca vantagens pessoais e é incompatível com o chamado de Cristo

para “deixar tudo e segui-lo”. Não podemos servir a dois senhores, disse Jesus, porque o coração sempre se inclinará para um dos dois (Mt. 6:24). Procurar vantagens pessoais leva ao fracasso no serviço a Deus.

c. Estar contente em tudo mostra que minha confiança está em meu Pai Celestial, e que ele

sabe o que é melhor para mim. É uma forma de declarar: “O que tenho é o que Deus sabe que necessito e não necessito de nada mais”. Esta atitude glorifica a Deus porque mostra confiança em sua sabedoria, amor e soberania.

13. Como os missionários usaram o Pacto de Serampore? Como um lembrete de seus objetivos, métodos e atitudes corretas a adotar.