Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

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Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial

Brasileira nos anos 90

Carmen de Jesus Garcia

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatlstica

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UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA

INDUSTRIAL BRASILEIRA NOS ANOS 90

Carmen de Jesus Garcia

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CI~NCIAS EM ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO.

Aprovada por:

, Prof. Orlando Cosenza, D.Sc.

vi Uma Análise das mudanças na

lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll 0386/01

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JUNHO DE 2001

IBGE -SET

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GARCIA, CARMEN DE JESUS

Uma Análise das Mudanças na

Estrutura Industrial Brasileira nos

Anos 90 [Rio de Janeiro] 2001

VIII, 132 p. 29,7 em (COPPEIUFRJ, M.Sc.,

Engenharia de Produção, 2001)

Tese- Universidade Federal do Rio

de Janeiro, COPPE

I. Estrutura Industrial

I. COPPEIUFRJ 11. Título (série)

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Ao meu pai, pela firmeza; A minha mãe, pela flexibilidade;

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Ao meu querido filho, Alexandre Bruno,

torcendo para que consiga equilibrar essas energias.

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AGRADECIMENTOS

Fazer essa tese foi muito agradável, uma vez dissipadas as nuvens turvas do horizonte. Nesse sentido sou muito grata a todos que me fizeram prosseguir, revelando a "tese duende".

Pelo colo, pelo amparo, pela amizade e pela ajuda, muito obrigada a aqueles que me acompanharam total ou em algum momento durante a caminhada mais difícil:

Vera Dutra e Geraldo Kikoler, Maria Helena Faria e Maria Luiza Barcellos Zacharias Elizabeth Saramella, Mamãe, Bruno, Arthur e Maria

À Luisa Maria La Croix, que brilhou na hora certa, como sempre, a quem muito devo essa chegada.

Ao Eduardo Luiz de Mendonça, muito querido velho amigo, pela esperança de novas caminhadas.

A minha irmã Lílian, pintora e mestre em outras artes, meu reconhecimento pelo minucioso trabalho de leitura final.

Agradeço especialmente a: Odisséa e a toda a equipe da Biblioteca do IBGE na Av. Chile, pela

eficiência e apoio na busca sempre renovada de novos textos; Sérgio Cortes, pela cobrança diária;

Wasmália Bivar, da área de planejamento do Departamento de Indústria . do IBGE, pela cessão dos dados que me fizeram concluir esse trabalho.

A Ednea, a Mariana e ao Valdilson, pelas dúvidas de última hora. Aos meus colegas de trabalho, pela tolerância com a ausência.

Aos membros da banca Sonia Regina de Mendonça e Orlando Cosenza, pela presença. Em especial agradeço a paciência pela leitura atenta e

pelas críticas aos primeiros originais feitas pela prof. Sonia Regina.

Carlos Alberto Nunes Cosenza, orientador e companheiro de outras jornadas,

minha gratidão.

E a todos aqueles que estão aqui, nessa madrugada final, no meu coração e na minha cabeça - Bruninho querido, dorme; minhas irmãs Roberta e Renata e Lílian - Roberta, um especial e desculposo Feliz Aniversário !, minha lindinha Luana, Zezé, Sylvia, Luísa ainda acordada, Maria (da Luisa), o Tinelli que não leu, querida D. ANNA, e Dudu também não leu; Vovó Margarida (saudades e culpa), a Bárbara, o Glauco David, Maria Lúcia, Ana Lúcia e Zé Carlos Miranda - obrigada a vocês dois por quase terem participado da banca, a mamãe rezando e o papai preocupado, a Glória (do papai), Zé Antonio, Israel, PC (obrigada), a Glorinha, o Fernando Costa, Helena, Juliana, Maria Luisa no Maranhão, Sonia em Neuquen e quem mais chegar porque a noite vai ser longa ...

Um brinde à vida !

Ao IBGE, pela oportunidade, meu renovado reconhecimento.

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Resumo da Tese apresentada à COPPEIUFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA INDUSTRIAL

BRASILEIRA NOS ANOS 90

Carmen de Jesus Garcia

Junho/2001

Orientador: Carlos Alberto Nunes Cosenza

Programa: Engenharia de Produção

Este trabalho analisa as mudanças ocorridas na estrutura industrial brasileira nos

anos 90, comparando as alterações verificadas nas participações das distintas

atividades industriais no total da indústria de transformação, em termos de valor da

produção industrial e valor da transformação industrial entre vários anos no período

1985/1998. São usadas quatro bases de dados industriais, duas oficiais e duas

produzidas por pesquisadores fora do êmbito dos institutos oficiais de produção de

estatísticas. Apontam-se limites no uso dessas bases em função dos pressupostos

que presidem suas construções e do êmbito das mesmas, nem sempre cobrindo toda

a estrutura industrial. Calculou-se um índice de mudança estrutural, segundo

metodologia da UNIDO, e seu resultado é elevado, indicando forte mudança estrutural

entre os anos 85 e 98. Agregando os dados segundo tipologia de indústrias a partir de

fatores principais de especialização competitiva, conclui-se que a mudança estrutural

observada ocorreu entre as indústrias intensivas em trabalho, que encolheram sua

participação na última década e as intensivas em recursos naturais, que ampliaram

sua presença na estrutura industrial, seguidas das atividades de produção intensiva

em escala. Em que pese essa mudança, a configuração da estrutura industrial, para

vários anos, descreve um formato que não se altera, indicando um padrão de

especialização competitiva que, pelo menos dos anos 85 para cá, não variou no que

se refere à participação de atividades tecnologicamente mais complexas.

v

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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

BRAZILIAN INDUSTRIAL STRUCTURAL CHANGES DURING THE NINETYS­

A PARTICULAR APPROACH

Carmen de Jesus Garcia

June/2001

Advisor: Carlos Alberto Nunes Cosenza

Department: Production Engineering

This work analysis the industrial structure changing between 1985 and 1998 in

Brazil. Comparisons are made considering the rate of production value, value added

census and employment of each activity in the role of industry in each year. Activities

are defined in National Classification System at 3 digits-level, conceming the ISIC,

Rev. 3. Agregate leveis are built to reflect the tecnological degree and resources leveis

intensity. Preliminary conclusions indicate a dowsizing in tecnological complex

activities, with an expansive movement towards natural resources activities.

vi

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ÍNDICE DO TEXTO

Introdução................................................................................................................. 1

Cap. I - O contexto das transformações................................................................... 6

1.1 -Ao nível mundial . ..... .. ... . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . ..... ...... .. .. .. . . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . . 6 a) O contexto macro........................................................................... 6 b) A expansão produtiva e financeira................................................. 14

1.2- Ao nível interno.................................................................................. 17 a) Perspectiva histórica..................................................................... 17 b) A política econômica nos anos 90 e as estratégias

empresariais de reestruturação...................................................... 21

Cap. li-Interpretações paradigmáticas para o desenvolvimento industrial nos anos 90................................................................................................ 29 11.1- O discurso 'oficial'- reintegração produtiva.................................... 30 11.2- O discurso 'crítico' -especialização regressiva ....... ................. ...... 36

Cap. 111- Bases de Dados Industriais ....................................................................... 41 111.1- Disponibilidade de Informações, Classificações e

Compatibilidades . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . .. .. . . .. .. . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . .. . .. . . . . . . . . 41 111.2- Bases de Dados Industriais........................................................... 51

a) Base VP - Mesquita, 1999 . . . .. . ... . .. ... ........ ... .. ........... .. . ........ ...... 53 b) Base VP- Haguenauer, 1998 ................................................... 55 c) Base VP- Contas Nacionais..................................................... 60 d) Censo lndustrial1985- PIA 96/98 ........................................... 61

111.3- Possibilidades e Limites no Uso das Bases de Dados Industriais ... 67

Cap. IV- Estruturas Industriais Comparadas ..... .... . . . . ... .... ..... ... .. ... .... .. . . . . .. . . . . ......... 72 IV.1 - Busca de Mudanças ..................................................................... 73 IV.2- Índice de Mudança Estrutural....................................................... 81 IV.3 -Interpretando as Mudanças.......................................................... 84

Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 1 04

Bibliografia................................................................................................................. 114

Anexo Estatístico- Bases de Dados de Estrutura Industrial. 123

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«País nas mãos de multinacionais não manda em seu destino. País sem projeto nacional é um país fantasma. Brasil."

vi i i

Aloysio Biondi Saudades de um tal de Brasil ...

(FSP, Opinião Econ8mica, 291511999)

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INTRODUÇÃO

Essa Introdução apresenta o objetivo da dissertação, sua motivação, as

principais questões associadas ao tema da tese, as hipóteses que serão

investigadas e a metodologia de desenvolvimento do estudo.

O objetivo dessa dissertação é investigar as mudanças ocorridas na estrutura

industrial brasileira nos anos 90, levantando questões sobre a natureza da

indústria que emerge dessas transformações.

A motivação deriva de interesse de muitos anos acompanhando a evolução da

indústria no Brasil e preocupações, ao longo dos anos 90, de várias naturezas.

É indiferente a um país ter seu parque industrial nas mãos de empresários

estrangeiros? Como interpretar mudanças tão abruptas e tão profundas como

as verificadas na primeira metade dos anos 90, num país cuja consolidação da

indústria foi resposta a uma ideologia de desenvolvimento nacional, que se

efetivou a partir de um padrão de acumulação em que o Estado e os capitais

privados, tanto nacionais como estrangeiros, assumiram funções específicas e

articuladas nesse processo? Antes disso, que mudanças foram essas? A

reflexão sobre as duas primeiras questões fugiu ao âmbito desta tese,

constituindo-se, desde já, espaços de pesquisa futura, o mesmo não ocorrendo

com a última preocupação, que, com certeza, será respondida no decorrer da

mesma.

Importante esclarecer que essa tese é descritiva. Marcos teóricos de referência

analítica estarão sendo apontados ao longo da tese, sendo tomados como uma

opção de interpretação dos fenômenos considerados ou dos passos que se

deva percorrer para captar esses fenômenos - parte dessas assunções estão

pontuadas nos parágrafos seguintes. Por isso o título começa com 'Uma análise

das mudanças ... ". É o que se pretende: fazer uma análise, dentre tantas outras

possíveis.

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Curiosamente ficou-se muito tempo sem ter mais que estudos específicos de

cunho setorial abrangendo pequeno número de empresas, como base de dados

para estudar esses anos. Depois da metade da década foi grande o esforço de

pesquisadores independentes na construção de séries históricas de dados para

atender a essas e outras questões relativas à performance da indústria na

década, sendo notáveis os estudos de Maurício Mesquita e Lia Haguenauer

que, de forma independente, construíram séries históricas de valor da produção

industrial, por atividades, para grande número de anos, cobrindo parte dos anos

90. Na segunda metade da década o IBGE divulgou as novas Contas Nacionais

do Brasil, com dados relativos aos anos 1990 a 1996 e, apenas recentemente,

disponibilizou as Pesquisas Industriais Anuais de 1996 a 1998, traçando uma

comparação com o Censo Industrial de 1985. Serão os dados 1985 e 1998,

gentilmente cedidos pela Divisão de Planejamento do Departamento de

Indústria do IBGE, que comporão uma das bases de dados industriais (a mais

relevante) para verificação das mudanças estruturais nessa tese, que ainda vai

trabalhar com outras três bases, ao mesmo tempo: a de Contas Nacionais e as

duas construídas pelos pesquisadores independentes, não vinculados a órgão

oficiais de estatística - Mesquita e Haguenauer.

Toma-se como um dado que profundas alterações se processaram na estrutura

industrial, ao se admitir a pesquisa da natureza da indústria que surge das

mesmas.

A estrutura industrial será observada a partir das participações relativas das

distintas atividades industriais na produção total, medidas através do valor da

transformação industrial na base do Censo Industrial e pelo valor da produção,

nas outras três bases. Não se trabalhará com a indústria extrativa, apenas com

a indústria de transformação.

O ideal seria poder cruzar as duas informações citadas com outros dados,

como a penetração das importações e a presença do capital estrangeiro, a

partir de amplas evidências já disponíveis na literatura, até porque as

interpretações que serão confrontadas têm um raio de abrangência maior que o

que pode permitir visualizar as estatísticas que serão aqui tratadas. Mas esse é

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o limite dessa dissertação. O desdobramento dos estudos derivados das

motivações que a promoveram ficarão também para outros espaços de

reflexão.

E essas informações serão analisadas à luz de interpretações conflitantes que

servirão de paradigma para se concluir sobre o efeito das mudanças. De um

lado os que acreditavam que o processo de abertura comercial e de

desregulamentação dos mercados seria suficiente para reproduzir uma

dinâmica de crescimento semelhante à dos países desenvolvidos; de outro os

que consideravam que o processo de liberalização levaria a uma especialização

regressiva da cadeia industrial, com sérios danos para o futuro do

desenvolvimento industrial brasileiro.

Sob um outro aspecto, interpreta-se que as aludidas mudanças resultaram do

casamento de interesses internos com tendências predominantes na ordem

mundial a partir do esgotamento do pacto que presidiu a consolidação da

indústria no Brasil, pós 50, em função dos problemas financeiros vividos ao

longo dos anos 80. Ou seja, refletiram a forma de inserção internacional da

economia brasileira pretérita e em resposta às transformações havidas na

ordem política e econômica mundiais no passado recente.

Quanto à indústria que emerge dos anos 90, a hipótese com que se trabalhará

é a de que ela reflete um processo de forte reestruturação produtiva mas com

comprometimento de nossas perspectivas de crescimento e auto determinação

como nação.

O desenvolvimento do estudo está estruturado na discussão das questões a

seguir itemizadas, cujo detalhamento compõe o tema dos quatro capítulos

seguintes.

a) O contexto das transformações tanto mundiais pós anos 70, como

em relação à economia brasileira, com ênfase nos anos 90:

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Page 13: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

i) as transformações globais vivenciadas nos países desenvolvidos,

destacando-se a importância norte-americana na tentativa de definição de

uma nova divisão internacional do trabalho, a emergência de uma nova base

técnica de produção e de organização do processo de trabalho, mudanças

nas estratégias competitivas das grandes corporações e no padrão mundial

de difusão de informações e a globalização financeira;

ii) a industrialização brasileira como ideologia de desenvolvimento,

levando à consolidação de uma estrutura industrial complexa, integrada,

diversificada, protegida até o final da década de 80, com forte presença do

Estado como produtor e do capital estrangeiro e com padrão de

financiamento apoiado na captação de recursos externos; as mudanças

ocorridas nos anos 90 na política econômica, levando a um novo padrão de

articulação do Estado e de marcos para atuação empresarial e as

estratégias empresariais de ajustamento.

2. A explicitação de duas posições presentes no debate sobre o futuro da

industrialização. Primeiro a daqueles que defenderam que o resultado do

processo de abertura comercial e de desregulamentação permitiria que a

industrialização avançasse na direção de uma dinâmica industrial semelhante à

dos países desenvolvidos, que será tratada como a tese da reintegração

produtiva; segundo a dos que apontaram que, tal como foi desenvolvido, o que

se conseguirá é uma regressão industrial, perda de adensamento das cadeias

produtivas, desnacionalização e que o processo de liberalização deveria ser

articulado a outras medidas visando à construção deliberada da competitividade

- esta posição será tratada como a tese da especialização regressiva.

3. Discussão de questões pertinentes à ausência de informações estatísticas

para os anos 90, aos seus atrasos e às mudanças na classificação de

atividades econômicas e no conceito de indústria; apresentação das bases de

dados que serão trabalhadas para avaliação da configuração da indústria no

final da década em relação à década anterior, seus limites e possibilidades.

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4. Construção de passos metodológicos para comparação entre as estruturas

industriais derivadas das bases de dados apresentadas no Capítulo anterior.

Serão consideradas as variações observadas nas estruturas de cada base

individualmente, na busca de semelhanças de comportamento; serão

calculados índices de mudança estrutural, consoante metodologia da UNIDO,

para inferir o efeito agregado das mudanças detectadas; a seguir, apresentam­

se os dados por atividades reagregados em cinco categorias, segundo tipologia

de indústria alternativa, conforme metodologia da OECD, relativa a

grupamentos de atividades por principais fatores de especialização

competitiva, de modo a que se possa interpretar as mudanças de um ponto de

vista 'setorial' para identificar sua natureza. Por fim uma avaliação a partir dos

formatos das curvas de mudança estrutural e a interpretação de seu significado.

Em adendo a essa análise, acrescentam-se as estruturas industriais de alguns

países para confronto.

Nas conclusões historiam-se os principais aspectos detectados em cada

uma das partes aqui itemizadas e reproduzem-se as principais conclusões das

análises desenvolvidas ao longo do Capítulo precedente, referentes a cada um

dos passos metodológicos percorridos.

Antecipando conclusões, confirmaram-se as duas hipóteses

trabalhadas: primeiro a de que as mudanças ocorridas na ordem mundial e a

forma como rebateram na economia brasileira, esta em função de uma inserção

internacional dependente, subordinada e passiva (como caracterizado no

Capítulo 1) acarretaram mudanças na estrutura industrial; segundo que a

natureza dessas mudanças reafirma um padrão industrial e tecnológico que não

abre perspectivas promissoras para nosso futuro, reiterando uma estrutura

industrial que não se move na direção das atividades de maior conteúdo

tecnológico e capazes de imprimir uma dinâmica interindustrial alimentadora de

emprego e crescimento em todas as pontas, revelando-se uma estrutura mais

conforme com a tese da especialização regressiva.

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CAPÍTULO I

O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES

1.1 -Ao nível mundial

Com o fim da 11 GG conformou-se uma ordem econômica mundial baseada no

dólar como meio internacional de pagamentos, erigiram-se instituições para

cuidar da liquidez do sistema, como o Fundo Monetário Internacional - FMI e o

Banco Mundial, definiu-se um Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas- GATT

para permitir a livre circulação comercial: no plano político emergiu da Guerra

um mundo bipolar e sob ameaça de permanente confronto entre Estados

Unidos e a então União Soviética -a chamada Guerra Fria.

Foi a ruptura desses dois marcos e seus efeitos que caracterizaram as três

últimas décadas do século XX. Nesse ítem o que se espera é sumariar o

conjunto de transformações ocorridas na ordem mundial pós anos 70 que

vieram a se configurar em um novo ambiente externo, com o qual a economia

brasileira passaria a se defrontar.

a) O contexto macro

O padrão de acumulação capitalista vigente pós 11 Guerra Mundial começou a

alterar-se em meados da década de 1970. As contradições intrínsecas à ordem

econômica anterior levaram à sua crise. As autoridades monetárias norte

americanas atuaram no sentido de revitalizar o poder do dólar, com o fim das

paridades cambiais fixas, na primeira metade da década, e com a brutal

elevação das taxas de juros, ao seu final, lançando as bases para uma nova

etapa de acumulação capitalista, com a valorização do capital na esfera

financeira.

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O novo padrão de acumulação se espraiará tendo por suporte político o

advento dos governos conservadores de Tatcher (Inglaterra) e Reagan (EUA),

em 1979, difundindo em escala mundial as idéias neoliberais, as quais

consolidaram-se nos países capitalistas centrais no decorrer da década de 80,

ainda que com ritmos e conteúdos históricos distintos. A expansão neoliberal

ganhou novo impulso com o fim da União Soviética em 1991, fator fundamental

para o realinhamento das relações internacionais de poder e o fortalecimento

da liderança política, militar e ideológica norte-americana.

Ou seja, ao nível mundial, a transformação importante do ponto de vista da

acumulação capitalista, que se passará a chamar de globalização financeira,

ocorreu a partir da reação das autoridades norte-americanas às crises

monetária, cambial e financeira dos anos 70, visando restaurar 'ordem na casa',

sob a hegemonia da nação norte-americana.1

Consoante TAVARES e MELIN (1997}:

"Os movimentos em curso de desregulação e financeirização da

economia Internacional não eram o fruto de um desenvolvimento

espontâneo e autônomo das forças de mercado. Pelo contrário,

faziam parte de um esforço estratégico bem sucedido de

restauração da hegemonia mundial dos Estados Unidos, posta em

xeque durante os anos setenta". ( pp. 8 e 9)

As autoridades norte-americanas elevaram substancialmente as taxas de juros,

declarando que o dólar manteria sua posição de padrão internacional e que

teria seu poder de compra restaurado, contra a opinião de seus parceiros e

interrompendo o processo de desvalorização desde o início da década2.

1 A reafirmação dessa hegemonia se deu na visão de TAVARES, em "dois movimentos: no plano geoeconômico, através da 'diplomacia do dólar' e, no plano geopolítico, pela 'diplomacia das armas'. Por 'diplomacia do dólar' entenda-se, ironicamente, o enquadramento obrigatório dos sócios e principais competidores dos Estados Unidos ao dólar, a partir de 1979".

2 "( ••• )Washington devolvia a Wall Street o comando de sua politica financeira. Estavam definidos os interesses de classe e as bases ideológicas que orientariam o esforço americano de recuperaçlo de sua hegemonia mundial." FlORI (1997), p.115

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Page 17: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

A forte valorização do dólar levou à desvalorização de todas as moedas

internacionais relevantes e a crise econômica que se sucedeu foi acompanhada

de quebra de empresas, os países endividados ficaram à beira do colapso e

políticas de ajuste recessivo foram seguidas por quase todos.

Os bancos americanos detinham 17% dos empréstimos internacionais em 1980;

em setembro de 1982, passaram a responder por 92% desse total, assumindo

as posições dos demais bancos no mercado de crédito. A dívida pública

americana triplicou em três anos, em resposta ao aumento dos gastos militares

(a 'diplomacia das armas' significava a retomada do poderio militar norte­

americano) e aos déficits financeiros crescentes provocados pela taxa de juros

elevada. Essa dívida, em 1985, era de US$ 1.600 bilhões, equivalentes a 80%

do volume de dinheiro do mercado mundial, jogando os Estados Unidos na

posição de devedor do resto do mundo - calcula-se que a América Latina tenha

efetuado uma transferência real de renda de US$ 1 00 bilhões entre 1982/84

(TAVARES e ASSIS, 1998).

Esses déficits expressavam a política de proteção do sistema financeiro

americano pelo governo Reagan como meio de permitir a recomposição

patrimonial dos bancos e fundos de pensão, às custas do Tesouro americano.

Começa nessa época a 'expansão dos derivativos como mecanismo de

securitização dos passivos'. 3

MEDEIROS ( 1999) retrata que as transformações a partir dos anos 80 vão

rebater de forma diferenciada nos países asiáticos e na América Latina.

No primeiro caso, em função da forte valorização do iene após o Acordo de

Plaza realizado pelo G7 em 1985, os capitais produtivos japoneses migraram

para os quatro tigres (chamados de primeira geração) - Coréia, Cingapura,

Formosa e Hong-Kong, ao que se vai somar a migração de capitais industriais e

3 Derivativos = um ativo derivado de outro sobre o qual paira um risco; a existência do mercado pressupõe que alguém vai tentar se precaver e que outro vai tentar ganhar, especulando em cima disso.

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Page 18: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

subcontratação por parte destes, aos outros tigres (de segunda geração) -

Malásia, Filipinas, Tailândia e Indonésia, acentuando uma divisão regional de

trabalho intra Ásia. Por um lado, economias absorvedoras de investimentos e

exportações japonesas de bens de capital, motivo de elevado déficit comercial

com o Japão e, por outro, economias exportadoras de manufaturados de baixo

preço para os países da OCDE, especialmente os Estados Unidos, com quem

mantiveram grande superávit comercial. E esse superávit, associado ao

financiamento externo, financiou o déficit comercial com o Japão e lhes permitiu

crescer a taxas razoáveis nos anos 80.

Destaca MEDEIROS (1999) que essa tendência exportadora teve a ver com a

estratégia americana no pós-guerra de ampliação de seus interesses

econômicos e políticos na Ásia. Ou seja a inserção internacional dessas

economias foi mediada pelo Japão através de uma particular divisão regional de

trabalho e pelo interesse norte-americano na região.

Já na América Latina, a inserção foi mais subordinada, conforme enfatiza esse

autor:

"É a inserção externa da América Latina como receptora de fluxos

financeiros de curto-prazo e como mercado em expansão para os

EUA que confere uma especificidade comum à região. Ao contrário

do Japão que deslocou para a região asiática setores produtivos

de menor densidade tecnológica e se especializou na exportação

de bens de capital, cedendo posição nas manufaturas tradicionais,

os EUA vêm protegendo seus mercados tradicionais, disputando

mercados no continente." (pág. 281)

No fundo, nessa visão, o que caracteriza o "papel subordinado dos palses

periféricos, sejam latinos ou asiáticos, é a forte dependência das finanças

internacionais" (p. 286).

Sem negar valor à essa assertiva, SAMPAIO Jr. (1999) considera que o

significado da dependência estaria no atraso com que se absorve as

estruturas e o dinamismo do capitalismo e o caráter subordinado pela

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Page 19: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

incapacidade de controlar os meios e os fins do desenvolvimento, subjugando­

se à lógica do mercado, o que torna a inserção, além de dependente e

subordinada, passiva.

A desregulação dos principais mercados de capitais ocorreu entre 1986 e 1988.

A partir daí ampliou-se o mercado de derivativos ligados a operações de

securitização de risco e arbitragem financeira. Todas as operações passaram a

se realizar em dólar, qualquer que fosse a paridade cambial e assim as funções

do dólar voltaram a ser de segurança e de arbitragem.

"Esses mercados passam a apresentar um efetivo e crescente

risco privado intra-sistêmico, levando à securitização cada vez

maior dos ativos, em que o dólar tem estado crescentemente

presente em alguma das pontas, o que amplia continuamente a

influência da moeda americana como referencial financeiro básico

da economia internacional".

De 1985 a 1991 os Estados Unidos e a os países europeus voltaram a crescer,

naquilo a que FlORI ( 1997) chamou de uma fase de hegemonia coordenada.

Nesse período caíram os regimes comunistas da Europa Central e o Muro de

Berlim.

Como destacou FlORI "começam a propor as regras do 'novo reinado'- um

sistema de regimes e instituições internacionais" - reuniões em torno do G7,

nova filosofia livre cambista no comércio internacional através da Rodada

Uruguai, precursora do fim do GATT, plano Baker e depois Brady para

renegociação da dívida externa dos países, novo papel para FMI e BIRD,

intermediários entre governo americano, banca privada e governos endividados

do Terceiro Mundo

"Consolida-se e generaliza-se a nova estratégia econômica norte

americana para sua periferia imediata e para todos os que deixam

de ser 'paises em desenvolvimento' para transformar-se em

'mercados emergentes'.

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Page 20: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Em 1989 um economista norte-americano chamou de Consenso de

Washington ao programa de politicas fiscais e monetárias

associadas a um conjunto de reformas institucionais destinadas a

desregular e abrir as velhas economias desenvolvimentistas,

privatizando seus setores públicos e enganchando seus

programas de estabilização na oferta abundante de capitais

disponibilizados pela globalização financeira. Chegava desta

maneira à periferia capitalista endividada, e em particular à

América latina, uma versio adaptada das idéias liberal

conservadoras que já se difundiam pelo mundo desde o início da

grande restauração." FlORI ( 1997), p.121

Os anos 90 começam com a crise da Bolsa de Tóquio, o fim da URSS, a

reunificação da Alemanha e da própria Europa (Tratado de Maastricht, início de

1992), a Guerra do Golfo, onde os Estados Unidos teriam conseguido reunir

mais de 20 países para derrotar o lraque, estimando-se mais de 200 mil mortes

nesse país.

Reiterando argumentos anteriores e ainda conforme FlORI, nesse momento, os

Estados Unidos redesenharam mais uma vez sua estratégia de poder ao nível

mundial, desfazendo a 'coordenação hegemônica'. Está presente, no discurso

de George Bush, ao anunciar a destruição de Bagdá, "o início de um novo

século americano", o que se interpreta como a intenção de reorganizar o mundo

à imagem e semelhança dos Estados Unidos, numa concepção imperial.

Sem o contraponto das nações socialistas, a ideologia liberal espalha-se pelo

mundo. A adesão brasileira se deu em 1991, tardia frente aos demais países da

América Latina. Como ressaHaram TAVARES e MELIN (1997):

( •.• ) a partir de 1992, com a desregulaçlo cambial e financeira

atingindo três continentes, o capital financeiro tem voado para

todos os portos num jogo de cassino em que ganhadores e

perdedores só têm contribuído para reforçar a posição financeira

11

Page 21: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

do dólar. ( •.• ) empresas e bancos podem quebrar-se uns aos

outros, mas não podem quebrar a banca." {p. 63)

Em janeiro de 1995, transformaram o GA TT em OMC - Organização Mundial

do Comércio, com status de organismo internacional, contra a posição anterior

do GATT, de simples fórum de negociações, aprofundando as políticas de

liberalização e desregulação 'multilaterais', comandadas pelos EUA A OMC

pode intervir em qualquer matéria (legislação nacional, direitos trabalhistas,

meio ambiente, etc.) que considere contrária aos interesses da liberdade de

comércio.

Por fim, há o Acordo Multilateral de Investimentos - MAl, cujas negociações

vem se desenvolvendo desde 1985, sem que esteja completamente concluída a

adesão dos países signatários, o que envolve o Brasil. A implementação desse

Acordo restringirá de vez a capacidade de os Estados nacionais regularem os

movimentos de capitais externos, sejam de capitais produtivos, sejam de

aplicações em porta-fólios (ações, títulos, etc.). Como destacou o diretor-geral

da OMC: "o MAl é a Constituição da economia única global"- ele vai limitar a

remessa de divisas em caso de desequilíbrios do balanço de pagamentos.

Fica claro que os movimentos de desregulação e de financeirização da

economia internacional não resultaram de um desenvolvimento espontâneo do

mercado, mas representaram um esforço estratégico bem sucedido dos EUA .

Como ressaltou TAVARES, os Estados Unidos, na afirmação de sua hegemonia

ao mundo, compele seus sócios ou rivais capitalistas "não apenas a submeter­

se, mas a racionalizar a visão dominante como sendo a 'única possível'. Esta

racionalização vem passando em matéria de política econômica pela aceitação

de um ajuste recessivo que corresponde a uma sincronização da política

econômica e da ideologia conservadoras sem precedente.( ... )". E isso porque:

''0 problema principal da questão da hegemonia nlo estaria no

maior poder econômico e militar da potência dominante, mas sim

na sua capacidade de enquadramento econômico, financeiro e

12

Page 22: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

politico-ideológico de seus parceiros e adversários. Esse poder

deve-se menos à pressão transnacional de seus bancos e

corporações em espaços locais de operação, do que a uma visão

estratégica da elite financeira e militar que se reforçou com a

vitória de Reagan." TAVARES (1997), p.29

O trabalho recente de MEDEIROS (1999) acrescenta importantes considerações

ao concluir que a inserção externa da América Latina se fez a partir de sua

abertura aos fluxos de capitais de curto-prazo (investimentos de portafólio) ª como mercado em expansão para os Estados Unidos - tanto para suas

exportações como no sentido de transnacionalização produtiva. Dito de outra

forma, essa é a estratégia norte-americana para o continente. E quanto ao fato

de se 'aceitar' isso, acrescenta que:

"( ... ) espera-se que os investimentos estrangeiros liderem a

expansão, apesar de mercados internos constrangidos e

mercados externos inibidos pelo câmbio, protecionismo e ofensiva

comercial dos EUA ( ... ) embora nada possa servir de base para

essa expectativa". (p. 282)

Para alguns economistas de viés mais crítico, o ajuste da economia brasileira

pela via neoliberal "é um ajuste impossível" {TEIXEIRA, 1996), que passa pela

desindustrialização e pela reversão a um modelo primário exportador, ainda que

de novo tipo. E isso seria impossível de ser ajustado a partir de uma economia

com estrutura industrial complexa, encadeada, com grande dimensão

continental e enorme contingente populacional.

FLORESTAN FERNANDES deixou um artigo em que qualifica os anos pós 90

como um "novo ciclo de desenvolvimento periférico", o quarto ciclo em nossa

história:

"0 quarto ciclo de modernização é recente e tende a multiplicar-se

pela falta de mentalidade capitalista autonoma e de

responsabilidade civica das classes dominantes. As exigências de

premissas para o desenvolvimento limitam-se às nações centrais e

13

Page 23: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

seus blocos econômicos. Desencadeia-se uma modernização de

dupla face: produtos sofisticados importados e transferência para

fora de fortunas especulativas e bens econômicos. Ao contrário do

ciclo anterior, não há necessidade de formação de uma infra­

estrutura especifica. A reprodução do sistema de produção se dá

no exterior. O pais se torna mais periférico, combina dependência

com múltiplas malhas neocoloniais e sucumbe nas garras de

imposições regressivas, das quais resulta o atual pós moderno.

Esperar o que desse estilo de desenvolvimento tão devastador?"

(Folha de São Paulo, 26/12/94).

b) Expansão produtiva e financeira.

Em paralelo a essas transformações, também foram verificadas, nos países

desenvolvidos a partir de meados da década de 70, mudanças na estrutura

industrial provocadas pela difusão das tecnologias de informação baseadas na

microeletrônica, o que se intensificou na década de 80.

A desregulamentação financeira (antes citada) mais o desenvolvimento das

telecomunicações e da informática levaram, pela integração dos mercados

financeiros e de capitais, à globalização das finanças mundiais.

As mudanças na estrutura produtiva a partir das novas tecnologias (microchip,

semicondutores, fibras óticas) e do surgimento de novos insumos de produção

(cerâmicas mais resistentes, novas ligas metalúrgicas, novos plásticos)

associadas às desregulamentações de mercados acarretaram o

rejuvenescimento das indústrias maduras e o aparecimento de novas. Foram

também alterados processos de produção que se tornaram mais flexíveis pela

difusão de processos digitalizados que permitiram a automação da produção e

a utilização de máquinas com propósitos múltiplos. Isso, por sua vez, levou a

uma maior versatilidade na produção de bens e serviços, concomitantemente à

introdução de novos métodos de gerenciamento da produção e da mão-de­

obra. COUTINHO (1992), CANO (1993) e GOLDENSTEIN (1994).

14

Page 24: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

A nova fase da hegemonia norte americana levando à maior homogeneização

da demanda e da oferta de mercadorias nos vários países foi viabilizada pelos

baixos custos das comunicações e pela difusão de padrões culturais de

consumo standartizados. A contrapartida, sob a ótica da produção, foi "o

desenvolvimento de novas formas e estratégias de integraçlo e cooperaçlo

entre os oligopólios internacionais (joint venture, exploraçlo de franquias,

acordos de subcontrataçlo, acordos de cooperaçlo, projetos diversos

conjuntos, consórcios de pesquisa), que se somaram à tradicional participaçlo

direta no capital das empresas. As associações foram estimuladas pela

alteraçlo do padrlo de produçlo fordista verticalizado e com base em grandes

plantas industriais, passando as empresas a operarem plantas de menor escala

e a tercelrizar ou subcontratar várias etapas de produçlo, disseminando o

padrlo de produçlo flexivel às empresas fornecedoras, o que passou a exigir

uma maior cooperação e comunicação entre elas, com vistas ao imediato

atendimento de variações de curto prazo da demanda". MENDONÇA (2001)

Conforme destacam CANO (1993}, FlORI (1995) e BAUMANN (1996), em

paralelo à reestruturação tecnológica e produtiva, removeram-se as barreiras

tarifárias e não-tarifárias à entrada e saída de bens, serviços e fluxos

financeiros nos países, de modo a reduzir os constrangimentos à circulação e

expansão do capital, elevando substancialmente tanto o volume do comércio

internacional, quanto o das transações financeiras e patrimoniais.

MENDONÇA (2001) destacou a crítica de BATISTA JR. (1998) à apropriação

ideológica que foi feita da chamada "globalização". Ainda que se reconheça ter

ocorrido uma expansão substancial dos fluxos internacionais de bens e serviços

e das transações financeiras e patrimoniais, BATISTA JR. apresentou dados que

comprovaram o quanto os mercados domésticos dos países capitalistas

centrais ainda detinham a indiscutível primazia na absorção da produção, na

geração e captação de recursos para o seu financiamento, na realização dos

investimentos produtivos, bem como na destinação das aplicações financeiras

das (suas) empresas domésticas. No que respeita aos investimentos externos

diretos realizados pela "Tríade" (EUA, Alemanha e Japão), demonstrou o

15

Page 25: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

quanto se destinaram aos próprios países capitalistas centrais4, indicando, ao

mesmo tempo, que os países periféricos não se constituíram em áreas

privilegiadas de atração desses capitais a partir dos anos 80.

Ao adquirirem crescente autonomia os fluxos financeiros ultrapassaram, em

muito, o volume de recursos envolvidos no comércio de bens e serviços. Como

contrapartida dessa situação, potencializaram-se os riscos de choques

financeiros nas economias nacionais, em particular nas periféricas, derivados

da fuga abrupta dos capitais especulativos, como ocorreu, por exemplo, no

México, países asiáticos, Rússia, Brasil e na Argentina.

Fortaleceram-se os oligopólios internacionais como agentes das decisões

econômicas mundiais5, acirrou-se a competição inter-oligopólica e a pressão

política e econômica dos governos dos países capitalistas centrais e das

agências multilaterais de financiamento com vistas à abertura das fronteiras

comerciais e à desregulamentação das transações econômicas e financeiras

entre países.

Como destaca MENDONÇA (2001 ), o produto das transformações apontadas foi

a ruptura do pacto regulador das relações entre o capital e o trabalho nos

países capitalistas centrais, expresso pelo desmantelamento gradativo do

Estado do Bem-Esta~. pelas perdas de direitos trabalhistas, bem como pelo fim

do compromisso keynesiano em priorizar o emprego, abatendo-se sobre o

4 A esse respeito ver também GONÇALVES, R. (1999), p. 69.

5 As 100 maiores empresas não-financeiras, todas com matrizes sediadas nos países capitalistas centrais, deteriam, em 1995, cerca de um terço do estoque total de investimentos mundiais. BATISTA JR, 1998

6 "O denominado Estado do Bem-Estar constitui-se a partir do pós-11 Guerra, apoiado na ampliação do emprego industrial e nas contribuições sociais efetuadas pela classe operária. Com a mudança do padrão de produção industrial dos países capitalistas, a partir dos anos 70, a elevação do desemprego e a precarização das relações de trabalho implicaram em redução do número de contribuintes ao sistema de seguridade social, restringindo substancialmente os recursos arrecadados. Por outro lado, ampliaram-se as transferências efetuadas pela seguridade, em virtude do aumento do número de dependentes do sistema. Este seria o cerne do diagnóstico da crise do Estado do bem-estar nos países capitalistas centrais, partilhado não só pelos intelectuais e políticos conservadores, como também por aqueles vinculados à corrente social-democrata". MENDONÇA (2001)

16

Page 26: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

mundo do trabalho pesados reveses. Com a produção industrial estruturando­

se de modo a responder às oscilações da demanda, alterou-se a lógica fordista

de produção em massa e em série de mercadorias, com a geração de estoques

relevantes de bens finais e intermediários.

1.2 .. Ao nível interno

a) Perspectiva histórica

Importantes transformações no perfil da indústria brasileira verificaram-se na

segunda metade dos anos 50, sob o Plano de Metas do Presidente Kubitschek

e em meados dos anos 70, com o 11 PND7 do governo militar de Geisel.

No primeiro caso, com os investimentos externos diretos ocorridos nas

indústrias automobilísticas, mecânica e de material elétrico, que aqui se

instalam, conjugados aos investimentos públicos e de empresas estatais em

infra-estrutura e indústrias de base, estava dado o grande passo para

implantação de uma estrutura industrial moderna, no padrão de produção

vigente nos países desenvolvidos. Nesse momento o País beneficiou-se da

concorrência intercapitalista das grandes firmas internacionais.

A segunda transformação visou concluir o ciclo de substituição de importações

através da complementação da estrutura industrial no paradigma da

industrialização pesada (infra-estrutura, insumos básicos e bens de capital),

complementando a estrutura industrial e auto-sustentando o ritmo de

crescimento. Isso implicava em elevados investimentos para bancar as escalas

mínimas dos projetos, já definidos na prática internacional e forte atuação do

Estado para complementar os investimentos em infra-estrutura.

7 11 Plano Nacional de Desenvolvimento, editado em set.74, sob Governo Geisel, no qual se explicitou uma nova estratégia de desenvolvimento, apoiada em incentivos à implementação das indústrias de bens de capital, eletrônica pesada e insumos básicos, complementando a matriz industrial instalada a partir do Plano de Metas que, por sua vez, orientou a política de desenvolvimento brasileiro no período 1956/61, sob o Governo Juscelino Kubitschek.

17

Page 27: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Em ambos os casos, a consolidação da indústria se deu com a contratação de

empréstimos em larga escala, propiciados pela disponibilidade de divisas no

mercado internacional, ainda que sob conjunturas internacionais distintas.

Conforme aponta MENDONÇA (200 1), na década de 70 essa disponibilidade

tinha duas origens: a expansão do euromercado em resposta à

desregulamentação financeira que se seguiu à crise do dólar no final da década

de 60/início da década de 70 (por sua vez gerada pelos enormes déficits

externos norte americanos) e a oferta de petrodolares.

E o Brasil contrairá empréstimos em grande escala e essa política de

endividamento será duramente atingida mais à frente com a alta da taxa de

juros pós 79.

Assim, enquanto os países capitalistas centrais embarcavam na Terceira

Revolução Industrial, o Brasil despendia um enorme esforço para complementar

sua estrutura industrial apoiada no paradigm~ tecnológico e de produção

fordista, com o Estado sobreendividando-se interna e externamente para a

realização dos investimentos necessários.

Com o endividamento externo para a realização do 11 PND implicando, já neste

momento, em uma acentuada fragilidade cambial do país, a política norte­

americana de elevação dos juros internacionais - visando à captação de

recursos externos e a valorização do dólar-, a segunda crise do petróleo e a

deterioração das relações externas de troca, desencadearam a "crise da dívida

externa" brasileira, no início dos anos 80.

Comprometida a solvência da iniciativa privada que, então concentrava grande

parte dos compromissos externos brasileiros, o governo optou pela

"estatização" da dívida externa, transferindo a drvida privada em dólar para o

Banco Central .

18

Page 28: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

A estatização da dívida externa foi não só a solução encontrada para preservar

a iniciativa privada, como também para contornar o problema de

indisponibilidade de divisas em montantes suficientes para que os devedores

privados pudessem saldar rapidamente suas dívidas com o exterior. Pelo

mecanismo de estatização da dívida, os devedores privados pagavam em

moeda nacional ao Estado o valor de seus débitos com o exterior, que por sua

vez assumia o passivo externo.

A fragilidade financeira do Estado para fazer frente aos compromissos externos

assumidos, obrigou-o a captar no mercado interno os recursos necessários à

aquisição de divisas para o pagamento dos serviços da dívida externa, para

isso recorrendo à emissão de títulos públicos e à elevação da taxa interna de

juros.

O estabelecimento de um circuito especulativo de curto prazo - a denominada

"ciranda financeira"-, ampliou substancialmente o endividamento público interno,

reduziu a capacidade de financiamento e investimento do Estado, restringiu a

expansão da produção e elevou as taxas de. inflação 8

Na tentativa de conter o processo inflacionário e permitir a retomada do

crescimento sustentado da economia, sucessivos planos de ajuste e

estabilização macroeconômica foram aplicados na década de 80, todos sem

êxito (Planos Cruzado, Verão e Bresser).

Por outro lado, para garantir as divisas necessárias ao pagamento dos serviços

da dívida externa- renegociada em condições desfavoráveis ao país no início

da década de 80, o governo implementou políticas de incentivos às

exportações, impôs barreiras tarifárias e não tarifárias às importações e conteve

8 Por outro lado, contrastando com as elevadas taxas de crescimento dos anos 70, a taxa média anual de crescimento do PIB, nos anos 80, foi de 1,5%, enquanto a taxa média de crescimento industrial foi de apenas 0,3% (IBGE, 1992). Na década de 80, a economia brasileira nêo apresentou um comportamento uniforme, com o PIB apresentando um desempenho modesto nos períodos 1980/83 e 1987/89, intercalados por um breve período de recuperação por ocasião do Plano Cruzado (1984/86).

19

Page 29: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

a demanda interna, esta última com a finalidade de reduzir o nível de atividades

e, por conseguinte, as importações.

Com a economia brasileira vulnerabilizada interna e externamente, as

transformações em curso no sistema capitalista internacional desde a década

de 70, nos anos 80 passaram a impor sérios limites ao ingresso do país no

novo padrão de acumulação de capital.

Crescentes foram as dificuldades do Brasil em atrair os investimentos

estrangeiros de risco e em viabilizar a transferência de tecnologia de última

geração. Isso porque, com as decisões sobre a produção, o comércio e a

transferência de tecnologia concentrando-se cada vez mais nos grandes

oligopólios internacionais e, com a retomada do crescimento econômico nos

países capitalistas centrais nos anos 80, os mesmos optaram por concentrar os

capitais em suas matrizes aí situadas, em especial através de fusões e

aquisições de empresas.

Diferentemente das décadas de 60 e 70, quando os investimentos

estrangeiros diretos nos países periféricos traziam consigo as

tecnologias de produção já maduras nos países capitalistas centrais - com

vistas à exploração de um mercado de dimensões continentais como o

brasileiro -, na atual fase da acumulação capitalista, com a liberalização

das transações comerciais interpaíses, a permanente capacidade de

geração e controle de inovações tecnológicas passaram a ser um trunfo

para a manutenção da liderança e do poderio econômico dos oligopólios

internacionais.

20

Page 30: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

b) A política econômica nos anos 90 e as estratégias

empresariais de reestruturação

Desde o final da década de 80 que as autoridades econômicas vieram

promovendo a abertura da economia brasileira, através de uma atuação do

Estado na economia radicalmente distinta, por suas ações, da forma de

intervenção do passado. Essa mudança vai se acentuar em 1993, como etapa

preparatória ao Plano de estabilização que viria a seguir, o Plano Real, ainda

sob o Governo Itamar Franco. As ações que se consolidam sob o Governo

Fernando Henrique Cardoso referem-se à defesa intransigente desse plano de

estabilização e à reestruturação da economia, o que vai implicar no

prosseguimento da abertura econômica, redução dos incentivos e subsídios

concedidos à indústria, ausência de política industrial específica,

desregulamentação, redução da atuação direta do Estado na economia e

intensificação do processo de privatizações.

A abertura da economia se deu tanto sob o enfoque do movimento de

mercadorias, via eliminação direta ou indireta de incentivos para exportar e das

restrições para importar, como em relação à entrada de capitais externos, para

aplicações internas de qualquer tipo, produtivas ou não, dando tratamento

indiferenciado à empresa estrangeira e à nacional9• Significou uma alteração

drástica das regras até então vigentes, principalmente porque a essas medidas

se somaram os efeitos da política de estabilização expressos na manutenção

do câmbio sobrevalorizado e em taxas de juros internas muito elevadas, o que

amplificou o efeito de várias das medidas citadas.

Para alguns autores a sobrevalorização cambial foi um "protecionismo às

avessas", como afirma MANTEGA {1997), por encarecer as mercadorias

brasileiras e baratear as estrangeiras (p. 15). Por exemplo, em julho de 94, a

9 Uma das emendas constitucionais de 1994 foi abolir a distinção entre empresa brasileira e empresa brasileira de capital nacional, o que tomou possível às empresas estrangeiras acesso à crédito e subsídios oficiais do Governo.

21

Page 31: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

taxa de câmbio era de R$ 0,93/US$, alcançando R$ 0,84 em fevereiro de 95 e

R$ 1,00 em julho 96, o que explicita a sobrevalorização desse período.

Em relação aos juros, em maio de 95, por exemplo, a taxa de juros real anual

era de 34,54%, a maior dentre mais de 30 países selecionados em todos os

continentes. Em termos nominais era de 64,8%, nesse caso perdendo para a

Rússia, cuja taxa era de 242,36%. BATISTA JR. (1996), p.51

Nos anos 70/80 havia proteção à produção local (reserva de mercado) e à

substituição dos importados, através de tarifas ad-valorem sobre as

importações. Houve uma primeira grande redução de tarifas alfandegárias em

1987 e, a partir de Collor, a redução do valor das tarifas se acentuou

fortemente, como mostram os dados a seguir.

TARIFAS NOMINAIS

f---------~~y~--:M~biA ~l

i I I l PERÍODO L SIMPLES I , _____ _j ___ ----' !:···--··· ------ ..... "'"J .,. .......•. ,. ............ !

1 Julho/88 1 38.50 i 1:=---:-::~--.. ---~ --.~=-~ I' Julho/93 i 13.20 I f ! !

I. Jan-Ãbr/98! · 14.29 l I I I 1-:---------. Fonte: Baumann, 1999

A consequenc1a dessa política foi o fechamento de importantes fábricas,

principalmente de produtos intermediários (BAUMANN, 1999). Informa

MERCADANTE (1997) que "1 0.000 empresas faliram ou pediram concordata em

1995", acrescentando que foi "um recorde em 32 anos na história econômica do

País" (p. 38).

"Foi uma transição traumática de um regime de protecionismo

tarifário para uma ampla liberdade de comércio, sem estágios

intermediários de acomodação ou aclimatação da indústria

brasileira". MANTEGA, 1997, p.12

Ou seja, várias empresas sucumbiram, vendendo-se às concorrentes

estrangeiras; outras simplesmente fecharam as portas ou faliram.

22

Page 32: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Outras empresas reagiram à conjuntura dos anos 90 e até 95-96, com medidas

que visavam a busca de eficiência e competitividade. Isso se deu,

primeiramente, com brutal reorganização de métodos de trabalho, visando

redução de custos, responsável por cortes drásticos de pessoal; com

importações generalizadas também redutoras de custos e relocalizações

internas de plantas industriais em busca de incentivos creditíceos e fiscais e,

pagamento de menores salários; por ações modernizantes nos seus

equipamentos, notadamente através de importações, nem sempre apropriadas,

de bens de capital e tecnologia. Não houve investimentos em novas fábricas

como característica relevante. (CNI, 1997; PROENÇA E CAULLIRAUX, 1997,

BIELCHOWSKY, 1998; LAPLANE e SARTI, 1999).

OUAPRO 1.1 - EXEMPLO~_DE EMP~ESAS_lNDUSTRIAIS VENDIDAS - 1994 A 1998 _

li m B~~~rli7~A I' ES~~i~~~~RA ·r :~:~~s':. i INDÚSTRIA I~Nol ~--____ VENDI~-_j~--<?_~MPRADORA --~SOMPRADORA l ___ _j_. _j l.iúJRIA. ... ·· !QÜAKEROATS IEUA Alimentos· -·]'19.94! l.cA"ctA: ··· - liPH'IüP M6R.k1à · Aliment~s--- ··- !1995! I[ÃficiNióáAvARr=jNABÍSCÓ Alimentos·· · ]•I995L !AGRÓCERES·---.. -!MONSANTb ~'19~: !'l<f~oN · ---j.uNíLE:veR JtlngiaúHotanda.l.Aúmentos ··-···1 199~• l,fieixe·· ... . ..... ·aóMéRIL~ciR.Io··--· ']Jtâüa~L~xemb. !Ali~el1tos .... - .... ].i998f: hJíefÃLTeve ! ,MA:I-ifeic6F''AP ..... l Alemanha . . .. ! :A~t~-pe.Ças .. ·1 ii9961 ' . -·-·· 1 ~~-~~-~ -- __ ·::.:~:.:.:_·-~-•--•-~:-:·: __ -~·:·:.~·-·:_-1 -~~~-~~~-~-~:~:~-~~~-f:J ~:.á~~~----· ... ·--·-······ ___ -_-__ ·:_~J ~~t~-~-~~:~-~-··-~:- ··••• _:J .~~·~?;. · !:FREIOS VARGA tGRUPO LUCAS jlnglaterra !Autopeças j:I997:J lcoNtiN-eNtAL2oor·--Jrsos-cHiáie~feNs-·~ lA.ieminila:--·······-JE:íeiro<lõilié~ticõJI9-94J!

~~~~~~~~s~::::f~::-:m~:~::::~i ,;(RNÓ--- --- -J-seif ·· --· ··· -- 1iFialiç-~;--- ···-·· ·· "J:Eletr~óõmi&ticõl.i9971.

~~:==~==~~~::Fl~~;c-~~~~~ir~ __ ::- :-: ~:~~~~~;:~-~r::::1: 1::~:~~~:~:~·~···~~~~~_;_zz:-~~~~-:1:~:· :•••• 4;:::~~~::~::3~:~~· l'fi~~~s.~oR~L- ·j:~ _ · ·········- ·····-·· jJ~l!faterra ·-·-·j!§,íiíllliC~,:-~ J !"9"!. ~~:~~AR~:s.~~~- --H~:~~:- -·~~~:::: -~~~dx:~~rgla .. T::::ll L ............................................................................................................................ . Fonte: CEPAL - La lnversion Extranjera {1998)

23.

Page 33: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Os processos de compra/fusão de empresas como estratégia empresarial

explícita de associação entre grupos nacionais e estrangeiros em áreas

específicas foi um fenômeno marcante nesses anos, principalmente pós 1994,

quando se revelou a volta do interesse do capital estrangeiro por aplicações no

Brasil. Vai se observar um aumento significativo no número de fusões,

aquisições e 'joint-ventures' na economia brasileira, bastante expressivo na

indústria. 10

Estudo recente (MIRANDA e TAVARES, 1999) confirma que empresas com

atuação na área de bens de consumo, duráveis ou não, foram alvo de aquisição

por empresas multinacionais. Entre 1991 e 1997 o número de empresas

brasileiras adquiridas por estrangeiras revelado nesse estudo foi: 49 na área de

alimentação e bebidas; 15 em material elétrico e eletrônico; 17 em autopeças e

16 em farmácia e higiene. O Quadro I. 1 apresenta alguns exemplos, como a

venda da Adria, Peixe e Lacta, dentre outras, na área de alimentos, assim como

da Cofap e da Metal Leve em auto-peças e das indústrias de eletrodomésticos

Amo, Continental e Prodóscimo (Refrigeração Paraná).

No início dos anos 90 outra estratégia relevante foi a concentração das

atividades dos grupos em áreas de sua estrita competência, diferente de

posições assumidas na década anterior, onde teria havido um forte processo de

integração vertical e horizontal de empresas. Essa ação levou ao abandono de

áreas onde tinham insegurança de competir com empresários estrangeiros e,

por conseguinte, à redução da integração vertical da produção e à redução das

cadeias de relações intersetoriais, com ampliação drástica do conteúdo

importado de partes e componentes.

Os autores citados mostraram, como exemplo dessa estratégia que em 1998,

dentre os 30 maiores grupos brasileiros, 13 tinham "core-business" em

commodities: Klabin; Ripasa; Sadia; Perdigão; Gerdau; Belgo-Mineira; CSN;

Usiminas; Acesita; Votorantim; Suzano; Hering e Villares, enquanto outros,

24

Page 34: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

que tinham atuação anterior não comoditizada, passaram a se expandir nessa

área: Mariano; Odebrecht; lpiranga; Vicunha e Ultra. Esse estudo mostrou

ainda que o caminho de expansão dos grupos foi a compra de empresas

menores ou a participação em processos de privatização da siderurgia,

petroquímica e extração de minérios. Tudo levando a que a concentração de

capitais tenha se dado em setores de menor valor agregado, diferente das

fases anteriores.

Em relação às privatizações, o Quadro 1.2 lista o conjunto de empresas

privatizadas até janeiro de 2000, por setor.

QUADRO 1.2- EMPRESAS DESESTATIZADAS ATÉ 31/01/2000

Petroquimico

Fonte: BNDES

Petroflex, Copesul, Nitriflex, Polisul, PPH, CBE, Poliolefinas, Deten,

Oxiteno, PQU, Copene, Salgema, CPC, Polipropileno, Álcalis,

Pronor, Politeno, Nitrocarbono, Coperbo, Ciquine, Polialden,

Acrinor, Koppol, CQR, CBP, Polibrasil, EDN.

10 Ver a respeito excelente monografia de Marcelo Cano (1998).

25

Page 35: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

O resultado financeiro do processo de privatização nos setores industrial, de

infra-estrutura e financeiro totalizou US$ 28,9 bilhões que, somados à

concessão na área de telefonia, alcançou US$ 46,8 bilhões que foram utilizados

para reduzir o "déficit" público. BAUMANN (1999)

As privatizações foram a principal forma de encolhimento do Estado na ponta

do tripé que comandou o processo de acumulação da economia brasileira até

então. São muitas as críticas a esse processo. 11 BAUMANN (1999) argumenta

que o processo foi realizado de forma pouco cuidadosa, nem sempre se

atentando para a lógica da organização industrial dos setores envolvidos,

citando a petroquímica como exemplo. A forma de privatização desse setor teria

levado à dispersão do sistema e à posterior intenção de o BNDES vir a

despender vultosos recursos para promover a reestruturação do setor.

O efeito combinado das medidas de política econômica com as ações dos

agentes econômicos levou a que:

a) de 1990 para 1995, a participação do produto interno bruto (PIB) da

indústria sobre o PIB total caísse de 42% para 34%;

b) o conteúdo importado da produção nacional de bens de capital se elevasse

de 11 o/o em 1989, para 59% em 1995; de 11 o/o para 78% em material

elétrico e eletrônico e de 14 para 68%, em máquinas, equipamentos e

instalações, entre esses anos;

c) tenham sido desempregados, pela indústria, de meados de 1990 a

fevereiro de 1997, cerca de 1.200.000 trabalhadores!

Quanto à desnacionalização da indústria, ela pode ser inferida a partir de

indicadores indiretos, como os dados mostrados no Quadro 1.3 a seguir, que

também explícita o desaparecimento do Estado como capital produtivo.

Destaca-se o elevado número de atividades industriais cujo predomínio dentre

as 500 maiores empresas é de empresas de capital estrangeiro. Assim é que

em várias atividades, pelo critério de presença entre as maiores empresas,

26

Page 36: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

predominam as empresas estrangeiras, destacando-se as proporções que se

elevaram nos três anos (recentes) considerados em eletroeletrônica, que

passou de 48% para 88% entre 1997 e 1999; a de telecomunicações, que

passou de zero para 73% nesse curto período, refletindo efeito das

privatizações; a mecânica, que passou de 45% para 78%.

QUADRO 1.3- PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS ESTATAIS, ESTRANGEIRAS E PRIVADAS ___ .:..cNA~S_;;.VENDAS DAS MAIORES EMPRESAS POR SETORES SELECIONADOS

fAfi\iibÃbESECÓNÓMicAs·l NACIÓNÃ{ -~ l ESTRANGEIRA! ESTATAL .j< ________________ _____!. . _j f:

i· . 119971 '"199ái'1999j1997! 1998!.19991 19971 f998!1999j. 1'-·-------- .....J~--~ --l-· --· ---'-- . 1 . . . ....... ..PREDOMlNloNÃ.cloNÀL I

j;co.nsfruÇão . . . j 9ii ·seji .. 93j' .. 31. si 7F . T .. j.. .. . . ;____j --- ·-----' _...::J !Bebidas . .. . . j as! 85j 85!. 15!. 151 1 f----:: ......... -- , -.---:--- :-~ -N ~ -. ,,-, _ __,..., -. -, . I cõnte~ções e _:têxteis. . J á7[_ 841· ·as! . 1 ~f· 16l. 1sl !Mineração -=_] 8s[·a~·a6[12j. 15] ···1~·· á!·~ Í····===-..... ---- ....... l;=-=l:-= '; .............. •• .. ··~=::=I- i -

pPap_el e Ce_~os~- _l 82i~~ 841~-· ~~ \Siderurgia· e MetalUrgia ··· r··isL 121: 66F 24r 28' 34l ... J, .. i ..... 1- __________ _, __ J_:J_~~-..-.1---~-· _ _,_ --· rMaterial de Construção 1 '11 eej 71F.29]. 341 291 · .. l I. l i ~·-···-····-·········--"'''"':~:::-.:-: ......... ,..#' ..... ~·-···-···--···· -~~ .. -:::::-::-:::::::1 ~--····· --.....l---~· j PREDOMINIO ESTRANGEIRO i

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IA •• · .. :: .. :!i·~·~·~~~o~·························~·.·.···-···················P·~··RJE.• ··o···~oa.Mrf ... N •• 41··o~~··E-·s···T····AI'_T····A···~L-~U. ~~L... ·tr· .. l ......... ···r

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O desempenho da indústria apresentou fortes diferenças setoriais, com as

atividades de bens de consumo duráveis apresentando crescimento logo após a

introdução do Real, como mostra do aumento de consumo que se seguiu à

estabilização, o que também ocorreu com alimentos e bebidas. Quanto aos

11 Ver Biondi, 1999.

27

Page 37: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

bens de capital mecânicos, acredita-se que estejam desmantelados (LAPLANE e

SARTI, 1997; COUTINHO, 1997) como resultado da retração dos investimentos

doas anos 80 das empresas estatais e pela concorrência dos importados nos

anos 90, mais baratos pela valorização cambial e pelo acesso às linhas

externas de financiamento para importações. Os investimentos industriais

previstos até final de 1999 não sinalizavam reversão desse quadro.

Do ponto de vista do resultado de nossas transações com o resto do mundo:

a) o saldo da balança comercial passou de uma posição superavitária de cerca

de US$ 16 bilhões em 1989, para um déficit de US$ 1 O bilhões em 1997

(após 1994, os saldos são sempre negativos);

b) o saldo das transações correntes passou de uma posição praticamente nula

em 1989 (quando o superávit em conta corrente cobria o tradicional déficit

em serviços) para um déficit deUS$ 34 bilhões em 1997;

c) agregando a esse déficit em transações correntes, o valor relativo à

amortização da dívida externa, de cerca deUS$ 22 bilhões, em 1997, têm­

se uma necessidade total de financiamento externo de US$ 56 bilhões, o

equivalente ao montante das reservas internacionais brasileiras.

Ampliou-se a dependência externa e a vulnerabilidade da economia. A abertura

comercial e financeira foi defendida como uma 'estratégia de inserção

internacional competitiva da economia brasileira'. Mais uma vez, é de

FLORESTAN FERNANDES o comentário final:

"O intervalo técnico que separa a economia automatizada e

informatizada do sistema produtivo montado sob os desígnios da

substituição de importações, possui proporções tão descomunais

que não há como conceber tamanho salto econômico-tecnológico

fora do âmbito dos antigos "negócios da China". ( ... ) exige-se do

Brasil uma modernização com duas implicações essenciais. A

primeira equivaleria ao "sucateamento" da economia existente. A

segunda representaria uma promessa irrealizável : erigir uma

"economia competitiva" no cenário internacional, sem as

premissas institucionais financeiras e tecnológicas necessárias."

(FERNANDES, FSP, 14/11/94}

28

Page 38: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

CAPÍTULO 11

INTERPRETAÇ0ES PARADIGMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO

INDUSTRIAL NOS ANOS 90

Foram vistos, no capítulo precedente, os principais aspectos que

caracterizaram os anos 90, interpretados a partir da ruptura de um padrão de

desenvolvimento que se apoiava sobre a consolidação da indústria mediante

articulação dos capitais privados- estrangeiro e nacional, e estatal, com clara

definição de políticas e forte presença do Estado arbitrando e definindo as

regras da acumulação capitalista. O impacto das mudanças sobre a indústria é

agora debatido, segundo pontos de vista opostos.

Em meados da década de 90 pode-se sumariar o debate sobre o

desenvolvimento industrial brasileiro considerando-se duas posições por

referência: uma expressa por BARROS e GOLDENSTEIN1 em vários trabalhos

publicados em conjunto e outra por COUTINHe>2, as quais tomaremos como

paradigmáticas do discurso oficial e do discurso crítico na discussão que nos

interessa.

1 BARROS foi chefe da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, sendo economista de grande influência nas decisões governamentais; GOLDENSTEIN é economista, consultora do BNDES. Dentre os trabalhos desses autores, foram considerados neste Capítulo: (a)Reestruturação Industrial: três anos de debate. In: Venoso (org), Brasil: Desafios de um país em transformação - Forum Nacional, 19 a 22 de maio de 1997 - José Olympio Editora, RJ.; b) Plano Real Fase 11: Da estabilização ao crescimento sustentado, mimao, maio 1998; c) Avaliação do Processo de Reestruturação Industrial Brasileiro- Revista de Economia política, vol.17, no. 2{66), abril-junho/1997 (publicado originalmente no jornal Gazeta Mercantil, em agosto de 1996, segundo observação dos autores do texto); d) O Real e a aliança inflacionária. In: Motta Veiga (org) - O Brasil e os desafios da globalização, RJ, SOBEET­Relumé Dumará, 2000.

2 COUTINHO é economista, professor do Instituto de Economia da UNICAMP e foi um dos coordenadores do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira - ECIB, amplo trabalho realizado em 1995. Dentre os trabalhos escritos, serão considerados nesse capítulo: (a) A Especialização Regressiva:um balanço do desempenho industrial pós estabilização; b) A fragilidade do Brasil em face da globalização. In: Baumann (Org)- O Brasil e a economia global, RJ, SOBEET c)Nuvem por Juno. Lições Contemporâneas, Folha de São Paulo, 28/10/1997; d) O Estrangulamento do Setor Produtivo. Folha de São Paulo, 13/12/1998; e) Crônica de um grande desmonte. lições Contemporâneas, Folha de São Paulo, 30/01/2000; f) Herança maldita. Lições Contemporâneas, Folha de São Paulo, 08/05/2000.

29

Page 39: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Para os representantes do discurso oficial, o processo de reestruturação

produtiva que se seguiu à abertura da economia e que se aprofundou pós Real,

levaria a uma trajetória de crescimento, efeito da retomada dos investimentos

na economia pós-estabilização.

Para os críticos, o então processo de reestruturação não seria suficiente para

dar sustentabilidade ao crescimento. Os investimentos além de insuficientes em

valor e volume estariam concentrados em produtos de baixo valor agregado,

não comercializáveis no exterior. E os poucos investimentos em produtos mais

sofisticados e de maior valor agregado teriam o mercado interno por destino,

caracterizando-se por baixo efeito multiplicador interno, com alto coeficiente de

importação, tanto de bens de capital, como de insumos e componentes.

Em síntese, "uma política de substituição de produção interna por importações,

com grave impacto negativo na balança comercial, comprometendo a

sustentabilidade do crescimento no médio prazo". (a.a)

11.1 - O discurso 'oficial' - reintegração produtiva

Na visão dos autores citados, o Plano Real teria duas fases, uma relativa à

estabilização de preços que teria deslanchado uma reestruturação na economia

e outra em que seriam retomadas as condições de crescimento. No meio do

caminho uma certa perplexidade porque não se teria avaliado previamente toda

a extensão das conseqüências que a abertura comercial, somada aos efeitos

da estabilização de preços, teria sobre o lado real da economia. E quando se

deu conta disso, os instrumentos de política e intervenção econômica do

passado não mais tinham a ver com a nova realidade das relações entre o setor

produtivo e o Estado.

30

Page 40: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Na palavra dos autores:

"... não existiam politicas públicas que pudessem auxiliar esse

processo, acelerando-o, consolidando-o e definindo seus custos ...

Não só não existiam instrumentos novos, como não havia sequer

qualquer reflexão sobre o que fazer após a estabilização".

(BARROS E GOLDENSTEIN, 1998, p.2)

Focalizaram a origem desta questão na importância que o tema do combate à

inflação ganhou na formulação de políticas, na 'academia' e no cotidiano de

uma sociedade sempre ameaçada de hiperinflação, tornando a discussão sobre

desenvolvimento ausente da reflexão e do debate3 durante a década de 80.

Mais precisamente, depois do 11 PND, a política pública ter-se-ia voltado para o

combate ao processo inflacionário, sucedendo-se planos nesse sentido por

quase dez anos, todos mal sucedidos. A abertura do início dos anos 90 é vista,

pelos autores, como uma ação no contexto das condições para estabilizar a

economia passando, junto com o déficit, a ganhar a cena dos debates públicos.

As mudanças na configuração da indústria foram sendo vistas a partir das

evidências da realidade, não sendo compreendidas em sua totalidade tanto

pela falta de inforrnações4, como pelo ineditismo de uma situação

completamente diferente do que havia prevalecido até então na economia

brasileira. Apesar da percepção tardia dos efeitos da política econômica sobre

a indústria, consideraram que esse efeito seria importante para a manutenção

3 Essa questão é o tema da tese de doutoramento de Lydia Goldesntein, 'Repensando a dependência', RJ, Paz e Terra, 1994. Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, economista da UNICAMP, que faz a apresentação da mesma, mostra sua discordância com essa visão, citando os trabalhos de economistas que recolocaram a história da industrialização brasileira nos marcos do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, cujos trabalhos foram concluídos e/ou publicados ainda nos anos 70, como a Economia da Dependência Imperfeita de Francisco de Oliveira, O Capitalismo Tardio, de João Manuel Cardoso de Mello, as teses de Conceição Tavares, dentre outros, bem como a discussão sobre os limites da industrialização defendidos por Goldenstein e que Belluzzo também localiza no período, embora considere que para os economistas de oposição, esse limites eram mais elásticos, enaltecendo o mérito do debate provocado pela tese.

4 Os autores apontam que realizaram mais de um ano de entrevistas com empresários, consultores econômicos, pesquisadores universitários e discussões com as gerências setoriais do BNDES. Suas opiniões sobre o que estava ocorrendo com a indústria resultam dessas discussões e foram apresentadas em trabalho publicado na Gazeta Mercantil, em agosto de 1996.

31

Page 41: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

da própria estabilidade, contradizendo discursos opostos, tanto no sentido da

volta dos instrumentos protecionistas como dos setores de esquerda que, no

ponto de vista dos autores, aliam-se a estes, na busca de uma bandeira de

oposição pós-Real.

"É neste ambiente um tanto quanto hostil que emerge

gradativamente e vai ganhando espaço a percepção da

profundidade e importância do processo de reestruturação pelo

qual estava passando a economia. Junto com esta nova percepção

vem a consciência da dificuldade de se entender o processo em

sua totalidade, devido não só a impressionante falta de

informações existente como também à dificuldade de se confrontar

com situações completamente novas, pautadas por uma dinâmica

completamente diferente daquela que até muito recentemente tinha

prevalecido na economia brasileira". (BARROS e GOLDENSTEIN,

1998, p.3)

A consolidação da estabilização permitiria a retomada da questão do

desenvolvimento e, assim, o Real teria sido o ponto de partida de uma trajetória

de crescimento sustentado, isto é, com "elevação da taxa de investimentos o

suficiente para elevar produto, renda e emprego com redução das

desigualdades, sem pressão inflacionária no balanço de pagamentos via taxa de

câmbio e no financiamento do Tesouro Nacional, via juros". (BARROS e

GOLDENSTEIN, 1998)

A fase I do Real (estabilização) teria levado a um deslanche de vários

processos que acarretaram a reorganização do sistema econômico. Para que a

fase 11 viesse a alcançar o desenvolvimento sustentado passava a ser

necessário a consolidação da reestruturação produtiva.

Essa é uma síntese da teoria ex-post que o desenvolvimento ocorreria como

corolário da política explícita de controle de preços, ainda que não pensado

originalmente como efeito.

32

Page 42: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Ou seja, os autores defendiam que estivesse ocorrendo um processo de

reestruturação produtiva profundo e inesperado pelo senso comum e não

contemplado nas análises de especialistas. Em relação às críticas de

desindustrialização e regressão industrial contrapunham que se baseavam em

dados presentes, quando os processos de mudanças estruturais em curso

naquele momento levariam tempo para aparecerem nos números e essas

mudanças, por seu porte, alterariam as tendências. Afirmavam a dificuldade de

os críticos enxergarem o novo, num cenário em construção.

O aumento das importações e sua maior participação na produção interna eram

vistos de uma forma bem particular. Chegam a refutar o elevado índice de

importações sobre a produção interna, questionando: "0 que é melhor, um PIB

estagnado com baixo coeficiente de importações ou um PIB crescendo com um

maior coeficiente?" (BARROS e GOLDENSTEIN, 1997, p.76)

Reconheceram que no início teria havido um aumento de importações em

vários setores para se defender do aumento da competição e do aumento de

salários que teriam ocorrido no início do Plano- ajustes nominais no segundo

semestre de 1994 de 40 a 50%; a seguir, com a percepção do brutal aumento

do mercado interno brasileiro, um aumento de investimentos com novo aumento

de importações, agora de máquinas e equipamentos. Com o crescimento da

economia novos investimentos fluiriam, agora para setores que no período

anterior teriam sido externalizados. Reconheceram que isso impactou

negativamente a balança comercial, o que ainda persistiria, inclusive com

aumento da importação de bens de capital.

Contra a idéia de que a invasão de importados se constituía numa ameaça à

indústria nacional, defenderam a idéia de que isso fosse parte de uma dinâmica

complexa que envolveria a procura por importações de componentes e/ou

máquinas por parte de empresas aqui instaladas visando redução de seus

custos de produção e modernização para fazer frente ao aumento da

concorrência. De outro lado, a elevação das importações seria resultado da

vinda de empresas internacionais que, primeiro teriam importado o produto

final, depois os componentes e máquinas e tudo o mais necessários à

33

Page 43: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

internalização de suas produções no mercado brasileiro, chegando a afirmar

que:

"Em ambos os casos, as importações tiveram impactos mais

positivos e profundos que a mera substituição da produção local.

Além de viabilizarem a sobrevivência dos produtores locais, via

redução de custos e modernização, as importações eram o

primeiro passo no processo de vinda de novas empresas para o

Brasil. Através das importações testava-se o mercado, criava-se

uma rede de distribuidores e viabilizava-se a internalização da

produção no país. De chocolates a automóveis, passando por

todos os setores industriais, o processo era parecido. ••. A

conjunção destes dois movimentos ampliava a atratividade do

mercado brasileiro e deslanchava um novo movimento, o de

reintegração. Algumas atividades e/ou setores que no primeiro

movimento tinham sido externalizados tomam-se atrativas como

opção de investimento e, aos poucos, passam a ser intemalizadas

novamente." (BARROS e GOLDENSTEIN, 1998)

Consideravam a indústria automobilística um caso exemplar. De início

ampliaram-se as importações de produto acabado e, a seguir, passou a montar

os veículos no País, mas mantendo grande volume de importações de

componentes. Na fase posterior, as montadoras passaram a buscar

fornecedores locais e/ou estrangeiros que quisessem se localizar no país.

Chamam a isso de 'reintegração produtiva'.

Na indústria de autopeças, com esse procedimento das montadoras, parecia

ser o inicio do fim do setor, o que de fato ocorreu com grande número de

empresas. Os autores defendiam, contudo, outra conclusão. Diziam que os

índices de nacionalização voltariam a crescer, passando de 45% pós-abertura

para 85% e 97%; que o aumento do consumo e a adoção de modernas práticas

produtivas de just-in-time" se revelaram incompatíveis com outsourcin!f

5 Prática operacional associada aos novos métodos de organização da produção, pelo qual os estoques são reduzidos aos mínimos de segurança.

34

Page 44: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

levando à busca de fornecedores de autopeças no mercado local ou trazendo

fornecedores externos para produzir aqui. O fornecimento local reduziria custos

de transporte e agilizaria as relações com o mercado. E concluem que ao lugar

da desindustrialização "da oposição", o que se viu foi o aumento dos

investimentos no setor de autopeças cujo perfil tornou-se radicalmente distinto

do existente no início da abertura comercial.

Outro exemplo que consideraram foi o da indústria têxtil. Grandes importações

de náilon ocorreram e, com o aumento do consumo, nova fábrica teria sido

atraída com capacidade para atender ao mercado interno e exportar.

Mencionaram também o algodão. No início ocorreram importações por

problemas de incompatibilidades, como regulagem de máquinas a cada partida

diferente. A expansão da plantação no centro-oeste teria alterado esse quadro.

No setor calçadista a reestruturação chegou a se refletir na geografia do país,

uma vez que foram transferidas plantas industriais do sul para o nordeste, mas

essas indústrias voltaram a investir nas fábricas de Franca e do Rio Grande do

Sul.

Os setores siderúrgico, metalúrgico, papel e celulose seriam exemplos de

setores que não estavam tão defasados tecnologicamente, mas que

necessitavam de investimentos.

Quanto aos eletroetetrônicos, o peso das importações foi muito grande devido

ao aumento do consumo e com isso da produção e externalização de compras.

A seguir estariam ocorrendo investimentos de grandes empresas atraídas pelo

tamanho do mercado, o que deveria modificar o perfil do setor.

No caso dos bens de capital sob encomenda reconheciam a existência de

problemas que esperavam ver revertidos. O setor estaria se recuperando em

face de investimentos em infra-estrutura como privatizações da velha malha

6 Abastecimento no mercado externo

35

Page 45: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

ferroviária, concessões na área de energia e a demanda de hidrogeradores;

gasoduto Brasil-Bolívia; também investimentos das empresas privatizadas,

passada a primeira fase de adaptações - citam laminados para a Usiminas e

termoelétrica para a CSN.

E dizem que a reestruturação vem sendo estimulada por quedas nas taxas de

juros e instrumentos de financiamento que, pela primeira vez, permitiriam a

criação de crédito de longo prazo. Diziam também que nada foi casual, mas

resposta à política de investimento e competitividade.

"Suspirar pelo passado e pensar estaticamente tem levado

muitos analistas a equívocos. Não se trata de

desindustrialização, mas de reintegração, de redução de custos

e de elevação de investimentos. Finalmente, não se trata de

imobilismo ou fé, mas do avanço em uma agenda ampla e

sofisticada de construção de instituições e instrumentos

ajustados às novas realidades. Este é o verdadeiro debate de

hoje". BARROS e GOLDENSTEIN (2000}. p.6

11.2 - O discurso 'crítico' - especialização regressiva

A visão aqui destacada para expressar o discurso crítico também é bastante

complexa, partindo de uma análise ampla sobre os efeitos da política

econômica dos anos 90 e de um diagnóstico sobre a competitividade da

indústria brasileira.

"Sem uma mudaoo;a radical das estratégias privadas, de forma a

intemalizar a inovação técnica e a capacitação como atividades

empresariais permanentes e estruturadas não será possivel

enfrentar o desafio da competitividade. Num contexto de rápida

transformação, insinua-se o risco de aprofundamento da

36

Page 46: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

heterogeneidade técnica e competitiva da estrutura industrial

brasileira, com reflexos indesejáveis de agravamento das

disparidades sociais e regionais". (ECIB, 1995)7

Em relação ao discurso 'oficial', para COUTINHO, parte da equipe econômica

governamental acreditaria que os problemas revelados pela indústria em

meados da década representariam "um momento difícil e doloroso de

reestruturação", mas que seria superado, com a perspectiva de nos dois ou

três anos seguintes emergir ajustada e competitiva. Quanto ao déficit na

balança comercial, em decorrência, seria uma situação transitória.

Sua visão é distinta. As conseqüências da abertura comercial com câmbio

sobrevalorizado8 e taxas de juros muito elevadas sobre a configuração da

indústria seria de (inexorável) tendência à desindustrialização e à

desnacionalização, porque a dupla câmbio-juros que perdurou nos quatro

primeiros anos do Real, funcionaria como forte incentivo às importações. O

câmbio sobrevalorizado levaria a um barateamento de importações contra o

qual a indústria nacional não teria como competir, na ausência de instrumentos

protetores de política econômica e os juros altos desestimulariam os

investimentos produtivos, sinalizando rendimentos elevados para aplicações

financeiras. A atração de capitais externos daí decorrentes e por eles induzido

se, por um lado, serviria como provedor de divisas para pagamento dos juros

da dívida externa, por outro, aumentaria a vulnerabilidade do balanço de

pagamentos, cujo déficit crônico simbolizaria a falta de autonomia do Governo

para a definição de outro tipo de política e de inserção na economia

internacional.

7 O ECIB foi concebido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e contratado a um consórcio de instituições liderado pela Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Fundação Dom Cabral e Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior - FUNCEX, sob a coordenação técnica dos professores Luciano Coutinho e João Carlos Ferraz, tendo envolvido a contribuição de quase uma centena de especialistas e a análise detalhada de 33 setores industriais.

8 Isso significa que o poder de compra do Real, face ao dólar, estava muito valorizado. Por exemplo, em julho de 1994 a taxa de câmbio nominal era de R$ 0,93/US$; em novembro atingira RS$ 0,842/US$. Vai estabelecer a relação R$ 1 ,00/US$ em junho de 1996.

37

Page 47: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

O avanço da industrialização deveria, ao contrário, levar a um aumento do valor

agregado no país, com inovação técnica endógena, setor eletrônico como

elemento dinâmico da estrutura industrial e fortalecimento do porte das

empresas brasileiras, para poderem atuar como players9, no mercado

internacional. Em apoio às preocupações de COUTINHO, BELLUZZO já

afirmara:

"A politica econômica do Real lançou a economia brasileira numa

trajetória de crescimento medíocre, provocou grave

desestruturação da indústria e aumentou a vulnerabilidade do

balanço de pagamentos". (BELLUZZO, FSP, 8/5/00)

A desestruturação da indústria seria decorrente do encolhimento das cadeias

produtivas, por importações predatórias, o que cita ter ocorrido nas atividades

de metalmecânica (autopeças e bens de capital), eletroeletrônica e química. O

referido encolhimento diria respeito a uma avaliação de que elos da cadeia

anterior de relações interindustriais estariam rompidos, expressos numa

redução do valor agregado por unidade de valor produzido10, o que significaria

eliminação de pontos de geração de renda e de empregos na economia.

A questão da desestruturação fica mais grave face às características dos novos

padrões de produção e comercialização mundiais que levaram a um

"rejuvenescimento das indústrias tecnologicamente maduras, à emergência de

outras novas (lideradas pelas tecnologias de infonnação e comunicação), as

quais tomaram-se a base do rápido desenvolvimento tecnológico, da produção

e do comércio internacionais"(ECIB, 1995). Essas mudanças atingem todos os

setores.

9 Com grande poder de barganha nas negociações internacionais.

10 "Por exemplo, se a produção de carros dobrar de 1 ,5 milhão de unidades/ano para 3 milhões, mas o índice de valor agregado no país cair de quase 100% para 50%, estaremos, em tese, produzindo o mesmo valor econômico".(COUTINHO, 1997).

38

Page 48: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

E foi enfático ao afirmar que "a desnacionalização foi rápida, crescente e

profunda na indústria e depois em setores de serviços e de infra­

estrutura".(COUTINHO, FSP, 30/01/00)

Em relação à discussão sobre investimentos, considera que o mesmo arranjo

câmbio-juros elevado fez com os investimentos não se dirigissem à construção

de nova capacidade de produção; quanto ao investimento estrangeiro,

concentrou-se em setores mais protegidos, nos quais identificou serviços e as

áreas para privatização.

"0 atual padrio de investimentos vem apenas reiterando o padrão

de especialização competitiva que a economia brasileira já havia

logrado alcançar nos anos 70. Nesse sentido, poder-se-ia

precisamente classificar o período pós-estabilização como uma

etapa de especialização regressiva do ponto de vista industrial:

somos cada vez mais importadores de tudo o que é sofisticado e

exportadores de produtos de baixo valor agregado". (COUTINHO,

1997, p.105 e 1998, p.2)

Quanto às repercussões sobre a indústria, considerava que para os setores:

bens de capital seriados e bens eletrônicos; matérias-primas, química,

fertilizantes e resinas; autopeças, têxteis naturais, bens de capital sob

encomenda e borracha, houve desindustrialização, com "forte substituição de

insumos locais por importados, fechamento de linhas de produção e de

unidades fabris inteiras". Em muitos outros setores ocorre desnacionalização

da indústria que se viu em condições desiguais de competição, como

eletrodomésticos, autopeças, alimentos, higiene e limpeza.

"Nos setores tipicamente domésticos não afetados pelo comércio

internacional ou nos setores produtores de commodities, de

grande escala de produção, onde a competitividade brasileira é

forte, o estrago não foi muito grande; outras exceções sl.o a

automobillstica e os têxteis sintéticos cujos coeficientes de

39

Page 49: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

penetração (importações/produção) retrocederam porque foram

tomadas medidas de proteção". COUTINHO (1997), p.92

COUTINHO (1997,p.94) mostra o aumento do saldo comercial de todos os

gêneros da indústria de transformação de 1993 para 1996 e a participação de

cada um no total. Com exceção de alimentos, couros, madeira e fumo, todos

pioraram essa relação, destacando-se as indústrias: mecânica (- US$ 4,2 bi),

material elétrico (- US$ 4,1 bi), material de transporte(- US $2,2bi ), química

(- US$ 2,1 bi), metalúrgica (- US$ 1,3 bi), matérias plásticas (- US$ 1,1 bi).

Esses valores representam o quanto caiu o saldo comercial (exportações

menos importações) de 1993 para 1996 nesses setores, os quais representam

86% do saldo comercial da indústria de transformação como um todo.

Onde havia baixo dinamismo setorial foi relevante a importação direta de bens;

onde o desempenho foi mais dinâmico, verificou-se a importação de insumos e

matérias-primas, reduzindo o grau de agregação de valor ao longo das cadeias

produtivas.

As conseqüências da inserção subordinada foram a especialização produtiva

regressiva, ampliação da desnacionalização, redução do valor agregado no

país, substituição da oferta doméstica de produtos finais por importados,

fechamento de linhas de produção e de fábricas inteiras, como já foi citado. No

caso dos bens de capital, a desindustrialização se expressa nas taxas de

crescimento negativas da produção, o que se deu pela elevada importação

desses bens. (LAPLANE e SARTI, 1999, p.31)

40

Page 50: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

CAPÍTULO 111

BASES DE DADOS INDUSTRIAIS

111.1 - Disponibilidade de Informações, Classificações e Compatibilidades

Nos últimos anos a economia brasileira passou por grandes transformações,

chegando alguns analistas a caracterizá-las como violentas e fortes

notadamente em seu impacto sobre a configuração da indústria no País. Por

mais paradoxal que possa parecer, exatamente este período foi marcado por

uma quase total ausência de informações estruturais sobre o conjunto da

atividade industrial, produzidas pelo IBGE, fosse via Censos ou Pesquisas

Industriais Anuais, fosse via Contas Nacionais, durante a maior parte da

década.1

A falta de informações foi muito sentida por estudiosos da indústria2. BARROS e

GOLDENSTEIN (1998), economistas cuja avaliação sobre o desempenho da

indústria brasileira nos anos 90 foi objeto de apreciação no capítulo anterior, e

que muito produziram sobre o tema, chegaram a afirmar que:

"Com o corte generalizado de verbas, o conjunto de lnfonnações

sobre a economia, que nunca chegou a se sofisticar multo, foi

sendo seriamente comprometido. Censos slo adiados, grupos de

pesquisa desarticulados, séries estatisticas interrompidas.

Preservaram..se e sofisticaram..se apenas infonnações

concernentes à inflaçlo, necessárias tanto para a atuaçlo

governamental como para a do setor privado, cujo acesso

antecipado a certos Indicadores traduzia..se em ganhos Imediatos

e vultuosos". (p.1)

1 Refiro-me ao acompanhamento anual do Valor da Produção, Valor Adicionado, Pessoal Ocupado e Rendimentos das atividades industriais, também contidos nas Contas Nacionais. Ver http://www.ibge.gov.br.

2 Ver a respeito SUZIGAN e SARTI (1997)

41

Page 51: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Já MESQUITA e CORREA (1996), pesquisadores do BNDES que produziram

uma das séries históricas sobre valor da produção industrial que será objeto de

considerações mais adiante nesse capítulo, compartilhavam de posição

semelhante, ao colocar que:

"Apesar de mais recente este processo (a abertura comercial) jã se

estende por seis anos e, no entanto, são raros os estudos que

procuraram avaliar seu impacto sobre a economia brasileira,

particularmente sobre a estrutura industrial. Isso deve ser

explicado não apenas pela urgência dos problemas de estatização,

mas principalmente pela falta de dados atualizados sobre a

produção industrial, sem os quais qualquer anãlise mais

pormenorizada se torna impossível". (p.61)

E é de HAGUENAUER et al.(1998), especialista em indústria e estatísticas

industriais, a ressalva sobre os limites das estimativas por ela própria

efetuadas:

"Na verdade, a carência de levantamentos abrangentes sobre a

indústria brasileira desde o Censo de 1985 -em particular a não­

realização do Censo Industrial previsto para 1990 - amplia a

incerteza na estimativa de variáveis do setor, agravado para

variáveis em valor, pelas distorções introduzidas pelos períodos

de inflação extremamente elevada que ocorreram desde então. O

IBGE deve divulgar em breve os resultados do Censo Cadastro

relativo ao ano de 1994 - o que possibilitará a reavaliação das

séries do valor da produção construídas e das metodologias mais

adequadas para sua atualização". (p.23)

No Estudo da Competitividade da Economia Brasileira- ECIB, amplo trabalho

realizado em 1995 sob a coordenação de COUTINHO e FERRAZ, em seu

relatório final lamentam a "falta de estatisticas nacionais, particularmente do

Censo Econômico de 1990" (p.25)

42

Page 52: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Quanto aos Censos Econômicos, é importante observar que sua realização foi

suspensa pelo Governo Collor (relativo ao ano de 1990) e, finalmente, extinta

sob o Governo FHC, a partir de 1995, sob argumentação política de restrições

orçamentárias, ainda que ao amparo de justificativas técnicas de redesenho da

modelagem do sistema de informações econômicas. O redesenho implicava na

proposição de substituição dos Censos Econômicos como elemento central do

referido sistema de informações por Pesquisas Anuais de atividades

econômicas mais ágeis em tempo de resposta, comparativamente aos Censos.

A maior agilidade vinculava-se tanto à redução do número de respondentes,

como do número de indagações, a novos recursos de informática e outras

conseqüências inevitáveis decorrentes de revisões metodológicas com impacto

sobre a extensão da Pesquisa, como a mudança de conceito da unidade de

investigação4, dentre outros aspectos.

Os últimos Censos Econômicos do País foram realizados em 1986, com

referência ao ano de 1985, tendo seus volumes sido editados a partir de 1988,

com o último Tomo de sua série liberado somente em 1990, após quatro anos

de apuração, validação dos dados, disponibilização para análise e edição em

· papel. São muitas as críticas de demora na edição dos dados dos Censos

Econômicos. Nem todas são, contudo, procedentes. A edição de uma

informação estatística, à luz do processo de produção e publicação de dados à

época, no fim dos anos 80, era potencialmente mais demorada, em termos

comparativos, a uma pesquisa de igual conteúdo e abrangência que viesse a

ser editada pelos métodos hoje disponibilizados pela microinformática e

internet. A prática institucional e a experiência internacional não indicam que os

últimos Censos Econômicos tenham sido liberados com atraso.

3 O Governo Collor também inovou ao adiar a realização do Censo Demográfico de 1990, tradicionalmente desenvolvido a cada dez anos, nos anos terminados em zero, desta vez executado em 1991. A suspensão foi justificada por motivos restritivos, do ponto de vista orçamentário e a repercussão negativa dessa atitude, principalmente no exterior, explicaria o porque de sua reconsideração. Os Censos Populacionais são uma atividade de grande envergadura, realizada por todos os países. No caso seria o 'Censo preparatório para o do final do século', muito amparado pela sociedade mundial.

4 Veja Quadro 111.2 ao final deste capítulo que apresenta uma síntese das características

43

Page 53: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Mais se assim tivesse ocorrido, é indiscutível que, após a realização desse

último Censo, o IBGE reunira condições técnicas e capacitações - tácitas e

explícitas - para alterar esse quadro.

Em primeiro lugar, porque o planejamento desses Censos ocorreu

simultaneamente à sua apuração, o que, se por um lado, demandou

extraordinária capacidade de resposta das equipes envolvidas, agilidade e

competência para operar em várias dimensões do projeto, por outro lado,

produziu um nível de qualificação muito grande, um conhecimento e domínio

sobre 'o pensar e o fazer' associados, inimagináveis de ocorrer em

circunstâncias normais de trabalho, e que necessariamente fariam operar uma

Pesquisa de igual porte, em menor prazo.

Sob outro aspecto, decorridos quase dez anos do lançamento dos últimos

Censos Econômicos, o novo ambiente produtivo em 1995 já era em si mais ágil,

do ponto de vista das tecnologias de informação, e as metodologias e os

problemas de construção dos sistemas de apuração, crítica e edição já eram

conhecidos e estavam resolvidos. Destaque-se, ainda, o enorme ganho com a

microinformática nos anos 90, em especial na área de edição, significando um

substancial encurtamento dos prazos de divulgação das pesquisas. No mínimo,

pode-se afirmar ser superficial o argumento de demora da liberação das

informações, por não considerar adequadamente uma avaliação mais

ponderada da história institucional e do avanço tecnológico recente.

Esses comentários visam apoiar interpretação que as mudanças ocorridas na

produção de informações econômicas pós 1995 devem-se menos a atrasos na

edição dos Censos Econômicos e mais à conjunção de circunstâncias diversas

que levaram à extinção dessa Pesquisa. Ao lado das restrições de verbas,

identificam-se os prováveis efeitos de um estado de perplexidade com as

transformações no ambiente macro, em plena implantação do Real, a

descontinuidade dos trabalhos técnicos institucionais do IBGE por mudanças de

comando de equipes, o acúmulo de tempo sem resposta institucional na área

metodológicas das Pesquisas Industriais do IBGE

44

Page 54: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

de indústria (1990-95), já que não se conseguiu trabalhar as Pesquisas

Industriais pós-Censo Industrial conforme planejado.

Em face das dificuldades encontradas para apurar as estatísticas industriais

desse período, já coletadas sob um modelo de produção por amostragem de

informantes, a divulgação restringiu-se, inicialmente, às maiores empresas -

vide Quadro 111.2, o que foi considerado uma alternativa de melhor proveito para

os usuários à alternativa de nada divulgar. Ou seja, havia problemas afetando a

produção das estatísticas contínuas de indústria que se somaram à

necessidade de se apresentar uma saída à complexidade de uma operação

censitária, no tempo de resposta que se tinha para fazê-lo. Posteriormente as

Pesquisas Industriais desse período foram disponibilizadas com expansão de

suas informações para o universo de referência das mesmas.

Acredito, até, que a referida mudança de concepção do sistema de estatísticas

econômicas tenha vindo responder, também, a um tipo de questionamento de

natureza ideológica. A rápida inserção do País num contexto de economias

globalizadas teria levado a uma política minimalista no que produzir. Explicando

melhor, as mudanças em curso eram tão profundas - vide comentários de

BARROS e GOLDENSTEIN (1998) apontando a perplexidade com a extensão

das conseqüências da abertura, no capítulo anterior - que é como se não se

necessitasse, naquele instante, priorizar o gasto de recursos com pesquisas

que incidiriam sobre uma realidade cambiante, deixando de ser importante a

mensuração dos efeitos das mudanças num horizonte de tempo razoável. O

discurso que defendia as radicais transformações do parque produtivo apoiadas

numa visão de que seus benéficos efeitos se fariam sentir mais adiante,

devendo ser aguardados, levaria a uma conseqüente secundarização da

atualidade das bases estatísticas nacionais.

Algumas evidências amparam essa avaliação. A primeira é que a pesquisa que

substituiu os Censos Econômicos, denominada Censo Cadastro, coletava três

variáveis apenas {pessoal, salários e rendimentos e receita líquida) e se

caracterizou como uma pesquisa pontual {realizada apenas uma vez,

relativamente ao ano de 1994) para captar a nova classificação de atividades. A

45

Page 55: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

segunda é que, no caso da Indústria, as mudanças nos procedimentos de

realização da Pesquisa Anual levaram, na prática, a um substancial atraso na

liberação dos dados que só em 2000 começou a ser corrigido. A terceira é que

as mudanças introduzidas na Classificação de Atividades Econômicas, que

serão tratadas a seguir, levaram a uma interrupção (break) nas séries históricas

da indústria a partir da Pesquisa Anual de 1996, porque os níveis de

classificação não permitem a ligação dos dados com o passado.

Essas são as questões que fazem com que se possa supor que poderia ter

ocorrido restrição orçamentária sem extinção dos Censos Econômicos -

hipótese que levaria à sua reconfiguração, consoante alguns dos projetos

existentes nesse sentido -, assim como poderia ter ocorrido redesenho do

sistema de informações sem que a restrição orçamentária fosse a sua

motivação.

Só não sofreram interrupção as estatísticas mensais - Pesquisa Mensal de

Produção Física - PIM-PF e Pesquisa Mensal de Dados Gerais - PIM-DG, que

são a base para cálculo de indicadores mensais de desempenho conjuntural da

indústria5 (não são divulgados os dados, apenas os índices deles decorrentes).

Essa regularidade levou-as, inclusive, a novos usos, como será visto a seguir.

Talvez as mudanças ocorridas na economia até justificassem revisão do elenco

de pesquisas e/ou de seu conteúdo, mas nem foi esse o caso.6

5 A PIM-PF investiga a produção física de cerca de 730 produtos em mais de 8000 estabelecimentos, em uma amostra intencional que abrange produtos e informantes de maior valor da produção. A cada produto é associada uma ponderação específica, o que permite a construção de indicadores com diversos níveis de agregação. A PIM-DG levanta, entre outras variáveis, o valor nominal da produção junto a mais de 6000 estabelecimentos industriais, selecionados por amostragem probabilística. O desenho da amostra prevê representatividade por gêneros, único nível disponível para os indicadores calculados.

6 SARTI e SUZIGAM (1997) levantam questões críticas sobre as estatísticas industriais e defendem a necessidade de operacionalização de informações que permitam o cálculo de indicadores variados, a exemplo da proposta contida no ECIB (1995). Outro artigo que aborda questões para se refletir é o de SANTANA (1997) onde são levantadas questões a respeito das dificuldades de se criar novas séries de dados, inclusão de novos produtos, bem como da redução de confiabilidade das séries existentes que estariam desatualizadas em ponderações, pontos de coleta, variáveis, amostra de empresas, conceito de produto, face às profundas mudanças por que passou a economia brasileira.

46

Page 56: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Antes, porém, é importante levantar algumas questões relativas às radicais

mudanças processadas pelo IBGE na Classificação de Atividades Industriais. A

nova classificação é um divisor de águas com relação ao que vem antes dela.

Consta do documento que apresenta a Classificação Nacional de Atividades

Econômicas - CNAE ( 1997) que um de seus objetivos é a

"atualização do sistema classificatório de forma a melhor refletir a

estrutura produtiva do Pais, guardando, ao mesmo tempo,

compatibilidade com a classificação-padrão internacional e

garantindo, desta forma, a comparabilidade internacional". ( p. 7)

Adiante o documento afirma:

"A CNAE representa uma reestruturação bastante ampla em

relação às classificações anteriores utilizadas pelo Sistema

Estatistico e pelos registros administrativos, traduzindo não só a

necessidade de atualização e aperfeiçoamento periódico inerente

às classificações econômicas, como também a mudança de

postura em relação ao compromisso de comparabilidade

internacional. Esta mudança qualitativa tem como contrapartida a

impossibilidade de conversão exata entre os códigos mais

detalhados da CNAE e das classificações anteriores, o que

certamente Implicará algumas restrições na comparabilidade das

séries históricas." (p.9)

Como se pode perceber, optou-se, assumidamente, por uma taxonomia que

sacrifica a comparabilidade histórica em prol de uma aludida comparabilidade

internacional. Isso porque a Classificação Internacional que se constituiu no

referencial da nova Classificação brasileira, a lnternational Standard Industrial

Classification - ISIC7, em sua terceira revisão, denominada por isso mesmo

entre usuários de classificações por ISIC-Rev.3, editada pelas Nações Unidas,

7 Para informações sobre as classificações de atividades usadas em vários países e suas especificidades, consultar o site das Nações Unidas - http://esa.un.org/unsd inclusive as versões 2 e 3 da ISIC e quadro comparativo de suas correspondências. No caso brasileiro, a nova Classificação está disponível também via internet, no endereço http://www. ibge. org.br/concla.

47

Page 57: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

não foi adotada como tal pelos demais países até há bem pouco tempo. Em

1999, dentre 142 países, apenas 48 haviam adotado a Revisão 3, o que se

elevou para 97 em 2000. Ou seja, 45 países ainda estavam, no ano passado,

trabalhando com a Revisão 28. Nesse assunto o Brasil foi bastante moderno,

'avant la lettre'.

A demora na introdução da Revisão 3 se deveu às avaliações sobre as suas

substanciais modificações em relação à versão anterior. Em muitos casos,

havia necessidade de novas pesquisas, nem sempre factíveis, para a aplicação

universal da nova tipologia de indústrias, que não era necessariamente melhor

desde a sua concepção9, em vista das distintas histórias e realidades nacionais.

A implantação da Revisão 3 era considerada problemática relativamente ao

que significava de mudanças em relação à Revisão 2 e à capacidade de os

diferentes países conseguirem vir a implementá-la, sem mencionar a incerteza

quanto ao saldo positivo das mudanças de enfoque e de conceitos de

atividades produtivas que tanto desorganizariam o sistema de informações.

Os usuários de estatísticas industriais co~·,,.._,ri:~ciE s que buscarem informações

junto à ONU, através da UNID010, verificarãJ ~~Ie os dados apresentados, por

países, estão apoiados na ISIC-Rev.2. Assim também ocorre com várias

publicações sobre indústria da Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico - OCDE, como aquelas relativas a proposição de

taxonomias de indústrias segundo características do processo de geração e

uso de tecnologias, que serão descritas mais adiante. Ou então publicam-se

dados em separado, alguns com base na Revisão 2 e outros na Revisão 3.

8 Estes dados foram extraídos do documento: Conclusions and recommendations of the Expert Group on lntemational Economic and Social Classifications - Annex - 15 -17 November 1999, New York- p.6.

9 A esse respeito ver Informe del grupo de tareas sobre estadísticas industriales y de la construcción, 24 de enero de 1995, Naciones Unidas, Comisión de Estadística (Doe EJCN.3/1995/4), onde são levantadas dificuldades de implementação da Revisão 3 em sua totalidade e de uma única e só vez, em diferentes países.

1 0 UNIDO - United Nations Industrial Development Organization, cujo endereço eletrônico é http://www.unido.org

48

Page 58: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Aqui também não parece muito esclarecedor apoiar as radicais mudanças na

priorização de uma comparação internacional que é produzida, até o momento,

sob outra base.

Outra questão associada refere-se aos países que construíram seus próprios

sistemas de classificação, não adotando a ISIC, como os Estados Unidos, o

Canadá e o México que mantém sistemas paralelos, a partir do North American

Industrial Classification System - NAICS, que será certamente, e num futuro

talvez bem próximo, o destino de todos os países que aderirem à Aliança de

Livre Comércio das Américas - ALCA. Também têm sistemas próprios a

Austrália e Nova Zelândia. Esses sistemas têm uma tradução possível com a

ISIC, de maneira análoga aos procedimentos de tradução estabelecidos pelo

IBGE entre a versão da Classificação de Atividades dos Censos Econômicos de

1985 e a das Nações Unidas - Revisão 211.

Ou seja, a mudança foi uma escolha, não uma contingência, como pretende

fazer crer o discurso oficial expresso na abertura da CNAE. Havia a alternativa

de não se quebrar séries históricas - quebrou-se a classificação a 6 dígitos,

isto é, no menor nível, na célula básica, da antiga classificação- ou de assumi­

las como indispensáveis quando o fato o exigisse, porém nunca com a

generalidade com que foi feito na CNAE, principalmente nas áreas de máquinas

e equipamentos mecânicos e elétricos.

O cuidado com séries históricas também é uma preocupação dos países com

tradição de seus sistemas de informações e que até buscam ter hegemonia

nessa área, como a França, Estados Unidos, Canadá e Espanha, para citar

aqueles com os quais o IBGE já manteve relações técnicas mais próximas na

área de produção de estatísticas econômicas.

11 Já havia desde o Censo Industrial de 1985 procedimentos automáticos para comparar a classificação interna com a ISIC-Rev 2. Vide IBGE (1998), Texto para Discussão que Metodologia e Conceitos Básicos, apresenta a Classificação de 1985 e a Compatibilidade com a ISIC, a 6 dígitos. A classificação de 1980 já traduzia para a ISIC, o que a de 85 trouxe de novo foi que essa tradução passou a ser automatizada.

49

Page 59: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Nos Estados Unidos, por exemplo, o Censo Econômico de 1997 foi a base para

a introdução da nova classificação- a NAICS, tendo seus questionários sido

desenhados para capturar tanto a antiga classificação como a nova (o que

implicou no desenho de mais de 400 questionários) em cada estabelecimento,

que é a unidade de investigação do Censo americano, pois o conceito de

indústria é o de processo produtivo. Com base nisso, os dados coletados são

apresentados de duas maneiras - tabelas comparativas e tabelas ponte (Bridge

Tables). No caso, o que foi bom para os Estados Unidos, não foi bom para o

Brasil.

Em outro exemplo, na OCDE, disponibiliza-se uma versão dos índices de

atividade industrial segundo a Revisão 2, para o período 1975/1998, a 3 dígitos

e eventualmente a 4, tendo o ano de 1990 como base. Em simultâneo,

processa-se a pesquisa corrente, cujos dados estão referidos à ISIC- Rev 3, e

divulgam-se índices de 1990 aos dias atuais, com ano base em 1995.

"As séries históricas são preparadas com o objetivo de fornecer

uma série longa de informações de acordo com a Revisão 2 da ISIC

que pode servir de base para análises econômicas de longo-prazo

e para poder serem usados em complemento aos indicadores de

curto-prazo publicados com base nova em 1995 e na Revisão 3 de

1990 até agora".

Quanto à comparabilidade histórica, os Censos Econômicos de 1985 já haviam

revelado que isso envolve procedimentos tão complexos que se tomam,

involuntariamente, monopólio das equipes produtoras dos dados. É

recomendável prover a edição e disponibilização de elos (linkages) entre

pesquisas, ainda mais quando são produzidas a partir de procedimentos

metodológicos distintos. Não fazê-lo é subtrair e, no limite, negar, valor aos

dados, sejam os do presente ou os do passado, em sua manifestação do

trabalho institucional, para desvendar as realidades que se propôs pesquisar.

50

Page 60: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Nenhum dado é perfeito, por definição e é inegável o esforço que o IBGE

desenvolveu, ao longo de sua existência, para circunscrever os contornos das

informações que produz. A compatibilização é uma prática internacional. Não

proceder- ou ao menos criar as condições mínimas para - à comparação é

esconder o dado, é sinalizar para problemas que não existem. Ou é uma forma

de dizer que o passado não importa, a vida começa pós-Real. A década de 90

inaugura um novo padrão de acumulação capitalista na economia brasileira e

mais do que nunca o IBGE tem a obrigação de desnudar suas pesquisas para

permitir a dissecação dos conteúdos das mudanças.

Essas observações têm a pretensão de um registro histórico, uma vez que o

uso da nova Classificação é hoje irreversível, já se tendo espraiado para todo o

sistema estatístico nacional, inclusive nas estatísticas populacionais relativas ao

setor produtivo de origem da ocupação da força de trabalho, sem falar no

Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda (Cadastro do

Imposto de Renda), da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, etc.

A seguir será feita uma apresentação sumária das bases de dados construídas

no período para análise da indústria que serão analisadas nessa dissertação.

111.2 - Bases de Dados Industriais

A ausência de estatísticas abrangentes que subsidiassem análise e avaliação

dos acontecimentos levou especialistas e pesquisadores a um esforço louvável

de estudo a partir da observação do comportamento de grupos específicos de

empresas, na grande maioria dos casos e, na segunda metade da década, à

própria produção de bases de dados estimados de algumas séries usando-se

as Pesquisas Industriais Mensais do IBGE para esse fim. Essa observação diz

respeito às estimativas de séries históricas do Valor da Produção Industrial

para o final dos anos 80 e primeira metade dos anos 90 que foram

51

Page 61: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

desenvolvidas e que passaram a ser referência de consulta e citação de vários

analistas 12.

Por terem, por longo período, se constituído em fontes de dados nos estudos

sobre indústria, serão trabalhadas nessa dissertação as bases de dados

estimados para o Valor da Produção feitas por Mesquita e Haguenauer.

Em simultâneo foram consideradas as novas estimativas das Contas Nacionais

do Brasil, levando à inclusão da série - também estimada - de Valor da

Produção Industrial das Contas Nacionais do Brasil, publicadas pelo IBGE.

Adicionalmente será considerada uma comparação efetuada no Departamento

de Indústria do IBGE entre o Valor da Transformação Industrial do Censo

Industrial de 1985 e as novas Pesquisas Industriais Anuais (1996 a 1998)- que

será chamada de base de dados Censo Industrial 85 - PIA. Ou seja, uma

base compatibilizada segundo a nova Classificação (CNAE) e os novos

procedimentos metodológicos das Pesquisas Anuais.

Essas quatro bases de dados serão trabalhadas a seguir. Resume-se

inicialmente o conteúdo das mesmas e efetua-se, ao final, um paralelo entre

elas, apontando as suas possibilidades e limites. Antes de tratar dos limites,

apresenta-se o Quadro-Resumo 111. 1, que descreve as principais características

metodológicas das bases que estimam a série de valor da produção e o

Quadro-Resumo 111.2 com as características selecionadas das Pesquisas

Industriais do IBGE que são utilizadas nas bases de dados que serão

apresentadas.

12 Para citar alguns autores que se referem em seus trabalhos às contribuições dessas estimativas tem-se: COUTINHO (1997), BONELLI (1998}, VASCONCELLOS et ai. (1999), GONÇALVES (1999) e ERBER (2001).

52

Page 62: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

a) Base VP- Mesquita, 1999

Os dados dessa base de dados vêm da revisão que é efetuada em 1999 sobre

o primeiro trabalho realizado em 1996. A base completa 13 contem dados

compatibilizados de valor da produção, importações e exportações para 49

atividades industriais, para o período 1989/1998. Serão usados os dados de

valor da produção e de importações (Anexo Estatístico)

O trabalho de MESQUITA e CORREA (1996) foi o pioneiro na elaboração de

bases de dados sobre indústria para o passado recente. Seu objetivo era

avaliar o impacto sobre a performance industrial da mudança de regime de

comércio ocorrida nos anos 90. Consideraram, na perspectiva de

preenchimento da lacuna de informações então existente em 1996, a

construção de séries anuais, em dólares correntes, para o período 1989/95

sobre o desempenho da indústria, medido pela evolução do valor da produção

industrial, e estatísticas relativas às exportações e importações. Os dados

foram trabalhados incorporando 45 atividades industriais, equivalentes ao nível

de setor-matriz 8014, correspondendo a 76% do valor da produção industrial da

PIA 92.

A série construída de valor da produção industrial considerou: para os anos

1989, 1990 e 1992, os dados foram apropriados tal como apresentados pelas

Pesquisas Anuais desses anos; para os demais anos, os dados foram

estimados a partir da aplicação, sobre os valores revelados pelas Pesquisas

Anuais nos anos citados, de índices de variação nominal anual do valor da

13 Agradeço a Maurício Mesquita a gentil cessão de sua base de dados.

14 As Contas Nacionais do Brasil sempre trabalharam com uma classificação de atividades industriais distinta da utilizada na coleta e edição dos dados das pesquisas econômicas. No caso, setor-matriz 80 é um detalhamento da classificação das Contas Nacionais, a qual, em seu conjunto, contempla um nível600 e níveis mais agregados, como o nível100, o 80 (usado pelos autores) e um nível 50. É uma terminologia influenciada pelo longo tempo de consultoria francesa ao IBGE, os quais têm sua classificação nacional de atividades econômicas estruturada em níveis semelhantes. Ver Nomenclature d'Activités Française (NAF) em http://www.insee.fr. O Departamento de Contas Nacionais do IBGE disponibiliza um Tradutor de Atividades de Bens e Serviços que traça a correspondência entre os distintos níveis de classificação, incluindo o de gêneros industriais- [email protected].

53

Page 63: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

produção. Esses índices foram igualmente construídos, no caso a partir da

interação dos índices mensais de produção física da Pesquisa Industrial Mensal

de Produção Física do IBGE (PIM-PF) com os índices de preços por atacado,

conceito de oferta global, divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (IPA-OG).

Ou seja, com a multiplicação dos índices de produção física (quantidades

produzidas) com os índices de preços, os autores estimaram índices de

variação do valor da produção para cada atividade industrial considerada.

MESQUITA efetua nova estimativa em 1999, aperfeiçoando esse primeiro

trabalho, as quais serão apresentadas e comentadas adiante.

O trabalho de 1996 mostrou que no período considerado ocorreu um "aumento

generalizado e substancial" dos coeficientes de importação, levando o total da

indústria a registrar índices compatíveis com aqueles verificados em 1968/73,

isto é, antes mesmo do 11 PND ou mesmo da época do Plano de Metas,

destacando os autores "que os níveis de 1995 não tem precedente na

história da industrialização brasileira". (p. 74)

De concreto os dados indicavam que a participação das importações no total

da produção industrial aumentou sobremaneira entre 1989 e 1998 para o

conjunto das atividades estudadas. Menor dinamismo revelaram as

exportações. A avaliação dos dados segundo categorias de uso dos bens (bens

de consumo, bens intermediários e bens de capital) mostrou elevação do

coeficiente de penetração das importações em todas as categorias, com

destaque para bens de capital onde as importações foram mais impactantes.

Na revisão do trabalho pioneiro de 1996, MESQUITA (1999) amplia as

estimativas anteriores, atualizando-as a partir de novas informações, como

destaca:

"Três anos depois (de seu trabalho anterior, de 1996) já é possível

contar com uma série mais longa e revista das PIAs (1989 a 1995) e

com outra fonte oficial de dados: as Contas Nacionais (1990-1997).

Foram feitas também outras estimativas do valor da produção na

indústria tendo por base o censo de 1985 (a de Haguenauer et ai.

que será vista em seguida). As PIAs, no entanto, pennanecem como

54

Page 64: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

a mais atualizada fonte primária do valor da produção na indústria

e, portanto, como a alternativa que nos parece mais confiável."

(p. 3)

Acrescenta em nota de rodapé a justificativa de suas escolhas:

"A PIA 1996, no momento em que esse artigo foi escrito, também já

estava disponlvel. No entanto, dadas as mudanças de

classificação e de unidade de levantamento estatístico feitas pelo

IBGE, não é possivel compatibilizar seus resultados com os

resultados dos anos anteriores." (nota 2, p.3)

"As Contas Nacionais estimam os dados a partir da PIM e do IPA."

(nota 3, p.3)

O novo trabalho abrange 49 atividades industriais, aumentando a cobertura de

sua base de dados para 75% do valor da produção da indústria de

transformação mais extrativa e cobre o período 1989/1998. A base não

incorpora as indústrias de mobiliário, couros, editorial e gráfica e diversas.

b) Base VP - Haguenauer , 1998

Em HAGUENAUER et ai. { 1998), referida nessa tese como HAGUENAUER, são

construídas novas estimativas do valor da produção, em dólares correntes, de

1985 a 1996, para 39 atividades industriais definidas a partir das classificações

utilizadas nas Matrizes de Relações lnterindustriais de 1985/91 e 1991/96

(níveis classificatórios denominados 'matriz-gênero' e 'nível 100',

respectivamente)15. HAGUENAUER trabalha com todas as indústrias. No

trabalho são calculadas, adicionalmente, para o mesmo nível de desagregação

de atividades e período, estimativas de coeficientes de importação, de

exportação e de penetração das importações.

15 A classificaçêo de atividades das Matrizes de Insumo-Produto já foi objeto de nota

55

Page 65: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

No caso do valor da produção são calculadas duas séries, ambas a partir do

valor da produção observado no Censo Industrial de 1985, projetado por

índices extraídos das Pesquisas Mensais de Indústria realizadas pelo IBGE. A

diferença entre as duas séries é que uma projeta os dados do Censo Industrial

pelos índices mensais de variação do valor da produção detectados pela

Pesquisa Mensal de Dados Gerais, originando a série intitulada 'VP­

GêneroNalor'; ao passo que a outra série é construída considerando os índices

mensais de variação da produção física, investigados na Pesquisa Industrial

Mensal de Produção Física, conjugados aos índices mensais de preços no

atacado divulgado pela FGV, IPA-Oferta Global, para o período e é identificada

como 'VP Matriz-Quantum-Preços'.

A primeira série apresenta as informações para gêneros industriais, enquanto a

segunda usa uma classificação mista montada pelo trabalho, ora referida a

gênero industrial, ora aos níveis de classificação da Matriz (nível 100).

Construídas as séries em moeda nacional, os dados são, posteriormente,

transformados em dólares americanos pela taxa de câmbio média mensal de

venda. É bastante explorado os desdobramentos da utilização de cada uma das

séries, bem como a comparação das mesmas com as calculadas por

MESQUITA e CORREA (1996).

No trabalho foi justificada a escolha do Censo Industrial por ser o levantamento

que abrangeu o total das unidades produtivas e acrescentaram:

"Outras opções possíveis seriam a utilização da Matriz de Insumo­

Produto ou da Pesquisa Industrial Anual (PIA). Contudo, as

matrizes nacionais, a partir de 1990, também utilizam estimativas

para a determinação do valor da produção industrial e, em alguns

casos, não permitem o detalhamento segundo o gênero.

Paralelamente, as PIAs restringem, desde 1988, sua abrangência a

unidades com pessoal ocupado e receitas acima de determinado

ponto de corte, o que implica subestimativa da produção nos

explicativa neste capítulo.

56

Page 66: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

setores em que é significativa a participação de pequenos

produtores." (p.6 )

E com base nessas considerações afirmaram que:

"As estatisticas atualmente disponíveis para a estimativa do valor

da produção industrial no Brasil impõem como opçlo básica a

escolha entre informações abrangentes, porém defasadas no

tempo, como é o caso do censo de 1985, ou informações mais

atualizadas, mas referidas a um subconjunto das unidades

industriais em operaçlo no pais, que exclui micro e pequenas

empresas, como é o caso das PIAs". (p. 7 )

E alertaram em relação à escolha de trabalhar com o Censo Industrial:

"0 último levantamento abrangente realizado no país foi o Censo

Industrial de 1985, bastante distanciado em relação à realidade

atual, em especial no que se refere a preços, com a inflaçlo da

ordem de 1012 entre 1985 e 1996. Esse fato constitui, certamente, a

principal restriçlo às séries elaboradas neste estudo". (p.7)

A comparação efetuada, no próprio trabalho, entre as duas séries calculadas

tentava escolher a melhor estimativa para o valor da produção. Consideraram

que "há limitações nas estimativas • decorrentes principalmente das distorções

nos preços introduzidas nos perlodos de aceleração inflacionária • mas a

metodologia proposta para a série VP Matriz..Quantum-Preços fornece razoável

aproximaçlo para a estimativa do valor da produçlo mensal da indústria

brasileira· (p.19). O fato de o valor da produção estimado pela série VP-Matriz­

Quantum ter se posicionado acima do calculado pela outra série, principalmente

após 1989, foi explicado com base nessa questão dos preços com alguma

influência de uma provável subestimativa do valor da produção declarado na

PIM-DG. Isso, por sua vez, foi levantado sob o argumento de que as empresas

estariam aproximando o conceito de valor da produção do estabelecimento ao

de 'expedições' (vendas mais transferências) da unidade local, o que

acarretaria a subestimativa citada. Concluíram que a série VP-Matriz-Quantum

57

Page 67: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

apresentou-se, de modo geral, mais consistente com os resultados registrados

em outras fontes com as quais foram confrontados 16.

Uma certa semelhança verificada entre as estimativas por eles

construídas e os dados das matrizes industriais é justificada porque

seguiriam metodologia semelhante à que empregaram, vale dizer, as

Matrizes também são construídas por estimativas derivadas do uso das séries

mensais de produção física do IBGE e dos índices de preços da FGV.

Outras comparações também foram efetuadas no trabalho, destacando-se

aquelas com o trabalho de MESQUITA e CORREA antes citado17. Para efetuar

as comparações, reagregaram as séries de valor da produção e trabalharam

com alguns gêneros selecionados para compatibilizar com a abrangência das

séries de MESQUITA e CORREA , concluindo que encontraram diferenças

significativas em função das distintas metodologias empregadas.

Como primeiro aspecto a influenciar as diferenças destacaram que MESQUITA e

CORREA, como já visto, partiram das Pesquisas Industriais (que representam

uma parte do conjunto de unidades produtivas industriais) para construção de

suas estimativas, e não do Censo Industrial (o qual investiga todas essas

unidades). Essa questão vai repercutir distintamente nas atividades, sendo

mais significativa naquelas onde há maior número de unidades de pequeno

porte, as quais estariam no Censo e não nas Pesquisas.

Em segundo lugar, fizeram referência às diferenças decorrentes dos conceitos

de unidade de investigação entre esses dois levantamentos. Como

assinalaram, a unidade de investigação adotada em 1985 foi o estabelecimento

industrial, enquanto nas Pesquisas Industriais, atualmente, é a unidade local

(que é o mesmo que um endereço de atuação da empresa).

16 São citadas as seguintes pesquisas do IBGE: Pesquisa Industrial Anual de 1988 a 1990 e Matriz de Insumo-Produto de 1990 a 1994 e Censo Cadastro 1994.

17 Além dele, também consideraram as projeções de BONELLI (1998}, as quais não serão tratadas nessa dissertação.

58

Page 68: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

O estabelecimento industrial é uma partição de uma unidade local,

representando um conceito de indústria em que a atividade industrial é

identificada a partir do processo de produção, podendo vir a ser definido, em

uma unidade local, mais de um estabelecimento. Quando isso acontece,

"aumenta o valor do consumo intermediário e o valor da produçlo no montante

de cada transaçlio intra-unidade local. Assim, as séries estimadas ( .•. ) que têm

impllcito o conceito do Censo, devem apresentar valores de produçlo

superiores aos estimados com base em pesquisas referidas a unidades locais,

como acontece com aquelas cujo processo de produçlo é comumente realizado

por meio de etapas distintas e integradas em uma mesma planta (petroquimica,

máquinas e equipamentos, siderurgia, e talvez quimicos diversos - "a partiçlo

em estabelecimentos ampliaria sensivelmente seu valor da produçlo)". (p.9}

Um último aspecto refere-se ao fato de se trabalhar com índices anuais

(MESQUITA e CORREA} ou mensais (HAGUENAUER) para atualizar as séries de

valor da produção e para transformar em dólares as séries calculadas. "Teste

realizado com a série VP-Quanfum-preços comparando-se os resultados obtidos

por meio da conversAo da soma dos valores mensais em moeda brasileira pela

taxa de câmbio média anual com o total dos valores mensais em dólares

(convertidos cada um por taxas mensais) mostra variaçlo máxima para o

conjunto da indústria, no ano de maior inflaçlo (1989), de 11%". (p.19)

Especificamente com relação ao trabalho de MESQUITA e CORREA, este último

avança em abrangência. Enquanto o primeiro cobre um conjunto de atividades

que representam 75% do valor da produção total da Pesquisa Industrial Anual

de 1992, o último cobre toda a indústria de transformação e extrativa. Por outro

lado, o de MESQUITA e CORREA é muito criativo no conjunto de indicadores

que apresenta e nas tipologias de indústria que introduz para análise do

desempenho da indústria.

59

Page 69: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

c) Base VP - Contas Nacionais

O IBGE divulgou, na segunda metade da década de 90, as Contas Nacionais

do Brasil para os anos 1990/1998. Essa série representa uma nova metodologia

de construção das Contas, tendo por referência o System of National Accounts

- SNA, de 1993, das Nações Unidas. É um trabalho interessante e de fôlego,

mas que também não compara as séries ora divulgadas com os dados

anteriores, para os anos 80. O Departamento de Contas Nacionais do IBGE

tenta subsidiar essa comparabilidade divulgando, adicionalmente, um período

de observações comuns entre a antiga e a nova metodologia. Ou seja, há duas

séries - uma que contém a estrutura que vai de 1990 a 1995 na metodologia

antiga e uma outra que parte de 1990 em diante, definindo um período comum

(1990/95) entre ambas, a partir do qual supõe-se que os usuários poderiam

proceder ao encadeamento das duas séries.

Como esclarecem as Notas Explicativas que constam da apresentação das

Contas na Internet:

"( .•. )os dados divulgados referem-se às Tabelas denominadas de

Recursos e Usos (TRU), as quais fornecem informações sobre a

origem e destino dos bens e serviços gerados na economia

brasileira, detalhadas por atividade econômica e por produto. As

Tabelas de Recursos e Usos (anteriormente denominadas Tabelas

de Insumo-Produto) permitem analisar o funcionamento da

economia de um país, na perspectiva das atividades econômicas.

Esta abordagem possibilita compreender as principais

caracteristicas do processo produtivo, ao identificar as atividades

econ6micas (agricultura, indústria, comércio, transportes,

serviços, etc.) mais importantes para a geração do produto, renda

e emprego no país".

Essa Tabela fornece dados de valor adicionado, remunerações e excedente,

pessoal ocupado e valor da produção. Pelo sistema antigo não se dispunha do

valor adicionado em separado, mas do valor da produção e do consumo

intermediário. O valor adicionado era calculado pela diferença entre essas duas

60

Page 70: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

variáveis nos anos de Censo e projetava-se esse resultado para os demais

anos- hipótese de coeficientes técnicos constantes, isto é, que essa relação

não se alteraria. Na nova série passou-se a divulgar estimativas do valor da

produção a preços correntes para 30 setores no período 1990/98 assim como

do valor adicionado. As novas séries são estimativas que também consideram

as Pesquisas Mensais do IBGE, com a ressalva que o trabalho de fechamento

das Tabelas das Contas Nacionais é muito meticuloso, envolvendo o

balanceamento de várias informações. Aqui uma variável tem graus máximos

de interdependência com as demais.

Da base de dados de Contas Nacionais, serão apropriadas as informações de

valor da produção para as 28 atividades industriais, no período de cobertura da

nova série de dados, 1990 a 1998.

d) Censo Industrial 1985 - Pesquisa Industrial Anual ( PIA 96/98 )

Os dados de 1985 provêm do último Censo Industrial realizado no Brasil

adaptado às mudanças metodológicas introduzidas nas pesquisas anuais pós

1996 de modo a tomá-lo, de alguma forma, comparável. Essas adaptações

foram produzidas pela equipe de trabalho do Departamento de Indústria do

IBGE, e dizem respeito a compatibilização da unidade de investigação e da

classificação de atividades. Já as informações para 1996 e 1998 são das novas

pesquisas anuais disponíveis. Os dados referem-se à ótica de investigação

'unidade local', lócus de realização das atividades industriais - não se referem à

empresa como um todo.

As PIAS representam, atualmente, na ausência do Censo Industrial, a mais

importante pesquisa sobre a atividade industrial (atividade x empresa} que o

IBGE realiza. A série que se (re}inicia com informações para o ano de 1996 tem

seus dados expandidos para um universo de empresas que abrange todas as

empresas industriais com mais de cinco pessoas ocupadas identificadas no

Cadastro Central de Empresas do próprio IBGE. A coleta de dados é feita para

a totalidade daquelas que têm mais de 30 pessoas. Para as empresas com

61

Page 71: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

o número de pessoas ocupadas entre 5 e 29 pessoas, efetua-se uma amostra

das empresas, isto é, uma seleção por amostragem probabilística, ou seja,

pesquisa-se um sub-conjunto de empresas que representam uma certa

proporção do universo que se quer representar, proporção que se converte em

fator de expansão dos dados relativos as mesmas, uma vez concluída a

pesquisa.

Assim, a PIA investiga a atividade industrial praticada nas empresas

industriais com mais de 5 pessoas. Não inclui, portanto, em sua

expansão, as empresas industriais com menos de 5 pessoas, tampouco a

atividade industrial realizada em empresas não industriais.18

Muitas foram as mudanças introduzidas pelo IBGE na sua forma de trabalhar as

estatísticas industriais, relativamente ao último Censo Industrial. Uma das mais

importantes, citada na introdução desse capítulo, foi na taxonomia de

indústrias, agora refletindo as desagregações constantes na versão 3 da ISIC.

A identificação da empresa como unidade de pesquisa básica, aonde se

investigam as informações que serão rateadas pelas suas unidades locais, as

quais, por sua vez, investigam um elenco bem reduzido de dados, visando

orientar esse rateio, são outros exemplos de alterações. As empresas entre

cinco e vinte e nove pessoas ocupadas só são investigadas ao nível 'empresa',

não havendo questionário de unidade local, o que pressupõe que todas essas

empresas operam em um único local (talvez isso não seja de todo improvável).

A nova PIA tem comparação com o passado para algumas atividades. Não

há comparação entre as atividades do complexo metalmecânico,

principalmente, em função das mudanças introduzidas ao nível da

classificação de atividades e do conceito de indústria.

18 Uma avaliação dessa exclusêo pode ser feita através dos dados do Censo de Empresas de 1985 e do Cadastro Central de Empresas do IBGE para 1998. As empresas industriais com menos de cinco pessoas ocupadas representavam, em 1985, 4,1% do total de empresas industriais e respondiam por 48,5% do emprego total; em 1998 essas proporções foram de 8,8 % do total de empresas industriais registradas pelo Cadastro e 66,6% do total de pessoal ocupado.

62

Page 72: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

A compatibilidade tem que ser buscada ao nível menor de desagregação

possível - questionários para identificar produtos e atividades e

reclassificá-los, o que só pode ser feito pelo produtor da informação.

Um elo foi feito pelo Departamento de Indústria do IBGE, inserido de forma

discreta na Análise de Resultados que acompanha a divulgação da Pesquisa

Industrial Anual de 1997. Esse elo refere-se ao recálculo de algumas

informações referentes a 1985, sob a ótica dos novos procedimentos

metodológicos das PIAS de 1996 em diante, especificamente as informações

sobre a percentagem do valor da transformação industrial e do pessoal

ocupado de cada atividade (nível de divisão da CNAE) no valor total da

indústria extrativa e de transformação.

A forma foi discreta porque tímida face à importância dessa comparação e ao

trabalho nela incorporado, uma vez que são divulgados apenas os percentuais

relativos às participações citadas - ou seja, não se divulgam valores, tampouco

outras variáveis. Também não são apresentados esclarecimentos sobre as

adaptações metodológicas.

De qualquer forma, seja por disponibilização universal ou seletiva (para todos

que solicitarem), os interessados passam a ter um elemento de confronto, no

passado, para apurar as mudanças estruturais no presente.

A base de dados denominada Censo Industrial 85 - PIA será assim constituída

- apenas dois anos de informação e não uma série. Será trabalhada,

basicamente a comparação Censo Industrial 85 - PIA 98. Não se cogitou

trabalhar com os dados de 1996 a 1998 porque a intenção dessa dissertação é

mostrar mudanças no longo-prazo, optando-se pelo último ano mais recente

para estudo. Entretanto, serão usados, os dados da PIA 96 para compor um

período de observação comum com a base de HAGUENAUER, 1985-1996, para

os fins metodológicos do Capítulo IV.

63

Page 73: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Essa base de dados representa o material disponibilizado para análise nesta

tese. Em vista disso, optou-se por acrescentar à linha de investigação via série

histórica de valor da produção, a investigação das mudanças via valor da

transformação industrial -VTI. Isso se deve, em parte, porque já havia grande

investimento de reconstituição do ocorrido no período via análise das bases de

valor da produção e, principalmente, porque essa análise acabou por revelar

limitações que devem ser compartilhadas e que serão apresentadas no item a

seguir.

Consta do Anexo Estatístico a base de dados 1985, 1996 e 1998 relativa às

informações sobre valor da transformação industrial e pessoal ocupado ao nível

de grupo da nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas.

64

Page 74: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

r-~ QUADRO riú - SOOESE COMP ARATN A ENTRE AS BASES DE DADOS "ESTIMADAS" I ~~· ~~~~~~~~~~~~~·

i ATRIBUTOS [ __ ,..,.,. I' DAS BASES I

PARA OS ANOS 90

H DE DADOS I CONTAS NACIONAIS HAGUENAUER

I --~-l·-· _(estatística oficial)__j ··---·----------------' ----------------' ~ .. I

1990/98 1• Referência 1 •

lL-.. ______ _jc_'_ ----------·-----1 -------------------l

1.· -~etodo1o: . . i Conceitos, critérios e 1 · procedimentos do Novo 1.. Sistema de Contas I Nacionais, baseado no i'- SNA-ONU, 1993. I . SériesdeVPeVA 1. produzidas por ! estun' att' vas

Estimativa de duas séries de evolução do VP de 1985:

· através do produto de índices mensais de produção fisica e

. índices de preços por atacado e através dos índices mensais de

. VP. Deflacionamento mensal. Efetua ajustes "ad hoc".

1989/98

T Estimativa da evolução ! •

. do VP de 1995 até 1998 I através de médias anuais dos índices mensais de

· valor da produção. Deflacionamento anual. Não efetua

I'

l l ! I l· I

I i• ~.-.... -----------' ;.._, ___________ __,l;__ ___ ~---------' '""'i

i l: ji ::m~:, Pesquisa Industrial Anual j.

I! ~como i' 1989/90 e 1992 a 1995 I I' ------------~'---·----------'----------' L ""'""!! ............... _.. L

I; Pesquisas I· Pesquisa Industrial Pesquisa Industrial Mensal de Pesquisa Industrial

1

1:

1• :::spara a j; ~7~g;9~odução Produção Física 90/98 Mensal ~~=os Gerais l•

li estimação I; ...... I'Pesq=~Mensalde r I i Dados Gerais 95/98 I ' ~~-------------~ ··r · --T

l: IPA/00- FGV- 89/98 I.

I ~ :1: Total da indústria: todos .. 1

!1-... T_o_ta1_da_in_dustn-~.-.... -. ·a-:--~od-... -0-. s-o-s--.. -'F Parte da ~d~stria ~~~ l 1: I•

atividades: I' os setores produtivos 1:.·. setores produtivos (37 I .. · categorias) segundo a 1

1

_

. número de : representados ao nível 50 !.·._···. categorias) segundo agregação 1

.. -.. ::!~rãonoesl:~ra0sda pelo 1·;.

I. categorias de e 80 da Classificação de e compatibilização elaborada

1

··;._• ... · agregação dos Contas Nacionais, versão pelos autores nas várias I• fornecidos pelo ffiGE 1·-·.··

setores 1990. Esse nível detalha !' • classificações de atividades I i para os setores da

produtivos 28 atividades industriais. ~~ ~ •. _.. ad0ng~temadads0n8odados levan8

. tamentos de . · Classificação Contas ,.

li. Nacionais, versão 1985-i (ver Quadro ill.2) : Nível100

IP A/00 - FOV - 85/98

.... -, ... -, .. -.... -.... -... -.... -..... -... -.. -, --' ....... - .. -... ,-.. ,.-.,.-,,,-,,-,-,,,.,.-,-,,,-,-,,-.... -:-: ... ,-,, .-,,-,,-,::,,-::. ,"":'", -:-:::'1' "' ""'""'""""""" "'"'' . "'""""'' ""'""" '" '"" ""'"""""'' "'""" ""'"'""""" "'"""" '"'""' "" ,.,,, '"""" ••""''

65

Page 75: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

QUADRO ill.2 - CARACTERÍSTICAS SELECIONADAS DO UNIVERSO DE INVESTIGAÇÃO DAS PESQUISAS

~::::-:--:-----_ -:- ~ps~s_l)o 1B~E 1!IILIZ~A.~ ,!'ARA_ A E~T~x~()_l)AS ~A.sF:~ l)~RADOs _______ :-:--:--· I i I i Pesquisa - ·· i PesqUisá l I• Cara~erísticas j Censo Industrial i Pesquisa Industrial Anual j Industrial Mensal i Industrial 1

l do umverso de 1 1985 l 1_ de Produção I, Mensal ; l• investigaç~o j ~-----1989/-1---1 9921 i -- 19961 - l Física j deDadosGerais !. 1 das PesqUisas I i 1990 , 1995 ! 1998 l. 1989/1998 1 1985/1998 ! 1'-----------~ ·-------------- _______ j _____ __j _____________ J ___________ __j _____________ ).

I· I I I CEMPRE 1996/98 i I I Cadastro i Não há CI 85 I sem as empresas i · CI 85 sem 1 CI 80 l 1. básico I /· sem microempresas I com PO menor ! microempresas I !. f:_--____ -_ ---::-_-____ -_ --:J~-------___ j ~-----.. -----~ ~~qu~- _? ~~~--::--1 ~•---... -.. --... -.. _____ ..j:.... ~-L j I i Amostras ! 'Corte' intencional j 'Corte' J

I' Método de 1- Recenseamento j ~robabilísticas i de um painel. d.e i ' int_encional de um !I Amostra 1· seleção dos ! nacional l mdependentes de j . grandes e med1as J pamel de . • probabilística de I I Utfonnantes I Coleta especial I =~::.~de I :;;~~;:'as i ~-=~::, I ~":'vas de [ 1

li durante a operação I Extrato certo para i · quais a coleta é i · industriais 1 PO > 5 pessoas i· 1 · · censitária de um ! . empresas com 1- censitária; seleção !,i_ responsáveis por J para representar ,J.·

, 1 'corte' intencional _11 · PO> 1. 000 e receita , de amostra cerca de 60% do I o universo do

'.!.· I' de um painel de i; bruta > 500 bilhões 1

11 probabilística no j· VP por gêneros l emprego e do 1•

grandes empresas ; de unidades restante do ! . selecionados 1 salário nas 1-

j. 1• para garantia de j monetárias da época. I universo de I' Alguns produtos i unidades I• I• I qualidade I. Acréscimo anual dos I. seleção pesquisa I. têm cobertura i• industriais ! , 1 j• i novos da RAIS. I ( 5<P0<29 I censitária. I i

~~=•• ~----- J. Extração mind:s:d~~trias de tr~fo~ação -~ ·.. ___ _j ! Empresas I . -. . I Ativ. principal:' i I j

1 pesquisadas 1, Ati~~~:.:~~ç~!~~:~p~~;io, I (C~~~~~=ão: I I i j 1 (Classificação: ffiGE.l_ ____ ]• informante)__j ,I 1

I l: ~~=i= ::S l 'microempresas' e j !:~~e~~:; I Idem CI 85 sem I. Estabelecimen- i I i 31 12 85 com ou I empresas sem CGC

1!' ocupadas I' 'microempresas' 1. tos segundo o i'

I l'~t; I I ~~~- I' 080

I

I ~~~-•- =:~.:.!. r ~,: .. _. ~~: ~,:_ •. _. l l ou sem vínculo 1 L

l '::;;:~~c~~;~ li ji J: _j _j

I,:._·Si·· -1,. __ :_• ;:;?.: !11.: ~~: •I,'. ·~~J-·.:_ -ur€ ··-I __ :_· <~-~'----~-~--ab-~-1~-8-~-~·.:11 . produtivo- CI 85l.J ______ __;

~·-~(~E~~~F..·Ji :S:T 1

1

i serviços industriais - só para CI 85 ) e li_ grupos e grupos

1; Classificação Con~:acionais 85/Nível

1, de indústrias)

·------'

73o J>iõ<tuios- e l-

gêneros de I indústrias - ,!

CAE-85;

Gêneros­CAE 85

CN- 85/N.lOO; e

a~~1~~~5J~• _________ -_------~ 66

Page 76: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

111.3 - Possibilidades e limites no uso das bases de dados industriais

O que as três primeiras bases têm em comum é o fato de serem provenientes

de estimativas, já que nenhuma resulta da pesquisa direta de dados. Ainda que

assim seja, a base de Contas tem o 'status' de fonte oficial, de expressar um

sistema integrado de informações, o que faz com que cada um de seus dados

seja parte de um conjunto onde cada informação tem laços de interdependência

com as demais. Outra das três bases, HAGUENAUER, foi construída por uma

especialista em estatísticas industriais que, inclusive, assessora a construção

das Contas Nacionais do Brasil. Por último, a de MESQUITA, cuja inventividade

e criatividade o tornaram autor de um dos trabalhos mais insistentemente

citados pelos estudiosos de indústria, como já foi apontado anteriormente.

De início a existência de mais de uma base de dados levantou a questão da

comparabilidade, ainda que essa não fosse a intenção original. O que uma base

de dados estaria revelando também se observaria nas demais? Isso porque as

bases apresentam diferenças de natureza classificatória, de procedimentos de

estimativa, de detalhes técnicos na sua construção, como ajustamentos

'ad hoc' nos dados, etc. Com que nível de classificação trabalhar era uma

decisão porque elas não são compatíveis de imediato e, em alguns casos nem

permitem agregações. E no caso de classificações compatibilizadas porém com

dados muito divergentes, como proceder? Ou seja, a questão da

comparabilidade implicava em tratar de classificações e de especificidades

metodológicas.

Essas considerações decorrem do insucesso das tentativas de trabalhar com

as três bases compatibilizadas. Chegou-se a trabalhar com um elenco comum

de atividades, o que significou retirar das duas primeiras bases as indústrias

não cobertas por MESQUITA. Não foi possível esclarecer as divergências entre

as séries de participação do valor da produção de cada atividade no total ao

longo dos anos cobertos pelas mesmas, que podem resultar de várias causas,

optando-se por não prosseguir com esse tipo de avaliação - os dados

trabalhados encontram-se no Anexo Estatístico.

67

Page 77: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

É com consciência da qualidade desses trabalhos que se foi buscar começar a

reunir informações sobre a questão dessa dissertação, a saber, a natureza da

indústria que emerge das mudanças dos anos 90. Os resultados mostram

que não é indiferente trabalhar com qualquer das bases. A aparência é

que, pela base de Contas Nacionais, a estrutura industrial via valor da produção

praticamente não se alterou. As mudanças são encontradas nas outras bases,

conforme será visto no próximo capítulo. Na base de MESQUITA as mudanças

são muito aprofundadas, o que deve decorrer da não inclusão de algumas

atividades, o que leva a distribuição do peso das mesmas sobre as demais. A

base de HAGUENAUER parece mais robusta, mas só vai até 1996. A mudança

é, inclusive maior quando são considerados os anos 80 e a base Censo

Industrial - PIA. Esta, por sua vez, não engloba as empresas de menos de cinco

pessoas.

Como características gerais das bases de dados 19 tem-se:

1989-1998

95

... l

1985 §. 1998 1

Os gráficos a seguir referem-se ao confronto dos formatos da base de

CONTAS nas estruturas de 1990 e 1996, em relação à de HAGUENAUER e nas

1 9 No Anexo Estatístico consta a apresentação das classificações adotadas por cada uma das três primeiras bases, cujo tradutor de correspondências é o conteúdo da Tabela 1. A seguir, no referido Anexo, as Tabelas 2 a 5, trazem o conteúdo de cada base em si.

68

Page 78: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

estruturas de 1990 e 1998, em relação à de MESQUITA. Estão incluídas

atividades comuns, agregadas para permitir comparações - a Tabela 6 do

Anexo Estatístico contém as estruturas de valor da produção por atividades

compatibilizadas, segundo a Tabela 1 citada entre essas três bases de dados.

Uns esclarecimentos sobre o tipo de gráfico e sua leitura são oportunos. É um

gráfico da Planilha Excell, tipo 'radar', onde nos eixos são plotadas as

atividades e ligados os pontos correspondentes às suas participações no total

da variável considerada, no caso o VP, em cada ano analisado. A escala

referente a essa participação é mostrada no primeiro eixo vertical. Círculos

concêntricos permitem visualizar a escala nos demais eixos. Uma linha fechada

significa a estrutura industrial de um ano específico. Os gráficos apresentados

contêm, portanto, duas linhas fechadas, relativas às estruturas industriais de

cada par de anos avaliado entre as bases. Esse tipo de Gráfico permite uma

leitura mais dinâmica das mudanças, como se pode observar diretamente nos

mesmos. E será, por isso mesmo, o tipo de Gráfico básico das avaliações do

próximo capítulo.

Um exemplo de leitura do Gráfico 111. 1. Verifica-se uma substancial ampliação

da participação da indústria de Alimentação, Bebidas e Fumo e o encolhimento

da participação da Química. A coincidência de pontos entre os dois anos

mostra estruturas invariantes (por isso não se percebe muito bem os pontos da

linha escura, apenas os da linha clara que se superpõe a eles).

No Gráfico 111.1 verifica-se a semelhança entre os formatos das duas bases de

dados e, no Gráfico 111.2, as variações mais bruscas na base de MESQUITA e

mais suaves na base de CONTAS, conduzindo a índices de mudança estrutural

tão díspares, como será visto no próximo capítulo.

69

Page 79: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

GRÁFICO 111.1 -COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE AS BASES DE CONTAS E HAGUENAUER

M = 6,92

ESTRUTURA VP Haguenauer Arm BebeFu

-+-1990

1990-96 -1996

eGraf

M = Índice de Mudança Estrutural ( vide metodologia no Capítulo IV)

70

Page 80: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

GRÁFICO 111.2 -COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE AS BASES DE CONTAS E MESQUITA (90-98)

ESTRUTURA VP Mesqu~a 1990-98

M = 18.68 Atividades

ESTRUTURA VP Contas Nacionais 1990-98 -+-1990

-1998

Atividades comuns •• M = 8,23

M = f ndice de Mudança Estrutural (Vide Metodologia no Cap.IV}

71

Page 81: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

CAPÍTULO IV

ESTRUTURAS INDUSTRIAIS COMPARADAS

As interpretações representativas sobre o processo de transformação porque

passou a indústria brasileira nos anos 90, apresentados no Capítulo 11, sinalizavam

para duas possibilidades:

a) pela primeira, a indústria teria passado pelos momentos mais difíceis de

adaptação à abertura econômica, às desregulamentações e à invasão de

competidores e sairia reajustada, adaptada às novas práticas de

relacionamento nas cadeias produtivas em que estaria organizada. Às

elevadas importações se seguiriam aumentos de investimentos, fossem pelas

empresas internacionais entrantes, fossem pelas empresas aqui instaladas

reestruturadas, que levariam a ampliações da capacidade produtiva e a

aumentos da produção - o processo resultante desse ajustamento foi

chamado de reintegração produtiva;

b) pela outra interpretação, a indústria resultante desse processo de mudanças

estaria mais enfraquecida enquanto potencial de geração e difusão de

tecnologia e garantia de melhor posicionamento futuro para si própria e para a

economia em seu conjunto. Isso porque, além das elevadas importações, o

padrão de investimento subseqüente não teria alterado o padrão de

especialização competitiva da indústria. Pelo contrário, pós estabilização, os

setores que teriam ganho peso na estrutura produtiva seriam menos intensivos

em tecnologia e mais intensivos em recursos naturais, motivo pelo qual o

processo resultante do ajustamento foi chamado de especialização

regressiva.

Mudanças na estrutura industrial são um ponto de partida da tese, sendo objetivo

desse capítulo identificar sua natureza, conforme as interpretações descritas.

72

Page 82: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Assim, a partir das Bases de Dados apresentadas no capítulo precedente foram

pesquisadas as mudanças na estrutura industrial brasileira visando responder à

questão central dessa dissertação, a saber, a natureza da indústria que emerge,

no Brasil, das transformações ocorridas nos anos 90. Muito se percorreu até

chegar ao momento de apresentação dos resultados dessa busca.

IV.1 - Busca de mudanças

Um primeiro aspecto metodológico refere-se à decisão de trabalhar com as

quatro bases de dados a partir de suas configurações originais, ou seja, com

a descrição de atividades de cada uma, pesquisando semelhanças de

comportamento entre essas atividades.

Para auxiliar na identificação de cada atividade segundo a intensidade de sua

variação, optou-se por considerar as seguintes faixas de variação absoluta da

participação de cada atividade no total entre os períodos analisados e seguir os

procedimentos listados:

- 0,5 $;; A $;; + 0,5-+ considera-se que não há mudança no peso da atividade;

- 0,5 > â > + 0,5-+ listam-se as atividades segundo o sentido da mudança

Inicialmente, as bases de dados trabalhadas para revelar a estrutura industrial

decorrente das transformações verificadas nos anos 90 foram as de MESQUITA,

HAGUENAUER e CONTAS NACIONAIS. A estrutura industrial foi avaliada pela

participação do valor da produção de cada atividade considerada, no valor da

produção industrial da indústria de transformação.

As mudanças na estrutura industrial entre os anos iniciais e finais de cada uma

podem ser visualizadas nos gráficos a seguir. As atividades estão listadas em

ordem decrescente da diferença entre a participação no VP no ano final e inicial

de cada série- por exemplo, no caso de CONTAS, entre 1998 e 1990.

73

Page 83: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Na base de CONTAS, dentre as 28 atividades industriais identificadas, destacam­

se aquelas cuja variação é menor que (-0,5) ponto e maior que (+0,5) ponto na

diferença de participação entre o ano final e inicial da série. Por esse critério,

ressaltam-se as alterações como: redução da participação de todo o Complexo

Têxtil (que inclui as indústrias têxtil, vestuário e calçados, incluindo couros),

Equipamentos Eletrônicos, Máquinas e tratores, Siderurgia; aumento da

participação de várias atividades da indústria Alimentar, Automóveis, caminhões e

ônibus, da Farmacêutica e perfumaria. Para a maior parte das atividades

praticamente não houve variação em seus pesos, como se vê no Gráfico abaixo

desde a indústria do Açúcar até a de Outros veículos.

3,5 Abs

2,5

1,5 \

0,5

.0,5

·1,5

·2,5

-3,5

.. -c ::O

lg == c( -

oi~ a...! • c .. ID

~ c ID &J' ID li "' • 0"•::> I 8 o u c E .2 ·c :::0 E 111:; ... ~ ()

U8Ei & li .s•"iõ ~ E

~lia.. m u.

Fonte: Tabela 2- Anexo Estatístico

j o "" z c !i

• ~ = o li C) ; ~ • ~ "ii "O c .. Q.

~ o u E ·s a

Gráfico IV.1· VP ·Contas Nacionais Diferenças Absolutas entre a Participação de cada

Atividade no VP total em 1998 e em 1990

8 E!' • .. 111 J5 ~ J: u

i •::O u E o ~ j ~ :E :;

ID ã: o CT :E w ID g I! ::> .. o "ii i" ~ "O "O :E + 111 .5 o :E

c

~

A base de HAGUENAUER identifica 37 atividades e o período de referência é de

1985 a 1996. Seguindo o mesmo procedimento anterior, identifica-se maior

número de atividades com perdas e ganhos de participação entre os dois anos

considerados. Para o Complexo Têxtil, a perda aqui é mais acentuada. Também

se repete a perda de participação da Siderurgia e de Equipamentos eletrônicos, ao

lado de atividades não identificadas antes e que são: Refino do petróleo e

Petroquímica (que acentuam sua queda nessa base), Não ferrosos, Álcool, Outros

metalúrgicos, Químicos diversos, Máquinas elétricas, Fabricação de óleos

vegetais, Açúcar e Café - esses três alimentares com ganho de peso na primeira

base. Com ganhos de participação igualmente há atividades que se repetem -

Automobilística, Perfumaria, Farmacêutica, as quais se acrescem as indústrias de

74

Page 84: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Bebidas, Outros veículos, Minerais não metálicos, Mobiliário, Madeira e algumas

atividades da indústria Alimentar.

3,51 2,5

1,5

0,5

Abs Gráfico IV .2 VP • Haguenauer­Diferenças Absolutas entre a Participação de cada

Atividade no VP total em 1996 e em 1985

.o,5 i ~ I õ .2 :i 1 'i i i : ~ ~ ! ! ~~ .fi 1 ~ s-• ·s -Bo§==mE~i!~ 0 ~ ~-s-s -1,s ! :~ ~ a ~ 1 .s i ~ ::! i "" .2 .! ã ~ I I .i a!

o~s~ ~~ ~ ~~ ~ ~~~ -2,5 ~ o~ wj::E -3,5

Fonte: Tabela 3- Anexo Estatístico

A base de MESQUITA não cobre as atividades de Mobiliário, Couros, Gráfica e

Diversas, de modo que o VP total da indústria não considera essas atividades. Ao

calcular o peso de cada atividade no total, cada uma tem seu peso aumentado na

proporção da distribuição do peso das atividades não cobertas. Repetindo o

procedimento efetuado nas outras duas bases, as atividades que perdem mais de

0,5 pontos de participação no VP total, entre os anos inicial e final da série, são,

de novo, Siderurgia, parte do Complexo Têxtil (vestuário, fibras têxteis naturais,

fibras têxteis artificiais e sintéticas e calçados}, Eletrônicos e comunicações. Além

dessas, aparecem Outros alimentares, Laticínios, Resinas e fibras químicas, Não

ferrosos, Eletrodomésticos, TV, rádio e som, Abate, Outros metalúrgicos e

Máquinas e equipamentos. As atividades que apresentam ganho de participação

são, tal como apontado nas outras bases, a Farmacêutica, Perfumaria e

Automobilística, além de Refino de petróleo, atividades da indústria Alimentar

(açúcar, abate de aves, óleos vegetais e alimentação de animais}, Fumo, Bebidas,

Cimento e Químicos diversos,

No gráfico a seguir as atividades estão separadas segundo o sentido da variação

da diferença de participação no VP total para facilitar a visualização, uma vez que

o número de atividades nessa base é bem maior que nas anteriores.

75

Page 85: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0

-4,0

-5,0

o t'G E o o

'5 c: .2 ~ oQ)

o 0:: t'G

E .!

ti; Ul c: Ul t'G <O Q) o -o ~ •::I :õ E

Oo t'G t'G Q) o ~ .o ~- .o

<( (V

Fonte: Tabela 4 -Anexo Estatístico

Ul t'G >

~ ·~ 'õ E Ul

Ol o Q) ::1 o > '1:: ·e Ul Q)

o c. '5 Q) o-

:(5

Gráfico IV.3 - VP - Mesquita -Diferenças Absolutas entre a Participação de

cada Atividade no VP total em 1998 e em 1989 I - Variação Positiva

Ul

~ Ul Ul Ul o o Q) :!!! t: o r! ·n; o o o ·;::

5 Ul ~ o E o o Ol ;a; o t'G ~ Q) ·e ::1 :; o ·e ~ E ..!!? :e ãí Q)

'111 "õ '5 Ul t'G 1iÍ ~ Ul õ. ·::;

~ o o-

E o- Q)

E .o e E e ::1

< Q) "5 -o Gí Q) Ul -o t'G ãí c: ·:;: -o 0.. o c: o o o

11 - Variação negativa

A base de dados do Censo Industrial 85 e da PIA 98 é mais extensa, cobrindo 95

atividades e levando em conta 13 anos de desempenho industrial. A variável

observada agora é o valor da transformação industrial e não mais o valor da

produção. As atividades referem-se a nova classificação de atividades do IBGE, a

CNAE. Em termos de cobertura não abrange as empresas industriais formais com

menos de cinco pessoas. Reproduzindo o mesmo procedimento de identificação

das maiores variações entre o ano inicial e final de cada base, o que se encontrou

na presente avaliação pode ser visualizado nos gráficos a seguir que, também,

separam as variações positivas, das negativas.

76

Page 86: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

-2,0

-2,5

Fonte: Tabela 5 - Anexo Estatístico

Gráfico IV.4 Base de Dados Cl 85 - PIA 98 - Diferenças Absolutas entre a Participação do VTI de cada atividade no VTI total em 1998 e em 1985

I - Variação Positiva

11 - variação Negativa

Observa-se que, perdem participação no valor da transformação industrial de 1985

para 1998, parte do Complexo Têxtil (fiação mais tecelagem, serviços de

acabamento e vestuário) e produtos siderúrgicos (não provenientes de siderurgias

integradas), além do Refino de petróleo, que igualmente aparecera na base de

HAGUENAUER (e que consta na de MESQUITA com ganho de participação),

Máquinas-ferramentas, Tratores e máquinas agrícolas (que já haviam sido

listados na base de CONTAS e em MESQUITA, sob denominação mais abrangente)

e, além desses destaques, Qufmica orgânica, Álcool, tal como em HAGUENAUER,

Forjaria, Diversas, Artefatos de cimento e Construção naval.

77

Page 87: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Ganham participação superior a meio ponto as atividades de Edição e impressão

(que não constam de nenhuma das bases anteriores), as que já foram listadas nas

outras três bases, a saber Farmacêutica, Automobilística e Sabões, detergentes e

perfumaria. Adicionalmente, Bebidas, que já aparecera nas duas bases anteriores,

vários alimentares (laticínios, outros alimentares, abate e rações), Fumo, Plástico,

Equipamentos para transmissão de TV, rádio e som, Química inorgânica e,

diferente das demais bases, o Beneficiamento de fibras naturais.

Reuniu-se as informações coletadas no Quadro IV.I mostrado a seguir. Ele

resume as mudanças de participação de cada atividade no total da indústria.

Observa-se que as atividades que mais variaram seu peso na estrutura industrial

não necessariamente se repetem entre as bases, o que pode decorrer das

diferenças de anos iniciais e finais considerados em cada uma e até por causa das

diferenças de metodologia de construção das séries, além do fato de a última base

operar com as mudanças no valor da transformação industrial.

Por outro lado, algumas atividades se repetem em quase todas as bases,

como a Têxtil e Vestuário, na coluna de perdas de participação e as indústrias

Automobilfstica, Farmacêutica e a indústria Alimentar, ainda que com atividades

variadas, na coluna de ganhos nas quatro bases estudadas; já Siderurgia,

Calçados, Equipamentos eletrônicos e de comunicações estão presentes em três

dentre as quatro bases, assim como Máquinas (aqui reunindo Máquinas e tratores,

Máquinas, equipamentos e instalações, Máquinas elétricas e Máquinas­

ferramentas), tendo perdido importância na estrutura industrial, enquanto Bebidas

teve ganhos.

78

Page 88: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

QUADRO IV. 1- MUDANÇAS DE PARTICIPAÇÃO NA ESTRUTURA INDUSTRIAL POR ATIVIDADES

~~--·---~-·· .-. --·~~··I vâriável e . i Atividades com l . Atividades com I ! , Bases de Dados ! Período 1• Número de ! Perdas de Participação ! • Ganhos de Participação t

i'cont.S~· {··1990-1998.:~- ira~"i~.l;;p,sJ.tAi=~~~ :.:.~. I· I I I Calçados e Couros í Vegetais, Abate, Benef. , I• l. r. 28 atividades I· Equips. Eletrônicos ~,. Prods Vegetais I

i• l' r 14sem I• Máquinas e Tratores .• Auto, Cameônibus j

j I 1 variação* ! Siderurvia 1· Farmacêutica Perfum l I 1 I i l I Haguenauer l198S.1996 í VP !. Têxtil ! -Beb_idas _____ _ 1,1. 1 j j Petroquímica il. Outros Veículos

1 1 37 atividades I· Vesb.lário e Calçados 1• Uin Não Uetálicos J l• i• 1' Alimentares: Óleos veg. !'Automobilística P l I 12 sem I Açúcar, Café I Mobilário l I 1 varia"a.-. l.· Siderumia I· Alimentos Beneficiados í· i• :: 'F" 'lf I ! . n !1, .· li... Refino, Álcool ~· Perfumaria i I• · Não Ferrosos 1 • Farmacêutica 1:

1

• ' ~

1 .• Outros metalúrvicos I• fllladeira

1 1 1

I ' Químicos Diversos 1 Outras A&mentares 1

I• ! 1 1 Máquinas Elétricas 1 Laticínios i I; Í 1 j l Equips Eletrônicos J: [

!·Mesquita ! 1989-1998 t· VP i. Siderurvía I Fumo 1

.I I I j; V~stuárioe.Calçad~ !·Farmacêutica I L 1 i 1 F1bras têxteis na1uraiS l Refino 1

I· i I 49 atividades ·~; Fibras ~xteis artif e ~nt I· ~menta~: ~çúcar, 1 .. 1 Í t •

1 El~·6ruco~ e Comumc.. ! Alim. AnimaiS, ~te de !

i 1 ~~·.·.··· 22 sem I; ~s.Equ1ps. Insta~: . I• Av~, Óleos vegetais 11 .

1· I• variação , • Alimentares: Latic1mos, 1• Bebidas , I I· j ! Abate animais e outras , Auto, Cam e Ônibus ! I

1

1 i , . Eletrodomésticos i • Perfumaria l ! ; 1:. P TV, rádio esom I Químicos diversos l ! 1 l Resinas e Fibras Ar1if. ! Cimento j

1 1!·.·.. l ll'i :~-=úrgk<>s I· I _______ i I

!. Censo lndl85- Pia 98 ·!1

:.· 1985-1998 I VTI L Fiação e tecelagem • Edição e impressão 11

l· I• I. Prods. siderúllJicos Bebidas

~~·.·.·... !'·.·.• ~· i•. 95 atividades I: Refino e Alcool ! • Farmacêutica ~~~.·· l! Química orvânica p Automobilística

n I 68 sem : Vesb.lário ! . Sabão, deferv e perfum I

I, l l•. variação 1: FOJjaria :Alimentares: Laticínios, j.

1

1r.·.

1

1

1

. I' 11

:• .. ·.==ntas. .e:.:-= I I' I" r . : Tratores e maqs. agnc I: Plástico I 1

j' .. ·.. 11

• ! Construção naval j: Eq .. transm.TV rádio 1.

1; • Serv. de acabamento H Quimicos inorvânicos 1 t .. . ........ . .......... . ............................................................................................................. .

* Sem Variação são as atividades com diferença entre {-0,5; +0,5) pontos na estrutura do VP {ou VTI) entre os anos iniciais e finais apontados na coluna 2.

79

Page 89: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

No caso da Têxtil e Vestuário a perda de posição vem se manifestando desde os

anos 80, o que foi acentuado sobremaneira com a abertura econômica e a entrada

de competidores a preços mais vantajosos, tanto na linha da malharia e tecelagem

de algodão como das fibras têxteis artificiais e sintéticas.

Quanto à Siderurgia, as privatizações ocorreram nos anos 90/93 e há estudo

mostrando que o setor não teve perda de competitividade, pelo contrário, teria

havido ganhos. As séries de faturamento e as de produção física, entretanto

revelam que ocorreu perda dos níveis de preços médios dos produtos

siderúrgicos, notadamente no comércio internacional.

A indústria automobilística passou por grande transformação nos anos 90,

reestruturando-se em resposta à abertura comercial e as novas 'best practices'

aceitas para o setor. O ganho de peso decorre dessa nova realidade, com novas

filiais de empresas multinacionais se instalando no Brasil1, visando aproveitar as

vantagens de amplo mercado interno, bem como o Mercosul.

Quanto à farmacêutica já foi apontado que seu ganho de participação decorre de

aumentos de preços que conseguiu sustentar nos anos analisados.

Quanto às máquinas em geral e aos produtos eletrônicos, o encolhimento da

produção é registrado nos índices de produção industrial e em estudos que

enfatizam o efeito perverso sobre a produção interna das importações

generalizadas.

Pelo exposto, parece indiscutivel que têxtil e vestuário, siderurgia,

eletrônicos e equipamentos de comunicações e, ainda, máquinas em geral

1 As novas plantas das empresas fabricantes de veículos são Chrysler (PR), Ford (BA), General Motors (RGS), Honda (SP), lveco (MG), Mercedez Benz (MG), Peugeot-Citroen (RJ), Renault (PR), Toyota (SP) e VW-Audi (PR). Dados da ANFAVEA, reproduzidos do Informe Setorial sobre Pólos Automotivos, BNDES, 2000.

80

Page 90: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

tenham perdido participação no total da indústria nos anos 90, assim como

alimentares, bebidas, automobilística, farmacêutica e perfumaria tenham

registrado ganhos.

IV.2 - (ndice de Mudança Estrutural

Até agora se estava apresentando uma síntese dos movimentos de mudanças

definidos por variações fora do intervalo (-0,5;+0,5) pontos nas participações das

atividades entre os anos iniciais e finais de cada base de dados. Por essa via se

conseguiu inventariar um conjunto de atividades que, certamente, alteraram sua

participação nos anos 90. O efeito dessas variações sobre o conjunto da indústria

foi avaliado, por sua vez, a partir do cálculo dos índices de mudança estrutural.

Para avaliação dessas mudanças aplicou-se o índice de mudança estrutural,

consoante metodologia da United Nations Industrial Development Organization -

UNIDO (1997), pela qual a mudança estrutural é captada entre um período (t) e

( t- n ) por um índice M referente ao total da indústria, assim definido:

Mct> = {I:i I ( mi(t)- mict-n) I } + 2, onde

i = cada atividade industrial considerada e

mi = participação do valor adicionado da atividade i no total do valor adicionado da indústria

Quanto maior o valor de M, maior a mudança estrutural observada entre os

períodos considerados. Por exemplo, entre 1965 e 1980, conforme é apresentado

no ECIB2, o índice de mudança estrutural calculado pela ONU, para a indústria

brasileira foi de 30,03, o que é considerado muito elevado, constituindo-se em

evidência de mudança na estrutura produtiva do País no período considerado.

2 O recurso aos índices de mudança estrutural da ONU como evidência de mudanças foi utilizado no ECIB (p.30), que reproduziu os cálculos da UNIDO e, mais recentemente, por Cassiolato (2001, p.112) que reproduziu o mesmo quadro.

81

Page 91: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

O Quadro IV.2 reúne os diferentes resultados encontrados. Os períodos foram

escolhidos para possibilitar comparações entre as bases de dados.

QUADRO IV.2 -INDICES DE MUDANÇA ESTRUTURAL- SÍNTESE DE RESULTADOS ,--.------.. -.. --. ---.. ~---·-.. --------.--.. -----:---------1 - . . - . I Variável-~ .. -. Períodos de Referência ~os Cálculos ~ 1• Bases de Dados 1· de l-----:-_-1~---._ ------~---=----.. -

1 •. ---·-:-cl~--:--~

i 1 Cálculo ! .1990-96 i 1990-9811989-96/1989-98j1985-96 i 1985-98 ! 1-----------~ ·-·--- -··---·---" ---"---'----· I 1···· i ···1 T 1

I CONTAS NACIONAIS I VP I 6,92 I 8,23 ! I 1-:-.. -,. ~--~:-::--:-;~-~-.-.. !········ - -~~-----~---~--.. --. ----r~~~-:-:-:-l--~~-

1 HAGUENAUER I VP I 10,561 - i 13,281 - 117,521 ! . ! ~-----····------- -·--------- __j ----·--·--····--·-··J '----- _______ j ·---·-· ------- J ·-··----- ________ j ·---------· .J -------------.----1 j

i MESQUITA I ~p i 17,1~ 118,68 i 19,14122,171 - :1!· l i ' I I i I I ! I:-·--=-:--~---~-=--:-·-~--~--.-,-~ ~::-.~:-=-~.-.-:--·=-·-~ -·-::---::··=-:=--~.i---=---.----·=--! ---.. ---···=-~-J -::-:-:-.-.---··--::: --.-_...---..:·-...-·.-:·:! -·-::::-.--.-.-·=-·~ ·. i I I i I I CENSO IND- PIA I· VTI I I 21,34) 39,01 I j .-.- ~- -------:--~--~ :··.:-:::-::-:.-:-~--:··-=-~::::--:-::·- :·:···-: .. -:-~:·:-:::--:-:·:-:::·:-:-:-::··:-:~- :-·:::-:-:::::-:::-::-:-::·::-.: :· :·:·:-:--::------------------·:·--·:-:-:: ::·--:-:.-.:-·--- _\ ;..... ____________ _\ ---·---·------1 .

Fonte: Elaboração Própria. Metodologia da UNIDO (1997)

Calculando o índice de mudança estrutural conforme metodologia da UNIDO

citada, ainda que a variável VP não seja exatamente a sugerida, mas o valor

adicionado ou o que lhe seria conceitualmente mais próximo, o valor da

transformação industrial, o que se tem é que via CONTAS, com base no período

90/98, a mudança estrutural é muito baixa, de 8,23 e torna-se ainda menor se o

índice for calculado levando em conta o período 90/96, quando o índice apurado é

de 6,92 - o que se calculou para comparar com a base de HAGUENAUER.

Nessa Base, para o período 90/96- similar ao de CONTAS, o índice é igualmente

baixo, de 10,56. Agora se for levado em conta todo o período 1985/98, o índice se

eleva para 17,52 mostrando já uma certa mudança na estrutura industrial. Na base

de MESQUITA, 1989/98, o índice é ainda mais elevado, alcançando 22,17.

82

Page 92: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

O cálculo do índice para a base Censo Industrial 85 - PIA, considera o valor da

transformação industrial, coerente com a proposta da UNIDO. Calculando o índice

para 1985/96, caso em que se usou a compatibilização do Censo Industrial com a

Pesquisa Industrial Anual de 1996, o resultado é um índice de 21 ,34, superior ao

de HAGUENAUER para o mesmo período. Considerando, por fim, o Censo

Industrial 85 - PIA 98, como usual ao longo desse capítulo, encontrouNse o

resultado mais elevado, um índice de mudança estrutural de 39,01 no periodo

1985-98. Esse índice é superior ao que havia sido calculado para o período

1965/80 pela ONU, de 30,03 antes citado. Não se pode dizer que não houve

mudança estrutural no período, seguindo essa avaliação.

Algumas observações ressaltam da avaliação conjunta dos índices calculados.

Dentro de uma mesma base, quanto maior o período, maior o índice de mudança

estrutural. Isso se observa em todas as bases, quando foi possível o cálculo do

índice para mais de um período.

Por outro lado, para um mesmo período e bases distintas, o índice tem variações,

às vezes significativas. Por exemplo, para o período 1990/96, o índice de

mudança estrutural calculado na base de CONTAS é de 6,92, enquanto na de

HAGUENAUER é de 10,56 e na de MESQUITA é de 17,16; já para o período

1989/96, a diferença entre os índices calculados na base de HAGUENAUER e na

de MESQUITA apresentam diferenças bem maiores, sendo seu resultado de 13,28

em HAGUENAUER, enquanto em MESQUITA é de 19,14. Entre HAGUENAUER

85/96 e Censo Industrial 85 - PIA 96, o mesmo se verifica, com esse último

apontando uma maior variação.

Isso destaca o fato de as bases mostrarem, de modo sistemático, índices maiores

uma em relação à outra, conforme os dados do Quadro apontam. Os menores

índices são sempre encontrados na base de CONTAS NACIONAIS, seguida de

índices um pouco maiores na base de HAGUENAUER, para índices maiores ainda

na de MESQUITA. Isso é um indício de que não é indiferente operar com

83

Page 93: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

qualquer uma das bases. Os maiores resultados estão sempre na base do

Censo Industrial-PIA, que trabalha com o conceito de valor adicionado censal.

IV.3 - Interpretando as mudanças

Até aqui se identificaram atividades que estariam presentes em mais de uma,

dentre as quatro bases trabalhadas, em que pesem suas diferenças, e calculou-se

o impacto sobre o total da indústria de transformação do conjunto de mudanças,

através do índice de mudança estrutural. As avaliações que se seguem visam

inferir o sentido das mudanças. Para isso outra decisão de natureza metodológica

foi a opção de tratar com níveis mais agregados de atividades que os até então

vistos. Isso remeteu ao uso de tipologias de indústrias e, apesar de se ter

trabalhado com várias tipologias3, optou-se por apresentar aquela referente aos

fatores de especialização competitiva, a seguir descritos. O objetivo é interpretar o

significado das mudanças e avaliar se há base empírica para apoiar alguma das

teses inicialmente sumariadas.

A intenção original era trabalhar com uma base de dados, principalmente. Mas as

diferenças encontradas entre elas não deram segurança para se fazer uma

escolha apenas. É indiscutível, pelos dados anteriores, que a mudança estrutural

avaliada sobre a base de CONTAS NACIONAIS fica subestimada. Também o é que

a base de MESQUITA está com seus resultados afetados pela redistribuição do VP

das atividades que não contempla, efeito que se soma ao das pesquisas básicas

de que parte para construir suas séries, que contemplam grandes empresas

somente (vide Quadro 111.2). A base de HAGUENAUER parece mais robusta, mas

só vai até 1996. A última base não incorpora os pequenos, devendo amortecer as

mudanças onde essas unidades são mais expressivas, o que tornaria o índice de

mudança estrutural mais elevado. Levando em conta essas ponderações e a

3 As avaliações foram feitas para níveis de agregações relativos à complexos industriais, intensidade tecnológica, categorias de uso e a tipologia de padrões de concorrência definida em KUPFER (1998) e FERRAZ et ai. (1996)

84

Page 94: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

decisão de efetuar a análise subseqüente a partir de um nível mais agregado de

tratamento das atividades produtivas, optou-se por continuar a operar com as

quatro bases, ainda que se privilegie a base do Censo Industrial 85 - PIA 98 para

a apresentação de alguns detalhamentos.

A tipologia citada segue metodologia da OCDE (1988)4 e identifica cinco

categorias de indústrias: indústrias intensivas em recursos naturais, intensivas em

trabalho, intensivas em produção - destacando-se as indústrias de produção

intensiva em escala e as indústrias de produtos diferenciados - e as indústrias

baseadas em ciência. O foco dessa classificação é destacar os fatores pelos quais

as indústrias competem principalmente. Por exemplo, as indústrias intensivas em

trabalho teriam como principal fator para lhes assegurar desempenho competitivo,

os custos com trabalho, sendo o complexo têxtil o grande exemplo. No caso das

intensivas em produção, o recorte diz respeito ao processamento contínuo em

grande escala, caso da química, gráfica, dentre outras, ou a natureza diferenciada

da produção, ainda que em grandes plantas, mas sob possibilidades de produção

de pequenos lotes ou segundo especificações particulares do demandante, caso

dos bens de capital sob encomenda, por exemplo.

O Quadro IV.3, a seguir, apresenta a tipologia, destacando aspectos que auxiliam

sua compreensão. Assim é que introduziu-se, à guisa de exemplo, extenso elenco

de indústrias, as quais se associaram os níveis de intensidade tecnológica

correspondentes, diferenciação que também segue metodologia da OCDE (1997).

Quanto à identificação dos níveis de intensidade tecnológica, sua utilização será

apoiar a primeira tipologia, não se procedendo à agregação das atividades

consoante esse critério, até porque os dois têm muito em comum, conforme

ressaltam as correspondências no Quadro.

4 Agradeço a Wasmalia Bivar do Departamento de Indústria do IBGE a cessão da presente metodologia e a classificação das atividades da CNAE segundo a mesma.

85

Page 95: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

QUADRO IV.3- TIPOLOGIA DE INDÚSTRIAS SEGUNDO FATORES DE ESPECIALIZAÇÃO COMPETITIVA

í-----------~-í;RIN:IPAL FAT~R-~-· --------------------------~~TENSIDAD~

I CATEGORIAS I DE ! INDÚSTRIAS i TECNOLÓGICA! 'i I ESPECIALIZAÇÃO i (exemplos) I DAS I . / COMPETITIVA ! i INDÚSTRIAS* .

! ________ j ~----------_j·--------------~---·-------! I ....... I - ·-·---~ - -·· -···· ... - - ····-··· f - i

! Intensiva em ! Acesso às fontes i Madeira, lnd. Alimentares- Açúcar, Café, i Baixa I i Recursos l de recursos ! Abate de Animais- Bebidas, Fumo, Couro, ! Baixa I ! Naturais 1 naturais l Cimento, Cerâmica, Celulose e Papel, I Média Baixa I I~~--._----,--.-.. :7~--~! -----,---.. -... ~-c-·::·::---:-:1 '--:_ç_Qgu~~a§,_ ~~co~' e~-~~fino ~.J::~!ról~o .... !c,- Méq!!!_ B~ixa -:-) I, , 1 I '

! !. I 1 Intensiva em 1· Custos de :,; Têxtil, Vestuário, Calçados, Mobiliário, ! Baixa 1

I Trabalho , . Trabalho , Parte da Metalúrgica - Estruturas Média Baixa i , l i Metálicas, Fo~aria, Cutelaria, Diversas J Média Baixa l J. __________ l_ __ , _____ j:_--:----~----:--.-. ---. ----,--~-_j_, _______ _j. I .................... - - ··-· - ... - r -- .. - . --··· .. --·· . ........ - . -··· . i .. -· ... -- T I I I I

i Intensiva em Processo 1 Editorial e Gráfica, i Baixa l I Produção em Continuo l Construção Naval, Siderurgia, Plástico, 1 Média Baixa l I Escala de Produção 1 Vidro, Borracha, Fundição, Não Ferrosos, , Média Baixa i ! I Química, Petroquímica e Perfumaria i' Média Alta 1 I i',_ ! Automobilística e Auto-Peças e Ferroviária ! Média Alta i __ !'-1 ! ______________ ____,!_• --- ---l;

! i ··r 1

11 Intensiva em i Adaptação dos I Bens de Capital sob encomenda, como I • j,

Produção de produtos às i Máquinas-Ferramentas, Motores, Bombas 1 I ! Produtos características de i' e Compressores, I, I 1 Diferenciados demandas I Eletrodomésticos, Geradores, i '

11

1. I

!. variadas i,,_· Transformadores e Motores Elétricos, i I 1

I Tratores e Máquinas Agrícolas, Aparelhos ! Média Alta 1

1 I de Instrumentação Médica, Instrumentos de / 1

1 i' ,

1

,___ Medidas, Testes e Controles, Sistemas i' 1 Eletrônicos de Automação e Controle do l 1~_. I ! , i Processo Produtivo i 1

I 1.• ! I I

------' ---:-c---:-c---:-:-:-'i- ____ _; _________ __,!

Indústrias Baseadas em Ciência

1 -, -r -···· · ·-, I. do conhecimento ,

1

, Telefonia e de Transmissão de TV e rádio, I'; i Rápida aplicação ~ •. Farmacêutica, Eletrônica, Equipamentos de I_· } ll

1

••.

1

···,.. científico • Aparelhos Receptores de TV, de Rádio e . Alta r • de Reprodução e Amplificação de Som e i I

J __ • 1 Vídeo, Aeronáutica 1' I· ----- --------_.) _j. __j

-Erat:ioraÇão-próprii:i' a partir de .~ceo < 19aã ê-1997) e da crassificaÇão etetüaCia pelo DE 1No-fsc3e

86

Page 96: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

As indústrias baseadas em ciência têm fator de intensidade alto, enquanto as de

produção diferenciada têm intensidade média alta. Na outra ponta da tipologia

estão as indústrias intensivas em trabalho e em recursos naturais que apresentam

os menores níveis de intensidade tecnológica, a saber, baixa e média baixa. Entre

os extremos ficam as indústrias de produção intensiva em escala que comportam

níveis de intensidade tecnológica que variam de baixa à média alta.

Aplicando a referida metodologia às bases de dados, os resultados encontram-se

a seguir. Antes de prosseguir, um esclarecimento sobre os Gráficos. A forma

'radar' dos mesmos facilita a visualização dos movimentos de uma estrutura para

outra. Os eixos referem-se aos tipos de indústria identificados na presente

tipologia. As linhas concêntricas medem a escala de participação, cujos

percentuais estão indicados no eixo vertical. Cada linha é um ano observado.

Cada Gráfico, uma avaliação de mudanças estruturais na base indicada.

Apresentam-se as Tabelas IV.1 a IV.4 relativas às estruturas industriais definidas

a partir da tipologia de indústrias descrita, segundo fatores de especialização

competitiva, aplicada em cada uma das bases de dados trabalhadas. Associam-se

a cada Tabela os Gráficos IV.5 a IV.8 que retratam os movimentos das mudanças

na estrutura industrial entre os anos considerados em cada base de dados.

Inicia-se com a base do Censo Industrial 85 - PIA 98 porque permite apresentar,

adicionalmente, uma visão das mudanças na estrutura do emprego, o que se

acrescentou à análise até aqui desenvolvida, à guisa de ilustração, bem como

porque será somente sobre essa base de dados que serão explicitadas as

atividades industriais responsáveis pelas mudanças na estrutura em cada nível da

tipologia adotada.

A análise das informações se desenvolve após a apresentação das Tabelas e dos

Gráficos relativos a cada uma das quatro bases de dados.

87

Page 97: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

~~be.ta JV~1---· ... Estruturalndustria:-'11~9=-=a=-=s=--'-·e~1-,-99-=-'a~ :

~---B-asede dados-= Cens0Tndustriai19S5 ~PIA 1998 ______ ! ! . . ....... E111 perc~ntagem _do total da indústria detraf1SfOflllé3çáo_ ... _ j ~---------------------~-- VTf----~---PO -----,: ! Indústrias segundo Fatores de ... . i .... .. .. i 1 Especialização Competitiva ,-, -19851--1998l1Ü5l 1998-1 I ... ... : .... i ..... I.... .. .. .. I 1 ·!ProduÇão em-Esc~---~--33,28 !35, 19 r- 2t{36'~-- 24,6J'J • [intenSivas-em-R~c~Naturãts·- ~-~29~98" ~--32~65 !: __ 28, 71. r·=-- 32,i3:i ~.=------'---··-·-·_::. __ _:__:_ ____ _:__ --·-· -··---r-· ·-· _ ___; __ :r·-··.-·-· .. --,r=----"-·-··._:__; :Intensivas em Trabalho \ 19,03 i 13,45 i 30,391 28,731

·IP-ro(jt~Çã() [)iferenci~~~-- :=-~ 12,~1 [ _2 Õ,~I! ... 11 :S~ [-1:9,51 I !Baseadas em Ciência ; 5,571 7,75 C 3,851 3,63; --· __ .. _._ ... _. ------------------- .. . .. .. __ .. _·_.::__· .. _. ·-·-· .. -· --··_j

Gráfico IV.5

Estrutura Industrial - base Censo Industrial-PIA 98, segundo fatores de especialização competitiva

Produção em Escala 40

Baseadas em Ciência· Intensivas em Recurs l

Naturais

Trabalho

j-o-vn 1985 -o-vrt 1998/

88

Page 98: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

:lr=~-=-=~.:.:._;_;;c.:.;___~-=~=~~~~~~~~-=·~~=c::-......== ., :L

! L"·-

Indústrias segundo Fatores de

--·---;

Especialização Competitiva \ 1985 r--19ãi j __ 1990 ~""iij r·----.

1 40,94 . 37,971. 38,Q7! 40,54 ,.-- --·---··-·--~r-·--·-,

: ~ntensivas em Recursos i , · 1

!Naturais 1 .. 32,90! 31,7E)j · •ntensivas em Trabalho . 13,26 I 13,931...=:~-:--:::.:; ' . . ... . ......... .... .. ... ...... '· ............... L.. . .......... ..

: !J:'!OciiJ~() pi_ftt.r~f.!ciada.=:= L .... 81ªº !. .. J.?.?4' ! ...... -.1-_1-~.3......,ª' [. .1..~ ·.~--------· --- ,r----,---. . 1B.~e;tclll~.tt.rll Ci~l'lC:i;t_ · . .... 4:, 1.9 L ....... 4·ºª·1 .... .. . 4:.~ 1 . 4,59

Gráfico IV.6

Produção

Estrutura Industrial - VP Haguenauer Fatores Competitivos -Vários Anos

-+-1985 -D-1989 _..... 1990 1996

89

Page 99: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

r----·-------------··-----·--·----------·-·--·-····~-·-·--···-·-·--·----------··-----·-------·--·----··-·------·-·-·--------· l- - .... . .. .. -· ·-· .. ,._ ..

1 Tabela IV.3- Estrutura Industrial 1990, 1996 e 1998 ! ~ ' Base de dados- CONTAS NACIONAIS i 1 Em percentagem do total da indústria de transformação :------------·------------------------------------~ I l. VP ~~

I Indústrias segundo Fatores ! ) I de Especialização i---::---. .. -,-.. ----~-.--; i Competitiva t 1990 i 1996 l 1998 i I~·--·~·:-···-··~·-··---~·--·~:--:--~··~-·-·~--·,.-! ~-·-····-:-·-:---~-----1 ··-··--:-·-·:·~-···---·J ----·····-·-·---~~-·-,c1

IPro~uçio em 7sca1~-- 4o,66 )-_,~0,61 )-... 40,~--/ i Intensivas em 1 l i !

1 Recursos Naturais 1 I· l

j.r .. tensivas em i . 1 I !Ira~al:~o .:.... ..... . ........... ;-,- 14,0~ __ 1!M~-~I __ 9,69 _j 1 Pr~duçio Diferenciada!-· --"-L=--.........J

1 Basead~s ~rrl Ciên~ia_j .'-... --'-'--

Gráfico IV.7 Estrutura Industrial - VP Contas Nacionais

Fatores Competitivos- Vários Anos

Produção em Escala 50

aseadas em Ciência Intensivas em Rec r

Naturais

--+-1990 --1996 -6-1998

90

Page 100: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Gráfico N.B Estrutura Industrial • VP Mesquita Fatores Competitivos- Vários Anos

Produção em Escala

--1989 _.,_1990 -·1996 -+--19981

91

Page 101: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Inicialmente sobre a base Censo Industrial 85 - PIA 98, verifica-se que

predominam na estrutura industrial brasileira as indústrias intensivas em

escala e em recursos naturais, na proporção de 68% do VTI total em 1998,

resultado da ampliação do peso dessas atividades de 1985 para 1998. As

indústrias intensivas em trabalho tiveram sua participação reduzida de 19%

para 13% em 1998, seguidas de perto pelas indústrias de produtos

diferenciados com 11%, também revelando queda de participação em relação ao

ano inicial. Importante registrar que as indústrias baseadas em ciência

ampliaram a participação no valor da transformação industrial de 6% para

8%, entre 1985 e 1998.

O Gráfico IV.5 apresentado permite verificar que há um deslocamento da

estrutura de valor da transformação industrial de 1985 para 1998,

encolhendo o peso das indústrias intensivas em trabalho e intensivas em

produção que operam com produtos diferenciados, em menor proporção,

para uma expansão das demais categorias. No saldo desse movimento o

ganho é dividido entre o peso das indústrias intensivas em recursos naturais

e em escala.

Nas indústrias intensivas em trabalho, que perderam peso na estrutura produtiva,

o complexo têxtil tem peso destacado, tendo enfrentado sérias dificuldades

competitivas com o processo de abertura comercial, levando ao fechamento de

fábricas com desemprego e à modernização das empresas que conseguiram

sobreviver {IEL-SENAI-CETIC, 1998).

Nas indústrias intensivas em produção que operam com produtos diferenciados,

todas têm grau de intensidade tecnológica média alta, conforme apontado no

Quadro JV.3. A perda de participação no valor da transformação industrial decorre

de queda na produção devida à importação de produtos verificada depois da

conjugação da abertura econômica com a política de estabilização de preços e

92

Page 102: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

valorização cambial. As indústrias que se modernizaram importaram máquinas,

equipamentos e softwares sem necessariamente saberem como usá-los, primeiro

porque seus preços estavam inferiores aos preços vigentes há dois ou três anos

anteriores a 1994/5, segundo porque eram ofertados em pacotes prontos, nem

sempre condizentes com suas reais necessidades (PROENÇA e CAILLIRAUX, 1997)

e porque havia crédito para isso no mercado internacional (LAPLANE e SARTI,

1997). Isso contribuiu para levar muitas indústrias produtoras a virarem

importadoras apenas (ABIMAQ, FSP, 20/01/98).

A perda de importância dessa categoria é muito significativa. Aqui estão as

indústrias que complementaram a matriz produtiva brasileira pós 11 PND e parte do

empresariado brasileiro que se engajou numa 'jornada transformadora', como

lembra BIONDI (1999), citando os Romi, Einar Kock, Bardella e o 'garoto­

engenheiro da Gradiente' (BIONDI, 1999), dentre outros.

A importância das importações sobre a produção pode ser visualizada no Gráfico

a seguir, em que se observa que de uma participação de cerca de 1 O% das

importações das indústrias de produção diferenciada sobre o valor total da

produção dessa categoria, em 1989, atinge-se a proporção de 61% em 1998.

Gráfico IV.9 Relação Valor das Importações (M) sobre Valor da Produção

segundo Fatores de Especializaçãp Competitiva

10,2

60,5

Rec Naturais Trabalho Escala Bas Ciência Diferenciado

Fonte: Elaboração própria a partir de MESQUITA (1999)

%MNP

70

40

30

93

Page 103: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

As duas categorias de indústrias vistas até aqui, quando observadas nas outras

bases de dados (Gráficos IV.6 a IV.8) também reduzem sua participação na

estrutura industrial (via valor da produção), entre os anos iniciais e finais de cada

base. Na base de HAGUENAUER, ademais, por cobrir um período maior com

informações para todos os anos da série, verifica-se (Tabela IV.2) que de 1985

para 1989, houve ganho de peso na estrutura por parte das indústrias de produtos

diferenciados; a perda de participação vai ocorrer ao longo dos anos 90, o que

converge para a importância do processo de abertura e importações daí

decorrentes sobre o desempenho dessas atividades.

Quanto às indústrias que ampliaram sua participação no total do valor da

transformação industrial (base Censo Industrial 85-PIA 98) e começando pelo

grupo mais importante do ponto de vista tecnológico, o que se observa é que nas

indústrias baseadas em ciência ocorreu o encolhimento do peso de quase

todas as suas atividades no total do valor da transformação industrial, com

um aumento expressivo de participação da indústria farmacêutica, que é o

que eleva o peso desse grupo entre 1985 e 1998 (Gráfico N. 10 a seguir).

A participação da indústria farmacêutica se eleva de 30% para mais de 50%

no grupo, enquanto as de processamento de dados e produtos eletrônicos,

juntos, caem mais da metade de suas posições em 1985. Isso pode ser

explicado pela elevação de preços dos produtos farmacêuticos com aumento das

margens das empresas (SPI/MICT,1997), e pela substituição de produção por

importados, no caso das outras duas atividades citadas.

No Gráfico IV.9, referente à importância das importações no valor da produção, a

categoria das indústrias baseadas em ciência é a segunda em destaque. De uma

relação de 9% sobre o VP em 1989, eleva-se para 47%, em 1998.

ERBER (2001) destaca que a abertura às importações levou a que se eliminassem

a realização de atividades tecnológicas no país, "aumentando apressao para que

94

Page 104: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

os bens produzidos no Brasil tivessem os mesmos atributos - preços,

desempenho, durabilidade, confiabilidade, etc - dos produtos importados,

induzindo a adoção de tecnologias de produto e de processo importadas e, por fim

a simples substituição da produção local" (p.187). E conclui que a 'indústria

resultante requer um esforço de pesquisa e desenvolvimento muito limitado e, em

conseqüência, gera uma capacidade endógena de inovação bastante circunscrita".

(p.189)

Gráfico IV.10

Máquinas para

> ocessamento de dados

Estrutura Industrial~ 1985 -1998 Detalhamento das lndllstrias Baseadas em Ciência

Farmacêutica

Em percentagem do total do VTI do Grupo= 100

Equip. de c de TV, som e vi

Nas demais bases de dados consideradas, o peso das indústrias baseadas em

ciência é igualmente baixo, não havendo destaques a mencionar (Tabelas IV.2 a

IV.4)

O outro grupo de indústrias que ampliou sua importância no valor da

transformação industrial foi o das indústrias de produçlo intensiva em escala,

que reúne atividades de intensidade tecnológica variada. Ressalta-se que

95

Page 105: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

somente a base de dados representada no Gráfico IV.S (Censo Industrial 1985 -

PIA 98) apresenta este resultado; nas demais bases, o peso dessas indústrias não

se alterou entre os anos iniciais e finais de cada uma - Gráficos IV.6 a IV.8.

Reiterando, nenhuma outra base de dados apresenta ganho de participação na

categoria de indústrias intensivas em escala, observando a estrutura via valor da

produção.

Gráfico IV.11 Estrutura Industrial 85-98 Detalhamento das Indústrias de Produção Intensiva em Escala

-+-VTI85

-o-VTI98

Minerais não MAt,,..,,., .. .:. •·· \ Equipamentos de (\Adro) Transporte

Siderurgia e Metalurgia

Em percentagem do Vll total do Grupo = 1 00

Na constituição das indústrias que compõem a categoria, objeto de detalhamento

no Gráfico acima, na base de dados que está sendo analisada (Censo Industrial

85- PIA 98), o ganho de peso do grupo decorre, principalmente, da expansão da

participação das indústrias editorial e gráfica e, ainda, equipamentos de transporte

(inclui a automobilística e exclui aeronáutica classificada em indústrias baseadas

em ciência). Essa ampliação tem, por contrapartida a perda de participação da

indústria siderúrgica e metalúrgica e da química (toda a indústria química exceto

refino e álcool).

96

Page 106: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

É elevado o ganho de participação da indústria editorial e gráfica. De uma

participação de 2,7% no VTI em 1985, registra 6,5 % em 1998. Há indicações

(GORINI e CASTELO BRANCO, 2000) de crescimento da produção editorial no

Brasil, tanto ao nível dos livros paradidáticos e didáticos, como das obras gerais e

livros técnico-científicos. Também verificaram-se algumas alterações patrimoniais

relevantes dentre as empresas- compra de 1/3 das ações da Siciliano, compra da

Ática-Scipione, assim como o nascimento de uma grande editora, a Companhia

das Letras, em 1 986. O faturamento desse grupo teria aumentado em 11 o/o ao

ano, em média, no período 1 990-96. Quanto às empresas gráficas, registraram-se

investimentos em novos parques gráficos - como o de O Globo e o da Folha de

São Paulo, com o faturamento do conjunto das empresas gráficas aumentando,

em média, 4,5% ao ano, no mesmo período (MACEDO e VALENÇA, 1997).

Apesar dessas ponderações favoráveis, a participação da indústria editorial e

gráfica parece muito elevada.

No caso das indústrias de equipamentos de transportes destaca-se o ganho de

peso da produção de automóveis que, como apontado anteriormente, decorre da

nova realidade desta atividade, com novas filiais Oá citadas) de empresas

multinacionais se instalando no Brasil, visando aproveitar as vantagens de amplo

mercado interno, bem como o Mercosul.

Quanto ao ganho das indústrias intensivas em recursos naturais, destaca-se o

movimento de expansão das Indústrias alimentares, de bebidas e fumo, que

ampliaram sua participaçlo no total do valor da transformação industrial de

13 para 20% entre 1985 e 1998. Ao nível da participação dentro do grupo, esta

se elevou de 42% para 60%, como mostra o Gráfico a seguir.

97

Page 107: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Gráfico IV.12 Estrutura lndustrial-1985- 1998

Detalhamento das Indústrias Intensivas em Recursos Naturais

Em percentagem do VTI total do grupo= 100

Em todas as outras bases de dados essa é a categoria de indústrias que

ganha peso entre os anos iniciais e finais das séries. Na base de MESQUITA,

que não incorpora as indústrias editorial e gráfica, diversas, mobiliário e couros,

ERBER (2001) efetua ajustes de classificação e afirma que o setor de indústrias

Intensivas em recursos naturais é o "setor dominante na economia

brasileira". (p.185)

A base de dados Censo Industrial- PIA que está aqui trabalhada não comporta os

pequenos, podendo levar a diminuição do peso na estrutura desta categoria.

Ademais o aumento de peso de Editorial e Gráfica pode estar muito elevado, já

que é essa indústria responsável pelo aumento do peso das categoria intensiva

em escala.

Ainda em relação a essa questão, um avaliação alternativa, realizada sobre a

base de MESQUITA, foi comparar as mudanças na estrutura das importações vis-

98

Page 108: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

à-vis na estrutura de produção, medida pelo valor da produção, cujos resultados

estão mostrados a seguir.

QUADRO IV.4- MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS DO VP E DAS IMPORTAÇ0ES (M) INDICADORES DE EVOLUÇÃO DA COMPETITIVIDADE -1989-1998

Indústrias segundo os fatores de especialização

competitiva:

RECURSOS NATURAIS

BASEADA EM Cl NCIA

PRODUÇ O EM ESCALA

Competitividade entre 1989/1998 (segundo os movimentos de aumento ou redução na estrutura

das importações e na estrutura do valor da produção)

MANUTENÇ O GANHO

M (%) VP(%) M (%) VP(%)

Menor Maior

Maior Maior

Menor Menor

Maior Menor

Maior Menor

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de MESQUITA (1999)

PERDA de Competitividade; D Manutenção; O GANHO de Competitividade

Sob esse enfoque, as indústrias intensivas em recursos naturais foi a única

categoria que teria tido ganho de competitividade entre 1989 e 1998. Isso

porque essas Indústrias ampliaram sua participação no valor da produção

industrial e reduziram sua participação no valor total importado.

No outro extremo, as categorias intensivas em trabalho e de produção

diferenciada perderam competitividade entre 1989 e 1998, pois tiveram sua

participação no VP reduzida e, ao mesmo tempo, ampliaram seu peso no

valor das importações. As demais categorias teriam 'mantido' sua

competitividade, segundo essa ótica de avaliação, visto sob essa ótica agregada.

99

Page 109: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Sintetizando, parece provável que tenha havido mudança na estrutura

industrial brasileira, de 1985 para 1998, com encolhimento das indústrias

intensivas em trabalho e de produtos diferenciados e, para uma expansão do

peso das indústrias intensivas em recursos naturais (com certeza, presente

em todas as bases) e das indústrias intensivas em escala (provavelmente, só

presente na base do Censo Industrial - PIA). Parece igualmente provável que

as indústrias baseadas em ciência tenham ampliado seu peso no mesmo

período (o que também ocorre nas bases de dados que partem dos anos 80).

Essa é uma conclusão que a avaliação dos dados sobre estrutura do valor da

transformação industrial segundo fatores de especialização competitiva nos

apontou. Uma outra questão diz respeito ao formato dessas distribuições em

bases distintas, para vários períodos. Um outro olhar sobre os gráficos

apresentados anteriormente revela a semelhança dos seus formatos.

seadas em

Gráfico IV .13 Estruturas Industriais Comparadas entre as bases

de Haguenauer, Contas e Mesquita

Indústrias segundo os fatores de especialização competitiva

Produção em Escala

-+-Hag85 --Hag96 Cnac90

-+-Mesq96 --*-Cnac98

-IE-Mesq89 ----Mesq90 -+-Mesq98

100

Page 110: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Gréfico IV.14 Estruturas Industriais Comparadas entre as bases de

Haguenauer 86196 e Contas 90198 Indústrias segundo os fatores de especialização competitiva

Produção em Escala 50

~soadas em Ciência Intensivas em Recursos

Naturais

I

Em percentagem do VP da nd. Transdornação = 100

Hag 85 .....,._ Hag 96 -+-Cnac 90 -o-Cnac 98

A repetição desses formatos, para bases distintas, em anos variados, dentro do

período 85/98, mostra que a alteração de estrutura que se identificou com certeza

- de redução do peso das indústrias intensivas em trabalho para ampliação do

peso das intensivas em recursos naturais, com encolhimento das indústrias de

produtos diferenciados e um pequeno aumento das baseadas em ciência e, dentro

destas, das indústrias de menor intensidade tecnológica - reproduz um padrão

de conformação bloqueado à esquerda dos Gráficos, barrado em ampliações

na direção tanto das indústrias do 'paradigma fordista' (indústrias metal­

mecânicas, de produção diferenciada) como das indústrias do 'paradigma

das tecnologias da Informação' (indústrias baseadas em ciência).

À guisa de ilustração final, apresentam-se as estruturas industriais dos Estados

Unidos, Japão e Coréia, em 1985-1995, para mostrar, pela sua semelhança e

101

Page 111: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

estabilidade, em confronto com a estrutura industrial brasileira em 1985 e 1998, o

quanto nos afastamos ainda mais de uma estrutura madura e moderna.

Os dados básicos desses países são da UNIDO (1997) e as atividades industriais

apresentadas segundo a ISIC - Rev 2 estão reagregadas de modo a tornar as

informações comparáveis. Observa-se no Gráfico IV. 15 a semelhança das

estruturas americanas e japonesas nos dois anos plotados e como o movimento

dessas estruturas, de 1985 para 1995 foi na direção das máquinas e aparelhos de

instrumentação científica. O maior destaque na indústria química norte americana

em 1995 deve corresponder a maior intensidade da atividade de biotecnologia

associada à química fina.

O Gráfico IV.16 seguinte mostra as estruturas industriais da Coréia do Sul nos

mesmos anos de Estados Unidos e Japão e a brasileira, esta para os anos 1985 e

1998, a partir da base de dados que vimos trabalhando nesse capítulo.

Observa-se como a estrutura industrial coreana evoluiu, de 1985 para 1995, na

direção do formato das estruturas dos Estados Unidos e do Japão. Isso leva a

pensar que nossa estrutura industrial poderia ter reproduzido igual

comportamento, não sendo o número de anos envolvido na comparação

insuficiente para essa mudança de direção. Mas não foi o que ocorreu. O formato

da estrutura industrial brasileira em 1998 é semelhante ao da estrutura industrial

da Coréia do Sul em 1985 (acentuando o peso das atividades de alimentação,

bebidas e fumo e química).

Por tudo isso, conclui-se, a partir da interlocução com os autores trabalhados no

Capítulo 11, que a estrutura industrial brasileira é mais conforme à tese da

'especializaçlo regressiva'.

102

Page 112: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Gráfico IV.15

Compl.

I Em % Valor Agregado lnd Transf=100

Atividades Compatibilizadas

Gráfico IV.16

Estruturas Industriais Comparadas -Estados Unidos e Japão

1985 -1995

F um

Side Metal

-.-usA 85 -o-USA 95 -M-Jap 85 -:-Jap 951

Estruturas Industriais Comparadas -Maqs e lnstr Cient Brasil (85 e 98) e

':,: ::' .. '·' ·'':' Sul (85 e 95)

Compl.

Atividades C~Q~U~il~$ ,: /;t Estrutura EstadciS uniU'~..NifHU.J-----------------, Em% VTI TotaiiT

Fonte dados básicos: EUA, Japão e Coréia do Sul- UNIDO (1997); Brasil- Base Ci85-PIA98

103

Page 113: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

CONCLUSOES

Partiu-se de uma premissa que mudanças haviam ocorrido na estrutura industrial

brasileira nos anos 90. Adicionalmente considerou-se que essas mudanças

expressariam um processo de forte reestruturação produtiva, porém com

comprometimento de nossas perspectivas de crescimento e autodeterminação. E

o sentido da tese foi buscar evidências empíricas para avaliar essas hipóteses e

interpretar seu significado.

As mudanças foram consideradas inicialmente como um dado em decorrência de

outras mudanças no âmbito externo e interno. Ao nível macroeconômico e político

as transformações foram tratadas no Capítulo inicial. As alterações na ordem

mundial nas últimas décadas levaram ao delineamento de um novo contexto de

inserção internacional para a economia brasileira. No plano interno, ainda sob os

dois níveis de avaliação citados, as alterações foram radicais. De um lado, o

advento da democracia; de outro, o da opção por uma inserção subordinada que

contemplou a emergência de um novo padrão de acumulação, com o

encolhimento do papel do Estado que se retirou da estrutura produtiva e abriu a

economia ao comércio e ao capital estrangeiro, equiparando-o ao capital nacional.

Ainda do ponto de vista macroeconômico a estabilidade de preços foi alcançada a

partir do Plano Real mas com o concurso de medidas adicionais, como a abertura

abrupta, o câmbio sobrevalorizado e os juros estratosféricos.

Os reflexos sobre a indústria vão ser drásticos e foram avaliados segundo

enfoques distintos ao longo do Capítulo 11, identificando-se duas teses antagônicas

de interpretação do desempenho da indústria pós Real: a tese da reintegração

produtiva, que se associa ao discurso 'oficial' e a tese oposta, denominada de

especialização regressiva, associada ao discurso 'crítico'.

Pela primeira, a indústria teria passado pelos momentos mais difíceis de

adaptação à abertura econômica, às desregulamentações e à invasão de

104

Page 114: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

competidores e sairia reajustada, adaptada às novas práticas de relacionamento

nas cadeias produtivas em que estaria organizada. Às elevadas importações se

seguiriam aumentos de investimentos, fossem pelas empresas internacionais

entrantes, fossem pelas empresas aqui instaladas reestruturadas, que levariam a

ampliações da capacidade produtiva e a aumentos da produção sendo, portanto,

o processo resultante desse ajustamento chamado de reintegração produtiva, ou

seja, atividades externalizadas num primeiro momento, voltam a se reintegrar

adiante.

Pela outra interpretação, a indústria decorrente desse processo de mudanças

estaria mais enfraquecida enquanto potencial de geração e difusão de tecnologia

e garantia de melhor posicionamento futuro para si própria e para a economia em

seu conjunto. Isso porque, além das elevadas importações, o padrão de

investimento subseqüente não teria alterado o padrão de especialização

competitiva da indústria porque esses investimentos não se dirigiram à construção

de nova capacidade produtiva pela dupla câmbio-juros elevados. Pelo contrário,

pós-estabilização, os setores que teriam ganhado peso na estrutura produtiva

seriam menos intensivos em tecnologia e mais intensivos em recursos naturais.

Nesse caso, passa-se a exportar produtos de baixa complexidade tecnológica e a

importar produtos mais sofisticados, refletindo um padrão de especialização

regressiva da indústria.

A essência dessas duas formulações será retomada a seguir, à guisa de

conclusões, tendo em vista a análise efetuada em todo o capítulo precedente

sobre as bases de dados apresentadas no Capítulo 111.

Há anos se estava sob um regime de comércio que protegia a produção

doméstica. Reconhece-se hoje que isso gerou ganhos extras para alguns setores,

escondidos sob as elevadas taxas de inflação. A abertura provocou um choque

interno. Produtos passaram a entrar no mercado a preços muito mais reduzidos

105

Page 115: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

que os observados internamente. Era evidente que isso levaria a um choque

competitivo para as empresas aqui instaladas. Difícil crer que não fosse previsto.

Mas parece razoável supor que as filiais de empresas estrangeiras ainda que

operando segundo as condições do mercado nacional, não enfrentariam o choque

competitivo do mesmo modo que as empresas privadas de capital nacional.

Dentre essas, inclusive, igualmente é possível acreditar que aquelas com atuação

no mercado internacional também teriam melhores condições de enfrentar esse

choque que as demais, com atuação restrita ao mercado interno. Isso porque

estaria implícito que ao ter atuação no mercado internacional, essas empresas

estariam mais atualizadas e com algum nível de capacitação que lhes conferisse

competitividade.

Com essa diferenciação, as empresas de capital nacional e com área de atuação

restrita ao mercado interno foram as mais afetadas pela abertura econômica.

Postula-se, com essas considerações, introduzir um primeiro nível de qualificação

restritiva nas colocações do discurso da reintegração produtiva. Essa restrição diz

respeito a que esse discurso se aplicava aqueles que permanecessem, após a

eliminação dos mais fracos. As formulações da tese da reintegração produtiva,

sob aparência de generalidade e tratamento indistinto têm, de forma implícita a

eliminação dos mais fracos e, depois disso, a reestruturação dos que

permanecerem e, nesse caso, privilegiando a grande empresa de capital

estrangeiro. Isso porque é igualmente lícito supor que o processo de

reestruturação para enfrentar essa nova realidade por parte das empresas que

não fecharam suas portas foi grande e diferenciado setorial e segundo a origem

do capital.

Assim, os que permaneceram, atualizaram-se, ainda que às custas de

importações - como todos reconhecem. Para o discurso 'oficial', num momento

seguinte, os investimentos seriam retomados e a produção voltaria a crescer,

106

Page 116: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

descrevendo um círculo virtuoso entre abertura, investimento estrangeiro,

aumento de produtividade, exportações e aumento do mercado interno. E citaram

setores como exemplo desse virtuosismo.

Mas isso não ocorreu em conjunto. O círculo não se completou. Para alguns

setores é factível considerar que tenha ocorrido a reintegração produtiva em

algumas atividades. Parece inequívoca a modernização da indústria têxtil, que

emergiu das transformações mais competitiva, com atualização de sua base

técnica, ainda que não se possa dizer sobre a amplitude dessa modernização

dentre suas distintas atividades. O mesmo ocorreu com a indústria automobilística,

citada pelo discurso 'oficial' como caso emblemático de sua tese. No entanto, mais

uma qualificação restritiva se coloca que é o fato de, tanto a têxtil como a

automobilística terem se beneficiado de esquemas protecionistas ao longo da

década, com tarifas de importações restauradas.

Outra questão refere-se às implicações da afirmativa de que se tem deixado de

priorizar a discussão sobre desenvolvimento. Nesse particular, está presente

nessa visão que o mercado é eficiente na alocação dos fatores produtivos. Isso

porque a avaliação da política de abertura a partir de suas conseqüências, ou

seja, sem política industrial explícita, nada mais é que priorizar o mais forte. No

caso, os investidores estrangeiros de quem se espera a liderança de uma suposta

expansão.

Parece que cabe ao discurso 'crítico' a contraposição, pontuando questões de

fundo e que estão permeadas por preocupações de longo-prazo com

desenvolvimento econômico via desenvolvimento industrial e tecnológico. O

argumento é que não há mais vantagens competitivas pela disponibilidade de

recursos naturais. A competitividade tem que ser construída e tem um aspecto

sistêmico que é fundamental.

107

Page 117: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Isso porque, por um lado, o capital pode migrar, sem fronteiras e, por outro, a

capacidade de gerar e controlar inovações tecnológicas passaram a ser vitais para

a manutenção da liderança e do poderio econômico dos oligopólios internacionais.

E isso porque mudou o padrão industrial e tecnológico que leva ao

rejuvenescimento das indústrias maduras (como as têxteis, por exemplo) e à

emergência de outras indústrias novas, lideradas pelas tecnologias da informação.

Relegou-se inicialmente ao mercado a seleção dos melhores e induziu-se por

risco de não sobrevivência a uma modernização de qualquer jeito.

Os resultados do presente trabalho se apóiam em detalhada avaliação efetuada

sobre quatro bases de dados industriais, a partir da observação de mudanças na

estrutura industrial medida pela participação de cada atividade produtiva

considerada em cada uma dessas bases no total do valor da produção (em três

bases) e no total do valor da transformação industrial (para uma base) da indústria

de transformação. Não se trabalhou com a indústria extrativa. Buscou-se captar o

sentido das mudanças ocorridas e para isso trabalhou-se com gráficos específicos

para visualizar esses movimentos.

E esses resultados não são alvissareiros. A análise desenvolvida sobre as quatro

bases de dados industriais revelou:

a) Mudanças ao nível da participação das atividades produtivas:

i) algumas atividades apresentaram o mesmo sentido de mudança em

todas as bases estudadas, como a Têxtil e Vestuário, com perdas de

participação e as indústrias Automobilísticas, Farmacêutica e a

indústria Alimentar, ainda que com atividades variadas, com ganhos;

ii) outras atividades apresentaram essa mesma característica, não em

todas as bases, mas em três dentre as quatro bases e que foram

Máquinas (aqui reunindo Máquinas e tratores, Máquinas,

equipamentos e instalações, Máquinas elétricas e Máquinas-

108

Page 118: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

ferramentas), Siderurgia, Calçados e Equipamentos eletrônicos e de

comunicações que perderam peso, enquanto Bebidas revelou ganho

de importância na estrutura industrial;

b) Mudança ao nível da estrutura da indústria de transformação como um todo,

expressa em um índice elevado de mudança estrutural (metodologia da UNIDO),

igual a 39,01 para o período 1985-98, superior ao que havia sido calculado para

1965/80, pela ONU, de 30,03;

c) Mudanças ao nível da estrutura industrial brasileira, por indústrias, segundo

tipologia da OCDE de agregação das atividades segundo padrões de

especialização competitiva, de 1985 para 1998, revelaram:

i) o encolhimento das indústrias intensivas em trabalho e das indústrias

de produtos diferenciados (máquinas e equipamentos) e

ii) expansão do peso das indústrias intensivas em recursos naturais

(com certeza, uma vez que esse movimento se repete em todas as

bases de dados trabalhadas) e das indústrias intensivas em escala

(provavelmente, pois só foi verificado na base do Censo Industrial -

PIA). As indústrias baseadas em ciência também ampliaram seu

peso no mesmo período (o que também ocorre nas bases de dados

que partem dos anos 80), em decorrência do aumento de peso da

indústria farmacêutica, já que perderam participação as atividades de

Sobre a base de dados Censo Industrial 85 - PIA 98 verificou-se que predominam

na estrutura industrial brasileira as indústrias intensivas em recursos naturais e em

escala, na proporção de 68% do VTI total em 1998, resultado da ampliação do

peso dessas atividades de 1985 para 1998. As indústrias intensivas em trabalho

tiveram sua participação reduzida de 19% para 13% em 1998, seguidas de perto

pelas indústrias de produtos diferenciados com 11%, também revelando queda de

participação em relação ao ano inicial; as indústrias baseadas em ciência

109

Page 119: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

ampliaram a participação no valor da transformação industrial de 6% para 8%,

entre 1985 e 1998.

Nas indústrias intensivas em trabalho, que perderam peso na estrutura produtiva,

o complexo têxtil tem peso destacado. Dados externos reiteram os problemas

enfrentados, de sérias dificuldades competitivas a partir do processo de abertura

comercial, levando ao fechamento de fábricas, com desemprego elevado e à

modernização das empresas que conseguiram sobreviver.

Nas indústrias intensivas em produção que operam com produtos diferenciados, a

perda de participação no valor da transformação industrial decorre de queda na

produção devida à importação de produtos verificada depois da conjugação da

abertura econômica com a política de estabilização de preços e valorização

cambial. As indústrias que se modernizaram importaram máquinas, equipamentos

e softwares sem necessariamente saberem como usá-los, primeiro porque seus

preços estavam inferiores aos preços vigentes há dois ou três anos anteriores a

1994/5, segundo porque eram ofertados em pacotes prontos, nem sempre

condizentes com suas reais necessidades e porque havia crédito para isso no

mercado internacional. Isso contribuiu para levar muitas indústrias produtoras a

virarem importadoras apenas.

A perda de importância dessa categoria é muito significativa. Aqui estão as

indústrias que complementaram a matriz produtiva brasileira pós 11 PND e parte do

empresariado brasileiro que se engajou numa 'jornada transformadora', como

lembrou BIONDI (1999).

A importância das importações foi apresentada sobre a base de dados de

MESQUITA (1999), onde se observou que de uma participação de cerca de 10%

das importações das indústrias de produção diferenciada sobre o valor total da

produção dessa categoria, em 1989, atingiu-se a proporção de 61% em 1998.

110

Page 120: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Nas indústrias baseadas em ciência ocorreu o encolhimento do peso de quase

todas as suas atividades no total do valor da transformação industrial, com um

aumento expressivo de participação da indústria farmacêutica, que é o que eleva o

peso desse grupo entre 1985 e 1998. A participação da indústria farmacêutica se

eleva de 30% para mais de 50% dentro do grupo, enquanto as de processamento

de dados e produtos eletrônicos, juntos, caem mais da metade de suas posições

em 1985.

Nos demais movimentos expansivos encontrou-se as indústrias alimentares, de

bebidas e fumo respondendo pela expansão das indústrias intensivas em recursos

naturais. Quanto às indústrias intensivas em escala, ampliam suas participações

editorial e gráfica e equipamentos de transporte (produção de automóveis), o que

se sobressai à redução da siderurgia e metalurgia.

Em resumo, houve um deslocamento da estrutura de valor da transformação

industrial de 1985 para 1998, encolhendo o peso das indústrias intensivas em

trabalho e intensivas em produção que operam com produtos diferenciados, em

menor proporção, para uma expansão das demais categorias. No saldo desse

movimento o ganho é dividido entre o peso das indústrias intensivas em recursos

naturais e em escala.

d) Em que pesem essas mudanças, do ponto de vista da dinâmica produtiva e

tecnológica, o trabalho revelou, a partir da observação da repetição dos formatos

das estruturas em bases distintas, em anos variados, dentro do período 85/98,

que a alteração de estrutura que se identificou com certeza - de redução do peso

das indústrias intensivas em trabalho para ampliação do peso das intensivas em

recursos naturais, com encolhimento das indústrias de produtos diferenciados e

um pequeno aumento das baseadas em ciência - reproduz um padrão de

conformação bloqueado para ampliações na direção tanto das indústrias do

'paradigma fordista' (indústrias metal-mecânicas, de produção diferenciada) como

111

Page 121: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

das indústrias do 'paradigma das tecnologias da informação' (indústrias baseadas

em ciência).

e) No confronto com estruturas industriais de elevado grau de complexidade, de

duas economias maduras e desenvolvidas, que são os Estados Unidos e o Japão

e, adicionalmente, com a estrutura industrial da Coréia do Sul, sobressaiu o

distanciamento que os anos 90 nos levaram desses padrões mais dinâmicos e

competitivos. É angustiante perceber como em dez anos a Coréia moveu sua

estrutura industrial na direção das outras duas, enquanto o Brasil deslocou a sua,

rumo ao passado.

Confirmaram-se as duas hipóteses trabalhadas: primeiro a de que as mudanças

ocorridas na ordem mundial e a forma como rebateram na economia brasileira,

esta em função de uma inserção internacional dependente, subordinada e passiva

acarretaram mudanças na estrutura industrial; segundo que a natureza dessas

mudanças reafirma um padrão industrial e tecnológico que não abre perspectivas

promissoras para nosso futuro, reiterando uma estrutura industrial que não se

move na direção das atividades de maior conteúdo tecnológico e capazes de

imprimir uma dinâmica interindustrial alimentadora de emprego e crescimento em

todas as pontas, revelando-se uma estrutura mais conforme com a tese da

especialização regressiva.

Especializar-se em indústrias intensivas em recursos naturais não foi o caminho

perseguido pelas economias mais bem posicionadas no ranking mundial de

qualidade de vida e de distribuição de renda. Deixar a dinâmica da acumulação

ser conduzida pelas empresas estrangeiras também não parece corresponder ao

exemplo emanado dessas economias. Reconhecer que a estrutura industrial

brasileira precisa se mover na direção das atividades de maior conteúdo

tecnológico, mantendo uma estrutura produtiva diversificada é uma imperiosa

necessidade porque, por um lado, são essas atividades que geram maior

progresso técnico e desenvolvimento mas, por outro, a maior complexidade da

112

Page 122: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

estrutura produtiva mantém o maior nível de emprego agregado. Reconhecer

diferenças pode levar a definição de políticas de corte setorial e, em simultâneo,

ao tratamento diferenciado às empresas segundo o porte e a procedência do

capital.

Operar no limite das estatísticas disponíveis foi um árduo trabalho que se tentou

empreender de forma criativa. Apontar as limitações das bases de dados deve

servir de contribuição aos estudos de outros pesquisadores e a própria reflexão do

IBGE. Intensificar esforços na direção das comparabilidades históricas espera-se

que venha a se tomar uma prática institucional.

113

Page 123: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

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Page 132: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

ANEXO ESTATÍSTICO

TAB 1 TRADUTOR DE CLASSIFICAÇAO BASES VP

TAB 2 VP - CONTAS NACIONAIS

TAB 3 VP- HAGUENAUER

TAB 4 VP- MESQUITA

TAB 5 CENSO INDUSTRIAL· PIA 98

TAB 6 BASES VP COMPATIBILIZADAS

123

Page 133: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

BASES DE DADOS - TRADUTOR DE CLASSIFICAÇÕES ENTRE AS BASES DE VP CTASxHAGUENxMESQ CTASxHAGUENAUER CONTAS NACS- 90198 HAGUENAUER- 85/96 MESQUITA· 89/98- Nível100

Min Não Metálicos Min Não Metálicos Min Não Metálicos Minerais Não metálicos Fab de cimento e clinquer Fab de peças e estruturas de cimento, concreto e fibrocimento Fab de vidro e artigos de vidro Fab de outros Prod de minerais não-metálicos

Siderurgia Siderurgia Siderurgia Siderurgia Siderurgia Não ferrosos Metalurgia Não ferroso Metalurgia dos não-ferrosos

O Metalúrgicos O Metalúrgicos O Metalúrgicos Outros Metalúrgicos Fab de Fundidos e Fo~ados de Aço Fab de outros Prod metalúrgicos

Maqs Tratores Maqs Tratores Maqs Tratores Máquinas e Equipamen Fab de Maq, equipe instalações, inclusive peças e acess Fab de tratores e Maq rodoviárias, inclusive peças e acess

Maqs Eletricas Maqs Eletricas Maqs Eletricas Material Elétrico Fab de equip para produção e distribuição de energia elétrica Fab de condutores e outros materiais elétrioos, exclusiva para veículos Fab de ap eq elétricos, lncl eletrodoms, máq e utens p/ escrit peças e aces

TV, Rádio e Som Fab de receptores de tv, rádio e equip de som Eq Eletrônico Eq Eletrônico Eq Eletrônico Equipamentos Eletrônic Fab de material e aparelhos eletrônicos e de comunicações Auto, Cam Onibus Auto, Cam Onibus Auto, Cam Onibus Automóveis, Cam. e Or Fab de automóveis, caminhões e ônibus O Veículos O Veículos O Veículos Peças e outros veículo Fab de motores e peças para veículos

Fab de outros veículos FORA MadeMob Madeira e Mobiliário Madeira Indústria da madeira

Mobiliário Não cobre Mobiliário FORA Pape Gráf Papel e Gráfica Celulose e Papel Fab de celulose e pasta mecânica Não cobre Gráfica

Gráfica Fab de papel, papelão e artefatos de papel Borracha Borracha Borracha lnd. Da Borracha Indústria da borracha Química Química Elementos Químicos Elementos Químicos Produção de elementos químicos não-petroquímicos ou carboquímicos

Refino Petróleo e Petro Refino do Petróleo Refino de Petróleo Petroquímica - Petroquimica básica e intermediária Alcool Fab de resinas, fibras artificiais e sintéticas e elastõmeros

Fab de adubos, fertilizantes e corretivos do solo Químicos diversos Químicos Diversos Fab de Prod químicos diversos

Farrne Perf Farme Perf Farmaceutica e Perfum Farmácia Indústria farmacêutica Perfumaria Indústria de perfumaria, sabões e velas

Plastico Plastico Plastico Artigos Plásticos Fab de laminados plásticos Fab de artigos de material plástico

124-125

Page 134: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

BASES DE DADOS • TRADUTOR DE CLASSIFICAÇÓES ENTRE AS BASES DE VP CTASxHAGUENxMESQ CTASxHAGUENAUER CONTAS NACS • 90198 HAGUENAUER • 85/96 MESQUITA· 89198 • Nlvel100

Têxtil Têxtil Têxtil Indústria Têxtil Beneficiamento, fiaçao e tecelagem de fibras têxteis naturais Fiaçao e tecelagem de fibras têxteis artificiais ou sintéticas Outras indústrias têxteis

Vestuário Vestuário Vestuário Artigos do Vestuário Fab de artigos do vestuário e acess FORA Calçados e Couros Calçados e Couros Calçados Fab de calçados

Couro Nao cobre Couros Alim Bebe Fumo Alim Beb e Fumo Café Indústria Café Indústria do café

Benef Prods veg Onclui Alimentos Beneficiados Moagem de trigo Prep de conservas de frutas e legumes, incl sucos e condimentos

Fumo Indústria do fumo Abate Abate de Animais Abate de animais {exceto aves) e preparaçao de carnes

Abate e Preparaçao Aves Laticínios lnd. De Laticlnios Resfriamento e preparaçao do leite e laticínios Açucar Fabricaçao de Açucar Indústria do açúcar Oleos Vegetais Fab Óleos Vegetais Refino de óleos vegetais e Fab de gorduras para alimentaçao

F ab de Alimentos para Animais O Alimentares Outros Alimentares Outras indústrias alimentares

Bebidas Indústria de bebidas FORA Diversas Diversas Indústrias Diversas Nao cobre Diversas

124-125

Page 135: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

VP· Contas Nacionais do Brasil Agregaçio: Nivel50 Em percentagem do total da lnd transformação • % • (todas as atividades) 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Mn Não Metálicos 3,98 4,16 3,89 3,70 3,79 3,74 3,62 3,87 4,14 Siderurgia 5,64 5,86 6,59 6,11 5,93 5,66 5,42 5,23 4,94 Não ferrosos 2,48 2,43 2,24 2,04 2,22 2,32 2,30 2,13 2,20 o Metalúrgicos 4,79 4,81 4,61 4,63 4,83 4,83 4,71 4,84 4,70 Maqs Tratores 5,98 5,27 5,73 5,86 5,92 5,53 5,28 5,26 5,28 Maqs Eletricas 3,21 2,92 2,93 2,83 2,85 3,19 2,98 3,00 3,10 Eq Elelr6nico 3,52 3,12 2,45 2,59 2,93 3,62 3,54 3,12 2,48 Auto, Cam Onibus 3,13 3,15 3,08 3,46 3,75 4,74 4,75 5,25 4,15 OVelculos 4,27 3,80 3,91 4,25 4,48 4,61 4,40 4,37 3,95 Madeira e Mobifiário 3,11 2,85 2,56 2,80 2,93 3,00 3,00 2,88 2,84 Papel e Gráfica 4,79 5,42 4,84 4,34 4,29 4,83 4,82 4,68 4,81 Borracha 1,60 1,60 1,64 1,65 1,64 1,62 1,53 1,55 1,43 Elementos Qulmicos 2,81 3,35 3,38 3,51 3,37 2,79 2,89 3,25 3,08 Refino Petróleo e Petroqulmica 11,44 10,87 12,39 12,95 11,48 9,94 9,88 10,39 11,23 Químicos diversos 4,09 4,44 4,17 3,94 3,90 3,73 3,96 4,09 4,18 Farmaceutica e Perfumeria 2,24 2,13 2,41 2,63 2,42 2,48 2,52 2,84 3,18 Plastico 2,16 2,09 1,88 1,94 1,80 1,97 2,13 2,09 2,07 Têxtil 5,73 5,33 4,78 4,49 4,31 4,23 4,01 3,64 3,50 Vestuário 3,18 2,64 2,36 2,26 2,16 2,25 2,20 1,94 1,93 Calçados e Couros 1,82 1,69 1,68 1,72 1,47 1,36 1,33 1,24 1,07 Café 0,98 1,08 0,99 1,18 1,66 1,36 1,45 1,44 2,00 Benef Prods veg (inclui Fumo) 3,76 4,05 4,27 4,15 4,42 4,40 4,79 4,86 4,89 Ablite 3,72 4,00 3,96 4,15 4,07 4,16 4,13 4,02 4,33 Laticínios 1,75 1,89 1,80 1,73 1,65 1,90 1,98 1,91 1,99 Açucar 1,14 1,35 1,46 1,24 1,41 1,29 1,33 1,39 1,48 Oleos Vegetais 2,15 2,35 2,80 2,65 2,87 2,73 3,07 3,02 2,97 O Alimentares 4,83 5,58 5,51 5,40 5,67 6,02 6,36 6,09 6,42 Diversas 1,69 1,75 1,71 1,81 1,77 1,68 1,63 1,60 1,65 T otallnd Transformação 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte dos dados básicos: Tabeles de Usos dos Bens e Serv!9.2! - Com~nentes do Valor ~!!lado, vários anos

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VP Haguenauer Em eercentagem do total da lnd Transforma21o • o/o • ftodas as atividades! 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Minerais Nlo metálicos 3,10 3,44 4,55 4,51 4,80 4,72 4,76 5,23 4,95 4,85 4,86 5,07 Siderurgia 7,44 7,02 6,88 6,82 6,56 5,76 5,50 6,70 6,61 6,76 6,43 6,44 Metalurgia NAo ferrosos 2,61 2,58 2,33 2,11 2,23 2,02 1,92 1,67 1,47 1,54 1,68 1,74 Outros Metalúrgicos 4,01 3,88 3,79 3,51 3,50 3,11 2,90 3,18 3,11 3,31 3,27 3,23 Máquinas e Equipamentos 5,91 6,61 7,82 8,07 9,27 7,89 6,41 6,05 6,51 6,76 6,65 5,49 Material Elétrico 2,89 3,29 2,92 3,12 2,98 3,49 2,64 2,17 2,02 2,00 2,15 2,14 Equipamentos Eletrônicos 1,97 2,24 1,99 2,12 2,03 2,38 1,80 1,29 1,17 1,12 1,28 1,26 TV, Rádio e Som 0,96 1,20 1,07 1,12 1,08 1,44 1,20 0,82 0,93 1,06 1,20 1,28 Automóveis, Cam. e Onibus 3,75 3,63 3,82 4,56 3,78 4,07 4,41 4,80 5,24 5,42 5,65 5,27 Peças e outros veiculos 3,68 4,21 3,75 4,89 4,96 5,16 4,42 4,64 5,04 5,55 5,58 5,67 Madeira 1,25 1,46 1,53 1,13 2,09 2,00 1,88 1,74 2,02 2,15 2,18 2,12 Mobiliário 1,21 1,32 1,62 1,48 1,90 2,13 1,92 1,60 1,87 1,85 2,18 2,52 Celulose e Papel 2,82 2,75 2,94 3,23 3,43 3,20 3,37 3,51 3,38 2,97 3,44 3,11 Gráfica 1,35 1,32 1,41 1,55 1,64 1,54 1,62 1,68 1,62 1,43 1,65 1.49 lnd. Da Borracha 1,66 1,48 1,59 1,57 1,07 1,09 1,14 1,52 1,72 1,74 1,66 1,67 Álcool 1,76 1,42 1,56 1,30 1,02 1,06 1,06 1,03 0,87 0,94 0,78 0,92 Elementos Qufmicos 1,30 1,10 1,21 1,19 1,02 1,11 1,07 1,07 1,07 1,09 0,99 0,99 Refino do Petróleo 5,57 5,15 5,73 5,02 3,81 4,49 4,51 5,03 5,40 5,03 4,15 4,58 Petroqulmica 7,76 6,57 6,84 6,59 6,21 6,44 7,65 8,66 8,57 7,51 6,93 6,23 Quimicos Diversos 4,60 3,89 4,28 4,22 3,60 3,94 3,79 3,84 3,52 3,60 3,57 3,84 Farmácia 1,18 1,23 1,16 1,11 0,99 1,12 1,44 1,47 1,74 1,82 1,99 2,05 Perfumaria 0,84 0,94 1,11 1,23 1,41 1,90 1,79 2,13 2,08 2,01 1,93 2,08 Artigos Plásticos 1,93 1,90 1,85 1,76 1,99 1,93 1,89 1,62 1,65 1,65 1,81 1,91 Indústria Têxtil 5,79 6,13 5,12 5,16 4,71 4,18 3,90 3,36 3,20 2,99 2,76 2,57 Artigos do Vestuário 3,00 2,96 2,58 2,50 4,37 3,71 3,56 2,50 2,54 2,07 1,90 1,65 Calçados 1,44 1,50 1,18 1,03 1,06 0,72 0,67 0,57 0,70 0,64 0,57 0,55 Couro 0,61 0,76 0,68 0,76 0,80 0,66 0,57 0,57 0,63 0,60 0,46 0,42 Indústria Café 1,60 1,94 0,97 0,74 0,75 0,76 0,67 0,71 0,80 0,97 0,92 0,99 Alimentos Beneficiados 2,98 3,68 3,35 3,45 2,96 3,30 4,14 4,02 3,51 3,86 3,88 4,27 Fumo 0,60 0,65 0,89 0,86 1,00 1,25 1,29 1,17 1,13 0,91 0,90 1,02 Abate de Animais 2,83 2,39 2,31 2,11 2,30 2,50 2,83 2,63 2,34 2,51 2.43 2.49 lnd. De Laticinios 1,65 1,65 2,11 1,74 1,81 2,18 2,51 2,52 2.43 2,42 2,87 3,13 Fabricação de Açucar 1,55 1,29 1,43 1,06 0,75 0,85 0,94 1,01 0,82 0,97 0,88 0,92 Fab Óleos Vegetais 2,80 2,06 1,62 2,39 2,08 1,71 1,95 1,99 1,87 1,66 1,73 1,49 Outros Alimentares 2,69 3,06 .. ,.2,69 2,93 2,85 2,44 3,22 3,14 2,88 3,05 2,99 3,48 Bebidas 1,07 1,28 1,37 1,16 1,31 1,81 2,56 2,46 2,64 3,12 3,60 3,82 Indústrias Diversas 1,82 1,99 1,97 1,87 1,88 1,94 2,11 1,90 1,94 2,10 2,09 2,10 Indústria Transformação 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 127

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VPMesquita Produção 1989/1998 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

410 Fabricação de cimento e clinquer 0,73 o.n 0,92 1,31 1,02 1,04 0,93 1,06 1,17 1,31 420 Fabricação de peças e estruturas de cimento, concreto e fibn 0,64 0,49 0,61 0,45 0,43 0,45 0,42 0,44 0,45 0,54 430 Fabricação de vidro e artigos de vidro 0,45 0,50 0,49 0,54 0,59 0,56 0,60 0,62 0,71 0,70 440 Fabricação de outros produtos de minerais não-metálicos 1,78 1,47 1,47 1,51 1,67 1,61 1,54 1,50 1,57 1,69 510 Siderurgia 9,64 8,27 8,81 5,85 5,86 5,40 5,12 5,11 5,15 4,98 610 Metalurgia dos não-ferrosos 2,87 2,68 2,89 2,33 2,05 2,12 2,13 2,19 2,19 2,15 710 Fabricação de Fundidos e Forjados de Aço 1,10 0,84 0,75 0,72 0,77 0,73 0,66 0,57 0,65 0,62 720 Fabricação de outros produtos metalúrgicos 4,03 3,61 3,18 4,06 4,08 3,46 3,44 3,43 3,50 3,51 810 Fabricação de máquinas, equipamentos e instalações, inclus 4,66 4,48 3,57 4,26 4,15 4,28 4,15 3,38 3,41 3,29 820 Fabricação de tratores e máquinas rodoviárias, inclusive peç, 0,99 0,67 0,40 0,61 0,77 1,05 0,66 0,51 0,71 0,79

1010 Fabricação de equipamentos para produção e distribuição de 0,76 0,82 0,61 0,85 0,73 0,67 0,58 0,56 0,59 0,60 1020 Fabricação de condutores e outros materiais elétricos, excluf 1 ,56 1,66 1,66 1,58 1,60 1,62 1,65 1,64 1,68 1,80 1030 Fabricação de aparelhos e equipamentos elétricos, Inclusive 1,74 1,99 1,67 1,78 1,60 1,56 1,64 1,46 1,21 1,07 1110 Fabricação de material e aparelhos eletrônicos e de comunic 3,13 2,62 1,94 2,21 2,70 2,32 2,33 2,35 1,62 1,44 1120 Fabricação de receptores de tv, rádio e equipamentos de sor 1,70 1,60 1,33 1,27 1,73 1,67 1,81 1,89 1,67 1,13 1210 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus 7,04 6,50 6,03 6,94 7,14 8,48 10,84 10,05 10,67 8,62 1310 Fabricação de motores e peças para veículos 3,86 3,66 2,76 3,80 4,24 4,14 3,98 4,19 4,32 3,64 1340 Fabricação de outros veículos 1,08 1,03 0,94 0,64 0,69 0,67 0,64 0,65 0,72 0,84 1410 Indústria da madeira 1,03 0,77 0,69 0,81 1,05 0,83 0,79 0,76 0,76 0,73 1510 Fabricaçao de celulose e pasta mecênica 0,47 0,47 0,54 0,70 0,52 0,62 0,81 0,72 0,61 0,66 1520 Fabricação de papel, papelão e artefatos de papel 3,32 3,10 3,56 2,89 2,76 2,82 3,57 3,22 2,99 3,05 1610 Indústria da borracha 1.59 1,64 1,76 1,61 1,52 1,49 1,54 1,53 1,50 1,43 1710 Produção de elementos químicos não-petroquímicos ou carb 0,86 0,98 1,08 1,62 1,66 1,42 1,36 1,33 1,35 1,33 1810 Refino de Petróleo 5,07 6,81 7,05 6,47 6,30 5,95 5,43 5,92 6,33 7,51 1820 Petroquimica básica e intermediária 2,08 2,21 2,03 2,48 2,40 2,22 2,05 1,94 2,04 2,11 1830 Fabricação de resinas, fibras artificiais e sintéticas e elastôm 2,74 2,23 2,73 2,77 2,49 2,36 2,12 1,92 2,00 2,00 1910 Fabricação de adubos, fertilizantes e corretivos do solo 1,00 0,94 1,01 1,03 0,86 1,10 0,98 1,11 1,14 1,13 1920 Fabricaçao de produtos químicos diversos 2,93 3,74 4,57 3,35 3,06 2,71 3,03 3,46 3,61 3,77 2010 Indústria farmacêutica 1,35 1,69 1,97 2,13 2,16 2,49 2,96 3,01 3,59 4,22 2020 Indústria de perfumaria, sabões e velas 1,17 1,43 1,54 1,97 2,08 1,89 1,86 1,98 2,01 2,16 2110 Fabricação de laminados plásticos 0,71 0,60 0,47 0,43 0,52 0,50 0,50 0,50 0,45 0,42 2120 Fabricação de artigos de material plástico 1,99 1,65 1,71 2,31 1,79 1,86 1,93 2,07 2,01 2,04 2210 Beneficiamento, fiaçao e tecelagem de fibras têxteis naturais 3,19 2,94 2,61 2,88 2,35 2,20 1,87 1,67 1,47 1.41 2220 Fiação e tecelagem de fibras têxteis artificiais ou sintéticas 1,17 1,21 1,06 0,91 1,01 0,80 0,70 0,65 0,54 0,51 2230 Outras indústrias têxteis 1,73 2,06 1,71 1,45 1,96 1,87 1,69 1,58 1,49 1,35 2310 Fabricação de artigos do vestuário e acessórios 4,02 4,06 4,01 2,60 3,43 3,85 1,98 1,70 1,43 1,40 2420 Fabricação de calçados 1,75 2,06 1,63 2,04 2,31 1,74 1,48 1,43 1,18 1,03 2510 Indústria do café 0,47 0,49 0,38 0,49 0,41 0,63 0,61 0,65 0,63 0,61 2620 Moagem de trigo 0,56 0,60 0,73 0,82 0,71 0,55 0,69 0,84 0,75 0,80 2630 Preparação de conservas de frutas e legumes, inclusive succ 1,26 1,53 1,52 1,39 1,26 1,23 1,10 1,48 1,60 1,65 2710 Abate de animais (exceto aves) e preparação de carnes 1,76 2,12 2,28 2,37 2,19 2,53 2,22 1,27 1,45 1,22 2720 Abate e Preparaçao Aves 0,72 1,02 1,02 1,35 1,14 1,29 1,31 2,24 2,06 2,23 2810 Resfriamento e preparação do leite e laticínios 2,33 2,45 2,73 2,67 2,71 2,63 3,20 1,35 1,36 1,53 2910 Indústria do açúcar 1,15 1,32 1,61 1,84 1,73 1,86 1,66 3,46 3,22 3,21 3020 Refino de óleos vegetais e fabricação de gorduras para alirrtE 0,74 0,70 0,86 0,98 0,97 1,01 1,11 1,74 1,75 1,86 3110 Fabricação de Alimentos para Animais 0,51 0,61 0,82 0,82 0,74 0,96 0,90 0,97 0,99 1,27 3120 Outras indústrias alimentares 2,28 2,16 2,83 2,86 2,95 3,44 3,58 1,11 1,03 1,06 2650 Indústria do fumo 0,89 1,13 1,46 1,23 1,12 1,08 1,14 3,86 3,79 4,55 3130 Indústria de bebidas 1,38 1,61 1,99 2,03 2,04 2,22 2,75 2,89 2,91 3,02

100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

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BASE DE DADOS CENSO INDUSTRIAL DE 1985 -PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE 1998

(a) (b) (c) (d) VTI, PO e SALARIOS 1985 e 98 ( e ) CNAE3 GRUPO· 3 dlgltDs Generos Agregaçio Gen Competitl CaWso lntTecn OCDE VTI85 VTI98 P085 P098 SAL85 SAL98

151 Abate Produtos Allment Alim. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 2,02 2,74 2,74 3,91 1,79 2,37 152 Conservas e sucos Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo calim bcnd baixa recnat 0,86 1,29 o.n 0,97 0,52 0,62

153 Óleos vegetais Produtos Aliment Allm. Beb. Fumo callm bint baixa recnat 1,57 1,52 o.n 0,48 0,85 0,58 154 Latiolnios Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 1,03 2,21 1,22

~ 1,85 --

155 Rações Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo calim bint baixa recnat 1,57 2,12 1,70 1,40

156 Açôcar Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo calim bint baixa recnat 1,30 1,41 1,58 2,29 1,13 1,39

157 Café Produtos Allment Alim. Beb. Fumo callm bcnd baixa recnat 0,61 0,60 0,44 0,41 0,36 0,35 158 Outras Alimentares Produtos Allment Alim. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 2,05 3,11 3,52 5,36 2,11 3,27

159 Bebidas Bebidas Allm. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 1,23 3,61 1,49 1,96 1,43 2,40 160 Fumo Fumo Allm. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 0,36 0,99 0,34 0,42 0,47 0,63

172+ 173 Fiação mais Tecelagem Têxtil Têxtil, Vest.Calçaclos oommod bint baixa lnl trab 4,08 0,61 4,50 1,07 3,33 0,71

171 Beneficíamento fl>ras naturc Têxtl Têxtl, VestCalçados trad bint baixa int trab 0,50 1,12 0,38 1,27

174 Artefatos Têxteis Têxtl !Têxtil, VestCalçados :mod~ baixa int trab 0,32 0,29 0,42 0,50 0,29 0,37

175 Serviços de acabamento Têxtl Têxtl, Vest.Calçados baixa int trab 0,69 0,19 o,n 0,40 0,57 0,25 176 Artefatos de tecidos TêxtD Têxtil, Vest.Calçados trad blnt baixa inl trab 0,71 0,67 0,90 1,23 0,63 0,84

177 Malharia Têxtil TêxiH, Vest.Calçados trad bint baixa int trab 0,26 0,29 0,39 0,53 0,27 0,33

181 Vestuário Vestuário TêxtH, Vest.Calçados trad bcnd baixa int trab 2,99 2,15 6,34 7,05 2,99 3,08

182 Acessórios Vestuário Têxtil, VestCalçados trad bcnd baixa int trab 0,26 0,10 0,57 0,28 0,28 0,16

191 Curtimento do oouro Couro Têxtil, Vest.Calçados oommod bint baixa recnat 0,49 0,26 0,69 0,61 0,45 0,37 ···--·

192 Artigos de oouro Couro Têxtl, VestCalçados trad bcnd baixa recnat 0,05 0,15 0,14 0,43 0,07 0,18

193 Calçados Calçados Têxtl, VestCalçados trad bcnd baixa int trab 1,49 5,05 4,2~ 201 Desdobramento Madeira Madeira Madeira e Mobiliário oommod bint baixa recnat 0,38 1,69 1,53 ,55

202 Produtos de madeira Madeira Madeira e Mobftlário trad blnt baixa recnat 0,89 0,78 1,83 2,19 1,03 1,14

211 Celulose e pasta Papel e Celulose Papel e GráfiCa oommod bint mdbaixa recnat 0,57 0,68 0,28 0,21 0,47 0,44

212 Papel e papelão Papel e Celulose Papel e Gráfica oommod bint md baixa recnat 1,37 1,03 1,21 0,70 1,55 1,09

213 Embalagens de papel Papel e Celulose Papel e Gráfica oommod bint baixa recnat 0,69 0,90 0,85 0,95 0,78 0,93

214 Artefatos de papel Papel e Celulose Papel e Gráfica oommod bcnd baixa escala 0,63 1,00 0,50 0,88 0,56 1,01

221 Edição e Impressão Editorial e Gl'áfia Papel e Gráfica lrad bcnd baixa escala 1,75 4,57 2,53 3,09 2,62 4,53

222 Impressão e serviços Editorial e Gráfic! Papel e GráfiCa trad bcnd baixa escala 0,22 o~ 0,37 0,81

223 Reprodução de material gra Editorial e Grãflc! Papel e Gráfica trad bcnd mdbaixa escala 0,07 o, 0,04 0,11

231 Coquerias Combustiveis Siderurugia e Metal oommod blnt mdbaixa recnat 0,08 0,00 o, 11 0,00 0,21 0,00

232 Refino do Petróleo Combustfveis Qulmica oommod bint mdbaixa recnat 6,47 4,23 0,78 0,46 2,31 1,n

234 Aloool Combustfvels Química oommod bcnd md baixa recnat 1,82 1,03 1,35 1,19 1,52 0,95

241 Qulmloos Inorgânicos Qulmica Química oommod blnt md alta escala 1,D4 1,53 0,56 0,71 0,96 1,21 129/131

Page 139: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

BASE DE DADOS CENSO INDUSTRIAL DE 1985 ·PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE 1998

(a) (b) (c) (d) VTI, PO e SALARIOS 1985 e 98 ( e) CNAE3 GRUPO - 3 dlgltos Generos Agregaçio Gen CompeiJti CatUso lntTecn OCDE V1185 V1198 P085 P098 SAL85 SAL98

242 Químicos Orgânicos Qulmlca Química oommod bint mdalta escala 3,53 1,44 1,07 0,44 2,19 1,11 243 Resinas e elastômeros Química Química oommod bínt mdalta escala 1,35 1,36 0,50 0,30 1,08 0,95 244 Fios, fibras, cabos e filamen Qui mica Quimíca oommod bint mdalta escala 0,43 0,17 0,32 0,13 0,74 0,21 245 Farmacêutica Farmacêutica Farmacêutica Difusor bcnd alta oiênoia 1,71 3,99 1,06 1,69 1,67 3,56 246 Defensivos Agrloolas Qulmloa Química Difusor bint alta escala 0,68 0,61 0,19 0,15 0,58 0,48 247 Sabão, detergente e Perfulll Perfumaria Quimioa trad bcnd md alta escala 0,88 2,01 0,83 1,25 0,96 1,62 248 Tintas e vernizes Química Química oommod bint mdalta escala 0,73 0,68 0,46 0,47 o,n 0,76 249 Outros químicos Química Qui mica lrad bint mdalta escala 1,42 1,40 0,72 0,91 1,08 1,46 251 Borracha Borracha Química oommod bint mdbaixa escala 1,931 1,46 1,36 1,30 1,87 1,72 252 Plástico Plástico Plástioo trad blnt mdbaixa escala 2,26 2,87 2,76 4,00 2,29 3,41 261 Vidro Minerais não mel Minerais não metálicos trad bint mdbaixa escala 0,72 0,59 0,60 0,49 0,76 0,63 262 Cimento Minerais não mel Minerais não metálicos oommod bint mdbaixa reonat 0,88 1,22 0,47 0,29 0,60 0,49 263 Artefatos de concreto, etc. Minerais não me Minerais não metálicos trad bínt mdbaixa reonat 1,51 0,80 0,93 1,37 0,60 0,96 264 Cerâmica Minerais não me Minerais não metálicos trad bint mdbaixa reonat 1,03 1,10 2,63 2,69 1,40 1,49 269 Pedras e outros não melálio Minerais não me Minerais não metálicos lrad bint mdbaixa reonat 0,80 0,45 1,07 0,84 0,73 0,52 271 Siderúrgicas integradas Siderurgia Siderurugia e Metal commod bint mdbaixa escala 2,64 2,90 1,40 1,16 2,29 2,53 272 Produtos siderúrgicos Siderurgia Siderurugía e Metal commod bint mdbaixa escala 3,01 0,57 1,82 0,49! 2,72 0,58 273 Tubos Outros metalúrgic Siderurugia e Metal trad bint mdbaixa escala 0,41 0,48 0,32 0,34 0,47 0,44 274 Não Ferrosos Metalurgia dos n~ Slderurugia e Metal commod bínt mdbaixa escala 1,76 1,43 0,99 0,82 1,39 1,28 275 Fundição Outros metalúrgic Siderurugla e Metal trad bínt mdbaixa escala 0,86 0,37 1,25 0,66 1,34 0,51

281 Estruturas Metálicas e oalde Outros metalúrgic Siderurugla e Metal trad bint mdbaixa int trab 0,44 0,71 0,95 1,38 0,73 0,98

282 Tanques e reservatórios me Outros metalúrgk Siderurugia e Metal trad bk mdbaixa int trab 0,26 0,15 0,30 0,19 0,42 0,18

283 Fo~aria Outros metalúrgk Siderurugla e Metal trad bint mdbaixa int trab 1,49 0,71 1,93 1,17 2,05 1,06

284 Cutelaria Outros metalúrgk Siderurugia e Metal trad bond mdbaixa int trab 0,70 0,77 0,88 1,07 0,79 0,96

289 Outras metalúrgicas Outros metalúrgic Siderurugia e Metal trad bint mdbaixa int trab 1,34 1,77 1,52 2,45 1,49 2,33

294+296 Maquinas ferramenta Maquinas e equi~ Metal mecânica Difuso r bk md alta diferenciado 2,11 1,50 2,40 1,64 3,33 2,31

291 Motores, bombas e compres Maquinas e equi~ Metalmecãnica Difusor bk md alta diferenciado 1,32 1,41 1,09 1,18 1,52 1,77

292 Máquinas e equips de uso g Maquinas e equ~ Metalmecânica Difuso r bk md alta diferenciado 1,50 1,51 1,71 1,42 2,28 1,81

293 Tratores e outras para agtfa Maquinas e equi~ Metal mecânica Difuso r bk md alta diferenciado 1,20 0,66 1,08 0,67 1,28 0,76

295 Maqs e Equlp. para extr. é o Maquinas e equi~ Metalmeoãnica Difusor bk mdalta diferenciado 0,43 0,53 0,33 0,33 0,47 0,53

297 Armas e munições Maquinas e equ~ Metalmeoãnica Difuso r bk mdalta diferenciado 0,58 0,10 0,33 0,11 0,55 0,09

298 Fabricação de Eletrodomést Eletrodomésticos Metal mecânica dur cd mdalta diferenciado 0,91 1,09 0,84 0,91 0,95 1,21

301 Máquinas para Escritório Eletrônica Difuso r bk alta ciência 0,19 0,21 0,15 0,08 0,25 0,16

302 Processamento de dados Eletrônica Difuso r bk alta ciência 0,65 0,36 0,33 0,20 0,65 0,33 129/131

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BASE DE DADOS CENSO INDUSTRIAL DE 1985- PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE 1998 (a) (b) (c) (d) VTI, PO e SALARIOS 1985 e 98 ( e )

CNAE3 GRUPO • 3 dlgitoe Generot Agregaçio Gen Competltt CatUto lntTecn OCDE Vfl85 Vfl98 P085 P098 SAL85 SAL98

311 Geradores e T ransfonnado~ Equipam. P/Enen. Maqs e outros elétricos Difusor bk md alta difereooado 0,82 0,73 0,77 0,68 0,98 1,07

312 Equips.Distribuiçao de Enen. Equipam. P/Enen, Maqs e outros elétrioos Difuso r bk mdalta diferenciado 0,58 0,70 0,62 0,53 0,80 0,62

313 Fios, ~os e condutores elétricos Maqs e outros elétricos commod bint mdalta difereooado 0,60 0,51 0,36 0,39 0,48 0,47 314 Pilhas e baterias Maqs e outros elétricos trad bint md alta diferenciado 0,20 0,19 0,18 0,17 0,24 0,22

315 Lampadas e equip. de lumlnaçêo Maqs e outros elétricos commod bcnd md alta difereooado 0,33 0,32 0,40 0,41 0,38 0,47 316 Material Elétrico para velcutos Maqs e outros elétricos trad bint md alta diferenciado 0,52 0,41 0,53 0,43 0,71 0,67 319 Outros equipamentos elétricos Maqs e outros elétricos trad bint md alta difereooado 0,25 0,31 0,24 0,35 0,30 0,36

321 Materiai Eletr6nico Básico 8etr6nica Eletrônica Difusor blnt alta ciência 0,61 0,40 0,55 0,39 0,74 0,57

322 Equip. de transmtssao de TV e rádio Maqs e outros elétricos Difusor bk alta ciência 0,98 1,55 0,90 0,50 1,21 1,14 323 Equip. de recepção de TV, som e video Maqs e outros elétricos Difusor cd alta ciência 1,10 0,78 0,61 0,55 0,69 0,79

331 ' Apar.equipam. médicos e hospitalares Maqs e outros elétricos Difuso r bk md alta difereooado 0,24 0,35 0,22 0,44 0,22 0,44

332 . Apar. e·instrum. de medida e controle 8etrônioa Difusor bk md alta diferenciado 0,24 0,29 0,23 0,26 0,27 0,34

333 Máqs p/sist. eletrônicos de automação Eletrônica Difusor bk md alta diferenciado 0,02 0,11 0,01 0,34 0,02 0,17

334 Ap. e instrumentos óticos e fotográfiCOS Maqs e outros elétricos Difusor bk md alta diferenciado 0,14 0,11 0,21 0,17 0,15 0,13

335 Cronômetros e relógios Maqs e outros elétricos dur cd md alta diferenciado 0,15 0,13 0,13 0,07 0,10 0,09

341 Automóveis Equipam.de Tran Equipam.de Transporte duauto cd md alta escala 1,83 3,73 1,91 1,41 3,82 4,01

342 Caminhões e ônl:lus Equipam.de Tran Equipam.de Transporte duauto bk md alta escala 0,79 0,87 0,51 0,33 1,21 1,08

343 Cabines e carrocerias Equipam.de Tran Equlpam.de Transporte duauto bk mdbaixa escala 0,30 0,42 0,50 0,63 0,40 0,67

344 Peças e acessórios para vei Equipam.de T ran Equlpam.de Transporte duaulo bint mdalta escala 2,57 3,02 2,43 2,77 3,42 4,08

345 Reoondicionamento de mote Equipam.de Tran Equipam.de Transporte trad bk baixa escala 0,13 0,09 0,19 0,31 0,15 0,19

351 Construção e reparação de Equipam.de Tran Equlpam.de Transporte Difuso r bk mdbaixa escala 0,64 0,12 0,59 0,13 0,71 0,11

352 Conslfl!ção e reparaçêo de Equipam.de Tran Equipam.de Transporte Difusor bk md alta escala 0,34 0,12 0,29 0,10 0,51 0,12

353 Construção e reparação de Equipam.de Tran Equipam.de Transporte Difuso r bk alta ciência 0,34 0,46 0,24 0,21 0,49 0,48

359 Outros equipamentos de tra Equipam.de Tran Equipam.de Transporte dur cd mdalta escala 0,37 0,46 0,38 0,34 0,32 0,40

361 MobBiário Mobfliário Madeira e MobHiário trad od baixa int trab 1,44 1,47 3,10 3,98 1,72 2,12

369 Diversos Diversos Diversos trad bond mdbaixa In! trab 1,70 0,96 2,37 1,56 1,82 1,08

371+37T Reciclagem trad blnt mdbaixa reonat 0,09 0,05 0,09 0,08 0,11 0,07

(a} Kupfer, 1998 (c) Departamento de Indústria do IBGE ( OCDE, 1997) (b) Depart Indústria do IBGE (d) OCDE, 1988 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

(e) Em percentagem do total da indústria de transformaçao; Dados compatibilizados entre o Censo lndustrial85 e a Pesquisa Industrial de 1998; apenas a estrutura do VTI foi trabalhada nessa tese.

1291131

Page 141: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Base de Contas Nacionais para Confronto com Haguenauer e Mesquita VP Contas Nacionais

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Min Não Metálicos 4,50 4,71 4,36 4,14 4,23 4,20 4,05 4,32 4,62 Siderurgia 6,37 6,64 7,39 6,84 6,63 6,35 6,08 5,84 5,51 O Metalúrgicos 8,21 8,21 7,67 7,46 7,87 8,03 7,86 7,78 7,70 Maqs Tratores 6,76 5,97 6,43 6,56 6,62 6,20 5,92 5,88 5,90 Maqs Elétricas 3,63 3,30 3,28 3,17 3,18 3,58 3,34 3,35 3,46 Eq Eletrônicos 3,97 3,53 2,74 2,90 3,28 4,07 3,96 3,48 2,76 Auto, Cam. e Onibus 3,53 3,57 3,45 3,87 4,19 5,32 5,33 5,86 4,63 O veículos 4,81 4,31 4,38 4,76 5,00 5,17 4,93 4,88 4,41 Borracha 1,80 1,81 1,84 1,85 1,83 1,82 1,71 1,73 1,60 Química 20,70 21,14 22,35 22,84 20,94 18,47 18,75 19,79 20,62 Farme Perf 2,53 2,42 2,70 2,94 2,70 2,78 2,83 3,17 3,55 Plástico 2,44 2,36 2,10 2,17 2,01 2,21 2,39 2,33 2,31 Têxtil 6,46 6,03 5,36 5,02 4,81 4,75 4,50 4,06 3,90 Vestuário 3,59 2,99 2,64 2,53 2,41 2,53 2,46 2,16 2,15 Alim Beb e Fumo 20,70 23,00 23,30 22,95 24,30 24,53 25,90 25,37 26,87 Soma 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Base de Mesquita para Confronto com Contas Nacionais e Haguenauer VP • Mesguita

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Min Não Metálicos 3,85 3,46 3,73 4,08 3,98 3,90 3,75 3,86 4,13 4,49 Siderurgia 10,31 8,84 9,41 6,26 6,28 5,75 5,48 5,45 5,45 5,27 O Metalúrgicos 8,57 7,62 7,29 7,60 7,38 6,72 6,68 6,59 6,71 6,64 Maqs Tratores 6,04 5,49 4,24 5,20 5,27 5,67 5,15 4,15 4,36 4,31 Maqs Eletricas 7,69 7,57 6,29 6,85 7,10 6,56 6,62 6,41 5,39 5,19 Eq Eletrônico 1,82 1,71 1,42 1,36 1,85 1,78 1,93 2,02 1,77 1,19 Auto, Cam Onibus 7,53 6,95 6,45 7,41 7,64 9,03 11,61 10,71 11,29 9,12 O Veículos 5,29 5,00 3,95 4,75 5,28 5,11 4,95 5,15 5,34 4,73 Borracha 1,70 1,76 1,88 1,72 1,62 1,59 1,65 1,63 1,58 1,51 Química 15,71 18,05 19,73 18,94 17,96 16,n 16,03 16,72 17,44 18,89 Farm e Perf 2,70 3,34 3,75 4,38 4,54 4,66 5,16 5,32 5,93 6,75 Plastico 2,90 2,40 2,33 2,93 2,48 2,50 2,61 2,74 2,60 2,60 Têxtil 6,52 6,63 5,75 5,60 5,70 5,18 4,57 4,15 3,70 3,47 Vestuário 4,30 4,34 4,29 2,78 3,67 4,10 2,12 1,82 1,51 1,48 Alim Beb e Fumo 15,05 16,83 19,49 20,14 19,25 20,67 21,70 23,30 22,80 24,34 Soma 1~001~001~001~001~001~001~001~001~001~00

132

Page 142: Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial ...

Base de Haguenauer ~!ara Confronto com Contas Nacionais e Mesgulta VP Haguenauer

Atividades 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 19SI6 Min Não Metálicos 3,47 3,87 5,13 5,07 5,51 5,37 5,42 5,~11 5,63 5,49 5,56 5,78 Siderurgia 8,32 7,90 7,76 7,67 7,53 6,56 6,26 7,57 7,52 7,65 7,36 7,~14

o Metalúrgi•:::os 7,40 7,27 6,90 6,32 6,5? 5,84 5,49 5,49 S,22 5,50 S,66 5,Ei7 Macjs Tratores 15,60 7,44 8,81 9,08 10,63 8,98 7,29 6,84 7,42 7,66 7,60 6,27 Maq~ Elétricas 4,30 5,06 4,50 4,77 4,65 5,61 4,36 3,39 3,36 3,47 3,83 3,~10

Eq E;.letrônicos 2,20 2,52 2,25 2,39 2,33 2,71 2,04 1,45 1,33 1,27 1,46 1,44 Auto, Cam. e Onibus 4,19 4,08 4,31 5,12 4,34 4,64 5,01 5,43 S,96 6,14 13,46 6,00 o verculos ·~.11 4,74 4,23 5,50 5,68 5,88 5,03 5,25 5,73 6,28 6,39 6,46 Borracha 1,86 1,66 1,80 1,77 1,23 1,24 1,30 1,72 1,96 1,97 1,90 1,90 Química 23,46 20,40 22,12 20,61 17,96 19,41 20,58 22,19 22,13 20,58 18,79 18,87 Farm e Perf 2,25 2,44 2,55 2,63 2,75 3,44 3,69 4,07 4,35 4,34 4,48 4,71 Plástico 2,16 2,14 2,09 1,98 2,29 2,20 2,15 1,84 1,88 1,87 2,07 2,18 Têxtil 6,47 6,90 5,78 5,80 5,40 4,76 4,43 3,80 3,65 3,39 3,16 2,93 Vestuário 3,36 3,34 2,91 2,81 5,0'1 4,23 4,05 2,82 2,89 2,34 2,18 1,88 Alim Beb e Fumo 19,87 20,24 18,87 18,49 18,1:3 19,13 22,89 22,23 20,96 22,05 23,10 24,66 Soma 100100 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100100

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