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UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE DISTRIBUIÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM OPERAÇÕES HUMANITÁRIAS Sergio Ricardo Argollo da Costa (UNIGRANRIO) [email protected] Renata Albergaria de Mello Bandeira (IME) [email protected] Vania Barcellos Gouvea Campos (IME) [email protected] Eventos da natureza caracterizam-se como desastres quando ocorrem em regiões povoadas, provocando a destruição da infra-estrutura local e levando pessoas ao estado de privação e sofrimento. Nas últimas três décadas, as ocorrências de desasttres naturais têm aumentado significativamente. Imediatamente após a ocorrência destas catástrofes, iniciam-se operações humanitárias com intuito de prestar rápido socorro às vítimas, direcionadas a diferentes aspectos, como remoção ou resgate de mortos e feridos, distribuição dos recursos disponíveis, dificuldade de acesso aos locais mais remotos e o suprimento imediato de abrigo, alimentos e ajuda médica. Em operações humanitárias, o atraso no envio da ajuda pode custar vidas. Portanto, uma logística eficiente é um fator-chave de sucesso, pois garante o fluxo adequado de bens e serviços em uma cadeia de suprimentos complexa. Apesar das similaridades existentes entre as logísticas humanitária, comercial e militar; no contexto humanitário o ambiente que se instala é considerado “wicked”, em constante mutação, com escassez e até mesmo falta de recursos adequados (materiais, humanos e financeiros), privado da infra- estrutura necessária para as operações de movimentação, armazenagem e distribuição; e guiado por uma demanda incerta. Diante da necessidade de preparação destas operações em resposta rápida a um desastre, desenvolveu-se XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE

DISTRIBUIÇÃO NA CADEIA DE

SUPRIMENTOS EM OPERAÇÕES

HUMANITÁRIAS

Sergio Ricardo Argollo da Costa (UNIGRANRIO)

[email protected]

Renata Albergaria de Mello Bandeira (IME)

[email protected]

Vania Barcellos Gouvea Campos (IME)

[email protected]

Eventos da natureza caracterizam-se como desastres quando

ocorrem em regiões povoadas, provocando a destruição da

infra-estrutura local e levando pessoas ao estado de

privação e sofrimento. Nas últimas três décadas, as

ocorrências de desasttres naturais têm aumentado

significativamente. Imediatamente após a ocorrência destas

catástrofes, iniciam-se operações humanitárias com intuito

de prestar rápido socorro às vítimas, direcionadas a

diferentes aspectos, como remoção ou resgate de mortos e

feridos, distribuição dos recursos disponíveis, dificuldade de

acesso aos locais mais remotos e o suprimento imediato de

abrigo, alimentos e ajuda médica. Em operações

humanitárias, o atraso no envio da ajuda pode custar vidas.

Portanto, uma logística eficiente é um fator-chave de

sucesso, pois garante o fluxo adequado de bens e serviços

em uma cadeia de suprimentos complexa. Apesar das

similaridades existentes entre as logísticas humanitária,

comercial e militar; no contexto humanitário o ambiente que

se instala é considerado “wicked”, em constante mutação,

com escassez e até mesmo falta de recursos adequados

(materiais, humanos e financeiros), privado da infra-

estrutura necessária para as operações de movimentação,

armazenagem e distribuição; e guiado por uma demanda

incerta. Diante da necessidade de preparação destas

operações em resposta rápida a um desastre, desenvolveu-se

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um estudo sobre o processo de logística de distribuição de

doações e itens de ajuda humanitária adotado em três

grandes catástrofes ocorridas no Paquistão (2005), Oceano

Índico (2004) e Japão (2011); e a maior ocorrida no Brasil

(2010). Da análise dos procedimentos foram identificadas

algumas linhas básicas de atuação que podem subsidiar o

desenvolvimento de modelos de resposta rápida em diversos

outros eventos desta natureza.

Palavras-chaves: Logística Humanitária, emergência,

desastres naturais, distribuição, vítimas

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1. Introdução

Os eventos naturais podem ser caracterizados como desastres quando ocorrem

em áreas povoadas, causando a destruição de infraestrutura local e levando à

população a um estado de privação e sofrimento. Nas últimas três décadas, a

ocorrência de desastres naturais tem aumentado significativamente.

Imediatamente após a ocorrência desses desastres, operações humanitárias são

iniciadas com a intenção de prestar uma assistência rápida às vítimas em diferentes

aspectos, tais como remoção ou resgate de mortos e feridos, distribuição de

recursos, fornecimento de ajuda alimentar, abrigo e assistência médica, bem como

restaurar o acesso a locais remotos. Nas ações humanitárias, os atrasos na entrega

ou alívio podem custar vidas. Portanto, a eficiência em logística é um fator chave

de sucesso, porque ela garante o bom fluxo de bens e serviços em uma cadeia de

suprimentos complexa.

A logística ocupa um papel fundamental em operações de resposta a desastres,

pois serve como uma ponte entre a preparação e resposta a desastres, entre

aquisição e distribuição, e entre a sede e o campo, além de ser crucial para a

eficácia e rapidez de resposta para os grandes programas humanitários, tais como

saúde, alimentação, abrigo, água e saneamento (Thomas, 2003).

Considerando a importância da logística para o sucesso de operações de resposta

a desastres, este trabalho apresenta uma análise dos principais processos logísticos

que foram adotados na distribuição de suprimentos de emergência em três dos

maiores desastres internacionais ocorridos na última década: o tsunami no Oceano

Índico em 2004, o terremoto no Pasquistão em 2005 e o tsunami e terremoto no

Japão em 2011. Também é realizada a análise comparativa com a operação de

resposta ao pior desastre natural ocorrido no Brasil, a enchente na região serrana

fluminense em 2011. Baseado na análise destes processos, foram identificados

procedimentos básicos que devem ser seguidos no processo de distribuição na

cadeia de suprimento em operações humanitárias. Tais procedimentos podem servir

como base para o desenvolvimento de modelos para a rápida resposta em eventos

similares, afinal o estudo da logística nas respostas a desastres naturais é crítica

para o desempenho de operações e programas atuais e futuros.

Este artigo segue a seguinte estrutura. A seção 2 apresenta uma visão geral de

operações humanitárias em respostas a catástrofes, enquanto a seção 3 aborda a

estrutura e o funcionamento da cadeia de suprimentos neste tipo de operação. A

seção 4 discute o processo de tomada de decisão na Logística Humanitária. Através

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da análise de dados secundários, é realizada a avaliação dos quatros desastres sob a

ótica da distribuição de suprimentos, sendo apresentadas sugestões para aumentar a

eficácia do processo quando aplicado a outras operações humanitárias (seção 5).

Enfim, a seção 5 apresenta as conclusões finais da pesquisa.

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2. A Resposta Humanitária às Catástrofes

As operações humanitárias, em casos de catástrofes, devem ser planejadas de

forma a permitir uma resposta rápida e apropriada, minimizando os impactos do

desastre. No entanto, segundo Tatham e Houghton (2011) a multiplicidade de

objetivos das organizações humanitárias internacionais, associada ao aumento do

número de stakeholders envolvidos, aumenta consideravelmente a complexidade de

implantação e coordenação destas operações.

Respostas a desastres são geralmente multi-facetados e envolvem governos,

organizações não governamentais (ONG), agências das Nações Unidas, militares e

organizações do setor privado. Segundo Moore and Antill, (2000), as ações

humanitárias devem ser comandadas por um dos atores no cenário, conhecedor das

práticas comerciais e da teoria acadêmica em gerenciamento da cadeia de

suprimentos. Contudo, nem sempre os objetivos individuais dos diversos atores

envolvidos na operação humanitária conduzem a esforços integrados e

coordenados. Ainda, os diferentes estilos de gestão e de estruturas administrativas,

juntamente com as complexidades nos relacionamentos, prejudicam a implantação

de estratégias efetivas para a cadeia de suprimentos.

Organizações humanitárias internacionais têm, basicamente, responsabilidade

junto a três grupos de “stakeholders”: (i) doadores, que provêem fundos para os

programas de ajuda e desenvolvimento (Oloruntoba and Gray, 2006); (ii)

beneficiários do programa; e (iii) a comunidade internacional, que recebe a maioria

das informações sobre as operações através da mídia. Barton (2000) destaca uma

preocupação geral das organizações humanitárias com relação à forma como os

doadores distribuem às ajudas, a natureza reativa dos financiamentos, a falta de

vontade para o financiamento de despesas voltadas à gestão, a ameaça a liberdade

de ação das organizações e a crescente pressão por responsabilidade. Porém, pouca

importância é dada para serviços cruciais indiretos, como: sistemas de informações,

gerenciamento da cadeia de suprimentos, treinamento de pessoal e preparação para

desastres (Kovács and Spens, 2007; Oloruntoba and Gray, 2006; Van Wassenhove,

2006).

3. Estrutura e Funcionamento da Cadeia de Suprimentos no Contexto Humanitária

A Cadeia de Suprimentos Humanitária, tal qual a logística de negócios, abrange

as seguintes atividades: preparação, planejamento, obtenção, transporte,

armazenagem, rastreamento e liberação alfandegária (Thomas e Kopczak, 2005).

Uma das diferenças entre as cadeias de suprimentos voltadas para negócios e para

ações humanitárias está no foco principal. Para a primeira, o foco é o consumidor

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final, como fonte de entrada de recursos para toda a cadeia. No caso da segunda, o

usuário final raramente participa de uma transação comercial, tendo pequeno

controle sobre os suprimentos. De acordo com Heasip et. al (2010), quando

aplicada às ações humanitárias, a cadeia de suprimentos precisa ser flexível e capaz

de responder rapidamente a eventos imprevisíveis, de forma efetiva (que pode ser a

diferença entre vida e morte) e eficiente (atender a um maior número de

necessitados) sob fortes restrições orçamentárias.

O principal desafio da gestão da cadeia de suprimentos humanitária consiste em

estabelecer um fluxo de materiais doados de fontes diferentes (nacionais e

internacionais), nem sempre úteis ou apropriados para o momento e situação, com

o mínimo desperdício de recursos e precária qualidade e quantidade de

informações, extremamente necessárias para as freqüentes tomadas de decisões

(Smilowitz e Dolinskaya, 2010). A gestão da cadeia de suprimentos humanitária

envolve a integração e coordenação de um largo grupo de especialistas disperso

com intuito de garantir a missão básica da ajuda humanitária: “a entrega de

produtos e/ou serviços ao usuário, cuja sobrevivência imediata ou de longo prazo

pode depender da execução eficiente da atividade operacional da logística e da

cadeia de suprimentos incluindo os cruciais ‘últimos cinqüenta metros’” (Heaslip,

2010).

Um modelo genérico de cadeia de suprimentos aplicável em muitos cenários de

ajuda humanitária permite um fluxo unidirecional de bens e equipamentos para as

áreas afetadas, especialmente, aos locais onde há maior necessidade de recursos

(Hoff, 1999). Um modelo simples de cadeia de suprimentos humanitária,

desenvolvido por Oloruntoba e Gray (2006) é apresentado na Fig. 1.

Fig. 1 - Modelo de uma Cadeia de Suprimentos Humanitária. Fonte: Oloruntoba e Gray (2006).

Dentre as dificuldades encontradas para a melhor operacionalização da cadeia de

suprimentos para ajuda humanitária, destacam-se os gargalos administrativos e

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logísticos devido a pobre infraestrutura de recebimento de ajudas e a multiplicidade

de agências e governos (Van Wassenhove, 2006).De acordo com Oloruntoba e

Gray (2006), um dos fatores de dificuldade na coordenação da cadeia de

suprimentos humanitária tem forte vinculação às conveniências políticas e militares

dos países doadores e recebedores, e a exigências da “indústria dos doadores”, além

da carência de planos coordenados. Ainda, Mileti (1999) considera a dispersão

geográfica e a comunicação insuficiente ou imprecisa entre o campo e as bases das

organizações humanitárias, ou entre as diferentes organizações, como fatores que

trazem prejuízos a coordenação nas operações de ajuda.

4. Tomada de Decisão na Logística Humanitária

De acordo com Benini et al (2006), há informações importantes a serem

conhecidas para a condução da operação logística no contexto humanitário: (i)

informações sobre as necessidades (avaliação das necessidades, tamanho da

população afetada e vulnerabilidade às adversidades adicionais, população: as

estimativas das populações afetadas, os níveis de danos, nível de pobreza pré-

existente); e (ii) informações Logísticas (distância do centro operacional,

capacidade de transporte em um determinado dia, acesso à estradas abertas em um

determinado dia, pedidos de movimentação de cargas existentes).

Tomadores de decisão no contexto humanitário (diretores de programas

humanitários e de logística) necessitam de uma visão geral mais precisa da

interligação dos sistemas que os permita compreender e prever o efeito de

mudanças no sistema ao longo do tempo (Wielgosz, 2006). Além disto, o atraso na

tomada de decisão tende a afetar, entre outras coisas, a eficiência das equipes de

socorro em atender as necessidades dos vitimados no prazo necessário.

Segundo Benini et al. (2006), a identificação das necessidades têm uma

importância significativa sobre o desempenho das decisões logísticas sendo que, no

contexto de ações humanitárias, estas decisões variam de acordo com os tipos de

commodities (alimentos, vestuário, abrigo contra materiais de reconstrução) e com

as diferentes fases de resposta da ação. Benini et al. (2006) reporta que, após o

terremoto no Paquistão em 2005, as remessas de auxílios eram o resultado

freqüente de incontáveis decisões, muitas delas tomadas diante de difíceis “trade-

offs” para a alocação de bens e recursos logísticos escassos. Estas decisões

utilizaram modelos cognitivos sobre a tarefa a ser executada, que consideraram

variáveis como: as necessidades específicas dos sobreviventes, os estoques,

capacidade de transporte, condições de segurança na região e as condições

climáticas.

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Smilowitz e Dolinskaya (2011), com base em experiências e entrevistas

realizadas por ocasião do terremoto no Haiti em 2010, apresentam os seguints

componentes do processo decisório da Logística Humanitária: política de alocação

de recursos, levantamento de necessidades, incerteza da demanda e do suprimento,

localização para armazenagem e expedição de bens, tipo de frota de veículos e

tecnologia, e incerteza sobre rotas e veículos. Segundo Long e Wood (1995) e

Kovács e Spens (2007), as áreas sobre as quais recaem os maiores problemas na

fase de resposta imediata são: a coordenação do recebimento, a imprevisibilidade

da demanda e a “última milha” para transporte do auxílio às vítimas.

5. Avaliação de desastres sob a ótica da distribuição de suprimentos

Uma análise de grandes desastres naturais foi realizada com objetivo de

identificar os principais processos e/ou ações desenvolvidas no contexto da

distribuição de suprimentos para fins secundários. A Tabela1 apresenta as

principais características dos desastres naturais estudados, enquanto a Figura 2

indica o foco do estudo.

Figura 2. Escopo do estudo na cadeia de suprimentos humanitária. Fonte: Adaptado de Thomas

(2003).

Tabela 1 – Características dos desastres naturais estudados.

O estudo identifica o perfil das operações, seus pontos de sucesso e de

dificuldade; na busca dos pontos semelhantes e complementares entre necessidades

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e ações adotadas. O resultado indica os pontos críticos do processo decisório com

as lições aprendidas, e propõe um conjunto de melhores práticas que podem ser

adotadas pelos gestores das operações de ajuda humanitária.

5.1 Oceano Índico 2004(Fontes: Telford,and Cosgrave – 2006; TEC Needs Assessment Report – 2006; Christoplos – 2006)

Este desastre, resultado de um terremoto seguido de tsunami, causou extensa

devastação a 14 pasíses no Oceano Índico, e teve como principal característica o

excesso de ONGs envolvidas e de donativos disponibilizados. A baixa qualidade

das operações e o excesso de bens supérfluos doados causaram sobrecarga da

cadeia de suprimentos que sofreu com problemas operacionais inerentes a

quantidade e a qualidade do pessoal local e internacional; métodos, programas e

ferramentas inadequados; e pouco engajamento na gestão ou na coordenação do

processo. Nestas condições, as conseqüências foram: aeroportos obstruídos;

excesso de containeres bloqueando portos e áreas de alfândega; armazéns

saturados; materiais e equipamentos caros deteriorando ao sol e chuva; suprimentos

inadequados e poucos funcionários para registro de materiais; relatórios logísticos

pobres; além de perdas, roubo ou comercialização de doações.

Em termos de planejamento, avaliações mal partilhadas, associadas à capacidade

limitada para fornecê-las de forma rápida e profissional, levaram a ausência de

listas completas, tanto de bens como de pessoas afetadas, fazendo com que a

distribuição de donativos fosse realizada, muitas das vezes de forma aleatória.

Entretanto, como ponto positivo, constatou-se que a relevante participação dos

militares foi chave para a operação, suprindo as deficiências das instituições

internacionais, principalmente no que diz respeito à capacidade de carga aérea.

Porém, uma coordenação conjunta, planejamento e treinamento com o pessoal da

ajuda humanitária mostraram-se temas a serem desenvolvidos.

5.2 Paquistão 2005 (Fontes: Khan - 2006; Aldo Benini et al. – 2008; ActionAid International – 2006; Tulloch – 2006)

Abalada por um terremoto de 7,6 na escala Richter, a região ao norte do

Paquistão e a Caxemira Indiana foi palco em 2005 de uma dos grandes desastres

naturais ocorridos no mundo, atingindo aproximadamente 3,5 milhões de pessoas.

A situação tornou-se mais grave devido a quatro fatores: a topografia

extremamente acidentada com áreas afetadas em grandes altitudes; o nível de

pobreza característico da população atingida; a proximidade do inverno colocando

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em risco os desabrigados e a o permanente estado de conflito armado na região,

estabelecendo um estado de insegurança.

O grande desafio da ação humanitária em resposta ao desastre a necessidade

imediata e simultânea um número de atividades de ajuda, como: evacuação de

feridos, controle de danos, ajuda médica e abastecimento de produtos de primeira

necessidade. A capacidade de transportes impediu que a expedição de bens de

ajuda humanitária ocorresse de forma rápida e eficiente junto às áreas mais

necessitadas; aliando-se a captação de fundos, avaliação de necessidades,

aquisições dos bens necessários e a dificuldade de alcançar locais remotos como os

demais fatores restritivos à operação humanitária.

O resgate e remoção de mortos e feridos, rápida distribuição das forças e a

provisão imediata de abrigo, comida e medicamentos foram as prioridades

adotadas. Para enfrentar a geografia acidentada da região atingida, utilizou-se tanto

o transporte rodoviário quanto o aéreo (sendo utilizada uma grande frota de

helicópteros, que fez entregas em mais de duzentos pontos) para a distribuição de

produtos. Apesar do sucesso da operação em relação à chegada do inverno,

algumas regiões não receberam três dos principais grupos de suprimentos

(alimentos, suprimentos de cozinha e água; abrigo e roupa; materiais e ferramentas

de construção) devido a deficiências na aplicação dos modelos de distribuição;

evidenciando a carência de mecanismos apropriados de rastreamento e controle dos

fluxos de ajuda da fonte ao usuário final.

5.3 Japão 2011 (Fontes: World Health Organization – 2011; Holguín-Veras, J.

- 2011)

Em uma das mais recentes catástrofes naturais, após um terremoto seguido de

mais 50 tremores secundários, dos quais sete medidos pelo menos 6,3 graus na

escala Richter; um tsumani atingiu as zonas costeiras de Tohoku e sul de Hokkaido,

em um trecho contínuo de mais de 500 km de comprimento nas zonas costeiras da

ilha de Honshu. As sucessões destes eventos obrigaram a evacuação de 402.069

pessoas, e levaram à morte outras 15.848 vítimas. Na usina nuclear de Fukushima,

foi relatada emergência de saúde pública potencial, motivo de preocupação

internacional, atingindo o nível 7 na Escala Internacional de Ocorrências Nucleares

(o mais alto).

A falta de eletricidade e de água paralisou hospitais localizados mais no interior.

Além disso, os trabalhadores da saúde pública também foram afetados pelo tsunami

(com muitos perdendo suas vidas), levando a falta de recursos humanos para o

atendimento médico às vítimas. O desastre afetou a infra-estrutura de transportes,

comunicações e apoio logístico, além de causar a interrupção do fornecimento de

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combustível, fator crucial para limitar todas as atividades de resposta. Deste modo,

os governos locais foram paralisados ou severamente limitados na sua capacidade

de realizar avaliações iniciais e informar sobre a extensão do desastre.

Foram estabelecidas as seguintes diretrizes: disponibilização de recursos

médicos (tornar hospitais operacionais, remédios e profissionais), liberação de

estradas, restabelecimento da comunicação e restauração do sistema de informação,

melhor utilização dos recursos limitados, redução das barreiras administrativas,

coordenação da logística de suprimentos e equipamentos médicos, manter governos

e parceiros informados através de Relatórios de Situação, e disponibilizar abrigos

para as vítimas. Com importante apoio da OMS- Organização Mundial da Saúde,

de Forças Militares e de grandes empresas de Logística (UPS, DHL e Fedex), e

com base em sistemas de informações e de comunicação, suportados por

levantamentos de campo, algumas importantes ações foram adotadas:

- Apoio para o governo local para o resgate de mortos, incluindo para os

serviços funerários;

- Orientação aos governos locais acerca de cuidados médicos e alimentares;

- Treinamento de equipe de profissionais de saúde;

- Estabelecimento de unidades habitacionais temporárias (projetadas para

abrigar pessoas deslocadas por dois ou mais anos) em Miyagi e Iwate para

reduzir o número de pessoas em centros de evacuação;

- Envio de gestores para conduzir avaliações de necessidades diretamente nas

áreas afetadas;

- Implantação de sistema de triagem para serviços médicos;

- Disponibilização de leitos específicos e de pessoas para cuidarem de idosos,

crianças e pessoas com necessidades especiais.

5.4 Brasil 2011(Fontes: Entrevistas à órgãos da Defesa Civil - 2012;

SEDEC/MI - 2011; Ministério da Saúde – 2011; EM-DAT - Banco de

dados mantido pela OMS e o Governo da Bélgica. ,2011)

Em janeiro de 2011, a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro foi atingida

por uma enchente seguida por deslizamento de terra que, apesar da emissão de

aviso de risco meteorológico através do Instituto Nacional de Meteorologia. Esta

catástrofe foi considerada pela ONU como o 8º maior deslizamento da história

mundial (EM-DAT, 2011).

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As ações iniciais encontraram sérias restrições, tais como: falta de informação

sobre as reais dimensões da catástrofe, saques e insegurança em algumas

localidades atingidas, falta de transporte adequado para a operação, dificuldades no

uso de sistema de comunicação disponível devido à topografia do terreno, má

qualidade mapas disponíveis da região, falta de equipamentos flutuantes

adequados, reduzida quantidade de equipamentos para o restabelecimento do

tráfego, e a grande destruição dos acessos às áreas afetadas. Sob estas condições,

foram estabelecidas como diretrizes: o estabelecimento de comunicação com as

áreas afetadas; o reconhecimento aéreo e terrestre; o resgate de sobreviventes; e a

limpeza e recomposição das vias de acesso.

Apesar da dedicação e superação das equipes de campo, questões de

planejamento e logísticas observadas merecem maior atenção:

- Falta de orientação e equipamento às equipes que chegavam às localidades

atingidas;

- Dificuldade e inexperiência na administração de acampamentos para

desabrigados (70 no total);

- Distribuição de donativos realizada de maneira aleatória, em função da falta de

informações;

- Problemas no apoio logístico as atividades operacionais (alimentação e

combustível entre outros);

- Necessidade de melhoria na utilização de helicópteros (que desempenharam

um importante papel);

- Pouca ou nenhuma qualificação do pessoal de campo.

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De forma geral, vários problemas associados à coordenação, planejamento,

treinamento, transportes, armazenagem e distribuição ficaram evidentes; em

contraposição à disposição e capacidade de mobilização mostrada pela população,

a motivação das Forças Armadas e o uso intensivo das redes sociais que permitiram

importantes resultados nas operações. A Tabela 3 sintetiza os pontos observados

nos desastres estudados, que poderão guiar futuros trabalhos

Tabela 3 – Pontos para a observação do estudo das catástrofes realizado.

6. Proposições de melhores práticas

A partir da análise realizada sobre os quatro desastres apresentada na seção 5,

foram identificados alguns pontos de aprofundamento, visando uma melhor atuação

no processo de distribuição de suprimentos em ações humanitárias para desastres

naturais. Estas ações podem ser classificadas com base na Figura 2.

- Transportes: mapear as regiões de risco, e identificar a disponibilidade de

recursos de transportes por tipologia (rodoviário, aquaviário,aéreo) capazes de

serem mobilizados no menor tempo em caso de ocorrência de desastres naturais.

Desta forma, é preciso realizar um levantamento dos prestadores de serviço de

transportes, bem como entidades do governo ou organizações privadas com frotas

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disponíveis, que possam auxiliar em caso de operações humanitárias,

identificando dos tipos de veículos e suas capacidades. Em geral, as operações

humanitárias utilizam em grande parte o transporte rodoviário e aéreo. Porém, é

preciso avaliar a melhor forma de utilização de outros modais (aquaviário e aéreo

– helicópteros), visando mais eficiente no apoio às atividades de distribuição,

tanto na estratégia de carregamento, quanto no apoio logístico à operação;

- Armazenagem e Movimentação: Definição de pontos de recebimento dos

produtos (doações nacionais e internacionais) com o objetivo de definir de

forma objetiva a distribuição por depósitos e armazenamento por classes ou por

“kits de suprimentos” para facilitar a distribuição. Nestes pontos, é realizado o

manuseio, triagem (para identificar material indesejado/rejeitado), carga,

emissão e descarga de material rejeitado . Em pontos com recebimento de

doações internacionais, ainda é preciso ter pessoal com conhecimento aduaneiro,

de modo a evitar congestionamento no ponto de entrada. Enfim, deve-se

qualificar pessoal para trabalhar na área, de forma a reduzir erros e evitar o

congestionamento de aeroportos e o saturamento de armazéns. Também deve ser

realizado um levantamento de potenciais pontos de armazenamento,

pertencentes a entidades do governo ou a organizações privadas, bem como

identificar a disponibilidade de equipamentos (empilhadeiras, transportadores de

paletes etc) capazes de serem mobilizados no menor tempo possível;

- Distribuição: a definição da quantidade de pontos de distribuição deve ser

realizada de forma a minimizar as distâncias de deslocamento dos beneficiários,

porém os pontos de distribuição devem ser alocados em centros comunitários já

estabelecidos (pontos de encontro – clubes, igrejas etc). A programação

eficiente da distribuição requer dados atualizados sobre os bens disponíveis e

pessoas afetadas. A utilização de forças militares nas atividades de

movimentação de carga e na desobstrução de vias de acesso;

- Avaliação de desempenho: definição de indicadores e metas para avaliação

periódica, utilizando dados obtidos junto ao pessoal de campo, permitindo

verificar a eficácia das ações e a eficiência no uso dos recursos disponíveis.

Desenvolvimento de procedimentos padrão e especificações técnicas de

suprimentos.

7. Conclusões e recomendações para trabalhos futuros

Foi possível observar a ocorrência de problemas logísticos comuns nas

atividades estudadas da cadeia de suprimentos para fins humanitários,

independentemente do tipo de desastre ocorrido. Também foi verificado que ações

bem sucedidas em determinados desastres não costumam ser replicadas em outras

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operações humanitárias de resposta a novos desastres. Tampouco são adotados

modelos para otimização das operações de distribuição neste tipo de operação, que

é dificultada pela falta de informações, recursos e pessoal adequado. Como

conseqüências, sucedem-se desperdícios e perdas de recursos escassos ou não, mas

que acabam por não atender a expectativa principal de muitas vítimas. Entende-se

que uma avaliação semelhante a feita neste trabalho, porém envolvendo um maior

número de desastres naturais, permitirá uma visão mais precisa sobre estas

oportunidades e a possibilidade de soluções com maior alcance entre desastres de

mesma origem e/ou de origens diferentes. O cruzamento de experiências e

melhores práticas permitirá a identificação de importantes pontos para o

intercâmbios e desenvolvimento de soluções comuns.

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