Mercado financeiro: Uma Abordagem Prática dos Principais Produtos e Serviços
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos
Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini 91/06
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO
Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos
Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr.Franco Giuseppe Dedini Curso: Engenharia Mecânica Área de Concentração: Mecânica dos Sólidos Tese de doutorado acadêmico apresentada à comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica.
Campinas, 2006 S.P. – Brasil
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO
TESE DE DOUTORADO ACADÊMICO
Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos
Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini _________________________________________________ Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP ____________________________________________________ Prof. Dr. Acires Dias Departamento de Engenharia Mecânica- UFSC ____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Gonzaga Trabasso Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA __________________________________________________ Prof. Dr. Euclides de Mesquita Neto Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP __________________________________________________ Prof. Dr. Milton Dias Júnior Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP
Campinas, 31 de Julho de 2006.
Dedicatória Dedico este trabalho aos meus pais e aos meus irmãos Nelson e Maíra.
Agradecimentos Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto minha
homenagem:
À Deus por me dar força nos momentos difíceis e por me iluminar nos momentos de
dúvida.
Aos meus pais e minha família pelo incentivo em todos os momentos da minha vida e pela compreensão da minha ausência. Ao meu orientador Franco Giuseppe Dedini, que se tornou um grande amigo e o qual eu tenho enorme admiração e carinho, agradeço pelos conselhos, pelo exemplo ético e pelas sugestões criativas. À Profa. Kátia Lucchesi Cavalca pelo apoio e incentivo, pelos trabalhos que confiou a mim e pela sua amizade. A todos os professores e colegas dos departamentos DPM e DMC, pelos momentos de apoio e descontração. À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e aos Professores Nelson Back, Fernando Antônio Forcellini, Acires Dias, André Ogliari pelo apoio e orientação durante o doutorado sanduíche em Florianópolis. Aos colegas do Nedip e do GEPP. À Profa. Marta Dischinger (UFSC) pela orientação e atenção considerável para comigo e para o meu trabalho. À Profa. Maria Teresa Égler Mantoan (UNICAMP) pelo incentivo e pelos momentos de motivação. Aos colegas do Projeto Proesp que sempre estiveram com materiais disponíveis e dos quais tive um convívio excelente e engrandecedor. A CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro.
Não se pode ensinar alguma coisa a um homem, apenas ajudá-lo a encontrá-la dentro de si mesmo
Galileu Galilei (1564 –1642)
Resumo ALVARENGA, Flávia Bonilha, Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos
Inclusivos, Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2006. 218 p. Tese (Doutorado).
A população mundial está envelhecendo e o número de pessoas com necessidades especiais está aumentando. Atualmente novas tecnologias e novos produtos estão sendo desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida. A maioria dos produtos não são acessíveis à toda a população, sendo geralmente projetados para um público alvo, excluindo pessoas com deficiência e idosos. A busca pela inclusão de pessoas com deficiência na sociedade gerou um grande número de leis e uma abordagem de projeto denominada Universal Design. O princípio do Universal Design é obter produtos que possam ser usados pelo maior número de pessoas possível. Esta tese tem o objetivo de propor uma metodologia de projeto para prover a inclusão dessas pessoas em relação ao uso de produtos. Para isso foi necessário um estudo aprofundado sobre os princípios do Universal Design, sua importância e suas principais abordagens. Através de estudos sobre metodologias de projeto e suas principais ferramentas foi possível propor uma metodologia de projeto onde se aplicam os conhecimentos do processo de projeto do produto norteados pelos princípios do Universal Design. O processo metodológico de projeto utilizado nesta tese foi baseado no estado da arte dos processos de desenvolvimento de produtos mais conhecidos, identificando e combinando ferramentas de projeto tradicionais de forma a conceber uma metodologia dedicada a encontrar o mais alto grau de inclusividade possível entre os processos em estudo. A metodologia proposta consiste no desdobramento das duas fases iniciais do projeto do produto denominadas estudo da viabilidade e projeto preliminar, em etapas e em tarefas que orientam o projetista na execução do desenvolvimento de um produto. Como forma de validação da metodologia proposta, um protótipo de um módulo de locomoção foi desenvolvido como estudo de caso que foi testado e o mesmo demonstrou desempenho satisfatório e com uma ampla gama de funções alternativas. Palavras Chave: Metodologia de Projeto, Projeto Inclusivo, Projeto Universal, Projeto para Todos,
Desenvolvimento de Produto, Cadeira de Rodas.
Abstract ALVARENGA, Flávia Bonilha, A Methodological Approach for Inclusive Product Design,
Campinas: Faculty of Mechanical Engineering, State University of Campinas, 2006. 218 p. Ph.D. Thesis.
The world population is aging and the number of people with special needs is also increasing.
Nowadays, new technology and products have been developed to improve quality of life. Most of
the products are not accessible to all the population, being generally designed for a target public,
excluding disabled and elderly people. In order to include disabled people in the society, large
numbers of laws have been elaborated and a new approach of projects called Universal Design
has been created. The principle of Universal Design is to obtain products that can to be used by
the largest possible number of people. This thesis has the objective of proposing a design
methodology for including this category of people with respect to use of products. Therefore, it
was necessary to conduct a study about the main principles of Universal Design, its importance
and its main approaches. Through studies on design methodologies and its main tools, it was
possible to propose a new design methodology using the principles of Universal Design. The
design methodology proposed in this thesis was based on the state-of-the-art of well-known
design methodologies, identifying and combining traditional design tools in order to obtain an
inclusive design methodology. The proposed methodology consists in two initial phases of
product design: the viability study and the preliminary design. For the evaluation of the proposed
methodology, a locomotion module prototype has been developed as a case study. The prototype
was tested and demonstrated a satisfactory performance with great extent of alternative functions.
Key Words
Design methodology, Inclusive Design, Universal Design, Design for All, Product Development,
Wheelchair.
i
Índice
Capítulo 1 .......................................................................................................................1
Introdução e Estrutura do Trabalho.............................................................................1 1.1 Introdução ...........................................................................................................................................1
1.2 Motivação............................................................................................................................................3
1.3 Apresentação do Problema.................................................................................................................4
1.4 Justificativa do trabalho.......................................................................................................................6
1.5 Relevância do trabalho .......................................................................................................................7
1.6 Objetivos do trabalho ..........................................................................................................................8
1.7 Abrangência e limitações do trabalho...............................................................................................10
1.8 Contribuições ....................................................................................................................................11
1.9 Estrutura do trabalho.........................................................................................................................11
Capítulo 2 .....................................................................................................................13
Projeto Inclusivo - Revisão da Literatura ..................................................................13 2.1 Projeto Inclusivo - Definição..............................................................................................................13
2.1.1 Definição de inclusão.................................................................................................................14
2.2 Evolução e motivação para o projeto inclusivo.................................................................................15
2.3 Discussão sobre a adoção do projeto inclusivo nas indústrias ........................................................17
2.4 Exemplos de projeto inclusivo...........................................................................................................20
2.5 Terminologia e classificação das deficiências ..................................................................................24
2.5.1 Dados Estatísticos .....................................................................................................................27
2.6 Abordagens para o projeto inclusivo.................................................................................................33
2.7 Exclusão de projeto...........................................................................................................................39
2.7.1 Populações ................................................................................................................................42
2.7.2 Mérito de inclusividade ..............................................................................................................43
2.8 O método do Cubo Inclusivo (CI)......................................................................................................44
2.9 Uma abordagem para o projeto inclusivo – metodologia dos sete níveis ........................................50
2.9.1 Aplicações de projeto inclusivo .................................................................................................55
ii
2.10 Sumário ...........................................................................................................................................57
Capítulo 3 .....................................................................................................................59
Processo de Projeto de Produtos e Metodologias de Projeto: Aspectos Gerais, Análise Crítica e Discussões...........................................................................59
3.1 Processo de desenvolvimento de produtos (PDP) ...........................................................................59
3.2 Metodologias de projeto....................................................................................................................62
3.2.1 Metodologias para o processo de desenvolvimento de produtos .............................................63
3.3 Comparativo entre as metodologias .................................................................................................65
3.4 Estudo sobre abordagens inclusivas ................................................................................................72
3.5 Sumário .............................................................................................................................................80
Capítulo 4 .....................................................................................................................81
Proposta de uma Abordagem Metodológica para o Projeto Inclusivo. ..................81 4.1 O Modelo...........................................................................................................................................81
4.2 Metodologia proposta........................................................................................................................83
4.3 Diretrizes para o desenvolvimento de metodologias de projeto .......................................................83
4.4 Fase do estudo da viabilidade do projeto inclusivo ..........................................................................87
4.5 Início do projeto.................................................................................................................................91
4.6 Fase 1- Estudo da viabilidade do projeto inclusivo...........................................................................91
4.6.1 Etapa 1.1: Pesquisar informações sobre o tema de projeto .....................................................92
4.6.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto...................................................................................92
4.6.3 Etapa 1.3: Identificar os desejos e necessidades dos clientes do projeto inclusivo .................93
4.6.4 Etapa 1.4:Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas................94
4.6.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo ........................................97
4.6.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo ...............................................98
4.6.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes ............................................................99
4.6.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo..............................100
4.6.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo..........................................................100
4.6.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução ....................................................................102
4.6.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto....................................104
4.6.12 Etapa 1.12: Definir a arquitetura............................................................................................104
4.6.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica ......................................................................107
4.7 Fase do projeto preliminar do projeto inclusivo ..............................................................................110
4.7.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução..................................................................................113
4.7.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s .....................................................................................................115
4.7.3 Etapa 2.3: Formular o modelo .................................................................................................116
iii
4.7.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis .....................................117
4.7.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico.................................................................................118
4.7.6 Etapa 2.6: Prover segurança...................................................................................................121
4.7.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros...............................................................................................121
4.7.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema .....................................................................122
4.7.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário ............................................................................124
4.7.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário...................................................................126
4.7.11 Etapa 2.11: Prover inclusividade ...........................................................................................127
4.7.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto....................................................................128
4.8 Sumário ...........................................................................................................................................129
Capítulo 5 ...................................................................................................................131
Estudo de Caso - Aplicação da metodologia no desenvolvimento de cadeiras de rodas................................................................................................................131
5.1 Fase do Estudo da Viabilidade .......................................................................................................132
5.1.1 Etapa 1.1 Pesquisar informações sobre o tema do projeto ....................................................132
5.1.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto.................................................................................136
5.1.3 Etapa 1.3 Definição dos clientes do produto inclusivo ............................................................138
5.1.4 Etapa 1.4: Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas.............138
5.1.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo ......................................141
5.1.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo .............................................145
5.1.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes ..........................................................148
5.1.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo..............................150
5.1.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo..........................................................152
5.1.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução ....................................................................154
5.1.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto....................................156
5.1.12 Etapa 1.12 Definir a arquitetura.............................................................................................157
5.1.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica ......................................................................160
5.2 Fase do Projeto Preliminar..............................................................................................................165
5.2.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução..................................................................................165
5.2.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s .....................................................................................................167
5.2.3 Etapa 2.3: Formular o modelo .................................................................................................167
5.2.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis .....................................168
5.2.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico.................................................................................168
5.2.6 Etapa 2.6: Prover segurança...................................................................................................170
5.2.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros...............................................................................................170
5.2.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema .....................................................................170
iv
5.2.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário ............................................................................174
5.2.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário...................................................................175
5.2.11 Etapa 2.11: Avaliar a inclusividade do produto .....................................................................176
5.2.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto....................................................................176
5.3 Sumário ...........................................................................................................................................176
Capítulo 6 ...................................................................................................................179
Conclusões e Perspectivas Futuras ........................................................................179 6.1 Finalização do Trabalho..................................................................................................................181
6.2 Sugestões para pesquisas futuras..................................................................................................182
6.3 Trabalhos publicados ......................................................................................................................182
6.3.1 Periódicos nacionais e internacionais .....................................................................................182
6.3.2 Anais de congressos nacionais e internacionais.....................................................................183
Apêndice A.................................................................................................................199
Projeto Inclusivo: Glossário de Termos (traduzido de Colleman, 2003) ..............199
Apêndice B.................................................................................................................205
Os Sete Princípios do Universal Design..................................................................205
Apêndice C.................................................................................................................211
Ferramentas aplicadas..............................................................................................211
v
Lista de Figuras
Figura 1.1 Objetivos na sistematização da metodologia inclusiva.............................................................. 10
Figura 2.1 Site da rede de supermercados, complexo e interação difícil. .................................................. 21
Figura 2.2 Mínimo uso de figuras e interação com o usuário simplificada. ................................................ 21
Figura 2.3 Site atual do grupo Todos Nós, tela normal e tela com alto contrate e texto ampliado. ........... 22
Figura 2.4 Painel modificado para se tornar mais acessível e melhor utilizável para todas as pessoas. .. 23
Figura 2.5 Máquina de lavar roupa acessível para todas as pessoas (Toshiba, 2005) ............................. 23
Figura 2.6 Exemplos de projetos inclusivos. ............................................................................................... 24
Figura 2.7 Proporção de pessoas com mais de 60 anos em países selecionados nos anos de 1990 a
1999.......................................................................................................................................... 28
Figura 2.8 Modelo de terminologia para deficiência (Keates e Clarkson, 2003). ....................................... 29
Figura 2.9 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido com 16+ e 75+
respectivamente (Coleman et al., 2004) .................................................................................. 32
Figura 2.10 Membros da equipe de projeto simulando dificuldades na operação de seus produtos (fonte
Toshiba).................................................................................................................................... 35
Figura 2.11 Abordagem User Pyramid (Bentzon, 1993) ............................................................................. 36
Figura 2.12 Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid para um mapa tri-dimensional de
abordagens de projeto – Inclusive Design Cube (IDC) (Keates e Clarkson, 1999)................. 38
Figura 2.13 Estrutura para a avaliação do produto..................................................................................... 41
Figura 2.14 Telefone britânico de botões grandes (Keates e Clarkson, 2003)........................................... 43
Figura 2.15 As populações WINIT (Keates e Clarkson, 2003). .................................................................. 43
Figura 2.16 Método do Cubo Inclusivo (CI) (Keates e Clarkson, 1999). .................................................... 45
Figura 2.17 Expansão do mercado em potencial no desenvolvimento de um esquentador de água
(adaptado de Clarkson et al., 2000). ........................................................................................ 47
Figura 2.18 Desenvolvimento de nova metodologia baseado no desenvolvimento de produto (Keates et
al., 2002)................................................................................................................................... 51
Figura 2.19 Metodologia dos 7 níveis (Keates et al., 2002)....................................................................... 53
Figura 2.20 O método do IC combinado com a metodologia dos 7 níveis Clarkson e Keates, 2001). ...... 55
Figura2.21 Ferramenta modelo CAD .......................................................................................................... 56
vi
Figura 3.1 Influência percentual sobre o custo do produto, devido às decisões tomadas, referentes ao
projeto, material, mão-de-obra e instalações (Smith e Reinertsen, 1991)............................... 60
Figura 3.2 Custos de mudanças nas diversas fases de desenvolvimento do produto (Smith e Reinertsen,
1991)......................................................................................................................................... 61
Figura 3.3 Macrofases e Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos (Rozenfeld et al., 2006)
modificado e a localização das fases estudo da viabilidade e projeto preliminar.................... 63
Figura 3.4 Fluxograma da fase do estudo da viabilidade (Dedini e Cavalca, 2001). ................................. 69
Figura 3.5 Representação da fase do projeto preliminar (Pahl e Beitz, 1996). .......................................... 71
Figura 3.6 - Modelo gap de necessidades dos usuários............................................................................. 74
Figura 3.7- Projeto de fases genéricas (Stanton, 1998). ............................................................................ 74
Figura 3.8- Processo de projeto baseado na avaliação iterativa(Dong et al., 2002). ................................. 75
Figura 3.9- Abordagens bottom-up(A) e top down (B) para o projeto inclusivo.......................................... 76
Figura 3.10 Sinopse do kit de ferramentas (Dong et al., 2005). ................................................................. 78
Figura 3.11 Kit de ferramentas (Toolkit) (Dong et al., 2005)....................................................................... 78
Figura 3.12- Estrutura de cogumelo para a ferramenta do projeto inclusivo. ............................................. 79
Figura 4.1 Macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos. ......................................... 82
Figura 4.2 Convenção básica de simbologia para a apresentação da metodologia (Maribondo, 2000).... 85
Figura 4.3 Modelo geral da metodologia de projeto para produtos inclusivos............................................ 87
Figura 4.4 Fase do estudo da viabilidade da metodologia proposta. ......................................................... 89
Figura 4.5 Detalhamento do início do projeto para o desenvolvimento do produto inclusivo..................... 91
Figura 4.6 Processo de pesquisa de informações sobre o tema do projeto............................................... 92
Figura 4.7 Atividades necessárias para a definição do problema de projeto. ............................................ 93
Figura 4.8 Tarefas necessárias para a definição dos clientes do projeto inclusivo. ................................... 94
Figura 4.9 Atividades necessárias para a coleta de desejos e necessidades dos usuários, clientes e
especialistas ............................................................................................................................. 95
Figura 4.10 Atividades básicas ao estabelecimento dos requisitos dos clientes do projeto. ..................... 97
Figura 4.11 Atividades básicas ao estabelecimento de requisitos de projeto. ........................................... 99
Figura 4.12 Atividade básica para análise dos sistemas concorrentes. ................................................... 100
Figura 4.13 Atividade básica para estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo .......... 100
Figura 4.14 Atividades necessárias para estabelecer as estruturas funcionais. ...................................... 101
Figura 4.15 Atividades necessárias para o desenvolvimento de princípios de solução........................... 103
Figura 4.16 Atividades para a determinação de alternativas de projeto para o produto. ......................... 104
Figura 4.17 Atividades para a determinação da arquitetura do produto................................................... 105
Figura 4.18 Exemplo da aplicação de MIM............................................................................................... 105
Figura 4.19 Ferramentas de auxílio para a execução do projeto modular (Ferreira, 2002). .................... 107
Figura 4.20 Atividades para realizar a viabilidade econômica do produto................................................ 108
Figura 4.21 Exemplo de construção de matriz de consumo de recursos ................................................. 108
Figura 4.22 Exemplo de diagrama de Mudge. .......................................................................................... 109
vii
Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo .................................................................... 111
Figura 4.24 Seleção da melhor solução de projeto................................................................................... 114
Figura 4.25 Ferramentas de métodos de seleção de alternativas de projeto........................................... 114
Figura 4.26 Identificação das DFX’s a serem utilizadas no projeto. ......................................................... 115
Figura 4.27 Modelagem do sistema. ......................................................................................................... 117
Figura 4.28 Atividades para a realização da análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis. . 118
Figura 4.29 Atividades para tornar o produto ergonômico........................................................................ 120
Figura 4.30 Atividades para tornar o produto seguro................................................................................ 121
Figura 4.31 Atividades para executar a otimização do projeto. ................................................................ 122
Figura 4.32 Atividades para prever o comportamento do sistema. .......................................................... 124
Figura 4.33 Atividades para verificar a percepção do usuário em relação ao produto............................. 125
Figura 4.34 Atividades para desenvolver a interação do usuário com o produto. .................................... 126
Figura 4.35 Atividades para prover a inclusividade do produto. ............................................................... 127
Figura 4.36 Atividades para avaliar a aceitabilidade do produto. ............................................................. 128
Figura 4.37 Avaliação dos produtos feita por pessoas com deficiência visual e por idosos. ................... 129
Figura 5.1 Pessoas com deficiência no Brasil, fonte IBGE censo demográfico 2000. ............................. 132
Figura 5.2 Definição da população que irá utilizar o produto em desenvolvimento.................................. 133
Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 1)..................................................................... 146
Figura 5.4 Diagrama FAST de um sistema de motorização para cadeiras de rodas. .............................. 153
Figura 5.5 Arquitetura do produto, configurações possíveis do arranjo das baterias e motores, (a) baterias
na parte traseira do módulo e (b) baterias localizadas na parte central ................................ 158
Figura 5.6 Possíveis configurações do módulo utilizando baterias menores, localizadas entre os motores,
na parte central e na parte traseira do módulo,respectivamente........................................... 158
Figura 5.7 Aplicação da Matriz Indicadora de Módulos (MIM).................................................................. 160
Figura 5.8 Diagrama de Mudge para o módulo de locomoção. ................................................................ 162
Figura 5.9 Gráfico Compare. ..................................................................................................................... 163
Figura 5.10 Matriz de Pugh para seleção de alternativa de projeto. ........................................................ 166
Figura 5.11 Máximo alcance do usuário no plano sagital (a) e máximo alcance no plano transversal(b)
(Jarosz ,1996)......................................................................................................................... 169
Figura 5.12 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da cadeira................ 171
Figura 5.13 Simulação da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da cadeira........... 171
Figura 5.14 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de
rodas com o módulo a frente.................................................................................................. 172
Figura 5.15 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado embaixo da cadeira. ......................... 172
Figura 5.16 Simulação da cadeira de rodas com o módulo localizado embaixo da cadeira. ................... 173
Figura 5.17 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de
rodas com módulo localizado embaixo da cadeira. ............................................................... 173
viii
Figura 5.18 Configuração definindo a forma da estrutura do módulo com o arranjo dos motores e baterias.
174
Figura 5.19 Foto da primeira versão do protótipo do módulo de locomoção para cadeiras de rodas...... 175
Figura 5.20 Foto da segunda versão do protótipo do módulo de locomoção para cadeiras de rodas..... 175
Figura B.1 Portas automáticas são convenientes para todos, especialmente quando as mãos estão
ocupadas. ............................................................................................................................... 205
Figura B.2 Exemplo: Tesouras com empunhadura grande que podem ser seguradas tanto pela mão
esquerda, quanto pela mão direita......................................................................................... 207
Figura B.3 Manual de montagem de uma cadeira, as instruções ilustram a montagem auxiliando o
entendimento do procedimento.............................................................................................. 207
Figura B.4 Exemplo: Uma pessoa com baixa visão opera um termostato com números grandes,
indicadores tácteis e sinais audíveis. ..................................................................................... 208
Figura B.5 Exemplo: O menu do computador mostra a seta do mouse para a função “Undo”................ 209
Figura B.6 Exemplo: A mão fechada opera a alavanca da porta, empurrando para baixo. ..................... 209
Figura B.7 Uma pessoa em uma cadeira motorizada passa através de uma roleta. ............................... 210
ix
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 Diferenças nas perspectivas de implantação do projeto inclusivo entre indústrias do Reino
Unido e dos EUA (Donga et al., 2003). .................................................................................... 18
Tabela 2.2 População com mais de 60 anos de idade segundo continentes e países nos anos de 1990 a
1999 ......................................................................................................................................... 28
Tabela 2.3 Notas de incapacidade e severidade de perda de capacidade (capability loss) (Keates e
Clarkson, 2003) ........................................................................................................................ 30
Tabela 2.4 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido ............................... 31
Tabela 2.5 Perda de capacidade individual e múltipla (total) da população do Reino Unido..................... 31
Tabela 2.6 Os sete princípios do Universal Design (Story et al., 1998) ..................................................... 35
Tabela 2.7 Melhoria de usabilidade e inclusividade em chaleiras (adaptado de Clarkson et al., 2000). ... 49
Tabela 3.1 Comparativo entre as principais metodologias de projeto no processo de desenvolvimento de
produtos.................................................................................................................................... 66
Tabela 3.2 Lista de requisitos (Dong e Clarkson, 2004). ............................................................................ 77
Tabela 4.1 Funções de inclusividade ........................................................................................................ 102
Tabela 4.2 Métodos de criatividade (Rozenfeld, et al., 2006)................................................................... 103
Tabela 4.3 Diretrizes de modularização segundo Erixon et al. (1996). .................................................... 106
Tabela 5.1 Pesquisa de modelos e informações técnicas de cadeiras de rodas encontradas no mercado
atual. ....................................................................................................................................... 134
Tabela 5.2 Necessidades dos usuários coletadas durante as entrevistas e valoração dos requisitos feita
pelos usuários ........................................................................................................................ 141
Tabela 5.3 Requisitos dos clientes agrupados por categorias e subcategorias. ...................................... 144
Tabela 5.4 Comparação dos modelos de equipamentos encontrados no mercado atual........................ 149
Tabela 5.5 Especificações de projeto para o desenvolvimento de um sistema de motorização para
cadeiras de rodas, ordenadas segundo a classificação obtida pelo QFD. ............................ 150
Tabela 5.6 Princípios de soluções levantados para motorização de cadeiras de rodas convencionais. . 155
Tabela 5.7 Alternativas de projeto para motorização de cadeiras de rodas manuais. ............................. 157
Tabela 5.8 Matriz de consumo de recursos para o módulo de locomoção para cadeiras de rodas manuais.
......................................................................................................................................... 161
Tabela 5.9 Resultado da seleção das alternativas de projeto obtido através da matriz de Pugh. ........... 167
x
Nomenclatura
Abreviações
ADA – American with Disabilities
ADL – Activities of Daily Living
AV- Análise do Valor
CAD- Computer Aided Design
CAE – Computer Aided Engineering
CAM – Computer Aided Manufacturing
EPSRC - Engineering and Physical Sciences Research Council
EQUAL- Extending Quality Life
FAST- Function Analysis System Technique
HCI - Human Computer Interfaces
ID – Inclusive Design
IDC- Inclusive Design Cube
IDEA- Individuals with Disabilities Education Act
MIM- Matriz Indicadora de Módulos
PDP - Processo de Desenvolvimento de Produtos
PR- Prototipagem Rápida
QFD – Quality Function Deployment
UD – Universal Design
VDI- Verein Deutscher Ingenieure
xi
Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANSI- American National Standards Association
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CI- Método do Cubo Inclusivo’
DASDA – Dissemination Activities Supporting Design for All
DBA- Design Challenge
DFS- Disability Follow-up
DFX- Design for X
EUA – Estados Unidos da América
HHRC - Helen Hamlyn Research Centre
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
ICD - International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems
ICF- International Classification of Functioning, Disability and Health
ICIDIH- Intenational Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps
LAB – Laboratório de Acessibilidade
NBR- Norma Brasileira
OMS – Organização Mundial da Saúde
RCA- Royal College of Art
SIPP - Survey of Income and Program Participation
TRIZ- Teoria da Solução Inventiva de Problemas
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
WHO- World Health Organization
WINIT- Whole-Ideal-Negotiable-Include-Target
1
Capítulo 1
Introdução e Estrutura do Trabalho
1.1 Introdução
O projeto inclusivo constitui uma nova abordagem para obter produtos utilizáveis
pelo maior número de pessoas possível. Essa abordagem provém de uma filosofia de
projeto que possui várias terminologias, tais como, Universal Design, Design for all e
Inclusive Design e que visa à criação de produtos e ambientes que possam ser usados por
um grande número de pessoas sem a necessidade de adaptação ou projeto especializado.
O projeto inclusivo consiste basicamente em identificar as necessidades e desejos dos
usuários, identificar os requisitos de projeto, expandí-los, avaliá-los e finalmente propor
uma concepção de produto mais inclusiva. Este conceito irá aumentar o mercado em
potencial do produto trazendo, consequentemente, benefícios para a indústria. O projeto
inclusivo não deve ser entendido como uma atividade separada que será aplicada no final
do processo. O desenvolvimento de um produto inclusivo deve ser planejado desde o início,
passando por todas as fases do processo de projeto. E finalmente, o projeto inclusivo não
deve ser visto como um desenvolvimento de produtos para pessoas com deficiência e
idosos.
O projeto inclusivo é uma abordagem que expande as fronteiras do processo de
projeto. É um projeto para alcançar a menor exclusão de usuários para um produto em
desenvolvimento, incluindo crianças, jovens, idosos, pessoas com deficiência, pessoas com
necessidades especiais, etc. Ou seja, o processo de projeto inclusivo é importante porque
2
estimula a criação de novos produtos mais competitivos, conquista novos mercados de
consumidores que antes eram excluídos e aumenta significativamente as vendas na
indústria. O projeto inclusivo não é uma opção, é um processo de negócio que está se
tornando crítico para a concorrência na indústria. Países do mundo todo têm inserido
legislações em relação a assegurar os direitos das pessoas com deficiências e pessoas
idosas. Portanto as indústrias precisam se adequar à essas exigências, inovar e atender à
constante evolução do mercado competitivo, produzindo produtos inclusivos que seja
acessíveis e usáveis pelo maior número possível de consumidores.
Os produtos industriais estão cada vez mais complexos e sofisticados e na maioria
das vezes não atendem às reais necessidades do público alvo. Com o aumento da
competitividade, a complexidade e o grande número de informações agregadas aos
produtos, surge a necessidade da sistematização de metodologias que auxiliem o processo
de desenvolvimento de produtos. Sistematizar, neste contexto, é fazer o ordenamento e
sequenciamento metódico, lógico com determinada linha de pensamento, levando em conta
técnicas, métodos e ferramentas disponíveis e a serem desenvolvidas.
Vários pesquisadores vêm sugerindo metodologias que abordam o processo de
projeto para os diferentes ramos industriais, bem como ferramentas e métodos que podem
ser aplicados no andamento do projeto tais como, Asimow (1968); Back (1983); Blanchard
e Fabricky (1990), Clark e Fujimoto (1991), Ullman (1992), Ulrich e Eppinger (1995), Pahl
e Beitz (1996), Ertas e Jones (1996), Dedini e Cavalca (2001), entre outros. Segundo Pahl e
Beitz (1996), uma metodologia de projeto que integre os diferentes aspectos do projeto é
um meio pelo qual o processo se torna lógico e compreensível. A utilização de
metodologias proporciona alguns benefícios como: redução do tempo de projeto, auxílio na
formalização do processo de projeto e na produção de soluções bem definidas e precisas,
facilidade de implementação computacional, organização de atividades, entre outras.
É nesse sentido que o presente estudo se direciona, concentrando-se mais
especificamente nas fases iniciais do processo de projeto, denominadas, fase do estudo da
viabilidade e fase do projeto preliminar. Dessa forma, busca-se o entendimento e o
detalhamento dessas fases, a fim de contribuir com o processo de desenvolvimento de
produtos por meio da proposição de uma sistemática para as mesmas.
3
1.2 Motivação
O Laboratório de Projeto Mecânico do Departamento de Projeto Mecânico da
Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP tem tradição e capacitação no
desenvolvimento e construção de protótipos. O histórico de atuação em cadeiras
motorizadas também é antigo para este departamento sendo a 1ª cadeira construída em
1982. Já nesta época ficou claro que o problema não era apenas de técnica de engenharia,
mas de estudos de informação das necessidades dos usuários, interação com o usuário,
estética, custo e condições de operação. Desta época até os dias atuais o departamento tem
atuado em problemas relacionados com a dinâmica dos veículos, metodologias de projeto,
ergonomia, confiabilidade e processos de otimização. Em várias outras ocasiões o
departamento e particularmente a autora desta tese e o professor orientador têm estado
envolvidos em projetos de cadeiras de rodas. Entre o período de 2000 a 2005 defendidas
duas dissertações de mestrado e duas teses de doutorado orientadas pelo professor.
Pesquisas realizadas no laboratório constataram que no Brasil a maioria das cadeiras
de rodas é do tipo convencional manual devido ao fato de que as cadeiras motorizadas
possuem um custo muito alto. As cadeiras de rodas manuais são efetivas e possuem um
custo baixo em relação às motorizadas, porém a grande limitação desse tipo de cadeira é a
dificuldade do usuário durante uma subida e ou descida de rampa e/ou em percorrer longas
distâncias. Para solucionar o problema aplicou-se metodologia de projeto e obtiveram-se
várias soluções de projeto que atenderiam às necessidades dos usuários. Através de um
projeto específico pode-se resolver um problema de acessibilidade e inclusão de mais
pessoas na participação da vida social. Essa solução motivou a utilização da filosofia e
princípios do Universal Design com os métodos e ferramentas de metodologias de projeto
para propor uma metodologia de projeto que desenvolva produtos que possam ser utilizados
pelo maior número de pessoas possíveis. Ou seja, a partir de um projeto feito para
solucionar um problema específico, pode-se expandir o conceito e chegar a uma
metodologia de projeto inclusivo que visa desenvolver produtos que atende pessoas com
deficiência e pessoas com necessidades especiais e também pessoas sem deficiência.
4
Em 2002 foi criado o Laboratório de Acessibilidade (LAB) na Biblioteca Central da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para adequar a Universidade à uma
configuração mais inclusiva no atendimento de alunos com deficiência. O objetivo do LAB
é estimular a autonomia e a independência acadêmica dos usuários, por meio de material
adaptado e softwares.
Em 2003 foi aprovado o Proesp pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) o projeto intitulado: Acesso, Permanência e Prosseguimento da
Escolaridade de Nível Superior de Pessoas com Deficiência: Ambientes Inclusivos. Esse
projeto tem como amplo objetivo, garantir aos alunos com deficiência o direito de realizar
seus estudos de nível superior em ambientes inclusivos de ensino e aprendizagem. Trata-se
de um projeto de natureza interdisciplinar, cuja amplitude e complexidade exigem a
integração de áreas de conhecimento da educação, da computação, da engenharia mecânica,
da engenharia elétrica, da medicina e atendimento educacional especializado. A equipe do
projeto é formada por pesquisadores, professores, alunos de graduação e de pós-graduação
da Unicamp. E com a colaboração de profissionais nas áreas de pedagogia, engenharia,
artes visuais e jornalismo. A equipe do projeto construiu um site:
http://www.todosnos.unicamp.br, onde divulga as ações do projeto, artigos, legislações,
notícias e links de referência associados à ambientes inclusivos.
A participação no projeto gerou um convívio com pessoas com deficiência,
melhorando o entendimento das necessidades dessas pessoas. E a experiência de grandes
mestres do assunto gerou uma visão crítica do tratamento atual e legislações. Essa
experiência também motivou a pesquisa para o projeto inclusivo.
1.3 Apresentação do Problema
Atualmente estão surgindo novas tecnologias e novos produtos visando melhorar a
qualidade de vida das pessoas. No entanto, quase todos os produtos excluem alguns
usuários desnecessariamente, e o projeto inclusivo visa destacar e reduzir essa exclusão.
A indústria concorda com os benefícios que o projeto inclusivo trará à mesma, ao
mesmo tempo, que possue a opinião de que é impraticável a sua implementação, devido ao
5
custo e tempo de desenvolvimento dessa nova concepção de produto. O projeto inclusivo
somente será aplicado ou encorajado quando os profissionais (empresários e projetistas)
puderem entender com clareza o impacto que suas decisões no projeto do produto irão
causar na usabilidade do produto (Keates e Clarkson, 2003).
Outro problema é a diversidade de pessoas que irão utilizar o produto, ou seja, a
diversidade de informações que devem ser colocadas na fase inicial do projeto. As pessoas
com deficiências ou sem deficiência não formam um grupo homogêneo, cada indivíduo é
único. Existem pessoas com deficiências mentais, visuais, auditivas, física e também a
combinação de algumas delas ou todas. E como fazer um produto que atenda a todas as
pessoas? É improvável que uma simples solução de um produto seja acessível a todos,
devido a enorme diversidade de pessoas e suas capacidades.
É importante saber diferenciar “acessibilidade” de “inclusividade”. Um ambiente
pode ser acessível, mas não inclusivo. Por exemplo, o cinema é um local acessível, pois
existe rampas e local apropriado para pessoas com cadeiras de rodas, no entanto não é um
ambiente inclusivo, pois a pessoa não tem a liberdade de escolher o lugar que quer assistir
ao filme. Outro exemplo é o projeto de um site. Um site pode ser projetado para cegos e
para pessoas não cegas, nesse aspecto as pessoas cegas estão tendo uma visão diferente das
pessoas que não são cegas, elas não vêem a mesma coisa. Neste caso o site é acessível, mas
não é inclusivo. O site deve ser flexível de modo que todos os tipos de pessoas possam
acessá-lo.
A grande dificuldade é de como fazer um projeto de produto inclusivo, pois existe
uma carência metodológica nessa área e isso se torna um desafio. Atualmente o que
existem são ferramentas para avaliação do produto, mas não existe nenhum processo de
projeto, de modo sistemático que possa resolver o problema.
Portanto, para resolver este problema, esta tese sugere uma metodologia de projeto,
onde se aplicam os conhecimentos do processo de projeto do produto norteados pelos
princípios do Universal Design.
6
1.4 Justificativa do trabalho
A população mundial está envelhecendo e o número de pessoas com deficiência está
aumentando (Keates e Clarkson, 2003). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)
indicam que 10% da população mundial possui algum tipo de deficiência. Na Europa é
estimado que 24% do total da população terá idade acima de 65 anos em 2030 (Kinsella e
Velkoff, 2001). No Brasil, segundo o IBGE (2000) existiam aproximadamente nove
milhões de pessoas com deficiência física e/ou alguma deficiência motora (ter alguma ou
grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas), 2,4 milhões com grande
dificuldade de enxergar, entre outras.
Estimando-se a população com algum tipo de deficiência em 14,5% da população
total, ou seja, aproximadamente 24,5 milhões de pessoas teriam algum tipo de deficiência
no país. Com a mudança demográfica global, não só mercado brasileiro, mas também o
mundial está necessitando do desenvolvimento de produtos e serviços que permitam a
inclusão e participação de todas as pessoas na sociedade, pois os produtos atuais,
desenvolvidos especificamente para o público com necessidades especiais possuem custo
alto. Essas pessoas formam um grande e potencial mercado consumidor que quer adquirir
produtos, ir para o lazer, participar de eventos, participar do mercado, e que ficam em suas
casas porque o sistema atual não está preparado para recebê-las. É possível que o motivo
seja a falta de conhecimento do assunto ou a falta de uma sistematização estruturada para
direcionar o processo de projeto.
Desde que surgiram os primeiros princípios sobre o Universal Design (Story et al.,
1998), foi observado o grande crescimento de textos e informações em sites internacionais
e a divulgação em revistas internacionais. No entanto tal conhecimento está se espalhando
de modo desorganizado, encontrando-se as informações repetitivas e inviáveis de se
consultar. Outro problema é a inexistência de métodos e ferramentas para apoiar os
profissionais nessa área. Portanto torna-se imprescindível a organização destes dados,
juntamente com o desenvolvimento de uma estrutura sistemática que auxilie os projetistas
no desenvolvimento de produtos inclusivos para consolidar esta atividade na indústria. É
7
preciso direcionar o processo de projeto inclusivo, disponibilizar ferramentas e métodos e
exemplificar o momento correto de utilizá-los (Coy, 2003).
Com base no estado da arte, verificou-se que existe uma preocupação em incluir
pessoas com necessidades especiais no mercado de consumo, porém não existe ainda uma
metodologia de projeto para atingir o objetivo de fazer essa inclusão. Geralmente os
produtos são projetados para uma média de um grupo de uma população (Iida, 1990), no
entanto esse grupo não existe. Pirkl (1994) acredita que é possível criar produtos que
possam ser usados por qualquer pessoa, não importando a idade ou a habilidade do
indivíduo. Neste sentido, para haver uma inclusão das pessoas com necessidades especiais,
é necessário desenvolver uma metodologia inclusiva com métodos e ferramentas que possa
ser aplicada no processo de projeto utilizado nas indústrias. Essa atitude irá alertar o
projetista, durante o desenvolvimento de produto, a se preocupar com questões inclusivas e
assim desenvolver um produto inclusivo.
1.5 Relevância do trabalho
O desenvolvimento de uma metodologia para projetar produtos inclusivos, além de
estratégico para inovação de produtos e tornar os produtos mais competitivos na indústria,
também possui um grande aspecto social a ser considerado. A inclusão das pessoas com
necessidades especiais na sociedade (Mantoan, 1997, Ely et al., 2001, Dischinger et al.,
2004, Fávero et al., 2004, Mantoan, 2005, Hood et al., 2005) exige um trabalho de equipes
multidisciplinares em várias áreas, por exemplo, na área da educação, da engenharia civil,
engenharia mecânica, engenharia elétrica e da arquitetura. No âmbito social, têm-se as leis
e normas que estão cada vez mais se importando com essa inclusão. Atualmente as leis
estão ganhando força no Brasil e as normas estão sendo revisadas para melhor atender a
essas pessoas. Dischinger et al. (2004) diz que “para que haja inclusão e a participação de
pessoas na sociedade de forma eqüitativa é necessário garantir total acesso aos mais
diversos locais e atividades. As barreiras que comprometem a participação das pessoas em
atividades desejadas são de ordem diversa, compreendendo fatores sócio-culturais,
econômicos e espaciais. Quando as pessoas possuem algum tipo de deficiência, estas
barreiras se agravam afetando suas condições de acesso aos lugares, à obtenção de
8
informações e o próprio desempenho das atividades. Compreender a natureza das restrições
para a participação de todas as pessoas é fundamental para buscar soluções que permitam
sua superação e possibilitem a inclusão”.
Devido às dimensões dos problemas e a urgência em buscar soluções para produtos, é
necessário que os projetistas adquiram conhecimento sobre as diferentes habilidades e
limitações de usuários com necessidades especiais, para que os produtos sejam acessíveis a
mais abrangente população possível. É fundamental também que estes profissionais possam
compreender a complexidade do problema para uma correta aplicação do método.
Finalmente é importante que se desenvolvam atitudes e métodos de projeto que permitam
desde a fase inicial do projeto, incorporar as diferentes necessidades dos usuários (Ely et
al., 2001).
A proposição de uma metodologia inclusiva sistematizada através de atividades,
etapas, tarefas, ferramentas e métodos irá direcionar e dar apoio ao projetista no
desenvolvimento dessa nova abordagem de produtos inclusivos. A importância do tema do
trabalho está em solucionar o problema de desenvolver um produto que seja inclusivo
baseado na filosofia nos princípios do Universal Design, através da linha de pesquisa de
desenvolvimento de metodologias de projeto.
Apesar da importância do tema, relativamente poucos trabalhos têm sido publicados.
Assim, foi necessária uma intensa pesquisa bibliográfica para levantar o estado da arte
sobre este assunto.
1.6 Objetivos do trabalho
O objetivo geral desta tese consiste em propor uma metodologia de projeto inclusivo
em suas fases iniciais para o desenvolvimento de produtos inclusivos, levando-se em conta
a multidiciplinaridade e a interdisciplinaridade das informações provenientes do
conhecimento do Universal Design, de especialistas em Universal Design, de grupos de
pessoas com deficiência e da experiência do grupo com excelência em metodologia de
projeto da UFSC.
9
O domínio de estudo desta tese refere-se às fases de projeto estudo da viabilidade e
projeto preliminar e envolve a proposição e sistematização do processo de projeto através
da identificação de ferramentas de projeto para integrar o conhecimento (informações)
proveniente das distintas áreas envolvidas nesta atividade. A sistematização compreende a
prescrição, de maneira ordenada e coerente, do que fazer, quando fazer, como fazer e com
que fazer o projeto para tais fases do processo. Assim, pode-se subdividir o objetivo
principal em objetivos mais específicos, como:
• Realizar uma revisão bibliográfica sobre Universal Design e as principais
abordagens e métodos utilizados até o momento para a implementação do
projeto inclusivo.
• Elaborar uma metodologia de projeto inclusiva que integre as informações
vindas do Universal Design com as fases do processo de projeto.
• Propor meios para auxiliar nas atividades de projeto, em níveis de definições,
decisões e avaliações.
• Identificar métodos e ferramentas para dar suporte ao projetista desde o início
do projeto inclusivo.
• Aplicar a metodologia proposta no desenvolvimento de um sistema para
motorizar cadeiras de rodas convencionais, durante as fases iniciais do
projeto, estudo da viabilidade e projeto preliminar.
A Figura 1.1 apresenta a abordagem referente aos objetivos deste trabalho,
relacionando o estudo das metodologias para as fases iniciais do projeto e o Universal
Design.
10
Sis
tem
atiz
açã o
Metodologia deProjeto Inclusiva
Início do Desenvolvimento do Produto Inclusivo
FASE 1 Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo
Pesquisar novas informações,rever estágios anteriores
e refazer o estágioem desenvolvimento
Tarefa 1.3.1 Revisar a ordem de início e asinformações pesquisadas
D1, D2,D3, D4
Etapa 1.2 Definir o problema de projeto
Tarefa 1.3.2 Identificar oportunidades de inovação
Tarefa 1.3.3 Definir a meta principal do objeto doprojeto
Etapa 1.3 Idenficar desejos e necessidadesdos clientes do produto inclusivo
Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto
Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas
Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado
D2, D3
Etapa 1.1 Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto
Tarefa 1.3.1 Definir os clientes e usuários doproduto
F1,F2,F3,
Tarefa 1.3.2Ampliar a faixa de usuários que possamusar o produto
Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos como produto
Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidadesdos usuários, clientes e especialistas
Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar osdesejos e necessidades dos clientes,usuários e especialistas
Observar as interações que o usuário temcom o produto
Observar os usuário usando produtos, emsua rotina.
Marcar entrevistas com usuários,especiialistas e clientes
F1,F2,F4
Tarefa 1.4.6Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado
Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos
Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo
Tarefa 1.4.8
Tarefa 1.4.9
Tarefa 1.4.4 Entrevistar usuários, especialistas eclientes
Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados viaemail, skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes
Tarefa 1.4.1 Identificar locais onde possíveis usuáriosdo produto possam ser encontrados
Tarefa 1.4.2 Entrar em contato com usuários, clientes eespecialistas explicando a pesquisa
Tarefa 1.4.3
F1,F6,F7, F8
Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes
Tarefa 1.5.2Classificar as necessidades dosclientes
Tarefa 1.5.3 Definir os requisitos dos clientes
Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo
Tarefa 1.5.4 Valorar os requisitos dos clientes
F6, F7,F8, F9
Tarefa 1.6.1 Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis
Tarefa 1.6.2Agrupar e classificar os requisitos deprojeto
Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto
Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto
Informaçõessobre oproduto
Metas doprojeto
Público alvo
Necessidades dos
clientes
Requisitosdos clientesvalorados
Requisitosde projeto
Estudo da Viabilidade
Projeto Preliminar
Universal Design
Ferramentas de Projeto
Figura 1.1 Objetivos na sistematização da metodologia inclusiva
1.7 Abrangência e limitações do trabalho
Abordar um assunto tão diversificado como o Universal Design é um trabalho para
várias teses. Uma das dificuldades neste trabalho foi limitar o assunto, pois ele é muito
abrangente, multidisciplinar e pode ser aplicado em várias áreas, como por exemplo, na
educação, na computação, na engenharia civil, na engenharia mecânica, arquitetura,
medicina, entre outras. O grande desafio é desenvolver um produto ou local que possa
acomodar uma ampla faixa de usuários, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência
e pessoas com tamanho ou formas atípicas.
Muito se pensou nessa questão e como a tese é uma pequena contribuição nesta área
tão vasta, e a contribuição é na área de engenharia mecânica, inicialmente optou-se por
limitar o trabalho a incluir na sociedade pessoas com deficiências físicas e idosos, já que
essas pessoas podem formar um grupo homogêneo. O fato é que se o produto for acessível
a esse grupo, ele será acessível e aceito pelas outras pessoas com maior facilidade, tanto no
uso quanto no entendimento do produto.
Outra dificuldade foi descobrir como seria a contribuição na área da engenharia
mecânica, devido à diversidade de pessoas, de deficiências e de produtos. Através da
revisão bibliográfica notou-se que falta uma ligação entre a abordagem de projeto
Universal Design e o desenvolvimento de produtos, ou seja, falta uma estrutura
sistematizada para implementar o projeto de produto inclusivo. A escolha de um produto a
11
ser desenvolvido como aplicação foi devida à experiência no estudo de cadeiras de rodas
motorizadas do Laboratório de Projeto Mecânico da Faculdade de Engenharia Mecânica da
Unicamp (Becker, 2000, Alvarenga, 2002, Lombardi, 2002). Portanto, optou-se por aplicar
a metodologia inclusiva com o objetivo de incluir pessoas com mobilidade reduzida na
sociedade. Essa aplicação resultou no desenvolvimento de um sistema universal que
converte quase todos os tipos de cadeira de rodas manual em motorizada. Essa conversão se
dá pelo próprio usuário tornando-o independente.
1.8 Contribuições
Como contribuição, pode-se destacar que este trabalho disponibiliza informações e
conhecimento explícito, de maneira ampla e organizada, para a realização das fases iniciais
do processo de projeto para o desenvolvimento de produtos inclusivos. Alguns aspectos
mais específicos podem ser destacados, como:
• Melhor entendimento das fases iniciais do processo de projeto, suas
interfaces e interações com áreas e domínios de conhecimento no
desenvolvimento de produtos.
• Agregação de conhecimento de conceitos de Universal Design ao acervo de
pesquisas na área de metodologia de projeto.
• Identificação e detalhamento de técnicas, métodos, ferramentas e outros
pertinentes às fases que estão sendo tratadas.
• Formalização do processo de projeto, de maneira a possibilitar uma
sistematização que seja útil e coerente com as características de produtos
inclusivos.
1.9 Estrutura do trabalho
No Capítulo 1 são apresentados itens contendo introdução, objetivos, justificativas,
relevância do trabalho, finalizando com a apresentação da estrutura do trabalho.
12
Apesar da importância desse tema, relativamente poucos trabalhos têm sido
publicados. Assim foi necessária uma intensa pesquisa bibliográfica para efetuar o
levantamento do estado da arte do assunto. Esta revisão da literatura é apresentada no
Capítulo 2.
O Capítulo 2 aborda alguns conceitos e definições, sobre Universal Design,
fundamentais para o perfeito entendimento do assunto, resultando em subsídios conceituais
para as proposições deste trabalho.
O Capítulo 3 apresenta um levantamento do estado da arte das várias abordagens de
metodologia de projeto bem como a identificação das as principais ferramentas utilizadas
nas fases iniciais da metodologia.
O Capítulo 4 aborda o modelo de referência utilizado, o desenvolvimento da
metodologia inclusiva proposta, a sistematização das fases iniciais da metodologia, estudo
da viabilidade e projeto preliminar, bem como os métodos e ferramentas utilizados nas
mesmas.
O Capítulo 5 apresenta aplicação desta metodologia através de um estudo de caso, a
validação do projeto através de testes do produto desenvolvido e seus resultados.
Finalizando o trabalho, no Capítulo 6 é apresentada numa avaliação final, uma avaliação
dos resultados obtidos em relação aos objetivos iniciais do projeto e as conclusões.
Também são feitas algumas considerações para trabalhos futuros, envolvendo a sistemática,
métodos, ferramentas e o projeto inclusivo.
13
Capítulo 2
Projeto Inclusivo - Revisão da Literatura
Este capítulo aborda o tema projeto inclusivo, onde são apresentadas algumas definições e
terminologias necessárias para a compreensão do tema. São também discutidos aspectos
relacionados com a implantação na indústria. Na seqüência é apresentada a revisão da literatura
sobre as principais abordagens relacionadas com o projeto inclusivo, sendo analisadas suas
vantagens e desvantagens. E finalmente é mostrada uma seqüência de passos para atender as
necessidades do projeto inclusivo, com exemplos de aplicação.
2.1 Projeto Inclusivo - Definição
Universal Design é um termo que foi inicialmente usado nos Estados Unidos pelo arquiteto
Ron Mace em 1985 (Story et al. ,1998). Conceitos similares surgiram no mundo todo, como por
exemplo, Design for all (DASDA, 2004), Inclusive Design (Keates et al., 2002),
Trangenerational Design (Pirkl, 1994), Design for Disability, Design for a Broader Average
entre outros. A interpretação mais recente do Universal Design é: o projeto de produtos e
ambientes que possam ser usados por todas as pessoas, na maior extensão possível, sem a
necessidade de adaptação ou projeto especializado (Center of Universal Design). A seguir são
apresentadas as principais definições encontradas de Universal Design, Design for All e Inclusive
Design.
Story et al. (1998) definem que Universal Design é o projeto de produtos e ambientes que
possam ser usados pela maior extensão possível de pessoas de todas as idades e habilidades,
respeitando a diversidade humana e promovendo a inclusão de todas as pessoas em todas as
atividades de sua vida. Segundo Story et al. (1998) é possível desenvolver um produto ou local
14
que possa acomodar uma ampla faixa de usuários, incluindo crianças, idosos, pessoas com
deficiência e pessoas com tamanho ou formas atípicas.
O Design for All é definido pela comissão de projeto européia (Dissemination Activities
Supporting Design for All, DASDA, 2005), como a criação de produtos, serviços e sistemas para
prover o mais abrangente possível das habilidades dos usuários e das circunstâncias de uso. É um
princípio para evitar a exclusão de pessoas, assegurando que as pessoas com habilidades que
diferem do normal tenham total acesso aos produtos e serviços. Segundo Dong (2003) o “Design
for All” tem sido cada vez mais usado na Europa desde 1967, como uma abordagem que tem
como objetivo melhorar a vida de todas as pessoas através do projeto.
O Inclusive Design é definido pelo Governo do Reino Unido como um processo onde os
projetistas, fabricantes e fornecedores de serviços asseguram que seus produtos e serviços se
dirigem às necessidades da mais ampla e possível população, independentemente da idade ou
habilidade (Keates et al., 1998).
Essas abordagens de projeto têm o mesmo objetivo e significado, ou seja, todas discutem o
projeto de produtos e ambientes que possam ser usados por toda a população e estão
particularmente concentradas na inclusão de idosos e pessoas com deficiências que geralmente
são desconsideradas nos projetos atuais.
Para fins de terminologia, neste trabalho será utilizado o termo “projeto inclusivo” como
um projeto de produto que seja acessível e usável pelo maior número de pessoas possíveis. O
adjetivo inclusivo (Werneck, 2003) é usado na busca da qualidade de vida para todas as pessoas,
com ou sem deficiência.
2.1.1 Definição de inclusão
Cabe aqui uma discussão sobre o que é inclusão. Segundo Mantoan (2005), “a inclusão tem
a ver com reconhecimento, valorização e questionamento constante da produção social da
diferença. É a capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e
compartilhar com pessoas diferentes. Inclusão é estar com, é interagir com o outro. E ainda a
inclusão remete à consideração da diferença, como um valor universal, que é disponível a todos –
desde os elementos de um dado grupo étnico, religioso, de gênero, à humanidade como um todo”.
15
A maioria dos profissionais que desenvolvem produtos desconhece que seus produtos, se forem
concebidos com considerações de inclusividade, serão utilizados por um potencial mercado de
pessoas que atualmente são excluídas (Keates e Clarkson, 2003). Muitos acreditam que o produto
adaptado e especializado é o mais adequado para as necessidades das pessoas com deficiências.
Essa adaptação além de gerar altos custos, torna o usuário dependente e limitado reduzindo a
oportunidade de desenvolver suas capacidades de interação com os produtos. É necessária uma
mudança de paradigma no processo de desenvolvimento de produto que gera uma reorganização
no processo de projeto: estudo de viabilidade, projeto preliminar e projeto detalhado.
A inclusão não é de interesse apenas para as pessoas com deficiência, mas igualmente para
toda a população. Ao incluir pessoas com deficiência na utilização de produtos exigem-se dos
profissionais novos posicionamentos no processo de desenvolvimento de produtos através da
criatividade e novas práticas de projeto. A inclusão é um motivo para que haja inovação de
produtos, e sendo assim torna-se uma conseqüência natural de grande esforço de atualização e de
reestruturação das condições atuais do processo de projeto. (Mantoan, 1997). Um glossário de
termos (Coleman, 2003) no Apêndice A esclarece conceitos e expressões que são utilizados neste
trabalho. Segundo Werneck (2003), quando se tem a certeza de que todos são diferentes não
existem “os especiais”, “os normais”, os “os excepcionais”, o que existe são pessoas com
deficiência.
2.2 Evolução e motivação para o projeto inclusivo
Um dos primeiros movimentos sobre a importância do meio ambiente físico para a inclusão
das pessoas foi o Barrier-free, surgido nos Estados Unidos nos anos de 1950, onde se iniciou um
processo de mudança nas políticas públicas e práticas de projeto. O movimento foi estabelecido
em resposta às pessoas com deficiências para criar oportunidades na educação e empregos ao
invés de instituições de saúde e manutenção. As barreiras físicas no ambiente foram reconhecidas
como um significante impedimento para pessoas com deficiência física.
Em 1961, a associação de norma, American National Standards Association (ANSI),
publicou o primeiro padrão para acessibilidade intitulado como: “A 117.1- Fazendo Construções
Acessíveis e Usáveis para Deficientes Físicos”. Essas normas não eram seguidas, embora, até
16
adotadas pelos estados ou entidades legislativas locais. A legislação federal dos Estados Unidos
começou a ser significativo no final dos anos de 1960, como se pode ver a seguir:
O ato Architectural Barriers Act de 1968, exigiu que as construções fossem alteradas para
se tornarem acessíveis aos deficientes físicos. A Sessão 504 do Rehabilitation Act de 1973, foi a
primeira lei dos direitos civis para pessoas com deficiências.
O ato de 1975, Education for Handicapped Children Act, atualmente denominado
Individuals with Disabilities Education Act (IDEA), garantiu educação apropriada para todas as
crianças com deficiência. Esse ato teve um efeito de progresso nos programas educacionais.
O ato Fair Housing Amendments Act de 1988, uma expansão do ato de 1968, estabeleceu
que todas as casas a serem construídas fossem acessíveis. O departamento US Department of
Housing and Urban Development criou, em 1991, guias de acessibilidade para facilitar a
implementação.
O ato Americans with Disabilities Act (ADA) de 1990, conscientizou e difundiu para o
público os direitos civis das pessoas com deficiências. Esse foi um importante ato que proibia a
discriminação das pessoas com deficiência no emprego, no acesso aos lugares públicos, nos
serviços, no transporte público e na telecomunicação. O ato implicava também na remoção das
barreiras físicas que impediriam o acesso.
O ato de 1996, Telecommunications Act, notificava que os serviços e equipamentos de
telecomunicações deveriam ser projetados, desenvolvidos e fabricados para serem acessíveis e
usáveis pelos indivíduos com deficiências. Esse ato se aplicava à todos os tipos de equipamentos
de telecomunicações, desde telefone, programação de televisão até computadores.
A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, realizada na Guatemala em 28 de maio de 1999, teve
por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de
deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade. O Brasil é signatário desse documento,
que foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no. 198, de 13 de
junho de 2001, e promulgado pelo Decreto no. 3.956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência da
República (Fávero et. al, 2004).
17
A norma brasileira NBR 9050 (2004), visa proporcionar a acessibilidade e a utilização de
maneira autônoma e segura de ambientes, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos à
maior quantidade de pessoas possível, considerando as condições de mobilidade e de percepção
do ambiente do indivíduo. Recentemente revisada, a NBR 9050 (2004) teve profundas mudanças
em todo seu contexto, na redefinição e inclusão de termos, na riqueza de conteúdo e até
abrangendo o atual conceito de desenho universal, como é designado por ela ao se referenciar ao
Universal Design.
Essas legislações citadas acima possuíam o mínimo de requerimentos de acessibilidade e,
no entanto foi um grande avanço para prover o acesso para as pessoas com deficiência, e
contribuiu para despertar o interesse em projetar equipamentos que permitissem a acessibilidade.
No momento que os profissionais da área, engenheiros civis e arquitetos se engajaram
profundamente com a real implementação das normas, tornou-se claro que características
acessíveis isoladas eram especiais, mais caras e geralmente não tinham boa aparência.
Consequentemente notou-se que as mudanças necessárias para atender as normas, ou seja, para
acomodar as pessoas com deficiência, beneficiariam a todas as pessoas. Houve um
reconhecimento de que muitas dessas características acessíveis poderiam ser providas
comumente e, portanto sairiam menos caras, mais atrativas e não seriam “rotuláveis”. Isso levou
à fundação para o movimento do Universal Design.
2.3 Discussão sobre a adoção do projeto inclusivo nas indústrias
A indústria tem respondido vagarosamente para as necessidades de adotar um projeto
inclusivo. Pesquisas mostram que apesar das empresas concordarem com os princípios de
projetar inclusivamente, elas também consideram impraticáveis adotar tais práticas (Donga et al.,
2003). As razões mais comuns citadas nessas pesquisas são a falta de recursos financeiros, o
tempo de implementação, o difícil acesso aos usuários, a inexperiência em trabalhar diretamente
com usuários e principalmente a falta de demanda de projetistas qualificados e informados sobre
o assunto. Entre as companhias que são receptivas à idéia do projeto inclusivo, a maioria gostaria
de ter um banco de dados de informação sobre os usuários finais para obter a perspectiva do
usuário. Existe também um grande número de empresas que não se preocupam em atender as
18
necessidades de toda a população. Essa atitude tende a excluir pessoas com deficiência e idosos
que desejam interagir com o complexo desenvolvimento da tecnologia.
Donga et al., 2003 compararam indústrias nos EUA com indústrias no Reino Unido em
relação às perspectivas de implementação do projeto inclusivo e identificaram algumas
similaridades entre essas indústrias, como as que podem ser citadas: a) a percepção da adoção e
implementação do projeto inclusivo difere entre as grandes e pequenas empresas, b) o tempo e
custo são as maiores restrições na adoção do projeto inclusivo, c) a maioria das empresas, tanto
as pequenas quanto as grandes, preferem obter consultoria com especialistas para suporte e
informação e ainda, d) após a pesquisa, os projetistas se motivaram a procurar exemplos de
projetos inclusivos satisfatórios. A Tabela 2.1 mostra as diferenças nas perspectivas das indústria
em relação à implantação do projeto inclusivo. Donga et al., 2003 sugere como trabalhos futuros,
o desenvolvimento de uma estrutura sistematizada contendo métodos e ferramentas para dar
suporte ao desenvolvimento de produtos inclusivos.
Tabela 2.1 Diferenças nas perspectivas de implantação do projeto inclusivo entre indústrias do Reino Unido e dos EUA (Donga et al., 2003).
Baseado nas Indústrias doReino Unido
Baseado nas indústrias dosEUA
ID pode se tornar uma "norma" no futuro,porém até o momento é um "conceitoespecial"
UD é uma tendência emergente.
Os projetistas terão um papel importantena implementação do inclusive design
Os Ergonomistas terão um papelimportante para dar suporte ao UD
ID é fortemente associado com pessoascom deficiência. A inclusividade doproduto não é necessariamente de custoalto, mas o envolvimento do usuário custatempo e dinheiro.
UD é percebido pela maioria dascompanhias com uma área de interesseespecial, por exemplo pessoas comdeficiência. Adotando isso o tempopara para entrar no mercado será maiore aumentará os custos do produto.
A Legislação é o requerimento básico.Incorporar Inclusive Design é necessáriomudar as atitudes em relação as pessoascom deficiência. A ação da lei é maiormotivador para adotar ID.
As regulamentações do governo são osfatores mais efetivos. O segundo fatoré o lucro elevado.
Onde ID e UD são abreviações de Inclusive Designe Universal Design respectivamente
Algumas entrevistas foram realizadas com indústrias em 1999 (Dong et al., 2003) através
do grupo “inclusive design” da Universidade de Cambridge, Inglaterra, para saber as atitudes que
eram tomadas para o projeto inclusivo e as respostas negativas foram categorizadas a seguir:
19
(categoria 1) “nós já fazemos projeto inclusivo, nós permitimos o acesso do cadeirante”;
(categoria 2) “Nós faríamos se o preço do produto final fosse maior”; (categoria 3) “nós faríamos
se pudéssemos contratar um consultor para fazer para nós”; (categoria 4) “nós não necessitamos
adotar práticas inclusivas de projeto porque nossos projetistas já sabem projetar”; (categoria 5)
“não há demanda de clientes”; (categoria 6) “Esse não é o nosso mercado alvo”.
A categoria 1 entende o projeto inclusivo como sendo um projeto para deficientes e mais
especificamente, para o acesso do cadeirante, já a categoria 2 quer aumentar o preço pela
vantagem do produto, essa categoria (2) não entendeu que o que aumentará é o mercado em
potencial. A categoria 3 quer investir no projeto inclusivo, mas querem um consultor externo,
uma saída para essa categoria, seria a parceria da pesquisa na universidade com a indústria,
implantando os conceitos de projeto inclusivo e desenvolvendo as ferramentas e os métodos para
aplicar na indústria. Outra solução são as empresas de base tecnológica que podem ser formadas
por pesquisadores especialistas em assuntos que envolvam o projeto inclusivo e que fornecerão
toda a estrutura para a aplicação e validação do projeto inclusivo nas indústrias.
Na categoria 4 preserva-se a idéia de que se os projetistas são bons, os produtos serão
automaticamente inclusivos. Existem ótimos produtos que são desenvolvidos, porém ainda
excluem muitas pessoas. Essa categoria (4) não reconheceu o objetivo da inclusividade no
processo de projeto. A categoria 5 admite que não existe mercado para produtos inclusivos. A
usabilidade e acessibilidade dos produtos mostram claramente a expansão do mercado e adiciona-
se a isso os dados estatísticos que mostram que a população está vivendo mais e quer qualidade
de vida. Similarmente a categoria 6 não apresenta entendimento do mercado em potencial que
existe na inclusividade de produtos.
Dados de pesquisas recentes com indústrias (Dong et al., 2004) mostram que existem
barreiras negativas para a implementação do projeto inclusivo, estas foram agrupadas em três
categorias: a) barreiras de percepção, por exemplo, a percepção de que o projeto de um produto
inclusivo é mais caro; b) barreiras técnicas, por exemplo, a falta de tempo para aprender sobre
projeto inclusivo, a complexidade de um produto inclusivo, a falta de ferramentas e métodos para
aplicação; e c) barreiras organizacionais, por exemplo, a dificuldade de mudar a política de
negócios da empresa, o risco de investimento. No entanto a pesquisa também aponta a percepção
da indústria em relação às vantagens de se ter um produto inclusivo, são elas: mercado em
20
potencial, oportunidade de um novo mercado, a medição da exclusão do produto atual, a
insatisfação dos consumidores e a inovação de produtos.
A atitude da indústria em relação ao projeto inclusivo está começando a mudar. Existem
várias pesquisas nos EUA e no Reino Unido (Dong et al., 2004) motivando as indústrias a adotar
a prática de projetar inclusivamente. No entanto, para alcançar esse objetivo é necessário o
desenvolvimento de material informativo com exemplos de produtos inclusivos de sucesso e
também o desenvolvimento de métodos e ferramentas para dar suporte aos projetistas.
Portanto, existe a necessidade de inserir práticas de projeto inclusivo na indústria,
transferindo-as da pesquisa científica para a comunidade industrial. E isso somente acontecerá
quando essas práticas oferecerem o máximo de efetividade por um mínimo de interrupção no
processo e por um mínimo custo. Entretanto para alcançar esse objetivo, não se pode
simplesmente adicionar um estágio no processo de projeto. O processo completo de projeto
necessita ser revisado e técnicas adequadas inclusivas e métodos precisam ser aplicadas em
pontos estratégicos. Donga et al. (2003), sugere como trabalhos futuros, o desenvolvimento de
métodos e ferramentas para dar suporte ao desenvolvimento de produtos inclusivos. A seguir são
apresentados exemplos de produtos inclusivos que já estão disponíveis no mercado.
2.4 Exemplos de projeto inclusivo
A indústria está interessada em adotar o projeto inclusivo em seus produtos. Entretanto são
poucos os exemplos de um bom projeto de produto inclusivo.
Uma rede de supermercados do Reino Unido, para facilitar aos consumidores, realizava
suas vendas pela internet. No entanto, as pessoas com deficiência visual e baixa visão
reclamaram que o site não estava acessível. O site (Figura 2.1) era complexo, com muitos
gráficos e figuras, o acesso ao software era difícil e demorado e a interação com o usuário era
muito complexa.
21
Figura 2.1 Site da rede de supermercados, complexo e interação difícil.
Uma instituição de pessoas com deficiência visual alertou essa rede de supermercados para
o problema e juntos fizeram um site mais acessível. O novo site retirou quase todas as figuras,
que faziam uma poluição visual no site. A página foi melhor estruturada e além de serem mais
acessíveis também eram mais rápidas para fazer download. O site revisado (Figura 2.2) se tornou
mais popular não somente para os usuários com baixa visão, mas para todas as pessoas que fazem
compras on-line, que acharam o site de fácil navegação e rápido de usar. O site atraiu mais de
25.000 clientes novos (Keates e Clarkson, 2003).
Figura 2.2 Mínimo uso de figuras e interação com o usuário simplificada.
Outro exemplo é a criação de um site pela equipe do projeto Proesp (Mantoan, 2003) do
grupo Todos Nós da Unicamp. O objetivo é informar as pessoas sobre inclusão e questões
relacionadas ao assunto, através de um site com acessibilidade e usabilidade para todas as
22
pessoas. O site foi disponibilizado e a equipe do projeto atuou no papel de usuários e também
como observadores do uso do site, registrando críticas e sugestões para tornar o site mais
acessível. Baseado nas sugestões de pessoas com visão subnormal e da equipe de projeto e nos
resultados da pesquisa de Melo e Baranaukas (2005), o site foi modificado para se tornar mais
acessível. Entre as principais mudanças destacam-se a não redundância de links, as notícias em
destaque foram reduzidas de 5 para 3, a criação de um mapa do site estruturado, disponibilização
de teclas de atalho e nova possibilidade de apresentação em alto contraste. Enquanto o mapa do
site pode beneficiar a todos, oferecendo uma visão geral do portal e acesso rápido às suas seções,
as teclas de atalhos podem beneficiar usuários que utilizam principalmente (ou apenas) o teclado
para acionar links e elementos de formulários. Já a apresentação em alto contraste tende a
beneficiar alguns usuários com baixa visão. Veja a Figura 2.3.
Figura 2.3 Site atual do grupo Todos Nós, tela normal e tela com alto contrate e texto ampliado.
O objetivo é evoluir o site em termos de acessibilidade e usabilidade. O site está em
constante avaliação, pois no próprio site existe enquetes onde todos os usuário podem opinar e
reportar suas experiências.
A Toshiba vem aplicando os princípios do projeto inclusivo. Dois exemplos, um painel de
um produto e uma máquina de lavar roupas, são ilustrados nas Figura 2.4 e Figura 2.5,
respectivamente. O painel foi totalmente modificado através do aumento das letras e da
disposição dos comandos, facilitando a usabilidade para todas as pessoas.
23
Figura 2.4 Painel modificado para se tornar mais acessível e melhor utilizável para todas as pessoas.
A utilização da máquina de lavar roupas exige uma posição de trabalho não ergonômica
Figura 2.5 (a). Após a modificação Figura 2.5(b), a máquina de lavar roupas atende às
necessidades de usuários de cadeiras de rodas, como também melhora a posição de trabalho para
todas as pessoas.
(a) (b)
Figura 2.5 Máquina de lavar roupa acessível para todas as pessoas (Toshiba, 2005)
Outros exemplos incluem bebedouros com duas alturas, telefones com botões e números
grandes, telefones com imagem e uma porta de refrigerador que abre com um toque da palma da
mão. Veja Figura 2.6.
24
Figura 2.6 Exemplos de projetos inclusivos.
Através desses exemplos é possível observar que algumas indústrias estão se esforçando
para praticar os princípios do projeto inclusivo. O aumento da participação de pessoas com
deficiência na sociedade e o crescimento do número de pessoas idosas no mundo gerou a
necessidade da adequação da indústria para o projeto inclusivo. É natural que a indústria busque
por novas soluções inclusivas para atendimento desse público em expansão, que é um grande
mercado em potencial. Todos os exemplos citados acima atendem não somente as necessidades
das pessoas com deficiência e idosas, mas também são soluções de projeto melhores para todas as
pessoas, o que é o objetivo da filosofia do projeto inclusivo.
2.5 Terminologia e classificação das deficiências
A classificação das habilidades, das deficiências ou das restrições dos indivíduos não é uma
tarefa simples. A grande variedade de fatores individuais, sócios culturais e ambientais, o fato de
possuir um tipo de deficiência ou a combinação de duas ou múltiplas deficiências, torna qualquer
tipo de classificação incompleta. No entanto é fundamental a existência de classificações e
definições para que se possa compreender como os projetos podem se adequar a indivíduos com
diferentes habilidades e necessidades.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza suas classificações em três grandes
agrupamentos ou famílias como são denominados pela mesma. A primeira é conhecida por ICD-
International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Esta leva em
consideração as condições e patologias do ser humano e é a mais antiga classificação realizada
pela organização, estando na sua décima edição. O segundo grupo de classificações é o
25
Intenational Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps –ICIDIH (Classificação
Internacional de Deficiências, Incapacidades e Limitações) (1980) , que consiste em relacionar as
capacidades de funcionamento do corpo humano com suas possíveis deficiências e limitações
(Dischinger et. al, 2004). E finalmente, o terceiro agrupamento é intitulado como International
Classification of Functioning, Disability and Health- ICF (Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) (2001). Segundo a ICF, o objetivo geral desta
classificação é proporcionar uma linguagem unificada e padronizada relacionada com a saúde
humana.
A ICIDH definiu três termos “deficiência (impairment), incapacidade (disability) e
deficiente (handicap)”. A “deficiência” (impairment) é referida como a perda de uma estrutura ou
função corporal, a “incapacidade” (disability) se refere à limitação ou perda da habilidade em
desenvolver alguma atividade. O termo “deficiente” (handicap) é definido como a situação de
desvantagem em que se encontra um indivíduo, geralmente em conseqüência de uma deficiência
ou de uma incapacidade que limita ou impede sua participação na vida da comunidade num nível
igual aos demais. A ICF classifica a saúde em funções e estruturas do corpo humano, atividades e
participação. O termo “funcionalidade” relaciona as funções do corpo com as atividades e
participação dos indivíduos, de maneira similar, “incapacidade” é um termo que inclui
deficiência, limitação ou restrição que um indivíduo possui para realizar uma atividade. Existem
algumas definições, segundo o item 4.2 da ICF que se fazem pertinentes a este trabalho,
“atividade, participação, limitações de atividades e restrição de participação”. A “atividade” é a
execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo, a “participação” é o envolvimento numa
situação da vida. “Limitações de atividade” são dificuldades que um indivíduo pode encontrar na
execução de uma atividade e “restrições de participação” são problemas que um indivíduo pode
experimentar no envolvimento em situações reais da vida.
Devido à grande variação de termos utilizados para definir aspectos relacionados com
deficiência, foi necessário neste trabalho adotá-los com base na ICIDH e ICF, e outros termos
que se fazem pertinentes nesta tese são definidos a seguir: “Acessibilidade” (accessibility) é a
possibilidade de acesso, processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas
da sociedade (ONU), já a “usabilidade” (usability) é a medida da experiência, eficácia e
satisfação de usuários específicos ao interagir com um produto para objetivos específicos
26
(ISO9241-11, 1998), “pessoa com deficiência” e capacidades (capabilities) do indivíduo que é
também conhecido como “habilidade” (ability).
Um termo recentemente usado para definir erroneamente “pessoa com deficiência” é
“pessoa com necessidades especiais”. Entende-se por “pessoas com necessidades especiais”,
pessoas que possuem qualquer tipo de restrição para realizar uma atividade, por exemplo, a
dificuldade de caminhar, um braço quebrado, ou seja, todas as pessoas possuem necessidades não
usuais, sejam elas permanentes ou temporárias. (Keates et al., 2002).
A seguir são reproduzidas algumas das definições da norma técnica brasileira NBR 9050
(2004) que são pertinentes à este trabalho:
• Deficiência: Redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das
características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço,
mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente.
• Pessoa com mobilidade reduzida: Aquela que, temporária ou permanentemente, tem
limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se por
pessoa com mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante
entre outros.
• Desenho universal: Aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das
características antropométricas e sensoriais da população.
• Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a
utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,
equipamento urbano e elementos.
• Acessível: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa
ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive
aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade
física como de comunicação.
27
Neste trabalho são usados os termos da norma brasileira NBR 9050 (2004), exceto a
definição de “desenho universal” que na norma se restringe à capacidade sensorial e
características antropométricas. Este termo será substituído pela definição de projeto inclusivo. A
terminologia “pessoa com deficiência” será utilizada em todo o trabalho definindo pessoas que
possuam algum tipo de deficiência e o termo “pessoas com necessidades especiais” também será
usado como já definido anteriormente.
2.5.1 Dados Estatísticos
De acordo com os dados do Censo dos EUA - Survey of Income and Program Participation
(Pesquisa de renda e participação no ano de 1994 a 1995 (SIPP) de 1994-95), 1.8 milhões de
pessoas com idade acima de 6 anos usavam cadeiras de rodas e 5.2 milhões de pessoas usavam
bengala, muletas ou andador. 8.8 milhões de pessoas possuíam dificuldades em enxergar palavras
mesmo usando lentes corretivas (óculos).10.1 milhões de pessoas tinham dificuldade para ouvir o
que as pessoas dizem em uma conversa normal e 1.0 milhão eram surdos (Story et al.,1998).
O idoso é definido pela OMS como uma pessoa que tem mais de 60 anos de idade. Este
limite é válido para países em desenvolvimento, aumentando para 65 anos nos países
desenvolvidos. Segundo o IBGE (2000) existiam no Brasil aproximadamente 15 milhões de
pessoas idosas. O crescimento da população de idosos é um fenômeno mundial que já está
ocorrendo. Em 1950, o número de idosos era de 204 milhões, já em 1998 aumentou para 509
milhões, ou seja, um crescimento de quase 8 milhões de idosos por ano. As projeções indicam
que em 2050, a população idosa será de 1 900 milhão de pessoas.
O crescimento da população idosa, de um modo geral, é mais acentuada nos países
desenvolvidos, embora nota-se o aumento de idosos, em menores proporções, nos países em
desenvolvimento. Em relação aos países da América Latina, o Brasil assume uma posição
intermediária correspondendo a 8,6% da população total. A região latino-americana tem uma
grande diversidade em relação à proporção de número de idosos, variando de 6,4% na Venezuela
a 17% no Uruguai. Já as populações européias apresentam proporções mais elevadas, com idosos
representando aproximadamente 1/5 da população de seus países, veja Figura 2.7 e Tabela 2.2.
28
Figura 2.7 Proporção de pessoas com mais de 60 anos em países selecionados nos anos de 1990 a 1999.
Tabela 2.2 População com mais de 60 anos de idade segundo continentes e países nos anos de 1990 a 1999 .
A incapacidade aumenta com a idade por razões naturais ou causas externas. Muitas
pessoas, especialmente idosos, não aceitam ter alguma incapacidade, pois a sociedade identifica a
29
incapacidade como deficiência. Incapacidade, portanto, é um fato normal e comum que faz parte
da vida. Enquanto algumas pessoas possuem condições crônicas, algumas pessoas podem ser
temporariamente deficientes. Por exemplo, quebrando uma perna, deslocando um pulso,
dilatando as pupilas em um exame de oculista, ou perdendo a audição em um concerto, são
exemplos de condições temporárias de incapacidade. Nos últimos 15 anos o conceito de projeto
para pessoas com deficiência tem sido modificado a partir de necessidades especiais para um
processo de projeto mais inclusivo para acomodar mais pessoas (Dong, 2003).
Atualmente existem várias fontes de dados estatísticos disponíveis, cada qual para
diferentes propósitos. Porém, esses dados não estão organizados para serem usados no projeto de
produtos inclusivos. Outro problema aparente é a confiabilidade dos dados, pois existe uma
confusão nos termos utilizados durante as pesquisas. No entanto, a ICIDH apresenta como
referência uma terminologia que é frequentemente utilizada, conforme citado no item anterior. A
Figura 2.8 apresenta um modelo de terminologia de deficiência baseado nas definições da ICIDH.
Doença, idade e acidente
Perda funcional
Incapacidade
Deficiente
Figura 2.8 Modelo de terminologia para deficiência (Keates e Clarkson, 2003).
Na ICIDH existem várias definições focadas nas deficiências e incapacidades, porém
atualmente esta linguagem é considerada negativa e é preferível descrever os usuários em termos
de suas capacidades ou habilidades.
Geralmente os projetos de produtos tendem a acomodar uma ou a principal deficiência, isso
porque é mais fácil adicionar ao produto características para compensar uma deficiência e não um
complexo sistema de interações com outras capacidades. No entanto, infelizmente muitas pessoas
30
não possuem somente uma deficiência, porém várias. Consequentemente, os projetistas precisam
projetar não somente para uma única deficiência, mas para múltiplas capacidades perdidas.
O modelo de terminologia de deficiência mostrado na Figura 2.8 foi adotado nas pesquisas
Survey of Disability in Great Britain e Disability Follow-up (DFS), de onde Keates e Clarkson
(2003) descreveram os dados estatísticos de pessoas com deficiências no Reino Unido que podem
ser adaptados para a avaliação do produto. Esses dados forneceram informação sobre o número
de pessoas com deficiência no Reino Unido com diferentes níveis de severidade funcional de
capacidade. Uma característica inovadora da pesquisa foi a construção de uma escala de
severidade da deficiência, baseada no consenso de avaliação de especialistas, incluindo médicos,
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e representantes de pessoas com deficiência,
atuando como julgadores. Na essência, a severidade de 13 tipos de deficiências é estabelecida e
as três notas mais altas são combinadas dão uma nota geral, com a qual as pessoas são alocadas
para uma das dez categorias de severidade.
nota)pior terceira x(0.3 nota)pior (segunda x 0.4 notapior soma peso ++= (2.1)
Esse peso soma é traduzido em todas as categorias de severidade usando o mapeamento
mostrado na Tabela 2.3. Essa medida foi adotada pela WHO - World Health Organization (1996)
e foi usada na pesquisa British Disability Follow-up Survey.
Tabela 2.3 Notas de incapacidade e severidade de perda de capacidade (capability loss) (Keates e Clarkson, 2003)
Perda de Menor Moderado Maior
Nota de Incapacidade 0 0.5- 3- 5- 7- 9-10.95 11- 13- 15- 17- 19-
Categoria de severidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Os resultados da pesquisa Disability Follow-up (DFS) foram aplicados na pesquisa Family
Resources Survey, feita entre 1996 a 1997 (Grundy et al., 1999) e mostraram que em uma
população de adultos do Reino Unido de 8.592. 200, 20% possui deficiência. Dessa população,
34% possui um nível pequeno de deficiência (categorias 1-2, isto é, alta capacidade), 45% possui
nível moderado de deficiência (categorias 3-6, isto é média capacidade) e 21% possui nível grave
de deficiência (categorias 7-10, isto é, baixa capacidade). Também foi observado que 48% da
31
população com deficiência possuíam idade acima de 65 anos e 29% possuíam idade acima de 75
anos.
Para o propósito de desenvolvimento de produto inclusivo, algumas capacidades são
pertinentes na avaliação de produtos. As capacidades de interesse que são usadas na interação
com o produto são: motora, destreza, alcance e alongamento, visão, audição, comunicação e
função intelectual.
Muitas pessoas, num estágio da vida, possuem mais de uma perda de capacidade. Do ponto
de vista do projeto isso é muito importante desde que a perda de capacidade em inglês capability
loss tem o potencial para causar a exclusão. As pesquisas focadas em deficiência provêem uma
valiosa informação para analisar as múltiplas capacidades. A Tabela 2.4 e a Tabela 2.5 resumem
os dados extraídos da pesquisa DFS (Keates e Clarkson, 2003).
Tabela 2.4 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido Tipo de perda de capacidade Números da população
GB 16+ Percentagem da população 16+
Perda de capacidade motora 2.195.000 6.2% Perda de capacidade sensorial 771.000 1.6% Perda de capacidade cognitiva 431000 0.9% Combinação perda motora e sensorial 1.819.000 3.9% Combinação perda sensorial e cognitiva 213.000 0.5% Combinação perda cognitiva e motora 801.000 1.7% Perda motora, sensorial e cognitiva 1.175.000 2.5% Tabela 2.5 Perda de capacidade individual e múltipla (total) da população do Reino Unido
Tipo de perda de capacidade Números da população GB 16+
Percentagem da população 16+
Alguma perda de capacidade motora 6.710.000 14.3% Alguma perda de capacidade sensorial 3.979.000 8.5% Alguma perda de capacidade cognitiva 2.622.000 5.6% Alguma perda motora, sensorial e cognitiva 8.126.000 17.3%
A Figura 2.9 apresenta dois diagramas da perda de capacidade individual e múltipla da
população com mais de 16 anos (16+) do Reino Unido e com mais de 75 anos (75+)
respectivamente (Coleman et al., 2004). O diagrama está em forma de três círculos que
representam a falta de capacidade motora, sensorial e cognitiva. Os círculos se interceptam
mostrando a combinação das perdas de capacidade. O primeiro diagrama (lado esquerdo) mostra
que a incapacidade motora é a maior, representando 6.2% da população, a categoria motora
combinada com a categoria sensorial perfazem 3.9% , 1.7% é a combinação da categoria motora
32
com a categoria cognitiva e 2.5% combinam a categoria motora com as categorias sensorial e
cognitiva. 0.9% e 1.6% da população 16+ tem perda de capacidade cognitiva e sensorial
respectivamente, enquanto 0.5% têm a combinação das duas formas de incapacidade (sensorial e
cognitiva). O segundo diagrama (população 75+) mostra que 13.2% possuem perda de
capacidade motora e 13.2% possui a combinação de perda de capacidade motora com a categoria
sensorial. 2.7% da categoria motora combinada com a categoria cognitiva e 6.7% tem em comum
perda de capacidade motora, sensorial e cognitiva. 0.8% e 5.3% respectivamente possui
individualmente a categoria cognitiva e sensorial,enquanto que 0.8% tem a combinação das
categorias sensorial e cognitiva.
Figura 2.9 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido com 16+ e 75+ respectivamente (Coleman et al., 2004)
A capacidade motora é derivada da combinação da locomoção, do alcance e alongamento, e
da destreza. A capacidade sensorial é derivada da visão e audição. E a capacidade cognitiva
compreende a comunicação e a função intelectual do indivíduo.
A análise dos dados de capacidade gera uma informação útil para projetar para uma maior
faixa de usuários com capacidades múltiplas. No entanto existem várias definições de deficiência
e dados de pesquisa frequentemente resultam em dados que não são imediatamente comparáveis.
Portanto é importante identificar o propósito para o qual o dado é requerido, natureza dos dados e
escolher a fonte de dados mais apropriada. Após esse processo pode ser necessário modificar e
33
adaptar os dados para encontrar uma específica informação. As capacidades múltiplas mais
comuns apresentam desafios e também oportunidades para melhorar o projeto de um produto.
Focar nas capacidades dos usuários ao invés de focar nas incapacidades, fornece aos
projetistas uma clarificação dos parâmetros de projeto. Portanto os dados de deficiência devem
ser interpretados não como uma fonte do que o usuário não pode fazer e sim como um meio de
deduzir o que ele pode fazer. Assim pode-se ter acesso ao nível de exclusão e então utilizar
métodos para conter essa exclusão de projeto.
2.6 Abordagens para o projeto inclusivo
O conceito de projetar produtos e serviços para deficientes, traduzido do inglês design for
disability (Coleman, 2001) surgiu para atender as necessidades específicas de um público alvo
em particular. Até recentemente, acredita-se que os principais grupos excluídos do uso de
produtos são as pessoas com deficiência e os idosos.
Existem muitas abordagens relacionadas com o desenvolvimento de produtos para pessoas
com deficiência, independentemente se a deficiência foi causada pela idade ou por má formação
congênita (Keates et al., 2002). Essas abordagens escolhem um público alvo em particular, por
exemplo, pessoas com deficiência física ou pessoas com paralisia cerebral, e desenvolvem
soluções exclusivas para atender às limitações específicas deste público alvo definido. O
objetivo, dessas abordagens, é permitir ao usuário uma melhor qualidade de vida, fornecendo
acessibilidade ao uso do produto ou ao uso do serviço.
Um exemplo é a abordagem Rehabilitation Design (Hewer et al. ,1995) que enfoca o
desenvolvimento de soluções de projeto específicas para deficiências específicas. Segundo os
alguns autores, os produtos resultantes desta abordagem não satisfazem as necessidades dos
idosos (Gardner et al., 1993) e não possuem funcionalidade para as pessoas com deficiência
(Buhler, 1998) e isso reflete em pouca aceitação no mercado (Mahoney, 1997).
Design by Story-Telling (Moggridge ,1993; Erickson, 1996) é uma abordagem similar,
porém possui uma estrutura com quatro estágios: (i) entender o que é ser um idoso; (ii) observar
o que os idosos fazem e seu comportamento; (iii) visualizar um cenário diferente sem restrições
34
técnicas; (iv) avaliar o produto para estes usuários. Essa abordagem enfatiza a idade como uma
fonte de dificuldades ao invés de entender que essas dificuldades, apresentadas pelo avanço da
idade, serão a causa de deficiências futuras.
As abordagens mencionadas acima, focalizam os idosos ou as pessoas com deficiências
caracterizando suas necessidades especiais. Isso leva a um nicho de produtos que são exclusivos
para esse público. Muitos produtos foram desenvolvidos utilizando as abordagens citadas acima,
porém os produtos tinham custo alto, não possuíam acessibilidade e/ou não tinham utilidade. O
foco do desenvolvimento desses produtos, incluindo produtos para tecnologia assistiva, é projetar
produtos específicos para solucionar problemas específicos.
Um problema que ocorre nestas abordagens é o entendimento pelo projetista de como o
usuário utilizaria o produto em desenvolvimento. Para entender pessoas cegas, por exemplo, as
pessoas de visão normal utilizam vendas nos olhos para simular como uma pessoa cega reagiria à
uma situação. Essa não é a melhor maneira para entender o comportamento do indivíduo, pois a
pessoa cega possui outras habilidades e a percepção do cego é muito diferente da pessoa que está
simulando a situação. A Figura 2.10 mostra testes de avaliação realizados por alguns membros da
equipe de projeto da Toshiba. Nesses testes foram usados tampões para os ouvidos para simular a
deficiência auditiva, luvas nas mãos para simular a falta de destreza, óculos para simular pessoas
com baixa visão, pesos colocados nos cotovelos e tornozelos, imobilizador em uma das pernas
para simular a dificuldade de agachamento ou dobramento do joelho. Outro problema é a
rotulação de produtos para deficientes, por exemplo, “deficiente físico” e “portador de
deficiência”, em inglês disabled e handicapped. Desenvolver produtos inclusivos significa não
rotular os tipos de usuários.
35
Figura 2.10 Membros da equipe de projeto simulando dificuldades na operação de seus produtos (fonte Toshiba).
Universal Design (Story et al., 1998) consiste em desenvolver um produto que seja
acessível e utilizável pelo maior número de pessoas possíveis. Esta abordagem segue os sete
princípios do Universal Design (Tabela 2.6) (Story, 1988), que estão exemplificados no
Apêndice B, e é interpretada erroneamente como sendo uma abordagem para desenvolver um
“produto para todos”. Essa filosofia propõe encorajar os projetistas a considerar as necessidades
do maior número possível de usuários, resultando em produtos que sejam usáveis pelo maior
número de pessoas possível e não por toda a população. Entretanto a principal questão é o quanto
realmente um produto é acessível universalmente, pois como existe uma enorme diversidade de
pessoas é improvável que uma simples solução de um produto seja acessível para todos.
Tabela 2.6 Os sete princípios do Universal Design (Story et al., 1998)
Os princípios do Universal Design 1 Uso eqüitativo 2 Uso flexível 3 Uso simples e intuitivo 4 Percepção da informação 5 Tolerância ao erro 6 Baixo esforço físico 7 Tamanho e espaço para a aproximação e uso
36
Bentzon (1993) apresenta uma abordagem denominada User Pyramid, ilustrada na Figura
2.11. A pirâmide representa toda a população, isto é, pessoas com necessidades especiais,
pessoas sem deficiência e pessoas com deficiência, causada pelo avanço da idade, acidente ou por
má formação congênita.
pessoas com alto grau dedeficiência
pessoas com graumoderado de deficiência
pessoas sem deficiência e/ou com pequenas restrições
Pessoas que necessitam de ajuda para realizar as atividadesdiárias. Ex. pessoas em cadeiras de rodas e pessoas sem
movimentos nas mãos e braços
Pessoas com mobilidade e força reduzida de causa congênita ou poravanço da idade. Ex. pessoas idosas e com deficiências
Pessoas capazes de realizar atividades, incluindo idososque possuem pequena redução de força e mobilidade,
pessoas com deficiência de audição e de visão
Figura 2.11 Abordagem User Pyramid (Bentzon, 1993)
A abordagem User Pyramid divide esses usuários em três grupos, conforme mostrado na
Figura 2.11. Nesta figura adaptada de Bentzon (1993), a base da pirâmide é ocupada pelas
pessoas sem deficiência incluindo idosos com pequenas necessidades, que tem, por exemplo,
redução de força e mobilidade, e pessoas com deficiência de audição e visão. Na porção
intermediária da pirâmide estão as pessoas com força reduzida, mobilidade comprometida, e/ou
pessoas com algum tipo de deficiência causada por doenças ou avanço da idade, por exemplo,
pessoas que usam diferentes tipos de aparelhos para mobilidade ou sofrem de grave problema de
visão. Nesse grupo encontram-se os idosos e a maioria dos 10% da população considerada como
pessoas com deficiência. No topo da pirâmide são encontradas as pessoas que possuem um alto
grau de deficiência, pessoas com deficiência crítica, que necessitam da ajuda de outra pessoa para
realizar suas atividades diárias, por exemplo, pessoas em cadeiras de rodas e pessoas com grande
limitação de força e mobilidade nos membros inferiores e superiores. Muitos dos indivíduos que
compõem este grupo não conseguem segurar algo com as mãos.
É importante notar que se o ambiente for acessível para esse grupo de pessoas, a maioria
dessas pessoas será capaz de desempenhar suas atividades diárias com independência ou com um
mínimo de assistência. Um caso que pode ser citado, por exemplo, é o físico britânico Stephen
Hawking, o qual apesar de suas condições pode dar contribuições consideráveis para a pesquisa
científica. Esta abordagem, User Pyramid, consiste que se os produtos forem projetados para
serem acessíveis à uma determinada camada mais alta da pirâmide, então esses produtos devem
37
ser acessíveis e melhores para as pessoas que estão incluídas nas camadas abaixo, ou seja, para as
pessoas que possuem deficiência de menor grau ou que não tenham deficiência alguma.
A abordagem User Pyramid classifica as capacidades das pessoas em três grandes
agrupamentos, porém esta classificação possui algumas inconsistências. Por exemplo, o fato de
uma pessoa que utiliza cadeira de rodas estar incluída no agrupamento do topo da pirâmide é um
erro, pois sabe-se que a maioria dos usuários de cadeiras de rodas possui uma vida independente,
moram sozinhos, dirigem carros adaptados e vão ao trabalho e lazer. Esta classificação é confusa
e generalista e poderia ser melhorada, talvez baseando-se na ICF. No entanto, esta abordagem é
importante para refletir sobre o projeto inclusivo, pois nota-se que os produtos podem ser obtidos
atravessando-se as fronteiras do processo de projeto através das capacidades do usuário,
resultando em produtos melhores para os usuários que não possuem deficiência.
Como foi mencionado neste item, existem várias abordagens para o desenvolvimento de
produtos e ambientes que sejam inclusivos. Entretanto nenhuma delas pode ser aplicada no
desenvolvimento de produtos inclusivos, pois o ponto fraco dessas abordagens é que o projeto
está direcionado para grupos específicos da população. Por exemplo, Trangenerational Design
(Woudhuysen, 1993) focaliza o projeto para pessoas idosas. Alternativamente outras abordagens
enfocam tipos específicos de deficiências, como o é o caso da Rehabilitation Design. Tais
abordagens também podem ser direcionadas para culturas específicas, por exemplo, o Universal
Design que domina os EUA e Japão para o projeto inclusivo, enquanto os países europeus
tendem a desenvolver suas próprias abordagens, como por exemplo, Design for All e User
Pyramid.
Talvez se todas, ou as principais, abordagens existentes para um projeto inclusivo fossem
combinadas, quase todas as necessidades da população seriam completamente atendidas, porém
se as abordagens fossem utilizadas individualmente elas não seriam suficientes. Porém sabe-se
que não é possível encampar todas as diferenças que existem nas pessoas, cada indivíduo é único.
As abordagens relacionadas com o intuito de projetar para toda a população podem ser
reunidas em três categorias:
38
• Projeto universal - user-aware design: aumentar as fronteiras da funcionalidade do
projeto dos produtos para incluir o maior número de pessoas possível.
Projeto Modular – customisable / modular design: projeto que contém módulos
direcionados a necessidades específicas.
• Projeto Especial – special purpose design: projeto específico para usuários com
necessidades específicas.
Essas abordagens podem ser combinadas para promover a completa cobertura do modelo
User Pyramid (Figura 2.11). No entanto a pirâmide não é a única forma possível de se
representar a população.
Portanto, existe a necessidade do desenvolvimento de uma nova metodologia que aproveite
os pontos fortes das abordagens existentes para a implementação de um projeto inclusivo. Essa
inovação deve estabelecer um critério prático e mensurável de projeto que seja acessível para
quase toda a população.
Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid, Keates e Clarkson (1999) propuseram
um modelo tri-dimensional que provê um sumário das abordagens para projetar para pessoas com
diferentes capacidades, veja a Figura 2.12
Projeto Especial
Projeto Modular
Projeto Universal
Figura 2.12 Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid para um mapa tri-dimensional de abordagens de projeto – Inclusive Design Cube (IDC) (Keates e Clarkson,
1999).
39
A representação de toda a população neste cubo será usada neste trabalho e será
referenciado como o método do Cubo Inclusivo (CI) traduzido do inglês Inclusive Design Cube
(IDC).
Os princípios da abordagem do projeto universal geram produtos amplamente acessíveis
para a população e, portanto oferecem uma boa inclusão da população. Consequentemente essa
abordagem domina o volume do cubo. Para usuários com deficiência grave é necessário adotar
abordagens para produtos especiais ou customizados para usuários específicos. Entre essas duas
abordagens, está o projeto modular, que toma como base o projeto universal com adaptabilidade
funcional através da combinação de módulos (Pahl e Beitz, 1996).
Novamente, o cubo reforça o fato de que a adoção de uma simples abordagem não resulta
no atendimento das necessidades da maioria dos usuários. Alguns usuários não serão incluídos e,
consequentemente, serão incapazes de usar os produtos e serviços resultantes. Eles serão
excluídos pelo projeto. Esse conceito de exclusão será discutido no próximo item.
2.7 Exclusão de projeto
O conceito de exclusão de projeto é importante para o desenvolvimento de um projeto
inclusivo, pois identificando “porque” e “como” os usuários não podem usar o produto, o
projetista pode ser capaz de conter tal exclusão. Uma das maneiras de assegurar que o projeto de
um produto é inclusivo é estabelecer métricas para definir o nível de inclusividade de um produto
durante o processo de projeto. Através dessas métricas, os projetistas serão capazes de medir o
sucesso do produto em desenvolvimento e também identificar as falhas de acessibilidade do
produto (Keates e Clarkson, 2003).
O objetivo deste item é discutir as métricas para medir a inclusividade de um produto e
apresentar uma ferramenta de representação gráfica que compara a população incluída com a
população excluída do projeto.
Para saber se um produto é inclusivo, parte-se da hipótese de medir o grau de exclusão do
produto, ou seja, se for possível saber quais e quantas pessoas não podem usar o produto fica
mais fácil ver os aspectos que o produto deve melhorar. Por exemplo, se um produto exclui uma
40
significante porção da população porque os usuários não conseguem ouvir ou ver a saída do
produto, então os projetistas devem reprojetá-lo com características relacionadas em prover uma
saída mais adequada para esses usuários.
As abordagens existentes para promover o projeto inclusivo e o design for all, tendem a
desenvolver produtos e serviços mais acessíveis focalizando o conceito do produto em um
público alvo específico e expandindo esse conceito para atender um público maior. Essa atitude é
um bom ponto de partida, porém o produto resultante dependerá totalmente da escolha dos
usuários. A definição do público alvo deve ser a mais ampla possível.
Por exemplo, considere um projeto de um equipamento conectado ao computador que filtra
os tremores de uma pessoa, por exemplo, um mouse. O tremor pode surgir de várias condições,
como o resultado do avanço da idade, ou por condições do meio ambiente externo, o movimento
de um ônibus. Se os filtros forem projetados para atender somente uma condição, por exemplo,
paralisia cerebral, talvez o mouse tenha limitações de uso para pessoas com mal de Parkinson.
Portanto é importante considerar as necessidades de todos os usuários com condições similares
durante o processo de projeto e verificar quais os possíveis grupos de usuários podem se
beneficiar desse produto.
O desenvolvimento de um produto geralmente envolve a identificação das necessidades,
criação de soluções para atender as necessidades e uma revisão para assegurar que as
necessidades foram encontradas. Consequentemente, quando se considera uma metodologia
(Figura 2.13) é necessário também considerar uma medida de sucesso. Os requisitos estipulados
para um produto têm o potencial de excluir certas porções da população do uso do produto
resultante (Clarkson e Keates, 2003).
41
Necessidadesdo usuário
Identificarprojeto ideal
Revisar o projetoideal
Desenvolverrequisitos
Revisar osrequisitos
Desenvolver oprojeto doproduto
Revisar o projetodo produto
Produtoaceitável
Figura 2.13 Estrutura para a avaliação do produto.
Uma definição para o “projeto inclusivo” relacionado com os requisitos do produto é que:
“um projeto de produto inclusivo deve somente excluir os usuários que os requisitos do produto
excluem” (Keates e Clarkson, 2003). Essa definição quer dizer que o projeto do produto falha na
inclusividade se as pessoas são excluídas pelo uso do produto, mesmo que essas pessoas possuam
as capacidades funcionais para as especificações do produto especificado. Os requisitos de
projeto refletem as características que os consumidores esperam encontrar em um novo produto,
sendo uma tradução das necessidades dos consumidores para uma linguagem técnica (linguagem
da empresa) (Dedini e Cavalca , 2001).
Qualquer discrepância entre as necessidades do produto (do usuário) e dos requisitos do
produto implica que os projetistas terão que introduzir novas necessidades de capacidade dos
usuários que não são atributos essenciais do produto. Essa discrepância é a base métrica para
medir se uma solução de projeto é satisfatoriamente inclusiva.
Em resumo, uma possível medida do mérito de inclusividade de um produto depende de
dois critérios: o mérito dos requisitos que o define e seu mérito quando julgado contra os
requisitos.
42
2.7.1 Populações
Para definir o mérito de inclusividade de um produto é necessário primeiramente definir os
termos para se referir as populações. Keates e Clarkson (2003) definiram as populações descritas
a seguir.
O termo para a população global considerada, isto é, o máximo número absoluto de pessoas
que poderiam usar o produto é denominado como “Toda a População” (Whole Population). A
remoção das pessoas que não podem usar os produtos por causa da lei ou de condições de
segurança ou falta de capacidade leva ao conceito de “População Ideal” (Ideal Population). Essa
“População Ideal” é o máximo de pessoas que o produto pode atingir sob condições ideais. Por
exemplo, se um requisito for “produzir um produto para distribuir bebidas quentes”, o produto
deveria incluir as pessoas que não tem a capacidade de levantar e manipular copos de qualquer
tamanho, que não sabem como segurar jarras com bebida quente com segurança e que não
distinguem uma jarra de outros objetos.
Cada novo produto deve inicialmente ser definido por um conjunto de requisitos de projeto
antes do conceito do produto. Os usuários que não puderem usar o produto baseado nos requisitos
de projeto ideais, mas que alterando-se esses requisitos eles podem usá-lo, podem ser
denominados com “Máxima População Negociável” (Negotiable Maximum Population),
implicando que a população pode mudar conforme a mudança dos requisitos.
Com o progresso do projeto, conceitos e protótipos são desenvolvidos e a inclusividade do
produto pode ser avaliada através das propriedades físicas dos protótipos. As pessoas que
puderem usar o produto, baseado nas propriedades físicas são denominadas “População Incluída”
(Included Population).
Em nenhuma das definições acima foi mencionado a definição de “Público Alvo” porque
existem muitas opções para especificar esse público. No entanto, um possível “Público Alvo”
seriam as pessoas que tivessem interesse em adquirir o produto. Por exemplo, o “Público Alvo
Interessado” poderia ser grupos de pessoas com idade acima de 75 anos. O “Público Alvo” é
baseado em “toda a população” ou “população ideal” e seu tamanho e sua composição independe
da “Máxima População Negociável” e da “População Incluída”. Por exemplo, uma empresa
43
britânica de telefones desenvolveu um telefone com botões grandes, veja Figura 2.14, o público
alvo poderia ser pessoas idosas. No entanto o produto final é usável, acessível e atraente para
mais pessoas que excedem o público alvo. Esse exemplo ilustra como a inclusividade pode
expandir o mercado de vendas do produto.
Figura 2.14 Telefone britânico de botões grandes (Keates e Clarkson, 2003).
Em resumo, essas populações foram reunidas e podem ser referidas como WINIT (“Whole-
Ideal-Negotiable-Include-Target”) e é usada para formar uma base de medida de sucesso para o
projeto inclusivo, veja Figura 2.15 (Keates e Clarkson, 2003).
POPULAÇÃO ALVO
TODA A POPULAÇÃO
POPULAÇÃO IDEAL
MÁXIMA POPULAÇÃO NEGOCIÁVEL
POPULAÇÃO INCLUÍDA
Figura 2.15 As populações WINIT (Keates e Clarkson, 2003).
2.7.2 Mérito de inclusividade
Tendo definido todos os tipos de populações a serem consideradas, é possível enumerar as
razões entre essas populações. Essas razões podem ser interpretadas como medidas de mérito de
inclusividade de um produto (Keates e Clarkson, 2003).
44
A razão entre “Toda a População” e a “População Ideal” indica o nível de exclusão
associado com o conceito de tarefa, independente das soluções desenvolvidas. Veja equação 2.1.
População a TodaIdeal População ideal produto um de inclusão de Mérito = (2.2)
A razão entre a “Máxima População Negociável” e a “População Ideal” reflete o nível de
exclusão gerado pelos requisitos do produto.
Ideal PopulaçãoNegociável População Máxima requisitos dos inclusivo Mérito = (2.3)
A razão entre a “População Incluída” e a “Máxima População Negociável” indica o nível
de exclusão gerado por uma configuração particular do produto em certo momento. Com o
progresso do projeto e os requisitos sendo mais refinados, isto é, com o desenvolvimento de
protótipos, essa razão tende à aproximar-se de 1.
Negociável População MáximaIncluída População projeto do inclusivo Mérito = (2.4)
A razão entre a “População Incluída” e a “População Ideal” é a mais importante porque ela
provê uma comparação direta de quão bom o produto é, comparado com o máximo da teoria.
Ideal PopulaçãoIncluída População atual produto do inclusivo Mérito = (2.5)
Finalmente, a razão entre a “População Incluída” e o “Público Alvo” mostra o quanto
satisfatoriamente o produto encontra as necessidades para o público alvo.
Alvo PopulaçãoIncluída População atual produto do vendasMérito = (2.6)
2.8 O método do Cubo Inclusivo (CI)
O método do Cubo Inclusivo (CI) é uma representação gráfica que relaciona o nível de
capacidade dos indivíduos, o perfil da população e as abordagens adequadas de projeto que são
45
representadas graficamente de forma simples e clara (Keates e Clarkson, 1999), o cubo inclusivo
é ilustrado na Figura 2.16.
Aumento dacapacidadecognitiva
Aumento dacapacidade
sensitiva
Aumento dacapacidade
motora
Projetoassistido
Projetouniversal
Projetoespecial
Projetomodular
O vértice frontal inferior do cubo representaos usuários com total capacidade.
Figura 2.16 Método do Cubo Inclusivo (CI) (Keates e Clarkson, 1999).
Cada eixo do cubo representa a capacidade sensorial, cognitiva e motora do usuário. A
direção das setas indica o aumento de capacidade dos usuários ao longo dos eixos apontando para
o ponto de máxima capacidade. Os respectivos volumes delimitados por cada abordagem de
projeto representam a população abrangida. O volume total do cubo representa toda a população,
sendo que os usuários que são mais capacitados para realizar atividades se encontram no vértice
frontal inferior do cubo e os menos capacitados no vértice superior atrás do cubo. Na Figura 2.16
o cubo é mostrado em volumes delimitados ocupados por diferentes abordagens de projeto. Cada
abordagem é apropriada para atender as necessidades particulares do usuário e consequentemente
estas abordagens estão posicionadas apropriadamente no cubo.
O cubo em sua forma, possui eixos qualitativos variando de total capacidade para nenhuma
capacidade. O eixo de capacidade motora representa fatores relacionados com restrição de força e
46
coordenação, o eixo de capacidade cognitiva representa o nível de capacidade intelectual e o eixo
de capacidade sensorial abrange as capacidades visual e auditiva. Ao final de cada eixo (baixas
capacidades), entende-se que muitas das atividades realizadas na vida cotidiana necessitam da
ajuda de uma outra pessoa e essa porção do cubo é denominada Assisted by care que foi
traduzido neste trabalho por “projeto assistido”. Tão logo as incapacidades aumentam os
“projetos especiais”, tradução adotada de “Special purpose design”, deverão prover produtos para
necessidades específicas, por exemplo, cadeiras de rodas, andadores, aparelhos auditivos e
produtos que não são desenvolvidos para toda a população. O “projeto modular”, que neste
trabalho foi a tradução encontrada para “Modular/customizabe design”, permite variações no
produto para acomodar uma maior faixa de habilidades de indivíduos para a utilização de um
produto padrão, por exemplo, uma tábua de passar roupa que possui regulagem de altura. E
finalmente o “projeto universal”, traduzido de user-aware design que propõe o entendimento das
necessidades e desejos dos usuários e maximiza o número de pessoas que possam utilizar um
produto.
Sabe-se que o princípio do projeto inclusivo é gerar produtos que sejam amplamente
acessíveis para o maior número de pessoas possíveis e, portanto deve incluir a grande parte da
população. Conseqüentemente essa abordagem, “projeto universal” (user-aware design), domina
o volume do cubo. Entretanto nota-se que é improvável que os produtos resultantes desta
abordagem atendam indivíduos com menos capacidade, ou seja, com um maior grau de
deficiência (Keates, et al., 2002). Para as pessoas que possuem alto grau de deficiência pode ser
necessário adotar uma abordagem de engenharia de reabilitação para projetar produtos
específicos para usuários específicos. Essa abordagem é denominada purpose design, projeto
especial. Entre as duas abordagens existe uma intermediária abordagem de projeto que possui
fronteiras potencialmente flexível. O “projeto modular” (modular design) usa como base os
princípios do user-aware design, porém com uma interface cambiável de mudança que pode ser
adaptável ou trocada por uma série de projetos modulares.
Outra aplicação do modelo do Cubo Inclusivo é a possibilidade de mapear produtos
individuais. Se a demanda de capacidade de um produto pode ser acessada e então mapeada para
a população abrangida, o volume pode ser desenhado no cubo para representar a população
incluída. As revisões de projeto para o produto também poderão ser acessadas e incluídas no CI
47
para prover uma simples e visual comparação da inclusividade do projeto de produto (Keates, et
al., 2002).
Segundo Clarkson et al. (2000), o IDC também tem a finalidade de ser uma ferramenta para
visualizar a expansão do mercado para um produto. Os autores acreditam que focalizando
esforços nos benefícios que o projeto inclusivo trará ao mercado, é bem provável que as empresas
ficarão mais incentivadas a desenvolver novos produtos inclusivos. A Figura 2.17 mostra um
exemplo da expansão do mercado para um aquecedor de água modelado pelo método do CI.
Neste caso, foram definidas três soluções para se aquecer água, a torneira elétrica (torneira de
água quente), a chaleira com cordão elétrico (Tabela 2.7(b)), composta de material metálico e
cordão para conectar a chaleira à energia elétrica, e a chaleira elétrica sem cordão (Tabela 2.7 (c))
Figura 2.17 Expansão do mercado em potencial no desenvolvimento de um esquentador de água (adaptado de Clarkson et al., 2000).
A chaleira elétrica com cordão requer um grau de destreza do usuário para conectar e
desconectar o cordão de energia elétrica e também para remover a tampa da chaleira para enchê-
la de água. Essas atividades se tornam difíceis para pessoas com força reduzida ou com pouca
flexão nos dedos causada por artrites. Por outro lado, a torneira elétrica é muito mais fácil de se
48
usar, porém é pouco flexível, pois fica fixa em um lugar específico. No entanto, existe uma
porção da população, a qual nenhuma dessas duas soluções citadas acima é particularmente
atrativa, veja a Figura 2.17 (a).
A chaleira sem cordão foi desenvolvida inicialmente para atender as necessidades de
pessoas com deficiência física e mudou radicalmente mercado destes aparelhos. As versões mais
recentes dessas chaleiras sem cordão são geralmente de material plástico, diminuindo o peso a ser
levantado, e possuem bicos largos, possibilitando o enchimento da chaleira sem a necessidade de
remover a tampa, capacitando melhor o usuário na realização de atividades. Essa mudança tornou
o produto mais acessível para o usuário, abrangendo uma larga faixa de pessoas com capacidade
motora reduzida. Portanto o produto ficou mais acessível e pode ser usado por várias pessoas
com capacidade motora reduzida, expandindo assim o mercado em potencial do produto, Figura
2.17(b). Além disso, a maioria das chaleiras no mercado é do tipo sem cordão, e as chaleiras
elétricas antigas têm somente como atrativo o custo baixo.
O método do cubo inclusivo também pode ser usado como uma ferramenta para ajudar o
projetista à atingir o nível de usabilidade. O princípio do processo é apresentado aqui, embora
muito trabalho futuro é necessário antes desse objetivo ser atingido na prática. A Tabela 2.7
mostra a evolução de chaleiras com os problemas que ocorrem durante a melhoria de usabilidade
e, portanto inclusividade do produto. Pode se observar na Tabela 2.7 que existem contradições na
seleção de parâmetros, por exemplo, se por um lado o problema está sendo resolvido (retirar o
cordão), por outro lado foi introduzido um outro problema, (pouco equilíbrio). O método do
projeto inclusivo pode ser capaz de realçar o mercado em potencial, mas isto pode ser acoplado
com ergonomia para melhorar o projeto.
49
Tabela 2.7 Melhoria de usabilidade e inclusividade em chaleiras (adaptado de Clarkson et al., 2000).
Tipos de chaleiras Descrição Material Dificuldade
Chaleira antiga (a)
Possui alças grandes montadas acima do corpo
da chaleira. metal Requer destreza
limitada.
Chaleira elétrica com cordão (b)
Chaleira elétrica de metal que possui um cordão que é encaixado na chaleira e
na energia elétrica.
Metal, mesma
forma das antigas
chaleiras.
Requer mais destreza para inserir e
remover o cordão.
Chaleira elétrica de
plástico(c)
Chaleira de plástico sem cordão. plástico
O lado da alça mudou o equilíbrio
da chaleira, tornando o uso difícil para
pessoas que tenham força limitada nos
membros superiores.
Chaleira não elétrica
de metal (d)
Chaleira mais recente, possui a forma tradicional da chaleira sem cordão.
metal
O peso da chaleira aumenta o problema
para pessoas com força limitada nos
membros superiores.
Último modelo,
chaleira elétrica sem cordão(e)
Última versão da chaleira, melhorou o problema do equilíbrio pela mudança
da forma do produto, movendo a alça para
frente.
plástico -
50
O modelo IDC é uma poderosa ferramenta que destaca diferentes abordagens projeto que
podem ser utilizadas no desenvolvimento de produtos apropriados para uma dada faixa de
pessoas com necessidades especiais (Keates et al., 2000; Keates et al., 2002). Entretanto para
uma implementação de práticas de projeto inclusivo é necessário ter uma nova metodologia.
2.9 Uma abordagem para o projeto inclusivo – metodologia dos sete níveis
Keates et al. (2002), desenvolveram uma metodologia denominada metodologia dos 7
níveis para atender ao projeto inclusivo. Essa metodologia foi desenvolvida seguindo-se os
passos de Blessing (1995).
Segundo Blessing (1995), para desenvolver uma metodologia é necessário tratá-la como
um produto e adotar o desenvolvimento em três estágios: (1) definir o problema; (2) desenvolver
a solução e (3) avaliar a solução.
Estágio 1 – Definir o problema - entender os defeitos do design for all;
Estágio 2 – Desenvolver a solução - desenvolver uma solução de projeto com
conhecimento sobre pessoas com e sem deficiência física;
Estágio 3- Avaliar a solução – ter certeza de que a metodologia é eficaz.
Essa solução é a mesma para o desenvolvimento de um produto:
Estágio 1- Definir o problema – entender os requisitos do produto;
Estagio 2-Desenvolver a solução - desenvolver uma solução de projeto tendo
informações sobre o público alvo;
Estágio 3- Avaliar a solução – ter certeza de que o produto é eficaz.
Keates et al. (2002) afirmam em seu trabalho que é imperativo que cada estágio do
processo de desenvolvimento de produto deve ser centrado no usuário, traduzido do termo
original user- centred. Estudos a respeito de usabilidade em sistemas de software interativos
mostram que uma abordagem centrada no usuário é essencial se as necessidades dos usuários
51
precisam ser encontradas (Newman, 1995). Consequentemente o envolvimento do usuário deve
ser caracterizado em todos os estágios do processo de projeto e os testes devem ser
frequentemente registrados. A Figura 2.18 mostra que o desenvolvimento de uma metodologia
pode ser baseado no processo de desenvolvimento de um produto. Para avaliar se a nova
metodologia é satisfatória faz-se necessário o desenvolvimento de um produto que passe pelas
etapas da metodologia, ou seja, a avaliação do novo produto apóia a avaliação da nova
metodologia.
Definir o problema
Desenvolver a solução
Avaliar a solução
Metodologia aproximada
Design for all?
Desenvolvimento de metodologia
A avaliação do novo produtoapóia a avaliação da nova
metodologia
Definir o problema
Desenvolver a solução
Avaliar a solução
Novo Produto
Especificar a necessidade
Desenvolvimento de produto
Figura 2.18 Desenvolvimento de nova metodologia baseado no desenvolvimento de produto (Keates et al., 2002).
A metodologia apresentada nesta tese é fundamentada em técnicas existentes de usabilidade
e práticas de projeto centradas no usuário (Keates et al., 2002).
52
A Figura 2.19 mostra a metodologia dos 7 níveis desenvolvida por Keates et al. (2002),
para o desenvolvimento de uma interface, baseada nos estágios de interação e avaliações de
usabilidade heurísticas.
O desenvolvimento de uma interface de acesso universal envolve entender a natureza
fundamental da interação. Uma típica interação com a interface consiste na percepção do usuário
como a saída do sistema, decidindo o curso de ação e de implementação da resposta. Os passos
podem ser explicitamente identificados tais como, percepção, cognição e ações motoras que são
relacionados diretamente com as habilidades sensorial, cognitiva e motora do usuário
respectivamente. Três avaliações heurísticas (Nielsen, 1993) podem ajudar a explicitar essas
funções. A “visibilidade do estado do sistema” deve oferecer um feedback para o usuário
entender o estado atual do sistema completo. “Cruzar o sistema com o mundo real” significa que
o sistema deve seguir as intenções do usuário e “Controle do usuário e liberdade” constitui que o
sistema deve oferecer controles versáteis intuitivos para a comunicação.
E para produzir essa metodologia, os componentes de interação foram combinados com os
três estágios básicos de desenvolvimento de projeto citados acima (Blessing, 1995): (1) definir o
problema; (2) desenvolver a solução e (3) avaliar a solução. Essa metodologia foi aplicada com
sucesso no projeto de um software para interface de um robô interativo (Keates et al., 1999) e no
reprojeto de uma interface de um ponto de informação (Keates et al., 2000).
53
Requisitos do problema----------------------------------------------------------------------------------------------------------
especificar o problema a ser solucionado
Especificação do problema----------------------------------------------------------------------------------------------------------
especificar o problema a ser solucionado
verificar a definição do problema
Visibilidade do estado do sistema----------------------------------------------------------------------------------------------------------
desenvolver o mínimo, porém suficiente representação doestado do sistema
verificar a definição do problema
verificar a percepção do usuário
Liberdade e controle do usuário----------------------------------------------------------------------------------------------------------desenvolver qualidade de controle e de entrada de dados do
usuário
Cruzar o sistema e o mundo real----------------------------------------------------------------------------------------------------------
estruturar a interação para cruzar com as expectativas dousuário
Avaliação / validação----------------------------------------------------------------------------------------------------------
avaliar a usabilidade e acessibilidade do sistema
verificar o entendimento do usuário
verificar o conforto do usuário
validar usabilidade/acessibilidade
Avaliação / validação----------------------------------------------------------------------------------------------------------
avaliar a usabilidade e acessibilidade do sistema
validar usabilidade/acessibilidade
Nível 1
O que ousuário quer
Nível 2
Necessidades dousuário
Nível 3
Nível 4
Nível 5
Nível 6
Nível 7
Percepção dousuário
Cognição dousuário
Função motora dousuário
Usabilidade dousuário
Aceitabilidadedo usuário
Definicão doProblema
ESTÁGIO 1
Definição doSistema
ESTÁGIO 2
ESTÁGIO 3Validação do
Sistema
Figura 2.19 Metodologia dos 7 níveis (Keates et al., 2002).
54
Os níveis dessa metodologia serão explicados a seguir: O Nível 1 define as necessidades
dos usuários, que é a motivação para o desenvolvimento do produto. Os métodos que podem ser
úteis na identificação destas necessidades são questionários e entrevistas. O Nível 2 focaliza em
especificar a utilidade requerida do produto. Os requisitos do produto são capturados através de
métodos, tais como o QFD (Akao,1988; Pahl e Beitz,1996), e um benchmarking de produtos
pode ser feita e a utilização de métodos para obter a funcionalidade do produto (Dedini e
Cavalca, 2001).
Os níveis 3 ao 5 se concentram nos estágios de interação. As técnicas de usabilidade e
acessibilidade podem ser aplicadas diretamente para esses níveis, tais como antropometria e
ergonomia. Os protótipos têm um papel importante nesses níveis. Além disso, o nível 3 informa
como o usuário percebe a informação vinda do sistema proposto. O Nível 4 cruza o conteúdo do
sistema e o comportamento do modelo mental do usuário. Uma vez definidos os canais de saída,
a utilidade pode ser adicionada no sistema e avaliada, isso porque a funcionalidade para
monitorar o sistema está no local. O usuário pode ver, ouvir, etc. os dados. Técnicas comuns para
mapear o comportamento das expectativas do usuário no sistema incluem o assistente cognitivo,
semelhante ao assistente do Word da Microsoft.
O Nível 5 focaliza a entrada do usuário no sistema, envolvendo ajustabilidade e layout
físico. As medidas antropométricas são importantes para assegurar que as entradas estão dentro
da faixa de operação do usuário. Dados empíricos originados de testes devem ser reunidos para
avaliar as soluções de entrada, utilizando-se técnicas de modelagem do usuário. O nível 6
envolve a avaliação do sistema completo para assegurar a satisfação da utilidade, usabilidade e
acessibilidade. A avaliação e registro dos testes de usabilidade e acessibilidade com os usuários é
essencial para avançar para o nível 7. O nível 7 avalia o sistema resultante comparando com as
necessidades do usuário, é uma avaliação da aceitação social. E métodos mais qualitativos
geralmente são requeridos tais como pesquisa, entrevistas e questionários.
A metodologia dos 7 níveis e o método Inclusive Design Cube (IDC) focalizam a interação
que consiste em percepção, cognição e ações motoras. Combinando ambos durante o processo de
projeto (Clarkson e Keates, 2001), o IDC pode ser adaptado para monitorar o progresso do
processo de projeto, indicando a abrangência da população atingida pelas diferentes escolhas de
abordagem. Portanto a metodologia dos 7 níveis pode ser representada em cada eixo do cubo. A
55
modificação necessária para o uso do IDC é simplesmente renomear os eixos do cubo para os
níveis 3 ao 5 da metodologia (Clarkson e Keates, 2001). O método resultante do Inclusive Design
Cube está representado na Figura 2.20. As setas indicam o aumento da população abrangida pelo
produto com a redução da habilidade do usuário para um melhoramento do projeto inclusivo.
Nível 4Capacidade motora do usuário/ Entrada do sistema
(aumento da população abrangida/diminuição da capacidade do usuário
Nível 3Entendimento do usuário/Sistema esclarecido
(aumento da população abrangida/diminuição da capacidade do usuário
Nível 2Percepção do usuário/Saída do sistema
(aumento da população abrangida/diminuição da capacidade do usuário
Usuários menos capacitados (pessoas com deficiência)Maioria da população abrangida / Máximo de inclusividade
Usuários mais capacitadosMinoria da população abrangida / Mínimo de inclusividade
Figura 2.20 O método do IC combinado com a metodologia dos 7 níveis Clarkson e Keates, 2001).
2.9.1 Aplicações de projeto inclusivo
Algumas aplicações foram escolhidas para exemplificar o projeto inclusivo. Estas
aplicações são citadas abaixo:
Clarkson et al. (1997), desenvolveram uma metodologia inclusiva para projetar HCI
(“Human Computer Interfaces”) iniciando o processo desde a fase de concepção até o sistema
final.
Aplicações de projeto inclusivo também têm sido desenvolvidas na área de ergonomia, tais
como o HANDRIAN (Porter et al., 2003) que é uma ferramenta CAD (Computer Aided Design)
56
de modelagem que realiza a análise de tarefa, determinando a percentagem de pessoas que são
excluídas dessa tarefa.
Hood et al. (2005) fizeram um estudo com pessoas idosas realizando algumas tarefas e
desenvolveram um software que produz um modelo animado de uma pessoa idosa em atividade.
O modelo pode ser manipulado pelos projetistas respeitando os limites impostos pelo estudo e os
dados biomecânicos podem ser comunicados com o software CAD (Computer Aided Design)
para ajudar o projeto inclusivo.
Figura 2.21 Ferramenta modelo CAD
Coleman (1993) faz um estudo sobre a demografia das pessoas idosas do primeiro mundo
no futuro e a influência que a terceira idade terá em relação ao desenvolvimento de produtos e
serviços, realçando a necessidade de desenvolver produtos com mais usabilidade. Assim como
Blaikie (1993) identifica e analisa o estilo e as tendências de consumo das pessoas idosas, é
também necessário mapear e analisar as necessidades e atividades da terceira idade para obter um
completo entendimento dos problemas que ocorrem diariamente e portanto, poder listar requisitos
e usar ferramentas, estratégias para dar suporte ao desenvolvimento de produtos que atendam
essas necessidades (Bound e Coleman, 1993).
Outra aplicação é nos sistemas eletrônicos. Geralmente, os sistemas eletrônicos
encontrados em todos os lugares altamente são sofisticados. Segundo Wood (1993) o maior
desafio é simplificar a interface entre o homem e esse sistema complexo. As práticas de projeto
de interfaces são baseadas em modelos de usuários baseados em estudos de usuários sem
deficiência. No entanto estes usuários simbolizam somente um ponto na imensa e variada escala
de capacidades físicas. Keates et al. (1998) propõem calibrar estes modelos para usuários com
deficiência física. O trabalho mostrou que existem diferenças importantes entre usuários com
57
deficiência física e usuários sem deficiência na interação com computadores e entendendo essas
diferenças pode-se projetar interfaces mais confortáveis para pessoas com deficiência física.
Embora os autores mencionem que através dos resultados do trabalho é possível o
desenvolvimento de uma metodologia de projeto para interfaces, nenhuma estrutura
metodológica foi apresentada no referido artigo.
2.10 Sumário
Neste capítulo foi apresentado um histórico do surgimento do projeto inclusivo, sua
definição e terminologias. Foi feita uma discussão sobre a percepção da indústria em relação à
implementação do projeto inclusivo e também foram mostrados alguns exemplos de projeto
inclusivo. Abordagens para o projeto inclusivo e suas aplicações foram mostradas. No capítulo
seguinte serão discutidas as metodologias de projeto e as abordagens de projeto inclusivo.
58
59
Capítulo 3
Processo de Projeto de Produtos e Metodologias de Projeto: Aspectos Gerais, Análise Crítica e Discussões
O enfoque deste capítulo consiste em revisar, investigar e comparar algumas das
metodologias e ferramentas mais recentemente utilizadas na fase do estudo da viabilidade e do
projeto preliminar do processo de desenvolvimento de produtos. São apresentadas, discutidas e
analisadas algumas metodologias de projeto que têm uma possível relação com o projeto
inclusivo. Para isso, inicialmente é necessário entender o que é um processo de desenvolvimento
de produto e sua importância.
3.1 Processo de desenvolvimento de produtos (PDP)
O desenvolvimento de produtos consiste em um conjunto de atividades para chegar às
especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, a partir das necessidades
do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, considerando as estratégias
competitivas da empresa (Rozenfeld et al., 2006).
O lançamento de um produto novo no mercado, para a maioria das empresas, não é uma
atividade rotineira e, sim o resultado de um esforço que pode durar um tempo significativo e
envolver quase todos os setores funcionais da empresa. Nas fases iniciais do PDP é que são
definidas as principais soluções construtivas e as especificações do produto. As escolhas de
alternativas ocorridas no início do ciclo de desenvolvimento são responsáveis por cerca de 85%
do custo do produto final. A tomada de decisões sobre o projeto de um produto, na fase de
desenvolvimento, pode antecipar problemas e soluções, além de reduzir o tempo de lançamento
do produto.
60
No início da década de 1990, grandes corporações japonesas, européias e norte-americanas
identificaram o desenvolvimento de produtos como uma área de grandes oportunidades para
elevar a competitividade das empresas (Rozenfeld et al., 2006). O desenvolvimento deve buscar
algo mais do que custo. A competitividade envolve também: a qualidade do produto, tempo de
lançamento, manufaturabilidade (facilidade de produzir e montar) do produto e o fortalecimento
das capacitações requeridas para o desenvolvimento de produto no futuro.
A contribuição do PDP como fonte de vantagens competitivas está cada vez mais
enfatizada. Estima-se que 85% do custo do ciclo de vida de um produto é reflexo da fase de
projeto, e que são possíveis reduções de mais de 50% no tempo de lançamento de um produto,
quando os problemas de projeto são identificados e resolvidos com antecedência, reduzindo o
número de alterações e os tempos de manufatura, gerando competitividade (Rozenfeld, et al.,
2006).
5% 50% 15% 30%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Influ
ênci
a pe
rcen
tual
sob
re o
cu
sto
tota
l
Projeto Material Mão-de-obra Instalações
/<---------------------- Contabilidade de Custo --------------------->/
Figura 3.1 Influência percentual sobre o custo do produto, devido às decisões tomadas, referentes ao projeto, material, mão-de-obra e instalações (Smith e Reinertsen, 1991).
Conforme ilustra a Figura 3.1, a fase de projeto representa apenas 5% da contabilidade de
custo no desenvolvimento de um produto. As decisões tomadas nessa fase são responsáveis por
até 70% do custo total do produto, ou seja, se essa fase for negligenciada, o efeito da escala de
custos de mudanças do produto nas diversas fases de desenvolvimento, será muito maior, bem
como o aumento da influencia percentual no custo final do produto, Figura 3.2.
61
Figura 3.2 Custos de mudanças nas diversas fases de desenvolvimento do produto (Smith e
Reinertsen, 1991).
O desempenho do processo de desenvolvimento do produto é avaliado por meio de
indicadores associados à qualidade total do produto desenvolvido, aos custos, ao tempo total de
desenvolvimento, e de sua contribuição para a competitividade da empresa. O modo como a
empresa desenvolve produtos, ou seja, sua estratégia de produto e como ela organiza e gerencia o
desenvolvimento é que determinará o desempenho do produto no mercado e a eficiência e
qualidade no processo de desenvolvimento. Em outras palavras, o desempenho do PDP depende
da gestão da empresa (estratégias, organização e gerenciamento). As empresas bem sucedidas em
desenvolvimento de produtos têm um padrão de coerência e consistência em todo o processo de
desenvolvimento.
Um marco importante para o desenvolvimento de produtos foi a proposição e a difusão das
Metodologias de Projeto que buscam encontrar uma seqüência de etapas e atividades considerada
mais adequada para se desenvolver um produto. Metodologias de Projeto têm sido desenvolvidas
(Ogliari, 1999, Maribondo, 2000, Ferreira, 2002, Romano, 2003, Scalice, 2003) focadas em
produtos ou sistemas diferentes. Ogliari (1999) apresenta uma proposta de sistematização do
projeto conceitual de produtos de plásticos injetados, incluindo as principais ferramentas de apoio
à concepção de componentes de plástico injetados. Maribondo (2000) realiza a sistematização de
uma metodologia de projeto para sistemas modulares. Ferreira (2002) propõe uma metodologia
de projeto para componentes de plástico injetado nas fases iniciais do processo integrando
aspectos de custo. Romano (2003) formula uma metodologia voltada para máquinas agrícolas, já
Scalice (2003) propõe uma metodologia de produtos modulares para o cultivo de mexilhões.
Delgado (2005) elabora um software para contribuir à uma metodologia para o desenvolvimento
62
de brinquedos infantis. Assim como este trabalho propõe uma metodologia voltada a produtos
inclusivos.
O desenvolvimento de produto deve ser um processo eficiente para realmente cumprir sua
missão de favorecer a competitividade da empresa e o desempenho desse processo depende do
modelo geral para sua gestão. Assim, tendo em vista a importância do processo de
desenvolvimento e de obter bons resultados, é fundamental a adoção de um modelo de referência
mais adequado às necessidades da empresa para orientar a estruturação e gestão deste processo.
3.2 Metodologias de projeto
Metodologias que abordam o processo de projeto para diferentes ramos industriais têm sido
desenvolvidas (Asimow, 1968; Pahl e Beitz, 1971; Back, 1983; Blanchard e Fabricky, 1981,
Clark e Fujimoto, 1991, Ullman, 1992, Ertas e Jones, 1993, Ulrich e Eppinger, 1995,) entre
outros. No Brasil, no início dos anos 80, Back (1983) publicou, em português, a primeira obra
sobre metodologia e consolidou um grupo de pesquisa sobre metodologia de projeto na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Florianópolis, tornando-se a primeira
referência na área que cobria aspectos do produto, desde a especificação de projeto até a
construção e teste do protótipo.
De acordo com Rozenfeld et al., 2006, o custo das modificações de produto é cada vez
maior, conforme avançam as fases do desenvolvimento de produtos. Exemplificando-se, a
modificação o custo de uma máquina durante a fase do projeto informacional envolve definir
novos requisitos do produto e suas especificações e pode significar horas de trabalho. No entanto,
se a mudança ocorre na fase do lançamento, onde os desenhos, ferramental, máquinas, etc. já
foram definidos, especificados, comprados, construídos, o custo de modificação é da ordem de
até mil vezes o custo da mudança do projeto informacional. Mudanças sempre ocorrem, devido a
natureza do desenvolvimento, o importante é fazer com que elas ocorram no início do
desenvolvimento, quando o custo das alterações é menor.
A seguir serão apresentadas, discutidas e analisadas algumas metodologias de projeto que
têm uma possível relação com o projeto inclusivo.
63
3.2.1 Metodologias para o processo de desenvolvimento de produtos
A metodologia tradicional para o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP)
geralmente possui macrofases e fases e tem como base um modelo de referência. A Figura 3.3
ilustra as macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos baseado num modelo
proposto por Rozenfeld et al.,2006, porém modificado. Neste trabalho somente serão abordadas
as duas fases iniciais da macro-fase “Desenvolvimento de Produtos”, as fases “estudo da
viabilidade” e a fase do “projeto preliminar”.
Figura 3.3 Macrofases e Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos (Rozenfeld et al., 2006) modificado e a localização das fases estudo da viabilidade e projeto preliminar.
O modelo é composto de três macro-fases: “Pré–desenvolvimento”, “Desenvolvimento de
Produtos” e “Pós-desenvolvimento”. A macro-fase “Pré–desenvolvimento” envolve a elaboração
do plano de projeto. A macro-fase “Desenvolvimento de Produtos” compreende na elaboração do
projeto do produto e se divide em três fases denominadas: Estudo da Viabilidade, Projeto
Preliminar e Projeto Detalhado. A macro-fase final “Pós - desenvolvimento” envolve a
implementação do plano de manufatura na produção da empresa e o encerramento do projeto.
Uma descrição sucinta de cada fase é apresentada a seguir (Romano, 2003; Dedini e
Cavalca, 2001; Back, 1983): A primeira fase e segunda fase da macro-fase “Pré –
desenvolvimento” do modelo denominadas “Planejamento estratégico do produto” e
“Planejamento do projeto” se destinam ao planejamento de um novo produto face às estratégias
de negócio da empresa e tem por objetivo orientar o desenvolvimento do produto. Nestas fases é
realizado o plano estratégico do produto, plano de gerenciamento, o planejamento de marketing,
a elaboração do escopo de projeto, a identificação de riscos de projeto, etc. Também são
identificadas as partes envolvidas do projeto, a equipe de gerenciamento e todas as demais
64
atividades necessárias à elaboração do plano de projeto que orientará a execução das macro-fases
de “Desenvolvimento de Produtos” e “Pós-desenvolvimento”.
A fase “estudo da viabilidade”, primeira fase do “Desenvolvimento de Produtos”, se
destina à definição das especificações de projeto do produto. Para obter as especificações de
projeto são identificados as necessidades dos clientes e/ou usuários, requisitos de clientes e
requisitos de projeto. É também realizada uma avaliação (benchmarking) do produto em relação
aos produtos disponíveis no mercado com o objetivo de verificar o atendimento das
especificações de projeto aos requisitos dos clientes e de projeto. Através de métodos de
criatividade são geradas soluções alternativas para o produto em desenvolvimento, bem como a
análise das destas quanto a viabilidade física, econômica e financeira. Como resultado dessa fase,
obtém-se um conjunto de soluções possíveis para o produto em desenvolvimento.
A fase do “projeto preliminar” (preliminary design) inicia-se com um conjunto de soluções
desenvolvidas no “estudo da viabilidade” das quais são submetidas à uma análise detalhada para
que seja selecionada uma solução mais adequada em termos de facilidade em manufatura,
segurança, fornecedores, etc. Nesta fase também são realizadas tarefas envolvendo: síntese
funcional do produto, onde são definidas as funções que o produto deve ter; a identificação das
especificações do projeto, otimização dos parâmetros e do projeto, layout, definição dos
componentes, revisão de patentes, considerações sobre aspectos legais e de segurança, tipo de
material, processo de fabricação. Também são construídas maquetes para confirmar o
atendimento às especificações de projeto. Neste momento o layout final é definido e inicia-se o
desenvolvimento do plano de fabricação e de teste do protótipo que serve de parâmetro para o
cálculo inicial do custo do produto. Na seqüência, determina-se a análise de viabilidade
econômica do produto e a faz-se atualização do plano de projeto para iniciar a próxima fase.
A terceira e última fase da macro-fase “Desenvolvimento de Produtos”, “projeto detalhado”
(detail design), destina-se a vários propósitos: aprovação do protótipo, finalização das
especificações dos componentes, detalhamento do plano de manufatura e preparação de
solicitação de investimentos. O protótipo é construído de acordo com o plano de fabricação, os
desenhos dos componentes e os desenhos de layout, testes são realizados para a otimização do
produto. Os documentos do produto são elaborados, como desenhos técnicos, manual de
instruções, manual de assistência técnica e catálogo de peças. É feita uma preparação de
65
solicitação de investimento considerando custos do produto em: ferramental de produção, custo
de lançamento, custo de desenvolvimento e produção de produto, e o preço final. O plano de
projeto é atualizado e devidamente registrado.
A primeira fase da macro-fase “Pós-Desenvolvimento”, “acompanhar produto/processo”,
produz o lote piloto (primeiro lote do produto), onde os procedimentos de montagem são testados
para a verificação de não-conformidades no processo. Caso necessário, novos testes são
realizados, assim como testes de homologação e de certificação de conformidade. Outras
atividades ocorrem em paralelo: revisão do plano de manufatura, implementação do plano de
qualidade, conclusão dos procedimentos de assistência técnica e treinamento da área de vendas e
pós-vendas. A segunda fase da macro-fase “Pós-Desenvolvimento” consiste no lançamento do
produto no mercado. A equipe de projeto é orientada a respeito das atualizações no plano de
projeto e principalmente em relação aos pontos críticos da fase de lançamento. Em seguida faz-se
a implementação do planejamento de marketing, com emissão de material promocional e
literatura técnica para a divulgação comercial do produto (catálogos). A produção de um lote
inicial é conduzida por auditorias de montagem, a fim de levantar os dados a respeito do
comportamento do processo produtivo. Os produtos produzidos são avaliados quanto as não
conformidades e é emitido um relatório final sobre a produção do lote inicial, o qual é avaliado
ao atendimento ao escopo do projeto. Após a aprovação do lote inicial do produto, o lançamento
do produto é realizado através da apresentação do produto aos clientes, imprensa, etc. A análise
de viabilidade econômica é finalizada nessa fase e o plano de projeto é atualizado para as
atividades da última fase do processo de desenvolvimento de produto.
A seguir, são descritas as principais características das duas fases iniciais da macro-fase
“Desenvolvimento de Produtos” do PDP, segundo os principais autores encontrados na literatura,
enfocando passos, métodos e ferramentas indicadas.
3.3 Comparativo entre as metodologias
A comparação de metodologias tem como objetivo não somente aprofundar o
conhecimento em metodologias, mas principalmente identificar as características em comum das
atividades que ocorrem nas fases de projeto. A identificação das ferramentas mais utilizadas
dentro de cada fase também é o objetivo dessa comparação. Assim, podem-se verificar as
66
semelhanças entre as fases das metodologias e identificar métodos e ferramentas que possam
auxiliar na elaboração de uma metodologia inclusiva.
A Tabela 3.1 apresenta algumas das principais metodologias, ou modelos de projeto,
mostrando o autor, ano da publicação, forma de apresentação da metodologia, as fases envolvidas
e algumas das principais ferramentas e documentos que apóiam a execução dessas metodologias.
Tabela 3.1 Comparativo entre as principais metodologias de projeto no processo de desenvolvimento de produtos Autor (Ano da
publicação) Forma de
apresentação da metodologia
Fases envolvidas no processo de projeto Principais ferramentas e documentos utilizados
Asimow (1968)
Através de um fluxograma contendo fases e passos
Fase 1: Estudo de exeqüibilidade. Estabelecimento da necessidade; exploração do problema de projeto; identificação de parâmetros, principais restrições e critérios; geração de soluções; análise de soluções quanto a possibilidade de realização física, viabilidade econômica e financeira. Fase 2: Projeto preliminar. Seleção dos melhores soluções; análise das soluções (modelagem matemática, refinamento); seleção da melhor alternativa. Fase 3: Projeto detalhado. Detalhamento da solução e de suas partes (desenhos técnicos de montagem e de componentes); construção e teste do protótipo; revisões do projeto.
- Informações de mercado; -Informações técnicas; -Fatores econômicos e financeiros; -Registros de experiências e de técnicas; -Análise matemática; -Resultados dos testes.
Pahl & Beitz, (1971)
Através de um fluxograma contendo entradas e saídas que informam as ações a serem executadas nessa metodologia.
Fase 1: Planejamento da tarefa - Clarificação da tarefa e elaboração das especificações de projeto Fase 2:Projeto conceitual-Identificação dos problemas ; estabelecimento da estrutura de funções; pesquisa por princípios de solução; combinação de variantes de concepções; avaliação segundo os critérios técnicos e econômicos. Fase 3: Projeto Preliminar - Desenvolvimento de layouts e formas; seleção dos melhores leiautes preliminares; refinamento e avaliação sob critérios técnicos e econômicos; otimização, verificação de erros, controle de custos,preparação de lista das partes preliminares e os documentos de produção Fase 4: Projeto Detalhado- desenhos detalhados e documentos para produção; verificação de todos os documentos.
- Questionários - Informação de mercado - Lista de requisito de projeto - Síntese funcional - Lista de princípios de solução - Matriz morfológica - Critérios para seleção de combinações; - Checklists; - Projeto para modularização, projeto para ergonomia; projeto para estética, projeto para reciclagem, projeto para fácil manutenção, projeto para mínimo risco, projeto para mínimo custo, projeto para padronização, projeto para qualidade; - Métodos de avaliação; - Modelos; - Layouts - Desenhos detalhados
Blanchard e Fabrick (1981)
Através de um fluxograma contendo passos
Definição da necessidade: Identificação de desejos por sistemas. Projeto conceitual: Estudo da viabilidade; análise das necessidades; requisitos operacionais; concepção da manutenção; planejamento avançado do sistema. Projeto preliminar: Análise funcional do sistema; síntese preliminar e alocação de critérios de projeto; otimização do sistema; definição e síntese do sistema. Projeto detalhado: Projeto do produto do sistema; desenvolvimento do protótipo do sistema; teste e avaliação do protótipo do sistema. Produção e/ou construção: Avaliação do sistema; modificações para ações corretivas. Utilização e suporte: Avaliação do sistema; modificações para ações corretivas. Descarte.
- Ciclo de vida do produto; - Lista de questões; - Pesquisa de mercado; - Estudo da viabilidade; - Plano de suporte logístico; - Métodos de pesquisa; - Requisitos de projeto; - Requisitos de produção e/ou construção; - Requisitos de avaliação.
67
Back (1983) Através de um fluxograma contendo etapas e dados
Estudo da viabilidade: Análise de necessidade; exploração de sistemas envolvidos; síntese de soluções alternativas; viabilidade física; viabilidade econômica, conjunto de soluções possíveis. Projeto preliminar: seleção da melhor solução, formulação do modelo matemático, análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis, otimização dos parâmetros, teste do processo e previsão do desempenho, simplificação. Projeto detalhado: especificação de subsistemas, especificação de componentes, descrição das partes, desenho de conjuntos de montagem, verificação de dimensões e a padronização, liberação do projeto para fabricação.
- Informações de mercado; - Informações tecnológicas; - Criatividade; -Análise de viabilidade física e econômica; - Análise de compatibilidade, estabilidade e sensibilidade; - Métodos de otimizações; - Avaliação de desempenho; - Recursos matemáticos; - Projeto para fabricação, projeto para modularização, projeto para ergonomia; - Testes de laboratório; - Ferramentas computacionais (CAD, CAE, etc) - normas; - catálogos; - Layouts - Desenhos detalhados
Ullman (1992) Através de um digrama contendo fases.
Fase 1: Desenvolvimento, planejamento e especificação. Entendimento do problema, desenvolvimento dos requisitos do cliente, assegurar competitividade, geração de requisitos de engenharia, estabelecimento dos objetivos de engenharia e planejamento do projeto. Fase 2: Projeto conceitual: Desenvolvimento de conceitos, desenvolvimento da decomposição funcional, geração conceitos a partir das funções, avaliação dos conceitos, seleção do melhor conceito. Fase 3: Projeto do produto: Geração do produto, definição do produto e fabricação, avaliação e refinamento do produto, avaliação do desempenho do produto, otimização do produto, avaliação de custos, finalização do produto.
- - Informações de mercado; - Questionários; - QFD; - Avaliação e julgamento da viabilidade; - Exame passa / não passa; - Avaliação matriz de decisão - Método Pugh; - modelos; - Layouts; - Desenhos detalhados
VDI 2221 (1987)
Através de um fluxograma contendo passos
Fase 1: Esclarecimento da tarefa: Esclarecimento e formulação da tarefa. Fase 2: Projeto conceitual: Verificação das funções e de suas estruturas, pesquisa por princípios de solução, divisão em módulos. Fase 3: Desenvolvimento do conceito: Configuração dos módulos principais e configuração do produto total. Fase 4: Projeto detalhado: Preparação de instruções de execução e uso.
- Informações de mercado; - Questionários; - Entrevistas; - Lista de condições e restrições; - Lista de requisitos; - Especificações de projeto; - Síntese funcional; - Lista de princípios de solução; - Métodos de criatividade; - Considerações técnicas e econômicas; - Layouts; - Desenhos detalhados.
Hubka(1988) Através de um diagrama contendo fases, passos e documentos de projetos.
Fase 1: Elaboração do problema: Elaboração das especificações. Fase 2: Projeto conceitual. Estabelecimento das estruturas de funções; estabelecimento das concepções. Fase 3: Layout. Estabelecimento do layout preliminar; estabelecimento do layout dimensional. Fase 4: Elaboração. Detalhamento e elaboração.
- Especificações de projeto; - Síntese funcional; - Matriz morfológica; - Concepções esquemáticas; - Análise do valor; - CAD, CAM - Checklist - Layouts preliminares; - Layouts dimensionais; - Desenhos detalhados; - Desenhos de montagens.
Baxter (1995) Através de um digrama contendo as fases
Fase1: Planejamento do produto- especificação da oportunidade: Pesquisa das necessidades de mercado; análise de produtos concorrentes, seleção sistemática de oportunidades, especificação do estilo. Fase 2: Projeto conceitual: geração de idéias,análise funcional; seleção das idéias, análise das possibilidades de falha e seus efeitos, construção e testes do protótipo. Fase 3: Projeto Detalhado: especificação dos materiais, novos componentes, procedimentos de montagem, componentes padronizados.
- Informação de mercado; - Criatividade; - Técnica de Tjalve (permutação das características do produto), - - Técnica MESCRAI (modificar, eliminar, substituir, combinar, rearranjar, adaptar e inverter); - Checklist; - Matriz de seleção;
68
Ertas e Jones (1993)
Através de um fluxograma contendo passos
Passo 1: Identificação e reconhecimento das necessidades Passo 2: Conceituação de projeto Passo 3: Análise de viabilidade Passo 4: Processo decisório e liberação de fundos Passo 5: Determinação das responsabilidades e equipe de projeto Passo 6: Projeto preliminar Passo 7: Projeto detalhado e testes de qualificação Passo 8: Planejamento produtivo e ferramentas e produção.
- Informação de mercado; - Ferramentas computacionais (CAD, CAE); - QFD; - Análise do valor; - Matriz de decisão; - Análise de custo; - Desenhos detalhados; - Testes
Dedini e Cavalca (2001)
Através de um fluxograma contendo etapas.
Fase 1: Estudo da viabilidade: Identificação da necessidade, elaboração de conjunto de soluções alternativas, verificação da viabilidade física, verificação da viabilidade econômica financeira. Fase 2:Projeto preliminar: Seleção da melhor solução, especificação dos parâmetros de projeto, simulação, análise de sensibilidade dos parâmetros, otimização, testes, simplificação, Fase 3: Projeto detalhado: Detalhamento da melhor solução, verificação de formas construtivas, confecção de desenhos detalhados, de conjunto e de montagem, elaboração de lista final de peças, fabricação de protótipos em série, confecção de memorial de cálculos, elaboração de manuais de montagem, instalação, operação manutenção.
- Informações do mercado; - Métodos de criatividade; - Análise do valor; - Matriz de seleção; - Ferramentas computacionais (CAD, CAE); - Confiabilidade; - Testes experimentais; - Desenhos detalhados; - Layouts
Rozenfeld et al.(2006)
Através de um diagrama contendo fases e macrofases
Fase 1:Projeto informacional: desenvolvimento de um conjunto de informações, análise de tecnologias disponíveis, pesquisa em normas e patentes, pesquisa por produtos concorrentes, detalhamento do ciclo de vida do produto, identificação dos requisitos dos clientes, definição dos requisitos do produto, definição das especificações do produto, viabilidade econômica e financeira. Fase 2:Projeto conceitual: Modelamento funcional do produto, desenvolvimento de princípios de soluções, desenvolvimento das alternativas de solução para o produto, definição da arquitetura do produto, análise de sistemas, subsistemas e componentes (SSCs), definição da ergonomia e estética do produto, definição de fornecedores, seleção da concepção do produto, definição do plano macro de processo, atualização da viabilidade econômica e financeira. Fase 3:Projeto detalhado: Criação e detalhamento dos sistemas, subsistemas e componentes, codificação dos SSCs, cálculo e desenho dos SSCs, especificação de tolerâncias, integração dos SSCs, desenhos detalhados, configuração do produto, decisão em fazer ou comprar SSCs, desenvolvimento de fornecedores, planejamento do processo de fabricação e montagem, projeto de recursos de fabricação, avaliação dos SSCs e configuração do produto, otimização do produto e processo, criação de material de suporte do produto, projeto da embalagem, planejamento do fim da vida do produto, teste e homologação do produto, monitoramento da viabilidade econômica e financeira.
- Questionários; - Entrevistas; - Checklists; - Matrizes de mapeamento; - Estrutura de desdobramento do ciclo de vida; - Criatividade (TRIZ); - QFD; - Diagrama de Mudge; - Matriz de atributos; - Análise do valor; - Estruturas de funções (FAST); - Matriz de decisão; - Catálogos; - Matriz indicadora de módulos; - Matriz de interfaces; - DFX; - Normas; - CAD, CAE,CSM, CAM; - Confiabilidade; -
Analisando a Tabela 3.1 pode-se concluir vários aspectos em relação às atividades que são
executadas em cada fase. Neste trabalho somente serão comparadas as duas fases iniciais do
processo de projeto.
A primeira fase do processo de projeto das metodologias, geralmente tem o objetivo de
identificar a necessidade do mercado. Forma-se um conjunto de informações sobre o produto,
através de pesquisa de mercado, pesquisa em patentes, questionários, entrevistas, pesquisa por
produtos concorrentes. Em quase todas as metodologias (Asimow, 1968; Back, 1983; Dedini,
2001; Pahlz e Beitz, 1971; Ullman, 1992; Hubka, 1988; Rozenfeld et al., 2006) a primeira fase
do projeto tem como resultado as especificações do produto. Alguns autores (Asimow, 1968;
Back, 1983; Dedini, 2001) utilizam essa fase para realizar o estudo da viabilidade do produto,
gerando soluções alternativas e analisando a viabilidade econômica e financeira do produto a ser
69
desenvolvido. Outros autores preferem inserir uma fase denominada projeto conceitual
(conceptual design) onde se realiza a geração de conceitos do produto (Pahlz e Beitz, 1971;
Blanchard e Fabrick, 1981; Ullman, 1992; VDI 2221, 1987; Hubka, 1988; Baxter, 1995; Ertas e
Jones, 1993; Rozenfeld et al., 2006). Essa fase geralmente compreende no estudo da viabilidade
síntese funcional, busca por princípios de solução e outros (veja Tabela 3.1). Como pode ser
observado, considera-se que a concepção gerada na fase conceitual é pouco detalhada e é
necessária a implementação da fase do projeto preliminar. A Figura 3.4 representa a fase do
estudo de viabilidade segundo Dedini e Cavalca (2001) na qual pode ser verificada a morfologia
do processo de projeto.
Informaçõesgerais
Análise denecessidades
Infornaçõesde mercado
Possíveiscompradores
Válidos?
Explorar sistemas envolvidosInfornaçõestecnológicas
Proposiçõestécnicas
Relevantescompletas?
CriatividadeSoluções
alternativas
Soluçõespropostas
Plausíveis
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Experiênciatecnológica
Viabilidadefísica
Teste deprincípios
Fisicamenterealizável?
Não
Sim
Soluçõesconstrutivas
Viabilidadeeconômica
Fatoreseconômicos
Modelo decustos
Lucro?
Sim
Não
Viabilidadefinanceira
Fontes deinvestimento
Existecapital?
Conjunto desoluções possíveis
Sim
Projeto preliminar
Não
Figura 3.4 Fluxograma da fase do estudo da viabilidade (Dedini e Cavalca, 2001).
70
O projeto preliminar (preliminary design) é uma fase clássica do processo de
desenvolvimento de produtos e está em quase todas as metodologias, somente alguns autores
(Ullman, 1992; VDI 2221,1987; Hubka, 1988; Baxter, 1995; Rozenfeld et al., 2006) não utilizam
dessa fase, porém eles alocam suas atividades em fases anteriores e/ou posteriores. A
metodologia de Rozenfeld et al., 2006, por exemplo, não contempla a fase do projeto preliminar,
fase intermediária entre a primeira fase de projeto e o projeto detalhado. Rozenfeld, et al., 2006
considera que a fase do projeto preliminar é uma repetição de algumas atividades do projeto
conceitual e muitas atividades do projeto detalhado. A fase do projeto preliminar consiste,
segundo Pahl e Beitz (1996), em detalhar as soluções alternativas incluindo o estabelecimento do
layout do produto (arranjo espacial), projeto preliminar das formas (formato de componente e
materiais), procedimentos de produção. A fase do projeto preliminar tem como objetivo a seleção
da melhor alternativa de projeto, que atenda às necessidades dos clientes, e a otimização do
projeto. Na Figura 3.5 tem-se a representação da fase do projeto preliminar segundo Pahl e Beitz
(1996).
Neste trabalho, para fins de terminologia, será utilizada a denominação de “estudo da
viabilidade” e “projeto preliminar” para a primeira e segunda fase do processo de
desenvolvimento de produto respectivamente.
O item seguinte trata de um estudo sobre o que tem sido feito em relação à metodologias no
âmbito de projeto inclusivo.
71
Concepção do produto
Identificar os requisitos determinantes para aconfiguração do produto
Elaborar desenhos em escala para determinar asrestrições espaciais
Identificar os portadores de funçõesprincipais determinantes da configuração do
produto
Desenvolver layouts preliminares e projetos de formas dosportadores de funções principais determinantes da
configuração do produto
Selecionar os layouts principais adequados
Desenvolver layouts preliminares e projetos de formas dosportadores de funções principais remanescentes
Pesquisar soluções para as funções auxiliares
Desenvolver layouts detalhados e projetos de formas dosportadores de funções principais assegurando a
compatibilidade com os portadores de funções auxiliares
Desenvolver layouts detalhados e projetos de formas dosportadores de funções auxiliares e complementar os
layouts globais
Avaliar contra critérios técnicos e econômicos
Otimizar e completar os projetos de formas
Verificar erros e fatores de distúrbio (perturbações)
Preparar lista preliminar de partes e documentosde produção
Layout preliminar
Layout defenitivo
Informação
Leia
utes
pre
limin
ares
e pr
ojet
os d
e fo
rmas
Leia
utes
det
alha
dos
e pr
ojet
os d
e fo
rmas
Leia
utes
det
alha
dos
e pr
ojet
os d
e fo
rmas
Pro
jeto
pre
limin
ar
Definição
Criação
Avaliar everificar
Decisão
Criação
Avaliar everificar
Decisão
Figura 3.5 Representação da fase do projeto preliminar (Pahl e Beitz, 1996).
72
3.4 Estudo sobre abordagens inclusivas
O primeiro estágio para desenvolver uma metodologia é definir o problema. Sabe-se que as
metodologias atuais não são suficientemente inclusivas e uma grande parte dos produtos não são
acessíveis para as pessoas com deficiência. Identificar os gargalos existentes nos produtos pode
mostrar a necessidade do desenvolvimento de uma nova metodologia e identificar as mudanças
que devem ser feitas no processo de projeto. O segundo estágio é formular e desenvolver uma
nova metodologia. E isso envolve revisão da literatura das melhores práticas de metodologia. O
terceiro e último estágio, avaliar a metodologia, consiste em aplicar a nova metodologia para um
caso de estudo e avaliar a usabilidade do produto final. Para se obter uma metodologia completa,
é necessário reunir os requisitos de aceitabilidade social em uma estrutura que seja de simples
aplicação (Keates e Clarkson, 2001).
A teoria emergente do projeto inclusivo, influenciada pelo usuário como centro do projeto,
tende a envolver o usuário final em todo o processo do projeto, desde o início, passando por
avaliações iterativas, até a validação do produto. No entanto o envolvimento do usuário final e a
avaliação iterativa são sinônimos de tempo e consequentemente custo alto.
Segundo Dong et al., 2003, não existem práticas de projetos inclusivos nas indústrias.
Tempo e custo são as maiores restrições na adoção do projeto inclusivo. No propósito de
encorajar a indústria a praticar o projeto inclusivo, o centro de pesquisa Helen Hamlyn Research
Centre (HHRC) da Universidade Royal College of Art, Inglaterra, realizou projetos intitulados:
DBA Design Challenge (2000) “care for our future selves” e o DBA Design Challenge (2001)
“innovation through inclusive design” onde as empresas que participaram do projeto receberam
informações e consultorias sobre o projeto inclusivo e foram desafiadas a desenvolver um projeto
de produto mais inclusivo, cada qual em sua área. Como resultado a maioria das empresas
afirmou que o projeto inclusivo é de interesse de todos, e que o envolvimento dos projetistas com
pessoas com deficiência, durante o projeto, foi uma nova experiência para as indústrias que a
consideraram muito útil e valiosa (Dong et al., 2002).
Também foi observado, durante a aplicação dos projetos, que não existe quase ou nenhuma
participação do usuário final. O envolvimento dos projetistas durante o projeto com pessoas com
deficiência foi uma experiência nova para as indústrias que a consideraram muito útil e valiosa,
73
por exemplo, em um dos projetos em desenvolvimento, os usuários foram consultados e
forneceram informações que os projetistas não haviam premeditado. Tais informações foram
surpreendentes para a equipe de projeto que “achava” que já havia selecionado todas as possíveis
características do produto em questão. A solução de projeto resultou, para uma das empresas, em
um produto atraente, seguro, com preço menor que ¼ do valor estabelecido pelo usuário e ainda
utilizável por várias pessoas, incluindo crianças.
Nesse trabalho (Dong et al., 2002) observaram que não existe contato dos projetistas com o
usuário final, pois cinco das oito indústrias entrevistadas tiveram a primeira oportunidade de se
encontrar com o usuário final. Também foi observado que a avaliação do produto não está
explicitamente incluída no processo de projeto e algumas das empresas faziam a avaliação
através do próprio projetista fazendo o papel do usuário, simulando o usuário, por exemplo,
usando luvas para simular pouca destreza nas mãos no teste de um protótipo, e consultando
opiniões de familiares e amigos. Nota-se que existe um problema na metodologia em relação à
parte de avaliação e também no envolvimento do usuário, pois simular não é a mesma coisa que
obter resultados vindos do próprio usuário final.
Apesar do envolvimento do usuário ter sido útil para as empresas, este procedimento não é
aplicado no processo de projeto, segundo as empresas participantes do projeto, pelas seguintes
razões: tempo, procedimento complicado de se realizar, procedimento difícil de organizar, os
resultados podem não ser confiáveis, pois é difícil achar usuários representativos, os participantes
líderes, ou até mesmo os projetistas podem manipular o grupo, os projetistas não têm experiência
na interação com pessoas com deficiência. As empresas preferem coletar informações sobre
usuários em centros de pesquisas especializados, os quais podem formar grupos de pessoas e
prover soluções mais inclusivas.
Zeisel (1984) (Figura 3.6) apresenta a grande falta de comunicação que existe no processo
de projeto através de seu modelo que mostra dois “gaps” (gargalos) entre os usuários, os
projetistas e os clientes (Dong et al., 2002).
74
ProjetistasProjetistas
ClientesClientes
UsuáriosUsuários
Gap
Gap
Figura 3.6 - Modelo gap de necessidades dos usuários.
A abordagem de Stanton (1998) presume que o processo de projeto deve ter três fases
genéricas, a fase de análise, a fase de criação e a fase de avaliação, como mostra a Figura 3.7
(Dong et al., 2002).
Análise
Criação
Avaliação
Figura 3.7- Projeto de fases genéricas (Stanton, 1998).
Outra abordagem para o desenvolvimento de um produto é a de seguir três estágios: estágio
1- definir o problema, estágio 2- desenvolver a solução e estágio 3- avaliar a solução (Blessing,
1995). Markus e Maver produziram uma representação de processo de projeto mais elaborado,
focado em arquitetura, mas que pode ser aplicado ao produto (Dong et al., 2002).
75
Uma pesquisa recente em projeto inclusivo da Universidade de Cambrigde (Cambridge
Engineering Design Centre) propôs um processo de projeto revisado adicionando a importância
da avaliação, veja Figura 3.8 (Dong et al., 2002).
Desejos dosusuários
Identificar projeto idealMérito
inclusivo doproduto ideal
Méritoinclusivo dos
requisitos
Méritoinclusivo doproduto atual
Aceitável ?
Sim
Não
DesenvolverrequisitosAceitável ?
Não
Desenvolver projetodo produto
Sim
Aceitável ?
Produtoaceitável
Sim
Não
Revisão do produto ideal
Revisão dos requisitos do produto
Revisão do produto atual
Avaliação
Figura 3.8- Processo de projeto baseado na avaliação iterativa(Dong et al., 2002).
A avaliação iterativa dentro do processo de projeto é importante, no entanto o tempo
disponível pelas empresas é limitado (por exemplo, o início do projeto de um produto até o final
dura em média de 2 a 3 meses). A avaliação da usabilidade do produto deveria incluir pessoas
com deficiência que podem informar os problemas relacionados com o produto em questão. A
literatura possui pouca informação sobre métodos e ferramentas sobre usuários com deficiência
no teste de produtos.
Dong et al., 2002 sugerem dois tipos de abordagens: bottom-up e top-downn para o projeto
inclusivo, conforme ilustra a Figura 3.9.
76
Figura 3.9- Abordagens bottom-up(A) e top down (B) para o projeto inclusivo.
O triângulo simboliza a abordagem User Pyramid (Bentzon,1993) com três cores: cinza escuro,
cinza claro e branco, representando respectivamente usuários totalmente capazes, usuários com
restrições de capacidade e usuários com graves restrições de capacidade. A seta A simboliza a
abordagem bottom-up que tende a estender a usabilidade dos produtos de um número grande de
pessoas com total capacidade pra incluir pessoas com deficiência. A seta B simboliza a aborgadem
top-down que encontra requisitos especiais de pessoas com deficiência mais grave e estende para
atrair um maior número de usuários com menor deficiência. Considerando que o objetivo do projeto
inclusivo é fazer produtos mais acessíveis para a que uma grande parte da população seja alcançada, a
abordagem bottom-up (A) é a mais recomendada. Entretanto no campo de projeto de produto
equipamentos especiais desenvolvidos para pessoas com deficiência são obtidos através da
abordagem top-down (B). A abordagem bottom-up (A) tem mais possibilidade de abranger mais
usuários, mas não pode alcançar o topo da pirâmide, assim, ambas as abordagens contribuem para o
projeto inclusivo.
Zimmermann et al., 2005 enumeraram 04 razões pelas quais o projeto inclusivo deve ser
aplicado em cadeiras de rodas: (1) redução de “rotulação” do usuário, (2) percepção do usuário de
cadeira de rodas, (3) escolha e individualidade do usuário e (4) encorajamento de aceitação do uso da
cadeira de rodas. Segundo os autores, os usuários de cadeiras de rodas ainda são associados à
“rotulação” de deficientes físicos, entretanto se as cadeiras forem inclusivamente projetadas
poderão aumentar a aceitabilidade social do usuário. Outra questão a considerar é que a cadeira
de rodas é uma extensão do corpo do usuário, e ela deve comunicar a personalidade, idade,
gênero e outras influências do usuário, preservando a individualidade de cada um. No entanto
77
alguns usuários se recusam a aceitar de que necessitam de cadeira de rodas devido ao detrimento
da sua imagem pública, deterioração da saúde física e perda de mobilidade.
Dong e Clarkson, 2004 desenvolveram um kit de ferramentas de projeto inclusivo (Toolkit)
baseado na revisão da literatura e em resultados de pesquisa na indústria relacionados com a
captura de informação pelos projetistas. Os autores conduziram estudos com a indústria para
capturar requisitos para fornecer suporte para o projeto inclusivo. A Tabela 3.2 resume os
requisitos essenciais, capturados nesta pesquisa com as indústrias, para fornecer informação de
maneira apropriada sobre o projeto inclusivo. Os requisitos foram agrupados em quatro
categorias: “aumentar o conhecimento”, “fixar a atenção”, “prover informação” e “aumentar a
comunicação”. Veja a Tabela 3.2:
Tabela 3.2 Lista de requisitos (Dong e Clarkson, 2004).
RReeqquuiissiittooss PPrriinncciippaaiiss EEssppeecciiffiiccaaççõõeess Aumentar o conhecimento • Conhecimento dos projetistas
• Conhecimento dos clientes Fixar a atenção • Introdução ao projeto inclusivo
• Introdução ao projeto de exclusão • Introdução à tendência da população • Introdução à usabilidade • Introdução à deficiência • Introdução à direção para o projeto inclusivo • Introdução à fontes disponíveis • Introdução à práticas de projeto inclusivo
Prover informação • Exemplos de projetos inclusivos de sucesso • Exemplos de exclusão de projeto • Caso de estudos • Dados estatísticos de usuários • Dados estimados em exclusão de projeto • Métodos e ferramentas • Dados qualitativos de usuários • Diretrizes • Referências
Aumentar a comunicação • Comunicação entre as partes envolvidas no processo de desenvolvimento de produto
• Comunicação entre a indústria e a universidade
O kit de ferramentas para o projeto inclusivo foi desenvolvido para dar suporte ao projeto
inclusivo na indústria e cada requisito principal levou a um componente do kit: Demonstrator
78
(objetos para aumentar a percepção), Primer (livro introdutório para capturar a atenção),
Informer (pacote de fontes para prover informação) e Comunicator (modelos para aumentar a
comunicação). Uma sinopse do kit é ilustrada na Figura 3.10. E o kit de ferramentas é ilustrado na
Figura 3.11.
"Comunicador" (modelo)
"Informador" (pacote)
"Informação Primária" (manual)
ProjetistasFabricantesVendedores
IntroduçãoEntendimento dos usuáriosIdentificar o mercadoEstudos de casoFontes de pesquisa
Combater barreirasMelhor prática
Compreender referência
Produtos reaisPerfis de UsuárioContexto "cubo"Ferramentas de Simulação
Sensibilização
Atenção
Informação
Comunicação
Requisitos Principais Ferramentas Ingredientes
Figura 3.10 Sinopse do kit de ferramentas (Dong et al., 2005).
Figura 3.11 Kit de ferramentas (Toolkit) (Dong et al., 2005)
79
Segundo Dong e Clarksona, 2005, os três componentes do kit “Demonstrator”, “Primer” e
“Informer” disponibilizam a informação em três níveis diferentes, do simples até o mais
aprofundado. Esse kit foi baseado na representação de uma estrutura de “cogumelo” de múltiplos
gomos (Shneiderman, 2003) para acomodar todas as funções desse kit: O “Demonstrator” forma
o gomo 1, “Primer” gomo 2 e “Informer” gomo 3. Essa representação é utilizada para prover
uma seqüência de aprendizado na indústria de forma gradual, tendo dois ou três gomos seguidos
por um projeto modular que permite aos projetistas escolherem as características que são mais
relevantes. Veja Figura 3.12. Para cada gomo existem quatro temas que asseguram a qualidade da
informação (Donga e Clarkson, 2005):
• “Pontos de vista” (função de comunicador do kit de ferramentas)
• “Exemplos” (inclui exemplos de produtos e casos de estudos)
• “Dados dos usuários” (inclui dados quantitativos, números de usuários com perda
de capacidade, e dados qualitativos, descrições de perda de capacidade e o impacto
no estilo de vida dos usuários)
• “Referências”
"Demonstrator"
"Primer"
"Informer"
"Pontos deVista"
"Exemplos" "Dados dosusuários"
"Referências"
projetoinclusivoexclusãode projeto
dadosqualitativosdadosquantitativos
livrosWeb sitescontatosúteis
Fabricantesvendedoresprojetistas
3
2
1
Figura 3.12- Estrutura de cogumelo para a ferramenta do projeto inclusivo.
As outras abordagens relacionadas com o projeto inclusivo já foram citadas no capítulo 2.
80
Embasado nos conceitos apresentados neste capítulo e na revisão da literatura, é possível
desenvolver uma metodologia de projeto para produtos inclusivos, assunto do capítulo seguinte.
3.5 Sumário
Neste capítulo foram apresentadas, comparadas e discutidas algumas metodologias e
ferramentas de projeto mais recentemente utilizadas na fase do estudo da viabilidade e na fase do
projeto preliminar do processo de desenvolvimento de produtos. Foram também apresentadas,
discutidas e analisadas algumas abordagens relacionadas com o projeto inclusivo. No capítulo
seguinte é apresentada uma abordagem metodológica para o projeto de produtos inclusivos.
81
Capítulo 4
Proposta de uma Abordagem Metodológica para o Projeto Inclusivo.
Através do levantamento do estado da arte sobre projeto de produtos inclusivo e suas
abordagens, apresentado no segundo e terceiro capítulo desta tese, notou-se a falta de
alocação de métodos e ferramentas e de uma estrutura metodológica para dar suporte ao
desenvolvimento de produtos inclusivos. De forma a contornar este problema, optou-se por
desenvolver uma metodologia de projeto generalizada e mais completa que pode ser
aplicada e direcionada, no que abrange aspectos das metodologias estudadas, e
acrescentando-se aspectos de inclusividade, por exemplo, usabilidade e interação com o
usuário durante o processo.
Neste capítulo é apresentada a proposição da metodologia de projeto para produtos
inclusivos, objeto de desenvolvimento desta tese. Esta proposta está baseada no conjunto
dos conhecimentos de metodologia de projeto com o projeto inclusivo.
4.1 O Modelo
O primeiro passo eficiente para o gerenciamento do processo de desenvolvimento de
produto é torná-lo visível a todos os envolvidos no projeto. A modelagem de processos é
uma área de conhecimentos que estuda os métodos e ferramentas necessárias para descrever
os processos de negócio da empresa. O resultado final é um modelo, uma representação,
que descreve como é o processo de negócios. Modelos de referência geralmente são
apresentados na forma de fluxograma das atividades de projeto e de forma iterativa. Vários
82
autores podem ser citados, tais como Asimow (1968), Pahl e Beitz (1996), Ogliari (1999),
Maribondo (2000), Ferreira (2002), Romano (2003), entre outros, além das normas alemãs,
VDI 2221(1987), e inglesa, BS 7000 (1990). Neste trabalho será apresentado um modelo
cujo objetivo é apresentar as melhores práticas em desenvolvimento de produtos inclusivos.
Um projeto pode ser representado como um conjunto de atividades organizadas,
sendo único e temporário, possuindo início, meio e fim. Ao definir um padrão de
desenvolvimento de produtos, a empresa garante de que certas práticas e ferramentas serão
aplicadas em todos os projetos em desenvolvimento. Esse padrão de desenvolvimento de
produtos é documentado na forma de um modelo de referência. As dificuldades de
comunicação e integração dos profissionais de desenvolvimento de uma empresa são
minimizadas com o modelo de referência que apresenta uma visão unificada do
desenvolvimento do produto.
O modelo de referência utilizado neste trabalho foi adaptado do modelo de Rozenfeld
et al. (2006) e está dividido em macrofases, fases, etapas e tarefas. As três macrofases são:
Pré-desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento. As macrofases de pré- e
pós-desenvolvimento são mais genéricas e não serão abordadas nesta tese. A macrofase de
desenvolvimento de produtos corresponde à definição do produto, suas características e
forma de produção. A Figura 4.1 ilustra o modelo utilizado com suas macrofases e fases do
processo de desenvolvimento de produtos.
Figura 4.1 Macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos.
Os resultados da primeira fase de desenvolvimento, o estudo de viabilidade,
compreendem nas especificações do produto contendo os requisitos e informações
qualitativas sobre o produto a ser desenvolvido. A fase seguinte, projeto preliminar
83
corresponde à geração de soluções de projeto e escolha da melhor solução que atenda às
especificações do projeto. Nessa fase pode-se trabalhar com mais de uma solução até que
após o primeiro ciclo de detalhamento seja escolhida somente uma das concepções. Na fase
do projeto detalhado, a concepção do produto é detalhada gerando documentos tais como,
especificações finais, desenhos, protótipo funcional, dispositivos e ferramentas, etc.
4.2 Metodologia proposta
Através do levantamento do estado da arte das metodologias de projeto existentes,
notou-se a existência de uma ampla gama de métodos e ferramentas que podem ser
identificados e organizados para serem utilizados no projeto de produtos inclusivos. A
análise deste levantamento revelou a oportunidade de se combinarem os recursos
disponíveis com a abordagem de projeto Universal Design, de forma a compor um processo
de projeto com as seguintes características: 1- Esteja de acordo com os procedimentos das
metodologias estudadas no estado da arte; 2- Abranja o maior número de pessoas a
utilizarem o produto em desenvolvimento e seja voltada à inclusão de pessoas na sociedade
e 3- Definir adequadamente os requisitos.
A metodologia proposta é destinada a auxiliar a equipe de projeto a desenvolver
projetos inclusivos. O objetivo deste modelo é orientar tal equipe a sair do campo das idéias
(campo abstrato) e ir em direção ao campo físico (campo concreto), através de um processo
de coleta e transformação de informações que finalizará em requisitos de engenharia e
informações úteis para o desenvolvimento de produtos inclusivos.
4.3 Diretrizes para o desenvolvimento de metodologias de projeto
A metodologia apresentada seguiu as seguintes diretrizes (Maribondo,2000):
• Diretriz 1: Forma de apresentação do processo de projeto;
• Diretriz 2: Desdobramento do processo de projeto;
• Diretriz 3: Ferramentas e documentos básicos de apoio ao processo de projeto;
84
• Diretriz 4: Mecanismos de avaliação dos resultados do processo de projeto e,
• Diretriz 5: Forma de apresentação dos resultados do processo de projeto.
A “Forma de apresentação do processo de projeto” (Diretriz 1) deve ser na forma de
um fluxo ou diagramação tendo uma convenção básica. Esta representação auxilia o
projetista a entender de forma resumida e clara o processo de projeto. A Figura 4.2 mostra a
convenção básica de simbologia utilizada neste trabalho. A forma de apresentação é feita
através de ferramentas, documentos e base de conhecimento. O “Desdobramento de
processo de projeto” (Diretriz 2) deve permitir uma visão clara do processo ou da atividade
a ser desenvolvida, buscando um detalhamento maior. O detalhamento do processo de
projeto deve ser realizado em três níveis: fases (primeiro nível de desdobramento), etapas
(segundo nível de desdobramento) e tarefas (terceiro nível de desdobramento). Onde
“fases” correspondem aos estágios mais abrangentes do processo de projeto, representando
as metas principais a serem desenvolvidas; “etapas” compreendem cada um dos estágios
que se pode dividir o desenvolvimento de uma fase, permitindo uma melhor visualização
do problema; e “tarefas” correspondem ao detalhamento de uma etapa em estágios.
85
Significado dos símbolosdentro do processo de projeto
Símbolosbásicos
processo, ação, atividade a serexecutada
avaliação dentro do processo de projeto
documento
entrada ou saída dedados ou informações
armazenamento de dados e/ouinformações
comentário
Início ou fim doprocesso de projeto
sequênciado processo de projeto
retorno dentrodo processo de projeto
nó sequencial
Figura 4.2 Convenção básica de simbologia para a apresentação da metodologia
(Maribondo, 2000).
As “Ferramentas e documentos básicos de apoio ao processo de projeto” (Diretriz 3)
auxiliam o projetista a desenvolver as atividades na busca de solução para o problema do
projeto. Entre as principais atividades nos processos metodológicos, destacam-se aquelas
voltadas a: identificar os desejos e necessidades do usuário do projeto, estabelecer as
especificações de projeto, estruturar funcionalmente, obter os princípios de solução,
representar as concepções construtivas, escolher a melhor concepção de projeto, estabelecer
o projeto preliminar e detalhado das concepções escolhidas.
Os “Mecanismos de avaliação dos resultados do processo de projeto” (Diretriz 4),
devem ser empregados em cada estágio do projeto, principalmente nas mudanças de uma
86
fase para a outra. Recomenda-se a utilização de check-lists tendo em vista as especificações
de projeto com o objetivo de deixar as informações fluírem ou fazendo-as retornar quando
tais informações ou resultados não atendam às especificações de projeto. A “forma de
apresentação dos resultados do processo de projeto” (Diretriz 5) deve ser na forma de
relatório das ações desenvolvidas e das atividades remanescentes ainda não concluídas.
Esta representação permite a equipe de projeto enxergar o nível de profundidade em que se
encontra o processo de projeto. Ao final do processo devem estar documentados todo o
detalhamento do projeto, como desenhos, lista de materiais, etc.
A apresentação da metodologia proposta é realizada através da descrição dos
processos, ferramentas e informações de projeto. Para auxiliar a apresentação desta
metodologia, será utilizado um modelo geral desse processo de projeto ilustrado na Figura
4.3 sugerida por Maribondo (2000).
87
INÍCIO DOPROJETO
FASE 1 Estudo da Viabilidade do ProjetoInclusivo
Adequadas ?
FASE 2
FASE 3
Projeto Preliminar doProduto Inclusivo
Projeto Detalhadodo Produto Inclusivo
Base dedados da
metodologiade projetoinclusivo
Conjunto de soluçõespossíveis
Saída
Entrada
Documentos eferramentas de apoio
Sim
Não
Produto aceitável
Saída
Melhor e maisinclusivo?
Sim
Não
Adequado ? Produto inclusivodetalhado
Saída
FIM DOPROJETO
Não
Sim
Documentaçãopara a produção
Documentos eferramentas de apoio
Documentos eferramentas de apoio
LEGENDA
D1- Ordem de InícioD2- Catálogo de informações técnicasD3- Ciclo de vida do produtoD4- Formulário de identificação deoportunidadesD5 - Formulário método do passeioacompanhadoD6- Formulário de observação einteração do usuário com o produtoD7- Quadro de especificações deprojetosD8- Tabela de funções de inclusividadeD9- Principais métodos de criatividadepara obtenção de princípios de solução(Tabela 4.2 )D10- Normas técnicasD11- Lista de materiais
F1- Questionários estruturadosF2- EntrevistasF3- Whole-Negotiable-Included-Target (WINT)F4- Método passeio acompanhadoF5- Método de observaçãoF6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)F8- Diagrama de MudgeF9- Check-listsF10- Método morfológicoF11- Diagrama FASTF12- Matrix indicadora de módulos (MIM)F13- Design Structure Matrix (DSM)F14 - ErgonomiaF15 - Análise do ValorF16 - Método Compare
D1,D2,D3,D4,D5,D6,D7,D8,D9,F1,F2,F3,F4,F5,F6,F7,F8,F9,F10,F13,F14,F15,F16
F2,F5,F7,F11,F12,F15,F17,F18,F19,F20,F21,F22,F23,F24,F25,F26,F27,F28,F29,F30,F31,F32,F33,F34,F35,F36
F17- Matriz de PughF18- Matriz de avaliaçãoF19- Exame passa/não passaF20-Técnica FIREF21- Método da valoraçãoF22- Método do Cubo InclusivoF23 - DFX (Design for X)F24- Recursos matemáticosF25- CADF26- CAEF27- ErgonomiaF28- Mapa de riscosF29- ConfiabilidadeF30- Prototipagem rápidaF31- Matriz de contradição(TRIZ)
F32- Ferramentas dematemática computacionalF33- Métodos de otimizaçãoF34- Técnicas de usabilidadeF35- Método IDEOF36- Testes
D2,D10,D11,F9,F25,F36
Desejos e necessidades(mercado, usuários)
Saída
Figura 4.3 Modelo geral da metodologia de projeto para produtos inclusivos.
4.4 Fase do estudo da viabilidade do projeto inclusivo
Este item tem por objetivo apresentar de forma detalhada a primeira fase do processo
de projeto para o desenvolvimento de projetos de produtos inclusivos denominada: Estudo
da Viabilidade do Projeto Inclusivo.
88
Esta fase está desdobrada em etapas e tarefas. As ferramentas e documentos de apoio
do processo de projeto são apresentados em cada etapa para auxiliar os projetistas a
visualizarem as ações necessárias e estabelecerem as especificações de projeto.
A Figura 4.4 mostra o desdobramento da fase do estudo da viabilidade do projeto
inclusivo em etapas e tarefas, contendo as principais ferramentas necessárias para a
realização das tarefas, a base de dados das informações pesquisadas e processadas, os
principais pontos de avaliação e as retro-alimentações necessárias no processo de tomada
de decisão.
89
Início do Desenvolvimento do Produto Inclusivo
FASE 1 Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo
Tarefa 1.2.1 Revisar a ordem de início e as informaçõespesquisadas
D1, D2,D3, D4
Etapa 1.2 Definir o problema de projeto inclusivo
Tarefa 1.2.2 Identificar oportunidades de inovação
Tarefa 1.2.3 Definir a meta principal do objeto do projeto
Etapa 1.3 Idenficar desejos e necessidades dosclientes do produto inclusivo
Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto
Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas
Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado
D2, D3
Etapa 1.1 Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto inclusivo
Tarefa 1.3.1 Definir os clientes e usuários do produto
F1,F2,F3,
Tarefa 1.3.2 Ampliar a faixa de usuários que possamusar o produto
Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos com oproduto
Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidades dosusuários, clientes e especialistas em projeto
Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar os desejos enecessidades dos clientes, usuários eespecialistas
Observar as interações que o usuário temcom o produto
Observar os usuário usando produtos, emsua rotina.
Marcar entrevistas com usuários,especiialistas e clientes
F1,F2,F4
Tarefa 1.4.6 Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado
Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos
Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dos clientesdo produto inclusivo
Tarefa 1.4.8
Tarefa 1.4.9
Tarefa 1.4.4 Entrevistar usuários, especialistas e clientes
Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados via email,skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes
Tarefa 1.4.1 Identificar locais onde possíveis usuários doproduto possam ser encontrados
Tarefa 1.4.2 Preparar questionários e roteiros deentrevistas
Tarefa 1.4.3
F1,F6,F7, F8
Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes
Tarefa 1.5.2 Definir os requisitos dos clientes
Tarefa 1.5.3 Valorar os requisitos dos clientes
Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo
Tarefa 1.5.4 Classificar as necessidades dos clientes
F6, F7,F8, F9
Tarefa 1.6.1 Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis
Tarefa 1.6.2 Agrupar e classificar os requisitos deprojeto
Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto
Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto
Informaçõessobre oproduto
Metas doprojeto
Público alvo
Necessidadesdos clientes
Requisitosdos clientesvalorados
Requisitos deprojeto
Figura 4.4 Fase do estudo da viabilidade da metodologia proposta.
90
Etapa 1.7 Analisar , se houver, produtos concorrentes
D2,F6,F7
Tarefa 1.7.1 Identificar as características doconcorrente a serem superadas
Tarefa 1.7.2 Analisar as características identificadas
Tarefa 1.7.3 Estabelecer parâmetros competitivos aserem alcançados pelo produto inclusivo
Tarefa 1.7.4 Buscar soluções para superar estesparâmetros
Saída
FASE 2 Projeto Preliminar do Produto Inclusivo
Etapa 1.8 Estabelecer as especificações de projeto
Tarefa 1.8.1 Aplicar o quadro de especificações deprojeto
Tarefa 1.9.1 Estabelecer a função global do produto
Tarefa 1.9.2 Estabelecer as sub-funçoes do produto
Tarefa 1.9.3 Montar a árvore de funções do produto
Etapa 1.10 Desenvolver princípios de solução
Etapa 1.9 Modelar funcionalmente o produto inclusivo
Tarefa 1.10.1 Escolher os métodos de criatividadeadequados
Tarefa 1.10.2Analisar os principios de soluçãoestabelecidos em relação àsespecificações de projeto
Tarefa 1.10.3
Etapa 1.11 Desenvolver as alternativas de solução para oproduto
Aplicar os métodos de criatividade
Tarefa 1.11.1 Relacionar os princípios de solução comas necessidades dos clientes
Tarefa 1.11.2
Etapa 1.12 Definir arquitetura
Aplicar a matriz morfológica, TRIZ
Tarefa 1.11.3 Combinar os princípios de solução
Tarefa 1.11.4 Analisar as possíveis configurações
Tarefa 1.12.1 Realizar a configuração física do produto
Tarefa 1.12.2 Realizar a configuração funcional doscomponentes do produto
Tarefa 1.12.3 No caso de projeto modular, definir osmódulos
Tarefa 1.12.5 representar o produto através de layout,desenho
Tarefa 1.12.4 verificar compatibilidade física
Etapa 1.13 Realizar a viabilidade econômica
Tarefa 1.13.1 Determinar do valor do produto
Tarefa 1.13.2Construir a matriz de consumo derecursos, alocando custos às funçõesdos componentes do produto
Tarefa 1.13.3 Valorar as funções de acordo com osconsumidores
Tarefa 1.13.4 Comparar o custo relativo com avaloração das funções
Tarefa 1.13.5 Analisar possibilidade de melhorias
Especificaçõesde projeto
Informaçõessobre
produtosconcorrentes
Funções doproduto
Princípios desolução
Soluçõesalternativasdo produto
Configuraçãofísica doproduto
Viabilidadeeconômicado produto
D7
D2,D8,F11, F12
D9, F10
F10
F13,F14
Conjunto de soluções possíveis
F15,F16
Figura 4.4 Fase do projeto do estudo da viabilidade da metodologia proposta
(continuação).
91
4.5 Início do projeto
O processo de projeto tem início a partir dos desejos e necessidades oriundos do
mercado, indústria ou contratante. A primeira atividade dos projetistas é registrar a
demanda inicial, vide Figura 4.5.
INÍCIO DOPROJETO
Desejos e necessidades(mercado, indústria, contratante)
DemandaInicial Registrar os desejos e necessidades
Adequadas ?
FASE 1 Estudo da Viabilidade do ProjetoInclusivo
Saída
Entrada
Sim
Não
Base dedados da
metodologiade projeto
de inclusivo
D1
Informações iniciais para o projetoinclusivo
Documentos eferramentas de apoio
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Desejos e necessidades docontratante do projeto.
Informações iniciais paradesenvolvimento do projetoinclusivo.
D1- Ordem de Início
As informações obtidas podem estarincompletas sobre o problema deprojeto. Dificuldade na interpretação eno registro das informações.
Figura 4.5 Detalhamento do início do projeto para o desenvolvimento do produto
inclusivo.
Esta atividade consiste em realizar entrevistas com o contratante para obter as
necessidades e desejos do mesmo. O registro dessas informações é feito em um documento
denominado Ordem de Início. Se as informações iniciais não forem suficientes para o início
do projeto, a equipe deste projeto deve entrar em contato novamente com o contratante a
fim de capturar mais informações e esclarecimentos.
4.6 Fase 1- Estudo da viabilidade do projeto inclusivo
A fase do estudo da viabilidade é considerada neste caso, projeto inclusivo, uma
atividade importante no processo, pois é nela que são definidas as especificações de projeto
que se não forem adequadas, poderão excluir um ou mais grupos de pessoas. Por isso é
92
necessário desenvolver uma série de etapas e tarefas para que a aplicação seja efetiva. Esse
conjunto de atividades é detalhado a seguir.
4.6.1 Etapa 1.1: Pesquisar informações sobre o tema de projeto
Nesta etapa, a equipe de projeto busca obter um entendimento claro do problema de
projeto do produto inclusivo. As tarefas necessárias para esse entendimento são
apresentadas na Figura 4.6
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
I n t e r p r e t a ç ã o d a sinformações registradas naordem de Início
Definição do problema deprojeto
D2- Catálogo deinformações técnicas.D3- Ciclo de vida doproduto
Necessidade de ampliação dos prazosp a r a o b t e n ç ã o d e i n f o r m a ç õ e sn e c e s s á r i a s a o e n t e d i m e n t o d oproblema de projeto
Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto
FASE 1 Estudo da Viabilidade do ProjetoInclusivo
D2, D3
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.1 Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto
Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas
Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado
Base dedados dametodolo
gia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.2 Definir o problema de projeto
Figura 4.6 Processo de pesquisa de informações sobre o tema do projeto.
4.6.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto
O objetivo desta etapa é desenvolver ações com o propósito de estabelecer metas
específicas de projeto para o desenvolvimento do problema em estudo. Através das
informações anteriores busca-se identificar oportunidades de inovação em relação ao
projeto em desenvolvimento. As principais tarefas necessárias no auxílio à definição do
problema são apresentadas na Figura 4.7.
93
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Informações sobre o ciclo devida do produto; caracterísitcase i n fo r m aç ões t éc n i c as eeconômicas dos produtosconcorrentes
Objetivos e metas a serema t i n g i d o s c o m odesenvolvimento do projeto
D1- Ordem de inícioD2- Catálogo de informaçõestécnicasD3- Ciclo de vida do produtoD4- Formulário de identificaçãode oportunidades
As informações podem não ser suficientes,assim deve-se retornar a etapa anterior
Tarefa 1.2.1 Revisar a ordem de início e asinformações pesquisadas
D1, D2,D3, D4
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.2 Definir o problema de projeto
Tarefa 1.2.2 Identificar oportunidades de inovação
Tarefa 1.2.3 Definir a meta principal do objeto doprojeto
Base dedados dametodolog
ia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.3 Identificar desejos e necessidadesdos clientes do produto inclusivo
Figura 4.7 Atividades necessárias para a definição do problema de projeto.
Esta etapa possui um grande volume de informações por isso devem ser registradas e
documentadas. Concluída esta etapa, podem-se identificar os desejos e necessidades dos
clientes do projeto inclusivo.
4.6.3 Etapa 1.3: Identificar os desejos e necessidades dos clientes do projeto inclusivo
Neste momento, as necessidades dos clientes devem ser identificadas. A proposição
das tarefas para auxiliar o estabelecimento das necessidades dos clientes, ilustrada na
Figura 4.8, foi elaborada com base no trabalho de Fonseca (2000), que desenvolveu estudos
aprofundados à realização desta atividade.
94
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Objet ivo e metas a serema t i n g i d o s c o m odesenvolvimento do produto
lista de necessidades e desejosd o s c l i e n t e s u s u á r i o s eespecialistas
F1- Questionários estruturadosF2- EntrevistasF3- Whole-Negotiable-Included-Target (WINT)
Pouco retorno dos questionários,asinformações serem muito vagas
Tarefa 1.3.1 Definir os clientes e usuários do produto
F1,F2,F3,
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.3 Definição dos clientesdo produto inclusivo
Tarefa 1.3.2 Ampliar a faixa de usuários que possamusar o produto
Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos com oproduto
Base dedados dametodolog
ia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidadesdos usuários, clientes e especialistas
Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar osdesejos e necessidades dos clientes,usuários e especialistas
Figura 4.8 Tarefas necessárias para a definição dos clientes do projeto inclusivo.
4.6.4 Etapa 1.4:Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas
Esta etapa envolve algumas técnicas e métodos que foram distribuídas nas tarefas a
seguir, conforme ilustra a Figura 4.9. Um dos principais problemas nesta fase é o tempo
que se gasta para obter essa coleta, por isso na etapa anterior deve-se estabelecer a forma
mais adequada para a obtenção dos desejos e necessidades dos usuários, cliente e
especialistas.
95
Observar as interações que o usuário temcom o produto
Observar os usuário usando produtos, emsua rotina.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
C l i e n t e s , u s u á r i o s eespec ial i s tas e formas decoleta de dados
lista de necessidades e desejosd o s c l i e n t e s u s u á r i o s eespecialistas
F1- Questionários estruturadosF2- EntrevistasF4- Método passeioacompanhadoF5- Método de observaçãoD5 - Formulário do passeioacompanhadoD6- Formulário de observaçãoe interação do usuário com oproduto
Dificuldades para entrevistar as pessoas(marcar horários,remarcar, etc)
Marcar entrevistas com usuários,especiialistas e clientes
D5,D6,F1,F2, F4,F5
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidadesdos usuários, clientes e especialistas
Tarefa 1.4.6 Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado
Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos
Base dedados dametodolog
ia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo
Tarefa 1.4.8
Tarefa 1.4.9
Tarefa 1.4.4 Entrevistar usuários, especialistas e clientes
Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados via email,skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes
Tarefa 1.4.1 Identificar locais onde possíveis usuários doproduto possam ser encontrados
Tarefa 1.4.2 Preparar questionários e roteiros deentrevistas
Tarefa 1.4.3
Figura 4.9 Atividades necessárias para a coleta de desejos e necessidades dos usuários,
clientes e especialistas
Esta etapa consiste na combinação de diferentes métodos de investigação para
levantar as necessidades dos clientes, são elas: entrevistas, questionários estruturados,
observação direta e passeios acompanhados. A utilização de diversos métodos é feita com a
intenção de suprir as limitações apresentadas por cada um, complementado-os. Pesquisas
Qualitativas são pesquisas que empregam vários métodos capazes de analisar informações
abstratas como conceitos e percepções dos consumidores. Existem também as Pesquisas
Quantitativas que tem por objetivo obter dados por meio de enquetes (Rozenfeld et al.,
2006). A aplicação destes métodos pode ser feita simultaneamente, sem seguir uma ordem
exata. Uma breve descrição dos métodos usados nesta fase é apresentada a seguir:
96
As entrevistas consistem em conversas informais orientadas por um roteiro
estruturado de perguntas pré-formuladas que direcionam a entrevista. Já o método Passeio
acompanhado visa buscar informações em situações reais que não são obtidas com essas
entrevistas.
O método da entrevista individual é um tipo de pesquisa qualitativa. O entrevistador
aborda o consumidor com um conjunto de perguntas seguindo um roteiro pré-elaborado
para direcionar a entrevista anotando e gravando as explicações, percepções e os
comentários feitos pelo consumidor. É um tipo de pesquisa que exige preparação do
entrevistador que deve ser capaz de abordar adequadamente o cliente, conduzir a conversa e
realizar anotações importantes. A compilação dos resultados é trabalhosa e demorada.
Observação direta é um outro tipo de pesquisa qualitativa em que o pesquisador sai a
campo e observa diretamente o consumidor, utilizando ou comprando o produto. Pode-se
observar, por exemplo, o consumidor escolhendo um determinado produto e perguntar a ele
o porquê da escolha.
Um tipo de pesquisa quantitativa é a elaboração de um questionário estruturado com
perguntas objetivas que podem ser respondidas pelo consumidor ou com a ajuda do
entrevistador. O questionário pode ser aplicado por telefone, correio, fax, e-mail, programas
de troca de mensagens eletrônicas, tais como orkut, skype, MSN entre outros. A enquête é
mais fácil de ser respondida, pois trata-se de dados objetivos. Em um projeto de produto, o
questionário poderia ser, por exemplo, para obter o grau de prioridade dos clientes em
relação à um conjunto de características que foram obtidas de uma pesquisa qualitativa.
O método denominado passeio acompanhado (Dischinger, 2000) consiste em fazer
passeios realizados na companhia de pessoa ao local em estudo, onde são propostos
percursos e atividades, observando-se as respostas às situações criadas e registrando-as
através de gravação áudio e/ou visual, fotografias e anotações. Esse método pode ser
classificado como uma pesquisa qualitativa.
97
4.6.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo
As necessidades dos clientes obtidas na etapa anterior são processadas, agrupadas,
classificadas e reescritas em forma de “requisitos dos clientes” nesta etapa. Os requisitos
dos clientes podem estar relacionados com aspectos, por exemplo: fatores humanos,
propriedades, desempenho funcional, confiabilidade, espaço e recursos. Os requisitos
fatores humanos estão relacionados com a interface do produto com as pessoas, os
requisitos de desempenho funcional representam os fatores de desempenho que descrevem
o comportamento desejado para o produto, já os requisitos ligados à recursos estão
associados ao tempo, custo, normas e meio ambiente.
Os requisitos dos clientes podem ser registrados diretamente na matriz da Casa da
Qualidade do QFD, ferramenta de apoio a esta atividade. A Figura 4.10 apresenta as
atividades básicas para o estabelecimento dos requisitos dos clientes.
F1,F6,F7, F8
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
L i s ta de nec es s i dades edesejos dos clientes
Requis i tos dos c l ientes doprojeto
F1- Questionário estruturadoF6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)F8- Diagrama de Mudge
D i f icu ldade na in terpretação dasnecessidades dos clientes
Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo
Tarefa 1.5.2 Definir os requisitos dos clientes
Tarefa 1.5.3 Valorar os requisitos dos clientes
Base dedados dametodolog
ia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo
Tarefa 1.5.4 Classificar as necessidades dos clientes
Figura 4.10 Atividades básicas ao estabelecimento dos requisitos dos clientes do
projeto.
98
Concluída esta etapa, a equipe de projeto passa a interpretar e traduzir os requisitos
dos clientes em linguagem de projeto denominados requisitos de projeto, ou requisitos do
produto ou ainda requisitos de engenharia.
4.6.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo
O objetivo desta etapa é traduzir as informações dos clientes em informações mais
adequadas, na linguagem de engenharia, ao desenvolvimento do produto inclusivo.
Segundo Fonseca (2000), um requisito de projeto é uma característica técnico-física
mensurável que o produto deve ter para satisfazer os requisitos do usuário.
Nesta etapa, assim como para as necessidades dos clientes, propõe-se o agrupamento
e classificação dos requisitos de projeto. As características técnicas mensuráveis de
engenharia estabelecidas nesta etapa podem ser, por exemplo: a dimensão de um produto, a
massa, a velocidade, entre outras. A obtenção dos requisitos de projeto a partir dos
requisitos dos clientes constitui a primeira decisão física do produto no processo de projeto.
Este momento é considerado importante, pois nele são definidos parâmetros mensuráveis
associados às características definitivas que o produto terá. Para esses requisitos utiliza-se
de diferentes ferramentas, tais como: brainstorming, check-lists e informações de outros
projetos. A Figura 4.11 apresenta as principais atividades a serem executadas nesta etapa.
99
F6, F7,F8, F9
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Requisitos dos clientes Requisitos de projeto
F6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)F8- Diagrama de MudgeF9- Check-lists
D i f i c u l d a d e n a i n t e r p r e t a ç ã o d a snecessidades dos clientesDificuldade em valorar os requisitos de projeto
Tarefa 1.6.1 Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo
Tarefa 1.6.2Agrupar e classificar os requisitos deprojeto
Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto
Base dedados dametodolo
gia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.7 Analisar , se houver, produtosconcorrentes
Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto
Figura 4.11 Atividades básicas ao estabelecimento de requisitos de projeto.
Após a conversão dos requisitos dos clientes em requisitos do produto,que é feita
através da matriz Casa da Qualidade do QFD, é analisada a correlação entre ambos através
de uma escala de intensidade, por exemplo, baixa, média ou elevada. A seguir é
estabelecido o grau de importância dos requisitos dos clientes e a intensidade de sua
contribuição. Ou seja, um requisito do produto que contribui intensamente no atendimento
de um requisito do cliente é mais importante e merece um foco maior do que outro que
contribui pouco.
4.6.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes
O objetivo desta etapa é analisar os produtos concorrentes frente ao produto inclusivo
em desenvolvimento. É nesta etapa que se analisa as características do sistema concorrente
a serem superadas e estabelecem-se os parâmetros competitivos a serem alcançados pelo
projeto em estudo. Pode-se utilizar nesta etapa métodos de engenharia reversa e processos
de desmontagem.
100
D2,F6,F7
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Requ is i t os dos c l i en tes es is temas concor ren tes dosistema em desenvolvimento
Parâmetros compet i t ivos aserem superados
D2- Catálogo de informaçõestécnicasF6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)
Dificuldade em obter as informações dosprodutos concorrentes.
Tarefa 1.7.1 Identificar as características doconcorrente a serem superadas
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.7 Analisar , se houver, produtosconcorrentes
Tarefa 1.7.2 Analisar as características identificadas
Tarefa 1.7.3 Estabelecer parâmetros competitivos aserem alcançados pelo produto inclusivo
Base dedados dametodolo
gia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.8 Estabelecer as especificações de projeto
Tarefa 1.7.4 Buscar soluções para superar estesparâmetros
Figura 4.12 Atividade básica para análise dos sistemas concorrentes.
4.6.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
R e q u i s i t o s d e p r o j e t o sh ie ra rqu i zados pe lo g rau deimportância
R e q u i s i t o s d e p r o j e t o sespecificados para atender oprojeto inclusivo
D7: Quadro de especificaçõesde projetos
Fa l ta de in fo rmações, d i f i cu ldade emespecificar os requisitos adequadamente
Tarefa 1.8.1 Aplicar o quadro de especificações deprojeto D7
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.8 Estabelecer as especificações deprojeto Base de
dados dametodolo
gia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.9 Modelar funicionalmente o produtoinclusivo
Figura 4.13 Atividade básica para estabelecer as especificações de projeto do projeto
inclusivo
4.6.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo
Nesta etapa o produto é modelado funcionalmente de maneira abstrata
independentemente dos princípios físicos, através da definição do produto em funções. Para
isso utiliza-se o método de síntese de funções (Pahl e Beitz, 1996) onde define-se uma
função global do produto e em seguida desdobra-a em várias estruturas de funções do
101
produto. O objetivo é representar o produto por meio de suas funções, descrevendo-o em
um nível abstrato. A abordagem funcional proposta pelo método da Análise do Valor (AV)
(Miles, 1972; Csillag, 1995) pode ser utilizada nesta etapa como ferramenta.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Necessidades dos clientes,especificações do produto,catálogos técnicos
Es t ru tu ra f unc iona l doproduto inclusivo
D2- Catálogo deinformações técnicasD8- Tabela de funções deinclusividadeF11- Diagrama FAST
Dificuldade para definir a função global esub-funções devido à subjetividade
Tarefa 1.9.1 Estabelecer a função global do produtoD2,D8,
F11
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.9 Modelar funcionalmente o produtoinclusivo
Tarefa 1.9.2 Estabelecer as sub-funçoes do produto
Tarefa 1.9.3 Montar a árvore de funções do produto
Base dedados dametodolo
gia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.10 Desenvolver princípios de solução
Figura 4.14 Atividades necessárias para estabelecer as estruturas funcionais.
As funções podem ser geradas através das necessidades dos clientes. Estas funções
são definidas pela composição de um verbo (ação) e um substantivo (objeto da ação), tal
como, lavar roupa ou gerar ar frio (Csillag, 1995). A função definida com um verbo e um
substantivo mensurável por alguma unidade de medida é denominada “função de uso” e
estabelece relações quantitativas (Csillag, 1995; Dedini e Cavalca, 2001). A função
definida com um verbo e um substantivo não mensurável é denominada por “função de
estima” e estabelece relações qualitativas (Csillag, 1995; Dedini e Cavalca, 2001).
As funções podem ser classificadas em funções básicas ou primárias e funções
secundárias. A função básica ou primária é a função para qual o produto foi projetado, por
exemplo, a função básica de um relógio é marcar hora. Funções secundárias são aquelas
que ajudam o produto a ser vendido, por exemplo, as funções secundárias do relógio seriam
indicar data (calendário), contar segundos (cronômetro), sinalizar tempo (despertador).
O primeiro passo para o modelamento funcional é a elaboração da função global
(função básica) do produto, que resume a funcionalidade do produto. Essa função global
102
deve ser decomposta em funções secundárias ou sub-funções, gerando uma estrutura de
funções do produto.
Um método bastante conhecido para se obter árvores de funções e entender como elas
se relacionam, é o método do diagrama FAST - Function Analysis System Technique (Fang
e Rogerson, 1999). O diagrama FAST é composto por uma função básica de onde são
derivadas funções secundárias até que se atinja um detalhamento conveniente. Ele pode
conter funções de uso e/ou funções de estima
As funções de inclusividade de um produto estão relacionadas com funções de
estima. Para auxiliar na identificação de funções de inclusividade de um produto inclusivo,
propõe-se uma lista de funções que devem ser executadas por este produto, resultado da
compilação da revisão de trabalhos e da observação de alguns produtos inclusivos. As
funções de inclusividade estão identificadas na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 Funções de inclusividade Verbo Substantivo Verbo Substantivo
Melhorar Aparência Permitir Regulagem Tornar Atraente Prover Acessibilidade Ter Usabilidade Prover Adaptabilidade Aumentar Aceitabilidade Eliminar Complexidade Ser Ergonômico Maximizar Legibilidade Ser Simples Apresentar Informação redundante Ser Seguro Prover Contraste Oferecer Estabilidade Prover Compatibilidade Oferecer Feedback Impedir Segregação Ser Barato Reduzir Esforço Amplificar Saídas Prevenir Erros Facilitar Precisão Minimizar Ação repetitiva Ser Confortável Permitir Multiuso
Segundo a metodologia proposta, com as funções do produto inclusivo identificadas,
inicia-se a geração dos princípios de solução para cada uma destas funções.
4.6.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução
O objetivo desta etapa é procurar princípios de solução que atendam a cada uma das
sub-funções definidas na etapa anterior. A busca por soluções de produtos já existentes é
feita através de catálogos, base de dados de patentes, produtos concorrentes, artigos e
livros. O processo de criação é auxiliado por métodos e ferramentas de criatividade e é
103
direcionado pelas necessidades, requisitos e especificações do produto. Para auxiliar na
busca de princípios de soluções, existem os métodos de criatividade, que são de
conhecimento geral, tais como Brainstorming, Método Morfológico. A Tabela 4.2 sintetiza
os métodos de criatividade mais utilizados (King, 1998, Dedini e Cavalca, 2001; Rozenfeld,
et al., 2006).
Tabela 4.2 Métodos de criatividade (Rozenfeld, et al., 2006).
Métodos Intuitivos Métodos Sistemáticos Métodos Orientados
• Braisntorming • Brainstorming Imaginário • Método 6.3.5 • Método Delphi • Método da Sinética • Método Innotech • Método da criatividade
induzida • Lateral Thinking • Galeria
• Método Morfológico • Utilização de catálogos
construtivos • Analogia sistemática • Análise do valor • Método da inversão • Redefinição heurística • Matriz TILMAG • Análise e síntese funcional • Questionários e Checklists
• TRIZ • SIT
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Estrutura funcional Princípios de solução
D9- Principais métodos decriatividade para obtenção deprincípios de solução(Tabela 4.2 )F10 - Método morfológico
Dificuldade na geração de idéias,poucainformação, dificuldade na utilização dosmétodos de criatividade
Tarefa 2.2.1 Escolher os métodos de criatividadeadequados
D9, F10
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.10 Desenvolver princípios de solução
Tarefa 2.2.2Analisar os princípios de soluçãoestabelecidos em relação àsespecificações de projeto
Tarefa 2.2.3
Base dedados dametodolog
ia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.11 Desenvolver as alternativas desolução para o produto
Aplicar os métodos de criatividade
Figura 4.15 Atividades necessárias para o desenvolvimento de princípios de solução
104
4.6.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto
Nesta etapa, os princípios de solução obtidos anteriormente são selecionados, de
acordo com as necessidades dos clientes, e são combinados para formar as alternativas de
solução do produto. A ferramenta mais adequada neste processo é a matriz morfológica
(Zwicky, 1948). Nas linhas da matriz morfológica devem estar as funções definidas e nas
colunas estão alocados os princípios de solução que atendem às funções. A equipe de
projeto deve analisar a matriz e escolher um princípio de solução em cada linha. Assim, os
princípios de solução escolhidos devem ser combinados gerando as alternativas de solução
para o produto. A matriz morfológica propicia uma análise das possíveis alternativas de
configuração do produto em desenvolvimento.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
L i s t a de p r i nc í p i os d es o l u ç ã o , l i s t a d a snecessidades dos clientes
Alternativas de solução doproduto F10 - Matriz morfológica
Dificuldade na combinação dos princípiosde solução devido à compatibilidade físicae geométrica
Tarefa 2.3.1 Relacionar os princípios de solução comas necessidades dos clientes
F10
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.11 Desenvolver as alternativas desolução para o produto
Tarefa 2.3.2Base dedados dametodolog
ia deprojeto deinclusivo
Etapa 1.12 Definir arquitetura
Aplicar a matriz morfológica, TRIZ
Tarefa 2.3.3 Combinar os princípios de solução
Tarefa 2.3.4 Analisar as possíveis configurações
Figura 4.16 Atividades para a determinação de alternativas de projeto para o
produto.
4.6.12 Etapa 1.12: Definir a arquitetura
Nesta etapa é definido um esquema da configuração física e funcional do produto
através do arranjo dos componentes e da análise da interação entre os mesmos. Para cada
alternativa de solução definida na etapa anterior tem-se uma arquitetura específica.
105
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Pr inc íp ios de solução,estrutura funcional
Croqui do produto coml a y o u t d e m o n t a g e mestabelecida
F13- DSMF14 - Ergonomia Dificuldade em interagir os componentes.
Tarefa 1.12.1 Realizar a configuração física doproduto
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.12 Definir arquitetura
Tarefa 1.12.2 Base dedados dasconfigurações físicas efuncionais
dassoluçõe s
Etapa 1.13 Realizar a viabilidade econômica
Realizar a configuração funcional doscomponentes do produto
Tarefa 1.12.3 No caso de projeto modular, definir osmódulos
Tarefa 1.12.4 verificar compatibilidade física
Tarefa 1.12.5 representar o produto através de layout,desenho
F13,F14
Figura 4.17 Atividades para a determinação da arquitetura do produto
Figura 4.18 Exemplo da aplicação de MIM
106
Tabela 4.3 Diretrizes de modularização segundo Erixon et al. (1996).
Multi-aplicativo (“Carry-Over”)
Uma função pode ser um módulo separado onde a solução tecnológica atual poderá ser levada para uma nova geração ou família de máquinas.
Evolução tecnológica
Uma função pode ser um módulo único se o mesmo possui uma tecnologia que irá ser superada no seu ciclo de vida.
Desenvolvimento de produtos
Planejamento de alteração de projeto
Uma função pode ser um módulo separado se esta possui características que serão alteradas segundo um plano.
Especificação técnica
Poderão ser concentradas alterações para se conseguir variantes em um módulo.
Variação
Estilo
Função pode ser um módulo separado se esta é influenciada por tendências e modas de tal maneira que as formas e/ou as cores tenham de ser alteradas.
Unidade comum Uma função poderá ser separada em um módulo se a mesma possuir a mesma solução física em todos os produtos variantes.
Fabricação
Processo e organização
Razões para separar uma função num módulo: • Ter uma tarefa específica num grupo; • Encaixar-se no conhecimento tecnológico da empresa; • Possuir uma montagem pedagógica; • Ter um tempo de montagem que difere extremamente dos outros
módulos. Qualidade Testes em
separado Uma função poderá ser separada em um módulo quando esta função puder ser testada separadamente.
Aquisição Compra de produtos prontos
Uma função que pode ser tratada como uma caixa preta por causa de redução dos custos logísticos.
Manutenção e mantenabilidade
Manutenções e reparos podem ser facilitados se uma função fica bem em um módulo separado.
Atualização Se for necessária pode ser facilitada se a função a ser atualizada for um módulo.
Após estar no Mercado
Reciclagem Isto pode ser uma vantagem para concentrar materiais poluentes ou recicláveis em um mesmo módulo ou em módulos separados, conforme o caso.
No projeto inclusivo a arquitetura do produto pode ser modular. Neste caso o produto
modular pode ser definido como um produto que realiza várias funções através da
combinação de módulos (Pahl e Beitz, 1996), sendo que um módulo é uma sub-montagem
que deve possuir adaptabilidade, interface padronizada e máxima permutabilidade
(Hillströn, 1994).
Uma ferramenta para a definição dos módulos, proposta por Erixon et al. (1996), é a
Matriz Indicadora de Módulos (MIM), a qual emprega 12 diretrizes (Tabela 4.3)
relacionadas às razões pela qual o produto deveria ser modularizado. Em um procedimento
semelhante ao empregado no QFD (Quality Function Deployment), estas diretrizes são
confrontadas com as funções desempenhadas pelo produto, atribuindo-se valores a cada
107
relacionamento, tal qual ilustrado na Figura 4.18. As funções que apresentarem os melhores
resultados no somatório de pontos poderão ser modularizadas, bem como os grupos de
funções que apresentaram um forte relacionamento com alguma diretriz.
Outras ferramentas de auxílio ao projeto modular estão descritas na Figura 4.19. A
representação do produto pode ser feita através de croquis, maquetes, desenhos
computacionais.
Objetivo: auxiliar nas atividades do projeto modular
Ferramentas descriçãoSíntese funcional do sistema modular Esta ferramenta procura adaptar os conceitos da síntese funcional ao projeto de produtos modulares
(Maribondo, 2001)
Ferr
amen
tas
para
o P
roje
to M
odul
ar
Gerador de módulos construtivos Esta ferramenta utiliza-se dos princípios da matriz morfológica para a determinação de soluções paraproblemas construtivos. Constitui-se,basicamente, de uma tabela na qual são listadas as funções provenientesda síntese funcional e seus respectivos princípios de solução, os quais, quando selecionados, permitemidentificar os locais aonde deverão ser implementadas adaptações estruturais entre os princípios de solução.Módulos construtivos são módulos independentes das suas funções, sendo baseados apenas nos problemas deconstrução (Pahl e Beitz, 1996)
Matriz de concepção do sistema modular É uma ferramenta que tem por objetivo auxiliar a equipe de projeto aestabelecer, a partir dos módulos funcionais, as concepçõesconstrutivas para a solução dos problemas de projeto. Módulos funcionais módulos que ajudam a implementaras funções técnicas de forma independente ou em combinação com outras (Pahl e Beitz, 1996).
Avaliador das concepções construtivas dosistema modular
É uma ferramenta de decisão para determinação de qual alternativa deprojeto, dentre as que permaneceram até este instante, melhor atendea determinados requisitos de custo (Maribondo, 2001).
Figura 4.19 Ferramentas de auxílio para a execução do projeto modular (Ferreira,
2002).
4.6.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica
A análise da viabilidade econômica significa estimar e analisar as perspectivas de
custo financeiro do produto resultante do projeto. O método que pode ser utilizado nesta
etapa é a Análise do Valor (AV) e o método Compare (Csillag, 1995).
108
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Estrutura funcional C o n j u n t o d e s o l u ç õ e spossíveis
F15- Análise do Valor,F16- Método Compare Dificuldade em valorar as funções
Tarefa 1.13.1 Determinar do valor do produto
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 1.13 Realizar a viabilidade econômica
Tarefa 1.13.2Base dedados
viabilidadefinanceirado produto
Construir a matriz de consumo derecursos, alocando custos às funçõesdos componentes do produto
Tarefa 1.13.3 Valorar as funções de acordo com osconsumidores
Tarefa 1.13.4 Comparar o custo relativo com avaloração das funções
Tarefa 1.13.5 Analisar possibilidade de melhorias
Conjunto de soluções possíveis
Saída
FASE 2 Projeto Preliminar do Produto Inclusivo
F15,F16
Figura 4.20 Atividades para realizar a viabilidade econômica do produto.
O método Compare resulta em um gráfico comparativo entre o custo das funções e a
importância das mesmas do ponto de vista do consumidor. O primeiro passo deste método é
o levantamento das funções e a construção do diagrama FAST. O segundo passo é alocar
recursos consumidos por cada função em relação aos componentes através da matriz de
consumo de recursos. A matriz de consumo de recursos é constituída por funções e por
componentes,conforme mostra a Figura 4.21.
Funções ComponentesComponente 1 150 50 200,00Componente 2 200 30 230,00Componente 3 90 5 195,00Componente 4 70 650 720,00 ... ... ...Componente n 575,00Soma 350 50 100 740 ... 5 1920,00Porcentagem (%) 100%Rank
Custo da Função
A B C D ... Z
Figura 4.21 Exemplo de construção de matriz de consumo de recursos
109
O passo seguinte é compreender a percepção do cliente em relação ao produto em
desenvolvimento através do método proposto por Mudge (1967). Este método consiste em
comparar todas as possíveis combinações de pares de funções, determinando-se a mais
importante de cada par, com uma ponderação adequada, por exemplo, dá-se notas 1 para
pouco importante, 2 para importante e 3 para muito importante. Terminada essa
comparação, somam-se os pontos de cada função. Plotando-se os valores relativos de cada
função em um gráfico, tem-se a visualização da séria de funções com suas importâncias
relativas. Veja um exemplo na Figura 4.22.
Soma % RankA A2 C3 D2 E3 A3 A1 A1 A2 J2 K3 A1 10 8,8 6
B C3 D1 E2 B2 B1 B2 B1 J1 K3 B3 9 7,9 7C D1 C2 C1 C1 C1 C1 J1 K3 C1 13 11,4 4
D E1 D2 D2 D1 D1 J1 K1 D2 12 10,5 5E E3 E2 E1 E1 J1 E1 E1 15 13,2 3
F G1 H1 F1 J2 K1 L1 1 0,9 11G G2 G3 J2 K3 G1 7 6,1 8
H H3 J1 K3 H2 5 4,4 9I J2 K2 L2 0 0,0 12
J J3 J1 17 14,9 2K K3 22 19,3 1
L 3 2,6 10Total 114 100,0
Funções
Funções
Figura 4.22 Exemplo de diagrama de Mudge.
Registrando-se num mesmo gráfico os resultados da matriz de consumo de recursos,
que representam os consumos de recursos para as funções em porcentagem, e do diagrama
de Mudge, que representam as necessidades relativas das mesmas funções de acordo com o
consumidor em porcentagem, constrói-se o gráfico Compare. O gráfico permite a
visualização do consumo de recursos de cada função versus a percepção do consumidor.
Quanto mais as curvas se aproximam maior será o valor percebido pelo consumidor e maior
será a satisfação do mesmo pelo produto.
Nesta etapa pode-se aplicar também testes exploratórios para verificar a percepção do
usuário em relação ao produto. Os testes exploratórios têm como objetivo examinar o que o
usuário acha do conceito do produto. Isso é feito através de perguntas ao usuário, como por
exemplo, o que os usuários pensam sobre o uso do produto?; As funcionalidades do
produto possuem valor para os usuários?; A interface com o usuário é adequada e
110
operável?; Como o usuário se sente em relação ao produto?; algum dos requisitos foi
entendido erroneamente?
4.7 Fase do projeto preliminar do projeto inclusivo
No projeto inclusivo a fase do projeto preliminar tem o objetivo de estabelecer quais
alternativas propostas apresenta a melhor solução de projeto. A seleção de soluções é feita
através de métodos apropriados baseados nas necessidades e requisitos previamente
definidos.
A Figura 4.23 ilustra a fase do projeto preliminar no processo de projeto para o
desenvolvimento de produtos inclusivos, juntamente com o detalhamento das etapas,
tarefas e ferramentas utilizadas nesta fase.
111
Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo
FASE 2 Projeto Preliminar do Produto Inclusivo
Tarefa 2.1.1 Aplicar métodos de seleção
Tarefa 2.1.2 Comparar alternativas de solução
Tarefa 2.1.3 Analisar qual solução pode abranger ummercado maior de pessoas
Etapa 2.1 Selecionar a melhor solução
Base de dadosde análise e
comparaçõesdas soluções
Tarefa 2.2.1 Selecionar quais DFX's estãorelacionadas com o projeto atual
Etapa 2.2 Pesquisar e selecionar qual DFX aser utilizada no processo
Tarefa 2.2.2 Aplicar as DFX's
Tarefa 2.2.3 Aplicar Etapas 2.3 e 2.4 para cada DFX
Tarefa 2.3.1 Formular o modelo matemático, analíticoou experimental
Etapa 2.3 Formular o modelo
Tarefa 2.4.1 Realizar a análise de sensibilidade edeterminar variáveis críticas
Tarefa 2.4.2 Analisar a compatibilidade, determinandoas interferências entre os componentes
Tarefa 2.4.3Formular critérios para estabelecer quaisvariáveis devem ser minimizadas oumaximizadas
Tarefa 2.4.4 Analisar a compatibilidade, determinandoas interferências entre os componentes
Tarefa 2.3.2 Descrever o modelo
Etapa 2.4 Análise de sensibilidade ecompatibilidade das variáveis
Tarefa 2.3.3 Modelar geometricamente
Etapa 2.6 Prover segurança
Tarefa 2.6.1 Identificar possívieis acidentes
Tarefa 2.6.3 Eliminar as possíveis causas deacidentes
Tarefa 2.6.4 Inserir dispositivos de segurança emcaso d de fallha humana
Tarefa 2.6.5 Prover instruções claras de uso
Tarefa 2.6.6 Cerfificar se o tempo de resposta éadequado à capacidade do usuário
Tarefa 2.6.7 Prover mensagem de aviso de risco eerro
Tarefa 2.6.8 Inserir dispositivos de segurança
Tarefa 2.6.2 Arranjar os componentes para minimizarriscos e erros
Etapa 2.5 Tornar o produto ergonômico
Tarefa 2.5.1 Adequar o produto às característicasantropométricas
Tarefa 2.5.2 Acomodar variações de dimensões
Tarefa 2.5.3 Projetar de forma a reduzir o esforço dousuário ao utilizar o produto
Tarefa 2.5.4 Prever o alcande do usuário
Tarefa 2.5.5 Prover flexibilidade no uso do produto
Tarefa 2.5.6 Prover adaptabilidade à habilidade dousuário
Tarefa 2.5.7 Facilitar a precisão e acuidade do usuário
Tornar o produto atraenteTarefa 2.5.8
Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.5.9
Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.6.9
Base de dadosde DFX's do
projeto
Base de dadosda modelagem
Base de dadosda análise desensibilidade
Base de dadosdas
característicasergonomicas do
produto
Base de dadosda segurança
do produto
F15,F17,F18,F19,F20,F21,F22
F7,F23
F24,F25,F26
F24,F25,F26
F27
F25,F26,F27,F28,F29,F30
Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo
112
Etapa 2.7 Otimizar projeto
Tarefa 2.7.3 Avaliar o desempenho
Tarefa 2.7.5Avaliar materiais, processo construtivos,arranjo de componentes e formageométrica
Tarefa 2.7.4 Obter os valores dos parâmetros
Tarefa 2.7.1 Avaliar resultados de cada DFX
Tarefa 2.7.2 Selecionar os parâmetros baseados emcada DFX
Base de dadosde parâmetros
otimizados
Tarefa 2.8.1 Simular funcionamento
Tarefa 2.8.2 Testar características de desempenho
Tarefa 2.8.3 Fazer maquetes ou protótipos em escala
Tarefa 2.8.4 Verificar problemas de montagem
Tarefa 2.8.5 Verificar problemas de acessibilidade
Etapa 2.8 Prever o comportamento do sistema
Tarefa 2.8.6 Verificar a percepção do usuário
Tarefa 2.8.7 Verificar as expectativas do usuário,interação do sistema/mundo real
Tarefa 2.8.8 simplificar o sistema, eliminarcomplexidades desnecessárias
Etapa 2.11 Avaliar a inclusividade
Etapa 2.10 Desenvolver interação com usuário
Tarefa 2.9.2 Testar o produto com usuários extremos eintermediário
Tarefa 2.9.3 Observar o comportamento do usuário emrelação ao produto
Tarefa 2.9.4 Entrevistar o usuário para detectarpossíveis problemas
Etapa 2.9 Verificar percepção do usuário
Tarefa 2.9.5 Verificar a funcionalidade do produto
Tarefa 2.9.6 Verificar se a interface do produto estáadequada com a percepção do usuário
Tarefa 2.10.1 Verificar percepção visual, luz
Tarefa 2.10.2 Verificar percepção sonora
Tarefa 2.10.3 Verificar percepção táctil
Tarefa 2.10.4 Mapear o comportamento do produto emrelação às expectativas do usuário
Tarefa 2.10.5 Calibrar o sistema para atender asnecessidades dos usuários
F12,F15,F17,F24,F26,F3
1,F32,F33
Tarefa 2.9.1 Elaborar protótipo funcional
F25,F26,F27,F30Base de dados
docomportamento
do sistema
F2,F5,F34,F35,F36
Base de dadosda percepção do
usuário emrelação ao
produto
Base de dadosda cognição do
usuário emrelação ao
produto
Base de dadosda inclusividade
do produto
F27,F34
F27,F34,F36
Tarefa 2.11.1 Prover utilização do produto por pessoascom habilidades diversas
Tarefa 2.11.2 Prover escolha na forma de utilização doproduto
Tarefa 2.11.3 Prover contraste adequado
Tarefa 2.11.4 Prover fácil entendimento do uso doproduto
Tarefa 2.11.5 Prover adaptabilidade ao ritmo do usuário
Tarefa 2.11.6 Prover interação para encontrar asexpectativas dos usuários
Tarefa 2.11.7Acomodar ampla faixa de habilidades,por exemplo, comunicação, leitura,escrita
Tarefa 2.11.8 Usar modos redundante para fornecerinformação (verbal, pictorial, táctil)
Tarefa 2.11.9 Maximizar a legibilidade das informações
Tarefa 2.11.10 Minimizar ações repetitivas
Tarefa 2.11.11 Minimizar esforço sustentável
Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo (continuação)
113
Avaliar a aceitabilidade do produtoEtapa 2.12
Tarefa 2.12.1 Verificar e avaliar a usabilidade doproduto
Tarefa 2.12.2 Verificar acessibilidade do produto
Tarefa 2.12.3 Verificar utilidade do produto emrelação às expectativas do usuário
Tarefa 2.12.4 Verfiicar entendimento do usuário
Tarefa 2.12..5 Verfiicar conforto do usuário
Base de dadosda
aceitabilidadedo produto
F2,F5,F11,F34,F36
Produto aceitávelMelhor e maisinclusivo ?
Sim
FASE 3 Projeto Detalhado do Produto Inclusivo
Saída
Não
Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo (continuação)
O objetivo deste item é detalhar a segunda fase do processo de projeto para o
desenvolvimento de produtos inclusivos. Assim, como na fase anterior, faz-se o
desdobramento da mesma em etapas e tarefas e apresentam-se as ferramentas e documentos
de auxílio necessários à implementação desta fase.
4.7.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução
As alternativas de soluções geradas na fase anterior podem não ser promissoras para
as demais fases do desenvolvimento do produto. É necessário escolher a mais adequada
para conduzir o projeto preliminar e detalhado do produto. Nesse caso, a metodologia
proposta prescreve procedimentos sob os quais as alternativas de soluções estabelecidas
possam ser avaliadas e valoradas.
114
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
L i s t a d e p r i n c í p i o s d es o l u ç õ e s , L i s t a d a sn e c e s s i d a d e s d o sconsumidores,soluçõesalternativas,requisitos deprojeto
A l ternat ivas de pro je toselecionadas
F17- Matriz de PughF18- Matriz de avaliaçãoF19- Exame passa/nãopassaF15- Análise do valorF20-Técnica FIREF21- Método da valoraçãoF22- Método do CuboInclusivo
Dificuldade de estabelecer critérios paravalorar as soluções
Tarefa 2.1.1 Aplicar métodos de seleção
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 2.1 Selecionar a melhor solução
Tarefa 2.1.2Base de
dados deanálise e
comparaçõesdas soluções
Etapa 2.2 Pesquisar e selecionar quais DFX'sa serem utilizadas no processo
Comparar alternativas de solução
Tarefa 2.1.3 Analisar qual solução pode abrangerum mercado maior de pessoas
F15,F17,F18,F19,F20,F21,F22
Figura 4.24 Seleção da melhor solução de projeto.
Esta etapa tem como objetivo selecionar a melhor concepção através de métodos de
seleção, comparação e valoração que auxiliam na tomada de decisão quanto à seleção da
melhor concepção. Vários métodos têm sido propostos para a seleção de concepções de
produto, veja Figura 4.25.
Lista de princípiosde soluçõesLista dasnecessidades dosconsumidoressoluções alternativasrequisitos de projeto
Objetivo: selecionar as melhores alternativas de projeto para o produto em desenvolvimento
Entrada Ferramentas SaídaMatriz de Pugh (Pugh, 1991)Matriz de avaliação (Pahl e Beitz,1996)Julgamento da viabilidade,disponibilidade imediata detecnologia, exame passa/não passa(Ullman, 1992)Análise do valor (Miles,1972;Csillag, 1995)Técnica FIRE Método da valoração (Ogliari, 1999)
Alternativas de projetoselecionadas
Mét
odos
de
Sele
ção
Figura 4.25 Ferramentas de métodos de seleção de alternativas de projeto
115
A análise comparativa de qual solução é mais inclusiva, se baseia no método do cubo
inclusivo (CI). Quanto maior for o volume do cubo, maior é o mercado do produto e
consequentemente maior será a população abrangida.
4.7.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s
O objetivo desta etapa é identificar quais DFX’s podem ser aplicadas no processo do
produto em desenvolvimento.
As ferramentas DFX’s, Design for X, onde “X” correspondem às habilidades ou
características de uma determinada área, podem ser definidas como um conjunto de regras e
procedimentos estabelecidos de forma organizada, para dar suporte à determinadas áreas no
processo de desenvolvimento do produto. A DFX é uma base de conhecimentos com o
objetivo de projetar produtos que maximizem todas as características, como: alta qualidade,
confiabilidade, serviços, segurança, usuários, meio ambiente e tempo de mercado – ao
mesmo tempo em que minimiza os custos do ciclo de vida e de manufatura do produto .
Referências sobre DFX’s podem ser encontradas em Arende (2003) e Rozenfeld et al.,
(2006). A escolha da DFX a ser utilizada depende do tipo de produto a ser desenvolvido, da
experiência da equipe de projeto e das metas de projeto.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
s e l e ç ã o a l t e r n a t i v ae s c o l h i d a , l i s t a d enecessidades dos clientes,requisitos de projeto
Relação de DFX's a seremutilizadas no processo ded e s e n v o l v i m e n t o d oproduto
F7- QFDF23 - DFX Dificuldade na seleção do tipo de DFX a
ser utilizada
Tarefa 2.2.1 Selecionar quais DFX's estãorelacionadas com o projeto atual
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 2.2 Pesquisar e selecionar quais DFX'sa serem utilizadas no processo
Tarefa 2.2.2Base de
dados deDFX's doprojeto
Etapa 2.3 Formular o modelo
Aplicar as DFX's
Tarefa 2.2.3 Aplicar Etapas 2.3 e 2.4 para cadaDFX
F7,F23
Figura 4.26 Identificação das DFX’s a serem utilizadas no projeto.
116
4.7.3 Etapa 2.3: Formular o modelo
A alternativa de projeto selecionada é modelada matematicamente ou
experimentalmente através de recursos matemáticos nesta etapa. Pode-se formular o
modelo para cada DFX escolhida. O modelo permite antecipar, analiticamente, o
comportamento do produto. As características de um bom modelo matemático são: a)
realismo na previsão do desempenho; b) máximo de simplicidade; c) termos separados para
ações e fenômenos independentes; c) manipulação direta das expressões e; e) fácil
verificação(Back, 1983).
Em resumo a preparação de um modelo matemático necessita de (Back, 1983):
• Selecionar as variáveis e transformá-las em símbolos
• Fazer suposições para simplificar o problema, eliminando as variáveis menos
importantes
• Identificar as variáveis, parâmetros, constantes
• Fazer restrições ou condições de contorno
• Montar as expressões e equações iniciais de estrutura, comportamento e
desempenho
• Reduzir e simplificar as expressões de forma a descrever os aspectos mais
importantes do sistema
117
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
S o l u ç ã o e s c o l h i d a ,variáveis de projeto
D a d o s d a s i m u l a ç ã o ,gráficos, geometria
F24- Recursos matemáticosF25- CADF26- CAE
Dificuldade na modelagem do produto, faltade habilidade com os recuros matemáticos,dificuladade na simplificação do modelo
Tarefa 2.3.1 Formular o modelo matemático,analítico ou experimental
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 2.3 Formular o modelo
Tarefa 2.3.2 Base dedados da
modelagem
Etapa 2.4 Análise de sensibilidade ecompatibilidade das variáveis
Descrever o modelo
Tarefa 2.3.3 Modelar geometricamente
F24,F25,F26
Figura 4.27 Modelagem do sistema.
4.7.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis
Nesta etapa o sistema é visualizado através de um conjunto de variáveis ou
parâmetros do projeto. A descrição é feita na forma de equações, modelo matemático,
envolvendo os parâmetros e as variáveis de entrada e de saída. O objetivo é saber o quão
sensível é o desempenho do sistema em relação ao ajuste dos parâmetros. Os parâmetros
representam várias características do sistema, como por exemplo, dimensões críticas,
propriedades, etc.
118
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
modelo matemático, DFXparâmet ros c r í t i cos deprojeto, desempenho geraldo sistema,
F24- Recursos matemáticosF25- CADF26- CAE
D i f i c u l d ad e na i n t e r a ç ã o en t r e o scomponentes, dificuldade na determinaçãodos parâmetros críticos
Tarefa 2.4.1 Realizar a análise de sensibilidade edeterminar variáveis críticas
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 2.4 Análise de sensibilidade ecompatibilidade das variáveis
Tarefa 2.4.2
Base dedados daanálise de
sensibilidade
Etapa 2.5 Tornar o produto ergonômico
Analisar a compatibilidade,determinando as interferências entreos componentes
Tarefa 2.4.3Formular critérios para estabelecerquais variáveis devem serminimizadas ou maximizadas
Tarefa 2.4.4Analisar a compatibilidade,determinando as interferências entreos componentes
F24,F25,F26
Figura 4.28 Atividades para a realização da análise de sensibilidade e compatibilidade
das variáveis.
Para prever o comportamento do sistema, escolhem-se alguns valores de entrada,
variáveis independentes e resolvem-se as equações para a obtenção dos resultados, ou seja,
as variáveis dependentes. As mudanças realizadas nas variáveis de entrada deverão induzir
algumas mudanças correspondentes nas variáveis de saída. Essa correspondência entre as
variáveis de entrada e saída é denominada de desempenho. A habilidade de manipular um
modelo matemático resulta em economia e rapidez nos primeiros estágios do projeto. A
variação dos parâmetros num protótipo físico aumentaria o custo do produto e seria
ineficaz. A compatibilidade deve prover a interação perfeita entre os componentes e pode
envolver considerações, tais como tolerâncias geométricas, tolerâncias físicas (resistência)
e tolerâncias químicas. Outra consideração é a compatibilidade de componentes em série
que dependem um do outro.
4.7.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico
A ergonomia é uma ferramenta que pode ser definida como o estudo da adaptação do
trabalho ao homem. O objeto central é o usuário, suas habilidades, capacidades e
119
limitações. A ergonomia aborda a antropometria que fornece informações sobre as
dimensões do corpo humano.
A primeira tarefa dessa fase é aplicar os dados antropométricos no projeto do produto
para que haja um bom dimensionamento e posicionamento adequado do produto em relação
ao usuário.
A Análise das atividades motoras envolve o uso dos seguintes critérios:
• Medir a velocidade da atividade
• Verificar a precisão da atividade
• Medir a força aplicada durante a atividade
• Medir o gasto energético da atividade
• Realizar a análise biomecânica
Os métodos de medida de velocidade, precisão e força dependem da tarefa motora
que está sendo realizada. Tais métodos incluem cronômetros, filmes, medidores de pressão,
dinamômetros, etc. O gasto energético pode ser medido através de aparelhos que estimam a
quantidade de energia em termos de calorias gastas por unidade de tempo. A análise
biomecânica pode ser feita através de filmes, fotografias e outras técnicas. Os dados são
registrados e analisados estatisticamente.
É necessário observar que as fontes de dados antropométricos devem ser extendidas
para dados de pessoas com deficiência, pois esses dados diferem.
- Informações táteis
A transmissão de informações por contato pode ser dividida em dois grupos:
• Estático: o exemplo mais utilizado é o código Braile, que consiste em pontos
em alto relevo que podem ser identificados pelo toque dos dedos da pessoa.
120
• Dinâmico: os dispositivos dinâmicos procuram introduzir mudanças contínuas
ou intermitentes na informação através de vibrações na pele.
- Características de uso de controle
• O produto deve permitir o uso efetivo e não sobrecarregar os membros do
usuário
• Usar controle de rotação múltipla para trabalho com precisão
• O controle deve permitir boa visualização e facilidade de identificação
A utilização de um produto depende da capacidade psico-motora do usuário e de suas
características antropométricas. Neste contexto o projetista deve atentar para as diferenças
individuais, para que o produto possa ser utilizado por uma grande porcentagem de
população, incluindo por exemplo, pessoas com deficiência e idosos.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Dados antropométricos,l i s t a d e p r i n c í p i o s d oUniversal Design
C a r a c t e r í s t i c a sergonômicas do produto F27 - Ergonomia
D i f i c u l d a d e e m e n c o n t r a r d a d o sa n t r o p o m é t r i c o s d e p e s s o a s c o mdeficiência, dificuldade de atender à todasas faltas de capacidade
Tarefa 2.5.1 Adequar o produto às característicasantropométricas
Etapa 2.5 Tornar o produto ergonômico
Tarefa 2.5.2
Etapa 2.6 Prover segurança
Acomodar variações de dimensões
Tarefa 2.5.3 Projetar de forma a reduzir o esforçodo usuário ao utilizar o produto
Tarefa 2.5.4 Prever o alcande do usuário
Tarefa 2.5.5 Prover flexibilidade no uso do produto
Tarefa 2.5.6 Prover adaptabilidade à habilidade dousuário
Tarefa 2.5.7 Facilitar a precisão e acuidade dousuário
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados das
características
ergonomicasdo produto
Tornar o produto atraenteTarefa 2.5.8
Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.5.9
F27
Figura 4.29 Atividades para tornar o produto ergonômico.
121
4.7.6 Etapa 2.6: Prover segurança
Os acidentes na maioria das vezes não acontecem por erro de projeto, mas sim por
falta de atenção do usuário do produto. Portanto é importante que o projeto do produto
esteja prevenindo as possíveis causas de acidentes. Esta etapa sugere uma seqüência de
tarefas para prover segurança no produto. Arranjar os componentes para minimizar riscos e
erros, ou seja, colocar os elementos mais usados sendo mais acessíveis e eliminar ou
proteger os elementos de riscos.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Instruções de ergonomiaC a r a c t e r í s t i c a s d es eg u r an ç a d o p r od u t oinclusivo
F25-CADF26-CAEF27-ErgonomiaF28- Mapa de riscosF29- ConfiabilidadeF30- Prototipagem rápida
Dificuldade na identificação de possíveisacidentes,dif iculdade no arranjo dosdispositivos de segurança
Tarefa 2.6.1 Identificar possívieis acidentes
Etapa 2.6 Prover segurança
Tarefa 2.6.2
Etapa 2.7 Otimizar o projeto
Arranjar os componentes paraminimizar riscos e erros
Tarefa 2.6.3 Eliminar as possíveis causas deacidentes
Tarefa 2.6.4 Inserir dispositivos de segurança emcaso de fallha humana
Tarefa 2.6.5 Prover instruções claras de uso
Tarefa 2.6.6 Cerfificar se o tempo de resposta éadequado à capacidade do usuário
Tarefa 2.6.7 Prover mensagem de aviso de risco eerro
Tarefa 2.6.8 Inserir dispositivos de segurança
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados dasegurançado produto
Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.6.9
F25,F26,F27,F28,F29,F30
Figura 4.30 Atividades para tornar o produto seguro.
4.7.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros
Otimização é a pesquisa por uma solução, a qual proporciona o melhor resultado
(Back, 1983). Nesta etapa os parâmetros devem receber valores específicos. Um modo de
122
determinar o valor que deve prevalecer é escolher combinações viáveis que sejam
consideradas convenientes. Pode-se supor que entre todas as combinações viáveis de
valores de parâmetros, exista uma que seja melhor às outras. Esta pode ser obtida por
aproximações sucessivas, modificando-se sucessivamente os resultados do projeto, por
métodos experimentais, nos quais os parâmetros são modificados, por meios matemáticos e
por simulações computacionais.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
parâmetros de pro je to,condições de contorno,conhecimento técnico
parâmetros otimizados
F12- Matrix indicadora demódulos (MIM)F15- Análise do ValorF17- Matriz de PughF24- Recursos matemáticosF26- CAEF31- Matriz de contradição(TRIZ)F32- Ferramentas dematemática computacionalF33- Métodos deotimização: método dapesquisa exaustiva, métododa redução do intervalo dapesquisa, método de Hookee Jeeves, método deCauchy, método deprogramação linear, métodode programação não-linear
D i f i c u l d a d e n a c o n v e r g ê n c i a d o sparâmetros, dificuldade em identificar osparâmetros críticos
Documentos eferramentas de apoio
Etapa 2.7 Otimizar projeto
Base dedados de
parâmetrosotimizados
Etapa 2.8 Prever o comportamento do sistema
Tarefa 2.7.3 Avaliar o desempenho
Tarefa 2.7.5Avaliar materiais, processo construtivos,arranjo de componentes e formageométrica
Tarefa 2.7.4 Obter os valores dos parâmetros
Tarefa 2.7.1 Avaliar resultados de cada DFX
Tarefa 2.7.2 Selecionar os parâmetros baseados emcada DFX
F12,F15,F17,F24,F26,F31,
F32,F33
Figura 4.31 Atividades para executar a otimização do projeto.
4.7.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema
Nesta etapa além das simulações podem ser construídos os protótipos que podem ser
virtuais ou físicos. O protótipo é uma parte essencial do ciclo de desenvolvimento de um
produto, é utilizado para analisar a forma, montagem e funcionalidade do projeto.
123
Uma maneira rápida e eficiente de se produzir protótipos é a tecnologia da
Prototipagem Rápida (PR)- rapid prototyping. A PR é uma ferramenta usada para fabricar
protótipos físicos diretamente de um desenho tridimensional produzido em CAD.
A ferramenta de Prototipagem Rápida (PR) é capaz de produzir protótipos que se
enquadram dentro dos quatro grupos mencionados. A partir de um mesmo protótipo pode-se
analisar os quatro enfoques descritos (Pizzolito, 2004). A visualização do protótipo como um
produto permite utilizar a tecnologia para produzir modelos conceituais e avaliar os fatores
estéticos do produto final, como curvas, superfícies, forma, tamanho e ergonomia.
A avaliação do protótipo pelo usuário permite verificar a percepção diante da proposta do
produto. É possível testar as funcionalidades do produto com uso de protótipos que condizem
com as características, formas e dimensão dos componentes (Pizzolito, 2004). Além disso, o
protótipo pode ser usado para verificar a existência de interferências entre os componentes do
produto, evitando problemas de montagem.
A utilização da tecnologia de PR permite a otimização de soluções técnicas, redução de
custos e diminuição do prazo do lançamento do produto no mercado (Saura, 2003). Os custos
de desenvolvimento são reduzidos com a aplicação de protótipos devido à possibilidade de
identificar erros nas fases iniciais de projeto. O protótipo deve ser visto como um recurso
adicional às ferramentas tradicionais de projeto. A aplicação da PR representa uma melhora
substancial na qualidade do produto. Informações mais detalhada sobre Prototipagem Rápida
podem ser encontradas em Saura (2003) e Pizzolito (2004).
124
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
parâmetros otimizadoscomportamento do sistemasimulado e percepção dousuário
F25-CADF26-CAEF27- ErgonomiaF30-Prototipagem rápida
Dificuldade na simplificação do sistema,falta de interação do sistema com usuário
Tarefa 2.8.1 Simular funcionamento
Etapa 2.8 Prever o comportamento do sistema
Etapa 2.9 Verificar percepção do usuário
Tarefa 2.8.2 Testar características de desempenho
Tarefa 2.8.3 Fazer maquetes ou protótipos emescala
Tarefa 2.8.4 Verificar problemas de montagem
Tarefa 2.8.5 Verificar problemas de acessibilidade
Tarefa 2.8.6 Verificar a percepção do usuário
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados do
comportamento do sistema
Tarefa 2.8.7 Verificar as expectativas do usuário,interação do sistema/mundo real
Tarefa 2.8.8 Simplificar o sistema, eliminarcomplexidades desnecessárias
F25,F26,F27,F30
Figura 4.32 Atividades para prever o comportamento do sistema.
4.7.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário
Nesta etapa verifica-se a percepção do usuário através de testes de avaliação, testes de
validação e testes comparativos. Os testes de avaliação envolvem uma análise detalhada de
soluções específicas. O principal objetivo de um teste de avaliação é assegurar que as
escolhas de projeto sejam apropriadas em relação às considerações iniciais. Os testes de
avaliação estão relacionados com a usabilidade e a funcionalidade do produto e em alguns
casos pode ser apropriado para avaliar índices de desempenho. Após selecionar uma
alternativa de projeto, o teste de avaliação vai garantir se a solução está sendo
implementada adequadamente e responderá a questões mais detalhadas como: A concepção
é utilizável? A concepção satisfaz todas as necessidades dos clientes? Como a concepção
será montada e testada? Testes de avaliação necessitam de simulação de modelos e
maquetes. O processo de avaliação pode ser realizado com usuários internos e usuários
125
externos (consumidor final). As informações são qualitativas e baseadas na observação,
discussão e entrevistas.
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Usuáriosp r o d u t o v a l i d a d o e mrelação à percepção dousuário
F2-EntrevistasF5-Método de observaçãoF34- Técnicas deusabilidadeF35-Método IDEOF36-Testes de laboratório
Dificuldades em testar o produto com ousuário final, a etapa demanda tempo
Tarefa 2.9.2 Testar o produto com usuáriosextremos e intermediário
Etapa 2.9 Verificar percepção do usuário
Tarefa 2.9.3
Etapa 2.10 Desenvolver interação com usuário
Observar o comportamento do usuárioem relação ao produto
Tarefa 2.9.4 Entrevistar o usuário para detectarpossíveis problemas
Tarefa 2.9.5 Verificar a funcionalidade do produto
Tarefa 2.9.6 Verificar se a interface do produto estáadequada com a percepção do usuário
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados da
percepção dousuário emrelação ao
produto
Tarefa 2.9.1 Elaborar protótipo funcional
F2,F5,F34,F35,F36
Figura 4.33 Atividades para verificar a percepção do usuário em relação ao produto.
Os testes de validação são realizados no final do processo de desenvolvimento do
produto e servem para verificar se as especificações-meta do produto foram alcançadas.
Estes testes podem incluir usabilidade, desempenho, confiabilidade, mantenabilidade,
montagem e robustez. Os testes de validação servem para verificar a funcionalidade e o
desempenho do produto que será produzido. Nesta etapa a representabilidade do produto
deve ser a mais próxima do produto real. São testes experimentais que devem ser feitos
com o usuário final. O ideal é que o usuário use o produto sem treinamento ou preparação
para poder avaliar o produto. Os dados obtidos nesses testes são quantitativos e medem o
desempenho do produto. Esses dados devem ser confrontados com o desempenho esperado.
Medidas quantitativas podem ser obtidas nestes testes, tais como, tempo de realização
de uma tarefa, tempo de reposta do produto, número de falhas, número de erros de
operação.
126
Nesta etapa é importante verificar possíveis problemas e identificar possíveis
melhorias, críticas e sugestões, talvez eliminar algumas funções desnecessárias, eliminar
complexidades, melhorar o entendimento do produto.
4.7.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
U s u á r i o s , l i s t a d enecessidades dos clientes,sistema
Características da interaçãodo produto com usuário
F27- ErgonomiaF34- Técnicas deusabilidade
Dificuldade em responder às expectativas dousuário, dificuldade em aplicar as técnicasde usabilidade, dificuldade em atender todasas solicitações dos diferentes usuários
Tarefa 2.10.1 Verificar percepção visual
Etapa 2.10 Desenvolver interação com usuário
Tarefa 2.10.2
Etapa 2.11 Avaliar a inclusividade
Verificar percepção sonora
Tarefa 2.10.3 Verificar percepção táctil
Tarefa 2.10.4 Mapear o comportamento do produtoem relação às expectativas do usuário
Tarefa 2.10.5 Calibrar o sistema para atender asnecessidades dos usuários
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados da
cognição dousuário emrelação ao
produto
F27,F34
Figura 4.34 Atividades para desenvolver a interação do usuário com o produto.
127
4.7.11 Etapa 2.11: Prover inclusividade
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
Maq u et es d o p r od u t o,usuários,protótipo funcional
C a r a c t e r í s t i c a s d einclusividade do produto
F27- ErgonomiaF34- TestesF36- Técnicas deusabilidade
Dificuldade em implementar todas as tarefas destaetapa
Tarefa 2.11.1 Prover utilização do produto porpessoas com habilidades diversas
Etapa 2.11 Avaliar a inclusividade
Tarefa 2.11.2
Etapa 2.12 Avaliar a aceitabilidade do produto
Prover escolha na forma de utilizaçãodo produto
Tarefa 2.11.3 Prover contraste adequado para
Tarefa 2.11.4 Prover fácil entendimento do uso doproduto
Tarefa 2.11.5 Prover adaptabilidade ao ritmo dousuário
Tarefa 2.11.6 Prover interação para encontrar asexpectativas dos usuários
Tarefa 2.11.7Acomodar ampla faixa de habilidades,por exemplo, comunicação, leitura,escrita
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados da
inclusividadedo produto
Tarefa 2.11.12 Verfiicar entendimento do usuário
Tarefa 2.11.8 Usar modos redundante para fornecerinformação (verbal, pictorial, táctil)
Tarefa 2.11.9 Maximizar a legibilidade dasinformações
Tarefa 2.11.10 Minimizar ações repetitivas
Tarefa 2.11.11 Minimizar esforço sustentável
Tarefa 2.11.13 Verfiicar conforto do usuário
F27,F34,F36
Figura 4.35 Atividades para prover a inclusividade do produto.
128
4.7.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto
Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer
U s u á r i o , p r o t ó t i p ofuncional,síntese funcionaldo produto
C a r a c t e r í s t i c a s d eaceitabilidade do produto
F2- EntrevistasF5- Método de observaçãoF11-Diagrama FASTF34- Técnicas deusabilidadeF36- Testes
D i f i cu ldade em encon t ra r usuár iosd ispon íve is pa ra os tes tes , t empo ,di f iculdade em modif icar a estruturafuncional do produto
Tarefa 2.12.1 Verificar e avaliar a usabilidade doproduto
Etapa 2.12 Avaliar a aceitabilidade do produto
Tarefa 2.12.2 Verificar acessibilidade do produto
Tarefa 2.12.3 Verificar utilidade do produto emrelação às expectativas do usuário
Documentos eferramentas de apoio
Base dedados da
aceitabilidadedo produtoTarefa 2.12.4 Verificar entendimento do usuário
Tarefa 2.12..5 Verificar conforto do usuário
Projeto melhoradoMelhor e mais
inclusivo ?
Sim
FASE 3
Não
Projeto Detalhado do Produto Inclusivo
Saída
F2,F5,F11,F34,F36
Figura 4.36 Atividades para avaliar a aceitabilidade do produto.
A avaliação do produto deve ser feita por pessoas que irão utilizar o produto, por
exemplo, a empresa Toshiba disponibilizou celulares e uma máquina de lavar roupa para
que as pessoas com deficiência visual e idosos testassem os produtos e dissessem quais as
dificuldades encontradas e os possíveis melhoramentos no produto, veja Figura 4.37. Já é
um passo que a indústria está tomando em direção ao projeto inclusivo, porém neste caso, a
empresa avalia o produto final, esse procedimento traria muitos benefícios se fosse aplicado
na fase do projeto preliminar do processo de desenvolvimento de produtos.
129
Figura 4.37 Avaliação dos produtos feita por pessoas com deficiência visual e por idosos.
4.8 Sumário
Neste capítulo foi apresentado o modelo da abordagem metodológica proposta e sua
simbologia. Foram apresentadas de forma detalhada as duas primeiras fases do processo de
projeto do desenvolvimento de produtos inclusivos: a fase do Estudo de Viabilidade e a
Fase do Projeto Preliminar. As fases foram desdobradas em etapas e tarefas. Também
foram apresentadas as ferramentas de apoio utilizadas em cada etapa da abordagem
proposta. No capítulo seguinte será apresentada uma aplicação desta metodologia através
de um estudo de caso.
130
131
Capítulo 5
Estudo de Caso - Aplicação da metodologia no desenvolvimento de cadeiras de rodas
A maneira mais fácil de se entender como a metodologia proposta pode ser aplicada é
através de um estudo de caso. O estudo de caso em particular desta tese é o projeto
motorização de cadeiras de rodas manuais. Portanto, neste capítulo é apresentado o
desenvolvimento do Estudo da Viabilidade e do Projeto Preliminar para o estudo de caso de
um produto inclusivo: a cadeira de rodas. Este produto foi escolhido devido ao
conhecimento e experiência que o Orientador possui em relação à cadeiras de rodas e
devido à experiência do grupo e dos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos no Laboratório
de Projeto Mecânico relacionados com cadeiras de rodas (Becker, 1997; Becker, 2000;
Alvarenga e Dedini, 2001; Alvarenga, 2002; Lombardi, 2002) entre outros. A cadeira de
rodas pode ser considerada como um produto inclusivo, ou seja, ela faz a inclusão dos
usuários de cadeiras de rodas na sociedade. A aplicação desta metodologia mostra que a
cadeira pode se tornar um produto mais inclusivo do que realmente ela é.
A metodologia proposta é exemplificada através de um estudo de caso aplicado ao
desenvolvimento de cadeiras de rodas. As etapas são detalhadas, mostrando como usar a
metodologia e suas ferramentas.
132
5.1 Fase do Estudo da Viabilidade
5.1.1 Etapa 1.1 Pesquisar informações sobre o tema do projeto
Tarefa 1.1.1 Inicialmente foi estabelecido o ciclo de vida do produto.
Tarefa 1.1.3 Foi realizada uma pesquisa de mercado em relação à cadeiras de rodas.
Para isso utilizou-se de dados do Censo do IBGE de 2000, veja Figura 5.1.
22,9 %
16,7 %
8,3 % 4,1 %
16.644.842 7.939.784 5.735.099 2.844.937 1.416.060
Visual Motora Auditiva Mental Física
2244,,55 mmiillhhõõeess ddee bbrraassiilleeiirrooss
Número de pessoas com deficiência
48,1 %
Figura 5.1 Pessoas com deficiência no Brasil, fonte IBGE censo demográfico 2000.
O Censo do IBGE é uma referência para se ter uma estimativa do público alvo que
irá utilizar o produto em desenvolvimento. No Brasil, geralmente as empresas escolhem um
público alvo para um tipo de cadeira de rodas, por exemplo: pessoas que utilizam cadeira
manual ou pessoas que utilizam cadeiras motorizadas. Neste caso, o objetivo é atingir o
maior número de pessoas possíveis, logo é definido como público alvo, todas as pessoas
que possam eventualmente utilizar cadeiras de rodas, por exemplo, pessoas com paraplegia,
hemiplegia, tetraplegia (dependendo do grau de severidade), idosos e pessoas com
dificuldades em caminhar.
A definição do público alvo pode ser feita de acordo com as premissas estudadas no
projeto inclusivo. A “população total” pode ser definida como todas as pessoas que utilizam
cadeiras de rodas. Retirando dessa população as pessoas que não conseguem mover
sensores para movimentar o módulo com a cadeira ou as pessoas que não possuem
capacidade mental para se direcionar, tem-se a população ideal. Nas abordagens atuais de
projeto, seria escolhido um público alvo que deveria ser usuários de cadeiras de rodas
133
manuais com movimento nos membros superiores, mas como se está realizando um projeto
inclusivo, deve-se pensar em extender ao máximo o número de pessoas que possam utilizar
o produto. A máxima população negociável pode conter pessoas que usam cadeiras
motorizadas e tetraplégicos que tenham algum movimento, por exemplo, com a boca ou
olhos, ou que não possuem coordenação motora, ou que tenham pouca força nos braços ou
que tenham tremores. A população incluída são as pessoas que podem usar o produto
através do protótipo físico que se encontra disponível para testes.Veja Figura 5.2.
UUUSSSUUUÁÁÁRRRIIIOOOSSS OOOUUU NNNÃÃÃOOO DDDEEECCCAAADDDEEEIIIRRRAAA DDDEEE RRROOODDDAAASSS
(((TTTooodddaaa PPPooopppuuulllaaaçççãããooo)))
IDOSOS, PESSOAS COM DEFICIÊNCIA TEMPORÁRIA OU
PERMANENTE (População Ideal)
USUÁRIOS DE CADEIRA MOTORIZADAS E TETRAPLÉGICOS
(Máxima População negociável)
USUÁRIOS DE CADERIAS DE RODAS QUE TESTARAM O PROTÓTIPO
(População Incluída)
UUUSSSUUUÁÁÁRRRIIIOOOSSS DDDEEE CCCAAADDDEEEIIIRRRAAASSS DDDEEE RRROOODDDAAASSS MMMAAANNNUUUAAAIIISSS CCCOOOMMM MMMOOOVVVIIIMMMEEENNNTTTOOO NNNOOOSSS MMMEEEMMMBBBRRROOOSSS SSSUUUPPPEEERRRIIIOOORRREEESSS
MMMEEEMMMBBBRRROOOSSS SSSUUUPPPEEERRRIIIOOORRREEESSS (((PPPooopppuuulllaaaçççãããooo aaalllvvvooo)))
Figura 5.2 Definição da população que irá utilizar o produto em desenvolvimento.
Tarefa 1.1.2 Para se obter dados sobre o produto em desenvolvimento é necessário
fazer uma pesquisa de informações técnicas dos produtos no mercado, através de catálogos
dos fabricantes e outras fontes, por exemplo, sites. Pesquisas sobre cadeiras de rodas
manuais e motorizadas detalhadas foram podem ser encontradas em Alvarenga (2002). Para
ilustrar alguns dos tipos pesquisados no mercado atual, veja Tabela 5.1.
134
Tabela 5.1 Pesquisa de modelos e informações técnicas de cadeiras de rodas encontradas no mercado atual.
Modelo de Cadeira de Rodas Descrição Técnica
Cadeira de rodas manual modelo 1009: Essa cadeira foi desenvolvida pela empresa Baxman-Jaguaribe (www.baxmannjaguaribe.com.br), uma empresa brasileira fundada em 1947 e dedicada à fabricação de cadeiras de rodas manuais. Peso da cadeira: 12 kg Largura da cadeira: 62 cm Capacidade de carga: 80kg Preço: R$ 190,00
Cadeira de rodas manual Freedom Clean: Esta cadeira foi desenvolvida pela Freedom (www.freedom.ind.br), uma empresa brasileira fundada em 1991 em Pelotas-RS e dedicada à fabricação de cadeiras de rodas motorizadas e manuais. Peso da cadeira: 17,6 kg Distância entre eixos: 78cm Capacidade de carga: 130kg Largura da cadeira: 60 a 64 cm Cores: amarelo ,azul, branco, cinza, grafite, prata, preto,rosa,vermelho,vinho Preço: R$ 735,85
Cadeira de rodas manual Freedom Stand-up: Esta cadeira, também desenvolvida pela Freedom, possui o sistema stand-up com atuador linear elétrico (função que permite ao usuário ficar em pé, facilitando a acessibilidade e qualificando as funções circulatórias, digestivas e respiratórias). Peso da cadeira: 19,8 kg Distância entre eixos: 80 cm Capacidade de carga: 130kg Largura da cadeira: 62 a 66 cm Baterias: 2 baterias 12V x17A 1 atuador linear 1500W Preço: R$ 3.151,00 Preço da motoriza Freedom Stand-up R$ 9.000,00
135
Cadeira de rodas motorizada Freedom “L”: Essa cadeira motorizada, também desenvolvida pela Freedom, possibilita a subida de rampas e ultrapassagem de pequenos desníveis. Peso da cadeira: 68 kg Distância entre eixos: 80 cm Capacidade de carga: 130kg Largura da cadeira: 60 a 64 cm Velocidade em terreno plano: 7 km/h Autonomia piso plano, usuário 80 Kg: 30 km Motores: 2 motores de 400 W (cada) Transmissão: pelas rodas traseiras através de correia Baterias: 02 baterias 12 V x 50 A Preço: R$ 7.124,00
Cadeira de rodas manual Ágile: Esta cadeira foi desenvolvida pela empresa Baxman-Jaguaribe (www.baxmannjaguaribe.com.br). Peso da cadeira: 16 kg Capacidade de carga: 100kg Largura da cadeira: 60 a 64 cm Preço: R$ 1.065,00
Cadeira de rodas motorizada Hummel Classic: Esta cadeira foi desenvolvida pela REA Team (www.reateam.com.br), uma empresa brasileira fundada em 2003 em Caxias do Sul -RS e dedicada à fabricação de cadeiras de rodas motorizadas. Peso da cadeira: 62 kg Capacidade de carga: 120kg Largura da cadeira: 60- 68 cm Transmissão blindada helicoidal 02 motores elétricos Velocidade: 8,5 km/h Autonomia: 15 à 30 km Baterias: 18 Ah Preço R$: 7.900,00
136
Cadeira de rodas motorizada Jazzy 1122: Esta cadeira foi desenvolvida pela Pride Mobility Products Corp (www.pridemobility.com), uma empresa americana fundada em 1986 na Pennsylvania nos EUA e dedicada à fabricação de Scooters e cadeiras de rodas motorizadas. Peso da cadeira: 100 kg Capacidade de carga: 136 kg Largura da cadeira: 58 à - cm 02 motores elétricos Velocidade: 10 km Autonomia: 40 km Baterias: 2 x 12V Preço: R$ 14.300,00
Cadeira de rodas motorizada Nutron R51LXP: Esta cadeira foi desenvolvida pela Invacare (www.invacare.com), uma empresa americana fundada em 1970 em Ohio nos EUA e dedicada à fabricação de produtos para reabilitação incluindo cadeiras de rodas manuais e motorizadas. Motor: 650W Largura da cadeira: 66 cm Peso da cadeira: 77 kg Capacidade de carga: 160 kg Velocidade: 6mph Preço: US$ 5.195,00
5.1.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto
Tarefa 1.2.1 Revisar a ordem de início e as informações pesquisadas. Organizar as
informações de modo que haja visualização de oportunidades de inclusividade.
Tarefa 1.2.2 As cadeiras de rodas manuais possuem qualidades físicas e funcionais
comuns à todas as cadeiras. Geralmente essas possuem similaridades em seus projetos, nas
dimensões físicas, atendendo às normas. Algumas regras, tais como, permitir a passagem da
cadeira através de portas e permitir o seu dobramento durante o transporte em um veículo.
Outras similaridades aparentes, tais como a construção do assento, do encosto e a
distribuição de peso o qual permite o usuário elevar as rodas frontais para transpor degraus
ou obstáculo qualquer.
137
Cadeiras de rodas motorizadas são geralmente prescritas a usuários que não possuem
força ou coordenação motora para acionar manualmente uma cadeira convencional. Estas
cadeiras induzem o aumento de dependência do usuário na estabilidade e manobrabilidade
da cadeira. Entretanto, a cadeira motorizada é de difícil utilização em espaços confinados,
devido ao seu volume e peso. As cadeiras motorizadas requerem considerações de projeto
diferentes das manuais, devido às mudanças na distribuição de peso e outras funções
operacionais. A maioria destas cadeiras não é dobrável, são pesadas e incômodas para o
transporte.
Uma das dificuldades enfrentadas por deficientes com lesões medulares (paraplégicos
e tetraplégicos) além das evidentes limitações motoras de locomoção ou de integração
social, é a aquisição de um equipamento indispensável ao suprimento de suas necessidades
cotidianas: a cadeira de rodas. O custo de uma cadeira de rodas motorizada é um muito alto.
As cadeiras de rodas motorizadas existentes no mercado realizam múltiplas funções, não se
limitando ao movimento em si. Uma das desvantagens é a relação custo–benefício, já que
existe certo grau de sofisticação, elevando o custo do produto. Portanto a maioria dos
usuários opta pela cadeira de rodas manual convencional.
Outras desvantagens da cadeira de rodas motorizada são o peso, o tamanho (ocupam
muito espaço), não são aceitas esteticamente (pelo seu tamanho e agressividade estética), a
dificuldade de transporte, não é dobrável e a impossibilidade de executar exercícios físicos.
O usuário quer ter agilidade, em locais fechados ou espaços reduzidos, onde não é
necessário a motorização. Ou seja ele deseja ter uma cadeira leve, que se mova rapidamente
e que não ocupe muito espaço. Nestes ambientes, o usuário busca uma cadeira de rodas
manual. Quando o usuário deseja percorrer uma longa distância ou subir/descer uma rampa,
ele necessita de motorização. Portanto não é sempre que o usuário precisa de motorização.
Tarefa 1.2.3 Tendo em vista esses problemas, e no propósito de superá-los seria
interessante o desenvolvimento de um sistema de motorização para cadeiras de rodas
manuais convencionais, consistindo em aliar as características fundamentais dos dois tipos
de cadeiras de rodas: manual e motorizada, permitindo ao usuário usufruir os benefícios da
cadeira motorizada sem perder a liberdade que o modelo manual proporciona e com o custo
muito menor, sendo acoplado e desacoplado com grande facilidade.
138
5.1.3 Etapa 1.3 Definição dos clientes do produto inclusivo
Tarefa 1.3.1- Nesta etapa os clientes foram definidos como hospitais, clínicas de
fisioterapia, clínicas médicas, supermercados e shoppings.
Tarefa 1.3.2 Os usuários do produto são o máximo número de pessoas que possam
utilizar cadeiras de rodas e que eventualmente podem ter deficiências múltiplas e
combinadas. Portanto o produto deve atender não somente pessoas com paraplegia, mas
também hemiplegia, tetraplegia (com certo grau independência), com deficiência auditiva,
cognitiva e motora.
Tarefa 1.3.4 Os especialistas foram definidos como fisioterapeutas, médicos e
projetistas de cadeiras de rodas. Como no Brasil existem poucas empresas que fabricam
cadeiras de rodas, pois a maioria importa, foi muito difícil o acesso à esses projetistas.
Tarefa 1.3.5 A forma de coletar os dados é uma tarefa importante, pois a obtenção de
dados deve ser confiável, uma vez que grande parte das decisões a serem tomadas durante o
projeto depende desses dados. Segundo Akao (1996), o meio mais conveniente de se fazer a
coleta das necessidades é através de diálogo direto com o usuário, cuja conversa objetiva
extrair exigências em relação ao uso do produto, bem como a comparação dos
concorrentes. Neste sentido, optou-se pelo emprego de entrevistas, baseadas num roteiro
pré-definido, no levantamento das necessidades dos clientes e usuários. Também foram
escolhidas técnicas tais como, questionários estruturados, método da observação e método
do passeio acompanhado.
5.1.4 Etapa 1.4: Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas
Tarefa 1.4.1 A escolha de locais onde poderiam ser encontrados os usuários foi feita
baseada na experiência do grupo do Laboratório de Projeto Mecânico. Uma das formas para
se iniciar o contato com usuários de cadeiras de rodas foi a participação em eventos sobre
acessibilidade e inclusão. Como por exemplo, a participação no I Fórum Municipal para
Inclusão das Pessoas com Deficiência de Florianópolis em 2005, onde estavam presentes
usuários de cadeiras de rodas, e pessoas com deficiências variadas. E também celebridades,
139
tais como Mara Gabrili que é a atual presidente da Secretaria Municipal dos Portadores de
Deficiência, da cidade de São Paulo. Outros locais foram as associações, hospitais e locais
públicos, como por exemplo, hospitais e shoppings. A indicação de um usuário para outro
também foi muito válida, pois geralmente eles possuem amigos que também utilizam
cadeiras de rodas.
Tarefa 1.4.2 Para se obter bons resultados, o questionário foi construído
cuidadosamente para se coletar informações com o mínimo de vícios. A seguir serão
apresentadas algumas considerações representativas no desenvolvimento do questionário.
Os entrevistados foram motivados a participar, sendo convencidos da importância da
participação dos mesmos. Outra característica do questionário foi o planejamento, se
iniciou antes das questões serem escritas. Durante o planejamento do questionário foi
importante verificar se a quantidade de perguntas era exaustiva, e preparação das questões
para avaliar aspectos técnicos, informações específicas, informações gerais, avaliação de
concorrentes, etc.
Tarefa 1.4.3 A coleta de dados foi feita através de entrevistas pessoalmente e de
questionário estruturado que foi enviado por e-mail. O contato também foi feito através de
comunidades do orkut (programa de comunicação virtual). O roteiro usado para conduzir as
entrevistas foi baseado no questionário estruturado adotado que se encontra no Apêndice C.
Tarefa 1.4.4 O processo de entrevista ocorreu durante dois meses e teve uma
abrangência considerada pela entrevistadora como satisfatória para o atendimento dos
objetivos determinados para essa pesquisa. No total, foram entrevistadas 25 pessoas,
usuários de cadeiras de rodas, prevalecendo a idade entre 23 e 50 anos. Sendo que 80% dos
entrevistados possuíam cadeiras de rodas manuais, 1 entrevistado possuía cadeira
motorizada e 4 dos entrevistados possuíam ambas. A renda mensal de 80% dos
entrevistados era de até R$ 1000,00 mensais. A duração das entrevistas foi em média de
quarenta minutos, podendo chegar até uma hora. Um fato que chamou atenção, ao contrário
do que se pensava, foi que no questionário enviado por e-mail, nem sempre o entrevistado
dispunha de idéias ou sugestões para a questão, preferindo optar por uma referência já
citada na questão ou não opinar.
140
Tarefa 1.4.5 Foram enviados questionários por email para os usuários que se
dispuseram a responde-lo num primeiro convite feito via orkut em comunidades de usuários
de cadeiras de rodas.
Tarefa 1.4.6 O método do passeio acompanhado foi realizado na cidade de
Florianópolis, SC, (Guimarães et al., 2006) com um usuário de cadeira de rodas manual de
26 anos. O usuário foi atingido por um disparo acidental de arma de fogo, sofrendo a perda
dos movimentos nos membros inferiores. O usuário tinha preparo físico, pois era jogador
de basquete de cadeiras de rodas. O usuário superou os diversos obstáculos encontrados em
seu deslocamento devido suas habilidades especiais, força física e experiência com a
cadeira de rodas. O resultado deste método mostrou que as principais dificuldades deste
usuário são: subir e descer rampas e a transposição de obstáculos.
Tarefa 1.4.7 Foram fotografados usuários de cadeiras de rodas em shoppings,
faculdades, hospitais e nas ruas da cidade de Florianópolis, SC.
Tarefa 1.4.8 Foi observado o usuário utilizando sua cadeira em situações rotineiras.
Tarefa 1.4.9 Foram observadas as interações que os usuários fizeram com suas
cadeiras de rodas.
Através dos métodos aplicados, pôde-se observar a grande importância dada pelos
usuários de cadeiras de rodas à um sistema que permita a conversão temporária de cadeiras
de rodas manuais em motorizadas e que esse sistema possa ser facilmente acoplado e
desacoplado em suas próprias cadeiras pelos próprios usuários. Esse sistema ajudaria
principalmente o processo de subida e descida de rampas, transposição de obstáculos e o
processo exaustivo de percorrer longas distâncias. Porém, apesar desta opinião ser unânime,
foi observado que as necessidades reais foram poucas, tornando-se necessária a
interpretação das necessidades manifestadas e dos comentários feitos nas entrevistas,
principalmente em relação aos problemas encontrados com sua própria cadeira e a
experiência com outras anteriores e a comparação com as cadeiras disponíveis atualmente.
141
5.1.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo
Tarefa 1.5.1 Nesta etapa as necessidades dos usuários foram listadas, classificadas e
agrupadas em categorias, de acordo com o ciclo de vida do produto e com as afinidades. O
agrupamento das necessidades possibilita a verificação de necessidades similares,
eliminando-se as repetições e as necessidades pouco relevantes ao processo.
Tarefa 1.5.2 A definição dos requisitos dos clientes ocorre através da interpretação
das necessidades dos usuários, obtidas na coleta de dados.
Tarefa 1.5.3 Os requisitos do cliente são valorados pelos usuários através de
atribuições de notas a cada necessidade, sendo (5) para requisito muito importante, (3) para
requisito importante e (1) para requisito pouco importante.
O resultado obtido é apresentado na Tabela 5.2, juntamente com os requisitos dos
clientes que serão usados como entrada no QFD.
Tabela 5.2 Necessidades dos usuários coletadas durante as entrevistas e valoração dos requisitos feita pelos usuários
Necessidade expressa pelo usuário Requisito do cliente Valoração
Que a cadeira não ocupe muito espaço Possuir dimensões compactas
5
Que a cadeira seja mais leve Ser leve 3 Que a cadeira não permita que o usuário sofra acidentes
Ser segura 5
Que a cadeira seja dobrável Ser dobrável 1
Que a cadeira seja fácil de frear Possuir freio eficaz 3
Que a cadeira facilite a locomoção Ser leve 3
Que a cadeira manual pudesse ser motorizada quando necessário
Possuir sistema de motorização flexível
5
Que a cadeira suba rampas mais facilmente Subir rampas 5
Que a cadeira funcione sem problemas Facilitar manutenção 1
Que a cadeira tenha preço baixo Ter preço acessível 5
Que a cadeira precise de pouca manutenção e que seja fácil de se fazer a manutenção
Facilitar manutenção 1
Que seja fácil de encontrar no mercado as peças de reposição
Ter componentes simples 3
142
peças de reposição
Que o sistema de motorização tenha compatibilidade com a maioria das cadeiras
Ser compatível 5
Que o sistema de motorização seja fácil de montar
Facilitar montagem 5
Que a cadeira seja fácil de operar Facilitar uso 1
Que a cadeira possa solucionar a dificuldade em percorrer longas distâncias
Fornecer autonomia suficiente
5
Que a cadeira fosse mais discreta Ser discreta 1
Que a cadeira seja resistente Ser robusto 1
Que os freios não falhem Possuir freio eficiente 3
Que tenha custo baixo de manutenção Possuir manutenção barata 1
Que a cadeira seja rápida Ter velocidade 1
Que a cadeira tenha opção de ser manual e de ser motorizada
Ser híbrida 5
Que o sistema de motorização seja retirado para ter a cadeira manual
Ser leve 3
Que a cadeira tenha agilidade Ser ágil 1
Que o sistema não trave Possuir confiabilidade 3
Que o sistema tenha pneu macio Reduzir impacto 3
Que a cadeira tenha maior autonomia para distâncias mais longas
Maior autonomia 5
Que a cadeira possua níveis de velocidade Possuir níveis de velocidade
1
Que o sistema seja eficiente Ser eficiente 5
Que o sistema seja atraente Possuir cor atraente 1
Que a cadeira exija pouco esforço físico do usuário
Exigir pouco esforço 5
Que a cadeira seja dobrável e fácil de transportar
Ser fácil de transportar 5
Que a cadeira possa dobrar Ser dobrável 1
O tempo da duração da bateria é pequeno Ter autonomia suficiente 5
É difícil ultrapassar obstáculos Ultrapassar obstáculos 3
Que o sistema seja fácil de operar Ser fácil de operar 1
143
Que a cadeira não caia para trás Ser segura 5
Que o sistemas tenha poucas quebras Ter poucas quebras 5
Que o sistema tenha indicador de carga de bateria
Ter indicador de carga da bateria
1
Que o sistema não tenha muita manutenção Exigir pouca manutenção 1
Que o sistema seja fácil de transportar Facilitar transporte 5
Tarefa 1.5.4 A classificação do agrupamento das necessidades (requisitos dos
clientes) foi feita obedecendo categorias, baseadas no ciclo de vida do produto (Rozenfeld
et al., 2006), e em aspectos específicos do projeto de produto inclusivo. São elas: (1)
Produto, (2) Uso, envolvendo interação homem-máquina, e (3) Específicos. O resultado
desse agrupamento pode ser visto na Tabela 5.3.
144
Tabela 5.3 Requisitos dos clientes agrupados por categorias e subcategorias. Categoria Sub-categoria Necessidades
Preço Ter preço acessível Aparência Possuir cor atraente
Ser discreta Material Ser robusto
Produto
Manutenção Exigir pouca manutenção Possuir manutenção barata Facilitar manutenção
Operação Possuir sistema de motorização flexível (ter motorização flexível) Facilitar uso Facilitar montagem Facilitar desmontagem
Segurança Ter poucas quebras Oferecer estabilidade Possuir confiabilidade Possuir freio eficiente
Transporte Facilitar transporte Ser dobrável Ser leve Possuir dimensões compactas
Uso
Inclusividade Ter indicador de carga Ser fácil de operar Ser compatível Ter componentes simples Ser adaptável Permitir regulagem
Desempenho Subir rampas Ultrapassar obstáculos Fornecer autonomia suficiente Exigir pouco esforço Ser eficiente Possuir níveis de velocidade Reduzir impacto Ser ágil Possuir sistema de motorização flexível (ter motorização flexível)
Uso Específico Puxar cadeira Empurrar cadeira
145
A aplicação desta etapa da metodologia é relativamente fácil, porém demanda tempo
e atenção. Deve-se ter cuidado para que todas as necessidades sejam listadas. Um problema
que pode ocorrer são as respostas amplas dos usuários, como por exemplo, o sistema deve
ser seguro. Neste caso é necessário realizar uma interpretação mais detalhada de “o que é
ser seguro” para o usuário. Pode-se refazer o questionário, com perguntas mais específicas
a respeito do tema.
O agrupamento realizado em categorias foi difícil e um pouco complicado de se
fazer, pois faltou uma referência de quais categorias poderiam ser usadas. O ciclo de vida
pode ser uma solução, mas ainda as categorias são muito amplas.
5.1.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo Tarefa 1.6.1 Nesta etapa os requisitos dos clientes são traduzidos em requisitos de
projeto mensuráveis, agrupados e hierarquizados. E para isso utilizou-se como ferramenta
de apoio a matriz da Casa da Qualidade do QFD. Veja Figura 5.3.
146
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Requisitos dos Usuários 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18Preço Ter preço acessível 5
Produto Estética Ser discreto 1Possuir cor atraente 1
Material Ser robusto 1Ser durável 3Exigir pouca manutenção 1
Manutenção Possuir manutenção barata 1Facilitar manutenção 1Ter motorização flexível 5
Operação Facilitar uso 1Facilitar montagem 5Facilitar desmontagem 5Ter poucas quebras 5
5Segurança 3
Possuir freio eficiente 3Facilitar transporte 5
Transporte Ser dobrável 1Ser leve 3Possuir dimensões compactas 5
Uso Ter indicador de carga 1Ser fácil de operar 1
Inclusividade Prover compatibilidade 5Possuir componentes simples 3Ser adaptável 5Permitir regulagem 5Subir rampas 5Ultrapassar obstáculos 3Fornecer autonomia suficiente 5
Desempenho Exigir pouco esforço 5Ser eficiente 5Possuír níveis de velocidade 1Reduzir impacto 3Ser ágil 1
Específicos Deslocamento Puxar cadeira 1Empurrar cadeira 1
Valor da matriz principal 175 81 12 38 84 116 95 18 157 61 27 38 6 58 12 6 6 48
Ranking 1 8 24 19 7 3 6 23 2 13 21 19 26 14 24 26 26 16
Oferecer estabilidadePossuir confiabilidade
Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 1)
Relação: Requisito do usuário
xRequisito de projeto Forte = 9 Média = 3 Fraca= 1
147
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uári
o
Requisitos dos Usuários 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33Preço Ter preço acessível 5
Produto Estética Ser discreto 1Possuir cor atraente 1
Material Ser robusto 1Ser durável 3Exigir pouca manutenção 1
Manutenção Possuir manutenção barata 1Facilitar manutenção 1Ter motorização flexível 5
Operação Facilitar uso 1Facilitar montagem 5Facilitar desmontagem 5Ter poucas quebras 5
5Segurança 3
Possuir freio eficiente 3Facilitar transporte 5
Transporte Ser dobrável 1Ser leve 3Possuir dimensões compactas 5
Uso Ter indicador de carga 1Ser fácil de operar 1
Inclusividade Prover compatibilidade 5Possuir componentes simples 3Ser adaptável 5Permitir regulagem 5Subir rampas 5Ultrapassar obstáculos 3Fornecer autonomia suficiente 5
Desempenho Exigir pouco esforço 5Ser eficiente 5Possuír níveis de velocidade 1Reduzir impacto 3Ser ágil 1
Específicos Deslocamento Puxar cadeira 1Empurrar cadeira 1
Valor da matriz principal 18 4 71 79 46 67 101 56 98 77 33 8 45 21 27
Ranking 23 27 11 9 17 12 4 15 5 10 20 25 18 22 21
Oferecer estabilidadePossuir confiabilidade
Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 2)
Tarefa 1.6.2 O agrupamento dos requisitos de projeto estão mostrados nas duas
primeiras colunas da casa da qualidade.
Relação: Requisito do usuário
xRequisito de projeto Forte = 9 Média = 3 Fraca= 1
148
Tarefa 1.6.2 Através da Casa da Qualidade, pode-se observar que a priorização dos
requisitos de projetos está diretamente ligada com a percepção do usuário, como o preço, a
motorização flexível (manual e motorizado) e o desempenho em subida de rampas. Essa
observação mostra que a eficiência e praticidade do produto, juntamente com o preço terão
grande influência na decisão de compra do produto. Por outro lado, fatores não expressos
diretamente pelo usuário, como resistência do material, cor, tiveram sua importância para o
projeto reduzida.
Tarefa 1.6.4 A hierarquização dos requisitos de projeto é o resultado da Casa da
Qualidade, veja ranking.
Esta etapa requer muita atenção da equipe de projeto. A tradução dos requisitos de
clientes em requisitos de projeto é uma difícil tarefa, pois os requisitos de projeto devem ser
mensuráveis.
5.1.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes
Tarefa 1.7.1 Nesta etapa, faz –se a análise dos produtos concorrentes que são
encontrados no mercado atual. De acordo com as necessidades dos clientes obtidas na Casa
da Qualidade, busca-se no mercado atual quais produtos poderiam ser concorrentes.
Tarefa 1.7.2 Analisa-se as características identificadas em relação ao produto que se
pretende desenvolver.
149
Tabela 5.4 Comparação dos modelos de equipamentos encontrados no mercado atual.
Modelos de equipamentos Tipo de motorização
Posição de montagem Velocidade
(km/h)
Quant. Motores
x potência (Watts)
Quant. Baterias
x voltagem
Autonomia do
produto
Peso total (Kg)
Capacidade carga (kg)
Preço US$
JWII
Motorização assistiva e
sistema motorizado
Troca das rodas
traseiras 6 2 x 60
- 2 h 17.2
- 4,289
e-fix (E20)
Sistema motorizado
Troca das rodas traseiras
1.5 to 6.5 2 x 75 2 x 12 V 12 Ah 15 km 27
120 c
7,450
iGlide
Motorização assistiva
Troca das rodas traseiras 6.4 2x 24 2x 24 12 km 25.5 100 7,900
e–motion
�
Motorização assistiva
Troca das rodas
traseiras 6.5 2x 150 2 x 24 V 3.0 Ah 13 km 28
113 c
5,995
AACD device
Sistema motorizado
Contato com rodas
traseiras 2 2 x 30 1x 12V 9 Ah 3 h 50 50 600
Roll Aid
Sistema motorizado
Adição de uma roda
frontal motorizada
8
- 2 x2 4V
5 Ah 30km 30 181 2,000
Swiss Track
Sistema motorizado / puxando a
cadeira
Adição de um
equipamento motorizado instalado na parte frontal da cadeira
10 2 x2 4V 40 Ah 30 km 65 130c 6,000
Power Trike
Sistema motorizado / puxando a
cadeira
Adição de uma roda
frontal motorizada
17 2x 150 - 30 km 18 90 c 3,600
WDU
Sistema motorizado/ empurrando
a cadeira
Adição de uma roda traseira
motorizada
2.1 1x220 2x12V 7.5 Ah 6.4 km 4.5 83 540
TGA
Sistema motorizado empurrando
a cadeira
Adição de uma roda traseira
motorizada
6.4 1x220 2x12V 17Ah 9.6 km 12.7 - 1,110
Hummel
Sistema motorizado
Troca das rodas
traseiras 8.5 2 2x12
18Ah 15 à 30km 62 120 3,950
150
Tarefa 1.7.3 Na Tabela 5.4 foram estabelecidos os parâmetros competitivos a serem
alcançados.
Tarefa 1.7.4 Através de seções de brainstorming procura-se buscar soluções para
superar estes parâmetros. A avaliação dos competidores também pode ser feita através da
casa da qualidade, comparando-se os produtos concorrentes em relação aos requisitos dos
clientes.
5.1.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo
Tarefa 1.8.1 Com base nos resultados obtidos através da Casa da Qualidade e nos
produtos concorrentes, são listadas as especificações de projeto no quadro de especificações
de projeto, com o objetivo de direcionar o desenvolvimento do produto. As especificações
são compostas de valores meta a serem atingidos ou de restrições impostas ao produto.
Alguns valores são omitidos neste quadro pelo fato do produto, resultante da aplicação
desta metodologia, ter sido requerido para uma patente e estar sob processo sigiloso.
Tabela 5.5 Especificações de projeto para o desenvolvimento de um sistema de motorização para cadeiras de rodas, ordenadas segundo a classificação obtida pelo QFD. Requisito Objetivo Meta Saídas indesejadas 1 Custo do produto Minimizar o custo do equipamento ≤R$ 1.000,00 2 Tamanho da trava
Facilitar o encaixe do sistema -
3 Peso do sistema
Minimizar o peso do conjunto (cadeira +sistema motorizado)
≤ 18Kg
4 Distância máxima na regulagem
Adaptar o sistema motorizado ao maior número possível de cadeiras manuais
-
5 Torque
Melhorar a eficiência do sistema em subidas de rampas
≥ 25 N.m
6 Tempo de montagem
Minimizar o tempo de montagem do sistema na cadeira
≤ 1 min.
7 Projeto robusto
Maximizar a confiabilidade do equipamento
- Aumento no custodo equipamento
8 Volume do sistema
Minimizar o volume ocupado pelo sistema
≤ 0.37m -alt. ≤ 0.4 m larg. ≤ 0.4 m comp
9 Ângulo da garra da trava
Maximizar o número de cadeiras de rodas que podem ser adaptadas
-
151
10 Tamanho do diâmetro das rodas
Maximizar a velocidade e o torque aplicado
≥ 0.95 m Aumento no custo do equipamento
11 Distância entre as garras da trava
Maximizar o número de cadeiras de rodas que podem ser adaptadas
12 Tamanho
Minimizar as dimensões totais do sistema
≤ 0.4 largura Aumento no custo do equipamento
13 Distância entre eixos
Maximizar a estabilidade do conjunto (cadeira +sistema)
14 Ângulo entre sistema e cadeira
Maximizar o torque aplicado e a eficiência do sistema
-
15 Distância mínima da regulagem
Maximizar o número de cadeiras de rodas que podem ser adaptadas
16 Tempo de desmontagem
Minimizar o tempo de desmontagem do sistema da cadeira
≤ 1min.
17 Especificar componentes padronizados
Minimizar o custo do produto e facilitar a reposição de peças
-
18 Tempo de duração da bateria
Maximizar o tempo de uso do sistema
≥ 12 h Aumento no custo e tamanho do sist.
19 Nível de rotação no eixo
Maximizar a eficiência do freio do sistema
≤ 100 rpm Aumento no custo do equipamento
20 Coeficiente de atrito da roda Maximizar a eficiência na subida de
rampas e ultrapassagem de obstáculo ≥ 0.6
Nível de confiança
Maximizar a confiabilidade do sistema
≥ 98% Aumento no custo do equipamento
21
Coeficiente de amortecimento
Minimizar o impacto causado ao usuário pelo terreno
-
22 Velocidade
Maximizar a velocidade do sistema ≥ 7 Km/h
Nível de sensibilidade no controle
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema
- Aumento no custo do equipamento
23
Distância entre a mão e o controle
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema
-
24 Nível de contraste de cor
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema
-
25 Dureza do material das rodas
Minimizar a manutenção nas rodas -
Tamanho do controle
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema, podendo ter vários tipos de controle
- 26
Nível sonoro de indicação
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema
≤ 80db
152
Nível de contraste de informação
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema
-
27 Força de aplicação no controle
Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema
- Aumento no custo do equipamento
5.1.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo
Esta etapa compreende na identificação das funções que o produto em
desenvolvimento irá ter.
Tarefa 1.9.1 A função básica deste do sistema de motorização para cadeiras de rodas
é mover a cadeira de rodas manual e ser eficiente em subidas/descidas de rampa e percorrer
longas distâncias.
Tarefa 1.9.2 A obtenção das sub-funções está relacionada com fatores como
desempenho, inclusividade, manutenção, segurança, usabilidade e estética.
Tarefa 1.9.3 Para se obter as funções foi utilizada a ferramenta do diagrama FAST.
As funções mostradas no FAST foram obtidas dos requisitos dos clientes, listados na Casa
da Qualidade. A Figura 5.4 mostra as funções que um sistema para motorizar cadeiras de
rodas deve possuir.
153
Deslocar-secom eficiência
Tornar o produtoatraente
Ser discreto
Possuir coratraemte
Possuir design
Ter preçoacessível
Ser robusto
Ser durável
Possuir materialresistente
Ter manutençãosimplificada
Exigir poucamanutenção
Possuirmanutenção barata
Facilitarmanutenção
Ter acesso fácil aoscomponentes
Possuir componentessimples
Promovermovimento
Fazer curva
Subir rampa
descer rampa
Desacelerar rodamotora
Ser seguro
Oferecerestabilidade
Ter poucas quebras
Possuir freioeficiente
Possuirconfiabilidade
Armazenar energia
Ser inclusivo
Ser ergonômico
Prover conforto
Possuir posiçãoadequada na montagem
Possuir posição adequadana desmontagem
Ter torquesuficiente
ter autonomia debateria
oferecerestabilidade
Ser ágil Oferecer potência
Exigir pouco tempopara o conserto
Possuir maior vidaútil
Poder se locomovermanualmente ou motorizado
Oferecer sistemamotorizado
acelerar 1 rodamotora
controlarmovimento
oferecer opções decontrole
possuir interfacesvariadas
exigir pouco esforço dousuário para o controle
atritar roda
diminuir rotação
Ser fácil de operar
Prover escolha naforma de locomoção
Eliminar complexidadesdesnecessárias
Provercompatibilidade
Ser adaptável
Ser flexível
Minimizar erros
Arranjarcomponentes
Prover mensagensde aviso de risco
Oferecerautonomia
Possuir usabilidade
Facilitar montagem
Facilitardesmontagem
Minimizar tempo
Facilitar uso
prover manualexplicativo
prover contrasteadequado
prover sinalsononoro
prover fácilentendimento
prover figurasilustrativas
prover adaptabilidadeao ritmo do usuário
usar modos redundantespara fornecer informação
usar modo verbal
usar modo pictorial
usar modo táctil
Minimizar esforçofísico pelo usuário
Minimizar açõesrepetitivas
Verificar distância do usuárioao sistema de acoplamento
Minimizar impactocausado pelo terreno
Minimizar esforçofísico do usuário
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
K
N
O
P
Q
R
T
S
U
V
Figura 5.4 Diagrama FAST de um sistema de motorização para cadeiras de rodas.
154
As funções obtidas no diagrama FAST foram classificadas de acordo com os
resultados da Casa da Qualidade, portanto as principais funções para um sistema de
motorização para cadeiras de rodas manuais são: (A) Promover movimento, (B) Subir
rampa, (C) Ser ágil, (D) Ter autonomia de bateria, (E) Oferecer estabilidade, (F) Ter torque
suficiente, (G) Ser seguro, (H) Facilitar uso, (I) Fazer curva, (J) Prover escolha de
locomoção, (K) Prover compatibilidade, (L) Facilitar montagem/desmontagem, (M) Possuir
freio eficiente, (N) Ser robusto, (O) Ter preço acessível, (P) Possuir manutenção barata, (Q)
Possuir posição do usuário adequada na montagem, (R) Prover adaptabilidade ao ritmo do
usuário, (S) Oferecer opções de controle, (T) Minimizar erros, (U) Usar modos redundantes
para fornecer informação e (V) Minimizar esforço físico do usuário.
5.1.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução
Tarefa 1.10.1 Nesta etapa foi efetuado o levantamento e a geração de princípios de
solução que pode vir a atender a cada um dos parâmetros listados. Para isso escolheu-se
métodos de criatividade, tais como o brainstorming, o método 6.5 e a Matriz Morfológica.
Tarefa 1.10.2 Utilizou-se a ferramenta Matriz Morfológica que é mostrada na Tabela
5.6. O processo de preenchimento da matriz morfológica é bastante simples e propicia uma
oportunidade para atualizar conhecimentos através do estudo de catálogos e de outros
materiais técnicos. Outras ferramentas de apoio utilizadas no preenchimento da matriz
morfológica foram as ferramentas de criatividade Brainstorming e o Método 6.3.5 que
contribuíram na geração de idéias.
155
Tabela 5.6 Princípios de soluções levantados para motorização de cadeiras de rodas convencionais.
Parâmetros Princípios de Solução
Motorização
Substituir uma roda
frontal por uma roda
motorizada
Substituir as duas rodas frontais por duas rodas
motorizadas
Motorizar as duas rodas traseiras
Adicionar à cadeira uma quinta roda motorizada
Substituir as duas rodas
traseiras por duas
motorizadas (b) (c)
Acoplar um módulo
motorizado na frente da
cadeira (a)
Acoplar uma mochila
motorizada à cadeira
Motorizar uma roda traseira
Acoplar um módulo motorizado embaixo da
cadeira
Plataforma motorizada carregando a cadeira
Quantidade de motores 1 2
(a) (b) (c) 3 4
Capacidade de carga 50 kg 85 kg
(a) 100 Kg
(c) 120 kg
(b) 150 kg
Transmissão Correia Engrenagem Nenhuma (a) (b) (c) Corrente Diâmetro da
roda Fricção
Acumulador de energia
Volante de inércia
Bateria (a) (b) (c) Mola Capacitor Ar
comprimido Nenhum
Quantidade de baterias 1 2
(a) (b) (c) 3
Voltagem da bateria 1x 12Volt 2x 12Volt 1x 24Volt 2x 24Volt
(a) (b) (c) 1x 36Volt
Peso da bateria - cada
5 kg (b) (c)
10 kg (a)
Recarregador de bateria Alternador Célula foto -
elétrica
Recarregador elétrico
(a) Nenhum
Recarregador automático
(b) (c) Conversor
Recarregador acoplado na traseira
Voltagem de operação 12 Volt 24 Volt
(a) (b) (c)
Velocidade 2 km/h 6 km/h (b) 6.5 km/h 7.2 km/h
(a) 12 km/h
(c) 15 km/h
*Autonomia (por carga)
13 km (c)
16 km (a) (b) 24 km
Tempo de autonomia 2 horas 3 horas 4 horas
(c) 6 horas
(b) 7 horas
(a)
Sistema de direção
Diferencial na roda traseira
Diferencial na roda
dianteira
roda traseira motorizada
(b) (c)
Unidade motorizada
(a)
Sistema de acionamento Joystick Aro Botão
(a) Campo
magnético Comando de
voz
Desligar roda tras.
Motorizada (b) (c)
Sistema de freio
Alavanca (a)
Inverter rotação
Redução do motor
(b)
Manual (aro) (c) Travar motor Magnético Chave de
segurança Freio à disco
Freio à lona
Controle de direção
Joystick (a) (b)
Comando de Voz Manual Tela sensível Bola roll-on Teclado Olho Cartão Roda
traseira(c) Sobrancelh
a Montagem do sistema na cadeira
Engate rápido
Trava (a) Parafuso Trava com
pressão Gancho Grampo Quick release (b) (c)
Solda
Local de fixação da
motorização
Atrás da cadeira
Rodas traseiras
motorizadas (b)
Nos cubos das rodas traseiras
(c)
Embaixo do assento da
cadeira (a)
Preso na estrutura da
cadeira
Na frente da cadeira Nenhum
Tipo de fixação do controle l
Engate rápido
Trava (b) Parafuso Velcro
(a) Pressão Alavanca presa na estrutura
Nenhum (c)
Peso total do equipamento (excluindo a
cadeira)
11 kg 18 kg (a) 24 kg 27 kg(b) 28 kg (c)
156
5.1.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto
Tarefa 1.11.1 Os princípios de soluções foram relacionados com as necessidades dos
usuários.
Tarefa 1.11.2 Foi aplicada uma matriz morfológica e a ferramenta TRIZ .
Tarefa 1.11.3 Após a aplicação das ferramentas de criatividade da etapa anterior, tais
como “Brainstorming” (método intuitivo) e Matriz Morfológica (método discursivo), pode-
se organizar as idéias e desenvolver um conjunto de soluções possíveis para o produto em
desenvolvimento que atendem às necessidades dos clientes.
Tarefa 1.11.4 Portanto, nessa etapa foram geradas as alternativas de soluções
possíveis. A Tabela 5.7 mostra a análise das possíveis configurações.
157
Tabela 5.7 Alternativas de projeto para motorização de cadeiras de rodas manuais. Alternativa -1 Alternativa- 2 Alternativa- 3 Alternativa- 4 Alternativa- 5
Uma mochila com motores acionando a periferia das rodas traseiras
Uma roda motorizada instalada com elevação da parte frontal da cadeira
Um módulo de locomoção que pode empurrar ou puxar a cadeira de rodas
Motorizar as duas rodas traseiras com polias
Trocar as duas rodas traseiras por duas motorizadas internamente pelos cubos das rodas.
Vantagens: o sistema possui dimensões compactas, é de fácil encaixe na cadeira, fácil desencaixe, o usuário utiliza somente em necessidades de motorização.
Desvantagens: o peso da mochila prejudica a estabilidade da cadeira em subidas, logo deve-se fazer um estudo para otimizar esse parâmetro.
Vantagens: a cadeira se torna um triciclo com uma roda motora, dando melhor estabilidade e dirigibilidade. Desvantagens: a instalação dessa roda deve ser feita sem o usuário na cadeira, não possibilitando autonomia.
Vantagens: o módulo não altera a cadeira, o peso ajuda na estabilidade do conjunto. O módulo pode ser posicionado na parte frontal ou embaixo da cadeira, permitindo o uso do conjunto em ambientes internos e externos. Não existe modificação na estrutura da cadeira e o usuário pode escolher entre manual e motorizada sem precisar carregar peso extra Desvantagens: o espaço ocupado pelo módulo.
Vantagens: o sistema é compacto, possui peso leve, permite que a cadeira seja dobrada. Desvantagens: o sistema de transmissão não é desejável, pois a sujeira do meio pode danificar a transmissão, o posicionamento do sistema de motorização pode causar acidentes, com as mãos ou roupas do usuário.
Vantagens: o sistema é compacto, ou seja, não altera a configuração da cadeira. Desvantagens: para montar o sistema na cadeira o usuário tem que se retirar da cadeira, difícil montagem, a cadeira fica com o sistema somente motorizado, carregando o peso da motorização continuamente.
5.1.12 Etapa 1.12 Definir a arquitetura
Tarefa 1.12.1, Tarefa 1.12.4 e Tarefa 1.12.5 Esta etapa visa uma primeira definição
da arquitetura do produto em desenvolvimento, ou seja um sistema de motorização para
cadeiras de rodas manuais. Tem-se uma primeira visão de como será a forma do produto e
como os componentes estão arranjados e sua compatibilidade física. Para isso utiliza-se de
158
ferramentas de CAD ou faz-se uma maquete para se ter uma visualização mais concreta do
produto em desenvolvimento. Algumas configurações que foram feitas são mostradas nas
Figura 5.5, Figura 5.6 e Figura 5.18.
(a) (b) Figura 5.5 Arquitetura do produto, configurações possíveis do arranjo das baterias e motores, (a) baterias na parte traseira do módulo e (b) baterias localizadas na parte central
(a) (b) (c) Figura 5.6 Possíveis configurações do módulo utilizando baterias menores, localizadas entre os motores, na parte central e na parte traseira do módulo,respectivamente.
Tarefa 1.12.3 A geração de módulos, se houver, é feita por meio da ferramenta Matriz
Indicadora de Módulos (MIM). Neste estudo de caso, construiu-se uma MIM com o
objetivo de obter os módulos possíveis para o produto em desenvolvimento. Para o
preenchimento da MIM utilizou-se uma pontuação que avalia o relacionamento entre as
funções (retiradas dos requisitos dos clientes) e as diretrizes de modularização (Erixon, et
al., 1996): 5 pontos para relacionamentos forte, 3 para médio e 1 para fraco. Para definir se
a função deve ser um módulo, definiu-se que esta deveria ter um somatório de pontos acima
de 15, valor este que corresponde a um quarto da nota máxima obtida pelo uso da Matriz
Indicadora de Módulos.
159
Da Matriz Indicadora de Módulos construída, ilustrada na Figura 5.7, definiu-se,
através do somatório das avaliações, as funções: controlar movimento e escolher a estrutura
como módulos separados. Este resultado permite visualizar a inclusividade que o produto
em desenvolvimento irá ter. Por exemplo, o produto pode ter módulos variados de controle,
como controle via voz, controle através de tela sensível, controle através dos olhos, através
das sobrancelhas, etc. Cada módulo pode ser adquirido separadamente, conforme a
necessidade do usuário. Outra função é a escolha da estrutura que prevê variação no estilo,
alterando a forma e cor. E ainda a escolha de níveis de inteligência que podem ser
adquiridos separadamente, como é o caso de um módulo de inteligência de seguir trilhas,
ou de desviar de obstáculos, e etc. O aspecto de modularização é interessante sob o aspecto
comercial, pois o usuário pode escolher o produto mais simples ou caracterizar seu produto
através de um módulo específico.
160
Dir
etri
zes d
e M
odul
ariz
ação
Desenvolvimento deProdutos
Multi-aplicativo (Carry-over)
Evolução Tecnológica
Alteração de Projeto
Especificação Técnica
EstiloVariação
FabricaçãoProcesso e Organização
Unidade Comum
Qualidade
Manutenção e Mantenabilidade
Compra de Produtos Prontos
Testes em separado
Aquisição
Após estar nomercado
Reciclagem
Atualização
Funções
F1- C
ontro
lar o
mov
imen
to
F2- T
rans
porta
r cad
eira
F3 -
Aum
enta
r vel
ocid
ade
F4 -
Trav
ar m
ódul
o na
cad
eira
F5- E
scol
her e
stru
tura
∑
Classificação
Fraca Relação (1 ponto)
Média Relação (3 pontos)
Forte Relação (5 pontos)
202
114
66
75
193
F5- T
er n
ívei
s de
inte
ligên
cia
231
Figura 5.7 Aplicação da Matriz Indicadora de Módulos (MIM).
5.1.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica
Nesta etapa é realizada a viabilidade econômica através das ferramentas matriz de
consumo de recursos, diagrama de Mudge e gráfico Compare. As seguintes tarefas são
realizadas:
Tarefa 1.13.1 Determinar o valor do produto – Para se cumprir esta tarefa é
necessária uma pesquisa de preços dos componentes que o produto irá ter. Tendo sempre
161
como meta, para prover a inclusividade, a busca por componentes facilmente encontrados
no mercado atual e de custo baixo.
Tarefa 1.13.2 Construir a matriz de consumo de recursos, alocando custos a funções
dos produtos - A matriz de consumo de recursos é constituída pelos componentes do
produto em desenvolvimento e pelas funções principais do produto obtidas no diagrama
FAST (A, B, ...V). O objetivo desta matriz é dividir o custo dos componentes através das
funções obtidas no diagrama FAST desde que cada componente pode estar associado à uma
ou mais funções. Portanto, o custo de cada função é estimado de acordo com a divisão da
matriz. O custo de cada função é transformado em porcentagem para ser comparado na
Tarefa 1.13.4. A Tabela 5.8 mostra a matriz de consumo de recursos para a alternativa
módulo de locomoção.
Tabela 5.8 Matriz de consumo de recursos para o módulo de locomoção para cadeiras de rodas manuais.
Funções M N O P Q R S T U VComponentesMotores (2) 7 20 20 1 8 2 2 10 70,00Baterias (2) 10 20 14 20 5 13 3 5 90,00Recarregador 8 7 15,00Rodas de apoio 2 4 2 1 1 10,00Rodas motoras (2) 4 3 2 4 4 1 2 20,00Estrutura 2 1 1 5 10 6 5 5 1 3 2 40,00Sistema de acoplamento 1 0,5 0,3 0,2 2,5 4,0 0,3 0,2 1 10,00Joystick 1 2 4 0,2 0,3 1 4 2,2 3 2 0,3 20,00Módulo de controle 10 1 1 1 2 4 0,5 1 20,00Total 22 43 4 23 8 24 12 14 1 20 37 17 2,3 5 16 4 2 7 6 3 6 19 295,00Percentage (%) 7,5 14,6 1,2 7,8 2,7 8,1 3,9 4,8 0,4 6,8 12,5 5,8 0,8 1,7 5,5 1,4 0,7 2,4 2,1 1,0 1,9 6,5 100%Rank 5 1 18 4 12 3 11 10 22 6 2 8 20 16 9 17 21 13 14 19 15 7Nota: Tabela de preços dos componenentes Fonte: Bosh, Invacare, Edmond wheelchair (2005)
A B C D E F G H I J K L Custo R$
Tarefa 1.13.3 Valorar as funções de acordo com os consumidores – Para se cumprir
esta tarefa, foi utilizada a ferramenta diagrama de Mudge. O diagrama de Mudge faz uma
avaliação numérica do nível de importância das funções do produto, de acordo com o
cliente (usuário). Esta técnica consiste na comparação de pares de funções entre todas as
possíveis combinações dessas funções. Assim, determina-se quais dessas funções são mais
importantes, fazendo-se um rank das mesmas. O nível de importância é definido por pesos
1, 2 ou 3 correspondentes à pouco importante, importante e muito importante
respectivamente, e esses pesos são dados pelos clientes (usuários). A soma dos pesos de
cada função indica a importância relativa de cada uma delas, segundo a percepção do
162
cliente. A Figura 5.8 mostra o diagrama de Mudge para o módulo de locomoção para
cadeiras de rodas
Total % RankA A2 A2 A2 A3 A2 A1 A2 A3 J3 K3 L3 M1 N1 O2 A1 A1 A1 A1 A1 A2 V1 24 5,6 8
B B3 B2 B1 B2 B1 B3 B3 J2 K3 L2 B2 B3 O1 B2 B3 B1 B1 B1 B2 V1 30 7,1 4C D2 E2 F2 G2 C1 C3 J3 K2 L3 M3 C2 O2 P1 Q1 C2 T1 U1 C1 V2 8 1,9 18
D D2 D1 G2 D3 D2 J2 K1 L1 D2 D2 O1 D2 D3 D1 D1 D1 D1 V1 23 5,4 9E E2 E1 E1 E2 J3 K2 L2 E1 E1 E1 E1 E1 E2 E1 E1 U1 E1 18 4,2 13
F F1 H3 F2 J1 K2 L3 F1 F2 O2 P1 Q1 R1 F1 F2 F2 V2 13 3,1 14G G3 G2 G1 G2 L1 G1 G2 G1 G1 G1 G1 G1 G2 G2 G2 25 5,9 7
H H3 J2 K2 L2 M1 N1 O3 P1 H2 R1 H2 H1 H1 V3 12 2,8 15(A) Promover movimento I J3 K3 L3 M3 P3 N2 P3 Q3 R3 S3 T2 U2 V3 0 0,0 20(B) Subir rampa J J2 J3 J3 J2 J3 J1 J2 S1 J1 J1 J1 V1 39 9,2 2(C) Ser ágil K K3 K2 K3 K1 K2 K3 K2 K2 K3 K3 V3 42 9,9 1(D) Ter autonomia de bateria L L3 L3 L1 L2 L1 L1 L1 L1 L1 L1 35 8,2 3(E) Oferecer estabilidade M M3 O3 M2 M2 M1 S2 M1 M1 M3 21 4,9 10(F) Ter torque suficiente N O3 P3 N1 N2 S3 T2 U1 V1 8 1,9 18(G) Ser seguro O O3 O1 O1 O1 O1 O2 V2 26 6,1 6(H) Facilitar uso P Q3 R3 S2 T3 P3 V2 11 2,6 16(I) Fazer curva Q R3 S3 T3 Q2 V2 10 2,4 17(J) Prover escolha de locomoção R R2 R2 R3 R1 19 4,5 12(K) Prover compatibilidade (L) Facilitar montagem/desmontagem S S3 S2 S2 20 4,7 11
(M) Possuir freio eficiente T T1 T1 10 2,4 17(N) Ser robusto U V3 4 0,9 19(O) Ter preço acessível V 27 6,4 5(P) Possuir manutenção barata 425 100,0(Q) Possuir posição do usuário adequada na montagem(R) Prover adaptabilidade ao ritmo do usuário(S) Oferecer opções de controle(T) Minimizar erros(U) Usar modos redundantes para fornecer informação(V) Minimizar esforço físico do usuário
Figura 5.8 Diagrama de Mudge para o módulo de locomoção.
Tarefa 1.13.4 Comparar custo relativo com a valoração das funções-
O gráfico Compare compara o custo relativo (proveniente da matriz de consumo de
recursos) e a importância relativa (proveniente do Diagrama de Mudge),como é mostrado
na Figura 5.9. A curva “importância relativa – cliente” do gráfico Compare, foi construída
de acordo com os dados coletados dos usuários de cadeiras de rodas , obtidos do diagrama
de Mudge . Essa curva mostra a avaliação do que o cliente espera encontrar no seu produto
em relação à cada função do produto. A outra curva, “custo relativo – produto” representa o
custo relativo do produto em desenvolvimento. Quanto mais as curvas forem aproximadas,
163
maior tenderá a ser o valor do produto e, conseqüentemente, maior será o valor percebido
pelo consumidor.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
K J L B V O G A D M S R E F H P T Q N C U I
importância relativa - clientecusto relativo - produto
Figura 5.9 Gráfico Compare.
Tarefa 1.13.5 Analisar possibilidades de melhorias
Comparando-se as duas curvas do gráfico Compare (Figura 5.9), nota-se que o custo
relativo do produto diferencia-se na maioria das funções, tornando-se similar em algumas
funções, como por exemplo, em (V) Minimizar esforço físico e (O) Preço acessível. As
funções da curva do custo relativo que estiverem acima da curva de importância relativa
devem ser revistas e analisadas para que o custo seja minimizado, pois conforme o gráfico
Compare mostra, o cliente não percebe valor nessa função e consequentemente não pagará
por ela. As funções que possuem custo relativo abaixo da curva da importância relativa,
como por exemplo, (J) Prover escolha de locomoção e (G) Ser seguro, podem ter seu custo
maximizado, pois o cliente quer perceber essas funções no produto e ele pagará por essas
funções.
A condição ideal deveria ser que a curva de custo relativo e a curva de importância
relativa fossem similares e coincidentes, o que não acontece neste caso mostrado na Figura
5.9. Para melhorar o conceito do produto é necessária então uma análise e uma modificação
164
do custo relativo do produto e assim fazer novamente o gráfico Compare tornando as duas
curvas o mais próxima possível e consequentemente obtendo-se melhores resultados.
Durante a fase do Estudo da Viabilidade estudou-se as possibilidades de se motorizar
cadeiras de rodas manuais. Uma importante observação é o fato de existirem no mercado
internacional alguns equipamentos com essa característica, porém não atendem às
necessidades dos usuários de cadeiras de rodas. Os sistemas de motorização encontrados
atualmente são relativamente complexos e possuem alto custo. Geralmente são difíceis de
acoplar, e necessitam de modificações na estrutura da cadeira. Algumas unidades motoras
não são fáceis de operar e controlar. No entanto o que se objetiva neste trabalho é a
viabilização de um sistema de motorização que possa ser utilizado pelo maior número de
pessoas possível, podendo ser não só utilizado para movimentar cadeiras de rodas,mas
também pode motorizar macas hospitalares, bicicletas ou triciclos ou qualquer veículo que
possa ser motorizado por este sistema.
A pesquisa de mercado feita sobre o produto cadeiras de rodas e os sistemas de
motorização encontrados no mercado atual foi importante, pois notou-se que as
necessidades dos clientes, em sua maioria, não estão sendo satisfeitas. A impressão obtida
durante a realização das entrevistas era de que os entrevistados estavam insatisfeitos com os
produtos atuais, inclusive suas próprias cadeiras e ficavam entusiasmados em relação à um
sistema de motorização à um custo baixo. Avaliando-se as necessidades obtidas em relação
aos requisitos de projeto traduzidos na Cada da Qualidade, pode-se afirmar que o resultado
foi satisfatório. O estabelecimento de metas para os requisitos de projeto e
consequentemente a elaboração das especificações de projeto foram definidos e assim
definiu-se uma base na qual será desenvolvido o produto.
Ao se concluir a fase do Estudo da Viabilidade do projeto inclusivo, têm-se definidas
as alternativas de projeto para um sistema de motorização para cadeiras de rodas manuais.
A geração das alternativas de projeto foi realizada através da matriz Casa da Qualidade do
QFD (Akao,1988), a qual classificou e priorizou os requisitos de projeto, de forma a
garantir que o projeto venha a atender, da melhor maneira possível, às necessidades e
expectativas dos usuários. A definição das alternativas foi, em grande parte, proporcionada
pelo processo de definição de funções (FAST) (Fang e Rogerson, 1999), por catálogos e
165
pela matriz morfológica (Zwick, 1948). Essas ferramentas facilitaram a obtenção das
melhores alternativas de projeto. Módulos também foram definidos através da Matriz
Indicadora de Módulos (Erixon, et al., 1996), promovendo a inclusividade no produto. No
entanto a aplicação poderia ter resultados diferentes no caso de reprojeto, onde tem-se
maiores informações sobre o ciclo de vida do produto.
5.2 Fase do Projeto Preliminar
O objetivo da fase do projeto preliminar é estabelecer qual das alternativas de projeto
propostas é a melhor solução para o problema de projeto. A aplicação desta fase é feita
através do estudo de caso proposto, continuação da fase Estudo da Viabilidade.
5.2.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução
Tarefa 2.1.1 Tendo-se definidas as alternativas de projeto, inicia-se a seleção
daquelas que melhor se adequam às necessidades dos usuários. Para isso, optou-se pela
aplicação da ferramenta de seleção matriz de Pugh (Pugh, 1991). A aplicação da ferramenta
matriz de Pugh tornou o processo de seleção simplificado e se mostrou eficiente na
comparação das alternativas de projeto. Para tanto, tomou-se uma alternativa, a favorita da
equipe, como referência, e todas as outras alternativas foram comparadas com a referência,
em relação aos requisitos dos clientes.
Tarefa 2.1.2 Para cada comparação com relação às necessidades, a alternativa de
projeto foi julgada como melhor que ou pior que a referência. Se uma necessidade de uma
alternativa for julgada melhor que, recebe um score “+”, se for igual recebe um “0” (zero) e
se a alternativa de projeto for pior que a referência no atendimento da necessidade, então
recebe um “-“. Após a comparação, quatros scores são obtidos: a quantidade de “+”, a
quantidade de “-“, o “total global” e o “peso total”. O total global é a diferença entre a soma
dos scores “+” e “-“. O peso total é a soma de cada score multiplicado pelo peso de
importância de cada necessidade, fornecido na matriz da Casa da Qualidade na etapa 1.6 da
fase do Estudo da Viabilidade.
A Figura 5.10 ilustra a matriz de Pugh elaborada para o sistema de motorização de
cadeiras de rodas manuais. Sendo que as alternativas correspondentes aos números são: 1-
Uma mochila com motores acionando a periferia das rodas traseiras; 2- Uma roda
166
motorizada instalada com elevação da parte frontal da cadeira; 3- Um módulo de
locomoção que pode empurrar ou puxar a cadeira de rodas; 4- Motorizar as duas
rodas traseiras com polias e 5- Trocar as duas rodas traseiras por duas motorizadas
internamente pelos cubos das rodas. O resultado obtido define a classificação
apresentada na Tarefa 2.1.3 Através do método de seleção aplicado é possível classificar as
alternativas e analisar qual solução pode abranger um mercado maior de pessoas, veja
Tabela 5.9.
Tabela 5.9 Alternativas
Necessidades Peso 1 2 3 4 5Preço Ter preço acessível 5 + + + +
Produto Estética Ser discreto 1 - - - -Possuir cor atraente 1 0 0 0 0
Material Ser robusto 1 + 0 + 0Ser durável 3 0 0 + 0Exigir pouca manutenção 1 0 0 + -
Manutenção Possuir manutenção barata 1 + 0 + +Facilitar manutenção 1 0 + + 0Ter motorização flexível 5 - 0 + - R
Operação Facilitar uso 1 + - + 0 EFacilitar montagem 5 0 + + - FFacilitar desmontagem 5 0 - + - ETer poucas quebras 5 + - + 0 R
5 - 0 + 0 ÊSegurança 3 + 0 + - N
Possuir freio eficiente 3 - 0 + - CFacilitar transporte 5 + - 0 0 I
Transporte Ser dobrável 1 - - - 0 ASer leve 3 0 0 0 0Possuir dimensões compactas 5 - - - -
Uso Ter indicador de carga 1 0 0 0 0Ser fácil de operar 1 0 - 0 0
Inclusividade Prover compatibilidade 5 0 - + -Possuir componentes simples 3 + + + +Ser adaptável 5 0 - + -Permitir regulagem 5 0 0 0 0Subir rampas 5 0 - + 0Ultrapassar obstáculos 3 - - 0 0Fornecer autonomia suficiente 5 0 0 0 0
Desempenho Exigir pouco esforço 5 + 0 + +Ser eficiente 5 0 0 0 0Possuír níveis de velocidade 1 - - - -Reduzir impacto 3 0 0 0 0Ser ágil 1 0 0 0 0
Específicos Deslocamento Puxar cadeira 1 0 + + 0Empurrar cadeira 1 0 0 0 0
Total + 9 5 20 4 0Total - 8 -13 -4 -11 0Total global 1 -8 16 -7 0TOTAL (com pesos) 5 -28 60 -25 0
Oferecer estabilidadePossuir confiabilidade
Figura 5.10 Matriz de Pugh para seleção de alternativa de projeto.
167
Tarefa 2.1.3 Através do método de seleção aplicado é possível classificar as
alternativas e analisar qual solução pode abranger um mercado maior de pessoas, veja
Tabela 5.9.
Tabela 5.9 Resultado da seleção das alternativas de projeto obtido através da matriz de Pugh.
Classificação das alternativas Processos
1º Colocada 2º Colocada
Sistema para motorizar cadeira de rodas 3 60 pontos 1 5 pontos
5.2.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s
Tarefa 2.2.1 Nesta etapa escolheu-se as possíveis DFX’s que poderiam contribuir no
desenvolvimento deste produto. São elas: Projeto para qualidade DFQ: design for quality;
Projeto para custo DFC: design for cost; Projeto para o mínimo custo: design to minimum
cost; Projeto para confiabilidade DFR: design for reliability; Projeto para mantenabilidade
DFMt: design for maintainability; Projeto para fatores humanos: design for manability;
Projeto para mínimo risco: design for minimum risk; Projeto para competição: design for
competition; Projeto para modularidade: design for modularity; Projeto para estética:
design for aesthetics; Projeto para segurança: design for safety e Projeto para manufatura e
montagem DFMA.
Tarefa 2.2.2 A aplicação das DFX’s não serão mostradas neste trabalho.
5.2.3 Etapa 2.3: Formular o modelo
Tarefa 2.3.1 Nesta etapa, a alternativa de projeto foi modelada matematicamente.
Como o laboratório de Projeto Mecânico já possui experiência no tema cadeiras de rodas, já
existiam estudos sobre estabilidade estática e dinâmica em cadeiras de rodas.
Tarefa 2.3.2 Becker (1997) estudou as configurações mais viáveis para a construção
de um veículo para pessoas com deficiência física. Seu estudo iniciou-se com uma
introdução às principais formas de acionamento utilizadas em robôs móveis encontradas na
literatura e o estudo dos movimentos das rodas. Através das equações dinâmicas foi feita a
análise de estabilidade dinâmica e de dirigibilidade para 3 configurações básicas de robôs
168
móveis (4 rodas, 3 rodas - 2 frontais e 3 rodas - 1 frontal), para diferentes formas de
acionamento e esterçamento. E também discutiu sobre as opções de controle (convencional,
nebuloso, neural e neural-nebulosos) e desenvolveu um controlador nebuloso para
navegação e desvio de obstáculos.
Alvarenga (2002) estudou o problema de acessibilidade de usuários de cadeiras de
rodas. Foram pesquisados tipos de cadeiras de rodas nacionais e internacionais, suas
características de desempenho, forma, tamanho e preço e quais eram as possibilidades de se
motorizar cadeiras de rodas manuais. Também foi feito um estudo sobre a estabilidade
estática, dinâmica e dirigibilidade de cadeiras de rodas. Os resultados deste estudo
mostraram que é possível motorizar cadeiras de rodas convencional com custo baixo em
relação às cadeiras motorizadas. E, para solucionar o problema de acessibilidade e inclusão
de mais pessoas na participação da vida social, foi proposta esta tese que busca utilizar a
filosofia e princípios do “Universal Design” juntamente com as técnicas, métodos e
ferramentas de metodologias de projeto.
Outros trabalhos realizados no Laboratório de Projeto Mecânico relacionados com o
tema cadeiras de rodas que podem ser citados são Becker (2000), Lombardi (2002), e
Lombardi (2005), Alvarenga, Silva e Dedini (2005). Os resultados dos trabalhos citados
acima foram satisfatórios e não há a necessidade de repetí-los nesta tese. Portanto a
modelagem matemática pode se encontrada nos trabalhos citados.
5.2.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis
Tarefa 2.4.1 a 2.4.4 A análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis pode
ser encontrada em Alvarenga, Silva e Dedini (2005). As equações, modelo matemático,
envolvendo os parâmetros e as variáveis de entrada e de saída estão neste trabalho e não é
conveniente colocá-las nesta tese. O objetivo desta etapa é saber o quão sensível é o
desempenho do sistema em relação ao ajuste dos parâmetros.
5.2.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico
A ergonomia é um fator importante no desenvolvimento de um produto. Assim foram
analisados dados antropométricos de usuários de cadeiras de rodas. O estudo das medidas
169
antropométricas de usuários de cadeiras de rodas é fundamental para eliminar posturas
prejudiciais e minimizar o stress do usuário (Das & Kozey, 1999).
Jarosz (1996) em seus estudos sobre a determinação do espaço de trabalho para
usuários de cadeiras de rodas realizou medidas antropométricas de 170 deficientes (101
homens e 69 mulheres) que usavam cadeiras de rodas e possuíam mobilidade eficiente nos
membros superiores. Essas pessoas possuíam idade de 18 a 39 anos, fase de ótima
capacidade profissional. Jarosz (1996) concluiu em seu trabalho que as medidas
antropométricas de usuários de cadeiras de rodas são diferentes da população que não
utiliza a cadeira e que estes usuários requerem espaços diferentes e também fez
comparações sobre o máximo alcance transversal e sagital. A Figura 5.11 mostram a
diferença do máximo alcance no plano sagital (a) e no plano transversal (b) para pessoas
com e sem deficiência.
(a) (b) Figura 5.11 Máximo alcance do usuário no plano sagital (a) e máximo alcance no plano transversal(b) (Jarosz ,1996).
O projeto seguiu as variações das medidas antropométricas do estudo de Jarosz
(1996) minimizando o esforço do usuário durante o acoplamento e o desacoplamento do
módulo de locomoção na cadeira de rodas e prevendo o alcance máximo que o usuário
deverá ter para o utilizar o produto confortavelmente. A flexibilidade no uso foi pensada
em termos de que o usuário pode utilizar o módulo em ambientes internos (utiliza o módulo
em baixo da cadeira) e em ambientes externos (o módulo puxa a cadeira). Outras aplicações
para o módulo de locomoção, que já foram citados, é utilizar o módulo como robô móvel,
ou como meio de transporte na indústria, etc. Para facilitar a precisão do usuário e adaptar o
módulo à habilidades de diferentes usuários, o módulo conta com níveis de inteligência e
170
vários tipos de controle, por exemplo, joystick, bola roll-on, tela sensível, etc. As
características do módulo podem ser obtidas através de entrevistas com usuários de cadeiras
de rodas.
5.2.6 Etapa 2.6: Prover segurança
Nesta etapa seguiu-se as seguintes tarefas propostas na metodologia:
Tarefa 2.6.1 Identificação de possíveis acidentes, tais como, travamento do módulo,
desencaixe do módulo da cadeira, acabar a bateria, tombamento da cadeira em subidas e
descidas de rampas e tombamento da cadeira em curvas. Os componentes foram arranjados
para minimizar erros e riscos e foram inseridos dispositivos de segurança em caso de falha
humana e mensagens de aviso de erro ou risco.
5.2.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros
Como a otimização dos parâmetros é uma etapa complexa e que é comum à todos os
projetos de engenharia, e está já foi realizada em trabalhos anteriores, não se achou
necessária a repetição destes estudos nesta tese.
5.2.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema
Tarefa 2.8.1 O comportamento do sistema também pode ser encontrado nos trabalhos
citados neste capítulo (Becker, 1997; Becker, 2000; Alvarenga, 2002, Lombardi, 2002), e
mais especificamente em Alvarenga, Silva e Dedini (2005). Os resultados mostraram-se
satisfatórios.
Tarefa 2.8.2 A modelagem de controle de velocidade e aceleração seguiu as seguintes
configurações: Figura 5.12 módulo de locomoção localizado na frente da cadeira de rodas
(puxando a cadeira) e Figura 5.15 módulo de locomoção localizado embaixo da cadeira de
rodas (empurrando a cadeira).
171
Figura 5.12 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da
cadeira. Simulando o modelo, tem-se o comportamento que é ilustrado na Figura 5.13.
Figura 5.13 Simulação da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal
da cadeira.
Da simulação, foram obtidos os gráficos de posição, velocidade, aceleração e força
para o módulo quando localizado na parte frontal da cadeira. Os gráficos são ilustrados na
Figura 5.14.
Módulo
Cadeira de rodas
172
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.14 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de rodas com o módulo a frente.
Durante a simulação pode-se observar que o módulo deslizou, e também concluiu-se
que a velocidade, aceleração e a posição estão interligadas.
A outra opção é a utilização do módulo localizado embaixo da cadeira de rodas
(empurrando a cadeira), veja Figura 5.15.
Figura 5.15 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado embaixo da cadeira.
Simulando no software Working Model® 2D, obteve-se o comportamento da
simulação ilustrado na Figura 5.16.
Módulo
Cadeira de rodas
Usuário
173
Figura 5.16 Simulação da cadeira de rodas com o módulo localizado embaixo da
cadeira.
Da simulação, foram obtidos os gráficos de posição, velocidade, aceleração e força
para o módulo quando localizado embaixo da cadeira. Os gráficos são ilustrados na Figura
5.14.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.17 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de rodas com módulo localizado embaixo da cadeira.
Nesta simulação também percebeu-se que o módulo e a cadeira de rodas escorregam
e que a aceleração, a posição e a força estão relacionadas entre si.
174
Tarefa 2.8.3 Através da construção da configuração do módulo em softwares de
CAD, neste caso utilizou-se o software Solid Works, verificou-se os problemas de
montagem e problemas de acessibilidade (Tarefa 2.84 e 2.85).
Figura 5.18 Configuração definindo a forma da estrutura do módulo com o arranjo dos motores e baterias.
5.2.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário
Tarefa 2.9.1 Nesta etapa foi construído o protótipo funcional do módulo de
locomoção. A primeira versão do protótipo Figura 5.19 foi testada com engenheiros e
usuários de cadeiras de rodas.
Tarefa 2.92. a 2.9.4 Observou-se o comportamento dos usuários em relação ao uso do
protótipo e foram feitas entrevistas com os usuários com o objetivo de detectar possíveis
problemas no protótipo. Outra observação obtida dos usuários foi que a interface do
módulo era satisfatória, porém durante as entrevistas os usuários expressaram a necessidade
de se ter interfaces múltiplas, para que o usuário possa ter liberdade de escolha. Essa
observação é muito interessante, pois o cumprimento dessa necessidade leva o produto a ter
características de modularidade.
Tarefa 2.9.5 Uma tarefa importante nesta etapa é a verificação da funcionalidade do
produto, que foi considerada como satisfatória. Após os testes com usuários fez – se a
análise dos resultados e concluiu-se de que haveria a necessidade de uma segunda versão
do protótipo funcional. A segunda versão do protótipo foi construída e é ilustrada na Figura
5.20 Os procedimentos acima foram repetidos e os resultados obtidos foram considerados
satisfatórios.
175
Figura 5.19 Foto da primeira versão do protótipo do módulo de locomoção para
cadeiras de rodas.
Figura 5.20 Foto da segunda versão do protótipo do módulo de locomoção para
cadeiras de rodas.
5.2.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário
A interação do usuário com relação ao módulo foi feita através de testes feitos com
usuários de cadeiras de rodas com diferentes tipos de deficiência. Observou-se que o
módulo deveria possuir um indicador de bateria visual e sonoro e que no momento do
acoplamento da cadeira emita um sinal sonoro e visual informando que o sistema está
acoplado e pode ser utilizado.
176
5.2.11 Etapa 2.11: Avaliar a inclusividade do produto
Esta etapa pode ser vista como um check-list de verificação se o produto tem
características de inclusividade.
Tarefa 2.11.1 Prover a utilização por pessoas com diversas habilidades. O módulo de
locomoção atende à essa necessidade, pois ele atende não somente pessoas que tem total
mobilidade nos membros superiores, mas também inclui usuários com mobilidade reduzida
nos membros superiores.
Tarefa 2.11.2 Prover a escolha de forma de utilização do produto. O módulo atende à
esse requisito de inclusividade, pois ele pode ser utilizado para empurrar a cadeira
(ambientes internos) e puxar a cadeira (ambientes externos). Além disso ele promove a
utilização da cadeira em duas modalidades motorizada e manual. E mais do que isso, ele
pode ter outros usos, tais como empurrar carrinhos de supermercado, empurrar macas, ser
robô móvel, etc.
Tarefa 2.11.4 Prover fácil entendimento do uso do produto. O módulo atende à essa
necessidade, visto a conclusão obtida através do uso dos próprios usuários quando testaram
o protótipo funcional.
As tarefas que não foram citadas, significam que não se aplicam a este estudo de
caso.
5.2.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto
A aceitabilidade do protótipo funcional em relação ao produto foi realizada através de
testes na utilização do protótipo e entrevistas. Considerando os dados obtidos dos usuários,
o módulo de locomoção pode ser considerado como satisfatório em relação à aceitabilidade
do produto.
5.3 Sumário
Neste capítulo foi apresentada a aplicação da metodologia, desenvolvida nesta tese,
através de um estudo de caso de um projeto de uma cadeira de rodas. A metodologia foi
177
aplicada nas duas primeiras fases do desenvolvimento do produto. Cada etapa foi detalhada
e aplicada, mostrando o uso da metodologia desenvolvida e suas ferramentas. O capítulo
seguinte apresenta as conclusões finais deste trabalho.
178
179
Capítulo 6
Conclusões e Perspectivas Futuras
Neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais desta tese, em função dos
objetivos traçados, e o estabelecimento de sugestões para trabalhos futuros sob o tema
desenvolvido, visando à aplicação e evolução da metodologia proposta e de suas
ferramentas. O objetivo principal desta tese foi aplicar uma metodologia de projeto para
tornar produtos inclusivos. Como forma de avaliação, a metodologia foi aplicada à um
produto, a cadeira de rodas, e dessa aplicação resultou-se num produto inclusivo, o
protótipo de um módulo de locomoção, que foi testado e o mesmo demonstrou desempenho
satisfatório e uma ampla gama de funções alternativas.
Um dos resultados esperados desta metodologia proposta foi que o produto resultante
do processo de projeto deveria abranger o maior número de pessoas possíveis. Tal meta fez
com que se procurasse, durante todo o processo de desenvolvimento, alternativas para
tornar o produto mais inclusivo e também para tornar menor possível o custo total do
produto, o que finalmente resultou em um módulo de locomoção básico utilizável não
somente para movimentar cadeiras de rodas, mas como base para brinquedos, AGV’s
(Automated Guided Vehicle), robôs de vigilância e outro veículos autônomos afins.
A maioria dos profissionais que desenvolvem produtos desconhece que se seus
produtos forem concebidos com considerações de inclusividade, estes produtos serão
utilizados por um grande número de pessoas que caracterizam um mercado de excelente
potencial. Alguns textos propõem que o produto adaptado e especializado é o mais
180
adequado para as necessidades das pessoas com deficiências. Essa adaptação, porém além
de gerar altos custos, torna o usuário dependente e limitado reduzindo a oportunidade de
desenvolver suas capacidades de interação com os produtos. Por isso é necessária uma
mudança de paradigma no processo de desenvolvimento de produto gerando numa
reorganização do processo de projeto.
A execução da metodologia, etapa a etapa, tarefa a tarefa, pode tornar o processo de
desenvolvimento do produto mais trabalhoso e muito detalhado. Por outro lado, é
importante ressaltar que, justamente nas fases iniciais de projeto devem ser empreendidos
maiores esforços no desenvolvimento do produto, de modo a evitar possíveis problemas em
etapas posteriores do desenvolvimento do produto. Mesmo com a execução do processo de
projeto passando por essas etapas não existe a garantia de sucesso, apenas uma maior
probabilidade de acerto. É perceptível, portanto que um projeto executado de forma
descontinuada estará sujeito à uma maior probabilidade de ocorrência de falhas e omissões,
sendo mais restrita a sua possibilidade de sucesso.
Na metodologia proposta, são apresentados uma série de etapas, tarefas e ferramentas
que auxiliam a definição das especificações de projeto do produto inclusivo, assim como, a
obtenção de uma solução de projeto para o produto, considerando aspectos técnicos e
econômicos.
Com a proposição desta metodologia procurou-se organizar os conhecimentos
existentes na forma de um processo mais estruturado e que englobasse as perspectivas
adotadas na filosofia de projeto Universal Design. No entanto a metodologia proposta não
pode ser considerada uma mera combinação destes conhecimento, tendo sido necessário,
além dos esforços para interpretação das contribuições de cada trabalho estudado e a
avaliação de possíveis colaboração destes ao processo de projeto de produtos inclusivos,
também foi necessária a busca de ferramentas de forma a concatenar tais conhecimentos.
Todos estes esforços para a elaboração desta proposta de metodologia foram feitos no
sentido de propiciar ao projeto de produtos inclusivos, um processo de projeto que além de
corresponder aos aspectos principais do Universal Design, utiliza-se as principais etapas do
processo de desenvolvimento das metodologias existentes.
181
A metodologia empregada para projetar um produto varia de empresa para empresa e
também de produto para produto, mas pode-se construir um roteiro global aplicável na
grande maioria dos casos. É provável que cada empresa já utilize sua própria metodologia,
adequada à sua linha de produtos. Baseado numa premissa básica, a empresa que for
utilizar o modelo proposto poderá adequar essa metodologia à seus produtos, podendo
sugerir novas etapas ou passar por algumas tarefas, ou seja a metodologia proposta é
flexível em sua aplicação.
A metodologia proposta foi divulgada para várias indústrias regionais, tanto do ramo
de reabilitação e cadeiras de rodas, tanto no ramo de produtos industriais, como por
exemplo, celulares, veículos, etc. Para que esta metodologia seja validada seria necessária a
aplicação da mesma em várias indústrias. Uma primeira proposta de aplicação futura será
em uma indústria de brinquedos para crianças com deficiência e cadeiras de rodas. Esta
indústria mostrou muito interesse em aplicar a metodologia e mostrar em trabalhos futuros
o resultado da mesma. Outra utilização direta desta tese é no ensino de engenharia, onde a
metodologia proposta poderá ser aplicada em disciplinas de projeto e assim testada e
validada pelos alunos.
6.1 Finalização do Trabalho
Tendo finalizado o trabalho, pode-se afirmar que a pesquisa foi bem sucedida,
viabilizando uma metodologia inclusiva aplicada a um produto que tem características
inclusivas, tais como ser adaptável a diferentes necessidades e ser simples. Conforme
observado nos testes, ao submeter o produto desenvolvido às condições reais de uso, este
apresentou bons resultados. Tal confirmação fica mais interessante levando-se em
consideração o fato de ainda ser possível, através de modificações tecnologicamente
simples, a melhoria de desempenho e a escolha do nível de sofisticação do produto.
Outra contribuição do trabalho foi na questão social, tendo-se viabilizado uma
contribuição ao processo de desenvolvimento de produtos no intuito de prover produtos
inclusivos. Neste aspecto, houve um comprometimento de direcionar o estudo em relação
182
aos princípios do Universal Design para promover o desenvolvimento de produtos que
atendam às necessidades também de pessoas com deficiência e idosos. Neste trabalho
mostrou-se a importância e relevância do tema e os primeiros passos que levaram à
filosofia do projeto inclusivo, cujo futuro dependerá dos esforços integrados das áreas de
engenharia, arquitetura, medicina, psicologia, educação, do governo e da sociedade.
Como resultado da aplicação da metodologia obteve-se um sistema de motorização
para cadeiras de rodas denominado módulo de locomoção que teve grande aceitação social,
não somente pelos usuários, mas por toda a população, sendo avaliado como um produto de
custo acessível e que atende as principais necessidades dos usuários.
6.2 Sugestões para pesquisas futuras
Durante a execução desta tese, surgiram algumas idéias que podem servir para
pesquisas futuras. São elas:
• Aplicar a metodologia em produtos industriais em empresas regionais.
• Implementar essa metodologia computacionalmente e testá-la em indústrias.
• Desenvolver um site divulgando o projeto inclusivo com as principais fontes
de referência e colocando a metodologia proposta à disposição para ser
utilizada.
• Teste e desenvolvimento de novas ferramentas para a metodologia proposta.
6.3 Trabalhos publicados
Durante a realização desta tese, foram submetidos e publicados os seguintes artigos
em anais de congressos e em periódicos nacionais e internacionais:
6.3.1 Periódicos nacionais e internacionais
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Development of Systems of Alternative
Motorization for Conventional Wheelchairs”, Product Management &
Development: Revista Brasileira de Gestão de Desenvolvimento de Produto,
ISBN , v. 2, n. 2, pp. 59-71, 2004.
183
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “A systematic approach for identifying
alternative motorization systems for conventional wheelchairs”, submetido
para publicação em 2006 no Journal of Engineering Design.
6.3.2 Anais de congressos nacionais e internacionais
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Development of Systems of Alternative
Motorization for Conventional Wheelchairs”, Proceedings of XII Congresso e
Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade, São Paulo, SP,
November ,v. 2003, pp. 1-10, 2003.
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Metodologia de Projeto Aplicada ao
Desenvolvimento de Produtos para Pessoas com Necessidades Especiais”,
Proceedings of the III Latin American Congress of Artificial Organs and
Biomaterials (COLAOB), Campinas, SP, Julho 27- 30, CD-ROM, 7pp., 2004.
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Application of Tools of the Quality (QFD) in
the Development of the Conventional Wheelchairs Motorization
Alternatives”, Anais do III Congresso Nacional de Engenharia Mecânica
(CONEM ), Belém, PA, Agosto 10-13, CD-ROM, 10pp., 2004.
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Metodologia de Projeto Aplicada ao Projeto
de Produto para Pessoas com Necessidades Especiais em Disciplina do Curso
de Graduação de Engenharia”, Anais do XXXII Congresso Brasileiro de
Ensino de Engenharia (COBENGE), Brasília, DF, Setembro 14-17, CD-
ROM, 10pp., 2004.
• Alvarenga, F. B., Delgado, N. G. G., Dedini, F. G., “Desenvolvimento de um
Software de Metodologia de Projeto para a Indústria de Brinquedos”. Anais
do XI Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP), Bauru, SP, Novembro
8-10, CD-ROM, 10pp. 2004.
184
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Dynamics of an Articulated Towboat”,
Proceedings of XIII Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da
Mobilidade, São Paulo, SP, November 16 –18, v. 2004, pp. 1-10, 2004.
• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Design of Vehicles for the Disabled”,
Proceedings of the XI International Symposium on Dynamic Problems of
Mechanics (DINAME), Ouro Preto, MG, 28 February - 4 March, CD-ROM,
10pp., 2005.
• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Projeto de Produto para Pessoas com
Necessidades Especiais”, Anais do XII Congresso Nacional de Estudantes de
Engenharia Mecânica (CREEM), Ilha Solteira, SP, Agosto 22-26, CD-ROM,
2 pp., 2005.
• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Inclusive Methodology”. Anais do V
Congresso Brasileiro de Desenvolvimento de Produto (CGDP), Curitiba, PR,
Agosto 9-12, CD-ROM, 8pp., 2005.
• Alvarenga, F.B., Lombardi A.B.J, Dedini, F.G., “ Systems for Accessibility”,
Proceedings of the 1st International Congress University- Industry
Cooperation (UNINDU), Ubatuba, SP, September 11-15, CD-ROM, 11pp.,
2005.
• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “The principles of Inclusive Design”,
Proceedings of the 18 th International Congress of Mechanical Engineering
(COBEM), Ouro Preto, MG, November, 6-11, CD-ROM, 6 pp.,2005.
• Alvarenga, F.B., Silva, L. C. A., Dedini, F.G., “Modeling of Powered Module
for Motorizing Manual Wheelchairs”, Proceedings of XIV Congresso e
Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade, São Paulo, SP,
November 22-24, v.2005, pp. 1-11, 2005.
185
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Patente Solicitada
• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Módulo de Locomoção para motorização de
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Apêndice A
Projeto Inclusivo: Glossário de Termos (traduzido de Colleman, 2003)
Modelo original da Organização Mundial da Saúde (Original WHO model)
O padrão internacional ou modelo WHO de inaptidão (disability) foi inicialmente
publicado pela Organização Mundial da Saúde em 1980. Esse conceito padrão estava
baseado no modelo médico, mas estendeu-se descrevendo um desdobramento de efeitos
que começam com a capacidade prejudicada (perda de estrutura ou função) que conduz a
inaptidão (Incapacidade ou restrição) (disability) (perda de habilidades ou capacidades) e
consequentemente ao deficiente (perda de função social). Esse conceito mudou a ênfase da
condição médica para a progressão para o deficiente e as condições ambientais e sociais sob
as quais isso acontece.
Novo modelo da Organização Mundial da Saúde (New WHO model)
Depois de uma investigação de 7 anos, o modelo original foi substituído por uma
nova Classificação Internacional de Funcionalidade, Inaptidão e Saúde (ICF), em novembro
de 2001. Em outras palavras o foco é em como as pessoas funcionam no contexto social,
fatores ambientais e fatores pessoais, e como isso causa impacto nas funções corporais e
estruturais e consequentemente na atividade e participação.
Condição de saúde ou estado ( Health condition or status)
Um termo usado pela WHO como um modo de agrupar doença, inaptidão e outros
fatores prescritos pelos termos médicos, enquadrando uma condição de saúde que pode
dificultar nossas vidas e aspirações. A condição de saúde pode ser temporário, crônico ou
200
progressivo, por exemplo, febre é uma condição de saúde temporária, Esclerose Múltipla é
uma condição progressiva que pode resultar numa inaptidão significante.
Deficiência (Disability)
Condições de saúde, condições congênitas, o processo de envelhecimento e eventos
traumáticos podem resultar em incapacidade de realizar atividades. Os fatores sociais e
ambientais, o projeto dos ambientes, produtos e sistemas irão determinar se a capacidade do
indivíduo é significantemente prejudicada.
Incapacidade (Impaiment)
No passado, as pessoas eram vistas como incapacitadas pela suas condições, embora
exista um movimento que a incapacidade é o resultado da interação entre os indivíduos e o
ambiente social e físico. Algumas condições congênitas e eventos traumáticos conduzem à
deficiência significativa e assim para altos níveis de inaptidão. Nos EUA o termo usado é
“pessoas com incapacidade (deficiência)” na Europa utilizam o termo “disabled people”
traduzido para o português “pessoas deficientes”.
Envelhecimento (Ageing)
O processo de envelhecimento é caracterizado pela aquisição progressiva de
múltiplas deficiências secundárias predominantemente relacionadas com a visão, audição,
destreza, mobilidade e cognição. Combinando essas deficiências, elas podem conduzir a
altos níveis de deficiência e dependência. Os idosos não se vêem como deficientes e
provavelmente se sentem ofendidas pelo termo.
Participação (Participation)
Os fatores mais importantes para as pessoas com deficiência são a participação e
integração social. As pessoas que possuem alto nível de deficiência preferem ser assistidas
por alguém. A auto- realização para as pessoas jovens com deficiência é o envolvimento
social.
Independência (Independence)
O fator mais importante para os idosos é independência ou a habilidade /
201
possibilidade de morar sozinhos na sua própria casa. A independência de um indivíduo
pode estar comprometida com um projeto de um produto, e também com a capacidade de
realizar as atividades diárias de vida (ADLs -activities of daily living), tais como tomar
banho, vestir-se , cozinhar e também se comunicar com a família, amigos e participar da
comunidade.
Projeto para incapacidade (Design for disability)
Existe uma tradição significante de projeto para deficientes, principalmente focalizada em
fazer adaptações nos equipamento cotidiano e em edificações. Recentemente, uma filosofia foi
divulgada para abranger uma gama muito mais ampla de projetar produtos para pessoas com
deficiências, por exemplo o Instituto britânico para Projeto e Deficiência (British Institute for
Design and Disability), estabelecido há 10 anos atrás, recentemente foi renomeado para Instituto
do Reino Unido Projeto Inclusivo (UK Institute for Inclusive Design).
Projeto para reabilitação (Rehabilitation design)
Relacionado com o item anterior, mas com um foco primário em habilitar
participação social das pessoas com altos níveis de deficiência, por exemplo, Steven
Hawking. O trabalho nesta área se preocupa em desenvolver soluções especiais para um
pequeno número de pessoas. Novas tecnologias emergentes, como a robótica, estão fazendo
interfaces adaptáveis e inteligentes assistentes numa real possibilidade. Não importa como
inclusivamente nós projetamos no futuro, sempre haverá uma necessidade por soluções
feitas sob encomenda de especialistas, fazendo este um campo importante ao lado do
projeto inclusivo.
Barreira-livre (Barrier- free)
O foco original de defensores da deficiência e arquitetos (por exemplo o Selwyn
Goldsmith no Reino Unido, Ron Mace nos EUA) estava no movimento barrier-free, no
acesso a edifícios e ambientes públicos. Isto conduziu a adoção de rebaixamneto de meio-
fio, entradas com rampas, entradas e corredores mais largos, a adaptação em construções
para o raio de giro de cadeiras de rodas.
202
Acessibilidade (Acessibility)
O foco foi gradualmente estendido para incluir acesso sensorial em edifícios para
informação sensória e cognitiva, por exemplo, sites de internet, através de browsers que
emitem sons. A disponibilidade de documentos em braile, e uma gama de outros elementos
amigáveis, recentemente apoiados por exigências legais da ADA. A ênfase no momento é
aumentar a acessibilidade na Web para assegurar a qualquer pessoa acessar os seus
serviços. O projeto universal (Universal Design) especificamente estende o conceito para
incluir o acesso aos produtos.
Acesso universal (Universal Access)
O termo acesso universal é usado de modo semelhante ao Projeto Universal, mas com
uma ênfase em informação e tecnologia de comunicações (ICT). O termo é usado também
no campo da tecnologia assistiva onde especificamente é aplicado para desenvolver
interfaces e outros dispositivos de controle utilizáveis por pessoas com níveis mais altos de
deficiência.
Projeto Universal (Design Universal)
O conceito originou-se nos E.U.A. e é basedo num conjunto de 7 princípios propostos
pelo arquiteto Ron Mace. Foi uma extensão da idéia do movimento Barrier-free e do
Universal Acess.
Projeto para todos (Design for All)
De origem Européia, equivalente ao Projeto Universal, com uma ênfase em ICT. A
meta atual dos europeus é encorajar estabelecimentos de centros nacionais virtuais de
excelência pela Europa.
Transgenerational design
Conceito desenvolvido por James Pirkl nos E.U.A.. Propõe que na era de
envelhecimento da população, os projetistas deveriam projetar produtos para pessoas que
estão em processo de envelhecimento. Difere de Projeto Universal e do Projeto para
Todos, que não coloca a mesma ênfase em deficiência. Resultou em um livro de qualidade,
203
com estudos de caso excelentes e também como material pedagógico e diretrizes extensas e
orientação para médicos e educadores.
Usuário-centrado (User centred)
O usuário é o centro do projeto e frequentemente é envolvido durante as fases do
desenvolvimento do produto.
Projeto para o nosso futuro (Design for our future selves)
Conceito desenvolvido na RCA, encorajar jovens projetistas a projetar para pessoas
diferentes que estão em processo de envelhecimento. Tornou o tema para muitos eventos na
RCA e de uma competição anual aberta a estudantes, resultando em muitos exemplares de
conceito de projeto de idade-amigável. Tem a vantagem de fazer considerações de
envelhecimento para uma atividade futuro-orientada e direcionado para a inovação.
EQUAL
Um objetivo do conselho de pesquisa identificado pelo DT “Technology Foresight”
programa como um foco fundamental para R&D no REINO UNIDO. A meta primária é
melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas e deficientes desenvolvendo uma pesquisa
de base necessária e transferir tecnologia para a indústria.
i~design
Programa colaborativo de pesquisa fundado pelo Conselho de Engenharia e Pesquisa
de Ciências Físicos “Engineering and Physical Sciences Research Council” (EPSRC), sob
o programa EQUAL. O objetivo é desenvolver e disseminar ferramentas de projeto e
orientação para gerentes de projeto, para capacitar os projetistas a entender e responder
adequadamente às implicações do projeto para deficientes e da população em processo de
envelhecimento para alcançar uma sociedade mais inclusiva. Os membros do grupo
envolvem: “The Design for Ability Unit at Central St. Martins, The London Institute; The
Engineering Design Centre at the University of Cambridge; The Helen Hamlyn Research
Centre at the Royal College of Art, London; and the Design Council.
204
Projeto de Exclusão (Design exclusion)
O termo foi desenvolvido pela equipe do i~design como um modo para dar substância
à idéia de projeto inclusivo, focalizando a atenção nas pessoas excluídas por particulares
projetos de produtos, serviços ou ambientes. Isso resultou em casos de estudo de exclusão
de projeto e a prática de projeto inclusivo, e tornou possível quantificar a exclusão do
projeto com referência a população. O ponto chave é que algumas pessoas sempre serão
excluídas por qualquer projeto específico, e aquelas tais decisões deveriam ser levadas
conscientemente e com justificação.
Modular
Projetos que, em virtude são podem ser intercambeáveis ou elementos podem ser
configurados acomodar ou ajustar usuários diferentes, estendendo potencialmente a gama
de usuários servidos por um único projeto ou produto.
Ajudante (Carer)
Se existe uma mistura de produtos, serviços e ambientes inclusivos, é importante
também que as pessoas que cuidam dessas pessoas com deficiência sejam acomodadas. Os
requerimentos de pessoas jovens, que podem tomar conta de idosos, são diferentes dos
requerimentos de pessoas idosas.
205
Apêndice B
Os Sete Princípios do Universal Design
Em 1997, o Center of Universal Design coordenou o desenvolvimento dos sete
princípios do “Universal Design”. Estes princípios têm a intenção de prover um manual
para o projeto de produtos e ambientes (Story, 1998). Os sete princípios do Universal
Design são listados a seguir:
1. PRIMEIRO PRINCÍPIO: USO EQÜITATIVO
O produto é utilizável por pessoas com habilidades diversas.
• Figura B.1 Portas automáticas são convenientes para todos, especialmente
quando as mãos estão ocupadas.
*Norma 1a: Prover os mesmos significados para todos os usuários: idêntico quando
possível ou equivalente quando não for possível.
206
Exemplo: Telefones públicos dispostos em duas alturas permitem a utilização por
pessoas de estatura variada, entre elas as crianças e as pessoas que usam cadeiras de
rodas.
*Norma 1b: Evitar a segregação ou estigmação dos usuários.
Exemplo: Garantir nas edificações ao menos um acesso destinado às pessoas com
deficiência. A informação sobre este acesso deverá ser escrita e pictórica, para
facilitar o seu entendimento. O rebaixamento do meio-fio possibilita à pessoa com
deficiência física motora locomover-se no meio urbano de forma autônoma.
*Norma 1c: Prover privacidade, segurança e proteção de forma igual a todos os
usuários.
Exemplo: Barras de apoio do sanitário permitem que a pessoa faça a transferência da
cadeira de rodas para o vaso sanitário de forma segura.
A projeção do telefone público, demarcada no chão com material e textura
diferenciados, faz com que pessoas com deficiência visual percebam a sua presença
através do toque da bengala.
*Norma 1d: Tornar o produto atraente para todos os usuários.
Exemplo: Cores que estimulam os sentidos fazem com que o ambiente se torne mais
agradável.
2. SEGUNDO PRINCÍPIO: FLEXIBILIDADE NO USO O projeto do produto acomoda uma ampla faixa de preferências e habilidades dos
indivíduos.
* Norma 2a: Prover escolhas na forma de utilização.
* Norma 2b: Acomodar acesso na utilização para destros e canhotos.
* Norma 2c: Facilitar a precisão e acuidade do usuário.
* Norma 2d: Prover adaptabilidade ao ritmo do usuário.
207
Figura B.2 Exemplo: Tesouras com empunhadura grande que podem ser seguradas
tanto pela mão esquerda, quanto pela mão direita.
3. TERCEIRO PRINCÍPIO: USO SIMPLES E INTUITIVO O uso do produto é de fácil entendimento, independente da experiência,
conhecimento, nível de comunicação ou nível de concentração do usuário.
* Norma 3a: Eliminar complexidades desnecessárias.
* Norma 3b: Ser coerente com as expectativas e intuição do usuário.
* Norma 3c: Acomodar ampla faixa de habilidades em comunicação, leitura e
escrita.
* Norma 3d: Arranjar as informações de acordo com sua impotância.
* Norma 3e: Prover sinais de alerta e feedback durante e depois da conclusão de
uma tarefa
Figura B.3 Manual de montagem de uma cadeira, as instruções ilustram a montagem
auxiliando o entendimento do procedimento.
208
4. QUARTO PRINCÍPIO: PERCEPÇÃO DA INFORMAÇÃO
O produto comunica informação suficiente para o usuário, independente das
condições ambientais ou das habilidades sensoriais do usuário.
* Norma 4a:Uso de diferentes modos (verbal, pictorial,táctil) para redundante
apresentação da informação essencial.
* Norma 4b: Prover contraste adequado entre a informação essencial outras
informações secundárias.
* Norma 4c: Maximizar a legibilidade da informação essencial.
* Norma 4d: Diferenciar elementos em caminhos que podem ser descritos (por
exemplo, tornar mais fácil dar as instruções ou direções).
* Norma 4e: Prover compatibilidade com uma variedade de técnicas ou
equipamentos usados por pessoas com limitações sensoriais.
Figura B.4 Exemplo: Uma pessoa com baixa visão opera um termostato com números
grandes, indicadores tácteis e sinais audíveis.
5. QUINTO PRINCÍPIO: TOLERÂNCIA AO ERRO
O produto minimiza riscos e conseqüências adversas de ações acidentais ou não
intencionais.
* Norma 5a: Arranjar os elementos para minimizar riscos e erros: elementos mais
usados, mais acessíveis; elementos de riscos, eliminados, isolados ou protegidos.
* Norma 5b: Prover mensagens de aviso de risco de perigo e erros.
* Norma 5c: Prover sistema com características segurança em caso de falha humana.
* Norma 5d: Desencorajar ações inconscientes em tarefas que requerem vigilância.
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Figura B.5 Exemplo: O menu do computador mostra a seta do mouse para a função
“Undo”.
6. SEXTO PRINCÍPIO: BAIXO ESFORÇO FÍSICO
O produto deve ser usado eficientemente e confortavelmente com um mínimo de
esforço físico.
* Norma 6a: Permitir ao usuário manter uma posição neutra do corpo.
* Norma 6b: Usar forças moderadas na operação.
* Norma 6c: Minimizar ações repetitivas
* Norma 6d: Minimizar o esforço físico sustentável.
Figura B.6 Exemplo: A mão fechada opera a alavanca da porta, empurrando para
baixo.
210
7. SÉTIMO PRINCÍPIO: TAMANHO E ESPAÇO PARA
APROXIMAÇÃO E USO
Prover dimensões e espaços para o acesso, alcance, manipulação e uso, independente
do tamanho, postura ou mobilidade do usuário.
* Norma 7a: Prover os elementos importantes no campo visual de qualquer usuário,
sentado ou em pé.
* Norma 7b: Prover o alcance para todos os componentes para qualquer usuário
sentado ou em pé.
* Norma 7c: Acomodar variações da dimensão da mão e empunhadura.
* Norma 7d: Prover espaço adequado para o uso de equipamentos assistivos ou para
assistência pessoal.
Figura B.7 Uma pessoa em uma cadeira motorizada passa através de uma roleta.
211
Apêndice C
Ferramentas aplicadas
RROOTTEEIIRROO DDEE EENNTTRREEVVIISSTTAA 1- Como você gostaria que fosse sua cadeira?
a - mais atraente,
b – mais discreta,
c - não importa a estética,
d- mais leve,
e- mais segura, etc.
2- O que você gostaria que sua cadeira fizesse?
a - subir escadas,
b - ficar em pé,
c - correr mais,
d - dobrar,
e- subir mais facilmente as rampas
3- Você acha sua cadeira segura? Quais os problemas que você encontra com respeito
a sua segurança na cadeira.
4- Já teve algum acidente com a cadeira?
5- O que você acha do preço da cadeira manual? Quanto pagaria por uma cadeira
manual?
a – se necessário dar uma estimativa de valores: R$ 190,00 até R$ 4.000,00
6- Em sua opinião quanto deveria custar uma cadeira motorizada? Quanto você
pagaria por uma?
212
a - se necessário dar uma estimativa de valores: R$ 4.000,00 à R$ 20.000,00 ou
mais.
7- O que você NÃO gosta na sua cadeira?
a- a cor
b- a cadeira é fraca
c- Não acha segura
d- é muito grande
e- é pesada
f- é difícil para subir rampas
g- é difícil quando percorre longas distâncias (300m?)
h- é difícil de manobrar
i- é muito lenta (motorizada)
j- é difícil de ultrapassar um obstáculo
k- precisa de manutenção sempre
l- o freio
m- o tempo da duração da bateria é pequeno
n- a cadeira faz barulho
o- a cadeira quebra com freqüência
p- o controle é complicado de usar
q- não tem indicador de bateria, não sabe qdo a bateria vai acabar
8- Quanto tempo você fica na cadeira por dia?
9- Qual a velocidade ideal para sua cadeira?
10- Com que freqüência você faz manutenção na sua cadeira? Você leva para
assistência técnica especializada?
11- Alguma vez a cadeira quebrou e você não pode utilizá-la? O que aconteceu?
12- Você gostaria de ter uma motorização alternativa para sua cadeira manual. Por
exemplo um kit portátil de motorização, onde você sozinho poderia colocar e retirar
o kit, motorizando-a e desmotorizando-a.
13- Como você imagina esse kit de motorização?
a. compatibilidade com a maioria das cadeiras
b. facilidade de montagem
213
c. ofereça segurança
d. fácil de operar
f. eficiente
14- Quanto você pagaria por um sistema que motorizasse sua cadeira convencional?
15- Como você vai para o trabalho? É difícil chegar lá? Você usa sua cadeira durante o
seu trabalho?
16- Que tipo de cadeira você gostaria de ter?
cadeira manual cadeira motorizada cadeira manual e motorizada
17- Quais os problemas que você enfrenta com a sua cadeira?
a dificuldade de acesso
b dificuldade em subir rampa
c dificuldade de se transportar dela para o carro
d dificuldade de se transportar dela para cama, sofá, cadeira
18- Você acha que a cadeira é uma extensão do seu corpo?
19- Você sai com freqüência para lazer?
uma vez por semana mais de uma vez por semana uma vez por mês quase nunca
20- Aonde você costuma ir ?
cinema shopping calçadão supermercado praia hospital teatro barzinhos
21- Aonde você gostaria de ir e não pode ir? Por que não pode ir?
22- O que sua cadeira deveria ter para ser mais útil para você?
23- O que faria você gostar de ter uma cadeira motorizada? O que você faria se tivesse
uma? O que não seria bom se sua cadeira fosse motorizada?
24- Se você tem uma cadeira motorizada ou já teve quais os defeitos que você achou
nela?
25- Qual o tempo que sua cadeira anda com uma carga de bateria? Você está satisfeito?
26- Com que freqüência você carrega a bateria? Em que período do dia você a carrega?
Quanto tempo leva para carregar?
27- Você gostaria que sua cadeira tivesse várias velocidades? Por exemplo, uma menor
e uma mais rápida?
214
QQUUEESSTTIIOONNÁÁRRIIOO EESSTTRRUUTTUURRAADDOO EENNVVIIAADDOO PPOORR EE--MMAAIILL
UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE EESSTTAADDUUAALL DDEE CCAAMMPPIINNAASS ((UUNNIICCAAMMPP)) FFAACCUULLDDAADDEE DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA MMEECCÂÂNNIICCAA DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE PPRROOJJEETTOO MMEECCÂÂNNIICCOO
Flávia Bonilha Alvarenga, MSc. Pesquisadora e Investigadora principal Franco Giuseppe Dedini, Prof. Dr. Pesquisador e Orientador. email: [email protected]
QQUUEESSTTIIOONNÁÁRRIIOO
OO PPRROOPPÓÓSSIITTOO DDEESSSSAA PPEESSQQUUIISSAA ÉÉ OOBBTTEERR AASS NNEECCEESSSSIIDDAADDEESS DDOOSS
CCAADDEEIIRRAANNTTEESS EEMM RREELLAAÇÇÃÃOO ÀÀ CCAADDEEIIRRAA DDEE RROODDAASS PPAARRAA
MMEELLHHOORRAARR OOSS PPRROOJJEETTOOSS DDEE CCAADDEEIIRRAASS DDEE RROODDAASS CCOOMM UUMM
CCUUSSTTOO MMEENNOORR EE AACCEESSSSÍÍVVEELL ÀÀ TTOODDOOSS EE TTAAMMBBÉÉMM MMEELLHHOORRAARR AA
QQUUAALLIIDDAADDEE DDEE VVIIDDAA DDEESSSSAASS PPEESSSSOOAASS..
OOBBSSEERRVVAAÇÇÃÃOO:: AASS RREESSPPOOSSTTAASS DDEEVVEERRÃÃOO SSEERR PPRREEEENNCCHHIIDDAASS NNEESSTTEE FFOORRMMUULLÁÁRRIIOO EE EESSTTÃÃOO EEMM AAZZUULL
((RR--11,, RR--22,, EETTCC)).. EESSCCRREEVVAA OO MMÁÁXXIIMMOO QQUUEE PPUUDDEERR,, SSUUAA IINNFFOORRMMAAÇÇÃÃOO ÉÉ MMUUIITTOO IIMMPPOORRTTAANNTTEE PPAARRAA OO
SSUUCCEESSSSOO DDAA PPEESSQQUUIISSAA.. AASS LLEETTRRAASS ((a-, b-, etc.) EEXXIISSTTEENNTTEESS EEMM AALLGGUUMMAASS PPEERRGGUUNNTTAASS SSÃÃOO PPAARRAA
DDAARR UUMMAA IIDDÉÉIIAA ((SSUUGGEESSTTÃÃOO)),, PPAARRAA OO AASSSSUUNNTTOO FFLLUUIIRR.. OOSS DDAADDOOSS PPEESSSSOOAAIISS NNOOMMEE,, EEMMAAIILL,, TTEELLEEFFOONNEE
NNÃÃOO SSEERRÃÃOO DDIIVVUULLGGAADDOOSS.. FFAAVVOORR RREETTOORRNNAARR EESSTTEE FFOORRMMUULLÁÁRRIIOO CCOOMM AASS RREESSPPOOSSTTAASS PPOORR EEMMAAIILL..
AAGGRRAADDEECCEEMMOOSS AA SSUUAA CCOOLLAABBOORRAAÇÇÃÃOO..
DDAADDOOSS PPEESSSSOOAAIISS::
Nome Completo:
Idade: Sexo: Masculino Feminino
Formação Acadêmica:
Profissão/Cargo:
email:
Tel.(não é obrigatório): Cel.(não é obrigatório):
Tipo de deficiência :
Há quanto tempo têm a deficiência?
Tipo de cadeira que usa: manual motorizada ambas
215
Marca da cadeira: Modelo:
Renda pessoal:
até R$ 1.000,00 entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00 acima de R$ 5.000,00
1- Como você gostaria que fosse sua cadeira?
a - mais atraente, b – mais discreta, c - não importa a estética, d- mais leve, e- mais segura, etc. R1-
2- O que você gostaria que sua cadeira fizesse? a - subir escadas, b - ficar em pé, c - correr mais, d - dobrar, e- subir mais facilmente as rampas R2-
3- Você acha sua cadeira segura? Quais os problemas que você encontra com respeito a sua segurança na cadeira.
R3-
4- Já teve algum acidente com a cadeira?
R4-
5- O que você acha do preço da cadeira manual? Quanto pagaria por uma cadeira manual?
a – a estimativa de preço de venda de cadeira manual no mercado atual é de R$ 190,00 até R$ 4.000,00, no Brasil.
R5-
6- Em sua opinião quanto deveria custar uma cadeira motorizada? Quanto você
pagaria por uma? a – a estimativa de preço de venda de uma cadeira motorizada no mercado atual é de R$ 4.000,00 à R$ 20.000,00 ou mais, no Brasil. R6 -
216
7- O que você NÃO gosta na sua cadeira?
a- a cor b- a cadeira é fraca c- Não acha segura d- é muito grande e- é pesada f- é difícil para subir rampas g- é difícil quando percorre longas distâncias (300m?) h- é difícil de manobrar i- é muito lenta (motorizada) j- é difícil de ultrapassar um obstáculo k- precisa de manutenção sempre l- o freio m- o tempo da duração da bateria é pequeno n- a cadeira faz barulho o- a cadeira quebra com freqüência p- o controle é complicado de usar q- não tem indicador de bateria, não sabe qdo a bateria vai acabar R7-
8- Quanto tempo você fica na cadeira por dia? R8-
9- Qual a velocidade ideal para sua cadeira? R9-
10- Com que freqüência você faz manutenção na sua cadeira? Você leva para assistência técnica especializada?
R10- 11- Alguma vez a cadeira quebrou e você não pode utilizá-la? O que aconteceu?
R11-
12- Você gostaria de ter uma motorização alternativa para sua cadeira manual. Por exemplo um kit portátil de motorização, onde você sozinho poderia colocar e retirar o kit, motorizando-a e desmotorizando-a.
R12-
13- Como você imagina esse kit de motorização?
a. compatibilidade com a maioria das cadeiras b. facilidade de montagem c. ofereça segurança d. fácil de operar
217
f. eficiente R13-
14- Quanto você pagaria por um sistema que motorizasse sua cadeira convencional? R14-
15- Como você vai para o trabalho? É difícil chegar lá? Você usa sua cadeira durante o seu trabalho?
R15-
16- Que tipo de cadeira você gostaria de ter? cadeira manual cadeira motorizada cadeira manual e motorizada 17- Quais os problemas que você enfrenta com a sua cadeira?
a dificuldade de acesso b dificuldade em subir rampa c dificuldade de se transportar dela para o carro d dificuldade de se transportar dela para cama, sofá, cadeira R17-
18- Você acha que a cadeira é uma extensão do seu corpo? R18-
19- Você sai com freqüência para lazer?
uma vez por semana mais de uma vez por semana uma vez por mês quase nunca Outro, explique.
R19-
20- Aonde você costuma ir ?
cinema shopping calçadão supermercado praia hospital teatro barzinhos Outros. Quais?
R20-
21- Aonde você gostaria de ir e não pode ir? Por que não pode ir? R21-
22- O que sua cadeira deveria ter para ser mais útil para você?
218
R22- 23- Você teria mais algum comentário que gostaria de colocar nesta entrevista?
R23- Essas questões são relacionadas a Cadeira Motorizada, se você já teve uma ou quer dar sua opinião,por favor responda-as também.
24- O que faria você gostar de ter uma cadeira motorizada? O que você faria se tivesse uma? O que não seria bom se sua cadeira fosse motorizada?
R24-
25- Se você tem uma cadeira motorizada ou já teve quais os defeitos que você achou nela?
R25-
26- Qual o tempo que sua cadeira anda com uma carga de bateria? Você está satisfeito? R26-
27- Com que freqüência você carrega a bateria? Em que período do dia você a carrega? Quanto tempo leva para carregar?
R27-
28- Você gostaria que sua cadeira tivesse várias velocidades? Por exemplo, uma menor e uma mais rápida?
R28-