Um Novo Modo de Vida: O Que Significa Ser Jovem Bahá 'í

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novo Modo de Vida 0 que Significa Ser Jovem Bahá 'í

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As seguintes seleções dos Escritos Bahá'is são apresentadas como apenas um breve guia para o modo de vida bahá'í e evolução a uma nova raça de homens. Textos e compilação por Eunice Braun, editora-chefe da Bahai Publishing Trust dos EUA na decada de 1960 e 1970, também autora e compiladora de vários livros.

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novo Modo de Vida

0 que S i g n i f i c a Ser Jovem B a h á ' í

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Traduzido do original inglês: A New Way of Life

Publicado por Bahá'í Publishing Trust

Assembléia Espiritual Nacional

dos Bahá'ís do Brasil

2.a Edição

EDITORA BAHÁ'Í BRASIL

Rua Engenheiro Gama Lobo, 267 Rio de Janeiro

1976

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Um novo Modo de Vida

0 que S igni f ica Ser Jovem Bahá'í

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Í N D I C E

Página

Introdução 3

Oração pelos Jovens 5

Padrões para uma Nova Raça 6 Um Elevado Padrão Moral 6 A Necessidade da Oração 7 Algumas Leis Bahá'ís: Oração e Jejum;

Casamento 8

Educação para a Nova Era 9 Lei da Nova Era 9 O Propósito da Educação 10 Necessária a Educação Divina 11 A Capacidade Humana para o Conheci­mento 11

Ensinando a Causa de Deus 13 Preparação para o Ensino 13 Pontos que a Juventude Deve Frisar . . 13 Como o Mestre Ensinava 14 Exemplo da Juventude BaháM 15 Pioneiros no Estrangeiro 16

Construindo um Mundo Novo 17 Um Mundo em Transição 17 Uma Nova Raça de Homens 17 Unidade Mundial — A Meta 18 Oportunidade para a Juventude 19

Apêndice: Cartas de Rúhíyyih Khánum 20 A Distinção de Ser Bahá'í 20 Cidadania do Reino 21 Custódios do Futuro 22 Objetivo da Vida 23 Segredo do Auto-Domínio 24

A Ordem Administrativa — Uma Prova de Ma­turidade 26

Poema: Cântico Mundial a 3 a . de capa

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INTRODUÇÃO

Ser jovem bahá'í no dia de hoje implica numa dis­tinção, numa responsabilidade e num desafio sem prece­dentes. Sobretudo, para aqueles que dedicam a vida a seus altos desígnios, a Fé Bahá'i traz uma convicção es­piritual da vitória final de suas aspirações mais elevadas. Unidade mundial — ordem mundial — paz mundial — são estas as metas. Ousa a humanidade ter aspiração in­ferior, num século que oferece tudo, ou nada? Num sé­culo que oferece a realização do antiquíssimo sonho da paz universal?

Esta hora da história vem a ser também uma hora de decisão pessoal para os jovens bahá'ís, os custódios do futuro. Suas energias criadoras, seus recursos mentais e espirituais, ocultos mas potentes, estão prontos para serem galvanizados e lançados na arena do serviço. A plena força de sua vitalidade moral e intelectvial, os dons espirituais que Deus lhes concedeu, esperam ainda seu completo desenvolvimento e sua infusão na estrutura da sociedade.

Quais são esses dons ? Como são desenvolvidos ? Como podem ser transformados na mais efetiva contribuição? E como haveremos de mitigar as poderosas forças do ma-terialismo que a tal ponto solapam o esforço criador? São estes os problemas da vida sobre os quais a Revelação de BaháVlláh derrama luz. Ao agir de acordo com esta fonte de orientação e força, o jovem bahá'í torna-se co­nhecedor e eficiente realizador num mundo varrido por crises. Êle aprende a reconhecer o verdadeiro significado da transformação que Deus está efetivando entre os ho­mens e as nações. E é sua a oportunidade de se tornar parte do próprio processo transformador que há de pro­porcionar a todos os seres a cidadania no Reino de Deus.

A Revelação Bahá'í, este novo desabrochamento de todas as plantações religiosas do passado, está, ela pró-

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pria, ainda na primavera de seu poder e de sua promessa. A não ser que se tivesse sido um jovem no primeiro sé­culo da Fé — um Quddús ou um Badi', dando sua vida destemidamente no caminho do Báb ou de Bahá'u'lláh — jamais houve um tempo tão pleno de oportunidades, como hoje, para se despender os talentos da vida em serviço a Deus e à humanidade.

Hoje o jovem não precisa escolher entre o raciocínio e a fé. BaháVlláh eliminou as barreiras que puseram a ciência e a religião em campos opostos, armados um contra outro. Agora estes podêres são vistos corretamente, em sua verdadeira perspectiva, sendo ambos dádivas de Deus, Fonte de tudo, e apoiando e fortalecendo um ao outro, em equilíbrio, assim como as asas de uma gigan­tesca aeronave.

Graças à ciência, foram diminuídos tempo e espaço. Os povos da África, da Ásia, da Europa e da América — todos são vizinhos. Portas estão se abrindo em volta do planeta, violentamente muitas vezes, quando se aplica apenas a força, sem a orientação do espírito. A maior barreira, entretanto, está ainda por conquistar.

Hoje BaháVlláh nos desafia a sermos pioneiros es­pirituais e conquistarmos a "cidade do coração humano". "Abri, ó povos, a cidade do coração humano com a chave das vossas palavras", diz Êle no livro Glcanings. Diz-nos, mais, que a cada um foi prescrita uma medida predeter­minada de responsabilidade. Então, como conselheiro afe­tuoso, põe nossos pés no caminho do serviço com estas palavras: "Que seja visto agora o que os vossos esforços na senda do desprendimento haverão de revelar."

As seguintes seleções dos Escritos Bahá'is são apre­sentadas como apenas um breve guia para o modo de vida bahá'í e evolução a uma nova raça de homens. A fim de adquirirmos uma compreensão mais profunda, de­veríamos ler e estudar os próprios livros nos quais se en­contram os trechos citados. Algumas cartas de Rúhíyyih Khanum dirigidas especialmente à juventude bahá'í são também incluídas no apêndice.

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ORAÇÃO PELOS JOVENS

Ó Deus! Ilumina este jovem e fortalece este fraco! Dá-lhe conhecimento e, a cada amanhecer, aumenta suas forças. Assim será êle abrigado e amparado em Tua pro­teção, contra todo pecado, para que possa servir a Tua Causa, guiar os desviados, conduzir os pobres ou fracos, libertar aqueles que estão no cativeiro, despertar os letár-gicos e ser feliz com Tua lembrança e com os pensamentos em Ti. Tu és o Poderoso, o Sábio!

— 'Abdu'1-Bahá

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PADRÕES PARA UMA NOVA RAÇA

Um Elevado Padrão Moral

Ó amigos! Não descuideis das virtudes das quais fostes dotados, nem menosprezeis vosso elevado destino.. . Vós sois as estrelas do céu da compreensão, a brisa que sopra ao romper do dia, as suaves correntes d'água das quais há de depender a própria vida de todos os homens, as letras inscritas em Seu sagrado pergaminho. (ADJ)

Sede os fideicomissários de Deus entre Suas cria­turas e os emblemas de Sua generosidade entre Seu povo. Os que seguem os desejos lascivos, as inclinações cor­ruptas, erram e dissipam seus esforços. Estão, em ver­dade, entre os perdidos. Esforçai-vos, ó povo, a fim de que vossos olhos se dirijam para a misericórdia de Deus, vossos corações estejam preparados para Sua maravilhosa lembrança, vossas almas repousem, confiantes em Sua graça e generosidade, e vossos pés trilhem o caminho de Sua Vontade. (GL)

O brilho da luz da castidade irradia-se sobre os mun­dos espirituais e sua fragrância se difunde até alcançar o Mais Sublime Paraíso. (ADJ)

BaháVlláh. . . inculca-lhes (Seus seguidores) ornais perfeito asseio, estrita veracidade, imaculada castidade, fidedignidade, hospitalidade, fidelidade, cortesia, tolerân­cia, justiça e eqüidade... (PD)

Uma vida casta e santa deve ser o fator orientador da conduta de todos os bahá'ís, não só em suas relações sociais com os membros de sua própria comunidade, mas também no seu contato com o mundo em geral. Tal vida deve adornar e reforçar o incessante trabalho e os meri-

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tórios esforços daqueles na invejável posição de propa­gadores da Mensagem e administradores dos assuntos da Fé instituída por Bahá'u'lláh. Deve ser mantida, em toda sua integridade e todas as suas implicações, em toda fase da vida dos que preenchem as fileiras desta Fé, quer seja em seus lares ou em suas viagens, em seus clubes, socieda­des, diversões, escolas ou universidades. A esse fator deve ser dispensada consideração especial por aqueles que diri­gem as atividades sociais das escolas de verão bahá'ís, e em quaisquer outras ocasiões em que a vida da comunidade bahá'í seja organizada e promovida. Deve ser íntima e continuamente identificada com a missão da Juventude Bahá'í, não só como elemento na vida da comunidade bahá'í, mas também como fator no futuro progresso e orientação da juventude de seu próprio país.

Tal vida casta e santa, com suas implicações de mo­déstia, pureza, temperança, decência e mente sadia, requer nada menos que o exercício de moderação em tudo o que diz respeito ao vestuário, à linguagem, aos divertimentos e todas as atividades artísticas e literárias. Exige uma vigilância diária no controle dos desejos carnais e incli­nações corruptas. Exige que se evite conduta frívola com seu excessivo apego a prazeres triviais e, muitas vezes, mal orientados. Requer a abstenção total de todas as be­bidas alcóolicas, do ópio e de qualquer narcótico seme­lhante formador do vício. Condena a prostituição da arte e da literatura, a prática do nudismo e da co-habitação, a infidelidade em relações maritais. e toda esoécie de pro­miscuidade, de excessiva liberdade e de vícios sexuais. Não pode tolerar nenhuma complacência para com as teo­rias, os padrões, os hábitos e os excessos de uma era deca­dente. Não antes, procura demonstrar, mediante a força dinâmica de seu exemplo, o caráter pernicioso de tais teorias, a falsidade de tais normas, a vacuidade dessas pretensões, a perversidade desses hábitos e o caráter sa-crílego desses excessos. (ADJ)

A Necessidade da Oração

Como atingir espiritualidade é, de fato, uma questão para a qual todo jovem, mais cedo ou mais tarde, há de

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tentar encontrar uma resposta satisfatória. É precisamente porque não foi encontrada ainda uma resposta satisfatória, que a juventude moderna se acha confusa e, conseqüente­mente, está sendo levada pelas forças materialistas que tão poderosamente solapam os alicerces da vida moral e espiritual do homem... Essa condição tão lastimàvel-mente mórbida, na qual a sociedade caiu, é a que as reli­giões procuram melhorar e transformar. O âmago da fé religiosa é o sentimento místico que une o homem a Deus, e este estado de comunhão espiritual pode ser alcançado e mantido por meio da meditação e da prece. Eis a razão por que BaháVlláh tanto relevo deu à importância da adoração a Deus. Não é suficiente que o bahá'í apenas aceite e observe os ensinamentos; deve, além disso, culti­var o senso de espiritualidade que pode ser adquirido mormente através da oração.

Assim os bahá'ís, especialmente os jovens, devem compreender a necessidade de orar, pois a oração é abso­lutamente indispensável ao seu desenvolvimento intimo, espiritual, o que, como já expusemos, é o próprio alicerce e propósito da religião de Deus. (B.N. 102)

Algumas Leis BaháMs

ORAÇÃO E JEJUM

Quanto ao jejum, constitui, juntamente com as ora­ções obrigatórias, os pilares que sustentam a Lei revelada por Deus. Agem como estimulantes para a alma, forta-lecendo-a, ressuscitando-a, purificando-a e, deste modo, asseguram seu constante desenvolvimento... É essencial­mente um período de meditação e prece, de recuperação espiritual, durante o qual o bahá'í deve esforçar-se por fazer o reajustamente necessário em sua vida interior, refrescando e revigorando as forças espirituais latentes em sua alma. (B.C.)

CASAMENTO

O casamento para o bahá'í significa que o homem e a mulher devem unir-se, espiritual e fisicamente, a fim

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de que possam ter unidade eterna, em todos os mundos divinos, e melhorar a vida espiritual um do outro . . .

Conseqüentemente, quando o povo de Bahá deseja entrar na sagrada união do casamento, relação ideal e eterna, associação espiritual e física de pensamentos e conceitos da vida devem existir entre eles, de modo que esta união possa continuar para sempre e sempre, em todos os graus da existência e em todos os mundos de Deus, pois esta verdadeira união é um esplendor da luz do Amor Divino. (BWF)

BaháVlláh afirmou claramente que o consentimento de todos os pais vivos é exigido para o casamento bahá'i, quer sejam eles bahá'is ou não, divorciados há anos ou não. Esta grande lei, Êle a estabeleceu a fim de fortalecer a estrutura social, estreitar os laços do lar, incutir nos corações dos filhos certa gratidão e respeito por aqueles que lhes deram vida e fizeram suas almas iniciarem sua eterna jornada para seu Criador...

Na cerimônia do casamento bahá'i, o coordenador da Assembléia com o secretário devem funcionar como seus representantes... A cerimônia deve ser a mais simples possível, sendo usadas, por ambos, as palavras que Bahá'u' lláh ordenou, e havendo também, se assim desejam, a lei­tura de extratos dos escritos e orações. Não deve haver mistura das formas antigas com a nova e simples de BaháVlláh.

EDUCAÇÃO PARA A NOVA ERA

Lei da Nova Era

BaháVlláh declara que toda a humanidade deve adquirir conhecimentos, deve receber uma educação. É princípio necessário da crença e prática religiosas, sendo isto caracterrsticamente novo nesta era. (BWF)

A educação é essencial, e todos os padrões de ensino em toda parte do mundo humano devem ser harmoniza­dos; é preciso estabelecer um currículo universal e uma base ética que seja a mesma para todos. (BWF)

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Se um homem envidar todos os esforços na aquisição de uma ciência ou no aperfeiçoamento de uma arte, será como se êle tivesse adorado a Deus nos templos e igrejas.

Nesta grande era, o estudo de uma arte ou uma pro­fissão é idêntico a um ato de adoração. . . quando é com o intuito de obedecer o mandamento de Deus, será reali­zado com facilidade, certamente, e breve haverá grande progresso. E quando os outros perceberem essa fragrân-cia de espiritualidade em sua ação, serão atraidos. (BWF)

0 Propósito da Educação

Dirigi vossas mentes e vossas vontades à educação dos povos e raças da terra, para que talvez as dissensões que a dividem possam ser apagadas de sua face, através do poder do Nome Supremo, e todos os homens venham a ser sustentadores de uma só Ordem e habitantes de uma só Cidade... (GL)

Êle (Deus) nos deu ouvidos para que pudéssemos ouvir e tirar proveito da sabedoria dos filósofos e erudi­tos, e nos levantar para promovê-la e segui-la. Fomos do­tados de faculdades e sentidos para serem aplicados ao serviço do bem geral, de modo que nós, distinguidos acima das demais formas de vida em perceptibilidade e racio­cínio, pudéssemos labutar em todos os tempos e em todos os setores, quer fosse de grande ou de pouca importância a ocasião, usual ou extraordinária, até que toda a huma­nidade fosse seguramente acolhida na inexpugnável cida­dela do conhecimento. Deveríamos estar continuamente estabelecendo novas bases para a felicidade humana, crian­do e promovendo novos instrumentos para este f im. . .

Cada indivíduo, antes de empreender o estudo de qualquer matéria, deve perguntar a si próprio qual é sua utilidade, quais são os frutos e resultados a serem deri­vados. Se é um ramo útil de conhecimento, isto é, se a sociedade há de ganhar importantes benefícios, então, certamente, êle deverá de todo coração devotar-se a esse estudo. Se não, se consiste em debates vácuos, improfí-cuos, numa vã concatenação de fantasias que a nenhum

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resultado conduzam senão a dissabores, por que dedicar a vida a tão inúteis disputas e minúcias?

Necessária a Educação Divina

. . . a educação é de três espécies: material, humana e espiritual.

A educação material trata do progresso e desenvol­vimento do corpo, pela obtenção de seu sustento, seu con­forto e bem-estar materiais. Esta educação é comum ao homem e ao animal.

A educação humana significa civilização e progres­so. . . governo, administração, obras de caridade, profis­sões, artes e ofícios, ciências, grandes invenções e desco­bertas de leis físicas — ou sejam as atividades essenciais ao homem como um ser distinto do animal.

A educação divina é a do Reino de Deus: consiste na aquisição das perfeições divinas. É esta a educação ver­dadeira. . . É a meta suprema do mundo humano. (RAP)

O homem está no auge da materialidade e no co­meço da espiritualidade. . . Êle tem o lado animal bem como o angélico; e o propósito do educador é treinar a alma humana de tal modo que seu aspecto angélico possa vencer o animal.. . Em nenhuma outra espécie no mundo há tal diferença, contraste, contradição e oposição como no gênero humano. . . Se êle entrar na sombra do Ver­dadeiro Educador e fôr devidamente ensinado, tornar-se-á a essência das essências. . . (RAP)

. . .os santos Manifestantes de Deus, os Profetas di­vinos, são os primeiros instrutores da espécie humana. São os educadores universais, e os princípios básicos por eles estabelecidos são os fatores, as causas, do adianta­mento das nações. (FWU)

A Capacidade Humana para o Conhecimento

O homem é o supremo talismã. A jalta da devida educação, porém, privou-o daquilo que êle inerentemente possui. Por uma palavra oriunda dos lábios de Deus, foi êle chamado à existência; por mais uma palavra, foi guiado a reconhecer a Fonte de sua educação; por ainda outra palavra, sua condição e seu destino foram salva-

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guardados. . . Considerai o homem uma mina rica em jóias de inestimável valor. Somente a educação pode fa­zê-la revelar seus tesouros e capacitar a humanidade para receber estes benefícios.

Deus concedeu ao homem os olhos da investigação com os quais êle pudesse ver e reconhecer a verdade. Dotou-o de ouvidos para que pudesse ouvir a mensagem da realidade, e lhe conferiu o dom do raciocínio, por meio do qual pudesse descobrir as coisas por si próprio. Assim, pois, foi êle dotado e aparelhado para a investigação da realidade. O homem não foi destinado a ver com os olhos de outrem, nem ouvir pelos ouvidos dos outros, nem com­preender com o cérebro de outra pessoa. Cada criatura humana tem sua doação individual, seu poder e suas res­ponsabilidades individuais no plano criativo de Deus. É dever de cada um investigar a realidade; a investigação da realidade por outrem não nos servirá. (FWU)

Todas as bênçãos áão divinas em sua origem, mas nenhuma pode ser comparada a este poder da investi­gação, das pesquisas intelectuais, o qual é uma dádiva eterna e produz frutos de infindável deleite... Deveis, pois, envidar os mais sinceros esforços para a aquisição das ciências e letras. Quanto mais adquirirdes, mais alto será vosso padrão no desígnio divino. O homem de ciên­cia tem discernimento, é dotado de visão, enquanto aquele sem instrução, que descuidou deste desenvolvimento, é cego. A mente que investiga, está atenta, viva; a mente apática é surda, é morta. O homem de ciência é um ver­dadeiro índice e representante da humanidade, pois atra­vés dos processos da indução e da pesquisa, êle se informa de tudo o que se refere à humanidade — seu estado, suas condições e eventualidades. Estuda o corpo político do homem, entende seus problemos sociais e tece a estru­tura da civilização. De fato, a ciência pode ser compa­rada a um espelho no qual se refletem as infinitas fôrmas e imagens das coisas existentes... Buscai conhecimentos, pois, com diligência, e esforçai-vos por atingir tudo o que possa ser abrangido por meio desta maravilhosa dádiva...

Evidentemente, se bem que a educação melhore a moral da humanidade, confira as vantagens da civilização

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e eleve o homem dos graus mais baixos para o da subli-midade, h á . . . uma diferença na capacidade inerente ou natal dos indivíduos.. . Embora as capacidades não sejam iguais, todo membro da raça humana tem, entretanto, alguma capacidade para a educação. (FWU)

ENSINANDO A CAUSA DE DEUS

Preparação para o Ensino

Os jovens na Fé devem estudar profunda e refletida-mente seus ensinamentos a fim de poderem transmiti-los de tal modo que a todos convençam de que os seus pro­blemas têm remédio. Devem compreender a Administra­ção para que possam, sábia e eficientemente, administrar os sempre crescentes assuntos da Causa; e devem exem­plificar o modo bahá'í de viver. Tudo isso não é fácil — mas o Guardião sempre se alenta ao ver o espirito que anima os jovens bahá'ís como você. Êle nutre altas espe­ranças das realizações de sua geração. ( B . W . XII)

Quer sejam na qualidade de organizadores, ou como trabalhadores incumbidos da execução da própria tarefa, aqueles que participam em tal campanha devem, como preliminar essencial ao desempenho de seus deveres, fa­miliarizar-se completamente com os vários aspectos da história e dos ensinamentos de sua Fé. Em seus esforços por atingir tal objetivo, devem estudar por si próprios, conscienciosamente e com a máxima assiduidade, a lite­ratura de sua Fé, penetrar em seus ensinamentos, assimi­lar suas leis e seus princípios, ponderar suas admoesta-ções, doutrinas e propósitos, decorar algumas de suas exortações e orações, assenhorear-se da essência de sua administração, e acompanhar seu desenvolvimento e seus acontecimentos mais recentes.

Pontos que a Juventude Deve Frisar

Primeiro é o fato sumamente importante de que, nesta era, através das potencialidades libertadas pela Re velação de Bahá'u'lláh, a humanidade está entrando na etapa mais elevada e mais significativa de seu desenvol-

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vimento, isto é, na maturidade, e que os bahá'ís, portanto, vêem as convulsões que hoje agitam a sociedade, em todos os setores da atividade humana, como sinais e evidências deste novo crescimento. Os distúrbios sociais que hoje testemunhamos — a confusão moral, as transformações econômicas e políticas, as mais rápidas e catastróficas já vistas pela humanidade — tudo isso assinala as dores do nascimento da Nova Ordem revelada por Deus para esta era.

Em segundo lugar, depois deste ensinamento sobre a madureza da humanidade — e seu corolário — está o princípio da unidade do gênero humano, o qual, disse 'Abdu'1-Bahá repetidamente, constitui o distintivo da Revelação Bahá'í. As implicações deste princípio da uni­dade do gênero humano são muitas e de vasto alcance, e são estes, segundo o Guardião, que nossos jovens bahá*ís devem frisar em suas palestras e em suas atividades, assim provando, pelos seus atos tanto como pelas suas palavras, sua fiel e plena adesão a este princípio fundamental da Fé.

Acima de tudo, eles devem envidar seus esforços em livrar-se de todos os seus preconceitos ancestrais, quer sejam de raça, credo ou classe, e assim, pelo exemplo de suas vidas, atrair numerosos simpatizantes à Causa. Num tempo em que o preconceito racial está se espalhando e tornando-se tão intenso, devem empenhar-se constante­mente para se associarem aos membros de todas as raças, e assim demonstrarem ao mundo a vacuidade, ainda mais a estupidez, das doutrinas e filosofias raciais que cada vez mais envenenam as mentes de indivíduos, classes e nações no mundo inteiro.

Este é o alto padrão de pensamento e de conduta que o Guardião deseja ver mantido, estrita e fielmente, pela juventude bahá'í. Que eles, cada um e todos, se le­vantem e vivam de acordo com seus elevados e nobres ideais! (Shoghi Effendi — Bahaí Youth, An Interna­tional Bulletin, fevereiro de 1939)

Como o Mestre Ensinava

. . . Levantemo-nos na promoção de Sua Causa, com integridade, convicção, compreensão e vigor. Seja isto o

U

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dever mais urgente e de suma importância para todo bahá'í. Façamos disto a paixão dominante de nossa vida. Espalhemo-nos até os mais remotos cantos da terra; sa­crifiquemos nossos próprios interesses, confortos, gostos e prazeres pessoais; associemo-nos aos vários povos e raças do mundo, familiarizando-nos com seus modos, suas tradições, seus pensamentos e costumes; despertemos, es­timulemos e mantenhamos interesse universal na Fé, ao mesmo tempo nos esforçando, por todos os meios ao nosso alcance, com uma atenção coordenada e persistente, para alistarmos a lealdade incondicional e o apoio ativo dos mais promissores e receptivos dentre nossos ouvintes. Tenhamos em mente o exemplo que nosso amado Mestre pôs claramente diante de nós. Com sabedoria e tato no início, alerta e atencioso nos primeiros contatos, mos­trando largueza e liberalidade em todos os seus discursos públicos, cauteloso, desdobrando gradativamente as ver­dades essenciais da Causa, apaixonado em Seu apelo porém sóbrio em argumento, confiante em tom, inaba­lável em Sua convicção, de infalível dignidade — tais foram as características que distinguiam a nobre apre­sentação da Causa de BaháVlláh por nosso amado Mestre. ( B . A . )

Exemplo da Juventude Bahá'í

. . . Os jovens bahá'ís de cada cidade devem dar grande importância à manutenção de contato com clubes e várias atividades locais da juventude, e devem tornar conhecidos os seus pontos de vista, ao maior número de jovens e de todas as maneiras possíveis. Sobretudo, de­vem dar-lhes um bom exemplo; castidade, gentileza, ama-bilidade, hospitalidade, radiante otimismo acerca da fu­tura felicidade e bem-estar do gênero humano, devem dis­tingui-los e conquistar o amor e a admiração dos jovens colegas. A falta mais notável na vida moderna é a de um elevado padrão de conduta e bom caráter; os jovens bahá'ís devem demonstrar ambos, se esperam ganhar se­riamente para a Fé membros de sua geração tão penosa­mente desiludidos e tão contaminados pela licenciosidade proveniente da guerra. ( B . N . 188)

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Pioneiros no Estrangeiro

Aqueles que abandonaram seu país a fim de ensinar Nossa Causa — a estes o Espírito Fiel fortalecerá com seu poder... Tal serviço é, em verdade, o príncipe de todos os feitos bons, o ornamento de toda boa ação. (GL)

Sinío que deve ser dirigida uma palavra, especial­mente, à Juventude Bahá'í da América, pois observo as possibilidades que uma campanha de tão gigantescas pro­porções oferece ao espírito ardente e empreendedor que os anima tão poderosamente no serviço à Causa de Ba-há'u'lláh. Embora inexperientes e enfrentados com escas­sez de recursos, seu espírito intrépido, entretanto, e o vigor, a vigilância, o otimismo que eles até agora têm mostrado tão consistentemente, qualificam-nos para de­sempenharem um papel ativo em despertar o interesse de seus jovens colegas naqueles países e em conseguir sua leal­dade. Para os povos de ambos os continentes, não pode haver maior demonstração da vitalidade juvenil e do poder vibrante que animam a vida e as instituições da Fé nas­cente instituída por Bahá'u'lláh, do que esta: a partici­pação inteligente, persistente e efetiva da juventude bahá'í — oriunda de todas as raças, nacionalidades e classes — nas atividades bahá'ís, tanto no setor do ensino como no da administração. Tal participação há de impressionar os críticos e inimigos da Fé enquanto observam, com graus variáveis de ceticismo e ressentimento, os processos evo-lucionários da Causa de Deus e suas instituições, e será o melhor modo de convencê-los da verdade indubitável de que esta Causa está intensamente viva, está sã até o pró­prio âmago, e que seu destino está salvaguardado. Espero — e mais, rezo — que essa participação possa não só contribuir para a glória, o poder e o prestígio da Fé, mas também reagir tão poderosamente na vida espiritual dos membros jovens da Comunidade Bahá'í, e a tal ponto galvanizar suas energias, que lhes dê o poder de demons­trar mais completamente suas capacidades inerentes e des­dobrar mais uma etapa em sua evolução espiritual à sombra da Fé instituída por BaháVlláh. (ADJ)

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CONSTRUINDO UM MUNDO NôVO

Um Mundo em Transição

Ao contemplarmos o mundo ao nosso redor, somos forçados a observar as múltiplas evidências daquela fer­mentação universal que em cada continente do globo e em cada departamento da vida humana, quer seja o reli­gioso, o social, o econômico ou o político, está purgando e reformando a humanidade em antecipação ao dia em que o gênero humano venha a ser reconhecido como um todo, e estabelecida sua unidade. Um processo duplo pode ser distinguido, porém, sendo que cada parte, de seu próprio modo, e aceleradamente, tende a levar a um climax as forças que transformam a face de nosso planeta. A primeira parte é essencialmente um processo integrante, enquanto a segunda é fundamentalmente destruidora... O processo construtivo está associado à Fé nascente tra­zida por BaháVlláh e é o arauto da Nova Ordem Mun­dial que esta Fé, dentro em breve, há de estabelecer. As forças destrutivas que caracterizam a outra parte do pro­cesso devem ser identificadas com uma civilização que recusou corresponder às expectativas de uma nova era e, conseqüentemente, está caindo em caos e declínio. (WOB)

Uma Nova Raça de Homens

A Fé que BaháVlláh instituiu tem assimilado, em virtude de suas energias criativas que orientam e enobre­cem, as várias raças, nacionalidades, credos e classes que procuraram abrigar-se à sua sombra e hipotecaram ina­balável fidelidade à sua causa. Esta Fé tem transformado os corações de seus aderentes, desarraigando-lhes os pre­conceitos e acalmando as paixões; tem exaltado seus con­ceitos, enobrecido seus motivos, coordenado seus esforços e mudado sua perspectiva. Enquanto lhes preservava o patriotismo e salvaguardava as lealdades menores, tor­nou-os amantes da humanidade e os resolutos sustentáculos de seus melhores e mais verdadeiros interesses. Enquanto mantinha intacta sua crença na origem divina de suas respectivas religiões, esta Fé capacitou-os para percebe-

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rem o propósito fundamental dessas religiões, descobri­rem seus méritos, reconhecerem sua seqüência, sua inter­dependência, sua inteireza e unidade, e verificarem o elo que as liga vitalmente a ela mesma. Este amor universal, transcendente, que os adeptos da Fé Bahá'í sentem por seus semelhantes de qualquer raça, credo, classe ou nação, não é misterioso, nem se pode dizer que haja sido esti­mulado artificialmente. É tão espontâneo como genuino. Aqueles cujos corações são aquecidos pela influência vi-talizadora do amor criativo de Deus estimam Suas cria­turas por Sua causa e reconhecem em cada face humana um sinal de Sua refletida glória. (WOB)

Unidade Mundial — A Meta

A longa época da infância, pela qual a raça humana teve que passar, já se afastou. A humanidade está expe­rimentando agora as comoções que se associam, invaria­velmente, à etapa mais turbulenta em sua evolução, a da adolescência, quando a impetuosidade da juventude e sua veemência chegam ao climax e devem ser substituídas, pouco a pouco, pela calma, pela sabedoria e pela madu-reza que caracterizam a etapa adulta. Então a raça hu­mana atingirá sua plena estatura, a qual a capacitará para adquirir todos os podêres e faculdades dos quais seu de­senvolvimento final há de depender.

A unificação da humanidade inteira é o distintivo da etapa da qual a sociedade humana atualmente se aproxima. A unidade de família, a de tribo, a de cidade-estado e a de nação foram sucessivamente experimentadas e comple­tamente estabelecidas. A unificação do mundo é a meta à qual a humanidade em sua aflição dirige os seus esforços.

Quem duvidará de que tal consumação — o amadu­recimento da raça humana — terá, por sua vez, de assi­nalar a inauguração de uma civilização mundial como olhos mortais jamais viram, nem mente humana concebeu? Quem poderá imaginar o elevado padrão que tal civili­zação, ao se desenvolver, é destinada a atingir? Quem poderá medir as alturas às quais a inteligência humana, liberta de seus grilhões, há de voar, ou imaginar os do­mínios que o espírito humano, vitalizado pela luz irra-

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diante de Bahá'u'lláh, brilhando na plenitude de sua gló­ria, há de descobrir? (WOB)

Oportunidade para a Juventude

O papel que cabe à juventude é muito grande; sua é a oportunidade de resolver exemplificar, realmente, por palavra e ação, os ensinamentos de Bahá'u'lláh, e mos­trar à sua geração que a Nova Ordem Mundial instituída por Êle é uma realidade tangível nas vidas dos que O seguem. (B.N. 190)

Os jovens de hoje devem demonstrar maior maturi­dade do que qualquer geração anterior, pois deles será exigido que passem pela crise mais grave, talvez, na his­tória do mundo, e deverão enfrentar seu destino com fé, constância, confiança e estabilidade. (B.W. XII )

As atividades, as esperanças e os ideais da juven­tude bahá'í na América, como em todas as outras partes do mundo, acolho carinhosamente em meu coração. Sua é a responsabilidade suprema e desafiadora, a de promo­ver os interesses da Causa de Deus nos dias vindouros, coordenar suas atividades mundiais, ampliar seu âmbito, salvaguardar sua integridade, enaltecer sua virtude e tra­duzir seus ideais e objetivos em realizações memoráveis e imperecedouras. É uma tarefa imensa, a um tempo santa, estupenda e cativante. Que o espírito de Bahá'ú'lláh os proteja, inspire e sustente na prossecução de sua ta­refa determinada por Deus.

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APÊNDICE

CARTAS DE RÚHÍYYIH KHÁNUM À JUVENTUDE

A Distinção de Ser Bahá'í

São tremendos estes dias em que estamos vivendo. Hoje se exige do jovem bahá'í que enfrente um desafio dirigido especialmente a êle. Avançar, irradiante, ardendo de zelo e devoção, pronto para difundir em toda parte os princípios da Causa, não basta. . . Não importa por qual caminho nos tenhamos aproximado da Fé Bahá'í, quer por nós mesmos, após árdua busca, ou nascidos e criados em lares bahá'ís. Devemos compreender a importância de nos determos para fazer uma avaliação de nós mesmos.

Lembram-se das palavras de Shoghi Effendi, Guar­dião da Fé Bahá'í? "Nosso o dever", disse êle, "por sombria que seja a perspectiva, e por mais circunscritos os recursos a nosso dispor, labutarmos serenamente, con­fiantes, prestando nosso quinhão de assistência, ininter­ruptamente, de qualquer modo que as circunstâncias nos permitam, à operação das forças que, dispostas e dirigidas por Bahá'u'lláh, estão conduzindo a humanidade para fora do vale da vergonha até os mais sublimes pináculos do poder e glória".

Podemos imaginar a relação dos bahá'ís com o resto do mundo como a de um novo continente surgindo do mar. Os seres humanos nesta nova terra possuem caracte­rísticas, costumes e sistemas inteiramente diferentes dos daqueles que habitam os cinco continentes de nossa terra. Estas pessoas vivem num mundo verdadeiramente novo. Quando visitam as velhas nações, espantam-se diante do

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obsoletismo dos pensamentos e métodos, da falta de efi­ciência espiritual e do desperdício de tempo com aquilo que é destruidor em vez de algo construtivo.

Em outras palavras, nós como bahá'ís nos sentimos partes integrantes de alguma coisa que os povos do mundo não possuem ainda. É nossa função sermos consciente­mente diferentes daqueles que nos rodeiam. De outro modo, por que nos dizermos bahá'ís? Por que não sermos apenas mais um membro de uma escola de pensamento progressivo, procurando exercer uma influência altruís-tica sobre nossos concidadãos?

Cidadania do Reino

Nossos pensamentos e atos deveriam distinguir-nos de nossos semelhantes de tal modo que não só prendes­sem sua atenção mas também nos fizessem afigurar como outra espécie, tanto que os outros sentissem emanar de nós a realidade viva, vibrante, de um estado de consciên­cia e um caráter muito remoto de qualquer coisa que eles já tenham conhecido. Pareceríamos haver vindo de um mundo infinitamente diferente e melhor do que o deles — um mundo a ser desejado, um mundo pelo qual convém lutar, acima de tudo mais.

Falar sobre a atitude verdadeiramente bahá'í é muito fácil, mas viver de acordo é, de fato, outra coisa. Guerra, ódio e recriminação inundam os éteres do mundo. Mil vozes em contenda levantam-se numa vasta babel de dis­córdia e vilificação. Cada nação convoca seus súditos para substanciarem plenamente suas doutrinas, as quais são puramente de interesse próprio. A confusão e perple­xidade dos seres humanos aumentam cada hora. Desta peleja sombria — contenda racial, social e política — os bahá'ís são obrigados a manter-se afastados. Devem guar­dar-se do perigo de serem levados por essas correntes ameaçadoras e de serem contaminados, nem que seja no mínimo grau, pelos venenos que estão viciando a vida de todos os homens. Isto reqrer força hercúlea, pois em toda parte do globo hoje a plena influência da publici­dade, propaganda e agitação está sendo exercida por cada

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nação para moldar e controlar os pensamentos de seu povo.

Este afastamento não afeta a boa cidadania dos bahá'ís e nossa prontidão para servir nossa pátria em qualquer capacidade que o governo possa requerer. Nossa é uma obrigação moral, espiritual. A mente e a alma de um bahá'í estão dedicadas ao serviço de seu semelhante por meio da Fé de BaháVlláh. Confiantes e serenos, de­vemos prosseguir em nosso caminho. Uma das maiores bênçãos possuídas pelos bahá'ís é que, nestes tempos de holocausto, nenhuma dúvida temos quanto ao caminho espiritual...

Custódios do Futuro

Somos a geração da transição. Nós nos achamos na brecha entre o velho e o novo. Somos aqueles obrigados a testemunhar um grau de caos e sofrimento em nossa vida como jamais afligiu os filhos dos homens, e sobre os quais todos os Livros Sagrados nos preveniram. Em nossas mãos, num tempo como este, foi entregue o plano de Deus. Cada portador do nome de bahá'í está sob a sa­grada e inescapável obrigação de servir à Sua Fé e seus princípios com firmeza absoluta, não se perturbando, nem cedendo à tentação de se desviar do caminho da Causa,, e nunca maculando ou contaminando, por palavra ou ação, as belas vestes da Fé instituída por BaháVlláh. Já nos dedicamos ao serviço de todos os homens; já assumimos a tarefa de erigir uma Ordem Mundial nova, saneadora, divina. Devemos ter sempre em mente o que isto exige de nós, tanto em ações como em palavras, e perceber o inestimável valor, nestes dias, de cada palavra e ação nossa quando oferecida no serviço desta santa Causa.

Nossa atenção deve ser dirigida sempre, não às ações e opiniões de nossos semelhantes confusos e apaixonados, mas sim, às doutrinas e instituições de nossa Fé, claras, práticas e vitalizadoras que são. Nosso senso de solida­riedade como o povo de Deus nesta era, os custódios do futuro bem-estar de todos os homens, deve ser uma rea­lidade ardente, sempre em nossa consciência.

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Objetivo da Vida

Noutro dia alguém perguntou a Shoghi Effendi: "Qual o objetivo da vida para um bahá'í?" Enquanto o Guardião me repetia sua resposta (pois eu não estivera presente na ocasião), ou melhor, antes que êle me dissesse, eu me perguntava que resposta êle teria dado. Teria dito que para nós o objetivo da vida é conhecer a Deus, ou aperfeiçoar o nosso caráter? Nem imaginava eu, real­mente, a resposta que dera: o objetivo da vida para um bahá'í é promover a unidade do gênero humano. A inteira finalidade de nossa vida é ligada à vida de todos os seres humanos; não é uma salvação pessoal que buscamos, mas sim, uma universal. Não temos que volver os olhos para dentro de nós e dizer: "Agora trabalhem para salvar suas almas e lhes reservar um lugar confortável no mundo vindouro!" Não, incumbe-nos trabalhar para que o céu venha a este planeta. É um conceito muito grande. O Guardião explicou em seguida que nosso objetivo é pro­duzir uma civilização mundial que possa por sua vez reagir sobre o caráter do indivíduo. É, de um modo, o inverso do cristianismo, que começou com a unidade indi­vidual e, através desta, atingiu a vida. conglomerada dos homens.

Não quer isso dizer que devamos deixar de podar nossas personalidades e eliminar as ervas daninhas que são nossos defeitos e fraquezas. Quer dizer, sim, que te­mos que deixar irradiar sobre os outros muito daquilo que sabemos ser a verdade, graças a nosso estudo dos ensinamentos de Bahá'ú'lláh. Significa, também, pare­ce-me, que nossa Ordem Administrativa, nossas Assem­bléias Espirituais, Comitês, Festas de Dezenove Dias e Convenções, nos oferecem um campo de experiência bem à mão e muito desafiador. . . Cada coisa que concebemos como sendo bahá'i — amor, justiça, ausência de precon­ceitos, eqüidade, liberalidade, compreensão, etc. — deve, em forma vivente, incorporar-se em nossa maneira de tratar de nossos assuntos como um grupo. Quando tiver­mos unidade em nossa Assembléia, tê-la-emos, provavel­mente, ou poderemos produzi-la, em nossa Comunidade. E quando tivermos conseguido isso, multidões começarão

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a entrar na Causa. Por que não? Que é que o mundo busca senão justamente isto — algo que, na verdade, capacite os homens para trabalharem e viverem em har­monia, unidos ?. . .

O Segredo do Auto-Domínio

Acredita-se que 'Abdu'1-Bahá afirmou que o segredo do auto-domínio está em se esquecer de si próprio. Se há alguma coisa errada na maneira da qual nossa adminis­tração funciona, é.que simplesmente não nos esquecemos de nós mesmos. Nosso pequeno ego — ou grande, con­forme seja — entra juntinho conosco em nossa Assem­bléia ou outra reunião, e lá ficamos nós sentados com o nosso complexo de superioridade, ou de inferioridade, ou com nossa saúde normal, aguardando a oportunidade de imporrnos as nossas opiniões ou de nos aborrecermos 'por causa de uma ofensa imaginária, ou de apenas, incons­cientemente, monopolizarmos o tempo, ou estando can­sados demais para nos esforçarmos em contribuir com nosso legítimo quinhão. Deveriam permitir que eu dis­sesse isto, em toda humildade e com profunda compre­ensão para com todos os meus irmãos bahá'ís, porque servi em muitos comitês e, uma vez, numa Assembléia, e fico horrorizada, enquanto, por outro lado, me divirto ao lembrar-me de certas atitudes e tolices minhas no pas­sado. Posso recordar o quanto meu próprio ponto de vista me era importante, o quanto me ofendia ou afligia se não era ao menos ponderado com grande consideração, e como acreditava, às vezes, que eu, somente, era bahá'i firme dentre aqueles presentes, que iam arruinar a Causa por uma decisão de maioria com a qual eu não concor­dava! Temos de ter paciência não só com os outros mas também conosco mesmos, e, além disso, devemos fazer um esforço — e um esforço muito maior — para sermos bahá'ís onde é da máxima importância, em nossa vida bahá'í em comum.

Nada neste mundo é mais fácil, realmente, do que dizermos aos outros o que devem fazer; o aperto começa

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quando tentamos dizer a nós mesmos o que devemos fazer, e fazê-lo. Até nós bahá'ís sofremos desta mais comum das fraquezas humanas. Estamos propensos a fixar nossa atenção nas falhas de nossos co-membros da Fé e pensar que, se ele (ou ela) não fosse tão grande empecilho, tudo correria melhor em nosso grupo, ou assembléia, ou comunidade. É provável que nossa crítica tenha alguma justificação, naturalmente, mas a crítica pouco ajuda a situação; pelo contrário, é mais provável que desvie nossa atenção contmuamente das tarefas mais importantes. Ao mesmo tempo algum preconceito ou falta nossa é, sem dúvida, uma provação e um empecilho para os outros tanto quanto os seus nos são. O melhor modo de dominar nossas fraquezas, parece-me. é duplo: devemos esforçar-nos em nosso próprio aperfeiçoamento porque se nós nos melho­rarmos a soma total da comunidade, logicamente, melho­rará também, e na mesma proporção; e devemos con­centrar nossas energias em trabalhar, realmente, de acordo com a administração, que é uma coisa vivente, dinâmica e não um código de "Faça" e "Não faça".

Os bahá'ís, animados como são pelo fogo de uma viva convicção religiosa, seguem, em sua maior parte, conscienciosamçnte, as leis e os princípios de sua Fé. Orgulham-se de seus ensinamentos, amam-nos realmente e com toda sinceridade, procuram viver de acordo com eles. Os sacrifícios que fazem (pois aos olhos dos sofis­ticados e mundanos parecem ser verdadeiros sacrifícios) tais como a abstenção de bebidas alcóolicas, numa época em que o hábito de beber é o mais generalizado costume social; castidade e nobreza de vida, numa sociedade que em sua maior parte acredita ser desnecessária e prejudi­cial à saúde qualquer restrição em sua vida sensual; a aceitação da censura e até do ostracismo em preferência à renúncia de sua convicção de que todos, de qualquer côr ou classe, devem ser tratados com absoluta igualdade e ter o direito de se associarem aos demais, livre e cari­nhosamente — tudo isso eles aceitam alegremente como meio de demonstrar a realidade de sua Fé,

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A Ordem Administrativa — Uma Prova de Maturidade

Tendemos a pôr de lado leis espirituais quando tra­tamos de problemas administrativos. Se refletirmos, per­ceberemos que isto é a exata antítese do inteiro conceito de governo bahá'í. BaháVlláh, "o Pai", veio estabelecer o Reino do Céu na terra. Se em realidade acreditamos isso (o que é o fato, naturalmente), então devemos ana­lisá-lo. Implica num mundo dirigido por lei, mas lei espi­ritual. Implica em ordem, disciplina, organização, mas estas devem ser baseadas nos princípios dados pelo infa­lível Profeta de Deus, e não construídas pelas mentes mesquinhas e egoístas dos homens. Conseqüentemente o lugar onde se deve ser o bahá'í mais ativo, vivendo de acordo com seus ensinamentos até o máximo de sua capa­cidade, é qualquer reunião que represente a Ordem Administrativa...

Pensamos demais em nossas próprias capacidades e habilidades, e muito pouco no que é feito pelo poder de Deus através de qualquer alma pequena — até a mais insignificante — que se dirija àquele poder. O maior exemplo que já vi, da habilidade de uma só pessoa quando se liga ao poder de Deus, foi Martha Root. Não que ela fosse insignificante; ao contrário, era uma mulher bas­tante talentosa e inteligente. Suas realizações, porém, eram infinitamente além de suas próprias capacidades. E ela sabia isso. Também compreendia claramente o pro­cesso em operação. Ela dizia: "É Bahá'ú'lláh quem o faz". Era modesta demais para se expressar de um modo mais explícito e dizer: "Eu deixo BaháVlláh fazê-lo".

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Cântico Mundial

Tu, terra tornada mundo!

Estrela ardendo nas veredas do Céu,

Vê teus filhos homens em plena maturidade,

Do botão da promessa dando fruto;

De beleza enriquecendo teu barro, maravilhando os demais planetas —

"Será sol, que, antes, de estrela não passava?"

— Florence Mayberry: "Man in his Injinite Scope", Bahá'í World,

Vol. XII

NOTAS SOBRE AS REFERÊNCIAS

Todas as citações dos Escritos de Bahá'u'lláh estão em itálicos. Todos os excertos de Bahá'í World Faith, The Secret of Divine Civilization, Respostas a Algumas Pergun­tas, Foundatians of World Unity and Wül and Testament são de 'Abdu'1-Bahá. Todas as outras citações usadas, de Advent of Divine Justice, Presença de Deus, Bahá'í World XII, Bahá'í Administration, The World Order of Bahá'u'lláh, Bahá'í News e Bahá'í Community, são de Shoghi Effendi.

ABREVIAçõES USADAS

ADJ The Advent of Divine Justice BA Bahá'í Administration BC Bahá'í Community BN Bahá'í News BWF Bahá'í World Faith BWXII BaháH World XII FWU Foundation of World Unity GL Gleanings from the Writings of Bahá'u'Uáh PD Presença de Deus RAP Repostas a Algumas Perguntas SDC The Seeret Of Divine Civilization WOB The World Order of Bahá'u'lláh

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"Aqueles que abandonaram seu país a fim de ensinar Nossa Causa — a estes o Espírito Fiel for­talecerá com Seu poder... Tal serviço é, em ver­dade, o príncipe de todos os feitos bons, o orna­mento de toda boa ação.