Um modelo estratégico para Análise de Crédito utilizando redes neurais artificiais

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA - UFU

    FACULDADE DE ENGENHARIA ELTRICA FEELT

    MESTRADO EM ENGENHARIA ELTRICA

    UM MODELO ESTRATGICO PARA A ANLISE DE CRDITO

    UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

    IRIS ROSANE NETTO PIRES

    UBERLNDIA MG

  • ii

    IRIS ROSANE NETTO PIRES

    UM MODELO ESTRATGICO PARA A ANLISE DE CRDITO

    UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

    Dissertao apresentada Faculdade de Engenharia Eltrica FEELT da Universidade Federal de Uberlndia, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mestre em Cincias. rea de Concentrao: Processamento da Informao. Linha de Pesquisa: Inteligncia Artificial. Orientador: Professor Dr. Keiji Yamanaka.

    UBERLNDIA - MG

    AGOSTO 2008

  • iii

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    P667m

    Pires, ris Rosane Netto, 1958- Um modelo estratgico para a anlise de crdito utilizando redes neurais artificiais / ris Rosane Netto Pires. - 2008. 109 f. : il.

    Orientador: Keiji Yamanaka. Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Uberlndia, Pro- grama de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica. Inclui bibliografia.

    1. Administrao de crdito - Teses. 2. Redes neurais (Computao) - Teses. I. Yamanaka, Keiji. II. Universidade Federal de Uberlndia. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica. III. Ttulo.

    CDU:

    658.88

    Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogao e Classificao

  • iv

    IRIS ROSANE NETTO PIRES

    Um modelo estratgico para a anlise de crdito

    utilizando redes neurais artificiais

    Dissertao apresentada Faculdade de Engenharia Eltrica FEELT da Universidade Federal de Uberlndia, perante a banca de examinadores abaixo, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mestre em Cincias. rea de Concentrao: Processamento da Informao. Linha de Pesquisa: Inteligncia Artificial. Orientador: Professor Dr. Keiji Yamanaka.

    Uberlndia, 04 de Agosto de 2008.

    Banca Examinadora:

    ______________________________________________________________________

    PROFESSOR DR. KEIJI YAMANAKA ORIENTADOR FEELT (UFU)

    ______________________________________________________________________

    PROFESSOR DR. LUCIANO VIEIRA LIMA FEELT (UFU)

    ______________________________________________________________________

    PROFESSOR DR. ALEXSANDRO DOS SANTOS SOARES - UFG

  • v

    Ensina-nos Senhor, a contar os

    nossos dias, de tal maneira que

    alcancemos coraes sbios.

    (SALMOS 90:12)

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por tudo que a mim tem feito. Alm de ter aberto as portas para este

    estudo, esteve comigo presente em todo o tempo, a todo o momento, me abrindo a

    mente, me dando foras em cada processo vivido, revigorando meu nimo quando este

    queria desfalecer, colocando pessoas amigas que como anjos me ajudaram quando eu

    pensava que no ia conseguir, e acima de tudo, por ter me proporcionado grandes

    vitrias, em cada etapa vivida neste curso, desde o primeiro passo, at a reta final.

    A toda minha famlia, meu irmo e cunhada, minhas irms e cunhados, minhas

    sobrinhas e sobrinhos, que entenderam o tempo de ausncia e sempre se preocuparam

    comigo, me ajudando em todos os processos que passei no perodo em que durou este

    curso, entre eles, o de enfermidade, onde no faltou um gesto de carinho, uma palavra

    de amor, uma orao, me acolhendo em seus lares para que eu pudesse me convalescer

    e restaurar o nimo, para assim, iniciar a jornada.

    Ao estimado professor e orientador Dr. Keiji Yamanaka que, como mestre,

    sempre foi dedicado e atencioso, transmitindo com sabedoria, todos os ensinamentos

    necessrios realizao deste curso e como orientador, foi um grande amigo que

    sempre esteve presente, com pacincia e com palavras de incentivo e perseverana, me

    orientando em tudo que eu precisava para desenvolver este trabalho, em cada etapa

    desta dissertao.

    querida amiga Profa. Dra. Tnia Teixeira, que me despertou para a idia de

    fazer este curso, me incentivando, orientando e ajudando desde o projeto inicial. Esteve

    comigo em todas as etapas, onde como mestre, sempre que eu precisava, estava pronta a

    me ajudar, com bons e sbios conselhos e ensinamentos profissionais, num perodo em

    que tive oportunidade de aprender e conhecer grandes coisas. Como grande amiga,

    sempre teve uma palavra de f, de carinho e de perseverana, jamais permitindo que eu

    desanimasse em qualquer tempo.

    Ao querido amigo Marcos, que desde o incio acreditou nesta vitria, e por

    inmeras vezes, quando as foras se esvaam, estava ao meu lado, e com palavras

    amigas e encorajadoras me impulsionava a seguir adiante, a no desanimar, a no

  • vii

    desistir. Alm dos incentivos, jamais mediu esforos para me ajudar com os trabalhos e

    projetos que tive que desenvolver ao longo deste curso.

    querida amiga e colega Neli, que iniciou o curso comigo, quando tivemos a

    oportunidade de convivermos durante os trabalhos, as pesquisas, as aulas de reforo.

    Amiga sempre presente, que, independente dos processos que passvamos, jamais

    desanimava, lutando em todo o tempo para que eu tambm no desanimasse, me

    encorajando com conselhos sbios e exemplos de vida e juntamente com seu esposo, o

    tambm amigo, Prof.Dr. Romildo Malaquias, sempre se dispunham a me ensinar o que

    lhes era de competncia.

    Ao querido amigo e colega Joo Barbosa, que me ajudou na parte da

    programao, sempre disposto a qualquer hora e momento, a refazer, a recomear, para

    que o modelo fosse a cada dia melhorado, no faltando palavras de incentivo, fazendo

    sempre que necessrio, as crticas construtivas, para o aperfeioamento de todo o

    processo deste trabalho.

    querida amiga e companheira Jane, que me ajudou com a estruturao do

    trabalho, sempre disposta e paciente, fazendo as correes necessrias com dedicao,

    me encorajando sempre, com palavras de f, de elogio e incentivos ao desenvolvimento

    desta dissertao.

    s queridas amigas Kel e Sandrinha, sempre presentes, desde o incio

    acreditando tambm nesta vitria, e como amigas e companheiras, me encorajando

    sempre, com gestos de carinho, de f e tambm de conforto quando o nimo faltava,

    chorando comigo quando precisava e sorrindo nos bons momentos, a cada conquista e

    vitria, sempre me ajudando para que a f e a determinao jamais faltassem em meu

    corao.

    Ao caro colega de trabalho Gilberto, gerente financeiro e analista de crdito da

    empresa objeto deste trabalho, que propiciou este estudo de caso, quando autorizou a

    efetivao do trabalho dentro da empresa, inclusive me ajudado com seus incentivos e

    orientaes, baseadas em sua larga experincia na rea financeira e de crdito. Agradeo

    de corao, a todos os integrantes da empresa Alfa, sem os quais, no seria possvel a

    realizao deste estudo, meus queridos colegas de trabalho, que sempre me

    incentivaram e entenderam os perodos de ausncia e em todo o tempo, me dedicaram

    carinho e me respeitaram como profissional.

  • viii

    Ao querido amigo Roberto ngelo, que tive o grande prazer de conhecer no

    incio deste curso por meio de uma consulta profissional, e a partir da, formou-se uma

    grande amizade, onde pude contar grandemente com seus conselhos e orientaes em

    todo o perodo desta dissertao. A partir das orientaes, pela sua larga experincia nas

    reas que so base deste trabalho, me passava segurana, sempre me incentivando a

    seguir em frente, a no desanimar jamais mediante os obstculos que amos encontrando

    Agradeo de corao a pacincia, dedicao e perseverana que este bom amigo teve

    em todo o tempo, sendo um dos grandes colaboradores para as grandes vitrias que tive

    durante todo o percurso desta dissertao.

    estimada Marly, como responsvel pela coordenao da ps-graduao, foi

    sempre dedicada, e com carinho, respeito e ateno, jamais deixou faltar a orientao

    eficiente e o apoio necessrio para os procedimentos indispensveis efetivao deste

    trabalho.

    A todos os professores que tive a oportunidade e o prazer de ser aluna no

    decorrer deste curso, que com profissionalismo, dedicao e pacincia, me ensinaram e

    me orientaram em suas respectivas disciplinas, para que eu pudesse adquirir uma base

    slida e obter subsdios para melhor desenvolver este estudo. E a todos os colegas, que

    com compreenso e carinho, me ajudaram com os trabalhos e os projetos que tive que

    desenvolver.

    Finalmente, agradeo a todas as pessoas que de alguma forma me auxiliaram

    durante este curso de mestrado. Seja com alguma parcela que propiciaram a construo

    dos raciocnios para o trabalho, seja com palavras de incentivo, de carinho, com suas

    oraes, enfim, a todos que estiveram comigo nesta jornada de muitos processos e lutas,

    mas principalmente, de muito aprendizado, crescimento, alegrias e vitrias.

  • ix

    RESUMO

    O presente trabalho reflete um estudo de caso realizado em uma empresa de

    factoring, que atua na rea de fomento mercantil, destacando as negociaes

    relacionadas ao crdito financeiro com suas empresas-cliente, notadamente as micro e

    pequenas empresas. Aborda o modelo de anlise de crdito por ela utilizado,

    ressaltando-se que, aps uma reviso bibliogrfica selecionada e um estudo profundo de

    seu mtodo e processo de anlise, verificou-se alguns gaps, que conferem s suas

    negociaes, aes de concesso de crdito com riscos eminentes. Buscando dar suporte

    aos analistas da referida empresa no processo de anlise, bem como, proporcionar-lhes

    uma diretriz mais eficaz na tomada de deciso, props-se neste trabalho, um modelo

    estratgico para anlise de crdito, empregando abordagens contemporneas, com o

    objetivo de agregar valor e dar uma nova nfase ao modelo utilizado. O modelo

    proposto estruturado pelo uso de duas ferramentas conceituais: anlise subjetiva de

    crdito, aplicada de forma padronizada e conceitos de ativos intangveis para qualificar

    e quantificar os riscos na gesto do portflio; e uma ferramenta computacional,

    especificamente tcnicas de redes neurais artificiais, para processar, aprender e

    generalizar o modelo proposto, e a partir da, formar um diagnstico mais acertado para

    os futuros clientes. Assim, aps a elaborao do modelo, foram realizados vrios testes,

    cujos resultados foram considerados promissores e com um bom nvel de proficincia.

    Tanto a abordagem contempornea utilizada foi considerada proeminente, como a

    aplicao da rede neural demonstrou alta performance para tratar os dados

    multivariados a ela propostos.

    Palavras-chave: crdito, anlise de crdito, anlise subjetiva de crdito, ativos

    intangveis, redes neurais artificiais.

  • x

    ABSTRACT

    The present work reflects a case study done at a factoring company, acting in the

    area of market fomenting. This work focuses on the negotiations related to financial

    credit done with its client businesses, notably micro and small companies. It examines

    the credit analysis system utilized, highlighting that, after a selected bibliographical

    review and a deep study of its method and analysis process, some gaps were found

    which give its negotiations credit concession actions of high risk. With the objective of

    giving support to the analysts of the aforementioned company in the analysis process, as

    well as conferring a more efficient directive for decision making, this work proposes a

    strategic credit analysis model which uses contemporary approaches with the objective

    of aggregating value and giving new emphasis to the model used. The proposed model

    is based on the utilization of two conceptual tools: subjective credit analysis, applied in

    a standardized way and concepts of intangible assets to qualify and quantify the

    portfolio management risks; and a computational tool, artificial neural network

    techniques specifically, to process, learn and generalize the proposed model, and from

    there, form a more accurate diagnosis for future clients. Therefore, after the elaboration

    of the method, several tests were made, the results of which were considered promising

    and with a good proficiency level. Not only was the contemporary approach utilized

    considered prominent, but also the application of neural networks demonstrated high

    performance handling the multivariate data given to it.

    Key-words: credit, credit analysis, subjective credit analysis, intangible assets, artificial

    neural networks.

  • xi

    LISTA DE FIGURAS E GRFICOS

    Figura 1 Os Cs do Crdito .......................................................................................... 29

    Grfico 1 - A presena das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira ......... 35

    Figura 2 - Esquema de uma Rede Neural MLP .............................................................. 45

    Figura 3 O Modelo de anlise de crdito da empresa Alfa ......................................... 55

    Figura 4 - Modelo proposto para o processo de anlise de crdito da empresa Alfa ..... 67

    Grfico 2 Processamento da RNA: evoluo do erro por ciclos de treinamento ........ 72

    Grfico 3 Processamento da RNA: comparao entre os erros reais e os calculados . 72

  • xii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Volume das Operaes de Crdito do Sistema Financeiro Brasileiro ........... 16

    Tabela 2 - Classificao das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) ................................ 34

    Tabela 3 - Descrio da estrutura de uma RNA MLP .................................................... 46

    Tabela 4 - Processo de classificao do modelo de anlise de crdito proposto ............ 61

    Tabela 5 Amostra da base de dados para a classificao dos clientes..........................62

    Tabela 6 Legenda da amostra da base de dados...........................................................62

    Tabela 7 - Percentual de empresas no processo de classificao do modelo proposto .. 63

    Tabela 8 - Procedimentos utilizados na estruturao do modelo proposto .................... 66

    Tabela 9 - Estrutura do processo de implementao da RNA para o modelo proposto. 70

    Tabela 10 Testes do desempenho da RNA no modelo de anlise de crdito proposto 71

  • xiii

    SUMRIO

    1 INTRODUAO ...................................................................................................... 02

    1.1 Caracterizao do problema .......................................................................... 04

    1.1.1 Obstculos destacados nos fatores tcnicos ................................................ 04

    1.1.2 Obstculos destacados nas negociaes entre a factoring e as MPEs ......... 06

    1.2 Objetivo do trabalho ....................................................................................... 07

    1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 07

    1.2.2 Objetivos especficos .................................................................................. 08

    1.3 Relevncia do tema .......................................................................................... 09

    2 - REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................... 13

    2.1 O crdito .......................................................................................................... 14

    2.1.1 Um breve histrico do crdito no Brasil...................................................... 14

    2.1.2 Conceitos, atividades e desenvolvimento do crdito ................................... 15

    2.2 - A anlise de crdito ......................................................................................... 17

    2.2.1 Conceitos e objetivos ................................................................................... 17

    2.2.2 A gesto e os procedimentos da anlise de crdito ..................................... 19

    2.2.3 A avaliao dos riscos e a concesso de crdito .......................................... 21

    2.3 As tcnicas utilizadas no processo de anlise de crdito ............................. 23

    2.3.1 A anlise objetiva de crdito ....................................................................... 24

    2.3.1.1 Credit scoring ou pontuao de crdito ................................................. 25

    2.3.1.2 Rating ou classificao de risco ............................................................. 26

    2.3.1.3 Behavior scoring ou pontuao por comportamento ............................. 26

    2.3.2 A anlise subjetiva de crdito ...................................................................... 27

    2.3.3 Os Cs do crdito como fator determinante utilizado na anlise

    subjetiva ................................................................................................................... 28

    2.3.3.1 Carter .................................................................................................... 30

    2.3.3.2 Capacidade ............................................................................................. 31

    2.3.3.3 Capital .................................................................................................... 31

    2.3.3.4 Colateral ................................................................................................. 32

    2.3.3.5 Condies ............................................................................................... 32

  • xiv

    2.4 As empresas de factoring ................................................................................ 33

    2.5 As micro e pequenas empresas (MPEs) ........................................................ 34

    2.6 Abordagem dos ativos tangveis e intangveis .............................................. 38

    2.7 Inteligncia artificial ....................................................................................... 40

    2.8 Redes Neurais Artificiais (RNAs) .................................................................. 41

    2.8.1 Conceitos, caractersticas e estrutura da RNA............................................ 41

    2.8.2 A utilizao e as aplicaes das tcnicas da RNA ..................................... 46

    3 - METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................ 49

    3.1 O Estudo de caso ............................................................................................. 50

    3.2 A Empresa Alfa ............................................................................................... 51

    3.3 O modelo de anlise de crdito utilizado pela empresa Alfa ...................... 53

    3.4 O modelo de anlise de crdito proposto ...................................................... 56

    4 A IMPLEMENTAO DA REDE NEURAL ARTIFICIAL(RNA) ................ 69

    5 CONCLUSO E TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 73

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 75

    ANEXO A.......................................................................................................................79

    APNDICE A................................................................................................................82

  • 2

    Captulo 1

    Introduo

    O mundo passa por grandes e significativas transformaes. Surgem os mercados

    globais e os vrios processos de desenvolvimento so grandemente acelerados, na constante

    busca de incrementar os relacionamentos mercadolgicos. Este processo de transformao

    pelo qual passa a economia, conseqncia das megafuses, da concentrao de negcios, do

    crescimento do comrcio eletrnico, tem provocado um impacto profundo no pensamento

    organizacional.

    Neste atual mercado competitivo, se evidenciam tambm, os riscos que afetam os

    negcios de grande parte das empresas, impulsionando-as a buscarem maneiras de minimiz-

    los. Estas ento concentram seus esforos e recursos em estratgias promissoras,

    planejamentos mais estruturados e direcionados, profissionais mais qualificados e inovaes

    tecnolgicas, na tentativa de entender e participar cada vez mais, deste vertiginoso processo

    dos negcios e sua extraordinria volatilidade.

    Assim, a atividade de crdito est diretamente integrada e harmonizada dinmica do

    ciclo dos negcios, destacando-se como um mercado em grande expanso em todo mundo,

    estando intrinsecamente relacionada estrutura das organizaes. Para Santos (2003) o

    mercado de crdito tem se caracterizado pelos aumentos sucessivos de concesses de

    financiamentos s empresas, o que representa uma importante fonte de recursos,

    especificamente em situaes de descasamento de caixa e/ou de necessidades de

    investimentos para a modernizao e a manuteno da capacidade produtiva.

    Desta forma, quando se fala em crdito, pode-se pensar em uma gama multivariada de

    fatores, envolvendo pessoas e empresas, de diversos setores ou atividades, estando ele

    inserido em relacionamentos interpessoais, comerciais, financeiros, enfim, pode ser visto

    como um meio de integrao entre partes, baseando-se numa relao de confiana mtua.

    Para conceder crdito, algum acredita que outrem honrar com a palavra ou com os negcios

    acordados, traduzindo-se, portanto, em respeito, solidez e segurana, nos mais variados tipos

    de parcerias.

  • 3

    Segundo Blatt (1999), no mundo dos negcios, especificamente dos negcios

    financeiros e suas inmeras atividades, o crdito destaca-se como um mercado dinmico e em

    grande expanso. Empresas credoras buscam rentabilidade, clientes buscam oportunidades.

    Contudo, para conceder crdito, as organizaes necessitam de uma gesto eficiente

    do processo de avaliao, buscando uma melhor aferio do desempenho do tomador de

    crdito, que engloba informaes pertinentes, as mais amplas e completas, cercando-se de

    todos e quaisquer riscos que possam incorrer nas negociaes.

    Por sua vez, o tomador de crdito, deve ter sempre mo, as documentaes

    necessrias que possam refletir sua real situao, informando com transparncia, o perfil de

    seus negcios para que, a partir da, possa haver uma parceria entre as partes, resultando na

    efetivao de negcios slidos e duradouros.

    Assim, o presente trabalho reflete um estudo de caso, realizado em uma empresa de

    factoring aqui denominada de empresa Alfa, abordando suas negociaes relacionadas

    atividade de crdito, especificamente a compra de ativos financeiros, com suas empresas-

    cliente, notadamente, as micro e pequenas empresas.

    Aborda tambm sobre o modelo de avaliao de crdito utilizado pela referida

    empresa, ressaltando-se que, aps uma reviso bibliogrfica selecionada e um estudo

    profundo de seu mtodo e processo de anlise, verificou-se alguns gaps, que conferem s suas

    negociaes, aes de concesso de crdito com riscos eminentes.

    Visualizou-se, ento, a necessidade de propor um modelo estratgico para anlise de

    crdito, no intuito de proporcionar maior sustentabilidade ao processo de avaliao da referida

    empresa, empregando, a partir de uma abordagem contempornea, duas ferramentas

    conceituais: 1) a aplicao de anlise subjetiva de forma padronizada e 2) o uso de conceitos

    de ativos intangveis, destacadas como um conjunto de premissas para qualificar e quantificar

    os riscos na gesto do portflio; e uma ferramenta computacional 1) a aplicao de tcnicas de

    rede neural artificial, para processar, aprender e generalizar o modelo proposto, e a partir da,

    formar um diagnstico mais acertado para os futuros clientes. Esta ferramenta considerada

    bastante eficaz para trabalhar com a tomada de deciso nas operaes de crdito, pela sua

    capacidade de aprendizado e generalizao e habilidade de tratar com dados multivariados.

    Desta forma, o modelo proposto neste trabalho tem como foco agregar valor ao

    modelo utilizado pela empresa Alfa, no intuito de estruturar o mtodo de avaliao da

    organizao, proporcionando um suporte aos analistas de crdito no processo de anlise de

    risco e uma diretriz mais eficaz na tomada de deciso. Na realidade, o intuito deste trabalho

  • 4

    o de ampliar o escopo e aperfeioar o modelo j utilizado pela empresa, no tendo, porm, a

    inteno de interferir em sua poltica e em seus critrios de atuao.

    Assim, aps a elaborao do modelo proposto, foram realizados vrios testes, cujos

    resultados foram considerados promissores e com um bom nvel de proficincia. A

    abordagem contempornea utilizada, com os recursos da anlise subjetiva de forma

    padronizada e os conceitos dos ativos intangveis, foi considerada proeminente. Da mesma

    forma, a aplicao da rede neural artificial demonstrou alta performance para tratar os dados

    multivariados a ela propostos, indicando ter aprendido e generalizado de forma satisfatria,

    quando apresentou bons resultados de classificao e reconhecimento de padres, com relao

    as questes apresentadas.

    1.1 Caracterizao do problema

    1.1.1 Obstculos destacados nos fatores tcnicos

    Vrios so os obstculos encontrados na concesso de crdito. Freqentemente,

    resultados como inadimplncia de clientes ou m aplicao de recursos, so atribudos a

    falhas no processo das operaes. Contudo, ao conceder crdito, a exposio ao risco poder

    ser amenizada mediante a utilizao de tcnicas e ferramentas adequadas, bem como, a

    realizao de uma anlise minuciosa de todas as informaes do cliente: cadastrais,

    financeiras, patrimoniais, de idoneidade, entre outros, minimizando, assim, os obstculos,

    resultando em uma maior e melhor efetivao das negociaes. (BLATT, 1999)

    Com relao aos obstculos observados na empresa objeto deste estudo, aqui

    denominada de empresa Alfa, destaca-se que a autora deste trabalho faz parte da equipe de

    funcionrios desta, h vrios anos, estando inserida em todas as suas atividades, atuando na

    rea comercial como operadora de negcios, inclusive, integrando este cargo ao de analista de

    crdito, juntamente com o gerente financeiro e analista que coordena esta rea. Assim, a

    pesquisadora pde observar alguns gaps, provenientes da inexistncia de uma infra-estrutura

    adequada para manipular os dados e assim, prover informaes gerenciais aos analistas de

    crdito para uma tomada de deciso mais acertada, destacados como:

    A empresa Alfa no dispe de uma base de dados nica, onde possa contemplar as informaes dos clientes de forma estruturada, dinmica e atualizada, sendo estes

    dados obtidos em separado, segundo a necessidade momentnea de cada operao.

  • 5

    Outro fator verificado a no utilizao de sistemas automatizados que possam processar e tratar os dados e informaes de forma padronizada e sistmica.

    Observou-se ainda que, o processo de anlise de crdito, efetuado de maneira subjetiva, baseado na experincia e percepo dos analistas, que a cada nova anlise,

    tece um novo parecer. No existe, porm, uma normalizao, ou at mesmo um padro

    destes pareceres, podendo inclusive, ocorrer grandes variaes a cada novo critrio de

    avaliao, sendo este item, considerado um dos maiores obstculos a um bom

    desempenho do processo de avaliao da referida empresa.

    Objeto de estudo deste trabalho, onde se pde analisar e comparar a opinio de

    diversos autores como Gitman (2003), Santos (2003), Faria (2006) e Schrickel (2000), acerca

    da anlise subjetiva de crdito, que esta de suma importncia, ou at mesmo, imprescindvel

    ao bom desempenho do processo de anlise de crdito, devendo, portanto, ser efetuada de

    forma coerente e padronizada. Est relacionada a fatores como: anlise documental e

    cadastral, anlise econmico-financeira, anlise de idoneidade, anlise do negcio, enfim,

    todas as informaes importantes e pertinentes, para se conhecer melhor o cliente, seu perfil,

    sua estrutura organizacional, sua postura empresarial, etc.

    Ressalta-se que, entre outros tambm de grande relevncia, estes fatores so utilizados

    em todo o processo de anlise de crdito, acatados como essenciais para que se possa efetuar

    um bom parecer das empresas analisadas. So aceitos pelo mercado financeiro, destacados

    como a base de todo o processo de anlise de risco para a concesso ou no do crdito,

    estando integrados tambm aos fatores determinantes dos Cs do crdito, que sero

    abordados adiante neste trabalho. (SANTOS, 2003)

    Por fim, evidencia-se a inexistncia de uma gesto estratgica no processo de anlise de crdito da empresa Alfa que, como abordado por Kaplan e Norton (1997), utilizam

    recursos contemporneos, baseados no somente nos ativos tangveis que espelha

    solues de curto prazo, mas principalmente nos ativos intangveis, que resultam em

    criao de valor a longo prazo, como imagem, cultura, habilidade de gerenciamento,

    entre outros.

    importante enfatizar que, a anlise subjetiva, sendo um processo efetuado a partir da

    experincia e do conhecimento do analista de crdito, se destaca por fornecer subsdios para

    se empregar, entre outros, os recursos dos ativos intangveis, que tratam os fatores inovadores

    da empresa. Estes fatores so referenciados por Teixeira (2003) como mtodos estratgicos

    utilizados por empresas contemporneas, que resultam em vantagem competitiva, no aumento

  • 6

    de participao no mercado e em um nvel maior de produtividade, possibilitando s

    organizaes, alcanarem seus objetivos e metas.

    Assim, destaca-se que os obstculos abordados aqui se devem carncia de tcnicas

    e ferramentas adequadas, para se analisar e mensurar de forma padronizada e consistente, o

    desempenho tanto das empresas-cliente como das empresas em anlise.

    1.1.2 Obstculos destacados nas negociaes entre a factoring e

    as MPEs

    Como j abordado, os gaps que norteiam o processo de anlise de crdito utilizado

    pela empresa Alfa inibem-na de distinguir com preciso os riscos inerentes efetivao de

    seus negcios, o que a impossibilita de definir algumas diretrizes com maior segurana e

    solidez. Neste contexto, alm dos obstculos referenciados nos fatores tcnicos, destaca-se

    tambm a existncia de obstculos relacionados s negociaes de crdito com o segmento de

    mercado em que ela atua, isto , as micro e pequenas empresas (MPEs).

    Por trabalhar na rea de crdito h alguns anos, inclusive, atuando ultimamente, na

    rea comercial da empresa Alfa, cargo que ocupa a aproximadamente 12 anos, sendo

    responsvel por contactar, visitar e negociar com os possveis futuros clientes da empresa, a

    pesquisadora, alm de conhecer, teve a oportunidade de estreitar o relacionamento com as

    MPES que fazem parte da carteira de crdito desta. Na oportunidade, pde ento comprovar e

    confrontar os dados pesquisados na literatura para a efetivao deste estudo, quando destaca

    as dificuldades inerentes a estrutura organizacional deste segmento de mercado.

    Assim, sero expostos a seguir, alguns obstculos que inibem a efetivao de maiores

    e melhores negociaes com as MPEs, tendo estes, sido observados e confirmados nas visitas

    in loco, realizadas nas empresas que formam a carteira de crdito da empresa Alfa:

    Pequeno investimento na estrutura organizacional das empresas, na capacitao de funcionrios e diretoria, na definio e realizao de metas, no planejamento

    estratgico, em telemtica, entre outros;

    Baixo ndice de recursos prprios; Pouca experincia dos gestores; Gesto centralizada, etc.

  • 7

    Juntamente com estes fatores, destaca-se ainda, o baixo ndice de informaes, as

    documentaes incompletas e inadequadas, inclusive, em grande parte dos casos, a ineficcia

    ou inexistncia de balanos e/ou balancetes para comprovar a real situao econmico-

    financeira das MPEs. Enfatiza-se que estes fatores so responsveis pela estrutura das

    organizaes, e que, portanto, inibem um conhecimento mais amplo da performance destas,

    dificultando, tanto as negociaes com os clientes ativos da empresa Alfa, como as decises

    acerca de novos clientes e novas propostas de negcios.

    Estes dados podem ser melhormente confirmados, pautando-se em referncias de

    instituies como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (2003), empresas

    como o SEBRAE (2007), a SERASA (2006), quando abordam os grandes obstculos no

    acesso ao crdito para as MPEs, em virtude, principalmente, da escassez de informaes

    atualizadas sobre sua dimenso e forma de insero na economia.

    Assim, buscando ampliar o escopo destas informaes, um dos trabalhos efetuados

    neste estudo, foi a criao de um relatrio, em forma de questionrio estruturado. Este contm

    dados complementares, elaborados a partir de pesquisas e entrevistas com os gestores e

    colaboradores das MPEs, para obter um diagnstico mais completo de sua real situao, e

    assim, mensurar com maior segurana, seu desempenho organizacional.

    1.2 Objetivo do trabalho

    1.2.1 Objetivo geral

    O objetivo geral deste trabalho propor um modelo estratgico para anlise de crdito,

    para uma empresa de factoring fomento mercantil, que atua especificamente no segmento de

    micro e pequenas empresas, a partir do modelo por ela utilizado, empregando algumas

    tcnicas, a saber: 1) padronizao da anlise subjetiva j utilizada pela empresa, normalizando

    os dados e integrando-os em uma base de dados nica, 2) utilizao de tcnicas

    contemporneas de anlise, incorporando os ativos intangveis aos ativos tangveis utilizados

    no modelo tradicional, como forma de evidenciar o contexto dinmico das empresas da

    atualidade e 3) utilizao de ferramentas computacionais inteligentes, especificamente

    tcnicas de rede neural, para aprender e generalizar o modelo proposto, e a partir da, formar

    um diagnstico mais acertado para os futuros clientes.

  • 8

    Assim, o modelo proposto visa agregar valor ao modelo utilizado pela empresa de

    fomento, ampliando seu escopo, constituindo ferramentas que possam nortear a empresa, no

    planejamento e gesto de seus negcios, no intuito de proporcionar aos gestores e analistas,

    uma diretriz mais eficaz no processo de anlise de crdito e tomada de deciso.

    1.2.2 Objetivos especficos

    Para se atingir o objetivo geral traado, delineiam-se os objetivos especficos da

    pesquisa, a saber:

    Conhecer e entender qual o funcionamento da empresa de fomento, bem como de suas empresas-cliente, a partir de contatos com o ambiente e todo seu contexto;

    Identificar e compreender as dimenses essenciais relativas s negociaes de crdito com os clientes ativos e os clientes em perspectiva, bem como os obstculos

    encontrados na efetivao dessas negociaes;

    Identificar tanto as competncias como as dificuldades encontradas pelos gestores e analistas da referida empresa, para administrar todo o processo que envolve as

    negociaes a crdito;

    Identificar os elementos operacionais, as tcnicas e as ferramentas utilizadas no processo de anlise de crdito da empresa;

    Identificar a estratgia utilizada pela empresa e o desempenho de sua atividade administrativa financeira e operacional.

    Assim, esta pesquisa busca contribuir no diagnstico do processo de anlise de crdito

    da empresa de fomento mercantil, listando os gaps existentes, ao mesmo tempo em que

    pretende propor alternativas de minimizar estes obstculos, incorporando novas tcnicas para

    gerar maior capacidade de raciocnio e deciso por parte dos gestores e analistas da empresa.

    A efetivao desta abordagem a partir da elaborao de um processo estratgico,

    mais dinmico e estruturado, abordando aspectos relevantes para incorporar aos j existentes,

    com amplitude nas informaes, suportado pela realizao de um conjunto de entrevistas com

    os gestores, analistas e funcionrios da empresa de fomento e das empresas-cliente.

    Ressalta-se que este modelo prope utilizar ferramentas contemporneas como:

    tcnicas computacionais inteligentes para processar e tratar os dados de forma sistmica e

    integrada e a anlise de crdito subjetiva, sustentada pela integrao de ativos tangveis e

  • 9

    intangveis. Entretanto, para melhor analisar e mensurar as informaes destaca-se a

    utilizao mtodos para normalizar e padronizar os dados utilizados de forma subjetiva,

    porm informal, pelos analistas da referida empresa. Segundo Santos (2003), a anlise

    subjetiva no pode ser realizada de maneira aleatria, sendo necessrio que a mesma esteja

    embasada em conceitos tcnicos que iro guiar a tomada de deciso.

    Assim, este trabalho busca propor um modelo para anlise de crdito utilizando uma

    nova metodologia apoiada pelo desenvolvimento e refinamento de tcnicas e ferramentas

    estratgicas, no tendo, portanto, a inteno de interferir ou mesmo alterar a poltica e os

    princpios organizacionais da empresa em estudo. A poltica de crdito de uma empresa, alm

    de ser o prprio princpio organizacional, um fator de grande relevncia, podendo resultar

    no sucesso ou no fracasso dos negcios, pois define os parmetros com os quais a empresa ir

    trabalhar para realizar suas vendas, sem afetar os nveis de suas atividades.

    1.3 Relevncia do tema

    O cenrio em que o estudo se apresenta de uma era de grandes transformaes

    organizacionais, conseqncia da globalizao, das megafuses, e crescimento do comrcio

    eletrnico. A noo de que a economia do pas depende no somente dos grandes, mas

    tambm dos pequenos negcios, hoje largamente aceita.

    Neste cenrio, esta pesquisa destaca o crescimento vertiginoso nas linhas de crdito,

    influenciado pela crescente demanda e necessidade de suporte financeiro para que as

    empresas possam operacionalizar seus negcios e acompanhar a dinmica do mercado.

    Aborda as empresas de pequeno porte no mbito nacional, com destaque para as MPEs da

    cidade de Uberlndia-MG, que constituem a carteira de crdito da empresa Alfa, bem como

    os obstculos encontrados na operacionalizao dos negcios entre estas.

    Assim, a pesquisadora destaca que, desde que atua na rea de crdito, tendo trabalhado

    vrios anos em instituies financeiras e ultimamente, na empresa objeto deste estudo, teve a

    oportunidade de observar os entraves que existem nas negociaes entre as duas pontas:

    ofertantes e tomadores de crdito. Na oportunidade de trabalhar na rea comercial da empresa

    supracitada, dando suporte tambm no departamento de anlise de crdito, pde inclusive

    detectar com maior clareza e comprovar com evidncias, os vrios obstculos que impedem a

    efetivao de negociaes mais slidas e consistentes entre esta e seus clientes.

  • 10

    A partir da, a pesquisadora percebeu a importncia de se aprofundar na rea, passando

    a estudar este tema com maior interesse principalmente quando, pelas pesquisas efetuadas,

    pde comprovar que estes obstculos permeiam no somente a empresa Alfa, como, uma

    problemtica de mbito nacional.

    Abordagens citadas frente neste trabalho, por rgos e empresas especializadas na

    rea de crdito, demonstram que tanto as instituies financeiras brasileiras, como vrias

    empresas, inclusive as de fomento, encontram dificuldades para realizarem uma anlise

    consistente e assim, obterem uma maior segurana e eficcia na tomada de deciso,

    principalmente pela falta de vrios aparatos que integram a estrutura das MPEs.

    Senger (2006) destaca que, dentre as vrias aplicaes do mercado financeiro, a

    anlise de crdito, deve tratar vrios dados e informaes, buscando minimizar os riscos e

    evitar prejuzos s empresas e instituies de crdito e conseqentes danos morais aos

    clientes. Contudo, o mercado financeiro brasileiro afetado por um grande nmero de fatores,

    que se interagem de uma maneira dinmica e complexa, gerando dificuldades na construo

    de sistemas de informao, que devem fornecer aos gestores e analistas de crdito,

    informaes corretas, consistentes e atualizadas.

    Pela sua dinmica, o prprio mercado passa a exigir das organizaes, mudanas

    rpidas em prol do seu desenvolvimento e da sua sobrevivncia. O surgimento de empresas

    cada vez mais especializadas, a busca por competncia e excelncia organizacional, bem

    como a utilizao de tecnologias de gesto avanada, abordando novos conceitos de

    gerenciamento, vem se tornando uma grande realidade para quem quer se destacar e ser o

    diferencial no mercado brasileiro. (TEIXEIRA, 2003)

    Para acompanhar a dinmica do mercado, vrias empresas e instituies financeiras

    vm utilizando modelos de anlise de crdito automatizados, destacando aqui a reportagem

    Banqueiro Eletrnico da revista ISTO (2007), quando aborda que vrios bancos como o

    Ita, Bradesco, HSBC, Banco do Brasil utilizam sistemas de anlise e concesso de crdito,

    empregando tecnologias de ponta, com base em tcnicas de rede neural artificial.

    Segundo a ISTO (2007), uma pesquisa recente da Accenda Consultoria com 48

    instituies financeiras, mostrou que, 92% utilizam ferramentas para gesto e aprovao de

    crdito e que, deste percentual, 41% utilizam sistemas de terceiros e 59% desenvolvem

    internamente suas solues. Na pesquisa elaborada, os bancos enfatizam que no querem um

    produto padro, mas uma soluo integrada aos seus negcios, da a utilizao destas tcnicas

    e ferramentas inteligentes como suporte para a anlise de crdito.

  • 11

    A reportagem destaca ainda que, hoje em dia, o tomador de crdito no precisa mais

    aguardar o gerente abrir a gaveta e pegar o carimbo aprovado para liberar o dinheiro. Na

    maioria das vezes, ele nem tem contato com o gerente. Em situao cada dia mais vista e

    utilizada, quem aparece o banqueiro eletrnico, personagem imprescindvel nas operaes

    de crdito de bancos, financeiras, varejistas e dos cartes de crdito.

    Na outra ponta, destacando as empresas que desenvolvem sistemas para anlise de

    crdito, empregando tcnicas de rede neural, podemos citar a Neurotech (Neurotech, 2005),

    empresa que desenvolve solues para o mercado financeiro e empresarial, tendo como

    clientes, entre outros, o Banco Tringulo, pertencente ao grupo Martins sediado em

    Uberlndia, o Banco A.J.Renner, e a coligada rede de lojas gacha Renner.

    Outra empresa que desenvolve solues inteligentes para anlise de crdito,

    especificamente para o mercado financeiro a Softon (Softon, 2003), onde, a partir de

    aplicaes em vrios bancos, vem resultando em solues de maior segurana para o mercado

    financeiro, a partir de aplicativos que utilizam redes neurais e sistemas especialistas.

    Neste mbito, impulsionadas pela prpria exigncia do mercado, empresas e

    instituies financeiras vem buscando implementar sistemas de informao sofisticados que

    apiam, de maneira eficaz, suas inmeras atividades. Com as redes de computadores e seus

    sistemas robustos, elas tm acesso a informaes de bases de dados que podem estar

    localizadas em todas as partes do mundo. No entanto, incontveis vezes, no conseguem

    informaes seguras sobre o andamento de suas prprias operaes. Vrias empresas ainda se

    deparam com grandes dificuldades em obter informaes relevantes, inclusive, mtodos de

    como definir com consistncia, os dados realmente necessrios e teis tomada de deciso.

    (ALMEIDA, 1998)

    Assim, este trabalho, abordando especificamente uma empresa de fomento mercantil e

    as negociaes de crdito com suas empresas-cliente, enfatiza que, o nvel de dados e

    informaes obtidos para a anlise de crdito ineficiente. Este fator influencia a eficcia do

    processo, j que este realizado informalmente, sem um mtodo padronizado, inexistindo

    tanto uma estrutura integrada das informaes, como tambm, uma base tecnolgica para

    processar esses dados de forma sistmica e atualizados.

    A importncia de uma metodologia diferenciada para anlise de crdito como

    instrumento de competitividade, amparada por tcnicas contemporneas e ferramentas

    inteligentes e eficazes para dar sustentabilidade ao processo, passa a desenvolver cada vez

    mais um papel crucial para a sobrevivncia e o sucesso de qualquer organizao que faa

    parte deste vertiginoso mercado comercial e financeiro. Com destaque especfico para a

  • 12

    empresa objeto deste estudo, que, por deparar com estes obstculos que dificultam um melhor

    desempenho de suas negociaes, vem buscando alternativas que possam melhorar seu

    desempenho e ampliar o escopo de seus negcios.

    Neste contexto, a necessidade de se desenvolver mecanismos que suportem a dinmica

    dos processos de anlise de crdito da empresa supracitada, pertinente, no s para se

    estabelecer negociaes concretas, seguras e rentveis, como tambm, para aprimorar as

    relaes existentes entre credores e devedores, ou melhor, ofertantes e tomadores de crdito.

    Esta parceria se torna cada vez mais relevante, em vias da dinmica do mercado, da

    concorrncia acirrada e da necessidade proeminente de se dirimir os riscos, primando pela

    excelncia na liquidez e pela otimizao de resultados.

  • 13

    Captulo 2

    Reviso Bibliogrfica

    O objetivo da reviso bibliogrfica apresentar conceitos que fundamentem a parte

    prtica e que possibilitem questionamentos teoria existente. Yin (2002) esclarece que a

    reviso da literatura um meio para se atingir uma finalidade e no uma finalidade em si.

    [...] pesquisadores experientes analisam pesquisas anteriores para desenvolver questes mais

    objetivas e perspicazes sobre o mesmo tpico.

    Nesse intuito, este captulo foi dividido nos seguintes itens: primeiramente, sero

    expostos os conceitos sobre o crdito, a anlise de crdito, abordando as tcnicas e os fatores

    utilizados na gesto, bem como a concesso e os riscos em conced-lo. Posteriormente, ser

    ressaltado acerca das empresas de factoring e das MPEs, com destaque exclusivo para a

    empresa Alfa e as MPEs da cidade de Uberlndia-MG, destacado o fato de terem sido

    referncias ao estudo de caso desta pesquisa.

    Finalmente, sero abordadas as ferramentas utilizadas para desenvolver o modelo de

    anlise de crdito supracitado neste trabalho, assim distribudas: 1) ferramentas conceituais:

    anlise objetiva e subjetiva de crdito e conceitos de ativos tangveis e intangveis como uma

    abordagem estratgica para medir o desempenho das empresas e 2) ferramentas

    computacionais: sistemas computacionais inteligentes, especificamente o uso de inteligncia

    artificial com tcnicas de redes neurais artificiais para processar e tratar os dados de maneira

    eficaz a fim de que eles se tornem em informao padronizada e til tomada de deciso.

    Desta forma, enfatiza-se que estas ferramentas sero abordadas, especificando-se as

    tcnicas e os mtodos utilizados, bem como os processos necessrios para a sua

    implementao.

  • 14

    2.1 O crdito

    2.1.1 Um breve histrico do crdito no Brasil

    A palavra crdito tem sua origem no vocabulrio latino credere, que significa: crer,

    confiar, acreditar, ou ainda, do substantivo creditum, significando literalmente confiana. O

    crdito e suas atividades correlatas vm de longa data, sendo este processo exercido

    mundialmente e principalmente no Brasil, tem tido crescimento considervel e relevante,

    estando inserido em todos os tipos de negociaes, entre elas, comerciais, financeiras, de

    capitais, etc. Por sua amplitude, a prpria dinmica do mercado, impulsiona as atividades de

    crdito para patamares de grandes abordagens e extraordinrias sofisticaes.

    Porm, inicialmente para se analisar os riscos de crdito, isto , para medir a confiana

    que se depositaria a uma determinada pessoa ou empresa, os comerciantes dependiam de

    informantes funcionrios contratados para verificar se as informaes prestadas pelo

    interessado em conseguir o crdito estavam corretas para validar a operao. O processo

    todo podia durar de sete a dez dias. As informaes eram trocadas na praa e quem tinha uma

    dvida, quando saldava, precisava fazer uma declarao de que havia quitado a pendncia.

    Contudo, nem sempre era possvel para os comerciantes fazerem o cruzamento completo das

    informaes. (SERVIO CENTRAL DE PROTEAO AO CRDITO - SCPC, 2008)

    Para o SCPC, desde este processo inicial, ocorrido a mais de meio sculo,

    posteriormente com as informaes registradas em fichas armazenadas em gigantescos

    armrios, seguidos pelos modernos mainframes da IBM at chegar s atuais plataformas, o

    caminho foi longo. Hoje, tecnologias de ponta, do suporte s empresas que atuam com linhas

    de crdito em seus aspectos mais variados. Visto como uma atividade imprescindvel a

    qualquer tipo de negociao a partir da efetivao de bons negcios realizados a crdito, que

    as empresas conseguem estar inseridas no contexto de um mercado dinmico e globalizado.

    Em nota destacada pelo Banco Central do Brasil BACEN (2002), com relao s

    atividades financeiras, o longo perodo crnico inflacionrio vivido pelo Brasil (dcada de 80

    e inicio de 90), inibiu grandemente as negociaes efetuadas a crdito, poca considerada de

    recesso e escassez desta atividade. Aps este perodo, ou melhor, a partir de 1994, com a

    estabilidade do plano real, incrementaram-se as negociaes, estimulando assim, a adoo de

    avaliao de riscos de crdito e de sistemas de gesto sofisticados.

    Vrios bancos de varejo comearam a organizar bases de dados contendo sries

    temporais de crdito e pontuao de comportamento, bem como, estatsticas de pagamentos

  • 15

    em atrasos, perdas e recuperaes. Mais recentemente, numa tentativa de igualar as prticas

    internacionais no gerenciamento do risco de crdito, vrias instituies financeiras brasileiras,

    passaram a concentrar sua ateno no desenvolvimento de metodologias e tcnicas,

    diferenciadas e sofisticadas, para medir o risco de crdito de suas carteiras. (BACEN, 2002)

    2.1.2 Conceitos, atividades e desenvolvimento do crdito

    Para Blatt (1999) crdito crer e crer confiar. A relao entre credor e devedor

    baseada na confiana mtua. Credores confiam que seus clientes vo pagar integralmente as

    compras efetuadas a crdito e por sua vez, o cliente acredita que as mercadorias e/ou os

    servios fornecidos ou adquiridos, sero entregues no prazo e condies acordadas.

    Segundo Schrickel (2000) crdito todo ato de vontade ou disposio de algum de

    destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimnio a um terceiro, com a expectativa

    de que esta parcela volte a sua posse integralmente, decorrido o tempo estipulado.

    Assim, o crdito tem sido em grande escala, um poderoso instrumento de aumento de

    competitividade e de alavancagem de negcios, interferindo no fluxo de atividade das

    empresas, podendo at mesmo influenciar no nvel de demanda do mercado global.

    O nmero de empresas tomadoras de crdito aumenta consideravelmente, na

    perspectiva de estarem inseridas neste contexto dinmico e competitivo; buscando neste

    recurso, o apoio financeiro para sustentar o fluxo de caixa e dinamizar seus negcios. Em

    contrapartida, empresas detentoras do crdito - bancos, financeiras, empresas de fomento -

    atuam como parceiras, buscando dar sustentabilidade s negociaes de seus clientes e assim,

    promover sua participao no mercado. (BLATT, 1999)

    Na esfera financeira, crdito considerado um mercado de grande expanso em todo o

    mundo, principalmente no Brasil. Segundo o grupo britnico Experian - lder global na

    prestao de servios analticos e de informaes a organizaes e consumidores - tambm o

    novo detentor do controle da SERASA, o Brasil um dos maiores mercados de crdito da

    Amrica Latina, conduzido pelo forte e crescente ambiente macroeconmico que se encontra

    em grande expanso.

    Contudo, quando se fala em crdito, normalmente a referncia especfica ao crdito

    bancrio, porm, na realidade, a problemtica do crdito deve ser considerada na sua

    dimenso maior, ou seja, a soma do crdito bancrio ao crdito via mercado de capitais, o

  • 16

    crdito entre empresas, enfim, todos os mecanismos creditcios que faceiam o funcionamento

    da economia e cujos fundamentos, pode-se dizer, so basicamente os mesmos.

    Na concepo de Beckman (1949 apud Santos, 2003), um dos pioneiros a pesquisar a

    importncia do crdito na atividade econmica, a oferta de crdito por parte de empresas e

    instituies financeiras deve ser vista como um importante recurso estratgico para alcanar a

    meta principal da administrao financeira.

    Para Loyola (2007) O crdito desempenha um papel de grande importncia nas

    economias capitalistas modernas. No apenas o crdito conduz ao crescimento econmico,

    como tambm o prprio desenvolvimento da economia facilita o crdito. A existncia de

    uma correlao entre o desenvolvimento e o mercado de crdito e o estabelecimento de

    instituies e empresas que atuam na rea creditcia, favorece tanto o desenvolvimento

    econmico, quanto o prprio crdito. A medida que um pas amadurece institucionalmente, se

    abre espao para o crescimento do crdito e de outras atividades econmicas, de outros

    mercados.

    Segundo a Federao Brasileira de Bancos FEBRABAN (2008), com base na Tabela

    1, baseada em nota divulgada pelo BACEN (2008), o volume total de crdito do sistema

    financeiro brasileiro atingiu quase 958 bilhes em fevereiro de 2008. Como percentual do PIB,

    este volume na economia, representou 34,9%, ante 34,8% registrado em janeiro e 30,9%, em

    fevereiro de 2007. Para a FEBRABAN, as perspectivas para o ano de 2008 so favorveis. O

    ritmo de expanso das operaes de crdito tem se mostrado compatvel com o cenrio de

    crescimento econmico do pas e com o aumento da renda das famlias.

    Tabela 1 - Volume das Operaes de Crdito do Sistema Financeiro Brasileiro

    R$Bilhes Fev/07 Jan/08 Fev/08

    Participao (%)

    Variaes Mensal 12 Meses

    Crdito Total 748.518 947.048 957.581 100,0 1,1 27,9 Recursos Livres 511.292 670.120 679.106 70,9 1.3 32,8 Pessoas Fsicas 247.037 324.141 329.665 34,4 1,7 33,4 Pessoas Jurdicas 264.255 345.979 349.441 36,5 1,0 32,2 Recursos Direcionados

    237.226 276.928 278.475 29,1 0,6 17,4

    Fonte: FEBRABAN (2008)

    A tabela 1 representa o volume das operaes de crdito do sistema financeiro

    brasileiro de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008. Aborda o valor total e especifica tambm

    o valor de algumas modalidades do crdito, mostrando a evoluo de cada um no perodo de

    12 meses, bem como, o percentual de participao e as variaes.

  • 17

    Destaca-se, porm que, o crescimento expressivo do volume de crdito vem desde o

    incio de 2004 e deve-se tanto consolidao de um cenrio macroeconmico favorvel

    quanto a mudanas microeconmicas, por exemplo, a regulamentao que permitiu maior

    difuso do crdito consignado. Conseqentemente, a expanso do mercado de crdito no

    Brasil tem contribudo para o aumento da produo e do consumo, principalmente de bens de

    consumo durveis. (FEBRABAN, 2008)

    Assim, a demanda de crdito, solicitado por empresas que buscam vantagem negocial

    ao conseguir mercadorias ou servios para uso em seus negcios, tem crescido em grande

    escala, obrigando as empresas detentoras do capital a se preocuparem cada vez mais com o

    comportamento de seus clientes. Aumenta, portanto, a necessidade dos analistas buscarem

    mecanismos para melhorarem sua capacidade de analisar e conceder crdito com segurana e

    solidez, conhecendo melhor os futuros clientes, bem como os problemas que os contemplam,

    com o objetivo de obter maior eficcia na tomada de deciso.

    2.2 A anlise de crdito

    2.2.1 Conceitos e objetivos

    Os problemas envolvendo crdito e tomada de deciso universal e remontam de

    longa data, estando presentes em todas as reas, envolvendo um nmero extraordinrio de

    negociaes. Em um mundo cada vez mais globalizado, as incertezas conjunturais e a grande

    mobilidade dos negcios fazem com que, os processos de analisar e conceder crdito, sejam

    cruciais para empresas que querem ser bem-sucedidas e desejam crescer de modo slido,

    dinmico e lucrativo.

    Para Blatt (1999) a anlise de crdito um processo organizado para analisar dados, de

    maneira a possibilitar o levantamento das questes certas acerca do tomador do crdito. "Este

    processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crdito de um

    cliente e dados financeiros para a tomada de deciso com propsitos creditcios" Ela inclui a

    anlise interna, para identificar a situao financeira, administrativa e operacional da empresa.

    A anlise externa, que tambm de suma importancia, sendo obtida por meio de vrias fontes

    externas, para se conhecer o grau de endividamento e de liquidez da empresa. Assim sendo,

    de modo geral, o processo de anlise de crdito engloba um mix de dados e informaes que

    devem ser obtidos e constantemente atualizados pela empresa detentora do crdito.

  • 18

    Neste contexto, pode-se dizer que, o momento no qual os analistas iro avaliar o

    potencial de retorno do tomador do crdito, bem como, os riscos inerentes concesso. Este

    procedimento realizado com o objetivo de identificar os clientes que futuramente podero

    no honrar com suas obrigaes, acarretando ento, uma situao de risco de caixa empresa

    concessora. por meio da anlise de crdito que se busca identificar, se o cliente possui

    idoneidade e capacidade para honrar com os compromissos assumidos. (SANTOS, 2003)

    Assim, a anlise de crdito deve ser utilizada tanto para avaliar os ganhos esperados

    (receitas) de vendas a crdito, como para projetar os riscos (custos e perdas) estimados dessas

    vendas. O analista de crdito deve se preocupar tanto com a situao atual da empresa como

    com o futuro desta, antes de entrar em um relacionamento creditcio, tendo a concincia de

    que, este relacionamento impactar nas reas de sua prpria empresa. (BLATT, 1999)

    Neste sentido, polticas de crdito adotadas de forma consistentes e precisas

    determinam o bom funcionamento de uma organizao, traduzindo-se no principal meio de

    direcionamento das atividades de crdito, e maior grau de eficincia na gesto de riscos, pois,

    alm de estabelecer padres, estabelece, tambm, a filosofia bsica de crdito da empresa.

    Blatt (1999) destaca que, existem vrias atividades de administrao de crdito que

    devem ser observadas, porm, sua avaliao para a concesso ou no do crdito no uma

    cincia exata. Um bom julgamento de crdito no pode ser unicamente medido de forma

    tcnica, programado em computador. Ele adquirido e complementado tambm pela

    experincia prtica de lidar com vrios clientes e vrias situaes.

    Desta forma, Blatt (1999) define trs ferramentas como determinantes de um bom

    julgamento de crdito com eficcia e segurana, consideradas pr-requisitos ao conjunto de

    gerenciamento do analista de crdito:

    Experincia prtica, como base para enfrentar vrios clientes e situaes; Julgamento de crdito combinado com anlise financeira e creditcia; Mtodos cientficos, tais como a pontuao de crdito, coeficientes e anlise de fluxo

    de caixa entre outras tcnicas e ferramentas computacionais relevantes.

    Assim, a anlise de crdito pode ser definida como uma ferramenta estratgica,

    estabelecendo um veculo de vendas extremamente necessrio, adequado s presses do

    mercado, enfrentadas pela maioria das empresas. As empresas, quaisquer que sejam seus

    produtos e/ou servios, notadamente as que trabalham com concesso de crdito financeiro,

    necessitam contar com eficientes processos de avaliao, com o objetivo de minimizar os

    riscos e obter resultados mais coerentes e consistentes para a tomada de deciso.

  • 19

    Com relao aos objetivos, Schrickel (2000) afirma que o principal objetivo da

    anlise de crdito identificar os riscos nas situaes de concesso de valores e evidenciar

    concluses quanto capacidade de amortizao do tomador, alm de proporcionar

    recomendaes relativas melhor estruturao e tipo de crdito a conceder.

    Santos (2003) enfatiza que, o objetivo do processo de anlise de crdito o de

    averiguar a compatibilidade do crdito solicitado com a capacidade financeira do cliente.

    J na concepo de Blatt (1999), os objetivos de uma anlise de crdito podem ser

    definidos em cinco categorias:

    Avaliar se um devedor ir honrar com suas dvidas no momento correto; Avaliar a capacidade de pagamento da dvida (recursos disponveis); Avaliar a sade financeira do tomador de crdito (nvel de endividamento); Avaliar as prioridades dos direitos da empresa credora em relao a outros credores; Avaliar o planejamento financeiro do tomador de crdito.

    2.2.2 A gesto e os procedimentos da anlise de crdito

    A gesto da anlise de crdito considerada uma arte, compondo uma ao

    coordenada de coleta e anlise de informaes, resultando em liberao ou no do crdito

    proposto. Consiste na capacidade que uma empresa possui em antever se um solicitante ou

    no capaz de liquidar o compromisso assumido, bem como, se o valor solicitado est nas

    possibilidades do mesmo. Um bom julgamento de crdito adquirido pela experincia de

    enfrentar uma variedade de clientes e situaes. Parte de um conjunto de dados que, avaliados

    cuidadosamente no processo de raciocnio, pode gerar uma concluso em conformidade com

    os critrios da empresa. (BLATT, 1999)

    Assim, a poltica de anlise e deciso de crdito a chave para a sade da empresa

    credora e de seus clientes, pois afetam vendas, necessidades financeiras, atividades

    operacionais, entre outros, contribuindo substancialmente para o sucesso ou o fracasso dos

    negcios. Normalmente, uma anlise de crdito pode ser realizada de trs formas:

    Liberal apesar de impulsionar as negociaes e o volume de vendas e fornecer poderosas ferramentas comerciais, poder colocar a empresa em perigo e altos riscos;

    Rgida e restritiva mesmo incorrendo em menores riscos, poder inibir o poder de venda das empresas, principalmente nos mercados arrojados e no conservadores;

  • 20

    Adequada considerada a anlise ideal, onde negcios podero ser incrementados, enquanto riscos e perdas inerentes s vendas a crdito so administrados com

    perspiccia. Apesar de ser a forma buscada pela maioria dos analistas, esta de difcil

    alcance, pelos vrios fatores que envolvem um processo de anlise de crdito.

    Segundo Blatt (1999), para se obter um bom julgamento, necessrio a observao do

    cliente in loco. Apesar de ser este um dos pontos negligenciados na maioria das anlises de

    crdito, a visita de suma importncia e pode significar a fronteira entre o sucesso e o

    fracasso da anlise de crdito.

    Visitas so essenciais para conhecer mais profundamente os clientes atuais e os

    clientes em perspectiva, e a partir da, obter dados, identificar situaes e detectar sinais de

    perigo que, normalmente, s podem ser observados in loco. Assim, possvel justificar dados

    dos cadastros e reforar a falta de documentaes mais abrangentes, antecipando,

    consecutivamente, possveis problemas como alta estocagem, pessoal e equipamentos

    ociosos, layout problemtico, motivao insuficiente, entre outros.

    Uma visita uma reunio, documentada por meio de relatrio, realizada nas

    instalaes da empresa, entre duas ou mais pessoas, representando, de um lado o credor e de

    outro o cliente atual ou em perspectiva. Esta deve ser efetuada por profissionais que

    participam ou influenciam no processo de deciso do cliente, ou que forneam informaes ao

    departamento de anlise de crdito, estabelecendo uma atmosfera de confiana mtua, para, a

    partir da, identificar os riscos e oportunidades, para a incrementao nas negociaes, bem

    como, a efetivao de novos negcios.

    Os objetivos da visita so: acompanhar a evoluo da situao econmico-financeira,

    mercadolgica, administrativa e gerencial da empresa, bem como, pesquisar novas

    oportunidades de negcios. Por intermdio de uma visita, um analista de crdito pode abordar

    um grande percentual de informaes necessrias elaborao de relatrios que daro

    subsdios aos dados cadastrais, proporcionando consequentemente, um bom parecer do

    cliente, para que, a partir da, ele possa definir pela concesso ou no do crdito proposto.

    Para Blatt (1999), visitas bem planejadas podem revelar aspectos subestimados pela

    anlise de crdito tradicional. A visita coloca o analista de crdito em uma melhor posio

    para tomar uma deciso acertada. Porm, para se obter sucesso, as visitas devem ser

    freqentes (identificar continuamente todos os estgios e acontecimentos que afetam a

    empresa), sistemticas (consistentes, ordenadas e coerentes com objetivo da empresa e o

    perfil do cliente), e bem dirigidas (identificar exatamente o que se quer saber e abordar os

    departamentos e as pessoas especficas que propiciaro as informaes corretas).

  • 21

    Assim, para se realizar uma anlise de crdito com eficcia, necessrio integrar a

    anlise dos dados obtidos, ao contato com as empresas por meio das visitas, para que se possa

    confirmar, confrontar e complementar as informaes necessrias, formando a partir da, um

    conjunto de critrios, que dem sustentao a uma tomada de deciso segura e consistente.

    2.2.3 A avaliao dos riscos e a concesso de crdito

    Na concepo de Blatt (1999), o ponto principal para a concesso de crdito a

    avaliao dos riscos. O risco de crdito pode ser definido como a expectativa de que as

    negociaes acordadas se cumpram em uma data futura. Normalmente, a concesso de

    crdito se realiza em um cenrio de incertezas, constantes mutaes e informaes

    assimtricas. Portanto, a mensurao do risco de crdito fundamental para que empresas

    ofertantes do crdito possam precificar um emprstimo corretamente e determinar o limite de

    crdito a ser concedido a qualquer tomador, fixando assim, a exposio aceitvel a perdas.

    Contudo, a intensa e crescente competitividade do mercado tm impulsionado

    empresas a adotarem polticas de liberao de crdito a uma taxa extraordinariamente elevada,

    levando-as a incorrer em grandes riscos. A necessidade de uma gesto eficiente, lucrativa e

    com pouca inadimplncia, considerada um dos principais desafios das organizaes. O

    equilbrio entre lucro e risco a essncia mais profunda de um bom julgamento de crdito.

    Alcanar o equilbrio correto nos nveis de concesso, controle e riscos, representa o ncleo

    absoluto de uma administrao de crdito. (BLATT, 1999)

    Assim, a necessidade de agilizar a concesso de crdito de forma abrangente e segura,

    vem se tornando cada vez mais necessria, aspecto este, maximizado de acordo com as

    informaes obtidas, que devem ser claras, precisas e sempre atualizadas. Aliado aos

    conhecimentos dos vrios aspectos da empresa est o feeling do analista de crdito, que

    normalmente adquirido pela experincia e tempo de atuao na rea creditcia que o

    capacita e o direciona a tomar decises de crdito mais acertadas e com menores riscos.

    Para Blatt (1999) a anlise de risco para a concesso de crdito pode ser destacada

    como um processo decisrio bastante complexo, envolvendo experincia anterior,

    conhecimento sobre o que est sendo decidido, mtodos objetivos e adequados rea, bem

    como, a utilizao de ferramentas e tcnicas especficas, adequadas e necessrias, no intuito

    de se tomar decises mais seguras sobre conceder ou no o crdito determinada empresa ou

  • 22

    grupo empresarial. Assim, no parecer final, a tomada de deciso pode ser entendida como a

    escolha entre alternativas disponveis e conhecidas, obtidas por intermdio de dados

    consistentes e atualizados.

    Para Santos (2003), no processo de anlise para concesso do crdito, primordial que

    as empresas detentoras do crdito, obtenham informaes sobre: a quem pertence a empresa, a

    capacidade administrativa e financeira dos gestores, a experincia adquirida dos proprietrios,

    o domnio da tecnologia, alm do amplo conhecimento do mercado em que atua. Enfim, a

    anlise de crdito constitui-se na anlise das atividades da empresa, considerando-se os

    fatores internos e externos de risco que podem afetar a gerao de caixa.

    Assim, os fatores internos de risco so aqueles voltados falta de experincia, de

    competncia e at mesmo, de honestidade dos administradores, no gerenciamento da atividade

    operacional da empresa. So fatores controlveis, todavia, dependentes do nvel de formao,

    da experincia adquirida e da especializao tcnica dos empresrios. Quanto aos fatores

    externos de risco, so os eventos no controlveis por uma empresa, os quais afetam o sistema

    econmico em sua totalidade. Fatores como recesso, conjuntura econmica, concorrncia e

    aes governamentais so exemplos de riscos externos que podem afetar a capacidade de

    pagamento das empresas. (SANTOS, 2003)

    Portanto, ressalta-se que gerenciar o risco de liquidez do crdito constitui-se em uma

    atividade das mais importantes para as instituies do mercado financeiro e de capitais.

    Define-se aqui, gesto de liquidez como o conjunto de processos que visam garantir a

    capacidade de pagamento das empresas tomadoras de crdito, considerando o planejamento

    financeiro, os limites de riscos e a otimizao dos recursos disponveis.

    Entende-se, ento, que de suma importncia estabelecer uma poltica de contingncia

    e planejamento de liquidez, como referncia para empresas e instituies do mercado

    financeiro, inseridas nos processos de concesso de crdito. Esta poltica consiste em

    determinar uma metodologia de controle do risco para a tomada de decises, de maneira que o

    analista possa gerenciar suas exposies e reduzir a probabilidade de ocorrncia de riscos e de

    problemas relativos falta de liquidez no mercado em que atua.

    Neste contexto, destaca-se a necessidade da utilizao de alternativas inovadoras de

    suporte deciso, que tem como propsito, dirimir os riscos, sem, contudo perder a

    competncia mercadolgica, pois, a anlise de crdito representa a prpria sobrevivncia dos

    negcios e, se efetivada de forma inconsistente e suscetvel a erros graves, pode comprometer

    grande parte dos ativos da organizao. fundamental mudar o enfoque da estrutura dos

  • 23

    processos decisrios de crdito, agora mais voltada para a ao preventiva, com vistas a evitar

    problemas futuros. (BLATT, 1999)

    2.3 As tcnicas utilizadas no processo de anlise de crdito

    Tcnicas desenvolvidas para facilitar a equao de crdito surgiram h vrios anos e

    cada vez mais, tm-se buscado formas de aperfeio-las. Normalmente, as tcnicas de anlise

    variam com a situao peculiar que se tem frente, porm, tomar uma deciso dentro de um

    contexto incerto, em constante mutao, e tendo em mos um volume de informaes nem

    sempre suficiente, extremamente difcil e complexo. (SCHRICKEL, 2000).

    Segundo Gitman (2003) o processo de anlise de crdito consiste em uma tcnica de

    colher um conjunto de informaes, atribuir valores a estes dados, destacar os pontos

    positivos e negativos e a partir da, formar um juzo da empresa. Alm de uma variedade de

    medidas para uma anlise de risco de forma quantitativa, normalmente usada para uma

    carteira de ativos, o risco pode tambm ser avaliado do ponto de vista comportamental e

    qualitativo, fornecendo aos tomadores de deciso, uma percepo do comportamento dos

    retornos.

    Para Santos (2003) a avaliao do risco de um potencial cliente pode ser efetuada de

    duas maneiras, utilizando-se duas tcnicas: 1) por julgamento, que uma forma mais

    subjetiva, envolvendo uma anlise mais qualitativa, baseada normalmente na deciso humana

    e 2) por classificao do tomador via modelos de avaliao, de forma objetiva, envolvendo

    uma anlise mais quantitativa, utilizando processos estatsticos.

    Santos (2003) enfatiza que, normalmente, os profissionais da rea de crdito das

    principais instituies financeiras utilizam estes dois procedimentos para analisar o risco em

    concesses de crditos: a anlise subjetiva e a anlise objetiva. A descrio de cada uma

    destas anlises de suma importncia, uma vez que, por meio deste mix de dados e

    informaes, se determina a qualidade do grau de exposio ao risco, em carteiras de crdito.

    Assim, a pesquisadora tem comprovado, pela experincia profissional e contato com

    vrias empresas ao longo dos anos, que as abordagens supracitadas so pertinentes, vindo de

    encontro necessidade de se mensurar os aspectos que compem uma organizao e suas

    inmeras atividades de forma abrangente e segura. Informaes amplas e consistentes,

  • 24

    abordando tanto os aspectos subjetivos ou qualitativos como os aspectos objetivos ou

    quantitativos, referenciam melhor a performance e o desempenho de uma empresa.

    Desta forma, para que se possa conhecer melhor as tcnicas, as anlises e os

    procedimentos utilizados nos processos de anlise de crdito e tomada de deciso,

    abordaremos a seguir, as caractersticas das anlises objetiva e subjetiva, respectivamente.

    2.3.1 A anlise objetiva de crdito

    As empresas que trabalham com crdito e tomada de deciso, como bancos,

    financeiras, empresas de fomento, etc, percebem a cada dia, que a razo de sua existncia a

    administrao do risco. Procuram ento, descobrir como podem transformar o risco em algo

    plenamente administrvel. No entanto, para melhor entender o risco de crdito, torna-se

    necessrio verificar o processo decisrio, que incorpora a obteno de um grande nmero de

    informaes dos clientes interessados em uma deciso de crdito.

    Para Santos (2003), normalmente, estas informaes so processadas na etapa que se

    denomina anlise de crdito. Na etapa seguinte, ou de deciso de crdito e, frente

    possibilidade de uma estruturao de emprstimo com o cliente montante, prazo, taxa,

    garantia e produto procura-se determinar o risco de crdito.

    Destaca-se ento, que sob a orientao da poltica de crdito da empresa ou

    instituio financeira, que se utilizam as mais diversas tcnicas no sentido de se estabelecer o

    risco de crdito que se estaria assumindo em negcios que viessem a se realizar com o cliente

    em estudo. Assim, uma das tcnicas para se administrar as vrias informaes, mediante a

    anlise objetiva de crdito.

    A anlise objetiva busca centrar-se nas metodologias estatsticas, sendo amparada em

    pontuaes de riscos, a partir de frmulas desenvolvidas, com a finalidade de apurar

    resultados matemticos que atestem a capacidade de pagamento dos tomadores. A pontuao

    de crdito um instrumento estatstico desenvolvido para que o analista avalie a

    probabilidade de que determinado cliente venha a tornar-se inadimplente no futuro.

    (SANTOS, 2003)

    Segundo Faria (2006) a anlise objetiva efetuada normalmente por meio de tcnicas

    estatsticas, por fatores de classificao e de pontuao, procurando enfatizar dados relevantes

    para uma anlise de crdito eficaz, mensurando-os atravs de critrios pr-estabelecidos. A

  • 25

    pontuao de crdito um instrumento estatstico, desenvolvido para que o analista avalie a

    probabilidade de que determinado solicitante de emprstimo venha a ser um mau pagador no

    futuro.

    Faria (2006), enfatiza ainda que, o mtodo de anlise objetiva consiste em proceder,

    por meio de frmulas, a avaliao de cada solicitao de crdito, levando-se em considerao

    o conjunto de caractersticas que cada empresa ofertante do crdito destaca como relevantes

    na previso de reembolso. Dentre estas tcnicas, podem-se destacar: artificial neural network

    (rede neural artificial), credit scoring, rating, behavior scoring, entre outras.

    Ressalta-se que este trabalho utiliza especificamente, tcnicas de rede neural artificial.

    Todavia, como mtodo de pontuao das caractersticas dos tomadores de crdito, aplica

    tcnicas de score, tendo como diferencial, a no utilizao da estatstica, empregando um

    mtodo estratgico para classificar os clientes adimplentes e inadimplentes, por meio da

    anlise subjetiva, estruturada e padronizada pelos critrios de avaliao definidos para o

    modelo de anlise de crdito proposto.

    Assim, para uma maior compreenso do mtodo de anlise objetiva, cada tcnica

    destacada, ser abordada separadamente, com exceo da tcnica de rede neural artificial, que

    ser descrita com maior amplitude posteriormente, por se tratar da ferramenta computacional

    empregada no modelo deste trabalho e objeto deste estudo.

    2.3.1.1 Credit scoring ou pontuao de crdito

    Tcnica utilizada para se conhecer o cliente e descobrir como prever seu

    comportamento futuro. Empregada quando ainda no se tem experincia de negcios com a

    empresa, isto , nos processos de avaliao para a concesso ou no do crdito.

    Trata-se, portanto, de um modelo de avaliao do crdito, normalmente baseado em

    frmulas estatsticas, desenvolvidas com base em dados cadastrais, financeiros, patrimoniais,

    de idoneidade dos clientes, entre outros. O grande foco da metodologia score apreciar a

    qualidade potencial de um tomador de crdito dentro de um grande universo, milhares ou

    mesmo milhes de indivduos e/ou empresas, sendo normalmente aplicado aos crditos

    massificados, onde a rapidez de aprovao fator preponderante.

    Segundo Santos (2003), para a composio desta frmula, selecionam-se as principais

    informaes cadastrais dos clientes e, em seguida, atribuem-lhes pesos ou ponderaes de

  • 26

    acordo com a importncia destacadas em suas polticas internas e externas de crdito. Como

    resultado final, obtm-se um sistema de pontuao, que possibilitar o clculo de valores que

    sero interpretados em conformidade com a classificao de risco adotada. Essa classificao

    de risco dar-se- por escalas numricas, as quais recomendaro a aprovao ou recusa dos

    crditos pleiteados pelas empresas.

    2.3.1.2 Rating ou classificao de risco

    O termo Rating - significa "ndice, indicador", ou seja, um processo de classificao

    atravs de analogias, comparaes. Para Santos (2003) uma classificao de risco de crdito

    que pode ser atribuda a um pas, uma empresa, uma pessoa, um ttulo ou a uma operao de

    crdito. Essa classificao dada por uma escala de letras ou nmeros definida pelo rgo

    classificador. Silva (2003 apud Santos, 2003) define rating como uma avaliao de risco

    baseada na ponderao das informaes (cadastrais, financeiras, patrimoniais,

    macroeconmicas, etc.) da empresa tomadora de crdito. Normalmente, esta tcnica utiliza

    para se avaliar companhias de porte mdio e grande, ou grupos empresariais.

    2.3.1.3 Behavior scoring ou pontuao por comportamento

    Santos (2003) destaca que, behavior scoring uma pontuao por comportamento.

    Trata-se de um modelo elaborado com base no conhecimento que se tem da empresa e/ou dos

    scios, isto , no comportamento do cliente que solicita o crdito. Normalmente, este mtodo

    utilizado para a manuteno dos clientes, onde se atribui pesos ao seu histrico

    comportamental, para posterior classificao. Estabelece-se a probabilidade de que um crdito

    permanecer ou retornar a uma condio de pagamento satisfatria. Este modelo de

    comportamento fornece subsdios para o administrador do crdito, apontando a possibilidade

    de resposta a ofertas do mercado e permitindo projees de rentabilidade.

  • 27

    2.3.2 A anlise subjetiva de crdito

    Este tpico ser abordado, no intuito de proporcionar uma maior compreenso acerca

    da anlise subjetiva, e das tcnicas utilizadas neste processo para possibilitar uma mensurao

    coesa dos dados do tomador de crdito, baseados na experincia e competncia dos

    profissionais da rea de crdito. O interesse em abordar com maior nfase este tpico, se d

    pelo fato de que, o modelo proposto neste trabalho, estruturado pela anlise subjetiva de

    crdito, tornando-se necessrio, portanto, ter um maior domnio e conhecimento desta tcnica.

    Assim, para Santos (2003) a anlise subjetiva, baseada na experincia, no bom senso

    e na capacidade, isto , na viso quantitativa e qualitativa do analista de crdito, mais

    precisamente, no diagnstico da idoneidade do cliente, identificando os pontos fortes e fracos

    da atividade operacional da organizao. O processo de anlise subjetiva envolve decises

    individuais quanto concesso ou no de crdito. A deciso baseia-se na disponibilidade de

    informaes, na experincia adquirida e na sensibilidade de cada analista quanto viabilidade

    do crdito. Porm, essa anlise no pode ser realizada de maneira aleatria, devendo ser

    embasada em conceitos tcnicos que iro guiar a tomada de deciso.

    Segundo a Equifax (2003) uma das principais fornecedoras mundiais de informao de

    crdito comercial, a experincia do analista a base de tudo. Quando registrada com dados

    concretos, demonstrada conscientemente atravs de avaliaes coerentes e, ainda, aplicada

    com bom senso e ferramentas adequadas, essa experincia se transforma em conhecimento,

    para que o analista possa obter um maior controle sobre previses e riscos.

    Gitman (2003) acredita que, um dos insumos bsicos deciso final de crdito o

    julgamento subjetivo que o analista financeiro faz para determinar se vlido ou no assumir

    riscos. Para o autor, a experincia adquirida do analista e a disponibilidade de informaes,

    tanto internas como externas sobre o carter do tomador, so requisitos fundamentais para a

    anlise subjetiva do risco de crdito.

    Na concepo de Schrickel (2000) com relaao a anlise subjetiva, observa-se que: "a

    anlise de crdito envolve a habilidade de fazer uma deciso de crdito, dentro de um cenrio

    de incertezas, constantes mutaes e informaes incompletas". Esta habilidade depende da

    capacidade de analisar logicamente situaes, no raro, complexas, e chegar a uma concluso

    clara, prtica e factvel de ser implementada. Ou seja, grande parte da anlise de crdito

    realizada por meio do julgamento do agente de crdito, baseada principalmente na habilidade

    e experincia do mesmo.

  • 28

    Para Securato (2002 apud Santos, 2003) a anlise subjetiva de crdito depende de um

    conjunto de informaes contidas em um dossi ou pasta de crdito. Dentre elas, destacam-se

    as informaes cadastrais, financeiras, patrimoniais, de idoneidade, de relacionamento e do

    negcio. A subjetividade destacada, como a capacidade, ou viso quantitativa e qualitativa,

    de cada analista de crdito, de identificar adequadamente os pontos fortes e fracos da

    atividade operacional, administrao, riqueza patrimonial e situao financeira dos clientes.

    Assim, fundamentada nestas premissas, que se definiu por utilizar a tcnica de

    anlise subjetiva para a elaborao do modelo proposto, baseado no mtodo j utilizado pela

    empresa Alfa, amparado pela larga experincia dos analistas de crdito desta empresa.

    Destaca-se que esta anlise reforada por visitas efetuadas nas empresas que compem a

    carteira de crdito, buscando um intercmbio de informaoes entre todos os elos envolvidos

    no seu processo estrutural, para posterior pontuao e classificao dos dados.

    Contudo, apesar deste mtodo de anlise ser utilizado pela empresa Alfa h vrios

    anos, inclusive demonstrando bons resultados, evidencia-se que foram efetuados os ajustes

    necessrios para que esta tcnica fosse desenvolvida com coerncia e bom senso, em bases

    slidas, utilizando todos os procedimentos necessrios para se quantificar de forma

    padronizada, os dados e informaes qualitativos utilizados nesta anlise.

    Desta forma, baseada tanto na literatura, como na experincia de utilizar este mtodo

    nos processos de anlise da empresa Alfa, com resultados satisfatrios, destaca-se que a

    anlise subjetiva do tomador do crdito uma tcnica de grande importncia e relevncia,

    sendo geralmente realizada pelo analista, embasada na sua experincia e no conhecimento

    adquirido de todo o contexto da empresa que est sendo analisada.

    Assim, por intermdio da experincia do agente de crdito, possvel identificar

    fatores como carter, capacidade, capital e condies de pagamento das empresas tomadoras

    de crdito. Fatores estes, utilizados grandemente na rea creditcia e destacados pela literatura,

    como os Cs do crdito e que ser abordado a seguir.

    2.3.3 Os Cs do crdito como fator determinante utilizado na

    anlise subjetiva

    A partir dos dados supracitados, enfatiza-se que, na visita, isto , no contato direto

    com a empresa, que o analista obtm e comprova vrias informaes, podendo inclusive,

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    verificar com consistncia, os fatores determinantes da anlise subjetiva de crdito, tanto

    quantitativo como qualitativamente, considerados pela literatura e por definio de diversos

    autores, a exemplo de Gitman (2003), Santos (2003), Blatt (1999) e Santi Filho (1997), como

    as bases primrias para uma deciso de crdito subjetiva e importantes condutores de valor,

    denominados de os Cs do crdito.

    Assim, a anlise de crdito deve ser efetuada de forma ampla, com dados que refletem

    as informaes cadastrais e financeiras da empresa, enfim, uma anlise da estrutura

    organizacional, mercadolgica, etc. Alm de analisar o fato histrico do cliente, a tomada de

    deciso deve estar voltada preveno de riscos futuros, pois a anlise de crdito nao deve

    lidar somente com eventos passados do tomador de emprstimos. As decises de crdito

    devem considerar pr