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Um Modelo e um Plano de Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional para Secretaria do Patrimônio da União de Santa Catarina. Cristiano Trindade De Angelis, PhD Analista de Planejamento e Pesquisador

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Um Modelo e um Plano de Gestão do Conhecimento e

Inteligência Organizacional para Secretaria do

Patrimônio da União de Santa Catarina.

Cristiano Trindade De Angelis, PhD

Analista de Planejamento e Pesquisador

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ÍNDICE

1. Valores, Visão, Missão, Competência e Orientação.

2. Estratégia da SPU/SC

3. Hierarquia cognitiva : Conhecimento e Inteligência.

4. Definições e Práticas de Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional

5. Uma Proposta de Mudança Cultural

6. Um Modelo de Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional para SPU/SC

7. Um Plano de Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional para SPU/SC

8. Por que a SPU/SC deve se envolver com GC e IO?

9. Benefícios e barreiras na aplicação de práticas de GC e IO

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1. Valores, Visão, Missão e Competência.

Valores: Compromisso político e social, Construção coletiva, Ousadia, Superação.

Visão: Ser, até 2017, uma instituição com gestão plena e participativa de todos os imóveis da

União, obediência aos aspectos legais e sentido social na destinação do patrimônio.

Missão: Conhecer, zelar e garantir que cada imóvel da União cumpra sua função socioambiental,

em harmonia com a função arrecadadora, em apoio a programas estratégicos para a nação

Competência : Executar ações de identificação, demarcação, cadastramento, registro e

fiscalização dos bens imóveis da União, bem como a regularização das ocupações desses imóveis.

Orientação :

1. Política Nacional de Gestão do Patrimônio da União,

2.Política de Desenvolvimento sustentável

3. Objetivos do Milênio

3.Cumprimento da função socioambiental em articulação com as políticas de inclusão social e a

função arrecadadora.

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2. Estratégia de atuação da SPU na execução dos seus principais programas, projetos e

atividades.

1. Orientar os Municípios quanto à elaboração dos projetos de Regularização Fundiária – RF.

2. Homologar a linha de preamar (LPM 1831) na Ilha de Santa Catarina

3. Aumentar o número de Termos de Cooperação Técnica (TCT) com municipios e universidades.

Ex. Município de Joenville (RF em áreas cedidas) e UFSC ( cadastrou 2.800 imóveis).

4. Cadastrar mais municípios para o desenvolvimento do Projeto Orla, além de sensibilizar e

orientar o PGI e o TCT.

5. Criar Termos de Ajuste de Conduta (TAC) com os diversos parceiros (MPF, órgão público

ambiental e prefeitura) baseado nas lições aprendidas e melhores práticas.

6. Incorporar, regularizar e destinar de 2.020 imóveis da extinta RFFSA.

7. Superar a arrecadação do ano anterior a partir de troca de conhecimento e experiências com

outras superintendências através de uma comunidade no Portal Colaborativo da SPU. Nomear um

facilitador e orientador desta Comunidade de Prática.

8. Reduzir as solicitações judiciais e informações a serem prestadas ao MPF/ MPE e à AGU atráves

de uma política de comunicação e prevenção.

9. Integração ao sistema de Consultoria Digital da AGU.

10. Aumentar as parcerias com entidades públicas que de algum modo se relacionam com as tarefas

do Patrimônio da União.

11. Participação em debates nas rádios e televisões; audiências públicas na Câmaras de Vereadores

para divulgar o trabalho do Patrimônio da União.

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12. Criação de uma comunidade no Portal da SPU e facebook para participação popular nas

decisões da SPU.

13. Resolução do conflito entre os stakeholders envolvidos no debate sobre o uso de áreas de

marinha para obter lucro exorbitantes explorando bem público (beach clubs).

14. Construir uma proposta, através de um estudo comparativo, para mudança nos critérios de

Avaliação da GIAPU.

15. Criar uma política de comunicação e sensibilização para motivar e entusiasmar os servidores

com a estratégia da organização.

16. Aumentar a competição inteligente entre os diversos setores, promovendo os resultados de

grupos de trabalho que tem atitude positiva, pro-ativa e rápida de compartilhar conhecimento e

soluções com servidores públicos de outras áreas da SPU/SC.

3. Hierarquia cognitiva : Conhecimento e Inteligência.

De acordo com Davenport e Prusak (2003) , o conhecimento é uma mistura fluida de experiências

emoldurados, valores, informação contextual e discernimento especializado que fornece uma

estrutura para avaliar e incorporar novas experiências e informações. Conhecimento é definido

como informação no contexto e é preciso reconhecer os diferentes tipos de conhecimento , a fim de

expor sua potencial contribuição para o desempenho da organização ( Stonehouse & Pemberton ,

1999).

O trabalho feito por pesquisadores , incluindo Choo (1998) e Boisot (1998), sugerem que o

conhecimento organizacional pode ser dividida em :

a. Conhecimento tácito;

b. Conhecimento explícito , e

c. Conhecimento cultural.

O conhecimento explícito é aquele que pode ser codificado e, portanto, incorporados em regras

formais , ferramentas ou processos de trabalho , enquanto que o conhecimento tácito não pode ser

facilmente codificada porque está ligada a modelos mentais , '' know-how '' e experiência, e só pode

ser transferidas através da atividade (Nonaka e Takeuchi , 1995).

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O conhecimento cultural inclui crenças, normas e valores que formam o quadro em que os membros

da organização constroem a realidade , reconhecem a importância de novas informações e avaliar as

interpretações e ações alternativas . Milner et ai . (1998) destaca dois papéis importantes do

conhecimento cultural : (i) para compreender e utilizar fatos , regras e heurísticas , (ii ) para fazer

induções da mesma forma como os outros , a fim de permitir uma acção concertada .

A criação de conhecimento aproveita o conhecimento tácito , convertendo -o em um novo

conhecimento explícito ( Nonaka e Takeuchi , 1995). Através de operacionalização e disseminação ,

o novo conhecimento explícito é re- re- experiente e internalizada como conhecimento cultural. A

difusão do conhecimento organizacional é aumentada e acelerada pela codificação e abstração do

conhecimento pessoal em conhecimento público e, em seguida, para o senso comum do

conhecimento cultural (Boisot de 1998, citado por Choo et al. , 2000).

A este respeito , a partilha de conhecimento tácito geralmente exige o uso de metáforas, analogias

ou linguagem não convencional ( Nonaka e Takeuchi , 1995 ) e Roos (2004 ) argumentam que isso

pode ser mais valioso porque os processos relacionados com a partilha, criando ou usando o

conhecimento tácito pode entregar uma percepção mais profunda do que a comunicação verbal ou

escrita .

Como Sternberg (1997) aponta, a inteligência é entendida pelas habilidades mentais necessárias

para a modificação, adaptação e seleção de cunho contextual. Portanto, a inteligência às vezes é

definida como a capacidade cognitiva para gerenciar a complexidade. Como definido no dicionário

Webster (Mish, 1993), a inteligência inclui a capacidade de compreender e aplicar conhecimento, de

usar a razão habilmente, e de manipular o ambiente. A inteligência é o produto da coleta, análise,

avaliação, integração e interpretação de todas as informações disponíveis, que podem afetar a

sobrevivência e o sucesso da organização (Eells e Nehemkis, 1984). De acordo com Rothberg e

Erickson (2004), inteligência é o conhecimento em ação e as suas dimensões incluem a estratégia, a

previsão e a ação. Em algum nível, todas as três camadas da inteligência precisam ocorrer

simultaneamente para criar uma vantagem competitiva sustentável (Rothberg e Erickson, 2004).

A inteligência é, portanto, um conceito multidimensional que implica a capacidade de usar o

conhecimento nas rotinas, percepções e atividades de resolução de problemas dentro de um sistema

organizado.

A estrutura da construção da inteligência foi feita pela cooperativa CETISME (2002) em um nível

prático, no qual se inicia, como mostrado na figura 1, com os dados provenientes do meio ambiente.

A informação, dados estruturados, é analisada no contexto das normas, critérios pessoais e

expectativas do tomador de decisão para se tornar conhecimento. Por fim, o tomador de decisão

aplica esse conhecimento para uma situação em particular para criar inteligência.

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Figura 1: Conhecimento torna-se inteligência quando ele é usado

Fonte: Cetisme (2002)

Os governos deveriam garantir que a ciência está na vanguarda da estratégia para a recuperação

econômica e o crescimento econômico. A ciência produz conhecimento e, portanto, produz

inovação, o que melhora a qualidade de vida, a democracia, o crescimento econômico e a

capacidade de resolver problemas maiores. No entanto, Rothberg e Erickson (2004) afirmam que o

conhecimento é estático e, em última análise, só tem valor se quando as pessoas usam.

Conhecimento implica que o aprendizado e a experiência foram aplicados à informação, mas não

implica em ação. A transformação do conhecimento em inteligência pode ser considerada uma

operação realizada pela capacidade de interpretar, analisar, integrar, prever e agir.

A transformação da informação em conhecimento e então em inteligência são processos realizados

pelas práticas e políticas de Gestão do Conhecimento - GC e Inteligência Organizacional - IO. No

entanto, qualquer iniciativa em termos de GC e IO deve passar por uma mudança de cultura no setor

público, dada a dificuldade em prever acontecimentos, promover o aprendizado coletivo, o

desenvolvimento e uso de competências e a criação de ambientes de trabalho colaborativos na

Administração Pública.

4. Definições e Práticas de Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional

Heisig (2009) afirma que a Gestão do Conhecimento - GC chegou numa nova fase de seu ciclo de

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vida. Após a euforia tecnológica e o hype GC, seguido a desilusão, GC está agora a caminho de

melhor a compreensão dos seus fatores de sucesso. Nonaka e Takeuchi (1995) considera GC como a

capacidade de uma organização criar novos conhecimentos, disseminá-lo em toda a organização e

incorporá-lo em produtos, serviços e sistemas. Bali et al. (2009) definem gestão do conhecimento

como um conjunto de ferramentas, técnicas, táticas e tecnologias destinadas a potenciar os ativos

intangíveis da organização, através da extração de dados, informações pertinentes e conhecimento

relevante para facilitar a tomada de decisões. GC é um conjunto de práticas destinadas a interação

entre conhecimento tácito e explícito para adquirir e criar novas competências

(conhecimentos+habilidades+atitudes) a fim de possibilitar uma organização agir inteligentemente

em diferentes ambientes (Angelis, 2013a).

Staskeviciute e Ciutiene (2008) destacam que na literatura científica é possível encontrar

diferentes conceitos de Inteligência Organizacional - IO, mas todos eles são limitados pela mesma

característica: a capacidade da organização de se adaptar ao ambiente e a Gestão do Conhecimento.

Choo (2002) define IO como um ciclo contínuo de atividades que incluem sensoriamento do meio

ambiente, desenvolvimento de percepções e criação de significado através da interpretação, usando

a memória da experiência do passado para agir com base nas interpretações desenvolvidas.

Tarapanoff (2002) conclue que a IO parte da necessidade da organização em manter uma melhoria

contínua em sintonia com as mudanças ambientais, suas oportunidades e ameaças, a fim de

adaptar-se rapidamente e aumentar a sua capacidade de inovar. IO refere-se a um processo de

transformar dados em conhecimento e conhecimento em ação para ganho organizacional

(Cronquist, 2010). Em linha com esses conceitos, Angelis (2013a) define IO como a capacidade de

uma organização para se adaptar, aprender e mudar em resposta às condições ambientais através do

uso de conhecimentos relevantes.

Apesar do apelo intuitivo de que os conceitos de GC e IO são complementares e interdependentes,

esta relação recebeu relativamente pouca atenção na literatura. Mooghali e Azizi (2008)

encontraram uma correlação de coeficiente de 0,931 entre GC e IO. Mais realista, Yaghoubi et al.

(2011) descobriram que quase 59,2% das alterações existentes na IO são definidas por processos

estratégicos de GC.

Para Halal e Kull (1998) IO é uma função de cinco subsistemas cognitivos: estrutura

organizacional, cultura organizacional, as relações das partes interessadas, os processos estratégicos

e a Gestão do Conhecimento. Liebowitz (2001) destaca que a gestão ativa do conhecimento é

fundamental para permitir a melhoria do desempenho organizacional, resolução de problemas e

tomada de decisões. Cruz e Dominguez (2007) posicionaram GC como um ativador da IO, obtendo

informações externas e internas e facilitando a percepção, a criação de conhecimento e em

consequência, a tomada de decisões. Lefter et al. (2008) enfatizam que a organização inteligente usa

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a gestão do conhecimento como uma ferramenta para lidar com a constante mudança de um

ambiente, identificando oportunidades e evitando riscos.

Baseado nessas perspectivas, é possível concluir que GC fornece métodos de identificação,

armazenamento, compartilhamento e criação de conhecimento, enquanto a IO integra e interpreta

esse conhecimento para tomada de decisão e solução de problemas. É importante observar que o

conhecimento é socialmente construído com atividades colaborativas (práticas de gestão do

conhecimento), mas o acesso a esse conhecimento não significa sucesso na tomada de decisão

(Rothberg e Erickson, 2004).

A este respeito, Choo (2010) destaca que um excesso de informações pode confundir o processo de

inteligência organizacional. Choo (1998) desenvolveu um modelo, o ciclo de conhecimento

organizacional, representado na figura 2, que postula certas relações entre os processos de fazer

sentido, de criação de conhecimento e de tomada de decisão.

Figura 2 : Ciclo do Conhecimento Organizacional

Fonte: Choo,1998

Este modelo propõe que conhecimento interno e externo são desenvolvidos e mantidos dentro da

organização nos processos de criação de conhecimento. Sinais ambientais são percebidos e

interpretados no processo de "fazer sentido", e ambos os processos servem como fundações para

ação organizacional na tomada de decisão. O modelo de Choo (1998) coloca a interpretação no

centro da Inteligência organizacional, a fim de equilibrar o conservadorismo (interpretação de

acordo com as crenças existentes) com empreendedorismo (interpretação com foco na exploração

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de novas alternativas).

5. Uma Proposta de Mudança Cultural na SPU/SC

As pessoas nas organizações públicas confiam mais em conhecimento explícito para resolver

problemas (abordagem pessoas-a-documentos), apesar do fato de que, segundo a Tovstiga e Korot

(1998) o conhecimento tácito constitui mais de 70 por cento do conhecimento de uma organização

(Angelis, 2013a).

No caso particular do Brasil, um dos principais problemas que impacta a Administração Pública é a

cultura de curto prazo, identificada por Hostede(1991) e House et al. (2004) como característica

principal dos países latinos. Uma cultura de “apagar incêndios” é a consequência da falta da

integração dos três alicerces da inteligência: estratégia, previsão e ação.

Criar uma cultura onde o conhecimento é valorizado e compartilhado é um dos maiores desafios

que se coloca na prática da Administração Pública. Na realidade, o maior desafio para o setor

público é a mudança de uma cultura dominante de "conhecimento é poder" para "compartilhamento

de conhecimento é poder e potencialmente inteligência".

Além da já conhecida dificuldade da interação entre as Universidades (conhecimento) e a

Administração Pública e Governo (poder), o que se observa é que os servidores públicos são

despreparados para criarem novo conhecimento e usá-lo para tomar decisões importantes,

especialmente em momentos de complexidade e incerteza. A seleção dos servidores públicos é feita

por testes de memória e a formação continuada é baseada em cursos de curta duração que

desenvolvem habilidades técnicas e repetitivas.

O processo de mudança cultural na Administração Pública, e em particular na SPU/SC, engloba,

entre outros, os seguintes requerimentos:

(i) Novos Programas e Políticas de Seleção, Recrutamento, Formação, Aprendizagem e

Promoção;

(ii) Avaliação da Contribuição dos servidores e aumento da competitividade entre eles;

(iii) Desenvolvimento do Capital Humano e Aprendizagem ao Longo da Vida;

(iv) Mapeamento e Criação de Novas Competências ( ex. quem sabe o que?);

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(v) alterações legislativas e técnicas;

(vi) Transformar gestores/líderes transacionais, que trabalham em ambiente estáveis, em

líderes transformacionais, que integram competências intelectuais, gerenciais, emocionais e

espirituais mudar expectativas e percepções;

(vii) compreensão de como a GC e a IO podem melhorar os processos, recursos humanos,

sistemas, e principalmente, a tomada de decisão.

6. Um modelo de Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional para SPU/SC

Na década de 1980, na Inglaterra, surgiu uma nova filosofia de gestão para a modernização do

setor público chamada o Paradigma ' New Public Management' - NPM15, que tem os seguintes

elementos principais: a concorrência, padrões de desempenho, monitoramento, medição de

resultados, flexibilidade, ênfase em resultados, foco no cliente e controle social (Angelis, 2013a).

Esse novo paradigma, baseado nos modelos de mercado do setor privado, levou a uma concentração

de poder e conhecimento dentro dos governos, o que resultou na exclusão de outras partes

interessadas no processo de formulação de políticas (Adams & Hess, 2007). Os críticos também

argumentam que o NPM tem levado à queda nos padrões éticos na vida pública com o aumento da

incidência de interesses conflitantes, favoritismo e ganância (Larbi, 1999). Em particular, de acordo

com Samaratunge et al. (2008), em países que não têm um modelo burocrático estabelecido, a

privatização (característica do NPM) tornou-se uma fonte popular de renda a partir da corrupção e

clientelismo.

Após o colapso do modelo NPM, o setor público passou por várias mudanças, tentando se adaptar

a um ambiente cada vez mais incerto, dinâmico e complexo através de diferentes modelos de

governança (Angelis, 2013b). Para Angelis (2013b) a mudança de uma abordagem gerencial, como

o NPM, para uma abordagem participativa, baseados em redes, foi determinada pela substituição da

eficiência técnica e mecanismos de mercado pela prática de co-produção de políticas. Isso é

implementado por meio do envolvimento da sociedade civil organizada, do público em geral e do

setor privado, a fim de criar novos conhecimentos. De fato, o surgimento dos novos modelos de

governança baseados em redes - como o governo em rede (Goldsmith e Eggers, 2004), junta-se ao

governo (Bogdanor, 2005) e do governo da era digital (Dunleavy et al. , 2006) - tem promovido a

participação dos cidadãos por meio de tecnologias que suportam o compartilhamento de

conhecimento. Entretanto, apesar do fato de que a colaboração através das redes ter proporcionado

eficiência colectiva sob a forma de custos de transação reduzidos e inovação acelerada, a

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governança em redes também produziu uma avalanche de informações e consequentemente novas

formas de incerteza e complexidade, o que trouxe perda de foco e falta de resultados (Van Wart et

al., 2012 ).

Nessa era das redes, a maioria dos governos tem investido em governo eletrônico (e-Gov) para

melhorar a comunicação interna e externa, bem como a qualidade e velocidade do serviço prestado.

No entanto, apesar dos inúmeros benefícios do governo eletrônico, como nas áreas de prestação de

contas e transparência, incluindo a maior confiança e fortalecimento da democracia, há várias

limitações das quais a mais importante é, no estágio atual, a incapacidade de obter as vantagens que

a inteligência coletiva dos participantes poderia fornecer (Bourgon, 2009).

Tapscott et al. (2008) apontam que já não é suficiente simplesmente fornecer um balcão único

para os serviços públicos. No ambiente de mídia social atual, esta “conversa de uma via” não

constrói credibilidade e confiança no governo, e talvez ainda mais importante, não consegue

aproveitar os conhecimentos, competências e recursos que poderiam ser aproveitados pelo governo,

usando uma abordagem mais colaborativa para prestação de serviços e formulação de políticas

(Tapscott et al.,2008).

Ademais, o governo brasileiro tem muito a melhorar em relação ao governo eletrônico. De acordo

com a Pesquisa de E-Gov feita pela ONU (2012) o Brasil ocupa a quinta posição entre os países da

América do Sul em relação ao desenvolvimento do governo eletrônico. Isso sinaliza a importância

do governo começar a transição do GOV 2.0 (governo aberto + mídias sociais) para o GOV 3.0

(inovação colaborativa + web semântica16) a partir da adoção de práticas de GC e IO. Contudo,

nessa passagem, segundo Bourgon (2009), os governos não têm recursos suficientes para responder

de forma eficaz e inovadora às necessidades dos cidadãos em um ambiente que muda rapidamente.

Na realidade, o valor público não é mais fornecida apenas pelo governo, mas pela colaboração. O

papel das administrações públicas se estende para a construção da inteligência e resiliência com os

cidadãos, outros setores e nações por meio da capacidade coletiva para aprender, mudar e se adaptar

ao ambiente. Resiliência, considerada como um elemento da inteligência, é, de acordo com Bourgon

(2009), baseada no estoque de confiança, compreensão mútua, conhecimento e 'know-how' que

permite evoluir e agir coletivamente.

Como pode ser observado na figura 3, a inteligência e a resiliência são os alicerces para os

governos enfrentarem os desafios do Século 21

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Figura 3 – Uma nova síntese de Administração Pública

Fonte: Adaptado de Bourgon (2009).

O ambiente de participação da juventude17 que foi lançado recentemente pelo governo federal

através do portal http://participatorio.juventude.gov.br e a ideia de um plebsicito para basear uma

profunda reforma política representam uma mudança de uma perspectiva de "Governo para você"

(e-gov) para "Governo com você" a fim de incentivar a co-criação de conhecimento.

No entanto, é importante salientar três grandes desafios:

(i) a criação de uma cultura de partilha dentro e fora da administração pública para co-criação e

implementação de políticas, programas, projetos e atividades.

(ii) motivar e facilitar uma expressão concisa e organizada na discussão on-line.

(iii) o uso de ferramentas/sistemas inteligentes e especialistas para transformar a informação em

conhecimento (contextualização) e então em inteligência (aplicação).

O reconhecimento da importância da participação ativa dos cidadãos, setor privado e funcionários

públicos para a criação de novos conhecimentos, bem como os sistemas inteligentes e especialistas

para facilitar/orientar a colaboração e analisar este novo conhecimento gerado, deve ser a base de

um novo modelo de Administração Pública - AP.

Em 23 de fevereiro de 2005, um programa de desburocratização, conhecido como Programa

Nacional de Gestão Pública (GESPUBLICA), foi estabelecido pelo Governo Federal , através do

Decreto n º 5.378, como o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos

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prestados aos cidadãos e aumentar a competitividade do país. O modelo de excelência na gestão

Pública, o MEGP, mostrado na figura 4, foi criado a partir da adaptação do Modelo da Fundação

Européia para Gestão da Qualidade (EFQM, Bhatt, 2001) (ver figura 5), o qual segue os princípios

do NPM.

Figura 4 – Modelo MEGP

Fonte: Brasil (2006)

Figura 5 – Modelo EFQM

Fonte: Bhatt (2001)

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Observando as figuras 4 e 5, note-se que ambos os modelos não trazem a questão da gestão

participativa (atitude de gestão da alta administração para buscar a máxima cooperação). Ademais,

ao não considerarem o aprendizado sobre o meio ambiente interno e externo, excluem as partes

interessadas na formulação de políticas.

O MEGP tem dois elementos de ação corretiva, informação e conhecimento, os quais alimentam o

planejamento, a execução e o controle. No entanto, o conhecimento não é deveria ser corretivo e

sim o alicerce dessas três fases. Ademais, o conhecimento tem que ser criado, compartilhado, e

utilizado na tomada de decisões e este modelo não apresenta a forma como isso deve ser feito.

O Modelo de Inovação e Inteligência Governamental para o setor público proposto nesta pesquisa,

o MISP (veja figura 6), abrange a GC e a IO e tem como objetivo apoiar os tomadores de decisão na

solução de problemas, oferecendo aos líderes o entendimento da influência da cultura e do

conhecimento sobre a inteligência e apresentando elementos para administração pública alcançar

elevados níveis de excelência em GC (partilha e criação de conhecimento) e IO (análise e uso do

conhecimento).

Figura 6 – Modelo MISP

Fonte: Elaboração Própria

Diversos autores enfatizam a importância da cultura organizacional na implantação de estratégias e

mudanças organizacionais.

A cultura fornece o contexto e é um fator de grande sucesso para a formulação e implementação de

estratégias (Farjoun, 2002; Ireland et al., 1999). A cultura de partilha de conhecimento e de suporte

organizacional é a base fundamental da gestão do conhecimento (Davenport & Prusak, 1998). A

cultura come a estratégia no café da manhã (Drucker, 1993), a liderança no almoço e a governança

no jantar (Pritchard et al., 2011).

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Analisando a figura acima é possível concluir que a cultura organizacional impacta a GC, a IO, a

mensuração de resultados, a aprendizagem com o ambiente, a estrutura organizacional e as

tecnologias de informação e comunicação.

Como as coisas são feitas e como as pessoas se comportam diretamente influenciam os objetivos,

estratégia, processos, comunicação, aprendizagem, tecnologia, etc.

Na Administração Pública, a maioria dos programas e projetos de GC miseravelmente falham não

só porque a cultura organizacional não oferece suporte ao processo mas, pior ainda, contribui para

produzir forte resistência à sua implementação bem-sucedida. A cultura organizacional influencia o

ambiente de aprendizagem quando demonstra abertura para as idéias dos servidores públicos,

cidadãos e outras organizações, identifica parceiros e melhora os serviços de acordo com as

demandas do ambiente. A cultura organizacional afeta as tecnologias de informação e comunicação

quando permite a disciplina necessária para organizar o conteúdo, quando melhora a utilização das

tecnologias e quando permite que os sistemas de informações suportem a ampla disponibilidade e o

livre fluxo de informações operacionais úteis, confiáveis e oportunas.

A cultura organizacional impacta tanto a criação de conhecimento (práticas de GC) como o uso do

conhecimento (práticas de IO).

As práticas de GC fornecem o conhecimento e após um processo de análise, o qual envolve

previsão e estratégia a partir das interpretações desenvolvidas, os líderes tomam a decisão

(inteligência).

O MISP surge a partir da identificação de uma grande necessidade de transformar conhecimento em

inteligência no âmbito da administração pública.

O alcance da GC e da IO deve abranger áreas sensíveis do governo, como os ministérios e agências

responsáveis pela estratégia, planejamento e previsão, evitando assim o conflito de competências e

funções entre os diversos órgãos, entre outros diversos problemas gerado pela dificuldade de

compartilhar, criar e usar conhecimento.

O resultado principal da aplicação do modelo MISP, é a integração entre conhecimento,

aprendizagem, estratégia, previsão e ação, o qual impacta diretamente a inovação e inteligência do

governo e em consequência o desenvolvimento sustentável do país.

7. Um Plano de Gestão do Conhecimento - GC e Inteligência Organizacional - IO para

SPU/SC

Um Plano de GC-IO para a SPU/SC deve abranger as seguintes etapas:

1. Criar um departamento de GC-IO e nomear os “líderes do conhecimento” responsáveis pela

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construção, disseminação e aplicação das práticas de GC e IO.

2. Desenvolver um processo eficaz para identificar, desenvolver e promover os futuros líderes

e pensadores estratégicos através das seguintes práticas de GC: banco de competência

organizacional, banco de competência individual e educação corporativa *.

3. Estabelecer sessões de sensibilização quanto aos conceitos, práticas e políticas de GC.

4. Identificar os fluxos de conhecimento, isto é, compreender como os indivíduos e as equipes

compartilham conhecimentos. Entender as relações e, portanto, "quem conhece o quê" e "quem

compartilha com quem” é essencial. Nesse ponto é fundamental criar um mapa amplamente

divulgado de conhecimento relevante para a organização.

5. Identificar como as pessoas interagem com o ambiente externo, por exemplo, a

comunidade, o setor privado, os níveis de governo e outras nações. Nesse ponto, é preciso

identificar potenciais parceiros estratégicos e a natureza da relação, estabelecendo parcerias e

definindo as responsabilidades de cada parte. Além disso é preciso criar um processo formal para o

"exame do ambiente”, isto é, uma revisão sistemática do ambiente organizacional para identificar as

principais tendências, oportunidades e ameaças.

6. Analisar a infra-estrutura de tecnologia, a estratégia e estrutura da organização a partir da

análise das seguintes questões:

(i) Há processos definidos e disciplina para organizar, classificar e avaliar conteúdos e

documentos ao nível de equipes, departamentos e da organização como um todo?

(ii) Os sistemas de informação apoiam à grande disponibilidade e livre fluxo de informação

fiável e útil?

(iii) A informação flui com rapidez e eficiência na organização?

(iv) A estrutura organizacional promove o uso das competências dos funcionários públicos?

7. Desenvolver uma estratégia de comunicação e uma estratégia de GC alinhada aos objetivos

organizacionais.

8. Criar um Projeto Piloto de GC. A atividade inicial mais indicada são as Comunidades de

Prática para compartilhar e criar conhecimento.

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9. Nomear facilitadores/experts que alimentam e analisam as informações das comunidades

de prática para entregar o conhecimento correto e preciso para o tomador de decisão.

10. Verificar como a organização pode melhorar a aplicação do conhecimento advindo das

práticas de GC, como as lições aprendidas e melhores práticas, para fazer previsões e tomar

decisões.

11. Aplicar sistemas cognitivos, como os lançados pela IBM, capazes de processar enormes

quantidades de informação e entregar resultados precisos.

8. Por que a SPU/SC deve se envolver com GC e IO?

Em primeiro lugar, as organizações estão enfrentando ambientes diversos e turbulentos que

requerem alta capacidade de adaptação e resolução de problemas, a fim de atender a crescente

demanda dos cidadãos (Bourgon, 2009).

Em segundo lugar, a alta administração das organizações devem reconhecer que a terra,

trabalho e capital - os fatores clássicos de produção - foram em grande parte substituídos por

conhecimento e que o conhecimento se tornou o recurso, em vez de um recurso, o que torna a nossa

sociedade pós-capitalista (Drucker, 1993). Dessa forma, os conhecimentos das pessoas envolvidas

na formulação e implementação de políticas públicas devem ser tratados com as metodologias as

praticas e ferramentas adequadas.

Em terceiro lugar, as demandas da sociedade por serviços de qualidade e transparência na

aplicação dos recursos tornou-se essencial para a administração pública buscar novos modelos a fim

de racionalizar a sua gestão.

Brun (2005) aponta que se pensarmos sobre as muitas interações entre os diversos

stakeholders envolvidos na formulação e aplicação de políticas públicas e seu impacto na prestação

de serviços, então começamos a ver o escopo da gestão do conhecimento no setor público.

Esta interdependência entre diferentes atores e os frutos de suas colaborações são as principais

razões para a adoção de GC na administração pública moderna com uma governança baseada na

democracia interativa e em redes conectadas. Tapscott et al. (2008) enfatizam que "Estamos em uma

época em que o poder e a autoridade do governo e a legitimidade das políticas públicas vão se

tornar ainda mais dependentes da democracia interativa". Portanto, o valor público não é mais

fornecido apenas pelo governo mas por colaboração. Compartilhar o poder, abrindo o processo de

tomada de decisão e fomentando novas relações e parcerias são os alicerces do governo do século

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XXI.

Denner e Diaz (2011) concluem que GC no setor público não é só plausível, mas necessário

para o funcionamento eficaz do setor público, a fim de alcançar o desenvolvimento sustentável. É,

portanto, essencial que este setor seja capaz de aprender com outros setores e também com os

cidadãos. Os cidadãos esperam do setor público a partilha e utilização do conhecimento

institucional para melhorar os serviços prestados (Sinclair, 2006; citado por Denner & Diaz, 2011).

GC tem o potencial de influenciar e melhorar os processos de renovação do setor público (Fullan,

2001; McAdam e Reid, 2001, citado por Edge 2005). Wigg (2000) afirma que o amplo campo de

GC apresenta novas opções, capacidades e práticas para auxiliar a Administração Pública em obter

grandes vantagens.

Com relação a IO, Choo (1998) destaca que como o ambiente está crescendo em

complexidade e volatilidade, é necessário que as organizações aprendam o suficiente sobre as

condições atuais e futuras do meio ambiente e utilizem esse conhecimento para mudar seu próprio

comportamento de forma adequada

A resposta para os cidadãos depende da capacidade do líder absorver o que está acontecendo

no meio ambiente (GC) e agir corretamente com base no conhecimento gerado (IO).

A GC e a IO podem contribuir para a reforma da administração pública a fim de tornar os

governos mais eficientes, transparentes, sensíveis às necessidades dos cidadãos e inteligentes para

alcançar seus objetivos. Em outras palavras, a GC e a IO são as bases para o desenvolvimento de

uma administração pública inteligente capaz de lidar com problemas complexos em ambientes

incertos, transformar os desafios em oportunidades e recuperar de choques e crises inesperadas. Em

tempos de crise e grande turbulência econômica e social, as organizações públicas devem mostrar

altos níveis de inteligência para responder às necessidades dos cidadãos.

9. Benefícios e barreiras na aplicação de práticas de GC e IO

Alguns dos principais beneficios da GC foram levantadas pela OCDE (2003): (i) minimizar ou

eliminar a duplicação de esforços; (ii)repararar a perda de conhecimentos e promover a

aprendizagem ao longo da vida; (iii)aumentar a eficiência pela produção e compartilhamento de

conhecimentos; (iv) integrar conhecimento do ambiente interno e externo.

A gestão do conhecimento tem levantado grandes expectativas. No estudo da OCDE (2003) as

seguintes expectativas amplamente percebidas foram as seguintes:

(i) Divulgação de informações mais rapidamente, tornando-as mais amplamente disponível ao

público

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(ii)Melhorar a transparência

(iii) Melhorar as relações de trabalho e compartilhamento de conhecimento com outros

ministérios

(iv) Melhorar a eficiência do trabalho e/ou produtividade, produzindo e compartilhando

conhecimento e informações mais rapidamente dentro de sua organização

(v) Aumentar a horizontalidade e descentralização da autoridade

(vi) Tornar as organizações públicas mais atraentes para quem procura ingressar no setor

público.

(vii) Minimizar ou eliminar a duplicação de esforços entre divisões e direções

(viii) Diminuir a perda de conhecimento (devido ao número menor de pessoal devido a

aposentadoria futura, a partida para o setor privado, etc)

(ix) Promover a aprendizagem ao longo da vida

(x) Integrar o conhecimento de fora para a criação de novos conhecimentos (ou seja, ligação

entre o 'front-office' e 'back-office')

(xi) Benefício de todos os cidadãos e do país do ponto de vista do conhecimento.

No entanto, há muitos desafios e obstáculos para efetivamente aplicar políticas e práticas de GC no

setor público, com a ênfase na aprendizagem formal e técnica como um mecanismo para

compartilhamento de conhecimento e a incapacidade de organização para motivar os servidores na

partilha de seus conhecimentos e necessidades de aprendizagem. Além desses desafios, existem

vários fatos já conhecidos que representam uma barreira a capacidade na aplicação de políticas e

práticas de GC : o controle de cima para baixo, a falta de reconhecimento dos servidores públicos

mais capacitados e a natureza das organizações públicas impulsionadas pela legislação

(procedimentos burocráticos).

A OCDE (2003) constatou que: (i) as estratégias de GC nem sempre são bem disseminadas, (ii) as

dificuldades de implementação de estratégias de GC tem surgido de resistência pessoal

(principalmente na parte gerencial), (iii) a dificuldade em capturar conhecimento não documentado

dos servidores públicos (conhecimento tácito) e (iv) o foco das organizações em tecnologia,

subestimando o fator humano.

Além disso, existem outras barreiras no setor público, tais como: 1. Ausência de interação

estruturada entre as agências, limitando a partilha de conhecimento, 2. Esforços embrionários em

divulgação de aprendizagem, práticas e melhorias, 3. Falta de diretrizes e responsabilidades claras

na aplicação de práticas de GC, 4. A cultura dominante que não privilegia a partilha de

conhecimentos e iniciativas para fazer melhorias através da colaboração por redes; 5. Falta de

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métricas que possibilitem a avaliação do impacto da criação e partilha de conhecimento na eficácia

e inovação do governo (Knight, 2007).

Segundo Halal e Kull (1998), os processos de IO geram vários benefícios, tais como descobrir os

pontos fortes e fracos da organização, desenvolver novas formas de geração de conhecimento e

criatividade e ajudar a alavancar as contribuições que podem ser fornecidas através de fatores

dinâmicos como liderança ( Halal & Kull, 1998).

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