Um lugar para dizer adeus - Recanto das...
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UM LUGAR PARA UM LUGAR PARA UM LUGAR PARA UM LUGAR PARA
DIZER ADEUSDIZER ADEUSDIZER ADEUSDIZER ADEUS
EDER FERREIRA
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Eder Ferreira
UM LUGAR PARA UM LUGAR PARA UM LUGAR PARA UM LUGAR PARA
DIZER ADEUSDIZER ADEUSDIZER ADEUSDIZER ADEUS
1º Edição
Siqueira Campos - PR Outubro de 2011
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Edição, diagramação e capa: Eder Ferreira
Revisão: Eder Ferreira e Samara de Oliveira
Ferreira, Eder Um lugar para dizer adeus: Eder Ferreira; Siqueira Campos – 2011
1. Literatura. 2. Literatura nacional. 3. Poesias
Eder Ferreira. 2011. Todos os direitos reservados
Contato: [email protected]
Atenção: todos os textos publicados neste livro são de autoria de Eder Ferreira. As únicas exceções são o prefácio e os poemas Imperfeitos
versos, Inquietação, Insensível, Brilho solitário e Lembranças que foram escritos em co-autoria. Todos esses textos estão devidamente creditados.
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ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação
Amor. Sentimento humano, único, útil, que une
duas almas em um só enlace, arrepiando a pele fria, que logo se aquece, por um beijo acalorado.
Saudade. A ausência do ser amado, que, na distância, cria uma tristeza, misturada com alegria, pela esperança da volta de quem se ama.
Solidão. A falta ou abandono, de quem se esperava tanto amor. Ou, ainda, o ódio pelo desamor, pela indiferença e pelo vazio deixado depois da partida.
Amor, saudade, solidão. Três palavras diferentes, mas que se tornam uma só no coração de um ser apaixonado.
Esse livro é mais que uma coletânea poética. É, na verdade, uma história de amor, mas sem personagens ou enredo.
Primeiro, a descoberta e a alegria, de se estar amando. Depois, a angústia lancinante pela ausência de quem se ama. E, enfim, a solidão e a revolta de uma alma sem o amor prometido.
Uma história que pode ser minha, sua, ou de qualquer pessoa. Uma história que só pode acabar em um lugar tão distante quanto as últimas lembranças do amor que já se foi. Um lugar para apagar todas as promessas feitas. Um lugar para esquecer. Um lugar para dizer adeus.
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PrefácioPrefácioPrefácioPrefácio
Eu vi aquela lágrima escapar dos olhos e deslizar silente pela face do apaixonado. Ele chegava ao cais e queria encontrar uma resposta na linha azul do horizonte, que costuma engolir embarcações e vomitar ora tristeza ora esperança. Eu vi a tal lágrima suave perder-se no mar, e ouvi os aplausos das estrelas entre comentários invejosos. Vi, dou fé que vi, mas preciso confessar que não estava lá. Os poemas de Eder Ferreira é que me abriram uma janela no ar para que tudo me fosse revelado com todas as nuances de uma perfeita miragem agridoce. Sinto-me tão indigno que estar aqui, tentando abrir as cortinas da tal janela para que outros também possam contemplar a minha visão. Não quero macular a delicadeza destes textos que exploram até os ângulos mais improváveis do amor, que atestam e duvidam desse sentimento tão belo e igualmente agressivo. Talvez eu já tenha maculado, pelo menos um deles, quando Eder Ferreira, em sua insanidade de poeta, convidou-me a participar desta obra. Se eu soubesse tratar-se de uma brisa fragrante, que tenta revelar essa força arrebatadora criada por Deus através das fendas de elementos naturais, eu não teria aceitado o convite. Acho que manchei este lenço de seda, mas a luz destes poemas não permitirão que a minha pouca sombra tenha qualquer importância.
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É preciso amar. E também ser amado. É preciso dizer adeus e ficar. Depois dizer e partir. Lágrimas de amor e lágrimas de adeus são absolutamente necessárias para firmar o solo da vida. Esta obra é feita de terra, flores e alma. Eu sei porque vi. Vi, mas não posso mostrar a ninguém nem revelar quais são os caminhos. Fui convidado a abrir as cortinas, mas agora apresento minha desistência. Cada um que arrisque por sua própria conta. Amar é arriscar-se. O amor implica em encontrar as janelas e portas da própria alma. E os poemas do Eder Ferreira estão à espera de seres iluminados (e corajosos) que os usem como chaves.
A. Zhoras
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SumárioSumárioSumárioSumário
Início... .......... 15
Primeiro encontro .......... 16
Intraduzível .......... 18
Aos profanos anjos do perene amor .......... 19
Paradoxo .......... 20
Mar de lágrimas .......... 21
Ferina .......... 22
Reminiscências .......... 23
Entre as flores .......... 24
A melhor coisa do mundo .......... 25
Primavera sem fim .......... 26
Amor alado .......... 27
A voz do pecado .......... 28
Flauta doce .......... 29
Louco amor .......... 30
Teorema.......... 32
Estrela proibida .......... 33
10
Incertezas .......... 34
Corpo/Alma .......... 36
Horizonte distante .......... 37
Nova vida .......... 39
Inexplicável .......... 41
Quem me dera .......... 42
Alma humana .......... 43
...meio... .......... 44
Engano meu .......... 45
Karma eterno .......... 46
Coração pensante .......... 48
Sem mais despedidas .......... 49
Eclipse .......... 51
Uma última gota de amor .......... 52
Noturno .......... 53
Limbo .......... 55
Sem saída .......... 56
Simples assim .......... 58
Além das horas .......... 59
Teu espectro .......... 60
11
Universo paralelo .......... 62
Ao seu falso amor .......... 64
Trajetória .......... 65
Antes que você se vá .......... 67
Inimigo oculto .......... 69
Estado de graça .......... 70
Imperfeitos versos .......... 72
Inquietação .......... 73
Insensível .......... 75
Brilho solitário .......... 77
Lembranças .......... 79
Um lugar para dizer adeus .......... 81
...e fim .......... 83
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Não é o amor que move o mundo, mas sim a humana necessidade
de sempre alcançá-lo
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Início...
Big Bang e tudo começa
Um novo mundo
de belezas e sonhos
Uma nova história
que se monta no mote do tempo
Juras de amor
sem dor
Planos futuros passados a limpo
Duas vidas
unindo-se em uma só
Dito e feito E como dito
é só o começo...
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Primeiro encontro
estalos na noite
sem faíscas
enlaces noturnos
de praxe
ensaios
de uma vida
sem saída
contrastes de almas
sem acordo
abalos
sísmicos
sem ardor
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estalos
na manhã seguinte
já era amor
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Intraduzível
amo-te/i love you de uma maneira/in a way tão complexa/as complex
quanto uma/as an frase em inglês/english sentence
escrita por alguém/written by someone que nada sabe/who knows nothing
de outro idioma/of another language
e nesse amor/and in that love que me transportou/carried me
a outra realidade/to another reality tentei traduzir/I tried to translate
o que sentia/what I felt
não consegui/I couldn’t pois nada/cause’ nothing
pode explicar/could explain minha paixão/my passion que só pode/that can only ser traduzida/be translated
em um único/in a single beijo apaixonado/passionate kiss
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Aos profanos anjos
do perene amor
Que anjos provençais me dirão agora O quanto amar me fará em percalços Sentir valores que não soem falsos Nem que me chegue a última hora
Falem, querubins, derramem o saber Contemplados seres, na fé amados Que mesmo nos céus encarcerados
Inda alimentam o “amor sem perecer”
Digam a mim, a nós, a toda’s almas O que vem, e nos tira a sublime calma Ao vivermos essa vida, tão desatados
Ou calem-se, e nos deixem amando
Nessa santa volúpia, nos perpetrando Em beijos ardentes, em abraços calados
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Paradoxo
Não há pecado no amor
Só há uma mescla ardente
Mistura de prazer e dor
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Mar de lágrimas
Nade por esse oceano de sentimentos e lamentos
Sinta a fluidez do mar de lágrimas que se formou a cada novo pranto
Mergulhe fundo na placidez aquática do caos úmido do amor contido
Navegue, a todo vento sentindo a brisa fria que arrepia a pele
Nade livre sem amarras
pelos mares da inquietude pelos portos da insensatez
pelas correntes de paixão lasciva Nade
pelo mar de almas apaixonadas de virtudes pulsantes de defeitos ocultos de amores em vão Nade, sem medo
Nade sempre Nade comigo Nade em mim Nade sem fim
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Ferina
Minha deusa, minha virgem. Mulher! Que eu nunca te perca e sempre te veja!
Na eternidade, teu amor deseja, e no infinito tua alma me quer!
Sou teu homem, teu servo, teu amante!
Aquele que te faz mulher, e te ama! Mais que o calor da poderosa chama, que queima em meu peito. Inebriante!
Me perco em tua feminilidade; Em tua delicada suavidade;
Em teu saboroso cheiro feminino.
Minha linda, minha mulher. Senhora de minha vida, que me tens agora
e para sempre, em teu corpo ferino!
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Reminiscências
Lembrar
É isso o que tento fazer agora
Recordar Os momentos mais sublimes que tivemos
Recapitular
Cada fase desse sentimento único
Revisar Os momentos que passei contigo
Restaurar
Minha plena certeza sobre o amor
Relembrar Tudo em você, para nunca mais
te esquecer
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Entre as flores
Vastos jardins se estendem logo à frente
Enormes planícies Grandes extensões
Floridas e perfumadas Verdes espaços preenchidos
Vagas lacunas sem pólen Acácias, violetas, rosas Enfim, um mar de flores
que se esparrama pelo terreno em busca do infinito
Vastas cores Inúmeras formas Arranjos sem fim
E, no meio, uma ilha feita de ilusões e nela, estou eu
Náufrago Perdido
Entre as flores Entre os sonhos
Entre tantos amores
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A melhor coisa do
mundo
Quero ter, em um único toque, o mundo Em minhas mãos, pegar o que não é meu
Um sonho que o destino me prometeu Guardado no coração, bem lá no fundo
Sentir, no tato, a suavidade da existência A materialização do que é mais abstrato Eternizar como se faz em um belo retrato O mundo inteiro em sua plena excelência
Mas, sei que o que quero é algo impossível Um desejo que me parece intransponível Que me surge como uma insensível dor
E como não posso ter tudo o que aspiro
Troco todas as coisas pelas quais suspiro Pela melhor coisa do mundo, o teu amor
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Primavera sem fim
Teu desejo em ser minha É meu desejo em te ter
Como minha única estação
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Amor alado
Como queria poder voar Para viajar pela imensidão do espaço
E sentir a brisa gélida do vento Na esperança de encontrar ao longe
Minha fonte de calor eterna
Queria poder flutuar pelos ares E ver o mundo todo lá de cima
Para poder te dizer quando chegasse Que te daria tudo o que vi
Se tivesse poder para tal feito
Queria olhar para o infinito horizonte E imaginar teu rosto inquieto
Na longínqua distância das horas Esperando eu descer das nuvens
Para nunca mais levantar voo
Como queria poder voar E te dizer lá das alturas Que não há nada maior Nada que se eleve mais
Que o amor que sinto por você
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A voz do pecado
Ouço, em risco, a voz que me vem dizer Que o amor me escolheu sem demora
E fez surgir um ardor que me aflora Na alma um desejo, a me entorpecer
Me dizendo, em sussurros, breves palavras
Essa voz se fez como um vento quente Ditando regras, tão vis e eloquentes
Tornando minh’alma uma audível escrava
Meus ouvidos, cansados, de tantas vozes De tantos lamentos, de gritos ferozes Já não mais aguentam essa voz louca
Mas ao elevar minha atenção ao extremo
Notei uma coisa, a que mais eu temo Essa voz saindo de sua vermelha boca
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Flauta doce
Adocicado o vento
voa lentamente
Plana pelo plano da existência contida E em forma de brisa acaricia os ouvidos
de quem só pode tocar o ar
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Louco amor
De que me adianta amar se não conheço o amor
Não o vejo
Nem o escuto
Apenas o sinto
como um frio cortante
De que adianta querer amar se meu querer é inútil
se minha vontade é nula perante meus sonhos aluados
De que adianta querer sonhar
com o amor mais puro se meus pecados me corrompem
se meu olhar transparece a loucura em mim contida
De que adianta amar
se só sei descrever o amor em singelas palavras
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Queria eu sonhar que estava amando
Quem sabe sonhando
eu encontraria o verdadeiro amor escondido sob os escombros de minha mente já devastada
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Teorema
Não há fórmula ou equação Que possa explicar
Os desmandos do coração
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Estrela proibida
Haverá uma estrela, no infinito céu Fazendo par com outra, cadente
De brilho abrasivo e incandescente A completar o enlace desse negro véu
Uma centelha de luz tão reluzente A voar livre, pela abóboda celeste
A dançar, plena, balançando a veste Banhada em luar, no universo aparente
E observando o céu em grande festa
Ouvindo o som da cosmológica orquestra Apenas fito os eventos arbitrários
Sozinho, espero essa bela estrela
Na esperança de um dia poder tê-la Brilhando em meus braços tão solitários
34
Incertezas
É possível num sonho a alma se partir em duas
e sair do corpo em direção ao espaço?
Ou será ela imutável
a ponto de ficar parada, inerte, só
em um único abraço?
Poderá um dia ser um corpo a prisão
que não segura o coração quando este se libertar?
E quando a vida se desmonta
num beijo tão distante pode o amor ser
apenas um, irrelevante?
Será o amor a lâmina que separa duas almas
e tira toda a calma de uma vida em desalento?
35
Tantas formas, tantas dúvidas
que se perdem ao relento desgastando a pobre alma
perdida, sem contento
Mas não há certeza posta nem resposta que se faça pois a única coisa gasta
é a certeza do amor eterno
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Corpo/Alma
receptáculo vazio
pela falta de outro corpo
que aqueça que arrepie a pele
sem o toque de puro contato
sem tocar a extensão das formas
e das normas não violadas
preenchimento do vácuo corporal
que na falta de um corpo para amar se liberta
e voa em direção
da alma alheia que espera em sonho
para ser amada
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Horizonte distante
Apenas te olho Em sua vida que aflora Vigiando teus passos
A uma distância segura Na insegurança de meus desejos
Apenas te fito
Na longínqua paisagem Seguindo teus anseios Na esperança tétrica De não poder tê-la
Apenas te observo Quase de relance Sem poder tocá-la Sem poder senti-la Sem poder algum
Apenas te vejo
Cada vez mais longe Em sua vida particular
Em seus problemas casuais Em seu destino que se desenha
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Apenas te olho E te contemplo
Nesse eterno adeus Nesse amor silencioso Nesse desejo reverso De um dia te perder
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Nova vida
Por onde caminhava nessa vida que ainda não me procurou?
Esqueceu-se de nosso plano?
Por onde teu coração trilhou
nesse fragmento de existência?
Esqueceu-se de nosso acordo? Esqueceu-se do que combinamos?
De nos encontrarmos ao acaso
mas sem surpresas
De esperarmos um pelo outro, para que ninguém pudesse dizer:
- Quem é essa pessoa?
Esqueceu-se do que te disse?
Não se lembra das juras de amor de perdição
onde meu beijo enfim calou tua descrença no infinito?
40
Já não lembra mais das lágrimas
que ficaram naquele século e que queimaram a relva pura
dum outono que já se foi?
Esqueceu-se, não é? Do sinal que combinamos
para outrora nos encontrarmos
Te disse em teu leito: - Serei um poeta
e, quando um dia nos vermos, nem que seja de relance,
lerá um poema que escreverei
Aqui está ele
Sabe bem onde me encontrar
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Inexplicável
Quantas vezes achei que o mundo estava em minhas mãos Tantas, que já nem sei
É inexplicável, mas um dia me vi eterno em minha vida tão finita
Um dia te olhei, e te vi inteira para, hoje, só te ter aos pedaços
Fragmentos de lembranças que ainda surgem sem explicação
Quantas noites, me senti o dono de tudo do destino, da vida, de mim mesmo
para hoje, não ter nem você em meus braços cansados
de tanto tentar abraçar o mundo Quantas explicações mais
terei que arranjar para entender de uma vez
que nada é meu, nada me pertence Nada me tira o vazio
deixado por tua inexplicável ausência
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Quem me dera
Quem me dera amar e ser amado Pelo amor mais puro que há no mundo
E em meu coração mergulhar bem fundo Voando alto num eterno sonho alado
Quem me dera ser eu mesmo o amor E sentir em mim as mais vis paixões
Recapturando em minh'alma as emoções Que perdi ao amar sem sentir dor
Quem me dera no amor poder me ver Como no espelho trágico de meu ser Que reflete em falso meu leve pesar
E sentido o amor que inda me resta Como Baco, soluçando numa festa
Diria: "Quem me dera saber amar..."
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Alma humana
Talvez um dia qualquer O destino me deixe em paz
E pare de correr atrás De minh'alma já cansada
Deixe que a maré me leve Para um mar de incertezas Não limitando as fraquezas
Que me impõem essa jornada
Posso, um dia, quem sabe, ser Eu mesmo meu próprio destino
Encarnado em um mero desatino A não viver mais novas paixões
Mas mesmo que o destino releve As auguras que as vezes me faz Sei que minh’alma voltará atrás Em busca de novas emoções
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...meio...
...e no centro de tudo os dilemas
de lemas esquecidos
Rotina em roda viva
rondando a roda do destino
Plenos pulmões para soprar velas
já apagadas pelo tempo
Escapadas Paralelismos Eufemismos
E quase no fim
a boca do abismo sorrindo em falso
Só mais um passo
para o inevitável fracasso...
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Engano meu
Verdadeiramente, menti Na ilusão que é o amor Ainda não te esqueci
46
Karma eterno
Eram várias as esferas Que flutuavam pelas ruas
Em cada uma, uma história Um pedaço de tempo
Dividido por igual Na desigualdade da vida
Eram muitas as cabeças
Rarefeitas e inertes Que vagavam pelo limbo
Da sujeira humana De cada profundo beco
Eram tantos pesadelos Disfarçados em sonhos Que andavam devagar
Destoando dos breves sons Que surgiam ao acaso
Eram muitas eras
Muitas vidas refeitas Fulgentes, em caminhar
Buscando um lugar Nesse mundo inerente
47
Eram tantas vidas Soltas no universo
Perdidas no espaço De um momento singular
Que começou ao entardecer E acabara com a alvorada
Eram tantas almas
Confraternizando no cosmos E só a minha sentia um vazio
Um vácuo perpétuo
Eram erros, eram certezas Fragmentos de esperança
Era o fim do meu inevitável sonho
Que, no final, na verdade, não era nada Só mais uma vida a ser vivida Dentre tantas que já se foram
48
Coração pensante
Odeio o insight que me contempla a mente, e me atormenta aos poucos, sem aviso! Tirando minha calma, trazendo um riso,
que surge a cada nova lembrança aparente.
Consulto os anais filosóficos de outrora, para buscar respostas que me consolem. Sobre tomos cheios de grãos de pólen, perco a noite em estudo, até a aurora.
Por que?! Digam-me, mestres, sem aval: Ptolomeu, Sócrates, Aristóteles, Platão... - O que perturba meu saber tão racional?
Que força é essa que me traz esse ardor,
e que transforma em um bobo coração meu cérebro, que só faz pensar em amor?!
49
Sem mais
despedidas
Já se foram dias, meses, anos e ainda temos que dizer adeus
a cada nova despedida
Lá se foram os sonhos para onde o coração não vai na distância física da alma
Se foram todas as palavras
deveras ditas e escritas para manter o fogo aceso
Sumiram todos os sorrisos
todos os abraços nunca dados e todos os beijos ao sabor do vento
Desapareceram as lembranças
que embalavam a memória perdida em tantos momentos
Já se foram horas, minutos e segundos
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e mais uma vez tenho que te dizer “Adeus, se cuida e até breve”
51
Eclipse
Por mágoas de amor Quando o sol e a lua se encontram
Todo o céu escurece
52
Uma última gota
de amor
Meu sangue ficou preso Numa gota singular
Que não cai Que não vibra
Apenas fita a existência
Um pedaço de fluido Que não flui mais
Em um espinho solitário Que aponta ao infinito
Meu sangue é negro
Como a escuridão na noite E vermelho rubro
Como a paixão que me corrói
Mas não tem brilho como a flor Que ostenta o espinho
Por não mais fazer meu coração Pulsar por um ser amado
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Noturno
Perdido em tua ausência Vago pela noite sem rumo
Sem direção
Na escuridão Tendo ver algo que me traga luz
Mas, só vejo trevas
Peço, em forma de oração Que a noite me diga
Com sua voz negra e silenciosa Onde está você
Mas, só escuto a quietude da eterna espera
Tento adormecer Mas, a tua falta, me tira o sono
Tento esquecer
Mas, tua imagem me surge em meio à penumbra
Tento não te amar Imaginar que tudo foi um pesadelo
Até enfim perceber Que estou acordado
54
Preso na realidade da solidão Que escurece minh’alma
E me consome a cada nova madrugada Sem você
55
Limbo
Você sumiu desapareceu no limbo da existência humana
Foi-se, como quem sai de viagem para nunca mais voltar
Partiu
para longe, nem sei de onde Deixou pra traz um coração partido
e solitário
Tua presença se fez invisível e tuas palavras se calaram
Não a vejo
Nem a sinto Nem sei se existiu de fato
Apenas vejo um vazio deixado pela tua falta
Você se foi
para longe de mim e eu fiquei aqui
no limbo de minha existência sem sentido
56
Sem saída
Abra as portas da vida insensata
Deixe a luz do negro sol adentrar
Abra as portas da percepção
As janelas da decepção
e finja que há uma leve brisa no ar
Derrube as paredes de seu orgulho concreto
Desabe
o desamor perdido em falsas promessas
Acabe de uma vez com essa dor que te assola sem perceber
e me esfola a alma
Abra os portais da sanidade estendida
e desentendida
57
Feche teus olhos lacrimejantes
Não há mais saída
Agora é tarde Já me perdeu
58
Simples assim
Na simplicidade dos versos Incompreensivelmente
A complexidade de minha solidão
59
Além das horas
Vislumbro a cada nova lembrança A eternidade de meus devaneios
E percebo, inerente
Que estou aquém do tempo E das coisas que ficaram
Como pedaços de um tempo que já se foi
E além de tudo o que me restou Ficou ainda a saudade
Além das horas que passam
Ficou a singularidade dos dias
Além da tua falta Ficou seu retrato na parede Como um silencioso relógio
Marcando o tempo Que ainda resta ao meu cansado coração
60
Teu espectro
Sozinho em minha casa vejo sombras se montando
sobre meu corpo que se desmonta
Aparições, que sobrevoam o que sobrou de mim
Fantasmas de um passado
que ainda ecoa sob gritos silenciosos
Vejo seres translúcidos
Criaturas invisíveis Monstros momentâneos
E, entre eles, vejo teu espectro
como uma névoa pairando livre
entre os cômodos de minha comoção
Não sinto medo, nem pânico
Dentro de mim
61
apenas um sentimento
Pena da vida que tivemos
e que se foi para o mundo das almas perdidas
62
Universo paralelo
Fugitivo da realidade me perdi na lacuna
que separa a vida e a morte
Entrei por um caminho de ilusões que me trouxe uma nova visão
um novo mundo um novo planeta
uma nova dimensão um novo amor
Meus sentidos se perderam na imensidão de sensações a flutuarem pela atmosfera desse sonho tão concreto
Olhei para os lados
para o infinito que se estendia em todas as direções
e vi você tão diferente
tão real
Em teu olhar, um lamento
63
Em teu sorriso, uma súplica Em tua alma, uma desejo ardente
de não ir mais embora
Mas você foi e deixou-me sozinho
mais uma vez nesse universo paralelo que criamos lentamente
com palavras e despedidas
Voltou para seu mundo e eu fiquei aqui
perdido, sem rumo sem teu coração para chamar de lar
64
Ao seu falso amor
O ódio que há em mim me disse o que fazer Não mais ser escravo do que me enfraquece
Pois teu falso amor não mais me apetece E tuas palavras nada mais vão me dizer
Quando lembro do que eu senti um dia Vejo a verdade pulsar em meu coração
E lembro que aquela inviável e vil paixão Era o que vagarosamente me destruía
E desde quando você tomou sua decisão De a outro presentear com seu coração Percebi que nada mais me fazia sentido
Sejas muito feliz, com esse seu amor E não se preocupe com a minha dor
Pois há de se curar meu coração ferido
65
Trajetória
...o caminho!
“Todos devem segui-lo!”
E eu segui Como um cego Que nada vê E nada sente
Fui de encontro
Com o amor E o encontrei
Tropecei
Cai Quase desisti
Mas fui
Pela estrada
E, num lapso temporal Voltei ao começo
Continuei vivendo
66
Continuei tentando Continuei sozinho Continuei sofrendo Continuei amando
Continuei...
67
Antes que você se vá
Por mais que meu coração tente se enganar
sei que vai embora
Que um dia, me deixara para viver a plenitude
de sua vida já construída
Tijolo por tijolo você fez seu destino
Pedra por pedra
você refez minha alma
Palavra por palavra vi tudo se desmanchando
Por mais que eu saiba de tudo o que acontece ainda há uma certeza
do que poderia ter sido
Outra era Outro tempo
68
Outro espaço Outro lugar
Só o que ainda é o mesmo
é o medo que sempre existiu
E antes que você se vá
assumo esse pavor não de te perder
mas de um dia encontrar outra pessoa como você
69
Inimigo oculto
Atenção, caro leitor. Quer saber
quem é seu inimigo oculto? Então
acesse a internet, aumente o volume
do som e escolha uma das opções
abaixo:
Opção 1
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ederliterato.blogspot.com
Depois clique no botão Inimigo oculto na lateral direita do blog
Opção 2
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Estado de graça
Singela homenagem ao meu
querido estado do Paraná
Pioneiro no amor me vejo, agora, aos farrapos
Sem estância, sem lembranças apenas com essa terra
a me sustentar
Não vejo mais gralhas sobrevoando meus pensamentos
e nem araucárias enfeitando meu caminho
Vejo apenas a chuva fria que cai sobre a cidade modelo em sua forma amada em seu estado
Para nada do que quero
me vem a certeza de algum dia conquistar
a independência tão sonhada
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Mas, no frio que me vem nessa metade de mundo
sinto um vento que vem do sul a esquentar meu coração
E com essa brisa
estou em paz para sempre
em estado de graça
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Imperfeitos versos
Co-autoria: Eliana Rigo Acosta Ferreira
Sinto que minha voz não te alcança,
por mais que eu grite. Então, uso um verso triste
de um poema para chamar sua atenção.
Mas a tristeza não é pela imperfeição dos sentimentos, que agora nem consigo traduzir,
e sim por eu não obedecer às leis da poesia.
Talvez, seja isso que torne meus poemas imperfeitos
e incapazes de fazer teus olhos os contemplarem.
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Inquietação
Co-autoria: Gesiane Almeida
Nessa mesa que coloco-me a escrever Em um quarto fechado
Selado pela solidão Falta-me alguma coisa
Falta-me você
Fecho meus olhos e te imagino Neste quarto, junto a mim
Me dizendo frases de amor sem fim Com aquela voz inigualável
Que incendeia os meus desejos
E neste sonho tão triste Deito-me ao teu lado
Sentindo teu calor aquecer meu corpo Me envolvendo em teus braços Me amando em teus anseios
Como um louco vampiro
Que quer teu amor me possuindo Me faz viajar por várias horas
Como só você sabe fazer
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Como só você sabe me fazer sentir
Mas na escuridão de meu quarto Meu sonho da lugar à inquietação
Por estarmos tão longe Unidos somente por esse laço eterno
Por essa vampirica e soturna recordação
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Insensível
Co-autoria: A. Zhoras
sinta-me se tiver coragem
sinta o sopro gélido da minha ausência e a lava do meu ódio em erupção
sinta-me
em seus pesadelos e se souber delirar sem ópio
sinta-me
em minhas crises de pavor ante a verdade de sua partida
sinta-me sem mentira
sinta-me
neste pulsar estraçalhado de um coração que
você degustou com seus talheres de indiferença refinada naquele jantar regado a vinho
e torpor
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sinta-me
neste sangrar sem sentido nesta dor que não me abandona
nestes soluços que me molestam a alma nesta ponta de espada que me invade
lenta e impiedosa mas sinta apenas
se tiver coragem
sinta-me neste não neste sim
neste chão que se abre nesta cova cruel
neste fim
sinta-me se tiver coragem
pois sou eu o remédio contra esse seu medo
(secreto) da solidão
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Brilho solitário
Co-autoria: Rodrigo Machado Rodrigues
Queria ser uma das estrelas Elas sempre estão só
mas brilham para todos
Queria ser o sol Ele está sempre sozinho mas iluminando o mundo
Ou como a lua
que vaga pela noite banhando a almas
com sua luz
Pois estar sozinho comigo mesmo é uma tortura
Por que a mais bela entre as coisas
é o amor e este, eu não conheço
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Onde ele estará? Nas estrelas
no sol ou na lua?
Não sei
mas, um dia, o encontrarei
E irei contemplá-lo
em seu eterno brilho solitário
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Lembranças
Co-autoria: Samara de Oliveira
Quando aquela música tocar, Quando aquele solo eu escutar,
Vão minhas lágrimas rolar... Lembranças.
Quando certo alguém eu vir,
Quando um jeito de ser eu perceber, Vão minhas lágrimas correr...
Lembranças.
Quando certo alguém surgir, Quando um sorriso me sorrir, Vão minhas lágrimas cair...
Lembranças.
Quando à tarde o sol se pôr, Quando a luz do céu se for,
Vão minhas lágrimas com dor... Lembranças.
Quando à noite a lua surgir,
Quando linda ela vir,
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Vão minhas lágrimas sumir... Amantes.
Os teus beijos vou sentir, Os teus braços vão surgir,
Nesta noite que me engana.
Quando o mundo acordar, Quando em tudo eu pensar, Vão minhas lágrimas rolar...
Lembranças.
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Um lugar para
dizer adeus
Uma lágrima caiu ao chão
E molhou a terra que me mantém em pé Sem desistir de meus sonhos petrificados
Uma gota de esperança
Que escapou de meu olhar desesperado Por uma última imagem sua
Um pedaço de minha alma
Que se partiu depois de tantas partidas De tantas despedidas solitárias
Uma queda livre
Que me prende à tua invisível existência Que me cai como um raio sem brilho
Um momento ímpar
Na paridade de nossa união já desfeita Sem nem mesmo termos nos unido
Um último pedido
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Desabando pelo ar rarefeito Por não ter tua respiração como guia
Uma súplica cansativa
Que nunca irá se acabar Pela eternidade que liga nossas almas
Um dia, uma noite, um instante
E um único desejo pulsante De que as horas parem de pulsar
Um lugar para dizer adeus
A todas as despedidas feitas E a todas as lágrimas já derramadas É só o que peço, é só o que quero
É só por isso que meu pranto ainda cai
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...e fim
...cada dia mais é uma escada
Cadafalso conjugal
Na corda
pendurada os lamentos nunca ditos
Na última lágrima
desabada um grito de socorro
Na derradeira palavra
falada um pedido de desculpa
a alguém já distante a um ex-amor
Adeus
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CO-AUTORES
Eliana Rigo Acosta Ferreira mora em Siqueira Campos - PR. Esposa do escritor Eder Ferreira, dedica-se à família e aos dois filhos. É co-autora do poema “Imperfeitos versos” (Pág. 72). E-mail: [email protected]
Samara de Oliveira mora em Macapá – AP. Pianista, poeta, professora de inglês, bacharel em direito, amante das letras, da música, da lua e filha de Iemanjá. É co-autora do poema “Lembranças” (Pág. 79). Blog: www.samaradeoliveira.com
A. Zhoras mora em Tomazina – PR. Funcionário público, teatrólogo e escritor, foi destaque em vários concursos literários. É co-autor do poema “Insensível” (Pág. 75), além de assinar o prefácio dessa edição. Site: leandromuniz.weebly.com
Rodrigo Machado Rodrigues mora em Siqueira Campos – PR. Recentemente publicou o livro “Face a face”, além escrever poesias, frases e pensamentos. É co-autor do poema “Brilho solitário” (Pág. 77). E-mail: [email protected]
Gesiane Almeida mora em Araguari – MG. Estudante e poetiza, estreou na literatura com o livro de poesias “No silêncio da noite”. É co-autora do poema “Inquietação” (Pág. 73). E-mail: [email protected]
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OUTRAS OBRAS DO AUTOR
UMA VERDADEIRA PROSA – CONTOS & MINICONTOS
Humor, emoção, suspense. Esses são apenas alguns dos ingredientes que formam esse livro. São 15 contos e 40 minicontos, que farão você viajar por mundos inimagináveis. Fantasia, ficção científica, histórias cotidianas e surreais. Um prato cheio para os amantes de uma boa leitura.
PALAVRAS VAZIAS Palavras Vazias é uma coletânea de poemas escritos ao longo de 3 anos. Com temáticas fortes e metafísicas, é um verdadeiro passeio pelas várias formas que a poesia pode ter. O livro é formado por poesias de estilos variados, alguns rimados, outros não, além de um anexo sobre o nano-soneto.
ALÉM DO QUE OS OLHOS PODEM VER Coletânea de mensagens inspiradoras, esse livro é mais que uma obra de auto-ajuda. A cada texto, o leitor poderá refletir sobre sua vida e sua convivência com as demais pessoas. Um livro instigante, que fará você repensar sobre a vida e as desilusões que o mundo nos impõe.
O EXTERMINADOR DE SONETOS O soneto não é mais o mesmo. Com o passar dos anos, a poesia se transformou, e o soneto, o maior representante da poesia clássica, tomou novas formas. Esse livro é uma coletânea de sonetos variados, não só em temáticas, mas, principalmente, em formas.
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NÃO TEM GRAÇA Contar piadas não é uma tarefa fácil. Mas, imagine se, ao invés de contá-las, você apenas as publica, a fim de tirar algumas gargalhadas dos leitores? Essa é a tarefa desse livro. Não contando com a expressividade que a piada declamada tem, essa obra quer, além de fazer rir, fazer você pensar.
TODA POESIA Reunião de todas as poesias publicadas nos livros “Palavras vazias” e “O Exterminador de Sonetos”, esse livro é um apanhado de todo o trabalho poético de Eder Ferreira, entre os anos de 2005 e 2010, contando, ainda, com várias poesias inéditas.
REVISTA DRUMMOND – NÚMERO 1 A poesia perdeu espaço nos dias de hoje. Por isso mesmo, é preciso que novas formas de divulgar esse gênero literário surjam. O 1º número da Revista Drummond vem com essa missão: não apenas divulgar, mas iniciar uma reflexão, sobre o futuro da poesia no Brasil e no mundo.
MINIMALES Em 2010, o livro “Uma Verdadeira Prosa – Contos & Minicontos”, de Eder Ferreira, trouxe, além dos 15 contos, 40 minicontos, cheios de humor e reflexão. “Minimales” traz todos esses 40 textos, e mais 20 minicontos inéditos. Se você ainda não conhece esse gênero, essa obra é perfeita.
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O DEUS DA CIÊNCIA Deus. O maior mistério da humanidade. Quem é esse ser que nos enche de esperança e de dúvidas ao mesmo tempo? Esse livro disserta sobre a necessidade da ciência em desvendar as complexidades de Deus, através de seus ramos de estudo, como a física teórica, a astronomia e a biologia.
O EXTERMINADOR DE SONETOS – 2ª EDIÇÃO O soneto não é mais o mesmo. Com o passar dos anos, a poesia se transformou, e o soneto, o maior representante da poesia clássica, tomou novas formas. Essa 2ª edição do livro “O Exterminador de Sonetos” traz os mesmos textos publicados na 1ª, além de outros sonetos, alguns inéditos.
Todas as obras aqui mostradas estão à venda pela
livraria virtual www.clubedeautores.com e
pelo blog ederliterato.blogspot.com. Pedidos
também podem ser feitos pelo email
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer às pessoas que tanto me apoiaram para que esse livro pudesse existir.
À minha esposa, Eliana Rigo Acosta Ferreira, e a meus amigos poetas, Gesiane Almeida, A. Zhoras, Rodrigo Machado Rodrigues e Samara de Oliveira, que me ajudaram a compor alguns dos mais belos poemas desse livro.
Quero agradecer ainda minha amiga Cris, locutora da Radio Cana Verde FM, por emprestar sua bela voz ao poema “Inimigo oculto”.
A vocês, meu muito obrigado e sucesso sempre.