Um estudo sobre a história da internet no Brasil

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Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação 1 Um estudo sobre a história da Internet no Brasil Gileno Lima Lopes 1 , Raphaell Luccas 2 , Elizabeth d´Arrochella Teixeira 3 Brasília, DF - junho/2011 Resumo No final dos anos sessenta, uma divisão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a ARPA (Advanced Research Projects Administration) desenvolveu a ARPANET, uma rede que uniu universidades e empreendedores de contratos de defesa de alta tecnologia. No âmbito desta rede foi desenvolvida a tecnologia TCP- IP para fornecer um protocolo padrão para comunicações na ARPANET. Nos anos oitenta a National Science Foundation-NSF criou a NSFNET (National Science Foundation Network), para prover conectividade através de redes de alta velocidade para seus centros de supercomputação, bem como outros serviços. A NSFNET adotou o protocolo TCP-IP e passou a prover um backbone (espinha dorsal ou alicerce) para desenvolver a INTERNET. Até nos anos de 1990, o acesso à Internet no Brasil era restrito a professores, estudantes e funcionários de universidades e instituições de pesquisa. Em adição, instituições governamentais e privadas também obtiveram acesso devido a colaborações acadêmicas e atividades não-comerciais. E ao final do artigo mostramos aos leitores como cresceram as formas de comunicações via internet: MSN, ORKUT, FACEBOOK, TWITTER e várias outras redes sociais existentes no Brasil e no mundo. É importante sabermos que a Internet ao mesmo tempo em que contribui para o melhoramento da comunicação, pode levar de igual modo, ao aumento do isolamento e à alienação. A Internet pode unir as pessoas, mas também as pode dividir. Palavras-chave: Internet no Brasil. Importância da Internet no Brasil. 1. Introdução Segundo Young (1998), a internet não é um pacote de software e não funciona com o tipo de instrução passo a passo que podemos oferecer para um programa único e fixo. Mas a internet é mais semelhante a um organismo vivo que sofre mutações a uma velocidade incrível, muito mais que o Microsoft Word ou Excel, que ficam tranquilamente no seu computador e sempre um pouco, usar a Internet será muito simples; no entanto, no início tudo poderá parecer-lhe assustador. Pesquisadores médicos do mundo inteiro usam a Internet para manter bancos de dados com informações em constantes mudanças. As pessoas da área média costumam usar a Internet para se comunicar com outros em grupos de apoio e para comparar experiência. (Baroudi, 1998). 1 Aluno do curso de Bacharel em Sistemas de Informação, [email protected] 2 Aluno do curso de Bacharel em Sistemas de Informação, [email protected] 3 Mestra em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, Professora no curso de BSI da Faculdade Alvorada, [email protected]

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No final dos anos sessenta, uma divisão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a ARPA (Advanced Research Projects Administration) desenvolveu a ARPANET, uma rede que uniu universidades e empreendedores de contratos de defesa de alta tecnologia. No âmbito desta rede foi desenvolvida a tecnologia TCP-IP para fornecer um protocolo padrão para comunicações na ARPANET. Nos anos oitenta a National Science Foundation-NSF criou a NSFNET (National Science Foundation Network), para prover conectividade através de redes de alta velocidade para seus centros de supercomputação, bem como outros serviços. A NSFNET adotou o protocolo TCP-IP e passou a prover um backbone (espinha dorsal ou alicerce) para desenvolver a INTERNET. Até nos anos de 1990, o acesso à Internet no Brasil era restrito a professores, estudantes e funcionários de universidades e instituições de pesquisa. Em adição, instituições governamentais e privadas também obtiveram acesso devido a colaborações acadêmicas e atividades não-comerciais. E ao final do artigo mostramos aos leitores como cresceram as formas de comunicações via internet: MSN, ORKUT, FACEBOOK, TWITTER e várias outras redes sociais existentes no Brasil e no mundo. É importante sabermos que a Internet ao mesmo tempo em que contribui para o melhoramento da comunicação, pode levar de igual modo, ao aumento do isolamento e à alienação. A Internet pode unir as pessoas, mas também as pode dividir.

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Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação 1

Um estudo sobre a história da Internet no Brasil

Gileno Lima Lopes1, Raphaell Luccas2,

Elizabeth d´Arrochella Teixeira3 Brasília, DF - junho/2011

Resumo No final dos anos sessenta, uma divisão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a ARPA (Advanced Research Projects Administration) desenvolveu a ARPANET, uma rede que uniu universidades e empreendedores de contratos de defesa de alta tecnologia. No âmbito desta rede foi desenvolvida a tecnologia TCP-IP para fornecer um protocolo padrão para comunicações na ARPANET. Nos anos oitenta a National Science Foundation-NSF criou a NSFNET (National Science Foundation Network), para prover conectividade através de redes de alta velocidade para seus centros de supercomputação, bem como outros serviços. A NSFNET adotou o protocolo TCP-IP e passou a prover um backbone (espinha dorsal ou alicerce) para desenvolver a INTERNET. Até nos anos de 1990, o acesso à Internet no Brasil era restrito a professores, estudantes e funcionários de universidades e instituições de pesquisa. Em adição, instituições governamentais e privadas também obtiveram acesso devido a colaborações acadêmicas e atividades não-comerciais. E ao final do artigo mostramos aos leitores como cresceram as formas de comunicações via internet: MSN, ORKUT, FACEBOOK, TWITTER e várias outras redes sociais existentes no Brasil e no mundo. É importante sabermos que a Internet ao mesmo tempo em que contribui para o melhoramento da comunicação, pode levar de igual modo, ao aumento do isolamento e à alienação. A Internet pode unir as pessoas, mas também as pode dividir. Palavras-chave: Internet no Brasil. Importância da Internet no Brasil. 1. Introdução

Segundo Young (1998), a internet não é um pacote de software e não funciona com o tipo de instrução passo a passo que podemos oferecer para um programa único e fixo. Mas a internet é mais semelhante a um organismo vivo que sofre mutações a uma velocidade incrível, muito mais que o Microsoft Word ou Excel, que ficam tranquilamente no seu computador e sempre um pouco, usar a Internet será muito simples; no entanto, no início tudo poderá parecer-lhe assustador. Pesquisadores médicos do mundo inteiro usam a Internet para manter bancos de dados com informações em constantes mudanças. As pessoas da área média costumam usar a Internet para se comunicar com outros em grupos de apoio e para comparar experiência. (Baroudi, 1998).

1 Aluno do curso de Bacharel em Sistemas de Informação, [email protected]

2 Aluno do curso de Bacharel em Sistemas de Informação, [email protected]

3 Mestra em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, Professora no curso de BSI da Faculdade

Alvorada, [email protected]

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Internet é o que poderíamos chamar de “sociedade desestratificada”, ou seja, um computador não é melhor do que qualquer outro, e nenhuma pessoa é melhor do que qualquer outro. Internet depende apenas de como a pessoa se apresenta peso seu teclado. Se o que você diz o faz parecer uma pessoa inteligente e interessante então e isso que você é. (Young, 1998).

Com este fenômeno chamado INTERNET o mundo onde habitamos, ficou do tamanho de uma caixa que hoje, já cabe dentro do nosso bolso. O que estará para acontecer? - Se falamos todos com todos, independentemente da distância geográfica que nos separa, da língua nativa que nos ensinaram, da cor que temos do credo que perfilhamos, não estaremos a tomar gradualmente a consciência de uma raça global? - A HUMANA - não caminharemos para uma linguagem comum? - DANDO FIM AO MISTÉRIO da TORRE DE BABEL - Que repercussões se sentirão de tudo isto? (Almeida, 1999-2000).

Como em outros países, também no Brasil a Internet se implantou e se desenvolveu junto ao meio acadêmico e científico. Professores e pesquisadores que houvessem visitado universidades no exterior já conheciam as promissoras redes internacionais de comunicação. Em especial a Binet, uma rede que permitia troca de mensagens em escala mundial. (Stanton, 1997 – 2004-RNP).

Segundo Stanton (1997, 2004) as redes eletrônicas de computadores proporcionam a seus usuários comunicação a baixo custo e acesso a fontes inesgotáveis de informação. Elas interconectam pessoas para os mais variados fins e têm contribuído para ampliar e democratizar o acesso à informação, eliminando barreiras como distância, fronteiras, fuso horário.

Ainda segundo o Stanton (1997, 2004) o Brasil iniciou sua interação com as

grandes redes de computadores internacionais em 1988, e, até 1993, já havia alcançado a posição de trigésimo país em ordem de atividade, com cerca de 2.000 nomes de computador registrados no domínio. 2. Tema e Justificativa

Albertin (2005) ensina que a internet se apresenta como o mais popular serviço da infovia, representando uma combinação de utilizações que permitem fazer uso de correios (e-mail), telefones (voip), transações financeiras (compra e venda), pesquisas bibliográficas. Este utilização acontece em fração de segundos, e pode ser acessada de qualquer lugar do planeta, desde que tenha acesso a internet. Para que funcione, a internet precisa ser acionada por pessoas, que por sua vez, utilizam a internet para agrupar em comunidades virtuais, e na opinião de Armstrong e Hagel III, citados por Albertin (2005), a noção de comunidade tem sido o coração da internet. E isso não é nenhuma novidade. Desde o início a internet é utilizada por comunidades de cientistas que compartilham dados e informações. (Mendes, 2005). Segundo Gatchecos (1989), a chagada da Internet ao Brasil possibilitou maior acesso ao conhecimento, tanto para órgãos públicos, instituições privados quanto a usuários que queiras adquirir ou passar informação. Com a chegada da internet no Brasil, não tinha muitas coisas digitais, não só no Brasil, mas no mundo, e poucos sabiam na verdade o que era internet e qual era sua finalidade. Ainda segundo Gatchecos (1989) um grupo de acadêmicos com outras faculdades espalhadas no Brasil, procurava conexões fora do Brasil, em 1991 foram

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transmitidos os primeiros pacotes TCP/IP entre Estados Unidos da América e o Brasil. 3. Objetivo

Mostrar ao público leitor de forma clara e coerente, a história da Internet no Brasil e sua grande importância para o nosso País. Para isso será esclarecido no trabalho, detalhe de como tudo começou e toda evolução do que é uma das maiores tecnologias já criadas do mundo.

4. Internet no Brasil Segundo Silva (2008), a Internet começou com a ARPANET, que é a precursora da internet atual, tendo sido desenvolvida pela Advanced Research Projects Agency, agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 1969. A intenção deles era poder interligar vários pontos numa só rede, e fazendo com que os computadores pudessem se comunicar e compartilhar informações sem ter um computador “matriz”, para não se tornarem vulneráveis a possíveis ataques da URSS (na época ainda existente e em um embate ideológico com os Estados Unidos, „Guerra Fria‟). No início da década de 70, universidades e outros departamentos de defesa tiveram permissão para se conectar também a ARPAnet, e esta no final da década de 70 tinha crescido tanto que já estava se tornando inadequada, forçando a troca de protocolo para o protocolo TCP/IP,que é o utilizado atualmente. Nos anos 80 já se usava o termo internet, e ela começou a ser vista como um ótimo meio de comunicação. Tim Berners-Lee foi o desenvolvedor junto com sua equipe um sistema a base de hipertexto que funcionaria em redes de computadores, visando facilitar a vida dos pesquisadores para compartilhar suas pesquisas entre si. Logo criou-se a World Wilde Web, que no início não possuía muitas imagens e sim textos mas em 1992 foi criado o primeiro navegador para internet o Mosaic, que possuía uma interface mais amigável já que esta gozava de navegação por links e de imagens. Ainda segundo Silva (2008), evolução da internet despertou o interesse de empresas, que viram nela mais uma possibilidade de marketing, além de ser segura e atualmente de fácil acesso. A interner atualmente é um grande facilitador para as pessoas, oferecendo desde diversão em salas de bate-papo e games até informação suficiente e precisa para pesquisas e trabalhos, essas sendo apresentadas de forma mais resumida, a tornando mais atraente do que um livro aos que buscam tais informações

Esta mistura surge como consequência da criação de duas redes ligadas a instituições universitárias e científicas americanas: a BITNET (Universitária) e a CSNET (científica); vindo a potenciar o aparecimento de uma rede alargada com múltiplas aplicações. (Silva, 2008).

Em 1987 a FAPESP (Fundações de Pesquisa do Estado de São Paulo) e o LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científico) conectaram-se a instituições nos EUA. Após conseguirem acesso a redes internacionais, essas instituições incentivaram outras entidades do País a usar as redes. As entidades conectavam-se utilizando recursos próprios e pagando à EMBRATEL as tarifas normais pela utilização de circuitos de comunicação de dados. O critério utilizado para selecionar onde se conectar, normalmente foi em função da distância. Esse modelo funcionou por algum tempo e mostrou a necessidade de um projeto adequado para a formação de um Backbone nacional (para conectar os centros provedores de serviços

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especiais às redes regionais que, por sua vez, também deviam ser fomentadas) a UFRJ conectou-se à UCLA; Várias universidades e centros de pesquisa conectaram seus equipamentos a uma dessas instituições. Lourenço (2009).

Logo, até maio de 1989, o País já possuía três ilhas distintas de acesso à BITNET. Duas na cidade do Rio de Janeiro, e uma no estado de São Paulo, e era possível a comunicação entre estas ilhas, através da rede internacional BITNET. O levantamento da restrição sobre tráfego de terceiros agora abriu as portas para uma racionalização desta situação, e para o estabelecimento de uma rede nacional que permitisse compartilhar acesso às redes internacionais. Isto foi realizado durante os dois anos subseqüentes, com a interconexão a nível nacional entre as ilhas separadas, e com a extensão de conectividade a outros centros de pesquisa no País. Isto ocorreu através do crescimento simultâneo das duas ilhas baseadas no LNCC e na FAPESP, e, até o final de 1991, a topologia da rede nacional era de duas estrelas interligadas, e poucos estados não possuíam pelo menos um nó da rede.

Foi em 1991 que houve a apresentação do planejamento de uma forma mais adequada de interconectar os diversos centros de pesquisa do país; sete de junho: Aprovação da implantação de um Backbone para a RNP, financiada pelo CNPq. A lentidão e os problemas apresentados no modelo inicial obrigaram o planejamento de uma forma mais adequada de interconectar os diversos centros de pesquisa do país. (Lourenço, 1998).

Ainda segundo Lourenço (1998), a RNP (Rede Nacional de Pesquisa) é uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) cujo objetivo é implantar uma moderna infra-estrutura de serviços Internet, com abrangência nacional. Lançamento oficial da RNP que contou com o apoio da FAPESP, Faperj e Fapergs sob a coordenação política e orçamentária do CNPq; até abril de 1995, a atuação da RNP se restringia a áreas de interesse da comunidade de educação e pesquisa do País. Sua missão básica é disseminar o uso da Internet no Brasil, especialmente para fins educacionais e sociais. A RNP oferece conectividade IP em termos comerciais extremamente competitivos em todos os estados do país.

Hoje, uma grande parte da população, tem computadores em suas casas, com conexões banda larga com boa velocidade, chegando até 8 e 10 megas. Há pelo menos uma lan house por bairro, shopping centers, aeroportos, universidades que oferecem conexões rápidas e gratuitas, basta ter um laptop. Mas até chegar aqui, de "provedores de fundo de quintal", ao acesso instantâneo, foi percorrido um grande caminho (Lourenço, 2009).

Este planejamento foi apresentado em 1991 e incluiu: Implantação de novas conexões entre regiões; Aumento de velocidade nas conexões regionais e em pelo menos uma conexão do país ao exterior; aumento de redundância em conexões em alguns nodos estratégicos; estudo e desenvolvimento de projetos de pesquisa que contemplem serviços básicos, protocolos e aplicações em redes; divulgação de aspectos práticos e técnicos do uso de redes, através de material bibliográfico e/ou eventos da comunidade científica; montagem e divulgação de repositórios de "software" de domínio público ou baixo custo para apoio à pesquisa e desenvolvimento; promoção de eventos para a discussão de tendências e experimentação prática com pacotes e plataformas de desenvolvimento de aplicações em redes; treinamento de pessoal técnico das instituições de ensino e de pesquisa e desenvolvimento; articulação política com órgãos de formento à

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pesquisa, empresas de informática e telecomunicações e instituições de pesquisa e desenvolvimento no Brasil e no exterior. (Stanton, 1997 – 2004).

Figura 1: Conexões Usadas para a Rede Nacional em 1991 (Stanton, 1998).

A Figura 1 ilustra a rede de linhas privadas em uso no final de 1991. Deve ser notado que várias instituições adicionais também tinham acesso à rede usando acesso discado (com UUCP) ou conexões RENPAC, principalmente ao nó da FAPESP em São Paulo. As grandes maiorias das conexões ilustradas eram da rede BITNET, mas algumas instituições mantinham ligações DECNET, e integrava também a HEPNET. Poucas instituições já faziam parte da Internet, apesar do uso de enlaces de velocidade muito pequena (ver a próxima seção). Seria correto dizer deste estágio que o único serviço disponível nacionalmente era o correio eletrônico. Porém, sabe-se que este serviço serve para alavancar projetos mais ambiciosos. (Stanton, 1998).

Os três primeiros componentes da rede de segunda geração foram instalados em 1992. Estes foram à espinha dorsal nacional da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) do CNPq, e as redes estaduais do Rio de Janeiro e São Paulo, que foram financiadas respectivamente pela FAPERJ e a FAPESP. Estas duas últimas redes foram instaladas, simultaneamente, na véspera da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED-92, ou Rio-92), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, uma vez que ambas as redes usavam novas conexões internacionais de 64 kbps, que serviram, inicialmente, para apoiar o Fórum Global, uma reunião de Organizações Não Governamentais (ONGs) realizada em paralelo à UNCED-92. (Stanton, 1998)

Ainda segundo Stanton 1998, o projeto da rede do Rio de Janeiro, conhecido como a Rede-Rio , inovou no uso de enlaces de 64 Kbps dentro da cidade do Rio, onde se encontrava localizada a maioria das suas instituições participantes. Cada enlace usava um único canal digital de voz na rede de troncos digitais (PDH),

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interligando as centrais telefônicas da cidade. O problema da última milha era resolvido pelo uso de modems banda básico no enlace entre a central e o cliente. Depois deste uso pioneiro de circuitos de 64 Kbps para a Rede-Rio, a TELERJ o acrescentou a seu leque de serviços comerciais. A mesma técnica foi também usada para estender o canal internacional de 64 Kbps do ponto de presença da Embratel até a UFRJ, onde terminava. Este circuito foi usado para ligar a Rede-Rio à CERFnet , no Centro de Supercomputação em San Diego, CA, EUA, onde era feito acesso à NSFNET. Todos os nós da nova rede usavam roteadores multiprotocolares da marca Cisco. O centro de operações da Rede-Rio foi montado na UFRJ.

Conforme Stanton (1998), em 1993, já eram aparentes quais seriam as direções de desenvolvimento das redes nacionais, além das suas limitações vigentes. Algumas delas decorriam de avanços tecnológicos no campo das telecomunicações, enquanto outras seriam conseqüências sociais das inovações realizadas na comunidade acadêmica.

Conforme Stanton (1998), rede estadual de São Paulo, conhecida como ANSP (Academic Network at São Paulo), usava inicialmente circuitos internos de apenas 9.600 bps. Mas, alguns clientes, por exemplo, a USP, eram atendidos com múltiplos circuitos deste tipo. O enlace internacional continuou a ligar a FAPESP ao Fermilab, onde agora dava acesso à ESNET (Energy Sciences Network). Como no caso da Rede-Rio, foram empregados roteadores da marca Cisco. O centro de operações da ANSP se manteve na FAPESP.

A terceira das novas redes, a espinha dorsal nacional da RNP, foi montada gradativamente ao longo do segundo semestre de 1992, e interligava pontos de presença (abreviados a POPs, do inglês Point Of Presence), localizados em Brasília e em dez capitais de estado (ver Figura 2). A rede era multiplamente conexa, e era implementada, inicialmente, com circuitos de 9.600 bps. Com o passar do tempo e a disponibilidade de infra-estrutura da Embratel, alguns destes enlaces tiveram sua taxa de transmissão aumentada para 64 Kbps. Em 1993, já haviam sido instalados enlaces de 64 Kbps entre São Paulo e Porto Alegre, e no triângulo São Paulo - Rio de Janeiro - Brasília; e, em 1994, foi à vez da conexão entre São Paulo e Recife. (Stanton, 1998).

Conforme Bogo (2000), projeto inicial da RNP privilegiou aumentar a capilaridade da rede, levando acesso Internet para oito estados e o Distrito Federal, a investimentos em equipamentos e conexões internacionais. Desta forma, ao invés do uso de roteadores dedicados, roteamento na RNP era feito usando estações de trabalho das marcas Sun e Digital. O projeto também não incluía a instalação de enlaces internacionais, e, durante vários anos, o tráfego internacional dos demais estados, com a exceção do Rio de Janeiro, escoou-se pela conexão internacional da ANSP. O tráfego internacional da Rede-Rio usava o próprio enlace desta rede. Finalmente, ao invés de ser criado um centro de operações dedicado à RNP, as suas funções foram assumidas pela FAPESP, que já havia começado a administrar o domínio. Os objetivos de criar esta instituição eram de iniciar e coordenar a disponibilização de serviços de acesso à Internet no Brasil. Como ponto de partida foi criado um backbone RNP, interligando instituições educacionais à Internet. Esse backbone inicialmente interligava 11 estados a partir dos Pontos de Presença - POP em suas capitais.

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Figura 2: As Conexões da RNP em 1993 (Stanton, 1998).

Até hoje a RNP é o "backbone" principal e envolvem instituições e centros de pesquisa (FAPESP, FAPEPJ, FAPEMIG, etc.), universidades, laboratórios, etc. Em 1994, no dia 20 de dezembro é que a EMBRATEL lança o serviço experimental a fim de conhecer melhor a Internet. Somente em 1995 é que foi possível, pela iniciativa do Ministério das Telecomunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia, a abertura ao setor privado da Internet para exploração comercial da população brasileira. A RNP fica responsável pela infra-estrutura básica de interconexão e informação em nível nacional, tendo controle do backbone (Coluna dorsal de uma rede, backbone representa a via principal de informações transferidas por uma rede, neste caso, a Internet) (Bogo, 2010).

4.1 Importâncias da Internet para o Brasil

Segundo Filho (2010) vivemos em um mundo de constantes transformações, a cada nova geração mudam-se as formas de se relacionar e de viver em sociedade. Creio que a nossa geração ficará marcada pelas transformações causadas pela internet, mas afinal, qual importância da internet na sociedade atual? Para tentar responder esta pergunta, elenquei alguns pontos que considero fundamentais:

A internet trouxe novas formas de comunicação, os comunicadores instantâneos como o MSN, o telefone pela internet como o Skype, o email, as redes sociais como o Orkut, entre outros, são ferramentas baseados em internet que possibilitou uma verdadeira revolução na forma como comunicamos com outras pessoas. (Oliveira, 2010).

Ainda segundo Oliveira (2010), este é um ponto muito positivo, pois não só barateou o custo da comunicação como tornou as pessoas mais próximas. Mas há um lado negativo que é a exclusão digital, ou seja, muitas pessoas estão sem

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acesso à internet e do ponto de vista tecnológico estão excluídas digitalmente. Também o perigo do estelionato digital, pessoas de má fé que usam desses meios para usurpar e conseguir informações de outras pessoas, por isso vale lembrar, não deixe dados ou passe informações pela rede, comprar é seguro, desde que o site apresente idoneidade e sistema de segurança, por exemplo, sites de lojas conhecidos. Nunca coloque informações em conversas de chat e nem acredite em tudo que mandam para você sem fazer uma consulta, nem tudo que esta na rede ou vem por ela é verdade.

A gigantesca rede de redes conhecida como Internet vem crescendo constantemente numa velocidade extraordinária. São milhares de sistemas interligados atualmente, trocando informações através de um amplo leque de serviços. Nos dias atuais, nenhuma empresa que opera globalmente ou planeja se expandir para além das fronteiras nacionais pode se dar ao luxo de desprezar a Internet. A Internet oferece um modo relativamente barato de aproximar compradores e vendedores em escala mundial. A Globalização Econômica e Social estabelece uma integração entre os países e pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, as transações financeiras e comerciais espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam a distância cada vez mais curta, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. A explosão das tecnologias de informação multiplicou muitas vezes a capacidades de comunicação de alguns indivíduos e grupos privilegiados. A Internet pode servir as pessoas no seu uso responsável da liberdade e da democracia, aumentar a gama de opções em vários setores da vida, alargar os horizontes educativos e culturais, abaterem as divisões e promover o desenvolvimento humano de inúmeras formas. Uma visão idealista do livre intercâmbio de informações e de idéias desempenhou uma parte notável no desenvolvimento da Internet. (Lima, 2009).

A Internet que ao mesmo tempo contribui para o melhoramento da comunicação pode levar, de igual modo, ao aumento do isolamento e à alienação. A Internet pode unir as pessoas, mas também as pode dividir, tanto a nível individual como em grupos mutuamente suspeitos, separados por ideologias, políticas, posses, raças, etnias, diferenças de geração e até mesmo de religião. (Lima, 2009).

4.1.1 Usuários de Internet no Brasil em 2011

No ano de 2010 as redes sociais foram altamente comentadas e exploradas. Elas foram usadas como ferramentas de comunicação por vários segmentos, seja empresas, pessoas públicas, anônimas, enfim, todos estavam ligados em alguma rede. Por todo esse sucesso mundial das redes socias, Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, foi apontado pela revista Time como a personalidade do ano. (Pozzebon, 2011)

Conforme Pozzebon, (2011), no Brasil, ao que se refere a redes sociais, o

Orkut ainda lidera a preferência dos usuários, seguido do Twitter e após o Facebook. Porém, a partir desse ano, conforme tendências, o Orkut deixará de reinar aqui no Brasil. Este acontecimento já é fato na Índia, o Orkut já não lidera mais o gosto popular. Nos Estados Unidos, os usuários relatam que conhecem o Orkut, portanto lá, ele não faz tanto sucesso assim. O Orkut, inicialmente foi criado para atingir aos usuários norte-americanos, porém, ele acabou fazendo bastante sucesso em países

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como o Brasil e a Índia. O Facebook deverá ser a grande tendência para este ano, ele já está entre os 10 sites mais acessados no Brasil, e ao que indica, só irá aumentar. A tendência das redes sociais para este ano, e que já está acontecendo, é integrar redes socias a celulares, sites, contatos, enfim, conectar o mundo a uma rede social. Para isso, novos aplicativos são criados todos os dias para estimular a permanência e atrair novos usuários.

Ainda segundo Pozzebon, (2011), outra tendência para 2011 é o canal de

atendimento ao consumidor. As empresas estão cada vez mais ligadas às redes sociais e aqueles famosos e-mails disponíveis para ouvidoria nos sites das empresas cairão no esquecimento. Por saber disso, as empresas já estão se adaptando a essa nova tendência. Assim, elas já estão concentrando suas estratégias online em redes sociais mais conhecidas. As empresas, para isso, precisam estar mais abertas ao diálogo e sempre atentas onde seus clientes estão. Conforme pesquisas, no Brasil, o Orkut lidera as redes sociais, com 36 milhões de visitantes. O Facebook está evoluindo muito rápido, atualmente consta com mais de 10 milhões de usuários. O Twitter, por sua vez, possui um número semelhante ao Facebook, aproximadamente 9 milhões de usuários.

Segundo Gomes (2011), foi anunciado recentemente (Março de 2011), de que

o número de pessoas com acesso a Internet no Brasil aumentou em aproximadamente 10% nos últimos dois anos. A pesquisa foi realizada pelo Ibope Nielsen Online, e mostra que ao todo o Brasil tem atualmente 73 milhões de pessoas a partir dos 16 anos com acesso a Internet tanto no trabalho, quanto em casa ou nas lan houses. Já os internautas brasileiros a partir dos 12 anos, são ao todo 82 milhões de internautas. Histórico: Em abril de 2010 eram 67 milhões de pessoas com acesso a Internet no Brasil, e ao longo dos meses o número aumentou. Também entre o final de 2009 a final de 2010 o número de internautas ativo no Brasil aumentou 13 %, totalizando atualmente 41 milhões de internautas brasileiros ativos que acessam a Internet diariamente. Em relação ao mundo, o Brasil é o 5º país com maior número de acesso a Internet.

Figura 3: Ilustra o Número de usuários da Internet no Brasil em 2009 e 2010.

Fonte: Gomes, 2011

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4.1.1.1 Audiência da Internet no Brasil

Em 2011, os brasileiros devem acessar mais a internet, seja porque os preços dos pacotes de banda larga cairão ou por programas de governo que subsidiarão parte do valor mensal, como o Plano Nacional de Banda Larga. De acordo com o Interactive Advertising Bureau (IAB), a audiência na internet brasileira deve crescer 10% durante este ano, reunindo mais de 81 milhões de pessoas com 16 anos ou mais. "2010 foi o ano de consolidação das redes sociais, dos clubes de compras e a internet pautou os principais acontecimentos do País, como a Copa do Mundo e as eleições", diz Fábio Coelho, presidente do IAB e também presidente do IG. Em 2010, a audiência na internet brasileira foi de 73,7 milhões de pessoas. Deste total, as classes C, D e E já representam 52,8% da população que acessa a internet, enquanto as classes A e B, juntas, respondem por 47,2%.

Figura 4: Gráfico mostra projeção do IAB para audiência da internet no Brasil em 2011

(Tozetto, (2011)

5. Conclusão

Concluímos este trabalho falando da incorporação da Internet para a prestação de informações e serviços à sociedade em geral. Como apresentado, foi um processo contínuo por parte do governo brasileiro impulsionado pela popularização do microcomputador e a evolução das infra-estruturas de telecomunicações, tanto nacionais como internacionais. A academia brasileira esteve sempre presente durante o processo de formulação das políticas públicas para uso desta tecnologia e contribuiu com valiosos estudos e projetos para a concepção do backbone nacional, RNP, que forneceu a infra-estrutura necessária para a integração das diversas iniciativas de utilização da Internet no Brasil. O modelo brasileiro adotado para gestão da Internet foi muito inteligente. Uma vez que aproveitou as instituições já existentes para continuarem a realizar a função que vinham desempenhando em outras redes, não necessitando desta forma criar novos órgãos governamentais para gerirem a Internet brasileira. No Brasil, as primeiras

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iniciativas no sentido de disponibilizar a internet ao público em geral começaram em 1995, com a atuação do governo federal (através do Ministério da Comunicação e do Ministério de Ciência e Tecnologia) no sentido de implantar a infra-instrutora necessária e definir parâmetros para a posterior operação de empresas privadas provedoras de acesso aos usuários. Desde então, a internet no Brasil experimentou um crescimento espantoso, notadamente entre os anos de 1996 e 1997, quando o número de usuários aumentou quase 1000%, passando de 170 mil (janeiro/1996) para 1,3 milhão (dezembro/1997). Em janeiro de 2000, eram estimados 4,5 milhões de “internautas”. O Brasil atualmente usufrui de diversos recursos de internet, tais como: acesso a sites de pesquisa, acesso a diversos portais de noticias entre outros recursos que contribuem para o crescimento da rede mundial em nosso país. Prova dessa audiência no Brasil é o numero de usuários que já passam de 73 milhões. 6. Referencias-Bibliográficas ALMEIDA. Eugênia-1999-2000. História da Internet. Disponível em: (http://74.125.155.132/scholar?q=cache:X2LSYrMomd0J:scholar.google.com/+historia+da+internet&hl=pt-BR&as_sdt=0,5) Acesso em 15 de Mao de 2011 Andréia, Heide, Cize, 2009. Meios de Comunicação-Internet. Abril 2011. Disponível em: http://jornalismo2009-f2j.blogspot.com/2009/04/chegada-da-internet-no-brasil.html. Acesso em 27 de Maio de 2011. BOGO. Kellen, 2000. A História da Internet - Como tudo começou. Disponível em (http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=11&rv=Vivencia). Acesso em 21 de Maio de 2011. GOETHALS. Karen, 1999-2000. História da Internet. Disponível em (http://74.125.155.132/scholar?q=cache:X2LSYrMomd0J:scholar.google.com/+historia+da+internet&hl=pt-BR&as_sdt=0,5) Acesso em 12 de Maio de 2011 Gomes. Keven, 2011. Aumenta o Número de Internautas no Brasil. Disponível em: http://www.correioeletronica.com.br/2011/03/conheca-aumenta-numero-de-internautas.html. Acesso em 19 de Junho de 2011. Internet / John R. Levine, Carol Bauroudi, Margareth Levine Young; Tradução [ da 5.ed. original] de Daniel Vieira. – Rio de Janeiro: Campos, 1998 (Para dummies). LIMA. Aguinaldo, 2009. A importância de Internet para a Globalização. Disponível em: (http://www.trabalhosescolares.net/viewtopic.php?f=24&t=1702) Acesso em 18 de maio de 2011 LOURENÇO. Wagner, 2009. A chegada da Internet no Brasil. Disponível em (http://www.setelagoas.com.br/index.php?view=article&id=1752%3Aa-chegada-da-internet-no-brasil&option=com_content&Itemid=53) Acesso e em 11 de Maio de 2011 MENDES. Marcos, 2005. O Comércio Eletrônico no Brasil. Disponível em: http://www.ufpa.br/rcientifica/artigos_cientificos/ed_08/pdf/marcos_mendes3.pdf

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