Um deUs à nossa imagem? -...

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R$ 13,90 Revista ANO XXXIX – Nº 464 | www.comunidadeemanuel.org.br A Revista da Renovação Carismática Católica ENTRE O CÉU E A TERRA A transfiguração do Senhor Jesus encorajou seus discípulos e nos encoraja a enfrentar as provações. PAPA FrAnciSco A obra-prima da sociedade é a família O matrimônio consagrado por Deus preserva o vínculo entre o homem e a mulher. DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB como combater a preguiça espiritual Deve ser combada com a ascese, com a vigilância e o cuidado com do coração. UM DEUS À NOSSA IMAGEM? Muitos têm permido que o materialismo, o secularismo e o amor pelas coisas amorteçam a chama de Deus em nossas almas. Têm criado Deus à sua própria imagem, uma imagem que é errônea e tragicamente inadequada.

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R$ 13,90

Revi

sta

ANO XXXIX – Nº 464 | www.comunidadeemanuel.org.brA Revista da Renovação Carismática Católica

EntrE o céu E a tErra

A transfiguração do Senhor

Jesus encorajou seus discípulos e nos encoraja a

enfrentar as provações.

PAPA FrAnciSco

A obra-prima da sociedade é a famíliaO matrimônio consagrado

por Deus preserva o vínculo entre o homem e a mulher.

Dom Cipriano Chagas, osB como combater a preguiça espiritual

Deve ser combatida com a ascese, com a vigilância e o cuidado com do coração.

Um deUs à nossa imagem?

Muitos têm permitido que o materialismo, o secularismo e o amor pelas coisas amorteçam a chama de Deus em nossas almas. Têm criado Deus à sua própria imagem, uma imagem que é errônea e tragicamente inadequada.

Dom Cipriano Chagas, osB

Oração Inicial

Com minha bênção sacerdotal

Dom Cipriano Chagas, OSB

Renovar a mentePor Dom Cipriano Chagas, OSB

P ai, eu vos agradeço porque prosperarei e estarei em boa saúde, como minha alma prospera. Tenho a men-te de Cristo, o Messias, e conservo os pensamentos (sentimentos e propósitos) de seu coração. Confio

em vós, Senhor, com todo o meu coração; não me apoio em meu próprio entendimento, mas, em todos os meus caminhos; olho para vós para que dirijais meus passos.

Hoje, submeto-me à vossa Palavra, que expõe, esqua-drinha, analisa e julga os pensamentos e propósitos de meu coração. (Pois as armas de meu combate não são carnais, mas poderosas em vós para a derrubada de fortalezas – da intimidação, de medos, dúvidas, incredulidade e fracasso). Rejeito argumentos e teorias, raciocínios e toda coisa elevada e orgulhosa que se levanta contra o verdadeiro conhecimento de Deus; e levo todo pensamento e propósito cativo na obe-diência a Cristo, o Messias, o Ungido.

Hoje, serei transformado pela renovação de minha mente, para que eu possa provar o que é bom e aceitável, e a vontade perfeita de Deus. Vossa Palavra, Senhor, não sairá da minha

boca; mas nela meditarei dia e noite, para que eu possa estar atento para agir conforme lá está escrito; então, meus cami-nhos serão prósperos, e terei bom êxito.

Meus pensamentos são os pensamentos de quem é diligente e só tende para a abundância. Por isso não me preocuparei nem terei ansiedade por coisa nenhuma, mas em tudo, pela oração e pedidos específicos, com ações de graças, continuarei a apresentar-vos minhas necessidades, Senhor. E vossa paz, que transcende todo entendimento, guardará e velará por meu coração e minha mente em Cristo Jesus.

Hoje, fixarei minha mente em tudo o que é verdadeiro, o que é digno de reverência, honroso, virtuoso, puro, tudo o que é amável, de boa fama, bom e justo. Se há alguma virtude e excelência, se há algo digno de louvor, é isto o que pensarei e levarei em conta. Hoje, entrego minhas obras a vós, Senhor, ó eu as confio inteiramente a vós; fareis meus pensamentos agradáveis à vossa vontade, e, assim, meus planos serão es-tabelecidos em vós e bem-sucedidos.

Muito obrigado, Senhor. Amém.

2 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

A revista “Jesus vive e é senhor” é uma publicação mensal da Comunidade Emanuel, entidade sem fins lucrativos, declarada de utilidade Pública pelo Decreto 8.969 de 13/05/86. A ComuniDADe emAnuel tem entre seus ministérios a evangelização através da Palavra escrita, servindo à renova-ção Carismática da igreja. sua espiritualidade é centrada em Jesus Cristo, guiada pelo espírito santo de Deus, incentivan-do os seus leitores à vida sacramental, à oração pessoal e ao uso comunitário dos Dons e Carismas.orientação da ComuniDADe emAnuel. uma Associação Particular de Fiéis leigos, assim reconhe-cida por Decreto, pela Arquidiocese do rio de Janeiro. revista com Aprovação eclesiástica.® Copyright 1996 – Direitos reservadosComuniDADe emAnuel CnPJ 29.983.269/0001-17 - issn:0103-8133- rua Cortines laxe, nº 2 Centro - CeP 20090-020 - Caixa Postal 941 CeP 20001-970 - rio de Janeiro - rJ Brasil - Tel.: 0+XX+21 2263-3725 Fax: 0+XX+21+2233-7596.

Órgão Fundador da Associação latino-americana de revistas de renovação no espírito santo.

• Fundador: Dom CiPriAno ChAgAs, osB.

• Diretor-Presidente: Dom Cipriano Chagas, osB• Diretor Responsável: mauro moitinho malta• Conselho de Redação: Dom Cipriano Chagas, Maria Teresa malta, Anna gabriela malta, Alexandre honorato D. Ferreira

• Redator Responsável: Jeannine Leal• Revisor: Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Bispo Auxiliar• Coordenador de Edição: Comunidade Emanuel• Projeto Gráfico e Diagramação: Comunidade Emanuel• Revisão e Tradução: Comunidade Emanuelos artigos publicados nesta revista são de responsabilidade dos autores. Todo material para a revista, sendo publicado ou não, não será devolvido.“A este Jesus, Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas. Portanto, exaltado pela direita de Deus, ele recebeu do Pai o espírito santo prometido e o derramou, e é isto o que vedes e ouvis” (At 2,32-33).

“saiba, portanto, com certeza, toda a casa de israel: Deus o constituiu senhor e Cristo, a este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36).

impressão: viAmAn grÁFiCA e eDiTorA lTDA

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mauro moitinho malta

Mauro Moitinho Malta Membro do conselho da Comu-nidade Emanuel, autor do livro “Perdão, o caminho da felicidade”.

Carta ao Leitor

o Papa Francisco aborda a passa-gem bíblica das Bodas de Caná durante o qual Jesus realizou o primeiro dos seus sinais e prodí-

gios. Da mesma forma como lemos em Gêne-sis, quando Deus conclui a obra de criação e faz a sua obra-prima, o homem e a mulher, ali Jesus começa os seus milagres precisamente com esta obra-prima, numa festa de núpcias, a união de um homem e uma mulher. Assim, ensina que a obra-prima da sociedade é a família: o homem e a mulher que se amam. Esta é a obra-prima! Hoje não parece fácil falar do matrimônio como de uma festa que se renova no tempo. A dificuldade de perma-necer unidos — quer como casal, quer como família — leva a interromper os vínculos com frequência e rapidez cada vez maiores, e são precisamente os filhos os primeiros a sofrer as consequências. As dificuldades não são apenas de natureza econômica, trata-se de uma forma de machismo. Nós fazemos a má figura que fez Adão, quando Deus lhe disse: “Por que motivo comeste o fruto da árvore”, e ele retorquiu: “Foi a mulher que mo deu”. E a culpa é da mulher. Devemos defender as mulheres!

Na realidade, quase todos os homens e mulheres gostariam de ter uma segurança afetiva estável, um matrimônio sólido e uma família feliz. A família ocupa o primeiro lugar em todos os índices de agradabilidade entre os jovens; contudo, pelo receio de errar, muitos nem sequer desejam pensar nisto. Não obstante sejam cristãos, não pensam no matrimônio sacramental, sinal singular e irre-petível da aliança, que se torna testemunho de fé. Quando se casam “no Senhor”, os cristãos são transformados num sinal eficaz do amor de Deus, não se casam exclusivamente para si mesmos, casam no Senhor, a favor de toda a comunidade, da sociedade inteira.

Frei Raniero Cantalamessa aborda a Transfiguração de Cristo dizendo: “O que a transfiguração significou para os três discí-pulos que a presenciaram? Até então haviam conhecido Jesus em sua aparência externa, um homem não diferente dos demais, do qual conheciam sua procedência, seus cos-tumes, seu tom de voz... Agora conhecem outro Jesus, o verdadeiro, aquele que não se consegue ver com os olhos de todos dias, à luz normal do sol, senão através do fruto de uma revelação imprevista. Para que as coisas

mudem também para nós, como para aqueles três discípulos no Tabor.”

Dom Cipriano, por outro lado, nos explica como muitas vezes confundimos a figura de Deus, nosso Pai celeste, com a figura do pai terreno, o que afeta nosso relacionamento com o outro, informando: “A maioria dos cris-tãos têm ideias vagas e contraditórias sobre a personalidade de Deus. Essas nossas ideias vêm normalmente de nosso relacionamento com figuras de autoridade terrenas. Se pen-sarmos nas figuras de autoridade que foram mais influentes em nossos primeiros anos, descobriremos que muitas de nossas ideias de Deus estão ligadas a essas pessoas.

Normalmente, a pessoa mais significa-tiva na formação dessas ideias é o nosso pai terreno, que podem assumir os seguintes exemplos: O pai emocionalmente distante ou passivo, exprime sua afeição ao mínimo possí-vel. Acha que você sabe que ele ama você, mas raramente o diz. No entanto, você não sabe se ele vê ou sente a dor ou a alegria que você está sentindo. O pai autoritário, intervém para deter o que você está fazendo. Ele apresenta uma lista de coisas permitidas ou proibidas. Interrompe você e diz “não” às coisas que são importantes para você. Pais abusivos, causam sofrimento a seus filhos deliberadamente, ferindo-os emocionalmente, mentalmente, fisicamente e, às vezes, sexualmente. O pai ausente, talvez seja o pai que você nunca conheceu, talvez mesmo morrendo antes de você nascer. Ele simplesmente nunca está lá. Portanto, ele nunca intervém para ajudar você nas dificuldades. Você se sente total-mente abandonado e negligenciado . Já o pai acusador é o exemplo mais comum. Proclama que ama você de todo o coração, mas julga-o continuamente a cada falha.

Essas imagens do pai terreno criam uma falsa imagem de Deus e provocam o rompi-mento de relacionamento da pessoa com Pai celeste, influenciando seu relacionamento com as pessoas a seu redor.

Mauro Moitinho Malta

4 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

Revista Jesus Vive On Line

EnsinoAPreDer A linguAgem Do esPíriTo sAnToPor Dom Cipriano Chagas, osB

Curso de IntercessãoDA orAção à PresençA De DeusPor Dom Cipriano Chagas, osB

Entre o céu e a terra10 FreirAs revelAm o senTiDo DA viDAPor Theresa noble

Capa

26 Um Deus à nossa imagem?Muitos têm permitido que o materialismo, o secularismo e o amor pelas coisas amorteces-sem a chama de Deus em nossas almas.

3 Carta ao leitor Por mauro moitinho malta

1 Oração Inicial GlorifiCar o SEnhorPor Dom Cipriano Chagas, osB

6 Alma FemininarEinvEntE-SEPor Anna Gabriela Malta

33 Espaço MusicalÀ CéSar o quE dE CéSar E a dEuS o quE dE dEuSPor Alexandre Honorato

36 SantobEato MatEuS EliaS niEvES CaStilloDa Redação

38 Point JovemvoCê tEM valor!Por Prof. Felipe Aquino

Colunistas

30 EnsinoCoMPrEEndEndo o aMor dE dEuS Por nóSPor Dom Cipriano Chagas, OSB

5 Testemunho | Frases

34 Curso de Intercessãolouvor dE intErCESSãoPor Dom Cipriano Chagas, OSB

39 SaúdeCânCEr da MaMa: PrEvina-SEDa Redação

40 Agenda

20 HomiliatranSfiGurou-SE diantE dElES Por Frei Raniero Cantalamessa, OFMCAP

35 CatequeseaS forMaS dE oração - PartE 2Da Redação

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Entre o Céu e a terraSEr aPóStoloPor Pe. Alfonso Milagro, CMFCoMo SEr uM vEnCEdorPor Beatriz Sáa tranSfiGuração do SEnhorPor Dom Anselmo Chagas de Paiva, OSB

32 Nossa Senhoraa oniPotênCia SuPliCantE Por Pe. Angel L. Strada

10 Comunhão Eclesiala obra-PriMa da SoCiEdadE é a faMíliaPapa Francisco

Seções

Vida e Conhecimento12 a paixão De toDo Corpo De Cristo

Tirado das homilias de Santo Agostinho de Hipona

14 CoMo CoMbatEr a PrEGuiça ESPiritual?Por Dom Cipriano Chagas, OSB

16 a virtudE da ESPErançaPapa João Paulo I

18 tranSforMando À Sua iMaGEM a Cura da auto iMaGEM

Papa João Paulo I

2017 • edição 464 • Jesus Vive e é o Senhor 7

A DOAçãO gRATUITA DE óRgãOS APóS A MORTE é LEgíTIMA E PODE SER MERITóRIA (CIC 2301)

Muitas pessoas perguntam se a Igreja Católica é contra ou a favor da doação de órgãos para transplante. A

Igreja aprova, concorda perfeitamente, não há nada contra.

Em setembro de 2008, o Conselho Permanente da CNBB divulgou através de nota oficial a posição da Igreja no Brasil: “desejamos esclarecer a posição da Igreja Católica a respeito da doação de órgãos de pessoas com morte ence-fálica comprovada. A questão tem sua relevância, dado o grande número de pessoas que estão à espera de algum tipo de órgão.”

O Catecismo do Igreja Católica (n. 2301), diz que “a doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória”.

A Encíclica Evagelium Vitae (1995, São João Paulo II), diz quem deve re-ger tal ação deve ser a ética e a moral: “merece particular apreço a doação de órgãos feita segundo normas eticamente aceitáveis para oferecer possibilidades de saúde e de vida a doentes, por vezes já sem esperança” (n. 86).

A Igreja concorda desde que seja feita:• Com o consentimento da própria

pessoa;

• Que não seja feita para comércio;

• Que a doação, no caso da pessoa viva – doe um rim, por exemplo – não ponha em risco a vida do doador.

• No caso da pessoa não ter deixado explícito o desejo de doar seus órgãos, a família deve decidir se deve proceder à doação.

Há uma discussão: qual é o momen-to da morte de uma pessoa? É a morte cerebral que define este momento?

Para a lei brasileira e também para a medicina, a pessoa morre quando se dá a morte cerebral. Ou seja, o eletroencefa-

Doação de órgãos o que a Igreja diz?

lograma está zerado: o cérebro não tem mais nenhuma pulsação, nenhum sinal de vida. A partir desse ponto, a lei brasileira autoria o transplante de órgão. Mesmo quando resta um movimento cardíaco? Neste ponto, quem decide é a família.1 Que pode aguardar que o coração pare ou após a declaração de morte cerebral.

A Igreja ensina que a doação de órgãos é um ato de caridade. Algumas pessoas perguntam: “Mas como é que vai ser no dia da ressurreição? Irei res-suscitar sem a córnea que eu doei ou sem um rim, pulmão…?”

Fique tranquilo... No dia da ressur-reição dos mortos, Deus irá refazer-nos por completo.

Órgãos e tecidos por pessoas declaradas com morte cerebral

Córneas, rins, coração, pâncreas, pulmão, ossos, intestino, fígado, mús-culos e tendões, pele e vasos.

Órgãos e tecidos por pessoas vivasRim, parte do fígado e parte da

medula óssea.notas:

amparos legais

lei nº 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, artigos 5º; lei n 10.211, de 23 de março de 2001; decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997, artigo 19, Parágrafo 4º; lei nº 7.649, de 25/01/1988; Portaria nº 2.600/GM, de 30 de outubro de 2009, anexo Xiii, item 4.6. lei nº 10.205, de 21/03/2001.

1. lei federal nº 10.211

Da reDação

12 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

Vida e Conhecimento

A Paixão de todo Corpo de Cristo

tirado das homilias de santo agostinho de hipona

Isto todos nós podemos dizer. Não sou eu que digo, é o Cristo total que diz. Contudo, estas palavras foram ditas especialmente em nome do

Corpo, porque, quando Cristo estava neste mundo, orou como homem; orou ao Pai em nome do Corpo; e enquanto orava, gotas de sangue caíram de todo o seu corpo. Assim está escrito no Evan-gelho: Jesus rezava com mais insistência e seu suor tornou-se como gotas de sangue (Lc 22,44). Que significa este derramamento de sangue de todo o seu corpo, senão a paixão dos mártires de toda a Igreja?

“Senhor, eu clamo por vós, socor-rei-me sem demora. Quando eu grito, escutai minha voz!” (Sl 140,1). Julgavas ter acabado de vez o teu clamor, ao dizer: eu clamo por vós. Clamaste, mas não julgues que já estejas em segurança. Se findou a tribulação, findou também o

clamor; mas se a tribulação da Igreja e do Corpo de Cristo continua até o fim dos tempos, não só devemos dizer: eu clamo por vós, socorrei-me sem demora, mas: Quando eu grito, escutai minha voz!

“Minha oração suba a vós como incenso, e minhas mãos, como oferta da tarde” (Sl 140,2).

Todo cristão sabe que esta expres-são continua a ser atribuída à própria Cabeça. Porque, na verdade, foi ao cair da tarde daquele dia, que o Senhor, voluntariamente, entregou na cruz sua vida, para retomá-la em seguida. Tam-bém aqui estávamos representados. Com efeito, o que estava suspenso na cruz foi o que ele assumiu da nossa natureza. Como seria possível que o Pai rejeitasse e abandonasse algum momen-to seu Filho Unigênito, sendo ambos um só Deus? Contudo, cravando nossa frágil natureza na cruz, onde o nosso homem

velho, como diz o Apóstolo, foi crucifi-cado com Cristo (Rm 6,6), clamou com a voz da nossa humanidade: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21,2).

Eis, portanto, o verdadeiro sacrifício vespertino: a paixão do Senhor, a cruz do Senhor, a oblação da vítima salvadora, o holocausto agradável a Deus. Esse sa-crifício vespertino, ele o converteu, por sua ressurreição, em oferenda da manhã. Assim, a oração que se eleva, com toda pureza, de um coração fiel, é como o incenso que sobe do altar sagrado. Não há aroma mais agradável a Deus: possam todos os fiéis oferecê-lo ao Senhor.

Por isso, o nosso homem velho – são palavras do Apóstolo – foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo do pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado (Rm 6,6).

“Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora” (Sl 140,1).

16 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

PaPa joão Paulo I

A virtude da esperança

Vida e Conhecimento

p ara o Papa João XXIII, entre as sete “lâmpadas da santificação”, a segunda era a esperança. Fa-lo-vos hoje desta virtude, que é

obrigatória para cada cristão. Dante, no seu Paraíso (Cantos 24, 25 e 26), imagi-nou apresentar-se a um exame sobre o cristianismo. Funcionava uma comissão categorizada. “Tens fé?”, pergunta-lhe, primeiro, São Pedro. “Tens esperança?”, continua São Tiago. “Tens caridade?”, termina São João. “Sim – responde Dan-te – tenho fé, tenho esperança, tenho caridade”. Demonstra-o e fica aprovado por unanimidade.

Disse eu que é obrigatória. Mas não é, por isto, a esperança feia ou dura: pelo contrário, quem a vive viaja num clima de confiança e de entrega, dizendo com o salmista: “Senhor, tu és a minha rocha, o meu escudo, a minha fortaleza, o meu refúgio, a minha lâmpada, o meu pastor, a minha salvação. Mesmo que um exército se formasse contra mim, o meu coração não temeria; e se contra mim se levantar a batalha, mesmo então terei confiança”.

Direis: Mas não é exageradamente entusiasta este salmista? É possível que as coisas tenham sempre corrido tão bem para ele? Não, não lhe correram sempre bem. Sabe e diz que os maus são muitas vezes afortunados e os bons, oprimidos. Disto se lamentou até por vezes dirigindo-se ao Senhor; chegou a dizer: “Por que dor-mes, Senhor? Por que te calas? Desperta, ouve-me, Senhor”. Mas a sua esperança manteve-se firme, inabalável. A ele, e a to-dos quantos esperam, se pode aplicar o que disse São Paulo de Abraão: acreditou espe-rando contra toda a esperança (Rm 4,18). Direis ainda: Mas como pode acontecer tal coisa? Acontece, porque nos apegamos a três verdades: Deus é onipotente, Deus ama-me imenso e Deus é fiel às promessas. E é Ele, o Deus da misericórdia, que acende em mim a confiança; por isso não me sinto nem só, nem inútil, nem abandonado, mas integrado num destino de salvação, que um dia virá a levar-me ao Paraíso. Aludi aos Salmos. A mesma confiança segura vibra nos livros dos Santos. Gostaria que lêsseis uma homilia feita por Santo Agostinho no dia de Páscoa sobre o Aleluia. O verdadeiro

Aleluia – diz aproximadamente – cantá-lo-emos no Paraíso. Este será o Aleluia do amor pleno; o de agora, é o Aleluia do amor faminto, isto é, da esperança.

Dirá alguém: Mas se eu sou pobre pecador? Respondo-lhe, como respondi a uma senhora desconhecida, que se con-fessava a mim já lá vão muitos anos. Estava desanimada porque – segundo afirmava – tinha tido uma vida moralmente desor-denada. Dá-me licença de lhe perguntar: quantos anos tem? – 35. – 35! Mas pode viver outros 40 ou 50, e fazer ainda um bem muito grande. Assim, arrependida como está, em vez de pensar no passado, projete-se no futuro e renove, com a ajuda de Deus, a sua vida. Citei, naquela ocasião, São Francisco de Sales, que fala das “nossas

caras imperfeições”. Expliquei: Deus de-testa as faltas, porque são faltas. Mas, por outro lado, em certo sentido, ama as faltas, enquanto Lhe dão ensejo de mostrar a sua misericórdia e a nós o de permanecermos humildes e compreendermos as faltas do próximo e delas nos compadecermos.

Nem todos partilham esta minha simpatia pela esperança

Nietzche, por exemplo, chama-lhe “virtude dos fracos”. Segundo ele, faz do cristão um inútil, um solitário, um resignado e um estranho ao progresso do mundo. Outros falam de “alienação”, dizendo que afasta os cristãos da luta em favor da promoção humana. Todavia “a mensagem cristã – disse o Concílio

Deus é oniPotente, Deus AmA-me imenso e Deus é fiel às PromessAs. e é ele, o Deus DA miseriCórDiA

20 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

Homilia

Por FreI ranIero cantalamessa, oFmcaP

Transfigurou-se diante deles

Quanto mais o conhecemos (Jesus) e está ao seu lado, mais se descobre novos motivos para estarmos mais apaixonados

por Ele e confiantes da própria escolha

MATEuS 17,1-9

Homilia

p or que a fé, as práticas religio-sas estão em declínio e não parecem constituir, ao menos para a maioria, o ponto de for-

ça na vida? Por que o tédio, o cansaço, o incômodo para cumprir os próprios deveres de fiéis? Por que os jovens não se sentem atraídos? Em resumo, por que esta monotonia e esta falta de satisfação entre os cristãos, em Cristo? O episódio da transfiguração nos ajuda a dar uma resposta a estas questões.

O que a transfiguração significou para os três discípulos que a presencia-ram? Até então haviam conhecido Jesus em sua aparência externa, um homem não diferente dos demais, do qual co-nheciam sua procedência, seus costu-mes, seu tom de voz... Agora conhecem outro Jesus, ao verdadeiro, aquele que não se consegue ver com os olhos de todos dias, à luz normal do sol, senão através do fruto de uma revelação im-prevista, de uma mudança, de um dom.

Para que as coisas mudem também para nós, como para aqueles três discípu-los no Tabor, é necessário que aconteça em nossa vida algo semelhante ao que ocorre a um rapaz ou a uma moça quan-do se apaixonam. Na paixão, o outro, o amado, que antes era como outros, ou talvez um desconhecido, de repente se converte em único, o único que interessa no mundo. Todos os demais tornam-se

e situam-se num fundo neutro. Não se é capaz de pensar em outra coisa. Acontece uma autêntica transfiguração. A pessoa amada é contemplada como se tivesse uma aura luminosa. Nela, tudo torna-se belo, até os defeitos. Às vezes, até sente-se indigno dela. O amor verdadeiro gera humildade. Algo muda também concretamente, até nos hábitos de vida. Conhecemos jovens que pela manhã seus pais não conseguiam tirá-los da cama para ir ao colégio; se encon-

travam um trabalho, em pouco tempo o abandonavam; ou bem descuidavam dos estudos, sem nunca chegar a se for-mar... Depois, quando se apaixonam por alguém e se tornam noivos, pela manhã, saltam da cama, ficam impacientes para terminar os estudos, se têm um trabalho tomam cuidado de não perdê-lo. O que aconteceu? Nada, simplesmente o que faziam antes por pressão, agora o fazem por atração. E a atração é capaz e faz coisas que nenhuma pressão consegue.

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ser APóstoloPor Pe. alFonso mIlagro, cmF

entre o céu e a terra

O mundo é de Deus, porém é alugado aos corajosos

Fonte: Alento do céu para cada dia

Alfonso Milagro nasceu em Santiago del Estero (Argentina) em 2 de agosto de 1915. Foi sacerdote durante 40 anos, exemplo de compromisso com os ensinamentos do fundador de sua congregação, São Antonio María Claret.

Dedicou-se com inusitada energia à pregação do evangelho, à formação de seminaristas, à direção de exercícios espirituais.

Destacou-se aos meios de comunicação social, foi o difusor da “boa imprensa”. So-bretudo através de seus livros amplamente difundidos.

Em 1956 fundou Editorial Claretiana e fez da mesma um eficaz instrumento de evangelização.

Faleceu em 5 de janeiro de 1981 deixando-nos, em suas obras, um abundante alimento para o espírito.

Deus fez o mundo, mas quis colo-cá-lo nas mãos dos homens para que o aperfeiçoassem e o desenvolvessem. Por isso, é preciso que os homens tomem consciência de sua responsabilidade: Deus não fará o que está determinado aos homens fazer.

Encha-se, pois, de coragem; mergu-lhe em seu tempo; forme-se apóstolo. Quem sabe não possa contribuir para que o mundo se desenvolva e se aperfei-çoe no campo da medicina ou da eletrô-nica, mas sim, podes contribuir no campo da justiça, da verdade, da bondade.

Forme-se apóstolo e os caminhos serão abertos para o seu apostolado e chegará a paz com seu sorriso e o amor se difundirá para todos como um rio de

margens amplas; e haverá um mundo melhor, mais perfeito, mais justo; e terá colaborado com Deus em sua obra criadora.

“Fui constituído pregador, após-tolo e doutor dos gentios, na fé e na verdade.” (1Tm 2,7). Pense que você também foi constituído por Deus em apóstolo de seus irmãos, que esperam de você a luz da fé. Pense, que como apóstolo, “fui constituído pregador, apóstolo e mestre entre os gentios” (2 Tm 1,11).

Fonte: Alfonso Milagro. Los cinco minutos de Dios. Ed. Claretiana.

24 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

o relato da transfiguração de Jesus é antecedido do primeiro anúncio da paixão (cf. Mt 16,21-23) e de uma

instrução sobre as atitudes próprias do discípulo, convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de en-trega da vida (cf. Mt 16,24-28). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz” e de terem constatado aquilo que Jesus pede aos que o querem seguir, os discípulos estão desanimados e frustra-dos, pois a aventura em que apostaram parece encaminhar-se para um fracasso. E se questionam se vale a pena seguir um Mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz.

É neste contexto que o evangelista São Mateus coloca o episódio da trans-figuração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os seus discípulos, pois

nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é, apesar da cruz que se aproxima, o Filho amado de Deus.

O autor do relato apresenta todos os dados que, em conformidade com o imaginário judaico, acompanham as ma-nifestações de Deus, conforme nos são apresentados nos relatos teofânicos do Antigo Testamento. Estamos falando de uma catequese, construída de acordo com o imaginário judaico, destinada a ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus e que traz aos homens um projeto que vem de Deus.

Os elementos do textoO monte situa-nos num contexto de

revelação: foi no alto de um monte que Ele fez uma aliança com o seu Povo. A mudança do rosto e as vestes resplandecentes recor-dam o resplendor de Moisés, ao descer do Monte Sinai, depois de se encontrar com

Deus e de ter as tábuas da Lei (cf. Ex 34,29). A nuvem, por sua vez, indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu Povo através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22; 10,34).

Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas, que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus; além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf. Dt 18,15-18; Mal 3,22-23).

A mensagem fundamental, unida com todos estes elementos, pretende dizer quem é Jesus. Recorrendo a simbologias do Antigo Testamento, o autor deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, esse Messias, o salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: Ele é um novo Moisés, isto é, aquele, através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei e através de quem Deus propõe aos homens uma nova aliança. Da ação de Jesus, o novo Moisés, irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e vai percorrer com ele os caminhos da história.

Elias era o acompanhante de Moisés, figura, pois, principal nessa visão. Ambos representam o Antigo Testamento: a lei e os profetas. Jesus está rodeado, mas supera tanto a lei como os profetas, estes últimos interpretando-a como tradição. Os dois personagens estão com Jesus como interlocutores e, como diz o evangelista São Lucas, em glória, ou seja resplande-centes como Jesus. Através de São Lucas também sabemos que a conversa era sobre a morte de Jesus em Jerusalém. Isso indica que esta morte era algo previsto e deter-minado. O motivo da conversa, as palavras posteriores do Pai, indicam, claramente, que a morte de Jesus devia ser considerada como um triunfo, uma vitória, uma con-quista, porém, dolorosamente alcançada.

O temor e a perturbação dos discípulos são a reação lógica de qualquer pessoa diante da manifestação da grandeza, da onipotência e da majestade de Deus (cf. Ex 19,16; 20,18-21). Diante do aconteci-

A transfiguração do senhor

Dom anselmo chagas De PaIva, osB

entre o céu e a terra

26 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

ensinoensino

Por Dom cIPrIano chagas, osB

um Deus à nossA imAgem?

m uitos têm permitido que o materialismo, o secularis-mo e o amor pelas coisas amortecessem a chama de

Deus em nossas almas. Têm criado Deus à nossa própria imagem, uma imagem que é errônea e tragicamente inade-quada. Muitos de nossa geração fizeram para eles um deus que possam usar e controlar, uma espécie de “garçom ce-lestial” que fica esperando suas ordens. Outros modelaram um tipo de Deus que é jovial e é como se fosse um da turma, que compreende a necessidade de a humanidade mentir e trapacear ou de se conceder uma pequena diversão sexual aqui e ali, sem maiores consequências.

Para alguns, Deus é caloroso, aco-lhedor e perdoador. Para outros, é frio, distante e condenador. Independente-mente de como o vejamos, o que dele pensamos é a coisa mais importante a nosso respeito. Aos poucos seremos modelados pela imagem de Deus que levamos em nossas mentes.

Muitos vêm a mim com conceitos imprecisos e inadequados do amor e do perdão de Deus. Por mais que eu diga: “Deus ama você, ele já perdoou você”, eles respondem: “Eu não sinto que ele me ama, sinto como se Deus tivesse um mar-telo na mão, só esperando uma boa razão para me dar uma pancada na cabeça.”

Não adianta aconselhar nem rezar com a pessoa, ministrando o amor e o perdão de Deus; a pessoa acaba dizen-do: “Gostaria de poder acreditar que Deus é como você diz que ele é. Quero acreditar que ele realmente me ama, mas não consigo.”

Vocês estão vendo como a vida dessa pessoa está sendo moldada por seus conceitos inadequados de Deus?

Enquanto continuar acreditando nesta e noutras mentiras a respeito de Deus e de sua natureza, nunca amadurecerá para ser um bom cristão, viverá na in-segurança, no medo e na derrota. Cedo ou tarde, esses medos e inseguranças produzirão frutos venenosos na sua vida e em seu relacionamento com os outros.

Eu sei porque isto aconteceu comi-go. Nos meus primeiros tempos de padre eu ficava hesitante e temeroso de rezar pelos outros se estivesse passando por um período de falhas pessoais ou de tentação. Não queria rezar pelas pes-soas: não achava que minhas orações as ajudariam. Eu achava que Deus era assim: ou eu estava bem na minha vida espiritual pessoal, ou eu não estava em condições de ajudar os outros. Hoje fico muitas vezes admirado ao ver como

Deus me usa no ministério. Aprendi que a força de Deus está presente mesmo na minha fraqueza.

O inimigo se esforça ao máximo para distorcer nossos conceitos de Deus, porque essas distorções podem servir aos seus interesses em nossas vidas e conseguir em nossas mentes áreas vul-neráveis para seus propósitos.

Não ousemos ignorar e apenas con-viver com as mentiras e as concepções erradas da personalidade de Deus que foram plantadas em nossas mentes. Es-ses conceitos distorcidos e inadequados põem-nos em grande perigo. Na medida em que nossas ideias sobre Deus forem inferiores à verdade de Deus, nessa mesma medida somos seguramente enfraquecidos e derrotados.

O bezerro de ouro é a representação da divindade criada pelo homem. Atualmente, pode ser substituída por outros deuses.

2017 • edição 464 • Jesus Vive e é o Senhor 29

Participe você também desta Obra de Amor!Conhecer o trabalho da Igreja pelo mundo, rezar para que os desafios sejam superados e parilhar com os que mais precisam. Essas são as propostas da Ajuda à Igreja que

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Os projetos de ajuda proporcionam alegria mesmo diante do caos. Para esta mãe, bastou ver e filho bem e com saúde.

Ajuda à Igreja que Sofre – AIScontribua, você também

30 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

a maioria dos cristãos têm ideias vagas e contraditórias sobre a personalidade de Deus. Essas nossas ideias vêm

normalmente de nosso relacionamento com figuras de autoridade terrenas. Se pensarmos nas figuras de autoridade que foram mais influentes em nossos primeiros anos, descobriremos que muitas de nossas ideias de Deus estão ligadas a essas pessoas.

Normalmente, a pessoa mais signi-ficativa na formação dessas ideias é o nosso pai terreno. Também são impor-tantes as mães ou um professor, uma pessoa mais idosa, alguém que é olhado com consideração e admirado.

Nossa experiência com essas figuras de autoridade afetam-nos emocional-mente. Aqui estão algumas descrições de pais terrenos que podem mostrar como alguns de nós formaram suas ideias de Deus.

O pai distante ou passivoO pai emocionalmente distante ou

passivo exprime sua afeição ao mínimo possível. Acha que você sabe que ele ama você, mas raramente o diz. No en-tanto, você não sabe se ele vê ou sente a dor ou a alegria que você está sentindo. Quando alguma coisa maravilhosa ou trágica acontece, o pai passivo apenas balança a cabeça. Você começa a acre-ditar que Deus é daquele jeito também. Ele não sente a sua dor ou compartilha a sua alegria. Ele tem poucas afeições a exprimir para você. Você pode colher fortes consequências emocionais se for criado por um pai assim.

O pai autoritárioO pai autoritário intervém para

deter o que você está fazendo. Ele apre-senta uma lista de coisas permitidas ou proibidas. Interrompe você e diz não às coisas que são importantes para você. Seu coração fica ressecado com isto. Não respeita a sua individualidade. Não está interessado em seus desejos ou objetivos, apenas nos dele. Não quer companheirismo nem profunda intimi-dade com você, mas apenas quer ser obedecido.

O pai abusivoPais abusivos causam sofrimento

a seus filhos deliberadamente, ferin-do-os emocionalmente, mentalmente, fisicamente e, às vezes, sexualmente. Não há maior tormento na vida do que o tormento nas mãos de um pai abusi-vo. Isto não apenas destrói as emoções naturais da criança, mas também molda profundamente o seu relacionamento com Deus.

O pai ausenteTalvez seja o pai que você nunca co-

nheceu, talvez mesmo morrendo antes de você nascer. Não é como o pai passivo que está lá, embora não se comunique. Ele simplesmente nunca está lá. Portan-to, nunca intervém para ajudar você nas dificuldades. Você se sente totalmente abandonado e negligenciado por seu pai terreno. Isto prejudica sua capacidade de sentir a presença de seu Pai celestial.

O pai acusadorÉ o exemplo mais comum. Declara

que ama você, mas julga continuamente a cada falha. Em sua mente, ele está tentando motivar você a agir certo. Pensa que se lhe apontar suas falhas lhe motivará a se esforçar mais da próxima vez. Raramente demonstra afeição ou lhe estimula. Se você cresceu com esse tipo de pai, terá grande dificuldade em compreender o amor de seu Pai celestial porque pensará que Deus está sempre lhe acusando.

ensinoensino

Por Dom cIPrIano chagas, osB

Compreendendo o amor de Deus por nós

2017 • edição 464 • Jesus Vive e é o Senhor 33

Alexandre Honorato é membro da Comunidade Emanuel e ministro de Louvor.

Espaço musical

Por AlexAndre HonorAto

À César o que é de César e a Deus o que é de Deus

Uma questão sempre delicada em relação ao ministério de música é o pagamento pelo “serviço” que é prestado ou por um show que é realizado

A questão de se pagar pela participação de um ministério de música ou uma banda para um show – seja em uma festa

paroquial, seja em um show – sempre causou polêmica entre os músicos. Muitos aprovam, outros tantos repro-vam. Conheço muitas pessoas que são ferrenhas protetoras de ambas opiniões.

O lado feioO caso é que existem realidades dife-

rentes. Que realidades? Não quero bancar o relativista. Mas, existem dois viéses. O primeiro, admitamos, a realidade do paga-mento. As bandas que se profissionalizaram e têm uma grande visibilidade – e muitos vivem exclusivamente da música – cobram por sua participação. Se os cachês são altos ou não, acredito que quem “contrata” há possibilidade de “negociar”, expôr sua reali-dade e necessidade. Pode parecer frio, mas, infelizmente, quando se coloca dinheiro “no meio” da questão, a linguagem é esta. Geral-mente, o lado “César” da questão é o lado feio. Mas, o ministério de música tem seus custos. Desde a corda dos instrumentos, as horas de ensaio em estúdio – que são pagas – até o transporte e alimentação. As contas chegam. A escolha de cobrar deve ser consciente, real e honesta por parte do ministério ou da banda.

O outro lado da questão é o religioso

“Como vou pagar uma banda para tocar em minha paróquia?! Isso é um serviço que deveria ser de graça, pois estão servindo à Igreja!” – “Foi escolha deles de viverem da música? Porque não vivem da providência”. São frases e lugares comuns que já ouvimos, falamos ou não concordamos com eles. O fato é que esse pensamento, embora pa-reça piedoso – digo “pareça” porque, muitas vezes, os ministérios de música assumem todos os custos e riscos, e, no final, recebem tapinhas nas costas – quando recebem – e um "muito obrigado".

Acredito que, quando um ministério vai realizar a missão de evangelizar numa missa, num grupo de oração, uma visita a um orfanato ou asilo deva receber um “suporte”, uma “esportula” ou doação para realizar um evento que, por sua natureza, não visa lucro por parte de um terceiro.

No caso de um show, onde se visa arrecadação de quem realiza o evento, cabe às partes envolvidas fixarem como será a participação, e, se haverá pagamento ou não. Simples assim.

É preciso separar as coisasO caso é que, havendo pagamento ou

não, não são esses fatores que dão ou tiram a unção desse ou daquele ministério ou banda. O que confere poder ao ministério é sua entrega ao Senhor.

“César” cobra os custos materiais. Sim, eles existem. Ninguém entra numa loja de instrumentos e diz: “Boa tarde. Eu participo de um grupo de música da igreja; você pode me dar dois jogos de corda de contrabaixo?” Nem aulas de canto, nem transporte, nem alimentação, entre outros custos.

Deus também tem suas “bases de cus-to”. É básico para o ministério orar, partilhar, se entregar à Sua vontade, ser transparentes e honestos em nossas ações: “Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável,

eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco” (Fl 4,8-9). Se buscarmos o discernimento, com certeza, Deus nos reservará sua Providência que equacionará todas as coisas. Nosso Deus é o Deus da abundância: “dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também” (Lc 6,38).

Assim, podemos confiar que não nos faltará nada nos ministérios, nem faltará a quem os convida o suporte necessário para levá-los para a missão. Uma coisa é certa: evangelizar é preciso! E nada, nem a aparente falta de recursos pode nos deter. Nosso Senhor não se abalou quando lhe disseram que havia poucos pães e peixes para tantas pessoas com fome, não faltou nada para todos e ainda sobrou. Fica a dica.

Deus abençoe.

2017 • edição 464 • Jesus Vive e é o Senhor 35

Catequese

As formas da oração 2ª parte

dA redAção

A Oração de intercessãoA intercessão é uma oração de pe-

dido que nos conforma perfeitamente com a oração de Jesus. Ele é o único In-tercessor junto do Pai em favor de todos os homens, dos pecadores sobretudo.1 Ele é “capaz de salvar de modo definitivo aqueles que por meio dele se aproximam de Deus, visto que ele vive para sempre para interceder por eles” (Hb 7,25). O próprio Espírito Santo “intercede por nós... pois é segundo Deus que ele intercede pelos santos” (Rm 8,26-27).

Interceder, pedir em favor de um outro, desde Abraão, é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus. No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa da de Cristo; é a expressão da comunhão dos santos. Na intercessão, aquele que ora “não procura seus próprios interesses,

mas pensa sobretudo nos dos outros” (Fl 2,4), e reza mesmo por aqueles que lhe fazem mal.2

As primeiras comunidades cristãs viveram intensamente essa forma de partilha.3 O Apóstolo Paulo as faz parti-cipar assim de seu ministério do Evan-gelho,4 mas intercede também por elas.5

A intercessão dos cristãos não conhece fronteiras “por todos os homens, pelos que detêm a autoridade” (1Tm 2,1), pelos que nos perseguem,6 pela salvação da-queles que recusam o Evangelho.7

A oração de ação de graçasA ação de graças caracteriza a ora-

ção da Igreja que, celebrando a Eucaris-tia, manifesta e se torna mais aquilo que ela é. Com efeito, na obra da salvação, Cristo liberta a criação do pecado e da morte para consagrá-la de novo e fazê-la

retornar ao Pai, para sua Glória. A ação de graças: membros do Corpo participam da de sua Cabeça.

Como na oração de súplica, todo acontecimento e toda necessidade podem se tornar oferenda de ação de graças. As cartas de São Paulo começam e terminam por uma ação de graças, e o Senhor Jesus sempre está presente. “Por tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus” (1Ts 5,18). “Perseverai na oração, vigilantes, com ação de graças” (Cl 4,2).

A oração de louvorO louvor é a forma de oração que

reconhece, o mais imediatamente possível, que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória. Por ela, o Espírito se associa ao nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando teste-munho do Filho único em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as leva Àquele que é sua fonte e termo final: “o único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos feitos” (1Cor 8,6).

Fonte: Catecismo da Igreja Católica 2634-2639

Notas:

1. Cf. Rm 8,34; 1Jo 2,1; 1Tm 2,5-8;

2. Cf. Estêvão orando pelos seus carrascos, como Jesus: cf. At 7,60; Lc 23,27.34;

3. Cf. At 12,5; 20,36; 21,5; 2Cor 9,14.

4. Cf. Ef 6,18-20; Cl 4,3-4; 1Ts 5,25;

5. Cf. 2Ts 1,11; Cl 1,3; Fl 1,3-4 – 6. Cf. Rm 12,14

7. Cf. Rm 10,1 – 8. Cf. Rm 8,16

36 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

Santo

Beato Mateus Elias Nieves de CastillodA redAção

Nasceu em 21 de setembro de 1882 em Yururia, Guanajuato. Teve uma saúde frágil desde seu nascimento, tanto que foi

batizado de urgência, devido ao perigo que sua vida corria.

Depois sofreu de tuberculose e de uma cegueira temporal o deixaria como sequela certa debilidade visual.

Sua infância e juventude foram di-fíceis. Principalmente por ter perdido os pais e outras pessoas que, caritativamente, se haviam interessado por ele. Não teve oportunidade de estudar nem de seguir seu veemente desejo de ingressar na Ordem Agostiniana. Amadureceu sua vocação religiosa em uma intensa vida cristã, vivida em sua paróquia, onde foi um jovem com-prometido com a ação pastoral.

Somente muito tardiamente pôde incorporar-se ao Seminário Agostiniano. Quando começou os estudos secundários, era um jovem maduro. Assumiu, com hu-mildade, frequentou a escola e o seminário com companheiros adolescentes.

Tinha 28 anos de idade quando reali-zou sua primeira profissão. Nesse momen-to tão importante de sua vida, colocou-se nas mãos de Maria Santíssima, adotando em seu nome de batismo, o título agos-tiniano de “do Socorro” (em referência a Nossa Senhora).

Foi ordenado sacerdote em nove de abril de 1916, aos 33 anos de idade. Eram tempos politicamente tempestuosos. Sabia que um ministério difícil lhe espe-rava, mas o amor pelo seu povo o impelia: “Senhor, salvai os que perecem!”, dizia com frequência.

Depois de exercer o ministério sacer-dotal em Yuriria, Aguascalientes, Marava-tío e Pinícuaro, Michoacán, onde deixou boas recordações, foi designado para a comunidade de Cañada de Caracheo.

DEzENAS DE MilAgrES lhES São AtriBuíDoS E AS pESSoAS vão À SolENiDADE DE ANivErSArio DE SuA MortE No MêS DE MArço,

CoM A prESENçA DE MilhArES DE fiéiS

2017 • edição 464 • Jesus Vive e é o Senhor 39

Saúde

Câncer de mama: previna-se

DEtECção prECoCEEmbora seja uma doença tratável, a descoberta precoce é fundamental para

o sucesso do tratamento. Quanto antes o tumor maligno for descoberto, seja por meio de mamografias ou exames clínicos, maiores chances de remissão da doença. O melhor momento para o autoexame é uma semana após o fim do período menstrual. É importante que seja feito sempre no mesmo momento do mês.

o quE é

Câncer de mama é o desenvolvimento anor-mal das células do seio. Essas estruturas crescem de forma desordenada e substituem o tecido saudável. O câncer normalmente começa com um pequeno nódulo, que pode crescer e se espalhar para áreas próximas à mama acometida, como os músculos, a pele e a axila. É o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e é a primeira causa de morte entre as mulheres no Brasil.

iNCiDêNCiAO câncer de mama é relati-

vamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima dessa faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Em cada cinco casos, quatro ocorrem após os 50 anos.

SiNtoMAS • Nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não

de dor mamária;• Sensações de calor, inchaço, rubor, escamação;• Alteração no tamanho ou na forma da mama;• Alteração no aspecto da mama, auréola ou mamilo;• Podem também surgir nódulos palpáveis na axila;• Enrugamento ou endurecimento da mama (a pele

adquire um aspecto de casca de laranja);• Saída de secreção pela mamilo, sensibilidade mami-

lar ou inversão do mamilo para dentro da mama.

fAtorES DE riSCo• Histórico familiar, especialmente se um ou mais parentes de primei-

ro grau (mãe ou irmã) tiveram a doença antes dos 50 anos de idade.• Menarca (primeira menstruação) precoce e menopausa tardia;• Idade avançada;• Ocorrência de primeira gravidez após os 30 anos;• Nuliparidade (não ter tido filhos);• O uso precoce de contraceptivos orais por período prolongado

de tempo;• Ingestão regular de álcool, mesmo que em quantidade moderada• Exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos.

MétoDoS CoNvENCioNAiS• Radioterapia para matar células cancerígenas;• Remoção cirúrgica de tecidos cancerígenos;• Biópsia de linfonodo seguida de cirurgia;• Terapia direcionada para bloquear o crescimento das células

cancerígenas;• Terapias hormonal para desacelerar ou parar o crescimento

de tumores sensíveis a hormônios.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer (inca)

trAtAMENtoExistem vários tipos de tratamentos. Depende do tipo de câncer e seu grau

de desenvolvimento. Normalmente, vítimas do câncer de mama fazem mais de um tipo de tratamento.

40 Jesus Vive e é o Senhor • edição 464 • 2017

AgendaSEMANAL Agenda mensal casa de maria e josé

/comunidade_emanuel @comEMa_RJ

AtENdiMENto E AcoNSELhAMENtocom hora marcada | 13h às 16h

oRAção pELo pApA fRANciScoNa capela | 15h às 16h

gRupo dE oRAção EMANuEL19h às 20h30o grupo emanuel é um dos primeiros grupos da de oracão do rio de janeiro

AdoRAção Ao SANtíSSiMoNa capela | 11h às 15h

gRupo dE oRAção dE São pAdRE pioNa capela | 14h às 16h30toda terceira quarta-feira do mês

tERço doS hoMENSNa capela | 12h30 às 13h

tARdE dE cuRANa capela | 14h às 15h30 toda primeira quinta-feira do mês

oRELhão ESpiRituALNa capela | 14h às 16hAtENdiMENto E AcoNSELhAMENto – por ordem de chegada

gRupo dE oRAção ALMoço coM JESuSNa capela | 12h30 às 13h30todAS àS quiNtAS, ExcEto fERiAdoS

MiSSA coM oRAção dE cuRAcelebrante dom cipriano chagas, osbtransmissão ao vivo pela internet – www.comunidadeemanuel.org.br12h

AtENdiMENto E AcoNSELhAMENtocom hora marcada 10h às 15h

dom cipriano chagas, oSBMonge beneditino do Mosteiro de São Bento do Rio de

Janeiro, um dos precursores da Renovação carismática

no Brasil e presidente-fundador da comunidade Emanuel

e da revista Jesus Vive e é o Senhor

casa de Maria e JoséSede da comunidade Emanuel – Rio de Janeiro

rua cortines laxe, nº 2, centro - rio de janeiro – (21) 2263-3725