Ucnõa õo numero -...

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27 de de 1 946 o Ano Ili- N. 0 63 OBRA OE RAPAZES, PELO$ RAPAZE'f1 B ldacção, Adllllnl slra;io 1 Pro prlelárla: Sllsa dt &al!la dt Ptll1-Pa11 dl lusa O IRE C!OR E EDl!OR! Pad re A mérico 1 l 1p11ss!o-llp. da Cisa Mon' A l vares R. Santa C at11l n!, 62 8-PI Visado pela Comi<<Ao <'e C'en.ura Vales do Correio para C ete-Preço 1 $00 + 1C3U nunca v i, mas parece que é como !IiJ tenho ouvido: nas igrejas paroquiais das grandes cidades católicas, na França, apare ce a cai :r:a das ciló nias edesta , re- tiram os Curas o dinheiro suficiente, que ali cai durante o ano, para organizar colónias. E' uma obra da paró quia sustentada pelos paroquianos, sem enfados nem dis- cussões . Não se compreende, até, naquelas cidades, uma paroquia organizada, sem o respectivo serviço de colónias de campo ou de mar, para as creanças pobres. A creança t em um poder formida vel de atracção. Cre ança pobre, mu i to mais. Creança abandonada - is so nem se fala. Está no cora ção de toda a g ente. Não ninguem que se não Aqui te mpob, apareceu-nos na alri1:. ia um peque- lJÍno viajante, andrajoso. Como sse sus- peito de tinha, mandou-se ao Porto, naquele mesmo traje, saber a certeza. Pois ali, às portas do Hospital de Santo António, foi notado um homem, replente à vista, tão andrajoso como o miudo, leva-lo a uma tasca e dar-lhe de comer: onda apaz. que tens cara de f O farra pão a dar de comer ao farrapãol Não ning uem que se não curve. E' fonte de evang elizar , sinal de ver- dadeú a religião Haec PSt ve1 ·e re ligio. Existe uma vila, algures, aonde o padre era ex ecrando , fôsse êle q uem fôsse . E ' padre? Fora! O maior enx ovalho da minha vida, sofri-o ali, por traz er batina . Foi na praça publica. A multidão ruivava: ai vem êle, atira! O êle era eu. Pois muito bem. O Pr elado da Diocese nomeou um pároco, e que fez êle? Tomou uma s duzias das crianças mais necessitadas da sua paró quia, alu g ou uma c asa à. beira- -mar, fez com elas uma colónia de fér ias e pronto. se não uiva . O padre transita livremente. O serviço de col ónias co ntinua. Üs meios não faltam . O pároco gos a . O povo palmas. Os até a li incr edulo s, comam agora a duvidar, e ajudam as despe za s. Tal a força da creança l E ra de uma vez nas rua s de uma cidade, a horas mortas. Ninguém viu o que ali me aconteceu, por andar de batina e dizer missa no altar. Semb lantes, ati t udes, palavras. Oh! negrume daquela hora e daquele lugar ; nunca mais te esquecerei! Andaram os tempos. A creança das ruas, fala. Das rua-s daquela cidade. Da mesma rua do negr ume . F ala. Relata. Diz tudo como é e como foi. Tanto bastou para mudar a direcção dos ventos! Os assanhados daquele dia, são ag ora cordeiros! A creança das ru as vence. Impera. forma. Não ni nguem que lhe resista. Aqui, t em a inteli g encia do homem o que falta à dos outros animais. E' pela fo r ça dela, q ue são fortes as obras que as es meram. E quando as ditas obras de assis tencia olham ara cada creança com o olhar de Jesus, de humanas que são, passam logo a ser divinas. E' squi o ner vo . E' neste sentido e por esta re zão, que a multidão dos transviados começa a ±azer preguntas e a reg-ressar à. Mãe. Com certeza D eus flx ist e, dizia-me de uma vez um transviado. E logo a razão: Pe lo bem guP. se faz aos filhos do s p 1 b .. es. Quantos homen s não começam a sofrer de inqu i e- tação, ao observarem no mundo o Evan- gelho aplicado ?! Até ali, tinham resolvido o seu problema a seu modo; tudo acaba nos cemi térios. Ag ora, não : Uom cortn a D eus · existe. E que outra formula na terra de cada homem res olver o se1L problema e as socied ades os self S; qu e outra, digo , senão sómente o Evangelho aplicado ?! Ucn õa õo nu m ero sessenta e No Porto, venderam 1. 322. Na Póvoa, 72. E Espin ho 146. Na Vila de Paredes, 60. Nas águas i. S. Vicente, outros tantos. Coimbra, Figueira, Lous. Miranda e Lisb oa , que o di gam os correspondente Os acréscimos, na Invict11 , subiram a ôl Hom um f'n guêa qne deu por um jornal. Os. d1 de S . Vicente, E rnesto e Inácio, troux era1 de acréscimos; mais do que a quantia da vendi Com eram no senhor Tiago, como eles disseram. Foi batataa e molete e ca r ne e ameixas. Goal imenso de lhes preguntar, para o prazer de ouv: a desordem. Havia de ter muita gra ça um menú feil por estes deliciosos rapazes! Batatas, seria sempre primeiro mero. Foi batatas! Venderam uma panei dar ia de exemplares do livro agora em ve nda-A Obr d1 i R ua. Só o Inácio, no Porto, despachou 25 dele1 O Ernesto, conta que am senhor refilara: dtz escudo a tifo pequeno! - E tu que lhe sseste? -Eu disse-abra e vej a que tem muitas revistai Por reviBtaa, quere o pequeno dizer gravuras. Ma como t>l e diz, tem muito mais g raça. R evistai, sir senhor. Nito são, porventura, as revi stas que trazem a gra vuras? Se ele, em noasos dias, se mistura tant co!sa, que muito que o Ernesto baralhe também, con graça e inocência?! Por ocupações de exame à porta, Amadeu não pôde faz er a praça do costum.e. O o Júlio. supre e onde ele não chega, vai o Inácio, ' Rui, o T orcato e todos. T rouxeram o dinheiro de 4 assi naturas antigas ' nomes de assinantes novos. E também trouxeram alguns deles, bolas. Bolas pequeninas, do tamanho da de nis, que eles metem fácilmente na algibeira, ' Cont i nua na página tres. como fui por abaixo até Coimbra O P. 0 .Adriano, deu em clamar, para que eu sse pedir nas ig rej as de Sa nta Cruz e de S. Bdrt ol on Hm 1 nas festas da Rainha Santa . E11 clamava que não. Vai tu. Ele teimava, - e venceu. Sai de Pa ço de Sousa no sábado de ms. nhil.. O nosso carro, ag ora de sapat os e meias em fôlha, anda que é um r egalo. Muito tenho de agradecer ao Senhor que o quiz dar à Casa do Gaiato! O Constantino da casa de Pa ço de Sousa e o P iolho da do Porto, por serem de Coimbra, também fo ram. E ram onze horas quando atravessamos a po nt t!, direitinhos a S. J oão da Madeira. Uma vez ali, man- dei tocar um nadinha à direita, quem segue na estrada de Lisboa, do norte. Como não estivesse bem lembrado do sitio, aonde de uma vez fôra, preguntei no povo: - - Aonde é que mora o senhor X? - Q llal deles? Eles são muitos irmãos. E des- fiam nomes. E nquanto desfiavam, vai alguém do lado o diz assim: Há-de ser o do palacete; o brazileiro. Era sim senhor. Como os meus queridos leitores estão vendo, íamos muito bem guiadinhos. • • Mas os senhores do Palacete não estavam! Eles t eem um tesouro no Po rto; filhos e netos. bado, é fim de semana. Por fi m de semana entendemos horas deliciosas. Vivem no Pala· ceta, sim, mas o <" oração, êsse está ao pé do tesouro .A' su íd11. do lugar, ouvi dizer; tles costumam ir tod l'l cs sáb r1 dos pró pé dos filhos. Erl\ m q uás1 duas boras quando avistamos Agueda. Gostais da vila? os oois rapazes nada respon· deram- Q 1e dizes tu, Pidho1 O Pi olho não disse nade m3s co locou as mãos sobre o estoa111go . . • ! Estava tudo dito. Co mo haviam eles de gmta r da vila ? 1 O carro parou. Subimos ao primeiro andar de uma casa de com idas. F .i i batatas e peixe e ameixas e pão e vinho e. . . anda caminho. Uma hora depois, est avamos nas festas da Rainha Santa. Não demora mos em Coimbra. Na Casa do Gaiato de Mi randa é que é a festa. que tempos ali não ia! F ui naquela hora e fi quei para o dia seguinte. Agora. é que eu sei e einto quam regalados nào viv1:.m os senbore11 de autom óvel! Tudo facilidades. Só digo que De us fa <; bem a quem faz bem, referindo- me, aqni, ao Doutor M. Cruz, que o qaiz oferecer. Dei os r ecados nas igrej as atrás mencionadas e todos compreenderam: U ma pancadar ia de moedas e de notas à. beira de cin co contos. Pagaram-me ama caneca de cerveja nos Pt issa·

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27 de Ju~o de 1946 o Ano Ili- N.0 63

OBRA OE RAPAZES, PAR~ RAPAZE:~, PELO$ RAPAZE'f1

Bldacção, Adllllnlslra;io 1 Proprlelárla: Sllsa dt &al!la dt Ptll1-Pa11 dl lusa • OIREC!OR E EDl!OR! Padre Américo • Co11p~slção 1 l1p11ss!o-llp. da Cisa Mon' Alvares R. Santa Cat11ln!, 628-PI Vi sado pela Comi<<Ao <'e C'en.ura Vales do Correio para Cete-Preço 1$00

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1C3U nunca vi, mas parece que é como !IiJ t enho ouvido: nas igrejas paroquiais

das grandes cidades católicas, na França, aparece a cai:r:a das cilónias edesta, re­tiram os Curas o dinheiro suficiente, que ali cai durante o ano, para organizar colónias.

E ' uma obra da paróquia sustentada pelos paroquianos, sem enfados nem dis­cussões. Não se compreende, até, naquelas cidades, uma paroquia organizada, sem o respectivo serviço de colónias de campo ou de mar, para as creanças pobres .

A creança tem um poder formida vel de atracção. Cre ança pobre, muito mais. Creança abandonada - isso nem se fala. Está no coração de toda a gente. Não há ninguem que se não v~rgue. Aqui há tempob, apareceu-nos na alri1:.ia um peque­lJÍno viajante, andrajoso. Como fôsse sus­peito de tinha, mandou-se ao Porto, naquele mesmo traje, saber a certeza. Pois ali, às portas do Hospital de Santo António, foi notado um homem, replente à vista, tão andrajoso como o miudo, leva-lo a uma tasca e dar-lhe de comer: onda 7·apaz. que tens cara de f orn~! O farra pão a dar de comer ao farrapãol Não há n inguem que se não curve.

E ' fonte de evangelizar, sinal de ver­dadeú a religião Haec PSt ve1·e religio.

Existe uma vila, algures, aonde o padre era execrando, fôsse êle quem fôsse . E ' padre? Fora! O maior enxovalho da minha vida, sofri-o ali, por trazer batina.

Foi na praça publica. A multidão ruivava: ai vem êle, atira! O êle era eu. Pois muito bem. O Prelado da Diocese nomeou um pároco, e que fez êle? Tomou umas duzias das crianças mais necessitadas da sua paróquia, alugou uma casa à. beira­-mar, fez com elas uma colónia de férias e pronto. J á se n ão uiva. O padre transita livremente.

O ser viço de colónias continua. Üs meios n ão faltam . O pároco gosa . O povo dá palmas . Os até ali incredulos, começam agora a duvidar, e ajudam as despezas. Tal a força da creança l

E ra de uma vez nas ruas de uma cidade, a horas mortas. Ninguém viu o que ali m e aconteceu, por andar de batina e dizer missa no altar. Sem blantes, atit udes, palavras. Oh! negrume daquela hora e daquele lugar; nunca mais te esquecerei!

Andaram os tempos. A creança das ruas, fala. Das rua-s daquela cidade. Da mesma rua do negr ume. F ala. Relata. Diz tudo como é e como foi. Tanto bastou

para mudar a direcção dos ventos! Os assanhados daquele dia, são a gora cordeiros! A creança das ruas vence. Impera. Trans~ forma. Não há ninguem que lhe resista. Aqui, tem a inteligencia do homem o que falta à dos outros animais.

E ' pela força dela, que são fortes as obras que a s esmeram. E quando as ditas obras de assistencia olham p·ara cada creança com o olhar de Jesus, de humanas que são, passam logo a ser divinas. E ' squi o nervo . E ' neste sentido e por esta r ezão, que a multidão dos transviados começa a ±azer preguntas e a reg-ressar à. Mãe.

Com certeza D eus flxiste, dizia-me de uma vez um transviado. E logo dá a razão: Pelo bem guP. se faz aos filhos dos p1 b .. es. Quantos homens não começam a sofrer de inquie­tação, ao observarem no mundo o Evan­gelho aplicado?! Até ali, tinham resolvido o seu problema a seu modo; tudo acaba nos cemitérios. A gora, não: Uom cortn a Deus · existe. E que outra formula há na terra de cada homem resolver o se1L problema e as socied ades os selfS; que outra, digo, senão sómente o Evangelho aplicado?!

Ucnõa õo numero sessenta e õoi~

No Porto, venderam 1. 322. Na Póvoa, 72. E Espinho 146. Na Vila de P aredes, 60. Nas águas i. S. Vicente, outros tantos. Coimbra, Figueira, Lous. Miranda e Lisboa, que o digam os correspondente Os acréscimos, na Invict11 , subiram a ôl 7~60. Hom um f'nguêa qne deu JOO~OO por um jornal. Os. d1 A'~uas de S . Vicente, E rnesto e Inácio, trouxera1 72~60 de acréscimos; mais do que a quantia da vendi Comeram no senhor T iago, como eles disseram.

Foi batataa e molete e carne e ameixas. Goal imenso de lhes preguntar, para ~er o prazer de ouv: a desordem. Havia de ter muita graça um menú feil por estes deliciosos rapazes! Batatas, seria sempre primeiro número. Foi batatas! Venderam uma panei daria de exemplares do livro agora em venda-A Obr d1i R ua. Só o Inácio, no Porto, despachou 25 dele1 O Ernesto, conta que am senhor refilara: dtz escudoa tifo pequeno!

- E tu que lhe füsseste? -Eu disse-abra e veja que tem muitas revistai

Por reviBtaa, quere o pequeno dizer gravuras. Ma como t>le diz, tem muito mais graça. R evistai , sir senhor. Nito são, porventura, as revistas que trazem a gravuras? Se ele, em noasos dias, se mistura tant co!sa, que muito que o Ernesto baralhe também, con graça e inocência?! Por ocupações de exame à porta, Amadeu não pôde fazer a praça do costum.e. O irmã~ o Júlio. supre e onde ele não chega, vai o Inácio, ' Rui, o Torcato e todos.

T rouxeram o dinheiro de 4 assinaturas antigas ' nomes de assinantes novos. E também trouxeram alguns deles, bolas. Bolas pequeninas, do tamanho da de ténis, que eles metem fácilmente na algibeira, '

Continua na página tres.

O~ como ~u. fui por aí abaixo até Coimbra O P.0 .Adriano, deu em clamar, para que eu fôsse

pedir nas ig rej as de Santa Cruz e de S. BdrtolonHm1 nas festas da Rainha Santa. E11 clamava que não. Vai tu. Ele teimava, - e venceu. Sai de Paço de Sousa no sábado de ms. nhil.. O nosso carro, agora de sapatos e meias em fôlha, anda que é um regalo. Muito tenho de agradecer ao Senhor que o quiz dar à Casa do Gaiato!

O Constantino da casa de Paço de Sousa e o P iolho da do Por to, por serem de Coimbra, também foram. E ram onze horas quando atravessamos a pontt!, direitinhos a S. J oão da Madeira. Uma vez ali, man­dei tocar um nadinha à direita, quem segue na estrada de Lisboa, do norte. Como não estivesse bem lembrado do sitio, aonde de uma vez fôra, preguntei no povo:

- - Aonde é que mora o senhor X? - Qllal deles? E les são muitos irmãos. E des-

fiam nomes. E nquanto desfiavam, vai alguém do lado o diz

assim: Há-de ser o do palacete; o brazileiro. Era sim senhor. Como os meus queridos leitores estão vendo, íamos muito bem guiadinhos. • • Mas os senhores do Palacete não estavam! Eles teem um tesouro no P orto; filhos e netos. Sábado, é fim de semana. Por fim de

semana entendemos horas deliciosas. Vivem no Pala· ceta, sim, mas o <"oração, êsse está ao pé do tesouro .A' su íd11. do lugar, ouvi dizer; tles costumam ir todl'l cs sábr1dos pró p é dos filhos.

E rl\m quás1 duas boras quando avistamos Agueda. Gostais da vila? os oois rapazes nada respon·

deram- Q 1e dizes tu, Pidho1 O Piolho não disse nade m3s colocou as mãos sobre o estoa111go . . • ! Estava tudo dito. Como haviam eles de gmtar da vila ? 1

O carro parou. Subimos ao primeiro andar de uma casa de com idas. F .ii batatas e peixe e ameixas e pão e vinho e. . . anda caminho.

Uma hora depois, estavamos nas festas da Rainha Santa. Não demoramos em Coimbra. Na Casa do Gaiato de Miranda é que é a festa . Há que tempos ali não ia! F ui naquela hora e fiquei para o dia seguinte. Agora. é que eu sei e einto quam regalados nào viv1:.m os senbore11 de automóvel! Tudo facilidades. Só digo que Deus fa <;.à bem a quem faz bem, referindo-me, aqni, ao Doutor M. Cruz, que o qaiz oferecer.

Dei os recados nas igrej as atrás mencionadas e todos compreenderam: U ma pancadaria de moedas e de notas à. beira de cinco contos.

Pagaram-me ama caneca de cerveja nos Ptissa·

-z-

Do que nós necessitamos Os Empregadcs da Vacuum, teem sido fiches;

todos os meses depositam no Banco aquela conti· nha certa,-50$. Da capital, teem chl'gado pacotes de roupas usadas. E' o luxo das nossas casas. A melhor roupa dos nossos é precisamente aqutla que foi dos teus. Mais pacotes; que venha mais roupa a falar; a dizer que estima o· garôto da rua. O que se compra nas loj-as, não tem sabor. , Mais aquela mesma ~letra, dentro do mesmo envelope, com a mesma nota, a dizer 11rogo a fineza de aceitar etc.11 A letra parece de homem. Será? O que eu sei é que se recebe por cá muitas vezes. Ele · há maneiras de dar que valem muito mais do que a oferta. E a contrária, também é verdadeira; · ofertas grandes, podem desmerecer, pela forma como são dadas. Mais mil escudos para os seus rapazes. Mais a costumada nota da mesma admi­radora. Este adjectivo, aplicado à minha pessoa, tornou-se vulgar, por muito repetido. Vem de longe. Já em Coimbra, eu era muito admiraclo. Aqui pró norte,-não se fala. Olha' é aquele, oiço eu, ao passar nas ruas, onde anda, em regra, muita gente a admirar. Não compreendo que sejam de admirar, as pessoas que no mundo cumprem o seu dever. Sinto verdadeiramente pêna de ser apon­tado: olha, ele ali vai!

Mais, no Depósito, as carapuçadas do costume. 'O tal recado dos mil escudos, a dizer por fora 11prás colóniasrr,-esse é que não foi bem bem tomado em conta. Só houve, até à data, um senhor que escutou. Mais 50$ na estação de ­S. Bento e mais 100$00 na Rua Alexandre Braga.

Mais um aviso de depósito de cinco contos, no Banco. O nome da pessoa lê-se bem, agora, o da. terra, ninguém lhe entra. E' letra de doutor e está tudo dito. Tenho muita pêna que também nos Bancos haja doutores. '

A Canadiana, saiu galinha. Já esperava. Não posso pedir coisas que tenham rodas; agora, o que peço, é o dinheiro para ela. Os alunos do Colé­gio de Ermezinde, quizeram dar uma prenda ao seu Director, D0utor Gaspar Pinto. juntaram 900$, os quais remeteram à nossa aldeia, por unânime resolução.

Uma Casiti do Po.vo da Maia, junta centenas de tostões, compra com eles um vale de 500$ e remete à nossa Aldeia.

A Escola Industrial e Comercial de Braga, faz o mesmo com 31~70.

A Escola feminina da Sé do Porto, acordou em que só entrassem no mealheiro tostões dignos do fim a que se destinavam, como vem a dizer na carta1 e retira no fim do ano dezenas de escudos: que pena nào tenho de não poder mandar os tos· tões, e junto a eles, a história de cada um.

Um nosso amigo, contou uma história aos ouvintes de um posto emissor do Porto, p:ua a Casa do Gaiato, e a chuva dos donativos, num instante, subiu a perto de 4 contos. Chuva tropi· cal. E' o calor da Obra.

Visitantes,-isso nem é bom falar. Bmham-sc neste milagre vivo, águas puríssimas do Evang~lho. Levam daqui mais alegria, mais conhecimento, mais dignidade.

De Oliveira d 'Azemeis, 100$ para as colónias. Mais do Porto 50$. Mais 100~ e mais 150$ por vale postal, ainda do Porto. Mais 270$ de Lisboa, mais 520$ de Leiria- e se mais mundo houvera mais dinheiro viera. '

Outra vez um. livro A Obra da Rua anda em giro, sob a forma de um

livro de leit11ra. Sou eu. Sou eu a pedir. Os apósto­los, dantes trabalhavam com as suas próprias mãos, e assim pregavam J esus, sem serem pesados a ninguem. A essencia das coisas não muda, embora os costumes sim. E' trabalho das minhas' mãos, o livro que hoje proponho. Trabalho de um amador. E le prega Jesus. Jesus Crucificado. Não há leitor que não acredite, ou que, pelo menos, receie poder vir a acreditar. Era assim naqueles tempos. E' assim hoje. Não mudam as essencias. Se fôsse livro de um escri­tor, era mercadoria e tinha preço fixado. Sendo, como é, de um amador, não tem prêço.

'1'Õ8B. Almocei com os Rapazes ão Lar e na tardinha daquele domingo chegamos à nossa Aldeia, tendo pas­sado pela casa do Porto, aonde recebemos o Ernesto, o Carloi> Inácio, o O'scar mai-lo E lvas, que fizeram a praça de O Gaiato. Assim ficara com binado: esperem por ~nim 14a Casa do Porto, às tantas. E assim se cumpriu, àB tantas. ·

O OAIATO

MIRANTE

DE • 111111111111111~ COIMBRA O primeiro turno dás Colónias de férias foi

acender a. fogueira do S. João no Lar das Colónias da S.ª da Piedade e voltou .agorà para correr atrás das canas dos foguetes ela Rainha Santit.

A' partida, a confusão de sempre. Por um que falta à chamada, há sete que

põem o dedo no ar - deixe-me ir a mim que não tenho pai nem mãe e durmo na Estação.

Ha intrusos nas pregas das carruagens, e só em Ceira se fez um cálculo aproximado da baga­gem que levamos.

- Tu também vais, papinha ? - Vou pois, e . .. - Por quantas horaS'? - Para sempre; desta vez não fujo. No dia

seguinte desapareceu. Encontrei-o mais tarde à porta do cinema.

- Então já cá estás? - Pois não, derretiam.me lá à porrada e à

fome! E' assim que a nostalgia, a rua e a coboiada

do Tivoli se assenhorearam deste desorientado garôto.

Enquanto o comboio não dava a partida, vem dos lados do rio, uma voz enrouquecida -ó ralo/ pede lá ó padre para deixar ir também o teu primo. Era uma mulher desgrenhada, das caves da baixa. Estamos com os nossos. já não estranhamos tal linguagem.

Os dirigentes, novatos ainda, tapam os ouvi· dos, mas têm de os causticar com outras mais frescas. Se visses a atrapalhação dum deles ao dar com um viajante branco no fundo preto da batina?!

Lá em cima a vida é outra. O panorama, a linguagem muda e religiosa das capelitas, a solidão dos montes, o cantar das águas, a sopa quente e

· a constante e sacrificada vigilância dos dirigentes - tudo, tudo eleva a alma do pobre rapazinho do monturo. Logo à chegada desaparece um grupo deles. fugiram? Perderam-se ?

- Nada disso. Vamos encontrá-los a con· templar a pequenina gruta de N.ª S.ª de Lourdes, onde um, de calções rotos, levanta a saudação logo acompanhada dos restantes: Salvé Rainha !

Era digno dum pincel de artista este quadro enternecedor. Ao fim de dias, nota-se a transfor­mação operada, e, é sempre com pena que devol­vemos à Rua os que são dela. Mas, passaram-se os quinze dias; lá em baix·o, em Coimbra, já estão mais quarenta à espera, a ver.

A' última hora uma carta vinda do bêco, vem confirmar estas regras. 11Sr. Padre vou fazer exame. Peça aos gaiatos que rezem por mim. Eu hei-de ir outra vez para a Colónia e hei-de levar azeite para a S.ª da Piedade. Gosto tanto dela ... Torrcsrr,

fisicamente há também transformações que surpreendem. Ainda agora aqui veio um rapazi­nho do Beco de S. Cristóvão dar o nome. Tem 14 anos.

- Também queres ir, rapaz? - Pois não, não quero. - As colónias fazem-te mal ! - Qual fazem ! Estive quatro anos em Setú-

bal, no Sanatório, cheio de feridas, e nunca fecha· ram. fui o ano passado par~ Miranda ; o Tachica (cão da Casa do Gaiato~ lambeu-me as· feridas, (e eram grandes !) e sararam logo para nunca mais 1

E digam lá os sábios d~ Natura ...

O segundo turno assistiu à procissão da Rainha Santa. Vimo-la passar na sua imponente magestade tal como outrora. e tão querida e vene· rada como naqueles tempos em que os pobres dobravam o joelho diante dela para lhe beijarem a mão e receber a esmola: ·

E' à sombra do mesmo Evangelho .prégado nas igrejas de Coimbra, que levaremos 'à sombra dos castanheiros de Tábuas, quase duzentas crian­ças da cidade. O peditório do P.0 Américo nas igrejas de S.ta Cruz e S. Bartolomeu, deixou, para tanto, 4.744$90. E pouco mais há a acrescentar. - 7$50, 5$00, e mais cinco de pobres, à partida do comboio. Um retalho. para a roupa dum pequenito esfarrapado que seguia para Miranda. Passou por vários comerciantes mas só um caixeiro se condoeu. O pequenino pegou no ~rnbrulho com ambas as mãos, e nunca mais o largou. Deitou-se à noite abraçado a ele, e, ao acordar, na manhã seguin te, pergunta logo se já pode vestir o fatinho. A alegria dele quando se viu dentro duma camisa e calções novos! Mais embrulhos de sapatos e roupas usadas! Revistas! U ma bi­cicleta ! 24$ num vale, de Lisboa; 20$ de Lisboa em carta, para a Conferência. 20$ de Matozinhos. 30$ mais 40$ de outras tantas Noelistas visitantes. De outro ilustre visitante 100$; 100$ de um Sacer­dote. Numa fábrica, depois de muito chorar, 20$

1 De novo me apresento a

escrever esta crónica em vez de Carlos Al­berto Fontes que anda agora com as cólicas dos exames. Estou aqui hd um mês e só fui a Coimbra uma vez agradecer à mi­nha madrinha a aju­da que me dá, pa­gando os meus estu­dos.

- 27-7-1946 -

Notícias da Casa de MIRANDA POR JOÃO CARLOS FREITAS

O tempo aqui pas· -/VVVVVVVVVVVVV'l'\.A

sa-se depressa porque estamos sempre ocupados. A minha obrigação é leve: ensinar a doutt ina aos mais miuditos e vigiá-los nas suas obrigações. Ainda me sobeja tempo para ler e tocar piano.

O Vindo de Lisboa passou por cá o Senhor ~ Subsecretário das Finanças com a Fa­

mília. Ia para a Guarda com o seu filho o Se­nhor Padre António Diniz da Fonseca que ia cantai a sua primeira missa nova.

Vieram também cá 35 meninas Noelistas numa camionete grande. Foram primeiro à Se­nhora da Piedade e depuis aqui.

O J?.ádio é que foi o cicer.one. No sábado à tmde veio inesperadamente o

Senhor Padre Américo no automovel de Paço de Sousa, acompanhado por dois rapazes que vieram ver as f amilias. Estev.e connosco só aquela noite e foi para Coimbra no outro dia de manhã fazer o peditório. Gostamos muito de o cá ver. Foz pena não ter trazido a bola que nos prometeu.

3 No domingo foram a Coimbra os meni· nos da 4.a classe e os trabalhadores do

campo. Foram assim premiados pelo trabalho que teem feito. Só cá ficaram o Camilo e o Venâncio por não terem calçado bom. Mas o Venâncw merecia ter ido porque tem dias de cozer três a quatro fornadas de pão para a casa e para os Gaiatos das coló.nias de Férias.

Quando ele já não pode, vai o Sérgio à Se­nhora da .Piedade co2e1 o pão no forno que lá se fez. Os colonos é que vão à lenha pela serra fora.

Veio agora o 2.o turno. São 24 rapazes.

AI São poucas as coisas que nos ·dão mas ':a: algumas são de grande valor. A que

mais nos alegrou foi a bicicleta que nos dernm. E' pena estar estragada. Irá qualquer dia ser arranjada. Também nos deram muitas revistas entre os quais o Papagaio. De Coimbra man­dam-nos sempre «A Bola». Não sabemos quem é. Recebemos também com alegria sapatos e roupas usadas. Isto é que é mais preciso para os pobresinhos da nossa conferência.

Elll resposta à carta que quere saber noticias do rapaz que apareceu nestas colunas, ·em fotografia,

como saído de um campo de concentração, temos a informar que a sua ressurreição

tem sido dolorosa e demorada. Ainda se encontra isolado da Comuni­

dade a comer por ·doses e a ser tratado como merece. Mas já se interessa pela vida. Recor ta

papel e faz bonecos. Chama pelas pess<?as.

Diz o que quere. Dantes não era assim. Começa a ter confiança nos seres iguais

a êle. Quere aproximar-se, mas a gente

não ' deixa, por enquanto. Tem ainda o

corpo consumido por doenças de pele que podem oferecer perigo de contagio.

E' o nosso tesoiro!

e mais 20$. Em comp-ensação 500$ noutra com o amável convite de voltar por mais ao principiar novo turno de Colónias de Campo. 3.000$ dos sempre fieis subscritores; 100$ de um aná nimo no Banco E. S.; 100$ da Covilhã; 100$ na Casa depo­·sitária do Castelo, de uma professora do Liceu e-50$ de outra dum Colégio; 100$ de S.ta Comba Dão; em cartà anónima 20$.

·-·- 27·7-1946 - t> OAIATO

·Crónica Desportiva fW~ -·"''""'"'"""""""'"'""""'""' ""'"'"'."""'"" .. """""""""'"'""""''"""""'"""' ~ da N 0 s s a

::Futebol Club dos Gaiatos 1___ ~

Queridos e amigos

leitorea, já há muito tempo que eu aqui não venho escrever a crónica da aldeia por ter uma

obri!f~ão muito pesada. Venho aqui hoje e não sei ·Be virei mais - a pedido do Sr. P.4 Amé­'l'ico para ajudar a a completar a página que jalta para aprontar êBte vosso jornal.

Selecção de Paredes 1 A 1 d e i a ~ Os gaiatos alinharam: Pepe, Carlos, Amadeu;

•Rio Tinto, O'scar, Elvas; António, Vitela, O a ri. /\./VVVVVVVV'-p 8 r J os É E/VVVVVVV\D u AR o o O jôgo começou às 17 horas. Realizou-se o último encontro desta época em

que os gaiatos empataram 1-1. Uma boa saída dos de Paredes que se internam no campo adversário. Carlos chuta para meio do terreno, O'scar conse­gue apanhá-la passa para António que remata sem resultado. Chefe põe a bola na marca a bola cai a meio campo Mantas passa para Fernando que fica desarmado por Amadeu que chuta para meio do terreno e entram vários jogadores à bola e é por fim Vitela que passa para Oari que remata para fora. Vitorino chuta a bola cai a meio campo Joa­quim consegue passar para Fernando que no momento de. remate fica desarmado por Carlos. Ambos os guarda-rêdes tem estado em trabalho. E assim terminou a primeira parte com O O. Na segunda parte os gaiatos começaram a reagir. Até que aos 10 minutos surge o primeiro ponto da 'tarde.

1 ' marcado um pontapé de campo o jogador de Paredes prepara-se chuto forte a bola toma efeito e o guarda·rêdes dos gaiatos defende a bola dentro das rêdes. Este tento foi causado por uma das defesas. Os gaiatos não desanimam com este ponto. Aos 15 minutos o guarda-rêdes de Paredes é obrigado a fazer uma das melhores defesas da tarde.

A defesa está em boa tarde. Aos 17 minutos surge o tempo dos gaiatos. Foi marcado um pon­tapé de canto O'scar vai marcar chuta a bola cai mesmo ao pé das rêdes e António fazendo recarga faz o tento dos gaiatos. E assim terminou o encon· tro em que os gaiatos empataram. Salientaram-se nos gaiatos Amadeu, e O'scar. Depois . houve um .grande encontro em que jogou o Internacional Araújo. Este encontro foi em beneficio das Coló­nias de férias.

Amadeu P. S. Sim senhor. Tudo muito bem e muito

bonito, mas o caso é que, quando o nosso grupo perde, o Amadeu recusa-se a fazer a crónica! Já assim aconteu por duas vtzes. - O' Amadeu, vai fazer a crónica, anda. - Não tenho nada que dizer 1

PEDITÓRIOS VtJm aí o tempo deles. No dia 11 de Agosto,

'tenho marcado para o Forte de Santa Catarina, na praia da Figueira da Foz, à Missa das onze e meia. Póvoa de Varzim, está no programa. Luso, Buçaco, S. Martinho do Porto> Vidago,-tudo praças fortes aonde costuma haver rendição t l>tal. Uma praça que nunca se ri>ndeu, é Pedras Salgadas. Pssso tão pertinho, -quando vou a Vidago, e nunca ali entrei, por impedi­mentos. Se há pois alguém tão amigo da criança dos caminhos que seja capaz de os remover e comuni· car-me, agradeço. Espero, até uma carta amiga, e dizer que tudo está aplainado e que eu tenho ordem de falar no Casino, às tantas, de tantos de tal

A Obra da Rua não pode ser de um só; tem de ser de todos, cada um a sua parte. E sta 6 a razão pela qual não fazemos cobrança de O Gaiato. Não -queremos dar facilidades. Acreditamos no sacrifício; o sacrifício do assinante que sai à rua, compra o vale <lo correio, gasta o seu tempo, - tudo isto são valores r iais. E' o sangue da Obra.

T ratando-se de esmolas, a doutrina é precisa­m t:nte a mesma. Elas devem vir por caminhos sacri­ficados, seja da parte de quem pede, seja da parte de -quem dá. .PoTta estreita. Caminho apt1·tado. Aque­les são os sinais que o l\Iestre coloca na estrada que -conduz à vida eterna. Há muitos que, por mêdo .seguem outros caminhos. Vão errados!

Venda ~o numero sessenta e ~ois Continuação da primeira página

aqui é que está. Sucede que os vendedores são quáai todos das obrigações domésticas;· cozinha, refeitório, rouparia, quartos, tudo. Sucede mais quê a Casa-Mãe tem muitas janelas e estas, muitos vidros ... De ma· neira que não devo impedir o darem bolas aos rapazes; Dão devo. O que faço, -é pedir que, juntamente com a . bola, deem um chequei,b bo pràs vidraças.

OS NOSSOS POBRES

O pobre do Assento continua na mesma. Q uem vem buscar a e!!mola é o filho mais novo. Já lhe demos por umas poucas de vezes roupa_ e calçado do nosso. O de Bairros vai de mal pua pior quase que nem pode andar. Se o quizerem ajudar é mandar para cá tesouras e navalqas que êle s~ encarrega de as arranjar visto ocupar-se daque~e o~íc10. O de .São Lourenço já me contou a sua h1stór1a, o º?mo hco~1 assim com aquele reumatismo que nunca mais lhe s~i.

Era recoveiro do cemitério de Paço de Sousa, ia de noite para casa regelado pelo frio e pela chuva que caía num dêsses dias invernosos. Chegou a casa e comeu alguma coisa ao canto da lareira onde ardiam algumas cavacas apanhadas pela mulher na mata que ficava perto. Como tinha frio pôs-se a aquecer-se .e a enxugar a roupa q~e trazia tôda . molhada. Foi-se deitar e no dia segumte não se podia levan~ar. ~ha­mou o médico que lhe receitou um remédio. Tm~a reumatismo nas pernas e nos braços. Gastou mmto dinheiro em remédios, médicos e drogas mas de nada lhe valeu. Até ali tinham sido remediados, mas o homenzinho nlio podia trabalhar e as economias come­çaram a escassear. Venderam a sua casinha que tinha sido dos seus avôs e onde vivem agora mas por esmola. O homem lá começou a lavantar amiudadas vezes e agora já pode andar, mas muito trôpego ainda. E assim acabou a história deste honrado homem que é pobre aqui nesta vida, que não passa de um Fonho, mas que há-de gosar e cantar louvores a DeusA na eternidade. Por isso ninguém recuse a esmola a este pobre, protegido pela Conferência de S. Vicente de Paulo da Casa do Gaiato.

Os nossos examos correram muito bem. 03 da terceira classe ficaram todos aprovados. São êles: Carlos Inácio, Ernesto Pinto, Fernando de Araújo Mar tine José Gançal ves Merino, N orberto Vicente, José d~ Sá Carvalho O Oacar não foi a exame por estar ainda atrazado. Agora para o exame de 2.º grau foram: Amadeu Mendes. Amadeu Fino, António Pratl!. , Altredo Rosas, Alfredo Oliveirl!. Martins, A~tó­nio Fernandes, José Francisco, Domingos José An1os, Manuel Joaquim Pereira ll Manuel Gomes Cardoso. Todos ficaram admitidos à prova oral. Só para o próximo número posso dar os resultados dêstes rapazes.

Como acabou o tempo escolar o Sr. P . e Américo nomeou 5 rapazes para darem serventia de trôlha. Foram-se embora cinco dos rapazes de fóra e entraram êstes a serviço. Infelizmente um fugiu por isso só são quatro. O Sr. P.0 Américo deu os parabéns a todos por s~r a primeira semana e se portarem também. São: o Oscar, o P enafiel, o Olhinhoe, o Gregório e o Alvaro que fugiu.

Ouve uma zaragata entre o Carlitos e o Lourenço. Este um pouco mais forte prendia a cabeça ~o outro entre as suas pernas. E' claro, não lhe queria bater por ser maia forte, mas o irmão do Ca:litos, ? Zé da Cozinha, foi em defesa do irmão mss fo1 repelido pelo Fernando de Tomar visto o irmão ter refilado com o outro

P. S. - Acabou a crónica· do Zé Eduardo. Muito propositadamente, deixei passar todos ~s êrros, inclusive o 1·tcoveiro do cemitério, por coveiro, para que todos fiquem a saber, se ainda não sabiam, o cabecinha no ar qua é êste cronista !

OFICINAS Os trabalhos correm a todo o pano.

O Rodrigo, já cose á máquina! Ele, o Manuel e o Quintino, são os esperançosos aliaiates. Há outros ·tantos sapateiros: O Fernando, o Claudino e o Manuel. Quem se quizer vestir ou calçar, apareça.

-3-

?lota da quinzena Era um grupo de senhores, algures. ':'al~va­

·se de q: Q Gaiato» e de Um caso que la vinha. Cada um contava a seu modo as impressües que colhera na leitura do mesmo, quando alguém levanta a vóz e exclama: Não posso ler o jornal.

' Não quero ler o Gaiato! Tenho medo de me tor­nar bom!

Este senhor que eu não conheço é bom ; mas quere ser melhor. Aquele seu não quero e não posso é maneira de afirmar. Quere. Pode. E' leitor de ponta a ponta. Ouve-se dizer que as ocasiôes fa2em o homem. Não fazem, mas reve­lam-no.

O ponto mais fraco que o homem tem, é desconhecer-se. Andamos uma vida inteira por casas estranhas, à cata de quem nos diga o que temos e o que somos e até, para maior desgraça vamos buscar segredos às chamadas pessoas de virtude / Mas as avisadas não ; essas sabem, que nós somos pouco menos do que os anjos. Nesta certeza repousam, por ser uma verdade eterna, - e vivem.

Sim. Pouco menos do que os anjos. Quan­tos senhores de categoria, como o que. hoje apre­sento, não se terão encontrado a si mesmos, na leitura dos episódios que este. jornal costuma trazer, - quantos! Eram enigmas. Andavam per­didos no mundo, fugidos de si, a pedir chuva de fogo, omo outrora os discípulos ao Mestre - e ago~ão J A ocasião da leitura, revelou-os. Ach -se. Começam a saber de que espírito são auto minus ab angelis. Senh.D.L.Ji.os Céus; se a bagatelas levantam almas, de que serve O'

umentcrt ?/

Há dias o Joaquim Freitas foi ter com o vigilant~ da 11Casa do Ardina11 a pedir-lhe para deixar de ser chefe do 11Grupo Caridade11,

- tt Essa agora!. .. Porque é que tu queres sair? ... ,, -11E' que o entulho que está no pateo impede o

arranjo da cave, e os rapazes do meu grupo não con­seguem ter tudo em ordem como deve ser, e eu sinto­-me a cumprir mal. .. n

-uNão te aflijas. Logo que terminar o conserto do tecto da oficina, deixas de ter entulho no páteo. E •.. com entulho ou sem entulho, o que é preciso é que tudo esteja bem limpo, bem arrumado, que o tra­balho seja bem feito e que ..• haja caridade entre os rapaze~, nada mais. Ouviste? •.. 11 E o Joaquim com­preendeu quanto lhe disseram, e pôs-se à chefia do grupo com novas . . . ganas.

Aquele receio de não ter as coisas em ord~m, so­bretudo aquele receio de deixar os rapazes do seu grup(j mal colocados por não poderem fazer trabalho perfeito, como poderia servir de exemplo a quantos só pensam em 11aldrabar11 o próximo, o Trabalho. Lições que os grandfB recebem dos pequdninos •..

O Joaquim Freitas, conhecido por 11preto11 ou ues­carumba11, tão moreno é, tem grandes desejos de pureza, de brancura de alm& ! . . .

Não parece o mesmo de há um ano. Damos-lhe a palavra para compreenderes a transformação profunda sofrida desde então: 11Eu andava na escola e quando saía ia vender jornais para ajudar a minha mãe, mas às vezes esquecia-me e ia para o cinema. Eu não era muito mau, mas também não era bom, às vezes jogava à bola, mas quando vinha o polícia eu fugia. Também andava à ginjinha e um dia comi .tantas, que fiquei à raoca da barriga.

Uma vez, andava eu às gmJaS e o polícia apa­nhou-me e levou me para a esquadra. U m dia o .Júlio Paiva disse-me que iam pedir para eu ir para a. ttCasa do Ard\na... Entrei ~ mudei para a escola de lá e comecei li. ter aulas. Gostava de lá estar, mas sentia falta da brincadeira da rua. Gastava o dinheiro dos jornais, para comprar bolos e cigarros e também gas­tava no cinema.

O Snr. Silva soube o que eu fazia, e•1 fui proibido de vender jornais.

Agora já sei ver que fazia mal, já sei que não se deve roubar e já sou chefe de um grupo, e quando estiver bem preparado, arranjam-me um emprêgo.

Acrescentar mais alguma palavra ao testemunho dele, não é possível, a não ser dizer, que hoje, é um dos melhores, dos de ma.is confiança, sendo aquele a quem connamos missões difíceis. B,reve .será considti­rado 11preparadon para a vida, como ele retera .•• Temos a nossa oficina de serralharia a funcionar. Pre­cisamos encomenda~ .

Breve iremos parn a 11Colónia de Férias>. Preci­samos donativos. Tudo serve: fatos de banho, chapéus de palha, géneros, dinheiro. • • Muito dinheiro! •• •

Valeu? E ' eó mandar .•• MARIA LUÍSA

_,_

O Amandio, o dos recados, sempre que tem de ir ao Porto, frita a Menina Clara,

na rouparia : Dé-me umas meias brancas.

Depois do que, sobe ao meu escritório, a tomar conta do que há-de dar conta.

- Oh rapaz; que é isso? - São meias brancas. No

Porto anda tudo assim. E' à tiróne ! Aqui há tempos, deixou cair

uma carta na linha de ferro, à saída de Ermezinde. De Valongo, telefonou e de Cête fez o mesmo, mas nada, até à data. Ora eu já lhe disse que à segunda fifia, per­de o lugar. Perguntei-lhe se sa­bia o que é fífia. Sabe sim senhor.

••• T IVEMOS de entrar em pro­

fundas modificações no nos­so sistema do refeitório.

O Gaiato já aqui falou sobre o mau aprumo dos chefes, ao servir os subordinados. Teem-se feito várias recomendações, algumas, até, em Tribunal, mas tudo conti­nua sensivelmente na mesma. Os chefes, naquele lugar, àquela hora perdem um nadinha as estri· beiras. Não há equilibrio.

A senhora faz na cozinha as competentes rações em dias de carne e muito bem. Sim; a cada um seu quinhão. Mas ... guar­dado está o bocado para quem o há· de comer,-e lá estão os comi­lões. Os chefes !

Ora isto é uma grande desor­dem. Tanta e tal, que eu estou sempre a receiar visitantes à hora da refeição, em dias de canfe:' Muito havia de desmerecer na opinião pública, o nome da nossa casa; tal o barulho dos protestan­tes : eu cá ainda não tive.

Não teve nem tem. Acabou. Ora aqui é que está. Grandes males, grandes remédios. Dora­vante, o prato de cada um é feito na cozinha. Os comilões não acabam, por isso; mas não comem. Passam a simples comensais. Estabelece-se a equidade.

Ele é muito difícil regular o estomago dos mais. O homem é um animal. Era de uma vez um barco da Companhia Nacional de Navegação, que deu à costa al­gures, no Cabo. Tripulantes e passageiros esperaram largas horas, na praia, socorros ua ci· dade. Lá vem os comestiveis. Havia mulheres e crianças. Dizem os moTlilistas que estas são as primeiras, e nós, também, quando temos a barriguinha composta •. . Ali, outra lei. '

Só quem viu!

• • • O Amandio acaba de chegar

agora mesmo do Porto. Da última vez, tinha-lhe

dito que merendasse cerejas, mas a merenda ficou cara e desta re­comendei que fôsse à nossa casa do Porto, por uma bucha. Foi, sim, mas não buchou.

O Mondim não lhe deu me­renda : não está cá a se­nhora. Ora o Mondim parece ser um bocadinho rigorista. Devia ter dado merenda ao rapaz.

••• O UTRA do Amandio. Ele é o

meu secretário, por isso mesmo o mais apto a pres­

tar notas à imprensa. Entrava eu no escritório, e vou dar com ele a fazer buracos numa caixa de papelão; muitos, muitos buracos.

- Pra que é isso ? -E' pra um pardal ! Imediatamente tira do seio um

pardal: c/Jeu, cheu, cheu ! Eis aqui os meus secretários. O meu pessoal de escritório.

-Que lhe dás tu de comer? - Eu a caço moscas ! Pior. Muito pior. Enquanto

o pardal viver, já sei que não posso contar com os serviços do meu secretário : acaço moscas. Está tudo dito.

••• A GORA dá gosto comer no

nosso refeitório. O prato vem feito da cozinha. Para

os mais pequeninos, menos. Para os maiorsinhos, mais. Para os trabalhadores, muito mais e desta sorte, por amor da equidade, esta-

belecemos a ordem. Um paraiso, onde dantes era inferno. Ora isto, traz grandes ensinamentos. Estamos em frente de cento e vinte e sete cidadãos, que pinta­vam a manta certos dills, à hora de comer, por causa do prato. Sendo doutrina corrente, que todos nós descendemos de Adão e Eva, segue-se que a na­tureza humana é egual e que os homens refilam todos pelas mes­mas causas. A principal é o prato. E' até a mais humana. De sorte que, em chegando a hora de dar aos mais pequeninos menos, aos maior· sinhos mais, e aos trabalhadores muito mais; isto é, a cada um o seu prato, temos necessáriamente a ordem estabelecida no mundo. A prova, está aqui, na Casa do Gaiato. Não é preciso ir ós livros nem ós mestres.

••• T ODA a gente sabe que temos

cá em casa um Batata E' o João de Luzim. Qualquer

visitante pode preguntar, ouando cá vier. Mas o que ainda nin-· guém sabe, é que temos também um Batata Nova? E' o Delfim da Rua Escura. E' do Porto. E' da idade do Batata e como é da mesma índole, para não haver duas Batatas na Comunidade e este tivesse vindo depois do João, ficou o Batata Nova. Ninguém sabia do nome. Foi ontem à me­renda que se descobriu, quando a senhora indagou certas coisas; foi o Batata Nova.

Vá lá a gente descobrir quem é que os baptisou; eles são tantos! Sabe-se que o nome é adqu~o à pes!'loa, e isso basta.

Batata Nova, foi hoje chamado a contas por andar a pedir boroa ãOS trabalhadores das obras, nas horas em que eles comem o caldo.

Vai. Senta-se, estende a mão : um bocadinho de pão. Foi trazido pela mão de dqis dos nossos, que o descobriram naquele trabalho. Já havia sido chamado, também, por fazer a mesma coisa aos visi­tantes 1 Pede a toda a gente e a toda a hora. Ainda não tem cinco anos.

••• A nossa oração da noite,

na capela e à hora do cos­tume, foi hoje um bocadi­

nho desordenada. Ouvia-se um ruído esquesito no meio dos rapa­zes, assim a modos de um passa­rinho a cantar. Foi-se a ver, no fim da oração, e era mesmo. O Pintarocha tinha um pardal no seio! Está provado. O rapaz não resiste à tentação dos ninhos. Ele são os professores nas aulas. Ele nas audiências,-nada os con­vence!

O O'scar, o internacional, tinha um ninho debaixo da cama. Deu com ele o rapaz das limpezas. Muita palha, muito cisco; - que será? Era um ninho com passari­nhos!

- Oh! O'scar? - E' passarinhos. Estou a esme-

rá-los. Não lhes falta nada. O Carlos de Tábua, cozinheiro

número um, tinha um melro na cozinha, que à noite levava para a cabeceira da cama, e de dia . tornava a trazer, até que um gato . .. 1 Oh desgõsto!

• • • O Fernando Martinho an­

da-me a seringar há um rõr de tempo, que ponha

eu no jornal que ele faz 16 anos a 28 de Julho·- já escreveu?

Já, sim senhor. Cá está a noti­cia. O Fernando, é o Poeta. E' dos do campo. E' de Freixo de Numão. Há dois anos que é da Casa. Andava pelas ruas do Porto, perdido. e foi também por muito me seringar, em um dia que ali fui , que o rapaz é hoje nosso e eE tá contente.

••• F UGIU mais um com a saca e

produto da venda de O Gaiato. E' o segundo que assim faz. Acho pouco. O jornal vai no número 63. Todas as quinzenas saem de nossas casas uns 27 rapazes, que se revezam a miúdo. Fugiu um logo no princípio. Fugiu outro agora. Aquele, nunca mais regressou. Este, sim.

E' natural do Porto, mas estava

O OAIATO

na Casa de Miranda, assim como um irmão que lá deixou, ambos tripeiri!os. Vendia em Coimbra e na Figueira.

Na última venda, resolveu dar um giro à sua terra natal. Devia ter uns 70$ escudos na saca, e com el.es viajou.

Fez vida das ruas 8 mais os seus amiKos, até que se acaba­ram os tigos, - depois do que entregou-sé à prisão. E' o A'lvaro. Dá serventia aos pedreiros da Casa número 4, agora, a emergir. Tivemos uma longa conversa aqui, no meu lugar de trabalho e de trabalhos. Aceitou a obrigação e cumpre, sim, porém fiquei triste ao escutá-lo e ando triste, pela facilidade com que o rapaz men­tiu às perguntas que lhe fiz. Mentiu. Mentiu: Quando assim faz ao Pai, que dizer aos estra­nhos!

Mas estes males não se curam? - 'Sim, na medida em que os sofrem

os curadores destas almas. A Rua, não é mal nem é problema para os filhos da rua; eles não dão fé. O mal está mas é nos que podem e não acodem.

••• O Avosinha não está na dis­

pensa. Era demais! O Car­los foi dar com uma caneca

de açucar escondida e mais duas outras, ocupadas com restos de sopas de vinho. Era lamber de mais! ••• O Zé Eduardo foi às ameixas.

A um cesto de ameixas que nos deram. Outro que

o fizesse, seria mal, porém, com este, foi pési;imo.

O Zé Eduardo é muito inteli· gente. Ora eu quero que me di­gam de que serve a inteligência ao homem, se ele, por meio d'ela, não distingue o bem do mal ? E que confiança posso eu ter no Zé Eduardo, amanhã colocado no Porto, numa casa de ameixas e coisas semelhantes ?

Isto mesmo lhe foi dito em acto solene, no tribunal; depois do qu~ se convidou a escolher êle mesmo o castigo adequado.

• • • O Sapo veio hoje ao meu

lugar de trabalho, anunciar um rapaz que tinha chegado.

Ele está a pedir pra ficar. Di2 que não tem pai nem mãe.

O Sapo deu o recado e ficou à espera do recado. Houve uma pausa. Fingi não ter escutado, e continuei nos meus trabalhos. Ele foj ter ó lugar dà minha obriga­çao; eu sou agora das escadas . Mandei subir o viajante, não com o sentido de o receber, mas sim para dar uma satisfação ao Sapo. Conversamos os três por algum t~mpo. O pequeno era da marca, sim, mas não temos sítio aonde armar camas. Comeu e foi-se embcra. Alguma coisa ficou · a gene1 o;idade do Sapo. Qu~re para os outros o bem que gosa.

••• I STO que vou contar, não é

bem a Casa do Gaiato, mas por . ser um anexo, não diz

mal aqui. São as Colónias. E' para dizer que o primeiro grupo correu sem novidade. Fizeram o~ 15 dias. Houve troca de corres­pondência e visitas das famílias e is~o é o que a gente pretende. Nmguém ama aqililo que não conhece.

Está agora o segundo grupo, também de 40 colonos, que vai correndo da mesma sorte.

. P. S.-Do primeiro grupo, fu­giu um colono.

• • • O Alvaro de quem nos ocu­

pamos em o número ante­. rior, fugiu, depois de estar

uns dias connõsco. O Alvaro é um caso muito difícil. Da Casa de Miranda, fugia algumas vezes e foi, até, de lá, que ele desertou para a <;idade do Porto, de onde é natural.

Na Figueira da Foz, fazia parte d~ uma quadrilha; o P.e Adriano foi buscá-lo à cadeia daquela Comarca. A mãe também lá estava e lá ficou ! O Pai vive no

Porto. Se o divórcio é veneno nas chamadas classes altas, que dizer nas arrastadas? P, aonde aprende­ram estas o processo do divórcio?

Foi-se embora o Alvaro. Fi­cou um seu irmão na Casa de Mi­randa .. . à espera dele. E' bom que estas coisas cheguem ao co· nhecimento de todos e assim se venha a saber que a Obra da Rua, coma todas ás obras do mundo, participam necessária­mente da insuficiencia dos homens.

••• P ELA mesma razão, se pu­

blica a oferta de uma mãe, para o António Celorico,-2flSOO. Os vinte escudos entraram em caixa, mas o Celorico não está. Há quase um ano que ele se foi embora. Foi porque quiz. ir. Deu-se-lhe, até o dinheiro para a passagem.

Não fugiu; recusou terminan­temente uma ocupação que lhe foi, ao tempo, marcada. E esta é precisamente a razão pelll qual teem ficado sem resposta umas três cartas que o rapaz nos man­dou até hoje, pedindo regresso. Não pode regressar por amor dos que ficaram. Eles foram teste· munhas. As cartas são lidas no tribunal e comentadas. Nem só as boas obras que eles, às vezes,

27·7-1946

praticam, servem de lição. As. más, também.

••• C HEGOU agora mesmo noticia

da tipografia a comunicar que falta matéria para uma

página do jornal. Uma página 1 Lancei mão do Zé Eduardo. Fui por ele ao refeitório, tirei-o da obrigação e tenho-o aqui pre!'en­temente, a fazer matéria pró quinzenal. Num jornal de bagate­las, quem quer pode escrever.

• •• O NTEM à noite, no tribunal,

houvemos de louvar um grupo dos nossos traba­

lhadores. O caso é este: Acaba­ram as aulas. E' necessário ocu­par os deles que não se encontram ainda madi. ros para tomar conta de colocações na cidade e então, que fizemos? Obras com eles. Serventia a pedreiros e a trolhas e desatêrro da casa número quatro. Esta pode abrigar uns 40 raoazes, nos dois pisos que tem. Foi dito aos trabalhadores que quanto mais depressa a cons­truirmos, maii: cêdo podemos rece­ber vadios. Tudo está nas vossas mãos. Eles compreenderam. Tra­balham com fervor. Dentro de poucos meses, mais uma casa a reluzir.

Assinaturas · pagas PORQUE E QUE <O GAIATO> TANTO PRENDE?

ELE E FEITO DE PEQUENOS NADAS, DE VERDADEI­RAS BAGATELAS. AONDE ESTÁ O SEGREDO ?

Isto, pergunta um assinante do Rio de janeiro, que nos pede o numero 54, extraviado, e ele quere a colecção. Este simpatico assinante nem sequer dá fé de que, ao perguntar pelo s2gredo, desvenda o segredo: PEQUENOS NADAS, VERDADEIRAS BAGATELAS. Eis:

Aqui há tempos, um senhor de Lisboa ralhou muito comigo, nao importa saber porquê, 11 dizia na carta: FIQUE SABENDO QUE NA NOSSA ORGANIZAÇÃO HÁ GENTE PARA FAZER UMA REVISTA CIENTIFICA, QUANTO MAIS UM GAIATO! Calei-me, vencido. Con­vencido - não. Os cientistas não fazem GAi A TOS, fazem mas é bombas, e tratam delas.

O numero de assinaturas vai crescendo e o de descui­dados, diminuindo. Não hd dia nenhum que o correio nos não traga noticias de pessoas com fome e sede de boas noticias: MANDE O JORNAL. .QUERO ASSINAR O JORNAL. MANDE DESDE O PRIMEIRO NUMERO. EU CÁ LEIO AS SILABAS. Um rosário de superlativos a qualificar bagatelas/

Dr. Manuel José Moreira, Barcelos, 100$; Mário Lima, Pom­bal de Anciães, 25$; Helena Costa, Sangalhos, SOS; Dr. Alfredo Abreu Valença, Braga, 20$; Manuel Lo­pes Lima, Braga, 20$; Cristina Reis, Braga, IOOS; Professora Júlia Mano, Aveiro, 20$: Custódio da Cunha Leite da Costa, Leiria, 30$; lnácia Teles Madeira Dinis (2 anos), Lagares d11 Beira, 40$; Maria Luísa Alcobaça Araújo, Condeixa-a-Nova, SOS; Maria da Graça Pinto da Fonseca, Beira lAfrica), IOOS; Tenente Emiliano de Vasconcelos, Beira (Africal, SOS; João Ferreira dos Santos, Moçambique, 1.000$; Maria Amélia Veloso (1 semestre), Negrelos, 15$; P.c José Simões da Costa, Montemor·o-Velho, 60$; Dr. José Maria Viegas Pimentel, S. Pedro de Alva, lOOS; Maria da Glória Pedrosa, Esposende, 25$; Manuel Araújo (2 anos), S. Jul ião do Freixo, SOS; Luciano Magalhães, Foz do Douro, IOOS; Inês da Ro­cha e Melo, Praia da Granja, 24$; P.° Cõrto-Real, Sabugal, õ0$; João Manuel de Campos, Sobreira 25$; P.c Martiniano Gomes Sa­raiva, Outeiro de S. Miguel, SO$; Francisco Pereira Espiga, Covi­lhã, SOS; Maria Helena Nasci­mento Ferreira, Viseu, 20$; Joa quim Lopes Ferreira, Arcozêlo das Maias, 20$; Dr. António Maria Pereira, Mogadouro, 100$; Dr. Carlos Leitão, Aveiro, SO$; Antó­nio Bento Correia, Santo Tirso, 20$; Dr. Joaquim Belo, Valença do Minho, 25$; Manuel Flávio dos Santos Moreira, Gondomar, 25$; Joões de Portugal, Póvoa de Varzim, 40$; Eng.º Eduarde Bueso

Ferreri, Salamanca (Espanha),. 1.000$.

Maria Alice Nascimento No­vais, Mosteiro de Fráguas, 40S; P.• Jesé Baptiste, Sertã, 30. ; Demetrio da Silva Carvalho, Sertã, 20 ; Maria Emília Pinto Antunes Mendes (1 /2 ano), Sertã, 12$; António Rodrigues Sêco, Coimbra, 20 ; Dr. Alberto Costa, Coimbra, lOOS; Maria de Lourdes Vaz de Matos, Coimbra, 20S; Dr. José Guardado Lopes, Coimbra,. 25$; Maria da Conceição J údice Dias Ferreira, Lagoa, 20$; P.º Vieira da Rosa, Leiria, 20$; Dr. Luís Teixeira Lopes, Arouca 40S; Manuel Garcia Moreia, Par~des, 20$; João Viana da Costa Salema, 170$; Tenente António Tengarri­nha Pires, 25$; Fernando Barreto Braga, '25$; Capelão do Navio Escola Sagres, 40$; 2.0 Tenente António Seixas Loução, 25$; 2.0

Tenente Mário Dias Martins, 25$~ 2.0 Tenente Fernando José Guerra L. Toscano, 25$; 2.0 Tenente Eu­génio da Silva Gameiro, 25$; 2.0

Tenente Dr. Vasco Pinto Bastos de Morais, 50$; Navio Escola Sa­gres, 100$; Dr. Armando Cancela de Abreu, SO; Margarida Pereira, 30$; Dr. Caetano da Costa de Macedo, 20$; Manuela Calvente Grave, 50$; Empregados da Secção de Registos, 45$50; Wen­drell Calvente, 30$00, todos cte Lisboa.

2.0 Tenente Aníbal Martins Ra­mos, Amareleja, 25$; Maria Re­gina da Silva Lopes, Avintes, 20S; Maria da Conceição Pulido Vas­quez, Barrancos, 20$; Mauuel Cardoso Novo, Caranguejeiro, 40$;

Continua•