U2 discografia comentada - Regis Tadeu · 2020. 10. 29. · U2 – Discografia Comentada BOY (1980)...

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U2 – Discografia Comentada BOY (1980) Aqui no Brasil, todo mundo ficou intrigado com essa capa. Só depois descobrimos que se tratava de um estupendo álbum de estreia de uma banda irlandesa. Com a certeira produção de Steve Lillywhite, que tratou de valorizar uma sonoridade encorpada e mais consistente em relação ao que se fazia na época dentro da seara do “pós-punk-pop”, todo o repertório acabou se valorizando ainda mais. Não tinha como não se entusiasmar com as audições de pequenas maravilhas “I Will Follow”, “The Electric Co.”, “Twilight” e a dobradinha “An Cat Dubh”/”Into the Heart”, todas com refrãos maravilhosos e que grudavam imediatamente no cérebro. Um dos melhores discos de estreia de todos os tempos! https://www.youtube.com/watch?v=g2BqLlVHlWA https://www.youtube.com/watch?v=lMgUifLVPpM https://www.youtube.com/watch?v=5qWidx0CBOU

Transcript of U2 discografia comentada - Regis Tadeu · 2020. 10. 29. · U2 – Discografia Comentada BOY (1980)...

  • U2 – Discografia Comentada

    BOY (1980)

    Aqui no Brasil, todo mundo ficou intrigado com essa capa. Só depois descobrimos que se tratava de um estupendo álbum de estreia de uma banda irlandesa. Com a certeira produção de Steve Lillywhite, que tratou de valorizar uma sonoridade encorpada e mais consistente em relação ao que se fazia na época dentro da seara do “pós-punk-pop”, todo o repertório acabou se valorizando ainda mais. Não tinha como não se entusiasmar com as audições de pequenas maravilhas “I Will Follow”, “The Electric Co.”, “Twilight” e a dobradinha “An Cat Dubh”/”Into the Heart”, todas com refrãos maravilhosos e que grudavam imediatamente no cérebro. Um dos melhores discos de estreia de todos os tempos!

    https://www.youtube.com/watch?v=g2BqLlVHlWA

    https://www.youtube.com/watch?v=lMgUifLVPpM

    https://www.youtube.com/watch?v=5qWidx0CBOU

  • OCTOBER (1981)

    O segundo disco da banda foi lançado no Brasil com um atraso indesculpável, muito depois do estouro de The Unforgettable Fire em 1984. Tudo porque os executivos brasucas não viam qualquer aspecto comercial em relação ao primeiro álbum. Por um lado, ficaram receosos em soltar por aqui um disco diferente do anterior, em que a banda deixou de lado os refrãos fáceis e elaborou um repertório mais “difícil”, que exigia muito mais do ouvinte. A canção que mais de aproximava do que estávamos acostumados é “Gloria”, que até ganhou videoclipe por causa disso. É um disco com menor intensidade sônica, como comprovam os violões e piano em “I Fall Down”, a introspecção de “Scarlet” e da faixa-título. É um disco criminosamente subestimado até pelos fãs da banda!

    https://www.youtube.com/watch?v=ybYgP48X2DY

    https://www.youtube.com/watch?v=r4AyW6IpzyA

    https://www.youtube.com/watch?v=WbrFnZ80748

    https://www.youtube.com/watch?v=kqdJ6CsXt4Y

  • WAR (1983)

    Foi a partir desse terceiro álbum que a banda começou a galgar a montanha do sucesso que viria a seguir. Ao mesmo tempo, foi quando o messianismo de Bono aflorou e se tornou quase um ser à parte do vocalista. Menos mal que isso foi feito com um repertório sensacional, com justíssimo destaque para as sensacionais “Sunday Bloody Sunday”, “New Year’s Day”, “Surrender” e “Two Hearts Beat as One”, que poderiam tranquilamente ser incluídas em Boy. Ao mesmo tempo, algumas novidades surgiram, como o naipe de sopros e o coral na bela “Red Light” e o The Edge fazendo parte dos vocais principais em “Seconds”. Discaço!

    https://www.youtube.com/watch?v=d8FYJ9qvegI

    https://www.youtube.com/watch?v=vdLuk2Agamk

    https://www.youtube.com/watch?v=rJONY9FndlU

    https://www.youtube.com/watch?v=uIuAFBRyjj4

  • THE UNFORGETTABLE FIRE (1984)

    O disco marca a ausência do produtor Lillywhite e o início da colaboração com Brian Eno e Daniel Lanois, que duraria muitos anos. Com uma sonoridade totalmente diferente dos discos anteriores, menos intensa e mais experimental em termos de ambientação, foi de certa forma o primeiro ponto de redirecionamento artístico que a banda sentiu a necessidade de fazer. O sucesso absurdo de canções como “Pride (in the Name of Love)” e “Bad” finalmente levaram a banda a um sucesso avassalador, embora o disco esconda pequenas preciosidades, como a placidez de temas como “4th of July” e “Promenade” em contrapartida ao engajamento delicado e dolorido de “MLK” – uma tocante homenagem, a Martin Luther King - e à abordagem percussiva da pouca citada “Elvis Presley and America”, esta última funcionando como um prenúncio do álbum seguinte. É daqueles álbuns que precisa ser reouvido com atenção e com um bom par de fones de ouvido.

    https://www.youtube.com/watch?v=LHcP4MWABGY

    https://www.youtube.com/watch?v=LCdltGg4EzM

    https://www.youtube.com/watch?v=ZlyZ0YGi9nM

    https://www.youtube.com/watch?v=G_Z10NCnwlg

  • THE JOSHUA TREE (1987)

    Para muitos, é a obra-prima dentro da discografia da banda, algo que concordo em partes. Não porque tenha se tornado um dos discos mais vendidos da história e que tenha sedimentado o sucesso da banda em escala mundial a partir da meteórica apresentação no Live Aid em 1985, mas principalmente porque foi um passo certeiro para atingir o mercado musical mais desejado por todas as bandas e artistas: o americano. Nem vou comentar a respeito da mortal trinca de hits - “With or Without You”, “I Still Haven’t Found What I’m Lookin’ for” e “Where the Streets Have no Name” –, do peso de “Bullet the Blue Sky” (que anos depois rendeu uma ótima versão do Sepultura), da beleza crítica de “In God’s Country” e “Red Hill Mining Town”. Ouça o disco do início ao fim, como se estivesse lendo um livro, e surpreenda-se com a densidade do álbum como um todo.

    https://www.youtube.com/watch?v=fdmNC8ylrXI

    https://www.youtube.com/watch?v=qv5xGrzml7I

    https://www.youtube.com/watch?v=yLvpZwN9Oko

  • RATTLE AND HUM (1988)

    A mistura de canções inéditas com músicas conhecidas gravadas ao vivo só faz sentido para quem assiste ao documentário que deu origem a esse disco. Gravado durante a turnê do álbum anterior, é um documento precioso a respeito de como a banda funcionava nas internas e de seu fascínio pela cultura americana, algo sempre presenta na cultura irlandesa em geral. No geral, as canções são ótimas; desde a intensa homenagem a Bo Diddley em ”Desire” e ao blues em “When Love Comes to Town” (composta em parceria com o lendário B. B. King e com a participação do próprio) ao tributo a Billie Holiday na antológica “Angel of Harlem” e a Bob Dylan em uma esplendorosa versão de “All Along the Watchtower”, a reverência explícita nunca resvala pelo pieguismo, mesmo quando The Edge assume os vocais na tocante “Van Diemen’s Land”. Outro discaço, mas que precisa do documentário para ser perfeitamente compreendido.

    https://www.youtube.com/watch?v=jVorYO-gH5A

  • ACHTUNG BABY (1991)

    O disco marcou a mais radical virada dentro da carreira da banda. Não foram poucos os fãs que ficaram assustados e até mesmo com raiva de tal redirecionamento, que foi da imagem da banda – quem imaginaria ver Bono com maquiagem diabolicamente carregada e o baixista Adam Clayton pelado na contracapa do álbum? – ao próprio som, agora com uma abordagem eletrônica. Isso explica porque o álbum até hoje é massacrado pelos “fãs raiz” e considerado por mim como um dos favoritos na discografia do quarteto. Recheado de canções espetaculares - “Even Better Than the Real Thing”, “Until the End of the World”, “Who’s Gonna Ride Your Wild Horses”, “Misterious Ways” e, claro, “One” –, o disco funciona desde sempre como uma ponte perfeitamente bem construída ligando dois universos aparentemente inconciliáveis: o rock e a eletrônica. Clássico indiscutível!

    https://www.youtube.com/watch?v=HyI3mFQweYs

    https://www.youtube.com/watch?v=t7ElEHJpvNs

    https://www.youtube.com/watch?v=Z4egwj-ba-o

    https://www.youtube.com/watch?v=ftjEcrrf7r0

  • ZOOROPA (1993)

    È mais um daqueles álbuns criminosamente massacrados por quem apresenta ouvidos rudimentares. Concordo que é preciso ter gostado e se familiarizado com o disco anterior para curtir tudo o que Zooropa pode oferecer, mas nada justifica a tremenda má vontade do “fã raiz”, mesmo que a produção de Brian Eno tenha buscado a colaboração de Flood, um produtor especializado em música eletrônica. O resultado foi um repertório coeso e cheio de canções muito mais que interessantes, como “Lemon”, “Stay (Faraway So Close)”, a esquisita “Numb” e “The Wanderer”, essa última com a participação de ninguém menos que Johnny Cash! É daqueles discos que precisam urgentemente de uma reavaliação por parte dos mais preconceituosos!

    https://www.youtube.com/watch?v=9YoAQ50BK74

    https://www.youtube.com/watch?v=7RNu7VDiJcs

    https://www.youtube.com/watch?v=VQx-xzjhVC0

    https://www.youtube.com/watch?v=al9x2l12CR0

  • POP (1997)

    Outro disco odiado pelos “fãs ortodoxos”, já que nem se deram ao trabalho de entender o senso de humor do quarteto logo no clipe da faixa de abertura, a deliciosa “Discothèque”, e nem sequer perceberam que se trata de um álbum conceitual. Sim, isso mesmo! Todas as faixas formam um enredo acidamente crítico em relação à tirania dos Estados Unidos, cujas maiores armas estavam – e estão! – no estímulo ao desenfreado consumismo em escala mundial. É claro que a atmosfera eletrônica perdura ao longo das faixas, mas nunca a ponto de obscurecer a porção rock dos caras, como podemos perceber em “Mofo” e “Last Night on Earth”. Dá para sacar isso até mesmo nas belas baladas “If You Wear that Velvet Dress” e “If God Will Send His Angels” e na depressiva “Wake Up, Dead Man!”. Outro álbum que merece uma audição mais atenta e livre de preconceitos.

  • https://www.youtube.com/watch?v=GUuCFxKPI3A

    https://www.youtube.com/watch?v=cRWbytzs0n4

    https://www.youtube.com/watch?v=YswMTdys0cc

    https://www.youtube.com/watch?v=3385OS31Yio

    ALL THAT YOU CAN’T LEAVE BEHIND (2000)

  • Cansados de ser massacrada por boa parte da mídia e até mesmo de uma grande parcela conservadora de seus próprios fãs, a banda resolveu retomar um pouco a sua vertente sonora mais básica e desprovida dos excessos eletrônicos. Assim, o repertório desse disco voltou a ser trabalhado pela produção de Eno e Lanois de um modo mais vigoroso, que tem nas sensacionais “Beautiful Day”, “Walk On” e “Elevation” os exemplos perfeitos desse “retorno ao básico”. Da mesma forma, a sensibilidade demonstrada em “Stuck in a Moment You Can’t Get Out Of”, “In a Little While” e “Peace on Earth” demonstram que a inspiração do quarteto estava de volta. Belo álbum!

    https://www.youtube.com/watch?v=co6WMzDOh1o

    https://www.youtube.com/watch?v=gwKEdFoUB0o

    https://www.youtube.com/watch?v=19KstSgU-c0

    https://www.youtube.com/watch?v=R-BT2yzXP8w

  • HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC BOMB (2004)

    O tal “retorno ao básico” iniciado no disco anterior se completou nesse excelente álbum, que acabou sendo o tapa na cara que todo fã ranheta precisava tomar. Em vários momentos soando mais pesada do que jamais foi – vide a sensacional faixa de abertura, “Vertigo”, a intensa “City of Blinding Lights” e a homenagem implícita a David Bowie em “All Because of You” -, o quarteto caprichou em canções que primam pela emoção, como “Miracle Drug”, “Original of the Species” e o belo tributo de Bono a seu pai em “Sometimes You Can’t Make It on Your Own”.

    https://www.youtube.com/watch?v=98W9QuMq-2k

    https://www.youtube.com/watch?v=i2uGAfBXVkg

    https://www.youtube.com/watch?v=iJidOOmAl8c

    https://www.youtube.com/watch?v=CuDqHtAR6L8

  • NO LINE ON THE HORIZON (2009)

    Seguindo a tendência do disco anterior, a banda continuou investindo em certo peso sonoro – para os seus próprios padrões, é claro – e tascou outra canção surpreendente, “Get on Your Boots”, que faz um par bonito com a igualmente energética “Breathe”. É claro que no álbum não deixam de comparecer composições que primam pela sensibilidade, como “Moment of Surrender”, “White as Snow” e a própria faixa-título. Infelizmente, os fãs da banda parecem não ter dado a devida atenção ao álbum, já que seu repertório é pouco lembrado.

    https://www.youtube.com/watch?v=JcDNilZbZg8

    https://www.youtube.com/watch?v=QC7_5fNL14w

    https://www.youtube.com/watch?v=I6WAFy63RGQ

    https://www.youtube.com/watch?v=nEi7E0_qmmc

  • SONGS OF INNOCENCE (2014)

    Mal esse disco foi lançado e rendeu confusões. Primeiro, porque a banda tomou a iniciativa de distribuí-lo de graça para todos que possuíam os aparelhos iPhone 6 em parceria com a Apple, o que fez com que milhares de pessoas reclamassem de uma “invasão de privacidade”. Depois, muita gente maldosa insinuou que a capa tinha um cunho ‘pedófilo’ e tiveram que engolir sua maldade de pensamento quando foi divulgado que a foto traz o baterista Larry Mullen Jr. abraçado ao seu filho. Musicalmente, é um disco bastante irregular, com algumas faixas soando cansadas e genéricas, mesmo em se tratando de homenagens a Joe Strummer (“This is Where You Can Reach Me Now”), Joey Ramone - “The Miracle (of Joey Ramone)” – aos Beach Boys em “California (There is No End to Love)”. Trata-se de um disco que demora a engrenar, mesmo depois de seguidas audições.

    https://www.youtube.com/watch?v=EUp7H7JEwWM

    https://www.youtube.com/watch?v=LF0rKW1DEMo

    https://www.youtube.com/watch?v=LaSYqiKxTWs

  • SONGS OF EXPERIENCE (2017)

    Outro disco que soa e modo bem genérico, mesmo com suas pequenas experimentações. O excesso de produtores certamente atrapalhou e deu ao repertório uma sensação de falta de foco. Há excesso de teclados em “Love is All We Have Left” e “Love is Bigger Than Anything In Its Way”, certa fraqueza composicional em “American Soul” e uma monotonia melódica constante em “13 (There is a Light”). Salvam-se algumas faixas que podem ser lembradas depois da audição do álbum, como “Ligts of Home” e “Red Flag Day”.

    https://www.youtube.com/watch?v=bQHK60MouL8

    https://www.youtube.com/watch?v=Ki5keBCz8DQ

    https://www.youtube.com/watch?v=KQkkgD2p3Ow