TURMA OSCAR SCHMIDT -...

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Curso Avançado de Gestão Esportiva TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO 2011-2012 | TURMA MARIA LENK 2012-2013 | TURMA OSCAR SCHMIDT

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  • Curso Avanado de Gesto Esportiva

    TRABALHOS DE CONCLUSO DE CURSO

    2011-2012 | TURMA MARIA LENK

    2012-2013 | TURMA OSCAR SCHMIDT

  • APRESENTAOO Curso Avanado de Gesto Esportiva (CAGE) uma iniciativa dos programas da Solidariedade Olmpica do Comit Olmpico Internacional (COI), para o desenvolvimento administrativo dos Comits Olmpicos Nacionais. No Comit Olmpico Brasileiro (COB), planejado e dirigido pelo Instituto Olmpico Brasileiro (IOB).

    Com a realizao do CAGE, o IOB possui trs grandes objetivos:Desenvolver habilidades e conhecimentos de gestores esportivos, requisitos necessrios para um gerenciamento mais efetivo das instituies esportivas nacionais;Promover a anlise, discusso, produo de conhecimento e propostas de solues concretas de situaes-problema encontradas em organizaes esportivas;Fomentar o intercmbio de informaes e a criao de uma rede de contatos profissionais entre os gestores.

    O curso tem abrangncia nacional e destina-se aos profissionais de nvel executivo de instituies esportivas ligadas diretamente ao esporte de alto rendimento.

    A base de conhecimentos do CAGE provm do manual Managing Olympic Sport Organizations (MOSO), produzido pela Solidariedade Olmpica, em cooperao com o Master Executif em Management des Organisations Sportives (MEMOS). O manual abrange seis reas de estudo: gesto de organizaes esportivas olmpicas, gesto estratgica, gesto de recursos humanos, gesto financeira, gesto de marketing e organizao de grandes eventos.

    O programa do curso inclui palestras, atividades tericas e prticas, produo e exposio de trabalhos individuais comentados, e dinmicas e discusses em grupos. Ao final do CAGE, cada aluno dever apresentar um Trabalho de Concluso de Curso (TCC), devidamente supervisionado por um orientador e direcionado para se transformar em uma soluo concreta para a organizao esportiva desse aluno, e tambm para outras organizaes que tiverem o mesmo problema.

  • O Comit Olmpico Brasileiro (COB) considera de fundamental importncia a especializao de gestores das diversas organizaes esportivas nacionais. Por esta razo, vem dando especial ateno aos cursos de capacitao promovidos pelo Instituto Olmpico Brasileiro (IOB), com o apoio dos Programas da Solidariedade Olmpica do Comit Olmpico Internacional (COI).

    A publicao do peridico acadmico das 3 e 4 edies do Curso Avanado de Gesto Esportiva (CAGE), realizadas nos anos de 2011/2012 e de 2012/2013, sintetiza essa determinao do COB e do IOB.

    Este documento rene os melhores trabalhos de concluso de curso, desenvolvidos pelos alunos nos moldes de artigo cientfico, e trazem ao Movimento Olmpico importante contribuio em diversas reas de interesse. Tem como objetivo compartilhar o conhecimento em todo o Movimento Olmpico brasileiro e consolidar, de forma estratgica, a capacitao de gestores das instituies esportivas e do prprio COB.

    A qualidade dos projetos e a diversidade de temas que constam nesse peridico possibilitam abrir novos caminhos para o desenvolvimento do esporte olmpico nacional, servindo como ferramenta para a expanso do conhecimento, habilidades e aes necessrias para garantir uma gesto profissional estratgica das organizaes esportivas e, assim, atingir os resultados esperados.

  • SUMRIOTURMA MARIA LENK

    CRIAO DO CENTRO NACIONAL DE MEMRIA ESPORTIVA (CNME) 9Alexandre Mariotto Castello Branco

    A PESQUISA CIENTFICA E O DESPORTO DE ALTO RENDIMENTO NO BRASIL E NO MUNDO: QUANTIFICAO E COMPARAO 17Andr Valentim Siqueira Rodrigues

    OLIMPADAS ESCOLARES SUA IMPORTNCIA E SEUS DESAFIOS 31Cristiano Barros Homem dEl Rei

    RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO PRTICA DAS ORGANIZAES ESPORTIVAS 41Flvia Saraiva de Rose Souza

    MODELO DE MAPA ESTRATGICO PARA ORGANIZAES ESPORTIVAS LIGADAS AO PROGRAMA DOS JOGOS OLMPICOS E PARALMPICOS 2016 53Gabriela Santoro de Castro

    O ESPORTE BRASILEIRO COMO PRODUTO PARA TELEVISO 67Guilherme Luiz Marques

    A GESTO DE MARCA COMO ESTRATGIA COMPETITIVA RUMO AO GOLFE OLMPICO 79Lilian Midori Urata

    INDICADORES DE DESEMPENHO EM ORGANIZAES ESPORTIVAS 91Marcelo La Terza Santos

    CENTRO ESPORTIVO DE ALTO RENDIMENTO DO SUDESTE MODELOS DE GESTO ADMINISTRATIVA 103Marcello Von Schneider

  • PROGRAMA DE ENDOMARKETING EM APOIO AO PROGRAMA ATLETA DE ALTO RENDIMENTO NO EXRCITO BRASILEIRO 116Marco Aurlio Baptista

    ANLISE DO PROCESSO PARA CADASTRAMENTO E SELEO DOS LOCAIS DE TREINAMENTO PR-JOGOS RIO 2016 133Maurcio Waknin

    PLANEJANDO A ESTRATGIA DA CONFEDERAO BRASILEIRA DE JUD RUMO A 2016: PRINCIPAIS CONSIDERAES 147Natanael Kenji Saito

    PATROCINADOR E PATROCINADO: UMA QUESTO DE RELACIONAMENTO 158Paula Finizola

    GESTO DAS CINCIAS DO ESPORTE NO PROCESSO DE FORMAO DO ATLETA DE JUD 171Srgio Luis Azevedo Cota

    TURMA OSCAR SCHMIDT

    GESTO DA CINCIA DO ESPORTE NO COMIT OLMPICO BRASILEIRO: INTEGRAO REALIDADE NACIONAL E PAPEL DECISIVO PARA A CONQUISTA DE MEDALHAS EM 2016 186Alexandre Magno Vieira Frana

    DESAFIOS NA CAPTAO DE RECURSOS PARA O ESPORTE DE ALTO RENDIMENTO LEI FEDERAL DE INCENTIVO AO ESPORTE 200Alice Freitas Delgado Amaral da Cruz

    DIAGNSTICO DOS CENTROS DE TREINAMENTOS OLMPICOS BRASILEIROS 212Alvaro Acco Koslowski

    PROPOSTA DE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE TCNICOS FORMADORES 228Antonio Rizola Neto

    RECOMENDAES DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL PARA QUE O RUGBY BRASILEIRO CONSIGA CAPITALIZAR AS OPORTUNIDADES DE SEU PRIMEIRO CICLO OLMPICO 241Beatriz de Andrade e Silva

  • O CENTRO OLMPICO DE TREINAMENTO COMO LEGADO DOS JOGOS OLMPICOS E PARALMPICOS RIO 2016: CONHECENDO A EXPECTATIVA DE DIFERENTES STAKEHOLDERS 255Bernardo de Miranda Villano

    COMUNICAO INTERNA NA SUPERINTENDNCIA DE ESPORTES DO COMIT OLMPICO BRASILEIRO 270Camila de Carvalho e Carvalho

    ESTUDO PARA O DESENVOLVIMENTO DOS SALTOS ORNAMENTAIS NO BRASIL 283Cassius Ricardo Duran

    O BRASIL DOS ESPORTES AQUTICOS: FEDERAES ESTADUAIS 296Eliana Alves dos Santos Cruz

    REVISO DO PLANEJAMENTO ESTRATGICO DO COMIT PARALMPICO BRASILEIRO 311Erinaldo Batista Chagas

    PLANEJAMENTO ESTRATGICO PADRO PARA AS FEDERAES ESTADUAIS DE ATLETISMO 323Georgios Stylianos Hatzidakis

    A GESTO DESPORTIVA DE ALTO RENDIMENTO DO MINAS TNIS CLUBE SOB A TICA DO SPLISS 348Izabel Cristina Provenza Miranda Rohlfs

    CENTRO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO HANDEBOL UM SONHO QUE SE TORNOU REALIDADE 366Jacqueline Alberge Ribas

    ANLISE DIAGNSTICA DA ATUAL GESTO DAS INSTALAES ESPORTIVAS DO COMPLEXO ESPORTIVO DE DEODORO VILA MILITAR 383Joo Gustavo Ribeiro de Cerqueira-Lima Neto

    AUSNCIA DE UM MODELO DE GESTO DE GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS NO CEFAN 396Jos Ayres Brum Bencardino

    PROPOSTA DE CRIAO DO CENTRO DE ALTO RENDIMENTO DO GRMIO NUTICO UNIO 409Marcello Krause Varriale

  • PLANOS DE AO PARA O POLO AQUTICO FEMININO DO BRASIL: RUMO AOS JOGOS OLMPICOS DE 2016 425Marina Canetti

    ESTUDO DO MODELO DE NEGCIO DO INSTITUTO OLMPICO BRASILEIRO 436Michele Riavinschi Skaba

    IDENTIFICAO E ANLISE DOS INDICADORES DE AVALIAO E RESULTADOS DO CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA DO INSTITUTO OLMPICO BRASILEIRO 450Mnica Lima Figueira Moreira

    BOXE BRASILEIRO: UMA ANLISE COMPARATIVA COM CUBA, VISANDO A UM FUTURO DE MEDALHAS 460Otilio Manuel Oliv Toledo

    A CINCIA DO ESPORTE E O DESAFIO DE SUA UTILIZAO POR GESTORES E TREINADORES ESPORTIVOS 474Paulo de Tarso Bezerra Almeida Simes

    ATRATIVIDADE DE MODALIDADES ESPORTIVAS DE NEVE 488Pedro Bataglioli Cavazzoni

    PLANO INTEGRADO PARA IMPLANTAO DE GESTO DO CONHECIMENTO NO COB 504Ricardo Rodrigues Pantoja

    INTRODUO DA GESTO ESTRATGICA NUMA FEDERAO DE VOLEIBOL 517Rui Campos

    PROGRAMA BOLSA-ATLETA DO MINISTRIO DO ESPORTE: PERFIL DOS BENEFICIRIOS E RELATO DA UTILIZAO DO BENEFCIO 533Vtor Evangelista Almada

    ANLISE DO POTENCIAL ESPORTIVO DO EXRCITO BRASILEIRO E AS POSSIBILIDADES DE COLABORAO COM O DESPORTO NACIONAL 548Wagner Siqueira Romo

    FRANCHISING: ALTERNATIVA PARA VIABILIZAR O ESPORTE OLMPICO EM GRANDES CLUBES DE MASSA 563Wilkens Vianna Barbosa Filho

  • CRDITOS

    Comit Olmpico Brasileiro - COB

    Instituto Olmpico BrasileiroPrograma de Gestores Esportivos

    Presidente

    Carlos Arthur Nuzman

    Superintendente Executivo de Esportes

    Marcus Vincius Freire

    Superintendente de Comunicao e Educao Corporativa

    Augusto Heleno Pereira

    Diretora do Curso Avanado de Gesto Esportiva

    Soraya Iida de Carvalho

    Equipe tcnica

    Corpo Docente

    Prof. Ms. Edgar Hubner Prof. Eduardo Larangeira Jcome Prof. Helbert River Costa (edio 2011-2012)Prof. Ms. Jose Finocchio Junior (edio 2012-2013)Prof. Ms. Jos Maria de Santucci (edio 2012-2013)Prof. Ps-Dr. Marcos Felipe MagalhesProf. Ricardo de Moura

    Normalizao e Preparao dos Originais

    Instituto Olmpico BrasileiroProf. Viviane Zimmermann Prof. Ps-Dr. Marcos Felipe Magalhes (edio 2012-2013)

    Coordenao Editorial

    Carolina Araujo

    Produo Editorial

    Pedro Gonzaga

    Copidesque

    Liciane Correa (edio 2011-2012)Leonardo Alves (edio 2011-2012)Renata del Nero (edio 2012-2013)

    Reviso

    Aderbal Torres

    Diagramao

    Luciana Claro

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA9

    CRIAO DO CENTRO NACIONAL DE MEMRIA ESPORTIVA (CNME)

    CREATION OF THE NATIONAL SPORTS MEMORY CENTER (CNME)

    Autor Alexandre M. Castello BrancoCargo Supervisor de ImagemInstituio Comit Olmpico Brasileiro (COB)Formao Executive Masters in Sports Organization Management - MEMOS; MBA em Gesto de Negcios e Graduao em Desenho Industrial

    Orientador Prof. Eduardo Larangeira Jcome

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA10

    ReSumOCom a escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olmpicos de 2016, cada vez mais a populao vem buscando informaes sobre a memria esportiva brasileira, os dolos, os feitos e os acontecimentos histricos. Para que pesquisadores, atletas, tcnicos e o pblico em geral possam ter acesso e tomar conhecimento de grande parte do acervo iconogrfico espor-tivo do Pas, este artigo pretende contribuir criao de um Centro Nacional de Memria Esportiva (CNME) dentro da estrutura do Comit Olmpico Brasileiro (COB). Esse centro ser referncia na pesquisa relacionada aos Jogos e ir favorecer de maneira decisiva a difuso e a preservao da histria olmpica. A partir de estudos de caso, pesquisa e anlise de outras entidades semelhantes, espera-se desenvolver um plano embasado para esse centro.

    Palavras-chave: memria esportiva, Jogos Olmpicos Rio 2016, pesquisa, acervo iconogrfico.

    AbSTRACTAs Rio de Janeiro is hosting the 2016 Olympic Games, the interest on the Brazilian sports memory, their idols, their achievements and historical events have been growing considerably. In order to facilitate access to this information and to sports iconographic collection to researchers, athletes, coaches and the general public, this article aims to assist the creation of a national sports memory center within the framework of the Brazilian Olympic Committee. This center will serve as refer-ence for research on the Games and will contribute decisively to the preservation and dissemina-tion of Olympic history. Through case studies, research and analysis of similar entities, we hope to develop a solid plan for this center.

    Key words: sports memory, Rio 2016 Olympic Games, research, iconographic collection.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA11

    1 | InTRODuO

    brasil, um pas sem memria?

    Muito se fala que o Brasil um pas sem memria, e no caso especfico do esporte essa uma triste realidade. Muitos dolos, acontecimentos e registros histricos so esquecidos ou pouco valorizados, fazendo com que novas geraes no tenham uma ideia clara da evoluo esportiva do Pas. Sem que essa informao seja disseminada, a imagem do esporte nacional acaba sendo prejudicada.

    Segundo Silvana Goeller (2004, p.1):

    ... a memria esportiva pode se caracterizar como uma rica fonte de investigao para os estudos historiogrficos visto que ela possibilita a emergncia de inmeras histrias! fonte inesgotvel de narrativas e suas interfaces com a cultura, educao, tica, nacionalidades, ritos, simbologias...

    A memria esportiva brasileira e a introduo da prtica esportiva no Brasil mistura-se com a prpria histria da sociedade do pas, como bem relatou Mary Del Priore em 2009:

    No mesmo cenrio em que chegam outras novidades do continente europeu, a ideia de esporte desembarca no pas, diretamente relacionada a uma nova dinmica de diverso e de vivncias pblicas que paulatinamente se instaura. Nos perodos da poca surgem as primeiras referncias e, durante o sculo XIX, quando o assunto for tratado, sero consideradas como prticas esportivas as mais diversas atividades: aquelas que pioneiramente se organizariam em definitivo (turfe e remo); outras que ainda demorariam um pouco mais para se consolidar; e, por fim, algumas que, por motivos diversos, nunca se estruturariam como esportes, at mesmo porque a impreciso era de tal ordem que at mesmo banhos de mar e jogo do bicho eram noticiados como esportes (PRIORE; MELO, 2009, p.12).

    No Brasil, desde h algum tempo, podemos identificar iniciativas no que diz respeito recuperao, preservao e socializao de dados referentes memria esportiva brasileira e memria olmpica. As primeiras iniciativas se estruturaram a partir de interesses individuais de colecionadores e aficionados por esporte, e a maioria dos acervos encontra-se ainda sem acesso ao pblico.

    Nos anos 1980, clubes como Esporte Clube Pinheiros, Minas Tnis Clube e Fluminense Football Clube desempenharam um importante papel na preservao da memria esportiva e olmpica no Brasil, reunindo um vasto acervo e dispondo de estrutura para disponibiliz-lo ao pblico. No entanto, essa no a realidade da maioria dos clubes e centros esportivos do Brasil, que no possuem recursos para organizar e divulgar seus acervos na velocidade que o mundo contemporneo demanda.

    Ainda segundo Silvana Goeller (2004, p.1):

    necessrio lembrar que a complexidade do mundo contemporneo, o crescente e rpido processo de individualizao do sujeito urbano, o acelerado ritmo das modificaes tecnolgicas, a profuso de informaes a interpelar homens e mulheres cotidianamente e mesmo a superficialidade com que, muitas vezes, essas informaes so veiculadas tem diminudo o poder seletivo da memria, ou seja, a capacidade de eleio do que ou no importante armazenar. Tal perda tem sido apontada, por profissionais que atuam no campo da informao, como um elemento a colaborar na estruturao de sociedades do esquecimento. Por essa razo tornam-se fundamentais, para a preservao da memria e a construo de histrias, os museus, centros de informao e documentao, bem como os acervos e as colees particulares, identificados neste aqui como locais da memria.

    O crescimento exponencial do interesse do pblico pela memria esportiva brasileira, em

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    grande parte devido escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016, faz com que as instituies interessadas em aproveitar essa oportunidade tenham mais preocupao com a gesto e a divulgao da memria do Pas, principalmente atravs da preservao e organizao de seus acervos histricos.

    O Comit Olmpico Brasileiro (COB) possui em seu acervo hoje mais de 25 mil fotos e 3 mil vdeos sobre a histria esportiva brasileira. Na organizao, atualmente, esse material gerenciado pelo departamento de Imagem, responsvel por atender aos inmeros pedidos internos e tambm ao pblico em geral, alm de coordenar o trabalho de fotgrafos contratados nos eventos dos quais o COB participa. O acervo, mantido na sede do COB, no Rio de Janeiro, contm imagens de Jogos Olmpicos, Jogos Pan-americanos, Jogos Sul-americanos, Olimpadas Escolares e Universitrias, candidaturas, seminrios, cursos e treinamentos, alm de vdeos produzidos pelo Comit Olmpico Internacional (COI) e outras instituies de mbito nacional e internacional.

    A proposta deste estudo levantar dados e informaes teis para a criao, dentro da estrutura j existente do COB, de um Centro Nacional de Memria Esportiva (CNME), no qual boa parte do acervo esportivo brasileiro seria reunido e disponibilizado ao pblico. Para isso, o CNME contaria com parcerias instituies ou indivduos que possuam acervos sobre o esporte brasileiro, como clubes, emissoras de televiso, atletas e ex-atletas, tcnicos, colecionadores, federaes e, sobretudo, confederaes esportivas brasileiras, cujos ricos acervos encontram-se em grande parte desorganizados e com difcil acesso populao.

    Este estudo pretende ainda estabelecer uma relao entre o CNME e o futuro Museu Olmpico Brasileiro (MOB), um projeto do COB, atualmente em fase de planejamento, que ser o maior museu brasileiro sobre o Movimento Olmpico, exibindo tochas, mascotes, uniformes, medalhas, diplomas e diversos outros itens, bem como recursos audiovisuais desenvolvidos a partir de fotos e vdeos pertencentes ao acervo do COB. Visto que o MOB no se limitar histria recente do esporte, a atuao do CNME ser fundamental para atender de forma satisfatria demanda constante de imagens e contribuir de maneira decisiva para o crescimento e o sucesso do MOB.

    2 | DeSenVOLVImenTO

    memria esportiva brasileira

    Para compreendermos melhor a histria e a evoluo do esporte no Brasil, necessrio um estudo amplo sobre os diversos aspectos socioculturais do Pas.

    O esporte se tornou uma das mais importantes ferramentas de insero e ascenso social existentes dentro de uma sociedade. Foi atravs da prtica desportiva que as mais diversas camadas sociais se comunicaram de maneira aberta e direta e, principalmente, atravs dela que as possibilidades de ascenso social, ainda que para poucos, se tornaram reais durante a histria social brasileira (SILVA; SANTOS, 2006, p.34)

    O esporte uma das mais importantes manifestaes culturais do sculo XX. um fenmeno tipicamente moderno, que tem sua configurao articulada com todas as outras dimenses sociais, econmicas e polticas da sociedade. As prticas corporais sempre fazem parte do patrimnio cultural de um povo, importantes ferramentas na construo de identidades: de

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    classe, de gnero, de etnia, de nao. (PRIORE; MELO, 2009, p.12)

    Com relao preservao da memria esportiva brasileira, percebemos desde cedo uma preocupao como a seguinte observao sobre remo, em um livro de 1909, de Alberto Mendona:

    Evidentemente sabido que dificuldades de monta teramos de encontrar na compilao de fatos histricos sobre a vida deste esporte, assim como na coleo de documentos a ele referente; porquanto, at a presente data conhecida de sobejo a deficincia das publicaes sobre o movimento esportivo, hoje, felizmente, em gro de desenvolvimento notrio (MENDONA, 1909, p.10)

    Preocupao semelhante tinha um dos primeiros autores que escreveu sobre aspectos histricos do turfe, no ano de 1893: Mais vale tarde do que nunca. J no cedo para se escrever a histria do turfe nacional, histria que, na falta de testemunhas oculares e de documentos j hoje rarssimos, poder ser para o futuro adulterada (PACHECO, 1893, p.3).

    Cada vez mais o esporte passou a ganhar destaque nos noticirios e registros histricos, e o acompanhamento de campeonatos, atletas e clubes passou a ser frequente na imprensa. Conforme as evolues tecnolgicas foram permitindo formas mais confiveis e rpidas de produo de imagens, o Brasil passou a possuir um registro histrico de grande parte do que acontecia em relao prtica esportiva pela populao. Atravs desses registros, possvel estudar e conhecer mais sobre o passado esportivo do pas, preservando nossa memria esportiva para que no fique apenas com aqueles que vivenciaram na poca.

    Cenrio atual

    No existe atualmente no Brasil nenhuma instituio que concentre o acervo iconogrfico esportivo do Pas. No existem rgos que concentrem sequer os arquivos da histria esportiva de cada estado. Hoje, o COB detm boa parte desse acervo, mas ainda assim est limitado a eventos como os Jogos Olmpicos, os Jogos Pan-americanos e os Jogos Sul-americanos. H poucos arquivos sobre participaes em campeonatos mundiais, regionais, treinamentos etc. Esses arquivos esto concentrados nas confederaes esportivas, em acervos pessoais dos prprios atletas, acervos de colecionadores, jornais, canais de televiso e agncias de imagem.

    Hoje em dia, para que se tenha uma pesquisa abrangente sobre determinado fato ou acontecimento, preciso consultar diversas fontes, o que torna a tarefa mais difcil e demorada. Quando a informao no est centralizada, ela muitas vezes acaba se perdendo ou ficando esquecida. Alm disso, o tempo que um pesquisador gasta na procura de determinadas imagens afeta diretamente sua produtividade, e a demora em encontr-las ainda pode resultar na desistncia ou perda do interesse.

    Nos ltimos anos, o departamento de Imagem do COB, responsvel pelo acervo iconogrfico da instituio, vem observando um crescimento expressivo no nmero de solicitaes. No ano de 2011, houve um aumento de mais de 400% em relao a 2010. Desde 2008, esse percentual cresceu mais de 1.000%. Dentre o material solicitado, o interesse ainda maior por imagens dos atletas brasileiros em edies recentes de Jogos Olmpicos e Jogos Pan-americanos, porm observa-se que cada vez mais o pblico vem buscando informaes sobre equipes e atletas do passado.

    Segundo o Manual for a Sports Information Centre, publicado pelo Comit Olmpico

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    Internacional:

    ... sem informao no pode haver acmulo de conhecimento, e sem conhecimento aplicado de maneira prtica ento provavelmente no haver progresso. Especialmente no esporte, informao e a subsequente transferncia de conhecimento so essenciais para o progresso em todos os nveis do esporte. (CASTELLO, 2012, p.12, traduo nossa)

    Ainda segundo esse documento, a informao :

    ... parte essencial de qualquer empreendimento de hoje e se torna cada vez mais um recurso estratgico para organizaes de todos os tamanhos. (CASTELLO, 2012, p.12, traduo nossa)

    Com o CNME, o pesquisador poder encontrar, em um nico lugar, todas as informaes necessrias ao objeto consultado, aumentando, em muito, as chances de sucesso em sua pesquisa, ganhando tempo e ainda obtendo um resultado de maior qualidade no final.

    O panorama atual da iconografia esportiva no brasil e no mundo

    Sendo o rgo com o maior acervo iconogrfico olmpico do mundo, atualmente, o COI ser alvo de estudo mais detalhado durante o trabalho. Nos ltimos anos, essa instituio vem reestruturando seu departamento de Imagem com o objetivo de melhorar a gesto do imenso acervo e tambm de divulg-lo da maneira mais eficiente possvel. O COI possui parcerias com inmeras agncias de imagem, inclusive a Getty Images, a agncia de imagens oficial de fotos de Jogos Olmpicos. Alm disso, o COI est sempre em busca dos acervos pessoais de colecionadores e pesquisadores, a fim de incluir esses materiais em seu catlogo.

    O COI responsvel tambm pelo Olympic Television Archive Bureau (OTAB), empresa baseada em Londres, que lida com a comercializao das imagens em movimento sobre os Jogos Olmpicos. O OTAB conta com mais de 25 mil horas de imagens, o maior acervo mundial de imagens em movimento sobre os Jogos Olmpicos.

    As grandes redes de TV, como a norte-americana NBC, que compram os direitos de transmisso dos Jogos Olmpicos tambm possuem acervos considerveis, mas o objetivo delas no o de preservao de acervo. De qualquer forma, uma parceria com essas empresas, apesar das inmeras restries de uso, tais como a proibio do uso comercial das imagens, seria bastante interessante.

    metodologia de formulao do trabalho

    Como j mencionamos, no comeo deste trabalho, no Brasil h poucas entidades com acervos exclusivamente sobre esportes. Assim, visitamos rgos como o Arquivo Nacional, o Instituto Moreira Salles (IMS), a Casa de Rui Barbosa e o CPDOC da Fundao Getlio Vargas (FGV), centros com vasta experincia em preservao e gesto de acervos. Todos enfatizaram a necessidade de investimento em materiais e sistemas de preservao assim como na busca constante de parcerias para enriquecer e movimentar os acervos. Principalmente para as instituies que trabalham diretamente com exposies, o que ser o caso da relao do CNME com o MOB, necessrio um vasto acervo para que o pblico tenha sempre acesso a novos contedos.

    Alm disso, dos clubes e confederaes esportivas consultados, nem todos possuem um sistema

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    de gesto de seus acervos, o que prejudica bastante a preservao da sua memria. Percebe-se tambm que essas entidades tm grande dificuldade em fazer investimentos na rea, j que, na maioria dos casos, esse no seu objetivo principal. Um estudo ainda mais aprofundado deve ser feito para mapear melhor qual o cenrio atual dessas instituies e quais providncias podero ser tomadas para desenvolver uma cultura de preservao de acervos.

    A criao do CNME poder auxili-los nesse processo de gesto de seus acervos, ao mesmo tempo em que torna disponvel ao pblico as imagens sobre esporte que essas instituies possuem.

    Nosso estudo ser desenvolvido a partir de questionrios, que sero enviados a alguns stakeholders-chave do COB a fim de avaliar as necessidades a serem atendidas e auxiliar no levantamento dos materiais para o projeto. Ademais, sero feitas visitas a instituies com reconhecida experincia em gesto de acervos, e tambm a arquivos pessoais de atletas, herdeiros, tcnicos, colecionadores etc., para verificar suas colees e propor possveis parcerias. Como sabido que grande parte da memria esportiva brasileira ainda encontra-se em arquivos pessoais de atletas e/ou de seus familiares, tcnicos, colecionadores e apaixonados pelo esporte, ser feito tambm um mapeamento para identificar essas pessoas e entrar em contato para propor aes com relao aos seus acervos.

    O cronograma projetado para a criao do CNME de 12 meses, iniciando em junho de 2012, conforme a Tabela 1. O cronograma leva em considerao os Jogos Olmpicos de Londres 2012, em julho e agosto, perodo de grande dificuldade para o levantamento de informaes junto a instituies esportivas, ento concentradas no evento.

    O perodo mais longo do projeto ser o de captao de parcerias entre o CNME e todas as instituies mapeadas.

    O lanamento do CNME est previsto para junho de 2013, junto das festividades da Semana Olmpica, organizada pelo COB. Nesse evento, em que crianas, professores e atletas participam de diversas aes promovidas no COB e no Parque Aqutico Maria Lenk, o lanamento poder se beneficiar da cobertura das atividades pelos jornais e noticirios.Tabela 1 Cronograma de criao do CNME

    jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13

    Mapeamento de parcerias Elaborao de plano de criao do CNME Levantamento de custos

    Plano de ao para o lanamento

    Estudo sobre previso de crescimento Estudo sobre conexo com o MOB

    Captao de parcerias

    Lanamento

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    3 | COnCLuSO

    Cnme e a valorizao da memria esportiva do pas

    Espera-se que este estudo possa auxiliar de forma decisiva na criao do CNME e apresentar todo o processo de criao de um centro como esse. O trabalho destacar tambm a importncia das parcerias, j que hoje em dia muito difcil ter acesso e concentrar todas as informaes em um mesmo lugar.

    Com o CNME, o pblico brasileiro poder pesquisar e conhecer grande parte da histria esportiva do Pas, de modo que essa rica memria no seja esquecida ou negligenciada ao longo dos anos.

    Com a concretizao do Museu Olmpico do COB at 2016, o CNME servir tambm como suporte indispensvel para a programao dessa instituio, alm de contribuir de forma decisiva para a divulgao do esporte brasileiro no mbito nacional e internacional. Ademais, o CNME pretende ainda auxiliar na mudana de cultura das organizaes esportivas, reforando a importncia de uma gesto eficiente dos acervos. Com eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olmpicos Rio 2016, que prometem ser um divisor de guas do esporte no Brasil, o cuidado e a preocupao com a preservao da nossa memria passa a ter uma importncia maior ainda. No s as futuras geraes precisaro conhecer o momento esportivo pelo qual o Brasil est passando, mas tambm a partir dos registros histricos produzidos nesses eventos poder ser construdo o futuro do esporte de maneira mais eficiente.

    S assim ser possvel desenvolver o esporte nacional sem jamais esquecer seu passado de glrias e conquistas.

    RefeRnCIAS bIbLIOgRfICASPRIORE, Mary Del; MELO, Victor Andrade de (orgs.). Histria do esporte no Brasil: do Imprio aos dias atuais. So Paulo: Editora UNESP, 2009, pp.9-33.

    SILVA, Francisco Carlos Teixeira da; SANTOS, Ricardos Pinto dos. Memria social dos esportes: futebol e poltica: a construo de uma identidade nacional. Rio de Janeiro: Mauad; FAPERJ, 2006, p.9-53.

    AQUESOLO, Jose. Manual for a sports information centre. Lausanne, Sua: IOC, 2000, p.12-61.

    OLYMPIC SOLIDARITY. Managing Olympic Sport Organisations. Human Kinetics, 2007.

    MESQUITA, Claudia. Um museu para a Guanabara: Carlos Lacerda e a criao do Museu da Imagem e do Som (1960-1965). Rio de Janeiro: Folha Seca, 2009, p.17-66.

    MELLO, Maria Lcia Horta Ludolf de. O arquivo histrico e institucional da Fundao Casa de Rui Barbosa; colaborao de Leila Estephnio de Moura. Rio de Janeiro: Fundao Casa de Rui Barbosa, 1997, p.9-16.

    DINSMORE, Paul Campbell; CAVALIERI, Adriane. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos: livro-base de Preparao para certificao PMP Project Management Professional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA17

    A PESQUISA CIENTFICA E O DESPORTO DE ALTO RENDIMENTO NO BRASIL E NO MUNDO: QUANTIFICAO E COMPARAO

    SCIENTIFIC RESEARCH AND THE HIGH PERFORMANCE SPORTS IN BRASIL AND IN THE WORLD: QUANTIFICATION AND COMPARISON

    Autor Andr Valentim Siqueira RodriguesCargo Pesquisador Instituio Instituto de Pesquisa da Capacitao Fsica do Exrcito (IPCFEx)Formao Mestrado em Educao Fsica, Psgraduao Lato Sensu em Treinamento Desportivo e Formao Superior na Escola de Educao Fsica do Exrcito

    Orientador Prof. Ricardo de Moura

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA18

    ReSumOA pesquisa cientfica se tornou uma aliada do rendimento esportivo, mas esta no parece ser a realidade do Brasil. Assim, este trabalho tem por objetivo verificar a evoluo das publicaes destinadas ao esporte, promover a utilizao da pesquisa no desporto de alto rendimento junto a Comits Olmpicos Nacionais (CONs) e confederaes, e demonstrar comunidade esportiva a importncia de tais trabalhos. Para tanto, realizou-se um levantamento de indexa-dores em trabalhos de produo cientfica e uma anlise de sites de entidades e CONs bra-sileiros e estrangeiros a fim de observar a existncia de aes educativas, artigos cientficos e centros de treinamento (CTs) dentro dos seguintes esportes: atletismo, basquete, boxe, jud, natao, tiro, vela e vlei.

    Palavras-chave: esporte, educao, gesto desportiva, pesquisa cientfica.

    AbSTRACTScientific research has become an important ally to the high performance sports but this doesnt seem properly administered in Brazil. Therefore, this paper aims to verify the evolution of sport-related publications, promote the use of surveys on high performance sports at National Olympic Committees (NOCs) and confederations, and establish the importance of such works for the sport community. We performed a survey of scientific indices and analyzed the Brazilian and foreign NOCs and entities websites in order to evaluate the presence of educational actions, scientific arti-cles and training centers (TCs) relating to the following sports: athletics, basketball, boxing, judo, swimming, shooting, sailing and volley.

    Keywords: sports, education, sport management, science.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA19

    1 | InTRODuO

    Dizer que a pesquisa cientfica nos esportes pode auxiliar o desempenho de atletas de alto nvel uma afirmao bastante bvia, visto que isto est ocorrendo em outros pases h bastante tempo. Entretanto, o Brasil ainda parece carecer de uma gesto mais intensa e consistente de pesquisa no esporte.

    Segundo Ktia Rubio (2002) e Earle Zeigler (2004), o esporte atualmente um dos principais fenmenos sociais e uma das maiores instituies do planeta, refletindo a forma como a sociedade se organiza, bem como as diferenas entre Estados, povos e classes sociais.

    Ao mesmo tempo, Tavares e Da Costa (1999) observam que o conceito de Olimpismo se adaptou a um novo mundo, onde a competitividade feroz e no h lugar para o amadorismo. De certa forma, tal atitude se ope amizade e comunho dos povos, princpios do Movimento Olmpico (Wu et al., 2009).

    Quando se trata de Jogos Olmpicos, representao mxima do esporte mundial, essa competitividade ainda mais acirrada. Uma das razes o envolvimento de naes nos Jogos, que buscam evidenciar competncias e poderios (De Boscher et al., 2010).

    Alm dos interesses nacionais, os empresariais tm dominado o esporte de alto rendimento, transformando-o em um negcio que objetiva, acima de tudo, o lucro (Westbreek; Smith , 2005).

    A busca pelo mximo desempenho esportivo faz com que a pesquisa cientfica, realizada na rea do alto rendimento como apoio a atletas e treinadores, seja um dos pilares para o sucesso esportivo (De Boscher et al., 2010, ). Corroborando esse argumento, Reilly et al. (2009) postulam que avaliaes de campo e laboratoriais so essenciais para que os esportistas alcancem o mximo de suas performances.

    No Brasil, a cincia do esporte teve incio com a vinda da Misso Militar Francesa, no final da dcada de 1920, na Escola de Educao Fsica do Exrcito, no Rio de Janeiro. Desde aquela poca, houve uma grande evoluo, e o Brasil hoje tem posio de destaque na Amrica Latina. Apesar disso, ainda apresenta desvantagem em relao a outros pases do mundo (Rocha et al., 2005).

    Por outro lado, o pas carece de uma poltica voltada para a pesquisa especfica no esporte de alto nvel. Ainda que exista um predomnio de recursos de origem pblica, investimento e pessoal nesse nicho, em detrimento do esporte educacional e social (Bueno, 2008), vale ressaltar que esse problema no exclusivo do esporte. Outras reas, como a educacional (Nunes, 2008), industrial (Simes; Schenkel, 2002) e mdica (Troster; Campolin, 2011) tambm passam por isso, seja por falta de apoio a pesquisa ou pela baixa interatividade entre a pesquisa e sua respectiva aplicao, qualquer que seja o campo.

    Uma dificuldade ainda a ser vencida no esporte a dicotomia entre pesquisa bsica e aplicada. Como afirma Lopes (1991), essa questo no nova e certamente no se esgotar agora. Enquanto a pesquisa bsica busca o conhecimento pelo conhecimento, a aplicada busca a soluo de um problema imediato, palpvel.

    Na verdade, elas so complementares. Conroe (1976) j nos exemplifica, quando, ao analisar os dez maiores avanos em clnica e cirurgia cardiovascular e pulmonar dos ltimos 30 anos,

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA20

    descobriu que, entre os 529 trabalhos considerados mais relevantes poca, 217 (41%) foram feitos por meio de pesquisa bsica, sem seus autores estarem envolvidos com problemas clnicos.

    Especificamente nas cincias esportivas, as recentes descobertas acerca da glicogenlise, em especial a quebra do chamado paradigma do lactato, quando esse sal deixou de ser o vilo dos exerccios de curta durao e alta intensidade e passou a ser o responsvel pela remoo dos ons H+ do interior da clula, evitando a acidose com a converso de piruvato a lactato (Robergs et al., 2004; Gladden, 2008). Essa descoberta, baseada em clculos estequiomtricos e na bioqumica (pesquisa bsica), estabeleceu uma nova abordagem para a fadiga, produo e remoo de lactato e acidose celular, possibilitando a aplicao direta desses conceitos em diferentes estudos (pesquisa aplicada) (Heil et al., 2012; Mohamad et al., 2012).

    Ante o exposto, cabe aos rgos responsveis saber como operacionalizar e incrementar a pesquisa de alto nvel, atendendo s necessidades de atletas e treinadores e adequando o calendrio de treinamento e competio imposto por confederaes, patrocinadores e clubes. Alm disso, a pesquisa deve ser realizada de maneira a garantir uma boa validade interna, com o controle das variveis experimentais, e tambm uma grande validade externa, de forma que os resultados obtidos tenham uma aplicao direta levando-se em conta a modalidade praticada e as valncias fsicas exigidas nos treinos e nas competies.

    Se forem atendidos, esses problemas podero proporcionar pequenos avanos de desempenho, tais como os observados a cada ciclo olmpico nos atletas de pases que lideram o quadro de medalhas. Esses avanos so, muitas vezes, fruto de pesquisas realizadas por centros de estudo independentes ou pelos Comits Olmpicos Nacionais e levam em considerao as necessidades dos atletas e treinadores e as possibilidades de equipamentos e pesquisadores.

    O Brasil, caso queira ser uma potncia olmpica, precisa incorporar, incrementar e at mesmo sistematizar o trabalho de pesquisa cientfica como apoio ao treinamento e competio de seus atletas, o que ainda parece ocorrer de maneira bastante tmida.

    As pesquisas produzidas devem ter reflexo direto na educao e na transmisso de conhecimento. Prince et al. (2006) relatam a interao e a sinergia entre pesquisa e ensino, e de como uma beneficia a outra. Melhores pesquisas conduzem a um melhor ensino e vice-versa. Ou seja, a pesquisa por si s pode no ser suficiente para melhorar o esporte, ela deve vir acompanhada de um contedo educacional que a ampare e que tambm seja fortalecida por ela.

    Dessa forma, este trabalho tem por objetivos verificar a evoluo das publicaes cientficas dedicadas ao esporte; levantar, junto aos comits olmpicos e confederaes de diferentes pases e modalidades, a utilizao da pesquisa no desporto de alto rendimento, bem como as aes adotadas para disseminar o conhecimento oriundo dessas pesquisas; e demonstrar para entidades, treinadores e atletas, a importncia de trabalhos de pesquisa e educao voltados para a otimizao do desempenho esportivo. Espera-se que os resultados obtidos com este trabalho possam servir de subsdio para que o Comit Olmpico Brasileiro (COB) e as confederaes nacionais voltem seus esforos para o apoio pesquisa no esporte e a disseminao das informaes produzidas como forma de melhorar o desempenho de seus atletas.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA21

    2 | DeSenVOLVImenTO

    material e mtodos

    A fim de atender aos objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa em indexadores de literatura cientfica para avaliar a evoluo dos estudos sobre esportes no mundo e fazer comparaes com outras reas do conhecimento.

    Essa busca foi feita em duas bases de dados: Medline (www.ncbi.nlm.nih.gov), o maior indexador de cincias da sade do mundo ligado ao National Institutes of Health e National Library of Medicine, ambos rgos do governo dos Estados Unidos; e Education Resources Information Center (ERIC), ligado ao Departamento de Educao do governo norte-americano e que trata exclusivamente de pesquisas relacionadas a educao. Nas duas bases, deu-se busca pela ocorrncia do termo sport em qualquer parte do texto, resumo ou ttulo.

    No Medline foram realizadas as seguintes divises temporais: de 1 de janeiro de 1900 a 31 de dezembro de 1949; de 1 de janeiro de 1950 a 31 de dezembro de 1969; perodos de dez anos (Ex.: 1 de janeiro de 1970 a 31 de dezembro de 1979); o perodo de 1 de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2011; e, por fim, o perodo de 1 de janeiro de 2012 a 31 de maro de 2012. As duas primeiras divises foram maiores uma vez que o nmero de publicaes cientficas era muito menor.

    Para realizar a comparao, escolhemos o termo HIV AIDS, que um tema de sade contemporneo. Utilizamos os mesmos critrios e diviso temporal em ambas as palavras definidas para a busca.

    Na base ERIC, a diviso foi feita em quatro perodos: de 1966 (quando comeou a catalogao de trabalhos) a 1980, de 1981 a 1990, de 1991 a 2000 e de 2001 a 2011. Tambm realizamos uma comparao, usando os mesmos perodos, com a palavra-chave sociology.

    A fim de que possa ser avaliada a implementao da pesquisa e do ensino, em diferentes modalidades e pases, fizemos um levantamento dos sites de federaes e confederaes esportivas. Para tanto, foram selecionados dois esportes coletivos (vlei e basquete) e seis individuais (atletismo, natao, boxe, jud, vela e tiro), escolhidos tanto pela popularidade no Brasil quanto pelo potencial de medalhas para os atletas brasileiros.

    Analisou-se ainda o site do Comit Olmpico Brasileiro e dos Comits Olmpicos Nacionais dos 15 pases mais bem colocados nas ltimas edies dos Jogos com a meta de localizar aes educativas, artigos cientficos e centros de treinamento dentro de cada modalidade. Evitamos utilizar os dados de naes que no possuam o alfabeto latino devido dificuldade de traduo.

    Resultados

    Os resultados a seguir correspondem quantidade inicial de publicaes cientficas acerca do esporte, conforme a base Medline. A Figura 1 ilustra os resultados encontrados:

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA22

    Figura 1: Comparao entre a quantidade de publicaes no Medline, no perodo de 1900 a 2012, entre os termos sport e HIV AIDS.

    Pode-se observar que o nmero de publicaes em esporte crescente. Vale lembrar que os perodos das duas ltimas colunas so mais curtos. O perodo inicial, at meados do sculo passado, registrou somente 92 trabalhos. Nos 20 anos seguintes esse nmero passou para 4.845 publicaes. As divises seguintes, com intervalo de dez anos, apresentaram 7.900, 14.954, 27.913 e 60.817 publicaes, respectivamente nas dcadas de 1970, 1980, 1990 e 2000. O binio 2010/11 apresentou 19.177 trabalhos, e os trs primeiros meses de 2012, 1.975 artigos.

    As publicaes referentes a HIV AIDS tiveram resultados ligeiramente diferentes. A pesquisa sobre esse tema iniciou-se, por razes bvias, com o surgimento dos primeiros casos de infeco por HIV em seres humanos, na dcada de 1980. Antes desse perodo no h registro de publicaes. Os trabalhos, nessa dcada, foram menos numerosos do que os relacionados a sport, mas o ultrapassaram na dcada seguinte, chegando a 42.362 publicaes e, nos anos 2000, apresentou 41.294 trabalhos.

    Na base de dados ERIC, a comparao apresentada na Figura 2:

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA23

    Figura 2: Comparao entre a quantidade de publicaes na base ERIC, no perodo de 1966 a 2011, entre os termos sport e sociology.

    Mais uma vez, pode ser observado que o nmero de publicaes sobre esporte crescente. Ao passo que na primeira diviso a diferena entre sport e sociology bastante grande, com 658 publicaes contra 4.120, essa amplitude vai ficando cada vez menor, no s pela diminuio da quantidade de publicaes em sociology, mas tambm pelo aumento em sport, sobretudo no ltimo perodo, quando chega quase a se equiparar outra palavra-chave, atingindo 2.226 publicaes contra 2.650.

    No que diz respeito presena da pesquisa cientfica e educao nos esportes, em diferentes pases do mundo, obtivemos, por meio de uma busca nos sites das Federaes Internacionais (FIs), os resultados observados na Tabela 1:Tabela 1: Presena de aes educacionais, artigos cientficos e centros de treinamento nos sites das federaes internacionais dos esportes selecionados.

    ESPORTE/PAS EduCAO ARTiGOSCENTRO dE TREiNAMENTO

    SiTE

    Basquete

    Espanha ok ok ok www.feb.es

    Argentina ok - ok www.cabb.com.ar

    itlia ok ok ok www.fip.it

    Austrlia ok - ok www.basketball.net.au

    Litunia ok ok - www.musukrepsinis.lt

    Frana ok ok ok www.ffbb.com

    Brasil ok ok -

    www.cbb.org

    http://www.feb.eshttp://www.cabb.com.arhttp://www.fip.it/http://www.basketball.net.auhttp://www.musukrepsinis.lt/http://www.ffbb.com/http://www.cbb.org

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA24

    Voleibol

    Argentina ok - ok www.feva.org.ar

    EuA ok ok ok http://usavolleyball.org

    itlia ok ok ok www.federvolley.it

    Frana ok ok ok www.ffvb.org

    Srvia ok - - www.ossrb.org

    Holanda ok - ok www.volleybal.nl

    Polnia ok - - www.pzps.pl

    Brasil ok ok ok www.cbv.com.br

    Atletismo

    Jamaica - - www.trackandfieldja.com

    Etipia ok - ok www.eaf.org.et

    EuA ok ok ok www.usatf.org

    inglaterra ok ok ok www.uka.org.uk

    itlia ok ok ok www.fidal.it

    Alemanha ok ok okwww.deutscher-leichtathletik-verband.de

    Rssia ok ok ok www.rusathletics.com

    Rep. Tcheca ok ok - www.atletika.cz

    Sucia ok ok - www.friidrott.se

    Frana ok - ok www.athle.org

    Noruega ok ok - www.athle.org

    Brasil ok ok - www.cbat.org.br

    Natao

    EuA ok ok ok www.usaswimming.com

    Austrlia ok - ok www.swimming.org.au

    inglaterra ok ok ok www.swimming.org

    Alemanha ok - ok www.dsv.de

    Frana ok - ok www.ffnatation.fr

    itlia ok - ok www.federnuoto.it

    Canad ok - ok www.aquaticfederation.ca

    Rssia ok ok ok www.russwimming.ru

    http://www.feva.org.arhttp://usavolleyball.orghttp://www.federvolley.ithttp://www.ffvb.orghttp://www.ossrb.orghttp://www.volleybal.nlhttp://www.pzps.plhttp://www.cbv.com.brhttp://www.trackandfieldja.comhttp://www.eaf.org.ethttp://www.usatf.orghttp://www.uka.org.ukhttp://www.fidal.ithttp://www.deutscher-leichtathletik-verband.dehttp://www.deutscher-leichtathletik-verband.dehttp://www.rusathletics.comhttp://www.atletika.czhttp://www.friidrott.sehttp://www.athle.orghttp://www.athle.orghttp://www.cbat.org.brhttp://www.swimming.org.au/http://www.swimming.orghttp://www.dsv.dehttp://www.ffnatation.frhttp://www.federnuoto.ithttp://www.aquaticfederation.cahttp://www.russwimming.ru

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA25

    Holanda ok - - www.knzb.nl

    Brasil - - -www.cbda.org.br, www.cbdaweb.org.br

    Jud

    Frana ok ok ok www.ffjudo.com

    Rssia ok - ok www.judo.ru

    Romnia ok - - http://frjudo.ro

    Alemanha ok - ok www.judobund.de

    Holanda ok - - www.jbn.nl

    Brasil - - - www.cbj.com.br

    Boxe

    itlia ok - ok www.fpi.it

    Rssia ok ok ok www.boxing-fbr.ru

    ucrnia - - - www.fbu.net.ua

    inglaterra ok - ok www.abae.co.uk

    Tailndia - - - www.abathailand.org

    Frana ok - ok www.ffboxe.asso.fr

    Brasil - - - www.cbboxe.com.br

    Vela

    EuA ok ok - www.ussailing.org

    Noruega ok ok - www.seiling.no

    itlia ok - ok www.federvela.it

    Reino unido ok ok ok www.rya.org.uk

    Austrlia ok - ok www.yachting.org.au

    Nova Zelndia ok ok - www.yachtingnz.org.nz

    Brasil ok - - www.cbvm.org.br

    Tiro

    EuA ok ok ok www.usashooting.org

    Alemanha ok ok - www.dsb.de

    Noruega ok - - www.skyting.no

    itlia ok - - www.uits.it

    ucrnia ok ok - www.shooting-ua.com

    http://www.knzb.nlhttp://www.cbda.org.brhttp://www.cbdaweb.org.brhttp://www.cbdaweb.org.brhttp://www.ffjudo.comhttp://www.judo.ruhttp://frjudo.ro/http://www.judobund.dehttp://www.jbn.nl/http://www.cbj.com.brhttp://www.fpi.ithttp://www.boxing-fbr.ruhttp://www.fbu.net.uahttp://www.abae.co.ukhttp://www.abathailand.orghttp://www.ffboxe.asso.frhttp://www.cbboxe.com.brhttp://www.ussailing.orghttp://www.seiling.no/http://www.federvela.it/http://www.rya.org.uk/http://www.yachtingnz.org.nzhttp://www.cbvm.org.br/http://www.usashooting.org/http://www.dsb.dehttp://www.skyting.no/http://www.uits.it/http://www.shooting-ua.com/

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA26

    Rep. Tcheca ok - - www.shooting.cz

    Brasil ok - ok www.cbte.org.br

    No que diz respeito anlise dos Comits Olmpicos Nacionais, a Tabela 2 ilustra os resultados encontrados:Tabela 2: Presena de aes educacionais, artigos cientficos e centros de treinamento nos sites dos CONs dos pases selecionados.

    PASCENTRO dE TREiNAMENTO

    EduCAO ARTiGOS SiTE

    China - - - www.olympic.cn

    EuA ok ok ok www.teamusa.org

    Rssia ok ok ok www.roc.ru

    Alemanha ok ok ok www.dosb.de

    Reino unido ok ok ok www.olympics.org.uk

    Austrlia ok ok ok www.olympics.com.au

    Coreia do Sul ok ok ok www.sports.or.kr/eng

    Japo ok ok ok www.joc.or.jp

    itlia ok ok ok www.coni.it

    Frana ok ok ok www.franceolympique.com

    ucrnia ok ok ok www.noc-ukr.org

    Holanda ok ok ok www.nocnsf.nl

    Jamaica - - - www.jamolympic.org

    Espanha ok ok ok www.coe.es

    Qunia - - - www.olympickenya.org

    Brasil - ok ok www.cob.org.br

    Pode-se observar que os principais CONs do mundo adotam polticas de pesquisa e educao em seus sites e que muitos possuem, ainda, centros de treinamento. Embora faam parte dos 15 primeiros colocados nos Jogos Olmpicos Londres 2012, China e Qunia no puderam ser analisados, por impossibilidade de traduo e ausncia de site, respectivamente. O nico pas que no possui nenhum dos itens analisados a Jamaica. O Brasil no apresentou, em sua pgina oficial, um centro de treinamento.

    http://www.shooting.cz/http://www.olympic.cnhttp://www.teamusa.org/http://www.roc.ru/http://www.dosb.de/http://www.olympics.org.uk/http://www.olympics.com.au/http://www.sports.or.kr/enghttp://www.joc.or.jp/http://www.coni.it/http://www.franceolympique.com/http://www.noc-ukr.org/http://www.nocnsf.nl/http://www.jamolympic.org/http://www.coe.es/http://www.olympickenya.org/http://www.cob.org.br

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA27

    Discusso

    Os resultados obtidos demonstram a relevncia deste trabalho, uma vez que o campo da pesquisa cientfica alvo de preocupao de potncias olmpicas.

    Em relao aos dois primeiros resultados, podemos observar, pelo aumento da quantidade de publicaes, a crescente importncia que vem sendo atribuda ao esporte no meio acadmico-cientfico. Porm, uma limitao a este trabalho diz respeito quantidade de publicaes que fazem parte, simultaneamente, dos dois universos de busca. Para seguir no exemplo do HIV, um trabalho que aborde a prtica de esportes por portadores da doena (primeira busca); ou que dialogue com a sociologia da atividade esportiva (segundo caso).

    Alm disso, vale lembrar que, embora a palavra-chave HIV AIDS seja mais restritiva e possua um campo mais limitado do que sport, um tema mais relevante dentro do Medline, um indexador de literatura mdica e biotecnolgica. O esporte, apesar de possuir vrias conexes com a rea mdica, no seu objetivo principal.

    Da mesma forma, no ERIC, base de dados de educao onde o termo sociology utilizado como critrio de busca, o aumento das publicaes em sport, comparativamente com sociology, notrio.

    bem verdade que ocorrem tendncias na procura por um ou outro tema. Nos dias de hoje, pode-se imaginar que existam mais pesquisas envolvendo o meio ambiente do que o esporte. Mas isso no obscurece o avano da pesquisa esportiva em todos os seus campos. Esta talvez seja uma grande virtude da cincia do esporte: interagir com Medicina, Educao, Biotecnologia, Engenharia, Psicologia, Gesto, Sociologia etc.

    Um aspecto no analisado por fugir um pouco dos objetivos do trabalho, mas que pode ser observado em estudos futuros, diz respeito tecnologia de patentes. Esta se correlaciona diretamente com o desenvolvimento biotecnolgico em determinadas reas. No campo esportivo, novos materiais para implementos, vestimentas e equipamentos so, de maneira geral, utilizados por naes consideradas potncias esportivas e depois copiados pelas demais.

    Com relao aos resultados obtidos, no levantamento da participao da pesquisa, nos esportes analisados, a primeira ressalva a ser feita em relao ao instrumento utilizado para a coleta de dados: os sites de cada federao ou CON. Apesar de a internet ser um recurso amplo e de alta disponibilidade, o fato dessa tecnologia ser mais atrasada, em alguns pases do que em outros, pode ter levado a um vis por ocasio da coleta dos dados. Ao mesmo tempo, a inviabilidade de se ver in loco as estruturas de cada pas fez com que a nica soluo factvel fosse a rede mundial de computadores.

    Fica claro que as grandes potncias esportivas ou olmpicas se valem de aes de pesquisa no apoio a seus atletas e treinadores. O primeiro objetivo com a sua ampliao, no Brasil, seria passarmos do nvel 5 de evidncia cientfica para, pelo menos, um nvel 4; ou em outras palavras, transmitirmos a opinio de um expert s evidncias de um caso-controle (Medina et al., 2006,). Pode parecer pouco, mas a sistematizao e a divulgao de um conhecimento podem produzir treinamentos muito mais eficazes e menos propensos ao insucesso, a leses e outros inconvenientes.

    Westerbeek e Smith (2005) dividem temporalmente as necessidades da pesquisa para os

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA28

    profissionais do esporte. Assim, formulam trs perguntas: quais seriam as necessidades imediatas desses profissionais? Qual ser a necessidade daqui a cinco anos? E quais as necessidades daqui a 20 anos? A primeira se dirige queles que trabalham com pesquisa aplicada. A segunda aos gestores esportivos, pois eles definem o futuro do esporte e precisam de tempo para realizar projetos e angariar verbas. A ltima, por sua vez, volta-se aos que trabalham com cincia bsica, a cincia pela cincia, j que as descobertas de hoje refletiro no desempenho dos atletas quando se tornarem aplicveis.

    O trabalho acima descrito, quando confrontado com os resultados de nossa pesquisa, suscitam algumas ponderaes. A primeira que os resultados obtidos com a pesquisa em esporte, no seu aspecto amplo, no so imediatos. A Coreia do Sul, por exemplo, possui um centro de treinamento desde 1966. Outros pases e FIs tambm dispem de pesquisadores e CTs h bastante tempo, como Austrlia, Alemanha e Estados Unidos. A segunda que o sistema deve funcionar permanentemente ou, em outras palavras, as pesquisas devem ser contnuas. Caso contrrio, como os conhecimentos bsicos adquiridos podero ser aplicados? E, por ltimo, a engrenagem do esporte deve funcionar como um todo, uma vez que gestores devem prever a verba e o oramento para as pesquisas direcionadas aos atletas, alm do apoio ao prprio atleta e seu treinamento.

    Exemplificando o exposto, Sawczuk et al. (2011) publicaram um trabalho de reviso onde o tema abordado foi a gentica no esporte. Nele, fazem meno a protenas e genes que, ao serem ativados, podem, em termos simples, retardar a fadiga, aumentar a flexibilidade, melhorar a coordenao e a velocidade e alterar a regulao hormonal. Provavelmente esse conhecimento s estar disponvel para aplicao em alguns anos, se a gesto do esporte e, mais especificamente, da cincia do esporte estiver disponvel.

    Comparando os resultados do Brasil e de suas confederaes esportivas com as de pases altamente representativos, no cenrio mundial, pode-se observar que existem aspectos a melhorar. A falta de pesquisas, traduzida na falta de artigos cientficos, de CTs e de projetos de formao de treinadores e preparadores fsicos nos colocam em desvantagem em relao aos demais pases.

    Alguns pases desenvolveram solues paliativas, porm interessantes. A Federao de Atletismo da Rssia, por exemplo, oferece, em seu site, os mesmos artigos disponibilizados pela Federao Internacional de Atletismo (IAAF). Talvez no seja a soluo ideal, mas um modo de fornecer dados de pesquisa e conhecimento a seus treinadores.

    No so poucas as propostas e as instituies dignas de exemplo. A Federao Australiana de Basquete possui um CT s para jovens de 4 a 17 anos. Vrias outras entidades tm diversos projetos voltados no s para a formao, mas tambm para a captao e seleo de talentos entre as crianas de seus pases. O mesmo ocorre com a vela da Austrlia, o atletismo da Alemanha, o vlei da Holanda, entre outros.

    Mas, sem dvida, o que mais se destaca nas informaes obtidas so as aes educacionais, presentes em praticamente todas as grandes potncias esportivas. A Federao de Vlei da Frana possui mais de 800 artigos sobre o esporte; na Itlia, as federaes de vlei e atletismo so conveniadas a universidades; na Nova Zelndia, uma planilha de treinamento de vela disponibilizada aos interessados.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA29

    Em todas as federaes, exceto o atletismo jamaicano e o boxe tailands e ucraniano, desenvolvem aes educacionais. No Brasil, isso ainda no ocorre. H duas modalidades de esportes coletivos com eventos em curso. Nas individuais, apenas o atletismo oferece formao complementar; a natao possui um projeto a ser implementado, mas que ainda no consta do site da entidade.

    No que diz respeito aos CONs, uma diferena entre o Brasil e os demais pases est no CT. Algumas naes possuem diversos, especficos para determinadas modalidades ou visando treinamentos especializados, caso dos exerccios em altitude. O Time Brasil, projeto desenvolvido pelo COB, cuja marca foi criada em 2008, tem esboado, ainda de forma tmida, alguns plos com objetivo na preparao.

    Uma proposta interessante seria relacionar os dois primeiros objetivos propostos neste trabalho e estabelecer uma associao entre os resultados da pesquisa com sport em cada pas, por modalidade, e verificar o desenvolvimento daquele esporte especfico no ranking mundial.

    Apesar de interessante, tal proposta pode ser impraticvel, visto que h a necessidade de estabelecer, em um trabalho cientfico, se ele uma pesquisa bsica ou aplicada (embora essa diferena no seja de forma alguma dicotmica). Tambm existem colaboraes cientficas entre naes em um mesmo trabalho, e nesse caso, fica difcil determinar o pas autor. Por ltimo, mas no menos importante, a dificuldade reside em se determinar a instituio do pesquisador responsvel pelo trabalho. O Medline, por exemplo, possui mais de 130 mil publicaes com o termo sport. Mas esse indexador s disponibiliza o resumo do artigo, onde nem sempre aparece a instituio vinculada aos autores. O resgate dos nomes das mesmas s seria possvel com a obteno da ntegra dos artigos.

    3 | COnCLuSO

    Este trabalho, que de carter puramente observacional (ou ex post facto), no espera esgotar o assunto ou, muito melhor caminho para a medalha, porque ela no fruto s da pesquisa, mas de inmeros outros fatores, como: popularizao do esporte, gesto adequada, treinamento, material, suporte alimentar e psicolgico e, sobretudo, talento do atleta.

    Porm, espera-se que o artigo possa contribuir para o reconhecimento da necessidade da pesquisa e divulgao do conhecimento gerado por ela e para o aprimoramento do esporte nacional. Foi observado que o Brasil ainda carece de uma poltica de pesquisa direcionada ao esporte, coisa que outras naes j realizam com solidez e sucesso.

    Aproveitar o momento do crescimento das pesquisas esportivas, conforme demonstrado, parece ser uma estratgia coerente para que o Brasil no permanea em desvantagem em relao a outros pases.

    Ao mesmo tempo, deve ser reforada a importncia da realizao de pesquisas e da transmisso das informaes obtidas por elas no ambiente esportivo, normalmente por meio da educao, de maneira que este conhecimento seja aplicado de forma prtica em campos, pistas, quadras e piscinas.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA30

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  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA31

    OLIMPADAS ESCOLARES SUA IMPORTNCIA E SEUS DESAFIOS

    OLYMPICS SCHOOL - ITS IMPORTANCE AND ITS CHALLENGERS

    Autor Cristiano Barros Homem dEl ReiCargo Supervisor de EsportesInstituio Comit Olmpico Brasileiro (COB)Formao Licenciatura em Educao Fsica

    Orientador Prof. Dr. Marcos Felipe Magalhes

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA32

    ReSumOAs Olimpadas Escolares tm demonstrado sua importncia para o desenvolvimento esporti-vo do pas desde sua criao, em 2005, e apresentado a cada ano, em suas duas edies, novos talentos nas modalidades que compem o programa esportivo do projeto. O evento tem a in-teno de ampliar a prtica de atividades esportivas nas instituies de ensino de todo o pas, valorizando o profissional de Educao Fsica. Para participar das Etapas Nacionais, todos os participantes devem passar por etapas seletivas municipais, regionais e/ou estaduais, buscan-do classificar suas instituies para representar seus estados. A importncia do projeto repousa em seu alcance anual, que prope atingir, em 2012, mais de 3 milhes de alunos-atletas e mais de 40 mil instituies de ensino nas 27 unidades federativas do Brasil. As responsabi-lidades do Comit Olmpico Brasileiro (COB) para a realizao das Etapas Nacionais esto garantidas pela Lei Federal n 10.264 (Lei Agnelo/Piva), de 16 de julho de 2001, obrigando que 10% dos recursos destinados ao esporte olmpico sejam investidos no desporto escolar. Os grandes desafios das Etapas Nacionais esto na infraestrutura necessria ao evento e na busca de apoios (municipais e estaduais) que assumam financeiramente sua parcela de res-ponsabilidade contida no Caderno de Encargos das cidades-sede das Olimpadas Escolares. O presente estudo, por meio das anlises feitas, apresenta uma alternativa para que as Olim-padas Escolares sejam realizadas em 14 dias, reforando sua importncia e permitindo seu crescimento de maneira slida e segura.

    Palavras-chave: Olimpadas Escolares, talentos esportivos, importncia, infraestrutura es-portiva, Caderno de Encargos.

    AbSTRACTSince its creation in 2005, the School Games have demonstrated its importance for the development of sports in the country, presenting in its two annual editions new talents in all the disciplines in its sports program. The event intends to expand the practice of sports in educational institutions across the country, adding value to Physical Education professionals. In order to participate in the National Phase, all athletes must pass municipal, regional and/or state classificatory phases, so they can represent their states with their educational institution. The projects importance lies in its annual reach, which in 2012 intends to be more than 3 million student-athletes and more than 40,000 educational institutions throughout Brazils 27 federate units. Brazilian Olympic Committees responsibilities in performing the National Phase are assured by Federal Act 10264 (Agnelo/Piva Act), from July 16, 2001, which reserves 10% of the Olympic sports budget to be invested in school sports. The National Phase greatest challenges are the necessary infrastructure for the event and the pursuit of support (from state and city government) to cover its share of financial responsibility indicated in the Tender Specifications for cities that will receive the School Games. This studys analyses presents an alternative 14-day calendar for the School Olympics, reinforcing its importance and allowing solid and stable growth.

    Keywords: School Olympics, sport talents, importance, sports infrastructure, Tender Specifications.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA33

    1 | InTRODuO

    O trabalho proposto tem como objetivo geral demonstrar a importncia das Olimpadas Escolares para o desenvolvimento esportivo do Brasil, bem como analisar as condies atuais de realizao das Etapas Nacionais e suas dificuldades.

    Os objetivos especficos so analisar diferentes propostas de cronogramas para a realizao das Olimpadas Escolares que permitam, mesmo que temporariamente, a ampliao do nmero de modalidades e dar oportunidade para que novas cidades sediem o evento.

    Em 2005, o COB criou esse projeto com a inteno de desenvolver o esporte dentro das instituies de ensino e valorizar o professor de Educao Fsica.

    O projeto, o maior de incluso social por meio do esporte no Brasil, foi idealizado para ser realizado anualmente em duas Etapas Nacionais a fim de atender duas faixas etrias:

    12 a 14 anos alunos-atletas do ensino fundamental;15 a 17 anos alunos-atletas do ensino mdio.

    Para viabilizar isso, foi firmado um convnio de correalizao com o Governo Federal, representado pelo Ministrio do Esporte (ME), tendo como objetivo principal o fomento prtica de atividades esportivas nas instituies de ensino pblicas (federais, estaduais e municipais) e particulares.

    O COB firmou outro convnio, dessa vez com as Organizaes Globo (OG), com o objetivo de garantir visibilidade em todas as mdias do conglomerado (jornal, rdio, TV aberta e fechada e internet).

    Para ambos os convnios foram estabelecidos os prazos de dois ciclos olmpicos (2005-2012), renovveis por mais dois ciclos (2013-2020). Nesse perodo, sero realizadas 32 Etapas Nacionais das Olimpadas Escolares.

    As responsabilidades do COB para a realizao das Etapas Nacionais so financiadas pelos recursos da Lei Federal n 10.264, de 16 de julho de 2001, conhecida como Lei Agnelo/Piva, que repassa 2% dos prmios das Loterias Federais para os Comits Olmpico e Paralmpico Brasileiros. Dos recursos recebidos pelo COB, 10% so empregados no desporto escolar.

    A rea do COB responsvel pela execuso desse projeto a Gerncia Geral de Juventude e Infraestrutura, ligada diretamente Superintendncia Executiva de Esportes.

    Para garantir sua realizao nos estados, o projeto foi apresentado aos gestores estaduais de esporte e educao, e foi informado que a garantia de participao dos estados e suas escolas se daria por meio da adeso dos governos estaduais ao projeto, realizada todo incio de ano com a assinatura de um termo de adeso pelo gestor estadual, indicado pelo governador, em que o Estado se compromete a obedecer todas as premissas bsicas do evento. Os estados so peas fundamentais no desenvolvimento das Olimpadas Escolares, pois so responsveis pela realizao das seletivas estaduais, pela indicao dos representantes de cada estado para as Etapas Nacionais e pelo deslocamento de suas delegaes at as cidades-sede das Etapas Nacionais. So consideradas premissas bsicas:

    Participao: O Estado deve estimular e permitir a inscrio de todas as instituies de ensino regular das redes pblica e privada de ensino fundamental e mdio, reconhecidas

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA34

    pelo Ministrio da Educao, que emitam diplomas de concluso de curso, representadas por seus alunos-atletas devidamente matriculados e em situao regular at o dia 31 de maro do ano de realizao, na respectiva instituio de ensino, para que tenham condies de participar da Etapa Nacional;Representatividade: As seletivas estaduais e a Etapa Nacional devem ser obrigatoriamente disputadas entre instituies de ensino, sendo proibida qualquer outra forma de representao (ex: selees municipais);Formatao: As Olimpadas Escolares so realizadas anualmente e as Etapas Nacionais so consideradas referncia para as demais etapas;Modalidades e Provas: So estabelecidas anualmente, por meio do Regulamento Geral e Especfico das Olimpadas Escolares Etapa Nacional;Categorias: Sero realizadas em duas faixas etrias: 12 a 14 anos e 15 a 17 anos;Divulgao: Na seletiva estadual, o Estado tem a responsabilidade de divulgar amplamente o evento junto s instituies de ensino pblicas e privadas, atravs dos meios de comunicao parceiros e de grande circulao, dos rgos oficiais do governo, da pgina oficial da internet, entre outros meios.

    Como as seletivas estaduais so consideradas pr-requisito para as Etapas Nacionais, os calendrios so organizados nos seguintes perodos:

    EVENTOSSELETiVAS MuNiCiPAiS, REGiONAiS E ESTAduAiS

    ETAPA NACiONAL

    Olimpadas Escolares 12 a 14 anos maro a agosto setembro

    Olimpadas Escolares 15 a 17 anos maro a novembro novembro/dezembro

    O calendrio acima atende s seguintes demandas:Prazo para realizao das seletivas municipais, regionais e estaduais;Vinculao do evento de 12 a 14 anos com a composio da misso brasileira, comandada pelo Ministrio do Esporte, para os Jogos Sul-americanos Escolares.

    A anlise de alterao desse calendrio depende de uma discusso mais abrangente, envolvendo todos os stakeholders.

    A importncia das Olimpadas Escolares pode ser analisada sob diferentes ngulos:Novo Mercado:

    No Brasil, h 23 milhes de alunos matriculados em 13.800 clubes sociais e 195 mil escolas. Isso nos permite afirmar que o esporte escolar passa a ser a primeira oportunidade de uma criana/adolescente participar de uma competio esportiva oficial.

    Capilaridade:

    Em 2008, quando compilamos o primeiro relatrio nacional com os dados das etapas seletivas estaduais, estas contaram com a participao de 1,2 milho de alunos-atletas de 30 mil instituies de ensino, em mais de 2.700 cidades, em todo o Brasil.

    Em 2010, a participao foi de 2 milhes de alunos-atletas de 40 mil instituies de ensino

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA35

    em 3.900 cidades.

    Em 2012, estima-se que, nas etapas seletivas estaduais, teremos a participao de 3 milhes de alunos-atletas de mais de 40 mil instituies de ensino em 4 mil cidades brasileiras.

    Composio das misses internacionais:

    Muitos atletas que participaram de misses brasileiras, em eventos internacionais, tiveram passagem pelas Olimpadas Escolares em algum momento da carreira esportiva. Por exemplo, podemos citar que mais de 90% dos competidores de atletismo, nos Jogos Olmpicos da Juventude, realizados na cidade de Cingapura, em 2010, haviam participado das Olimpadas Escolares. No total dessa misso, 47% dos atletas participaram das Olimpadas Escolares nos anos anteriores. Isso demonstra que as Olimpadas Escolares permitem a descoberta e o desenvolvimento de talentos esportivos.

    Contribuio para o Sistema Confederativo e Federativo Esportivo:

    As Olimpadas Escolares incentivam a criao e a revitalizao de Federaes estaduais, bem como a vinculao de escolas em diversas modalidades. Permitem ainda s Confederaes Nacionais um espectro mais abrangente de participantes, atingindo todo o territrio nacional.

    Investimento das Instituies de Ensino:

    As instituies de ensino passaram a investir no esporte escolar com:a. A contratao de profissionais de Educao Fsica para o desenvolvimento das atividades

    esportivas na escola;b. A oferta de bolsas de estudo, integrais e parciais, para jovens talentos do esporte que as

    representarem em competies oficiais, assumindo o papel de patrocinadora desses alunos-atletas;

    c. A aquisio de equipamentos e materiais esportivos especficos;d. A disponibilidade de horrios diferenciados para a prtica de atividades esportivas e aulas

    de Educao Fsica.O Comit Olmpico Brasileiro assume o papel do Estado e passa a pautar o desenvolvimento de polticas pblicas voltadas ao esporte escolar.

    2 | DeSenVOLVImenTO

    meTODOLOgIA

    Aps anlise dos documentos gerados (regulamentos, cadernos de encargos das cidades-sede e coletnea dos eventos), durante os sete anos de realizao (2005 a 2011) das Olimpadas Escolares, apresentamos as seguintes consideraes:

    2.1. nmero de modalidades Ofertadas

    Em 2005, em seu primeiro ano de realizao, foram ofertadas oito modalidades no programa: atletismo, basquete, futsal, handebol, jud, natao, voleibol e xadrez. Para 2012, o programa oficial conta com 15 modalidades, tendo sido includas neste perodo de sete anos: badminton,

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA36

    ciclismo, ginstica rtmica, lutas, taekwondo, tnis de mesa e vlei de praia. Isso indica um crescimento de 87,5% do total de modalidades atendidas pelo projeto.

    Existe ainda um nmero muito grande de esportes olmpicos que podero, de alguma forma, serem impactados pelo movimento do esporte escolar. Segue a relao de esportes olmpicos que ainda no integram o programa das Olimpadas Escolares: boxe, canoagem (slalom e velocidade), esgrima, futebol, ginstica artstica, ginstica de trampolim, golfe, hipismo (salto, adestramento e CCR), hquei sobre a grama, levantamento de peso, maratona aqutica, nado sincronizado, pentatlo moderno, polo aqutico, remo, rgbi, salto ornamental, tnis, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo e vela. Dessas, fao uma identificao pessoal (em negrito), dos esportes possveis de serem absorvidos pela proposta das Olimpadas Escolares.

    2.2. nmero de Componentes por Delegao

    Em 2005, o COB definiu que cada delegao poderia, ter no mximo, 123 pessoas, entre dirigentes, tcnicos e alunos-atletas. Em 2012, cada delegao poder ser composta por at 193 pessoas (Etapa Nacional de 12 a 14 anos) e 191 pessoas (Etapa Nacional de 15 a 17 anos) crescimento de 56,9% e 55%, respectivamente.

    2.3. nmero Total de Participantes

    O nmero absoluto de participantes nas Etapas Nacionais no tem como crescer muito, pois as possibilidades de participao so estabelecidas pelo regulamento de cada ano. Em 2005, quando o evento era totalmente custeado pelo COB, foram ocupadas 89,55% das vagas ofertadas. Nos anos seguintes, quando foi repassada para o governo estadual a responsabilidade do transporte interestadual de sua delegao at a cidade-sede, os percentuais de ocupao das vagas ofertadas sofreram uma oscilao, nunca inferior a 80% do total, chegando em 2011 a 81% de ocupao.

    O crescimento apresentado nas Etapas Nacionais das Olimpadas Escolares tem como razo:1. A ampliao do nmero de vagas e modalidades ofertadas pelo projeto;2. A garantia de realizao das Etapas Nacionais, pois seus recursos financeiros, de responsabilidade do COB, independem de acordos ou liberao de verbas pblicas;3. A forma como o projeto conduzido pelo COB, possibilitando a participao de gestores estaduais na discusso sobre as metas a serem alcanadas e tornando-os corresponsveis pelo desenvolvimento do movimento olmpico e esportivo no Brasil;4. Os padres de excelncia com que a competio conduzida pelo COB, buscando oferecer as melhores instalaes, equipamentos, materiais e recursos humanos possveis.

    Esse mesmo crescimento gera alguns desafios na realizao dos eventos:1. Ampliao do nmero de leitos totais e simultneos para hospedar todos os participantes;2. Aumento do nmero de instalaes esportivas totais e simultneas para receber todas as competies;3. Mais necessidade de recursos humanos especializados disponveis para a organizao de todas as aes;

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA37

    4. Ampliao dos servios necessrios para operacionalizar o evento contidos no Caderno de Encargos das cidades-sede (principalmente o transporte interno);5. Repasse no aumento de investimentos pelos governos estaduais na realizao das seletivas estaduais e no transporte de suas delegaes para as Etapas Nacionais;6. Compatibilidade de calendrios entre as diversas Confederaes e Federaes.

    Alguns desses desafios impactam diretamente na escolha de cidades-sede capazes de atender aos trs pilares bsicos para receber uma Etapa Nacional:

    1. Quantidade e qualidade das instalaes oferecidas para o evento, que consiste na anlise das estruturas fsicas oferecidas pela cidade, tais como:

    1.1. Instalaes esportivas necessrias s competies (ginsios, quadras esportivas, piscina oficial, pista de atletismo, sales, autdromos etc.);

    1.2. Instalaes no esportivas: Comit Organizador, Centro de Convivncia, restaurante, Centros de Convenes, escolas, ginsios, galpes, vias pblicas etc.

    2. Capacidade da rede hoteleira:

    2.1. Necessidade de trs mil leitos disponveis com exclusividade durante o perodo do evento, divididos em 30 grupos de 100 leitos para hospedar os envolvidos:

    2.1.1. Comit Organizador 1 grupo;

    2.1.2. Arbitragem 2 grupos;

    2.1.3. Delegaes 27 grupos.3. Vontade e Garantias Polticas:

    Expedio de documento oficial do(s) governo(s) estadual e/ou municipal, assinado pelos chefes dos respectivos poderes executivos, assumindo as responsabilidades como sede das Olimpadas Escolares, contidas no Caderno de Encargos.

    Entre 2005 e 2011 foram realizados 14 eventos, sendo dois a cada ano. Nesse perodo somente oito cidades tiveram oportunidade de receber o projeto, sendo que duas delas dividiram uma edio do evento, conforme o quadro a seguir:

    EVENTOOLiMPAdAS ESCOLARES 12 A 14 ANOS

    OLiMPAdAS ESCOLARES 15 A 17 ANOS

    Ano

    Cidade-sede

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    Braslia/dF X X X

    Poos de Caldas/MG X X X X

    Fortaleza/CE X

    Joo Pessoa/PB X X XLondrina e Maring/PR

    X

    Goinia/GO X

    Curitiba/PR X

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA38

    Em 2011, quando realizamos o seminrio com cidades candidatas sede das Olimpadas Escolares para 2012 e 2013, compareceram 45 cidades e o projeto foi apresentado ainda com o formato nico de realizao (11 dias). Aps esse seminrio, foi dado um prazo para que as cidades que realmente tivessem interesse e condies pudessem apresentar as documentaes necessrias de postulao candidatura.

    Das 45 cidades, oito demonstraram interesse em receber as Olimpadas Escolares em 2012 e/ou 2013 e entregaram os documentos para a oficializao da candidatura: Belm/PA, Campo Grande/MS, Cuiab/MT, Joo Pessoa/PB, Natal/RN, Poos de Caldas/MG, Praia Grande/SP e Teresina/PI.

    Pela anlise dos documentos apresentados, somente Joo Pessoa/PB e Poos de Caldas/MG, que j receberam o evento em edies passadas, e Natal/RN, que nunca havia se candidato, teriam condies de continuar no processo de candidatura caso existisse somente o formato de 11 dias de competio.

    O cronograma de competies realizado em 2011 utiliza at 16 instalaes esportivas simultneas. Com a ampliao, em 2012, do nmero de modalidades (incluso de lutas olmpicas para 12 a 14 anos e do vlei de praia para 15 a 17 anos), ns nos deparamos com a necessidade de estudar formas alternativas de realizao, levando em conta alguns conceitos bsicos que valorizam a execuo do projeto:

    1. Conceito multiesportivo olmpico: Manter a competio com vrias modalidades simultneas, oportunizando a integrao entre seus alunos-atletas;2. Conceito de socializao: Implementao de um restaurante central e de um centro de convivncia instalados no mesmo espao, permitindo mais socializao entre alunos-atletas de diferentes modalidades e regies do pas, alm de oportunizar a propagao dos valores olmpicos, por meio do Programa Educativo Cultural, dos Programas de Atividades Sociais, das Clnicas Esportivas e do Programa de Embaixadores.

    Tendo essas premissas como bsicas, realizamos alguns estudos no cronograma de competies e criamos algumas variveis com dois eventos anuais, um para cada categoria, com 11 a 15 dias de durao, alm de realizarmos um estudo para viabilizar a diviso dos dois eventos anuais em cinco com menor nmero de dias de realizao e um mximo de cinco modalidades por evento. Esses estudos visavam atender aos dois objetivos especficos anunciados no incio do trabalho dentro dos padres da estrutura esportiva e da quantidade de leitos necessrios. Para tal, buscamos respostas para as seguintes perguntas:

    1. Quantos eventos anuais deveriam ser realizados?2. Permite a incluso de novas modalidades no programa esportivo dos eventos?3. Permite que cidades com menor capacidade de leitos e instalaes esportivas recebam o evento? 4. Permite a manuteno da caracterstica de evento multiesportivo? 5. Permite a continuidade das atividades de integrao no restaurante central e no centro de convivncia? 6. Qual o nmero de dirias de hotel previsto para o evento?

    Com as anlises desses cenrios, identificamos que:

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA39

    1. A proposta de transformar os dois eventos anuais em cinco eventos mais compactos foge das premissas iniciais estabelecidas como objetivo do estudo;2. As propostas de 11, 12 e 13 dias no deixam novas cidades concorrerem a sede do evento, visto que elas no permitem a reduo do nmero de leitos e de instalaes esportivas necessrias, consequentemente no garantindo a ampliao do nmero de modalidades oferecidas pelo projeto; 3. As propostas de 14 e 15 dias aumentam a durao do evento em 27% e 36% respectivamente, mas reduz em 23,33% o nmero de leitos exclusivos e em 25% o nmero de instalaes esportivas simultneas, dando oportunidade a novas cidades se candidatarem para ser sede do evento e permitindo a ampliao do nmero de modalidades do projeto;4. As propostas de 14 e 15 dias, que atendem s intenes do estudo, provocaro aumento de custo no oramento final do projeto (responsabilidade do COB), que variar entre 2% e 5% em funo da maior quantidade de dias de realizao.

    Dessa forma, sugerimos ao COB a possibilidade de ofertar dois formatos de realizao para as Olimpadas Escolares, a serem escolhidos aps as visitas de identificao das cidades candidatas, adequando o formato s condies oferecidas pela cidade.

    Formato A: 11 dias de realizao16 instalaes esportivas simultneas + 3 mil leitos exclusivos

    Formato B: 14 dias de realizao12 instalaes esportivas simultneas + 2.300 leitos exclusivos

    Esse novo cenrio, com duas formas de realizao, permitiu que novas cidades, com estrutura esportiva e de leitos em menor quantidade, concorressem no processo de candidatura para as cidades-sede de 2012 e 2013 com possibilidade de receber o projeto.

    Como do interesse do COB que as Olimpadas Escolares possam ser realizadas, em novas cidades e regies do pas, foi permitido que as demais cidades continuassem no processo de candidatura, mas somente com a possibilidade de sediao no formato de 14 dias de competio.

    3 | COnSIDeRAeS fInAIS

    Nos eventos a serem realizados em 2012 e 2013, os dois formatos de competio (11 e 14 dias) sero realizados dentro da proposta apresentada pelo presente estudo. So sedes confirmadas:

    Olimpadas Escolares 2012

    Categoria : 12 a 14 anosCidade-sede : Poos de Caldas/MG Formatao : 11 dias de competio

    Categoria : 15 a 17 anosCidade-sede : Cuiab/MT Formatao : 14 dias de competio

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA40

    Olimpadas Escolares 2013

    Categoria : 12 a 14 anosCidade-sede : Natal/RN Formatao : 11 dias de competio

    Categoria : 15 a 17 anosCidade-sede : Belm/PA Formatao : 14 dias de competio

    Com esses dois formatos, o COB ter a possibilidade de:Continuar ampliando o nmero de modalidades no programa de competies das Olimpadas Escolares, mesmo que temporariamente;Continuar oportunizando novas parcerias com novas cidades, divulgando ainda mais o movimento olmpico no Brasil.

    Faz-se necessrio dar continuidade ao estudo de formataes mais adequadas, pois essa proposta apresentada finita, devido aos limites das infraestruturas esportivas e no esportivas de quase todas as cidades brasileiras. Avaliando os impactos da continuidade de crescimento pretendido para o projeto, podemos citar:

    1. Parceiros locais: Reavaliao das responsabilidades contidas no Caderno de Encargos para as cidades-sede;2. Governos estaduais: Na realizao das seletivas estaduais e no transporte de suas delegaes para as Etapas Nacionais;3. Comit Olmpico Brasileiro: Capacidade financeira e operacional na realizao das Etapas Nacionais.

    Sugerimos ainda que, utilizando-se do estudo de realizao de eventos de menores propores (menos dias, menos modalidades, menor nmero de vagas ofertadas etc.), seja analisada a possibilidade de criao de novos projetos que permitam:

    1. A reduo das responsabilidades contidas no Caderno de Encargos para uma cidade candidata a sede;2. A obteno de instalaes ainda melhores, conforme as caractersticas de cada cidade;3. Continuar utilizando o esporte escolar para o desenvolvimento do movimento olmpico e do esporte brasileiro, adaptando modalidades olmpicas a serem contempladas nesses novos projetos.

    Tendo a certeza de que o projeto tem muito a contribuir para o desenvolvimento dos esportes no pas, acreditamos na proposta apresentada como uma das vrias opes que o esporte escolar pode oferecer para o desenvolvimento da base esportiva brasileira.

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA41

    RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO PRTICA DAS ORGANIZAES ESPORTIVAS

    SOCIAL RESPONSIBILITY AS A PRACTICE OF SPORTS ORGANIZATIONS

    Autor Flvia Saraiva de Rose SouzaCargo Coordenadora FinanceiraInstituio Comit Olmpico Brasileiro (COB)Formao Administrao e MBA em Gesto de Finanas

    Orientador Prof. Ricardo de Moura

  • CURSO AVANADO DE GESTO ESPORTIVA42

    ReSumOA escolha do Rio de Janeiro