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tudo que é sólido se desmancha no ar R$ 5 set, out e nov | 2009 3

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  • tudo que slidose desmancha no ar

    R$ 5set, out e

    nov | 2009

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  • rondapor angelo girotto

    com ilustraes de andrs casciani

    com gilderlei soares

    Joo Rodrigues Baracho,

    Aqueles foram tempos

  • Mas se grande parte da cidade

  • Dudo tinha 19 anos.

  • Ontem um dia antes do prazo

    O comrcio de velas

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  • eles no pularam carnaval

    O nico som que interrompe

  • Samos dali com algumas

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  • Na primeira parada, sobem no nibus cinco

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  • por Angelo Girotto

    10 horas com

    A militncia de partidos de esquerda,

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    Naquela noite de 7 de setembro, meia dzia de oradores j haviam se revezado em suas anlises conjunturais e pa-lavras de ordem, em cima de um pequeno trio eltrico, na

    rua lateral Igreja Matriz de Macaba. Era 1998, os movi-mentos sociais de todo pas estavam mobilizados em seus estados para denunciar os efeitos da poltica neoliberal do

    governo de Fernando Henrique Cardoso e alertar popula-o sobre a necessidade de conduzir Lula e Brizola ao 2 turno das eleies presidenciais; menos de 1 ms depois,

    Fernando Henrique seria reeleito j no 1 turno.

  • Estou 25 minutos atrasado.

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  • 10 horas com juliano siqueira

    Juliano nos conta que

    Com a edio do AI 5

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  • Na manh de 20 de janeiro

    Anoiteceu. Nossa conversa

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  • 10 horas com juliano siqueira

    No PCdoB, Juliano

    Juliano traz consigo

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    CATANDO HISTRIAS NO CHO DA PRAA

    por Leon K. Nunesilustraes de Ana Luisa Medeiros

    Histrias, todo mundo tem. At aquelas pessoas que nossa rala viso faz pensar que no vivenciam nada. Poderamos citar vrias categorias, mas aqui venho des-tacar uma s: os mendigos. Isso, os mendigos, os pedintes, os miserveis, os sem-teto. Aqueles a quem viramos a cara quando levantam a mo por algo, que xingamos em pensamento quando eles vm nos atormentar se estamos fazendo um lanche de pouco mais de um real em qualquer lanchonete mau-cheirosa da Ci-dade Alta. Cito a Cidade Alta porque em Natal l onde parece se concentrar a maior parte desses que alguns taxam como corpos estranhos, mas so uma par-te inerente e triste do nosso cenrio urbano. Alguns deles j so at tipos conhe-cidos, um dos quais ser lembrado nas linhas seguintes.

    Nos arredores da Praa Padre Joo Maria, pelos pensionatos e bares por ali ins-talados, ainda possvel encontrar um cara de feitio estrangeiro, e com a cabelei-ra de um loiro to destacado que chegaria a invejar fcil qualquer dessas pessoas que sonham em ter cabelos claros, e no so poucas. Seus olhos so to azuis que, numa comparao pobre, parecem o cu que vislumbra com esforo. conhecido pelo seu apelido, Gol, uma variao de seu sobrenome convenien-temente ocultado nessas linhas que denuncia o seu carter gringo. Mas, na rea-lidade, o Gol brasileiro catarinense, em especfico. Sua me, esta sim, era de fora; no caso, polonesa.

    Gol (seu sotaque carregado faz pronunciar algo como golh) vive jogado pelas ruas, dormindo em bancos de praa e comendo em beiras de caladas. uma for-ma sem funo. Pela conversa duradoura que tivemos eu sentado no banco e ele no cho, ora sentando, ora deitando , nota-se que ele tambm nunca esteve muito preocupado com banalidades da vida comum. Gol veio para Natal h cerca de dez anos, gastando sua grana limitada de herana paterna nessa viagem, tra-zendo uma trouxa com roupas surradas, convenincia zero, mas bastante dinhei-ro, com o qual at comprou alguns pertences e alugou penses. O uso contnuo de drogas, contudo, pouco a pouco consumia tudo o que ele tinha e a pequena estabilidade que construra nessas terras. Passou ento a buscar novas formas de se sustentar.

  • Por aqui, com seu sotaque charmoso e sua aparncia convidativa somados pouca exigncia que faz no que se refere a homens a maior parte das mulheres lo-cais, no foi difcil para ele arrumar parceiras que lhe bancassem a boa vida que de-sejava.

    Foi mais fcil pra mim ter mulher pra comer do que ar pra respirarQuando Gol diz que as mulheres foram um objeto corriqueiro em sua vida, coi-

    sa que repetiu trs ou quatro vezes durante a prosa, ele pode at parecer pretensio-so, arrogante. Mas h um ar de verdade nisso. Quem o conheceu noutros tempos, a propsito, no duvida. Pelo contrrio. Gol muito bem considerado por alguns, desde mendigos outros at os seus antigos senhorios, e suas antigas parceiras ca-suais. Mas quem o v hoje percebe que a afirmao no passa de delrio, so fra-

    ses vazias de uma pessoa para quem o tempo passou sem que ela percebesse.

    Ele conta a histria de trs mulheres que o acolheram lo-go na sua chegada aqui, embora ressalte que teve ou-

    tras tantas mais. O curioso que elas se conheciam e com o tempo se separaram. Uma delas, me

    de duas filhas de mais de vinte, conheceu o Gol comendo sanduche num carrinho de

    lanches da Rio Branco, e ficou to maravi-lhada que, dentro em trs ou quatro di-

    as, Gol j estava morando com ela, que se sentia muito sozinha, pobre-coitada; as filhas, afinal, j esta-vam casadas e haviam sado de ca-sa. Foi com ela que Gol teve sua mais duradoura relao, de seis meses at que ela descobrisse uma trouxinha de maconha na sua pochete, at ento, insepar-vel. Mas Gol no to bom con-tador de histrias. Levou quase quinze minutos para passar des-sa. E as outras duas no tinham nada de mais interessante. Eram apenas enredos quase totalmen-te repetidos. Quanto eu bebo, sei l, pra me sentir dono de meu prprio pescoo.

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    Enquanto o papo avana, para cada novo item da histria contada, parecemos estar ouvindo relatos poticos de Rimbaud. Porque Gol tambm j passou tem-poradas no inferno, j viveu tantos dissabores. Quando chegou em Natal, j era viciado. Bebia, fumava e cheirava de tudo. Quando no havia nada, partia para paliativos rasteiros at esmalte ele ingeria e aspirava, e com um olhar atento se d para nota ainda muitos frascos na sua mochila ordinria. Esses hbitos er-rantes eram as razes de suas tumultuadas relaes a dois. Frequentemente, quando as mulheres se cansavam de sustentar um completo vagabundo Gol nunca trabalhou, nunca fez bico, nunca quebrou galho, nunca fez nada, ao me-nos desde que chegou em solo papa-jerimum , ento comeavam os desenten-dimentos, as pancadarias, e, num espao de dois ou trs meses de socos desferidos de ambos os lados, o nosso amigo loiro estava novamente nas ruas, geralmente com alguns trocados que conseguia fornecendo sua beleza para quem tivesse interessado; assim, conseguia pagar aluguel em penses por mais uns meses.

    Gol diz que a droga que se faz mais presente em sua vida hoje a bebida, da qual ainda compulsivamente adepto. A propsito, foi esta a sua nica condi-o para que dispensar seu tempo a essa conversa: uns poucos trocados, sufici-entes para comprar uma garrafa de cachaa e mais alguns cigarros.

    Na compulso para sustentar o vcio, at mesmo os preconceitos mais laten-tes ruiam facilmente para ele: Gol viveu, durante quase cinco meses no ltimo

    ano, com um homem, dividindo vida, quarto e cama. Sua experincia como homossexual designao da qual no se admite ser taxado , ele diz, foi mais est-vel que as experincias anteriores.

    Os homens se entendem bem sem fazer esfor-o. As mulheres at fazem esforo, mas o esforo que fazem pra no entender nada!

    Convenhamos, Gol no deixa de estar certo em algumas de suas afirmaes. Mas ele, mesmo com sua aparncia acabada, ainda consegue transmi-tir certo carisma. um sujeito sorridente, e se diz prestativo. Mas talvez seja apenas um bom engana-dor. Ele contou que j fez pequenos furtos para con-seguir suprir no somente seus vcios degenerados, mas suas prprias necessidades naturais. E deixa o alerta, que, lembra, no vale somente para com ele, mas para com todos os que, como ele, se consideram e o so, de fato renegados: teje esperto.

    No fim, Gol aponta para um mercado e pede que, ao invs de pagar seus merecidos trocados, eu lhe compre um litro de cachaa e alguns cigarros com o troco. Enquanto isso, ele me aguarda do lugar onde conversamos, sentado no cho e com o brao apoiado no banco da praa, mas me seguindo atenta-mente com os olhos. Na volta, entrego-lhe a trouxa de compras e agradeo pela conversa, sem receber resposta. Gol tira a cachaa da sacola e abre para dar um primeiro gole rapidamente, como se esperasse h muito tempo por aquilo. Ainda resmunga algumas coi-sas. Diz que no precisa de mais ningum, que quer que o mundo se foda. compreensvel sua raiva, sen-do um dos tantos mendigos diariamente ignorados daquela rea, pisados, esmagados por olhares trivi-ais. Mas ele no inocente, e sabe disso. Depois de algum tempo, dois ou trs minutos, vai embora to-mando o rumo, sem dizer mais nada e sem olhar pra trs. Sem muita preocupao com o futuro. E nenhu-

  • PERDIDA EM NATALNOITE

    Angelo Girotto

    fragmentos da obra de

    Di Cavalcanti

    Ana Tatiane

    Cludio Wgner

    Mariana Ribeiro

    Otoniel Morais

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  • Cinemix, 21h12

    A possvel infncia feliz

    20

  • Caf Paris, 22h05

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  • proib

    ido p/

    men

    ores

    Veru's Bar, 00h45

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  • Rua do Salsa, 2h

    Cinemix, 23h55

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  • VOC ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER-HERIVOCE ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER-HEROI

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    Quando era criana eu adorava as msicas do disco do Aguilar e da Banda Performtica.

    t na cara! (presunosamente) apresenta:Watchmen

    com argumento deAlan Moore

    earte de

    Dave Gibbons

  • VOC ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER-HERIpor Pablo Capistrano

    www.pablocapistrano.com.br

    VOCE ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER-HEROI

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    Em Watchman, as coisas eram com-pletamente diferentes.

  • Sobre

    a ca

    rncia

    femi

    nina

    por

    Leon

    K.

    Nu

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    com

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  • 29t na cara! | 3

  • apoio cultural

  • No ltimo dia quatro

    Rimas do meu Verso

    textos de Meri Medeiros

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  • Nos idos do ano de 1963

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  • para alm de qualquer lgica

    rafael sica

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  • conquistou mais nada para dentro das divisas desse estado. O ABC chegou quela fi-nal desacreditado, totalmente sem crdito, houvera, tempos anteriores, perdido de 5x0 pa-ra o pobre Assu, time to sem representatividade que a maioria se esquece at de lig-lo cidade de Assu, situada ali no Oeste Potiguar. Na poca, a equipe que o ABC enfrentaria na final, liderada pelos medalhes Souza e Paulo Isidoro, repro-duzia tudo que h de mais besta e reacionrio no futebol, o discurso do planejamento e da eficincia acima da paixo, do amor que liga time e torcida. O pretenso proje-to de administrao do Amrica eis o conhecido nome da equipe vermelha era austero e digno da principal caracterstica do time, visto que premiava a monotonia da eficincia mauricinha, o futebol playboy, aquele que ri de qualquer um que diga que ama o time, que abandona o gosto da vitria pelo gosto de alguma coisa que no tem o menor valor. A tal administrao austera nada significa, quando se bate dian-te de um time com mstica, um time que respeita a sua histria e o seu carter, e o carter do futebol que , nada mais e nada menos, que o corao nas pontas da chuteira. Depois daquela final, os torcedores rubros se contentavam apenas em dizer que o nosso time era melhor. Aquela campanha americana j foi praticamente esqueci-da por todos, sequer os cronistas esportivos pouco criativos desta terra costumam lem-br-la; eles sabem que se trata de um grande vexame que merece no ser mais lembrado. Diluda na cabea dos prprios torcedores do time vice-campeo de 2007, aquela campanha at hoje est viva na cabea dos abecedistas, que presenciaram, naque-le momento naquela final vencida pelo alvinegro por 5x2 , o renascimento do ABC Futebol Clube, depois de um lustro distante dos palcos vitoriosos. Com a au-to-estima reestruturada, no s para si mas para todo o futebol potiguar, o ABC, de 2007 para c, como antes, como desde 1915. O ABC ressurgiu, enfim, como a apoteose da civilizao norte-riograndense, como estgios frente desse povo. O ABC s no maior pela pequenez dos potiguares. A maioria dos torcedores jo-vens do time analisam-no como quem discute futebol no videogame, influenciado pelas boba-gens europias ou do eixo Rio-So Paulo. Mas o ABC est alm. O ABC

    para alm de qualquer lgicaABC,

    por Leon K. Nunesilustraes de Ana Luisa Medeiros

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  • Comecemos este artigo,

    Ressurge o Mais QueridoAinda est vivo na cabea

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  • 37t na cara! | 3

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    cinemapor Angelo Girotto

  • O StimoSelo

    Sucia, 1956dirigido por Ingmar Bergman

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  • Matoua garota e foi

    igreja

    Goza, goza da flor da mocidade,Que o tempo trata a toda ligeireza,

    E imprime em toda a flor sua pisada.Oh no aguardes, que a madura idade,

    Te converta essa flor, essa beleza,Em terra, em cinza, em p, em sombra,

    em nada.Gregrio de Matos

    por Leon K. Nunes

    fico

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  • Matoua garota e foi

    igreja

    Antes

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  • 42

  • Durante

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    Depois

  • Programas do governoqualificam e inserem jovensno mercado de trabalho

  • Projovem e Aprendiz Cidado tambm tm resultados

  • Estudantes se transformam em Jovens Embaixadores

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