Tudo aquilo que você não aprendeu na escola de artes · 112 Estudo de caso: Nick Kaplony –...

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Rosalind Davis é formada pelo Royal College of Art (2005) e pelo Chelsea College of Art (2003). Ela já realizou exposições nacionais e interna-cionais, trabalhou com mais de seiscentos artistas como curadora e foi escolhida para ser um dos embaixadores da instituição artística UK Young Artists em 2016.

Annabel Tilley faz desenhos inspirados na história da pintura inglesa e em coleções de museus. Uma das finalistas do Jerwood Drawing Prize, ela já fez exposições em vários lugares, entre eles, a galeria Fruehsorge Contemporary Drawings, em Berlim. Também ministra palestras sobre prática profissional para artistas em universidades.

Você já terminou o curso de artes, já fez suas obras e possui o talento necessário – mas como fazer que elas sejam um sucesso? Para transformar sua paixão em carreira num ambiente tão competitivo como o mundo da arte, você precisa se tornar seu próprio gerente financeiro, comercial e de marketing – além de pesquisador, curador e administrador.De uma forma esclarecedora e sem complicação, este livro é um guia que ajudará você a redigir sua primeira proposta, a ser representado por uma galeria e a lidar com as pressões do sucesso comercial, fornecendo todos os conselhos, exemplos concretos e a inspiração necessária para você sobreviver e prosperar como um artista atuante.

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Título original: What They Didn’t Teach You in Art School. Publicado originalmente na Grã-Bretanha em 2016 por ILEX, uma divisão do Octopus Publishing Group Ltd.Direção de arte: Julie WeirDesign: Simon Goggin

Tradução: Maria Luisa de Abreu Lima PazPreparação e revisão de texto: Adriana CerelloFotograf ia da capa: © Michaela NettellDesign de capa: Toni Cabré/Editorial Gustavo Gili, SL

Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exceção prevista pela lei. Caso seja necessário reproduzir algum trecho desta obra, seja por meio de fotocópia, digitalização ou transcrição, entrar em contato com a Editora. A Editora não se pronuncia, expressa ou implicitamente, a respeito da acuidade das informações contidas neste livro e não assume qualquer responsabilidade legal em caso de erros ou omissões.

© Octopus Publishing Group, 2016© da tradução: Maria Luisa de Abreu Lima Pazpara a edição em português:© Editorial Gustavo Gili, SL, Barcelona, 2017

Impresso na ChinaISBN: 978-85-8452-092-3

Editorial Gustavo Gili, SLVia Laietana, 47 2º, 08003 Barcelona, Espanha. Tel. (+34) 93 3228161

Editora G. Gili, LtdaAv. José Maria de Faria, 470, Sala 103, Lapa de BaixoCEP: 05038-190, São Paulo-SP, Brasil. Tel. (+55) (11) 3611 2443

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Davis, Rosalind Tudo aquilo que você não aprendeu na escola de artes : mas que precisa saber para sobreviver como artista / Rosalind Davis, Annabel Tilley ; [tradução Maria Luisa de Abreu Lima Paz]. -- São Paulo : Gustavo Gili, 2017.

Título original: What they dind’t teach you in art school : what you need to know to survive as an artist ISBN: 978-85-8452-092-3

1. Arte - Orientação vocacional - Grã-Bretanha I. Tilley, Annabel. II. Título.

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Índices para catálogo sistemático: 1. Orientação vocacional : Arte 702Pr

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Quando estou precisando de um “chacoalhão”, vou dar uma volta pela Circular Norte ou coisa assim. Algum lugar bem feio. Acho isso muito mais interessante e comum.Grayson Perry

8 Introdução

1. Depois da escola de artes12 Como faço para me tornar um artista?16 Identidade artística18 Ter ou não um ateliê?22 Colegas e redes de contatos23 Oportunidades

2. Comunicação28 Identidade e formas de expressar sua prática artística29 Como escrever uma declaração do artista37 A biografia do artista40 O currículo do artista41 Falar sobre seu trabalho44 Apresentação46 Sites49 Materiais impressos56 Mailing lists57 Newsletters60 Mídias sociais64 Blogs

3. Representação70 Exposições76 Modelos de galeria80 Entrevista: Richard Galpin, artista – Sobre a

representação por galerias e o sucesso comercial84 Estudo de caso: Coline Milliard – Como se dar bem como

artista91 Tipos de exposição98 Considerações sobre exposições e projetos100 Como se preparar para uma visita ao ateliê102 Colecionadores

4. Projetos e propostas106 Curadoria e projetos independentes112 Estudo de caso: Nick Kaplony – Sobre curadoria114 Estudo de caso: Lucy Day e Eliza Gluckman – Parceria

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Sumário

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116 Estudo de caso: Tom Jeffreys – Sobre pensar além da esfera artística117 Estudo de caso: Echo Chamber, 2014120 Propostas128 Residências134 Estudo de caso: Sharon Haward, “Este pássaro voou” – Uma curta residência em um

lugar frio. Ateliê Austmarka, perto de Oslo, na Noruega136 Estudo de caso: Annabel Tilley – Artista residente137 Encomendas138 Entrevista: Richard Perry, StarStone – Encomenda de arte pública. Condado de

Armagh, na Irlanda do Norte142 Trabalhar com museus146 Press releases

5. O negócio de ser um artista150 Como se organizar154 Contratos de consignação156 Direitos autorais158 Questões sobre dinheiro164 Como se sustentar166 Estudo de caso: Harry Pye – Sobre trabalhar na Tate Britain170 Estudo de caso: Dr. Jeremy Turner, professor titular/coordenador do curso de

Belas-Artes, Universidade de Chester – Faca de dois gumes172 Estudo de caso: Neill Fuller – Pinturas 50×50173 Estágios e trabalho não remunerado

6. Filosofias para sobreviver e prosperar como artista176 Annabel Tilley – Sobre Kafka e o custo de vida182 Rosalind Davis – Moda, sucesso, tempo e fracasso191 Entrevistas e filosofias

7. Expandir sua prática artística204 Colaborações artísticas206 Estudo de caso: Colaboração – Gibson/Martelli212 Estudo de caso: Colaboração – Catalyst: uma exposição e colaboração artística entre

seis artistas

8. Conclusão216 Como você sobrevive como artista?220 Índice remissivo223 Agradecimentosw

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Rosalind Davis e Annabel Tilley

Os cursos de belas-artes podem ter os mais variados tama-nhos e formatos, a partir de muitas perspectivas diferentes. A maioria procura desenvolver a capacidade criativa e con-ceitual dos alunos para que eles se manifestem como profis-sionais independentes, com uma compreensão do contexto histórico e contemporâneo em que sua obra se encontra.

Tudo aquilo que você não aprendeu na escola de artes não foi escrito como uma crítica à formação em belas-artes, mas como um complemento dessa formação – um manual de dicas práticas, ferramentas, conselhos e filosofias sobre o desenvolvimento profissional – para preparar você como artista para o que acontece no mundo fora dos limites da educação artística formal.

Com o tempo, sua prática o levará a um constante desenvol-vimento pessoal e profissional à medida em que você conci-liar todos os aspectos de construir uma carreira no mundo da arte. Por necessidade própria, o artista precisa se tornar seu próprio gerente comercial, financeiro, de vendas e de marketing, seu próprio pesquisador, curador e administra-dor; em última análise, o gestor de sua carreira como artista. É imprescindível ser ativo e se envolver com o progresso, o direcionamento e a promoção dessa carreira. Além disso, há muitos tipos de mundos da arte, diferentes níveis e hie-rarquias em que a carreira de um artista pode se inserir. É importante levar em consideração o que você espera do seu e como pode construir uma prática sustentável dentro desse mundo que o incentive e alimente.

Introdução

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Ami Clarke, Unkown Unknowns, 2009. Obra textual.

Esta obra faz referência a uma citação de Donald Rumsfeld, ex-secretário da Defesa estadunidense, durante uma coletiva de imprensa antes da ocupação do Iraque em 2002. A citação se denuncia em sua análise aparentemente absurda do que pode ser considerado como verdade. Sendo uma declaração que se destinava essencialmente a despistar a mídia e o público em geral, ela demonstra uma falta de consciência impressionante, pois faz alusão à atividade real de “encobrir” a verdade, e menção aos “conhecidos desconhecidos” ideológicos que estruturam a própria sociedade. (Com uma referência visual à estrutura da estante Carlton criada por Ettore Sottsass, do grupo Memphis, no início dos anos 1980.)

Não há planos de carreira preestabelecidos ou fáceis para um artista e, infelizmente, não existem bilhetes premiados. Este livro se destina a fornecer as ferramentas necessárias para capacitar e incentivar você a ser tão criativo e empreen-dedor em sua carreira quanto em sua prática artística. Que-remos dar ideias, exemplos e informações para que você possa dirigir sua própria carreira, e para isso reunimos um conjunto de vozes profissionais do mundo da arte – curado-res, escritores, representantes de galerias e artistas exem-plares – para transmitir ideias e conhecimentos a partir de suas próprias experiências, especialidades e perspectivas a fim de ajudar você em sua jornada.

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* Existem conhecidos conhecidos / Há coisas que sabemos que sabemos, exis-tem / Desconhecidos conhecidos / Quer dizer, há / Coisas que hoje sabemos que não sabemos / Mas existem também / Desconhecidos desconhecidos / Há coisas que / Não sabemos que / Não sabemos / E a cada ano descobrimos / Mais alguns desses / Desconhecidos / Desconhecidos.

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O artista Graham Crowley em seu ateliê: “Ser um artista é um trabalho; dedique-se a ele como a qualquer outro”. Fotografia: Julie Henry.

A primeira coisa a dizer é que é preciso confiança, experiên-cia e maturidade para dizer: “Eu sou um artista”.

No Dicionário das ideias feitas, o romancista francês do século xix Gustave Flaubert registra as ideias desgastadas e os clichês da época:

“Arte: caminho mais curto para o asilo.”“Artistas: não se pode chamar o que eles fazem de trabalho.” 1

Por várias vezes, você vai ouvir as pessoas lhe dizerem o quanto é difícil ganhar a vida, e como sua vida é fácil, pois fazer arte não se compara a um trabalho duro. O fato de você estar mantendo um ou dois outros empregos mal remunerados de meio período para sustentar sua carreira de artista provavelmente não será levado em consideração.

Você se torna artista através de muito trabalho, determinação e persistência. Só começa a se sentir um artista quando está presente e envolvido com o seu próprio trabalho, com o tra-balho dos outros artistas ao seu redor – muitas vezes colegas seus – e com o mundo mais amplo da arte contemporânea.

Como queremos enfatizar ao longo de todo este livro, a solução não está em “ser descoberto”, mas em assumir o controle do seu próprio destino encontrando maneiras de chamar a atenção dos outros para o seu trabalho. Esse pro-cesso envolve criar, alimentar e expressar sua identidade artística em cada etapa por meio de ferramentas simples, porém eficazes, que também são essenciais para ajudá-lo a “lembrar as pessoas o tempo todo de que você existe”.2

Ganhar a vida como artista é pouco comum, então não se sinta inferior como artista porque precisa de um segundo emprego para sobreviver. Isso é normal, mesmo havendo uma enorme valorização cultural das artes. Caso você tenha um ateliê, nos dias em que estiver lá, encare isso como um trabalho e tenha sempre em mente: “Eu sou um artista: foi para isso que vim ao mundo”.

1 Gustave Flaubert, Dictionnaire des idées reçues. Paris, Louis Conard, 1913 (edição em portu-guês: Dicionário das ideias feitas. São Paulo, Editora Nova Alexandria, 1995).

2 Artista Freddie Robins.

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“ Na escola de artes não me ensinaram a precisar das coisas e a esperar respostas, mas sim a achar uma força interior e encontrar minhas próprias respostas; não me ensinaram como nem o que pintar, mas ofereceram o espaço, o tempo e um apoio inteligente para contemplar e questionar o tema, permitindo que eu encontrasse uma essência mais profunda em meu trabalho.” Virginia Verran

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Virginia Verran, MDV Space, 2014. Canetas de pigmento e fotografias sobre papel aquarela. 60 cm de diâmetro. Fotografia © Virginia Verran

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Qual é a nossa identidade artística e como transmiti-la?A sua identidade artística é quem você é como artista. Ela é moldada por inúmeras influências, como criação e estilo de vida, mídia e cultura – arte, cinema, moda, design e literatura. Transmitimos nossa identidade artística por meio do traba-lho que fazemos e, externamente, pelo modo como divulga-mos esse trabalho para o mundo através de materiais impressos, como postais de exposições e cartões de visita, ou de um site na internet.

Individualidade é tudo: daí vem o autoconhecimento e a crença em si mesmo como artista. Em poucas palavras, é disso que precisamos para ser capazes de sair pelo mundo e expressar nosso trabalho, para nos promover e chamar a atenção dos outros para o que fazemos. Ao compreender que espécie de artista é você, e o tipo de trabalho que faz, você vai ganhar confiança e acreditar mais em si mesmo. Para alguns artistas, essa identidade é forte e clara desde o início. Para outros, ela demora mais a se manifestar. Sua identidade como artista é extremamente importante, porque é o modo como as pessoas o reconhecerão.

Entretanto, a identidade artística é algo mais sutil do que a simples aparência. Alguns artistas possuem um estilo único facilmente reconhecível – como a artista inglesa da Op art Bridget Riley – enquanto outros são mais reconhecidos pela sua maneira de pensar ou pelos conceitos por trás de uma obra – como o artista chinês Ai Weiwei.

Somos todos influenciados pelas obras que vemos ao nosso redor enquanto nos esforçamos para criar nossa própria marca individual. É normal e saudável que um artista seja influenciado pelo trabalho dos outros. Entretanto, após uma fase inicial de pesquisa, desenvolvimento e experimentação, criar obras que sejam excessivamente baseadas no trabalho de outras pessoas pode ser contraproducente; a menos, é claro, que essa referência seja proposital em sua obra. A arte é uma linguagem na qual precisamos escolher nossas próprias “palavras” de forma cuidadosa e deliberada, pois elas descrevem nossa experiência do mundo. Isso, é impor-tante dizer, é o que vai definir sua identidade como artista.

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“E o que acontece quando se é totalmente novato na escola de artes? Você começa a traçar uma genealogia particular de artistas e pensadores que estuda e imita em busca de orientação, conforto e argumentos.”Dan Fox, “Hang on to Yourself – David Bowie as art school”. Frieze Magazine, n. 177, março de 2016, página 177.

Ao sair da escola de artes, você pode se sentir tentado a se diferenciar de seus colegas criando algo que se destaque na multidão. Pense bem se isso não pode acabar, a longo prazo, distraindo você da busca por identidade e estilo próprios. Sua identidade só poderá se desenvolver se você conceder a si mesmo tempo e espaço para progredir, experimentar e seguir seus próprios instintos.

Alguns afirmam que vinte horas de trabalho artístico por semana é o ideal, se você quiser ter uma chance real de sustentar sua prática artística a longo prazo, a despeito de outros empregos e dificuldades. Outros dizem que esse número não importa, desde que você se sinta conectado, que esteja conseguindo manter um horário e um ritmo de trabalho regulares, e que continue envolvido com a arte no mundo lá fora.

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Ter ou não um ateliê?

Uma das vantagens de ter um ateliê – além do privilégio de ter um espaço separado para produzir suas obras – é que isso o obriga a passar algum tempo consigo mesmo, olhando e pensando no seu trabalho. Isso nem sempre é uma expe-riência confortável ou fácil. Na imensa, bela e inesgotável publicação Sanctuary – Britain’s Artists and their Studios, Iwona Blazwick, crítica de arte e diretora da Whitechapel Art Gallery, em Londres, escreve: “O ateliê é um lugar para ver-mos o que o tédio pode libertar. Com o tédio vem uma hiper-consciência do tempo, retardado ao ponto da exaustão [...] [e] uma consciência maior do corpo e de seus males, a mani-festação de ansiedades reprimidas e fantasias eróticas... O tédio desencadeia a espontaneidade e os atos impensados; o tédio é a mãe da invenção”.3

Apesar disso, ter um ateliê pode representar um grande compromisso em termos de tempo e dinheiro, e a maioria das empresas que alugam ateliês exigirão que você assine um contrato formal e efetue um depósito correspondente a um ou dois meses de aluguel antecipados. Alguns artistas preferem trabalhar em sua própria casa ou fazer algum acor-do mais informal com amigos ou parentes para uso de um espaço. Entretanto, sem um ateliê você pode se sentir excluído de uma rede mais formal de artistas.

Se estiver pensando em alugar um ateliê, pergunte a si mesmo:QQ Ter um espaço separado onde eu possa produzir minhas obras vai trazer algum benefício para minhas intenções e ambições artísticas?QQ Meu trabalho realmente exige um espaço separado?QQ Minha arte será prejudicada se eu não tiver um ateliê?QQ Com que frequência eu o usarei (sendo realista)?QQ Tenho condições de pagá-lo?

3 Iwona Blazwick: Sanctuary – Britain’s Artists and their Studios. Editor: Hossein Amirsadeghi (Londres, Thames & Hudson, 2012), página 19. e

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“O mundo é um lugar caótico. Quando chego no meu ateliê, aquele é um lugar onde o caos é unificado. Para mim, essa é a força mais criativa do universo.” Shirazeh Houshiary, artista iraniana. Sanctuary – Britain’s Artists and their Studios, página 56.

Entre outras perguntas sobre prós e contras, estão:QQ Seria conveniente ter um lugar maior, mais tranquilo ou mais reservado para trabalhar?QQ Estar em um conjunto de ateliês ou em um ambiente artís-tico vai me trazer algum benefício, principalmente em ter-mos de conhecer outros artistas e fazer novos contatos?QQ O ateliê organiza algum evento social regular, open studios ou exposições que possam me beneficiar?QQ Existe algum espaço para exposições ou projetos que pos-sa ser usado para visualizar a obra e mostrar aos outros? QQ Seria bom ter um espaço separado para abrigar minha obra, minhas ferramentas e materiais?QQ Acima de tudo, estou empolgado com a possibilidade de ter um espaço específico para o meu ateliê?

Ou então:QQ Posso usar um dos cômodos de casa?QQ Posso alugar ou emprestar um espaço de maneira mais informal com amigos ou parentes?QQ Se eu trabalhar em casa, terei distrações indesejáveis por estar em um espaço doméstico?QQ Vou me sentir solitário, isolado e excluído dos contatos do meio artístico tão acessíveis em um conjunto de ateliês para artistas?QQ Vou encarar meu trabalho com seriedade no ambiente doméstico?QQ Vou conseguir dedicar tempo suficiente a ele?QQ Se eu trabalhar em casa, num espaço provisório, vou ter sempre que ficar guardando tudo no final do dia e tirando tudo de novo na próxima vez em que for trabalhar?

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“Posso trabalhar em qualquer lugar, mas um ateliê é como um espaço vazio em minha cabeça, reservado para um determinado tipo de pensamento. Enquanto tiver um ateliê, eu tenho esse espaço sempre pronto e à disposição.”Susan Hiller, artista estadunidense. Sanctuary – Britain’s Artists and their Studios, página 130.

“ Pergunte a si mesmo: você precisa realmente de um ateliê? Eu trabalho como artista em Londres há mais de dez anos e nunca precisei de um – minha atividade exige apenas uma mesa e uma cadeira onde eu possa pensar, e um lugar onde encontrar meus amigos para trocar algumas ideias. Eu não poderia bancar um ateliê mesmo que quisesse ter um.” Russell Martin, artista e diretor da Artquest, em Londres.

Tome a sua decisão baseado na sua necessidade e nas suas ambições a longo prazo. As condições financeiras para man-ter um espaço são um fator importante, mas não são o úni-co, pois mesmo que você não consiga arcar com o custo de um ateliê imediatamente, ele pode fazer parte de um plano a longo prazo. Isso pode representar sacrifícios em outros aspectos e talvez saia mais barato dividir um ateliê com alguém para começar.

Em geral, o aluguel de um ateliê pode ser classificado como uma despesa profissional, passível de ser deduzida para fins de imposto de renda sobre qualquer outra quantia que você receber. Para obter mais informações sobre despesas profis-sionais, veja o Capítulo 5: O negócio de ser um artista.

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1“Para mim, seu ateliê é como um local de estudo muito querido e um santuário. Como se fosse um cômodo da casa. Um lugar calmo e seguro de contemplação; sua energia tranquila fica evidente quando se olha ao redor.”Annabel Tilley sobre o ateliê de Michaela Nettell.

Ateliê da artista Michaela Nettell em Londres, 2015. Fotografia: Michaela Nettell.

Michaela Nettell – Meu ateliêTer um ateliê se tornou mais importante ainda depois que me tornei mãe. É onde minha arte está, onde ela é mantida, um depósito e um abrigo seguro tanto para as coisas mate-riais – obras, livros, equipamentos – como para as ideias e linhas de pensamento que dificilmente encontrariam espaço em outro lugar na correria do dia a dia.

Tenho a sorte de dividir um espaço com nove outros artistas cujo trabalho admiro. Estar no meu ateliê não é apenas me reconectar com minha própria obra, mas também me sentir parte de uma comunidade de profissionais ativos, dedicados e com ideias semelhantes, coisa que é fácil perder de vista quando se está cuidando de uma criança pequena!

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Além do tempo para produzir e contemplar obras – visitan-do galerias, por exemplo – também é importante passar algum tempo com outros artistas. A longo prazo, uma network formada por seus colegas e por outros artistas pode ser crucial para o seu bem-estar e o seu desenvolvimento como artista. O que se pretende fazer é criar seu próprio meio artístico, formado por artistas que você admira, em quem confia, e com quem deseja passar tempo junto ou até colaborar em algum projeto.

Sair da escola de artes pode ser libertador e assustador ao mesmo tempo. Você está ingressando em um mundo novo, que talvez não conheça direito e onde pode não ter muitos contatos. Retomar uma carreira artística após um período de interrupção pode ser parecido, pois talvez você tenha perdido o contato com as pessoas que conhecia. O que vocês têm em comum é o grupo de colegas – o grande nive-lador. Mantenham ou façam contato, acompanhem o que cada um têm feito, compareçam às suas exposições. Sejam generosos. Apoiem uns aos outros. Criem uma network.

A importância de manter uma rede de contatos é:QQ Estar conectado e não isolado no ateliê.QQ Ter alguém para discutir e conversar sobre arte; ou para dar opiniões sobre o seu trabalho.QQ Ter pessoas artistas para acompanhar você em pré-estreias, exposições e outros eventos.QQ Ter com quem fazer projetos em parceria.

Colegas e redes de contatos

ANNABEL TILLEYO que eu adorava na escola de artes era o companheirismo, o fato de ter colegas disponí-veis para dar opiniões, discutir assuntos e fazer trabalhos juntos. Entre alguns de nós desenvolveu-se uma forte ligação e, por causa disso, ainda apoiamos uns aos outros até hoje. Criar redes de contatos sólidas pode ser importante principalmente se você for um artista regional, como eu, que vive longe da cidade grande.

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Oportunidades

Ou como sobreviver ao seu primeiro ano como artistaCompreender quais são suas oportunidades é fundamental para sobreviver ao seu primeiro ano. As oportunidades para os artistas podem ser divididas entre as seguintes categorias principais:

1. Ser o curador de suas próprias exposições ou de projetos independentes – projetos espontâneos iniciados por você ou para os quais você tenha sido convidado a contribuir (muitas vezes custeados pelos próprios artistas, mas bas-tante enriquecedores!).

2. Exposições abertas e concursos – costumam cobrar uma taxa de inscrição e não há garantia de que você será esco-lhido, mas são bons para ganhar visibilidade e ampliar sua rede de contatos.

3. Propostas para projetos ou galerias e residências – basea-das na inscrição e envio de propostas.

4. Galerias comerciais – somente por meio de convite.5. Encomendas particulares – em geral por meio de convite

(ou de um convite para envio de proposta). O valor cos-tuma ser negociado.

6. Encomendas de arte públicas – baseadas na inscrição e envio de proposta com uma entrevista. O valor costuma ser definido por quem faz a encomenda.

7. Outras opções, como convites para expor em espaços diri-gidos por artistas, museus públicos ou eventos itinerantes – pense em maneiras de promover sua imagem, de ficar conhecido e de lembrar as pessoas de que você existe.

Em matéria de convites, a coisa é simples: se você caprichar com 1, 2 e 3, pode começar a receber convites de 4, 5 e 6, mas lembre-se de que esse é um processo lento!

(Nota: Para saber mais detalhes sobre oportunidades e tipos de exposições, veja o Capítulo 3.)

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Lembre-se: ninguém tem obrigação de sustentar você nem vai lhe dar uma carreira artística.Essa ideia é o princípio básico deste livro. Uma carreira artís-tica é algo que se constrói aos poucos – relacionando-se com as pessoas, criando redes de contatos e promovendo sua imagem. É responsabilidade sua e você tem condições de cuidar disso. Logo depois de sair da escola de artes é impro-vável que você seja “descoberto”. Estamos nos referindo a ser contratado por uma galeria, ter um monte de convites para participar de exposições, ou vender seu trabalho para algum colecionador importante. A ideia de que você será descoberto de repente é um mito, e não ajuda em nada.

O progresso e o sucesso de qualquer carreira artística são uma mistura de sorte, boas escolhas, estratégia e senso de oportunidade. Portanto, é sua função como artista se per-guntar:

Como posso chamar a atenção dos outros para o meu trabalho?Essa é uma das perguntas mais importantes que você terá que se fazer sempre, antes e depois da formatura – na verda-de, pelo resto de sua carreira artística.

No começo, é bom lembrar a si mesmo – gentilmente – que ficar sentado em seu ateliê com um conjunto de obras novas, um site na internet e cartões de visita, esperando ser desco-berto, provavelmente é inútil porque ninguém sabe que você existe!

A ideia de que, como artistas, devemos nos esforçar princi-palmente para chamar a atenção dos outros para o nosso trabalho é um dos pilares fundamentais por trás da nossa filosofia de como sobreviver sendo artista.

Mas como chamar a atenção dos outros para o seu trabalho? Agindo e aplicando as coisas discutidas neste livro a si mes-mo e à sua atividade.

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“ Ir à escola de artes abriu um mundo totalmente novo para mim. Uma educação artística, na melhor das hipóteses, pode ser uma experiência profunda e transformadora. Estudar arte dá sentido à vida. Educação é perceber que tudo que você achava que sabia a respeito de arte estava errado. Ir à escola de artes mudou tudo – especialmente a mim.” Graham Crowley, sobre sua experiência positiva

com a escola de artes.

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