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TÍTULO DE LA COMUNICACIÓN: Diversidade de Territórios: um desafio e um
caminho para a Coesão Territorial
AUTOR 1: Isabel Alexandra Joaquina Ramos
Email: [email protected]
AUTOR 2: Teresa Pinto-Correia
Email: [email protected]
DEPARTAMENTO: Dep. Paisagem, Ambiente e Ordenamento; Instituto de Ciências
Agrárias e Ambientais Mediterrânicas/Ecossistemas e Paisagens Mediterrânicas
UNIVERSIDAD: Évora/Escola de Ciências e Tecnologia
ÁREA TEMÁTICA: Cohesion Policy: impact, future and related issues
RESUMEN: A diversidade dos territórios tem vindo a ser encarada, na última década e
cada vez mais, como um aspecto positivo no fortalecimento da coesão territorial.
Implicitamente, pode contribuir para a coesão dos territórios ao introduzir no desenho e,
sobretudo, na implementação das diferentes políticas sectoriais uma dimensão espacial
que atente às diferentes necessidades, características e potencialidades específicas de
cada região ou local. Para que possa resultar em maior coesão, esta diferenciação deve
ser compreendida no seu todo, identificando as limitações e potencialidades de cada
território. Significa também que as diferentes políticas não devem continuar a ser
aplicadas sem uma perspectiva integrada de ordenamento do território e da paisagem e
de conservação dos recursos (naturais, económicos e humanos). Neste sentido, cada vez
mais as políticas públicas sectoriais reconhecem a necessidade da regionalização da sua
acção, como por exemplo a Política Agrícola Comum, para a qual se discute
actualmente, no âmbito das questões ambientais e de desenvolvimento rural, a
regionalização de objectivos e instrumentos.
No âmbito desta comunicação pretendemos discutir estas questões tendo por
base o caso português, apresentando alguns dos desafios que se colocam a nível das
políticas e das instituições. Tratando-se de um território de pequenas dimensões
(quando comparado com a maior parte dos territórios europeus) uma das suas
características é a diversidade, variedade e riqueza da suas paisagens e dinâmicas
territoriais, de norte a sul e do litoral para o interior, constituindo um exemplo claro da
necessidade de reconhecer essa diferenciação e riqueza e o potencial de
desenvolvimento que decorre da sua complementaridade. Um maior reconhecimento da
diversidade territorial pode ser o caminho para diminuir as assimetrias que se verificam
e reforçar a coesão nacional, um dos objectivos do recentemente aprovado Programa
Nacional da Política de Ordenamento do Território.
PALABRAS CLAVE: Diversidade de territórios; dimensão espacial das políticas
sectoriais
1
INTRODUÇÃO1
A Agenda Territorial da União Europeia – Para uma Europa mais Competitiva e mais
Sustentável baseada na Diversidade das Regiões foi adoptada na Europa em 2007
(ATUE; RIMDUCT, 2007), tendo como desafio o fortalecimento da Coesão
Territorial. Encarada como o terceiro pilar da política de coesão na União Europeia
(UE), a par das políticas económica e social, a Agenda considera que a política de
coesão da UE dever ser mais eficaz na resposta às necessidades e características
territoriais, aos desafios geográficos e às oportunidades específicas das regiões e das
cidades (idem). Pretende-se alcançar um desenvolvimento espacialmente mais
sustentável e de acordo com os Princípios Orientadores para o Desenvolvimento
Sustentável do Continente Europeu (CEMAT, 2000), assumindo o Ordenamento do
Território uma expressão cada vez maior e de importância estratégica na prossecução de
um desenvolvimento integrado da Europa.
Esta ideia é reforçada em 2008 com a publicação do Livro Verde sobre a Coesão
Territorial Europeia (CCE, 2008), onde a ênfase é colocada na Diversidade
Territorial como uma vantagem para as diferentes regiões na Europa. Contudo, para
que seja considerada uma vantagem, é necessário que essa diversidade seja reconhecida,
resultando na identificação das limitações e das potencialidades das diferentes regiões.
Falar em Coesão Territorial apostando na Diversidade das Regiões, coloca
naturalmente importantes desafios, sobretudo quando está subjacente prospectivar uma
Europa mais sustentável. Entre outros (desafios), a ATUE (RIMDUCT, 2007: 2) refere
a necessidade de ter em atenção “a sobre exploração dos recursos ecológicos e culturais
e a perda de biodiversidade, particularmente através da contínua expansão urbana
enquanto áreas remotas enfrentam o despovoamento.”.
O caso português é um exemplo de como a expansão urbana afecta todo o
território, tanto áreas peri-urbanas, através das alterações directamente provocadas no
uso do solo e densificação de infra-estruturas, como em áreas periféricas, de forma
diferente, através, por um lado, da atracção das áreas urbanas, que resultam em
despovoamento, e por outro da expansão de modos de vida urbanos e da influência de
usos e pressões de origem urbana, que levam a profundas transformações do rural. Esta
é uma das questões prioritárias identificadas no PNPOT – Programa Nacional da
Política de Ordenamento do Território (MAOTDR, 2007), e cuja solução é premente.
1 Esta comunicação tem por base um artigo de um livro recentemente publicado em Portugal, com o título
“Coesão territorial e diversidade: mudanças emergentes” (Ramos e Pinto-Correia, 2010).
2
Nesta comunicação tratam-se os objectivos da coesão e de que forma estes se
relacionam com a diversidade dos territórios, particularmente em Portugal. Apresentam-
se as estratégias e instrumentos existentes e identificam-se as questões mais
problemáticas bem como a possível intervenção necessária para que se possa de facto
prosseguir no sentido de aumentar a Coesão Territorial, em Portugal.
1. Coesão Territorial e Diversidade de Territórios na Europa
1.1. Os objectivos
Em 2007 foi adoptada a Agenda Territorial da União Europeia – Para uma
Europa mais Competitiva e mais Sustentável baseada na Diversidade das Regiões
(RIMDUCT, 2007) e em 2008 foi publicado o Livro Verde sobre a Coesão Territorial
Europeia – Tirar Partido da Diversidade Territorial2 (CCE, 2008).
A Agenda Territorial da UE tem como fundamento os objectivos do Esquema
de Desenvolvimento Europeu Comunitário (CE, 1999) e os Princípios Orientadores
para o Desenvolvimento Sustentável do Continente Europeu (CEMAT, 2000) a partir
dos quais se estabelecem as suas prioridades e objectivos. Assume como tarefa futura o
reforço da coesão territorial, como um processo contínuo e de cooperação envolvendo
os diferentes intervenientes a nível político, administrativo e técnico, promovendo um
desenvolvimento territorial policêntrico da União Europeia, tendo em vista uma melhor
utilização dos recursos existentes em cada uma das diferentes regiões. O objectivo
principal associado a esta noção de Coesão Territorial é o de “assegurar melhores
condições de vida e qualidade de vida com oportunidades iguais, orientadas para as
potencialidades regionais e locais, independentemente do local onde as pessoas vivem –
quer seja no centro da Europa quer seja na periferia” (RIMDUCT, 2007: 1).
Considerada a terceira dimensão da política de coesão, constitui um “pré-
requisito para alcançar o crescimento económico sustentável e implementar a coesão
económica e social – um modelo social Europeu.” (idem:2).
Complementarmente à adopção da Agenda Territorial da UE, ocorre em
simultâneo a aprovação da Carta de Leipzig para o Desenvolvimento Sustentável das
Cidades Europeias (RIMDUCT, 2007a) que visa reforçar o desenvolvimento urbano no
contexto europeu, reconhecendo-se a necessidade de intervir nas áreas económica e
socialmente carenciadas (e globalmente nas cidades). Considera-se que a dimensão
2 Adiante simplificadamente designado Livro Verde.
3
urbana está a ganhar cada vez mais visibilidade a nível europeu, em especial no âmbito
da concepção da política de coesão. Os processos de aglomeração em curso são
acompanhados por diversos desafios, como a degradação de bairros nas cidades, a
sobrecarga das redes de transportes urbanos, a impermeabilização dos solos, os danos
ambientais ou os problemas sociais.
Entre outros desafios territoriais importantes identificados na Agenda Territorial
da UE, deve realçar-se de novo a preocupação expressa quanto à sobre exploração dos
recursos ecológicos e culturais e a perda de biodiversidade, sobretudo a que decorre da
crescente e contínua expansão urbana enquanto áreas remotas enfrentam o
despovoamento, o que claramente se tem vindo a transformar num problema à escala
europeia, assim como à escala de cada país ou mesmo à escala regional.
O 1º Programa de Acção para a Implementação da Agenda Territorial da União
Europeia é adoptado em reunião informal em Novembro de 2007 (RIMOTDR, 2007) e
adopta cinco princípios orientadores (idem:9): a) solidariedade entre as regiões e os
territórios; b) governança multi-nívies; c) integração das políticas; d) cooperação nos
assuntos territoriais; e e) subsidiariedade, em estreita articulação com o estabelecido na
Agenda Territorial.
O debate alargado sobre a perspectiva territorial da Coesão Económica e Social
é lançado em 2008, com o Livro Verde sobre a Coesão Territorial Europeia (CCE,
2008), onde a ideia-chave é a de “alcançar o desenvolvimento harmonioso de todos
estes territórios e facultar aos seus habitantes a possibilidade de tirar o melhor partido
das características de cada um deles. Nessa medida, a coesão territorial é um factor de
conversão da diferença em vantagem, contribuindo, assim, para o desenvolvimento
sustentável da UE.” (idem:3).
1.2. Os Conceitos
Promover a coesão territorial tirando partido da diversidade de territórios, leva
necessariamente à explicitação dos conceitos e à razão pela qual se consideram
importantes no contexto do desenvolvimento de uma Europa mais sustentável no seu
conjunto mas mantendo a identidade e carácter de cada um dos Estados Membros.
Como referido no próprio Livro Verde, não obstante a dimensão territorial ter
vindo a estar presente no cerne das políticas estruturais e de várias políticas sectoriais
terem um impacte territorial (e dirigirem-se a problemas territoriais específicos), é
necessário clarificar as temáticas associadas e encontrar uma definição formal para o
conceito, ainda inexistente, tendo em vista a sua concretização.
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No entanto, apesar de o Livro Verde tornar o conceito mais operacional ao fazer
uma ligação mais directa às diferentes políticas sectoriais europeias com impacte
espacial e estabelecer uma política regional mais coerente, mantém o conceito vago, não
propondo uma definição concreta nem objectivos específicos (Vanolo, 2009). Não
aponta também formas de medição (indicadores) do nível de coesão (existente) no
sentido de saber o que é necessário fazer para alcançar determinado nível de
desenvolvimento harmonioso pretendido (coesão potencial): onde estamos, onde
queremos estar e o que fazer para o alcançar. Tratando-se de um Livro Verde, talvez
não seja essa a sua função mas sim a de trazer à luz do debate a questão, o que por si só
é positivo. É nesse sentido que o Livro Verde propõe um conjunto de questões que
foram alvo de debate nos diversos EM até finais de Fevereiro de 2009, para que, em
conjunto, se definam linhas orientadoras para a elaboração de um Livro Branco. Aliás, o
próprio Livro Verde questiona se é ao nível da União Europeia que a coesão territorial
deverá ser equacionada ou se, antes pelo contrário, deverá encontrar-se, em cada
situação e contexto, a escala geográfica mais adequada para equacionar determinada
questão, sem nunca perder a noção da importância que tem a cooperação e colaboração
dos vários intervenientes às várias escalas, directa ou indirectamente envolvidos.
Seja qual for a definição de Coesão Territorial que se adopte em termos formais,
o que se considera o cerne da questão e é indiscutível, é que na sua génese está a
necessidade de conferir/afectar uma dimensão territorial às políticas sectoriais de
natureza económica e social (razão pela qual é considerada a 3ª dimensão da política de
coesão), estabelecendo acções concretas sobre o território que dêem resposta a
objectivos comuns, através de políticas sectoriais articuladas e coerentes entre si. Neste
sentido, o Livro Verde aponta três princípios a ter em conta na definição de políticas
(CCE, 2008: 5; 6):
Concentração – no sentido de ultrapassar as diferenças de densidade, sendo
o maior desafio a manutenção do equilíbrio e da sustentabilidade do
desenvolvimento territorial da UE como um todo, ao mesmo tempo que se
reforça a sua competitividade económica e potencialidade de crescimento e
preservando os recursos naturais e a coesão social. O objectivo é evitar
concentrações excessivas de crescimento e facilitar o acesso aos benefícios
proporcionados pelas aglomerações existentes;
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Interligar territórios – no sentido de eliminar distâncias, não só as
existentes entre regiões periféricas e regiões centrais na Europa mas também
entre áreas rurais e áreas urbanas;
Cooperação – no sentido de eliminar divisões, já que os problemas de
concentração e conectividade só podem ser solucionadas com a cooperação
de todos os níveis intervenientes. A resolução de muitas questões que se
colocam numa determinada localidade ou país passam pela cooperação entre
localidades ou países vizinhos, aos mais variados níveis. Serão necessárias
novas formas de cooperação e novos instrumentos de políticas para que tal
seja possível?
Uma outra questão que fica explícita no Livro Verde é a da Diversidade na
Unidade, no sentido de a diversidade dos territórios ser uma mais-valia para a
construção de uma Europa una, sustentavelmente desenvolvida, onde as diferenças se
gerem como complementaridades.
O Livro Verde identifica um conjunto de regiões com características geográficas
específicas, as quais merecem destaque por dificuldades particulares: regiões
montanhosas (muitas vezes fronteiriças, onde mais de um terço da população vive em
zonas rurais); as ilhas (muitas vezes montanhosas, onde mais de metade da população
vive em zonas de fronteira); 18 regiões de fraca densidade populacional, todas rurais e
quase todas fronteiriças; acresce as regiões costeiras (pressão do desenvolvimento e
riscos de aquecimento global) e as regiões ultraperiféricas (questões relacionadas com
mudanças demográficas, fenómenos migratórios, acessibilidades e integração regional)
(CCE, 2008: 8; 9).
A inclusão da dimensão territorial no Tratado de Lisboa (CE, 2007), a par das
dimensões económica e social, coloca o território do espaço europeu numa posição
integradora das diferentes políticas sectoriais, de forma articulada e coerente, comum e
transversal. Mais ainda, vem trazer uma nova dimensão às diferentes Cartas,
Convenções e Declarações, entre outros documentos de referência que foram sendo
publicados ao longo dos últimos quase 30 anos, de forma dispersa e com pouca
expressão e/ou dimensão política, por falta de competências formais nesta matéria, por
parte da Comissão Europeia.
1.3. Questões que se colocam à operacionalização
O desafio que se coloca aos diferentes EM, face ao debate que tem vindo a
ocorrer a nível europeu, é saber como operacionalizar o conceito em cada um dos seus
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territórios e que mecanismos são necessários para o concretizar. Efectivamente,
considerar a dimensão territorial a par das dimensões social e económica, é tão difícil
quanto implementar o conceito de desenvolvimento sustentável. A diversidade de
questões e intervenientes aos diferentes níveis torna o processo difícil (e quase sempre
conflituoso), nomeadamente no que se refere à integração harmoniosa dos diferentes
valores e definição de objectivos estratégicos. Algumas das questões que se colocam, de
difícil resposta, passam por saber, em cada contexto e em cada espaço e tempo:
Quais os objectivos estratégicos a alcançar e como definir objectivos
operacionais?
Que territórios têm capacidade para dar resposta aos objectivos
definidos?
Como potenciar as diferentes capacidades dos diferentes territórios? Ou
seja, como potenciar a diversidade de cada território ganhando vantagens
competitivas?
Que efeitos se verificam actualmente face à evolução natural de
determinadas áreas (por exemplo, áreas urbanas e áreas rurais).
Como medir os efeitos esperados face a novas políticas de coesão? Quais
os indicadores a utilizar?
Que políticas e/ou instrumentos devem ser definidos para implementar o
conceito? Trata-se de novas políticas ou de aproveitar as existentes?
Estas e outras questões que se colocam não têm uma só resposta nem são
passíveis de ser equacionadas de forma objectiva e clara indiferenciadamente para
qualquer território de cada um dos EM. Se assim fosse, a diversidade de territórios não
seria considerada uma vantagem, partindo-se para uma homogeneização que contraria o
estabelecido no Livro Verde sobre a Coesão Territorial Europeia. De acordo com a
natureza de cada território e cada problema (ou problemas) que se coloca(m), deverão as
perguntas ser colocadas e as respostas encontradas. Para além da multidimensionalidade
do conceito em termos económicos, sociais e ambientais com incidência territorial, esta
dimensão (territorial) confere-lhe, num determinado contexto temporal, um contexto
espacial e de escala à qual tem de se prestar atenção.
Tentando dar resposta a algumas das questões anteriormente levantadas,
vejamos o que se passa em Portugal a este nível e quais os desafios que aqui se
colocam.
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2. Coesão Territorial e Diversidade de Territórios em Portugal
2.1. Coesão territorial e diversidade de territórios nos Instrumentos de Gestão
Territorial
Em Portugal é o início da década de ’80 que marca uma nova era em termos de
planeamento e ordenamento do território. Enquanto na Europa se aprovava a Carta
Europeia do Ordenamento do Território (CE, 1984) em Portugal criava-se a Secretaria
de Estado do Ambiente e em 1982 publicados os diplomas relativos à elaboração de
Planos Directores Municipais (PDM) e à protecção dos solos com capacidade agrícola –
Reserva Agrícola Nacional (RAN). Em 1983, os referentes à elaboração dos Planos
Regionais de Ordenamento do Território (PROT) e à Reserva Ecológica Nacional
(REN), relativa à protecção dos ecossistemas considerados mais importantes.
Não obstante a sua pertinência, a necessidade de travar um crescimento
urbanístico desregrado que então se verificava levou a que o seu carácter fosse mais
proibitivo do que propositivo, o que acabou por ter consequências negativas em termos
da sua implementação: muitos (particulares, empresas públicas e administração)
entenderam estes diplomas como um entrave ao desenvolvimento e não como uma
forma de protecção e valorização dos recursos existentes.
Se analisarmos o estabelecido nos diplomas dos PROT e dos PDM, verificamos
o quão actual se afiguram, o que nos leva a questionar porque razão os seus objectivos e
metas foram interpretados de forma contrária ao seu propósito: ao PROT caberia (e
ainda cabe) a função de enquadramento regional das acções a implementar no âmbito
municipal, definindo “as bases biofísicas e as circunstâncias culturais impressas no
território, bem como estabelecer os limites do uso e as acções necessárias ao equilíbrio
das paisagens (…)” (DL 338/83, de 20 de Julho, Preâmbulo) para fazer face “às
transformações mais ou menos profundas” provocadas pelo desenvolvimento social e
económico (idem). Os PROT seriam então “instrumentos programáticos e normativos
das acções a desenvolver no quadro geográfico nacional, visando a caracterização e o
desenvolvimento harmonioso das diferentes parcelas do território através da
optimização das implantações humanas e do uso do espaço e do aproveitamento
racional dos seus recursos.” (idem, artigo 1º, Noção). Um dos seus objectivos primeiros
era a salvaguarda dos valores culturais, o desenvolvimento integrado das diferentes
áreas geográficas e o uso múltiplo do território (idem, artigo 3º (objectivos), alínea 3;
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negrito adicionado), revelando uma preocupação com a equidade de desenvolvimento
das diferentes regiões.
Por seu lado, ao nível municipal, o PDM propunha-se definir as “metas a
alcançar nos domínios do desenvolvimento económico e social do município nas suas
relações com o ordenamento do território, [constituindo] um instrumento de
planeamento de ocupação, uso e transformação do território do município pelas
diferentes componentes sectoriais da actividade nele desenvolvida (…).” (DL
208/82, de 26 de Maio, artigo 1º (definição), negrito adicionado), devendo estabelecer
as metas programáticas nos domínios do desenvolvimento económico e social e do
planeamento territorial e urbano, entre outros. O decreto refere ainda [idem, artigo 5º
(política municipal de ordenamento)] que a política municipal deve estabelecer e
harmonizar os objectivos de cada um dos sectores de desenvolvimento, a atribuição de
recursos e as acções de natureza sectorial que, directa ou indirectamente, incidem no
respectivo território. Para tal, o PDM baseia-se “nos estudos necessários à formulação
de propostas quantificadas de planeamento físico dos diferentes sectores de actividade,
as quais deverão fundamentar as opções referentes à ocupação do território municipal.”
[idem, artigo 6º (organização das redes e dos sistemas fundamentais)]. É nítida a
preocupação em distribuir usos e funções espacialmente, de forma equilibrada, no
sentido de um desenvolvimento integrado do território concelhio.
Não obstante, como referido, estes bons princípios não foram seguidos e os
objectivos não alcançados, tendo voltado fortemente ao debate com a publicação da Lei
de Bases da Política do Ordenamento do Território e do Urbanismo (LBPOTU) em
1998.
Entre o início da década de ’80 e o fim da década de ’90, em Portugal a profusão
de leis foi intensa mas dispersa ao mesmo tempo que assistimos a várias mudanças na
estrutura interna dos diferentes ministérios. Criou-se um sistema de planeamento
complexo, intricado, muitas vezes difícil de operacionalizar, nomeadamente face à
dispersão e sobreposição de competências entre os diferentes sectores. Esta dispersão de
legislação e competências só viria a ser contrariada, no sentido de uma estruturação, em
1998, com a referida publicação da Lei de Bases da Política do Ordenamento do
Território e do Urbanismo que, naturalmente, enquadrou os princípios e objectivos que
entretanto vinham a ser discutidos na Europa, em relação ao seu desenvolvimento
espacial.
9
A LBPOTU estabelece como fins, entre outros, o reforço da coesão nacional,
organizando o território, corrigindo as assimetrias regionais e assegurando a
igualdade de oportunidades dos cidadãos ao acesso às infra-estruturas, equipamentos,
serviços e funções urbanas. Outro dos fins da LBPOTU é a valorização integrada das
diversidades do território nacional que, como vimos, é o desafio que o Livro Verde
sobre a Coesão Territorial viria a debater em 2008.
A LBPOTU obedece, entre outros, aos princípios da sustentabilidade e
solidariedade intergeracional, da utilização regrada dos recursos naturais e culturais em
termos económicos e da equidade na repartição de custos e benefícios decorrentes de
acções sobre o território. Acresce uma forte participação e consequente
responsabilização dos diferentes intervenientes no processo de desenvolvimento.
Através dos princípios da coordenação e da subsidiariedade pretende-se colmatar as
questões que se prendem com a já referida dispersão da legislação: o ordenamento deve
articular-se com as políticas de desenvolvimento económico e social, bem como com as
políticas sectoriais com impacte na organização do território. Os procedimentos aos
diferentes níveis deverão coordenar-se no sentido de privilegiar a tomada de decisão
mais próxima do cidadão.
Com a aprovação da Lei de Bases da Política do Ordenamento do Território e do
Urbanismo, é hierarquizado o “edifício” legislativo a partir do existente, são definidas
as responsabilidades dos diferentes actores com intervenção sobre o território, de forma
concertada, e estabelecidos os Instrumentos de Gestão Territorial adequados a cada
nível administrativo e problemática concreta.
Naturalmente, sendo o culminar de quase 20 anos de publicação de legislação
avulsa, os seus efeitos esperados não foram imediatos. Não só nem todos os
Instrumentos de Gestão Territorial eram existentes, como não estavam criadas as
condições para a sua imediata operacionalização.
De acordo com a LBPOTU, a política nacional de ordenamento do território
deve ser consagrada num programa nacional, o que só viria a acontecer quase 10 anos
mais tarde, em 2007, com a publicação do Programa Nacional da Política de
Ordenamento do Território – PNPOT (MAOTDR, 2007), coincidindo com o ano de
lançamento da Agenda Territorial da União Europeia (RIMDUCT, 2007).
A actual legislação relativa ao Ordenamento do Território deixa agora em aberto
novas perspectivas e novas oportunidades de desenvolvimento integrado e harmonioso
10
mas também novas responsabilidades e desafios de difícil resposta, particularmente o
estabelecido na recente publicação do PNPOT (MAOTDR, 2007).
2.2. O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território e os
Desafios Emergentes para o Desenvolvimento Regional em Portugal
Enquanto Instrumento de Gestão Territorial que define uma estratégia e um
modelo territorial para Portugal para o horizonte de 2025, o Programa Nacional da
Política de Ordenamento do Território teve como documentos de referência, entre
outros, o Esquema de Desenvolvimento Europeu Comunitário a nível europeu (CE,
1999) e a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) a nível nacional
(RCM 109/2007, de 20 de Agosto).
Para além de estabelecer as grandes opções com relevância para a organização
do território nacional, consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração
dos demais instrumentos de gestão territorial e constitui um instrumento de cooperação
com os demais Estados-membros para a organização do território da União Europeia
(DL 380/99, de 19 de Setembro, com as alterações decorrentes do DL 316/2007, de 19
de Setembro, artigo 26º). Ao PNPOT cabem, entre outros (idem, artigo 27º, negrito
adicionado): “a) Definir o quadro unitário para o desenvolvimento territorial
integrado, harmonioso e sustentável do País, tendo em conta a identidade própria
das suas diversas parcelas e a sua inserção no espaço da União Europeia; b) Garantir a
coesão territorial do País atenuando as assimetrias regionais e garantindo a
igualdade de oportunidades; c) Estabelecer a tradução espacial das estratégias de
desenvolvimento económico e social; d) Articular as políticas sectoriais com
incidência na organização do território; (…).”.
A definição destes objectivos antevê desde logo um conjunto de problemáticas
emergentes em Portugal, as quais o PNPOT se propõe equacionar e apontar medidas de
acção concretas, e constituíram a base para a elaboração da estratégia de
desenvolvimento proposta. Para o efeito, o PNPOT começa por enquadrar Portugal a
nível internacional, europeu e ibérico, traçando em seguida o quadro nacional em
termos de organização, tendências e desempenho do território. Uma análise e
diagnóstico “enquadradas estrategicamente pelo conceito de desenvolvimento
sustentável” (MAOTDR, 2007: 30) são a base para o estabelecimento de um
diagnóstico final, que conclui com a definição de 24 Problemas que Portugal enfrenta
em termos de ordenamento do território, agrupados em seis áreas temáticas: Recursos
naturais e gestão de riscos; Desenvolvimento urbano e rural; Transportes, energia e
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alterações climáticas; Competitividade dos territórios; Infra-estruturas e serviços
colectivos; Cultura cívica, planeamento e gestão territorial.
24 Problemas para o Ordenamento do Território (MAOTDR, 2007:107)
a) Recursos naturais e gestão de riscos
1. Degradação do solo e riscos de desertificação, agravados por fenómenos climáticos
(seca e chuvas torrenciais) e pela dimensão dos incêndios florestais.
2. Degradação da qualidade da água e deficiente gestão dos recursos hídricos.
3. Insuficiente desenvolvimento dos instrumentos de ordenamento e de gestão das
áreas classificadas integradas na Rede Fundamental de Conservação da Natureza.
4. Insuficiente consideração dos riscos nas acções de ocupação e transformação do
território, com particular ênfase para os sismos, os incêndios florestais, as cheias e
inundações e a erosão das zonas costeiras.
b) Desenvolvimento urbano e rural
5. Expansão desordenada das áreas metropolitanas e de outras áreas urbanas,
invadindo e fragmentando os espaços abertos, afectando a sua qualidade e potencial
ecológico, paisagístico e produtivo, e dificultando e encarecendo o desenvolvimento
das infra-estruturas e a prestação dos serviços colectivos.
6. Despovoamento e fragilização demográfica e socioeconómica de vastas áreas e
insuficiente desenvolvimento dos sistemas urbanos não metropolitanos e da sua
articulação com os espaços rurais envolventes, enfraquecendo a competitividade e a
coesão territorial do país.
7. Degradação da qualidade de muitas áreas residenciais, sobretudo nas periferias e
nos centros históricos das cidades, e persistência de importantes segmentos de
população sem acesso condigno à habitação, agravando as disparidades sociais intra-
urbanas.
8. Insuficiência das políticas públicas e da cultura cívica no acolhimento e integração
dos imigrantes, acentuando a segregação espacial e a exclusão social nas áreas
urbanas.
c) Transportes, energia e alterações climáticas
9. Subdesenvolvimento dos sistemas aeroportuário, portuário e ferroviário de suporte à
conectividade internacional de Portugal, no quadro ibérico, europeu, atlântico e global.
10. Deficiente intermodalidade dos transportes, com excessiva dependência da rodovia
e do uso dos veículos automóveis privados e insuficiente desenvolvimento de outros
modos de transporte, nomeadamente do ferroviário.
11. Elevada intensidade (reduzida eficiência) energética e carbónica das actividades
económicas e dos modelos de mobilidade e consumo, com fraco recurso a energias
renováveis, conduzindo a uma estreita associação dos ritmos do crescimento
económico com os do aumento do consumo de energia e das emissões de Gases com
Efeito de Estufa (GEE).
12
12. Elevada dependência de fontes de energia primária importadas (petróleo, carvão e
gás natural), com forte concentração das origens geográficas e pesadas implicações no
défice externo, agravada pela volatilidade e tendência estrutural de aumento dos
preços desses recursos não renováveis e de natureza estratégica.
d) Competitividade dos territórios
13. Forte dispersão geográfica das infra-estruturas económicas e dos equipamentos
terciários mais qualificantes, com perdas de escala e atrofia das relações de
especialização e complementaridade geradoras de maior rendibilidade social e
económica.
14. Ausência de um sistema logístico global, que tenha em conta os requisitos dos
diferentes sectores de actividade e a inserção dos territórios nos mercados globais.
15. Insuficiente projecção externa das funções económicas das principais
aglomerações urbanas, dificultando a participação de Portugal nos fluxos de
investimento internacional.
16. Reduzida extensão das cadeias de valor e insuficiente exploração das condições e
dos recursos mais diferenciadores dos territórios, e correspondente debilidade das
relações económicas inter-institucionais e inter-regionais no espaço económico
nacional.
e) Infra-estruturas e serviços colectivos
17. Expansão e intensa alteração da estrutura da procura social de serviços colectivos e
de interesse geral, pelo efeito conjugado de mudanças demográficas (envelhecimento,
imigração e migrações internas), económicas e culturais.
18. Desajustamento da distribuição territorial e da qualidade da oferta de infra-
estruturas colectivas e dos serviços de interesse geral face a essa expansão e alteração
estrutural das procuras sociais.
19. Deficiente programação do investimento público em infra-estruturas e
equipamentos colectivos, com insuficiente consideração dos impactes territoriais e dos
custos de funcionamento e manutenção.
20. Incipiente desenvolvimento da cooperação territorial de âmbito supra-municipal na
programação e gestão de infra-estruturas e equipamentos colectivos, prejudicando a
obtenção de economias de escala e os ganhos de eficiência baseados em relações de
associação e complementaridade.
f) Cultura cívica, planeamento e gestão territorial
21. Ausência de uma cultura cívica valorizadora do ordenamento do território e
baseada no conhecimento rigoroso dos problemas, na participação dos cidadãos e na
capacitação técnica das instituições e dos agentes mais directamente envolvidos.
22. Insuficiência das bases técnicas essenciais para o ordenamento do território,
designadamente nos domínios da informação geo-referenciada sobre os recursos
territoriais, da cartografia certificada, da informação cadastral e do acesso em linha ao
conteúdo dos planos em vigor.
23. Dificuldade de coordenação entre os principais actores institucionais, públicos e
privados, responsáveis por políticas e intervenções com impacte territorial.
13
24. Complexidade, rigidez, centralismo e opacidade da legislação e dos procedimentos
de planeamento e gestão territorial, afectando a sua eficiência e aceitação social.
Encontrar respostas para muitas das questões identificadas é fundamental para
propor um modelo territorial que dê resposta ao conceito de coesão territorial, sendo que
muitas destas questões são de ordem mais técnica e científica mas muitas delas passam
por questões mais estruturais, como a da eficácia dos instrumentos de planeamento
existentes ou as questões mais ligadas à cidadania.
O PNPOT faz uma análise e propõe medidas para as cinco regiões
administrativas no território continental e para as regiões autónomas dos Açores e da
Madeira. Bem patente fica a diversidade de territórios em Portugal, não só entre regiões
mas dentro de cada região, razão pela qual o PNPOT faz propostas para sub-regiões
identificadas em cada uma das regiões existentes (exceptuam-se o Alentejo, o Algarve e
os territórios insulares). Pretende-se apontar estratégias específicas para cada uma
dessas sub-regiões, tirando partido das suas potencialidades e reconhecendo aspectos
que devem ser corrigidos, estratégias essas que, em conjunto, valorizarão a região em
que se inserem e contribuirão para diminuir as assimetrias verificadas entre as diferentes
regiões.
2.3. Potencialidades e problemas em Portugal
Uma das características de Portugal é a diversidade, variedade e riqueza das suas
paisagens, que decorrem essencialmente da sua posição geográfica, a sua orografia, as
condições edafoclimáticas e a utilização que as populações fizeram dessas paisagens ao
longo dos séculos. Muitas destas paisagens constituem habitats de valor reconhecido
para a conservação da natureza, razão pela qual é possível encontrar uma vasta lista de
áreas classificadas não só em termos nacionais mas também europeus, nomeadamente
através do estabelecido no âmbito da Rede Natura 2000 (rede ecológica de âmbito
europeu). Para esta diversidade e riqueza, em muito contribuem as áreas costeiras e as
regiões autónomas dos Açores e da Madeira, face às suas características insulares.
À semelhança do que se passa em muitos outros países da Europa, não obstante
o reconhecimento desta riqueza (cf. ENCNB – Estratégia Nacional da Conservação da
Natureza e da Biodiversidade ( RCM 152/2001, de 11 de Outubro), Estratégia Nacional
para o Desenvolvimento Sustentável (RCM 109/2007, de 20 de Agosto), Contributos
para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental (Abreu et
al., 2004), Programa Nacional da Politica de Ordenamento do Território (MAOTDR,
14
2007), entre outros), também em Portugal o património natural e paisagístico tem vindo
a ser ameaçado, decorrente de uma utilização pouco racional e inadequada dos recursos
existentes. Como causas principais na Europa, a que Portugal não é alheio, a ENCNB
aponta as novas formas de intensiva utilização agrícola e silvícola do solo, a
fragmentação de habitats naturais por força de urbanizações e outras infra-estruturas, a
exposição ao turismo de massas e os efeitos da poluição de componentes ambientais
como o ar e a água, levando à já referida sobre exploração de recursos e à perda de
biodiversidade.
No caso português, a análise efectuada no PNPOT (MAOTDR, 2007: 75) sobre
a evolução da ocupação e uso do solo ao nível concelhio, conclui “que entre 1985/87 e
2000, cerca de 11,4 % da superfície total registou alterações de tipo de ocupação (...).
As áreas mais dinâmicas foram as envolventes dos centros urbanos de Lisboa e Porto,
onde se verificou um maior abandono de ocupação agrícola e uma fragmentação mais
intensa das várias manchas de uso. A área urbana, incluindo os espaços de infra-
estruturas económicas e territoriais, tem tendência a aumentar em todo o país, havendo
no entanto grandes diferenças na intensidade e no modo com este processo se
manifesta.”.
Este facto não constitui novidade em Portugal, na medida em que se reafirma o
que tem vindo a acontecer desde meados dos anos ’60, início de um êxodo rural e
agrícola determinado pela procura de novas oportunidades, nomeadamente uma
estabilidade económica apenas proporcionada pela dinâmica criada nas grandes cidades.
Enquanto as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, e mais tarde o Algarve, iam
criando cada vez mais (e melhores?) expectativas e “captando” novos residentes, as
áreas mais remotas foram-se tornando cada vez mais distantes e com menos capacidade
de atracção, levando em alguns casos à sua desertificação. Não obstante esta questão ser
pertinente há mais de 4 décadas, continua a constituir um dos maiores desafios que
Portugal enfrenta, tendo em vista uma distribuição espacial equilibrada de usos e
funções em todo o seu território. Abreu (2003/2009) refere-se a este fenómeno como
“Litoralização” do país (uma rede urbana desequilibrada, de concentração urbana nas
áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, quase contínua entre Caminha e Setúbal e
também no Algarve), em que o interior despovoado leva à inerente perda de
sustentabilidade dos sistemas tradicionais de ocupação e exploração do território.
A tendência assinalada no PNPOT é a de acentuar o padrão muito contrastado
litoral/interior e a divergência entre espaços urbanos e rurais (com forte quebra de
15
residentes nas áreas rurais e crescimento regular da população urbana) e “Como
resultado das dinâmicas demográficas e económicas gerais e, em particular, do êxodo
rural e do crescimento dos centros urbanos, aumentaram as grandes disparidades
territoriais da densidade populacional e reforçou-se o papel do sistema urbano no
ordenamento e no desenvolvimento do território nacional.” (MAOTDR, 2007: 81).
Efectivamente, as cidades constituem, por um lado, a pedra angular do desenvolvimento
e são determinantes na estruturação do território mas, por outro, provocam este
desequilíbrio difícil de corrigir em termos da coesão territorial nacional. Em vez de se
criar uma relação cidade-campo, assiste-se a um crescimento das cidades que não deixa
espaço para o campo.
Este crescente esvaziar de territórios tem vindo a provocar, entre outros, a perda
de identidade de um conjunto de paisagens, por falta de manutenção das mesmas, dada a
escassez de população e de visitantes, ao mesmo tempo que o crescimento dos
aglomerados urbanos, de forma desordenada, tem levado à criação de novos áreas
expectantes por via do abandono de áreas agrícolas e florestais, modificando de forma
negativa as paisagens existentes. Esta situação é mais evidente nas áreas periurbanas,
onde as alterações ao uso do solo, decorrentes de novas procuras, não têm significado
novas paisagens qualificadoras (ou requalificadoras) e mais interessantes que as
existentes. Antes pelo contrário, na maior parte dos casos, as expansões são feitas à
custa da degradação dos recursos existentes e sem respeito pela regras estabelecidas nos
instrumentos de gestão territorial em vigor. (MAOTDR, 2007). Abreu (2003/2009:6)
acrescenta que “não se alterando as actuais tendências, continuará a reflectir-se
negativamente sobre a paisagem a desordem da maioria das expansões urbanas, em
resultado da falta de critérios para a escolha das áreas a construir relativamente a um
racional desenho urbano, incluindo os aspectos que se prendem com a morfologia, os
climas locais, a fertilidade dos solos, o sistema de drenagem natural, a presença de
recursos geológicos e de valores patrimoniais.”.
3. Discussão – Como encarar a mudança
O território português está em mudança. Esta mudança vai prosseguir,
naturalmente, uma vez que ela é inerente ao conceito de território, assim como ao de
paisagem. Paradoxalmente, a mudança é permanente. Não deve assim ser a mudança em
si que é problemática, mas sim que tipo de mudança, e em que direcção se faz. Para uma
gestão integradora, torna-se necessário avaliar o que se ganha e perde ao aceitar a
16
mudança, e o que se ganha e perde também ao travá-la, uma vez que nem uma nem
outra, a mudança ou a estagnação, são neutras (Jones, 1991; Palang et al., 2005).
Para o território português, o que assistimos são a mudanças em várias
direcções, mudanças diferenciadas em territórios que se vão diferenciando de uma
forma cada vez mais profunda, segundo trajectórias que são específicas. Essa
diferenciação não é uma realidade só portuguesa, faz parte dos processos de transição
em curso no espaço europeu, tais como descritos por vários autores anglo-saxónicos
(Marsden, 2003; Potter, 2004; Wilson, 2007; Wilson e Rigg, 2003). De uma perspectiva
das ciências sociais, a teoria da transição pode ser útil como enquadramento teórico, no
qual se podem contextualizar estes processos (Wilson, 2009). Esta teoria tenta
compreender e desvendar as complexidades socioeconómicas, políticas, culturais e
ambientais das transferências sociais (ou subsistemas da sociedade, tais como a
agricultura ou outro sector de actividade) de uma etapa de organização para outra (ou de
facto, vários "outros" estados de organização) (Wilson, 2007). Isto porque as mudanças
não são só as que se observam no uso e ocupação do território, mas derivam de outras
mudanças em curso, ou seja, além dos processos de transformação na economia global e
globalizante, também a mudança social (Brouwer e van der Heide, 2009). A teoria da
transição pode aplicar-se a várias escalas, e também em vários contextos. E pode-nos
ajudar a compreender os processos em curso e que descrevemos no ponto anterior. Face
a novas formas de ocupação e de organização do território, também novos instrumentos
analíticos são necessários para o seu estudo, se se pretende abarcar a complexidade
existente. E sobretudo quando se pretende passar do estudo ao desenho de propostas de
intervenção de facto abrangentes e eficazes (Bishop e Phillips, 2004; van der Ploeg,
2009), ou seja, passar da fase analítica à fase interventiva.
Torna-se assim necessário, e tal como realçam vários autores que recentemente
se debruçam sobre a mudança e a diferenciação no territórios europeus (Bishop e
Phillips, 2004; O’Riordan e Voisey, 1998; van der Ploeg, 2009, Wilson, 2007),
desenvolver novas abordagens analíticas, provavelmente fundamentadas em conceitos e
metodologias inovadores ou re-inventados. Estas novas abordagens são necessárias à
compreensão dos fenómenos em curso, não só quanto à sua descrição e avaliação, como
quanto aos factores que os motivam e a sua interligação.
Um passo fundamental para enfrentar os desafios que se colocam para uma
maior coesão é, assim, em qualquer caso, o reconhecimento do que de facto se passa na
mudança emergente, compreendendo para tal as dimensões ecológica, social e
17
económica do território, e ainda a institucional. Trata-se de produzir conhecimento
sobre fenómenos e processos que são recentes e complexos, e por isso ainda não
suficientemente estudados e compreendidos. Novas formas de produção de
conhecimento devem ser accionadas, e mesmo vários tipos de conhecimento devem ser
reconhecidos e integrados (Flyvbjerg, 2001; Nowotny et al., 2001).
A integração de vários tipos de conhecimento leva também a uma outra questão,
que se prende com a integração de todas as partes interessadas nos processos de decisão
quanto ao território. Ou seja, independentemente de tudo o restante, progressos em
termos de coesão têm que passar por maior capacidade de reconhecimento dos vários
interesses em jogo, e maior integração. A necessidade e as vantagens de processos
participativos em planeamento já há muito vem sendo defendida (Carew-Reid et al.,
1994; Healey, 1997; Bishop e Phillips, 2004). Fundamenta-se no reconhecimento de
que: todas as formas de conhecimento são construções sociais, e que o conhecimento
dos técnicos e especialistas não difere tanto do conhecimento prático, empírico, como se
tem pensado em termos racionalistas até agora; a importância do contexto social e da
interacção na formação de opiniões e expectativas; a necessidade de envolver todos os
parceiros para que as medidas de política sejam eficientes e efectivas; as vantagens dos
processos que levam à identificação de consensos. Estes processos participativos
deveriam agora ser reforçados, através de novas formas de governança. Para tal,
também novas abordagens são necessárias, sobretudo para normalizar práticas que de
facto levam a verdadeiros níveis de governança. O termo “Aprendizagem Social”
(Social Learning), mais do que a já clássica “Escada de Arnstein” (1969), parece
explicar de forma mais precisa os novos tipos de papéis, relações e sentido necessários
para o solucionar de questões complexas e confusas (Collins e Ison, 2006).
Uma outra dimensão, já muito focada e reconhecida, é a necessária integração de
vários sectores, através de políticas e práticas que de facto visam essa integração
(Nilson e Persson, 2003). Em termos de política, a integração é maior onde os
objectivos e premissas de cada política sectorial são reconhecidos e considerados no
desenho das outras políticas. Em termos de prática, trata-se da colaboração entre as
várias instituições, nas decisões do quotidiano, para a implementação dos objectivos de
cada política sem prejuízo das outras, no terreno. A integração espacial das políticas de
ambiente é há muito defendida em vários documentos estratégicos, deveria reforçar-se
também agora cada vez mais a integração no território das políticas de âmbito social e
económico. Para Portugal, não deve ser esquecida em particular a política para as
cidades, que, tendo em conta objectivos de coesão, não deveria ficar suspensa sem
18
articulação com outras políticas mais amplas de âmbito territorial alargado. A
territorialização das políticas sectoriais, tal como defendida explicitamente para a
Política Agrícola Comum (Brouwer e van der Heide, 2009; Robinson, 2008), parece ser
uma das vias para reforçar esta integração. Pode ser concebida a uma escala global, mas
sempre em consonância com uma aplicação à escala local ou regional, na qual se
expressa a especificidade de cada território.
Esta questão, por seu lado, leva à necessidade de articular o que é urbano com o
que é rural, questão muitas vezes esquecida nos processos de ordenamento em Portugal,
excessivamente centrados no que é urbano e daí emana. Tal como o urbano, o espaço
rural é um espaço hoje em dia em mudança, onde os processos de transição são
múltiplos (Wilson, 2007; van der Ploeg, 2009). Bem o demonstra o debate sobre o
posicionamento de cada área rural e cada exploração entre o produtivismo e o pós-
produtivismo (Robinson, 2008). A influência de modelos e processos urbanos é muito
presente, nesta transição do rural, tal como já observado anteriormente neste capítulo.
Mas não se trata de um domínio do urbano sobre o rural, mais de uma interacção
reforçada entre diferentes espaços, comunidades e modelos de desenvolvimento. A
partir do rural reconhecer a diferenciação do território passa por diferentes ocupações do
solo e diferentes tendências de ocupação, mas também por diferentes relações com o
urbano (van der Ploeg, 2009). Assim, a coesão não pode ser tratada no âmbito do rural,
por um lado, e do urbano, por outro, mas mais no âmbito destes dois espaços em
continuidade.
Finalmente, temos em Portugal já um conjunto de Instrumentos de Gestão
Territorial impressionante pela sua diversidade e complexidade, se compararmos com
muitos outros países europeus. As soluções a definir não podem em consequência
passar nunca por uma maior diversidade ou especificidade destes instrumentos. Passam
sim por um melhor aproveitamento dos instrumentos existentes, de forma a ultrapassar
os problemas que se têm levantado e a potenciar as suas vantagens.
4. Notas finais
Com esta comunicação pretendemos dar uma perspectiva sobre a discussão em
curso na Europa e em Portugal, quanto à coesão territorial, e como ela se articula, ou
adequa, a processos de mudança claros e diferenciados, que ocorrem neste momento em
todos os tipos de território. Pretendemos também fazer um resumo dos principais
desenvolvimentos em termos de política, sobretudo a nível nacional.
19
Reconhece-se a diferenciação do território e as várias direcções em que ele está a
mudar. As várias tipologias já produzidas, para o caso português, demonstram
claramente esta diferenciação (GPPAA, 2003; Ferrão, 2004; Marques, 2004; Pinto-
Correia, 2006, entre outros). Poderiam ser uma base de trabalho para prosseguir no
sentido de encontrar a estratégia adequada a cada tipo de situação, sem esquecer a
lógica de conjunto para a totalidade do território.
Quanto aos problemas detectados e que aqui se tentaram descrever, eles não são
novos. O que é talvez mais novo é a constatação de que todo o território se encontra em
processos de mudança, mas que essa mudança vai em direcções muito variadas e tem
que ser compreendida como tal (Nowotny et al., 2001; van der Ploeg, 2009). No sentido
de prosseguir para uma maior coesão, não se trata de normalizar a realidade que é muito
diversa, mas sim de potenciar essa diversidade, e ajustar os desequilíbrios que mais
influenciam a qualidade de vida das populações e a sustentabilidade global. Os
processos de transição em curso poderiam assim ser aproveitados para reinventar a
sustentabilidade ou o progresso nesse sentido, de forma não tanto normativa mas sim
flexível e adaptável a cada realidade (O’Riordan e Voisey, 1998). Por outro lado, as
soluções apontadas, ou os domínios onde se deve investir para prosseguir no sentido de
um maior equilíbrio ou coesão, também não são novas. Muitas das linhas estratégicas
que agora se apontam, estão já identificadas há algumas décadas, e têm sido defendidas
por inúmeros especialistas, quer em Portugal quer a nível internacional. No entanto, e
uma vez que ainda se mantêm ou reforçam muitos desequilíbrios, assim como
ineficácias comprovadas dos instrumentos de gestão territorial, torna-se necessário
continuar a chamar a atenção para estas possíveis linhas de actuação e reforçar a sua
premência.
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