Trp2-Ad. Trabalho de Referências ao Projeto de Atelier
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CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IZABELA HENDRIX
Curso de Arquitetura e Urbanismo - Noite
Disciplina: História e Teoria da Arquitetura e da Cidade IV
Professor: Luiz Mauro do Carmo Passos
TRP2-AD. Trabalho de Referências ao Projeto de Atelier
Referências conceituais: “Patrimônio: Objetos, operações de valorização e
modelos de intervenção”
Aluna: Lorena Gonçalves Ferreira dos Reis
Belo Horizonte
Setembro / 2015
1. Análise do estado da arte atual da Intervenção sobre o patrimônio
cultural edificado, caracterizando suas práticas e produtos.
A ampliação objetos considerados como bens patrimoniais
O objeto, a forma e as naturezas do culto se transformaram a princípio
como conseqüência de uma expansão generalizada de suas áreas de
difusão, de seu corpus e de seu público; depois, recentemente, por sua
ligação com a indústria cultural. Sendo de origem privado, o culto ao
monumento histórico não ocorreu progressivamente através da conversão
individual de seus “fiéis”, essa transformação foi preparada com advento de
uma administração assumida pelo Estado, o qual utilizou do modelo
jurídico, administrativo e técnico oferecido pela França para a Europa.
Mas a grande mudança, em termos quantitativos, sofrida pelo culto ao
patrimônio a partir da década de 1960 deriva mais diretamente de um
conjunto de processos solidários que, na França, reforçaram a política
cultural do Estado e em outros lugares sempre apressaram o seu
estabelecimento.
A mundialização dos valores e das referencias ocidentais contribuiu para a
expansão das práticas patrimoniais que pode ser simbolizada pela
Convenção relativa à proteção do patrimônio mundial cultural e natural,
adotada em 1972 pela Assembléia Geral da UNESCO. Essa Convenção
adotada em 1972 e aceita três anos depois por apenas 21 países do mundo,
contava em 1991 com 112 países, sendo que os Estados Unidos foram os
primeiros a aceitá-la.
A expansão do campo cronológico dos monumentos históricos foi
determinada a partir das descobertas da arqueologia e o refinamento o
projeto memorial das ciências humanas. Assim os produtos técnicos da
indústria adquiriram os mesmos direitos de conservação que as obras de
arte arquitetônicas e as realizações da produção artesanal.
Paralelamente, ocorre a expansão tipológica do patrimônio histórico: onde
um conjunto de edifícios modestos, nem memoriais nem prestigiosos, são
reconhecidos e valorizados por disciplinas novas como a etnologia rural e
urbana, a história das técnicas a arqueologia medieval, foram integrados ao
corpus patrimonial.
A popularização dos monumentos históricos se deve ao grande projeto de
democratização do saber que foi reanimado pela vontade moderna de
erradicar as diferenças na fruição dos valores intelectuais e artísticos, aliado
ao desenvolvimento da sociedade de lazer e do turismo cultural em massa.
Os sistemas de valores e estilos de conservação: e as formas ou
operações de valorização do patrimônio.
Valorização é uma expressão que deveria tranqüilizar quanto a sua
associação com o patrimônio histórico, porem se trata de uma expressão
ambígua, pois, ao mesmo tempo em que, remete a valores do patrimônio
que é preciso fazer reconhecer, contém igualmente a noção de mais-valia, e
não deixa de ser verdade que se trata de uma mais-valia de interesse, de
encanto, de beleza, mas também da capacidade de atrair, cujo é capaz de
influências econômicas.
Essa ambivalência da palavra “valorização” aponta um antagonismo entre
dois sistemas de valores e dois estilos de conservação.
Uma tendência leva em consideração o respeito, e dá continuidade,
utilizando-se dos novos recursos proporcionados pela ciência e pela técnica.
Enquanto a outra, leva em consideração a rentabilidade e o prestígio, agora
dominante, onde desenvolve com apoio do Estado e das associações
públicas, práticas condenadas no século XIX, que depois seriam
estigmatizadas pela Carta de Veneza, e inventa novas modalidades de
valorização.
Ou seja, o campo patrimonial no mundo inteiro é hoje palco de um combate
desigual e incerto, onde o poder de alguns indivíduos permanece grande e a
ordem de um prefeito, inspetor ou arquiteto pode mudar o rumo do destino
de um monumento.
Os modelos de Intervenções sobre o patrimônio urbano: a
concepção de patrimônio, o tipo de objeto visado e as formas de
ação
Primeiro modelo: Segundo a “Carta de Burra”, redigida pelo ICOMOS em
1980, pode-se definir a preservação como a “manutenção no estado da
substância de um bem e a desaceleração do processo pelo qual ele se
degrada.” A primeira onda de políticas para o patrimônio protegia
basicamente edificações, estruturas e outros artefatos individuais, e tendo
como foco, de fato, a limitação da mudança e não incorporava o seu
entorno, para prevenção de futuros abusos quanto a sua valorização.
Assim fica clara a concepção restrita e limitada do patrimônio implícita no
modelo da preservação.
Quanto ao tipo de objeto, as políticas de preservação desenvolvidas até os
anos 60 protegiam normalmente edificações, estruturas e outros artefatos
individuais, invocando-se como razões para sua preservação a
excepcionalidade do bem.
No que se refere ao marco legal pressuposto para a preservação, o campo
também vai estar bastante definido até os anos 60. Com a consolidação do
conceito de monumento histórico ao longo do século XIX vão surgindo as
legislações quanto ao patrimônio histórico. No Brasil, neste primeiro modelo
pertencer ao patrimônio vai ter, ao lado de um significado cultural, um
significado jurídico quase único: preservar se identificava, quase que
automaticamente, com "tombar". Instrumento introduzido no Brasil na
década de 30, o tombamento, pensado inicialmente para proteger bens
excepcionais, permanece até muito recentemente quase como o único tipo
de proteção efetivamente utilizado no país.
Sobre o tipo de ação, pode-se perceber o claro predomínio do Estado, que é
o protagonista quase exclusivo das políticas de patrimônio. Não parece
haver dúvida também quanto ao papel - decisivo – reservado aos peritos:
além da incumbência da própria delimitação do campo, esses tratariam de
fiscalizar, restaurar e conservar os bens identificados. Pela própria natureza
dos bens a serem protegidos e pela concepção da ação que se deveria
exercer sobre eles, podemos deduzir, então, o tipo de profissionais
envolvidos nessas políticas: majoritariamente arquitetos e historiadores.
Segundo modelo: Nos anos 60, tem início a formulação de uma outra visão
de intervenção sobre o patrimônio, a da conservação. Segundo a “Carta de
Burra” de 1980 “O termo conservação designará os cuidados a serem
dispensados a um bem para preservar-lhe as características que
apresentem uma significação cultural. De acordo com as circunstâncias, a
conservação implicará ou não a preservação ou a restauração, além da
manutenção; ela poderá, igualmente, compreender obras mínimas de
reconstrução ou adaptação que atendam às necessidades e exigências
práticas”.
Ocorre também o surgimento de um novo marco legal das políticas do
patrimônio: a idéia das “áreas de conservação”, que são, para adotarmos a
definição clássica do Civil Amenities Act britânico, de 1967, “áreas de
especial interesse arquitetônico ou histórico, cujo caráter deseja-se
preservar ou promover”. A legislação inglesa não vai ser, no entanto, a
precursora na Europa, sendo precedida pelo “Ato dos monumentos”
holandês e, principalmente, pela Lei Malraux da França, ambos de 1961.
No que se refere aos atores envolvidos, o Estado continua sendo o
protagonista, apesar de já se perceber a necessidade de participação das
comunidades e da iniciativa privada. A ação estatal, no entanto, vai ser
diferente, deixando de ser apenas uma reação especial a casos
excepcionais, e passando a ser uma ação contínua, parte integral de um
processo de planejamento urbano. Assim nos profissionais envolvidos, os
planejadores urbanos somam-se aos arquitetos e historiadores, que
continuam predominando nas políticas de patrimônio.
Se num primeiro momento a questão da conservação ainda não se liga
imediatamente à ideia de desenvolvimento das áreas conservadas, esta
questão aparece na próxima etapa, quando se introduz a ideia da
reabilitação dos centros históricos.
Terceiro modelo, o da reabilitação urbana: partindo da compreensão da
realidade sobre a qual se quer atuar, as políticas de patrimônio não se
limitam mais a apenas formular estratégias de controle para as áreas a
serem conservadas, mas passam a traçar estratégias amplas para o seu
desenvolvimento, que partem exatamente de seu caráter de áreas
conservadas.
No modelo da reabilitação, o Estado vai deixar de desempenhar um papel
negativo, de apenas impor restrições à descaracterização, e passa a
articular projetos de desenvolvimento para as áreas a serem preservadas,
conservadas ou revitalizadas. Além disso, ele também deixa de atuar
praticamente sozinho e passa a desempenhar o importante papel de
articular os outros atores e de traçar em conjunto com eles os cenários de
desenvolvimento futuro.
Com isso, introduz-se também um novo padrão de planejamento das
cidades, que passa a estar comprometido com a negociação e o
estabelecimento de parcerias entre atores púbicos e privados.
O marco legal envolvido sofre alterações trata-se de uma tarefa muito mais
ampla de articulação de planos de desenvolvimento para essas áreas, o que
pressupõe não só uma série de medidas administrativas, mas também a
utilização de um complexo instrumental legal que vem responder a essa
nova situação.
Ocorre ampliação no tipo de profissional envolvido na formulação das
políticas de patrimônio com a introdução de administradores e gestores,
que passam a desempenhar importante papel na articulação da pluralidade
de atores envolvidos.
2. Análise comparativa de Obras indicadas: MMGVale / CCBB-BH
MMGVALE – Memorial Minas Gerais Vale
No Memorial Minas Gerais Vale, o objetivo em destaque é o patrimônio
cultural e histórico mineiro, como importante fonte de experiências e
emoções. Ele reúne manifestações contemporâneas, populares e folclóricas,
além de contar um pouco sobre a história do Estado. É baseado em três
conceitos centrais. Seu projeto tem como essência não só um resgate do
passado, mas também de um museu em construção permanente, unindo
num só lugar o passado, futuro e de identidade do mundo contemporâneo.
Assinado por Gringo Cardia, um artista brasileiro de relevância
internacional. É conhecido como um Museu de Experiência, o Memorial
Minas Gerais Vale contendo tradições mineiras contadas de uma
forma totalmente original e interativa. São variados cenários reais e virtuais
que se misturam para criar experiências e sensações que levam os
visitantes ao século XVIII e ao século XXI. O Memorial coloca em contato
direto presente e passado promovendo, com esse gesto, formas de
aproximação do público com as questões que atravessam nosso tempo.
Foi aberto em 2010, antes sendo sede da Secretaria do Estado da Fazenda
de Minas Gerais. A edificação é histórica e 1897 é um local que foi lançado a
pedra fundamental da cidade de Belo Horizonte. Foi tombado pelo Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG.
Foi criado e mantido pela Vale por meio de sua Fundação, o Memorial
integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade.
É percebido que no Memorial de Minas Gerais apresentam-se os conteúdos
de uma forma bem interessante e interativa, pois os textos escritos não são
muito utilizados. As informações são passadas por telas, quando você se
aproxima com um fone de ouvido, você começa a ouvir, seja documentário,
música, ou alguma pessoa narrando algo relacionado ao conteúdo
apresentado naquela sala.
É dividido em três grandiosos pavimentos e não tem uma seqüencia
determinada para percorrer os espaços. Todos os visitantes têm liberdade para fazer o seu trajeto. São 31 salas, todas compondo o local com tecnologia usada em conjunto com objetos e cenários tradicionais para criar
um espaço bem rico e futurista. Recuperaram a luminosidade de boa parte do edifício criando um espaço de articulação entre as salas expositivas, o
pátio interior central tem um jardim e o antigo telhado que cobria o espaço foi substituído por uma cobertura em vidro. Em todos os pisos há educadores disponíveis para auxiliar os visitantes.
CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil
Construído em 1926 e inaugurado em 1930, pelo arquiteto Luiz Signorelli para ser a Secretaria de Segurança e Assistência Pública, com estilo eclético
erguido no conjunto da Praça da Liberdade, famoso por sua arquitetura livre. Possui seis andares, com programação regular e diversificada, contendo áreas de exposições temporárias, teatro com capacidade para 270
pessoas, salas multiuso, ambientes de convivência, lazer, alimentação, e também uma loja para comercialização de produtos culturais. O edifício
possui uma área construída de 12.000m² (ocupando atualmente 8.000m² desse total). Foi totalmente restaurado e reaberto, hoje abrigando o Centro Cultural Banco do Brasil, sendo uma rede de espaços culturais geridas e
mantidas pelo Banco do Brasil, aberto ao público em agosto de 2013. Foram no total duas etapas de restauração, na primeira etapa foram previstos 8
mil metros quadrados, aos quais se somaram outros 4 mil na segunda fase, totalizando 12 mil metros quadrados de área construída, colocando-o como um dos maiores espaços culturais do País. A obra de restauração e
adaptação do prédio projetado em 1926 foi iniciada em agosto de 2009. O Banco do Brasil investiu R$ 37 milhões nessa reforma, restauro e aquisição
de mobiliário e equipamentos. O Centro Cultural é resultado de uma grande parceria entre o Banco do Brasil e o Governo do Estado de Minas Gerais e
integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade.
Falando em acessibilidade ele possui rampa de acesso no prédio para
pessoas com deficiência física, indicação sonora e em braile nos elevadores, banheiro acessível em todos os andares, guichê de caixa eletrônico
acessível para as pessoas em cadeiras de rodas, disponibilidade de elevadores adaptados ligando os pavimentos, sinalização tátil no corrimão e totens, duas vagas de estacionamento público destinadas a pessoas com
deficiência na Avenida Brasil e na Rua Gonçalves Dias, escadas com corrimão e indicações em braile e teatros com box para cadeirantes.
3. Conceituar o produto a ser projetado no Atelier, definindo seu perfil e suas características qualitativas e os objetivos e diretrizes do projeto.
O objetivo geral é estudar, compreender a necessidade, e propor intervenções em edificações históricas, com o uso de tecnologias
contemporâneas e sistemas construtivos industrializados. Especificamente, para implantação de um núcleo de atividades artísticas num conjunto de
antigas residências na Avenida Amazonas, entre as ruas Mato Grosso e dos Aimorés, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Analisando sempre a importância da preservação de edificações históricas,
compreendendo a legislação que permeia o patrimônio histórico em Belo Horizonte e especificamente no Bairro Santo Agostinho, estudando qual é a atual situação de intervenções em edifícios de valor histórico e também
pesquisando sobre sistemas construtivos industrializados, disponíveis no mercado em Belo Horizonte e sua aplicabilidade.
(O conjunto de casas da Amazonas é de propriedade da Sociedade de Inteligência e Coração – SIC, mantenedora também do Colégio Santo Agostinho, vizinho ao conjunto. Essas casas são de interesse de
preservação histórica, e são classificadas como Registro Documental e Tombadas)
O produto a ser projetado em Atelier, é a proposta de intervenção em edificações históricas, implantadas num terreno que está localizado, em um Conjunto de Interesse Histórico no bairro Santo Agostinho, zona central de
Belo Horizonte, em Minas Gerais. Será feito um projeto para requalificação de quatro casas de um conjunto de residências abandonadas desde a
década de 80, e a concepção de um anexo fazendo sempre análise das adaptações nas edificações históricas, tecnologias construtivas e questões normativas. Esse produto tem intenção de analisar a necessidade de se
requalificar edificações históricas em desuso. E como opção de intervenção, utilizar-se de tecnologias contemporâneas. A proposta é fazer intervenções
físicas e de uso em quatro antigas casas. As requalificações que possivelmente serão feitas, poderão ser justificadas através de levantamentos em campo, que demonstram o descaso e o abandono das
edificações, e a necessidade de tratá-las para se garantir uma unidade com o entorno já preservado, que compõe o Conjunto Urbano Avenida
Barbacena – Grandes Equipamentos (conjunto de interesse histórico e de preservação, tombado pelo patrimônio municipal).
(São casas de alvenaria de tijolo maciço; lajes de concreto; cobertura de telha colonial; pisos de taco, mármore, pastilha, cerâmica, marmorite; esquadrias de madeira e vidro e de ferro e vidro; reboco
texturizado; revestimento de azulejo)
Em relação às operações de uso, é criar um núcleo de atividades artísticas,
que se integre com os equipamentos do entorno – por exemplo, as várias escolas e igrejas. Porém em um projeto de intervenção, para um uso
específico como o de ensino, a tendência é que o projeto sofra adaptações específicas que devem ser solucionadas, da melhor maneira a suprir necessidades, como por exemplo, termo-acústicas, de estrutura, de
iluminação, ou seja, de conforto ambiental. Assim sendo, caminha-se para o viés das operações físicas.
Referência Bibliográfica
- CHOAY, Françoise. "O patrimônio histórico na era da indústria cultural".
In: A alegoria do patrimônio. São Paulo: Ed. Unesp, 2001, p. 205-237, principalmente “De objeto de culto à indústria”, 206-211; “Valorização”, 212-218.
- CASTRIOTA, Leonardo Barci. Intervenções sobre o patrimônio urbano:
modelos e perspectivas. Forum Patrimônio: amb. constr. e patr. sust., Belo Horizonte, v.1, n.1, set./dez. 2007. Disponível em:
http://www.forumpatrimonio.com.br/material/pdfs/d23192f049e13a93838d.pdf. Publicado também em CASTRIOTA 2009
- Memorial Minas Gerais Vale: http://www.memorialvale.com.br/
- Centro Cultural Banco do Brasil: http://culturabancodobrasil.com.br/portal/belo-horizonte/