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TROMBOSE VENOSA CEREBRAL

Prof. Edison M. NóvakDisciplina de Neurologia

Departamento de Clínica MédicaUniversidade Federal do Paraná

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Trombose Venosa Cerebral

TVC: forma mais incomum de DVE - 0,5 % do total ? unanimidade: ocorrência maior que registrado possíveis causas:• menor identificação clínica pelo médico nos setores de Emergência • menor intensidade de sintomas em alguns casos• inespecificidade dos sintomas, p ex cefaléia• menor morbidade e mesmo resolução progressiva para melhora com

tratamentos sintomáticos e sem sequelas, em alguns casos• apresentações clínicas variáveis• incidência em faixas etárias menores que para tromboses arteriais• menor divulgação e impacto, inclusive no meio médico e educacional

Acomete veias e seios venosos durais

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Anatomia do Sistema Venoso

A- conjuntos de veias cerebrais superficiais (corticais ), de veias cerebrais profundas e de veias de fossa posterior :

superficiais v. frontal, parietal, occipital e cerebral média diversas tributárias menores profundas v.cerebral interna- resulta da fusão das v.tálamo-estriada,coroidea e septal v.basal de Rosenthal infratentoriais v.precentral v.superior e inferior do vérmis v.hemisféricas v.pontinas e mesencefálicas

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B- Conjunto dos seios venosos durais: 16 seios, divididos em Seios pares transversos sigmóides cavernosos petrosos superiores petrosos inferiores esfenoparietais

Seios ímpares sagital superior sagital inferior reto occipital

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Anatomia venosa

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Anatomia venosa

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Anatomia venosa

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Topografia

2 formas de trombose com fisiopatogenia e quadro clínico distinto Concomitância dos dois processos pode ocorrer

veias corticais - 10 a 16 veias principais com efeitos locais relativos à região afetadaincidência: 18 % das TVC

seios durais - síndrome de hipertensão intracraniana incidência: 86 % seio transverso

62 % seio sagital superior 18 % seio reto 12 % veia jugular 11 % veia de Galeno e veias cerebrais internas

Ferro JM e cols. ISCVT Stroke 2004; 35: 664-670Stam J. NEJM 2005;352:1791-8

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FISIOPATOGENIA

Tríade de Virchow: * estase venosa * hipercoagulabilidade * lesão endotelial trombose com pelo menos 1 dos elementos da tríade Fase inicial: trombo vermelho- fibrina e componentes do sangueFase crônica: trombo branco- tecido fibroso/trabéculas

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Patogênese

Trombose de veias corticaisoclusão venosa edema citotóxico com dano a bomba dependente de energia da membrana celular e edema vasogênico com quebra da barreira hemato-encefálica e transudação de plasma para interestício infarto venoso

Trombose de seios duraisLCR absorvido nas vilosidades aracnoideas é drenado para SSSTrombose aumenta pressão venosa e reduz absorção de LCR hipertensão intracraniana

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Etiologia

Múltiplos fatores, isolados ou concomitantes • 44% dos casos mais de 1 fator – ISCVT

Dados diferentes conforme casuística • fator étnico?• drogas?

20-35 % (12 % em ISCVT): sem diagnóstico etiológico

Considerar • fatores de risco para prevenção• fatores de risco e causas diretas

Ferro JM e cols. ISCVT Stroke 2004; 35: 664-670

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Etiologia

Estados protrombóticos Congênitos: deficiência de antitrombina

deficiência de proteína C e S mutação do Fator V de Leiden mutação de protrombina mutação de MTHFR hiperhomocisteinemia

Adquiridos: síndrome nefrótico síndrome antifosfolípides hiperhomocisteinemia

coagulação intravascular disseminada trombocitose induzida por heparina/heparinóides Fisiológicos: gravidez puerpério

Stam J. NEJM 2005;352:1791-8

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Etiologia

Infecções: otitemastoiditesinusitemeningiteinfecções sistêmicas

Doenças inflamatórias: L.E.S. granulomatose de Wegener sarcoidose

doença de Behçet doença de Crohn

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Etiologia

Doenças hematológicas: policitemia primária e secundária trombocitemia

leucemia anemia

Drogas: anticoncepcionais hormonais, 3ª geração, risco aumentado quando associado a outros fatores (trombofilia,tabagismo)

Causas mecânicas: trauma craniano cateterização de veia jugular

procedimentos neurocirúrgicos Diversas: desidratação (especialmente em crianças)

câncer

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Manifestações clínicas

Sintomas de início súbito e piora progressivaCefaléia• Primeiro sintoma em 75 – 91% casos• Pode ser sintoma isolado• Sem características típicas• Secundária a distensão de receptores de dor nos sistemas venosos?

Crises convulsivas• 10 – 63% dos casos• Focal ou generalizada• Geralmente secundárias a infartos venosos corticais

Ferro JM e cols. ISCVT Stroke 2004; 35: 664-670Torbey MT. AAN 2007

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Manifestações clínicas

Alteração do nível de consciência• Durante a evolução em 10 – 93% casos • Incomum ser achado inicial• Evento pós-ictal?• Infarto bilateral do tálamo medial coma

Hipertensão Intracraniana• Papiledema em 7 – 80% casos• Diplopia por paresia VI par em casos severos

Sinais focais• Pode simular quadro arterial* ausência de síndrome arterial bem definida, associação com crise

convulsiva e alteração da consciência

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Manifestações clínicas

Seio cavernoso• Ptose, quemose e proptose• Cefaléia peri/retro-orbitária• Envolvimento III, IV, V (V1 e V2) e VI pares

cranianos

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Manifestações clínicas

Seios laterais – transverso e sigmóide• Infecções crônicas da orelha e mastóide• Dor em bordo anterior do esternocleidomastodeo

(topografia veia jugular)• Geralmente poucos sinais focais (diplopia VI)• Papiledema pode estar presente (50%) mais acentuado

no lado afetado• Síndrome de Gradenigo (V e VI pares cranianos)

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Trombose de veias cerebrais profundas – Seio Sagital Inferior,Veia de Galeno, Veia basal de Rosenthal, Veia Cerebral Interna

• mortalidade extremamente grave com alta taxa de mortalidade e morbidade severa • mais comum em crianças • instalação aguda de coma, descerebração ou rigidez extrapiramidal, choque neurogênico, anormalidades pupilares, aumento da pressão intracraniana • sequelas: mutismo acinético, demência ou retardo mental grave, atetose, oftalmoplegia vertical, distonia

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Investigação diagnóstica

Punção lombar• Aumento leve da pressão de abertura• Hiperproteinorraquia• Pleocitose discreta (linfocítica ou mista)• LCR normal em até 50% dos casos• Indicado se há sinais de sepse ou infecção SNC

Doppler Transcraniano• Velocidade venosa normal não exclui TVC• Monitorização?

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Investigação diagnóstica

TC crânio• Exame de emergência• Diferenciar: abscesso, sangramento, isquemia, tumores • Sinal delta vazio falha de enchimento pós contraste• Sinal da corda• Normal em 25-30% dos casos

Angio TC com fase venosa

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Investigação diagnósticaRNM/AngioRNM

• Diagnóstico e seguimento• Achados dependem da “idade” do trombo

Angiografia• Padrão ouro, porém invasivo• Falha de enchimento na fase venosa

Stam J. NEJM 2005;352:1791-8

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Investigação etiológica

Hemograma, hemoculturas Provas de atividade inflamatórias

• VHS• Proteína C reativa

Triagem de coagulopatias• Anticorpo antilúpico• Anticardiolipina• Proteína C e S• Antitrombina III• Fator V Leiden

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Tratamento da trombose

Fase aguda• Anticoagulação

• Se não houver contra-indicação absoluta• Heparina baixo peso molecular

Piora clínica apesar do tratamento: Trombólise intravenosa química ou mecânica, ainda não consensual

Einhäupl K. Eur J Neurol 2006;13:553-59

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Tratamento da trombose

Prevenção de recorrência

• Anticoagulação oral• 3 – 6 meses se causa for transitória• 6 – 12 meses TVC idiopática ou trombofilia hereditária leve• Contínua TVC recorrente ou trombofilia hereditária severa

Einhäupl K. Eur J Neurol 2006;13:553-59

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Tratamento sintomático

Hipertensão Intracraniana• Papiledema com déficit visual

• Punção lombar repetida• Acetazolamida• Derivação ventricular• Fenestração do forame óptico: discutível

• Redução da consciência ou herniação• Terapia osmótica• Sedação e hiperventilação• Hemicraniectomia

Einhäupl K. Eur J Neurol 2006;13:553-59

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Tratamento sintomático

Convulsões• Fase aguda

• Crises convulsivas• Lesões parenquimatosas• Déficit neurológico focal

Prevenção na fase crônica• Convulsões na fase aguda• Lesões focais hemorrágicas (infarto hemorrágico)

Einhäupl K. Eur J Neurol 2006;13:553-59

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Tratamento geral

Antibiótico• Se causa infecciosa

Analgésicos• Conforme a dor

Sedação leve

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Prognóstico

624 pacientes – 6 meses após o diagnóstico• 57,1% sem sinais ou sintomas• 22% sintomas residuais mínimos• 7,5% incapacidade leve• 2,9% incapacidade moderada• 2,2% incapacidade severa• 8,3% óbito

Recorrência - 2,2% Outros eventos trombóticos – 4,3%Convulsões – 10,6%

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