Triângulo Estratégico América Latina - Europa - África€¦ · da região do sudoeste...

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Triângulo Estratégico América Latina - Europa - África Realidade e potencial de expansão

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Triângulo Estratégico América Latina - Europa - África Realidade e potencial de expansão

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Os pontos de vista e as opiniões expressas neste estudo visam incentivar o debate e partilha de opinião. Visto que cada negócio tem objectivos e características específicas, estas ideias não deverão ser vistas como aconselhamento profissional em relação ao negócio. A Accenture não faz representações nem presta garantias, implícitas ou expressas, quanto ao conteúdo deste estudo. Não efectuou qualquer verificação da completude ou correcção da informação contida neste estudo e não assume qualquer responsabilidade por eventuais incorrecções ou decisões adoptadas com base no seu conteúdo. Os leitores deverão ser responsáveis pelo uso de informação contida neste estudo. A Accenture, o seu logotipo e High Performance Delivered são marcas registadas da Accenture. Este estudo faz referência a marcas registadas de outras entidades. O uso destas marcas neste estudo não é considerado inapropriado pela Accenture e não tem como objectivo representar ou implicar nenhuma associação entre a Accenture e os proprietários dessas marcas registadas.

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Introdução: Um Triângulo, múltiplos vértices

A globalização, enquanto conceito fundamental do tempo em que vivemos, continua a influenciar a geografia económica em formatos que apenas agora começamos a entender. O contexto recessivo das economias ocidentais tem reforçado este tema no debate, e acrónimos como BRICS, CIVETS ou MINTS, surgem cada vez mais frequentemente, também como forma de vender o potencial desses destinos aos investidores internacionais. Apesar de um Triângulo Atlântico com múltiplas velocidades, é aceitável falar de um “eixo emergente” entre África e a América Latina e, como resultado de algum entusiasmo excessivo, estas regiões já foram adjectivadas como “Chinas do futuro”.

Na realidade, estas áreas representam menos de ¼ da dimensão económica da Ásia e, até 2050, estima-se que contribuam com menos de 10% do crescimento mundial. Quando examinados os fluxos comerciais, de investimento e de aquisições, constata-se que a Ásia continuará a ser indiscutivelmente o motor de crescimento mundial, sendo que a sua preponderância, mesmo no espaço geográfico em análise, levanta frequentemente a questão de saber se o verdadeiro Triângulo é aquele que não inclui a Europa.

A análise do potencial de um Triângulo Estratégico entre América Latina-Europa-África, com um universo superior a 100 países, baseia-se necessariamente na generalização de um sistema com realidades muito distintas nos seus vértices, não só na

vitalidade económica que apresentam, mas também, em muitos casos, na maturidade da sua identidade sociocultural. A polarização destas geografias, mais do que por regiões ou nações, ocorrerá de forma dramática nas cidades que, tomando o continente africano como exemplo, concentrarão mais de 40% da população. Com o objectivo de garantir compreensão e accionabilidade, simplificam-se noções sobre “mercados emergentes” que incluem potências comprovadas como o Brasil. Reconhece-se que a perspectiva da autoria acaba por destacar inevitavelmente sub-regiões como a África Subsaariana e o seu potencial agrícola, ou a Península Ibérica e o poder linguístico que encerra, através dos seus idiomas que, juntos, constituem a 2ª língua mais falada no globo.

Não obstante, existem razões de optimismo sobre a diferenciação deste Triângulo no palco global: o capital humano, reconhecendo a necessidade do equilíbrio entre demografia, saúde, educação e urbanização; os recursos naturais, com ênfase no potencial alimentar; e a proximidade cultural. Tal como a localização geográfica, este último elemento é o menos replicável das variáveis e, se promovido efectivamente, um relevante factor de vantagem competitiva face a outras regiões.

Apesar das vantagens de compreender e influenciar o contexto macroeconómico e geoestratégico, a verdadeira concretização de relações triangulares será materializada em organizações que integrem o Triângulo Estratégico nos seus próprios modelos de

negócio e operativos. Neste âmbito, muitos dos casos de referência são identificados em empresas com origens nos mercados emergentes, melhor capacitadas para interiorizar a multipolaridade que condiciona e reconstrói continuamente a perspectiva que as organizações possam ter sobre as suas vantagens.

Com toda a simplificação inerente a um documento desta natureza, assume-se o objectivo de suportar, pela estruturação de evidências económicas e empresariais, um debate alargado e multidisciplinar sobre o potencial geoestratégico do Triângulo América Latina-Europa-África, integrando as dimensões politica, social, académica e cultural. Identificar traços estruturais da situação económica actual destas geografias, que sustentem a tomada de consciência, apoiem o desenvolvimento de cenários e hipóteses de trabalho e, finalmente, que motivem a acção de responsáveis públicos e privados.

Este estudo é parte integrante do posicionamento estratégico da Accenture enquanto parceiro para a internacionalização das organizações, sustentado num programa de longo prazo para a pesquisa e estudo sobre a globalização das economias. Os conteúdos apresentados baseiam-se na sistematização de dezenas de estudos, a partir da pesquisa e experiência nos mercados, realizados de forma autónoma ou em continuidade com organizações internacionais como o Fórum Económico Mundial.

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Infografia1 - África e LATAM apresentam um potencial que deve ser considerado em perspectiva

Na velocidade: ½ do crescimento económico mundial até 2017 ocorrerá nos países emergentes, com 40% a partir da Ásia; África e LATAM representam menos de ¼ desse valor

40% Ásia

10% África e LATAM

Na dimensão de base: economia asiática = 3x LATAM e 9x África

3x9x

=1x

Até 2030, o número de novos agregados na China com rendimentos anuais entre $15.000-$30.000 será 25x superior aos da América Latina

No resto do mundo, internacionalização exige presença directa

Intensificação dos fluxos comerciais entre mercados emergentes

Surgimento de multinacionais emergentes

=+

4 - A análise dos fluxos comerciais e de investimento NÃO sugere um Triângulo Estratégico:

+70% Intra-UE

Europa sobreexposta ao mercado interno

Distância geográfica não limita os asiáticos: o principal parceiro comercial da África Subsaariana; China é o 1º fornecedor nas importações

O crescimento africano baseia-se essencialmente em commodities e esta dependência torna-se evidente nas exportações (+70%)

+70% Exportação

2 - Consumo privado da classe média

3 - Realidade e potencial de expansão

25x

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5 - Fluxos de investimento

Investimento em Mercados Emergentes

A capacidade de atracção de investimento é ainda reduzida em África

3% do IDE mundial na África Subsaariana

Ásia

O mapa de investimentos depende de um contexto volátil: capacidade de financiamento dos emergentes e possibilidade de aproveitar “oportunidades a desconto” na Europa, como “porta de entrada”

6 - Factores competitivos do Triângulo Estratégico

Com 30% da população activa mundial e jovem, a pirâmide demográfica conjunta é equilibrada, devendo ser reconhecidos os temas de saúde, educação e urbanismo

30% jovem Forte interdependência+90% das exportações da LATAM para a China foram produtos primários, nos quais se incluem produtos alimentares importados pelo país asiático

1/4

Os recursos naturais tornam o eixo emergente: LATAM - África como incontornável

+1/4 +50% +50%

Uma antiga ligação histórica e língua comum são factores mais determinantes que a distância física na relação comercial entre países: a proximidade cultural, através da interligação histórica com a Europa, é o mais importante factor distintivo do Triângulo Estratégico face a outras áreas económicas

7 - As multinacionais emergentes: a ilustração das organizações multipolares

Multinacionais emergentes resultam de capacidades distintas como a abordagem aos “segmentos-base-da-pirâmide” e o maior conforto com o risco

Vários casos de inovação disruptiva sustentam leapfrogs evolutivos e comprovam a dispersão geográfica das capacidades como vantagem competitiva

Face à concorrência asiática, a marca ainda é uma variável que pode ser diferenciadora no Triângulo Estratégico

LATAM e África

Saldos

8x

5

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Metade do crescimento económico mundial até 2017 ocorrerá nos países emergentes, com 40% a partir da Ásia; África e LATAM representam menos de ¼ desse valor.

6 6

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A composição da riqueza e do crescimento global têm sofrido uma alteração profunda nas três últimas décadas. A desaceleração das economias desenvolvidas tem salientado a evolução dos restantes países como notáveis contribuintes para o crescimento do PIB mundial, sobretudo por parte de países como a China.

Nas décadas de 70, 80 e 90 (Figura 1), a contribuição das economias emergentes da Ásia, América Latina (LATAM) e África não apresentavam um peso significativo para o crescimento do PIB mundial (18% nos anos 80), tendo este valor aumentado significativamente para 55% na década de 2000-2009. Em 2010, atingiram o valor mais elevado, quando 60% da variação do crescimento do PIB mundial derivou das economias emergentes, face a 16% da Europa e 19% da América do Norte1.

I. Potencial da América Latina e África no contexto global: razões para um optimismo equilibrado

As projecções estimadas até 2017 indicam que as regiões emergentes venham a representar cerca de metade do crescimento do PIB mundial, apenas com a Ásia a representar mais de 40% dessa variação2.

Desde a década de 2000-2009, que a contribuição de África e LATAM para esse crescimento se encontra relativamente constante em torno dos 11%. Estima-se, até 2017, uma redução para 9%, ou seja, menos de ¼ do crescimento asiático. Apesar disso, as perspectivas de expansão económica são bastante positivas para estas áreas do globo, onde se prevê que entre 2011 e 2017, o crescimento composto destas economias seja aproximadamente 8,3%, favorecido por melhorias nas políticas macroeconómicas (África)3, e potenciado pelo aumento do consumo interno, com o incremento considerável da classe média (LATAM)4.

A supremacia entre economias emergentes é, inquestionavelmente, da região da Ásia, que inclui “mega economias” como a China e a Índia, e que também incorpora o dinamismo da região do sudoeste asiático: em 2011, a dimensão absoluta da economia asiática era 3 vezes superior à da LATAM e 9 vezes a africana. Trata-se de regiões extensas e diversas, em que se destacam oito pólos dinamizadores, que concentram cerca de 40% do “crescimento emergente” entre 2007 e 2011: China e Índia com 70% do crescimento na Ásia (40 países); África do Sul, Egipto, Nigéria e Angola, com 58% do crescimento africano (57 países), e Brasil e México, com 63% do crescimento da LATAM (47 países). Mesmo excluindo a China e a Índia, o crescimento asiático, em 2011, apresenta-se superior ao da LATAM ou de África.

Figura 1: Variação do PIB por regiões, preços constantes (1970-2017)

300

250

200

150

100

50

- África

Outros (restante Europa, Oceânia, Japão)

UE 27

América do Norte

Ásia (excl. Japão)

América Central e Sul

70 - 79 80 - 89 90 - 99 00 - 09 2010 2011 2012e 2013e 2014e 2016e 2017e

71,2

25%

26%

31%

14%

93,4

10%

16%

18%

44%

7%4%

197,8

10%

16%

18%

44%

10%1%

196,1

15%

17%

15%

42%

7%3%

275,1

18%

16%

17%

40%

6%3%

7,8% CAGR

8,3% CAGR

Notas: Décadas 70´s, 80’s, 90’s e 00’s calculadas com média anualizada; Fonte: UNCTADSTAT, IMF e Análise Accenture

1.1. Relevância das economias emergentes no crescimento mundial

pm

M$

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Em termos de rendimento disponível, estima-se que em 2020, 57% do crescimento provenha de mercados emergentes- Vs. 2% de países desenvolvidos como os EUA, Japão, e Alemanha - e, também nesta dimensão, particularmente favorecido pelo peso do crescimento da China e Índia5. No período 2009-2030 é na região Ásia-Pacífico (Figura 2) que se sentirá o maior impulso nos agregados familiares integrantes de uma classe média (6,7x) e no consumo (6,7x)6; na LATAM, o crescimento desta classe social é mais moderado, com o consumo potenciado pelas condições de mercado de trabalho favoráveis e pela expansão da oferta/acesso ao crédito7.

A classe média constitui um gerador relevante de consumo interno, sendo que o seu surgimento precede o interesse de

investidores e empresas que tentam endereçar as oportunidades de oferta criadas nestes novos mercados, resultantes das expectativas de consumo de produtos e serviços que actualmente se encontram fora do alcance financeiro8. Para as empresas, especialmente multinacionais, os desafios inerentes de operar nestas áreas do globo (eg. logísticos) exigem inovação no controlo dos seus custos de operação.

Até 2020, no intervalo de rendimentos médios anuais5 de US$15.000-US$30.000, o número de novos agregados familiares em LATAM ascenderá a 3,8 milhões - com 2 milhões apenas no Brasil- face a 96 milhões na China, e 38 milhões na Índia. Esta diferença entre Ásia e LATAM esbate-se na análise do intervalo de rendimentos seguinte. A compreensão sobre a evolução dos

Figura 2: Alteração geográfica do nível de consumo da classe média (2009-2030) em mM$

23%

38%

28%

7%

4%1%

2009 2020 2030

$21.278 $35.045 $55.680

42%

39%

17%

59%

20%

10%

Ásia e Pacifico

Europa

América do Norte

América Latina e Central

Norte de África e Médio OrienteÁfrica Subsaariana

Nota: Estudo Accenture com base em 64 países (90% PIB mundial) cuja classe média é definida como a média da distribuição de rendimentosFonte: “Engaging tomorrow’s consumers”, Accenture – 2013 e Análise Accenture

intervalos de rendimento permite identificar pontos de inflexão no consumo de categorias de bens e serviços, criando assim as condições para o surgimento de novos mercados de procura. Como consequência do aumento/ redistribuição do nível de rendimento dos agregados familiares, alguns hábitos de consumo são alterados, reflectindo-se na procura exponencial de bens “não-essenciais”.

A partir do momento em que o rendimento anual médio ultrapasse os US$5.000/ano, aumenta a procura de telemóveis e televisões. No caso dos veículos, por exemplo, este incremento da procura somente ocorre quando o rendimento dos agregados familiares atinge os US$30.000/ano. Tomando como exemplo os seguros de vida, a relação entre o nível de rendimento e a penetração do mercado é mais acentuada, indiciando a ideia que este tipo de bem é, ainda, supérfluo para rendimentos reduzidos5.

Em síntese, embora as previsões para LATAM e África sejam favoráveis em comparação com as economias desenvolvidas, a sua dimensão, velocidade de evolução e, consequentemente, a dinâmica de uma “classe média”- importante elemento de ignição de consumo- não apresentam expressão quando comparadas com as economias da Ásia.

Até 2030, o número de novos agregados na China com rendimento anuais entre $15.000-$30.000 será 25x superior aos da América Latina.

7%

4%1%

6%

4%1%

% C

onsu

mo

Tota

l

8

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O dinamismo dos mercados emergentes reflecte-se nas trocas comerciais efectuadas entre si. Para o resto do mundo, acompanhar esta tendência implica modelos de internacionalização mais directos.

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Com diferentes níveis de sucesso, áreas de comércio livre com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) ou o MERCOSUL na América Latina, tal como a expansão da União Europeia, têm intensificado a ligação dos mercados emergentes entre si e com a economia global.

Em 2013, estima-se que, pela primeira vez, o comércio multidireccional entre mercados emergentes (E2E) ultrapasse os fluxos entre mercados desenvolvidos (D2D). Será a continuação da tendência identificada entre 2000-2010, em que se observa um incremento do comércio entre emergentes (E2E) de 10% para 24% (Figura 3). Destacam-se a Índia e o Brasil, neste caso, onde o nível de exportações para economias emergentes cresceu de 48% para 63% na última década, posicionando-se como 4º fornecedor nas importações do México, ultrapassando Espanha4.

II. Fluxos internacionais e condições para um Triângulo Económico

Em África, o comércio multidireccional também sofreu mudanças significativas entre 2000-2010: o comércio entre emergentes aumentou de 23% para 39%- com a China representando 15%, a Índia 5% e o Brasil 3%- diminuindo o D2D de 77% para 62%.

O comércio E2E representa uma mudança estrutural nas dinâmicas de negócio, apesar dos acordos bilaterais de livre-comércio que continuam a ser referidos pelos líderes económicos mundiais como uma solução efectiva para o incentivo ao fluxo de bens, serviços e investimentos.

Para as multinacionais ocidentais, a alteração enfatiza a fragilidade de uma forma de expansão primária, como a exportação para mercados-destino. Sugere um sentido de urgência em formas de expansão, que permitam captar, influenciar e explorar as dinâmicas dos fluxos de E2E. Com diferentes opções, a presença directa

permitirá um melhor posicionamento em mercados adjacentes e noutras áreas económicas, assim como o estabelecimento de parcerias sólidas.

Relativamente ao dinamismo de fluxos comerciais no Triângulo Estratégico (Figura 4), a Europa apresenta-se como o vértice dominante, em valor absoluto, entre 2008-2011; o eixo emergente LATAM-África é responsável pelos maiores índices de crescimento das importações e exportações, com 27% e 12%, respectivamente10.

No período em análise, a Europa apresenta-se como a região onde o comércio intra-regional (72% das exportações) tem o peso mais elevado, questão amplamente debatida em vários países, pela sobreexposição a um mercado interno em contracção. Nesta região, as exportações aumentaram apenas 3%, sobretudo pelo crescimento dos fluxos comerciais com a Ásia (31%), LATAM (23%) e África (7%).

Figura 3: Evolução do Comércio Multidireccional (2000- 2010)

10%

14%

10%

67%

2000

24%

16%

16%

45%

2010

Emergente para Emergente (E2E)

Emergente para Desenvolvido (E2D)

Desenvolvido para Emergente (D2E)

Desenvolvido para Desenvolvido (D2E)

Fonte: “The Rise of E2E Integration”, Accenture – Janeiro 2012 e Análise Accenture

CAGR +10%

CAGR -4%

2.1. Alteração do Paradigma nas Trocas Comerciais

100

80

60

40

20

0

10

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Na LATAM, a proximidade geográfica confirma a América do Norte, como principal fornecedor de mercadorias, seguida da Ásia, Europa e África. No entanto, o mesmo argumento geográfico não impede que a China apareça como primeiro fornecedor do Brasil - lugar anteriormente ocupado pelos EUA- seguido do Japão, reflectindo o reposicionamento da Ásia nos fluxos comerciais desta região (incremento de 48% no nível de importações entre 2008-2011). A capacidade de relacionamento com mercados distantes é ilustrada no México: o Grupo Elecktra estabeleceu uma aliança com a fabricante chinesa de automóveis FAW, para comercialização na América Central.

Relativamente ao continente africano, a sua contribuição para o nível de exportações mundial é reduzida (cerca de 3,3%), apresentando obstáculos estruturais – como o acesso limitado ao crédito, as infra-

estruturas inadequadas, incluindo a inexistência de acesso ao mar em alguns países, e a corrupção– dificultando a integração no comércio mundial3. Apesar da diversidade nos destinos das suas exportações, a região africana encontra-se consideravelmente dependente de commodities, com cerca de 70% do total de exportações desta região correspondente a produtos relacionados com os recursos naturais como o petróleo e minérios- eg. o petróleo vale mais de 90% das exportações de Angola ou Nigéria e o cobre vale 84% das exportações da Zâmbia. Sobre as importações, a Europa (39%) é o principal fornecedor de mercadorias, seguida da Ásia (27%). Esta ganhou um maior peso, com uma taxa de crescimento de aproximadamente 26% entre 2008-2011 (Vs. 7,5% da Europa), tornando-se, desde 2011, o principal parceiro económico da sub-região África Subsaariana, ultrapassando a Europa.

Em termos de fluxos inter-regionais, dentro do potencial Triângulo Estratégico, o comércio entre América Latina-África é o que tem apresentado um maior incremento (43% para ambos os casos, em 2011), também favorecido pelo acordo embrionário de negócios, criado em 2004, entre os países pertencentes à MERCOSUL (Argentina, Paraguai, Brasil e Uruguai) e alguns países da África Subsaariana, como o Botswana, Lesoto, Namíbia, África do Sul e Swazilândia11. O Brasil tem representado um papel de destaque como principal impulsionador do comércio neste “eixo emergente”, exportando para países como o Egipto, Angola e África do Sul, e importando da Argélia, Líbia e Nigéria.

Figura 4: Fluxos comerciais de mercadorias na Europa, África e América Latina (2008-2011) em US$ mM

Fonte: “The Rise of E2E Integration”, Accenture – Janeiro 2012 e Análise Accenture

Exp. 2.385

Imp. 2.355

Europa

América Latina

África

Ásia

América do Norte

Outros

Fonte: WTO e Análise Accenture

3%3%

16%

27%

24%

28%

6% 3%19%

26%21%

25%

37%

12%7%

18%

23%

3%

39%

13%10%7%

27%

4%

9%

3%8%

7%

2%

72%13%

3%

6%

2%

69%

7%

37%

12%7%

18%

23%

3%

39%

13%10%7%

27%

4%

9%

3%8%

7%

2%

72%13%

3%

6%

2%

69%

7%

37%

12%7%

18%

23%

3%

39%

13%10%7%

27%

4%

9%

3%8%

7%

2%

72%13%

3%

6%

2%

69%

7%

37%

12%7%

18%

23%

3%

39%

13%10%7%

27%

4%

9%

3%8%

7%

2%

72%13%

3%

6%

2%

69%

7%

Exp. 2.044

Imp. 1.839

Exp. 23.706

Imp. 24.566

11

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Em termos de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) nas economias emergentes, das 22 economias mais atractivas para os investidores mundiais, metade situa-se no “eixo emergente” do Triângulo12. Contudo, os fluxos de investimento para algumas zonas ainda são diminutos, eg. região da África Subsaariana representa apenas 3% do valor mundial de inflows de IDE.

A França, Reino Unido e EUA, apresentam-se como os principais investidores em África, região onde a Índia, a Malásia e a China têm ganho relevância nos últimos anos, não só no petróleo e minérios, mas também na manufactura, construção e agricultura. De um modo geral, as economias emergentes têm vindo a assumir um papel vital na dinamização de fluxos de investimento globais e, consequentemente, incrementado o IDE em países emergentes (Figura 5), com um crescimento ponderado de 20% entre 2006-2011, representando cerca de 30% do total IDE do mundo9.

Também neste tema, a Ásia lidera. Em 2011, 63% dos investimentos foram fora desta região e com cerca de 73% do valor total dos outflows de emergentes, reflecte um ritmo

de investimento exponencial que não se prevê que abrande. Um recente estudo Accenture13, junto de mais de 250 directores e administradores de empresas da região Ásia-Pacífico (China, India, ASEAN, Japão e Coreia do Sul) indica que 90% das empresas asiáticas permanece fortemente comprometida com a expansão internacional, sendo que 37% assume mesmo que deseja acelerar esse processo, apesar das expectativas, em termos de resultados, ainda não terem sido atingidas e da incerteza sobre o contexto macroeconómico mundial. Também nas Fusões e Aquisições, os mercados emergentes têm desempenhado um papel relevante, sendo a Ásia o principal buyer, representando 80% do valor total destas operações sobre emergentes em 2011, seguido da América Latina (14,5%) e de África (4,6%)1.

Apesar do crescimento das economias emergentes, tanto em outflows de IDE como em M&A, a Europa procura ocupar posição, tendo liderado em 2012 o lançamento de operações de M&A sobre empresas da LATAM, com mais do dobro das operações lançadas por empresas asiáticas.14

Figura 5: Evolução do IDE proveniente de países emergentes, em países emergentes

400

300

200

100

02006 2007 2008 2009 2010 2011

mM

$ US

Fonte: “The Rise of E2E Integration”, Accenture – Janeiro 2012; UNCTAD statistics

% Ásia

% América Latina

% África

$383mM(~30% IDE Total)

A Ásia investe 8x mais que LATAM e África juntas em mercados emergentes.

2.2. Fluxos de Investimento

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Na situação de recessão e fragilidade da economia europeia, num outro estudo15 junto de 450 executivos, a Accenture concluiu que 2/3 dos responsáveis empresariais de emergentes encaravam a situação da zona euro como uma oportunidade para ganhar vantagem competitiva, com cerca de 56% a pretenderem acelerar os seus investimentos. Para além da existência de “oportunidades a desconto” ser hoje mais frequentes, a Europa também representa uma “porta de entrada” para mercados mais sofisticados - que permitem desenvolver conhecimentos alargados (eg. tecnologia) e de expansão da cadeia de valor, aumentando a vantagem competitiva das empresas, mesmo no seu mercado interno. Este conceito é particularmente interessante para empresas que passaram a estar expostas a uma forte competição externa, nos seus mercados base. Note-se o caso da Volvo, que em 2010 foi adquirida pela produtora de veículos chinesa

Geely, permitindo o acesso a conhecimento e tecnologia, o que potenciou a vantagem competitiva no mercado chinês.

O mapa de investimentos depende de um contexto volátil: capacidade de financiamento dos emergentes e possibilidade de aproveitar oportunidades “a desconto” na Europa, como forma de acesso a mercados mais sofisticados e com novas capacidades.

Para as empresas, um posicionamento multi-geográfico implica agilidade operativa que permita reagir à volatilidade que os vértices apresentam, por exemplo sobre as variáveis de risco: se a Europa permite aceder a mercados mais desenvolvidos e exigentes, quando analisado o risco de incumprimento da dívida nacional, os Credit Default Swaps a 5 anos implicam que este é menor em países como o Chile e África do Sul do que em Itália ou Espanha16.

Uma dívida externa controlada (na América Latina aproximadamente 20%, contrastando com 65% no Centro e Leste da Europa), com maior facilidade em aceder aos mercados de capitais, o crescimento acentuado de reservas de moeda estrangeira (divisas, posição de reservas no FMI, ouro- CAGR de 16% entre 2001 e 2011 para África e América Latina) e suporte oficial são factores que concorrem para que o “eixo emergente” tenha um papel central de sustentação e financiamento de um crescimento integrado do Triângulo Estratégico.

2.2. Fluxos de Investimento

O mapa de investimentos depende de um contexto volátil: capacidade de financiamento dos emergentes e possibilidade de aproveitar oportunidades “a desconto” na Europa, como forma de acesso a mercados mais sofisticados e com novas capacidades.

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3.1. Capital HumanoEnquanto cada vértice do Triângulo enfrenta os seus próprios desafios, como o envelhecimento da Europa e a saúde em África, o Triângulo apresenta um claro potencial demográfico, contanto com 38% da população jovem e 32% da população activa mundial, ou seja, elementos geradores de novos mercados de consumo e trabalho.

Em 2012, o Triângulo representa 21% da população mundial, valor que aumentará para 37% (3,5 mM de habitantes) até 20501. A contribuição para este valor não é, no entanto, uniforme entre estas regiões, sendo que África será a região mundial com maior crescimento (2,3x), enquanto que, a LATAM crescerá ao ritmo da média mundial (1,3x).

O aumento da população será parcialmente suportado pelas taxas de fertilidade de cada região, cuja projecção entre 2010 e 2015 demonstra o efeito de África como motor de crescimento demográfico, apresentando uma taxa de 4,4 crianças por mulher, o dobro do verificado na LATAM. Na Europa, o número estimado de filhos por mulher para o mesmo período é de 1,6, valor acentuadamente mais baixo que a média mundial (2,5 )17.

A esperança média de vida à nascença, factor influenciador do crescimento demográfico, revela uma elevada disparidade entre estas regiões: em 2015, o valor estimado para Europa e LATAM é de 76,5 e

III. Factores competitivos do Triângulo Estratégico

74,7 anos, respectivamente, enquanto em África este mesmo indicador se situa ainda nos 57,4 anos. Estes valores fundamentam o esforço em sistemas de saúde e infra-estruturas de saneamento, caminho que ainda está a ser percorrido em África. Por exemplo, em 2010, o valor da despesa em saúde, como percentagem do PIB, em França, foi de 11,6% acima dos 8% verificados no Chile e muito superior aos 2,9% investidos em Angola18. Este tipo de carências do continente africano é atestado por indicadores como o da mortalidade infantil (3,8x superior à verificada na LATAM), ou o da prevalência de HIV em adultos, cuja percentagem na África Subsariana é de 4,8% (6× taxa mundial).

Por outro lado, a elevada esperança média de vida combinada com o crescimento inferior da população, que se verifica nas regiões mais desenvolvidas, resulta em taxas de dependência de idosos (nº indivíduos com mais de 64 anos por cada 100 indivíduos entre os 15-64 anos) que, na Europa, são mais do triplo das verificadas em África (23,7 Vs. 6,3). Na perspectiva inversa (Child Dependency), em países como o Níger, Mali ou Angola, a população entre os 0-14 anos é superior a 90% da população entre os 15-64 anos. O envelhecimento populacional questiona os mecanismos sociais que permitiram os avanços na longevidade e qualidade de vida da população (eg. sistemas

de saúde públicos, fundos de pensões), que pressupõem pirâmides etárias equilibradas para se manterem viáveis. Estes factos são relevantes também para a LATAM que, apesar de apresentar actualmente uma pirâmide etária equilibrada, já demonstra alguns sinais de envelhecimento, tais como um menor número de indivíduos entre os 0-9 anos face aos 10-19 anos.

Por forma a realizar o “dividendo demográfico”– crescimento económico impulsionado por factores demográficos positivos – é imperativo que o crescimento da população das zonas em desenvolvimento seja complementado por acesso a educação que efective a formação de capital humano. Tal como na saúde, África enfrenta ainda desafios importantes, que exigem esforço adicional. Em 2010, a taxa de literacia era de 67% na Costa do Marfim, 92,9% no Peru e 99% na Holanda19. De modo a colmatar as necessidades de talento que existem nos países em desenvolvimento, algumas das empresas presentes nestes mercados têm desenvolvido iniciativas específicas tais como o programa de educação de crianças desfavorecidas da Embraer no Brasil ou o caso do “programa de multiplicação de talento” da FEMSA– maior empresa de produção de bebidas da LATAM– através do qual, os colaboradores que demonstram ter conhecimentos úteis, ensinam grupos de colaboradores da empresa, que por sua vez ensinam outros grupos.

Mitos sobre o consumidor emergente17

Na análise aos mercados internacionais, os consumidores de mercados emergentes apresentam um conjunto de características que indiciam um grau de sofisticação superior ao de consumidores expostos a mercados desenvolvidos:

• Foco na qualidade do serviço, mudando de prestador se insatisfeitos (e.g. no retalho, 35% emergentes Vs. 18% desenvolvidos)

• Elevada expectativa em diversas áreas, nomeadamente no “Serviço ao Cliente” (16% emergentes Vs. 7% desenvolvidos)

• Liderança na utilização de social media (e.g. comentários sobre “Fraco Serviço”: 40% emergentes Vs. 20% desenvolvidos)

• “Qualidade”, como principal atributo de escolha dos consumidores africanos (50%) Vs. factor “Preço” (15%)

• Preferência por marcas/ produtos green, denunciando preocupação com impacto

ambiental (e.g. pontuação Greendex do Brasil 55,5 Vs. 44,7 nos EUA)

Deste modo, pode concluir-se que, contrariando percepções comuns, torna-se evidente que a “disponibilidade”- ou seja, a capacidade de ultrapassar os desafios logísticos - não é o único, nem sequer o mais relevante, factor da proposta de valor das empresas nos mercados emergentes.

Fonte: “Global Consumer Pulse Survey”- Accenture, 2012

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Mitigar ou ultrapassar estes desafios exige uma perspectiva sobre fluxos populacionais de emigração e imigração entre os vértices do Triângulo, cujas populações somadas formam uma pirâmide etária equilibrada, onde se encontra 34% da população mundial entre os 0-64 anos. Os fluxos de população activa podem colmatar a carência de trabalhadores e contribuir para o nivelamento da qualificação ao longo do Triângulo.

Adicionalmente, os fluxos de população em idade pós-activa podem permitir o aumento do poder de compra da população dos países mais desenvolvidos e estimular a diversificação de serviços nos países emergentes. O Panamá já se posiciona como um mercado de medicina, com médicos formados nos EUA e praticando preços 40-70% mais baixos, aceitando o dólar como moeda. Enquanto destino de turismo de saúde, tem estabelecido voos directos para mais de 10 cidades americanas não exigindo vistos para estadias de curta duração20.

Desde 2010, as zonas urbanas englobam mais de 50% da população mundial, sendo responsáveis por mais de 80%21 do PIB mundial. As economias de escala tornam as cidades mais produtivas, e espera-se que a tendência de urbanização se mantenha, aumentando o número de habitantes em zonas urbanas para 60%, em 2025.

Nesta data, o Triângulo deverá apresentar oito das 30 maiores cidades, em população, a nível mundial22: Paris (12,6 M), Lagos (18,86 M), Kinshasa (14,5 M), Cairo (14,7 M), Cidade

Figura 6: Pirâmide etária de África, América Latina, Europa e integrada

Fonte: United States Census Bureau e Análise Accenture

Europa, 2011

África, 2011

América Latina, 2011

-12% -8% -4% 0% 4% 8% 12%

84+

75-79

60-64

45-49

30-34

15-19

0-4

“Pirâmide integrada” América Latina, Europa e África, 2011

População Masculina População Feminina

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Figura 7: Percentagem de urbanização por regiões e cidades por tamanho (2025)

% população urbana 0-25% 25-50% 50-75% 75-100%

População das cidades (#) 1-5 million 5-10 million 10 million or more

% população urbana 0-25% 25-50% 50-75% 75-100%

População das cidades (#) 1-5 million 5-10 million 10 million or more

% população urbana 0-25% 25-50% 50-75% 75-100%

População das cidades (#) 1-5 million 5-10 million 10 million or more

Fonte: UN World Urbanization

Nesta data, o Triângulo deverá apresentar 8 das 30 maiores cidades, em população, a nível mundial : Paris (12,6 M), Lagos (18,86 M), Kinshasa (14,5 M), Cairo (14,7 M), Cidade do México (24,6 M), São Paulo (23,7 M), Buenos Aires (15,5 M) e Rio de Janeiro (13,6 M).

Prevê-se que estas cidades se apresentem como motores de crescimento não só demográfico das respectivas regiões, mas também económico: nas 25 maiores cidades africanas, o nível de consumo per capita é praticamente o dobro do resto dos respectivos países4 o que, para as empresas,

resulta em estratégias de convergência nessas áreas. No entanto, a elevada concentração populacional colocará tensão acrescida sobre as infra-estruturas de transportes, saneamento, energia e telecomunicações, em que a exclusão dos pobres será ampliada pela falta de espaço público e pelo custo de vida crescente. Em vez de pólos de geração de riqueza, diversidade e ideias, estas “mega cidades” serão essencialmente centros de economia informal e de “auto-emprego”. A convergência de população jovem (eg. +40% de população de Nairobi tem entre 20-35 anos) e as suas expectativas sociais,

colocarão um sentido de urgência na criação de emprego estável e numa visão integrada dos territórios, promovendo a fixação de indústrias junto aos locais de produção agrícola e de extracção de materiais.

Enquanto factor competitivo do Triângulo, a estrutura demográfica constitui simultaneamente um “dividendo”, com um intervalo temporal limitado para aproveitamento e factor de pressão adicional, pelo movimento de urbanização.

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O Triângulo América Latina-Europa-África representa actualmente 1/3 da população activa mundial.

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O aumento da população mundial, assim como o surgimento da classe média em países emergentes, irá reflectir-se no comércio de recursos naturais. De modo a responder ao aumento da procura mundial, a produção de alimentos deverá ser superior a 70% até 205024. Este paradigma posiciona os fornecedores de recursos naturais como fundamentais no plano económico, comercial, social e geopolítico.

A LATAM e África assumem um papel determinante no acesso a estes recursos naturais, nomeadamente commodities alimentares, minérios, petróleo e gás. Dos 12 países com balanças comercias de commodities positivas25, sete encontram-se no Triângulo, ilustrando simultaneamente o facto de terem acesso a esses recursos naturais e o peso que estes assumem nas suas economias.

A LATAM representa 14% do comércio global de commodities, sendo expectável a sua contínua consolidação enquanto contribuinte para estes fluxos. LATAM e África assumem também uma elevada importância no sector de gás e petróleo, representando juntas 28% das reservas globais de petróleo (vs. 48% do Médio Oriente)26 e 11% das reservas de gás natural (vs. 38% do Médio Oriente)9.

Adicionalmente, estas duas regiões também apresentam relevância no sector mineiro,

nomeadamente em ouro, prata, diamantes, cobre e ferro. Destacam-se o Peru, enquanto maior produtor de prata e o 5º maior de ouro, Botswana e Congo, enquanto 2º e 3º maiores produtores de diamantes4, e Brasil e África do Sul, como 3º e 7ºprodutores de minério de ferro.

Do ponto de vista alimentar, tanto LATAM como África apresentam níveis de produção e exportação de cereais muito relevantes a nível mundial, dos quais se destacam o milho (+20% da produção mundial), o trigo e o arroz (ambos 7% da produção mundial27), a soja (Brasil e Argentina representam 49% da

Figura 8: Peso das exportações de commodities em países da América Latina

produção mundial28) e o café (Brasil principal produtor do mundo29). A esta capacidade produtiva instalada acresce a estimativa que mais de 50% das terras aráveis ainda não exploradas se encontre em África e LATAM30, podendo, em teoria, estas duas regiões juntas produzir os recursos alimentares que são necessários adicionar no mundo até 2050. Esta capacidade inexplorada, assim como a margem existente para optimizar a produção das terras já em utilização, pode, posicionar a África31 e LATAM como os próximos “bread basket”32 do Mundo, destronando os EUA. No caso da LATAM, o Brasil já aparece como o principal impulsionador, apresentando um

35

30

25

20

15

10

5

0

Argentina Brasil Chile Colômbia México Peru Venezuela

Exportação de mercadorias, % do PIB

Alimentos Combustíveis Matérias Primas Agrícolas Minérios & Metais Manufacturas

Mais de 1/4 das reservas de petróleo, mais de 50% da água potável e mais de 50% da terra arável não explorada no mundo: eixo emergente LATAM-Africa como incontornável no contexto geoestratégico.

3.2. Recursos Naturais

Fonte: World Bank DB Research18

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um crescimento na produção de alimentos superior a 40% até 2019. LATAM e África também possuem as principais fontes mundiais de água potável, assim como as mais acessíveis: 1/5 da água potável do mundo encontra-se na bacia da Amazónia33, com destaque para o Brasil e Colômbia que apresentam 19% e 5%, respectivamente, das reservas de água a nível mundial, sendo que também no Norte de África foram realizadas descobertas subterrâneas significativas34.

O crescimento da exploração de recursos naturais, em grande parte dos países da LATAM e África, depende da crescente procura de commodities pela China35 - em 2010, 92% das exportações da LATAM para a China foram produtos primários nos quais se incluem 27% dos produtos alimentares importados pelo país asiático. Esta elevada dependência - e.g. 82% das exportações do Sudão tiveram como destino a China, em 2007- constitui um risco adicional nas variações da procura, criando elevada volatilidade nas receitas comerciais dos países exportadores. Na década de 2000, a China partiu de uma posição insignificante para praticamente igualar a Europa como parceiro comercial da LATAM31. A crescente importância do país Asiático na economia das regiões em desenvolvimento do Triângulo concorre com a posição Europeia de parceiro

e intermediário preferencial assim como de player chave no mercado de commodities onde é deficitário (e.g. petróleo, gás natural, bens alimentares)

Outro recurso não replicável controlado pelo Triângulo é o acesso exclusivo às zonas costeiras do Atlântico Sul que deverá ser alavancado, não só através da exploração dos recursos marítimos, mas também da sua importância geoestratégica. Especialmente para regiões fortemente deficitárias em infra-estruturas de comunicação, como a África Subsaariana, a aceleração de investimentos portuários e ferroviários pode constituir uma vantagem estratégica regional, para além dos impactos locais.

Outro recurso diferenciador advém das características propícias para a adopção de fontes de energia alternativas. As horas de sol/ ano, por exemplo, além do seu valor turístico, encerram potencial energético que poderá ser explorado, tendo em conta a tendência de redução do preço da tecnologia associada (e.g. células fotovoltaicas de silicone)36;37.

Esta abundância de recursos naturais continua a representar oportunidades de crescimento para estes países (eg. em 2011, 35% do IDE na LATAM foi centrado nos

recursos naturais38), mas uma gestão rigorosa dessa riqueza é crítica para evitar a “doença holandesa”- paradoxo evidenciado pela primeira vez entre 1965-1998 quando os países pertencentes à OPEC cresceram a um ritmo inferior ao dos restantes países desenvolvidos. Entre as medidas que podem ajudar a evitar este fenómeno, com resultados em países como a Noruega, ou mesmo o Botswana39, destacam-se: a disciplina fiscal e o investimento no estrangeiro- evitando a valorização da moeda e a resultante perda de competitividade dos restantes produtos nacionais; a acumulação dos superavit orçamentais- alocação inter-temporal das receitas do petróleo de modo a evitar choques orçamentais; a canalização dos fundos gerados para a educação, investigação e desenvolvimento- de modo a criar as bases de estímulo para a diversificação da economia: factor chave para reduzir a dependência destes países da exportação de commodities35, cuja forte volatilidade dos preços tende a criar situações de desequilíbrio orçamental. É, assim, imperativo que estes países tentem posicionar-se em fases mais avançadas da cadeia de valor, de modo a reduzir este risco.

Figura 9: Importância da China nas exportações de commodities dos países de África e América Latina

Angola

CongoGabão

Ghana

ChadSudão

R.D. Congo

NigeriaBurkina Faso

Mali

China

África do Sul

Brasil

Bolívia

Perú

Argentina

Chile

Metais Soja Algodão Petróleo

Fonte: ITC Deutsch Bank Research e Análise Accenture

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Na análise das condições para um Triângulo Estratégico, a dimensão cultural apresenta uma relevância económica frequentemente subestimada. A caracterização da intensidade cultural pode ser ilustrada em diferentes vertentes, desde logo pela língua, que é uma característica significativa entre LATAM e a Península Ibérica. Em conjunto, o espanhol e português constituem 573 Milhões de falantes, ou seja, se consideradas em conjunto (uma vez que apresentam um elevado grau de intercompreensão), constituem as línguas mais faladas a seguir ao Mandarim, mas com uma dispersão global (entropia) significativamente superior. A projecção demográfica referida anteriormente tenderá a potenciar este efeito, se protegido por políticas integradas de educação e cultura que incluam estes aspectos. O inglês, enquanto língua franca mundial (“globish”), com 328 Milhões de falantes, o árabe e o francês são línguas relevantes no contexto oficial de África, embora a maioria da população utilize efectivamente centenas de dialectos de famílias linguísticas afro-asiática, niger-congolesas, congo kordofianas, entre outras.

Além da evidência empírica sobre o aumento da probabilidade de estabelecer contactos comerciais e do efeito de “externalidades de rede” por via do aumento de falantes, tem-se procurado valorizar a proximidade cultural de forma directa, apontando por exemplo para a redução de custos de transacção (6-22%)42 entre países com a mesma língua. Merece destaque o potencial nas indústrias directamente ligadas à língua, isto é as indústrias culturais e criativas, de que são exemplo os conteúdos de comunicação, arquitectura / design ou desenvolvimento de software, com crescente peso no PIB (eg. aproximadamente 15% na Península Ibérica).

Os modelos de “distância efectiva” – que incluem as dimensões cultural, administrativa, geográfica e económica (Figura 11) – estimam como determinantes a influência de factores como uma antiga ligação história e língua comum, que potenciam o comércio em +900% e +200%, respectivamente43; factores significativamente mais impactantes do que a distância física.

Em todas as variáveis desta “distância efectiva”, a Europa apresenta uma menor distância face aos restantes pólos do Triângulo, do que estes entre si mesmo, podendo desempenhar um papel crítico de coesão, se conseguir desenvolver naturalmente as relações profundas e privilegiadas que tem com a LATAM e com África, reposicionando-se como parceiro colaborativo efectiva (Vs. concorrente, posicionamento táctico).

A proximidade cultural pode tornar-se, de facto, um factor essencial de competitividade do Triângulo Estratégico, face ao esforço de internacionalização de outras regiões do mundo. Num estudo da Accenture13 sobre a internacionalização das empresas asiáticas, a “barreira cultural e a compreensão dos mercados e clientes estrangeiros” foram identificados por +60% dos inquiridos como os principais desafios do processo de internacionalização. O contexto cultural é também palco da competitividade e, uma vez mais, destaca-se a velocidade da transformação da Ásia: em 2011, a China abriu uma média de um museu por dia, de modo a atingir a meta de 3.500 museus em 201544 .

Figura 10: Factores de distância cultural

Atributos de Distância Variação (%) no comércio internacional

PIB per capita (+1%) +0,7

PIB (+1%) +0,8

Distância geográfica (+1%) -1,1

Dimensão absoluta (+1%) -0,2

Acesso ao litoral +50

Fronteira comum +80

Língua comum +200

Bloco económico/regional comum +330

Antiga relação colonial +900

Paises com ex-colonizador comum +190

Política comum +300

Moeda comum +340

Uma antiga ligação histórica e língua comum são factores mais determinantes que a distância física na relação comercial entre países

3.3. Proximidade Cultural

Fonte: “An Estimate of the Effects of Currency Unions on Growth”- Jeffrey Frankel and Andrew Rose, 2000

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A influência dos laços histórico-culturais: o caso Português

A proximidade cultural é efectivamente um factor explicativo relevante. Um inquérito da Accenture a empresários portugueses45, realizado em 2012, indicou o Brasil como o destino privilegiado para o desenvolvimento de uma operação própria (i.e. por oposição a exportações ou aquisições). Apesar dos mais de 6.000kms de distância e de outros desafios (eg. logísticos, administrativos, legais), a opção de crescimento orgânico no Brasil supera a Europa Ocidental (12%) ou a América do Norte (14%). É ainda relevante realçar que, de um modo geral, os destinos preferenciais são as ex-colónias consideradas como prioridade absoluta para aproximadamente 70% dos inquiridos.

Exportações Crescimento Orgânico Aquisições

Europa Ocidental 37% 12% 6%

Europa Oriental 35% 15% 5%

Angola 19% 15% 2%

Moçambique 20% 14% 3%

Outros países africanos de Língua portuguesa 37% 13% 2%

Brasil 18% 17% 5%

América do Norte 42% 14% 4%

China 33% 11% 4%

Índia 33% 9% 4%

Países hispano-americanos 32% 12% 4%

Fonte: “Estratégias de Crescimento na Era da Troika”, Accenture/AESE Gestão, 2012

A proximidade cultural, através da interligação histórica com a Europa, é o mais importante factor distintivo do Triângulo Estratégico face a outras áreas económicas.

Qual a preferência sobre modo de expansão internacional, de acordo com a geografia?

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As multinacionais dos países emergentes são 127 em 500 das maiores empresas mundiais, o que resulta da dinâmica dos mercados base, mas também de capacidades distintas na abordagem aos "segmentos-base-de-pirâmide"e na gestão do risco.

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As multinacionais emergentes são de múltiplas nacionalidades, sectores industriais, estruturas de propriedade e governação, estágios de desenvolvimento e, consequentemente, apresentam modelos operativos distintos. A herança e potencial agrícola significam que muitas estão relacionadas com o sector agro-industrial, sobretudo na América do Sul- Gruma SA da CV (cereais- México), Grupo Bimbo (alimentação- México) ou Perdigão (alimentação- Brasil). Mas a lista das multinacionais emergentes com relevância mundial inclui as indústrias de sofisticação elevada, como o caso da Embraer (Brasil)- um dos maiores fabricantes de aeronaves e líder nos jactos de passageiros de médio alcance; a africana SABMiller- terceiro maior produtor mundial de cerveja; a VALE (Brasil) e a CEMEX (México), líderes das suas indústrias.

IV. Multinacionais emergentes: a ilustração das organizações multipolares

As “multinacionais emergentes” cresceram 2 vezes mais que as empresas de mercados “maduros”, mas 2,5 vezes mais quando analisados apenas outros mercados emergentes, excluindo o de origem. O modelo de expansão geográfica pode seguir um padrão previsível, lançando-se num mercado com alguma vantagem por proximidade à origem- como é o caso das principais multinacionais mexicanas que começaram na América Central e do Sul, depois de entrar nos Estados Unidos, seguindo o mercado de imigrantes mexicanos, antes de se expandirem para o mundo- mas, enquanto diferença essencial face às multinacionais ocidentais, destaca-se a forma como estão expostas e são proficientes na gestão do risco: “Queremos expandir-nos em países com alto risco e alto crescimento na Ásia, onde o conhecimento e capacidades desenvolvidas com a experiência na América Latina possam ser aplicados”- as afirmações do CEO da FEMSA (líder mexicano de bebidas e retalho) ilustram esta vocação.

Uma parte significativa dessas multinacionais é, parcial ou integralmente, propriedade de governos regionais ou centrais: cerca de 30% são públicas, a maioria da China. A propriedade estatal é comum em empresas de energia e a sua relevância mundial é determinante: com mais de 1/3 da capacidade de produção e reservas de petróleo e gás do mundo, estas empresas de geografias emergentes são referidas como as “New Seven Sisters ”46. No entanto, este tipo de propriedade não significa homogeneidade no grau de independência sobre a gestão e controlo operacional, uma vez que algumas têm, por exemplo, autonomia para algum investimento no estrangeiro. O movimento de consolidação estratégica de grupos económicos, com objectivos de expansão internacional - “national champions” -tem sido encorajada por vários Estados, como forma de desenvolvimento das suas economias, de estabelecimento de prestígio global, de assegurar recursos estratégicos e de construir poder comercial.

Figura 11: Multinacionais “emergentes” no “Fortune Global 500”

1995 2005 2010 2012

Fonte: Fortune Global 500 e Análise Accenture

Coreia do Sul - 13

Índia - 8

Brasil - 8

Rússia - 7

China - 73

México - 6Colômbia - 1Tailândia - 1Venezuela - 120 47 95 127

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Por outro lado, muitos dos novos players de mercados emergentes são empresas com historial familiar - conglomerados como Votorantim (Brasil) ou Orascom (Egipto) - um aspecto que pode influenciar de forma determinante a sua abordagem à expansão internacional. As aquisições podem ser preferidas, como forma de evitar ceder ou partilhar o controlo das suas operações. Estruturas de propriedade e governança familiar podem significar menor exposição ao escrutínio público dos accionistas e, sobretudo, uma menor pressão para investimentos agressivos e ganhos demasiado rápidos, permitindo maior flexibilidade para desenvolver uma estratégia de longo prazo, efectivamente estruturante e transformacional.

Em desuso nos anos 90, o ressurgimento dos conglomerados constitui actualmente uma tendência forte, não só nos países emergentes, em que a elevada diversificação das empresas surge como uma necessidade face à imaturidade da estrutura económica dos mercados onde operam (caso de

empresas de extracção que assumem gestão de infra-estruturas e operações de transporte), mas também no mundo desenvolvido. Aqui, a aversão ao risco e a dificuldade de financiamento conduzem a uma maior integração organizacional nas empresas que mantêm liquidez47. As multinacionais emergentes têm criado novos mercados ao implementarem a infra-estrutura financeira e física necessária para o seu lançamento. A cadeia de retalho Casas Bahia expandiu a sua base de clientes, alcançando os segmentos-base-da-pirâmide através do lançamento de um sistema de crédito com rating próprio. Apesar desses clientes terem rendimentos limitados e voláteis, a taxa de incumprimento verificou-se relativamente baixa e a empresa fidelizou um significativo segmento de clientes.

A escassez de dados e pesquisa sobre preferência e hábitos dos consumidores, em comparação com o contexto das economias desenvolvidas, é também uma vantagem competitiva das multinacionais emergentes face a concorrentes potenciais.

Num esforço de adaptação dos seus produtos para ter acesso a mercados muito distintos, também os grandes grupos ocidentais acompanham esta tendência. É o caso da General Electric, com a criação de electrocardiógrafos para a China e para a India, tornando-os mais baratos, mas sem prejuízo da fiabilidade; ou das farmacêuticas e fabricantes de produtos de higiene pessoal, como a Unilever, adaptando embalagens unitárias e mini-doses, comercializadas por valores aceitáveis para os clientes de países em desenvolvimento. Por vezes estas iniciativas são confundidas com programas de responsabilidade social, mas trata-se efectivamente de um movimento estratégico de longo prazo das empresas, visando uma posição sustentável, simultaneamente nas dinâmicas de oferta (eg. fornecedores locais) e de procura (eg. mercados locais), formando a noção mais abrangente de social business, o desenvolvimento equilibrado e sustentável nas vertentes económica, social e ambiental.

Enquanto parceira fundadora do Fórum Económico Mundial, com o seu encontro anual em Davos, ao longo de 17 anos a Accenture tem vindo a desenvolver, uma série de pesquisas sobre o conceito de multipolaridade, enquadradas na interdependência económica de 5 dimensões-chave:

• Capital: rápido crescimento das economias emergentes resultando em outflows de IDE para diferentes destinos de investimento;

• Talento: crescimento favorável demográfico da workforce das economias emergentes;

• Recursos: intensa competição nas áreas de energia e commodities;

• Novos consumidores: acentuado crescimento do rendimento originou cerca de 1mM de novos consumidores nos mercados emergentes;

• Inovação: surgimento de novos aglomerados de inovação/especialização nas economias emergentes.

A fase de globalização actual obriga a responder a megatendências com efeitos mais profundos, em que o surgimento das multinacionais emergentes é um desses efeitos- estas empresas estão a reformular o cenário competitivo global, em cada uma das dimensões do mundo multipolar.

Em Fevereiro de 2013, durante o Fórum de Davos, a Accenture apresentou um estudo6, relacionando a alteração dos padrões de consumo com a obtenção de resultados das empresas dispostas a adaptar-se a esta realidade. As alterações das tendências comportamentais já tinham sido debatidas na pesquisa de 201248, desta vez aliada

à sustentabilidade. Das entrevistas a mais de 50 empresas, conclui-se que (i.) o conceito de sustentabilidade precisa de uma reformulação comunicacional (makeover), (ii.) os consumidores nascidos entre 1981-1995 (“millennials”) são os mais receptivos quanto a “iniciativas verdes”; (iii.) desenvolvimento de seis estratégias para incutir estilos de vida sustentáveis em potenciais clientes.

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Em 2008, o Tata Nano surge como automóvel que resulta de um projecto de desenvolvimento inteiramente desenhado com o objectivo de ser comercializado por um valor inferior a US$2.000, menos 70% que o preço médio dos automóveis na Índia, tornando-se acessível a uma vasta classe média. São casos assim, originados nos mercados e empresas emergentes, que mais relevância têm tido na concretização de conceitos académicos como reverse innovation- i.e. inovação orientada desde inicio para um objectivo final, neste caso, o de “desenhar para um preço”, por oposição a uma investigação aberta - fortemente baseada na perspectiva dos utilizadores finais e, sobretudo, das limitações e exigências do contexto local, mas também do open innovation, através de um efectivo processo de co-criação de envolvimento de fornecedores e parceiros. Outro exemplo emblemático derivou da unidade de inovação da Haier- maior fabricante chinês de electrónica de “linha branca” (eg. frigoríficos, fogões)- que ao identificar que nas áreas rurais os seus clientes usavam as máquinas de lavar para a preparação dos vegetais, programou um novo ciclo de lavagem e novos filtros especialmente para esse objectivo.

Aliás, em zonas rurais das áreas emergentes, o acesso a energia e recursos básicos como a água tem sido objectivo de muitos projectos e protótipos de inovação disruptiva.

São o fomento de inovações, especialmente as de carácter disruptivo no modelo de negócio, que podem acelerar o desenvolvimento económico, abreviando o esforço face a soluções de ciclos de evolução anterior: leapfrogs. Essa ideia torna-se intuitiva ao interpretar, por exemplo, o sucesso das várias iniciativas de pagamentos e transferência móveis em África, beneficiando da forte penetração das telecomunicações. O Quénia, um dos pioneiros dessas iniciativas, apresenta actualmente mais de 40% da população com acesso a uma conta bancária, destacando-se

num cenário em que apenas ¼ dos 1.000 milhões de africanos o conseguem. Este é também um aspecto essencial do desenvolvimento e formalização da economia, da promoção da iniciativa privada e empreendedorismo e, consequentemente, da diversificação da economia.

Em África, as comunicações móveis- que não foram precedidas pela evolução das comunicações fixas, como ocorrido no mundo desenvolvido- geram importantes “saltos evolutivos”, com utilizações no diagnóstico médico ou na informação para a agricultura, que estão neste momento a ser replicadas no Ocidente.

Um mundo multipolar reflecte-se no mapeamento da cadeia de valor das organizações em diferentes geografias do globo, incluindo as capacidades nucleares dos seus Modelos de Negócio, associados à inovação. Apesar da sua base em Taiwan, a HTC (electrónica de consumo) inicia o processo de design dos seus produtos nos Estados Unidos, acedendo a talento próximo das tendências de mercados significativos e permitindo diferenciação. No contexto do Triângulo Estratégico, um novo mapa de inovação significa que os paradigmas podem ser quebrados, mesmo nas fileiras de maior valor acrescentado. A Procter & Gamble criou na Venezuela um medicamento homeopático dirigido ao mercado sul-americano, mas o produto encontrou nichos de mercado nos EUA e Europa, com mais de 25% de aumento43. Estes exemplos indicam claramente que os emergentes são actualmente muito mais do que imitadores, mas apesar do crescimento da LATAM e África investimento em I&D, este ainda é apenas 4% do valor mundial.

Entre a realidade dos emergentes, a diferenciação de um Triângulo Estratégico pode incluir a vantagem convencional relativamente ao branding. Enquanto as empresas asiáticas formam 35% das maiores mundiais, representam apenas 1/10 das marcas globais mais valiosas: em 2012, apenas 10 empresas asiáticas integraram a

lista da Interbrand’s das 100 melhores marcas globais, um aumento face às 3 empresas – Kia, Hyundai e Nissan – que constaram na última década. Por exemplo, apesar da sua dimensão, marcas chinesas como Alibaba (marketplace electrónico), Huawey (telecomunicações) ou Metersbonwe (fashion retail) não são ainda marcas globais apesar das suas ambições. Ultrapassar o cepticismo dos consumidores ocidentais – sobre a qualidade dos produtos ou a transparência dos processos – é ainda um desafio significativo, que pode sugerir alianças e aquisições (eg. Lenovo)47. Para um estudo recente da Accenture, um executivo de uma empresa asiática afirmou “temos de ser baratos mais 20% que a concorrência europeia para termos uma oportunidade; para o médio-oriente conhecer a India, enquanto fornecedor, levou 10 anos; para entrar em África, primeiro tem de se conhecer onde é a Índia”. A estratégia, assumida com sentido de urgência, das organizações desta parte do globo é desenvolver uma proposta de valor que se baseie não só nas competências dos seus recursos e na inovação de alto-valor acrescentado, mas também na marca. E isso inclui aquisições; com a compra da Tetley a Tata passou a ter acesso aos mercados europeus.

Em muitos casos, as condições que precipitaram a chegada triunfal das multinacionais emergentes aos rankings mundiais- factores como o “super conhecimento local”, o instinto sobre outros mercados emergentes, a agilidade para alcançar os “consumidores-da-base-da-pirâmide” e a familiaridade com o risco e incerteza, como parte intrínseca do seu contexto original- não garantem necessariamente a continuação do seu crescimento: a questão crítica é saber como se conseguirão adaptar aos novos desafios colocados pela sua própria escala49.

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A tentação para um mapeamento simples de geografias numa cadeia de valor económico seria aceitável há 10 anos atrás. Hoje, um projecto pode mais facilmente ser financiado no Peru, criar na Tanzânia inovações que permitam monetizar as massas populacionais, e aproveitar para adquirir a “preço de desconto” as capacidades na Europa. Os casos analisados, especialmente de multinacionais emergentes, evidenciam uma realidade que impede as conclusões simples, em que separar aspectos de conjuntura, de factores competitivos sólidos, torna-se desafiante.

Mas, ainda assim, numa perspectiva integrada, as três geografias podem ser complementares, constituindo um mercado de dimensão relevante e equilibrado. A fusão das pirâmides demográficas é uma ilustração clara, em que a jovem África, compensa cada vez mais o “velho continente”. Para esta Europa, modelo de protecção social e virada para si mesmo, todavia estável e sem conflitos estruturais, o seu papel como “pivot” no Triângulo Estratégico carece de uma maior concretização. Por exemplo, os elevados fluxos de investimento entre outras geografias, parecem sugerir que a Europa- e as respectivas competências diferenciadoras- não são críticas para apresentar a África e a América Latina à liquidez financeira da Ásia.

Os recursos naturais, entendidos de forma ampla como foco nos bens alimentares, são um aspecto indiscutível; e a proximidade cultural, constitui provavelmente o menos replicável dos factores por outras geografias concorrentes.

Estes factores de competitividade face a outras áreas do globo apresentam um prazo de validade limitado- como o “dividendo demográfico”, pressionado por expectativas sociais que forçam a rápida geração de emprego em “mega cidades”- que só serão concretizados se acompanhados de programas de mobilização generalizada da sociedade. Factores de contexto como infra-estruturas e instituições frágeis, a necessidade de diversificação económica para lá do peso das commodities, responsáveis por 48% do crescimento da África Subsaariana3, o que por outro lado, representa apenas 1% das manufacturas mundiais, e o combate à economia informal e “auto-emprego”, serão factores determinantes, não só para o sucesso de cada país, mas também para a coesão do

Conclusões triângulo e pelo aumento da “distância administrativa e económica” entre as geografias.

Parece tão inevitável quanto superficial, afirmar que a cooperação entre organizações- eg. dados sobre mercados, logística, canais de distribuição, partilha de investimentos iniciais, serviços partilhados, entre outros- seria um aspecto relevante. Parece improvável, considerando a reduzida cultura associativista dos tecidos empresariais dos países. Talvez seja mais pragmático começar por “trabalhar para os rankings” de competitividade, acelerando a abertura das economias- disponibilizar informação credível, proteger o investidor, motivar a circulação de capital humano e financeiro, clarificar normas, facilitar o processo burocrático dos negócios- ou seja, genericamente, desenvolver cada país, no contexto de uma maior robustez das instituições. Nesta área, importa reconhecer que em várias regiões, o desafio é ainda a solidificação de instituições nacionais, antes ainda das infra-estruturas físicas necessárias à integração regional e internacional. Além disso, o multilateralismo de um Triângulo Estratégico constitui em si mesmo uma agenda em competição com outras iniciativas como a “Aliança do Pacífico”, as zonas económicas de cada vértice (eg. UE, MERCOSUL, SACU) ou o recentemente planeado bloco pan-europeu.

No entanto, a materialização de relações trilaterais pode tomar uma forma mais célere nas empresas, sobretudo naquelas que reconhecem a vantagem de incorporar a multipolaridade- neste caso, dos 3 vértices do Triângulo- no desenho do seu modelo operativo. Aliás, esse equilíbrio, com mercados de maturidades e ciclos distintos, possibilita a diversificação de risco dentro do próprio Triângulo, com impactos na visão das organizações sobre o seu portfolio de negócios. As implicações para as empresas variam de acordo com a sua origem: para as multinacionais emergentes, significa capitalizar as vantagens competitivas do seu conhecimento local, flexibilidade na adaptação, conforto com o risco e alcance de novos segmentos da procura; as exigências dos consumidores emergentes evoluem mais rapidamente, pelo que aceder a níveis mais aspiracionais exigirá investimentos para reconhecimento de marca e qualidade acrescida. Sem o conhecimento local e, frequentemente, sem a vantagem de custo

das emergentes, às multinacionais de países desenvolvidos é exigida uma capacidade de inovar em todas as dimensões- do produto ao modelo de negócio- no sentido de flexibilizar a sua actuação.

• Estabelecimento de objectivos claros/específicos em estratégias de internacionalização, alinhando expectativas e recursos (eg. incremento do nível de receitas em mercados externos, gerado através de diversas acções de expansão, potenciando o aumento da competitividade interna);

• Diferenciação da concorrência através de estratégias de marketing localizadas e desenvolvimento/ lançamento de novos produtos, investimento em social media e outros canais de comunicação como forma de melhorar as percepções dos clientes e poderá ainda ser necessária uma ferramenta de analytics, com o objectivo de controlo de produção e suporte a pesquisas de mercado;

• Desenvolvimento de plataformas à escala mundial, tendo em conta alterações do nível operacional, que poderão incluir serviços partilhados, standardização de processos, plataformas de IT regionais e globais e estruturas delineadas;

• Investimento numa workforce internacional e com cargos de chefia multi-culturais, tendo em conta rotação de funções, vagas internacionais, definição de etapas de carreira apelativas, desenvolvimento de plano de formação orientado para diferenças culturais e estruturas flexíveis que permitam alcançar mercados target. Existem aspectos a ter em conta na gestão de uma workforce global: maior complexidade de cadeias de valor e novos regulamentos/ políticas fiscais.

Evoluir no sentido de um Triângulo Estratégico é reconhecer a necessidade de conquistar competitividade num mundo multipolar, equilibrando um sistema em que o eixo do Pacífico, liderado pela China, ganha um peso determinante. Competir exige uma dinâmica mais complexa, conducente a uma nova normalidade.

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A materialização de relações trilaterais pode tomar uma forma mais célere nas empresas, sobretudo naquelas que reconhecem a vantagem de incorporar a multipolaridade - neste caso, dos três vértices do triângulo - no desenho do seu modelo operativo.

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