Tres Pontos

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1 38055 65154 7 NOVEMBRO 2011 SANDRA DIECKMAN JESSE LEFTKOWITZ JAMIE MILLS ANTES DO DIA SEGUINTE | O MUNDO DOS TEUS SONHOS | CÍRCULO DAS ARTES TINTA E BRAILLE-PALAVRAS A DOIS SENTIDOS

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NOVEMBRO 2011

SANDRA DIECKMAN JESSE LEFTKOWITZ JAMIE MILLS

ANTES DO DIA SEGUINTE | O MUNDO DOS TEUS SONHOS | CÍRCULO DAS ARTES

TINTA E BRAILLE-PALAVRAS A DOIS SENTIDOS

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Homens e máquinas juntam-se no mesmo palco para

contar histórias sobre gente sentada em bancos de

jardim. Movimentam o corpo e deixam cair letras. As

palavras significam o que dizem e são o que podem ser

na boca de cada um. Muitas estão em código e só al-

guns percebem. Mas todos as sentem, seja com os

olhos ou com os dedos. Palavras que também podem

ser música, criada por um piano, transportada em vinil,

anunciada em cartazes que vestem paredes da rua.

Homens e máquinas dividem o mesmo palco e comu-

nicam com o alter-ego. Representam a multiplicida-

de do "eu".

O ser dissimula-se nas várias formas de ser. Passo a

passo as personagens abandonam o corpo e encontram

reflexo no exterior. Homens e máquinas desaparecem do

palco. A cortina desce quase até ao fim. Só se vêem

sapatos. Botas de salto alto, ténis de sola rasa. Vestí-

gios de nós e dos outros. Prova das vidas que se unem

num estrado de madeira de diferenças e semelhanças.

Celebrado pela comunicação. A cortina desce até ao

fim e apaga a imagem. Mas afinal esta peça é apenas

uma apresentação do que está prestes a acontecer.

t r ê s p o n t o s

TRÊS PONTOS #03 - NOVEMBRO 2011

EDITORIAL

ANTES DO DIA SEGUINTE

O MUNDO DOS TEUS SONHOS

TINTA E BRAILLEPALAVRAS A DOIS SENTIDOS

CÍRCULO DAS ARTESHELENE RIEFENSTAHL

SANDRA DIECKMAN

JESSE LEFTKOWITZ

JAMIE MILLS

ÍNDICE

FICHA TÉCNICA

DIRECÇÃO

EDIÇÃO GRÁFICA

FOTOGRAFIA

PERIODICIDADE

EDIÇÃO

ISABEL CUNHA

ISABEL CUNHA

ISABEL CUNHA

TRIMESTRAL

INVERNO 2011

WWW.3PONTOS.COM

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Dois copos de vinho, uma garrafa meio cheia. Vidas cru-

zadas sobre a mesa de um café. Cigarros que se

acendem entre histórias e desabafos. As pessoas falam

sobre o tempo, admiram-se com exercícios de bana-

lidade até terem de falar do que não querem. Fazem in-

troduções cheias de vazio. Fingem recitar poemas

mentais como forma de fugir ao contacto visual.

Passa uma hora e os dois estão ali. A garrafa acabou. O

rapaz do café aparece sobre a mesa. Ar abatido, mas

educado. Atencioso, mas distante: «Traga-me mais

uma destas, por favor.» O processo repete-se e as

defesas vão ficando moles. Os olhos aproximam-se

da verdade, os braços agitados tentam manter a

distância, mas mais não fazem do que aproximar o

olhar alheio das profundezas da alma. As guardas vão

baixando. Abre-se a mente a pensamentos perver-

sos. Os princípios mais básicos da moral são sub-

vertidos pelo instinto. O organismo entra em revolu-

ção. Re mói-se, inclina-se, curva-se.

É nesse momento que a cabeça se separa do corpo.

Procura agarrar a razão antes que ela se retire porta

fora sem olhar para trás. Mas o esforço já veio tarde e a

corrente é forte demais para tentar voltar à terra.

O sorriso que salta do outro lado da mesa acaba por

desfazer os últimos suspiros de sensatez e o ferro

transforma-se em água. No fim já não é preciso

arrombar a porta. As chaves são oferecidas, o tapete

vermelho é vendido. Dão-se as boas-vindas sobre avi-

sos de cautela: «Agora vê lá, não me deixes ficar mal.»

Lançam-se receios mascarados pela preocu-pação:

«Não leves nada que não possas devolver e, se

quiseres voltar atrás, não esperes, não esperes pelo

avançar do tempo.»

A segunda garrafa chega ao fim. Pede-se mais uma

para o caminho. Para beber no táxi até chegar ao hotel.

Já se faz tarde para voltar atrás sozinho. O melhor é

aceitar a companhia e ficar num quarto entre o nada e o

adeus. Amanhã o sol trata de abrir os olhos mesmo que

eles queiram ficar fechados. A realidade faz questão de

aparecer mesmo que a fantasia não a tenha convidado

para um passeio a dois. Amanhã a boca está seca, mas

se o vinho for bom pode ser que a cabeça não doa.

Ficam apenas os copos… manchados pelas gotas de

uma recordação.

ANTES DO DIA SEGUINTE O MUNDO DOS TEUS OLHOS

O outro lado é como uma concha cerrada. Um baú de

tesouros cobertos com a alquimia dos sonhos, cofre

que esconde quimeras, desejos guardados para res-

gatar um dia. São os mundos paralelos que guarda-

mos em esconderijos, na expectativa de que alguém

connosco os queira partilhar. São destinos onde

queremos chegar. Viagens sem porto e sem fim,

trilhos que a imaginação nos oferece, bálsamo que

revigora e restaura o poder de olhar além.

É o outro lado da rua, o outro lado da janela, onde gente

invisível tece vidas silenciosas por detrás das cortinas

de organdi. É uma nota de música, acordes que nos

atravessam, retirando-nos do torpor dos indiferentes.

É o refúgio de um quadro, uma pintura de cores in-

certas que atrai os incautos nas armadilhas da arte.

São as palavras certeiras de Sepúlveda, a música de

Yann Tiersen. Uma imagem na tela de Pollack. Um

rosto na foto de Doisneau.

E são as memórias que em nós habitam, grãos disper-

sos num painel que nos molda os dias.Páginas que fo-

lheamos devagar, para guardar o sabor doce das

recordações. Sementes que crescem, regadas pela

magia de uma viagem. Imagens e cheiros que nos

transportam para lugares de onde não queremos

regressar. Horizontes que s e abrem, como leques, e

nos atiram para espaços infindos, panos de fundo que

queremos fazer reféns. Instantes que queremos

paralisar no preciso tempo.

E é também o outro lado da lua, o do alheio, dos cami-

nhos incer tos que exploramos com a mesma

voracidade com que um pintor se atira à tela, é um

rasgo de amor. A vida num ápice. Um segundo, um

instante. Um sorriso, um riso. Um beijo.

São as estradas que descobrimos cá dentro, labirintos

por onde deambulamos, como vagabundos de para-

deiros desconhecidos, à espreita do horizonte. Pás-

saros que nos levam a voar. És tu, asilo seguro onde pouso quando não caibo no

mundo. São os lugares de fábulas e de exílio para on-

de me levas quando o mundo me pesa na alma. É a tua

alegria, que me traz sempre esperança. É a desme-

sura dos teus olhos e as planícies que neles en-

contro ao largo horizonte.

REFLEXÃO: CATARINAVAN DER KELLEN

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TINTA E BRAILLE

PALAVRAS A DOIS SENTIDOS

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Quando lê uma descrição, a imaginação de Ana Oliveira

(ACAPO) constrói um quadro mental com base naquilo

que conhece. Elementos aos quais atribuiu uma

imagem porque toca, cheira, ouve e prova. Existem

coisas, porém, das quais só tem conceitos que lhe

foram ensinados - como o céu, as cores ou o sol. São

noções abstractas, sem referente, mas que não

retiram prazer à leitura.

Raquel Dutra, assistente editorial, lê compulsivamen-

te desde criança: «Quando era pequena lia com uma

lanterna debaixo dos cobertores». A intimidade com a

palavra impressa marcou e definiu todo o percurso

académico e profissional. Foi com os livros que teve a

percepção de diferentes realidades, que desenvolveu

criatividade e espírito crítico.

Tal como a leitura visual, a leitura braille transporta

informação através de mecanismos que facilitam a

meditação e assimilação pessoal daquilo que se lê. Em

ambos os casos, são as impressões sensíveis reco-

lhidas em experiências anteriores. Os contornos que

Ana desenha mentalmente quando lê sobre uma ma-

çã, por exemplo, podem até ser muito semelhantes

aos de Raquel. Até a percepção do aroma ou do sa-

bor da mesma maçã pode ser idêntica . O que aconte-

ce é que os sentidos, à falta da visão, são trabalha-

dos e polidos pelo hábito de uma forma diferente.

REVOLUÇÃO NA LEITURA

O braille é um método de escrita que se compõe de

pontos em alto-relevo para leitura táctil. Ler em braille

é um processo lento que provoca algum desconforto

físico. «Quem tem o tacto menos apurado, ou quem

está a começar a aprendizagem do braille, fica mesmo

com os dedos dormentes e acaba por não conseguir

distinguir os pontos ao fim de pouco tempo». Daí que

Ana opte frequentemente pelo suporte digital. Ou

seja, ouve os livros através de uma voz sintetizada.

Os editores de texto, os leitores de ecrã e os sinte-

tizadores de voz vieram revolucionar o acesso à

educação e à cultura.

Ao trabalhar com o computador, Ana utiliza um teclado

comum, que, segundo normas internacionais, possui

um alto-relevo nas letras F e J, para orientação do

utilizador. Além do computador, também pode trans-

ferir os ficheiros para o telemóvel com um software de

voz específico.

Em cada livro está guardado um mundo de com-

binações imagéticas diferentes de leitor para leitor. A

leitura depende do momento em que se lê e daquilo

que define cada ser humano. É impossível saber como

as palavras, em todo o caso ambíguas, são interpre-

tadas por cada um. Certo é que todos interpretamos

à luz daquilo que somos. E o que está entre o leitor e

o livro não deixa de ser apenas um pormenor.

O dedos de um cego são os olhos

de um normovisual.”

Raquel Dutra

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ESPAÇOS EM BRAILLE

A ACAPO dispõe de duas bibliotecas braille e sono-

ras. O suporte mais procurado pelos associados é o

áudio, mas não há um género literário que seja mais

requisitado. Segundo Ana Oliveira, «as pessoas têm

gostos muito diversos». «Tanto pedem romances co-

mo livros sobre espiritismo». Salienta, no entanto,

que o best-seller de Dan Brown, O Código Da Vinci, foi

um grande sucesso entre os leitores invisuais.

Em Lisboa, a Biblioteca Nacional reserva uma área de

leitura especial para os deficientes visuais. A Media-

teca da Caixa Geral de Depósitos digitaliza documen-

tos, a pedido dos utentes, e transforma-os para o

suporte pretendido. No Porto, o Centro Professor Al-

buquerque e Castro é a entidade responsável pela

produção da maioria das obras que existem em brai-

lle. Também algumas bibliotecas municipais reser-

vam espaços específicos para cegos.

www.acapo.ptwww.lerparaver.com

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O livro é uma fantasia que ganha

corpo. Uma fantasia que não se esgo-

ta com a leitura, mas antes se mul-

tiplica. Inaugura em cada leitor

emoções adormecidas ou suspen-sas

pelas circunstâncias.

A Três pontos foi à procura de manei-

ras diferentes de sentir a palavra com

os olhos e com a ponta dos dedos.”

lviao Sítto

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circulo

das artesh e l e n e r i e f e n s ta h l

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Helene Bertha Amalie Riefenstahl começa por estudar

pintura, Como actriz, Leni Riefenstahl abraça todos os

projectos com a mas cedo deslumbra o Mundo com a

elegância e ligeireza que irreverência e a ventura que a

caracterizam. Quer sempre ir mostra nos palcos de

bailado. Alemães, austríacos e suíços mais longe e

irradia uma beleza única que fascina muitos dos

rendem-se à graciosidade das piruetas, até ao trágico

dia em que homens com quem trabalha. É difícil ficar

indiferente à mulher e à uma lesão no joelho a afasta da

dança. Neste momento, abrem- profissional. se as

portas do cinema.

Em A Montanha Sagrada (1926), de Arnold Fanck, a

jovem aventura-se num mundo pouco povoado por

mulheres. Depois desta interpretação, vem a sede da

produção e daí à realização foi um bater de asas.

LUZ NO ECRÃ

Em 1931, estreia-se como realizadora em A Luz Azul,

um filme de ficção. Riefenstahl não conhece fron-

teiras e tenta travar contacto com Hitler. Tal como até

então, a cineasta cumpre mais um dos seus objec-

tivos. Uma meta que a leva longe demais. «O seu

talento foi a sua tragédia», confessa Ray Müller,

realizador do documentário A Maravilhosa, Horrível

Vida de Leni Riefenstahl.

A pedido de Adolf Hitler dirige o documentário “A

Vitória da Fé”, em 1935. No mesmo ano realiza O

Triunfo da Vontade e Dias de Liberdade. Um ano depois

vem Olympia Ídolos do Estádio.

O Triunfo da Vontade e Olympia Ídolos do Estádio são

os filmes que eternizam Leni Riefenstahl: duas pelí-

culas ovacionadas por multidões em êxtase, mas que

Num voo constante, com uma precisão única, Leni Riefenstahl voou de flor em flor. Da pintura à dança, da séti-

ma arte à fotografia, aventurou-se nas águas do mar e descobriu um mundo novo. Mas da qualidade técnica

que representa, deixa também uma imagem ligada à propaganda nazi. Controvérsia que até hoje perdura,

dois anos passados da sua morte.

lhe ram o ostracismo depois da II Guerra Mundial. vale Ainda hoje, sempre que são exibidos na Alemanha, têm

de ser acompanhados por uma sessão de esclare-

cimentos, devido à inevitabilidade de dissociá-los da

eficácia que garantiram à propaganda nazi.

Ainda assim, Leni garante que os filmes foram

realizados sem qualquer intervenção do Ministério da

Propaganda e que, simplesmente, colocou a sua ge-

nialidade ao serviço do Führer. Naquela altura ainda

nada se sabia sobre campos de concentração. Os

alemães andavam à deriva e Hitler conseguiu fasci-

nar uma nação e um povo. Assim como fascinou Leni

Riefenstahl.

O PREÇO DO TALENTO

Até ao dia da sua morte, Riefenstahl recusa todas as

acusações que lhe fizeram. Assume-se como uma

«artista ao serviço da sua arte», porque sempre que se

empenha num projecto dá o melhor de si. Era incapaz

de «fazer coisas mal feitas».

Movida pelo rigor e pela inovação técnica, Riefenstahl

abre os caminhos para as modernas coberturas

desportivas da actualidade. Durante a realização de

Olympia, por exemplo, cria fossos para captar novos

ângulos dos atletas usando o céu como pano de fundo

coloca câmaras nos mastros das bandeiras e joga

com a luz e com o movimento para provocar contras-

tes. Estilo original que destaca as suas obras entre

tantas outras existentes.

Mas, apesar do talento, no fim da II Guerra chega a ser

interrogada e presa num campo de concentração

francês. Supera as críticas e as acusações nas barras

dos tribunais. Nada é provado, mas todos os que a

apoiaram voltam-lhe costas. Tiefland (1954) é o

último filme que realiza antes de se dedicar à foto-

grafia. Leni depura a consciência e expia a culpabi-

lidade de ter realizado filmes colocados à disposição

da propaganda nazi. Em 1987, publica A Memoir, uma

autobiografia onde, uma vez mais, procura afastar-se

do regime fascista.

Refugia-se no mundo da fotografia. Presa a esta nova

objectiva, agarra cada momento e fixa a intensidade de

cada instante. Longe das luzes e das vozes que a

aplaudiram e criticaram, Leni e parte para o con-

tinente africano.

O SEU TALENTO FOI

A SUA TRAGÉDIA”

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AMADA PELOS NAZIS

A irreverente mulher das sete artes quis conhecer

Hitler. Fascinada, como todo o povo alemão, escreveu-

lhe uma carta. Era impossível f icar indiferente à bele-

za e à persistência de uma mulher tão intensa. Encon-

traram-se, passearam juntos à beira-mar. Hitler che-

gou a confessar a admiração que sentia por Riefens-

tahl. Voltaram a encontrar-se.

Leni começou a frequentar o círculo dos homens for-

tes do III Reich. Goebbels chegou a implorar pelo amor

da cineasta. A vida de Leni Riefenstahl não pôde nunca

mais ser dissociada da elite nazi.

www.leni-riefenstahl.de

ÚLTIMA TRANSIÇÃO

O passar dos anos não lhe esmorece a tenacidade. Aos

72 anos, depois de conviver, no Sudão, com as tribos

Nuba e Kau, decide fazer um curso de mergulho. Nesta

fase, ganha uma nova meta: captar Impressões

Subaquáticas. Mais de dois mil mergulhos, o último

dos quais aos 97 anos, captam a luz e a cor das pro-

fundezas do Oceano Índico, onde a fotógrafa en-contra

momentos de tranqui l idade. O documentário é

lançado a 22 de Agosto de 2002.

A vida de Leni Riefenstahl acabara de cumprir o cír-

culo das artes.

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SANDRA DIECKMAN

Sandra Dieckman nasceu na Alemanha, mas actual-

mente vive e trabalha na Inglaterra (em Londres).

A Três Pontos apresenta duas respostas à entrevista

que lhe foi feita.

1. Como descreveria o seu estilo, as suas ilustra-

ções?

O meu trabalho é construído, sobretudo, em torno da

natureza, animais selvagens e observações, e é

inspirado por tudo o que me toca pessoalmente. Eu

descreveria o estilo da minha ilustração, de acordo

com o detalhe, a cor, o padrão, no sentido gráfico.

A ilustradora Natsuki Otani de Rally escreveu o se-

guinte sobre uma das minhas ilustrações: “As mara-

vilhosas ilustrações que Sandra cria tem todas as

características de um ilustrador de primeira classe

além de uma força eminente. Seus animais não são

apenas minuciosamente desenhados, mas o estilo e

desenvoltura com que ela nos presenteia com suas

ilustrações é inegável. Seu trabalho evoca a profunda

agitação de histórias infantis e contos de fadas dando

uma sensação profundamente enraizada de terra, de

florestas e mistério. Seu trabalho grita para a olhar

através de sua combinação de beleza e dor numa

composição elegante. Seu trabalho é forte e sutil, e

isso lhe permite introduzir humor e ao mesmo tempo

preservar a beleza e a arte. Um a verdadeira ilus-

tradora e um verdadeiro mimo!”

2. Qual é o seu processo de design, que metodologia

projectual utiliza?

Depende um pouco da inspiração e do tipo de trabalho

que o cliente pretende, às vezes e difícil e leva-me

algum tempo para começar. Começo sempre com os

personagens (animais), atribuo-lhes alguma cor, de

acordo com a paisagem que pretendo, e que estou

constru indo na minha cabeça enquanto estou

desenhando. Ás vezes construo colagens digitalmen-

te que serão incluídas mais tarde.

Quando não estou trabalhando para clientes, tomo as

ilustrações como minhas ilustrações. Trabalho o dia

todo, todos os dias, e é enquanto tomo café, respon-

do a email's…que desenho algumas das minhas ilus-

trações, tenho imensas peças distribuídas no estúdio

em minha casa, adoro isso, e construo ali o meu

ambiente de trabalho.

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Jesse Lefkowitz nasceu e cresceu no estado da

Virginia, nos Estados Unidos da América. Em 2001,

ingressa na Rhole Island School of Design, onde des-

cobriu o lápis de desenho 2B. Após a sua graduação em

Junho de 2005, torna-se freelancer em ilustração e

design editorial. Trabalha, junto dos directores de

arte, em publicações como Rolling Stone, New York

Times e CosmoGirl!.

A Três Pontos reuniu seis perguntas, numa entrevista

com o ilustrador a fim de sabermos um pouco mais,

sobre a sua vida profissional.

1. Quando é que decidiu ser ilustrador?

Decidi o melhor da ilustração enquanto estudava na

Rhode Island School of Design. No início, a minha in-

tenção era simplesmente melhorar o meu desenho e

técnicas de pintura, mas logo no programa percebi que

queria fazer uma carreira fora de ilustração.

2. Como caracteriza o estilo artísticos da s suas

ilustrações?

Meu estilo é gráfico e fortemente influenciado pela

gravura e desenho. Tento prestar muita atenção ao

contorno das formas e gosto de cores vibrantes e de texturas.

3. A sua infância, as suas vivências, o seu país natal,

influenciaram a sua vertente artística?

Não sei se o meu passado teve uma grande influência

no meu trabalho actual. Chamo-lhe de cultura do

design contemporâneo e da estética modernista de

meados do século 20.

JESSE LEFKOWITZ

4. Quando recebe uma proposta de trabalho, que

metodologia projectual usa, como começa?

Eu começo fazendo uma série de esboços rápidos em

um esforço para gerar ideias e começar a trabalhar as

composições. Eventualmente, selecciono dois ou três

conceitos favoritos e desenvolvo-os melhor, em tons

de cinza no Photoshop. Uma vez que um esboço foi

aprovado pelo director de arte, eu uso-o como uma pri-

meira camada à minha imagem final. Tento ficar com

uma composição ampla da que trabalhei no esboço

para que eu possa passar mais tempo a pensar em to-

das as maneiras para refiná-lo ao fazer a imagem final.

Depois que se estabelece a composição e avanço para

um esquema de cores, adicionando camadas de textura

para dar em parte alguma riqueza e profundidade.

5. Quando está a trabalhar costuma ouvir musica? e

que género costuma ouvir? Serve-lhe como forma de

inspiração?

Eu ouço todo o tipo de coisas em que eu trabalho. Não

apenas música, mas notícias e programas de rádio

pública. Quando ouço música, porém, eu prefiro a

calma, ouço canções melódicas que não sejam com

letras muito pesadas. Não chamaria isso de ins-

piração, mas ele ajuda a manter a parte não-visual do

meu cérebro activo enquanto eu trabalho.

6. Existem alguns ilustradores ou trabalhos de

referência?

Olho para um monte de ilustradores contemporâneos

dos Estados Unidos e da Europa. Leio vários blogs de

design e olho, também para ilustradores modernistas

do passado.

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JAMIE MILLS

1. Quais são as suas fontes de inspiração, quais as

suas influências?

Como vê no meu trabalho, a maioria da minha

inspiração vem da natureza. As montanhas, as

árvores, os vales, animais selvagens e, muitas das

vezes, espaços abertos são as coisas em que o meu

olhar se prende. Vejo muitos documentários e leio

muitos livros sobre lugares aos quais não consigo

chegar no momento, mas serão lugares para um dia

viajar. Fotografos como Yann Arthus-Bertrand, Steve

Bloom e Hirst Bill atraiem-me, realmente, os seus

trabalhos captam a verdadeira essência do mundo e

muitas vezes a influêcia da humanidade no seu

contorno. LSLowey e Brooks Salzwedel são dois ar-

tistas que também trabalham temas semelhantes e

foram grandes inspirações para mim. Há uma

capacidade de transmitir sentimentos tão próprios

(uma espécie de saudade) presente nos seus traba-

lhos que não me canso de olhar.

2. Ao descrever uma história, como é que fez as suas

personagens, de onde eles vieram e para ondes eles

foram?

A serie 'Winter' é um projecto que estou muito

orgulhosa de o ter desenvolvido. Começou com uma

ideia para um livro infantil e, nesse aspecto, não é bem-

sucedido em tudo. Tenho levado um pouco o retracto

de uma historia verdadeira, criando uma determinada

estética, que acabou por se remover completamente

da história inicial dos meus filhos. No entanto, são

peças de trabalho, pelas quais sou ainda muito fã e

ainda pretendo ser.

Comecei o projecto sem narrativa, sabia vagamente

que queria que fosse algo sobre o bisonte das

montanhas e a sua vivência. Através de repetidos

desenhos e esboços de bisontes, lobos e um imenso

cenário de uma narrativa simples. Tal como acontece

com muitos dos meus trabalhos, o processo foi

bastante básico – as secções azul foram serigrafadas,

niveladas, e tudo o que mais neles existe foi feito

usando um lápis, que é uma técnica que eu realmente

gosto de trabalhar

Formada em ilustração recentemente, a jovem Jamie

Mills vive na Inglaterra e busca inspiração na natu-

reza, nas estruturas e nos padrões que a cercam. Os

seus trabalhos Jamie explora o preto e o branco e tam-

bém as cores primárias, que aparecem em detalhes

deli-cados trazendo vida às imagens.

A Três Pontos apresenta duas respostas à entrevista

que lhe foi feita.

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FESTIVAL DE ARTES PERFORMATIVAS

ATENEU COMERCIAL DO PORTO

AUDITÓRIO/HALL/

BAR DE SERRALVES

CORETO DA CORDOARIA

CENTRO PORTUGUÊS

DE FOTOGRAFIA

ESMAE ESTAÇÃO DE SÃO

BENTO

ESTÚDIO ZERO

FBAUP

FLUP

14-17 DEZ 2011PORTO

7ª EDIÇÃO

HOTEL DOM HENRIQUE

LIVRARIA CE LATINA

LOFTE

LOJA N.90 RUA CÂNDIDO

DOS REIS

MUSEU MILITAR DO PORTO

PARQUE DE ESTACIONAMENTO

SILO-AUTO

PASSOS MANUEL

PRAÇA D.JOÃO I

ATOM (ROBERT HENKE & CHRISTOPHER BAUDER)(DE)

BLACK SUGU (PT)

CRISTIAN CHIRONI (IT)

FORCED ENTERTAINMENT (UK)

HHY & THE MACUMBAS (PT)

INSTITUT FÜR FEINMOTORIK (DE)

JÉRÔME BEL (FR)

JOANA CRAVEIRO / JOÃO PAULO SERAFIM (PT)

JULIANA SNAPPER (US)

KK NULL (JP)

MARCIA FARQUHAR (UK)

MIGUEL PEREIRA (PT)

DJ MR. MUECK (DE)

SIGMUND SKARD (NO)

SOFT CIRCLE (US)