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ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA AMIB PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTENSIVA - LATO SENSU FACULDADE REDENTOR DO RIO DE JANEIRO ÉRIK DE FREITAS FORTES BUSTAMANTE TRAQUEOSTOMIAS EM UTI - PRECOCE OU TARDIA CUIABÁ-MT 2011

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ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA

AMIB

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTENSIVA - LATO SENSU

FACULDADE REDENTOR DO RIO DE JANEIRO

ÉRIK DE FREITAS FORTES BUSTAMANTE

TTRRAAQQUUEEOOSSTTOOMMIIAASS EEMM UUTTII -- PPRREECCOOCCEE OOUU TTAARRDDIIAA

CUIABÁ-MT 2011

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ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA – AMIB

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTENSIVA - LATO SENSU

ÉRIK DE FREITAS FORTES BUSTAMANTE

TTRRAAQQUUEEOOSSTTOOMMIIAASS EEMM UUTTII -- PPRREECCOOCCEE OOUU TTAARRDDIIAA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Associação de

Medicina Intensiva Brasileira-AMIB,

como requisito para a aprovação no

Curso de Pós-Graduação em

Medicina Intensiva.

CUIABÁ-MT 2011

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BUSTAMANTE, Érik de Freitas Fortes.

Traqueostomias em UTI - precoce ou tardia. Érik de Freitas Fortes

Bustamante. Associação de Medicina Intensiva Brasileira-AMIB, 2011. 58.

Trabalho de Conclusão de Curso. Especialização em Medicina

Intensiva Lato Sensu. Associação de Medicina Intensiva Brasileira-AMIB,

2011.

1. TRAQUEOSTOMIAS; 2. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA;

3. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL. I. Título.

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ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA – AMIB

TTRRAAQQUUEEOOSSTTOOMMIIAASS EEMM UUTTII –– PPRREECCOOCCEE OOUU TTAARRDDIIAA

ÉRIK DE FREITAS FORTES BUSTAMANTE

Cuiabá-MT

2011

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Dedico à minha família pelo

carinho, apoio, atenção, por

suportarem as minhas ausências

durante os estudos e pesquisas e

me confortarem nas horas mais

difíceis.

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Agradeço, primeiramente, a Deus,

por todas as graças que me foram

concedidas.

À minha família, por me

acompanhar.

A todos que partilham comigo mais

esta conquista vitoriosa em minha

vida.

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“Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

Ele subia com as casas

Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia

De sua grande missão.

E assim o operário ia

Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento

Além uma igreja, à frente

Um quartel e uma prisão:

Prisão de que sofreria

Não fosse, eventualmente

Um operário em construção.

Mas ele desconhecia

Este fato extraordinário:

Que o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.

De forma que, certo dia

À mesa, ao cortar o pão

O operário foi tomado

De uma súbita emoção

Ao constatar assombrado

Que tudo naquela mesa

. Garrafa, prato, facão.

Era ele quem os fazia

Ele, um humilde operário,

Um operário em construção”. (Vinícius de Moraes)

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RESUMO

O objetivo deste tema é tentar definir se as traqueostomias precoces, ou

seja, até 5 dias após intubação orotraqueal com paciente em ventilação

mecânica, é melhor ou não, comparada com pacientes que demoram mais

de 15 dias para ser submetidos a traqueostomia. Avaliar as complicações

de intubação orotraqueal prolongada, extubações e intubações

repetidas, higiene traqueal e progressão da retirada do paciente da

ventilação mecânica com intubação orotraqueal x traqueostomia. Avaliar as

possíveis complicações da realização da traqueostomia por médicos não

especializados, as indicações e dificuldades da intubação orotraqueal x

indicações e dificuldades da traqueostomia nas mãos de profissionais

experientes. Avaliar os casos onde logo após a intubação orotraqueal, de

acordo com o caso de cada paciente, por exemplo: se o paciente tem um

problema respiratório grave ou neurológico, onde não há perspectiva de

retirada do paciente da ventilação mecânica, período de tempo curto (7

dias), se já não seria melhor estar traqueostomizando o paciente para evitar

as complicações de intubação orotraqueal prolongada e melhorar a parte

pulmonar do mesmo.

Palavras-chave: Traqueostomias; Unidade de Terapia Intensiva; Intubação

Orotraqueal.

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ABSTRACT

The objective of this subject is to try to define if the precocious tracheotomies, that

is, up to 5 days after or tracheal intubations with patient in ventilation mechanics, is

better or not, compared with patients who delay 15 days more than to be submitted

the tracheotomies. To evaluate the complications of or tracheal intubation drawn

out, repeated extubations and intubations, tracheal hygiene and progression of the

withdrawal of the patient of the ventilation mechanics with or tracheal intubation x

tracheotomies. To evaluate the possible complications of the accomplishment of the

tracheotomies for doctors not specialized, the indications and difficulties of or

tracheal intubation x indications and difficulties of the tracheotomies at the hands of

experienced professionals. To evaluate the cases where soon after the or tracheal

intubation, in accordance with the case of each patient, for example: if the patient

has a serious or neurological respiratory problem, where she does not have

perspective of withdrawal of the patient of the ventilation mechanics, period of short

time (7 days), if already would not be better to be tracheal optimization the patient

to prevent the complications of or tracheal intubation drawn out and to improve the

pulmonary part of the same.

Keywords: Tracheotomies; Unit of Intensive Therapy; Intubation Or tracheal.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

2. HISTÓRICO E DEFINIÇÃO DA TRAQUEOSTOMIA .............................. 12

2.1 Histórico ................................................................................................ 12

2.2 Definição ............................................................................................... 14

2.3 Classificação e indicações .................................................................... 15

2.3.1 Classificação ...................................................................................... 15

2.3.2 Indicações da traqueostomia ............................................................. 15

3 UTILIZAÇÃO DA TRAQUEOSTOMIA EM UNIDADES DE TERAPIA

INTENSIVA ................................................................................................. 17

4. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL............................................................... 20

4.1 Complicações da intubação orotraqueal prolongada ............................ 20

5 PACIENTES EM VENTILAÇÃO MECÂNICA........................................... 22

6 COMPLICAÇÕES DE EXTUBAÇÕES E INTUBAÇÕES OROTRAQUEAIS

REPETIDAS................................................................................................ 25

7 TRAQUEOSTOMIAS PRECOCE X TARDIA ........................................... 30

8 MANOBRAS DE HIGIENE TRAQUEAL................................................... 35

9 CUIDADOS E COMPLICAÇÕES DURANTE O PROCEDIMENTO DE

ASPIRAÇÃO OROTRAQUEAL E TRAQUEOSTOMIA ............................... 37

10 PROGRESSÃO DA RETIRADA DO PACIENTE DA VENTILAÇÃO

MECÂNICA COM INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL x TRAQUEOSTOMIA .. 40

10.1 Definições ........................................................................................... 40

10.2 Desmame............................................................................................ 41

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10.3 Interrupção da ventilação mecânica.................................................... 41

10.4 Extubação e decanulação ................................................................... 41

10.5 Sucesso e fracasso da interrupção da ventilação mecânica............... 42

10.6 Sucesso e fracasso do desmame ....................................................... 42

10.7 Ventilação mecânica prolongada ........................................................ 42

10.8 Traqueostomia .................................................................................... 43

11 COMPLICAÇÕES NA REALIZAÇÃO DA TRAQUEOSTOMIA POR

MÉDICOS NÃO ESPECIALIZADOS........................................................... 44

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 46

REFERÊNCIAS........................................................................................... 47

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1. INTRODUÇÃO

A respiração constitui um mecanismo imprescindível para a vida

de qualquer ser vivo, em particular o ser humano, que na sua ausência

morre em poucos minutos. O sistema respiratório é formado por diversos

órgãos que trabalham interligados para que o processo da respiração possa

acontecer de maneira eficiente, satisfazendo as demandas do organismo,

desde o repouso até atividades físicas e outras situações em que essa

demanda encontre-se aumentada (SOUZA et al., 2009).

Durante a respiração o ar inalado é aquecido e umidificado em

sua passagem pelo nariz, seios nasais e paranasais, faringe, laringe e

traquéia. Este processo de condicionamento produz um gás alveolar com

temperatura de 37ºC e umidade relativa de 100% (BISINOTO et al., 1999).

A intubação traqueal ou a traqueostomia leva à perda do sistema

de umidificação natural, propiciando a administração de um gás seco e de

baixa temperatura (TORRES et al., 1997).

A cada ano, centenas de novos pacientes e infelizmente em sua

maioria jovens, requerem a utilização da ventilação mecânica controlada

(traqueostomia), como uma modalidade terapêutica essencial para suportar

suas vidas na presença da falência respiratória aguda ou crônica.

Passando por uma análise clínica individualmente, muitos desses

pacientes podem vir a necessitar de suporte ventilatório controlado, por um

período de tempo bastante elevado ou até mesmo necessitá-lo em definitivo

para o resto de suas vidas. Outros pacientes podem eventualmente, serem

candidatos a obterem sucesso na terapia, principalmente, quando o

programa de desmame do ventilador mecânico estiver respaldado em

metas e protocolos bem definidos, atualizados e ajustados individualmente

para cada caso.

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2. HISTÓRICO E DEFINIÇÃO DA TRAQUEOSTOMIA

2.1 Histórico

A traqueostomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos,

com relatos em livros de medicina Hindu, nos anos 1500 d.C. A epidemia de

difteria na Europa, em 1850, tornou o procedimento popular na prática

médica, realizado, então, para aliviar a obstrução das vias aéreas

superiores (FIKKERS et al., 2003).

Coube a Chevalier Jackson a padronização do procedimento, em

1909, e sua técnica cirúrgica persiste, com mínima modificação, até os dias

de hoje. Com o controle da difteria, através de antibióticos e antitoxina, o

procedimento entrou em desuso. Na década de 50, com a epidemia de

poliomielite e o uso da ventilação com pressão positiva intermitente,

aumentou o interesse pelo procedimento. No início dos anos 60, com o

surgimento da vacina Sabin, o procedimento caiu em desuso. Em meados

da década de 60, com o advento de ventiladores com pressão positiva e o

surgimento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a traqueostomia

finalmente conquista um espaço no suporte ventilatório de pacientes

críticos. Nos pacientes com suporte ventilatório prolongado, há grandes

benefícios com a realização da traqueostomia, tais como: menor taxa de

auto-extubação, melhor conforto para o paciente, possibilidade de

comunicação do paciente, possibilidade da ingesta oral, melhor higiene oral

e manuseio mais fácil pela enfermagem (FIKKERS et al., 2003; CIAGLIA et

al., 1985; PARK et al., 2004; STEVENSON et al., 2002; BLOT; MELOT,

2005; VIANNA et al., 2007).

Desta maneira, nos casos em que a extubação é improvável

dentro de 10 a 14 dias, a traqueostomia deve ser considerada; e nos

pacientes nos quais, antecipadamente, já se prevê um tempo de ventilação

superior a 14 dias, a traqueostomia deve ser considerada o mais breve

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possível. A traqueostomia permite a transferência dos pacientes da UTI

para unidades de menor complexidade, sendo possível até a alta hospitalar

com suporte ventilatório domiciliar (FIKKERS et al., 2003; CIAGLIA et al.,

1985).

Tradicionalmente, a traqueostomia cirúrgica aberta tem sido feita

por muitos cirurgiões em sala operatória e em muitas instituições, estes

permanecem o método e local de escolha. Nos últimos anos, contudo,

vários métodos de traqueostomia percutânea à beira do leito vêm sendo

introduzidos. A mais popular técnica atual é a traqueostomia percutânea de

dilatação. Esta técnica foi inicialmente descrita por Ciaglia em 1985

(FIKKERS et al., 2003), que utilizou a técnica de Seldinger e vários

dilatadores progressivos.

Desde a descrição de Ciaglia, muitas publicações na literatura

médica estudam esta nova técnica, avaliando benefícios, riscos, além de

variações da técnica original de Ciaglia. Dentre as variações mais

importantes: 1) A punção traqueal passa a ser abaixo da cricóide,

geralmente entre o primeiro e segundo anel traqueal, o que diminui a

incidência de estenose traqueal; 2) Utilização de dilatador único, que

substitui os múltiplos; e 3) Utilização da monitorização com a

broncofibroscopia. O auxílio da broncofibroscopia é interessante, mas não

obrigatório (PARK et al., 2004). O dilatador único tem a vantagem de

diminuir o tempo do exame, em média 6 min, e ainda minimizar a perda do

volume corrente perdido na troca dos dilatadores progressivos. Inicialmente,

o custo reduzido da traqueostomia percutânea foi uma razão importante que

a levou a ganhar popularidade nos Estados Unidos e outros países

(VIANNA, 2007).

A tendência em relação à cirurgia invasiva mínima e o

desenvolvimento de serviços de intervenção em especialidades não

cirúrgicas aumentaram o interesse, já de si considerável, na traqueostomia

percutânea. Quando foi introduzida, os seus proponentes apontaram para a

facilidade de realização, um perfil seguro comparável ao da traqueostomia

de cirurgia aberta, que reduzia significativamente os encargos hospitalares

e dava um uso mais eficiente aos recursos financeiros na unidade de

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cuidados intensivos. O custo era reduzido porque não havia os custos da

sala de operações ou o pagamento do anestesista. A traqueostomia

percutânea como procedimento em doentes em estado crítico abriu as

portas para a traqueostomia de cirurgia aberta junto à cama do doente. Esta

se desenvolveu nas últimas décadas, com relatos de segurança

comparáveis aos da percutânea (CIAGLIA et al., 1985).

Independente da técnica a ser utilizada, o melhor local de

realização da traqueostomia ainda é motivo de discussão. Em um estudo

francês publicado em 2005 (BLOT; MELOT, 2005), foram analisados

pacientes submetidos à ventilação mecânica em 152 UTIs, e observou-se

uma preferência pela realização do procedimento no centro cirúrgico em

35,5% dos casos, enquanto que a realização da traqueostomia na UTI foi

relatada em 24% (VIANNA, 2007).

2.2 Definição

Traqueostomia é um procedimento cirúrgico no pescoço que

estabelece um orifício artificial na traquéia, abaixo da laringe, indicado em

emergências e nas intubações prolongadas. A incisão é feita entre o 2º e 3º

anel traqueal. O objetivo é não prejudicar as cordas vocais do paciente ao

passar o tubo de ar. A traqueostomia é um procedimento freqüentemente

realizado em pacientes necessitando de ventilação mecânica prolongada. A

técnica, nestes pacientes, apresenta diversas vantagens quando

comparada com o tubo orotraqueal, incluindo maior conforto do paciente,

mais facilidade de remoção de secreções da árvore traqueobrônquica e

manutenção segura da via aérea (SMELTZER et al., 2005).

O tubo orotraqueal é mais utilizado quando o paciente vai ficar

pouco tempo respirando com ventilação mecânica, como em cirurgias que

requerem anestesia geral.

O procedimento de traqueostomia é simples. O pescoço do

paciente é limpo e coberto e logo são feitas incisões para expor os anéis

cartilaginosos que formam a parede externa da traquéia. Posteriormente, o

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cirurgião corta dois desses anéis e insere nesse orifício uma cânula

(metálica ou plástica), que permite uma comunicação entre a traquéia e a

região do pescoço (FREITAS; CABRAL, 2008).

2.3 Classificação e indicações

2.3.1 Classificação

A traqueostomia pode ser classificada quanto a urgência, ao anel

traqueal seccionada e ao tempo de permanência. A classificação quanto a

urgência divide-se em: urgência e eletiva. Já quanto ao anel traqueal

seccionado pode ser alta onde ocorre a secção ocorre abaixo do quarto

anel traqueal. Por fim, a classificação quanto ao tempo, pode ser temporária

ou definitiva (ARANHA et al., 2007).

Ainda segundo estes autores, a abertura da traquéia pode ser

feita em vários níveis, e a classificação seguinte descreve as diversas

posições que podem ser utilizadas:

- Alta: acima da glândula tireóide, nos dois primeiros anéis traqueais;

- Média ou transístimica: através do istmo tiroideano é feita nos pacientes

portadores de bócio;

- Baixa: na altura do terceiro ou quarto anéis traqueais. Nessa situação, o

istmo da tireóide necessita ser tracionado para cima;

- Transmembrena cricitireoidiana: cricotireoidostomia feita através da

membrana cricotireoidiana (ARANHA et al., 2007).

2.3.2 Indicações da traqueostomia

Segundo Cahali (2003), as principais indicações da traqueostomia

são:

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• Obstrução de vias aéreas superiores: Devemos suspeitar de

obstrução de VAS quando o paciente apresenta dispnéia, estridor

expiratório, inspiratório ou bifásico, alteração de voz, dor, tosse, redução ou

ausência de sons respiratórios, instabilidade hemodinâmica e queda do

nível de consciência (estes dois últimos eventos mais tardios).

Ainda segundo Cahali (2003), a obstrução pode ser devida:

1. Anomalias congênitas;

2. Corpo estranho em VAS;

3. Trauma cervical;

4. Neoplasias;

5. Paralisia bilateral de cordas vocais;

• Intubação orotraqueal prolongada;

• Edema devido a queimaduras, infecções ou anafilaxia;

• Tempo prévio ou complementar a outras cirurgias

bucofaringolaringológicas.

• Facilitar a aspiração das secreções das vias respiratórias baixas;

• Síndrome da apnéia hipopnéia obstrutiva do sono.

A traqueostomia é uma cirurgia com poucas contra-indicações,

uma contra-indicação relativa é a presença de carcinoma laríngeo, em que

a manipulação do tumor durante a traqueostomia pode levar a uma

incidência aumentada de recorrência tumoral na região do estoma, optando-

se então por uma cirurgia definitiva, como a laringectomia, desde que o

estadiamento da neoplasia permita tal procedimento (CAHALI, 2003).

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3 UTILIZAÇÃO DA TRAQUEOSTOMIA EM UNIDADES DE TERAPIA

INTENSIVA

A traqueostomia é um procedimento cirúrgico geralmente

realizado em pacientes críticos nas unidades de terapia intensiva (UTI) que

necessitam de ventilação mecânica (VM) por tempo prolongado, para

facilitar a higiene das vias aéreas, oferecendo maior segurança e conforto

para o paciente, e no auxilio do desmame respiratório. Entretanto, a sua

prática ainda é controversa, devido à inexistência de diretrizes para eleger

qual paciente deve ser submetido a ela, bem como o período ideal para a

sua realização, ficando a decisão de sua utilização a cargo de cada serviço

ou do próprio intensivista, baseando-se em aspectos clínicos subjetivos

(ARANHA et al, 2007).

A traqueostomia é um procedimento que deve ser realizado no

centro cirúrgico com todos os suportes necessários para que o ato seja bem

sucedido, mas atualmente se abre uma exceção para os pacientes em

ambiente de terapia intensiva, quando seu deslocamento pode implicar em

riscos para o mesmo. É possível então a realização da traqueostomia no

leito de uma UTI, desde que as condições cirúrgicas sejam estabelecidas no

local (PASINI et al., 2007).

A traqueostomia é um procedimento geralmente realizado em

pacientes internados em UTI, principalmente aqueles com lesão encefálica

grave, pois estes necessitam de ventilação mecânica por tempos

prolongados. Mesmo sendo freqüentemente recomendada, existem

contestações sobre as verdadeiras vantagens e desvantagens desse

procedimento no tratamento de pacientes com TCE, assim como não há

consenso sobre a terminologia empregada para definir o tempo de

realização da traqueostomia (PASINI et al., 2007).

De acordo com Goldwasser et al. (2007), durante muito tempo

não foi possível definir o papel da traqueostomia no desmame ventilatório e

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o momento certo de realizá-la. Embora exista ainda alguma divergência de

resultados e não se ter estabelecido uma regra geral em relação ao tempo

em que se deve realizá-la, segundo Aranha et al. (2007) diversos estudos

têm demonstrado que a traqueostomia precoce encontra-se associada à

redução do tempo de VM, de internação na UTI e no hospital, quando

comparada com a traqueostomia tardia, pois facilita o desmame dos

pacientes com alterações acentuadas da mecânica respiratória.

Nos casos em que o paciente provavelmente não vai ser

extubado dentro de 10 a 14 dias, a traqueostomia deve ser considerada; e

para os pacientes nos quais já se prevê antecipadamente um tempo de

ventilação superior a 14 dias, a traqueostomia deve ser considerada o mais

breve possível. Entre outras vantagens, a traqueostomia permite que o

paciente seja transferido da UTI para unidades de menor complexidade,

sendo possível até a alta hospitalar com suporte ventilatório domiciliar

(VIANNA, 2007).

Segundo Perfeito et al. (2007) a realização da traqueostomia no

leito da unidade de tratamento intensivo (UTI) era considerado um

procedimento de alta morbidade e mortalidade. Com os avanços

tecnológicos, surgiram aparelhos menores e instrumentos mais específicos,

tornando este procedimento mais fácil de ser realizado à beira do leito.

Contudo, ainda há dúvidas sobre qual o melhor local para realizá-la, por ser

a traqueostomia um procedimento cirúrgico que lida com as vias aéreas.

Postula-se o centro cirúrgico como local ideal.

Quando a traqueostomia é realizada por cirurgião experiente, é

bem tolerada e apresenta baixa taxa de morbimortalidade. Suas

complicações podem ser tanto precoces como tardias e devem ser bem

conhecidas a fim de serem diagnosticadas rapidamente e com tempo

suficiente para a implantação do tratamento adequado, evitando-se uma

evolução desfavorável (COELHO el al., 2001a).

As complicações relacionadas ao uso da traqueostomia podem

ocorrer de forma precoce ou tardiamente durante o período em que o

paciente permaneça traqueostomizado, ou até mesmo, anos depois da sua

remoção. As complicações precoces incluem o sangramento, pneumotórax,

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embolia gasosa, aspiração, enfisema subcutâneo ou mediastinal, lesão do

nervo laríngeo recorrente e perfuração da parede posterior da traquéia. As

complicações em longo prazo compreendem a obstrução da via aérea por

acúmulo de secreções ou protrusão do balão sobre a abertura da cânula,

infecção, ruptura da artéria inominada, disfagia, fístula traqueoesofágica,

dilatação, necrose e isquemia traqueal. A estenose traqueal pode

desenvolver-se depois que o tubo é removido (SMELTZER; BARE, 2005).

Segundo Chone (2005), um dos maiores prejuízos ocasionados

pela traqueostomia é a perda de comunicação verbal nos adultos, ou seu

desenvolvimento inadequado, no caso de crianças, visto ser a comunicação

verbal fundamental para os cuidados gerais, condição psicológica e

interação social do paciente.

A traqueostomia é uma barreira na comunicação entre o paciente

e os profissionais da saúde, acarretando prejuízos na capacidade de

participação do paciente no planejamento do seu tratamento. Nas crianças,

em especial, podem ocorrer prejuízos na aquisição da linguagem e na sua

articulação. Estas têm dificuldade de oclusão digital da sua cânula de

traqueotomia na hora da fala. Pode ocorrer atraso entre cinco a nove meses

nas capacidades comunicativas, tanto da linguagem receptiva quanto da

expressiva, na presença de traqueostomia. Quanto maior o tempo com a

traqueostomia, maior será o prejuízo (CHONE, 2005).

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4. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL

A intubação traqueal é a passagem de um tubo através da boca

ou do nariz até a traquéia. Está indicada nos casos em que se deseja

manter as vias aéreas eficientes, a aspiração de secreções

traqueobrônquicas, a ventilação assistida e/ou controlada com pressão

positiva, evitar aspiração de conteúdo gástrico e diminuir o espaço morto

anatômico e o trabalho respiratório (COSENDEY, 2004).

A intubação orotraqueal é comumente utilizada nas unidades de

tratamento intensivo em pacientes graves que necessitam de auxílio para a

manutenção da respiração; porém apesar dos benefícios, pode causar ao

trato respiratório superior complicações significantes para determinar

prejuízos no processo da deglutição (POMPÍLIO; CARVALHO, 2000).

O processo da deglutição envolve estruturas ósseas, musculares

e cartilaginosas do trato digestório e respiratório, atuando de forma

coordenada para encaminhar o bolo alimentar até o estômago, sendo que

qualquer desequilíbrio pode determinar prejuízos à sua função (YAMADA et

al., 2004).

4.1 Complicações da intubação orotraqueal prolongada

A intubação orotraqueal prolongada pode proporcionar lesões na

cavidade oral, faringe e laringe, que causam diminuição da motricidade e da

sensibilidade local e comprometem o processo da deglutição, determinando

as disfagias orofaríngeas. Estas podem desencadear problemas como a

desnutrição e a pneumonia aspirativa, piorando significantemente o estado

clínico do paciente internado (KUNIGK; CHEHTER, 2007).

A introdução da alimentação por via oral, nos pacientes que

fizeram uso de tubo orotraqueal deve ser cuidadosa a fim de garantir a

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nutrição adequada e evitar complicações respiratórias (KUNIGK;

CHEHTER, 2007).

Pacientes submetidos à intubação orotraqueal apresentam

alterações na fase oral e faríngea da deglutição, freqüentemente

‘acompanhadas de penetração e aspiração laríngeas, sendo comum a

presença de mais de uma alteração para cada adulto, determinando falta de

funcionalidade no processo da deglutição. Estudos realizados com

pacientes extubados apresentam resultados que mostram que a disfagia

orofaríngea presente nesta população não é caracterizada por um tipo

específico de distúrbio, mas por uma variedade de comprometimentos

orofaríngeos (PARTIK et al., 2000).

A fase oral da deglutição é responsável pela contenção, preparo e

posicionamento do bolo alimentar, e a fase faríngea é responsável pelo seu

transporte até o esôfago e pelo fechamento das vias aéreas, protegendo-as

contra a penetração e aspiração laríngeas (JUNQUEIRA, 2003; MEDDA et

al., 2003), sendo que as alterações nestas fases foram encontradas em

grande parte da população incluída no estudo de Kunigk e Chehter (2007).

Essas alterações podem ser decorrentes da presença do tubo

endotraqueal, que pode determinar lesões, causando a diminuição da

motricidade e da sensibilidade da cavidade oral, laringe e faringe. Além

disso, as funções relacionadas a essas estruturas, como a respiração, a fala

e a deglutição, não são realizadas durante a instituição da intubação

orotraqueal, propiciando diminuição da função laríngea e conseqüente

inatividade da musculatura no período de sua utilização (COLICE et al.

1990).

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22

5 PACIENTES EM VENTILAÇÃO MECÂNICA

A traqueostomia está entre os procedimentos cirúrgicos mais

comumente realizados em pacientes críticos nas unidades de terapia

intensiva (UTI) que necessitam de suporte ventilatório prolongado

(FREEMANN et al., 2005; KOLLEF, 2004).

Na maioria das vezes está indicada nos pacientes com tempo

prolongado de ventilação mecânica (VM), no manuseio dos portadores de

desmame difícil da prótese ventilatória ou para facilitar a higiene das vias

aéreas, oferecendo maior segurança e conforto para o paciente

(FREEMANN et al., 2005), permitindo a retirada do tubo traqueal e a

diminuição da sedação durante a VM (AHRENS; KOLLEF, 2004).

Entretanto, a prática deste procedimento ainda é controversa,

devido a inexistência de diretrizes para selecionar qual paciente deve ser

submetido a ela, assim como o período ideal para a sua realização

(FREEMANN et al., 2005; KOLLEF, 2004; FRUTOS-VIVAR et al., 2005).

Estes fatores colaboram para que a sua realização seja baseada em

aspectos clínicos subjetivos, transformando-a em decisão individual de cada

serviço ou do próprio intensivista (FRUTOS-VIVAR, 2005; ESTEBAN et al.,

2000; FISCHLER et al., 2000).

Diversos estudos têm demonstrado que a traqueostomia precoce

encontra-se associada à redução do tempo de VM, de internação na UTI e

no hospital, quando comparada com a traqueostomia tardia (FREEMANN et

al., 2005; FERGUSON, 2005).

A incidência de traqueostomia, segundo alguns autores (KOLLEF,

2004; ESTEBAN et al., 2000; FISCHLER et al., 2000; COX et al., 2004),

encontra-se entre 10% e 11% dos pacientes internados nas UTI, sendo que

alguns autores (FRUTOS-VIVER et al., 2005; ENGOREN et al., 2004),

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23

consideraram que a traqueostomia encontra-se associada ao

prolongamento da internação nas UTI (ARANHA et al., 2007).

Pacientes traqueostomizados submetidos a um período maior de

ventilação mecânica, estatisticamente têm maior taxa de mortalidade em

UTI, provavelmente por serem mais graves, de acordo com diversos

estudos (KOLLEF, 2004; BLOT; MELOT, 2005; FRUTOS-VIVAR et al.,

2005).

Ainda, a traqueostomia pode ser responsável pela elevação na

taxa de complicações, como a pneumonia associada à ventilação mecânica

e a sepse (FRUTOS-VIVAR et al., 2005; WARREN et al., 2003; WRIGHT,

VANDAHM, 2003). Segundo Aranha et al. (20097), isso pode ser devido ao

maior período de ventilação mecânica necessitado por esse grupo

(traqueostomizados), como também ao maior tempo de internação na UTI,

ambiente propício para a contrair novas infecções.

Ainda segundo estudos de Aranha et al. (2007), além das

infecções de vias aéreas inferiores, a presença de úlceras de decúbito,

infecção sintomática do trato urinário e infecção da corrente sangüínea

confirmada por exame laboratorial também foram mais freqüentemente

encontradas nos pacientes submetidos à traqueostomia.

Todos esses fatores encontram-se também, intimamente ligados

ao aumento significativo do tempo de internação, dos custos hospitalares e

da maior morbidade dos pacientes que necessitaram de traqueostomia

(WRIGHT; VANDAHM, 2003).

É importante ressaltar que nenhuma das desvantagens descritas

faz com que a traqueostomia seja menos aceita do que qualquer outro

procedimento habitualmente realizado em pacientes críticos, sendo

essencial em algumas ocasiões (HEFFNER, 2001).

O tempo ideal para realização da traqueostomia ainda é um

assunto controverso. O VIII Consenso da Sociedade Francesa de Medicina

Intensiva e o Consenso Norte Americano de 1986 propõem a realização da

traqueostomia precoce em pacientes nos quais se prevê o uso de ventilação

mecânica por período superior a 21 dias e desencorajada, se este período

for inferior a 10 dias. No entanto, a maior dificuldade em aplicar essa

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recomendação é a dificuldade em se prever a duração da ventilação

mecânica (BLOT; MELOT, 2005).

Recentes estudos mostraram benefícios significativos da

traqueostomia precoce em termos de melhora dos resultados clínicos,

incluindo redução na duração da ventilação mecânica, internação na UTI e

na pneumonia adquirida, associada à ventilação mecânica, sendo a

diminuição de sedação e a mobilidade precoce do paciente as principais

responsáveis por esses resultados (FREEMAN et al., 2005; RANA et al.,

2005; MOLLER et al., 2005). No entanto, muitas questões ainda não foram

respondidas, como qual seria a definição de traqueostomia precoce, se

aquela realizada com 2, 7 ou 10 dias de ventilação mecânica (AHRENS;

KOLLEF, 2004), ou quais seriam os pacientes que melhor se beneficiariam

dessa técnica (FRUTOS-VIVAR et al, 2005).

A maioria dos autores atribui à traqueostomia a capacidade de

promover melhor conforto ao paciente crítico, quando comparada à

intubação traqueal, mas isto não tem sido bem investigado. Ela é

responsável também, pela diminuição da resistência das vias aéreas e do

trabalho ventilatório, mas os estudos desenvolvidos para esclarecer suas

vantagens e desvantagens possuem muitas limitações, restringindo as

conclusões acerca de sua realização. Quanto ao período ideal para sua

realização, ainda não existe consenso sobre como sua realização precoce

ou tardia pode afetar na duração do suporte ventilatório (FRUTOS-VIVAR et

al., 2005; FERGUSON, 2005).

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6 COMPLICAÇÕES DE EXTUBAÇÕES E INTUBAÇÕES

OROTRAQUEAIS REPETIDAS

Intubação orotraqueal prolongada pode levar às alterações

laríngeas.

As anormalidades da traquéia levam a problemas que são

verdadeiros desafios para os médicos, geralmente resultando em obstrução,

isto é, traqueoestenose, traqueomalácia ou lesão traqueal vegetante (LIU et

al., 2002).

A estenose traqueal corresponde usualmente a uma complicação

de intubação prolongada, traumática ou lesão traqueal externa

(CONTRERAS; IÑIGUEZ, 1998). O aumento progressivo de pacientes

submetidos a tratamento ventilatório prolongado através da intubação

orotraqueal, nasotraqueal ou tubos de traqueostomia, tem levado a lesões

iatrogênicas da laringe e traquéia, em graus variáveis e muitas vezes de

difícil solução.

É fundamental evitar a intubação prolongada, preferivelmente

abaixo de 72 horas, considerando-se o tempo desde o início da doença

básica do paciente e a previsão do momento em que se espera o retorno

das funções respiratórias normais (CONTRERAS; IÑIGUEZ, 1998. PINTO et

al., 2002).

É fato que a intubação laringotraqueal prolongada produz maior

incidência de estenose laringotraqueal. Presume-se que todo paciente

admitido em UTI para assistência ventilatória é um potencial candidato à

intubação traqueal e se há suspeita que este receberá ventilação assistida

prolongada, deve pensar sempre na possibilidade de realização de

traqueostomia precoce, ou seja, quando o procedimento ocorre entre cinco

e sete dias após a intubação. Tal procedimento facilita os cuidados da

enfermagem e diminui o risco de estenose laringotraqueal. Existem

pacientes de alto risco para estenose laringotraqueal após intubação

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prolongada, como aqueles com doença do colágeno, como lúpus, hipóxia

celular crônica, insuficiência cardíaca e insuficiência respiratória crônica.

Estes pacientes de alto risco devem ser submetidos a traqueostomia o mais

precocemente possível (CALEDÓN; CALDERÓN, 1998).

A grande discussão que existe entre os médicos internistas e os

otorrinolaringologistas é o momento em que se deve passar da intubação

endotraqueal para a traqueostomia. Para Stauffer (CALEDÓN; CALDERÓN,

1998). a intubação translaríngea pode permanecer por 20 dias ou mais sem

causar problemas. Em geral os internistas são reacionários à traqueostomia

precoce e a indicam em média com duas ou mais semanas de intubação.

Em estudo de Padovani et al. (2008), a literatura descreve,

freqüentemente, a disfagia decorrente das lesões provocadas pela

intubação orotraqueal (IOT) prolongada, fator que pode contribuir

significativamente para o aumento do risco de aspiração após a extubação.

De maneira geral, considera-se tempo prolongado os períodos

superiores a 24 ou 48 horas de IOT, variando entre alguns estudos (SOLH

et al., 2003).

A disfagia após intubação prolongada pode estar relacionada a

inúmeros fatores, como a redução do nível de alerta por efeitos residuais de

sedação, presença da sonda de alimentação, alterações da sensibilidade

orofaringolaríngea, atrofia muscular provocada por desuso, supressão dos

reflexos protetores de gag e tosse e a alteração do reflexo de deglutição

(GOLDSMITH, 2000; AJEMIAN et al., 2001).

Postma et al. (2007) observaram, por meio de avaliação

laringoscópica, uma grande incidência de alterações laringofaríngeas nos

pacientes previamente intubados, com acréscimo destas alterações de

acordo com o aumento do tempo de permanência com o tubo. A lesão

laríngea após IOT pode ser decorrente da colocação traumática do tubo, da

necessidade de ventilação mecânica prolongada e da agitação do paciente

causando atrito do tubo contra a mucosa laríngea ou pela mera presença do

tubo orotraqueal.

Em pacientes com acometimento neurológico, o distúrbio de

deglutição acompanhado de penetração e aspiração laríngea também é

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freqüentemente observado, pois o mecanismo de deglutição depende de

uma complexa ativação de circuitos neuronais que exigem uma execução

harmônica envolvendo a integridade das vias aferentes, eferentes,

sensitivas e motoras. Assim, a presença de alterações nas funções

nervosas pode acarretar alterações no controle neuromotor, ocasionando a

disfagia neurogênica com sintomatologias específicas (TERRÉ; MEARIN,

2007).

Significativo número de estudos que relacionam as alterações de

deglutição com a IOT prolongada apontando a influência da idade, do

número e tempo de IOT e tempo de extubação para a avaliação

fonoaudiológica na presença e gravidade da disfagia (SOLH et al., 2003).

Complicações da intubação orotraqueal, descritas por Figueiredo

Filho e Carvalho (2004):

- Intubação esofágica, levando a hipóxia e morte;

- Intubação seletiva, normalmente do brônquio- fonte direito, resultando em

ventilação seletiva, colapso pulmonar contra- lateral e pneumotórax;

- Incapacidade para intubar, resultando em hipóxia e morte;

- Indução ao vômito, levando a aspiração, hipóxia e morte;

- Luxação da mandíbula;

- Laceração de partes moles das vias aéreas, faringe posterior, epiglote e/

ou laringe;

- Trauma sobre a via aérea resultando em hemorragia e possível aspiração;

- Fratura ou arrancamento de dentes (causados por movimento de

alavanca);

- Ruptura ou vazamento do balonete do tubo, resultando em perda de

vedação durante a ventilação;

- Lesão da coluna cervical por movimentação da cabeça durante o

procedimento, convertendo uma possível lesão sem déficit neurológico em

uma lesão com déficit neurológico.

Temos ainda as complicações durante a laringoscopia e

intubação orotraqueal:

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- Traumatismo de lábios;

- Traumatismo de lábios, língua, dentes, faringe, laringe, articulação

temporomandibular;

- Hipertensão arterial, taquicardia, arritmia, hipertensão intracraniana e

intraocular;

- Hipoxemia e hipercarbia;

- Trauma da coluna cervical;

- Lesões ou perfurações das vias aéreas e esôfago;

- Intubação esofágica;

- Aspiração pulmonar de conteúdo gástrico (FIGUEIREDO FILHO;

CARVALHO, 2004).

Complicações na presença do tubo;

- Intubação endobrônquica;

- Extubação acidental

- Isquêmia da mucosa traqueal pelo balonete muito insuflado;

- Broncoespasmo (FIGUEIREDO JUNIOR; CARVALHO, 2004).

Complicações após extubação:

- Laringoespasmo;

- Aspiração;

- Faringite e laringite;

- Edema laríngeo e subglótico;

- Ulceração da mucosa traqueal;

- Estenose traqueal;

- Pneumonia;

- Paralisia das cordas vocais (raro) (FIGUEIREDO JUNIOR; CARVALHO,

2004).

A extubação da traquéia é realizada idealmente enquanto os

reflexos protetores da laringe do paciente ainda estiverem suprimidos. Isto

diminui o laringoespasmo e a tosse, mas também exige a condição de a

ventilação do paciente ser espontânea e adequada (volume corrente de no

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mínimo 7ml/Kg) e que não exista risco de vômito (SCHAMAN; PANDIKOW,

2004).

Passos a serem seguidos:

- Verificar se a respiração está adequada (volume corrente, amplitude e

freqüência respiratória);

- Sucção meticulosa do orofaringe para que as secreções proximais ao

balonete não drenem para a traquéia quando o mesmo for desinsuflado. O

uso de um laringoscópio permite sucção sob visão direta e diminui as

possibilidades de causar um trauma a tecidos moles. A menos que as

secreções sejam audíveis no tubo traqueal ou nos pulmões, a aspiração

dentro do tubo não é recomendável devido ao risco de produzir hipóxia e

introduzir bactérias na traquéia;

- Desinflar o balonete lentamente;

- Remover o tubo durante a inspiração (abdução das cordas vocais);

- Fornecer oxigenação sob máscara;

- Verificar o padrão respiratório. Se necessário, colocar uma cânula

orofaríngea lubrificada;

Pacientes com risco de aspiração de conteúdo gástrico ou

aqueles com intubação traqueal difícil devem ser extubados acordados. O

laringoespasmo e o vômito são os riscos imediatos mais sérios no período

pós-extubação. Oxigênio, relaxante muscular, material para intubação

traqueal e aspiração devem estar disponíveis SCHAMAN; PANDIKOW,

2004).

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7 TRAQUEOSTOMIAS PRECOCE X TARDIA

A traqueostomia é um procedimento frequentemente realizado em

pacientes com insuficiência respiratória internados em UTIs (PLUMMER;

GRACEY, 1989).

A traqueostomia mantém-se como um dos procedimentos mais

frequentemente realizados nas UTIs. Um grupo de autores, em um estudo

prospectivo e observacional conduzido em 349 unidades de 23 países, o

qual incluiu 4.968 pacientes em VM, verificaram que 12,5% deles foram

submetidos à traqueostomia (ESTEBAN et al., 2008).

Um resultado semelhante já tinha sido observado em 1998 pelo

mesmo grupo, que verificou que 11% dos pacientes ventilados foram

submetidos à traqueostomia (ESTEBAN et al., 2002). O momento de sua

realização, entretanto, ainda é motivo de controvérsias, e as

recomendações ainda são mais baseadas em experiências de especialistas

do que em evidências científicas. Por exemplo, as sociedades norte-

americanas American College of Chest Physicians, American Association

for Respiratory Care e American College of Critical Care Medicine, em um

documento publicado em 2001, propuseram que a traqueostomia deve ser

considerada quando, após um período inicial de estabilização do paciente

submetido à VM, tem-se a impressão clínica de que o suporte ventilatório

será prolongado e de que ela trará um ou mais dos seguintes benefícios:

redução da necessidade de sedação para tolerar a intubação traqueal;

redução da resistência das vias aéreas em pacientes com mecânica

respiratória limítrofe; benefício psicológico em função da possibilidade de

falar e alimentar-se por via oral; e facilitação de sua mobilização ativa

(MACINTYRE et al., 2001).

Nos últimos anos, alguns estudos têm tentado definir melhor o

momento adequado de se realizar a traqueostomia, mas às vezes, seus

resultados apontam para direções opostas. Por exemplo, um grupo de

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autores avaliou 120 pacientes para os quais se estimava a necessidade de

VM por mais de 14 dias. Esses pacientes foram divididos em dois grupos:

traqueostomia precoce (em 48 h) e traqueostomia tardia (entre 14-16 dias).

Os pacientes traqueostomizados precocemente apresentaram melhor

evolução, com menor duração da VM (7,6 vs. 17,4 dias; p < 0,001), menor

ocorrência de PAVM (5% vs. 25%; p < 0,005) e sobretudo, menor

mortalidade (32% vs. 62%; p < 0,005) (RUMBAK et al., 2004).

Por outro lado, em um estudo muito semelhante, avaliaram-se

123 pacientes com expectativa de permanecerem em VM por mais de 7

dias. Os pacientes foram randomizados para ser submetidos à

traqueostomia precoce (dentro dos primeiros 4 dias de VM) ou à intubação

prolongada. Os autores não encontraram benefícios com a traqueostomia

precoce, não havendo diferenças entre os grupos em relação a mortalidade,

ocorrência de PAVM, duração da VM e duração da internação na UTI

(BLOT et al., 2008).

Em 2005, publicou-se uma meta-análise sobre o impacto do

momento da realização da traqueostomia, se precoce (até 7 dias) ou tardia,

na evolução de pacientes em VM. Apenas cinco estudos prospectivos e

randomizados preencheram os critérios de inclusão da meta-análise, o que

já indica a limitação da literatura sobre o assunto. Como resultados

principais, os autores observaram que a traqueostomia precoce não teve

impacto significativo sobre a mortalidade (risco relativo = 0,79; IC95%: 0,45

a 1,39; p = 0,42) e nem sobre a ocorrência de PAVM (risco relativo = 0,90;

IC95%: 0,66 a 1,21; p = 0,48). Ela associou-se, entretanto, à menor duração

da VM (∆ = −8,5 dias; IC95%: −15,3 a −1,7 dias; p = 0,03) e a menor

duração da internação na UTI (∆ = −15,3 dias; IC95%: −24,6 a −6,1 dias; p

= 0,001) (GRIFFITHS et al., 2005).

A traqueostomia pode oferecer vantagens na condução de

pacientes em VM, sobretudo entre os que precisam de controle sobre as

vias aéreas, como é o caso daqueles com grave comprometimento do nível

de consciência. Nessa população, parece que ela pode facilitar o desmame,

reduzindo, com segurança, a exposição dos pacientes aos riscos da VM e,

assim, ter um impacto positivo sobre a mortalidade (PINHEIRO et al., 2010).

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Em estudo realizado com pacientes com pneumonia, em UTI de

um hospital público foi realizado traqueostomia em 40,7% dos pacientes

avaliados. Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é a

infecção pulmonar que ocorre 48 a 72 horas após a intubação endotraqueal

e instituição de ventilação mecânica invasiva (CARVALHO, 2006). É

considerada precoce quando ocorre até o quarto dia de intubação e

ventilação e tardia quando ocorre após o quinto dia (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLIOGIA, 2007).

Na análise de regressão de COX, a traqueostomia mostrou-se

um fator independente para o desfecho óbito em pacientes que

desenvolveram PAVM. Em estudo paulista26, comparativo entre

traqueostomia precoce e tardia em pacientes submetidos à ventilação

mecânica, metade (50%) necessitou de traqueostomia (SILVA et al., 2011).

Nesse mesmo estudo foi observado que a incidência de PAVM

em pacientes com traqueostomia foi de 50%, devido ao maior tempo de

internação na UTI, ambiente propício para contrair novas infecções. O

acúmulo de secreção traqueal é comum nos pacientes sob VM devido à

perda do reflexo da tosse, alteração mucociliar e pelo próprio aumento de

secreção. A aspiração traqueal é um procedimento invasivo, podendo

ocasionar várias complicações como tosse, broncoespasmo e lesões à

mucosa (GUGLIELMINOTTI; ALZIEU; MAURY, 2000).

A traqueostomia é um procedimento comum em pacientes

criticamente enfermos que necessitam de ventilação mecânica prolongada.

O tubo endotraqueal oral existente é substituído por um tubo endotraqueal

percutâneo, que é inserido diretamente na traquéia. A variabilidade no

tempo de traqueostomia por clínicos é principalmente uma conseqüência

dos dados clínicos existentes, que não confirmam um benefício da

traqueostomia precoce ou tardia. A traqueostomia pode reduzir o tempo de

ventilação mecânica, que é associado com o desenvolvimento de

pneumonia associada ao uso de ventilação mecânica (PAV),

os pesquisadores procuraram determinar se a traqueostomia precoce foi

superior à traqueostomia tardia na redução da incidência de PAV e

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encurtamento do tempo de internação na unidade de terapia intensiva (UTI)

(MARTIN et al., 2010).

No estudo de Martin e cols. (2010), os pacientes ventilados

mecanicamente na UTI foram randomicamente designados para início (após

6-8 dias de intubação oral) ou mais tarde (após 13-15 dias de intubação

oral). O grupo inicial incluía 209 pacientes, dos quais 145 receberam

traqueostomia, o grupo tardio incluiu 210 pacientes, dos quais 119

receberam traqueostomia. A PAV ocorreu em 14% dos pacientes no grupo

de traqueostomia precoce e 21% no grupo tardio (P = 0,07). Ao final de 28

dias, os pacientes no grupo de traqueostomia precoce tiveram mais dias

livres de ventilação mecânica, e uma maior probabilidade de desmame

ventilatório com sucesso (77% vs 68%, P = 0,002) e alta na UTI (48 vs 39%

%, P =. 03). Os pesquisadores concluíram que a traqueostomia precoce não

reduz a incidência de PAV em pacientes sob ventilação mecânica na UTI

adulto.

Este estudo é o maior até agora para comparar traqueostomia

precoce e tardia, e não o primeiro a não encontrar nenhuma diferença

significativa nos resultados clínicos com essas duas abordagens. É

fundamental notar que a estratégia de traqueostomia precoce resulta

inevitavelmente em procedimentos cirúrgicos. A proporção de pacientes

inscritos em um estudo desta natureza, especialmente os doentes que

estão a ser traqueostomizados tardiamente, serão extubados antes ou o

mais cedo ou mais tarde (MARTIN et al., 2010).

Neste estudo, apenas 69% dos pacientes pertencentes ao grupo

traqueostomia precoce e 57% dos pacientes pertencentes ao grupo

traqueostomia tardia realmente recebeu uma traqueostomia. Outra

consideração importante neste processo é que a traqueostomia precoce

pode, de fato, reduzir a incidência de PAV, como evidenciado pela redução

observada de 33% no VAP (de 21% para 14%), que não foi estatisticamente

significativa (P = 0,07). Se essa diferença numérica está relacionada ao

tamanho limitado do estudo ou provas de que não existe diferença real, é

preciso mais estudos.

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Algumas evidências demonstram que a PAV pode ser totalmente

evitada através das melhores práticas de higiene. No entanto, dado que

quase metade dos pacientes do grupo depois de traqueostomia nunca

precisariam de traqueostomia e que 39% dos pacientes em ambos os

grupos traqueostomizados experimentaram um evento adverso, na

ausência de outros benefícios clínicos, é impossível recomendar a

traqueostomia precoce de rotina. Neste caso, a recomendação da

Conferência de Consenso 1989 – é realizar traqueostomia após 2-3

semanas de intubação traqueal – ainda é uma abordagem razoável.

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8 MANOBRAS DE HIGIENE TRAQUEAL

A vigilância constante é necessária em relação ao paciente

submetido à intubação orotraqueal (IOT) e isso envolve observação e

avaliação.

Segundo Orlando (2001), entre as medidas de higiene

necessárias, deve-se observar a aspiração de secreções pulmonares, se há

secreções nos circuitos do ventilador e a necessidade de sua troca,

observar ainda a higiene oral e troca de fixação do cadarço da cânula

endotraqueal ou de traqueostomia. A literatura cita a importância da higiene

da boca e mesmo da escovação dos dentes na profilaxia de infecções

respiratórias durante a ventilação mecânica. A troca do cadarço faz-se

necessária, tendo em vista a limpeza do mesmo e a prevenção de escara

na rima bucal e região auricular.

Em pacientes internados em UTI com uso de prótese ventilatória,

a assistência requer um conjunto de técnicas para garantir a perviabilidade

das vias aéreas, promovendo condições para uma adequada ventilação e

prevenção de infecções respiratórias. Entre elas citamos a Drenagem

postural, Tapotagem ou percussão, Vibração, Tosse e Aspiração, manobras

de higiene brônquica, incluindo a aspiração pulmonar de modo estéril, como

recursos terapêuticos para promover a prevenção de complicações de

origem pulmonar em ambiente hospitalar (KNOBEL, 1998).

Para fluidificação da secreção traqueal, atualmente se apresenta

em frascos de plástico próprio para higiene brônquica; é prático, descartável

e econômico. Quando o serviço não dispõe desse tipo de material, utilizar

seringas/agulhas estéreis, aspirando a quantia a ser empregada (10 a 20ml)

durante a aspiração do tubo traqueal (UMEDA, 2004).

Drenagem postural é o posicionamento do paciente em diversos

decúbitos para facilitar a drenagem das secreções pulmonares em direção à

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traquéia pela força da gravidade. A secreção, uma vez na traquéia, poderá

ser expectorada ou aspirada (KNOBEL, 1998).

A tapotagem consiste em uma forma específica de percussão,

utilizando-se as mãos em forma de concha, com os dedos aduzidos, de

forma ritmada e alternada com flexo-extensão do punho, aplicada nas áreas

torácicas correspondentes aos segmentos pulmonares com secreção

(SARMENTO, 2005).

A percussão torácica é feita pela batida alternada.

Em estudo de Wanderley et al. (2007), a aspiração traqueo-

brônquica é um recurso mecânico simples e importante na rotina hospitalar.

É amplamente utilizado em pacientes de unidade de terapia intensiva, sob

ventilação mecânica ou não, ou em paciente de leito hospitalar que não

consegue expelir voluntariamente as secreções pulmonares. É um

procedimento invasivo, intensamente utilizado pela fisioterapia respiratória,

com o objetivo de remover secreções traqueobrônquicas e orofaríngeas,

favorecendo a melhora na permeabilidade das vias aéreas e com isso,

melhorando a ventilação pulmonar.

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9 CUIDADOS E COMPLICAÇÕES DURANTE O PROCEDIMENTO DE

ASPIRAÇÃO OROTRAQUEAL E TRAQUEOSTOMIA

A aspiração endotraqueal é um recurso mecânico simples e

relevante na rotina hospitalar. É amplamente utilizada em pacientes em

Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob ventilação mecânica ou não, ou em

pacientes de leito hospitalar que não conseguem expelir voluntariamente as

secreções pulmonares traqueobrônquicas, sangue ou vômitos. Este recurso

tem por finalidade manter as vias aéreas permeáveis, prevenir infecções,

promover trocas gasosas, incrementar a oxigenação arterial e melhorar a

função pulmonar (COSTA, 2004).

No entanto, a aspiração é um procedimento invasivo que pode

trazer agravos ao paciente se não for realizada com critério (SOLE et al.,

2002). É imprescindível que o profissional possua não só o domínio da

técnica, como também o conhecimento da fisiopatologia do problema

respiratório do paciente, pois, somente assim, o procedimento poderá ser

aplicado de maneira segura, interferindo o mínimo possível na evolução e

no sucesso do tratamento (RUIZ; OLIVEIRA, 1999).

A manutenção da permeabilidade das vias aéreas tem sido o

maior desafio e o principal objetivo na assistência dos profissionais a

pacientes intubados e em ventilação artificial. Isto porque, nesses pacientes,

ainda que a patologia de base não seja de origem pulmonar, o acúmulo de

secreções é inevitável, pois a canulação endotraqueal impede que os

mecanismos de defesa das vias aéreas superiores como a filtração,

umidificação e aquecimento do ar sejam utilizados (BELAND; PASSOS,

2004).

O uso de drogas incluindo sedativos, narcóticos e atropina,

comumente usados no tratamento dos pacientes, compromete a

expansibilidade torácica, o reflexo da tosse e a viscosidade do muco,

dificultando a mobilização de secreções através do sistema mucociliar.

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Estes fatores, associados às condições clínicas do paciente e aos demais

inconvenientes relacionados à ventilação mecânica, predispõem o paciente

a severas infecções respiratórias (NIELSON, 2004).

A aspiração é considerada procedimento rotineiro, apesar disto,

vários autores concordam que não deve ser realizada em intervalos

regulares, mas somente quando o paciente dela necessite, pois os riscos da

aspiração de rotina ultrapassam seus benefícios (belando; passos, 2004;

COPANELL; FERGUSSON, 1995; HUDAK; GALLO, 1995).

O procedimento de aspiração expõe a sérios riscos,

especialmente em pacientes sob ventilação mecânica, devendo ser

cuidadosa para evitar complicações sérias como hipoxemia, atelectasia,

arritmia e pneumonia, entre outras (COSTA, 2004; SOLE et al., 2002).

A necessidade de aspiração é determinada principalmente pela

observação visual do acúmulo de secreções e pela ausculta pulmonar, para

determinar a presença de secreções ou obstrução nas vias aéreas

(ZEITOUN, 2001).

Segundo diversos autores, preconiza-se a aspiração somente na

presença de ausculta de sons adventícios (roncos) pulmonares, aumento do

pico de pressão inspiratória no ventilador ou quando a movimentação das

secreções é audível durante a respiração (HUDACK; GALLO, 1997;

HOFFMAN; MASZKIEWICZ, 2004).

Em situações nas quais os pacientes apresentam risco de

obstrução nas vias aéreas, ou nas quais a ventilação mecânica de longo

prazo é necessária, dois tipos comuns de via aérea artificial podem ser

utilizadas, tanto a via aérea oral ou a traqueostomia (BELAND; PASSOS,

2004; GOMES et al., 2002; PASINI et al., 2004).

A aspiração de secreções traqueobrônquicas consiste na

introdução de uma sonda nas vias respiratórias do paciente, para a extração

de secreção. Para que a secreção seja removida, a sonda de aspiração

deve ser conectada a um aspirador com pressão de sucção ou de pressão

negativa. O processo da aspiração é definido como um movimento de

fluidos e gases de um lugar para outro por gradiente pressórico (DIOGO,

2001).

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As infecções, bem como a contaminação da árvore

traqueobrônquica, podendo ocorrer ainda a hipoxemia, depressão da

respiração, diminuição da eritropoiese e débito cardíaco, vasodilatação

pulmonar, vasoconstrição sistêmica, efeitos citotóxicos e traqueobronquite,

ulcerações e sangramentos, entre outras, são as complicações mais

comuns para pacientes traqueostomizados (STIES et al., 2010).

As Infecções hospitalares preveníveis, em geral, estão

relacionadas ao uso de equipamentos e/ou procedimentos específicos,

apresentando, em sua origem, algum evento possivelmente alterável. Logo,

atribui-se à falhas nos cuidados dispensados ao paciente, sendo

freqüentemente causadas por microorganismos adquiridos no hospital

(CAVALCANTE, 2000).

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10 PROGRESSÃO DA RETIRADA DO PACIENTE DA VENTILAÇÃO

MECÂNICA COM INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL x TRAQUEOSTOMIA

Retirar o paciente da ventilação mecânica pode ser mais difícil

que mantê-lo. O processo de retirada do suporte ventilatório ocupa ao redor

de 40% do tempo total de ventilação mecânica (ESTEBAN et al., 2002).

Alguns autores descrevem o desmame como a área da penumbra da

terapia intensiva e que, mesmo em mãos especializadas, pode ser

considerada uma mistura de arte e ciência (GOLDWASSER et al., 2007).

Apesar disso, a literatura tem demonstrado, mais recentemente,

que protocolos de identificação sistemática de pacientes em condições de

interrupção da ventilação mecânica podem reduzir significativamente sua

duração (KOLLEF et al., 1997).

Por outro lado, a busca por índices fisiológicos capazes de

predizer, acurada e reprodutivelmente, o sucesso do desmame ventilatório

ainda não chegou a resultados satisfatórios (VALLVERDÚ, 2002).

10.1 Definições

A retirada da ventilação mecânica é uma medida importante na

terapia intensiva. A utilização de diversos termos para definir este processo

pode dificultar a avaliação de sua duração, dos diferentes modos e

protocolos e do prognóstico. Por esse motivo, é importante a definição

precisa dos termos.

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10.2 Desmame

O termo desmame refere-se ao processo de transição da

ventilação artificial para a espontânea nos pacientes que permanecem em

ventilação mecânica invasiva por tempo superior a 24h (GOLDWASSER et

al., 2007).

10.3 Interrupção da ventilação mecânica

O termo interrupção da ventilação mecânica refere-se aos

pacientes que toleraram um teste de respiração espontânea e que podem

ou não ser elegíveis para extubação.

O teste de respiração espontânea (método de interrupção da

ventilação mecânica) é a técnica mais simples, estando entre as mais

eficazes para o desmame. É realizado permitindo-se que o paciente ventile

espontaneamente através do tubo endotraqueal, conectado a uma peça em

forma de “T”, com uma fonte enriquecida de oxigênio, ou recebendo

pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) de 5 cm H2O, ou com

ventilação com pressão de suporte (PSV) de até 7 cm H2O (GOLDWASSER

et al., 2007).

10.4 Extubação e decanulação

Extubação é a retirada da via aérea artificial. No caso de

pacientes traqueostomizados, utiliza-se o termo decanulação. Denomina-se

reintubação ou fracasso de extubação, a necessidade de reinstituir a via

aérea artificial. A reintubação é considerada precoce quando ocorre em

menos de 48h após a extubação (ou decanulação) (GOLDWASSER et al.,

2007).

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10.5 Sucesso e fracasso da interrupção da ventilação mecânica

Define-se sucesso da interrupção da ventilação mecânica como

um teste de respiração espontânea bem sucedido. Os pacientes que

obtiverem sucesso no teste de respiração espontânea devem ser avaliados

quanto à indicação de retirada da via aérea artificial.

Quando o paciente não tolera o teste de respiração espontânea,

considera-se fracasso na interrupção da ventilação mecânica. No caso de

fracasso da interrupção da ventilação mecânica, o paciente deverá receber

suporte ventilatório que promova repouso da musculatura. Uma revisão das

possíveis causas desse fracasso deverá ser feita pela equipe assistente,

bem como o planejamento da estratégia a ser adotada a seguir – nova

tentativa de interrupção da ventilação mecânica ou desmame gradual

(GOLDWASSER et al., 2007).

10.6 Sucesso e fracasso do desmame

Define-se sucesso do desmame a manutenção da ventilação

espontânea durante pelo menos 48 h após a interrupção da ventilação

artificial. Considera-se fracasso ou falência do desmame, se o retorno à

ventilação artificial for necessário neste período (GOLDWASSER et al.,

2007).

10.7 Ventilação mecânica prolongada

Considera-se ventilação mecânica prolongada a dependência da

assistência ventilatória, invasiva ou não-invasiva, por mais de 6h por dia por

tempo superior a três semanas, apesar de programas de reabilitação,

correção de distúrbios funcionais e utilização de novas técnicas de

ventilação (GOLDWASSER et al., 2007).

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10.8 Traqueostomia

A traqueostomia precoce (até 48h do início da ventilação

mecânica) em pacientes com previsão de permanecer por mais de 14 dias

em ventilação mecânica reduz mortalidade, pneumonia associada à

ventilação mecânica, tempo de internação em UTI e tempo de ventilação

mecânica (GOLDWASSER et al., 2007).

Durante muito tempo não foi possível definir o papel da

traqueostomia no desmame ventilatório e o momento certo de realizá-la.

Não há uma regra geral em relação ao tempo que se deve realizar a

traqueostomia e este procedimento deve ser individualizado. Embora haja

alguma divergência de resultados, a traqueostomia diminui a resistência e o

trabalho ventilatório, facilitando o desmame dos pacientes com alterações

acentuadas da mecânica respiratória (LIN et al., 1999).

A meta-análise publicada em 1998 deixou claro que não existia,

até então, uma definição quanto ao momento mais adequado para indicar a

traqueostomia, uma vez que os estudos eram discordantes, alguns não

eram aleatórios na escolha dos pacientes e nenhum era duplo cego

(MAZIAK et al., 1998).

Entretanto, recentemente, um estudo randomizado, envolvendo

pacientes que presumivelmente permaneceriam intubados por mais que 14

dias (pacientes com doença neurológica de progressão lenta ou irreversível

e/ou doença de via aérea superior), mostrou benefício em termos de

mortalidade, incidência de pneumonia, tempo de internação em UTI e tempo

de ventilação mecânica nos pacientes submetidos à traqueostomia precoce

(nas primeiras 48h de intubação traqueal) (RUMBAK et al., 2004).

Cabe salientar, entretanto, que este trabalho não deixa claro

quais foram os critérios sugestivos de maior tempo de intubação traqueal e

necessidade de ventilação mecânica. Também é importante enfatizar que,

mantendo boas práticas em relação à insuflação do balonete, o tubo

traqueal pode ser mantido por tempo superior a três semanas sem injúria

laríngea ou traqueal (GOLDWASSER et al., 2007).

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11 COMPLICAÇÕES NA REALIZAÇÃO DA TRAQUEOSTOMIA POR

MÉDICOS NÃO ESPECIALIZADOS

A traqueostomia (TQT) é uma técnica cirúrgica e deve ser

realizada por médicos especializados com finalidade de promover uma via

aérea artificial. Após a estabilidade do paciente é hora de se pensar no

desmame da TQT, procedimento esse denominado decanulação

(FONTANA et al., 2008).

Outro artigo de autoria da Enfª Manuela Linhares e do Enfº Pedro

Silva refere que:

“A 1º mudança da cânula externa é feita com o apoio do médico

que realizou o estoma e só deve acontecer ao 3º ou 4º dia após a

sua realização. Quando da mudança da cânula externa corre-se o

risco de o estoma fechar pelo que se deve ter sempre à mão um

dilatador traqueal ou pinça hemostática curva; esta deve ser

usada também no caso de a cânula ser expulsa pela tosse. A

função desta pinça ou dilatador é conservar a abertura

permeável."

A realização da traqueostomia por não-médicos, tendo em vista o

não conhecimento da técnica adequada e suas consequências, como a

abertura e o manuseio do cateter, colocando o paciente em risco, o cateter

de aspiração traqueal pode introduzir microorganismos no trato respiratório

baixo, portanto, deve ser estéril e de uso único OLIVEIRA et al., 2000;

SOLE et al., 2002), acarretando problemas ao paciente.

A falta de protocolos de assistência referentes às técnicas de

higiene oral (aspiração e escovação dos dentes) já que estas propiciam

infecções; verificação da pressão de cuff, e com qual freqüência é

verificada; utilização de cateter único para aspiração

oral/nasal/endotraqueal; verificação da posição do tubo; com qual

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freqüência é realizado o procedimento de aspiração, entre outros, nos

remete a necessidade de aprofundar melhor a temática, explorando

diversos fatores que podem interferir na correta utilização de procedimentos

durante a técnica de aspiração (CAMPOS; SALDANHA, 2004).

Grande parte da literatura descreve a realização da traqueostomia

por enfermeiros, uma vez que envolve cuidados fundamentais, pois

realizam atos como curativo loca e a troca de cadarços, empregar técnicas

assépticas e atraumáticas ao aspirar, entre outros (SMELTZER; BARE,

2002).

A melhor decisão é aquela baseada na perspicácia clínica, nas

características individuais de cada um e em ações que tragam segurança

para o profissional e para a manutenção da vida dos pacientes (ARAÚJO;

SPIER, 2008).

Os cuidados durante a aspiração, bem como a atenção

indispensável ao paciente traqueostomizado, o envolvimento da equipe

hospitalar, bem como da família no cuidado, e os esclarecimentos no que

tange ao que será realizado junto ao paciente, são aspectos relevantes dos

quais o médico responsável deve se encarregar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A traqueostomia é um procedimento cirúrgico muito freqüente em

pacientes internados em UTIs, com o objetivo principal de auxiliar no

desmame ventilatório, e a realização deste procedimento não está limitado

ao centro cirúrgico como foi durante muitos anos, e sendo que o fato de a

traqueostomia ser realizada no próprio leito de UTI exige da equipe o

conhecimento de técnicas cirúrgicas para estarem auxiliando com eficiência

o cirurgião na confecção da mesma.

A traqueostomia no paciente internado em UTI é um recurso

importante para facilitar a condução dos casos de longa permanência sob

VMA. Ela possibilita um manejo melhor do paciente, com menor sofrimento

e portanto mais conforto, além de permitir uma higiene brônquica mais

eficiente e um processo de desmame seguro.

Entretanto, não é isenta de complicações e a decisão pela sua

realização deve se basear numa reflexão criteriosa para identificar com

brevidade aquele paciente que se beneficiará do procedimento.

É conhecido que os pacientes que mais se beneficiam com a

traqueostomia são aqueles que necessitam de VMA por tempo prolongado.

Todavia, ainda não há evidências para afirmar que isso cause impacto na

mortalidade destes pacientes.

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