Transtorno de personalidade Borderline com o enfoque da ... · Sentimentos crônicos de vazio. 8....

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Transtorno de Personalidade Borderline: Tratando com Regressão de Memória. CLYSTINE ABRAM PRESIDENTE DO IBH Coordenadora da Pós Graduação em Hipnose Clínica e Hospitalar da Universidade Celso Lisboa

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Transtorno de Personalidade

Borderline: Tratando com Regressão de

Memória.

CLYSTINE ABRAM PRESIDENTE DO IBH

Coordenadora da Pós Graduação em Hipnose Clínica e Hospitalar da

Universidade Celso Lisboa

Transtorno de

Personalidade Borderline

1. Esforços desesperados para evitar abandonoreal ou imaginado.

2. Um padrão de relacionamentos interpessoaisinstáveis e intensos caracterizado pela alternância

entre extremos de idealização e desvalorização.

3. Perturbação da identidade: instabilidadeacentuada e persistente da autoimagem ou dapercepção de si mesmo.

4. Impulsividade em pelo menos duas áreaspotencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos,sexo, abuso de substância, direção irresponsável,compulsão alimentar).

Transtorno de

Personalidade Borderline

5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaçassuicidas ou de comportamento automutilante.

6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuadareatividade de humor (p. ex., disforia episódica,irritabilidade ou ansiedade intensa com duraçãogeralmente de poucas horas e apenas raramente demais de alguns dias).

7. Sentimentos crônicos de vazio.

8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade emcontrolá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raivaconstante, brigas físicas recorrentes).

9. Ideação paranoide transitória associada a estresseou sintomas dissociativos intensos.

Rigidez/inflexibilidade

Relacionamentos Disfuncionais

Evitação ou hipercompensação

Esquemas (Young, 2008)

Privação emocional

AbandonoDesconfiança/

abuso

Isolamento social/

alienação

Defectividade/ vergonha

Indesejabilidade social

FracassoDependência/ incompetência

Vulnerabilidade a danos e doenças

Emaranhamento Subjugação Auto sacrifício

Inibição emocional

Padrões inflexíveis

MerecimentoAutocontrole/ autodisciplina insuficientes

Origem dos esquemas desadaptativos

Experiências infantis negativas, que

frustram as necessidades básicas

Experiências traumáticas e de

abuso

Internalização seletiva de experiências

Temperamento (características

inatas)

Influências culturais

Esquemas Principais

Abandono/

Instabilidade

Emocional

Desconfiança/

Abuso

Privação

Emocional

Defectividade

Regressão de memória

Situação

agradável

Regressão de memória

Situação pai/mãe instável e que não satisfez as necessidades afetivas da criança.

Regressão de memória

Terapeuta protege a “criança vulnerável” e modela o comportamento do “adulto saudável”.

Regressão de memória

Adulto

saudável

cuida da

“criança

vulnerável”

Visualização

Libertando a criança interior.

Estudo de casoPaciente A, 19 anos, diagnóstico de transtorno de

Personalidade Borderline há dois anos, com

esquemas de abandono, desconfiança/abuso e

privação emocional. Namora há nove meses e teve

várias brigas por desconfiar que o namorado a trai,

sem vivenciar situações reais, após as brigas se

esforça desesperadamente para evitar que ele a

abandone. Já teve outros relacionamentos afetivos

que foram instáveis, idealizando e desvalorizando a

relação. Impulsiva com álcool e sexo, bebe

exageradamente e sempre que encontra o

namorado quer ter relações sexuais. Pratica cutting

há seis meses, sente-se vazia e insatisfeita, já tentou

duas vezes suicídio com a ingestão dos remédios

psicotrópicos.

Estudo de casoMora com avó materna. Os pais se separaram

quando tinha quatro anos, o pai foi morar em Porto

Alegre, sempre manteve pouco contato com a

paciente (uma vez por ano), aos cinco anos a mãe

foi transferida para Brasília e não a levou, alegando

não ter ninguém para ajudá-la a cuidar, deixando-a

com a avó materna que a colocou em período

integral na escola. Tem contato com a mãe por

telefone, skype e sempre que pode a mãe vem vê-

la. Os pais se casaram novamente e ambos tem

filhos que moram com eles. Relata ter sofrido muito

com a separação dos pais e com a transferência da

mãe. Agora está bem habituada com a situação.

Esquemas Emoções

Abandono

Desconfiança/abuso

Privação emocional

Medo, raiva, tristeza e

desespero.

Medo, raiva, solidão,

ciúmes e desamparo.

Solidão, desamparo,

tristeza e raiva.

Esquemas Pensamentos

Abandono

Desconfiança/abuso

Privação emocional

Todos irão embora, irão me abandonar. Ficarei completamente sozinha.

Não posso confiar em ninguém, pois irão tirar proveito de mim.

Ninguém me dá o amor que preciso, ninguém satisfaz minhas carências afetivas.

Regressão de memória

Regressão de memóriaT: Eu gostaria que fechasse os seus olhos e respirasse

profundamente, soltando o seu corpo e relaxando.

Agora volte as lembranças do passado para uma

situação que você se sentiu amada pelos seus pais.

P: Eu tinha três anos, era minha festa de aniversário.

Estou com um vestido cor de rosa e com uma coroa

na cabeça, a festa é das princesas. Estou na mesa

do bolo no colo do meu pai, minha mãe do lado

dele e tirando fotos. Estou muito feliz, sinto o amor

deles.

T: Vivencie esse amor, desfrute deste momento

agradável e saudável entre vocês. Perceba o colo

do seu pai, a pele dele, o cheiro dele, a respiração

dele... Vivencie... O que sente? O que pensa?

IMAGEM SEGURA

P: O amor, ele cheira bem, é tão carinhoso, acho

que ele me ama.

P: Minha mãe me pega no colo para tirar foto.

T: Perceba sua mãe o carinho dela, sinta o corpo

dela tocando o seu, o cheiro dela, a pele dela e

vivencie esse momento... Desfrute... O que sente?

P: O calor do corpo dela e aquece o meu, ela cheira

como flor, é tão bom ficar no colo dela. Sinto como

ela gosta de mim, ela não é muito carinhosa, mas

estar ali no colo é muito bom. Depois cantamos

parabéns e eu apago a vela cor de rosa com o

número três.

T: E como você se sente nesta situação?

P: Muito bem, feliz e cheio de amor.

T: Volte para o aqui agora trazendo essa sensação.

Regressão de memóriaT: Imagine que você é uma criança, imaginevividamente uma cena incômoda com seus pais,me diz o que vê?

P: Estou em casa debaixo da minha cama, tenhoquatro anos e meus pais brigam na sala, éramosfeliz até que nos despedaçamos... (chora)

T: Deixe essa emoção fluir... Chore... Até esvaziar (apaciente relata se sentir vazia)

P: É um vazio tão imenso... Um vazio devastador...

E lembro da briga dos meus pais, eles gritavam efalavam que queriam se separar, estou escutandoa minha mãe perguntar para o meu pai qual foi omotivo dele traí-la. Agora entendo o queaconteceu.

Reparação Parental

P: Fico sozinha no meu quarto escutando toda a briga

e meu pai fala que vai embora. Eu choro muito, sinto

um vazio no meu peito... Não quero que ele vá

embora, grito para mim mesma “Não me abandona”.

T: O que mais acontecesse?

P: Logo depois é a minha mãe que vai embora, fala

que vai por causa do trabalho e vem me pegar logo,

mas esse logo nunca chegou, ela também me

abandonou. Vejo ela saindo com as malas e é tão

ruim, eu choro muito e agarro nas pernas dela, Grito:

“não vai mãe, não me deixa”. Eu não quero ser

abandonada pela segunda vez, não éramos felizes?

O que aconteceu? Não vá embora, fique pelo amor

de Deus.

P: Fiquei com a minha avó e parece que estou sendo

um estorvo na vida dela, um peso, ela não deveria

estar cuidando de mim. Eu só queria ser amada,

cuidada e acolhida, queria que me abraçassem e

me dissessem eu te amo.

T: O que você deseja que não tem?

P: Não me sinto amada por ninguém, meus pais

estão longe e não me amam. Eles me abandonaram.

T: Posso entrar nesta situação e dar para a sua

criança o que ela precisa?

P: Pode.

T: Agora estou aqui e abraço você... você não está

sozinha... Eu estou com você... Te protegendo...

Cuidando de você... Dando carinho... você merece o

amor... eu a amo... Você é importante na minha vida

e eu nunca vou te abandonar... Sinta o calor Desfrute

novamente da sensação de ser amada... Perceba

como é bom ser amada.

P: Me sinto muito bem... Aliviada...

T: Agora eu vou sair e quem vai entrar nessa situação

é você adulta e vai dar para a sua criança o que ela

precisa. Estou saindo... Entre nesta situação e passe a

ser também a adulta que é hoje.

P: Estou com a minha criança... Eu abraço tão

forte e pego ela no colo... Também me sinto criança

no meu colo de adulta... Como é bom...

T: Fale como adulta para a sua criança o que sente

por ela.

P: (Chora) Eu te amo... Eu te amo muito... Você

merece ser amada... Eu te dou tudo aquilo que você

não teve... Amor... Atenção... Abraços... Meu tempo...

Meus ouvidos... Meus olhos... Meu coração... Te amo

muito e para sempre.

T: Como se sente agora?

P: Cheia, completamente cheia de amor. Sabendo

que eu posso dar para mim mesma o que os outros

não deram, acreditando que agora posso ser amada.

T: Agora volte para o aqui e agora se sentindo bem.

A depois dessasessão A se sentiumais forte, menosinstável e mais segurade si mesma, se

amando e passandoa acreditar quemerece o amor.

Conclusão

A descoberta do amor próprio

e superação da carência afetiva,

suprime a falta do amor e o

abandono.

Bibliografia

OBRIGADA

[email protected]

www.ibh.com.br