Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade: Diagnóstico e Tratamento
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UNIVERSIDADE DE UBERABA
THIAGO COSTA FONSECA
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE:
Diagnóstico e tratamento
UBERABA – MG
2013
THIAGO COSTA FONSECA
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE:
Diagnóstico e tratamento
Monografia apresentada ao Curso de
Psicologia (Formação de Psicólogos) da
Universidade de Uberaba como parte da
graduação sob orientação da
Profª. Drª.: Adriana Rocha Figueiredo
UBERABA – MG
2013
THIAGO COSTA FONSECA
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE:
Diagnóstico e tratamento
Monografia apresentada ao Curso de Psicologia como parte da Graduação.
Aprovada em: ___/___/2013
_________________________________
Profª Drª Adriana Rocha Figueiredo
Orientadora
UNIVERSIDADE DE UBERABA UBERABA – MG
2013
"Campeões não são feitos em academias. Campeões são feitos de algo que
eles têm profundamente dentro de si: um Desejo, um Sonho, uma Visão”.
Muhammad Ali
AGRADECIMENTO
Agradeço a minha grande orientadora Adriana Figueiredo, por me acolher, me ouvir,
me acalmar, me orientar, por me ajudar com seus grandes conhecimentos para a realização
deste trabalho.
A todos os mestres que passaram por minha vida, que graças a eles que estou aqui
hoje. A todos que de alguma forma direta e/ou indiretamente contribuíram para essa conquista
e para meu crescimento como profissional e como pessoa, o meu MUITO OBRIGADO!
FONSECA, Thiago C. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Diagnóstico e
Tratamento. Uberaba-MG, 2013. Monografia. P.38. Trabalho de Conclusão de Curso –
Graduação em Psicologia, Universidade de Uberaba. Orientadora: Dra Adriana Rocha
Figueiredo.
RESUMO:
O Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade é caracterizado por três grupos de
sintomas: desatenção, impulsividade e hiperatividade aparecem por volta dos sete anos de
vida da criança e em alguns casos à acompanha por todo o seu desenvolvimento. Para a
pessoa com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), manter-se concentrada
é algo desafiador, a fala, o pensamento ou simples ações acarretam situações desconfortáveis
no transcorrer de suas atividades cotidianas. Os sintomas do TDAH causam
comprometimento e problemas sociais e familiares, baixo aproveitamento escolar e
dificuldades emocionais, tais como transtornos de conduta, ansiedade e transtornos de humor
e comportamento antissocial. Os objetivos da pesquisa foram: fazer uma revisão bibliográfica
sobre o diagnóstico e tratamento do TDAH e investigar seu conceito atual, estimar quais as
melhores formas de tratamento na Teoria Cognitivo-Comportamental. A metodologia
utilizada foi a qualitativa e após análise dos dados apontamos que o Transtorno de Déficit de
Atenção / Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico de causas ainda
desconhecidas, embora sua etiologia mais reconhecida seja a de predisposição genética. O
aumento do uso de medicamentos no tratamento do TDAH, principalmente dos
neuroestimulantes. Ao concluir apontamos que a melhor forma de diagnosticar é a clinica e
multidisciplinar, com o auxilio dos pais, professores, médicos, psicólogos e outros
profissionais envolvidos. O diagnóstico e o tratamento devem ser realizados de forma
multidisciplinar encontrando a melhor opção para as necessidades de cada criança ou pessoa,
visando sempre a sua qualidade de vida.
Palavras-chave: TDAH, Criança, Família/Escola, Diagnóstico e Tratamento.
SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................................................................... 7
2. Objetivos............................................................................................................................. 8
2.1. Objetivos Gerais........................................................................................................... 8
2.2. Objetivos Específicos................................................................................................... 8
3. Conceitos e Definições do TDAH...................................................................................... 9
3.1. Etiologia do TDAH..................................................................................................... 12
3.2. O diagnóstico qualificado........................................................................................... 16
3.3. Comorbidades............................................................................................................. 20
4. Tratamentos utilizados no Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH).. 22
4.1. Tratamento farmacológico.......................................................................................... 22
4.2. Tratamento psicossocial.............................................................................................. 24
4.2.1. Âmbito Familiar............................................................................................... 24
4.2.2. Âmbito Escolar................................................................................................. 25
4.2.3. Âmbito Pessoal................................................................................................. 26
4.3. Teoria Cognitivo-comportamental como referência no tratamento para TDAH........ 27
5. Metodologia...................................................................................................................... 29
6. Considerações Finais........................................................................................................ 30
7. Referências ..................................................................................................................... 31
7
1. INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno
neurobiológico que afeta cerca de 5% das crianças mundiais, sendo mais recorrente em
meninos do que em meninas, persistindo em alguns casos até a vida adulta. O TDAH possui
um quadro clínica que inclui desatenção, hiperatividade ou impulsividade.
Os sintomas do TDAH causam um comprometimento principalmente executivo,
problemas sociais e familiares, baixo aproveitamento escolar e um risco maior de evasão
escolar; as dificuldades enfrentadas pela pessoa com TDAH frequentemente levam a uma
baixa-autoestima e tem uma influência negativa sobre o desenvolvimento emocional. Em
alguns casos os portadores do transtorno podem desenvolver comorbidades psiquiátricas, tais
como transtornos de conduta, ansiedade e transtornos de humor, comportamento antissocial e
abuso de álcool e/ou drogas.
O presente trabalho visa reunir e informar sobre o que é Transtorno de Déficit de
Atenção / Hiperatividade para assim ser feito um diagnóstico mais qualificado e apresentar na
área da Psicologia, os benefícios da Psicoterapia de base Cognitivo-comportamental para a
pessoa com TDAH, apontando a função do psicólogo diante essa demanda que vem crescendo
nos dias atuais. O diagnóstico clinico bem feito e um tratamento adequado podem diminuir o
quadro dos sintomas e o risco de comorbidades nas crianças, adolescentes e adultos com o
transtorno.
8
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
O objetivo do trabalho foi fazer uma revisão bibliográfica sobre o diagnóstico e
tratamento do TDAH.
2.2. Objetivos Específicos
Investigar o que é o TDAH e como obter um diagnóstico qualificado.
Estimar quais as melhores formas de tratamento.
Conhecer a Teoria Cognitivo-Comportamental de uso do psicólogo junto a essa
demanda
9
3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DO TDAH
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade) é um transtorno
neurobiológico caracterizado pela presença de três grupos de sintomas: desatenção,
impulsividade e hiperatividade, que aparecem por volta dos 7 anos na criança e em alguns
casos à acompanha por toda sua vida. Estudos epidemiológicos indicam que o Transtorno de
Déficit de Atenção / Hiperatividade acomete em torno de 5,29% das crianças em todo o
mundo, ocorrendo uma persistência dos sintomas em 70% dos casos na adolescência e um
valor estimado de 2,9 a 4,4% na vida adulta. (FUENTES, 2008).
Na desatenção temos o item principal para o diagnóstico, pois o Transtorno de
Déficit de Atenção pode vir ou não acompanhado de Hiperatividade, mas sempre ocorrerá a
disfunção da atenção, que segundo Augusto a pessoa portadora do transtorno:
... têm dificuldades em concentrar-se numa só coisa e aborrecem-se ao fim
de alguns minutos a volta de uma só tarefa. Podem até prestar atenção a
atividades e coisas de seu agrado. Mas quando se trata de organizar, estar
atentas a uma tarefa ou aprender algo de novo, manifestam uma grande
dificuldade, distraindo-se facilmente com qualquer estímulo exterior.
Para uma pessoa com Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), manter-se
concentrado por menor que seja o período de tempo é algo desafiador, por exemplo, ao se
começar a ler um livro qualquer estímulo é capaz de desviar sua atenção, assim acaba tendo
que ler a pagina ou parágrafo novamente, quando solicitado a guardar um recado, possui uma
dificuldade de comunica-lo quando encontra a pessoa que deveria dar o recado.
Possuir essa dificuldade de ficar concentrado em qualquer assunto, fala, pensamento
ou ação acarreta varias situações desconfortáveis, como por exemplo, cometer erros
considerados bobos em matérias/trabalhos que possui um domínio, por não ter prestado
atenção, ao conversar com alguém perder a linha do raciocínio, ou o desenrolar da conversa,
pensar em dizer alguma coisa, mas logo em seguida esquecer o que ia falar, alguém passar no
corredor durante uma reunião é suficiente para perder o que estava sendo dito nela, são
situações que causam desconforto na pessoa com o transtorno.
A segunda parte que compõe o TDAH é a impulsividade, que segundo Associação
Brasileira do Déficit de Atenção (p. 7, cartilha)
10
Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de
pensar”. Podemos entender impulso como a resposta automática e imediata a
um estímulo. Por exemplo, se vemos alguma coisa apetitosa, queremos
comê-la; se estamos de dieta temos que controlar o impulso.
Se alguém nos incomoda ou agride, nosso impulso é afastá-lo ou revidar,
agredindo-o de volta; mas isto pode ser algo ruim para todos e deve ser
controlado.
O fato de envolver-se em brincadeiras perigosas com reações exageradas, atravessar
a rua sem olhar para os lados, no âmbito verbal de dizer o que vem a cabeça, por exemplo, em
uma discussão dizer que odeia a outra pessoa, usar xingamentos com a professora por esta ter
dado uma bronca em sala de aula, agredir as pessoas que lhe dizem coisas que não a agradem,
fazem parte da coleção de atitudes impensadas de quem possui TDAH, em suma, agir depois
pensar essa é a lei para quem tem a disfunção de impulsividade, com isso sempre são
rotulados como “mal educados”, “grosseiro”, “estraga-prazeres”, “egoístas”, “irresponsáveis”
e etc. (Silva, 2003).
A Hiperatividade é a terceira parte que compõe o diagnóstico de Transtorno de
Hiperatividade, que geralmente é o sintoma mais visível, que pode estar ou não combinada no
Transtorno de Déficit de Atenção.
Segundo Associação Brasileira do Déficit de Atenção (p. 5, cartilha)
Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é
inquieta, está quase constantemente em movimento. [...] Parece que é
elétrica, ou que está com um motorzinho ligado o tempo todo. Raramente
consegue ficar sentada, mas se é obrigada a permanecer sentada, se revira o
tempo todo, bate com os pés, mexe com as mãos, ou então acaba
adormecendo. Dificilmente consegue se interessar por uma brincadeira em
que tenha que ficar quieta, mas pelo contrário está sempre correndo, subindo
em móveis, árvores, e frequentemente em locais perigosos.
Silva (2003, p.25) aponta como é fácil identificar a hiperatividade física de uma
pessoa com TDAH, são aquelas crianças que não param quietas em lugar nenhum, que são
agitadas, que chegam a andar pulando por acharem seus pés muito curtos, que mexem em
tudo e por querer pegar tudo ao mesmo tempo acaba deixando cair as coisas, geralmente são
rotulados de “pestinhas”, “diabinhos”, “locomotivas”, “elétricos”, “desajeitados”,
“desengonçados”, etc. Nos adultos esses sintomas costumam minimizar por questões de
adequação de ambiente, mas os sintomas de hiperatividade aparecem nas pernas que sacodem
incansavelmente, nos rabiscos constantes de papeis a sua frente, no roer as unhas, na passada
de mãos no cabelo sem parar, onde sempre buscam algo para manter as mãos ocupadas.
11
A hiperatividade mental é mais sutil que a física, mas da mesma forma exaustiva e
penosa, é a pessoa que em uma conversa interrompe várias vezes as outras, que muda de
assunto antes que o outro tenha terminado de falar, aquela pessoa que não dorme a noite, pois
seu cérebro fica ligado a mil por hora, não conseguindo desconectar (SILVA, 2003).
Essa agitação é considerada responsável por muitos portadores de TDAH terem
dificuldade para fazer e manter amigos, eles não percebem algumas regras sociais que são
muito importantes para o desenvolvimento e crescimento dos relacionamentos na sociedade,
essa agitação causa incômodo na vida diária do indivíduo, principalmente quando tem que se
adequar aquelas pessoas que não possuem o transtorno (SILVA, 2003).
12
3.1. ETIOLOGIA DO TDAH
Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas do TDAH ainda são
desconhecidas.
1. Fatores Neurofisiológicos
Sadock (2007, p. 1305) relata que ao logo do desenvolvimento da criança o cérebro
passa por mudanças em diversas idades, dos 3 aos 10 meses, dos 2 aos 4 anos, dos 6 aos 8
anos, dos 10 aos 12 anos e dos 14 aos 16 anos. Algumas crianças que possuem um atraso
maturacional nessas sequencia manifestam sintomas de TDAH, que parece normalizar por
volta dos 5 anos.
Estudo recente com Eletroencefalograma (EEG) quantitativos com crianças
portadoras do TDAH, revela um aumento das porcentagens relativas de banda beta ou uma
diminuição das amplitudes P300 de tom raro nos grupos realizados com problemas de
atenção.
2. Fatores Psicológicos
Segundo Sadock (2007, 1305 p.) fatores causadores de ansiedade, como por
exemplo, ruptura do equilíbrio familiar, eventos psíquicos estressantes podem contribuir para
o inicio ou a perpetuação do TDAH.
3. Fatores Neuroquímicos
Para a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA)
Os portadores de TDAH possuem alterações na região frontal e as suas
conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é [...] responsável
pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir
comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção,
memória, autocontrole, organização e planejamento. O que parece estar
alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de
substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente
dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células
nervosas (neurônios).
Hipóteses sobre a neuroquímica do transtorno surgiram através de experiências
clínicas com o uso de medicamentos que exercem um efeito positivo sobre pessoas com o
transtorno. Sendo os mais estudados os estimulantes, que afetam a dopamina e a
13
noradrenalina, levando a uma hipótese de possível disfunção dos sistemas adrenérgicos e
dopaminérgicos. Não existem evidencias que envolve somente um único neurotransmissor no
desenvolvimento do transtorno, mas muitos podem estar associados. (Sadock, 2007, p.1305).
Existem várias causas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal
e suas conexões na literatura, como por exemplo:
4. Fatores Genéticos:
Não se fala dos genes serem responsáveis pelo transtorno em si, mas em uma
predisposição para o desenvolvimento do TDAH. A partir de observações feitas das famílias
de portadores de TDAH, foi possível observar que a frequência de parentes portadores do
transtorno era maior do que nas famílias que não tinha crianças com TDAH. Sendo a
prevalência do transtorno entre os parentes das crianças afetadas cerca de 2 a 10 vezes mais
do que na população geral. (ABDA)
Para se comprovar a teoria dos genes foram feitos estudos fundamentais, pois como
um transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a
influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento"
ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria
o papel de genes. Um dos estudos realizados para comprovar que a recorrência familiar era de
fato devida a uma predisposição genética é a realizada com gêmeos e com adotados, neste
comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças com o transtorno, verificando se há
diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais, foi verificado que os pais
biológicos tem 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos. (ABDA)
Outro estudo compara gêmeos univitelinos e gêmeos bivitelinos. Sabendo-se que os
gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética pensaram quanto mais parecidos, ou
seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética
para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os gêmeos
univitelinos são muito mais parecidos do que os bivitelinos, chegando a ter 70% de
concordância, o que evidencia uma importante participação de genes no TDAH. (ABDA)
O próximo passo das pesquisas é descobrir que genes são esses, lembrando que a
predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene. Provavelmente não existe,
ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH".
14
5. Substâncias ingeridas na gravidez:
Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos pela mãe durante a
gestação podem causar alterações em algumas regiões do cérebro do bebe incluindo a região
frontal orbital. Pesquisas indicam que crianças de mães alcoolistas possuem mais chance de
possuírem TDAH, lembrando que é um estudo que mostra a associação entre os fatores e não
mostra uma relação de causa e efeito. (ABDA)1
6. Sofrimento fetal:
Alguns estudos, segundo a Associação Brasileira do Deficit de Atenção (ABDA) de
mães que tiveram algum tipo de problema no parto, causando sofrimento na criança, possuem
mais chance de terem filhos com TDAH, não sendo clara a relação com a causa, a ABDA
aponta que : “Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais
predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem
(e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.” 1
7. Exposição a chumbo:
É um caso raro e facilmente identificado pela história clinica, crianças pequenas que
sofreram algum tipo de intoxicação por chumbo, podem apresentar sintomas semelhante aos
do TDAH. (ABDA).
8. Problemas Familiares:
Estudos recentes tem rejeitado a ideia que coloca problemas familiares como causa do TDAH.
Segundo a ABDA “as dificuldades familiares podem ser consequência do que causa do
TDAH (na criança e mesmo nos pais). Problemas familiares podem agravar um quadro de
TDAH, mas não causa-lo”.
9. Outras Causas
Já foram levantadas outras hipóteses para a causa do TDAH, sendo
posteriormente desacreditadas após investigação científicas, por exemplo:
a) Corante amarelo
1 Associação Brasileira do Déficit de Atenção - ABDA(Brasil). O que é o TDAH. Disponível em: <
http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/o-que-e-o-tdah.html>.
15
b) Aspartame
c) Luz artificial
d) Deficiência hormonal (principalmente da tireoide)
e) Deficiências vitamínicas na dieta.
16
3.2. O DIAGNÓSTICO QUALIFICADO
Segundo o Controle e Prevenção de Doenças (CPD) (2013, apud Jornal O Globo)
nos Estados Unidos na ultima década houve um aumento considerável de 53% de jovens com
idades entre 4 a 17 anos com diagnóstico de TDAH.
Com o aumento no numero de diagnóstico de TDAH consequentemente ocorre um
aumento na prescrição e uso de medicamentos, cerca de dois terços das pessoas
diagnosticadas com o transtorno recebem prescrição de medicamentos neuroestimulantes, o
que vem a ser um estado preocupante. Segundo o CPD ocorre uma divergência no motivo do
aumento do diagnóstico, pois alguns médicos e pacientes argumentam que o aumento do
diagnóstico é uma evidência de que o transtorno está sendo mais reconhecido e aceito, outros
dizem que os novos índices sugerem que milhões de crianças podem estar ingerindo remédios
apenas para ficarem mais calmas e melhorarem o seu desempenho Escolar, não tendo TDAH,
ou sendo diagnosticadas de forma incorreta.
Por isso a importância do diagnóstico correto. O diagnóstico de TDAH não é fácil de
ser feito e requer atenção, investigação e um grande conhecimento sobre o assunto do
profissional que o está realizando. Por ser um transtorno de diagnóstico complexo e
totalmente clínico pode ser facilmente confundido com outros transtornos sejam eles
biológicos ou psicológicos, pois os sintomas principais do TDAH, desatenção e/ou
hiperatividade podem ser encontrados também em outros transtornos, como por exemplo,
Hipertiroidismo, Transtorno Bipolar, Ansiedade Generalizada, entre outros.
A avaliação do TDAH inclui, frequentemente, um levantamento do
funcionamento intelectual acadêmico, social e emocional. O exame médico
também é importante para esclarecer possíveis causas de sintomas
semelhantes aos do TDAH (por exemplo, reação adversa à medicação,
problemas de tiroide, etc). O processo de diagnóstico deve incluir dados
recolhidos com professores e outros adultos que, de alguma forma, interagem
de maneira rotineira com a pessoa sendo avaliada. (REIS, 2004, p.18).
O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde capacitado, sendo ele
neurologista, psiquiatra ou psicólogo. O processo diagnóstico é formado pela história,
observação do comportamento da criança/adulto e relato de pais e professores sobre os
comportamentos que a mesma apresenta em casa e na escola/trabalho. As informações dos
pais devem ser sempre consideradas e as crianças levadas a sério e tratadas sem serem
julgadas.
17
Segundo Louzã, et al (2007, p. 443) o diagnóstico requer uma cuidadosa anamnese
detalhada onde se visa:
1. Avaliar os sintomas atuais (> 6 meses) de TDAH
2. Estabelecer história de TDAH na infância
3. Avaliar prejuízo funcional nos vários ambientes (casa, trabalho,
estudo, lazer, relacionamentos).
4. Obter história do desenvolvimento (pré-natal, infância, escola).
5. Obter história médica e psiquiátrica (diagnóstico diferencial e
comorbidades).
6. Obter histórico familiar
7. Fazer uma avaliação física para exclusão de causas clínicas dos
sintomas (p.ex., TCE, Epilepsia) e contraindicações para o
tratamento (p.ex., Cardiovasculares).
Alem da entrevista de anamnese e observação direta da criança/adolescente/adulto,
existem outros instrumentos importantes como o exame médico e a aplicação de algumas
escalas cognitivas, de atenção e alguns testes neuropsicológicos, utilizados para auxiliar no
diagnóstico do transtorno e/ou possíveis comorbidades.
Testes psicológicos podem ser elementos auxiliares, de utilidade na investigação de distúrbios de aprendizado ou de deterioração mental para fins
de diagnóstico diferencial ou comorbidade, mas jamais serão capazes de
firmar por si só um diagnóstico de TDAH. Pessoas desatentas em outras
situações podem mostrar um bom rendimento na situação a dois dos testes,
até mesmo pelo fato de ser uma situação nova capaz de despertar curiosidade.
Os testes neuropsicológicos são mais propriamente descritivos das
capacidades e limitações da pessoa que elementos diagnósticos (REIS, 2004,
p.18).
Segundo Louzã, et al (2007, p. 443 e 444) para o diagnóstico utiliza-se mais os
critérios expostos pelo DSM-IV, como demonstrado no Quadro 1.
O Critério A inclui 18 sintomas em uma lista, sendo nove destes de desatenção e
nove de hiperatividade/impulsividade; O Critério B do DSM-IV diz respeito a idade de inicio
dos sintomas, antes dos 7 anos; Os Critérios C e D devem ser considerados no contexto da
vida da criança ou adulto em pelo menos dois ambientes, devendo ser investigado
detalhadamente; A exclusão de outros transtornos (Critério E) é importante para o diagnóstico
diferencial, podendo ter a possibilidade de comorbidades.
18
Quadro 1 – Diagnósticos de TDAH segundo o DSM-IV
Critério A 1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de Desatenção persistiram por pelo menos seis meses,
em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
(a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em
atividades escolares, de trabalho ou outras
(b) com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas
(c) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra
(d) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas
domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade
de compreender instruções)
(e) com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
(f) com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa)
(g) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos,
tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
(i) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias
(2) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de Hiperatividade persistiram por pelo menos seis
meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
(a) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
(b) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado
(c) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em
adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)
(d) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades
e lazer
(e) está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor"
(f) frequentemente fala em demasia
Impulsividade:
(g) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
(h) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez
(i) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em
conversas ou brincadeiras)
19
Critério B
Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo
estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
Critério C
Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na
escola [ou trabalho] e em casa).
Critério D
Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social,
acadêmico ou ocupacional.
Critério E Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não são melhor explicados
por outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor, Transtorno de Ansiedade,
Transtorno Dissociativo ou um Transtorno da Personalidade). Fonte: DSM-IV. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre : ARTMED, 2002, 4a. ed.
Seguindo os critérios do DSM-IV, este coloca a existência de três subtipos no
diagnóstico do transtorno:
F98.8 - 314.00 - Transtorno de Déficit de Atenção: deve-se conter no mínimo seis dos
nove critérios de desatenção, por um período maior que seis meses, devendo estar
presente em dois ou mais contextos de vida do indivíduo e causando prejuízos
significativos (BOLFER, 2009).
F90.0 - 314.01 - Transtorno de Hiperatividade/Impulsividade: deve-se conter no mínimo
seis dos nove critérios de hiperatividade, por um período maior que seis meses, devendo
estar presentes em mais de dois contextos de vida do indivíduo, causando prejuízos
significativos (BOLFER, 2009).
E por ultimo o tipo combinado, F90.0 - 314.01, Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade: deve-se estar presente seis dos nove sintomas determinado pelo DSM-IV
de desatenção e de hiperatividade/impulsividade, em mais de dois contextos de vida do
indivíduo, causando prejuízos significativos (BOLFER,2009).
20
3.3. Comorbidades
Segundo o Instituto Paulista de Déficit de Atenção (IPDA) 2:
Comorbidade no TDAH significa a ocorrência de mais de um problema ao
mesmo tempo, além da distração, hiperatividade, impulsividade e outros dos
sintomas mais característicos, como esquecimentos, desorganização, pouca
percepção da passagem do tempo, entre outros. Especialmente em adultos, a
comorbidade (ocorrência simultânea) de mais de um transtorno
acompanhando o TDAH é mais regra que exceção.
É frequente ser encontrado comorbidades em crianças e adultos portadores do
TDAH. No estudo realizado pelo National Comorbidity Survey-Replication (NCS-R), Kessler
e colaboradores (2006, apud Louzã, 2007, p. 448) encontraram alta taxa de comorbidades em
portadores de TDAH avaliados na comunidade, conforme pode ser visto no Quadro 2.
Prevalência (%) de comorbidade em portadores de TDAH na comunidade:
Quadro 2
Transtornos do humor %
Depressão maior
Distimia
Transtorno bipolar
Qualquer Transtorno do humor
18,6
12,8
19,4
38,3
Transtornos ansiosos %
Transtorno de ansiedade generalizada
TEPT
Transtorno de pânico
Agorafobia
Fobia específica
Fobia social
Transtorno obsessivo-compulsivo
Qualquer transtorno ansioso
8,0
11,9
8,9
4,0
22,7
29,3
2,7
47,1
Abuso de substâncias %
Abuso de álcool
Dependência de álcool
Abuso de drogas
Dependência de drogas
Qualquer abuso de substancias
5,9
5,8
2,4
4,4
15,2
Transtorno de impulso %
Transtorno explosivo intermitente 19,6 Quadro 2. Fonte. (Louzã, 2007, p. 448)
2 Instituto Paulista de Déficit de Atenção - IPDA (Brasil). Comorbidade e TDAH: Quando mais de um
problema acontece ao mesmo tempo. Disponível em: <http://www.dda-
deficitdeatencao.com.br/tdah/comorbidades.html>.
21
Segundo Bierman (2004, apud Louzã, 2007, p. 447), em uma amostra clínica,
observam-se diferenças na prevalência de comorbidades em pacientes do sexo masculino e do
sexo feminino, conforme pode ser observado no quadro 3.
Prevalência (%) de comorbidade em adultos com TDAH (amostra clínica):
Quadro 3. Fonte: Adaptada de Bieman 2004, apud Louzã, 2007, p. 448)
A maioria dos pacientes que chegam a procurar ajuda, buscam para a comorbidade,
podendo não ser diagnosticado com TDAH se não for feito uma anamnese bem feita e com
um profissional qualificado.
Quanto mais os profissionais das áreas de saúde e de educação conhecerem o
TDAH e estiverem aptos a dar orientação adequada aos portadores e às
famílias, mais cedo os portadores poderão se tratar. Ainda que somente os
psiquiatras estejam habilitados a prescrever os medicamentos e a
supervisionar o tratamento de um portador de TDAH, profissionais como
psicólogos, terapeutas comportamentais e fonoaudiólogos têm importância
fundamental no trabalho com os pacientes. (ALVES, 2003, apud REIS,
2004. p. 20).
Deduz-se que pacientes que recebem tratamento somente para comorbidade sem ser
simultaneamente ou posteriormente tratado do TDAH possuirá resultados incompletos e/ou
insatisfatórios, por isso a importância do diagnóstico qualificado.
Quadro 3
Feminino Masculino
Transtorno de Conduta 7 34
Transtorno de oposição e desafio 27 32
Transtorno antissocial de personalidade 7 17
Depressão maior (grave) 36 27
Transtorno Bipolar 10 14
Transtorno de Ansiedade 52 46
Abuso de Álcool 17 19
Dependência do Álcool 19 34
Abuso de Drogas 7 22
Dependência de Drogas 19 28
22
4. TRATAMENTOS ULTILIZADOS NO TRANSTORNO DE DÉFICIT
DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE (TDAH).
O tratamento para o TDAH deve ser se maneira multifocal e por uma equipe
multidisciplinar (psiquiatra, psicólogos, professores, pais, fonoaudiólogos, entre outros).
Levando em consideração o bem estar físico, psicológico e emocional da criança.
Os tratamentos onde se viabiliza uma abordagem multifocal utilizando os fármacos,
orientação de pais e professores e a psicoterapia com abordagem cognitivo-comportamental
possuem resultados mais satisfatórios.
4.1. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
A primeira escolha feita de medicamentos pelos profissionais (psiquiatra,
neurologista) para ser utilizado no tratamento do TDAH onde não há comorbidades graves,
são os estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC), sendo o mais usado o Metilfenidato
(Ritalina, Ritalina LA e Concerta) que age “bloqueando a recaptação de dopamina e por
consequência aumentando a concentração sináptica desse neurotransmissor provavelmente em
regiões cerebrais críticas relacionadas ao distúrbio”. (PEREIRA, 2010, p.134).
O metilfenidato demonstrou ser altamente efetivo em até três quartos de
todas as crianças com TDAH, com relativamente poucos efeitos adversos.
Trata-se de um agente de curta ação que costuma ser usado para ter efeito
durante o horário da escola, de modo que as crianças consigam prestar
atenção às tarefas e permanecer na sala de aula. Os efeitos adversos mais
comuns da droga incluem dores de cabeça, dores de estômago, náusea e
insônia. [...] Um estudo recente revelou que cerca de 75% de um grupo
de crianças hiperativas exibiram melhora significativa em sua
capacidade de prestar atenção em aula e em medidas de eficiência
acadêmica quando tratadas com metilfenidato (SADOCK, et al, 2007, p.
1309)
Existem outras categorias de medicamentos que obtém respostas no tratamento,
sendo utilizados caso a primeira escolha não tenha surtido o efeito esperado ou causando
reações adversas ou exista comorbidades associadas.
23
Abaixo (Quadro 4) estão os medicamentos recomendados (em ordem de escolha,
alfabética) pelo consenso entre especialistas para o tratamento do transtorno, segundo site da
ABDA (http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/tratamento.html):
NOME QUÍMICO NOME
COMERCIAL DOSAGEM
DURAÇÃO
APROXIMADA
DO EFEITO
PRIMEIRA ESCOLHA:
ESTIMULANTES (em ordem alfabética)
Lis-dexanfetamina Venvanse 30, 50 ou 70mg pela
manhã 12 horas
Metilfenidato (ação curta) Ritalina 5 a 20mg de 2 a 3
vezes ao dia 3 a 5 horas
Metilfenidato (ação
prolongada)
Concerta 18, 36 ou 54mg pela
manhã 12 horas
Ritalina LA 20, 30 ou 40mg pela
manhã 8 horas
SEGUNDA ESCOLHA:
Caso o primeiro estimulante não tenha obtido o resultado esperado, deve-se tentar o segundo
estimulante.
TERCEIRA ESCOLHA
Atomoxetina Strattera 10,18,25,40 e 60mg
1 vez ao dia 24 horas
QUARTA ESCOLHA: Antidepressivos
Imipramina(antidepressivo) Tofranil
2,5 a 5mg por kg de
peso divididos em 2
doses
Nortriptilina(antidepressivo) Pamelor
1 a 2,5mg por kg de
peso divididos em 2
doses
Bupropiona(antidepressivo) Wellbutrin SR 150mg 2 vezes ao
dia
QUINTA ESCOLHA:
Caso o primeiro antidepressivo não tenha obtido o resultado esperado, deve-se tentar o
segundo antidepressivo.
24
SEXTA ESCOLHA:
Alfa-agonistas
Clonidina(medicamento anti-
hipertensivo) Atensina
0,05mg ao deitar ou
2 vezes ao dia 12 a 24 horas
OUTROS MEDICAMENTOS
Modafinila
(medicamento para distúrbio
do sono)
Stavigile 100 a 200mg por
dia, no café
OUTROS MEDICAMENTOS QUE AINDA NÃO EXISTEM NO BRASIL:
Focalin – um “derivado” do metilfenidato (na verdade, uma parte da própria molécula)
Daytrana – um adesivo (para colocar na pele) de metilfenidato
Dexedrine – uma anfetamina (Dextroanfetamina); existe a formulação de ação curta e de ação
prolongada
Adderall – uma mistura de anfetaminas; existe a formulação de ação curta e de ação
prolongada Quadro 4. Fonte: Associação Brasileira do Déficit de Atenção - ABDA (Brasil). Tratamento. Disponível em:
<http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/tratamento.html>.
4.2. TRATAMENTO PSICOSSOCIAL
O uso de medicamentos para tratamento do TDAH não é suficiente para satisfazer as
necessidades dos pacientes, necessitando de uma visão abrangente. O tratamento psicossocial
é trabalhado três âmbitos, a famíliar, a escola e o próprio portador do transtorno.
Segundo SADOCK, et al (2007, p. 1310):
”Grupos de habilidades sociais, treinamento para os pais e intervenções
comportamentais na escola e em casa costumam ser eficazes no manejo
global de crianças com TDAH. Avaliação e o tratamento de transtornos de
aprendizagem coexistentes ou outros transtornos psiquiátricos é
importante”.
4.2.1. Âmbito Familiar:
Na família deve-se primeiramente orientar sobre o conhecimento do transtorno,
fornecendo informações precisas e ensinando estratégias para facilitar a convivência com os
portadores. Como, reforçar o que há de melhor na criança, não estabelecer comparação entre
25
os filhos, conversar com a criança sobre como está se sentindo, controlar sua própria
impaciência, não cobrar resultados e sim empenho, elogiar seus esforços, manter limites
claros e relembrando-os constantemente, não sobrecarregar a criança com atividades
extracurriculares, mantenha contato próximo com os professores, subdividir grandes tarefas
em tarefas menores, estimular a independência da criança, estimular a fazer e manter
amizades, criar um local sem muito estímulo para a realização de tarefas, estabelecer
cronogramas, usar mural de lembretes, estimular o uso de agenda, não fazer atividades que
requeiram o uso prolongado da atenção e caso necessite faça pausas com atividades
agradáveis (ABDA).
4.2.2. Âmbito Escolar
Outras ações interessantes e muitas vezes necessárias é a intervenções no âmbito
escolar, orientando aos professores e demais funcionários que atuam no ambiente educacional
sobre o transtorno, pois antes de saber lidar com o problema é necessário conhecer sobre ele.
Algumas instituições que se prepararam para receber estes alunos, mas ainda é uma
ação muito pequena, pode ser necessária alguma comunicação mais específica sobre o aluno.
Algumas estratégias que podem ser adotadas pela escola ou professores
primeiramente são a de conhecer as habilidades e dificuldades do aluno, recompensar
pequenos progressos, não esperar a perfeição, saber incluir o aluno nas atividades não
deixando as próprias frustrações intervir no processo, construir de forma coletiva e divertida
algumas ferramentas de auxilio em sala de aula como, por exemplo, lembretes, anotações de
provas e trabalhos, quadro de avisos e cronogramas e eleger alunos que fiquem responsáveis
pelas atividades, de modo que todos participem revezando-os (ABDA).
Visar sempre o resultado, levando em consideração que cada aluno tem seu tempo,
conversar sempre com a criança sobre como ela esta se saindo, orientar os pais sobre métodos
para facilitar o estudo em casa, aplicar provas e atividades mais desgastantes no primeiro
tempo de aula, evitar salas com muitos estímulos e distratores, evitar instruções longas,
conscientizar os alunos com TDAH do tipo de prejuízo que o comportamento impulsivo pode
ocasionar tanto para ele quanto para o grupo, devendo ser feito individualmente e de forma
26
que não o culpe, sendo apenas uma conversa esclarecedora. São formas que a escola/professor
pode seguir para auxiliar e incluir o aluno com TDAH na sala de aula e melhorando seu
rendimento acadêmico e social (ABDA).
4.2.3. Âmbito Pessoal
A psicoterapia individual é indicada, principalmente, para o tratamento das
comorbidades (ansiedade, depressão e transtornos de oposição ou de conduta) e sintomas
emocionais (baixa autoestima, dificuldades de relacionamento etc.), que normalmente
acompanham o transtorno. (MOREIRA)
Outras intervenções como a psicopedagógica, psicomotricidade, fonoaudiológica
entre outros profissionais podem ser necessárias, em casos específicos onde existem
simultaneamente outros transtornos e dificuldades, por exemplo, o Transtorno de Leitura
(Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia), dependendo da comorbidade,
transtornos psiquiátricos e/ou dificuldades de aprendizagem que possam estar envolvidas.
A psicoterapia é uma atribuição exclusiva dos psicólogos, que utilizam de várias
abordagens conforme a demanda do paciente, a abordagem que é mais indicada para o
tratamento do TDAH é a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, sendo muito eficaz no
tratamento, especialmente quando combinada com o tratamento medicamentoso.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) baseia-se [...] em uma série de
teorias que são usadas para desenvolver planos de tratamento e orientar as
ações terapêuticas. Essa abordagem tem como base que o principio de nossa
cognição controla nossas emoções e comportamentos, sendo assim, o modo
como agimos ou nos comportamos pode interferir em nossos padrões de
pensamentos e emoções. (MACHADO, C.O.; NASCIMENTO, R.V. p.1,
2009).
Existem estudos que utilizam de outras abordagens da Psicologia para o tratamento
do TDAH como, por exemplo, a abordagem Ericksoniana, Fenomenológica, Humanista, entre
outras, mas ate o momento não existe nenhuma evidência científica de que outras formas de
psicoterapia auxiliem na melhora dos sintomas.
27
4.3. TEORIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COMO
REFERÊNCIA NO TRATAMENTO PARA TDAH
Juntamente ao tratamento medicamentoso a terapia individual se coloca como uma
importante ferramenta para o tratamento do TDAH, uma vez que os sintomas secundários ao
transtorno, não são minimizados com a medicação.
A abordagem da psicologia mais indicada para o tratamento do TDAH é a Teoria
Cognitivo-Comportamental (TCC), por esta ter apresentado bons resultados em termos de
mudanças comportamentais duradouros.
A TCC é uma abordagem de tratamento que visa reduzir o sofrimento
psicológico com a modificação dos comportamentos desajustados e dos
processos cognitivos disfuncionais baseando-se no pressuposto de que os
afetos e os comportamentos são resultados de cognições. Desta forma, as
intervenções cognitivas e comportamentais promovem mudanças no
pensamento, sentimento e comportamento. Fundamenta-se nos elementos
essenciais tanto das teorias cognitivas como comportamentais. Trata-se de
uma intervenção promissora e efetiva no tratamento de vários problemas
psicológicos. (BASSOLS, et al. 2012. p. 13-33).
Por isso, essa abordagem indica iniciar o tratamento educando as crianças sobre o
próprio transtorno e recomenda que pais e professores possam recompensar quando esta
demonstrar o comportamento desejado e consequências negativas quando não correspondem.
Algumas peculiaridades como a objetividade e estruturação da sessão, contendo
começo, meio e fim, e o uso de experimentos e tarefas diárias para o paciente são
características da TCC. Durante a sessão ocorre a revisão do humor e/ou comportamentos
durante a semana, a revisão da ultima sessão, feedbacks e realização de acordos de tarefas
para serem realizadas durante a próxima semana. (BASSOLS, et al. 2012. p. 13-33).
A TCC também é indicada para adultos com TDAH, auxiliando-os na organização e
estruturação das atividades do dia-a-dia, auxiliando na montagem de estratégias que ajudem
na organização e administração do cotidiano e desenvolvimento das habilidades, sempre
sendo estimulado a formular, testar, desafiar e questionar seus pensamentos, buscando
interpretações mais realistas do evento. (BASSOLS, et al. 2012. p. 13-33).
28
Na abordagem cognitivo-comportamental são realizados técnicas como
automonitoramento e autoavaliação, sistema de recompensas, resolução de problemas,
controle da raiva, planejamento do tempo e autoinstrução para pacientes com problemas de
comportamento e técnicas como reestruturação cognitiva, respiração abdominal, relaxamento
muscular progressivo, dessensibilização sistemática, exposição gradual para pacientes com
problemas emocionais como ansiedade e depressão. (BASSOLS, et al. 2012. p. 13-33).
O Treinamento de Pais tem sido utilizado no tratamento da criança/adolescente
portador de TDAH, o treinamento é realizado com os pais e algumas sessões com a
criança/adolescente. A partir de instruções, representação de papeis os pais e/ou cuidadores
aprendem a lidar com o comportamento-problema da criança. O treinamento possui técnicas
de como dar atenção, hora certa de brincar, observar o bom comportamento, reforço positivo,
ignorar comportamentos não adequados, punição e ordens eficientes. (BASSOLS, et al. 2012.
p. 13-33).
É importante salientar que o tratamento pode ser mais eficaz se feito em conjunto
com os médicos, psicólogo, professores e pais, onde cada um faz sua parte, juntamente com o
paciente, visando a melhora dos sintomas e uma qualidade de vida mais saudável sem
frustrações, baixa autoestima, e dificuldades não superadas.
29
5. Metodologia
O Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade – TDAH embora seja um
assunto muito comentado, ele é pouco observado e entendido nos dias de hoje.
Neste estudo foi realizada uma análise qualitativa das informações colhidas, através
de revisões bibliográficas, artigos científicos, teses e dissertações, sites de instituições
relacionados ao tema, entre outras pesquisas, visando ter maiores informações sobre o quadro
clínico do transtorno, a etiologia do mesmo, a importância do diagnóstico qualificado e o
melhor tratamento indicado, divulgando assim esse tema, tornando-o mais acessível e de fácil
compreensão.
30
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) é um transtorno
neurobiológico de causas ainda desconhecidas, embora sua etiologia mais reconhecida seja a
de predisposição genética.
O TDAH a cada dia vem sofrendo um aumento considerável no diagnóstico e no uso
de ação medicamentosa, o que preocupa alguns especialistas sobre o diagnóstico incorreto,
pois sendo o diagnostico do TDAH totalmente clínico e complexo este pode ser facilmente
confundido com outros transtornos psiquiátricos, uma vez que os sintomas do TDAH fazem
parte do quadro clinico deles.
Outra preocupação é o grande aumento no uso dos medicamentos utilizados para
tratamento do TDAH, principalmente dos neuroestimulantes (Ritalina, Ritalina LA e
Concerta).
Podemos concluir que a melhor forma de diagnosticar o TDAH é de forma clinica e
multidisciplinar, com o auxilio dos pais, professores, médicos, psicólogos e outros
profissionais envolvidos, e para qualificar esse diagnóstico os profissionais sempre devem
buscar se aperfeiçoar, estando informado sobre os avanços das pesquisas realizadas, buscando
conhecer a fundo sobre o transtorno, seus sintomas, peculiaridades, comorbidades, formas de
aparecimentos e a realização do diagnóstico.
Após o diagnóstico deve-se ainda de forma multidisciplinar ver qual a melhor opção
de tratamento para as necessidades do paciente, visto que alguns podem ter comorbidades,
dificuldades de aprendizagem, e acarretar problemas psicológicos, dessa maneira pode se ter o
uso de medicamento, psicopedagógica, fonoaudiológica, psicoterápicas entre outras, mas cada
situação deve ser estudada conforme a necessidade do paciente. Visando sempre sua
qualidade de vida.
Constatamos que há pouca produção científica de psicólogos, relacionado ao
tratamento em psicoterapia para portadores do Transtorno de Déficit de Atenção /
Hiperatividade, encontra-se mais estudos de médicos psiquiatras, neurologistas, entre outros.
31
7. REFERÊNCIAS
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entre crianças e jovens saudáveis. Disponível em:
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