uma abordagem de tratamento psicológico para a compulsão ...
Transtorno da compulsão alimentar
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8/14/2019 Transtorno da compulso alimentar
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! Art ig o Origi nal
de Azevedo, A.P.; dos Santos, C.C.; da Fonseca, D.C. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 170-172, 2004
Transtorno da compulso alimentar
peridicaBinge Eat ing Disorder
ALEXANDRE PINTOD E AZEVEDO1
CIMNI CRISTINADOS SANTOS2
D ULCINEIA CARDOSOD A FONSECA2
1 Mdico psiquiatra. Coordenador do Grupo de Estudo, Assistncia e Pesquisa em Comer
Compulsivo e Obesidade GRECCO/Ambula trio de Bulimia e Tra nst ornos Aliment ar es do Ipq
AMBULIM Institut o de Psiquiatria do Hospital das Clnicas da F aculdade de Medicina da
Universidade de S o Paulo HC-FMUSP.
2 Nut ricionista clnica do GRECCO-AMBULIM/ IPq/ HC/ FMUSP
Ender eo para correspondncia: AMBULIM Rua Dr. Ovideo Pires de Ca mpos, 785 2 andar
05403-010 So Pau lo SP e-mail: ambu lim@hcnet .usp.br Fone: (11) 3069-6975.
Recebido: 02/09/2004 - Aceito: 15/09/2004
Resumo
O transto rno da compulso a l imentar per id ica (TCAP) fo i descr i to pe la
pr im eira vez nos anos 1950 . Cont udo , sua e levao ca tegor ia d iagnst ica
ap ena s ocorr eu em 1994, qua nd o foi includo no apnd ice B do DSM IV, com
c r i t r i o s p r o v i s r i o s p a r a s e u d i a g n s t i c o . T r a t a - s e d e u m a s n d r o m e
carac ter izada por ep isd ios recor ren tes de compulso a l imentar , sem qual -
quer compor t am ento de compensao para ev i ta r u m possve l ganh o de peso .
I n ce r t eza s q u a n to a seu s p a r m e t r o s d i ag n s t i co s co m o ca r a c t e r i zao d a
q u a n t i d a d e d e a l i m e n t o s i n g e r i d o s , d u r a o d e u m e p i s d i o d e c o m e r
compu lsivo, ou mes mo o valor da perda de cont role sobre a ingest o aliment ar ,
to rn am d i f ceis uma homogein izao de um grupo s indr mico . Desta form a,
es tu dos ep idemiolg icos podem revelar d i fe ren t es da dos de cara c ter izao da
p o p u l a o p o r t a d o r a d e s t e t r a n s t o r n o . I s t o r e f o r a a n e c e s s i d a d e d a
man uten o de es tudos para a va l iao desta pa to log ia .
Pa l av r a s - ch av e : T r an s to r n o d a com p u so a l im en ta r p e r id ica , b in g e ea t in g
disorder, obesidade.
Abstract
Binge ea t in g d isorder wa s f i r s t descr ibed in 1955 . However , i t s up grade t o a
diagnostic category only occur red in 1994, when i t wa s included in a ppendix B
of DSM IV, with pr ovisory cr i t er ia. I t is chara cter ized by recurr ent episodes of
binge eatin g, with out any compen sat ory beha vior to prevent a possible weight
g a in . Un ce r t a in t i e s ab o u t t h e d i ag n o s t i c cr i t e r i a l i k e t h e a m o u n t o f f oo d
ingested , the dura t ion o r the va lue o f the loss o f con t ro l dur ing a b inge ea t ing
episode make i ts cha ra cter izat ion difficult . Then, epidemiological st udies ma y
reveal the chara c ter iza t ion o f th is d isorder . Th is means t ha t more s tud ies a r e
needed for a n ap propr ia t e eva lua t ion o f th is pa t ho logy.
Keywords: Binge eat ing disorder , obesity.
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Introduo
Dur an te mu ito tempo, indivduos obesos fora m consi-
dera dos como pert encentes a u m gru po homogneo
baseado apenas em u ma cara cterstica comum o
peso. Ignora vam-se desta form a as possveis diferenas
comport am ent ais que podem, em alguns casos, ter
sido as desencadeadoras da obesidade (Friedma n,1995).Obesos comedores compu lsivos podem constituir
um a su bcat egoria en tr e a populao obesa, apresen-
ta ndo n veis m ais elevados de psicopatologia, especial-
mente a depresso e tra nstorno de personalidade, uma
gravidade ma ior e incio mais precoce da obesidade,
um percentua l maior de sua vida gasto com dietas e
prejuzo no funcionamento social e ocupacional
(Napolitan o, 2001).
O tr anst orn o da compulso alimenta r peridica
(TCAP) foi descrito pela pr imeira vez nos an os 1950
por Stu nkard (1959). Cont udo, sua elevao categoria
diagnstica apena s ocorreu em 1994, quando foi includono ap nd ice B do DSM IV (Apa,1994), sob a forma de
transtorno que necessita de maiores estudos para
melhor caracterizao. Assim, desde en to, ocorr eu um
maior interesse em pesquisas nesta rea, diferenciando
um subgru po de pacient es obesos com cara cter sticas
alimentares especficas (Zwaan,1997). Alm disso,
pa rece que os n veis de psicopa tologia exibidos pelos
pacientes com TCAP est o associados ao nm ero de
episdios de compu lso alimen ta r (Hay, 1998).
Caracterizao clnica do TCAP
incer teza diagnstica
O comportam ento alimenta r no TCAP car acterizado
pela ingesto de grande qu ant idade de alimentos em
um perodo de tempo delimitado (at duas horas),
acompa nh ado da sensa o de perda de cont role sobre o
qu ou o quant o se come. Para car acterizar o diagns-
tico, esses episdios devem ocorr er pelo menos dois dias
por semana nos ltimos seis meses, associados a
algumas cara ctersticas de per da de contr ole e no
acompanhados de comportamentos compensatrios
dirigidos pa ra a perda de peso (Spitzer ,1993; Apa,1994).
Est udos demonstr ar am variabilidades conside-
rveis no comportamento alimentar de comedores
compu lsivos tan to dur an te os episdios de compulso
alimenta r como nos intervalos. Est e comport am ento
foi descrito como catico diferindo dos indivduos
porta dores de bulimia nervosa (BN) e obesos sem TCAP
(Grilo, 2002). Os porta dores de TCAP apr esenta ra m
baixos relat os de dietas r estrit ivas quan do compa rados
a pa cientes com BN, que a ltern am entr e compulses
e r estr ies a limenta res. Os episdios compulsivos
variavam qua nto h ora em que costum am ocorr er
com per da de cont role, a h ora sem est a per da e/ou
perda de controle sem o consumo de uma grande
qua nt idade de a limentos (Grilo, 2002).
Alm disso, a compulso alimentar tambm
acompa nha da por sent imentos de angst ia subjetiva,
incluindo vergonha, nojo e/ou culpa. Alguns autores
afirmam que um comedor compulsivo abrange no
mnimo dois elementos: o subjetivo (a sensa o de perda
de controle) e o objetivo (a quantidade do consumo
aliment ar ). H um consenso gera l no aspecto subjetivo
da compulso para seu diagnstico, contudo, hcont rovrsia s em relao ao aspecto objetivo, quan to ao
tam anh o e dur ao de uma compulso. Esta incerteza
refletida numa definio impr ecisa da grandeza de um
episdio de compulso alimentar, sobre um a qua nt idade
que definitivamente maior do que a maioria das pessoas
comeria e, alm disso, seu critrio de dura o tam bm
polmico. Diferentemente da bulimia nervosa, onde uma
compu lso clara mente concluda por comport amento
purgativo, no TCAP, no h uma terminao lgica;
conseqentemente, a dur ao tem sido designada nu m
perodo de duas horas, uma soluo claramente
insat isfatria (Stun kar d, 2003).
O TCAP pode ser distin guido da BN em a lguns
pont os. Os port adores de TCAP costu mam apr esentar
ndice de ma ssa corporal (IMC) superior aos porta dores
de bu limia n ervosa (Geliebter, 2002). Alm disso, a
histria nat ura l da BN geralment e revela a ocorr ncia
de dietas e per da de peso, enquan to que os compor-
tamen tos prvios do TCAP so ma is variveis (Striegel,
2001). Assim, pacientes com BN m ostra m ma iores
nveis de res t r io a l imentar comparados aos
port adores de TCAP (Grilo, 2000).
H evidncias de que pacientes com TCAP
ingerem significat ivament e mais alimen tos do que as
pessoas obesas sem compu lso aliment ar (Goldfein,1993). O TCAP pode ocorrer em ind ivduos com pes o
norma l e indivduos obesos. A ma ioria tem um a longa
histria de repetidas t entat ivas de fazer dietas e sentem-
se desespera dos acerca de sua dificuldade de cont role
da ingesto de alimentos. Algun s cont inua m t enta ndo
restringir o consumo de calorias, enquanto outros
aban donam quaisquer esforos de fazer dieta , em ra zo
de fracassos repet idos. Em clnicas p ar a o cont role de
peso, os indivduos so, em m dia, ma is obesos e tm
um a histria de flut ua es de peso ma is acentu ada do
que os indivduos sem este pa dro (Spitzer ; 1993).
O estresse um fator que pode levar ao aum entodas compulses alimentares . Durante s i tuaes
estr essan tes, o cort isol liberado estimu lando a inges-
t o de aliment os e o aum ent o do peso (Gluck, 2001).
Est udo realizado por Geliebter et al. demonstrou que
pessoas obesas tm um a capacidade gstrica maior do
que as pessoas com peso norma l, o que poderia limitar
a quan tidade de a liment os ingeridos e de sa ciedade.
Segundo o mesm o aut or, desconhece-se a existncia de
um t ran storno alimenta r que tenh a sido predisposto
por uma gra nde capacidade gst rica (Geliebter, 2002).
Est ima-se a prevalcia em TCAP nu ma dim en-
so variada, em pa rt e devido variao das definies
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de compulso (Stu nka rd, 2003). Estima tivas recentes
de prevalncia do TCAP na populao americana
indicam que 2% a 3% dos adultos em amostras
comunit r ias s o port adoras do comer compu lsivo.
En tr e os pacientes obesos que procur am t ra ta ment o
clnico par a per da d e peso, os nd ices de prevaln cia
var iam de 5% a 30% (Grilo, 2002; Sptizer,1993). No
Bra sil, Appolin rio (1995) , Cout inh o (2000) e Borges(1998), encont ra ra m u ma prevalncia entr e 15% e 22%
em pacientes que procura vam tra tam ento para em a-
grecer. En tr e os pacient es que realizara m a cirur gia
barit rica, esta pr evalncia pode variar de 27% a 47%
(Waldden , 2001; Smith ,1998). Aproximada men te 20%
das pessoas que se iden tificam como possuidoras de
compulso aliment ar possuem diagn stico de TCAP
(Stun ka rd, 2003; Nap olitan o, 2001)
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Em termos dos componentes psicolgicos do
transtorno, os pacientes com TCAP possuem a uto-estima
ma is baixa e preocupam -se mais com o peso e a form a
fsica do que outros indivduos que tambm possuem
sobrepeso sem terem o tr anstorno (Zwaan ;1997)
Concluso
De fat o, o tr anstorn o da compu lso alimentar per idica,
como conhecido atualmente, uma sndrome do
comportamento alimentar com caractersticas ainda
incerta s e s vezes conflitant es. Diferent es estudos j
demonstr am alguns sina is e critr ios sugestivos de um
diagnstico sindrmico, contudo faltam diretr izes m ais
apuradas para organizar um grupo razoavelmente
homogneo e caracteriz-lo como categoria diagnstica.