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1 TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO DAS INCUBADORAS PARA OS EMPREENDIMENTOS E OS FATORES QUE INFLUENCIAM ESTE PROCESSO Autoria: Renata Petrin, José Márcio de Castro, Sérgio Fernando Loureiro Rezende Resumo O objetivo desse artigo é analisar a dinâmica da transferência de conhecimento das incubadoras para empresas incubadas. A literatura discute que o fluxo de conhecimento na incubação apresenta especificidades que precisam ser analisadas. Partindo da revisão teórica sobre mecanismos utilizados pelas incubadoras para transferir conhecimento, fez-se uma pesquisa exploratória a partir de um survey enviado para 384 incubadoras brasileiras, das quais obteve-se 105 respostas. Os resultados mostram que o principal know-how transferido é o gerencial e que existem fatores como a capacidade absortiva dos empreendimentos, a qualidade do relacionamento e as diferenças culturais que são barreiras deste processo. Palavra-chave: Incubadoras de Empresas; Transferência de Conhecimento; Fatores Críticos.

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TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO DAS INCUBADORAS PARA OS EMPREENDIMENTOS E OS FATORES QUE INFLUENCIAM ESTE PROCESSO

Autoria: Renata Petrin, José Márcio de Castro, Sérgio Fernando Loureiro Rezende

Resumo

O objetivo desse artigo é analisar a dinâmica da transferência de conhecimento das incubadoras para empresas incubadas. A literatura discute que o fluxo de conhecimento na incubação apresenta especificidades que precisam ser analisadas. Partindo da revisão teórica sobre mecanismos utilizados pelas incubadoras para transferir conhecimento, fez-se uma pesquisa exploratória a partir de um survey enviado para 384 incubadoras brasileiras, das quais obteve-se 105 respostas. Os resultados mostram que o principal know-how transferido é o gerencial e que existem fatores como a capacidade absortiva dos empreendimentos, a qualidade do relacionamento e as diferenças culturais que são barreiras deste processo. Palavra-chave: Incubadoras de Empresas; Transferência de Conhecimento; Fatores Críticos.

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1. Introdução

As ações inovadoras das organizações, a partir do conhecimento adquirido, refletem diretamente na sociedade e no desenvolvimento econômico de um país (Etzkowitz, Mello & Almeida, 2005; Vedovello & Figueiredo, 2005). Desta forma, segmentos políticos e socioeconômicos, como governantes, empreendedores e instituições de pesquisa e ensino têm despendido esforços no desenvolvimento de uma estrutura de apoio ao empreendedorismo e a inovação (Vedovello & Figueiredo, 2005). Uma das organizações que atua em prol desse objetivo é a incubadora de empresas, que promove um ambiente favorável ao surgimento de novos empreendimentos inovadores, capacitando-os por meio da transferência de know-how, principalmente técnico e gerencial, para enfrentar o mercado (Etzkowitz et al., 2005; Vedovello & Figueiredo, 2005; Scillitoe & Chakrabarti, 2010).

Entretanto, o fluxo de conhecimento das incubadoras para as empresas incubadas é abordado na literatura como algo que ainda precisa ser melhor compreendido (Phillips, 2002; Scillitoe & Chakrabarti, 2010), pois são poucos os estudos que se propõem a analisar os fenômenos associados à eficácia do processo de incubação (Hannon, 2005). Além disso, observa-se nas pesquisas que, dependendo do know-how que as empresas necessitam como é o caso do conhecimento científico-tecnológico, as incubadoras apresentam limitações em fornecê-lo (Scillitoe & Chakrabarti, 2010). Dada esta lacuna, essa pesquisa tem o objetivo analisar a transferência de conhecimento das incubadoras para as empresas incubadas, bem como os fatores que influenciam este processo.

Com essa finalidade optou-se por uma pesquisa quantitativa, de natureza exploratória em que a coleta dos dados foi realizada por meio de um survey, enviado para 384 incubadoras brasileiras contidas em um registro disponibilizado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), das quais foram obtidas 105 respostas.

Os resultados mostram, por um lado, que, entre alguns tipos de conhecimento que as incubadoras fornecem aos empreendimentos incubados, o gerencial foi indicado como o principal know-how transferido. Por outro, o conhecimento científico-tecnológico recebe pouca atenção das incubadoras. Além disso, foram encontrados alguns fatores considerados como barreiras ao fluxo de conhecimento durante a incubação, como a capacidade absortiva das empresas, a qualidade do relacionamento e as diferenças culturais. A principal contribuição deste artigo para a literatura é a compreensão da dinâmica de transferência de conhecimento em um ambiente de incubação de empresas, a partir da análise dos meios utilizados pelas incubadoras para transferir know-how para empresas incubadas. Do ponto de vista empírico, as dificuldades no processo de transferência podem subsidiar futuras reflexões sobre esse relacionamento.

Para além dessa introdução, o artigo está estruturado em quatro seções. Primeiramente, apresenta-se uma revisão teórica sobre as atribuições das incubadoras e a natureza do conhecimento transferido por essas organizações e, quais fatores influenciam o compartilhamento de know-how técnico e gerencial durante a incubação das empresas. Em seguida são descritos os procedimentos metodológicos utilizados. Na sequência é apresentado a análise dos dados e os resultados obtidos. Por fim, discutem-se as conclusões e implicações do estudo.

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2. Revisão da Literatura

2.1. A dinâmica do processo de transferência de conhecimento durante a incubação das empresas

O desenvolvimento de uma empresa em seus estágios iniciais é uma tarefa que envolve

diversos desafios, tais como, a falta de experiência gerencial, baixa intensidade de capital, dificuldades em obter linhas de crédito, falta de conhecimento técnico para a elaboração de projetos que possibilitem a aquisição de financiamento, problemas com a produção, dentre tantas outras barreiras que impedem o desenvolvimento do negócio e que os tornam vulneráveis diante da concorrência (Andrade Junior, 2012). Desta forma, os empreendedores recorrem ao apoio e assistência de organizações, como as incubadoras, que através dos serviços e assessorias os capacitam para enfrentar o mercado (Lalkaka, 2002; Phillips, 2002).

As incubadoras de empresas são abordadas na literatura como mecanismos de difusão do conhecimento gerencial e tecnológico, promovendo atividades empreendedoras, meios para a elaboração de projetos e comercialização de P&D provenientes de institutos de pesquisa e ensino (Lalkaka, 2002; Phillips, 2002). No Brasil, estas organizações podem ser classificadas em quatro categorias: (i) tecnológicas; (ii) tradicionais; (iii) mistas; e (iv) outras.

O primeiro tipo põe ênfase na incubação de empresas de base tecnológica nas quais os produtos são desenvolvidos a partir de resultados de pesquisa, o que torna necessário estabelecer parcerias com universidades; o segundo tipo aceitam empreendimentos incubados apenas de setores mais convencionais da economia e buscam dominar a tecnologia já difundida, com o intuito de agregar valor aos produtos, serviços ou processos; no terceiro tipo estão as incubadoras que aceitam tanto empreendimentos de base tecnológica como tradicionais; e, por fim, as incubadoras culturais, as agroindustriais e as cooperativas, cujos propósitos são de natureza mais específica do que os três primeiros tipos (Dornelas, 2002; Vedovello & Figueiredo, 2005).

No intuito de cumprir seu papel como canal de transferência de conhecimento, a incubadora fornece serviços e assessorias nas três fases do processo de incubação: (i) a pré-incubação, (ii) a incubação e (iii) a graduação. A primeira fase tem por objetivo transformar as ideais empreendedoras em negócios de sucesso, e no qual são preparados os projetos das empresas para o futuro ingresso na incubadora. Na segunda fase, os novos empreendimentos recebem apoio por meio de condições favoráveis ao seu crescimento. Por fim, a graduação é o período de inserção da empresa no mercado (Hannon, 2005).

Durante essas etapas, as incubadoras têm como objetivo principal a capacitação das empresas no que tange o know-how gerencial e científico-tecnológico. Entretanto, é importante destacar que a dinâmica do fluxo de cada tipo de conhecimento oferecido por essas organizações para os empreendimentos ocorre de maneira distinta. Ou seja, o know-how gerencial, que inclui desenvolvimento do plano de negócios, assistência financeira, gerenciamento em marketing, recrutamento de pessoal, dentre outros (Phillips, 2002) é transferido, em geral, por meio de um relacionamento direto entre as incubadoras e empreendimentos incubados (Hannon, 2005; Scillitoe & Chakrabarti, 2010) por meio de reuniões, cursos, treinamentos, workshops, interação com outras incubadoras e assessoria em relação à elaboração do plano de negócios, em marketing, jurídica, contábil e financeira (Dornelas, 2002). Por outro lado, a assistência técnica, que está associada à pesquisa, acesso aos laboratórios, capacidade de comercializar produtos tecnológicos (Hackett & Dilts, 2004; Hannon, 2005), dentre outras necessidades especificas das empresas incubadas, é fornecida indiretamente, através de interações mantidas com instituições de ensino e pesquisa com mediação das incubadoras (Hannon, 2005; Scillitoe & Chakrabarti, 2010).

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Nestes termos, conforme ilustrado na Figura 1, durante a incubação a universidade

atua no compartilhamento do conhecimento científico e técnico baseado em resultados de pesquisas (Phillips, 2002; Prodan & Ulyin, 2009), as incubadoras gerenciam a interação universidade-empresa e fornece conhecimento gerencial para os empreendimentos incubados (Phillips, 2002) e as empresas incubadas, que além de adquirirem conhecimento, também criam oportunidades de trabalho para graduados, expõe os estudantes e professores a problemas práticos e fornecem áreas para as universidades aplicarem as tecnologias e as novas questões de pesquisa (Marques, Caraça & Diz, 2010).

Figura 1. Interação entre universidade, incubadora e empresas incubadas. Fonte: Elaborado pelos autores.

2.2 Fatores que influenciam a transferência de conhecimento durante a incubação das empresas

As incubadoras de empresas são abordadas na literatura como mecanismos capazes de

fornecer conhecimento aos empreendimentos (Bergek & Norrman, 2008), seja por meio de suas atividades internas, promoção de eventos externos e qualificação dos seus recursos humanos; seja pela interação que elas promovem entre instituições de ensino e pesquisas e as empresas incubadas (Aranha, 2002; Hackett & Dilts; 2004).

Todavia, a dinâmica da transferência de conhecimento em um cenário de incubação não é tão simples e apresenta alguns fatores que ainda não foram totalmente compreendidos (Phillips, 2002). Dentre os elementos atuantes na interação entre organizações com vistas a compartilhar conhecimento é relevante destacar a intensidade dos laços entre fonte e receptor, a qual está associada ao relacionamento mantido entre os agentes envolvidos (Granovetter, 1973; Hite, 2005). Os laços são estabelecidos através da conexão social (Cummings & Teng, 2003) e reflete uma intensa relação entre os parceiros, que aumenta com a frequência da comunicação, com a proximidade social (objetivos e valores em comum) e com a interação (Granovetter, 1973; Argote, Mc Evily & Reagans, 2003; Van Wijk, Jansen, & Lyles, 2008).

Baseando-se nessa abordagem sobre os laços, quando as incubadoras transferem conhecimento gerencial há uma maior interação entre a fonte e a receptora, o que aumenta a conexão social, gerando um relacionamento através de laços fortes, que é propício, principalmente, para a transferência de conhecimento tácito, que é o mais valioso (Van Wijk et al., 2008). Este tipo de laço faz com que a incubadora conheça as necessidades das empresas, adeque os objetivos divergentes e estabeleça um relacionamento de confiança, o que facilita a transferência de conhecimento e a aprendizagem (Scillitoe & Chakrabarti, 2010).

Por outro lado, quando os empreendimentos necessitam de conhecimento tecnológico-científico as incubadoras apresentam limitações para atendê-los, por isso contam com apoio das redes compostas por instituições de pesquisa e ensino e outras empresas de alta tecnologia

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(Phillips, 2002; Hannon, 2005; Scillitoe & Chakrabarti, 2010). Assim, o que se tem é que o know-how tecnológico é transferido, quase sempre, por um relacionamento indireto, cujas bases se assentam em laços fracos entre os contatos fornecidos pelas incubadoras e as empresas incubadas (Scillitoe & Chakrabarti, 2010). A questão é que laços fracos, em geral, não são propícios para a transferência de conhecimento tácito (Van Wijk et al., 2008), embora possa facilitar a captação de novas oportunidades, informações e, consequentemente, a inovação (Granovetter, 1973).

O relacionamento por meio de laços fracos implica em baixa confiança entre os envolvidos (Podolny & Page, 1998), o que pode ser prejudicial à transferência e aquisição do conhecimento, pois se a unidade de origem não é percebida como confiável ou conhecedor, será mais difícil iniciar uma transferência a partir dessa fonte e seus conselhos e exemplos serão desafiados pelo receptor, o qual não sentirá motivado em receber o conhecimento que esta sendo transferido (Szulanski, 1996). Por outro lado, a fonte pode ficar com receio em transferir o seu know-how e perder a sua competitividade (Easterby-Smith et al., 2008). Nestes termos, quando a organização desenvolve um relacionamento de confiança é provável que esteja mais disposta a compartilhar conhecimento (Pérez-Nordtvedt et al., 2008, Sankowska, 2013).

Desta forma, o processo de transferência de conhecimento tecnológico-científico através de redes de contatos, pode não ser eficaz. Uma vez que, na interação universidade-empresa, estabelecida por meio de laços fracos, pode gerar desconfiança das organizações na idoneidade dos acadêmicos, bem como as universidades podem ter receio em compartilhar o conhecimento com os empreendimentos e perder informações que poderiam ser utilizadas em seu benefício (Bonaccorsi & Piccaluga, 1994).

Além desses fatores, o sucesso da transferência do conhecimento, também esta associado ao grau de compatibilidade entre os valores e objetivos, subjacentes a cultura da fonte e do receptor (Cummings & Teng, 2003). Assim, quando a transferência de conhecimento ocorre através da interação entre as universidades, as incubadoras e as empresas verificam-se algumas diferenças culturais que influenciam este processo, tais como: (i) recompensas e sistemas de incentivo diferentes; (ii) motivações que não combinam (publicação versus pedido de sigilo); (iii) procedimentos de licenciamento e contratos inadequados; (iv) condições técnicas para o uso da tecnologia; (v) insuficiência de recursos financeiros para P&D relacionado com a transferência da tecnologia disponível; (vi) capacidade inadequada de recursos humanos; (vii) escassez de capital; (viii) constrangimentos organizacionais; (ix) falta de regulamentação (Khalozadeh et al., 2011), (x) formas organizacionais e perspectivas culturais divergentes; (xi) burocracia das universidades e; (xii) falta de habilidades das empresas em gerenciar acordos de P&D (Bonaccorsi & Piccaluga, 1994).

Além desses fatores relacionais, é necessário destacar que existem elementos do contexto organizacional que também influenciam o compartilhamento de conhecimento entre organizações (Szulanski, 1996; Easterby-Smith et al., 2008; Van Wijk et al., 2008). Quando este processo é analisado em um ambiente de incubadoras, que possuem um grande potencial de inovação e cujas empresas já a procuram motivadas pela expectativa de se desenvolverem, é provável que um dos fatores determinante para a eficácia do fluxo de conhecimento entre elas seja a capacidade absortiva que é relevante para medir o potencial de transferência (veja, por exemplo, Szulanski, 1996:200; Van Wijk et al., 2008).

A capacidade absortiva está associada à habilidade em utilizar o conhecimento externo, o qual depende do nível de know-how relacionado, adquirido previamente, pois esse último permite identificar o valor da nova informação, assimila-la e aplicá-la comercialmente (Cohen & Levithal, 1990; Szulanski, 1996; Van Wijk et al., 2008; Vega-Jurado, Garcia & Lucio 2008). Além disso, a capacidade de absorção do conhecimento tem caráter cumulativo, no

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sentido de que o seu desenvolvimento no presente vai permitir uma maior acumulação eficiente no futuro (Vega-Jurado et al. 2008). Ou seja, as empresas não podem explorar conhecimento externo se elas não adquirirem e integrarem previamente um conhecimento similar em seus processos organizacionais (Zahra & George, 2002).

Nestes termos, para que o fluxo de conhecimento durante a incubação ocorra de forma eficaz à incubadora deve se capacitar, principalmente, em relação ao conhecimento técnico, uma vez que, há indícios de que ela teria potencial para apoiar diretamente o desenvolvimento tecnológico (Hannon, 2005); Já as empresas as incubadas precisam desenvolver sua capacidade absortiva, para adquirir o conhecimento transferido, tanto gerencial quanto tecnológico.

Baseando-se nestes elementos e na forma como as incubadoras transferem conhecimento tecnológico-científico e gerencial para os empreendimentos, é possível ilustrar esse processo através do framework apresentado na Figura 2, o qual se baseia principalmente nos laços pelos quais flui o conhecimento e na capacidade absortiva como um fator fundamental na aquisição de know-how técnico e gerencial.

Figura 2. Framework da dinâmica de transferência de conhecimento durante a incubação das empresas Fonte: Elaborado pelos autores

Em suma, conforme a Figura 2, a incubadora desenvolve laços fortes com a universidade e através desse elo, surgem os laços fracos dessas instituições de ensino com as empresas. Através dessa interação flui o know-how tecnológico-cientifico, que devido à baixa confiança entre a fonte (universidade) e receptora (empresas incubadas) o processo pode não ser eficaz. Por outro lado, a incubadora que já tem um laço forte com os empreendimentos, transfere diretamente o conhecimento gerencial para as empresas. Nesta perspectiva do capital social, observa-se que, como as incubadoras estabelece interações mais frequentes com as empresas, os laços são mais fortes e confiáveis, o que ajuda a monitorar o progresso dos empreendimentos, entender suas necessidades, ajudá-los a se desenvolver, fornecer proteção à propriedade intelectual e facilitar o fluxo de conhecimento (Hackett & Dilts, 2004; Hannon,2005).

Assim, o compartilhamento de conhecimento depende da qualidade de relacionamento (confiança e conexão social) entre universidade, incubadora e empresa (Szulanski, 1996:2000;

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Argote et al., 2003; Cummings & Teng, 2003; Easterby-Smith et al., 2008; Pérez-Nordtvedt et al., 2008; Van Wijk et al., 2008; Castro et al., 2013) e da compatibilidade entre os valores e objetivos, subjacentes a cultura da fonte e do receptor (Cummings & Teng, 2003; Easterby-Smith et al., 2008).

Por fim, além do relacionamento estabelecido entre incubadora e empresa e os laços que surgem dessa interação, é importante se atentar ao fato de que a aquisição do conhecimento pelos empreendimentos também depende da sua capacidade em absorvê-lo.

3. Metodologia da Pesquisa

Tendo em vista o objetivo da pesquisa optou-se por uma pesquisa quantitativa, de

natureza exploratória, na qual se utilizam estratégias sistemáticas e objetivas no processo de desenvolvimento do estudo (Burns & Grove, 2005) considerando que todos os dados são coletados de maneira que propicie a quantificação e a análise baseada em recursos e técnicas estatísticas (Malhotra, 2012; Silva & Menezes, 2005).

Baseando-se na definição dessa abordagem metodológica, foi utilizado um survey, por se apresentar como o mais adequado para este estudo, uma vez que está associado à observação por meio de perguntas diretas ou indiretas, de populações numerosas (Silva & Menezes, 2005). Nestes termos, apresenta como vantagem a confiabilidade para estabelecer regularidades sociais, devido à extensão da população (Greenwood, 1973).

O questionário foi elaborado com base no referencial teórico, o que possibilitou verificar os elementos associados ao processo de transferência de conhecimento das incubadoras para os empreendimentos incubados. Tais aspectos foram os norteadores da pesquisa.

A ideia inicial era trabalhar com a população, que é composta por 384 incubadoras brasileiras, conforme os dados fornecidos pela ANPROTEC. Entretanto, durante o período 8 (oito) meses (julho/2012 a fevereiro/2013) buscou-se enviar o questionário para todas as incubadoras, mas algumas que constavam na lista haviam fechado ou os dados estavam incorretos e não foram encontrados sites ou redes sociais que fornecessem quaisquer informações sobre elas. Além disso, várias instituições retornaram o e-mail informando não ser incubadora de empresas, enquanto outras não responderam ao questionário.

Diante das dificuldades que impossibilitaram trabalhar com a população, o estudo baseou-se em uma amostra por acessibilidade composta de 105 incubadoras que responderam o questionário durante o período delimitado da pesquisa. Desta forma, para verificar a confiabilidade deste estudo foi calculado a margem de erro que é de 5,5% em um intervalo de confiança de 95%.

4. Descrição e análise dos dados

A análise dos dados se deu por meio da técnica descritiva, uma vez que, este foi

considerado o procedimento mais adequado por apresentar como vantagem a distribuição de um fenômeno em uma população e o resultado ser a confirmação de um fato (Greenwood, 1973). No caso desta pesquisa por meio da descrição foi possível analisar alguns aspectos relacionados à transferência de conhecimento, bem como algumas barreiras que se apresentam no processo de transferência de conhecimento durante a incubação das empresas.

4.1.Caracterização da amostra

O Brasil, segundo os dados da ANPROTEC, possui 384 incubadoras distribuídas entre os 26 estados e o Distrito Federal brasileiro. Na Figura 3, é apresentada essa distribuição e

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permite observar que alguns estados das regiões Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Santa Catariana, Rio Grande do Sul e Paraná) são os que apresentam maior concentração desses canais de capacitação dos novos empreendimentos.

Figura 3. Distribuição das incubadoras entre estados brasileiros Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados fornecidos pela ANPROTEC

Conforme ilustrado na Figura 4, dentre as 105 incubadoras que compõem a amostra

desta pesquisa, grande parte dos participantes estão localizados, principalmente, nos estados onde há maior concentração desses mecanismos de apoio ao empreendedorismo (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro).

Figura 4. Total de respostas por estado Fonte: Elaborado pelos autores

No Brasil, assim como é comum em países emergentes, há uma maior quantidade de incubadoras classificadas como de base tecnológica (Vedovello & Figueiredo, 2005), o que pode ser observado na Figura 5, na qual das 105 respondentes 62% se classificaram como tecnológica, 36% como mista, 2% como outros tipos e nenhuma se denominou como tradicional. Essa concentração de incubadoras tecnológicas no país se justificaria pela necessidade de transforma-lo em uma economia do conhecimento, através do desenvolvimento de uma infraestrutura tecnológica, a qual ainda encontra-se em consolidação (Ministério da Ciência e Tecnologia [MCTI], 2011).

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Figura 5. Classificação das Incubadoras Fonte: Elaborado pelos autores

Como há no país uma maior quantidade de incubadoras tecnológicas, as principais

instituições responsáveis pela gestão dessas organizações, conforme a Figura 6 são as universidades (40%, dos respondentes marcaram essa opção), pois os empreendimentos, principalmente os de alta tecnologia, precisam estar próximos de instituições de pesquisa e ensino para que tenham acesso ao conhecimento científico e aos laboratórios de ponta.

Outro agente que se destacou como gestor das incubadoras brasileiras foi o governo (25%), o que mostra a importância da atuação conjunta da tríplice hélice (governo, universidade e empresa) e das incubadoras em prol da inovação e desenvolvimento de uma infraestrutura tecnológica.

Figura 6. Agente responsável pela gestão das incubadoras Fonte: Elaborado pelos autores 4.2. Atuação das incubadoras no processo de transferência de conhecimento

As incubadoras desenvolvem diversas ações com o objetivo de transferir

conhecimento para as empresas nascentes para que estas superem as diversas restrições e dificuldades enfrentadas no início de suas atividades. Desta forma, verificou-se neste estudo que os principais serviços disponibilizados por essas organizações aos empreendimentos estão relacionados aos conhecimentos gerenciais, como pode ser observado na Figura 7.

Dentre as diversas atividades desenvolvidas pelas incubadoras verificou-se que o principal apoio é a disponibilização de espaço físico para as empresas se estabelecerem inicialmente (89%). Em seguida estão: (i) o apoio administrativo (80%); (ii) o acesso a laboratórios (80%), que geralmente são das universidades; (iii) a capacitação em gestão (78%), que é considerada pela literatura uma das principais dificuldades dos novos empreendimentos; (iv) a assistência em marketing (70%), que fornece visibilidade as empresas e (v) as assessorias jurídica (62%), financeira (57%) e contábil (42%).

As incubadoras também apontaram outros serviços (15%), tais como: (i) apoio em projetos de captação de recursos e parcerias; (ii) internacionalização e assessoramento técnico, (iii) comunicação e recursos, (iv) disponibilização de contatos, (v) participação em eventos, (vi) acesso ao capital, (vii) capacitação e mentoria, (viii) assessoria em TI, (ix) consultoria em gestão da inovação, (x) assessoria em mercado, (xi) subsídio em consultorias e mapeamento de editais de fomento; (xii) acesso dos empresários aos investidores e (xiii) participação em feiras, cursos, palestras e eventos.

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Figura 7. Serviços oferecidos pelas incubadoras Fonte: Elaborado pelos autores

Além disso, verificou-se que em um ambiente de incubação são promovidas diversas atividades para que os empreendimentos incubados adquiram o know-how das incubadoras e troquem experiências e informações entre elas e com outras organizações e instituições. Dentre as ações para promover esse processo, a consultoria é a principal atividade, desenvolvida por 89% das incubadoras; seguida pelas reuniões (75%), que foram citadas como importante meio de compartilhamento e pela promoção de workshop (71%), conversas informais (71%) e treinamentos (71%), o que é ilustrado na Figura 8. Além desses, foram apontadas as palestras (62%), conhecimento codificado (36%) (inclui planilhas, manuais, documentos), comunidades de práticas (31%), conferências (26%) e outros (3%), o que inclui cafés tecnológicos, interação com o Núcleo de Inovação Tecnológico (NIT), parcerias com professores e redes sociais.

Figura 8. Formas mais usuais utilizadas pela incubadora para transferir conhecimento Fonte: Elaborado pelos autores

4.3 Fatores que influenciam o processo de transferência de conhecimento

Através dos serviços e atividades desenvolvidas pelas incubadoras, observa-se conforme a Figura 9, que o foco dessas organizações é a transferência de conhecimento gerencial (69%), seguido por aprender a trabalhar em rede (15%).

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Figura 9. Tipo de conhecimento transferido para as empresas Fonte: Elaborado pelos autores

Além disso, ainda na Figura 9 é interessante notar que o conhecimento tecnológico-

científico foi o menos citado com apenas 8%, situação que se repete, como se pode observar na Figura 10, que considera apenas as incubadoras de base tecnológica, pois esse tipo de organização remete a ideia de fornecer prioritariamente o conhecimento técnico. Entretanto, verifica-se, que das sessenta e cinco incubadoras que se classificaram nessa categoria, 66% transfere conhecimento gerencial e apenas 9% priorizam o conhecimento técnico.

Figura 10. Tipo de conhecimento transferido para as empresas de base tecnológica Fonte: Elaborado pelos autores

Com o objetivo de transferir os conhecimentos citados na Figura 10 os gestores e

funcionários das incubadoras mobilizam recursos e capacidades intelectuais. Em relação a essa capacitação, os dados apresentados na Figura 11 apontam que um dos principais meios para que as incubadoras se tornem aptas em atender as necessidades dos empreendimentos são as parcerias com as universidades (48%) e por outras formas (26%), como: (i) desenvolvimento de projetos (ii); treinamentos (iii); parcerias com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) (iv) consultores; e (v) participação em feiras e seminários.

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Figura 11. Capacitação das incubadoras Fonte: Elaborado pelos autores

Neste processo de transferência de conhecimento das incubadoras para os empreendimentos, observou-se que há diversos fatores relacionais e organizacionais que influenciam este processo.

Em relação aos aspectos organizacionais dos empreendimentos, observa-se na Figura 12 que 76% dos respondentes afirmam que a característica inovadora do produto é um aspecto necessário para que as empresas possam se associar à incubadora e apenas 24% não consideram este fator. Além disso, algumas incubadoras também afirmaram que consideram importante o potencial de crescimento do negócio (72%) e a compatibilidade com os objetivos da incubadora (62%), o que reflete no relacionamento entre as partes. A experiência do empreendedor no setor de atuação, a qual está associada à capacidade absortiva dos empreendimentos, teve menor percentual 38% de respostas.

As outras características (30%) que foram indicadas correspondem ao (i) perfil do empreendedor; (ii) a viabilidade técnica, econômica, financeira e mercadológica do projeto; (iii) ao potencial de interação com a universidade; (iv) a responsabilidade social e ambiental com a região; (v) ao impacto no desenvolvimento econômico regional; (vi) ao potencial de atração de investimento e; (vii) ao comprometimento com o negócio.

Figura 12. Fatores analisados na seleção das empresas para ingresso no processo de incubação Fonte: Elaborado pelos autores

Ao analisar a dinâmica da transferência de conhecimento técnico e gerencial que ocorre

durante a incubação, a partir da Figura 13 que a principal dificuldade para que as empresas incubadas adquiram o know-how fornecido está relacionado ao contexto organizacional, uma vez que 64% delas indicaram a falta de capacidade absortiva como uma barreira a este processo e, em geral, associada à qualificação dos colaboradores da empresa incubada. Na

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perspectiva do contexto relacional, representado pela natureza dos laços entre as incubadoras e as empresas incubadas, observa-se que as diferenças culturais (objetivos divergentes entre empresas incubadas e incubadoras) e a qualidade do relacionamento (falta de confiança das empresas incubadas nas incubadoras) foram indicadas por 10% das incubadoras como empecilhos ao fluxo do conhecimento entre as partes.

Além disso, os respondentes indicaram outras barreiras (16%), tais como: (i)elevada burocracia brasileira para direcionar recursos públicos para a inovação, (ii) falta de tempo dos gestores das empresas para se qualificar, (iii) conflito entre os sócios do empreendimento e, (iv) o relacionamento da incubadora com as empresas associadas e residentes não está muito claro.

Figura 13. Barreiras do processo de transferência de conhecimento das incubadoras para as empresas incubadas Fonte: Elaborado pelos autores

Baseando-se nesses resultados, verifica-se que as incubadoras ao selecionar os

empreendimentos precisam se atentar à capacidade absortiva das empresas que estão ingressando, para que no processo de incubação possam ser desenvolvidas efetivamente as necessidades dos empresários. Além disso, é importante que neste ambiente de incubação todos os envolvidos tenham consciência da necessidade de minimizar as diferenças culturais e desempenhem ações que promovam maior interação entre os participantes do processo, a fim de estabelecer uma relação de confiança e conexão social entre incubadoras e empresas incubadas. 5. Conclusões

Tomando por base a perspectiva teórica da transferência de conhecimento, o objetivo desse artigo foi o de analisar a dinâmica da transferência de conhecimento das incubadoras para empresas incubadas.

Em relação ao primeiro ponto, observou-se que a maioria das incubadoras que compuseram a amostra se classificou como tecnológica e que apesar desta característica remeter a ideia de que estas organizações transfeririam, prioritariamente, o conhecimento técnico, verificou-se que o principal know-how compartilhado é o gerencial. Este fato foi confirmado ao observar que as principais atividades desenvolvidas pelas incubadoras pesquisadas estão relacionadas à assistência gerencial, tais como a disponibilização do espaço físico para os empreendimentos e o apoio administrativo. Além disso, o único serviço citado e que é associado ao apoio técnico é o acesso aos laboratórios e equipamentos, que geralmente

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são das universidades. Estes resultados são convergentes com alguns resultados de pesquisas (veja, por exemplo, Scillitoe & Chakrabarti, 2010), os quais afirmam que as incubadoras apresentam limitações em oferecer suporte tecnológico-científico direto. Essa dificuldade está relacionada com o fato das incubadoras focarem na assistência gerencial e não possuir profissionais capacitados a atender as necessidades tecnológicas dos empreendimentos. Por essa razão elas atuam através da rede de contatos composta principalmente pela interação que estabelecem com as instituições de ensino e pesquisa (Hannon, 2005; Scillitoe & Chakrabarti, 2010).

Desta forma, o conhecimento tecnológico-científico é transferido para as empresas por meio de laços fracos mantidos com as universidades, o que pode dificultar a transferência eficaz desse know-how e consequentemente as necessidades dos empreendimentos não serem atendidas adequadamente. Uma vez, que o relacionamento através de laços fracos não é eficaz no fluxo de conhecimento valioso (Van Wijk et al., 2008), pois implica em baixa confiança entre a fonte e o receptor (Podolny & Page, 1998).

Em segundo ponto, constatou-se que o relacionamento entre os empreendimentos e as incubadoras é influenciado pelas diferenças culturais e a qualidade do relacionamento. Desta forma, é importante que sejam desenvolvidas ações que aumente a confiança das empresas nas incubadoras, bem como adequem os objetivos divergentes entre a fonte e a receptora, o que consequentemente fortalece os laços, facilitando o compartilhamento de conhecimento.

Por fim, ao analisar a transferência de conhecimento alguns fatores do contexto organizacional também foram indicados como barreiras ao processo. Assim, observou-se que, durante o processo seletivo para se associar ou se tornar residente na incubadora, um dos elementos de menor relevância é a experiência do empreendedor no setor de atuação. Este resultado pode explicar o fato da capacidade absortiva ter sido apontada como a principal dificuldade para que as empresas incubadas adquiram conhecimento.

A partir dessas constatações é possível afirmar que, como o objetivo da incubadora é capacitar os empreendimentos nascentes através de diversos conhecimentos e competências, para que o processo de incubação seja realmente eficaz é importante que elas se atentem para os fatores que influenciam o seu processo de transferência de conhecimento, que no caso dessa pesquisa se apresentam como a falta de capacidade absortiva, a qualidade do relacionamento e as divergências culturais.

Por fim, como a literatura apontou que as incubadoras são limitadas em relação ao apoio técnico, sugere-se a realização de outras pesquisas que investiguem se a transferência desse conhecimento através de redes é eficaz ou seria necessário repensar ações de capacitação das incubadoras, para que o know-how tecnológico-científico seja compartilhado através de um relacionamento direto com as empresas incubadas. Uma vez que, os laços fortes são estabelecidos através de relações de confiança entre a fonte e o receptor, o que facilita o processo de transferência e aquisição de conhecimento (Van Wijk et al., 2008). Todavia, é importante destacar que não está se propondo que as incubadoras acabem com as parcerias estabelecidas com outras organizações de alta tecnologia e com instituições de ensino e pesquisa e sim que, seja realizada uma análise da eficácia do processo de transferência de conhecimento durante a incubação.

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