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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012 Transcrição das Conversas individuais No 03 – Ana Maciel, Lígia e Rebekah conversam com Regina TRANSCRIÇÃO DA CONVERSA INDIVIDUAL RESIDÊNCIA REGINA, EDVALDO E CRIANÇAS Rua Nossa Senhora Aparecida, 70, Vila das Antenas Morro das Pedras, BH 8504-8770 (Regina) N O 03 20/09/2 011 Entrevistado Regina, aproximadamente 35 anos e Edvaldo, aproximadamente 54 anos. Data da entrevista 20 setembro 2011 Entrevistadores Ana Paula Maciel, [email protected], 9321 3156 Lígia Milagres, [email protected], 9681 7502 Rebekah Campos, [email protected], 8479 0981 Data da transcrição Janeiro 2012 Responsável pela transcrição Débora Andrade G. Moura, [email protected], 9752 1850 Revisão da transcrição Materiais complementares fotos + áudio + relato 1 1 2 3 4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 5

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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012Transcrição das Conversas individuais No 03 – Ana Maciel, Lígia e Rebekah conversam com Regina

TRANSCRIÇÃO DA CONVERSA INDIVIDUAL

RESIDÊNCIA REGINA, EDVALDO E CRIANÇAS

Rua Nossa Senhora Aparecida, 70, Vila das AntenasMorro das Pedras, BH8504-8770 (Regina)

NO 03 20/09/2011

Entrevistado

Regina, aproximadamente 35 anos e Edvaldo, aproximadamente 54 anos.

Data da entrevista

20 setembro 2011

Entrevistadores

Ana Paula Maciel, [email protected], 9321 3156

Lígia Milagres, [email protected], 9681 7502

Rebekah Campos, [email protected], 8479 0981

Data da transcrição

Janeiro 2012

Responsável pela transcrição

Débora Andrade G. Moura, [email protected], 9752 1850

Revisão da transcrição

Materiais complementares

fotos + áudio + relato

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LOCALIZAÇÃO

Figura 01 – Mapa de localização da casa da ReginaFonte: Google Maps, 2011. Montagem: Grupo MOM.

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Figura 02 – Situação da casa da Regina Fonte: Grupo MOM, 2011.

Figura 03 – Planta da casa da Regina Fonte: Grupo MOM, 2011.

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Figura 04 – Vigas de madeira na cobertura e parede da sala onde a janela foi rebocadaFonte: Grupo MOM, 2011.

Figura 05 – Inserção da casa na vizinhançaFonte: Grupo MOM, 2011.

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Figura 06 - Corredor nos fundos da casaFonte: Grupo MOM, 2011.

Figura 07 - Parede recortada no quarto de casalFonte: Grupo MOM, 2011.

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Figura 08 – Infiltração no quarto de casal e no quarto filhos

Fonte: Grupo MOM, 2011.

Figura 09 - Rua Nossa Senhora AparecidaFonte: Grupo MOM, 2011.

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TRANSCRIÇÃO

Ana Maciel: O Tarcísio te indicou para ter essa conversa com a gente. Você ajudou ele a pensar como organizar assim: esse espaço fica aqui, esse cômodo fica ali... Você ajudou a pensar no jeito que ia fazer, não só na coisa construtiva mesmo, né?Regina: Isso, em tudo o que ele queria fazer; ele queria fazer a casa toda embaixo, aí eu fui falando com ele para poder fazer caber os quartos, o espaço, de fazer a escadinha, como que ia fazer. Então, eu ficava lá dando a ele mais informação, que a esposa dele também quase não pensava junto com ele, porque ela mais trabalhava do que vinha. Às vezes, ela chegava, falava alguma opinião e eu também ajudava bastante nas opiniões dele. (00:01:00)

Lígia: Para a gente começar a conversa e ir entrando nesse assunto todo depois, você podia contar como foi que você veio aqui para a vila, para este terreno, como é que foi a construção da casa.

Aqui eu não tive construção de casa, não. Quando eu vim morar aqui, aqui era desabitado; era uma casa mesmo, pronta, mas era toda pichada, o telhado era bem mais baixo. A moradora dela faleceu, invadiram a casa e ficaram, até eu conseguir conversar com o dono da casa, para a gente estar comprando dele. Foi quando começou as minhas mexidas de reforma, de estar arrumando e fazendo.

Você mudou para cá como? Você mudou para cá com alguém, com seus filhos? E isso foi quando, mais ou menos?

Foi. Foi em 2000.

Ah, não, tem muito tempo então. Na verdade, não tem tanto tempo, porque tem um pessoal que está há mais tempo.

Isso, eu tenho 11 anos que eu estou aqui.

Então já tinha a casa. Quais foram as coisas que você teve que desde o início mudar e dar uma mexida? (00:02:00)

Porque aqui nessa cozinha minha era um quarto, a cozinha era pequena, ali era um quarto e aqui era a sala; as portas eram de madeira. Aqui tinha um triangulozinho de padrão de luz, que eu derrubei e coloquei o padrão embutido lá fora. E a cozinha eu quebrei ali, está até dando para a ver a divisoriazinha que eu quebrei e abri a porta aqui. A porta do meu quarto era ali, junto com o armário; a porta do quarto da minha filha era aqui na sala; fiz um ‘hallzinho’ de entrada para os dois quartos. Aí eu vou desenhando e vou fazendo. [Fig. 03]

Você conta com a ajuda de quem aqui? Como você faz na hora de fazer, mesmo? Porque o Tarcísio falou muito que ele planeja na cabeça e vai fazendo. Você chega a desenhar alguma coisa? Como é que você organiza as ideias?

Não, eu planejo de cabeça também. E peço o pedreiro para ir fazendo do jeito que eu vou falando. (00:03:00)

E você fica junto com o pedreiro, então?

Fico.

Quanto tempo durou mais ou menos essas primeiras mudanças que você fez na casa? É sempre o mesmo pedreiro?

Não. Teve um pedreiro que colocou a cerâmica aqui, que era só um piso queimado. Depois, em seguida, foi outro pedreiro que já mexeu no quarto da minha filha; pra colocar cerâmica foi outro. Essa

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parede do armário ali que eu levantei ela de novo foi esse pedreiro que fez esse ‘hallzinho’ de entrada e está mexendo no meu quarto. Era um degrau bem alto que tinha ali no meu quarto e eu pedi para afundar e fazer a casa toda reta. É igual ao que eu estou fazendo no terreiro, que eu também vou mexer para poder descer para cá sem esse degrau na porta. Eu vou fazendo assim, eu vou olhando e vou fazendo e vou falando com o pedreiro o que que eu quero que faça.

E o pedreiro, ele é seu amigo, ele mora aqui? Ou é alguém que foi por indicação, que você pegou serviço com ele? (00:04:00)

Às vezes é indicação; esse que fez esse quarto ali foi indicação. Já os outros que trabalhou são pessoas que eu conheço.

E o mais comum é você chamar pessoas que você conhece?

É, porque aí eu não tenho trabalho, é pessoas que eu conheço, que eu confio de estar aqui comigo trabalhando e também confio no serviço.

Você nunca teve problemas assim com mão de obra assim, de não sair como você esperava?Já, tive o pedreiro que começou ali e eu mandei ele parar, não quis que continuasse. Porque eu queria fazer o hallzinho de entrada, ele fez errado lá no meu quarto, começou fazendo errado. Depois eu tive que um outro pedreiro vir e tentar consertar o erro dele e ficou mal feito; no quarto onde que eu tenho medo que caia. Ficou mal feito por causa do erro dele, aí pedi para parar esse serviço. (00:05:00)

Quem mora aqui com você atualmente? Quantas pessoas?

Quatro

É você...

E três filhos.

Eles são todos menorzinhos ou já tem algum maior?

Uma tem 14 anos, uma tem 10 e um neném de um.

Como é a divisão dos quartos? A gente depois queria até pedir para dar uma olhada junto com você e você ir contando também as coisas, caminhando junto com a gente.

Tá. A divisão dos quartos é um quarto só para os meninos e o meu.

E aí aqui, cozinha, sala e área, né? Você tem um lugar que você usa para plantar aqui fora?

Só ali.

Tem um canteirinho ali, né?Quando você tem que mudar alguma coisa, tem que conversar com o vizinho, negociar? Conta para a gente uns casos sobre isso; isso costuma dar problema, é tranquilo? Como que é? (00:06:00)

Costuma, porque tem vizinho que é assim: “oi”, “bom dia”, “boa tarde”, mas não gosta que peça favor, que mexa com eles, não. Essa vizinha aqui, por exemplo, esse pau [Fig. 04] que eu tive que passar por dentro da casa dela me deu trabalho, que ela não deixou; aí nós tivemos que se virar.

Qual que você falou, um desses da cobertura?Esse, porque esse aqui, ele vai daqui lá, ele é inteiro. Aí para ele poder vir, teve que entrar na casa dela, para poder entrar pra cá.

Então era só passar mesmo, né? Só o pedreiro passar lá.

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Isso. Ela não aceitou, mas o pedreiro desobedeceu e fez assim mesmo (risos). Ele fez assim mesmo, ele não obedeceu a ela, não; porque não tinha outro recurso.

Não tinha outro jeito.

Porque eu tinha conversado com o esposo dela e ele deixou, permitiu. Quando ela chegou e falou que não estava permitido, que não ia aceitar, o pau já estava lá; aí o pedreiro continuou fazendo o serviço do mesmo jeito.

Entendi, mas por que tinha que passar por lá? Porque...

Porque não deu, o pau não entra por ali. Ele tinha que entrar lá para poder vir no buraco aqui, certo. (00:07:00) Porque de lá não tem como, porque lá é uma casa de laje, não tem como ele vir de lá para cá, ele tem que vir daqui para cá. Ou de lá, ou de cá, e o mais perto foi aqui, que aqui ela tem terreiro.

É, era só uma passagem, né? Que ela abriu uma janela para lá.Isso, porque senão tinha que tirar as telhas toda, entrar com ele para poder fazer esse serviço.

Você teve algum problema para abrir janela aqui?

Tive, aqui era uma, né? Aí ela fez um muro agarrado na janela e fechou. [Fig. 04]

Mas ela não chegou a conversar com você antes?

Não.

Porque, quando a gente conversou com o Tarcísio e perguntou sobre isso, ele falou que, geralmente, a pessoa ou olha e conversa, ou pergunta se vai fazer. Então ela subiu o muro...

Subiu, fechou, aí acabei de rebocar por dentro deixei basculante com tudo dentro da parede, porque ela levantou o muro rente a ele.

Como é que isso funciona quando tem que fechar uma janela, fica com ventilação prejudicada e tudo o mais, né? (00:08:00)

Fica, porque igual, aqui era uma janela; no ela fechar o muro, dificultou até eu arrancar ela. Então tinha que jogar tudo para dentro. Eu acabei por fechar ela dentro da parede.

A janela está aí dentro? (risos)Ele pegou e fechou ela aí dentro.

Entendi. E tem outros problemas que vieram de vizinhos, assim? Tipo infiltração, água de chuva...

Não, não. Eu não tenho problema nenhum, não. O único problema que eu tenho é só essa vizinha aqui mesmo que, se eu tiver que depender dela, ela não é muito de ajudar vizinho nenhum. Mas, no mais, não tenho problema com vizinho, não.

E o de lá, quando abriu a janela?

Tem, tem uma janela em cima do meu telhado, né? [Fig. 05] Tanto que, se for mexer aqui tampa a janela deles, também. Mas disso ele já estava ciente, porque abriram a janela muito rente. (00:09:00) A vizinha de cima também, que abriu a janela aqui para o terreiro. Mas todos eles são cientes que, qualquer momento que eu resolver fazer para cima, a janela deles fecha igual essa aqui fechou. Mas essa fechou de ignorância mesmo, porque não tinha necessidade, que ela tem terreiro grande. É só porque ela não queria janela aberta para o terreiro dela.

E ela nem falou, de repente você chegou aqui e estava com o muro subido, assim?

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Uhum. Mas problema de vizinho eu não tenho, não. De vizinho atrapalhar, de falar qualquer coisa não tenho, não.

Em relação à casa, o que você gosta aqui? As coisas que você mais gosta, que você mexeu e acha que ficou bom, que melhorou depois da reforma...

Tudo. (risos) Porque a casa era triste, nossa! Era muito feia. Aqui eu já mexi bastante: essa porteira ali, que entrava na cozinhazinha; A porta do quarto da minha filha era aqui, quando chegava, já vinha direto dentro do quarto dela; A cozinha era muito pequena (00:10:00) ; Essa porta dessa varandinha era bem aberta; O chão era chão de piso queimado, igual um pedaço lá na cozinha. Então, eu mexi em muita coisa.

Tudo isso você que fez?Uhum.

Você conseguiu melhorar muito na iluminação da casa, na ventilação? Ou não chegou a mexer tanto?

Não, na ventilação da casa não tem tanto o que ventilar, mesmo porque é só isso: as janelas da cozinha abertas para lá; aqui no fundo [Fig. 06] que é a essa mesma casa aqui, o meu tem um pedaço recuado, onde é a janela do meu quarto não tem como ela fechar, que já tem o muro dela, é um pedaço recuado. Então, não tem como fechar minha ventilação, não, só teve aqui. E para lá é a areazinha, é aberto, só não tem como abrir janela porque já é as paredes dos vizinhos.

Todos os cômodos seus têm janela? (00:11:00)Têm. Tem essa aqui, tem a da cozinha, do quarto de lá e do quarto daqui também tem, a do banheiro, que é uma janelinha para fora. Então todos os cômodos têm janela.

E o que que você acha que falta aqui? Que você ainda planeja mexer na casa?

Eu ainda planejo... tenho que mudar o muro que está caindo, que eu tenho medo de cair ou para dentro, ou para fora. E terminar o piso do terreiro.

Você mencionou de uma obra que o pedreiro fez, que é um pedaço que você tem medo que caia, parece que no seu quarto. Como é que anda, assim, a cobertura com as conexões?Não é não, é porque ele fez a parede; no fazer a parede, eu falei com ele que tinha que fazer um corredor com um metro só. Ele fez passando, falei com ele que tem que ser tudo medido, porque eu meço, olho e vou planejando do jeitinho que eu quero para caber as coisas, que a casa é pequena. Falei com ele “no corredor, tem que ter um metro para caber a cama”, do jeito que eu queria, assim. Ele fez a mais, não coube minha cama e eu fui pedir ele para poder parar. (00:12:00) Aí o outro pedreiro que veio quebrou a parede, deixou a parede no ar e abriu para fora e a cama ficou debaixo da paredinha. Só que essa parede está no ar. [Fig. 07]

Olha, ela tá pendurada?! (risos)Isso.

Você mostra para a gente ver, depois? E o que você acha que atrapalha, que ainda te atrapalha aqui na casa?

A umidade. Só a umidade.

Onde que ela aparece?

Aqui atrás, no meu quarto e no quarto da minha filha. [Fig. 08]

E você acha que é por quê?

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É por causa do piso ali, que é alto. No piso ser alto atrás da casa, dá umidade grande nas paredes.

A gente vê isso também, até tirar umas fotos pra gente ver lá. E você já pensou em um jeito de resolver o problema da umidade?

Olha, já! Já olhei, pensei em vários meios de tentar tirar essa umidade dali. (00:13:00) Mas eu ainda tenho que estar estudando direitinho, Tarcísio até esteve aqui olhando, falando comigo de um produto que coloca que retira umidade. Eu estou olhando, não sei ainda como que vai ser. Porque fazer serviço final de ano não dá em nada.

Gasta dinheiro, né?É, e ali eu tenho medo de, igual todo mundo que fala, descalçar a parede e ela não aguentar, que essa casa é de adobro. Eu tenho medo de descalçar, porque no meu quarto já foi muito descalçado; meu degrau era alto e, no afundar até embaixo, não tem alicerce, aí se eu afundar atrás da casa também, eu tenho medo que não aguente.

Então você sabe como é o processo para contar para a gente como seria tirar (interrupção)

É porque o alicerce tem que soltar, né? Fazer o buraco, fazer tipo um dreno para a água não infiltrar para dentro. E é esse abrir que eu tenho medo. (00:14:00)

E você sabe se vai passar alguma coisa lá dentro? Porque tem um impermeabilizante, né?

Uhum, é o que ele falou comigo, que tem.

Então é o Tarcísio que vai te dar essas dicas, né?

Ele que me deu essas dicas.

Você foi esperando para resolver isso mais para frente, você acha que vai ter um custo muito alto?

Olha, eu ainda não fiz esse orçamento para ver esse custo. Isso só me amola muito é na época da chuva, que a gente fica esperando tudo para a última hora, né? (risos) Pois é, a gente deixa tudo para a última hora, então ainda não fiz esse orçamento, não. Eu estou mais preocupada aqui do que lá, mesmo.

Mas, você já mexeu bastante com reforma e com mexeção, né? Em geral, o custo fica no que você tinha planejado?Não...

Sempre é mais?Sempre é mais, porque sempre mexe em uma coisa e acaba fazendo para o outro lado, porque bagunça tudo. Porque aqui, por exemplo, é adobro, quando foi abrir essa parede, que era aqui, ela desceu toda. (00:15:00) Teve que refazer toda de novo. Então essa parede aqui junto, ela emendou só aqui. Daqui pra cá ela caiu toda, e eu estava no ponto só de abrir uma porta.

Acaba tendo que mexer, piso também...

É, então sempre isso dá. Por isso eu tenho até medo, quando eu vou começar com uma reforma tem que ser “meu Deus, a casa é toda de adobro: começa a mexer de um lado, desce tudo pro outro”. Aí acaba saindo dobrado.

Mas já quebrou uma, já aconteceu vários casos desses?Já, essa parede que eu fui mexer num pedaço dela, aí ela caiu toda, teve que levantar onde que está o armário. Derrubou ela toda para tornar a levantar ela de novo. Coisa que eu não tinha feito, só porque

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eu descer o quarto e abrir a porta; como que ela era bem torta, ela desceu. Aí teve que levantar de novo, uma coisa que eu não estava previsto para fazer. (00:16:00)

Você sabe de casos de outras pessoas que moram em casas que têm esse mesmo problema? Você sabe como que eles resolvem quando vai mudar? Se faz escora, se coloca um pilar a mais... você sabe como que faz?

Não sei...

Entendi. Aqui, o jeito é mesmo completar a parede...

É.

E o lugar para secar roupa, lavar roupa, como é que vocês fazem aqui?

Não, meu espaço só é esse daqui mesmo.

A gente falou um pouco sobre o espaço da casa, mas eu queria saber um pouco sobre o lado de fora da casa, o espaço que todo mundo usa. Como que funciona aqui nessa rua, nesse pedaço da rua? Como é que os vizinhos se organizam para cuidar da rua, do espaço da rua, quando tem algum problema, como que funciona? (00:17:00)

Olha, normalmente, tem é esse pessoal da prefeitura que passa varrendo, recolhendo lixo, e tudo. Agora, em termos de vizinhança, nunca teve necessidade de nenhum vizinho se juntar e fazer nada, não. Sempre quando precisa de alguma coisa, procura a associação para poder estar ajudando, que antigamente tinha associação aqui, era Dona Socorro que procurava. Hoje em dia já nem tem mais essa sociedade, mas até então nunca precisaram de nada, não. Quando precisa de alguma coisa, cada vizinho resolve: vai lá, desliga a água, ou pede alguém que já mexeu e que saiba para fazer. Essa caixa que tem de água na rua, que tem que fechar pra gente acabar fazendo alguma coisa em casa. Quase ninguém aqui tem registro para fechar, então normalmente tem que fechar na rua para fazer alguma coisa dentro de casa.

Sai avisando a todo mundo que vai fechar? Para não deixar ninguém na mão, né?Tem que avisar. (00:18:00) Isso... às vezes a gente fala “então deixa para fazer mais tarde, que agora estou mexendo com isso”, “ah, deixa para poder fazer amanhã”, “amanhã não pode ser, não?”. A gente tem que estar mudando os planos, os projetos, tudo o que vai fazer, às vezes, por causa dos vizinhos, mas é muito raro. Muito raro isso acontecer.

Desde que você mora aqui a prefeitura já faz obras na vila ou você mudou pra cá, ficou durante um tempo sem ter nada e, mais recentemente que (interrupção)

Não, agora que a Prefeitura começou fazendo isso. Mas, desde quando eu mudei para cá, cada um pegava o seu lixo, colocava lá na frente...

Ali na frente é na quadra?

Isso. Varrer, cada um varre seu pedaço e junta seu lixo. Eu desço com esse pedaço do meu portão até lá embaixo, já desço varrendo o portão dos outros, também. Porque, normalmente, da parte de cima cada um varre só mais ou menos o seu pedaço. Ninguém varre tudo, não. Eu já desço e varro tudo. Essa vizinha de frente também, ela vem dali e varre tudo. Às vezes, eu, às vezes, ela, mas nada combinado. A gente, quando vê que está sujo, cada um faz. (00:19:00)

Em época de chuva, tem muito problema aqui na rua com água, lama, sujeira, entope cano?

Não. Durante esses anos todos que eu estou aqui, não tive problema disso, não.

Vocês costumam usar o espaço da rua para conviver, passar o tempo, conversar?

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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012Transcrição das Conversas individuais No 03 – Ana Maciel, Lígia e Rebekah conversam com Regina

Às vezes, sim, igual esse domingo, por exemplo, sentamos ali um monte de gente e fica conversando.

E você acha que falta alguma coisa na rua para esse tipo de coisa, para vocês usarem mais? Como é que vocês fazem quando vocês vão reunir? Vocês levam cadeiras...?

Cadeira, cada um leva cadeira e senta. É, nós estávamos até discutindo isso no domingo, falei assim “Nossa, a Dona Socorro foi presidente da associação, asfaltou o bairro inteiro e a rua da casa dela, ela deixou sem asfaltar. Que presidente foi essa?” (risos). A rua da casa dela ela deixou, porque é de pedra. (00:20:00)

Pensou só nos outros...É, asfaltou o bairro inteiro e essa rua ela deixou sem asfalto. Os meninos estavam querendo brincar de bicicleta, aí a rua é de pedra, eu falei assim “Oh, gente, a presidente, o que que ela fez, hein?”. Só isso, mas a gente reclama muito aqui, porque eles fazem aquela academia da cidade em vários lugares e aqui não tem. Eu até conversei com a Patrícia, que ela estava olhando sobre isso com o esposo dela, falei assim “você está olhando...” (interrupção)

Patrícia do Marcos?

Isso. Falei “vocês podiam olhar isso, porque todo lugar que a gente vai tem essa academia da cidade e aqui ainda não tem”.

É equipamentos mesmo para poder fazer atividade física, né?Isso.

E banco, mesinha, essas coisas?

Até tinha, ali na quadra eles até tinham colocado, o pessoal arrancou tudo...

Como é que foi, foi quando que colocaram? Foi muito pouco tempo depois que arrancaram?

Não. Até que tem alguns lá ainda, não arrancaram tudo ainda, não. (00:21:00) Foram muito tempo depois, ficou um bom tempo!

E foi o pessoal que mora aqui mesmo que tirou?

Foi.

Para que, levar para casa?Uhum.

E era o que, eram umas mesas de...?

Cimento. Mesa e banco.

É porque eu sei que tem uns dois bancos lá hoje, ainda, né?

Acho que tem mais de dois bancos.

Mas você sente falta dessas mesas e cadeiras em outros lugares sem ser lá, só na quadra? Porque lá é bem central, e tudo, mas não está tão pertinho daqui, né?

Mas é o lugar mais apropriado que tem é lá, que em outro lugar... Aqui, nessa rua, por exemplo, não tem como colocar nada.

Por causa de espaço?

É, por causa de espaço porque, às vezes, quando vem carro até aqui, se colocar qualquer coisa já não é mais rua, tira o espaço total.

Vocês preferem levar a cadeira, fazer uma coisa mais temporária. (00:22:00)

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É, porque é uma coisa que você retira, coloca na porta dos outros; por exemplo, a gente coloca ali na porta da vizinha, aí quando ela vem a gente: “ah, a gente está ocupando seu espaço”. Mas ninguém briga, nem nada, a gente arreda a cadeira, a pessoa passa.

(Pausa) 22:15 - 24:35

Você podia contar, porque você falou da academia da cidade, que podia ter aqui, e hoje em dia a Prefeitura faz em peso. (pausa) Sobre essas intervenções mais recentes da Prefeitura, o que vocês têm achado, o que você acha que melhorou, piorou, com essas mudanças da Prefeitura aqui na vila?

Não, eu achei interessante, até acho muito legal. Quando eu estava trabalhando, eu até ficava naquela que tem na Silva Lobo, porque eu era encarregada de conservadora. (00:25:00) Só que aqui não tem, na Silva Lobo tem, no Jardim América tem, na Contorno ali, próximo ao Hospital Militar tem, perto da Unimed. É a Unimed que organiza essas praças, a Prefeitura faz e a Unimed mantém. A maioria das praças, por exemplo, que a conservadora que trabalhava comigo pega é a Unimed que mantém a limpeza, a sinalização, tudo isso.

Você trabalhava numa dessas conservadoras...

...que prestavam serviço para Unimed, nessas praças da Prefeitura.

E você já procurou saber se eles tinham interesse de fazer aqui?

Já procurei.

O que eles falam?

Olha, eles falaram que não depende deles, que a Prefeitura fazendo a praça, depende do lugar também, se vai ter ponto de acesso para o hospital, porque eles fazem mais é a propaganda, né? Tem o hospital Unimed ali, tem perto do Hospital Militar, na Contorno. (00:26:00) Então, é sempre nas praças onde tem a Unimed para estar fazendo a propaganda deles. Aqui, por exemplo, eles falaram lá que o mais provável que tenha que ser mesmo a população de manter. Mas aí depende da população estar pedindo isso também, é o que eu conversei com a Patrícia, falei “vocês podiam estar olhando isso”, porque em todo lugar tem.

E essas obras da Prefeitura de abrir rua aqui na vila, de remover algumas casas, o que você pensa sobre isso?

Acho interessante, também.

De remover as casas?

Uhum.

Por quê?

Olha, porque às vezes as ruas se tornam pequenas, igual essa aqui, por exemplo, que pega um beco aqui, pega outro beco ali, e acaba que nem cabe nem rua e nem nada. (00:27:00) E priva a pessoa de ter uma comunidade mais aberta, com mais interesse para as crianças, com mais coisas para as crianças, e aqui não tem.

Você conhece alguém que teve que sair daqui?

Conheço.

E como que eles fizeram? Eles mudaram para algum lugar perto?

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Não, mudaram para longe.

Porque, sempre quando contam esses casos, a gente vê que que a pessoa muda para muito longe e acaba tendo que reorganizar a vida. Você não vê muito problema nisso?

Eu acho que não, que, se ficar esse povão que fica aqui, praticamente um em cima da cabeça do outro, ninguém vive, dá muita confusão e não tem privacidade para ninguém. Porque, igual meu espaço é isso aqui, é muito pequeno. Então a pessoa acaba querendo um espaço, um lugar que você possa ter uma praça onde levar criança e tudo, e aqui não tem. (00:28:00) Você tem que sair, deslocar, ir para outro lugar. Por quê? Porque é muita gente, muita casa, muita coisa e acaba não tendo lugar para a gente cuidar dos filhos. Então, o que eu acho ruim é isso. Por isso que eu concordo com as tiradas da casa.

Mas esse pedaço aqui, já falaram em demolir?

Não, falam que não vai tirar, por enquanto ainda não tem projeto não. Teve um projeto de tirar que foi cancelado, ia passar rua nessa casa aqui, subir aquela rua lá, continuar, descer, para ter rua, né? Mas foi cancelado o projeto.

E, se tivesse o projeto, como é que você acha que você iria fazer? Só para a gente saber assim, como que ia ser na prática se tivesse essa mudança da rua?

Bom, eu tinha vontade de entrar no meio desse projeto pra mim sair (risos). Pra mim sair, porque ninguém sai! Fica todo mundo brigando, batendo o pé, querendo justiça, porque não quer sair. (00:29:00) Mas não vê que, se sair algumas pessoas, ou for para o prédio, ou for para algum lugar, que vai abrir espaço, vai ter lugar da pessoa viver sem ser só dentro da casa, sem ser encostar no meio da rua, poder ter que conversar, isso não é legal.

Então você pensa em mudar, em sair daqui?

É.

E mesmo se for para um lugar muito longe?

Eu penso em sair. Aonde é, ainda não.

Mas você tem algum plano, caso você saia? Você já pensou como que iria fazer para continuar perto?

Não.

Você não sabe ainda, né?

Não, até porque eu não penso em continuar aqui perto.

Você pensa em ir para onde? Em que pedaço que você gostaria de morar?

Não, eu tenho vontade de olhar outros lugares, outros ares, igual eu falo eu tenho vontade de um lugar onde tenha praça perto, igual tem no Barreiro, tem praça pública tem tudo quanto há, ali do lado da Silva Lobo, então todos os lugares tem. (00:30:00) Somente esse meio aqui que não tem, então é um meio que não cresce, não desenvolve nisso, de dar benefício para os moradores. É somente isso, é cada morador dentro da sua casa, quando sai pra fora não tem um lugar onde se possa fazer, tem idoso que precisa fazer caminhada, precisa estar desenvolvendo, fazer um tipo de fisioterapia. Igual um senhor ali embaixo que tem um médico que acompanha ele para fazer fisioterapia, aí tem que ficar na rua, andando para baixo e para cima, vem cá, aí tem que arredar ele para o passeio. Eu acho isso muito desagradável e é uma coisa que podia ter aqui.

E os meninos, eles têm um lugar para brincar?

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Não tem, também, fica brincando de velotrol pela rua afora, dali a pouco sobe uma moto e dá de cara com o menino, então a gente acaba tendo que criar os filhos presos, para não ter isso.

Você não deixa muito eles brincarem, não?Não, os meus meninos não ficam na rua.

Porque você fica com medo de acontecer alguma coisa assim, de atropelamento?Porque é carro e moto o tempo todo. Se for essa rua aqui, é moto o tempo todo; se sobe para a de lá, é carro o tempo todo. (00:31:00) Só tem aquela quadra, aí você vai para a quadra, tem menino jogando bola, o outro está jogando outra coisa. Então, você não acha espaço para brincar, tem que sair do lugar, ir para outro lugar para poder levar as crianças para passear.

Você sabe de algum caso aqui, não precisa de ter estado no meio, dos vizinhos terem pensado em melhorar aquele espaço da quadra de algum jeito? Fazer um mutirão para...? (interrupção)

Muita gente aqui já falou nisso, de mudar aquele meio que tem a quadrinha de baixo, a quadra de cima, onde que tem o telão para as crianças todas domingo, né? Aquela quadrinha que é uma quadra praticamente à toa, sem necessidade, sem nada; ela poderia estar sendo uma academia da praça, onde as pessoas mais de idade pudessem ter como se locomover também, que é um lugar bom. E a quadra na parte de cima também poderia ser uma praça, onde que está aquelas mesas.

E o que o pessoal já falou de planejar, de fazer, tentar juntar as pessoas? (00:32:00)

Não, esse projeto aqui ninguém tem; aqui ninguém faz. Nesse lugar aqui, não tem esse negócio de cada um se unir para fazer. Um faz, o outro faz, mas fica esperando aquele que vai puxar e fazer, quem que vai pegar a frente para fazer. Ninguém se une para poder fazer todo mundo, aqui não conta com isso, não.

Não tem nenhum caso que você lembre então de ter tido algum tipo de ação, assim, de mutirão?

Não, quem esteve há pouco tempo pedindo assinatura da gente foi a Patrícia, pedindo assinatura de todo mundo para poder ver o que é que pode estar fazendo aqui no local. Mas ela que foi, pediu as assinaturas; para você poder ver, eu não vi nem que que aconteceu disso até hoje.

Você participaria de alguma coisa desse tipo ou você mexe mais na sua casa e acha que não mexeria tanto, você participaria?

Participaria...

E você conhece mais gente que você acha que participaria? (00:33:00)

Conheço, eu tive pessoas que, se você ficar em cima e falar “vão, vão, vão” e ficar em cima, vai; mas se você falar assim: “você faz?”, “você quer fazer?”, “o outro quer fazer?” e deixar para lá, ninguém vai, não. Mas, se você ficar em cima, organiza, sim.

Você falou da falta que fazem esses espaços para lazer, para brincar. Você resolve essa falta sua fora da vila, vai para praças fora daqui?Isso.

Onde você você gosta de levar os meninos?

Olha, eu vira e mexe procuro um lugar diferente. Não tenho um lugar certo, não; eu já fui naquela pracinha ali da Silva Lobo, já fui no parque JK, lá no Sion, já fui naquele parquinho na Via Expressa. Então, vira e mexe eu levo eles num lugar diferente. (00:34:00) Fui também naquela academia da cidade que tem no Barreiro, já fui naquela ali perto do Hospital Militar.

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Geralmente, você vai fim de semana com os meninos, né?

Uhum, não no meio da semana, até porque elas estudam o dia todo, né? Igual tá todas duas para a escola; aí dia de semana, não.

E você fica à noite mais em casa, né?

Uhum.

Você disse então que coleta de lixo é a Prefeitura, a varreção é a Prefeitura?

Isso.

Você falou de mutirões coletivos para arrumar coisas do espaço fora de casa. Aqui na sua casa, já teve algum mutirão para fazer alguma coisa? Para fazer uma parede, construir qualquer coisa? (00:35:00)Não. Mutirão, não. Quando eu preciso, eu conto com a vizinhança. Já teve, sim, quando eu fui bater laje do banheiro, se precisar, eles vêm. Ninguém nega de vir, não, mas mutirão, mutirão assim, não. Com três, quatro pessoas, no máximo.

É, é um ajuntamento de algumas pessoas.Poucas, sim.

E isso é comum aqui?É comum.

Você já ajudou em outro, também?

Eu, não. (risos) Só de ideia, de ajudar a fazer, não.

Mas é por que você não sabe ou é por que você não gosta, você prefere mais o pensar e organizar as ideias?

Não, é porque eu não gosto.

É só para saber, porque quando o Tarcísio falou de você: “Ah, não, vai lá, ela entende muita coisa”. Então você é um pouco parecida com ele; você organiza as ideias e decide o que quer fazer, o que não quer fazer e alguém executa, alguém constrói. (00:36:00) Esses pedreiros que você disse que são seus amigos, eles moram aqui na vila?

Moram.

Como é que eles chamam?

Um foi o Aurino, o outro foi o Joaquim e o outro foi o Niel.

Todos daqui?Uhum.

Mas eles moram é aqui em cima ou mais lá para baixo?Não, um mora do lado de lá da avenida, esse Aurino mora lá embaixo, na Professora de Minas e o Joaquim mora descendo a escada lá embaixo.

E eles costumam fazer muita coisa aqui, na casa de outras pessoas? O pessoal contrata muito o serviço deles?

Faz. O Joaquim, por exemplo, eu não conhecia o serviço dele, coloquei ele aqui para trabalhar porque já conhecia ele. Já o Aurino, porque ele fez serviço na casa da minha vizinha eu vi, aí ela me indicou, foi o que fez o meu aqui. O Niel também fez serviço na casa dos outros e eu trouxe para fazer o meu.

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Você acha que eles topariam conversar com a gente também? (00:37:00)Conversam.

Se puder, depois, passar o telefone deles para a gente.Não tenho o telefone! Porque aqui, o que eu preciso, eu vou e converso, lá na casa deles. Telefone deles assim, não.

Não tem jeito de mostrar? É mais para lá?É mais longe.

Não, mas tudo bem. Falando desses pedreiros que te ajudam, estou lembrando da conversa da Romênia; ela falou que, muitas vezes, acha caro o preço de mão de obra aqui. O que você acha?E é.

Como é que é, quanto que é?

Olha, normalmente, é 70 reais o dia.

Pesa muito no orçamento?Pesa, porque nem sempre rende o serviço que precisa. Não é porque é caro, é um serviço puxado mesmo, até concordo com eles; mas não rende o serviço que poderia render.

E porque que você acha que não rende? (00:38:00)

Bom, um pedreiro, eu até concordo com ele, que ele é muito calmo, o Aurino, que mexeu para mim. É um pedreiro que eu gosto, é o que indiquei para o Tarcísio, falei que ele é muito calmo, muito paciente, faz bem feito. Mas, em compensação, é o dia todinho para fazer um serviço.

É mais lento.É mais lento (risos). Então, falei com o Tarcísio para combinar com ele, mas não por dia, combina pelo assim: “Olha o serviço e fala o que você me cobra para fazer isso tudo”. É assim que eu combino com ele, se for combinar por dia, não dá, não aguento. Foi o que o Tarcísio combinou com ele, de pegar e fazer e entregar. (Ele falou?) assim: “ele é muito bom pedreiro mesmo, mas tem que ser assim para trabalhar com ele, porque senão, não aguento”. E a maioria dos pedreiros fazem isso, é aquela lentidão mas alguns conseguem perfeito. Igual aquele fez para mim, mas não fez perfeito, fez um chão que eu vou ter que quebrar e refazer todo de novo; cobra caro e não é perfeito.

Aqui você não tem escada, né? Não teve que fazer escada para subir.

Não, não.

Não tem outro andar?Não.

E você pensa em subir outro andar? (00:39:00)

Penso não.

Pensa não? Por quê?

Eu penso em sair (risos). Eu penso em sair.

É porque a gente notou uma dificuldade danada de fazer escada, às vezes dá uns problemas, tem pouco espaço, o pessoal sempre conta algum caso de escada. Por isso que a gente está perguntando, você ajudou o Tarcísio na escada das quitinetes?

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É, que ele fez pequenininho, né? Mas ainda não ficou do jeito que eu tinha combinado com ele e com a mulher dele, do jeito que eu tinha falado. Hoje ele fica assim “Eu podia ter te ouvido na época, de ter feito mais daquele jeito”, porque começou a fazer fora do projeto, que eu fui ajudando ele mais a mulher dele. Ele ainda fez daquele jeito ali, mas eu falei, se tivesse feito da outra forma que eu cheguei lá e desenhei para ele... A mulher dele ficou olhando, ela tá assim “Realmente, teria ficado melhor”; do jeito que ele fez, ficou só assim. (00:40:00) Porque o carro do filho dele fica na rua. Eu falei com ele, “você podia ter abrido a parte de baixo toda”, que aí fica a laje em cima, ter feito aquele andar do lado de cá daquela casa, uma casa do lado da casa dele, que é toda de laje; aí fazia o corredor no meio, de forma que morador entrava nesse, morador entrava nesse, com uma única escada, em vez de fazer escada para cada morador. Porque ele teve que fazer uma escada para todos e ainda perdeu um espaço que ele ganharia embaixo, que seria um estacionamento bem grande que ele teria. E ele ficou com terreno, vocês viram a casa dele, que é um beco, um funil, um tranco, que ali não passam dois, só passa um? (risos) Então, ele perdeu a casa toda a troco de pequenos alugueis, coisa que ele poderia ter feito toda assim, teria dado uma casa grande, ele só iria fechar a janela da vizinha dele, né?

Pois é, ele falou que não conseguiu colar por conta dessa janela (interrupção) (00:41:00)

Ele não quis fechar e hoje tem trabalho com ela, ele reclama. Os vizinhos dele que têm uma menina, que ela é irmã do esposo da minha prima. Ela reclama, porque a janela é em cima, eles acabam jogando as coisas cá embaixo e tem que estar varrendo o dia todo. E ela tem nenenzinha, falei assim, daqui a pouco a menininha tá grandinha, vai ter que ficar arrastando e fica pegando coisa que os outros jogam.

Eles jogam lá do quarto lá no quintal da vizinha?É, a vizinha de cima que tem a janela aberta no terreiro dele, jogam cá no terreiro dele.

É o contrário, estava achando que era o povo dele que estava jogando para lá.É de lá, que jogam aqui. Eu falei com ele, “levanta a parede, bate a laje e levanta a parede, fecha a janela” (risos); ele falou assim “eu vou fechar a janela da dona” e eu falei “mas mais tarde você vai ver essa janela dessa dona o que que vai dar em cima d’ocê”. Porque aqui eu peno com essas janelas minhas, que eles jogam as coisas tudo aqui embaixo, também.

É, isso que não podia, né?Mas eles jogam.

A sua sugestão era fazer o contrário? Juntar as duas situações, dele e da quitinete. (00:42:00) E a escada, você pensou de, em vez de ter uma escada dentro do apartamento, fazer uma escada fora que desse tipo uma varandinha.Ia ser uma escada de forma que ia ter uma varanda aqui, na entrada da casa, com aquele corredor grande, de mais ou menos 2 metros, onde se pode passar uma geladeira, um fogão. Fica cada porta para entrada, os moradores do lado de cá ia ter o terreiro, do lado de lá só não ia ter o terreiro para colocar roupa, só isso que eles iam perder. A parte de cima que tivesse a varanda, usava a de cima; a parte de baixo, ia ter que usar a garagem embaixo. Mas ele já não ia ter trabalho, porque tem um morador lá que tem moto, a moto pára e quando o outro morador vem passando não tem espaço. Ele falou até que ia ter que tirar esse morador que tem a moto, por causa disso; falei “Pois é, mas você não pensou”, porque falei com ele que, desde a época que começou, poderia ter tido morador que pudesse ter até carro hoje, para colocar lá, porque o espaço seria bem grande, caberia mais de 5 carros. (00:43:00)

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O que você estava sugerindo era ter duas unidades em cima, duas embaixo; não ter uma escadinha e todas serem esse (apartamentinho?)?Não, embaixo não ia ter casa. Ia ser só garagem e terreiro para a parte de cá. E o que estivesse em cima, que ____ (43:20) costuma fazer, ia recuar na janela daquela dona, fechando a janela dela, deixando mais ou menos uns 3 metros para fazer terreiro para essa parte de cá e a parte de cá e aqui embaixo.

Será que não ia dar muita briga com a pessoa da outra casa?

Não ia dar, porque a pessoa da outra casa não recuou; eu também não posso brigar com a mulher que fechou minha janela, porque a obrigação minha era ter recuado para eu ter janela. Igual ali, recuou para ter. Ela não recuou e lá é pedaço deles.

Como é que é que funcionam essas divisões? Como é que você sabe quando que acaba o seu limite? Porque, igual ali, ela poderia ter recuado, mas ela tinha direitinho a marcação de onde estava o terreno dela? (00:44:00)

Não tinha, porque ali tinha outra casa, então a outra casa sabe que estava ali. Quando ela foi fazer a dela, ela tinha que ter pegado daquela casa e ir recuando um pouco para dentro.

E quanto mais ou menos você acha que é um recuo bom?

Olha esse espaço aí, de uns 50 centímetros. Já dá para abrir uma janela.

É até mais que tem aqui, né?Quando você falou que você estava as dando dicas da escada para ele, você falou que desenhou a escada. Você desenhou onde? Traçou ela na parede mesmo?

Papel.

Você chegou a ir lá durante a construção e mostrar algumas coisas para ele?

Vi não, cheguei a ir _________ (00: 44:22).

A gente até tem um negócio para te mostrar, chama escadômetro, queria saber o que você acha dele. (00:45:00)

Baseado nessas conversas que a gente está tendo com o pessoal, a gente está pensando em coisas que pudessem ajudar em dificuldades de construção que vocês têm relatado para gente. Uma dificuldade que já tinham relatado, a Romênia, o Tarcísio e outras pessoas que a gente conversou, é fazer a escada. Esse é o que a gente chama de escadômetro, (pausa) então a gente está mostrando para as pessoas mais para aperfeiçoar, porque está em processo ainda. Vamos supor, o espaço que a gente tem para a escada se estender... (interrupção)Ah, tá, porque vocês estavam olhando pelo ali da Romênia, que o espaço é nem um metro para levantar a escada, que vai ficar em pézinha.

Pois é, em pézinha. Então, é um problema. (00:46:00)É complicado demais. Mas diz o Tarcísio que ele sabe resolver.

Se ele fizer redondo. Aí ele resolve. A escada vai ficar ampla, vai pegar redonda e ela faz a varanda tampando.

Mas a Romênia sente medo de uma escada redonda, né? Porque ela acha que não é (seguro pros filhos?).Dá medo dos filhos caírem.

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É, porque ela tem menino pequeno, né? Mas a escada redonda e a outra escada é tudo a mesma coisa, se tiver que ________________(00:46:21).

Se tiver um piso alto, é tão perigoso quanto uma redonda, não é?Uhum. Ela não tem como ela fazer uma escada ali de degrau reto, não, ali ela pode esquecer! (risos)

Ela ganhou uma área, você viu a área que ela ganhou da vizinha?Aonde, atrás?

Do lado, da vizinha do lado, ela deu um espaço até bom, né?Ah, tá.

Entrando assim, no portão, do lado aqui.

Ela ganhou um espaço de quase um metro, de uma faixa de um metro, assim, por uns quase...Para ela vim assim e fazer assim?

É, eu estou imaginando que deve ser uma coisa assim.Ah, tá. Aí vai dar.

Entendeu? Porque eu nem imagino como que seria antes, sem aquele espaço, né?É, porque agora tem um L, agora dá, sim. Tendo a Mariana, de quem ela ganhou o espaço.

[Conversam sobre a escada da Romênia (47:00-50:00). Explicam e discutem o funcionamento do escadômetro (50:00-57:30), Edvaldo entra na conversa. Mostram manuais e panfletos para Regina e Edvaldo (57:30-58:00)]

Vocês acham que esses panfletos de informação poderiam ajudar na hora da construção, ou não, é outra coisa que ajudaria?

Edvaldo: Ajuda, agora o problema é que aqui não tem uma associação, não tem uma sede, não tem uma coisa assim aonde o povo possa ter informação, de onde possa buscar isso. Como não tem uma cabeça pensante, fica difícil. O povo podia se basear naquele lugar, ter uma referência, né? Se eu estou construindo, vou ali, me orientam. Aqui, não tem isso. Então, é difícil de vir todo mundo com uma ideia só, igual ela está falando, por causa disso.

Você sente falta de um ponto, assim, referencial?Precisa, sinto. Aqui não tem, né?

É o que eu conversei com (o pessoal da Priscila?), falei assim (00:59:00) “Todo lugar tem um ponto de referência, tem uma praça, tem um parque, tem alguma coisa”. Aqui não tem ninguém que possa sair, ir para outro lugar, falar assim “Vou naquela praça lá em cima”. Então esse lugar aqui é um lugar que não existe, só existe para os morador, porque cada um tá dentro da sua casa. Mas se falar assim: “é um lugar onde que vai vim pessoas”, fazer igual eu fui lá na Silva Lobo, fui conhecer outra comunidade. Eu fui lá no Jardim América, fui conhecer outro lugar. Eu fui lá perto do zoológico, fui conhecer outro lugar. E aqui ninguém sai por exemplo para conhecer o lugar, onde tem uma praça, onde que possa conhecer o lugar.

E essas movimentações que tem rolado no domingo, que a Patrícia está envolvida, o Marcos, a Meire, esse pessoal?

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A minha tia tirou foto, tem até meu menininho lá no meio.

O que que você tem achado desse negócio?

Bom, é interessante, só que não acho que está tendo muito benefício, não. Porque, do jeito que eu vi as fotos, que eu não vi o dia também; meu menino estava lá, estava todo mundo e eu estava em casa. (01:00:00) Aí que tirou, os meninos sentado no chão, com cobertor, achei, assim, muito feio (risos). Achei muito feio, falei assim “Podia ter sido uma coisa bem mais projetada”, mas pra eles que tá começando, tá bom. Tá começando mas já tem uns três meses que tá ali, até agora não teve nenhuma mudança.

O que você acha que podia ter de melhor?

Acho que já poderia ter feito, né? Que ali é um espaço desativado e eles querem fazer isso, já poderiam ter feito bancos, cadeiras, tipo aqueles bancos de cimento. Podia ter feito, na parede da mulher mesmo, um toldo, de forma que vai usar aquela parede. Já podia ter colocado muita coisa de forma que pudesse usar aquele espaço para isso. Porque a gente tá ganhando o espaço, que não serve para nada, serve só para os vizinhos fazer massa, atrapalhando o lugar, ainda.

É um espaço que o povo usa para preparar a construção?Isso, para fazer, para fazer isso. (01:01:00) Igual, tem uma vizinha que mora de frente lá que, ela vai precisar fazer massa, ela faz lá. Sendo que tem o patamar da escada onde ela pode fazer a massa no ______ (01:01:05) também, né? Não vai perder o espaço dela, de toda forma não vai. Só vai estragando o espaço onde pode ser usado para outra coisa muito mais beneficiente, né?

Mas esse exemplo que o Edvaldo citou, de um espaço de referência para informações, nesse caso específico de informações sobre construção, você acha necessário, também? Que você também sabe bastante coisa de construção, você já tem várias ideias, né?Uhum.

Na verdade, o povo tá te procurando... (risos)Eu acho interessante. Só que, igual eu falei, o espaço aqui é pequeno. Se não for essa mexida da Prefeitura para abrir espaço, o espaço aqui é pequeno, então não tem como fazer nada. Não tem como ter referência aqui de nada. Pode olhar que, você procura um lugar para fazer um espaço, não tem.

Mas ficaria muito bom se tivesse uma referência, mesmo, para orientar o povo a construir. (01:02:00) Vocês olhem o tanto de ideia que tem aqui, mas as pessoas não sabem, olha só! Eu já vi banheiro com chuveiro na porta, igual tá aqui. Ia tomar banho, molhava...

...o vaso.Esse ponto de referência podia até ser nesse mesmo local onde que tá para fazer a escola das crianças. Seria um lugar onde que, dia de semana, poderia tá sendo um ponto de referência para isso, como tem também o Ciame, que agora tá tendo o CRAS também, que vai ser uma coisa muito boa. Que a vida inteira o pessoal aqui lutou para tirar aquele Ciame de lá, porque não dava aula para menino nenhum, ficava aquele monte de menino só merendando e para rua, para não fazer serviço dentro de casa. Também, não tinha nada, não tinha diploma nem nada. Igual eu já falei, ali poderia ser sim, já que necessita um lugar fechado. No final de semana, aos domingos, ali poderia ser várias coisas ao mesmo tempo, poderia ser a escola das crianças. (01:03:00) Aos dias de semana, poderia ser ponto de referência para construção, quanto poderia também ser um meio, não vou dizer de escola para criança, porque já está tendo, lá embaixo no lado de lá da avenida, a Sociedade Divina Providência, dando cursos profissionalizantes também. Antigamente vinha gente ali no Ciame, mas eu

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nunca vi uma criança sair dali profissionalizante em nada. Agora, está tendo lá embaixo a Divina Providência, já está bom, de bom tamanho. Mas esse espaço ali na quadra poderia ser, dia de semana, um ponto de referência, e no fim de semana dar o _________(01:03:39).

E, só especulando, já que rolou essa ideia. Vocês acham que, se fosse o caso de ter um centro de referência, quem tinha que encabeçar isso seria uma pessoa daqui ou uma pessoa de fora que tivesse conhecimento nessa área? (01:04:00)Uma pessoa de fora, para poder ganhar o apoio daqui, ficaria mais fácil.

Tem mais credibilidade. Se pegar uma pessoa daqui, ninguém vai...

É igual a Patrícia, lutando, todo mundo não acredita nela. Ela tá lutando, mas lutando, eu acho, de uma forma errada. Porque, do jeito que eu vi meu filho sentado no chão, coberta, parecendo uma turma de mendigo assistindo filme ali eu não achei bonito. Porque tava, ou então eu não vi.

(Pausa) [Regina pede a câmera fotográfica]

Mas, e se for um grupo daqui? Não for só uma pessoa, mas um grupo.

Não, ______ (01:04:40)sim, mas eu acho (interrupção)

Não, daqui, se tiver uma pessoa de fora, ele acha muito apoio, porque tem sempre as pessoas que todo mundo assina; em termos disso, o pessoal daqui é até muito participativo. Se falar assim “Tem que assinar para gente fazer isso”, todo mundo assina. A Patrícia, por exemplo, colheu foi muita assinatura. Todo mundo assina, todo mundo fica a favor. Mas tem que ter uma pessoa de fora, que se for de dentro ninguém tem aquela credibilidade que vai dar em alguma coisa, aí para no meio do caminho. (01:05:00) Não acha força para continuar porque aqui todo mundo... (interrupção)

Pode ser uma pessoa daqui, sim, com respaldo de alguém de fora, para a pessoa ver que a coisa é séria. Se for alguém só daqui, é muito difícil, porque aquela coisa “santo de casa não faz milagre” é verdade (risos).

Mas não são vocês que sabem tudo daqui? Melhor que todo mundo?

Isso, mas a pessoa de fora vai tá apoiando aquele que é daqui; vai ter uma pessoa que vai te orientar onde você vai, onde que você vai mexer, aonde que estão as pessoas que você vai colher assinatura. Você vai ter um suporte e a pessoa daqui também vai ter um suporte. São dois suportes, você vai precisar ter um suporte e quem tá aqui vai precisar ter outro suporte. Tipo, eu e você: eu vou ter que escorar em você e você em mim. Para os dois poder ter jeito de fazer, porque só eu não faço e só você não faz.

Quer dizer, né, você traz uma informação que você não sabe, você traz uma informação que ela não sabe, isso que... (interrupção) (01:06:00)É, ela vai se alimentar daquilo que você não sabe e você vai dar suporte no que ela precisa. Aqui precisa disso, disso e disso, ter uma pessoa que conhece as dificuldades, os problemas, eu acho que funciona. A Regina é muito boa, sabe, ela é boa (pelo que tenho muito, população muito expediente?) (risos) então ela é boa, ela é muito saída. Mas aqui, nós não temos hoje mais referência; nós tinha aquela Socorro, era da associação.

Isso, é o que eu estou falando com ela que, esse domingo, nós estava sentada aqui na rua, que as meninas foi lá na casa do Zé nadar, aí estava eu, a Márcia, Regina, todo mundo sentado ali. Nós

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estava até comentando assim: “Poxa, Dona Socorro, presidente da associação, asfaltou essa vila aqui inteira, a rua da casa dela ela não asfaltou”.

A Socorro não é uma que era da creche? Que faleceu?Isso, isso. Ela era presidente da associação aqui. Você vê que todas as ruas daqui são. (01:07:00)

Enquanto ela era viva eles não invadiram aquela praça; ela morreu, invadiram lá e fizeram loja, um montão de coisa, entendeu? Então assim, então tem que ter uma pessoa assim.

E ela tinha muito contato com a Prefeitura?

Tinha, tanto com a Prefeitura quanto com vereadores, políticos.

Tinha, mas sempre teve. Minha mãe foi presidente de creche aqui, muito tempo. Ela pelejou, meu pai fez do nada e foi crescendo, crescendo. Ficou boa, hoje está muito velha, não mexe com ela mais. Assim que começa, político vão chegando, que tem disso também. Vocês são independentes, vocês não tem nada com política, né?

Não, não temos não.Pois é. Então, é só enquanto começa, eles já vão, então vão procurando. “Ah, você que é o líder aqui? Eu vou te ajudar.” Não ajuda nada; chega, já quer espaço para falar com outros moradores e já fala que é eles que estão fazendo, é sempre assim. Mas, para ajudar mesmo, efetivamente, quase nenhuma pessoa faz isso. (01:08:00) O bom é que a gente tem que usar isso também, “Ah, vai dar? Então nós estamos precisando disso, disso e disso” e eles se viram lá, promete um telhado, dão só uma telha, mas vai assim mesmo, entendeu? Aí vai, aquela coisa, aquela falsidade danada, mas infelizmente é isso. Sempre quando começa, eles já vão chegando. Favela dá muita _____________, se aqui fosse no ___________(01:08:28), isso aqui não cabia, não, só cabia uma família; aqui deve ter umas 10 famílias aqui.

É muita gente, né? É muito denso.É, aglomerado, né?

É o que eu estava falando com ela, que ela estava assim: tem espaço nessa rua aqui, se tem necessidade, se a gente tem necessidade. Eu estou assim, aqui não adianta querer ter necessidade de nada que a rua aqui é pequena. Não tem como ter uma praça aqui, não tem como ter nada.

O povo invade a rua, para você ter ideia. Os caras vão construir, eles faz a rua já é estreita e o cara puxa mais meio metro, mais um metro, fecha mais ainda. Sabe, não vê que está prejudicando o cara que quiser sair, pôr o carro ali, tem como sair com o carro, o SAMU chega. (01:09:00) Então, primeiro, tem que conscientizar o povo, que isso é importante. É muito bom, quem dera (meu bairro?) tivesse isso; não tem. A pessoa, coitada, faz casa lá sem, né?

Só para retomar esse assunto e a gente já fechar, quando você disse da parceria, apesar da politicagem, que dá para fazer a troca. Mas vocês nunca experimentaram uma situação aqui onde os moradores tivessem decidindo por eles mesmos, juntos, sobre alguma coisa?

Não, isso seria uma espécie de participação coletiva para definir os rumos.

Não, uma coisa coletiva para definir, para conseguir recurso e fazer, independente de Prefeitura e qualquer coisa. Você acha que isso é possível?

É possível, desde que seja bem direcionada porque, igual eu te falei, aqui não tem referência. (01:10:00) Como não tem referência, cada um vai para um lado, cada um puxa para um lado. Se houvesse referência, o povo começa a procurar.

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Já que não tem essa referência, um ponto, um lugar, um grupo, uma pessoa, a relação entre as pessoas não são tão fortes a ponto de fazer as pessoas juntarem, conseguirem fazer as coisas?

Não, não são por causa de vaidade pessoal; ninguém procura a outra porque cada um é sempre melhor que o outro. Não tem ninguém pensando “Aquele é bom, eu vou lá procurá-lo”. Então, ainda que ele seja bom, não está bem assessorado. É aquilo que te falei, se vem uma pessoa de fora, ele tem mais credibilidade.

Mas uma pessoa de fora tipo o quê? Um técnico? Com que aptidão?

Você veja bem. Vocês fazem engenharia ou arquitetura?

Arquitetura.Arquitetura, pois é. (01:11:00) Então, se souber que tem uma pessoa que é da faculdade, que uma vez na semana vem, e se tiver uma pessoa daqui, naquele lugar de referência, o que ela não puder ajudar sabe que um dia por semana vem alguém aqui e tira as dúvidas. Já começa a despertar interesse, chamar a atenção.

Você acha que isso seria um serviço útil e que as pessoas iam procurar?Seria, que o povo aqui constrói muito isolado, muito sem ajuda, povo não faz projeto porque acha que projeto sai caro. Não vê que o projeto, às vezes, diminui o custo final da obra. Essas ideias que tem aqui [nos manuais], o povo não faz; vai fazer lá, deu errado, perdeu dinheiro, material, não é isso? Então, se for bem assessorado, eu acho que é bom, as pessoas iam entender.

Você acha que as pessoas iam gostar de ter um apoio nesse sentido?Eu acho, sim. Se eles confiassem, ia ser muito bom. (01:12:00)

[Continuam apresentando os manuais e panfletos (1:12:00-1:12:30) e Regina pega a câmera com as fotos das atividades do História em Construção nos domingos.]

Tá vendo como que é a dificuldade? Os meninos, aqui é a mesinha de som deles, aqui é aquela paredinha que muita gente fica sentada para poder ver os filmes, e a tela, que tá mais para a frente, que a mãe dela bateu só dela, as outras parece que apagou. Tá vendo, as crianças tudo sentada no chão, então acho, assim, ficou muito mal arrumado.

Puseram um tapete ali, né? (01:13:00)Isso, colocou tapete, sentou aquele monte de menino no chão, o cabo fica na escada, dá muita bagunça. É menino correndo para cá, é menino jogando a bicicleta lá no meio, rodando com a bicicleta, tira a atenção. Então, não tem nada, o dia que eu fiquei lá olhando, é um menino rodando com a bicicleta, a gente não presta atenção, falei “Ah, eu não aguento ficar nessa bagunça aqui, não”. Eu não quis, não. Tá muita bagunça assim, eu levanto e vou embora.

Você sente falta de um esquema mais organizado?Isso, aí fala assim “Mas tá começando agora”, falei “Não tá começando agora, não, já deve ter uns três meses”, já deu tempo, sim. Já deu tempo de procurar um meio de pedir o pessoal, de ver de que lado vai ser a ajuda. Porque eu, quando fui mexer na creche do Seu Vicente, conversei com dois vereadores para poder estar ajudando e todos os dois se dispuseram a ajudar a fazer. Mas só não fez porque eu não continuei, o Seu Vicente continuou sozinho, eu só apresentei os vereador. Eu falei com ela, se não consegue com a sociedade, com a população, que a população não vai ajudar nisso, em

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verba para poder ver se consegue fazer aquilo ali. (01:14:00) E aquilo, para poder levantar uma coisa, tem que ter alguém que ajude, porque sozinho não faz. É um projeto muito mal projetado, poderia ser no final de semana, no domingo por exemplo, contar história pras criança, ser um lugar onde que as crianças vai ter uma diversão, uma distração, como poderia ser no dia de semana aquilo ali. E seria um ponto de referência, ser um lugar fechado, um ponto de referência, tipo uma associação. Ia ser um ponto de referência onde que a pessoa pudesse buscar referência, ajuda em construção, nessas coisas, e ter aquele local.

Sobre esses eventos, você já conversou com outras pessoas que pensam do mesmo jeito que você?

Já, a maioria das pessoas fica “Ah, não deixo meus menininho porque fica rodando de bicicleta, eu não quero”, às vezes a gente não quer ficar sentada junto com eles. E não é um lugar onde eu possa falar assim: “Os meus filhos estão lá vendo”. Não, porque ao mesmo tempo que ele está lá, ele está correndo atrás de bicicleta, correndo e machucando; aí eu estou crente que meu filho está lá brincando e meu filho tá brincando atrás de bicicleta. (01:15:00) Não é um lugar fechado.

Uhum. E os pais não animam de ir porque não é muito arrumado, por isso?

É, porque a maioria das vezes fica assim: “Ah, lá não tem lugar para sentar”, igual eu, eu não vou sentar no chão com menino fazendo xixi. Aí eu chego e vou sentar naquela paredinha, olha lá como a paredinha fica, tem hora que fica cheia de menino, a escada está cheia de menino, você chega e tem que ficar em pé. Quem consegue assistir um filme em pé com menino?

Não, não dá.

Para ser um programa, assim, da família toda, precisava de mais infra, né?Isso; vai eu, vai outra vizinha, a gente vai sentar no chão para poder ver filme junto com criança? Eu não vou. Então, ela tá lutando, mas ela tá lutando por uma coisa que daquele jeito não vai ter sucesso. Daqui a pouco, vai ter aquela bagunça de menino, não vai ter nada e aí simplesmente fala assim, acabou. Começa com uma coisa, como se diz o ditado: “é muito fogo para pouca lenha”. Não adianta, o fogo apaga logo.

E já teve muitos problemas assim aqui, que o fogo apagou logo?

A maioria, porque começa desorganizado. (01:16:00) Começa uma coisa e não organiza direito, aí o trem começa, aquele fogão, mas não tem lenha para sustentar o fogo, rapidinho acabou, não tem prosseguimento.

Você acha que, para organizar, o pessoal tinha que reunir antes mais vezes? O que você acha?

Eu acho que sim, porque do jeito que ela veio nas portas, pediu assinatura de todo mundo, para todo mundo concordar, nós achamos que ia ser um projeto e tanto. Falei assim “Nossa, eu concordo!”, todo mundo concordou. Quando tá todo mundo vendo aquele trem ali no chão falei “não assinei para isso, não!”.

Mas você chegou a ir em alguma reunião?

Não.

Não, né? E do pessoal que você conhece, sabe de alguém que tem ido?

Ninguém tem ido. A maioria das pessoas que eu converso não tem ido, não.

Daqui da rua, tal.Não.

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Eu fico pensando que a organização que você está falando que falta deve acontecer nessas reuniões, do pessoal sentar e ver o que que tem que fazer, como, quem vai ajudar, que não vai. Você não tem visto esse movimento então?

Não. (01:17:00)

E, se tivesse, você iria?

Bom, eu costumo ir em uma, duas. Se eu ver que tem solução, eu continuo, se eu ver que não tem solução eu não volto, não. É igual ali, eu fui duas vezes, vi aquele negócio lá no chão, sentado no chão e tudo, eu não voltei mais nem para ver.

Tem que começar assim mesmo.

Não, tem que começar assim, mas uma coisa que tem três meses que tá assim não tá começando mais.

Mas é difícil, o problema aqui é o espaço, é ou não é?

Não, tem espaço sim, que é aquela quadra debaixo ali. É um espaço maior que o dessa sala, é uma quadrinha bem grande, é o que eu estou falando com elas, precisa projeto, ninguém projetou nada ali ainda. Se fosse um lugar onde que falasse “Essa quadra não serve, porque não tem menino brincando, não tem nada disso mais, vamos fazer aqui um ponto de referência”, é o que ele falou, precisa de um ponto de referência. Aos finais de semana, pode colocar um telão para aquelas crianças, para as mães poderem ter um lugar onde colocar os filhos para os filhos verem filme. (01:18:00)

Você diz, um espaço fechado?

Isso.

Ou então um espaço que a família vá junta? Que aí o pai mesmo cuida do filho...Isso.

Mas eu só estou tentando entender antes se é fechado ou se é aberto.

Espaço fechado. Fechado, ali não tem necessidade de ser aberto porque é um lugar isolado. Já tem a quadra de cima, aquela quadra grande; eles só fizeram aquele cenário de quadra ali porque não tinha o que fazer naquele negócio, ninguém teve esse projeto de fazer nada. Hoje, ela começou a ter esse telão. Eu não sei se na cabeça dela tem esse projeto, mas é uma coisa que já deveria estar sendo projetado desde a época que ela começou, ela já poderia estar caçando ajuda em algum lugar para fazer um espaço fechado, fazer um lugar de final de semana, onde vá criança, vá a mãe, tenha lugar para ir assistir um DVD igual ela está fazendo. Só que, em vez de ser aquele espaço aberto de todo mundo sentar no chão, ser um lugar fechado. Dia de semana, pode ter uma pessoa ali, igual vocês estão, procurando um espaço. (01:19:00) Porque, para mim, vocês estão procurando um espaço aqui para estar mostrando benefícios.

Não, na verdade, não. A gente está querendo começar a entender essas necessidades, as ideias que vocês têm...

Mas você vai encontrar essas necessidades que vocês estão procurando, e aí? Nós vamos encontrar vocês aonde? Para esse espaço?

Quando a gente fica lá pensando nessas coisas, o foco não é no serviço do arquiteto. A gente pensa em colocar o foco em ferramentas e instrumentos para vocês mesmos decidirem isso.

Tá, e nós temos que encontrar vocês com essas ferramentas aonde? Aonde é o ponto seus? Que vocês querem...

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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012Transcrição das Conversas individuais No 03 – Ana Maciel, Lígia e Rebekah conversam com Regina

A gente pensou em poder deixar as ferramentas e aí se tivesse um ponto já existente aqui (interrupção)

É isso que eu estou falando, vocês quer o ponto aqui. Poderia estar sendo ali, que final de semana é um lugar para as crianças estarem; porque um ponto existente, vocês não vão achar a não ser casa. Casa vai ser difícil, porque eu tenho que me deslocar da minha casa para poder ir na casa do meu vizinho. (01:20:00) E nem sempre aquele vizinho vai querer, aí vai ter que ser aquele negócio assim, semanal; cada dia na casa de um. Também não é, para mim, uma coisa que vá dar futuro. Então, eu acho assim, ali tem o lugar para isso e vocês têm o projeto e ter a condição de fazer. Porque senão vocês vão ficar aqui e daqui a pouco o projeto de vocês vai acabar, porque vocês vão apoiar aonde? Vocês vão entrar aonde? Nós vamos encontrar vocês aonde? É um projeto que está no papel para vocês vir e aí? É um papel que você vai vir aqui para me mostrar, vai ali vai mostrar outro, o que que vai fazer?

Vocês estão precisando de que, exatamente? É mais uma pesquisa mesmo?

A gente está fazendo uma pesquisa para entender as principais dificuldades da construção, de quando vocês vão fazer reforma, dificuldades no ambiente urbano e tudo o mais. Só que, ao mesmo tempo, o que a gente fica valorizando e não querendo perder de vista é que vocês decidem as coisas por vocês mesmos e fazem as coisas por vocês mesmos. (01:21:00) E a gente valoriza isso e acha que é uma coisa que poderia ter em muitos outros lugares, as pessoas decidindo o que elas querem. E um problema que a gente está notando, a partir do que vocês estão falando, é que às vezes falta uma conexão entre as pessoas que moram no lugar para poder fazer as coisas coletivamente, também. Que individualmente funciona, mas coletivamente fica bagunçado.

Aqui a dificuldade maior é a questão do material; eles compram todo mundo em um depósito só, e o cara cobra o que quer.

Aquele lá na Raja? Isso.

O vô da Romênia?É, pois é, ali é muito caro.

Mas onde vocês compraram os materiais?

Não, tem que comprar lá.

É igual a padaria, só existe aquela padaria. Se eles colocarem o pão a 10 reais o quilo, a gente tem que comprar, porque sem pão ninguém fica, né?

Então é assim, quem tem ganha muito dinheiro em cima de quem não tem. Porque não é quem tem, ali foi até invadido; ali era um chafariz na época, (01:22:00) aquele moço acabou, ele fez o depósito rápido, antes da Prefeitura chegar e cercar, porque era da Prefeitura e fez aquela coisa, aquele depósito. E hoje, não, ele vende, é só ele que vende, não tem mais ninguém aqui, não tem concorrência. Se um metro de areia ali, não sei se for 70 reais ou 80, tem que comprar lá. E ainda cobra mais 15 reais de carreto, só para entrar aqui dentro para entregar. Então, a dificuldade de quem mora aqui para construir já começa por aí, compra de material. Se tivesse mutirão, todo mundo comprava num lugar só, fizesse um depósito coletivo, não sei. Compra lá, não sei de onde que vem mais _________________________(01:22:43).

E essa conversa nunca aconteceu, não? Entre vocês?

Porque não tem união.

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Não tem, e também não tem um local para poder fazer isso.

Não, mas aí, se pedisse à Prefeitura um espaço para uma escala dessa. (01:23:00) Aí, se comprasse, juntava todo mundo, igual lojista hoje faz, igual, né, dono de sacolão faz, vai todo mundo e compra num lugar só. Compra mais barato, e deixa ali; tá depositado ali, aí precisou, vai pagando, vai pegando, vai repondo. Sabe, fazer tipo (interrupção)

Dando uma opinião pessoal, porque mesmo vindo alguém de fora e trazendo uma estrutura e tudo o mais, ela não vai valer de nada se não tiver essa união existente entre os moradores.

Isso, né, não tem. E é difícil.

Mas eu estou achando bom ouvir essas opiniões porque é a primeira entrevista que esse assunto surge assim, mais fortemente.

É, de um jeito crítico, né? Aqui não tem aquecimento solar, e o potencial é grande, aqui quase não tem muito prédio. Então, todo mundo faz gato porque não tem aquecedor solar e Cemig ninguém aguenta pagar, a maioria dos salários. (01:24:00) Então, eu acho, se houvesse incentivo... hoje faz aquecedor solar até com garrafa PET, mas o povo não sabe fazer, ninguém ensina a fazer.

Seria bom saber essas tecnologias?

Seria bom, reciclar lixo, ninguém sabe reciclar lixo aqui. Junta lixo, mosca, e coisa, e rato.

Você acha que, tendo essa informação, as pessoas iam querer fazer?Iam querer fazer e é só, se tivesse um Centro de Referência, né, onde a pessoa buscasse a informação. Ia ficar muito bom, não tem.

É, parece que ia ter um CRAS ali embaixo, mas acabou que não está funcionando, não tem nada, né?

É, o CRAS é do Ciame, que está funcionando em algumas coisas e em muitas, ainda não. Porque o Ciame saiu de lá tem pouco tempo, está surgindo esse CRAS, ainda está muito recente. (01:25:00)

Ciame é o que mesmo?Ciame é um lugar onde era o centro de referência aqui, onde que era cursos profissionalizantes, mas que ficou todo mundo com raiva porque era cursos aonde tirava os filhos da gente para não ter obrigação de fazer as coisas dentro de casa. Eles iam para lá, eles merendavam, eles almoçava, eles jantava, e não tinha diploma e não tinha curso e não sabia nada.

E não ajudava o pai em casa... (risos)Não, ali era só isso. Ficava aquele monte de menino almoçando e jantando e dever de casa, então você ia olhar, o que que aprendeu? Nada. Às vezes ia, almoçava, saía, ficava na rua o dia inteiro e falava assim: “eu estava lá” (risos). Foi por isso que muita gente aqui brigou, foi briga de muita gente para acabar com aquele Ciame. Aí acabou com ele, agora o CRAS está começando a habitar lá. A gente ainda vai ver o que vai dar esse CRAS (risos) (01:26:00) e vai ficar todo mundo esperando o que que vai dar esse CRAS ali ainda.

Tem quanto tempo mais ou menos, você sabe?

Não, esse projeto de CRAS ali deve ter uns dois meses que começou, ainda.

É, vamos ver no que que vai dar.

Tá bom, foi ótimo a conversa.Foi ótimo, rendeu muito.

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Não deu para ajudar muito, porque (risos)...

Mas é isso que a gente está em busca.Não, a gente quer saber isso mesmo, a impressão de vocês, essas dificuldades que vocês encontram e o que vocês acham que poderia ser diferente.

Ou o que é muito bom...[Pedem indicação para a próxima entrevista] Gente, muito obrigada.

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