Tralho ERU

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL SOCIOLOGIA DO TRABALHO – ERU 315 Trabalho Final Trabalho apresentado ao Prof. Luciano Rodrigues Costa como parte integrante da disciplina ERU 315- Sociologia do Trabalho.

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Sociologia do trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSACENTRO DE CINCIAS AGRRIASDEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURALSOCIOLOGIA DO TRABALHO ERU 315

Trabalho Final

Trabalho apresentado ao Prof. Luciano Rodrigues Costa como parte integrante da disciplina ERU 315- Sociologia do Trabalho.

Daniele Silva Rodrigues 70453

ViosaDezembro - 20141 QUESTOOs modelos de inspirao fordista tem impactado o mercado de trabalho das seguintes formas: grande mobilidade da mo-de-obra, crescimento da participao do trabalho informal, reduo dos salrios reais na maioria dos setores, aumento do recurso subcontratao do trabalho- com a participao do trabalho a domiclio, maior seletividade das empresas na contratao de trabalhadores - em termos da sua qualificao e atitudes - pela grande disponibilidade de mo-de-obra no mercado.O aumento da produtividade no significa aumento tambm nos postos de trabalho, pelo contrrio, est havendo uma diminuio destes postos de trabalho, visto que cada vez se produz mais com menos funcionrios. Essa diminuio dos postos de trabalho tem ocorrido principalmente na indstria, com isso uma parte desse contingente dispensado tem se deslocado para o setor tercirio, aumentando a precarizao do trabalho. Vale destacar que o aumento da precarizao nas relaes de trabalho e do desemprego so fortes impactos dos modelos de inspirao japonesa. A precarizao tida na medida em que as relaes formalizadas de emprego (com registro na carteira de trabalho) so substitudas cada vez mais por relaes informais de compra e venda de servios, fruto principalmente das terceirizaes, do trabalho domiclio e da contratao por tempo limitado. O trabalho formal tem se transformando mais em exceo do que uma regra, enquanto que os trabalhadores precrios trabalham cada vez mais, cumprindo longas jornadas que podem lev-los at a fadiga fsica ou mental.Os principais impactos advindos dos modelos japoneses foram:Uma crescente diviso entre as condies de trabalho em relao aos trabalhadores que ficam nas empresas sedes e os das terceirizadas, esses ltimos vivenciam uma situao de precariedade do trabalho. Uma diviso crescente entre trabalhadores (entre setores, grupos, trabalhadores com vnculo e sem vnculo, trabalhadores em ambiente precrio).Uma alterao na composio da fora de trabalho.A terceirizao/subcontratao se caracteriza como um fenmeno que passa a ocupar um lugar central nas chamadas novas formas de gesto e organizao do trabalho inspirados nos modelos japoneses, isso ocorre porque a terceirizao deixa de ser utilizada de forma marginal ou perifrica e se torna prtica chave para a flexibilizao produtiva nas empresas, transformando-se na principal via de flexibilizao dos contratos e do emprego.

Outra consequncia advinda dos modelos japoneses o aumento das cooperativas. A multiplicao de cooperativas de trabalho ou de produo industrial no pas resulta do processo de reestruturao econmica em curso e tem objetivado por um lado a reduo dos custos empresarias e por outro minimizar o desemprego oriundo do fechamento de fbricas, da terceirizao industrial e de servios. A falta de opo de emprego ou a busca de reduo empresariais a causa da organizao de cooperativas de recuperao de fbricas sem situao falimentar ou mesmo de cooperativas de mo de obra. Nas cooperativas os trabalhadores esto satisfeitos com emprego, mas questionam a ausncia dos direitos que teriam numa empresa regular. A ideia do trabalhador autnomo no passa necessariamente nas cooperativas, pela percepo da propriedade coletiva. O trabalhador assalariado continua a representar direitos e estabilidade. Pode-se afirmar que a cultura de cooperativas no trabalho tem grandes chances de reproduzir a cultura do assalariamento, contudo o trabalhador no recebe todos os direitos trabalhistas.

2 QUESTOComo consequncia da reestruturao produtiva do capitalismo na dcada de 1970, verificam-se transformaes nas formas de organizao do trabalho no espao de produo fabril. Umas das consequncias da reestruturao produtiva, conhecida como era da acumulao flexvel, a intensificao do trabalho. O sistema toyotista exige flexibilidade da produo e dos trabalhadores, pois o operrio tem que ser polivalente, trabalhar em equipe e ser bem qualificado, mas os salrios no so corrigidos a altura do aumento da qualificao. O grande empecilho para o objetivo da intensificao do trabalho o sindicato, mas na acumulao flexvel o sindicato controlado e manipulado pela classe patronal, surgindo termos como sindicalismo de participao / envolvimento ou sindicalismo de resultado. Isso s possvel, porque os trabalhadores tm que incorporar as concepes desse novo modo de fazer sindicalismo ou podem perder seus empregos. Com os sindicatos incorporados pelos valores do capital, Antunes (2003) afirma que isso levou ao um dualismo, ou seja, entre os trabalhadores empregados e desempregados. Isso resultou em um processo crescente de individualizao das relaes de trabalho, que ser chamado pelo autor de neocorporativismo, ou seja, os trabalhadores empregados faro de tudo para manterem-se no emprego enquanto que os desempregados procuraram formas precrias de se inserirem no sistema capitalista. O autor destaca que esse movimento provocou um racha na classe operria, pois ela ficou heterognea, fragmentada e complexa e assim as possibilidades de uma efetiva emancipao humana esto seriamente danificadas. O desemprego estrutural da fora de trabalho e a precarizao das condies de trabalho so resultados de todas essas transformaes ocorridas no mundo da produo, alm da forte tendncia para a flexibilizao das leis e do mercado em relao ao trabalho. Com isso o sindicato, que antes tinha o papel de proteger o trabalhador, passa a colaborar com o capitalismo, pregando ao trabalhador que para ele ser empregvel no mercado de trabalho ele deve ser competente, ou seja, a contnua preparao que o trabalhador dever buscar para se manter no emprego ou para conquistar outro emprego caso fique desempregado. E caso tal trabalhador deseje possuir o auto-emprego, onde no existe patro, ele deve buscar empreender (ser inovador).

3 QUESTO

A definio de qualificao tem sido compreendida a partir de duas clssicas perspectivas divergentes: a primeira delas foi desenvolvida por Georges Friedmann, ele definia a qualificao pelo saber fazer adquiridos tanto no trabalho quanto em sua aprendizagem sistemtica. Essa qualificao seria construda a partir do posto de trabalho e encontra-se no trabalhador. A segunda noo de competncia foi desenvolvida por Pierre Naville, em sua perspectiva a qualificao resultado de um processo de formao autnomo, ou seja, independente da formao espontnea no trabalho. Para Naville a qualificao dependeria de elementos presentes no ambiente social do trabalhador e seria relativa. Suas formas dependeriam tambm do estado das foras produtivas e das estruturas socioeconmicas nas quais os trabalhadores estivessem inseridos, tais como o tempo de escolarizao, o salrio, as operaes de classificao e a hierarquia do trabalho. Segundo Costa (2007), a noo de competncia emerge nos estudos sobre o trabalho a partir da nfase dada a polivalncia, entendida como um novo conjunto de capacidade que possam responder complexidade e a imprevisibilidade no novo modelo de produzir. Essas novas capacidade no estariam mais limitadas aos conhecimentos tcnicos (qualificao), mas abrangeriam amplas habilidades cognitivas e certas caractersticas comportamentais e atitudinais. A competncia deveria responder, nesta perspectiva, no tanto ao trabalho estabelecido, mas sim s imprevisibilidades tpicas de um ambiente de trabalho menos prescritivo. Desde o perodo taylorista-fordista at os dias atuais o desafio das organizaes tem sido coordenar e gerenciar sua mo-de-obra em busca de nveis de produtividade satisfatrios visando ainda um aumento da qualidade de seus produtos e servios.Para que estes nveis sejam alcanados, estas organizaes tem se utilizado de tecnologias de gesto e produo mais recentes e inovadoras que possam trazer uma excelncia nos processos e tarefas de seu dia-a-dia. Nesse sentido exige-se do trabalhador conhecimento sobre o saber fazer alm de vrias outras habilidades que o leve na melhoria de sua produtividade, fazendo-o valorizado no mercado de trabalho. No basta o trabalhador ser simplesmente qualificado ele deve ser competente para se manter no mercado de trabalho.O modelo de competncias adotado pelas empresas faz com que o trabalhador passe a ser responsvel pelo seu desempenho individual, sendo que o prprio trabalhador passe a se preocupar com seu processo de qualificao, para que este permanea inserido no mercado de trabalho. A organizao transfere esta responsabilidade ao trabalhador e fez com ele prprio obtenha sua sobrevivncia no dia-a-dia da organizao.

Referncias

ANTUNES. R. Os sentidos do trabalho. Editora Boitempo. So Paulo 2013.

COSTA, Luciano Rodrigues. A crise do fordismo e o embate entre qualificao e competncia: Conceitos que se excluem ou que se complementam? Disponvel em: .GARAY, Angela Beatriz Scheffer. Reestruturao Produtiva e Desafios de Qualificao: Algumas Consideraes Crticas. Disponvel em: . Acesso em 29 de novembro de 2014.

LIMA, Jacob Carlos. O trabalho em cooperativas: dilemas e perspectivas. In DRUCK. G. A perda da razo social do trabalho. Boitempo, So Paulo, 2007.

LIMA, J.C. Participao, empreendedorismo e autogesto: uma nova cultura do trabalho? Sociologias vol. 12. Porto Alegre. Sept/Dec. 2010.

SANTOS, Vinicius Correia. Da era fordista ao desemprego estrutural da fora de trabalho: mudanas na organizao da produo e do trabalho e seus reflexos. Disponvel em: . Acesso em 29 de novembro de 2014.

THBAUD-MONY. A. DRUCK. G. Terceirizao: a eroso dos direitos dos trabalhadores no Brasil. In DRUCK. G. A perda da razo social do trabalho. Boitempo, So Paulo, 2007.