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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X TRAJETÓRIA DO FUTSAL FEMININO NO BRASIL: UM CAMINHO REPLETO DE OBSTÁCULOS Cláudia Moraes e Silva Pereira 1 Alfredo Cesar Antunes 2 Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar a trajetória histórica do futsal feminino brasileiro e as implicações frente às questões de gênero. É perceptível a existência de uma tensão entre futsal e mulher atleta, no que diz respeito à representação social do futsal como um esporte masculino e a prática realizada por mulheres, em função das representações existentes em relação à construção da feminilidade. Traçar o percurso histórico da modalidade torna- se importante para interpretar o sentido da prática das diferentes agentes envolvidas no processo de constituição da modalidade. A pesquisa é de caráter qualitativo. Utiliza-se como metodologia a pesquisa bibliográfica. São selecionados artigos de periódicos científicos encontrados Portal Capes que discutem o futsal feminino no país e seus aspectos históricos. São excluídos artigos que trabalham com aspectos técnicos e de saúde referente ao futsal. Além disso, livros e outros materiais são elencados para a pesquisa. A história do futsal feminino no Brasil carrega contextos para além da prática esportiva em si, que podem se colocar como barreiras para a participação da mulher atleta na modalidade. Contextos estes vinculados a concepção histórica da mulher na sociedade e a construção de uma imagem voltada para a feminilidade. Assim, buscamos relacionar na história aspectos de gênero que influenciam a consolidação da modalidade no país. Palavras-chave: Futsal feminino; História; Gênero. Introdução Discutir sociologicamente o esporte moderno é ir além da melhor tática ou estratégica para se vencer um campeonato. Esporte possui um caráter polissêmico, ou seja, possui vários sentidos e significados, mediante ao contexto em que está inserido. Wanderley Marchi Jr (2004, p. 5) conceitua o esporte como “[...] uma atividade física em constante desenvolvimento, construída e determinada conforme uma perspectiva sociocultural, e em franco processo de profissionalização, mercantilização e espetacularização”. Entender o esporte desta maneira permite identificar as relações (internas e externas) existentes em uma modalidade esportiva e quais os reais interesses que se colocam através da realização e investimento na modalidade. Especificamente, a trajetória do futsal feminino possui elementos diferenciados do futsal masculino no Brasil. A participação feminina passa por inúmeras restrições e complicações em função do contexto social da mulher esportista no país e pela construção do futebol como esporte nacional masculino. Em relação à implementação da modalidade no país, uma das barreiras mais relevantes ocorreu vinculada à política nacional. Em 1941 foi elaborado o Decreto-Lei 3199 que proibia a participação das mulheres em esportes que não condiziam com a feminilidade. Em seu artigo 54 está explícito: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições 1 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Brasil. 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Brasil.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

TRAJETÓRIA DO FUTSAL FEMININO NO BRASIL: UM CAMINHO REPLETO DE

OBSTÁCULOS

Cláudia Moraes e Silva Pereira1

Alfredo Cesar Antunes2

Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar a trajetória histórica do futsal feminino brasileiro e as

implicações frente às questões de gênero. É perceptível a existência de uma tensão entre futsal e mulher atleta, no que

diz respeito à representação social do futsal como um esporte masculino e a prática realizada por mulheres, em função

das representações existentes em relação à construção da feminilidade. Traçar o percurso histórico da modalidade torna-

se importante para interpretar o sentido da prática das diferentes agentes envolvidas no processo de constituição da

modalidade. A pesquisa é de caráter qualitativo. Utiliza-se como metodologia a pesquisa bibliográfica. São selecionados

artigos de periódicos científicos encontrados Portal Capes que discutem o futsal feminino no país e seus aspectos

históricos. São excluídos artigos que trabalham com aspectos técnicos e de saúde referente ao futsal. Além disso, livros

e outros materiais são elencados para a pesquisa. A história do futsal feminino no Brasil carrega contextos para além da

prática esportiva em si, que podem se colocar como barreiras para a participação da mulher atleta na modalidade.

Contextos estes vinculados a concepção histórica da mulher na sociedade e a construção de uma imagem voltada para a

feminilidade. Assim, buscamos relacionar na história aspectos de gênero que influenciam a consolidação da modalidade

no país.

Palavras-chave: Futsal feminino; História; Gênero.

Introdução

Discutir sociologicamente o esporte moderno é ir além da melhor tática ou estratégica para

se vencer um campeonato. Esporte possui um caráter polissêmico, ou seja, possui vários sentidos e

significados, mediante ao contexto em que está inserido. Wanderley Marchi Jr (2004, p. 5)

conceitua o esporte como “[...] uma atividade física em constante desenvolvimento, construída e

determinada conforme uma perspectiva sociocultural, e em franco processo de profissionalização,

mercantilização e espetacularização”.

Entender o esporte desta maneira permite identificar as relações (internas e externas)

existentes em uma modalidade esportiva e quais os reais interesses que se colocam através da

realização e investimento na modalidade.

Especificamente, a trajetória do futsal feminino possui elementos diferenciados do futsal

masculino no Brasil. A participação feminina passa por inúmeras restrições e complicações em

função do contexto social da mulher esportista no país e pela construção do futebol como esporte

nacional masculino.

Em relação à implementação da modalidade no país, uma das barreiras mais relevantes

ocorreu vinculada à política nacional. Em 1941 foi elaborado o Decreto-Lei 3199 que proibia a

participação das mulheres em esportes que não condiziam com a feminilidade. Em seu artigo 54

está explícito: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições

1 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Brasil. 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Brasil.

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de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias

instruções às entidades desportivas do país” (BRASIL, 1941, p. 1). As mulheres foram proibidas de

participar de esportes como futebol, futsal, hugby, lutas, polo aquático e halterofilismo. Apenas em

1979 o decreto foi revogado.

A participação feminina dentro do campo esportivo emerge de um contexto e social

relacionado a papéis e funções sociais da mulher construídas historicamente. Segundo Rubio e

Simões (1999, p.50) "o papel desempenhado pela mulher no esporte confunde-se e mescla-se com

seu papel social na história da humanidade, história essa escrita e interpretada de um ponto de vista

masculino". A partir disso, mulher e esporte se apresenta como uma relação repleta de nuances.

Ainda assim, como dados relevantes, a seleção brasileira de futsal feminino, desde a sua

consolidação no campo esportivo, conquistou todos os títulos internacionais disputados. No

Campeonato Sul-Americano de Futsal Feminino organizado nos anos de 2005, 2007, 2009 e 2011

as atletas brasileiras saíram vitoriosas, assim como nas cinco edições do Campeonato Mundial

Feminino de Futsal, nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 (CBFS, 2015).

Nesse aspecto, intentamos refletir a trajetória do futsal feminino no Brasil a fim de

observar a existência de possíveis barreiras e limitações mediante resultados positivos em

competições esportivas internacionais. Entendendo o esporte como fenômeno sociocultural, é

possível que as vitórias da Seleção Brasileira não representem as dificuldades enfrentadas pelas

mulheres na prática do futsal feminino, o que nos possibilita aprofundar em questões históricas e

culturais da participação da mulher no esporte.

Reflexões acerca do subcampo esportivo futsal e as implicações na participação feminina

O esporte da atualidade é denominado de esporte moderno, diferente de outros contextos

históricos no qual este esteve presente. Como definição, o esporte é um fenômeno social e

processual presente na sociedade contemporânea, repleto de significados e sentidos que se

entrelaçam no contexto esportivo, vinculados a processos de mercantilização, espetacularização e

profissionalização (MARCHI JUNIOR, 2004; SALVINI, 2012).

Para uma leitura adequada do esporte é possível uma análise relacional baseada na Teoria

Reflexiva de Bourdieu realizada pela “análise da relação entre posições sociais (conceito

relacional), as disposições (ou os habitus) e as tomadas de posição, as ‘escolhas’ que os agentes

sociais fazem nos domínios mais diferentes da prática” (BOURDIEU, 1996, p. 17, grifos do autor).

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O esporte sociologicamente pensado se insere em um campo macrossocial sofrendo influências

internas e externas à sua prática e se consolida como prática social.

A estrutura e o funcionamento do esporte moderno “estão fundamentados em uma lógica

ditada por uma sociedade que tem como referência a produção” (RUBIO, 2011, p. 86), organizado

sobre os pilares da sociedade capitalista. Nesse aspecto, o esporte moderno pode ser considerado

um produto a ser consumido, um espetáculo a ser vendido e uma profissão a ser adquirida.

O futsal, como todo e qualquer esporte, está imerso neste contexto relacional. Originário

nacionalmente da Associação de Moços de São Paulo, em 1940, a modalidade surge das “peladas”

organizadas em quadras e basquete e hóquei como uma adaptação da prática do futebol de campo,

já que havia grandes dificuldades de se encontrar campos livre para a realização do futebol. Surge

primeiramente como futebol de salão3 (CBFS, 2015) e carrega símbolos inerentes ao futebol que se

transferem ao futsal, pela proximidade entre as modalidades e pela grande repercussão nacional.

Entre o futebol e o futsal, o futebol em termos de mercantilização, espetacularização e

profissionalização pode ser considerado o campo de maior destaque no contexto esportivo. Já o

futsal ainda busca o seu espaço.

Considera-se na pesquisa o futsal como subcampo dentro do campo esportivo. De acordo

com a Teoria Reflexiva de Pierre Bourdieu, campo é um espaço social estruturado que ao mesmo

tempo se apresenta como um campo de forças representado pelas necessidades dos agentes

envolvidos e como um campo de lutas, no qual os agentes se enfrentam conforme as posições no

campo de forças. Tais relações podem determinar a conservação ou a transformação da estrutura do

campo (BOURDIEU, 1996).

Pode ser entendido como um espaço de lutas e de disputas entre “o amadorismo e o

profissionalismo, o esporte-prática e o esporte-espetáculo, o esporte distintivo (de elite) e os esporte

popular (de massas)” (BOURDIEU, 1993 apud MARCHI JUNIOR, 2004, p. 55). Repleto de

disputas e competições, o campo esportivo se estrutura mediante interesses de agentes e instituições

participantes desse campo tais como atletas, árbitros, técnicos, gestores como prováveis agentes e

mídia, imprensa, confederações e patrocinadores como possíveis instituições.

3 De acordo com Wilton Carlos de Santana, o futebol de salão é o precursor do futsal. Regido e organizado pela

Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), o futebol de salão surge na década de 30, sendo praticado por

muitos países inclusive o Brasil. Na década de 80, houve um interesse da Federação Internacional de Futebol (FIFA –

Federation Internacionale Football Association) em assumir o futebol de salão. Não obtendo sucesso, a FIFA realiza o

1º campeonato de futebol cinco (futebol de salão com regras alteradas) e obtém uma fusão deste com o futebol de salão,

sem aceitação da FIFUSA. Atualmente o futebol de salão no Brasil aparece como uma modalidade marginalizada,

enquanto o futsal como esporte em ascensão. (SANTANA, 2010).

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As disputas e aproximações que ocorrem dentro do subcampo vão determinar interesses e

ações relacionadas aos processos de profissionalização, mercantilização e espetacularização da

modalidade. Dependendo das relações de poder e das lutas dentro do subcampo do futsal, o espaço

social se organiza e reorganiza na busca de adequações ou transformações da estrutura estabelecida.

As instituições são responsáveis pela distribuição do capital cultural, ou seja, pela

transmissão dos saberes e conhecimentos reconhecidos, podendo ser classificados como

incorporado, objetivado e institucionalizado.

O capital cultural existe sob três formas, a saber: a) no estado incorporado, sob a forma de

disposições duráveis do organismo. Sua acumulação está ligada ao corpo, exigindo

incorporação, demanda tempo, pressupõe um trabalho de inculcação e assimilação. Esse

tempo necessário deve ser investido pessoalmente pelo receptor - "tal como o

bronzeamento, essa incorporação não pode efetuar-se por procuração"; b) no estado

objetivado, sob a forma de bens culturais (quadros, livros, dicionários, instrumentos,

máquinas), transmissíveis de maneira relativamente instantânea quanto à propriedade

jurídica. Todavia, as condições de sua apropriação específica submetem-se às mesmas leis

de transmissão do capital cultural em estado incorporado; c) no estado institucionalizado,

consolidando-se nos títulos e certificados escolares que, da mesma maneira que o dinheiro,

guardam relativa independência em relação ao portador do titulo. (NOGUEIRA; CATANI,

1998, apud MARCHI JUNIOR, 2004, p. 41, grifos do autor).

Pensando no subcampo do futsal, o capital cultural em estado incorporado poderia ser

relacionado com as construções sociais que mantém aspectos tradicionais de se pensar a

modalidade, como no caso de identifica a prática do futsal com uma prática apenas masculina. Em

estado objetivado está relacionado a livros, figuras, imagens que demonstram meninos e homens

realizando a prática, o que dificilmente ocorre com atletas mulheres. E, por fim, no estado

institucionalizado exemplifica-se a formação profissional enquanto técnicos e cientistas da área.

O capital cultural incorporado define o habitus, isto porque relaciona-se diretamente às

experiências individuais e coletivas dos sujeitos e a construção de comportamentos e linguagens

que acompanham-no durante sua trajetória de vida.

A cada classe de posições corresponde uma classe de habitus (ou de gostos) produzidos

pelos condicionamentos sociais associados á condição correspondente e, pela intermediação

desses habitus e de suas capacidades geradoras, um conjunto sistemático de bens e de

propriedades, vinculadas entre si por uma afinidade de estilo. [...] Uma das funções da

noção de habitus é a de dar conta da unidade de estilo que vincula as práticas e os bens de

um agente singular ou de uma classe de agentes [...]. O habitus é esse princípio gerador e

unificador que retraduz as características intrínsecas e relacionais de uma posição em um

estilo de vida unívoco, isto é, em um conjunto unívoco de escolhas de pessoas, de bens, de

práticas. (BOURDIEU, 1996, p.21-22).

O corpo é a objetivação do habitus no qual está sujeito a um processo de socialização. “O

habitus engendra práticas ajustadas ao princípio de visão e divisão de um campo e ajusta esta

construção de ordem social, àqueles que também as reconhecem e apreciam” (SALVINI, 2012, p.

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50). Nesse sentido, aproximações de comportamentos, gostos e estilos de vida das atletas de futsal

feminino podem se aproximar ao masculino, pela consolidação do habitus existente no subcampo

do futsal já estabelecido. Assumir este habitus pode estar relacionado a uma estratégia para maior

aceitação em um campo que historicamente se construiu como masculino.

Por outro lado, ocorre uma dinâmica de tentar feminizar os corpos das mulheres

futebolísticas, feminizando a aparência de seus corpos, na tentativa de construir uma identidade do

futsal feminino mais próxima aos ideais sociais esperados pela mulher atleta (GOELLNER, 2006).

Reforça-se assim o habitus referente a feminilidade da atleta relacionada ao “belo sexo”, ao corpo

dócil e delicado, longe de processos de masculinização que possam surgir com a prática do futsal.

Estabelece, portanto, a sociedade que Bourdieu (2010) denomina de androcêntrica4 em que

se constituem esquemas classificatórios que revelam os modelos que devem ser seguidos e que são

absorvidos a partir do que se denomina de dominação masculina, através da violência simbólica. O

autor nomeia de ‘poder simbólico’ a relação de poder estabelecida na sociedade sem uso de força

física, mas um poder invisível, que coloca todos os seres humanos submetidos à ordem

androcêntrica.

Sendo campo esportivo um espaço amplo, de intensas negociações e conflitos, composto

por diferentes estruturas e agentes que possuem um capital cultural e um habitus construído, a

inserção das mulheres no esporte passa por “batalhas” e disputas enfrentadas para se inserirem neste

espaço social (BOURDIEU, 1996).

Aspectos Metodológicos

A fim de sustentar a pesquisa com artigos e discussões atuais sobre a temática pesquisada,

buscamos artigos científicos que, em seu desenvolvimento, explanassem sobre a trajetória do futsal

feminino no Brasil. Optamos em trabalhar com o Portal Capes, por ser uma base de dados acessível

e disponível facilmente.

Em primeira busca obtivemos 410 artigos que levantamos com a palavra-chave futsal

feminino. Quando refinamos a busca por artigos analisados por pares, obtivemos um total de 117

artigos publicados entre os anos de 2007 e 2016. Não restringimos a análise em base a um critério

4 Na lógica androcêntrica, Bourdieu (2010) desenvolve o conceito de que o homem situa-se como o centro da sociedade

e todos os outros elementos constituintes desta se colocam na lógica de satisfação ao modelo masculino. Nesse sentido,

constituem-se esquemas classificatórios que revelam os modelos que devem ser seguidos e que são absorvidos a partir

do que se denomina de dominação masculina.

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temporal, já que estamos buscando aspectos históricos do desenvolvimento da modalidade e,

portanto, mantemos todos os artigos encontrados.

Dos 117 trabalhos que aparecem no Portal Capes, 23 destes são indicados mais do que uma

vez no levantamento. Nesse aspecto o total de artigos para a análise da pesquisa se estabelece em

um número de 94 trabalhos válidos para a primeira análise.

Como critério para seleção, realizamos a leitura de todos os resumos dos 94 artigos a fim

de encontrar relações com a história do futsal feminino e aspectos históricos que contribuíram com

o desenvolvimento da modalidade esportiva. Foram excluídos artigos com as seguintes temáticas

encontradas: futsal e pedagogia do esporte, treinamento e alto rendimento no futsal, motivação e

aspectos da aprendizagem motora pelo futsal, temas que não envolvesse diretamente o futsal

feminino como aspectos nutricionais de atletas da modalidade, todos os quais não apresentavam

nenhum aspecto referente a história do futsal feminino. A partir disso delimitamos 11 artigos que

compõe a análise da pesquisa, como observamos no organograma abaixo:

Figura 1 - Organograma representativo da seleção dos artigos analisados para a pesquisa

Fonte: Os autores

Os 11 artigos que selecionamos estão representados em uma tabela a qual delimita os

autores, o título, as palavras-chave e o objetivo. Percebemos que nenhum artigo trata

exclusivamente sobre a trajetória do futsal feminino, contudo são trabalhos que apresentam em seu

desenvolvimento aspectos históricos da modalidade, vezes de forma menos frequente, vezes de

forma mais profunda.

Tabela 1 - Relação dos artigos selecionados para análise

Autor Título Palavras-chave Objetivo

BASTOS, P.V.;

NAVARRO, A.C.

O futsal feminino escolar Futsal; Futsal

feminino; Prática

escolar.

Realizar levantamento e quantificar os dados

primários sobre a prática do futsal feminino

escolar.

ROSA, C.F.,

COSTA, N.G.R;

NAVARRO, A.C.

A prática do futsal

feminino na formação

das jogadoras brasileiras

de futebol.

Futsal; Formação;

Futebol;

Feminino;

Contribuição.

O objetivo foi investigar a presença do futsal

no histórico de formação de jogadoras da elite

do futebol.

FELTRIN, M.B.

LOPES, C.H.;

NAVARRO, A.C.

PELLEGRINOTTI;

I. .L.; DELAFIORI,

Caracterização de

praticantes de futebol

feminino no Brasil.

Futebol Feminino;

Atletas;

Treinamento;

Caracterização.

Quantificar o total de estudos na literatura

brasileira que buscaram investigar e

caracterizar as praticantes de futebol feminino

do país.

410293

11794

83

1123

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R.

MARTINS, L.N Futsal feminino: perfil

das atletas nos jogos de

Minas Gerais 2012

e implicações

pedagógicas

Futsal feminino;

Prática

sistemática;

Iniciação

esportiva.

Identificar o perfil das atletas de futsal

feminino da categoria adulta da região central

do estado de Minas Gerais e discutir possíveis

implicações para a modalidade.

LISBÔA,I. ;

MEDEIROS, W.;

ROBERTO, J.;

SALES, R.P.

Análise dos índices de

massa corpórea nas

categorias de base do

futebol feminino de São

José dos Campos-SP

Índice de Massa

Corpórea, Futebol

Feminino,

Categorias de

Base.

Analisar os Índices de Massa Corpórea de

jovens atletas de futebol do gênero feminino

de um programa de treinamento esportivo da

cidade de São José dos Campos nas suas

categorias de base.

CUSIN, M.A.

NAVARRO, A.C

Perfil psicológico das

atletas femininas da

federação paulista de

futsal

Futsal; Futsal

Feminino; Perfil

Psicológico; Alto

Rendimento

Investigar o perfil psicológico das atletas

femininas da federação paulista de futsal

ROCHA; R.E.R.

WALTRICK, T.;

VENERA, G.D.

Composição corporal,

qualidades físicas e

características

dermatoglíficas das

atletas da seleção

brasileira de futsal

feminino por posição de

jogo.

Futsal.

Composição,

Corporal.

Qualidades

Físicas.

Predisposição

Genética.

Avaliar a composição corporal, qualidades

físicas e características dermatoglíficas das

atletas da Seleção Brasileira de futsal

feminino por posição de jogo.

MÉDICI, B.M.;

CAPARROS, D.R.;

NACIF, M.

Perfil nutricional de

jogadores profissionais

de futsal

Composição

corporal;

Comportamento

alimentar;

Hidratação

Avaliar o perfil nutricional de jogadores

profissionais de futsal

MOREIRA, M.A.

NAVARRO, A.C.;

ZANETTI, M.C.

Perfil de IMC,

somatotipo, agilidade e

resistência anaeróbica

láctica de atletas de

futsal feminino das

categorias sub 15, 17, 19

e adulto.

Futsal feminino;

Categoria; IMC;

Somatotipo;

Testes físicos.

O objetivo desse estudo foi de verificar e

comparar às possíveis diferenças do índice de

massa corporal (IMC), somatotipo, agilidade

e resistência anaeróbica láctica de atletas de

futsal feminino das categorias sub 15, 17, 19 e

adultos do município de São José do Rio

Pardo.

MENEZES, R.V.;

LOPES, A.G.

Influência de um período

de preparação física na

capacidade de resistência

aeróbia em universitárias

praticantes de futsal

Futebol;

Resistência física;

Aptidão física.

O objetivo deste estudo foi verificar avaliar e

analisar alterações na resistência aeróbia em

universitárias praticantes de futsal.

SILVA; F.M.;

SILVA; J.A.M.D.;

ALMEIDA NETO,

A.F.; SALATE,

A.C.B.

Perfil de lesões

desportivas em atletas de

futsal feminino de

Marília

Fisioterapia;

Futebol;

Traumatismos em

atletas.

Neste estudo, objetivou-se caracterizar os

tipos de lesões em atletas do sexo feminino,

praticantes de futsal

Fonte: Os autores

Os artigos foram lidos na íntegra e os elementos históricos sobre a trajetória do futsal

feminino no Brasil são apresentados nos resultados da pesquisa.

Resultados

Como resultado do levantamento das fontes o primeiro tópico que sistematizamos foi a

cronologia dos acontecimentos em relação à modalidade no país. Bastos e Navarro (2009), ao

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estudar sobre o futsal feminino escolar, trazem a tona alguns aspectos do caminho traçado pelo

futsal feminino no país. Das informações obtidas por esta pesquisa em conjunto com os artigos de

Martins (2013), Lisboa, Medeiros e Sales (2014), Rocha, Waltrick e Venera (2013), Medici,

Caparros e Nacif (2012), Moreira, Navarro e Zanetti (2014), construímos a cronologia abaixo:

Tabela 2 - Trajetória Cronológica do Futsal Feminino

Ano Acontecimento

1928 Primeira participação das mulheres nos esportes nas Olimpíadas de Amsterdã

1930 O Futsal ou “Futebol de salão” teve origem na América do Sul, mais especificamente em Montevidéu

(Uruguai), na década de 30, através do professor Juan Carlos Ceriani. Na mesma época o esporte chegou ao

Brasil.

1941 Proibição das mulheres em participar de modalidades esportivas pelo Decreto Lei 3199

1965 Deliberação do Conselho Nacional de Desportos nº 7/65: proibição de práticas esportivas pelas mulheres tais

como: lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby,

halterofilismo e baseball.

1979 Revogação do Decreto Lei e da Deliberação do Conselho Nacional de Desportos

1982 Primeiro Campeonato Mundial de Futsal

1983 A prática do futsal feminino foi autorizada pela FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão). O

Conselho Nacional de Desportos liberou a prática do Futebol e Futsal para as mulheres e a prática do futsal

feminino se oficializou.

1986 Resolução nº2: o Conselho Nacional de Desporto baixou a Recomendação nº2 que reconheceu a necessidade

de estimular a participação da mulher nas diversas modalidades desportivas no país, mas nenhuma prática

estava oficializada pela CBFS.

1987 A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já havia cadastrado quarenta mil jogadoras e dois mil clubes de

futebol.

1992 Foi organizado o primeiro campeonato oficial pena CBFS: I Taça Brasil de Clubes com 10 equipes

participantes indicadas pelas Federações. Foram organizados campeonatos estaduais em quase todos os estados

que garantiriam vagas para as próximas edições da Taça Brasil.

2001 Realização de campeonatos com participantes juvenis. Convocação da primeira seleção brasileira de futsal

feminino para um desafio internacional contra o Paraguai.

2002 Realização do primeiro Campeonato Brasileiro de Seleções Femininas na cidade de São Paulo

2003 Surgiram as competições de categorias de base (sb-15, sub- 17, sub-20 e adulto). A CBFS organiza a primeira

competição Taça Brasil de Clubes para categoria sub-20.

2004 Acontece a primeira Taça Brasil sub-15

2005 Acontece os Jogos Abertos Brasileiros onde participaram os campeões dos estados do Paraná, Santa Catarina,

Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Ainda foi convocada mais uma vez a

seleção brasileira para fazer amistosos na Espanha, cuja equipe foi considerada uma das melhores do mundo.

Disputou o I Campeonato Sul Americano na cidade de Barueri contra as equipes do Paraguai, Uruguai,

Argentina, Peru e Equador. Ainda em 2005, a CBFS criou a I Liga Futsal Feminino com 10 equipes divididas

em 3 grupos, com lançamento oficial na cidade de Londrina. Criação das Taças Brasil do Sub-15, 17, 20 e do

campeonato brasileiro de seleções

2006 II Liga de Futsal feminina com 12 equipes e a seleção brasileira é convocada para mais amistosos na Espanha.

2007 A Fédération Internationale de Footbal Association (FIFA, 2007) oficializa 175 mil mulheres registradas,

sendo estas participantes regulares de competições de Futsal, em todo o mundo.

2008 Realização do primeiro Campeonato Mundial de Futsal Feminino.

2012 21ª edição da Taça Brasil de Clubes. No Paraná acontece a Taça Paraná e o Paranaense feminino nas categorias

mirim (sub 13), infantil (sub15) Infanto (sub17) Juvenil (sub20) e adulto. Em Minas Gerais estão sendo

realizados o campeonato Metropolitano Adulto Feminino e o Estadual sub 15, 17, 20 e adulto.

Fonte: Os autores

Para além dos dados cronológicos, outros elementos aparecem nos artigos que corroboram

com a fundamentação teórica com a qual iniciamos o presente trabalho. O primeiro aspecto que

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encontramos foi a relação existente entre a trajetória da modalidade e a história da educação física

no Brasil. A fragmentação da prática esportiva em nível educacional se apresenta na discussão de

Bastos e Navarro (2009) onde afirmam que a história da educação física contribuiu para a

caracterização dos comportamentos femininos e masculinos, mantendo papéis sexuais distintos e

determinados pelo sexo. Quando a educação física é introduzida nas escolas, a participação das

meninas nas práticas esportivas foi restrita.

Bastos e Navarro (2009) também chamam a atenção para comparação na educação de

meninos e meninas, onde aqueles são livres e libertos, jogam bola na rua e desenvolvem atividades

relacionadas a motricidade ampla. Enquanto que as meninas cabem o desencorajamento e a

proibição de brincadeiras e atividades amplas em detrimento de atividades que desenvolvam a

motricidade fina.

No mesmo sentido, Cusin e Navarro (2013) e Menezes e Lopes (2015) relacionam a

trajetória do futsal feminino com aspectos históricos e culturais do desenvolvimento do esporte na

sociedade, e as influências dos valores de gênero neste processo. Com base das discussões de

Kinijnik, os autores ressaltam o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho nas

décadas de 60 e 70 que interferiu na inserção das mesmas no esporte, já que este é entendido como

fenômeno cultural e social. Com o desenvolvimento do esporte moderno, a mulher passa a

contribuir nas funções de treinadora, dirigente, árbitra, repórter, apresentadora de programas

esportivos, dentre outros. Ainda, destacam a existência de diferenças na frequência de participantes

mulheres em atividades físico-esportivas e no esporte de rendimento, que se estabelecem em ideias

do senso comum a partir de estereótipos que ainda inibem a participação feminina.

Por fim, dois artigos se preocuparam em refletir algumas barreiras contemporâneas que as

atletas encontram por treinarem futsal. Silva, Silva, Almeida Neto e Salade (2011) já apontavam

para a crescente popularidade da modalidade tanto nas categorias masculinas como femininas,

indicando a existência de altos níveis de habilidade técnica, tática e demanda por desempenho

individual, que precisam cada vez mais de incentivo e divulgação da atividade esportiva.

Feltrin, Lopes, Navarro, Pellegrinotti e Delafiori (2012) sugerem que os aspectos que

bloqueiam a divulgação do futsal feminino relaciona-se a falta de tradição, cultura brasileira,

estrutura tecnológica, omissão da mídia, falta de patrocinadores e, contrariando a ideia do artigo

anterior, a baixa popularidade. Assim apontam como saída a adoção de um mecanismo de incentivo

por parte das federações e confederações, além de capacitação dos profissionais que trabalham

como o futsal feminino.

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Percebemos que três aspectos predominam nos artigos quando se trata de trajetória do

futsal feminino no Brasil. O primeiro é a cronologia que nos passa a visão de como o futsal se

estabelece concretamente nos espaços esportivos, principalmente no que diz respeito ao alto

rendimento. O segundo aspecto foca nas discussões de gênero que influenciam tal prática, como

sugerimos na fundamentação teórica da presente pesquisa. Ao compreender historicamente o

esporte, é necessário observar que possui uma função social vinculada a elementos macrossociais,

que auxiliam na construção de valores e condutas. Nesse aspecto, a trajetória do futsal feminino

acompanha construções históricas e culturais de gênero, principalmente em relação a mulher em

sociedade.

Por fim, o terceiro ponto aparece na extensão do anterior, onde, a partir das reflexões sobre

a mulher e o esporte, observamos barreiras e limitações acerca do investimento à modalidade em

função dos aspectos culturais que perpassam o futsal feminino. Invisibilidade e falta de patrocínio

aparecem como principais elementos concretos.

Isto posto, concluímos que, para observar a trajetória do futsal feminino no Brasil

precisamos nos aprofundar em aspectos históricos e culturais que atravessam o gênero, o esporte e a

modalidade esportiva citada. Além disso, os estudos atuais pouco abordam tais aspectos, o que pode

dificultar reflexões nesse sentido e a superação de barreiras apresentadas pelas pesquisas. Portanto,

apontamos para a atenção para tais aspectos a fim de contribuir com uma análise mais ampla e

completa sobre a trajetória do futsal feminino no país.

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TRAJECTORY OF THE FEMALE FUTSAL IN BRAZIL: A REPLY PATH OF

OBSTACLES

Abstract: The objective of this work is to present the historical trajectory of Brazilian women futsal

and the implications for gender issues. The existence of a tension between futsal and female athlete

is perceptible, about the social representation, as a masculine sport, and the practice performed by

women, in function of representations existing in relation to the construction of femininity. Tracing

the historical course of the modality becomes important to interpret the meaning of the practice of

the different agents involved in the process of constitution of the modality. This research is

qualitative. Bibliographic research is used as methodology. Articles from Portal Capes are selected

from periodical portals that discuss women's futsal in the country and its historical aspects. Articles

dealing with technical and health aspects of futsal are excluded. In addition, books and other

materials are listed for research. History of women's futsal in Brazil carries contexts beyond the

sports practice itself, which can be placed as barriers to the participation of female athletes in the

sport. These contexts are linked to the historical conception of women in society and the

construction of an image focused on femininity. Therefore, we seek to relate in history aspects of

gender that influence the consolidation of the modality in the country.

Key-words: Woman futsal; History; Gender.