Tradução Jauss - por uma estética da recepção

5
Referencias sobre o assunto GUMBRECHT, Hans Ulrich. Corpo e forma: ensaios para uma crítica não-hermenêutica. João Cezar de Castro Rocha (org.). Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. JAUSS, Hans Robert. O prazer estético e as Experiências Fundamentais da Poiesis, Aesthesis e Katharsis. In: LIMA, Luis (org.). A literatura e o leitor – textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. LIMA, Luis (org.). A literatura e o leitor – textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção e leitura. São Paulo: educ, 2000. *ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 2009 *JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. Trad. De Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994. Fichamento do texto Histoire et histoire de l’art in POUR UNE ESTHÉTIQUE DE LA RÉCEPTION. No domínio das artes, a história apresenta a primeira vista duas visões contraditórias. De uma parte, a historia da arquitetura, da musica, da literatura parece caracterizada por um degrau suficiente de consistência e também de transparência. Na sucessão cronológica das obras há qualquer coisa de concretude, de maior evidencia que uma seqüência de eventos políticos, é mais fácil visualizar claramente pelas transformações relativas lentas que caracterizam a historia de um estilo que de um processo anônimo da historia social. Valéry bem expressou sua opinião entre a história e a historia da arte, dizendo que nela as produções são “filhas visíveis umas das outras” que entanto “cada filho parece ter mil pais e reciprocamente”. Podemos concluir de sua afirmação que o homem é ele mesmo autor de sua historia e se justifica sem duvida com maior evidencia nos domínios das artes que em outro lugar. Mas se de outra parte nós estudamos os diferentes modelos metodológicos adotados pelos historiadores de arte, nos tempos pré-científicos também nos tempos do positivismo, constatamos que esta consistência que se eleva ao nível do detalhe é adquirida ao preço de uma inconsistência extrema ao nível do conjunto, que se considerem as relações entre as diferentes formas de arte ou aqueles que eles mantêm com o processo da história geral. Antes de tomar a forma da historia dos estilos, a historia da arte consistia em uma multiplicidade de estudos biográficos entre eles a única ligação é uma tabela de conteúdos aproximados por uma ordem cronológica. Escrevendo a história da literatura, os humanistas também escreveram primeiro as histórias, quer dizer as biografias de autores ordenados segundo a data de sua morte e às vezes também classificados entre autores. Inspiramos-nos na biografia de Plutarque, que também deu exemplos paralelos. Este tipo de organização de exposição caracteriza o primeiro estado da historia da arte, o das historias; os “paralelos” foram ate o fim do sec. xviii, o instrumento da recepção da arte antiga e do debate sobre sua exemplaridade. Em efeito, o paralelo com o gênero literário, é utilizado sobre obras e autores considerados em particular ou, em extensão, de gêneros, do classicismo nacional ou das literaturas antigas e modernas, implica uma idéia de uma perfeição intemporal, critério de toda comparação. A arte se manifesta pela historia sobre uma espécie de uma multiplicidade de processos evolutivos naturais onde cada um se ordena em relação ao seu ponto de perfeição, e que as normas estéticas permite comparar àqueles que os precederam. Fazendo uma soma de todas estas histórias em que as artes se manifestam, nos podemos então reconstituir o esquema histórico unitário de um retorno cíclico ao classicismo – no sentido amplo de um apogeu cultural; este esquema caracteriza a historia cultural como se concebeu e escreveram os humanistas, desde Voltaire inclusivamente. O historicismo, na sua fase positivista, determina a passagem da historia das artes a um segundo estado de sua evolução. O princípio é explicar a obra de arte pela soma de suas determinações históricas; em conseqüência tinha por cada obra retomar integralmente a pesquisa, a fim de atender pelas fontes de origem e pela vida do autor as determinações nacionais da época e do meio. Encontrando as fontes, somos inevitavelmente conduzidos a encontrar também as fontes das fontes e a se perder pelas histórias – ou o mesmo que procurar a relação entre obra e vida. Mas é então a relação das obras em sua sucessão significativa que se perde em um vazio histórico que a simples justaposição cronológica deixou aparente se ele não esteve mascarado pelas generalidades vagas em relação a atualidade e as escolas, ou preenchido por uma seqüência puramente externa, emprestado da historia geral e

description

tradução livre do texto do filólogo alemão

Transcript of Tradução Jauss - por uma estética da recepção

Page 1: Tradução Jauss - por uma estética da recepção

Referencias sobre o assuntoGUMBRECHT, Hans Ulrich. Corpo e forma: ensaios para uma crítica não-hermenêutica. João Cezar de Castro Rocha (org.). Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.JAUSS, Hans Robert. O prazer estético e as Experiências Fundamentais da Poiesis, Aesthesis e Katharsis. In: LIMA, Luis (org.). A literatura e o leitor – textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.LIMA, Luis (org.). A literatura e o leitor – textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção e leitura. São Paulo: educ, 2000.*ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 2009*JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. Trad. De Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994.Fichamento do textoHistoire et histoire de l’art  in  POUR UNE ESTHÉTIQUE DE LA RÉCEPTION.No domínio das artes, a história apresenta a primeira vista duas visões contraditórias. De uma parte, a historia da arquitetura, da musica, da literatura parece caracterizada por um degrau suficiente de consistência e também de transparência. Na sucessão cronológica das obras há qualquer coisa de concretude, de maior evidencia que uma seqüência de eventos políticos, é mais fácil visualizar claramente pelas transformações relativas lentas que caracterizam a historia de um estilo que de um processo anônimo da historia social. Valéry bem expressou sua opinião entre a história e a historia da arte, dizendo que nela as produções são “filhas visíveis umas das outras” que entanto “cada filho parece ter mil pais e reciprocamente”.  Podemos concluir de sua afirmação que o homem é ele mesmo autor de sua historia e se justifica sem duvida com maior evidencia nos domínios das artes que em outro lugar.Mas se de outra parte nós estudamos os diferentes modelos metodológicos adotados pelos historiadores de arte, nos tempos pré-científicos também nos tempos do positivismo, constatamos que esta consistência que se eleva ao nível do detalhe é adquirida ao preço de uma inconsistência extrema ao nível do conjunto, que se considerem as relações entre as diferentes formas de arte ou aqueles que eles mantêm com o processo da história geral.  Antes de tomar a forma da historia dos estilos, a historia da arte consistia em uma multiplicidade de estudos biográficos entre eles a única ligação é uma tabela de conteúdos aproximados por uma ordem cronológica. Escrevendo a história da literatura, os humanistas também escreveram primeiro as histórias, quer dizer as biografias de autores ordenados segundo a data de sua morte e às vezes também classificados entre autores. Inspiramos-nos na biografia de Plutarque, que também deu exemplos paralelos.  Este tipo de organização de exposição caracteriza o primeiro estado da historia da arte, o das historias; os “paralelos” foram ate o fim do sec. xviii, o instrumento da recepção da arte antiga e do debate sobre sua exemplaridade. Em efeito, o paralelo com o gênero literário, é utilizado sobre obras e autores considerados em particular ou, em extensão, de gêneros, do classicismo nacional ou das literaturas antigas e modernas, implica uma idéia de uma perfeição intemporal, critério de toda comparação. A arte se manifesta pela historia sobre uma espécie de uma multiplicidade de processos evolutivos naturais onde cada um se ordena em relação ao seu ponto de perfeição, e que as normas estéticas permite comparar àqueles que os precederam. Fazendo uma soma de todas estas histórias em que as artes se manifestam, nos podemos então reconstituir o esquema histórico unitário de um retorno cíclico ao classicismo – no sentido amplo de um apogeu cultural; este esquema caracteriza a historia cultural como se concebeu e escreveram os humanistas, desde Voltaire inclusivamente.O historicismo, na sua fase positivista, determina a passagem da historia das artes a um segundo estado de sua evolução. O princípio é explicar a obra de arte pela soma de suas determinações históricas; em conseqüência tinha por cada obra retomar integralmente a pesquisa, a fim de atender pelas fontes de origem e pela vida do autor as determinações nacionais da época e do meio.    Encontrando as fontes, somos inevitavelmente conduzidos a encontrar também as fontes das fontes e a se perder pelas histórias – ou o mesmo que procurar a relação entre obra e vida. Mas é então a relação das obras em sua sucessão significativa que se perde em um vazio histórico que a simples justaposição cronológica deixou aparente se ele não esteve mascarado pelas generalidades vagas em relação a atualidade e as escolas, ou preenchido por uma seqüência puramente externa,  emprestado da historia geral e antes de tudo pela referencia de ser uma nação. Dentre estas condições, parece que se tem o direito de perguntar se realmente a historia da arte pode fazer outra coisa que emprestar da historia seu principio de síntese.  Entre estes dois estados de evolução da “historia” se coloca o historicismo do iluminismo, em que a historia da arte precisamente ocupa um lugar importante. A grande mudança que viu a história unificada, juntamente com a filosofia da nova historia surgir, suplantou a pluralidade das historias, e teve inicio no inicio do sec. Xviii pelas descobertas da critica de arte. No apogeu do classicismo Frances, a controversa sobre a exemplaridade da arte antiga reacendeu; ela conduziu duas partes - antigos e modernos - em ultima analise é impossível de medir arte antiga e arte moderna com um mesmo critério de perfeição, de um belo absoluto, porque cada época teve seus meios próprios, e também teve seu próprio gosto e sua concepção do belo (o belo relativo). A descoberta da característica histórica da beleza marcou o inicio de uma nova interpretação histórica da arte e prepara assim o historicismo do iluminismo. Esta evolução conduzida ao longo do sec.XVIII temporalizou e unificou de uma vez as historias, também entre o domínio das artes que aqueles da filosofia da historia, que desde Fénelon e seu “projeto de um tratado histórico”(1714), usou deliberadamente as normas clássicas das epopéias e das possibilidades de síntese que ela oferece para estabelecer sua superioridade em relação a uma historia simplesmente eventual dos estados e seus soberanos.p.92A história da arte da antiguidade de Winckelmann (1764) é a primeira obra de um novo gênero de uma história especifica da arte, feito possivelmente pela interpretação histórica relativisante da antiguidade e pelo abandono do paralelo comparativo. Se afastando da tradicional historia dos artistas, Winckelman assina a nova historia da arte, com a tarefa de ensinar sua origem, sua crenças, sua evolução e sua decadência, mesmo com a diferença de estilo entre as épocas, as pessoas e os artistas. A história da arte inaugurada por Winckelmann não precisa mais emprestar da historia geral princípios de síntese, porque ela pode reivindicar sua própria coerência interna, uma coerência superior: “As artes (...) eram, como todas as invenções, iniciadas para produzir o necessário, em seguida pesquisamos a beleza, para finalizar com o supérfluo: são os três principais estados de evolução da arte”. Em relação ao desenvolvimento eventual da história, a sucessão das obras de arte antiga apresenta a

Page 2: Tradução Jauss - por uma estética da recepção

superioridade de constituir uma serie completa e com seu valor normativo: no domínio das artes a contingencia dos processos históricos pode se realizar seguido de uma evolução natural. Aplicando este principio a poesia, Friedrich Schlégel procurou e encontrou na poesia grega “uma historia natural completa da arte e do gosto”, no desenvolvimento daquela mesma a “imperfeição dos primeiros estados de degeneração dos últimos” poderia ter um valor de exemplo. Neste contexto, a crítica de Winckelmann para Herder pode ser considerada como uma tentativa de entender a relativização da historia da arte a toda sucessão temporal. E de afirmar, contra a arte grega que não foi aprendida pela sua singularidade, mas ser restabelecida como padrão, a universalidade histórica do belo. A poesia, como ferramenta ou como produto da arte e eflorescência da civilização e da mais alta humanidade feita a compreender, ao longo de sua historia, qualquer coisa que não pode se realizar progressivamente ao curso da longa marcha do tempo e das pessoas. Assim se atinge o ponto onde se estabelece entre a historia e a historia da arte uma ligação que leva a uma nova questão: a historia da arte, que consideramos com maior freqüência  como um parente pobre é dependente da historia geral ela não tenha sido previamente o elemento fertilizador, e ela não pode mais tornar-se novamente um dia um paradigma eventual do conhecimento histórico?IIA decadência da historia literária sobre sua forma tradicional, positivista, nascida no sec. XIX e hoje em dia esgotado de sua função de paradigma cientifico, não permite mais nada que suspeitar do importante papel desempenhado pela historia das artes, no seu inicio, durante a formação do conhecimento histórico nos tempos do iluminismo, na filosofia da historia do idealismo alemão e nos primeiros tempos do historicismo. Se desviando de formas tradicionais - crônicas estórias singulares de sobreviventes, dos estados das guerras - nós vemos na historia das artes o paradigma de uma nova historia que pode reivindicar um interesse ao predomínio filosófico: “todos os povos produzem seus heróis e políticos; todos os povos comprovam suas revoluções, todas as historias são quase iguais porque não querem colocar os fatos na sua memória. Mais quem que quer pensar, e este que é mais raro, quem que quer ter um gosto, computa quatro séculos pela historia do mundo”. 1 As historias eventualmente são de uma uniformidade monótona. Apenas o aperfeiçoamento das artes permite ao espírito humano de acender a grandiosidade que lhe pertence e de deixar a posteridade das obras que solicitam não somente a memória, mas também o pensamento e o gosto. Ë assim que Voltaire justifica a companhia ainda inédita do seu século de Luis XIV (1751). Um pouco depois de Voltaire serão orientados pela filosofia da historia, Winckelmann et  Herder inauguram uma nova historia das artes e da literatura. Eles reivindicam a mesma ambição, e criticam com toda clareza a história tradicional, política e militar.Antes de duas obras mais conhecidas, winckelmann escreveu os “pensamentos sobre a exposição oral da historia geral dos tempos modernos”(1754) visando distinguir “o que pela história é verdadeiramente útil, do que é simplesmente prazeroso e belo. Ele se atem ao distanciamento em relação  aos “autores que se atentam somente aos fatos” e a “maioria  das historias gerais” que “parece nascer somente das historias das pessoais”, ele reclama de “grandes exemplos”e “das reflexões que orientam estes julgamentos”, ele formula o principio de uma hierarquia: “Permita os sabidos e os artistas, a historia geral não conserva aqueles que são inovadores, e nem aqueles que são copiados, com os espíritos originais e não os compiladores: os galileus os Huygens, Newton e não os Viviani, os Hospital(...) Tudo o que é subalterno é levado a historia das especialidades”. A nova ambição de Winckelmann sobre sua história da arte da antiguidade visa superar não somente a historia dos artistas, mas também a forma crônica tradicional do domínio da historia geral. A historia da arte não pode ser “a simples relação do que se passa sobre os tempos e a mudanças que se operam”, mas imediatamente história e sistema, ela deve fazer aparecer plenamente a essência da arte e a idéia do belo ao longo do desenvolvimento da história.Ao mesmo Herder considerou como evidente a superioridade da historia da poesia das épocas e de povos, como uma mostra panorâmica da poesia moderna que se coloca em 1796 pelos seus Humanitatsbriefe por repreender o problema da filosofia e  da historia colocado pela disputa: “das galerias da mentalidade, de aspiração e tentativas diversas, nos aprenderemos seguramente conhecer os tempos e nações com maior profundidade que pela maneira ária e falaciosa de sua historia política e militar. Esta é uma mostra de um povo com mais freqüência que sua forma de ser governado e massacrado; ele nos ensina como pensar, o que se desejou, que se quis,como se agradavam e como foram conduzidos por seus educadores ou pelas suas inclinações. “A historia da arte é o meio pelo qual ao longo da grande marcha dos tempos e dos povos, nos representa a corrente dos indivíduos históricos e do espírito humano.  Assim, a civilização grega, onde winckelman afirma ainda o caractere ideal e excepcional, é descontada sua parte da historia, a normalidade da perfeição sucedida pela multiplicidade de visões históricas do belo, e é considerando a poesia a escala da historia universal, se resultou uma concepção de historia que não implica mais uma teologia imanente e, contudo traz à estética a promessa de uma totalidade reconstituída. O instrumento de uma historia natural da arte que encontramos em Herder coloca ainda: a metáfora do crescimento e das idades da vida, o caractere do ciclo completo apresentado pela realização de cada civilização, o classicismo como ponto culminante de cada ciclo (das hochste seiner art) – tudo isto deixa a historia da arte em seu conjunto ainda uma visão tradicional, marcada pelo resultado da disputa.Herder, no entanto anuncia o futuro, superando a teleologia naturalista ao mesmo tempo a teoria do progresso artístico, provento de seu retorno a tradição da exegese bíblica. Lá, Herder desenvolveu, como mostrou Weber, uma teoria do belo que reafirma sua universalidade histórica contra a relatividade de suas formas individualizadas pelo espaço e pelo tempo: o belo, que não é mais uma entidade metafisicamente definível a priori, algo que tentará ser imitado, no entanto pode, como resultado de suas manifestações na historia, ser reconstituído em unidade pela démarche hermenêutica da critica e ser objeto de intuição pela critica e o especialista. Ao mesmo tempo, é a historia ela mesmo que se revela “à contemplação estética, e a ela somente, como uma continuidade espiritual investido com um significado diferente de fatos históricos em sua realidade literal.É preciso perguntar mais adiante se o historicismo no seu apogeu é tributário da “estética de Herder”, e se a hermenêutica histórica do sec. XIX verdadeiramente teve seu modelo virtual pela heurística poética da historia

Page 3: Tradução Jauss - por uma estética da recepção

da arte. O que caracteriza o caminho seguido pela historia da arte e da literatura do século XX, é que ele estreita cada vez mais sua ambição de desenvolver um conhecimento histórico que lhe pertenceu à si próprio. No século XIX, no apogeu do historicismo – que a abordagem histórica da arte, antiga e moderna, teve no século XVII sua contribuição constituindo um novo modelo de conhecimento – os historiadores da arte foram progressivamente renunciados a fundar a legitimidade de sua “ Empreitada” fazendo dele o meio de uma reflexão sobre a estética, a hermenêutica e a filosofia da historia. Contudo a historia da literatura nacional, nova chegada, entrou em concorrência sobre o plano das idéias com a historia política, pretendendo mostrar, ao longo do encadeamento coerente de todos fenômenos literários, como individualidade ideal de uma nação se desenvolveu desde seu inicio quase místico até a plena realização de um classicismo nacional.O positivismo foi sem duvida destruindo pouco a pouco seu objeto ideológico, a medida que os métodos se tornaram mais científicos, mas ele não justificou a pesquisa na historia literária por um qualquer “interesse de conhecimento”. Podemos ainda aplicar a historia literária do positivismo, que nasce doravante encadear os eventos de forma exterior à maneira da historia geral, esta que HErder disse da velha historia literária em forma de annales : que através “das pessoas e dos tempos ao passo tranqüilo do moleiro do burro” . A teoria moderna da ciência da literatura, que se constitui desde a primeira guerra mundial essencialmente sobre a influência do formalismo, da estilística e do estruturalismo, é desviada da história literária ao mesmo tempo em que do positivismo. Desde então  os historiadores da literatura guardam obstinadamente o silencio sobre os debates em relação ao método e a hermenêutica historica. Contudo a historia literária pode reencontrar mesmo ainda hoje, este valor de verdadeiro conhecimento histórico que ele adquiriu nos tempos do iluminismo e do idealismo, se a literatura como um movimento dialético de produção, de recepção e de comunicação é enfim liberados das convenções esclerosadas e de pseudocausalidades da historia literária tradicional, e se a historicidade próprias das obras são recapturadas, contra a concepção positivista do saber e a concepção tradicionalista da arte.IIIA história literária é sobre sua forma cientifica consagrada, a mais perversa forma que podemos imaginar para assumir a historicidade especifica da literatura. Ela mascara este paradoxo inerente a toda historia da arte que Droysen evocou quando expos, tomando, por exemplo, os quadros de um museu, a diferença entre a realidade passada dos fatos históricos e sua compreensão retrospectiva: a historia da arte estabelece entre estas relações que não existem na realidade, em vista daqueles que ainda não foram pintados e daqueles ainda que resultam um encantamento, uma continuidade de seus autores sofrendo a influencia sem ser consciente.São considerados fatos objetivos da historia literária os fatos produzidos em relação às obras, aos autores, aos jornais e revistas. Mesmo onde suas cronologias são perfeitamente verificáveis, o conjunto dos fatos aos olhos retrospectivos do historiador fica sem relato uma vez que, na sua atualidade, constitui um conjunto que comporta mil outras relações que aquelas que nos interessam do ponto de vista da historia.  A articulação lógica objetiva “estabelecida depois do choque entre os fatos literários não reconstituem nem a continuidade onde uma obra do passado é resultado, nem aquela que damos um sentido e uma importância aos olhos do leitor e do critico de hoje. A obra literária não pode se apreendida por um evento ao longo dos fatos que uma historia da literatura é capaz de registrar. Para responder a questão que em Droyssen fica sem resposta: como a sucessão cronológica das obras pode resultar esta continuidade fora dos quais as obras não podem se tornar nem projetada nem reconhecida, é preciso de inicio reconhecer os caracteres epiphenomeinais da analogia entre os fatos literários e os fatos históricos. Estas analogias resultam do positivismo degradando o valor eventual da obra de arte, e ao mesmo tempo a coerência eventual da literatura de seu conjunto. Considerado um fato ou como um nó de fatores analisáveis, a obra literária é despojada de sua característica de evento, que segundo Gadamer resulta na fusão de dois horizontes: aquele do autor que da a forma e sentido, e aquele do publico que interpreta e reinterpreta sem cessar esta forma e este sentido de função da atualidade.  Quando a historia literária repetiu por sua conta o paradigma da historia positivista e reduziu a complexidade da experiência literária a simplicidade de um encadeamento causal entre obras e autores, a comunicação especifica da historicidade literária que se estabelece entre autor, obra e o publico disparou atrás de uma sucessão de monografias, hipóteses em uma historia onde ele não foi mais que de fato um nome.Ou nos não podemos livrar os fenômenos literários de alguma ligação objetiva entre as obras que não serão estabelecidas pelos sujeitos da produção e da recepção. É nesta característica intersubjetiva da continuidade que reside à diferença entre a historicidade própria da literatura e aquelas dos fatos objetivos da historia geral. Mais esta diferença se encolhe se, adotando a critica que Droyssen faz do dogma da objetividade dos fatos, nos reconhecemos que o evento inicialmente difundido não acessa a unidade inteligível que depois resultou como processo único e coerente, relação completa entre causa e efeito, o projeto e sua realização, breve como fato único, e que este mesmo evento, considerado do ponto de vista de um fato novo ou reexaminado por um observador situado mais tarde no tempo, pode ter outro sentido ainda. Droyssen define assim o fato histórico, assimilável sobre este ponto à obra de arte, sua característica eventual onde a interpretação fica aberta e pode mudar ao mesmo tempo em que as perspectivas. Porque o direito de aprender as obras e os fatos à luz da importância que eles adquirem por sua repercussão, não aparenta somente a sua visão histórica, mais tudo também naturalmente a interpretação estética. A analogia constitutiva entre a historia e a historia da arte reside então no caráter eventual respectivo da obra de arte e do fato histórico, igualmente nivelado de um ou  outro caso pelo objetivismo positivista.Segue-se daí que o problema das relações e das interferências estruturais entre as duas disciplinas deve ser colocado em discussão. De fato, de uma parte a critica feita por Droysen do objetivismo da escola histórica permite se livrar dos procedimentos de ficção narrativa e as categorias estéticas da historia da arte onde ele é usado sem saber e que da o nascimento à forma tornando-se clássica de sua escrita histórica. De outra parte é conveniente que se pergunte se a concepção de evento segundo Droysen,  que toma em conta a repercussão dos fatos e das coisas  desde o ponto de vista retrospectivo do observador, não pressupõe que se leve ele mesmo novamente ao modelo epistemológico da obra de arte do passado, onde a interpretação restará nunca inacabada. IV

Page 4: Tradução Jauss - por uma estética da recepção

A teoria da história não é uma enciclopédia de ciências históricas e ainda menos uma filosofia da historia, nem uma psique do mundo histórico, nem, sobretudo uma poética do discurso histórico. Ela deve se propor a ter como objetivo ser um “organon”do pensamento e da pesquisa histórica. A teoria da historia segundo Droysen e do seu principio inicial de uma hermenêutica, tem portanto a dificuldade em escapar d suspeita de ser uma “poética do discurso histórico”, ao modo dos “elementos de uma metodologia histórica de Gervinus. Sua ambição de autonomia é muito menos compromisso pelo fato que ele implica igualmente uma filosofia (a continuidade do progresso do trabalho histórico) e uma teologia da historia (a ordem suprema de uma Théodicée), que para a idéia de historia pode bem ser uma arte ele não deveria surgir na ciência. De fato, o único método da critica das fontes, esta física do mundo histórico,não pode suficientemente fazer da historia esta qualidades. Apesar dos seus triunfos nos temos, segundo a remarca zombada de Droysen, celebra como o maior historiador dos nosso tempos que cuja escritura histórica se reaproxima mais do romance de Walter Scort. É por isso que a polemica de Droysen contra Ranke e o ideal objetivismo do historicismo visa  antes de tudo desmascarar as ilusões que carrega a narração aparentemente objetiva dos fatos registrados pela tradição.p.101