Traçado

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2. Definição da escolha do traçado Foram analisados os seguintes fatores para a definição do traçado da estrada: • a topografia da região; • as condições geológicas e geotécnicas do terreno; • a hidrologia e a hidrografia da região; • a presença de benfeitorias ao longo da faixa de domínio da estrada. Regiões topograficamente desfavoráveis geralmente acarretam grandes movimentos de terra, elevando substancialmente os custos de construção. As condições geológicas e geotécnicas podem inviabilizar determinada diretriz de uma estrada. Na maioria dos casos são grandes os custos necessários para estabilização de cortes e aterros a serem executados em terrenos desfavoráveis (cortes em rocha, aterros sobre solos moles, etc.). A hidrologia da região pode também interferir na escolha do traçado de uma estrada, pois os custos das obras de arte e de drenagem geralmente são elevados. O mesmo acontece com os custos de desapropriação. Dependendo do número de benfeitorias ao longo da faixa de implantação da estrada, os custos de desapropriação podem inviabilizar o traçado. Aparentemente, a melhor solução para a ligação de dois pontos por meio de uma estrada consiste em seguir a diretriz geral. Isto seria possível caso não houvesse entre estes dois pontos nenhum obstáculo ou ponto de interesse que forçasse a desviar a estrada de seu traçado ideal. Quando a declividade de uma região for íngreme, de modo que não seja possível lançar o eixo da estrada com declividade inferior a valores admissíveis, deve-se desenvolver traçado.

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2. Definio da escolha do traadoForam analisados os seguintes fatores para a definio do traado da estrada:

a topografia da regio; as condies geolgicas e geotcnicas do terreno; a hidrologia e a hidrografia da regio; a presena de benfeitorias ao longo da faixa de domnio da estrada.

Regies topograficamente desfavorveis geralmente acarretam grandes movimentos de terra, elevando substancialmente os custos de construo.

As condies geolgicas e geotcnicas podem inviabilizar determinada diretriz de uma estrada. Na maioria dos casos so grandes os custos necessrios para estabilizao de cortes e aterros a serem executados em terrenos desfavorveis (cortes em rocha, aterros sobre solos moles, etc.).

A hidrologia da regio pode tambm interferir na escolha do traado de uma estrada, pois os custos das obras de arte e de drenagem geralmente so elevados. O mesmo acontece com os custos de desapropriao. Dependendo do nmero de benfeitorias ao longo da faixa de implantao da estrada, os custos de desapropriao podem inviabilizar o traado.

Aparentemente, a melhor soluo para a ligao de dois pontos por meio de uma estrada consiste em seguir a diretriz geral. Isto seria possvel caso no houvesse entre estes dois pontos nenhum obstculo ou ponto de interesse que forasse a desviar a estrada de seu traado ideal.Quando a declividade de uma regio for ngreme, de modo que no seja possvel lanar o eixo da estrada com declividade inferior a valores admissveis, deve-se desenvolver traado.

As Figuras 3.3, 3.4 e 3.5 apresentam alguns exemplos de desenvolvimento de traados.

Figura 3.3: Foto do desenvolvimento de traado em ziguezague

Figura 3.4: : Representao em planta do desenvolvimento de traado em ziguezague

Figura 3.5: Desenvolvimento de traado acompanhando o talvegue

Quando o eixo da estrada acompanha as curvas de nvel (vide Figura 3.6, apresentada a seguir), h uma reduo do volume de material escavado. Esta reduo ocorre porque, ao se acompanhar as curvas de nvel, a plataforma da estrada cruzar menos com as mesmas.

Figura 3.6: Desenvolvimento de traado acompanhando as curvas de nvel

Quando o eixo da estrada tiver que cruzar um espigo, deve faz-lo nos seus pontos mais baixos, ou seja, nas gargantas. Deste modo, as rampas das rodovias podero ter declividades menores, diminuindo os movimentos de terra.

Figura 3.7: Diretriz cruzando espigo pela garganta

Em regra, a garganta transposta em corte, a fim de diminuir a declividade mdia e oPara ilustrar a situao, consideremos a Figura 3.8. Sendo:

H = diferena de cotas entre os pontos A e B;L = distncia horizontal entre os pontos A e B;i = rampa mxima do projeto;h = altura mxima de corte e aterrrotemos as seguintes situaes:

Figura 3.8: Transposio de gargantas

Recomendaes sobre Traados em PlantaAs principais recomendaes, transcritas do Manual de projeto deengenharia rodoviria (DNER, 1974) e do Manual de projetogeomtrico de rodovias rurais (DNER, 1999), esto resumidas a

Recomendaes sobre Traados em PlantaNa figura a seguir est ilustrada a diferena entre essas diferentes concepes detraado:Projeto Geomtrico Rodovirio 61Recomendaes sobre Traados em Plantaas tangente longas devem ser evitadas, exceto em condies topogrficas especiais,onde se harmonizem com a paisagem, ou e em travessias urbanas onde a ordemdominante seja a retilnea, conforme figura a seguir:Projeto Geomtrico Rodovirio 62a extenso em tangente no deve ser maior que 3 km, no devendo ser maior que2,5 vezes o comprimento mdio das curvas adjacentes, nem maior que a distnciapercorrida por um veculo, na velocidade diretriz, durante o tempo de 1,5 minutos; os traados devem ser to direcionais e adaptados topografia quanto possvel,devendo os ngulos de deflexo ( I ) estarem situados entre 10 e 35; paradeflexes inferiores a 5, deve-se efetuar a concordncia de tal forma que ocomprimento em curva, em metros, resulte maior que 30 . (10 I); deflexesmenores que 15' dispensam concordncia com curva horizontal;nas extremidades de tangentes longas no devem ser projetadas curvas depequeno raio; deve-se evitar o uso de curvas com raios muito grandes (maiores que 5.000 m, porexemplo), devido a dificuldades que apresentam para o seu percurso pelosmotoristas;Recomendaes sobre Traados em PlantaProjeto Geomtrico Rodovirio 63raios de curvas consecutivas no devem sofrer grandes variaes, devendo apassagem de zonas de raios grandes para zonas de raios pequenos ser feita deforma gradativa , conforme figuras a seguir:Recomendaes sobre Traados em PlantaProjeto Geomtrico Rodovirio 64a relao entre os raios de curvas consecutivas deve ser estabelecida de acordo comos critrios expressos no grfico da figura a seguir;CRITRIOS PARAESCOLHADE RAIOS DECURVASSUCESSIVASRecomendaes sobre Traados em PlantaProjeto Geomtrico Rodovirio 65Recomendaes sobre Traadosduas curvas horizontais de sentidos opostos devem ser concordadas,preferencialmente, com a tangente mnima necessria;duas curvas horizontais de mesmo sentido no devem ser concordadas comtangente intermediria curta; a concordncia poder ser feita com curva compostaou com tangente intermediria, observadas as seguintes recomendaes: concordncia com curva composta: a relao entre o raio maior e o raio menor(R1/R2) deve observar s seguintes limitaes:R2 < 100 m : R1 / R2 < 1,3100 m < R2 < 500 m : R1 / R2 < 1,5500 m < R2 < 1.000 m : R1 / R2 < 1,71.000 m < R2 : R1 / R2 < 2,0 ; concordncia com tangente intermediria: o comprimento da tangenteintermediria (L) deve ser superior distncia percorrida por um veculo, navelocidade diretriz (V), durante o tempo de 15 segundos, o que resulta,aproximadamente: L (m) > 4 . V (km/h) ;Projeto Geomtrico Rodovirio 66Recomendaes quanto ao traado em perfilo grade da rodovia deve resultar suave e uniforme, evitando-se as constantesquebras do alinhamento vertical e os pequenos comprimentos com rampasdiferentes;nos trechos em corte ou em seo mista, deve-se projetar o grade com declividadeigual ou superior a 1,0 %; rampas inferiores requerem cuidados especiais quanto drenagem; o mnimo permitido de 0,350 %, limitado a uma extenso de 30,00 m;nos trechos em corte, deve-se evitar concavidades com rampas de sinais contrrios,para evitar problemas com a drenagem superficial;em regies planas, o grade deve ser preferencialmente elevado;Projeto Geomtrico Rodovirio 67Recomendaes quanto ao traadocoordenado em planta e em perfiltangentes e curvas horizontais de grandes raios no devem estarassociadas a rampas elevadas, nem as curvas horizontais de pequenosraios devem estar associadas a rampas pequenas;as tangentes longas devem estar, sempre que possvel, associadas acurvas verticais cncavas, que atenuem a "rigidez" do trecho;Projeto Geomtrico Rodovirio 68Recomendaes quanto ao traadocoordenado em planta e em perfilo vrtice da curva horizontal deve coincidir ou ficar prximo a vrtice de curvavertical; a curva horizontal deve iniciar antes da curva vertical, como queanunciando ao usurio; nas figuras a seguir esto ilustradas diversas combinaes recomendveis decurvas horizontais e verticais, observando-se que so vlidas tanto para curvashorizontais direita e esquerda, como para curvas verticais cncavas econvexas;Projeto Geomtrico Rodovirio 69Defeitos dos traadosA combinao inadequada (ou no devidamentecoordenada) dos elementos geomtricos do projeto emplanta e do projeto em perfil pode resultar no projeto deuma rodovia com trechos que no ofeream condiessatisfatrias de segurana e de conforto para osusurios, prejudicando a fluidez desejada para o trnsitoveicular.Algumas combinaes desses elementos, em particular,produzem defeitos na geometria da rodovia que podemcomprometer seriamente a qualidade do projeto,devendo ser evitadas pelo projetista.Projeto Geomtrico Rodovirio 70Defeitos dos traadosPISTA SEMDOBRA TICAPISTA COMDOBRATICAProjeto Geomtrico Rodovirio 71Defeitos dos traadosDOBRAS EDEFEITOS TICOSProjeto Geomtrico Rodovirio 72Defeitos dos traadosMERGULHO EM TANGENTEProjeto Geomtrico Rodovirio 73Defeitos dos traadosMERGULHO EM CURVAProjeto Geomtrico Rodovirio 74Defeitos dos traadosABAULAMENTOS (TOBOG)Projeto Geomtrico Rodovirio 75Defeitos dos traadosONDULAES NA CURVAProjeto Geomtrico Rodovirio 76Defeitos dos traadosMERGULHO RASOProjeto Geomtrico Rodovirio 77Defeitos dos traadosMERGULHO PROFUNDOProjeto Geomtrico Rodovirio 78Defeitos dos traadosSALTOProjeto Geomtrico Rodovirio 79Defeitos dos traadosSALTO COM DEFLEXOProjeto Geomtrico Rodovirioseguir:a) recomendaes quanto ao traado em planta:os traados devem ser constitudos, em planta, por arcos de circunferncia de raiose desenvolvimento to amplos quanto a topografia o permitir, concordados porpequenas tangentes que paream, em perspectiva, partes integrantes de curvascompostas e contnuas; esta recomendao especialmente vlida para os projetosem classes mais elevadas Classe 0 ou I , implicando no uso de curvas com raiosbastante grandes, que propiciem distncias de visibilidade adequadas mesmo nostrechos em curva; as Normas do DNER no recomendam, evidentemente, asubstituio de trechos em tangente por sucesses de curvas de pequenos raios;

2.3. FASES DO ESTUDO DO TRAADO DE UMA ESTRADAO projeto geomtrico de uma estrada comporta uma srie de operaes que consistem nasseguintes fases: Reconhecimento ou Anteprojeto; Explorao ou Projeto; Locao ou Projeto Definitivo.Capitulo 02 Pgina 1 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008A seguir faremos uma descrio objetiva destas fases.2.3.1. Reconhecimento ou Anteprojeto a primeira fase da escolha do traado de uma estrada. Tem por objetivo principal olevantamento e a anlise de dados da regio necessrios definio dos possveis locaispor onde a estrada possa passar. Nesta fase so detectados os principais obstculostopogrficos, geolgicos, hidrolgicos e escolhidos locais para o lanamento deanteprojetos.2.3.1.1.Elementos necessrios para a fase de reconhecimentoa) Localizao dos pontos inicial e final da estrada;b) Indicao dos pontos obrigatrios de passagem;b.1) Pontos Obrigatrios de Passagem de Condio: so pontosestabelecidos antes de qualquer estudo, condicionando a construo daestrada passagem por eles. So determinados por fatores no tcnicos,como fatores polticos, econmicos, sociais, histricos, etc.b.2) Pontos Obrigatrios de Passagem de Circunstncia : so pontosselecionados no terreno, durante o reconhecimento, pelos quais sertecnicamente mais vantajoso passar a estrada (seja para se obter melhorescondies de trfego e/ou para possibilitar obras menos dispendiosas). Aescolha desses pontos , portanto, um problema essencialmente tcnico.c) Retas que ligam os pontos obrigatrios de passagem.c.1) Diretriz Geral: a reta que liga os pontos extremos da estrada,representando a soluo de menor distncia para realizar a ligao entre ospontos extremos.c.2) Diretriz Parcial: cada uma das retas que liga dois pontos obrigatriosintermedirios. Do estudo de todas as diretrizes parciais resulta a escolhadas diretrizes que fornecero o traado final da estrada.Para exemplificar o exposto anteriormente, consideremos a ligao entredois pontos A e B, em uma determinada regio, esboada na Figura 2.1.Assim, na Figura 2.1os pontos A e B so os pontos extremos. A reta AB, ligando essespontos, a diretriz geral da estrada. A cidade C e o porto D, que sero servidos pelaestrada a construir, so os pontos obrigatrios de passagem de condio e sodeterminados pelo rgo responsvel pela construo.A topografia da regio pode impor a passagem da estrada por determinados pontos. Agarganta G um exemplo, constituindo-se num ponto obrigatrio de passagem decircunstncia.2.3.1.2.Principais tarefas na fase de reconhecimentoAs tarefas a serem desenvolvidas na fase de reconhecimento consistem basicamente de: Coleta de dados sobre a regio (mapas, cartas, fotos areas, topografia,dados scio-econmicos, trfego, estudos geolgicos e hidrolgicosexistentes, etc); Observao do terreno dentro do qual se situam os pontos obrigatrios depassagem de condio (no campo, em cartas ou em fotografias areas); A determinao das diretrizes geral e parciais, considerando-se apenas osCapitulo 02 Pgina 2 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008pontos obrigatrios de condio; Determinao dos pontos obrigatrios de passagem de circunstncia; Determinao das diversas diretrizes parciais possveis; Seleo das diretrizes parciais que forneam o traado mais prximo dadiretriz geral; Levantamento de quantitativos e custos preliminares das alternativas; Avaliao dos traados.2.3.1.3. Tipos de reconhecimentoA profundidade ou detalhamento dos trabalhos de campo, para a fase de reconhecimento,depender da existncia e da qualidade das informaes disponveis sobre a regio.De uma maneira geral, os tipos de reconhecimento so:a) Reconhecimento com cartas e fotos:Muitas vezes o projetista, na sua coleta de dados para os trabalhos de reconhecimento,encontra informaes em forma de mapas ou cartas1 e tem a possibilidade de iniciar, noescritrio, os trabalhos preliminares de lanamento das alternativas de traados sobre osmapas ou cartas topogrficas disponveis.Geralmente dispe-se de mapas em escalas pequenas, dando apenas indicaes doscursos dgua e, esquematicamente, o relevo do terreno. O estudo neste tipo de carta no suficiente para a escolha da melhor alternativa de traado, sendo necessrio deslocar-seao campo e percorrer vrias diretrizes selecionadas em escritrio, para se definir qual amelhor.Assim como o reconhecimento sobre a carta deve ser seguido de uma verificao nocampo, esse reconhecimento visual do terreno complementado por um levantamentotopogrfico expedito, que nos permita fazer o desenho da(s) faixa(s) reconhecidas(s).O reconhecimento em cartas pode ser auxiliado pelo emprego de fotografias areas,atravs da observao estereoscpica.D-se o nome de estereoscopia observao em 3 dimenses de 2 fotos areasconsecutivas que se recobrem parcialmente, atravs de aparelhos especiais chamados"estereoscpios".O estereoscpio consta de duas lentes de aumento cujos centros distam entre si uns 6 cme cuja base colocada paralelamente linha de vo das fotografias j orientadas. Oobservador olha as fotos atravs das lentes obtendo viso ampliada delas.Figura 2. 2: Esquema de um Estereoscpio (Fonte: DE SENSO, 1980)Para fazermos o chamado estudo estereoscpico do traado de uma estrada tomamos asfotografias e examinamos, par a par, no estereoscpio, procurando, desse modo,determinar os pontos forados e, consequentemente, as diretrizes do traado.Escolhidos alguns deles, situamos os mesmos num "esboo fotogrfico". Ligamos, noesboo, os pontos forados por retas. Fazemos, agora, a volta, isto , procuramos marcarcom lpis cera, na fotografia, a reta acima citada. Recolocamos as fotografias, par a par, noestereoscpio e examinamos a viabilidade desse traado. Se a linha for vivel, o traadopelos pontos forados constituir uma primeira idia de anteprojeto da estrada.Capitulo 02 Pgina 3 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008Poderemos ter uma ou mais sugestes de traados para o anteprojeto. Todas as variantesdevem ser pesquisadas. O traado, assim obtido atravs das fotografias, constituir ochamado Traado Estereoscpio.As fotografias areas so bastante teis na definio da orografia2 e potamografia3 daregio sob reconhecimento. De posse das fotografias, pode-se obter informaes relativass distncias horizontais e s cotas dos pontos de interesse.b) Reconhecimento aerofotogramtrico:O emprego da tcnica aerofotogramtrica no estudo de reconhecimento de estradas vemsendo amplamente intensificado, devido s simplificaes e aos excelentes resultadosobtidos, principalmente em terrenos montanhosos.A partir de levantamentos aerofotogramtricos pode-se fazer estudos estereoscpicos dotraado, pelo emprego de mosaico controlado, em escalas de 1:5000. Chama-se demosaico um conjunto de fotografias areas, unidas em seus pontos comuns, constituindoum todo referente a determinada regio.Tem-se: Mosaico controlado: quando a juno das fotografias individuais feitamediante controle das distncias conhecidas de pontos no terreno, e quefigurem nas fotografias. Mosaico no controlado: quando as fotografias so unidas pela simplessuperposio dos pontos comuns, sem nenhum controle em face do terrenoa que se refere.A preparao de mosaicos controlados bastante dispendiosa, porm muito til, poismostra todas as caractersticas do terreno, menos o relevo. Serve, desta forma, para aobteno de dados planimtricos, cujas medidas reais podem ser obtidas diretamente, emescala, sobre o mosaico.O apoio terrestre objetiva a definio de pontos determinados geodesicamente outopograficamente, com a finalidade de orientar o modelo estereoscpico em planimetria ealtimetria.Pode-se, tambm, realizar o estudo de alternativas de traados em plantas planialtimtricas,ditas restitudas, na escala 1:5.000, com curvas de nvel com intervalo decontorno de 2,5 m.Mesmo quando se dispe de plantas aerofotogramtricas restitudas, a ida ao campo tambm necessria na fase de reconhecimento, embora o trabalho de campo possa sergrandemente simplificado.c) Reconhecimento terrestre:No caso de insuficincia ou inexistncia de elementos cartogrficos da regio, os trabalhosde campo para o reconhecimento exigiro maiores detalhamentos para se definir oselementos topogrficos, capazes de fornecer indicaes precisas das alternativas detraados.Os trabalhos so desenvolvidos em duas etapas. A primeira, consiste numa inspeo localde todos os traados possveis. O engenheiro percorre, de automvel, cavalo ou a p, aregio, levando uma bssula, um aneride e acompanhado de um guia que conhea todosos caminhos. Todas as diretrizes so percorridas e uma avaliao dos traados, baseadano esprito de observao e outros elementos colhidos, realizada objetivando selecionaruma ou duas diretrizes para uma avaliao posterior.A segunda etapa consta de um levantamento topogrfico expedito desta(s) alternativa(s)selecionada(s). Durante esta etapa preciso ter, sempre em mente, as exignciasdas normas tcnicas, notadamente no que se refere a raios mnimos e rampas mximas. Otraado ideal seria, evidentemente, aquele dado pelas diretrizes que ligam apenas ospontos obrigatrios de passagem de condio. Isso, entretanto, muito raramente possvel,devido s exigncias das normas em face orografia e potamografia da regio.Nos levantamentos propriamente ditos podem ser adotados os mtodos expeditos comunsde topografia terrestre, onde, em geral, os instrumentos empregados so os seguintes:Capitulo 02 Pgina 4 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008 Bssula, para que se possa determinar os azimutes, rumos e deflexesdos alinhamentos; Clinmetro, para medida de ngulos verticais; Aneride, para medir diferena de nvel entre dois pontos do terreno; Podmetro, passmetro ou um telmetro , para medida das distncias.O engenheiro percorre o traado da estrada, escolhendo as posiesadequadas de passagem e vai anotando a extenso dos alinhamentos, osvalores angulares registrados, os obstculos que o traado ter que vencer.As anotaes so feitas em uma caderneta de campo.2.3.1.4.Trabalhos de escritrio na etapa de reconhecimentoAps o reconhecimento feito um relatrio completo e detalhado que recebe o nome deMemorial do Reconhecimento, no qual devem ser justificadas todas as opes adotadas.Basicamente, este relatrio, que tambm chamado de Relatrio Preliminar, contm: Descrio dos dados coletados no reconhecimento; Descrio das alternativas estudadas; Descrio de subtrechos de cada alternativa, caso existam; Descrio das caractersticas geomtricas adotadas; Apresentao dos quantitativos e custos preliminares (OramentoPreliminar); Anlise tcnica-econmica e financeira dos traados.O memorial deve apresentar uma descrio dos dados coletados, abordando aspectoseconmicos gerais da regio atravessada, fornecendo notcias sobre a cultura do solo,populao e atividade econmica principal das cidades e povoados atravessados, enfim,tudo que possa contribuir para uma atualizao do conhecimento scio-econmico daregio.Alm da parte de texto, deve ser elaborado o desenho da linha de reconhecimento emplanta e perfil. A escala das plantas a serem apresentadas deve ser 1:20.000, podendo-seaceitar, para trechos muito extensos (acima de 400 km), a representao na escala de1:40.000 ou 1:50.000.O perfil da linha de reconhecimento dever ser apresentado nas escalas horizontal de1:20.000 (ou 1:50.000) e vertical 1:2000 (ou 1:5000).Nos desenhos devero ser assinalados, em forma esquemtica, os principais acidentesorogrficos e potamogrficos dignos de nota, alm da posio geogrfica das cidades, vilase povoados.As alternativas de traados so lanadas sobre os elementos grficos disponveis,considerando, alm das caractersticas tcnicas, obtidas atravs dos estudos de trfegopara a estrada, aqueles relativos a geologia e hidrologia da rea. Devem ser consideradastambm as dificuldades topogrficas e orogrficas, condies de travessia dos cursosdgua, tipos de solos,etc.Os traados so representados graficamente atravs de um anteprojeto geomtrico emplanta e perfil. Em planta, consiste no lanamento de tangentes e curvas circulares,observadas as condicionantes expostas acima. Em perfil, consiste no lanamento do greidepreliminar das alternativas dos traados, podendo ou no ser concordado por curvasverticais, dependendo da escala das plantas.Todas as alternativas de traado da estrada sero oradas em nvel preliminar, para servirde base na avaliao tcnico-econmica. Neste oramento, dever ser levado em conta amovimentao de terra e as obras de grande vulto (pontes, viadutos, muros de arrimo,tneis, etc).A avaliao tcnico-econmica das alternativas de traado consiste em se obter os custostotais de transporte, composto dos custos de construo, operao e conservao, de cadaalternativa.Os custos de construo correspondem ao oramento apresentado no Memorial doReconhecimento. Os custos de operao correspondem aos custos operacionais dosveculos que usaro a estrada. Estes dependem das condies geomtricas da estrada, asquais iro oferecer melhor desempenho na operao do trfego e definem o comprimentovirtual do trecho. Os custos de conservao so estimados em funo do volume de trfegoprevisto. A rigor, a alternativa mais vivel aquela que apresenta os menores custos totaisde transporte. Porm, como os resultados so ainda preliminares, o engenheiro deve usaro bom senso na seleo final das alternativasCapitulo 02 Pgina 5 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/20082.3.2.Explorao ou ProjetoNa fase de reconhecimento da estrada seleciona-se uma ou duas alternativas de traado,cujos estudos topogrficos foram desenvolvidos a partir de levantamento de naturezaexpedita, empregando-se mtodos de baixa preciso. No reconhecimento no se justificalevantar grandes detalhes topogrficos, face ao carter preliminar dos estudos.Com o objetivo de realizar o Projeto Definitivo de Engenharia da Estrada, executa-se umasegunda etapa de estudos, com mais detalhes, possibilitando a obteno de todos osdemais elementos para a elaborao de um projeto inicial da estrada. Esta nova etapa denominada Explorao ou Projeto.Durante a fase de explorao so desenvolvidos outros estudos, alm dos topogrficos,como os relativos trfego, hidrologia, geologia, geotcnica, etc. Estes estudospossibilitam a elaborao dos projetos geomtrico, drenagem, terraplenagem,pavimentao, etc...A metodologia clssica de explorao consiste basicamente, dentre outros estudos, nolevantamento topogrfico rigoroso de uma faixa limitada do terreno, dentro da qual sejapossvel projetar o eixo da futura estrada. Essa faixa tem largura varivel, de acordo com aorografia da regio, e ser levantada topograficamente de forma plani-altimtrica. Nestelevantamento empregam-se instrumentos e procedimentos muito mais precisos do queaqueles empregados na fase de reconhecimento, com o objetivo de fazer a representaogrfica do relevo do terreno ao longo da faixa de explorao.Tomando-se para referncia os Pontos Obrigatrios de Passagem (de Condio e deCircunstncia), determinados na etapa anterior, procura-se demarcar no terreno uma linhapoligonal to prxima quanto possvel do futuro eixo de projeto da estrada.A poligonal levantada topograficamente na fase de explorao recebe a denominao deEixo de Explorao ou Poligonal de Explorao. importante observar que esta poligonalno necessariamente igual poligonal estabelecida na fase de reconhecimento, pois aequipe de explorao pode encontrar, nesta fase, uma linha tecnicamente mais indicada eque se situe ligeiramente afastada da diretriz do reconhecimento. Observe-se, tambm, queo eixo de explorao no ser necessariamente o eixo de projeto definitivo, isto , o eixo daestrada a ser construda.Portanto, os trabalhos de campo tomam como apoio e guia os estudos desenvolvidos nafase de reconhecimento, os quais serviro para mais facilmente identificar os pontosobrigatrios de passagem, os acidentes geogrficos, as travessias de cursos dgua, etc.2.3.1.1.Trabalhos de campoOs trabalhos de campo, na fase de explorao, compreendem classicamente trs estgios:a) Lanamento do eixo da poligonal uma etapa muito importante na explorao, devido ao fato de que a poligonal a serimplantada ser a linha de apoio para os demais servios topogrficos, com o objetivo decolher elementos que possibilitem a representao grfica do relevo do terreno ao longo dafaixa. Este aspecto evidencia o extremo cuidado que se deve ter na orientao a ser dadapara o lanamento dos alinhamentos, que iro constituir a poligonal de explorao.O lanamento da poligonal de explorao dever ser feito com base em medidas lineares(distncias horizontais) e angulares (azimutes e deflexes) dos alinhamentos.Considerando-se toda a extenso da linha de reconhecimento, pode a implantao dapoligonal de explorao ser entregue a uma nica equipe de topografia ou distribuda pormais de uma delas. Em qualquer caso, cada trecho a ser levantado por uma equipe deveter suas extremidades localizadas em pontos obrigatrios de passagem, para que se possagarantir a continuidade do eixo de explorao.As deflexes devem ser anotadas com aproximao de 1 minuto, enquanto as medidaslineares devem ser feitas com trena de ao. Recomenda-se evitar distncias curtas entreduas deflexes sucessivas, para atender a condio de tangente mnima estabelecida pelanorma. medida que se realiza implantao das tangentes (alinhamentos da poligonal), estasdevero ser estaqueadas. A operao consiste em demarcar no terreno, ao longo dosalinhamentos, pontos distanciados entre si de 20 metros, a partir de um ponto inicial. EsteCapitulo 02 Pgina 6 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008ponto inicial do estaqueamento recebe a denominao de Estaca Zero. A partir desteponto, a tangente piqueteada (isto , so colocados piquetes) de 20 em 20 m, sendo oestaqueamento numericamente crescente no sentido do desenvolvimento docaminhamento. As medies so feitas com trena de ao. A Figura 2. 3 ilustra umestaqueamentoFigura 2. 3: Poligonal de Explorao com o estaqueamento (Fonte: DE SENSO, 1980)Os pontos de mudana de direo, quando no coincidentes com estacas inteiras (o quegeralmente acontece) so indicados pela estaca inteira imediatamente anterior mais adistncia do ponto a essa estaca. Assim, a estaca fracionria resulta quando a extenso doalinhamento no divisvel por 20. Por exemplo, se o alinhamento tem uma extenso de125,00 m e tem incio na Estaca Zero, a sua outra extremidade fica caracterizada pelaEstaca 6 +5,00 m. Nesses pontos, so fixados pregos na parte superior dos piquetes e osmesmos so chamados de estacas-prego ou estacas de mudana, como ilustra a Figura 2.4. Tambm pode existir estaca fracionria, entre duas estacas inteiras, quando houver umacidente orogrfico, travessia de curso dgua ou outro acidente digno de nota.Figura 2. 4: Estaca-prego e testemunha de estaca-prego (Fonte: DE SENSO, 1980)Os piquetes devem ser cravados at ficarem rente ao cho (para evitar serem deslocadosou retirados por pessoas estranhas) e sempre acompanhadas por estacas (testemunhas)com a indicao do nmero da estaca, sempre com o nmero iniciando no topo, comoindica a Figura 2. 5.Figura 2. 5: Piquetes e estaca testemunha (Fonte: DE SENSO, 1980)As anotaes deste estgio inicial so feitas na chamada Caderneta de Alinhamento ouCaderneta de Caminhamento, que pode ser visualizada na Figura 2. 6.Capitulo 02 Pgina 7 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008Figura 2. 6: Caderneta de Alinhamento ou Caminhamento (Fonte: CAMPOS, 1979)Em concluso, determinando-se o azimute e a extenso de cada alinhamento, asamarraes das tangentes e o estaqueamento da poligonal de explorao, passa-se aosegundo estgio dos trabalhos de campo, qual seja o Nivelamento e Contranivelamento dapoligonal de explorao.b) Nivelamento e Contranivelamento da poligonalO eixo da poligonal dever ser nivelado em todas as estacas, portanto, utilizando-se ospiquetes cravados pela turma de estaqueamento, com o objetivo de determinar as cotasdos pontos do terreno, para traar o perfil longitudinal.A cota inicial dever ser transportada de uma referncia de nvel (RN) existente na regioou arbitrada, quando tal no puder acontecer.O mtodo utilizado no nivelamento aquele baseado no paralelismo de planos, o chamadoNivelamento Geomtrico, cujos instrumentos empregados so o nvel de luneta com trip ea mira. Em cada estao mede-se a altura, ou seja, a distncia vertical que vai do piqueteat a linha de visada, estabelecida com o nvel e a mira. A partir destas alturas e da cotainicial da Estaca Zero, determinam-se as cotas de todas as estacas subseqentes.Como a poligonal aberta e no apoiada, comumente no tendo as suas extremidadescaracterizadas por cotas previamente conhecidas para controle da qualidade donivelamento, torna-se necessrio que o eixo da poligonal seja contranivelado, depreferncia por outro operador, e que o registro das leituras e informaes seja feito emcaderneta diferente. O contranivelamento um segundo nivelamento que se procede como fim de verificar a preciso do nivelamento.Para o extinto DNER, a tolerncia dos servios de nivelamento era de 2 cm/km, sendo quea diferena acumulada mxima deveria ser:onde:Et = erro, expresso em milmetros;L = extenso total da poligonal, em quilmetros.Os elementos do Nivelamento e do Contranivelamento devero ser anotados em umaCaderneta de Nivelamento, que pode ser vista na Figura 2. 7.Figura 2. 7: Caderneta de Nivelamento (Fonte: CAMPOS, 1979)c) Levantamento das Sees Transversais:Para possibilitar a representao grfica do relevo do terreno, ao longo da faixa deCapitulo 02 Pgina 8 de 9http://www.topografiageral.com/Curso/capitulo%2002.php 27/06/2008explorao, procede-se ao levantamento de sees transversais, a partir do eixo deexplorao, conforme indica a Figura 2. 8.Figura 2.