TRABGALHO RELACIONADO

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Inclusão digital para deficientes visuais

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  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA (UnB)

    Faculdade de Cincia da Informao (FCI)

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf)

    INCLUSO DIGITAL E USURIOS COM DEFICINCIA VISUAL NO DF:

    ESTUDO DE ACESSIBILIDADE NA SOCIEDADE DA INFORMAO

    MARIA DAS GRAAS PIMENTEL

    Braslia DF

    2011

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA (UnB)

    Faculdade de Informao e Documentao (FCI)

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf)

    INCLUSO DIGITAL E USURIOS COM DEFICINCIA VISUAL NO DF:

    ESTUDO DE ACESSIBILIDADE NA SOCIEDADE DA INFORMAO

    Tese apresentada Faculdade de Cincia da Informao da

    Universidade de Braslia como requisito parcial para obteno

    de ttulo de Doutor em Cincia da Informao.

    Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden

    MARIA DAS GRAAS PIMENTEL

    Braslia DF

    2011

  • P644i Pimentel, Maria das Graas.

    Incluso digital e usurios com deficincia visual no DF: estudo de

    acessibilidade na sociedade da informao / Maria das Graas Pimentel.

    Braslia: Universidade de Braslia, 2011.

    ix, 350 f.: il.

    Tese (Doutorado em Cincia da Informao) Faculdade da Cincia da Informao da Universidade de Braslia.

    1.Sociedade da Informao 2.Incluso Digital 3. Excluso Social 4.

    Deficincia Visual 5. Tecnologia Assistiva para o Deficiente Visual 6.

    Ambientes Digitais 7. Acessibilidade. I.Ttulo.

  • FOLHA DE APROVAO

    Ttulo: Incluso Digital e Usurios com Deficincia Visual no DF: Estudo de Acessibilidade

    na Sociedade da Informao

    Autor: Maria das Graas Pimentel

    rea de concentrao: Transferncia da Informao

    Linha de Pesquisa: Gesto da Informao e do Conhecimento

    Tese apresentada Faculdade de Cincia da Informao da

    Universidade de Braslia como requisito parcial para obteno

    de ttulo de Doutor em Cincia da Informao.

    Tese aprovada em: 20 de abril de 2011

    BANCA EXAMINADORA

    _____________________________________________________

    Prof. Dr. Emir Jos Suaiden - Presidente - Orientador (UnB/FCI)

    _____________________________________________________

    Prof. Dr. Edgar Merchn Hamann - Membro Interno UnB/ FS

    __________________________________________________________________

    Prof. Dr Lllian Maria Araujo Resende Alvares Membro Interno (UnB/FCI)

    ________________________________________________________________

    Prof Dr Ceclia Leite Oliveira - Membro Externo (Pesquisadora da Embrapa)

    ___________________________________________________________

    Prof. Dr Walda de Andrade Antunes - Membro Externo - (IPECE/SP)

    ___________________________________________________________

    Prof. Dr. Murilo Bastos da Cunha - Membro Interno - (UnB/FCI) (Suplente)

  • Dedico esta tese s pessoas que acreditam no paradigma da incluso

    social como caminho ideal para se construir uma sociedade para

    todos.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela oportunidade de experimentar as maravilhas de sua criao.

    Ao professor Emir Suaiden, meu mestre e orientador, pessoa de grande valor que vem

    trabalhando incansavelmente pelo Brasil em prol da democratizao da informao enquanto

    elemento de incluso social.

    Aos meus grandes mestres da Universidade de Braslia / FCI, Professores Doutores Sely

    Costa, Suzana Mueller, Murilo Bastos, Walda Antunes, Dulce Baptista e Lllian Alvares que

    contriburam para o meu crescimento profissional e pessoal aos quais devo todo o

    aprendizado acadmico.

    Ao professor Doutor Edgar Merchn Hamann da Faculdade de Cincias da Sade da

    Universidade de Braslia pelas orientaes quanto interpretao e cruzamento dos dados

    coletados com a pesquisa.

    Ao Embaixador Pedro Borio que me incentivou a prosseguir na carreira acadmica.

    Aos Centros de Incluso Digital do Distrito Federal que acolheram o nosso trabalho nos

    auxiliando com as informaes necessrias, propiciando as condies prprias e fundamentais

    para o seu enriquecimento.

    Aos deficientes visuais que participaram desta pesquisa com quem aprendi novas formas de

    perceber as coisas.

    A todos aqueles que se dispuseram a contribuir direta ou indiretamente para a realizao deste

    projeto, em especial os entrevistados.

    minha querida amiga Liliane que muito contribuiu para o desenvolvimento deste trabalho

    dando apoio quanto discusso e reflexo dos temas a serem abordados no estudo.

  • Aos meus familiares e em especial ao meu querido pai (in memorian) pelo apoio e estmulo

    empreendidos.

    Ao meu esposo Ronildo e filhos, pelo apoio incondicional a este projeto.

  • As ferramentas computacionais abrem um espao de oportunidades,

    principalmente para as pessoas cujos padres de aprendizagem no

    seguem os quadros tpicos de desenvolvimento. Estudos mostram que

    pessoas limitadas por deficincias no so menos desenvolvidas, mas se

    desenvolvem de forma diferente

    Lucila Santarosa

  • RESUMO

    No mundo das tecnologias da informao e da comunicao - TICs, no possvel mais

    admitir a idia de que as pessoas com deficincias devem ser consideradas, como em outros

    tempos, objetos das polticas de assistncia social. Hoje, graas s mudanas tecnolgicas

    verificadas nas ltimas duas dcadas, particularmente no que diz respeito crescente

    globalizao da economia e das atividades humanas, as pessoas comeam a ser vistas como

    seres humanos que devem exercer todo o espectro de direitos civis, polticos, sociais, culturais

    e econmicos. A presente investigao apresenta um estudo de usurios que so deficientes

    visuais e frequentam os ambientes digitais do Distrito Federal. O objetivo dessa pesquisa

    identificar e analisar polticas que orientam programas de acessibilidade nesses ambientes que

    oferecem servios de informao. O estudo tem a inteno de identificar como programas e

    polticas pblicas de incluso digital podem contribuir para reduo da excluso social desse

    segmento. Procura-se centrar a questo da incluso digital em conjunto com os principais

    fatores: a disponibilizao da tecnologia e a abordagem educacional voltada para a atuao do

    educador/multiplicador capaz de preparar o indivduo para apropriar-se das tecnologias da

    comunicao. Tem como foco ainda, pontuar as principais questes norteadoras desse debate

    principalmente no que diz respeito aos aspectos da incluso e excluso digital; a dimenso

    tecnolgica; suas interfaces com o mundo globalizado em torno do papel da informao e do

    conhecimento nos dias de hoje, principalmente no que se refere elevao da qualidade de

    vida e da dignidade da pessoa com deficincia visual, a partir da efetiva garantia de acesso

    informao e aprendizagem. Espera-se que os resultados desse estudo possam apontar para

    uma reflexo cientfica que converge para o campo da Cincia da Informao, onde a

    oposio entre incluso e excluso social possa ser mais bem observada para validar a eficcia

    dos programas e projetos de acessibilidade existentes. Os resultados obtidos revelaram que:

    os programas de incluso digital para deficientes visuais no Distrito Federal vem passando

    por um processo de desenvolvimento e enfrentam os desafios oriundos das transformaes

    scioculturais e se esforam para incorporar o novo papel que lhes cabe na transferncia de

    conhecimentos e informaes para incluir esses usurios na sociedade da informao; as

    desigualdades sociais tem sido um fator determinante quanto ao uso e acesso dos meios de

    comunicao digital, dificultando a interatividade dos usurios com as novas tecnologias de

    informao. Conclui que h necessidade de estabelecer polticas pblicas para fortalecer os

  • mecanismos de acesso de informao digital para deficientes visuais e promover a incluso

    social e digital como forma de diminuir as desigualdades e barreiras existentes.

    Palavras-Chave: Sociedade da Informao. Incluso Digital. Excluso Social. Polticas

    Pblicas. Educao. Cincia da Informao. Deficincia Visual. Ambientes Digitais.

    Tecnologia Assistiva. Acessibilidade.

  • ABSTRACT

    In this world of information technology and communication TICs, the idea that people with

    handicaps should be considered objects of political and social assistance, is not admissible .

    Today, thanks to the technological changes of the last ten years, especially in regards to the

    growing globalization of the economy and of human activities, people are now seen as human

    beings that have a right to exercise the whole spectrum of their civil, political, social, cultural

    and economic rights. This investigation presents a study of visually impaired users of the

    digital environment in the Distrito Federal. The objective of this study is to identify and

    analyze the policies that regulate programs of accessibility where information services are

    offered. The study intends to identify how public programs and policies of digital inclusion

    can contribute to the reduction of the social exclusion of this segment of society Digital

    inclusion focuses on the following factors: the availability of technology; the educational

    approach, with emphasis on the preparation of the individual who is to make use of

    communication technology, by a capable educator. The study also seeks to point out the main

    questions of this debate, those concerning the aspects of digital inclusion/exclusion; the

    technological dimension; Its interfaces with a globalized world and the role of information

    and knowledge today, especially when referring to the betterment of the quality of life and

    dignity of a visually impaired person, through the effective access to information and

    education. The results of this study are expected to bring about some thought which will

    converge into the field of information science, where the difference between social inclusion

    and social exclusion can be better observed so as to validate the efficiency of the existing

    programs and projects of accessibility. The results showed that: the programs of digital

    inclusion for the visually impaired in the Distrito Federal have been going through a process

    of development, while. facing challenges which stem from sociocultural changes, and are

    making an effort to incorporate the new role of knowledge and information transfer, to

    include these users in the information society. Social inequalities have been a determining

    factor for the access and use of digital communication, making the interactivity of new

    information technologies difficult for the user. It is then concluded that there is a need to

    establish public policies to strengthen the mechanisms of the accessibility of digital

    information for the visually impaired which will promote social and digital inclusion as a

    form of bringing down the existing barriers and inequalities.

  • Keywords: Information society. Digital inclusion. Social exclusion. Public policies.

    Education. Information science. Visually impaired. Digital environments. Assistive

    Technology. Accessibility.

  • LISTA DE FIGURAS E MAPAS

    Mapa 1 - ndice das desigualdades Digitais (Brasil, 2005).......................................................49

    Figura 1- Tabela de Snellen ............................................................................................................. 77

    Figura 2 - Alfabeto braille ............................................................................................................... 82

    Figura 3 - Mquina em braille .......................................................................................................... 83

    Figura 4 Soroban ou baco ........................................................................................................... 89

    Figura 5 - Tecnologia Assistiva ...................................................................................................... 117

    Figura 6 - Aparelho de leitura..................................................................... ............................. ..........................151

    Figura 7 - Telecentro da APAE/DF ................................................................................................. 151

    Figura 8 - Computadores com teclados ampliados ............................................................................. 151

    Figura 9 - Impressora braille .......................................................................................................... 151

    Figura 10 - Equipamento leitor de documentos .................................................................................. 152

    Figura 11 - Biblioteca Braille de Taguatinga ..................................................................................... 158

    Figura 12 - Biblioteca Itinerante ..................................................................................................... 158

    Figura 13 - Telecentro da Biblioteca Braille ...................................................................................... 159

    Figura 14 - CEEDV ..................................................................................................................... 164

    Figura 15 - CEEDV ..................................................................................................................... 164

    Figura 16 - Telecentro CEEDV ...................................................................................................... 164

    Figura 17 - Telecentro CEEDV ...................................................................................................... 164

    Figura 18 - Ambientes digitais pesquisados................ ...........................................................228

    Figura 19 - Dados da situao visual dos usurios.................................................... .............229

    Figura 20 - Dados sobre a causa de deficincia........................................................ ..............229

    Figura 21 - Dados sobre o sexo dos usurios............................................................ ..............230

    Figura 22 - Dados sobre a faixa etria dos usurios........................................................ .......230

    Figura 23 - Dados sobre o estado civil dos usurios...................................................... ........231

    Figura 24 - Dados sobre o grau de instruo dos usurios............................................ .........231

    Figura 25 - Dados sobre as principais atividades que os usurios encontram............. ..........232

    Figura 26 - Dados sobre as dificuldades que os usurios encontram no trabalho......... .........232

    Figura 27 - Dados sobre a situao empregatcia dos usurios...............................................233

    Figura 28 - Dados sobre a renda familiar dos usurios................................................. ..........234

    Figura 29 - Dados sobre a moradia dos usurios............................................................ ........234

    Figura 30 - Dados sobre a moradia dos usurios e dependncia.................................... ........235

    Figura 31 - Dados sobre a utilizao dos usurios dos CIDs.................................. ................237

  • Figura 32 - Dados sobre os motivos de uso dos CIDs..................................................... .......237

    Figura 33 - Dados sobre a satisfao das expectativas informacionais......................... .........238

    Figura 34 - Dados sobre fonte de informao.................................................................. .......239

    Figura 35 - Dados da deficincia do CID.......................................................................... .....239

    Figura 36 - Dados sobre o atendimento do CID................................................................ .....240

    Figura 37 - Dados sobre o tempo de utilizao do CID.................................................... ......240

    Figura 38 - Dados de como tomou conhecimento dos servios do CID............................ .....241

    Figura 39 - Dados sobre o grau de preferncia dos softwares............................................ ....241

    Figura 40 - Dados sobre o grau de uso de preferncia dos softwares................................ .....242

    Figura 41 - Dados dos servios que utiliza na Biblioteca do CID....................................... ...242

    Figura 42- Dados das opinies sobre o braille.............................................................. .........243

    Figura 43 - Dados sobre a rea dos CIDs................................................................................257

    Figura 44 - Dados sobre a acessibilidade fsica........................................................... ...........258

    Figura 45 - Dados sobre as dificuldades encontradas pelos CIDs.............................. ............258

    Figura 46 - Dados sobre orientao de atividades pelos monitores............................ ............259

    Figura 47 - Dados sobre cursos de capacitao tcnica............................................ ..............260

    Figura 48 - Dados sobre a integrao com a comunidade.......................................... ............260

    Figura 49 - Dados dos servios prestado comunidade....................................................... ..261

    Figura 50 - Dados sobre a formao da clientela................................................................. ...261

    Figura 51 - Dados sobre o grau de instruo dos coordenadores............................................262

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1- Ranking dos Estados de Pessoas com Deficincias .............................................. 33

    Quadro 2 - Tipos de Deficincias ............................................................................................. 34

    Quadro 3 - Vantagens e desvantagens do sistema leitor de tela Dosvox ............................... 124

    Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do sistema leitor de tela Vitual Vision ...................... 130

    Quadro 5 - Vantagens e desvantagens do sistema leitor de tela Jaws .................................... 134

    Quadro 6 - Legislao Federal para PNEs.............................................................................. 189

    Quadro 7 - Normas Tcnicas da ABNT para PNEs ............................................................... 192

    Quadro 8 - Desenho Metodolgico da Pesquisa ..................................................................... 207

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Proporo de deficientes no mundo e no Brasil ...................................................... 29

    Tabela 2 - Deficincia no Brasil...............................................................................................30

    Tabela 3 - Populao residente por tipo de deficincia (Brasil 2000) ...................................... 30

    Tabela 4 - Tipo de deficincia por sexo - Brasil....................................................................... 30

    Tabela 5 - Produtos e Servios da Fundao Dorina Nowill .................................................... 93

    Tabela 6 - Distribuio dos Questionrios por Instituio ..................................................... 223

    Tabela 7 - Distribuio dos Questionrios por Instituio.....................................................224

    Tabela 8 - Distribuio dos Questionrios por Instituio.....................................................225

    Tabela 9 - Dados sobre bens que os usurios possuem..........................................................235

    Tabela 10 - Dados sobre o que os usurios fazem no seu tempo livre...................................236

    Tabela 11 - Percepo das deficincias que os Centro de Incluso Digital apresentam quanto

    s Instalaes Fsicas pelos DVs........................................................................244

    Tabela 12 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto

    ao Acesso Internet pelos DVs...........................................................................245

    Tabela 13 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto

    ao Atendimento do Instrutor pelos DVs..............................................................246

    Tabela 14 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto

    s barreiras arquitetnicas pelos DVs.................................................................247

    Tabela 15 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto

    ao Mobilirio inadequado pelos DVs.................................................................248

    Tabela 16 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto

    ao Horrio pelos DVs..........................................................................................249

    Tabela 17 - Dados sobre a disponibilizao interna do ambiente...........................................257

  • LISTA DE SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AIDS

    ACS

    Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

    Assessoria de Comunicao Social

    APAE

    AT

    Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais do DF

    Ajudas Tcnicas

    AVAS Atividades da Vida Autnoma e Social

    BCE Biblioteca Central

    BDS

    BIA

    CAT

    Biblioteca Digital e Sonora

    Bloco de Iniciao a Alfabetizao

    Comit de Ajudas Tcnicas

    CDI

    CID

    Comit para a Democratizao da Internet

    Centro de Incluso Digital

    CEEDV Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais

    CERMI

    CESPE

    Comit Espanhol de Representantes de Pessoas com Incapacidade

    Centro de Seleo e de Promoo de Eventos

    CETIC Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e Comunicao

    CGI Comit Gestor da Internet

    CF Constituio Federal

    CNE Conselho Nacional de Educao

    CENESP Centro Nacional de Educao Especial

    CODEPLAN Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central

    COLESP Colees Especiais

    CONFINS Contribuio para Financiamento da Seguridade Social

    CORDE Coordenadoria Nacional para Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia

    CPS Centro de Polticas Sociais

    DAC

    DEG

    DF

    DV

    Decanato de Assistncia Comunitria

    Decanato de Ensino e Graduao

    Distrito Federal

    Deficiente Visual

    EAPE Escola de Aperfeioamento dos Profissionais da Educao

  • EICs Escolas de Informtica e Cidadania

    EJA Educao de Jovens e Adultos

    EPT Educao Profissional e Trabalho

    FBB Fundao Banco do Brasil

    FE

    FGV

    FT

    Faculdade de Educao

    Fundao Getlio Vargas

    Faculdade de Tecnologia

    FOAL Fundao Once para a Amrica Latina

    GESAC Governo Eletrnico Servio de Atendimento ao Cidado

    GID Gerenciamento da Informao Digital

    GPL Licena Pblica Geral

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IBRE Instituto Brasileiro de Economia

    ICDH International Classification of Functining, Disability and Health

    ICIDH International Classification of Impairment, Disability and Handicap

    IDH ndice de Desenvolvimento Humano

    INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

    LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    LDV

    MCT

    Laboratrio de Apoio ao Deficiente Visual da UnB

    Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Industria e Comrcio Exterior

    MEC Ministrio da Educao

    NBR Norma Brasileira

    NCE Ncleo de Computao Eletrnica

    NEB Notaes Especficas em Braille

    NIC Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto BR

    NVDA Acesso No-Visual ao Ambiente de Trabalho

    OIT Organizao Internacional do Trabalho

    OMS Organizao Mundial de Sade

    ONCB Organizao Nacional dos Cegos no Brasil

    ONGS Organizaes no Governamentais

    ONU Organizao das Naes Unidas

    OPT Oficinas Protegidas Teraputicas

  • PAMPD Programa de Ao Mundial para Pessoas Deficientes

    PC Computador Pessoal

    PCNs Parmetros Curriculares Nacionais

    PDAD Pesquisa Distrital por Amostra de Domiclio

    PDV Pessoa com deficincia visual

    PDVs Pessoas com deficincias visuais

    PED Plano de Desenvolvimento da Educao

    PIS

    PNAD

    Programa de Integrao Social

    Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios

    PNE Plano Nacional de Educao

    PNEE Poltica Nacional de Educao Especial

    PNEs Pessoas com necessidades especiais

    PNEEs Portadores de necessidades educacionais especiais

    PPNE Programa de Apoio s Pessoas com Necessidades Especiais

    PNLL Plano Nacional do Livro e Leitura do Minc

    SESC Servio Social do Comrcio

    SEDEST Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferncia de Renda

    SEE-DF Secretaria de Estado de Educao do Distrito Federal

    SEESP

    SNPD

    Secretaria de Educao Especial MEC

    Secretaria Nacional de Promoo das Pessoas com Deficincia

    SOCINFO

    SOT

    Programa Sociedade da Informao no Brasil

    Servio de Orientao ao Trabalho

    TA

    TDA

    TDAH

    Tecnologia Assistiva

    Transtorno de dficit de ateno

    Transtorno de dficit de ateno e hiperatividade

    TI Tecnologia da Informao

    TIC Tecnologia da Informao e da Comunicao

    TICS Tecnologias da Informao e da comunicao

    UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UnB Universidade de Braslia

    UTI Unio Internacional de Telecomunicaes

    UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

    USP Universidade de So Paulo

  • SUMRIO

    CAPTULO 1

    1. INTRODUO...................................................................................................................23

    1.1 PROBLEMA QUE SER OBJETO DA PESQUISA .................................................... 27

    1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 32

    1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ......................................................................................... 36

    1.3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 36

    1.3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................................. 36

    1.4 PRESSUPOSTOS ........................................................................................................... 37

    CAPTULO 2

    2. REVISO DE LITERATURA ......................................................................................... 38

    2.1 SOCIEDADE DA INFORMAO E PESSOAS COM DEFICINCIA...........................41

    2.1.1 DESIGUALDADES SOCIAIS: UM DURO DESAFIO A SER ENFRENTADO 43

    2.1.2 AS BARREIRAS DA INCLUSO DIGITAL ..................................................... 47

    2.1.3 DESENVOLVER UM PROCESSO DE INCLUSO DIGITAL NA

    SOCIEDADE BRASILEIRA ................................................................................................. 51

    2.1.4 FORMULAO DE POLTICAS PBLICAS CONTRA EXCLUSO

    DIGITAL ................................................................................................................................ 55

    2.1.5 EDUCAR PARA EVITAR A EXCLUSO SOCIAL .......................................... 58

    2.1.6 MOMENTOS HISTRICOS DA DEFICINCIA E DA INCLUSO ................ 60

    2.1.7 MOMENTOS HISTRICOS DA EDUCAO ESPECIAL ............................... 65

    2.1.8 AS CONQUISTAS LEGAIS DOS DEFICIENTES NO MEIO INTERNACIONAL

    E NO BRASIL ....................................................................................................................... 68

    2.2 DEFININDO DEFICINCIA ........................................................................................... 72

    2.2.1 DEFININDO DEFICINCIA VISUAL ................................................................ 76

    2.2.2 O SISTEMA BRAILLE ......................................................................................... 80

    2.2.3 O DEFICIENTE VISUAL E O PROCESSO DE ALFABETIZAO.................84

  • 2.2.4 A IMPORTNCIA DA FUNDAO DORINA NOWILL NO CENRIO

    EDUCACIONAL...................................................................................................................91

    2.2.5 ONCB ORGANIZAO NACIONAL DE CEGOS DO BRASIL .................. 95

    2.2.6 FUNDAO ONCE PARA A SOLIDARIEDADE COM PESSOAS CEGAS

    DA AMRICA LATINA (FOAL) ......................................................................................... 97

    2.2.7 ATENDIMENTO ADEQUADO S PESSOAS COM DEFICINCIA VISUAL 99

    2.2.8 O PROCESSO DE INCLUSO E O PAPEL DO PROFESSOR ...................... 105

    2.3 MECANISMOS DE INFORMAO DIGITAL PARA OS DEFICIENTES VISUAIS .. 108

    2.3.1 A INCLUSO DIGITAL DOS DEFICIENTES VISUAIS NA PERSPECTIVA DA

    TECNOLOGIA ASSISTIVA ............................................................................................... 113

    2.3.2 SOFTWARES DESENVOLVIDOS PARA DEFICIENTES VISUAIS .................... 119

    2.3.2.1 DOSVOX............................................................................................................119

    2.3.2.2 VIRTUAL VISION.............................................................................................126

    2.3.2.3 JAWS..................................................................................................................130

    2.3.2.4 NVDA.................................................................................................................135

    2.3.3 ITENS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS PARA A INSTALAO DE

    UM AMBIENTE TELETEMTICO PARA DEFICIENTES VISUAIS ...........................138

    2.3.4 CONHECENDO OS AMBIENTES TELEMTICOS INSTALADOS NO DF QUE

    DO ATENDIMENTO A PESSOA COM DEFICINCIA VISUAL .............................. 145

    2.3.4.1 APAE- ASSOCIAO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS DO DF ...... 145

    2.3.4.2 BIBLIOTECA BRAILLE DORINA NOWILL ............................................................. 153

    2.3.4.3 CEEDV - CENTRO DE ENSINO ESPECIAL DE DEFICIENTES VISUAIS ......... 159

    2.3.4.4 BIBLIOTECA DIGITAL E SONORA DA UnB ............................................................ 165

    2.3.4.5 LABORATRIO DE APOIO AO DEFICIENTE VISUAL DA UnB ....................... 167

    2.3.5 PPNE-PROGRAMA DE APOIO S PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DA

    UNIVERSIDADE DE BRASLIA ........................................................................................... ....... 171

    2.3.6 OS DEFICIENTES VISUAIS E O AMBIENTE DE APRENDIZAGEM TENDO

    COMO MEDIADOR O COMPUTADOR...........................................................................174

    2.3.7 ACESSO AOS CONTEDOS DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAO E O

    DEFICIENTE VISUAL ......................................................................................................177

    2.4 ACESSIBILIDADE: RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................................... 181

    2.4.1 BRASIL ACESSVEL ........................................................................................... 184

    2.4.2 LEGISLAES ESPECFICAS QUE DO SUPORTE S PESSOAS COM

    DEFICINCIA ..................................................................................................................... 187

  • 2.5 CONCLUSO DA REVISO DE LITERATURA .......................................................... 195

    CAPTULO 3

    3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 198

    3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................... 198

    3.2 ESTRUTURA DA PESQUISA .................................................................................... 204

    3.2.1 DEFINIO DO OBJETO DE ESTUDO A SER INVESTIGADO .............................. 204

    3.3 DELIMITAO DO ESTUDO ................................................................................... 208

    3.4 DEFINIO DO UNIVERSO DA PESQUISA .......................................................... 208

    3.5 DEFINIO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................ 209

    3.6 VARIVEIS .................................................................................................................211

    3.6.1 VARIVEIS ESTUDADAS.................................................................................213

    3.7 QUESTIONRIOS ....................................................................................................... 218

    3.8 PR -TESTE E APLICAO DE QUESTIONRIO ................................................. 222

    CAPTULO 4

    4. ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS ............................................................. 227

    4.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE USURIOS DOS AMBIENTES DIGITAIS DO

    DF.........................................................................................................................................228

    4.1.1 ANLISE DE ASSOCIAO ENTRE VARIVEIS INDEPENDENTES E A

    PERCEPO DE DEFICINCIA NOS CIDs...............................................................244

    4.1.2 CONCLUSO DA ANLISE E INTERPRETAO DE DADOS...................249

    4.2 RESULTADOS DO QUESTIONRIO PARA COORDENADORES DOS

    AMBIENTES DIGITAIS DO DF........................................................................................257

    4.2.1 CONCLUS DA ANLISE E INTERPRETAO DE DADOS......................262

    4.3 CONCLUSO DA ANLISE DOS QUESTIONRIOS PARA PROFESSORES E

    MONITORES DOS AMBIENTES DIGITAIS DO DF.......................................................265

    4.4 RESULTADO DA ANLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA.............................267

    4.4.1 CONCLUSO DA ANLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA ......................272

  • CAPTULO 5

    5. CONSIDERAES FINAIS..................................................................................275

    5.1 RESULTADOS DA PESQUISA E SUA CONTRIBUIO COM A CINCIA DA

    INFORMAO E COM A GESTO DA INFORMAO E DO CONHECIMENTO.280

    5.2 PROPOSTAS PARA O FORTALECIMENTO DE POLTICAS PBLICAS

    VOLTADAS PARA OS SERVIOS DE INFORMAO A SEREM OFERECIDOS

    PELOS CENTROS DE INCLUSO DIGITAL INSTALADOS NO DF PARA

    DEFICIENTES VISUAIS..................................................................................................284

    REFERNCIAS....................................................................................................................289

    GLOSSRIO.........................................................................................................................301

    APNDICES..........................................................................................................................308

    ANEXOS................................................................................................................................333

  • 23

    CAPTULO 1

    1 INTRODUO

    A informao e o conhecimento sempre estiveram presentes na histria da

    humanidade e hoje passaram a ser fora produtiva direta, promovendo novas formas de

    interao e de participao social.

    Na sociedade atual, as tecnologias da informao e da comunicao permeiam todas

    as reas do conhecimento tornando a vida das pessoas mais fcil. A capacidade de acesso e

    uso da informao vem consolidando-se como principal elemento para o desenvolvimento

    econmico e social, alm de requisito para o exerccio da cidadania.

    Se para uns, conhecimento poder e por conseqncia, instrumento de dominao,

    para outros, d-se como patamar indissocivel da gesto democrtica na sociedade moderna,

    que passou a ser regida tambm pelos preceitos do conhecimento, da educao e do

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico (BRASIL. MINISTRIO DA CINCIA E

    TECNOLOGIA, 2000).

    As aes e problemas decorrentes da abundncia de informao permeiam a

    sociedade da informao1. Para minimizar a tica dominante e excludente do acesso

    informao e ao conhecimento, a sociedade da informao se apia no desenvolvimento de

    tecnologias da informao e comunicao (TICs) que suportam o intercmbio e a

    interatividade em meio digital entre indivduos e organizaes. Campello (2003) corrobora a

    afirmativa quando cita o documento 2020 Vision que traa as polticas de informao no

    Reino Unido:

    Se a sociedade da informao ambiente de abundncia informacional, a tecnologia

    o instrumento que vai permitir lidar com o problema, potencializando o acesso

    informao e conectando as pessoas aos produtos da mente.

    1 Sociedade da informao um termo usado normalmente para definir o novo contexto em que vivemos, no

    qual todas as atividades humanas esto cada vez mais dependentes das infraestruturas eletrnicas da informao

    (Castells, 1999).

  • 24

    O fenmeno da globalizao da informao tal como vem se apresentando hoje, faz

    do mercado informacional um dos que mais cresce no mundo. Tal realidade requer uma

    sociedade mais preparada para enfrentar os desafios oriundos das transformaes

    socioculturais, para que possa incorporar o novo papel que lhes cabe na sociedade do

    conhecimento tendo em vista que cada vez maior o uso da informtica e de seus

    subprodutos em todas as atividades da sociedade. Entretanto seja pelo alto custo ou pelo

    difcil acesso, as tecnologias atendem apenas a uma pequena parcela da populao sendo as

    pessoas com deficincia uma das mais prejudicadas.

    Sob esse aspecto, Jambeiro (2005) se pronuncia ao revelar que a sociedade brasileira

    passou por profundas mudanas sociais, onde parte da populao se transformou em grande

    consumidora de produtos e servios digitais. No entanto, um extrato significante da sociedade

    continua margem desse movimento, apesar das inmeras iniciativas privadas e

    governamentais de incluso digital. De Norte a Sul do pas, so identificadas aes de

    infoincluso fundamentais para o exerccio da cidadania. Para o autor, o desenvolvimento da

    democracia alcanado pelo Brasil indica que comeamos a aceitar, tambm como natural

    (assim como a excluso e a incluso), uma tendncia reduo das distncias sociais. sob

    essa tica que se deve vislumbrar a incluso dos indivduos na sociedade da informao

    dando oportunidade tambm queles com algum tipo de limitao como o caso dos

    deficientes visuais, objeto de estudo desta tese.

    A acessibilidade da pessoa com deficincia aos recursos informais hoje, portanto,

    um grande desafio que deve merecer a ateno do poder pblico como uma prtica

    permanente, responsvel e inclusiva necessria condio humana j que o pas tem cerca de

    24,5 milhes de pessoas convivendo com algum tipo de deficincia de acordo com o Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2000).

    Nesse sentido, um pas desigual e de dimenses continentais como o nosso precisa

    repensar suas prticas e suas possveis aes complementares que possam subsidiar polticas

    que visam proporcionar a insero social das pessoas com deficincia nas diversas reas

    (sade, educao, trabalho, transferncia de renda, etc), junto ao setor pblico, privado e da

    sociedade civil no intuito de reduzir os danos sociais e melhorar o retrato da deficincia no

    Brasil.

  • 25

    Para efeito deste trabalho, foi adotada a denominao pessoa com deficincia visual

    representada pela sigla PDV ou PDVs quando se referir as pessoas com deficincias visuais e

    ainda DVs quando se tratar simplesmente de deficientes visuais.

    Nesta pesquisa ser feito um estudo de usurios que frequentam os ambientes digitais

    instalados no Distrito Federal tendo como o foco a pessoa com deficincia visual, de modo a

    detectar suas necessidades informacionais e os fatores que possam estar interferindo e ou

    dificultando a sua acessibilidade para a efetiva insero na sociedade da informao.

    O estudo tem a inteno de identificar como programas e polticas pblicas de

    incluso digital podem contribuir para a reduo da excluso social da pessoa com deficincia

    visual. Para tal, procura-se centrar a questo da incluso digital em conjunto com os principais

    fatores: a disponibilizao da tecnologia; a necessidade de contedos ou recursos digitais e a

    abordagem educacional voltada para a atuao do educador ou do multiplicador capaz de

    preparar o indivduo para apropriar-se das tecnologias da comunicao.

    Tem como foco ainda, pontuar as principais questes norteadoras desse debate

    principalmente no que diz respeito aos aspectos da dimenso tecnolgica; suas interfaces com

    o mundo globalizado em torno do papel da informao e do conhecimento nos dias de hoje,

    principalmente no que se refere elevao da qualidade de vida e da dignidade dos DVs a

    partir da efetiva garantia de acesso por meio da mediao e da aquisio de conhecimento.

    A outra questo a ser analisada para a PDV se a disponibilidade dessas tecnologias

    atende as suas reais necessidades por informao e o resultado que o uso das TICs promove

    na sua vida. Nesse sentido, uma sociedade inclusiva aquela que se utiliza desses avanos

    tecnolgicos para oportunizar a pessoa com deficincia visual um passo em direo a esse

    novo tempo, que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitao das diferenas.

    H que se considerar ainda, a contribuio do estudo para validar os impactos das

    aes apoiadas nas tecnologias da informao e da comunicao, como ferramenta

    imprescindvel para a formao da cidadania, carter, conscincia e crescimento intelectual

    permanentes dos DVs. A popularizao dos recursos tecnolgicos para esse grupo social

  • 26

    pressupe mais habilidade para o consumo da informao e crescimento pessoal que se

    constituir como uma porta aberta para o acesso ao conhecimento, o desenvolvimento cultural

    e a profissionalizao.

    O cerne dessa pesquisa reconhecer o fato de que a principal ferramenta desse novo

    milnio no ser mais o computador, e sim o prprio conhecimento, modelado pelas novas

    estratgias cognitivas que facilitam a tomada de deciso e a soluo de problemas adotados

    pelos DVs. Em um ambiente digital para DVs, mediar ensinar a classificar, a discriminar, a

    selecionar e a analisar as informaes transformando-as em conhecimento e melhoria da

    qualidade de vida.

    Para atingir os objetivos propostos na tese, o presente trabalho apresenta-se num

    escopo contendo reviso de literatura e uma metodologia que implica estudo de usurios e de

    gestores de ambientes telemticos, alm de entrevistas voltadas para programas de

    acessibilidade e de incluso social, cujas anlises de dados nortearo todo o processo de

    investigao.

    A tese est dividida em cinco captulos. O primeiro constitudo pela introduo que

    contempla o problema da pesquisa, a justificativa, os objetivos e os pressupostos.

    O segundo captulo introduz a reviso da literatura bem como os aspectos tericos

    voltados para a incluso e excluso social, incluso e excluso digital, referncias a respeito

    da deficincia visual nos cenrios nacional, internacional, social e educacional, legislao,

    polticas pblicas voltadas para DVs, dentre outros assuntos. Ainda neste captulo tratada a

    questo da tecnologia assistiva disponibilizada e utilizada no Brasil pelos deficientes visuais,

    alm de suas principais caractersticas e modo de funcionamento.

    No terceiro captulo apresentada a metodologia de investigao utilizada que se

    concentra em um estudo etnogrfico, descritivo de carter exploratrio e de natureza

    quantitativa e qualitativa que possibilitar uma investigao dos programas e projetos de

    incluso digital mediados pelos recursos tecnolgicos, implantados no Distrito Federal para

    PDV. O quarto captulo traz os resultados das observaes referentes s investigaes atravs

    dos instrumentos de pesquisa como questionrios e entrevistas realizadas nos ambientes

  • 27

    digitais junto aos usurios, gestores de polticas pblicas, coordenadores, professores e

    monitores. As consideraes finais sobre o estudo so tratadas no quinto e ltimo captulo que

    traz tambm as contribuies do estudo com a Cincia da Informao e sugestes de melhoria

    para os Centros de Incluso Digital.

    Posteriormente so apresentadas as obras consultadas, o glossrio, os apndices e os

    anexos que tem a funo de ilustrar os instrumentos utilizados na pesquisa de campo.

    nesse cenrio que surge a indagao objeto da pesquisa: A falta de atendimento

    informacional adequado prejudica a incluso do deficiente visual na sociedade da

    informao?

    Espera-se que o resultado desse estudo possa colaborar com a reduo da

    desinformao e do preconceito que norteiam o tema, incentivar novas pesquisas, fomentar a

    discusso da diversidade e contribuir para a mudana cultural da sociedade. Espera-se ainda

    que esses resultados possam apontar para uma reflexo cientfica que converge para o campo

    da Cincia da Informao, onde a dualidade da incluso e excluso social possa ser mais bem

    observado para verificar parmetros utilizados para validar a eficcia dos programas e

    projetos de acessibilidade existentes visando uma sociedade mais inclusiva.

    1.1 PROBLEMA QUE SER OBJETO DA PESQUISA

    A mediao da informao e da comunicao no mundo contemporneo cada dia se

    torna mais complexa e dinmica necessitando de indivduos autnomos e que saibam lidar

    com as exigncias dessa nova era. Esse dilema propiciado pela revoluo tecnolgica tem

    afetado a vida do cidado comum pelo seu efetivo impacto e poder transformador nas prticas

    sociais.

    Entretanto, no momento em que a sociedade vive esse processo de comunicao

    massivo, de reconfigurao das informaes, verifica-se uma crescente disponibilidade

    tecnolgica que no se reflete no acesso e no uso da Internet pela maioria da populao

    brasileira.

  • 28

    A 2 Pesquisa sobre Uso da Tecnologia da Informao e da Comunicao no Brasil

    TIC DOMICLIOS e USURIOS 2006, do Comit Gestor da Internet no Brasil (CGI),

    publicada em 2007, mostra que a regio Sudeste do Brasil possui o maior nmero de includos

    digitais (18,74%), seguidos da regies: Sul (16,90%), Regio Centro-Oeste (13,05%), Norte

    (6,15%) e Nordeste com (5,54%). Dentre os estados da federao mais includos esto: Rio de

    Janeiro (22,90%), Esprito Santo (22,45%), Distrito Federal (21,45%), Santa Catarina

    (19,89%) e o Paran com (19,56%). Os menos includos so o Maranho (4,7%), Rio Grande

    do Norte (4,72%), Bahia (5,07%), Piau (5,11%) e Sergipe (5,54%). Esses indicadores

    demonstram que o acesso Internet concentra-se no meio urbano e nos Estados mais ricos da

    Federao.

    As barreiras incluso digital incluem preos de computadores, aquisies de

    softwares, disponibilidade e custo de conexes e de provedores de servios, alm de fatores

    educacionais e culturais associados concentrao de renda e baixo poder aquisitivo. O grupo

    mais pobre da populao no tem recursos para comprar computador e, menos ainda para

    pagar uma conta de telefonia fixa de um provedor de Internet.

    Se por um lado a disponibilizao interativa, viabilizada pelos meios tecnolgicos,

    tem sido um desafio capacidade de inserir os indivduos para contracenar com as

    sofisticadas teias de comunicao que geram dados e informaes, do outro, a situao

    ainda mais crtica para a pessoa com deficincia. Quando no excludas do convvio das

    outras pessoas e segregadas em espaos especiais, so submetidas a situaes que no levam

    em conta suas necessidades e garantias, conforme o que preceitua o artigo 2, da Lei Federal

    n 7.853, de 1989, que dispe sobre o apoio s pessoas com deficincia. Esta lei tambm

    explicita que:

    Ao Poder Pblico e seus rgos cabe assegurar s pessoas portadoras de deficincia

    o pleno exerccio de seus direitos bsicos, inclusive dos direitos educao.

    H que se considerar ainda que as informaes que esto disponveis, em sua grande

    maioria, ocultam uma excluso informacional para a pessoa com deficincia por

    desconhecimento ou descumprimento das normas de acessibilidade. As barreiras

    informacionais podem ser percebidas em livros convencionais e documentos impressos ou

    mesmo em meio eletrnico inacessvel.

  • 29

    Um livro, por exemplo, deve ser impresso em braille, lido e gravado em formato de

    udio por outra pessoa ou ento disponibilizado em formato digital acessvel2 cujas formas de

    disponibilizao para a pessoa com deficincia no so imediatas logo aps a sua publicao.

    Esta uma das razes do dficit informacional destes usurios.

    Segundo a ONU (Organizao das Naes Unidas) h cerca de 500 milhes de

    deficientes no mundo e 80% vivem em pases em desenvolvimento como o Brasil. J as

    estimativas da Organizao Mundial de Sade (OMS) diz que h no mundo cerca de 600

    milhes de pessoas com alguma deficincia visual, das quais 40 a 45 milhes so cegas, 135

    milhes tem baixa viso e 75% so provenientes de regies de baixo poder scio - econmico.

    Esses dados foram divulgados em 2000, quando a estimativa da populao mundial era de 6,1

    bilhes.

    Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2000), informam

    que existem 24,5 milhes de pessoas com deficincia no pas representando 14,5% da

    populao. Desses, 16.644,842 so pessoas com deficincia visual.

    O Censo Demogrfico demonstra essas informaes e visualiza as principais

    deficincias pesquisadas conforme as tabelas 1, 2, 3 e 4, a saber:

    Tabela 1 - Proporo de deficientes no Mundo e Brasil

    Populao Deficientes em

    geral

    % de deficientes

    na populao

    Cegos % de cegos no

    universo dos

    deficientes

    Mundial

    6 bilhes

    600 milhes

    10%

    40 a 45

    milhes

    6,7% a 7,5%

    Brasil

    180 milhes

    24 milhes

    14,5 %

    1,4 milho

    0,6%6

    Fonte: IBGE; WHO; FGV/IBRE

    Com os dados do ltimo censo do IBGE do ano de 2000 comparados com os dados

    apresentados pela Organizao Mundial de Sade em relao populao mundial de cegos, 2 Digital: informao armazenada e processada por computador (dispositivo eletrnico)

    Acessvel: formato que segue as regras de acessibilidade para portadores de necessidades especiais

  • 30

    possvel inferir que aproximadamente 4% da populao do planeta que possui algum tipo de

    deficincia visual vivem no Brasil. A tabela 01 demonstra essa comparao.

    Tabela 2 - Deficincia no Brasil

    Tipo de

    Deficincia

    Porcentagem em

    relao

    populao

    brasileira

    Nmero de

    habitantes

    deficientes no Brasil

    Porcentagem em relao populao

    deficiente brasileira

    Mental 1,24% 2.09 milhes 8.3%

    Fsica 0,59% 0.99 milhes 4.1%

    Auditiva 2,42% 4,08 milhes 16,7%

    Visual 6,97% 11,77 milhes 48,1%

    Motora 3,32% 5,6 milhes 22,9%

    Total 14,5% 24,5 milhes 100%

    Fonte: IBGE , Censo Demogrfico(2000)

    A tabela 2 mostra que a porcentagem de deficientes visuais a maior em relao s

    outras deficincias, seguida da deficincia motora, auditiva, mental e fsica.

    Tabela 3 - Populao residente por tipo de deficincia Brasil 2000

    Tipo de Deficincia Populao Residente

    Mental 2.844.937

    Fsica 1.416.060

    Visual 16.644.842

    Auditiva 5.735.099

    Motora 7.939.784

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000.

    A populao residente de deficientes visuais maior entre as deficincias, seguida da

    motora, auditiva, mental e fsica conforme a tabela 3.

    Tabela 4 - Tipo de deficincia por sexo Brasil

    IBGE Censo

    Demogrfico

    2000/Tipo

    de

    deficincia

    Visual

    Motora

    Auditiva

    Mental

    Fsica

    Total de

    Deficincias

    Homem 7.259.074 3.295.071 3.018.218 1.545.462 861.196 15.979.021

    Mulher 9.385.768 4.644.713 2.716.881 1.299.474 554.846 18.601.700

    Total 16.644.842 7.939.784 5.735.099 2.844.936 1.416.060 34.580.721

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000.

  • 31

    A Tabela 4 mostra que as deficincias auditivas, mental e fsica predominam no

    gnero masculino. As mulheres so em maior nmero na deficincia visual e motora.

    Conforme dados pesquisados pelo IBGE no Censo de 2000, das 24,5 milhes de

    pessoas que se declararam com deficincia, 18,8 milhes estavam nas zonas urbanas e 4,8

    milhes nas zonas rurais. O Sudeste a regio que tem a menor proporo de pessoas com

    deficincia (13,1%), enquanto o Nordeste apresenta o maior percentual (16,8%).

    O Ministrio da Educao estima que 30% das deficincias so causadas por doenas

    diversas; 20% por problemas congnitos; 20% por desnutrio; 7% por acidentes domsticos;

    5,5% por acidentes de trnsito; 2,5% devido a acidentes de trabalho e 15% por outras causas.

    No Brasil, segundo Moraes (2004) o nmero de pessoas com deficincia est

    diretamente associado a fatores como: acidentes automobilsticos, ausncia de cuidados na

    preveno de acidentes diversos, violncia, erros mdicos ou utilizao de medicamentos com

    efeitos colaterais desencadeadores de deficincias, falta de acompanhamento da parturiente e

    da criana, fatos congnitos e, at mesmo, a desinformao e a ignorncia.

    Especificamente no Distrito Federal onde se prope desenvolver o estudo, existem

    188.779 pessoas convivendo com deficincia visual conforme os dados disponibilizados pelo

    IBGE (2000).

    O Distrito Federal possui vrios programas e projetos de incluso digital instalados

    em instituies como escolas, biblioteca e organizaes associativas para DVs. Esses

    ambientes, disponibilizam recursos tecnolgicos como ferramentas de acessibilidade

    informao e ao conhecimento.

    Considerando, portanto: 1) a importncia do uso das tecnologias da informao e da

    comunicao na vida cotidiana das pessoas enquanto ferramenta fundamental para o exerccio

    da cidadania; 2) o nmero de pessoas no Distrito Federal com deficincia visual; 3) a

    dificuldade de acesso aos recursos da tecnologia da informao em funo de aspectos

    relativos ao baixo poder aquisitivo, a fatores educacionais e culturais; 3) a existncia de

  • 32

    programas locais para este segmento; 4) a existncia de legislao federal que dispe sobre o

    apoio pessoa com deficincia; o que se pretende analisar :

    - A falta de atendimento informacional adequado prejudica a incluso do deficiente

    visual na sociedade da informao?

    A resposta a essa indagao parece indicar um estudo cientfico para a compreenso

    de como determinados fenmenos ocorrem ao converg-los para o campo da Cincia da

    Informao.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    No Brasil, alarmante o quadro de excluso social. O fosso que se estabelece entre

    ricos e pobres decorrente de um processo histrico e contnuo, marcado por uma dvida da

    velha excluso social e econmica. O analfabetismo, no Brasil, precede a incluso digital. Os

    dados estatsticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2006) revelam que

    14,9 milhes de brasileiros com mais de 10 anos de idade so analfabetos e que 10,4% de

    pessoas com 15 anos ou mais so analfabetos funcionais apresentando dificuldades para

    interpretar textos simples.

    As condies do mercado capitalista tambm acumulam desigualdades sociais,

    apesar do aumento de posse de ativos para a populao referentes telefonia fixa ou mvel

    (74,5%), acesso ao rdio (87,9%) e televiso nos domiclios (93%). Apenas em 22,1% dos

    domiclios no Brasil h computadores, embora esse percentual corresponda a quase o dobro

    em relao ao ano de 2000 (12,3%). No que diz respeito ao acesso Internet, o ndice tambm

    apresentou crescimento significativo: de 8,6%, em 2003, para 16,9%, em 2006 (BRASIL.

    IBGE, 2006).

    O cenrio que hoje se apresenta com cerca de 24,5 milhes de brasileiros convivendo

    com algum tipo de deficincia precisa ser melhor observado pelas empresas governamentais

    sendo que cerca de 48% deste total (16,5 milhes ) possuem algum tipo de deficincia visual

    fazendo dessa deficincia a de maior incidncia no Brasil. De acordo com o Censo

    Demogrfico desse Instituto, os estados que mais apresentam as maiores taxas de pessoas com

  • 33

    deficincia so a Paraba (18,76%), Rio Grande do Norte (17.64%), Piau (17,63),

    Pernambuco (17,4%) e Cear (17,34), enquanto que os cinco estados que apresentam as

    menores taxas so: So Paulo (11,35%), Roraima (12,5%), Amap (13,28%), Distrito Federal

    (13,44%) e Paran (13,57%) conforme quadro abaixo:

    Quadro 1- Ranking dos Estados de Pessoas com Deficincia

    Estados Porcentagem de Pessoas com Deficincia

    So Paulo

    Roraima

    Amap

    Distrito Federal

    Paran

    Mato Grosso

    Mato Grosso do Sul

    Rondnia

    Acre

    Santa Catarina

    Amazonas

    Gois

    Esprito Santo

    Rio de Janeiro

    Minas Gerais

    Rio Grande do Sul

    Par

    Bahia

    Tocantins

    Sergipe

    Maranho

    Alagoas

    Cear

    Pernambuco

    Piau

    Rio Grande do Norte

    Paraba

    11.35

    12.05

    13.28

    13.44

    13.57

    13.63

    13.72

    13.78

    14.13

    14.21

    14.26

    14.31

    14.74

    14.81

    14.09

    15.07

    15.26

    15.64

    15.67

    10.01

    16.14

    16.78

    17.34

    17.04

    17.63

    17.64

    18.76

    Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos micro dados do Censo Demogrfico de 2000/IBGE.

    O censo mostra ainda que o Nordeste a regio que concentra a maior proporo de

    pessoas com deficincia: 16,7% em relao a 12,9% na regio Sudeste, 13,7%, na regio Sul,

    14,1% na regio Centro-Oeste e 16,1% na regio Norte . no Nordeste que tambm se

    encontra o maior nmero de pessoas cegas. Pessoas com deficincia constam ainda em maior

    proporo na populao negra, na indgena, entre as mulheres e nas pessoas idosas.

    De maneira geral, h uma relao direta e recproca entre deficincia e pobreza. A

    pobreza contribui diretamente para o aumento do nmero de pessoas com deficincia. As

    pessoas com deficincia, por sua vez, encontram difcil acesso educao, sade e

    notadamente ao trabalho, o que contribui para sua permanncia na condio de pobres,

  • 34

    excludas e, no melhor dos casos, assistidas. Segundo a ONU, 82% das pessoas com

    deficincia vivem abaixo da linha de pobreza, e cerca de 400 milhes de pessoas com

    deficincia vivem em condies precrias em pases em desenvolvimento.

    O Censo 2000 incorporou no apenas uma maior variedade de tipos de deficincias,

    como seus respectivos graus distribudos da seguinte forma:

    Quadro 2 - Tipos de Deficincias

    Tipo de deficincia %

    Mental 11,5%

    Tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia 0,44%

    Falta de um membro ou parte dele 5,31%

    Alguma dificuldade para enxergar 57,16%

    Alguma dificuldade de ouvir 19%

    Alguma dificuldade de caminhar 22,7%

    Grande dificuldade de enxergar 10,50%

    Grande dificuldade de ouvir 4,27%

    Grande dificuldade de caminhar 9,54%

    Incapaz de ouvir 0,68%

    Incapaz de caminhar 2,3%

    Incapaz de enxergar 0,6%

    Fonte: IBGE Censo de 2000.

    O censo escolar de 2002 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

    (INEP), registra 20.257 alunos com deficincia visual na educao bsica do sistema

    educacional brasileiro. A anlise desses dados reflete que muitas crianas, jovens e adultos

    com deficincia visual encontram-se fora da escola.

    Esses dados servem para despertar, mobilizar e corrigir o retrato da deficincia no

    Brasil e ainda, servem para conscientizar das conseqncias que isso representa para a nao

    quando polticas pblicas srias deixam de ser estabelecidas para este pblico em particular.

  • 35

    Novamente, preciso levar em conta que a incluso digital deve estar amparada nos

    fundamentos da alfabetizao informacional, pois muitos, apesar de terem acesso aos servios

    informatizados, no sabem como utiliz-los na sua total capacidade.

    Com o avano das tecnologias da informao que favorecem a insero do homem

    em novas formas de se relacionar com o mundo, como podemos utilizar os recursos das

    tecnologias da comunicao e da informao a favor das pessoas com deficincia, se para

    muitas que se encontram em boas condies fsicas e psicolgicas, elas ainda no

    aconteceram?

    No Distrito Federal, o retrato dos desconectados indica que 31,6% dos brasilienses

    possuem computadores em suas residncias e, apenas 22,6% esto conectados Internet. o

    que afirma a Pesquisa Distrital por Amostra de Domiclio PDAD, realizada em 2004 pela

    CODEPLAN - Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central/Subsecretaria de

    Estatstica e Informaes da Coordenao do Distrito Federal. No que se refere as pessoas

    com deficincia, no estudo de Retratos da Deficincia no Brasil realizada em 2003, a

    Fundao Getlio Vargas (FGV) e a Fundao Banco do Brasil (FBB) divulgaram que 6,5%

    das pessoas com deficincia possuem computador em casa, contra 10,2% da populao em

    geral.

    Esses dados demonstram que a desigualdade tecnolgica aumenta o abismo social

    evidenciando as diferenas sociais no Distrito Federal, impossibilitando a interatividade dos

    cidados com o mundo globalizado. A pesquisa, entretanto, no oferece dados concretos de

    indicadores sociais voltados especificamente para o cidado com necessidades especiais de

    um modo geral.

    Pessoas com deficincia ou algum tipo de limitao precisam, acima de tudo, de

    oportunidades que hoje so representadas pela posse de ativos ligados s tecnologias de

    comunicao. A negao desse direito implica numa insero desigual. O uso dos meios de

    tecnologia por essas pessoas vem possibilitar a insero social para acesso Internet quanto

    busca de servios, permitindo ao usurio automao e independncia para melhor atender suas

    necessidades informacionais.

  • 36

    Nesse contexto, importante lembrar que pessoas com deficincia possuem

    limitaes fsicas ou mentais que muitas vezes no as incapacitam, ou provocam desvantagens

    para determinadas atividades, mas geram estigmas individuais e coletivos. Essas deficincias

    sociais se apresentam como desvantagens, uma vez que esteretipos e discriminaes

    impedem que a pessoa com deficincia tenha vida normal em sociedade. Uma das principais

    fontes de preconceitos a desinformao existente acerca das potencialidades, desejos e

    dificuldades deste grupo da populao. O presente estudo tem, como inteno, ajudar a

    compreender esta situao, contribuir para o seu melhoramento e fornecer elementos sua

    soluo.

    1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

    1.3.1 OBJETIVO GERAL

    Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar e analisar polticas que orientam

    programas de acessibilidade em ambientes digitais que oferecem servios de informao no

    Distrito Federal, tendo como foco o deficiente visual.

    1.3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Conhecer as principais abordagens nacionais e internacionais no que se refere aos

    princpios de incluso social e digital para o deficiente visual;

    perceber na literatura da rea o estado-da-arte da mediao e a transferncia de

    informao como elemento importante de incluso digital;

    mapear e analisar os programas de incluso digital para pessoas com deficincia

    visual existentes no Distrito Federal;

    identificar e analisar nos ambientes de servios de informao os recursos

    tecnolgicos utilizados e a acessibilidade aos contedos disponibilizados;

    identificar os fatores que dificultam a acessibilidade para o deficiente visual e sua

    efetiva insero na sociedade da informao;

  • 37

    1.4 PRESSUPOSTOS

    Para o desenvolvimento da pesquisa, foram indicados alguns pressupostos, os quais

    serviro de base para a elaborao das questes dos instrumentos para a coleta de dados.

    Esses dados sero confirmados ou no pelos resultados obtidos. Para a execuo da presente

    tese apresentam-se os seguintes pressupostos:

    Os programas de incluso digital voltados para pessoas com deficincia visual

    implantados no DF, no atendem as suas reais necessidades de informao;

    as desigualdades sociais e a falta de ambientes de servios de informao no DF

    tem sido um fator determinante ao uso e acesso dos meios de comunicao dificultando a

    interatividade dos usurios com deficincia visual nas novas tecnologias de informao;

    a oportunidade, o conhecimento da existncia de ambientes de servios de

    informao, a capacidade das pessoas com deficincia visual usar as novas tecnologias com

    autonomia e independncia so fatores de incluso digital.

  • 38

    CAPTULO 2

    2 REVISO DE LITERATURA

    O direito de tomarem as suas prprias decises e de participarem em

    todas as esferas da vida um ponto de partida dos trabalhos para

    estabelecer uma conveno internacional sobre os direitos e

    dignidade das pessoas com deficincia.

    Kofi Annan

    Essas palavras de Kofi Annan quando era Secretrio-Geral da ONU, proferidas em

    seu discurso por ocasio do Dia Internacional das Pessoas com Deficincia em 3 de

    Dezembro de 2004, data em que todos os pases promovem eventos em comemorao a esse

    dia, propicia pensar sobre o mundo contemporneo em que vivemos no qual nenhuma

    sociedade pode afirmar basear-se na justia e na igualdade, enquanto as pessoas com

    deficincia no puderem tomar decises como membros de pleno direito.

    No mundo das tecnologias da informao e da comunicao, no possvel mais

    admitir a idia de que as pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida devem ser

    consideradas, como fora em outros tempos, objetos das polticas de assistncia social. Hoje,

    graas s mudanas tecnolgicas verificadas nas ltimas duas dcadas, particularmente no que

    diz respeito crescente globalizao da economia e das atividades humanas, as pessoas

    comeam a ser vistas como cidados que devem exercer todo o espectro de direitos civis,

    polticos, sociais, culturais e econmicos.

    certo que este processo tem sido lento e inconstante, mas est a registrar-se em

    todas as partes do mundo.

    Kofi Annan

    Com a evoluo da Internet ampliaram-se tambm as formas de busca do

    conhecimento e da informao. Apesar desse fato ter proporcionado um aumento da incluso

    social, deve-se frisar que nem todas as pessoas tm acessibilidade a tais meios o que leva a

    conseqncias trgicas como a fome, a violncia e a desesperana.

  • 39

    Sobre esse assunto, Waiselfisz (2007), relata que existe o reconhecimento dos

    diferentes ritmos de expanso das novas tecnologias denominado brechas digitais. Aplicado

    inicialmente para indicar as distncias de acesso digital que separam os pases avanados dos

    restantes h que se considerar que sem superar as fraturas internas decorrentes da falta desse

    acesso, ser impossvel diminuir essas distncias.

    Para o autor, esses avanos internos dependem de um grande conjunto de fatores. De

    um lado, do crescimento econmico, dos progressos na equidade da distribuio da renda, da

    extenso dos benefcios sociais, culturais, educacionais aos setores da populao

    historicamente excludos. De outro, tambm depende de marcos regulatrios no campo das

    telecomunicaes, que no discriminem reas ou setores da populao, da formao de capital

    humano especializado nessas novas tecnologias, da modernizao tecnolgica do aparelho

    produtivo, do setor comercial e de servios e da administrao pblica.

    Sob esse aspecto, o diferencial na quantidade e qualidade de conhecimentos que cada

    um absorve, na realidade, que representa qual a capacidade social do indivduo de insero

    nas novas tecnologias de comunicao.

    Com relao ao assunto incluso social, Mota (2005, p. 47) assim se manifesta:

    A abordagem do tema incluso social feita freqentemente a partir da mirade de

    problemas associados ao seu plo oposto: a excluso social. Analfabetismo,

    desemprego, pobreza e marginalizao, segregao tnica de minorias, de portadores

    de necessidades especiais, de grupos etrios e de gneros, distribuio desigual de

    riquezas entre cidados e regies etc. so fatores que refletem e retratam os diversos

    matizes do apartheid social.

    Fenmeno de mltiplas dimenses, a excluso social pode estar associada falta de

    bens e servios, como educao, sade, segurana, justia, cidadania e diversos tipos de

    discriminaes e privaes quanto aos direitos humanos. Uma sociedade inclusiva aquela

    que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitao das diferenas individuais.

    Diversos estudiosos (citados abaixo) que defendem a incluso digital acreditam que

    as tecnologias da inteligncia podem ser reconfiguradas para novos usos. As tecnologias da

    informao e comunicao podem ser instrumentos de combate pobreza e de incluso

    social. Para pessoas com deficincia, podem favorecer a cidadania e motivam as comunidades

  • 40

    e os indivduos a exercerem seus direitos bsicos e acima de tudo: so meios para mudar o

    cotidiano de misria social e cultural.

    Para Jambeiro e Silva (2004), a sociedade da informao est alicerada nas

    tecnologias de informao e comunicao: integrao entre a informtica, a telemtica e a

    indstria de equipamentos eletro-eletrnicos, que possibilitam o rpido e contnuo fluxo de

    informaes, diminuindo distncias e relativizando o fator tempo em uma srie de atividades

    humanas. A informao, assim, migra para o meio digital e tem a Internet como seu principal

    canal de transmisso e transferncia.

    Lima (2004), em suas consideraes afirma que a Internet tal como existe hoje no

    Brasil, vem retratar o agravamento das desigualdades sociais, econmicas e polticas, uma vez

    que privilgio de poucos o acesso a bens de computadores e linhas telefnicas. Criam-se,

    ento, duas categorias sociais: as que tm acesso Internet e os que no o tm. A tecnologia

    passa a ser a vil da histria e a responsvel para a elevao do desemprego e a busca pelo

    trabalho informal.

    Levy (2005), explica ainda que a Internet favorece a democracia e que o principal

    obstculo participao no falta de computador, mas o analfabetismo e a falta de recursos

    culturais, opinio compartilhada por Tarapanoff, Suaiden e Oliveira (2004), ao afirmarem que

    no poder haver sociedade da informao sem cultura informacional e o maior problema da

    incluso social no a falta de computadores, mas o analfabetismo em informao. Para esses

    autores, uma pessoa alfabetizada em informao seria aquela capaz de identificar a

    necessidade da informao para transform-la em conhecimentos para a soluo de

    problemas. A incluso de pessoas com deficincia possibilitar formar aprendizes com o uso

    da tecnologia assistiva ao propiciar a ampliao de habilidades funcionais, a incluso digital o

    que, conseqentemente, ir promover uma vida independente para estes cidados.

    Os pases com baixo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), como o Brasil,

    devem preocupar-se com a questo da excluso social, oportunizando aos cidados com

    deficincia a difuso da informao como item fundamental ao seu desenvolvimento social,

    educacional e cultural. O resgate dos aspectos fundamentais de cidadania oportunizada pelos

  • 41

    recursos tecnolgicos, eleva a auto-estima e o aprendizado destes indivduos, inserindo-os

    numa sociedade em redes.

    Neste aspecto, Castells (1999), em suas consideraes, afirma que vivemos em uma

    sociedade em rede e que a presena na rede ou a ausncia dela e a dinmica de cada rede

    em relao s outras so fontes cruciais de dominao e transformao de nossa sociedade.

    Por conseguinte, a excluso digital significa a excluso do conhecimento, a qual

    retira das pessoas menos favorecidas economicamente e, principalmente daquelas com

    deficincia ou mobilidade reduzida, a possibilidade de mudar suas vidas e de participar

    democraticamente das decises importantes para o desenvolvimento pleno do pas.

    Segundo Macadar e Reinhard (2002), o termo excluso digital ( apartheid digital,

    digital gap, digital divide, brecha digital,etc) significa a disponibilizao do acesso s

    Tecnologias de Informao e da comunicao (TICs), em especial Internet.

    Sob essa tica, as novas tecnologias de informao e comunicao so requisitos

    fundamentais para a educao transformadora e inclusiva as quais contribuiro para a

    melhoria da qualidade de vida destas pessoas.

    2.1 SOCIEDADE DA INFORMAO E PESSOAS COM DEFICINCIA

    Durante os ltimos anos, o mundo tem assistido o crescimento da revoluo da

    informao o que conduz a sociedade a um novo patamar de desenvolvimento a Sociedade

    do Conhecimento que oferece extraordinrias oportunidades as pessoas e naes que

    potencializam talentos e recursos rumo a novas conquistas. O conhecimento aplicado ao

    trabalho passou a gerar valor. A conquista da informao e a sua aplicao na gesto dos

    negcios e nas atividades coletivas da sociedade passaram a ser sinnimo de riquezas.

    Com a sociedade em processo de mudana em que as novas tecnologias so as

    principais responsveis, vrios autores salientam que um novo paradigma de sociedade se

    apresenta onde a informao um bem precioso na sociedade do conhecimento (NAISBITT,

    1988; DRUCKER, 1993; TOFFLER, 1984; SANTOS, 2004:255-268). Castells (1999), nessa

  • 42

    mesma linha de pensamento afirma que a informao a matria prima da nova sociedade,

    onde as tecnologias se desenvolvem para permitir ao homem atuar sobre a informao.

    A sociedade da informao e do conhecimento que passou a ser utilizada, nos ltimos

    anos desse sculo, como substituto para o conceito complexo de sociedade ps-industrial,

    traz consigo impactos sociais capazes de levar a uma transformao que incidir diretamente

    na economia acabando com o conceito atual de trabalho e valorizando mais que tudo o

    conhecimento e a aprendizagem.

    Esta sociedade poder ser responsvel por grandes diferenas sociais, tendo em conta

    o seu grau de exigncia. Como uma sociedade que vive do poder da informao, tendo

    como base as novas tecnologias ela poder ser muito discriminatria, quer entre pases, quer

    internamente, entre empresas e entre pessoas. A emergncia de novas foras de excluso se d

    tanto em nvel local quanto global e requer esforos em ambos os nveis no sentido de super-

    las. fundamental que aes nessa direo promovam acesso universal aos servios de

    informao a preos acessveis a todos os cidados.

    De acordo com a Declarao Universal dos Direitos do Homem que constitui a base

    dos direitos informao na sociedade da informao, o novo Programa Informao para

    Todos dever prover uma discusso sobre acesso informao e a participao de todos nessa

    nova sociedade. Isso poder facilitar integrao de todos os cidados incluindo ai as

    pessoas com deficincias.

    Nesse novo paradigma, as polticas educativas desempenham um papel primordial

    para diminuir as dissimetrias sociais uma vez que a informao o principal recurso onde a

    sua utilizao correta, seu armazenamento, processamento, gerao e compartilhamento

    exigem que o cidado tenha de aprender a lidar com esta realidade. Para que isso ocorra,

    manusear corretamente as tecnologias no so suficientes. necessrio desenvolver as

    competncias necessrias para compreender este novo processo. O indivduo tem de ser capaz

    de acompanhar as inovaes para ter uma adequada integrao na sociedade e no mercado de

    trabalho cada vez mais competitivo e exigente conforme o que observam os autores

    (DRUCKER, 1993; FORESTER, 1989; LYON, 1992; MARTINS, 1999; NAISBITT, 1988).

  • 43

    Nesse aspecto, a sociedade do conhecimento apresenta muitas exigncias e quem no

    se preparar ficar excludo. Perante este panorama ser fcil constatar que a escola tambm

    necessita mudar e evoluir de forma a dar respostas s necessidades da sociedade atual, cada

    vez mais exigente.

    A sociedade do conhecimento em que vivemos s pode desenvolver-se atravs do

    forte reforo da capacidade humana promovendo a excelncia na educao, do

    bsico ao tercirio, e apostando na aprendizagem ao longo da vida como novo

    paradigma educativo, ()

    Conselho Nacional de Educao, 2002

    Sob essa tica, a educao tem o desafio de preparar o cidado para uma boa

    utilizao das novas tecnologias. Num pas de desigualdades sociais como o Brasil, onde

    ainda no foi possvel erradicar o analfabetismo e grande parte da populao vive abaixo da

    linha de pobreza, cabe ao Poder Pbico tomar medidas legais e institucionais de forma a

    promover a incluso social e digital de todos inclusive das pessoas com necessidades

    especiais e com mobilidade reduzida de forma a integr-las na sociedade do conhecimento

    com foco no uso e acesso da informao e no no da informtica simplesmente.

    Por conseguinte, a implantao da sociedade da informao traz consigo uma nova

    proposio, uma nova forma de estruturao, um novo modelo de organizao social. As

    potencialidades das novas tecnologias da comunicao e informao presentes na sociedade

    do conhecimento so visveis, facilitam o fluxo de comunicao nas vrias performances. As

    pessoas com deficincia encontram nelas uma preciosa aliada na aquisio de conhecimento

    alm de contriburem consideravelmente para a melhoria da sua qualidade de vida.

    2.1.1 DESIGUALDADES SOCIAIS: UM DURO DESAFIO A SER ENFRENTADO

    O desafio poltico global no superar a excluso digital, mas

    expandir o acesso e o uso das TICs para promover a incluso social.

    Mark Warschauer

    O movimento de idias e debates acerca dos conceitos e dos discursos sobre a

    incluso e excluso tem tomado significativas dimenses em espaos institucionais, sociais

    e mediticos.

  • 44

    De acordo com Waiselfisz (2007), infoincluso, infouso, acesso universal, incluso,

    alfabetizao digital entre outros, so termos que tm sido recentemente adotados para

    designar um fenmeno tambm novo: as pessoas que tm condies de acesso s novas

    tecnologias da informao e da comunicao. Notcias frequentes tem aparecido no Brasil

    sobre realizaes nesse campo: os milhes de pessoas que tem acesso Internet, o tempo

    mdio que passam navegando na rede ou os milhes de computadores vendidos nos ltimos

    anos. Porm, pouco se fala dos excludos dando destaque apenas aos avanos das tecnologias.

    A excluso digital uma brecha scio - poltico - econmica que marginaliza as

    pessoas e a sociedade em funo do acesso s diferentes formas das tecnologias da

    informao e da comunicao. A alfabetizao digital, entendida como processo educativo de

    consequente educao inclusiva, uma das peas fundamentais da luta contra a brecha digital.

    No Brasil, existem vrios estgios de excluso social atrelados ao baixo

    desenvolvimento econmico, social e territorial os quais levam segundo Sorj (2003), a

    mltiplas desigualdades. Na linha abaixo da pobreza absoluta, assistimos uma realidade dura,

    devido brecha social, mas ao mesmo tempo surge um campo sedento por um debate objetivo

    e o nascedouro de novas propostas para solucionar a excluso social, provocada por essa

    mesma brecha.

    Manuel Castells (2000), ao final da sua trilogia, volume 3: Fim do Milnio, alerta

    para um lado sombrio da sociedade da informao:

    A fronteira entre a excluso social e a sobrevivncia diria est cada vez mais

    indistinta para grande nmero de pessoas em toda as sociedades. Aps perder boa

    parte de segurana, sobretudo no caso das novas geraes da era ps-Estado do bem-

    estar social, as pessoas no conseguem acompanhar a constante e necessria

    atualizao profissional. Com isso, ficam para trs na corrida competitiva e

    transformam-se em provveis candidatos prxima rodada de "enxugamento" dessa

    camada intermediria, que constituiu a fora das sociedades capitalistas avanadas

    durante a era industrial e agora se encolhe cada vez mais.

    Ainda, segundo Castells (2000), atualmente, os processos de excluso social no

    apenas afetam aqueles que esto em:

    Verdadeira situao de desvantagem, mas tambm os indivduos e as categorias

    sociais que constituram a vida com base em luta constante para no cair em um

  • 45

    submundo estigmatizado de mo-de-obra desvalorizada e de pessoas socialmente

    incapazes.

    Sob esse aspecto, pases em desenvolvimento como o Brasil precisam se preparar

    para lidar com as questes da excluso social como fator principal de desenvolvimento, dada

    a realidade multidimensional tecnolgica mundializada que se apresenta.

    O acesso aos direitos sociais tambm desigual. Segundo Henriques (UNESCO,

    2003, pag. 63) a pobreza a questo mais urgente que o pas necessita enfrentar neste novo

    milnio. As condies do mercado capitalista acumulam desigualdades sociais apesar do

    aumento de posse de ativos no que se refere a telefonia fixa ou mvel com um aumento de

    74,5%; acesso ao rdio num percentual de 87,9% e 93,0% de televiso nos domiclios.

    Apesar do aumento da existncia de computador (em 22,1% dos domiclios no pas), assim

    como o acesso Internet (em 16,9%), a pesquisa indica desigualdades regionais fortes (IBGE,

    2006).

    J a 3 Pesquisa sobre Uso das Tecnologias da informao e da Comunicao no

    Brasil, a TIC Domiclios 2007 do Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto BR

    NIC.br (WWW.nic.br), indica que o percentual de domiclios com computador aumentou com

    ritmo de aquisies onde o equipamento est presente em 24% das residncias brasileiras

    representando um aumento de quatro pontos percentuais em relao a 2006. Isso um bom

    sinal, mas h muito ainda para ser feito, pois a pesquisa revela que a maioria destes usurios

    so residente em centros urbanos e pertencentes s classes dos que podem pagar pelos

    servios de telefonia e conexo, alm do computador.

    Entretanto, muitos brasileiros ainda no dispem desse equipamento devido falta

    de recursos financeiros se incluindo ai os professores que poderiam utilizar desse acesso para

    melhorar a sua prtica pedaggica. A compreenso do fenmeno da excluso digital refere-se,

    ainda, ao desigual acesso aos meios de informao e comunicao rdio, televiso, telefone,

    internet, etc e desigual capacitao do usurio para fazer o melhor proveito das

    potencialidades oferecidas por cada um destes meios. O que, vem culminar com o

    pensamento de Sorj (2003, p. 59):

  • 46

    A excluso digital no pode ser dissociada do acesso a essas outras tecnologias da

    comunicao, com as quais tem vrias complementaridades e, at mesmo,

    tendncias convergncia.

    Considerando tal proposio, preciso atuar em duas frentes. Na incluso social,

    com a erradicao da pobreza, a melhoria e ampliao de oportunidades de educao tanto

    para alunos quanto para professores, e, na incluso digital, com o uso das ferramentas das

    tecnologias da informao e da comunicao para fomentar a produo e os servios.

    Sob esse ponto de vista, preciso levar em conta que o acesso informao rpida e

    precisa no se resume apenas a terem um micro em casa conectada Internet, pois muitos

    apesar de ter acesso aos recursos tecnolgicos, no sabem como utiliz-los ou no sabem

    como trabalhar com a informao o que, demonstra uma grande necessidade de educadores

    capacitados em larga escala para reverter a situao.

    Seabra ( 1993, p.46), ilumina esse pensamento ao afirmar que,

    Levando em considerao a quantidade de informao produzida diariamente,

    impraticvel absorv-la toda. No basta que os alunos simplesmente se lembrem das

    informaes, eles precisam ter a habilidade e o desejo de utiliz-las, precisam saber

    relacion-las, sintetiz-las, analis-las e avali-las. A escola com sua tarefa de

    preparar o aluno para a vida, precisa propiciar-lhe condies de conhecer os novos

    recursos tecnolgicos, pois o cidado do futuro ter como uma das principais

    necessidades aprender a aprender, pois para executar tarefas rotineiras, existem

    robs e ao homem compete ser criativo, imaginativo, inovador.

    Nesse aspecto, Castells (1999), ressalta que a tecnologia da informao junto com a

    habilidade para us-la e adapt-la, so fatores crticos para gerar e possibilitar acesso

    riqueza, poder e conhecimento no nosso tempo.

    Observando a contribuio dos autores acima citados, o grande desafio que se

    coloca, ento, como tornar a Internet democrtica e til para todos na decantada sociedade

    da informao para que os indivduos possam usufruir do pleno exerccio da cidadania?

    No h dvida a respeito das barreiras significativas que um indivduo em situao

    de excluso social enfrenta quanto ao acesso informao. Mas as barreiras para insero

    social do excludo digital parecem ser ainda maiores: enquanto um indivduo com acesso

    fsico e cognitivo ao mundo digital tem sua frente inmeras possibilidades de informao

    atravs de stios de comunicao e de interao multiplicadas atravs do correio eletrnico, o

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