Trabalhos - Parte 4
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O ITINERRIO TERAPUTICO COMO FERRAMENTA NA AVALIAO DE REPERCUSSES PARA FAMLIA DE UMA IDOSA
Bellato, Roseney1
Hiller, Marilene 2
Santos,Laura Filomena Arajo3
Silva, Alessandra Hoelscher4
Silva, Fbio Cabral5
Thaines, Geovana Hagata de Lima Souza6
INTRODUO: A famlia por ns entendida como unidade primria cuidadora,
para a qual convergem os mltiplos custos implicados na experincia de
adoecimento de um ou mais membros por condio crnica; assim como deve ser
considerada unidade a ser cuidada na produo de cuidado em sade(1). Dessa
forma, faz-se necessrio organizarem-se prticas cuidativas em sade que
privilegiem a famlia como seu foco e que consigam avaliar qualitativamente a
sade dessa famlia e a utilizao do Itinerrio Teraputico, definido como
trajetrias de busca, produo e gerenciamento do cuidado para sade,
empreendidas por pessoas e famlias seguindo uma lgica prpria, tecida nas
mltiplas redes para o cuidado em sade, de sustentao e de apoio(1), oferece
elementos importantes para subsidiar o estudo de famlias que vivenciam a
situao de adoecimento de modo a evidenciar as necessidades por elas
experienciadas. O Itinerrio Teraputico um desenho que expressa a dimenso
espacial destas trajetrias, mostrando os servios de sade e recursos buscados
pela famlia; e um desenho com a dimenso temporal da sequncia destas
1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEN/UFMT)[email protected] Enfermeira. Especialista em Sade pblica e Gesto Hospitalar, aluna do Curso de Mestrado em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEN/UFMT). E-mail: [email protected] Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEN/UFMT).4 Graduanda em Enfermagem da Faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEN/UFMT).5 Graduando em Enfermagem da Faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEN/UFMT).6 Graduanda em Enfermagem da Faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEN/UFMT).
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buscas; tambm evidencia as redes para o cuidado em sade tecidas por
pessoas e famlias, atravs do desenho do genograma, e do desenho do
ecomapa, que mostra os recursos disponveis e acessados pela famlia, bem
como a qualidade de seus vnculos e relaes.(2) Outros desenhos que tambm
fazem parte a Linha de Produo de Interveno, que demonstra as aes
especficas de cada profissional sobre a pessoa doente, colocando-as em uma
perspectiva temporal e espacial(3), a linha de desenvolvimento da condio
crnica e a linha de desenvolvimento dos membros da famlia cuidadora.
OBJETIVO: Discorrer sobre a importncia da utilizao do Itinerrio Teraputico
como ferramentas de anlise da famlia, bem como oferecer um exemplo de
Estudo de Caso empregando-os na organizao e anlise dos dados.
METODOLOGIA: O trabalho um recorte de uma dissertao de Mestrado que
trabalha os mltiplos custos para a famlia de idoso com condio crnica por
Alzheimer, e est vinculado a um projeto matricial7. Trata-se de um Estudo de
Caso, de abordagem compreensiva em que se utilizou como estratgia
metodolgica para a coleta de dados a Histria de Vida Focal (HVF) empreendida
pela entrevista em profundidade com membros da famlia de uma pessoa idosa
com Alzheimer em um estgio moderado da doena e residente em Cuiab- MT.
RESULTADO: A famlia estudada composta pelo chefe da famlia, um senhor
falecido h cinco anos, e a sua esposa, da unio dos dois vieram cinco filhos,
quatro mulheres, sendo que a primeira foi natimorta, e um homem, o mais novo. A
filha mais velha casada, teve trs filhos sendo uma menina, e dois rapazes; a
segunda filha teve um filho fora de uma relao estvel; a terceira filha tem um
casal de filhos de um casamento; e o mais novo teve um filho do primeiro
casamento, sendo que est no segundo enlace. O Genograma demonstrou a
passagem da idosa por diversos ncleos cuidadores, evidenciando a dificuldade
em oferecer esses cuidados. A situao de adoecimento enfrentada pela famlia
pode ser descrita atravs do IT como um perodo de procura por cuidado devido
depresso, posteriormente por diagnstico confirmado de Alzheimer que tratou-se
por trs anos com medicaes especficas para esse agravo e, devido
agressividade e frente a memria preservada, o mdico geriatra exclui o
7 Avaliao dos mltiplos custos em sade na perspectiva dos itinerrios teraputicos de famlias e da produo do cuidado em sade em municpios de Mato Grosso, aprovado pelo comit de tica e pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso sob o nmero 307/CEP-HUJM/06
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diagnstico, argumentando no ter sinais clssicos de Alzheimer. Assim, embora
a famlia necessite produzir e gerenciar cuidados pessoa idosa, no tem o apoio
dos profissionais de sade que no reconhecem um diagnstico definido e
formalizado por um Cdigo Internacional das Doenas (CID) para o seu agravo.
Atualmente a senhora idosa reside com a filha mais velha, com quem mantm
uma relao conflituosa e a mesma necessitou deixar de trabalhar para poder
manter o cuidado me. O ecomapa demonstra poucos vnculos do atual ncleo
com o restante da famlia, igreja e setores da comunidade. O desenho das linhas
de desenvolvimento da famlia e da doena e sua mtua imbricao nos
possibilitaram compreender o modo como as diferentes fases do desenvolvimento
da condio crnica por demncia senil e aquela do desenvolvimento pessoal de
cada membro da famlia tem estreita implicao no modo como essa famlia se
organiza para buscar, produzir e gerenciar o cuidado dispensado idosa.(4) A
partir do ecomapa da famlia estudada percebeu-se que a ligao com a filha
mais nova, vinculada ao cuidado, foi algo do passado; com a filha do meio
espordico; e com o filho mais novo a vinculao forte, indicando ser ele o
suporte de apoio da filha mais velha, a atual cuidadora principal. Na anlise da
LPI ofertada percebemos que a experincia de adoecimento marcada por uma
srie de intervenes profissionais, de carter basicamente medicamentoso nas
diversas instncias de sade, as intervenes profissionais realizadas com a
idosa so marcadas por prticas desarticuladas e fragmentadas, em que
observamos que os profissionais atuam sobre as manifestaes somticas do
problema e, quando no conseguem enquadrar os sintomas apresentados em um
diagnstico, o atendimento fica fragilizado ou abandonado.(5) CONCLUSO: A
utilizao do Itinerrio Teraputico se mostrou de grande valia no s para
organizao dos dados, mas, principalmente, para a compreenso da dinmica
da organizao familiar e dos recursos sociais disponveis para o cuidado
pessoa idosa com Alzheimer, bem como uma possibilitou que pontos obscuros
ficassem mais visveis, particularmente aqueles que tratam das relaes entre
seus membros e sua influncia na capacidade da famlia de buscar, produzir e
gerenciar o cuidado necessrio.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:
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1 Bellato, R.; Araujo, L.F.S.; Castro, P. O itinerrio teraputico como uma tecnologia avaliativa da integralidade em sade. In: Roseni Pinheiro; Alusio Gomes da Silva Jnior; Ruben Araujo de Mattos. (Org.). Ateno bsica e integralidade: contribuies para estudos de prticas avaliativas em sade. 1 ed. Rio de Janeiro: CPESC; IMS/UERJ; ABRASCO, 2008. p.167-185.2 Costa, A.L.R.C.; Figueiredo, D.L.B.; Medeiros, L.H.L.; Mattos, M.; Maruyama, S.A.T. O percurso na construo dos itinerrios teraputicos de famlias e redes para o cuidado In: PINHEIRO, Roseni; MARTINS, Paulo Henrique. (Orgs.). Avaliao em sade na perspectiva do usurio: abordagem multicntrica. Rio de Janeiro: UFPE; CEPESC; IMS/UERJ; ABRASCO, 2009.
3 Almeida, K.G.; Bellato, R.; Araujo, L.F.S.; Costa, A.L.R.C.; Figueiredo, D.L.B.; Santos, E.C.A.; Rosa, F.G. Linha de Produo de Intervenes (LPI) - uma tecnologia avaliativa em sade sob a perspectiva da integralidade da ateno. In: Seminrio Nacional De Pesquisa Em Enfermagem, 15., 2009, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABEN, 2009. 1 CD-ROM
4 Silva, A. H.; Bellato, R.; Hiller, M.; Arajo, L.F.S.. Repercusses da condio crnica por demncia senil na vida de uma idosa e de sua famlia. Relatrio de Pesquisa. FAEN/UFMT, 2009.
5 Silva, F.C., Arajo, L.F.S. Linha de Produo de interveno em um Idoso com sofrimento mental. Relatrio de Pesquisa. FAEN/UFMT, 2009.
Descritores: Enfermagem; Tecnologia em sade; Famlia.
EIXO 1: ENFERMAGEM, SADE DAS PESSOAS E PROTEO AMBIENTAL
DIMENSES: 3. Cuidado de Enfermagem e responsabilidade social com o ambiente.
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O MEDO DE CAIR EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: ESTUDO DE CASO EM INSTITUIO DE LONGA PERMANNCIA EM FORTALEZA-CE
BARBOSA-BASTOS, Rachel Gabriel 1
CARNEIRO, Kelly Cristian Bruno2
HENRIQUES, Ana Cilia Pinto Teixeira3
INTRODUO: O envelhecimento populacional um fenmeno mundial que trouxe tona vrias necessidades de sade que visam dirimir as conseqncias
negativas advindas destas mudanas no perfil demogrfico. Uma das grandes
questes de extrema importncia neste perodo da vida tanto por questes
financeiras como sociais a ocorrncia de quedas em idosos, que pode estar
relacionado com a diminuio da qualidade de vida, aumento da demanda por
cuidados de longa durao, aumento dos custos hospitalares e diminuio da
autonomia do idoso aps o evento. O medo de cair do idoso pode ser
considerado uma das principais conseqncias da queda, podendo acarretar em
perda da confiana na capacidade da pessoa em realizar tarefas rotineiras, a
restrio de atividades, ao isolamento social e maior dependncia. Em instituies
de longa permanncia este medo tende a ser ainda mais observado visto serem
encontradas nestas as maiores freqncias de quedas, em mdia, trs vezes
mais do que em idosos que vivem em seus lares, chegando a cerca de 1,5
quedas/leito/ano. Com o intuito de avaliar esta importante conseqncia das
quedas, vrias escalas foram desenvolvidas e validadas, sendo a Falls Eficacy
Scale-I (FES-I) a mais representativa e utilizada para este fim em diversos
estudos. Visto hoje ser considerado um importante problema de sade pblica,
avaliar o medo de cair em idosos questo prioritria a fim de contribuir para a
melhoria da qualidade de vida da populao geritrica. OBJETIVOS: Determinar o medo de cair em idosos ao realizar atividades do dia-a-dia e participaes em
atividade sociais segundo a percepo da auto-eficcia da Falls Eficacy Scale
International verso brasileira (FES-I-Brasil). METODOLOGIA: Tratou-se de um 1 Enfermeira, Mestre em Cincias Mdicas. Docente das disciplinas de Processo de Cuidar em Sade do Adulto e Processo de Cuidar em Sade do Idoso da Faculdade Metropolitana de Fortaleza.e-mail: [email protected] Enfermeira, bacharel em Enfermagem pela Faculdade Metropolitana de Fortaleza (2009).3 Acadmica de Enfermagem do 6 semestre da Faculdade Metropolitana de Fortaleza/FAMETRO e participante do Grupo de Pesquisa de Cuidados em Enfermagem (GEPCE).
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levantamento quantitativo transversal realizado em uma instituio religiosa de
longa permanncia em Fortaleza-Ce. Foram entrevistadas 16 idosas maiores de
60 anos, que no apresentavam nenhum dficit cognitivo, visual ou neurolgico,
seqelas de acidente vascular enceflico, no fizessem uso de cadeiras de rodas,
no fossem acamadas ou apresentassem diagnstico de depresso. Foi aplicado
um formulrio com dados demogrficos para caracterizao da amostra e com
dados do histrico de quedas abordando horrio, data, local, tipo de atendimento
recebido aps a queda, causa e conseqncias da queda e a recorrncia da
mesma. Para avaliao do medo de cair utilizou-se a verso brasileira da escala
Falls Eficacy Scale International (FES-I) que avalia a preocupao dos idosos em
realizar 16 atividades do dia-a-dia e atribui a estas uma pontuao crescente de 1
a 4 quanto ao grau desta preocupao. A pesquisa respeitou todos os preceitos
ticos da Resoluo n196/96. Os dados coletados foram analisados
estatisticamente e apresentados em forma de grficos e tabelas, sendo
interpretados sob a luz da literatura pertinente. RESULTADOS E DISCURSO: As participantes da pesquisa eram solteiras e religiosas (100%), com
predominncia dos 76 aos 85 anos (42,1%), de raa parda (62,5%), com
escolaridade predominante de 8 anos ou mais (75%), que residiam na instituio
de 6 a 10 anos (50%). So aposentadas com renda fixa administrada pela Madre
Superiora de acordo com as necessidades das residentes (100%). Quanto ao
histrico das quedas, encontrou-se que apenas 3 idosas (18,7%) referiram
quedas nos ltimos 12 meses, sendo o principal local de ocorrncia destas na
prpria residncia da idosa (100%). Dentre estas, duas idosas (67%) referiram
cair na parte externa da casa e no perodo da manh. As mesmas necessitaram
de atendimento hospitalar devido a ocorrncia de fratura de fmur. Apenas uma
das idosas caidoras (33%) teve episdio de queda recorrente. Quanto a avaliao
do medo de cair, encontrou-se que 6 idosas (37,5%) no apresentavam medo, 3
(18,7%) apresentavam pouco ou moderado medo e 7 (43,8%) relataram muito
medo de cair. Quanto s atividades avaliadas quanto ao medo de cair, encontrou-
se que vestir-se/despir-se, preparar refeies dirias, tomar banho e sentar-
se/levantar-se da cadeira foram as atividades mais significativamente
relacionadas ao medo de cair nas idosas entrevistadas. CONSIDERAES FINAIS: O estudo encontrou baixa incidncia de quedas nos ltimos doze meses
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nas idosas institucionalizadas (18,7%) em comparao com outras pesquisas e
um ndice de recorrncia tambm considerado pequeno quando comparado a
outros estudos (6,2%). Os ndices encontrados podem ser explicados pelo
pequeno tamanho da amostra e pelas caractersticas das idosas entrevistadas
quanto ao grau de autonomia e independncia na realizao de atividades dirias.
Detectou-se que 43,8% das entrevistadas tm medo de cair atravs da Escala
Fes-I-Brasil, ndice considerado elevado e alvo de maiores pesquisas a fim de
caracterizar as causas e quais as implicaes do medo de cair destas idosas na
realizao de suas atividades dirias. Enfatiza-se a importncia de estudos como
esse, especialmente em instituies de longa permanncia, visto a elevada
ocorrncia de quedas nos idosos institucionalizados e as graves conseqncias
aps o evento. A Enfermagem deve ser atuante nestas questes prevenindo
agravos de sade na populao geritrica sempre que possvel.
REFERNCIAS: ALVES JUNIOR, E. D. Da Educao Gerontolgica educao fsica gerontolgica: em busca de uma educao fsica mais apropriada para os
idosos. In: PAZ, S. F. et al. (org.). Envelhecer com cidadania: quem sabe um dia?. Rio de Janeiro, Editora ANG, 2000. FABRCIO, S.C.C.; RODRIGUES, R.A.P.; COSTA JR.,M.L. Causas e conseqncias de quedas de idosos atendidos
em hospital pblico. Rev. Sade Pblica, v.38, n.1, p. 93-9, 2004. GONALVES et al. Prevalncia de quedas em idosos asilados do municpio de Rio Grande, RS.
Rev Sade Pblica, v.42, n.5, p.938-45, 2008. SIQUEIRA, F.V. et al. Prevalncia de quedas em idosos e fatores associados. Rev. Sade Pblica, v.41, n.5, p.
749-56, 2007.
Descritores: Sade do Idoso; Quedas; Medo de cair.
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O MEIO AMBIENTE EXTERNO INFLUINDO NA CAUSA DAS QUEDAS
DE IDOSOS.
ALVES JUNIOR, Edmundo de Drummond1, PRATA, Hugo Leonardo2
AZEVEDO, Rosangela de Oliveira3 PAULA, Ftima de Lima4
O sculo XX ficou marcado por profundas alteraes no aumento da proporo de
idosos na populao. Isto decorreu da transio demogrfica que foi influenciada
pela diminuio da taxa da fertilidade e da mortalidade infantil. Somaram-se a
este fenmeno os avanos da sade pblica com o consequente controle de
determinadas doenas, conjunto de contribuies que transformaram o sculo
XXI como aquele que mais apresenta aumento na expectativa de vida e na
longevidade. Com isto chegaram novas preocupaes que significam viver mais
anos, porm com qualidade. Diversos pases traaram polticas sociais de
envelhecimento e nelas sugeriu-se um novo modelo de envelhecimento. Os
idosos deveriam permanecer cada vez mais ativos e estratgias das mais
diversas buscam a manuteno da autonomia e da independncia. A insero
social dos mais velhos atualmente um fato fcil de perceber pela ocupao das
ruas dos grandes centros urbanos. Paradoxalmente o envelhecimento e a velhice
se apresentam tambm como um novo problema social j que as cidades, com
seus equipamentos e servios, no se adequaram s demandas dos que
envelhecem e segundo autores que estudam quedas, significativo o nmero
daquelas que ocorrem fora das residncias1. nas cidades que encontramos
diversas barreiras arquitetnicas, verdadeiras armadilhas que contribuem para o
aumento do nmero de quedas. O Ministrio da Sade j aponta as quedas como
causa mais importante dos atendimentos emergenciais dos hospitais quando se
trata de causas de violncias externas. Uma queda pode representar
incapacidade, perda da funo, levar sndrome de imobilidade e at morte,
1 Professor Doutor da Universidade Federal Fluminense - UFF - Niteri - RJ Brasil, Grupo de Pesquisa Envelhecimento e Atividade Fsica2 Professor Especialista em Educao Fsica, Grupo de Pesquisa Envelhecimento e Atividade Fsica - Universidade Federal Fluminense - UFF - Niteri - RJ - Brasil.3 Enfermeira do Hospital Universitrio Antonio Pedro, Mestranda do Mestrado Acadmico em Cincias do Cuidado em Sade da Universidade Federal Fluminense - UFF - Niteri - RJ - Brasil.4 Fisioterapeuta, Mestra em Sade Pblica pela ENSP, Grupo de Pesquisa Envelhecimento e Atividade Fsica
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alm do prejuzo fsico e psicolgico, acompanhado da diminuio da autonomia e
independncia e do custo social que ela representa2. As quedas so causadas por
fatores extrnsecos e intrnsecos. Nosso interesse, aqui, foi verificar a prevalncia
e as circunstncias das quedas por fatores extrnsecos. As cidades podem ser
caracterizadas como espaos, onde o meio ambiente formado, pelos objetos
geogrficos, naturais e artificiais, ou seja, formado pela natureza e pela
sociedade. indivisvel dos seres humanos que o habitam e que o transformam
diariamente atravs de sua tecnologia: o espao ao mesmo tempo forma e
funo3. O projeto PREV-QUEDAS foca o ambiente interno da casa dos que
envelhecem, o meio ambiente externo e como enfrent-lo, alm de atuar na
manuteno e melhora de determinadas qualidades fsicas1. Nossas cidades
seguem um padro generalizado e diretamente relacionado com o modelo de
produo vigente j que foram projetadas para uma populao orientada para o
trabalho, produo e consumo de bens por jovens e adultos, ignorando os idosos
que a elas precisam se adequar4. O principal objetivo desta pesquisa foi a de
identificar a prevalncia de quedas que ocorreram fora da residncia, suas causas
e conseqncias, tendo como base idosas participantes do projeto PEV-
QUEDAS. A pesquisa foi de natureza aplicada, com abordagem quali-quantitativa,
com procedimento tcnico, bibliogrfico e experimental. Foi um estudo seccional
onde foi realizada entrevista pessoal, contendo perguntas relacionadas a quedas,
com 62 mulheres com 60 anos ou mais. Foi utilizado o programa R, verso 2,8,1
para a anlise de prevalncia. A mdia de idade da populao foi 71.37 anos.
Destas, 60% (37) caram no ltimo ano, sendo que 32% (20) sofreram uma
queda, 28% (17) sofreram quedas recorrentes (duas ou mais quedas). Verificou-
se que 21 pessoas (34%) declararam que sentem dor ao caminhar, 26 pessoas
(42%) declararam que se desequilibram com facilidade. Em relao quantidade
de medicamentos, 22 pessoas (35%) declararam que ingerem um medicamento
por dia, 14 pessoas (22%) dois medicamentos, 7 pessoas (11%) 3 medicamentos,
19 pessoas (32%) ingerem 4 ou mais. Como conseqncia de quedas, 10
pessoas (35%) sofreram escoriaes, 14 pessoas (48%) ficaram com hematomas
decorrentes de uma queda, 7 pessoas (17%) sofreram uma fratura ou uma
imobilizao.Trinta pessoas (81%) caram fora de suas casas e destas, 29
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declararam que a queda ocorreu em funo de caladas ou ruas com problemas.
Quanto maior a idade maior a prevalncia de quedas (p
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O MODELO CLNICO SOB UMA ABORDAGEM ECOSSISTMICA
PARA O CUIDADO DE ENFERMAGEM
Sousa, Lenice Dutra1
Lunardi Filho, Wilson Danilo 2
Gomes, Giovana Calcagno3
Cezar-Vaz, Marta Regina4
Silva, Mara Regina Santos da4
Lunardi, Valria Lerch4
O cuidado um fenmeno que, durante a histria da Enfermagem, sempre
envolveu uma srie de inquietaes tanto na prtica assistencial quanto na
produo de conhecimento. Nesse sentido, compreende-se que, no intuito de
oferecer um cuidado integral e contextualizado, que abarque as mltiplas
dimenses do ser humano, com seus aspectos psicossociais e suas
singularidades, houve um distanciamento do modelo clnico de cuidado,
ocasionando uma perda de valor sobre este saber. A concepo do modelo
assistencial clnico est fortemente atrelada a um enfoque biocentrado, que
salienta aspectos biolgicos, sob uma perspectiva fragmentada e mecanicista,
aspectos estes que se opem s idias agregadas, sob o rtulo do cuidado e da
integralidade1. Deste modo, diversas crticas relacionadas a esse modelo fizeram
com que o cuidado de enfermagem tomasse um distanciamento, no sentido de
extrapolar seu olhar sobre o corpo biolgico e abranger outros aspectos da
multidimensionalidade do viver. Este trabalho se trata de uma reflexo terica
que, por compreender que o modelo clnico pode ser adequado para o cuidado de
enfermagem, oferecendo resolutividade nas aes de sade, quando associado a
um enfoque ambiental/ecossistmico sobre o ser humano, tem o objetivo de
1 Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Doutoranda do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da FURG, membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Sade da Criana e do Adolescente (GEPESCA) e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Organizao do Trabalho da Enfermagem e Sade (GEPOTES).2 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem, docente da Escola de Enfermagem e do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da FURG. Lder do GEPOTES. e-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem, docente da Escola de Enfermagem e do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da FURG. Lder do GEPESCA.4 Enfermeira. Doutora em Enfermagem, docente da Escola de Enfermagem e do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da FURG.
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resgatar a valorao do saber clnico, sob uma abordagem ecossistmica, que
contemple um cuidado de enfermagem de qualidade e com um enfoque global. O
conceito de ambiente na Enfermagem vago e, muitas vezes, no considera
significados biticos e abiticos de inter-relaes. Assim, o conceito de
ecossistema pode ser proposto como uma alternativa para a disciplina, por se
tratar de um conceito mais amplo que engloba a circularidade de influncias e
nexos de causalidade, criando uma teia de relaes entre o meio ambiente e
organismos2. Os contextos ecossistmicos so sistemas ambientais, onde os
seres humanos vivem e se relacionam. Estes sistemas so espaos que
compreendem componentes vivos e no vivos que interagem na ao e na
reao para provocarem, direta ou indiretamente, estados adequados vida em
comunidade ou sua inadequao3. Portanto, o ecossistema abarca condies que
podem incluir fatores fsicos, tais como os efeitos climticos ou ainda, aspectos
relativos s influncias culturais, histricas ou do poder econmico e poltico2.
Para que o cuidado, sob o modelo clnico, seja capaz de satisfazer as
necessidades dos indivduos de maneira efetiva, fazemse necessrias novas
construes tericas e tcnicas a serem incorporadas ao saber clnico e
legitimadas socialmente. No entanto, para que este novo olhar sobre o cuidado
adquira esta competncia poltica, social e cultural, preciso demonstrar uma
abordagem integral que permita uma melhor compreenso do processo de
adoecimento, uma identificao mais contextualizada e uma aplicao de
condutas mais resolutivas1. O saber ambiental marcado pela abertura do saber
diversidade, diferena e outridade, colocando em questionamento a
historicidade da verdade, estabelecendo uma nova relao entre o ser e o saber4.
Assim, o cuidado de enfermagem com abordagem no modelo assistencial clnico,
sob um enfoque ecossistmico, pode tornar-se uma prtica que ultrapasse a
inflexibilidade e a rigidez de saberes e tcnicas limitadas e com pouca
resolutividade. O cuidado, assim como o saber, pode ser permeado de incertezas
e questionamentos, para que a singularidade e individualidade de cada sujeito e
cada ecossistema estejam contidas em todo o processo de cuidar. Na
Enfermagem, h uma familiarizao com uma abordagem de cuidado que
reconhece as interaes entre corpo, indivduo, famlia e comunidade. No entanto,
deve haver a incorporao de conhecimentos para que os profissionais estejam
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suficientemente conscientes para refletir acerca de suas aes globalmente, pois,
as aes individuais do ser humano tm reaes sobre o ecossistema global em
um movimento contnuo de circularidade. Assim, mesmo atuando localmente,
preciso que exista uma tomada de conscincia global sobre suas aes na defesa
dos princpios de um desenvolvimento sustentvel5. Tendo em vista as premissas
apresentadas, compreende-se que o resgate da valorao do saber clnico sob
uma abordagem ecossistmica apresenta ao enfermeiro a possibilidade de
oferecer um cuidado de enfermagem integral e de qualidade, com um enfoque
global, respeitando as singularidades do indivduo de forma complexa e
contextualizada. Alm disso, ao incluir as relaes de circularidade entre
organismos e ambiente, a Enfermagem atua de maneira a contribuir para a sade
como um todo, consciente de seu papel como profisso capaz de colaborar com o
desenvolvimento sustentvel do planeta. Deste modo, o cuidado de enfermagem
se torna mais visvel e valorizado, contribuindo para o fortalecimento da profisso
e colaborando para as inter-relaes do enfermeiro com a equipe multidisciplinar.
Referncias
1 - FAVORETO, C.A.O. A prtica clnica e o desenvolvimento do cuidado integral sade no contexto da ateno primria. Rev. APS, v. 11, n. 1, p. 100-108, jan./mar. 2008.
2 - LAUSTSEN, G. Environment, Ecosystems, and Ecological Behavior dialogue toward developing nursing ecological theory. Advances in Nursing Science. v. 29, n. 1, p. 43-54, jan. 2006.
3 - CEZAR-VAZ, M.R. et al. Saber Ambiental: instrumento interdisciplinar para a produo de sade. Texto Contexto Enferm., v. 14, n. 3, p. 391-397, jul./set. 2005.
4 - LEFF, H. Aventuras da epistemologia ambiental: da articulao das cincias ao dilogo de saberes. Rio de Janeiro: Garamond. 2004.
5 - KIRK, M. The impact of globalization and environmental change on health: challenges for nurse education. Nurse Educ Today. v. 22, n. 1, p. 60-71, jan. 2002.
Descritores: Enfermagem; conhecimento; modelos biolgicos; ambiente.
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O MODELO DE ATENO SADE E O USO INDISCRIMINADO DE ANSIOLTICOS E ANTIDEPRESSIVOS
AGUIAR, Clayre Anne de Arajo
SILVA2, JULIANA GONALVES
COSTA 3, Kalene Ismael Vieira
VASCONCELOS4, Patrcia Freire de
INTRODUO:A sade mental ainda incipiente para maioria dos mdicos
generalistas e acabam prescrevendo psicofrmacos como medidas paliativas
para amenizar as queixas dos clientes. OBJETIVO: Analisar o uso indiscriminado
de ansiolticos e antidepressivos e relao com o modelo de ateno sade
vigente.METODOLOGIA:Pesquisa de natureza qualitativa. Utilizou-se entrevista
semi-estruturada com auxlio de pronturios. Anlise por categorizao temtica e
estatstica.RESULTADOS:A distncia e a falta de profissionais foram dificuldades
relatadas pelos clientes em no seguir o tratamento nos CAPS. Relatam
facilidade em adquirir a receita azul para o comprimido dos nervos. H um
grande contingente de problemas na rea de sade mental e a baixa oferta de
servios e recursos humanos.CONCLUSO:A rotatividade de mdicos,
dificuldade de diagnstico pelo generalista, a demanda imposta e fragilidade na
integralidade e resolutividade das aes de sade facilita a inadequao do
acompanhamento a esses clientes em uso de medicamentos ansiolticos e
antidepressivos.
Palavras-chaves: Ansiolticos. Antidepressivos. Sade Mental.
Especialista. Professora substituta da UECE.
2 Estudante de graduao da Faculdade Santa Maria
3Estudante de graduao da Faculdade Santa Maria. [email protected]
4Mestre em Farmacologia. Enfermeira assistencial do PSF Fortaleza
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O OBJETO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO NA PRTICA CLNICA NA ATENO BSICA EM SADE: UMA REVISO BIBLIOGRFICA
Vieira, Ktia Cristina dosSantos1
Matumoto, Silvia2
A concepo de sade e doena, ao longo da histria, adquiriu significaes
diversas e tambm se verificou mudanas na configurao das necessidades de
sade da populao, o que ratifica a caracterstica de construo social desses
carecimentos (MENDES GONALVES, 1992). Com a criao do SUS, o conceito
de sade amplia-se para alm da ausncia de doena, o que requer uma
assistncia integral em substituio ao modelo biomdico fragmentado, que
concebe o corpo unicamente na sua dimenso biolgica e que levou a prtica de
enfermagem se voltar para o pronto-atendimento mdico (ALMEIDA et al, 1991).
Nesse contexto, h necessidade de implementao da prtica clnica do
enfermeiro na ateno bsica e a clnica ampliada uma valiosa ferramenta para
que o processo de trabalho em sade adquira um carter usurio-centrado. A
clnica ampliada visa o alvio do sofrimento, seno no seria denominada clnica,
o desenvolvimento de autonomia dos usurios nos seus modos de andarem na
vida, o emprego predominante de tecnologias leves, ou seja, de tecnologias de
relaes como a escuta, o acolhimento e o estabelecimento de vnculo, alm de
uma relao dialgica entre usurio e profissional de sade. Estamos
desenvolvendo o estudo para caracterizar a prtica clnica do enfermeiro,
identificando os elementos constitutivos do processo de trabalho. Entende-se
1 Estudante do curso de Enfermagem Bacharelado da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto- USP , 2 Enfermeira, Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Sade Pblica da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto-USP
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como objeto de trabalho aquilo sobre o que se trabalha e o recorte que se faz
desse objeto est vinculado concepo de sade e doena de cada trabalhador
e, esse recorte que orienta os recursos que sero mobilizados para que a
produo de sade acontea. Alm do objeto de trabalho, os outros elementos
constitutivos do processo de trabalho so os instrumentos e meios como os
saberes, habilidades, atitudes e equipamentos (tecnologias leves, leve-duras e
duras); os agentes que so as pessoas que fazem acontecer a transformao,
aquelas pessoas que realizam o trabalho e finalidade que o que se busca obter
com a transformao. Uma transformao sem finalidade, sem conscincia do
carecimento que a gerou no deve ser denominada trabalho, j que este processo
intencional (MENDES GONALVES, 1992; MERHY, 1997). O objetivo deste
trabalho apresentar dados parciais da pesquisa, isto , apresentar o objeto de
trabalho do enfermeiro em sua prtica clnica na ateno bsica. Trata-se de
reviso de literatura (SEVERINO, 1996). Foram selecionados 14 artigos na base
de dados LILACS e biblioteca virtual SciELO atravs dos seguintes descritores:
CAP (conhecimento, atitude e prticas em sade), enfermagem em sade
pblica, trabalho, ateno bsica, enfermagem, ateno primria, referente ao
perodo de 2000 a 2008. Exclumos as produes que no tratavam do trabalho
de enfermagem. Em anlise parcial dos artigos quanto ao recorte do objeto de
trabalho realizado pelos enfermeiros, a maioria mostrou que os enfermeiros tm
reduzido os usurios a um recorte do corpo anatomofisiolgico, destitudo de um
contexto social, decompondo, assim, o sujeito em dimenses que sabemos serem
indissociveis quando a questo sade-doena. Isso verificado, tambm, na
relao que se estabelece entre usurio-enfermeiro, relao que priva o usurio
de sua identidade/individualidade e valoriza sua condio de doente ao ser
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denominado no interior dos servios como o hipertenso, o diabtico, termos que
evidenciam o modelo clnico como norteador da produo de sade. Verificamos
tambm um movimento de mudana, sendo considerado como objeto de trabalho
o indivduo como um todo, um indivduo que se v respeitado como um ser
biopsicossocial. Um dos artigos nos mostrou a tenso existente entre os recortes
realizados do objeto de trabalho ora como um ser humano considerado na sua
dimenso biolgica, psicolgica e social, ora, como um corpo individual. Essa
dualidade mencionada acima traduz a dificuldade de alguns profissionais
enfermeiros de articular a complexidade apresentada pelo seu objeto de trabalho.
Outro artigo evidencia a tenso enfrentada pelo enfermeiro em atender as
necessidades do usurio a partir de uma leitura da realidade e em trabalhar com
metas impostas por programas, direcionando suas aes a uma dada finalidade;
tenso esta que demonstra que o profissional no apresenta nesse caso um
domnio do seu processo de trabalho. Conclumos que conhecer esse objeto de
trabalho da prtica clnica do enfermeiro de suma importncia, uma vez que
todo o processo de trabalho conduzido por esse recorte e possibilita, tambm,
compreender sob qual concepo de sade-doena o enfermeiro tem realizado
suas atividades, j que no se trata de um recorte desinteressado. Referncias
bibliogrficas: ALMEIDA, M.C.P; MELLO, D.F.; NEVES, L.A.S. O trabalho de
enfermagem e sua articulao com o processo de trabalho em sade coletiva
rede bsica de sade em Ribeiro Preto. R. Bras. Enferm., Braslia, v.44(2/3),
p.64-75, abr.-set., 1991; MENDES GONALVES, R.B. Prticas de sade:
processos de trabalho e necessidades. Cadernos CEFOR. So Paulo, Prefeitura
Municipal de So Paulo, 1992; MERHY, E. E. Em busca do tempo perdido: a
micropoltica do trabalho vivo em sade. In: MERHY, E. E.; ONOCKO, R. (Orgs.).
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Trabalho 121 - 3/4
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Agir em sade: um desafio para o pblico. So Paulo: Hucitec, 1997. p. 71-112 e
SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho cientfico. 20ed. So Paulo: Cortez,
1996. Descritores: Ateno Primria Sade, Enfermagem, enfermagem em
sade pblica, trabalho.
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Trabalho 121 - 4/4
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O OLHAR DA ENFERMAGEM SOBRE OS RESDUOS
DOS SERVIOS DE SADE E OS SEUS IMPACTOS NO
MEIO AMBIENTESouza, Camila Lucas de1
Rios, Dorivania Marinho2
Pereira, Milca Severino3
RESUMOIntroduo: Os resduos dos servios de sade, pela sua exagerada gerao e manejo inadequado, representam ameaa ambiental mundial. Nas instituies
de sade, a gesto dos resduos no leva em considerao as questes
ecolgicas, impactos ambientais e a qualidade de vida da populao,
consequentemente, a sade humana. Os recursos naturais, antes considerados
inesgotveis so, na realidade, finitos. Assim, a enfermagem como importante
rea da sade deve se preocupar com as repercusses do mau gerenciamento
dos resduos dos servios de sade (RSS), no meio ambiente, o qual interfere
de maneira direta ou indireta na preveno de doenas e promoo da sade da
populao. Objetivos: Identificar os impactos ambientais gerados pelo RSS e seus efeitos na qualidade de vida da populao; listar os tipos de agravos
sade que podem ser relacionados com o desequilbrio do meio ambiente, como
conseqncia dos RSS; e analisar a viso dos enfermeiros em relao aos RSS
e suas repercusses no meio ambiente. Metodologia: Pesquisa bibliogrfica, descritivo-reflexiva, com uma abordagem qualitativa e uso do mtodo dedutivo.
Para o estudo utilizou-se as bases de dados Scielo, Bireme, Lilacs, sites de
revistas eletrnicas, site da ANVISA e CONAMA, incluindo artigos publicados no
perodo de 1990 a 2009, em peridicos de enfermagem, ou usados pela
enfermagem. A coleta de dados foi realizada por meio de um formulrio,
previamente validado, incluindo as seguintes unidades temticas: repercusso
dos RSS no meio ambiente; a qualidade de vida da populao com algum tipo
de interferncia relacionada aos impactos no meio ambiente; a viso do
enfermeiro em relao aos RSS; agravos sade relacionados com o RSS.
1 Graduanda de Enfermagem da Universidade Catlica de Gois - UCG.2 Graduanda de Enfermagem da UCG, e-mail: [email protected]. 3 Doutora em Enfermagem. Professor adjunto da UCG.
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Trabalho 1766 - 1/2
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Resultados: As pesquisas publicadas sobre o tema apontam: evidente contaminao dos recursos naturais pelos resduos fsicos, qumicos e
biolgicos; descumprimento generalizado das normas regulamentadoras acerca
do manejo, tratamento e destino final dos resduos. O gerenciamento dos RSS
dificultado pela sua variedade e pelo grande nmero de pessoas que os
manipulam, nem sempre com capacitao. Abordam muitas questes
relacionadas com risco ocupacional; no geral, produtos qumicos no passam
por tratamento prvio antes de serem desprezados na rede de esgoto.
Problemas relacionados ao meio ambiente so impactantes no processo sade-
doena. Os RSS fazem parte das preocupaes administrativas e assistenciais
do enfermeiro. Concluso: Recomenda-se aes visando a formao e qualificao dos profissionais; aperfeioamento do sistema de fiscalizao pelo
poder pblico; criao de equipe multiprofissional que possa responder pela
gesto dos resduos. Campanhas educativas dirigidas populao tendo como
foco a otimizao do uso dos recursos naturais, importncia da reciclagem e
compromisso solidrio com o meio ambiente.
Descritores: resduos dos servios de sade; gerenciamento dos resduos; enfermagem; meio ambiente e sade ambiental.
BibliografiaCAMPONOGARA, S.; KIRCHHOF, A. L. C.; RAMOS, F. R. S. A relao
enfermagem e ecologia: abordagens e perspectivas. Revista de Enfermagem da UERJ. Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 339-404, jul./set. 2006.CORRA, L. B.; LUNARDI, V. L.; CONTO, S. M. de. O processo de formao em
sade: o saber resduos slidos de servios de sade em vivncias prticas.
Revista Brasileira de Enfermagem. Braslia, v. 60, n. 1, p. 21-25, jan./fev. 2007.
MARQUES, G. M.; PORTES, C. A.; SANTOS, T.V.C. Aes do Enfermeiro no
Gerenciamento de Resduos de Servio de Sade. Revista Meio Ambiente Sade. v.2, n. 01, p. 36, 2007.
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Trabalho 1766 - 2/2
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O PACIENTE SUBMETIDO VENTILAO MECNICA E O CUIDADO DE
ENFERMAGEM QUE EMERGE DA PRTICA ASSISTENCIAL
*Renato Dias Barreiro Filho - Relator **Luiz Carlos Santiago
***Renata Flvia Abreu da Silva ****Karinne Cristinne da Silva Cunha
RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo-exploratrio, cujo objetivo foi: identificar os
diagnsticos, intervenes e resultados que emergem da prtica assistencial do
enfermeiro durante o cuidado de pacientes em ventilao mecnica. Os sujeitos foram
enfermeiros selecionados pela tcnica de amostragem por convenincia com populao
acessvel e para coleta de dados usamos a entrevista semi-estruturada. Observamos
surgir das falas dos enfermeiros uma correlao com os diagnsticos, intervenes e
resultados em enfermagem propostos por NANDA, NIC e NOC, de forma no
sistemtica e com definies oriundas da prtica assistencial. Quando discutimos os
resultados e relacionamos com o tema, no foi surpresa quando emergiu dos discursos
pouca relao direta com a ventilao mecnica, porm na essncia do discurso as falas
relacionam-se significativamente com este fato. Finalizamos sugerindo um movimento
em busca da construo de novos conhecimentos cientficos na enfermagem, utilizando
habilidades intuitivas e diversas formas de tecnologia, na rea de ventilao mecnica.
PALAVRAS-CHAVE: assistncia ao paciente, respirao artificial, cuidados de
enfermagem.
*Enfermeiro Mestre Intensivista do Instituto Nacional de Cardiologia-INC, Coordenador da Educao Permanente. Rio de Janeiro-RJ, [email protected] **Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UNIRIO Doutor em Enfermagem, Rio de Janeiro-RJ. ***Enfermeira Mestre Intensivista do Instituto Nacional de Cardiologia, Membro da Gerncia de Risco do INC, Rio de Janeiro- RJ ****Enfermeira Doutoranda em Neuroimunologia da Universidade Federal Fluminense-UFF, Enfermeira Assistencial do INC, Rio de Janeiro-RJ.
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Trabalho 2005 - 1/15
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ABSTRACT
This is a descriptive and exploratory study, whose aim was: to identify the diagnoses,
interventions and results that emerge from the practice of nursing care for the care of
patients on mechanical ventilation. Subjects were selected by nurses technique of
sampling for convenience with population and accessible for collection of data we used
the semi-structured. We see emerging from discourse of nurses to correlate with the
diagnoses, interventions and results in nursing offered by NANDA, NIC and NOC, but
not systematic, with settings from the practice care. When discussing the results and
relate to the theme, was no surprise when they emerged from speeches little direct
relationship with mechanical ventilation, but the essence of the speech discourse relate
significantly to this fact. We end suggesting a movement towards construction of new
science in nursing, using intuitive abilities and various forms of technology in the area
of mechanical ventilation.
KEY-WORDS: Patient Care, Respiration, Artificial, nursing care.
RESUMEN
Se trata de un descriptivo y estudio exploratorio, cuyo objetivo era: identificar los
diagnsticos, intervenciones y resultados que surgen de la prctica de los cuidados de
enfermera para el cuidado de los pacientes en ventilacin mecnica. Los sujetos fueron
seleccionados por las enfermeras de la tcnica de muestreo por conveniencia con la
poblacin y accesibles para la recoleccin de datos se utiliz la entrevista semi-
estructurada. Vemos que salen de un discurso de las enfermeras que son equivalentes a
los diagnsticos, las intervenciones y los resultados en enfermera ofrecidos por
NANDA, NIC y NOC, pero no sistemtica, con la configuracin de la prctica de
atencin. Al discutir los resultados y se relacionan con el tema, no fue una sorpresa
cuando surgieron de los discursos poco relacin directa con ventilacin mecnica, pero
la esencia del discurso del discurso se refieren en gran medida a este hecho. Al fin y al
que sugiere un movimiento hacia la construccin de la nueva ciencia de enfermera,
utilizando la capacidad intuitiva y diversas formas de tecnologa en el mbito de la
asistencia respiratoria mecnica.
PALABRAS-CLAVE: Atencin al Paciente, Respiracin Artificial, atencon de
enfermera
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Trabalho 2005 - 2/15
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CONTEXTUALIZANDO O PROBLEMA
Este estudo parte integrante da dissertao de mestrado intitulada: O
PACIENTE SUBMETIDO VENTILAO MECNICA: A RELAO
ENTRE O CUIDAR DO ENFERMEIRO E A MECNICA RESPIRATRIA,
onde na apresentao e discusso dos resultados emergiram duas categorias: elementos
essenciais para a construo do julgamento clnico do enfermeiro no cuidado com o
paciente em respirao artificial, ou seja, em ventilao mecnica (VM) e o cuidado do
enfermeiro ao paciente em VM: da relao interpessoal tecnologia dura.
O cuidado, pilar da enfermagem, vem sendo discutido no meio acadmico em
relao sua cientificidade, eficcia e efetividade. Entretanto, alguns saberes
necessrios aos enfermeiros ainda encontram-se em dficit na formao profissional
destes, afirmao esta surgida de nossa prtica como docentes em cursos de ps-
graduao. Dificuldade para articular teoria e prtica o que pode ser confundido com um
cuidado frio e mecanizado.
Um dos assuntos mais pertinentes acerca do exemplo acima citado o cuidado
realizado em pacientes ventilados mecanicamente, ou em ventilao mecnica (VM).
De fato, esta situao exige do enfermeiro um escopo profissional significantemente
ampliado (1) e, para isso, h a necessidade de uma adequada associao entre teoria e
prtica.
A utilizao da VM surgida na dcada de 50 cresceu enormemente a partir da
criao das primeiras unidades de tratamento intensivo, na dcada de 60 (2). No incio da
referida dcada a assistncia a pacientes em VM era realizada por mdicos, e a equipe
de enfermagem (enfermeiros, tcnicos e auxiliares), no havia outros profissionais
atuando neste contexto, No entanto, atualmente esse cuidado vem se caracterizando
como um cuidado multidisciplinar aos pacientes em VM de uma forma ampla. Foram
assumidas prticas assistenciais at ento especficas da enfermagem como: montagem
do ventilador, check-list do aparelho, definio de parmetros iniciais, aspirao de vias
areas, mudana de decbito, acompanhamento gasomtrico, desmame ventilatrio,
entre outros.
Na nossa forma de pensar, este fato possibilita uma ateno multiprofissional
aos pacientes em ventilao mecnica. Porm, no julgamento clnico, na conduta
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Trabalho 2005 - 3/15
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clnica durante a prestao do cuidado e na avaliao dos resultados, que o enfermeiro
fortalece a profisso, formando conceitos, pareceres e opinies, que levaro a um
comportamento, assistencial, voltado para a articulao com a viso holstica:
Muitas das funes anteriormente desempenhadas por enfermeiros tm sido exercidas por especialistas em reas correlatas. No obstante, o enfermeiro que continua a ser responsvel pelo bem-estar do paciente de cuja assistncia incumbida. A vigilncia, o empenho e a percia do enfermeiro bem preparado so essenciais sobrevivncia do paciente, e um cuidado competente e impregnado de afeto necessrio para manter o ser humano, na integridade de sua pessoa, durante a enfermidade crtica por que passa (3).
Outro ponto a ser discutido, refere-se ao fato de que os profissionais que esto
presentes nas unidades de terapia intensiva durante as 24 h, com uma viso de cuidado
holstico, so os enfermeiros, que compem a equipe de enfermagem. Por isso, estes
profissionais precisam ter um olhar crtico que anteceda complicaes, bem como estar
capacitados para cuidar dos possveis desequilbrios observados nas inter-relaes entre
equipe-tecnologia-paciente-ambiente-famlia, sendo o paciente o epicentro do cuidado.
Todavia, nossa prtica tem mostrado que os enfermeiros no reconhecem seu
papel no cuidado ao paciente em VM, acreditamos que possa ser esta a razo para o
dficit em relao a este conhecimento em especfico, conforme observamos em nosso
cotidiano e, inclusive, apontado em estudo anterior (4).
No conseguem visualizar o cuidado que j desenvolvem, cuidam visando o bem
estar e conforto do paciente, ou seja, buscam e otimizam a utilizao das tecnologias
leve e leve-dura; mais no procuram aprimoramento quanto a utilizao adequada das
tecnologias duras disponveis e acabam por gerar cuidados subotimizados quando se
refere a estas tecnologias. E o que buscamos justamente o somatrio e integrao
dessas tecnologias e saberes onde quem mais se beneficia o prprio paciente, alm
claro, do mercado que ganha com profissionais mais tecnicamente qualificados.
Associado a isto, o fato de que alguns tericos relacionam o manuseio das tecnologias
duras descaracterizao do cuidado de enfermagem (5-7) poderia estar levando os
enfermeiros na contramo da busca deste saber.
Ora, o ventilador mecnico um equipamento moderno, um avano tecnolgico
aplicado sade, que tem como finalidade, prover ventilao e oxigenao adequadas
para os pacientes com incapacidade muscular causada por fatores etiolgicos diversos,
que os impede de manter a ventilao espontnea (8). Logo, esta tecnologia, na
realidade, no pode ser visualizada simplesmente como uma mquina, uma tecnologia
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Trabalho 2005 - 4/15
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fria e seu funcionamento mecnico. Neste contexto passa a ser uma extenso do corpo
que est submetido aos cuidados multidisciplinares, necessitando tambm ser cuidada e
entendida quanto as suas potencialidades e sua utilizao otimizada (9-11).
Alm disso as prticas e saberes da enfermagem esto alm da dimenso
biolgica, quando afirma que esta se tornou insuficiente para dar conta das mltiplas
dimenses do cuidado da enfermagem (12). Corrobora com este fato descries de que
so vrias as cincias que incidem sobre o cuidado (13).
Observamos em nossa prtica, que o enfermeiro geralmente se posiciona ao
cumprimento de rotinas e protocolos estabelecidos, inclusive em relao VM,
preocupando-se apenas com fatores como: montagem do equipamento, uso e
manuteno de circuitos, traquias e filtros. Contudo, ao levarmos em conta que o
cuidado encontra-se, alm disso, verificamos a necessidade do estabelecimento do
saber-fazer para adequada conduta clnica do enfermeiro na implementao do plano
de cuidados (14).
Com base na contextualizao descrita, acreditamos que o enfermeiro, no sendo
conhecedor da importncia das bases cientficas no seu fazer, estabelece seu cuidado em
pacientes em VM, associando de forma objetiva os diagnstico e as intervenes
especficas na busca de resultados. Acreditamos que a falta deste reconhecimento se
deve ao fato de que a sistematizao da assistncia, no que se refere ao registro, por se
encontrar inserida de forma distante da prtica, leva crena de que o diagnstico s
realizado se utilizamos, por exemplo, a nomenclatura descrita pela NANDA (North
American Nursing Diagnosis Association) (15).
Acreditamos tambm que o enfermeiro j realiza a sistematizao da assistncia
(avaliao-diagnstico-interveno e resultados) de forma automtica, porm no
registra, j que est intrnseco no seu cuidar e na tomada de deciso/interveno que
uma ao que o enfermeiro executa o tempo todo na sua prtica espontaneamente.
Entretanto, de nossa prtica emerge diagnsticos e intervenes do vocabulrio
prprio provenientes da prtica diria (16). E corroborando com essa premissa, fato
que, a partir do momento em que so realizadas as intervenes, houve com certeza um
diagnstico prvio.
Assim, destacamos como objeto deste estudo a relao entre o cuidado exercido
pelo enfermeiro em pacientes em VM e os diagnsticos e intervenes emergidos da
prtica.
Para isso, lanaremos mo do seguinte objetivo:
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Trabalho 2005 - 5/15
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Identificar os diagnsticos, intervenes e resultados que emergem da prtica
assistencial do enfermeiro durante o cuidado de pacientes em VM;
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo-exploratrio, onde os sujeitos foram
enfermeiros com mais de um ano de atuao em terapia intensiva, pois acreditamos que
este seria um tempo suficiente para busca de conhecimento cientfico que embasasse o
cuidar nestas unidades de alta complexidade.
Os sujeitos do estudo foram selecionados pela tcnica de amostragem por
convenincia com populao acessvel (amostragem no-probabilstica), e a idade dos
profissionais variou entre 23 e 46 anos, sendo que a maioria se concentrou na faixa de
26 a 32 anos. O tempo mdio de experincia prtica em UTI foram de quatro anos.
Os cenrios foram as Unidades de Terapia Intensiva Cardiolgica Adulto,
distribuda em Unidade Cardiolgica Intensiva Clnica (UCIC) composta de 07 leitos,
Unidade de Terapia Cardiolgica Intensiva Cirrgica (UTCIC) composta de 20 leitos e
Unidade Coronariana (UCO) composta de 12 leitos, localizadas no Instituto Nacional de
Cardiologia (INC).
A justificativa para a opo por estas unidades surgiu da complexidade dos
pacientes ali atendidos e a centralizao os pacientes submetidos VM.
Para a coleta de dados utilizamos a entrevista semi-estruturada Estas entrevistas
foram individuais, gravadas em fitas magnticas cassete e posteriormente transcritas
obedecendo ao princpio de anonimato e sigilo. oportuno informar que os sujeitos
entrevistados foram identificados pela letra A maiscula, de acordo com a ordem de
participao totalizando 26 entrevistados, isto , A1 A26.
O estudo atendeu s especificaes da resoluo 196/96 e o cdigo de tica de
enfermagem, seguiu as normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e
o cronograma de atividades foi desenvolvido e concludo no trinio 2005-2007. Foi
aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa com Seres Humanos, do INC em 10 de
outubro de 2006 e registrado sob o n 0120/29/09.06.
RESULTADOS E DISCUSSO
Na enfermagem, o epicentro do cuidado o paciente que demarca o espao de
todas as aes de enfermagem. O enfermeiro no pode por lei e nem por dever moral
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Trabalho 2005 - 6/15
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abrir mo de sua responsabilidade de cuidar e de ensinar a cuidar baseado no sistema
complexo que o paciente. Logo, so as necessidades dos pacientes que determinam os
cuidados de enfermagem de que carecem (17). Sendo o alicerce no qual se fundamenta a
construo do julgamento clnico iniciado na vida acadmica e sedimentado na prtica
cotidiana, a partir daquilo que se v, e daquilo que se faz, se torna necessrio uma breve
discusso sobre diagnstico, interveno e resultados de enfermagem.
A necessidade de um sistema de classificao, para estruturao dos problemas
de enfermagem, levou pesquisadores a buscar um instrumento ou modelo metodolgico,
na tentativa de definio mais clara do corpo de conhecimento exclusivo da
enfermagem.
A primeira tentativa de classificao ocorreu em 1929, quando atravs de um
estudo objetivava separar os problemas de enfermagem dos problemas mdicos.
Posteriormente em 1953, foram identificadas cinco reas de necessidades do paciente,
que considerou como foco para os diagnsticos de enfermagem (18).
Abdellah em 1960, com os 21 problemas de Abdellah e Henderson, em 1966,
com as 14 necessidades humanas bsicas de Henderson so considerados precursores
das tentativas de sistematizao taxonmica na enfermagem (18).
No Brasil, Wanda de Aguiar Horta, na dcada de 60 foi um importante marco ao
propor uma assistncia de enfermagem sistematizada, fundamentada na teoria das
necessidades humanas bsicas (19).
Na busca de um alicerce que sustentasse s aes de enfermagem com nfase
nos problemas do paciente, a NANDA em 1973, desenvolveu um sistema de
classificao dos Diagnsticos em Enfermagem, a Taxonomia da NANDA. Esta
Taxonomia define o foco do cuidado de enfermagem e representa para os enfermeiros a
diferenciao das outras profisses da sade (18).
A definio oficial de diagnstico de enfermagem aprovada em conferncia da
NANDA em maro de 1990, :
um julgamento clnico sobre as respostas do indivduo, da famlia ou da comunidade aos problemas de sade/processos vitais reais ou potenciais. O diagnstico de enfermagem proporciona a base para a seleo das intervenes de enfermagem visando ao alcance de resultados pelos quais a enfermagem responsvel (20).
Na instituio onde foi desenvolvido este estudo, a sistematizao da assistncia
com a utilizao do diagnstico de enfermagem, as intervenes baseadas no
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Trabalho 2005 - 7/15
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julgamento clnico e no conhecimento na busca de resultados que avaliem a eficincia e
a qualidade do cuidado de enfermagem ainda muito embrionria e focal, restringindo-
se a alguns setores discusses acadmicas sobre o assunto.
No entanto, surge das falas dos enfermeiros diagnsticos de forma no
sistemtica e com definies oriundas da prtica assistencial, porm com uma
correlao com os diagnsticos de enfermagem propostos por NANDA.
Correlacionaremos os diagnsticos propostos por NANDA com os diagnsticos
emergentes da prtica assistencial, que tm associao com a interveno VM.
RELAO ENTRE DIAGNSTICO DA NANDA E DIAGNSTICOS EMERGENTES DA PRTICA RELACIONADOS VENTILAO
MECNICA NANDA EMERGENTES DA PRTICA
Ventilao espontnea prejudicada
(...) Paciente que no consegue alcanar parmetros normais (A3). (...) Relao de troca, paciente descansa a musculatura e toda a funo respiratria e a mquina d suporte a ele (A7). (...) No capaz de coordenar os seus prprios movimentos respiratrios (A9). (...) Precisa de suporte ventilatrio na anestesia e na recuperao ps-cirrgica (A10)
Troca de gases prejudicada
(...) a adquirir O2 e eliminar outros gases para suprir o corpo (A9). (...) necessita mais do O2 do que do ar ambiente ou aquele que no consegue captar esse oxignio no ambiente (A17)
Padro respiratrio ineficaz
(...) preveno do paciente futuramente fadigar e precisar de uma medida mais grave (A25)
Como o diagnstico de enfermagem proporciona seleo das intervenes de
enfermagem, segundo a definio da NANDA, buscamos as intervenes, que so
qualquer tratamento, baseado no julgamento clnico e no conhecimento, realizado por
uma enfermeira para aumentar os resultados obtidos pelo paciente/cliente, associadas
ventilao mecnica (21).
Correlacionaremos as intervenes de enfermagem propostas na Classificao
das Intervenes de Enfermagem, NIC (Nursing Interventions Classification), com as
intervenes emergentes da prtica assistencial para os pacientes em VM (22).
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Trabalho 2005 - 8/15
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RELAO ENTRE A INTERVENO VENTILAO MECNICA SEGUNDO NIC E A PRTICA ASSISTENCIAL DO ENFERMEIRO NIC EMERGENTES DA PRTICA
1. Monitorar fadiga muscular: (...) acompanhar gasometria; (A5). (...) observar batimento da asa de nariz; (A16)
2. Consultar outros profissionais na escolha de um modo de ventilao:
(...) to sempre procurando participar do round para poder orientar toda a equipe de como vai conduzir isso (A14). (...) falar com mdico ou fisioterapeuta para iniciar o desmame; (A5)
3. Iniciar o ajuste e a aplicao do ventilador e monitorar rotineiramente os parmetros do ventilador
(...) verificao dos parmetros do ventilador; (A1). (...) se ta ciclando; a mistura gasosa ta adequada; (...) presses adequadas para o ventilador; (A13). (...) observar se no circuito h escape; (A20)
4. Orientar o paciente e a famlia, sobre as razes e as sensaes esperadas associadas ao uso do ventilador:
(...) primeiro lugar deve envolver a comunicao, a interao com paciente; (A17). (...) interagir com o paciente; (A18). (...) tem que ter uma viso holstica do doente tem que englobar a famlia; (...) tem que explicar de acordo com o nvel do conhecimento da famlia. (A22)
5. Assegurar que os alarmes do ventilador estejam ativados:
(...) adequar os alarmes ao padro que o doente ta apresentando naquele momento; (A12)
6. Administrar agentes paralisantes musculares, sedativos e analgesia com narcticos, quando necessrio:
(...) o paciente intubado a gente tem que sedar (A17)
7. Monitorar a eficcia da VM sobre o estado fisiolgico e psicolgico do paciente:
(...) se ele ta confortvel; (...) angstia; (A8)
8. Iniciar Tcnicas de relaxamento, quando adequado:
(...) dar um conforto emocional; conversar; (A7). (...) consciente ou inconsciente dar apoio emocional; (A24)
9. Verificar regularmente as conexes do ventilador:
(...) tm filtro ou no, como ta ventilando; se ta prveo o tubo (A3) (...) necessidade de manter esse sistema fechado para os pacientes que esto em recrutamento ventilatrio; (A13)
10. Assegurar a mudana dos circuitos do ventilador:
(...) tempo de circuito, que no tem preconizado; (A20). (...) troca de filtro a cada 24 horas; (A25)
11. Usar tcnica assptica, quando adequado:
(...) tcnica assptica, um grande fator de infeco pulmonar; (A1)
12. Monitorar o progresso do paciente com base nos ajustes atuais do ventilador e realizar as mudanas adequadas:
(...) os cuidados vo atuar no restabelecimento da funo pulmonar; (A7). (...) ver se ele no ta entrando numa insuficincia respiratria e voltar aos parmetros anteriores; (A19)
13. Monitorar os efeitos adversos da VM
(...) parmetros hemodinmicos; (A1). (...) conferir saturao do paciente; (A8). (...) risco de desenvolver uma pneumonia, ou algum outro acidente, pneumotrax; barotrauma se no for
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Trabalho 2005 - 9/15
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bem monitorizado. (A10) (...) risco do barotrauma; (A20)
14. Posicionar o paciente para facilitar a combinao ventilao/perfuso
(...) mudana do decbito; (A1). (...) verificar a posio; (...) intensificar a mudana de decbito; (A3). (...) ter ateno no movimento do paciente no leito; (A9)
15. Colaborar com o mdico para uso de presso de suporte ou PEEP
(...) observar..., que PEEP ele est; (...) avaliar o grau de comprometimento (A18) (...) PEEP alta ou baixa; (...) se voc tirar isso o alvolo pode colabar, se o paciente est em recrutamento (A9)
16. Realizar fisioterapia respiratria
(...) procurar suporte de fisioterapia; (A3) (...) cuidados tcnicos com a movimentao desse paciente (A9)
17. Realizar aspirao com base na presena de rudos adventcios
(...) e se necessita aspirar mais vezes; (...) caso de precisar fluidificar; (...) secreo sanguinolenta; (A1) (...) saber quando o paciente necessita de uma toalete; (A4) (...) exame fsico, avaliao semiolgica, ausculta, roncos (A7)
18. Promover ingesta adequada de lquidos e nutrientes
(...) paciente com dieta (A10) (...) posicionamento adequado da sonda oroenteral (A13) (...) se ele ta com dieta (A19)
19. Providenciar cuidados orais de rotina:
(...) previne a infeco respiratria, associando uma higiene oral decente; (A15). (...) s vezes paciente est sialorreico; (A21)
20. Monitorar os efeitos das mudanas no ventilador quanto oxigenao:
(...) verificar oximetria; Fi O2; (A3) (...) gasometria: melhor parmetro para voc saber o que esta acontecendo (A8) (...) observar a queda de SatO2, PaO2; (A17)
21. Monitorar parmetros referentes mecnica respiratria
(...) sinal de desconforto respiratrio, cabeceira elevada para expandir melhor (A2) (...) qualidade da respirao do paciente (A5) (...) observar volume corrente, o modo respiratrio (A10) (...) principalmente a resistncia das vias areas (A11) (...) pneumotacgrafo, (...) conectar o doente ao capngrafo; (...) monitorizar radiografia de trax (A12) (...) musculatura acessria (A13) (...) freqncia respiratria, batimento de asa de nariz (A16)
Como os diagnsticos e as intervenes buscam os resultados que refletem uma
condio real do paciente foi desenvolvido a Classificao dos Resultados de
Enfermagem (22), NOC (Nursing Outcomes Classification), complementando a
Taxonomia da NANDA e da NIC.
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Trabalho 2005 - 10/15
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Buscamos a correlao dos resultados associados ao Estado Respiratrio (0410,
0402 e 0403) e as ligaes NANDA-NOC, com os diagnsticos que tem como
interveno de enfermagem a VM.
RELAO ENTRE RESULTADOS DE ENFERMAGEM PROPOSTOS POR NOC COM OS RESULTADOS EMERGENTES DA PRTICA
ASSISTENCIAL PARA OS PACIENTES EM VENTILAO MECNICA NOC EMERGENTES DA PRTICA
Estado neurolgico: Conscincia
( ) nvel de conscincia (A4) (...) estado de vigilncia; se ta vigilante (A21)
Dispnia em repouso ou aos esforos no presentes
( ) paciente com dispnia (A5) (...) incurses respiratrias; (...) esforo respiratrio; (A16) (...) se est brigando com o respirador (A19)
Estado respiratrio: desobstruo de via area
(...) se no aspirar paciente faz rolha, secretivo; broncoaspira (A5). (...) presena de secrees no tubo; (A7). (...) observar uma possvel ocluso de tubo; (...) intercorrncias podem levar a parada cardaca por ocluso do tubo.(A12) (...) na nossa prtica destacaria a no desobstruo das vias areas, como o principal fator que pode desencadear (A15)
Expansibilidade simtrica do trax
(...) pode fazer atelectasia. (A6) (...) posso pensar numa seletividade (A8) (...) monitorizar radiografia de trax (A12) (...) avaliao de expansibilidade, ritmo, freqncia (A17)
Uso da musculatura acessria no presente e funo muscular:
(...) se ele ta brigando ou no; se ta num modo que a demanda no exige; (...) ele quer uma coisa e a mquina quer outra (A8) (...) musculatura acessria (A13) (...) sempre observo os parmetros de presso (A15)
Sonolncia no presente:
(...) paciente acordando no sabe o que est acontecendo.(A13)
Equilbrio da perfuso/ventilao:
(...) principalmente na coronria, sobrecarga hdrica, monitorizao das infuses (A5). (...) ver que decbito vai deixar mais tempo o paciente.(A14)
Estado respiratrio: Troca de gases, e, saturao de oxignio dentro dos padres esperados:
(...) acompanhar gasometria (a5) (...) avaliar os gases; (A17) (...) observar..., que PEEP ele est (A18) (...) verificao da oximetria (A23)
Estas correlaes fortalecem nossa afirmao inicial de que se a interveno
existe, porque houve um julgamento clnico que levou a um diagnstico e que busca
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Trabalho 2005 - 11/15
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um resultado, mesmo que o enfermeiro no considere que fez um diagnstico prvio,
realizou uma interveno e avaliou resultados.
Esta afirmao contraria autores quando afirmam que os enfermeiros no esto
realizando o diagnstico de enfermagem e, conseqentemente, fragmentam os cuidados (23).
Acreditamos que este processo de enfermagem assistemtico que est inserido
no julgamento clnico do enfermeiro tem fortalecimento nas prticas educativas que se
iniciam no perodo de formao profissional e se sedimentam com a habilidade intuitiva
destes profissionais no cuidado, e guardam estreita relao com a ventilao mecnica.
Alguns relatos fortalecem a argumentao da habilidade intuitiva:
(...) fui aprendendo de ouvido (A4).
(...) tinha viso voltada para o maquinrio; (...) primeira coisa
que fao inspeo no paciente; (...) nossa tendncia ver
prtese (A8).
(...) no tem uma rotina; (...) faz coisas do dia-a-dia; (A14).
(...) fao os diagnsticos em cima das observaes que eu fiz
para implementar os cuidados (A16).
(...) a gente deveria perceber anormalidades antes; (...) tudo
isso faz parte do nosso cuidado, da nossa conduta. (A17)
(...) basicamente avaliao em cima de avaliao; (...) eu veria
minhas condutas de acordo com minha avaliao, ou seja, o
diagnstico de Enfermagem (A22)
Esta habilidade intuitiva foco de vrios estudiosos e h evidncia da relao
direta da habilidade intuitiva com a experincia dos enfermeiros, detectando trs nveis
de intuio denominados iniciante, padro e veterano. no nvel padro, com
profissionais de trs a oito anos de experincia, onde se concentram nossos sujeitos
deste estudo, que os enfermeiros manifestaram um sentido de autoconfiana em
identificar, reconhecer, focalizar e confiar na intuio em sua prtica (24).
A teoria e a prtica da enfermagem dependem da experincia, dos conceitos, da
participao e da viso que cada profissional de enfermagem tem do mundo e da
profisso, no h separaes, ambas se confundem de forma articulada e harmoniosa,
direcionando o cuidar, constituindo no s a cincia, mas refletindo a arte em
enfermagem.
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Trabalho 2005 - 12/15
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CONSIDERAES FINAIS
Quando buscamos a conduta clnica e a relao do cuidar com os parmetros
fisiolgicos, observamos uma utilizao, pouco sistemtica, de tecnologias que
perpassam pelas relaes, pelos saberes, e pelos instrumentos necessrios para sua
interao com outro ser humano no ato de cuidar. Cuidado este que surge com uma
viso de relao social que vai alm dos procedimentos tcnicos e da assistncia s
necessidades fsicas.
Como reflexo quando discutimos os resultados e relacionamos com o tema, no
foi surpresa quando emergiu dos discursos pouca relao direta com a ventilao
mecnica, porm na essncia do discurso as falas relacionam-se significativamente com
este fato. Assim, pensamos que quando buscamos o julgamento clnico do enfermeiro
consideramos as concepes do binmio sade-doena na sua viso universal,
entretanto, descobrirmos que no h uma sistematizao de assistncia ao paciente em
VM, pois, conforme as falas deste estudo, a conduta clnica acontece sempre de forma
individual e no coletiva.
A arte de cuidar e de ensinar a cuidar deve ser preservada, mas tornam-se
imprescindvel pesquisa, as buscas por diagnsticos de situaes que surjam da prtica
assistencial dos enfermeiros com taxonomias oriundas do seu cuidar, como ocorreu
neste estudo, interferindo nos modelos utilizados no cuidar que ainda confundem o
paciente com a doena.
Gostaramos de deixar claro que este estudo no esgota nem tampouco responde
todas as questes referentes Enfermagem e a VM, entretanto temos a convico que
ela pode contribuir com novas pesquisas. Principalmente no momento que surgem
novos conhecimentos que estavam enclausurados nas entrelinhas da nossa prtica
cotidiana, e mostram os enfermeiros sensveis, experientes e prticos como portador e
produtor de conhecimento.
Finalizamos sugerindo um movimento em busca da construo de novos
conhecimentos cientficos, na educao permanente, na sistematizao de assistncia de
enfermagem, e com a utilizao de habilidades intuitivas e diversas formas de
tecnologia, na rea de VM e, mais especificamente na busca pela estabilizao da
mecnica respiratria, abrindo um novo horizonte para enfermagem neste contexto.
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Trabalho 2005 - 13/15
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 1. ASHURST S. Cuidados de enfermagem de doentes ventilados mecanicamente em UCI: 1 e 2. Nursing, So Paulo, v. 120, p. 20-27, ano 10, maro 1998. 2. CARVALHO CRR. (ed.).Ventilao Mecnica, Volume I Bsico. So Paulo: Atheneu, 2000. (Sries Clnicas Brasileiras de Medicina Intensiva). 3. SWEETWOOD HM. Enfermagem na Unidade de Tratamento Respiratrio Intensiva.2ed.. So Paulo: Andrei, 1982. 4. CARDOSO VLR. Avaliao da Atuao da Equipe de Enfermagem no Manuseio dos Respiradores Mecnicos, 1983. Relatrio Apresentado ao Curso de Habilitao Enfermagem Mdico-Cirrgico, Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 5. MEYER DE. Como conciliar Humanizao e Tecnologia na Formao de Enfermeiras/os? Revista Brasileira de Enfermagem. V. 55, n.2, p.189-195, 2002. 6. BARRA DCC et al. Evoluo Histrica e Impacto da Tecnologia na rea da Sade e da Enfermagem. Revista Eletrnica de Enfermagem, v.08, n.03, p.422-430, 2006. Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm 7. SILVA MJP. Humanizao em Unidade de Terapia Intensiva. In: CINTRA EA, NISHIDE VM, NUNES WA. Assistncia de Enfermagem ao Paciente Gravemente Enfermo. So Paulo: Atheneu, 2000 8. BARREIRO RDF, SILVA LD. Ventilao Mecnica Aspectos Relevantes para Otimizao da Assistncia de Enfermagem. In: SILVA LD. Assistncia ao Paciente Crtico - Fundamentos para a Enfermagem. Rio de Janeiro: Cultura Mdica, 2001. p. 273-337. 9. BARREIRO RDF. Falando sobre a tecnologia e o cuidado de enfermagem na UTI (um estudo sobre o pneumotacgrafo). In: ENCONTRO NACIONAL DE FUNDAMENTOS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM, 6, 2006, Rio de Janeiro. Disponvel em Anais do Evento, EEAN/UFRJ (Nuclearte), 2006. 10. SILVA RFA, BARREIRO RDF, SILVA RCL, NASCIMENTO MAL. Tecnologia Subsidiando o Cuidado de Enfermagem: otimizando a monitorizao com oxmetro de pulso. I Encontro de Professores e Pesquisadores de Enfermagem e(m) Sade Coletiva e I Mostra da Produo Cientfica de Enfermagem e(m) Sade Coletiva / UNIRIO, 2007. 11. SILVA RCL, PORTO IS. O Significado do Cuidado na Unidade de Terapia Intensiva e a (Des)construo do Discurso da Humanizao em Unidades Tecnolgicas. UFRJ/EEAN, 2006. Tese (Doutorado) em Enfermagem Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Enfermagem Anna Nery, 2006.
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Trabalho 2005 - 14/15
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12. ORNELLAS CP. A enfermagem e suas bases de sustentao terica: a construo de um marco conceitual. Rio de Janeiro: Cuidado fundamental: Caderno de Pesquisa.v.2, n.2, p.50-55; 1998. 13. NASCIMENTO, MAL. O Cuidado de Enfermagem e as Cincias que Nele Incidem. Revista Enfermagem Brasil, n3, maio/junho, 2004. p. 165-69. 14. FIGUEIREDO NMA. DO ATO MDICO PARA O ATO DE ENFERMAGEM: princpios para uma prtica autnoma de enfermagem. In ENCONTRO NACIONAL DE FUNDAMENTOS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM, 4, 2004, Rio de Janeiro. Disponvel em Anais do Evento, EEAN/UFRJ (Nuclearte), 2004. 15. DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM DA NANDA: definies e classificao-2005-2006/ organizado por North American Nursing Diagnosis Association; Traduo Cristina Correa, Porto Alegre: Artmed, 2006. 16. CMARA ACG. Terminologias de diagnstico de enfermagem em atendimento a clientes em ps-operatrio imediato de cirurgia cardaca. In: VIII SIMPSIO NACIONAL DE DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM-SINADEN, 2006, Joo Pessoa, Paraba. Disponvel em Anais do Evento, ABEn, 2006. 17. NIGHTINGALE F. Notas sobre Enfermagem: o que e o que no . So Paulo (SP): Cortez/ABEn-CEPEn; 1989. 18. NOBREGA MML, GUTIRREZ MGR Sistemas de Classificao na Enfermagem: avanos e perspectivas. In: GARCIA TR, NOBREGA MML (Org.). Sistemas de Classificao em Enfermagem: um trabalho coletivo. Joo Pessoa: Idias, 2000. Srie Didtica: Enfermagem no SUS. (ISBN-85-86867-49-7) 19. HORTA VA. Processo de enfermagem. So Paulo: EPU, 1979. 20. CARPENITO LJ. Diagnsticos de Enfermagem: aplicao prtica clnica; trad. Ana Thorell. 8. ed.Porto Alegre: Artmed, 2002. 21. JOHNSON M, MAAS MERIDEAN; MOORHEAD S. Classificao dos Resultados de Enfermagem. Traduo Regina Garcez. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 22. McCLOSKEY JC, BULECHEK GM. Classificao das Intervenes de Enfermagem (NIC). Trad. Regina Garcez. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 23. FOSCHIERA FV. O diagnstico de enfermagem no contexto das aes de enfermagem: percepo dos enfermeiros docentes e assistenciais. Revista eletrnica de enfermagem, v. 06, n. 02, p. 189-198, 2004. Disponvel em www.fen.ufg.br. Acesso em 28 de Janeiro de 2007. 24. SILVA AL. Habilidade intuitiva no cuidado de enfermagem. So Paulo: Revista Latino Americana de Enfermagem, 2003 julho-agosto; 11(4): 429-35.
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Trabalho 2005 - 15/15
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O PAPEL DO ENFERMEIRO DIANTE DO CENRIO AMBIENTAL
ATUAL
NUNES, Tatiana de Paiva1
FREITAS, Jackeline Carminda Cabral de2
MEDEIROS, Suzane Gomes de2
SOUZA, Greice Kelly Gurgel2
MARTINS, Cludia Cristiane Filgueira2
FREITAS, Rodrigo Jcob Moreira de2
Atualmente a mdia e os meios de comunicao tm dado ateno especial aos
assuntos de cunho ambiental. No raro, somos bombardeados por manchetes
sobre furaces, tempestades, oscilaes bruscas de clima e poluio. Tornou-se
comum escolas, universidades, centros comunitrios, instituies pblicas e
privadas, ONGs e outros equipamentos comunitrios desenvolverem trabalhos
para educar e sensibilizar a sociedade quanto s condutas ecologicamente
corretas. Como resultado, alguns termos viraram modismo em discursos
ambientais, como: aquecimento global, efeito estufa, energia renovvel,
agricultura orgnica e educao ambiental. A prpria comunidade cientfica tem
discutido este tema e elaborado protocolos assistenciais atravs de acordos
internacionais para minimizar os efeitos nocivos da industrializao desenfreada.
A exemplo disso temos conhecimento da Agenda 21, a Carta da Terra, a
Declarao sobre o ambiente humano, o Protocolo de Montreal e o Protocolo de
Quioto. Todos esses documentos so frutos de reunies mundiais cujo alvo da
discusso foi a diminuio dos impactos negativos da produo industrial sobre o
meio ambiente. Atrelado degradao ambiental, vemos surgir prejuzos
relacionados sade. O consumo exacerbado exige meios de produo cada vez
mais exploradores para atender a demanda do mercado, e quando a indstria no
repe em tempo hbil natureza o que subtraiu dela, nosso ecossistema definha
e leva consigo a qualidade do ar, da gua, do solo e dos alimentos. O objetivo desse trabalho mostrar a equipe de enfermagem a importncia da discusso
1 Acadmica de Enfermagem do 7 perodo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN; [email protected] Acadmica de Enfermagem do 7 perodo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN;
2
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Trabalho 1762 - 1/3
-
deste tema na formao profissional e pessoal como tambm em seu cotidiano de
trabalho, enfocando que os problemas e solues acarretam resultados tambm
no mbito local. O presente estudo tem como metodologia uma reviso de literatura descritiva bibliogrfica sobre o meio ambiente e o reflexo que sua
devastao pode provocar na sade da populao, e como o enfermeiro pode
contribuir para alcanar a sustentabilidade. Para tal, utilizamos livros e peridicos
de autores conceituados que abordam a temtica. Ressaltamos que no foram
realizados testes ou experincias com seres humanos e animais, portanto no h
indicao de subordinao a apreciao do comit de tica em Pesquisa. A
pesquisa literria nos revela como resultados a falta de entrosamento entre os temas Meio Ambiente versus Sade. Percebe-se que no h reflexo por parte
dos profissionais, incluindo enfermeiros, sobre a relao das causas de
morbidade da populao com os problemas relacionados ao ambiente ao qual
est submetido. Desta forma, tem-se tratado doenas relacionadas a qualidade
do ar, da gua e dos alimentos apenas com terapia medicamentosa, esquecendo
o real foco desses problemas. A degradao ambiental ainda vista como um
problema unilateral que causa danos somente para a natureza, como se ns,
seres humanos, fssemos imunes e no estivssemos inseridos no mesmo
ecossistema. Assim, a sade no vista sob a tica do fator ambiental e
esquecemos a poluio do ar das grandes cidades, do acesso precrio gua
limpa, da falta de saneamento, dos problemas de habitaes inadequadas, das
condies de higiene insalubres a que muitos esto submetidos. Conclumos que ns enfermeiros devemos atentar para a influncia que os problemas ambientais
causam a sade, bem-estar e qualidade de vida da populao. importante
reconhecer o fator de degradao ambiental como um determinante a somar na
anlise dos nveis de sade. Para tal, temos que nos livrar das prticas
puramente medicalizantes que enaltecem o modelo hospitalocntrico de cura e
promover sade atravs da sustentabilidade ambiental. As prticas sustentveis
no so responsabilidade exclusivas das indstrias, mas de todos ns, habitantes
do planeta Terra. Portanto, ns, enfermeiros comprometidos com a promoo da
sade e bem estar da populao, devemos incentivar hbitos que beneficiem a
natureza e aos que desfrutam dela, como a reduo do uso de matrias-primas e
energia, a reutilizao de produtos para outras funes e a reciclagem atravs da
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Trabalho 1762 - 2/3
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coleta seletiva de materiais. Mas para que isso seja um instrumento efetivo na
prtica das consultas de enfermagem imprescindvel que esse profissional
tenha domnio do assunto, atualizando-se e buscando conhecimento extra-
academia para basear seu trabalho. Esse no s um compromisso social para
com o meio ambiente, a efetivao de um dever tico e legal, apontado na
Carta da Terra assinada pelo Brasil e reconhecida pela Organizao Mundial de
Sade e elaborada durante a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento-Rio 92, no ano de 1992, no Rio de Janeiro. Ela
afirma que a comunidade cientfica deve trocar conhecimentos para promover o
desenvolvimento sustentvel, portanto os sistemas de sade e seus profissionais
tm de estar preparados e dar sua colaborao . REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: TRIGUEIRO, Andr (org.). Meio Ambiente no sculo 21: 21 especialistas falam da questo ambiental nas suas reas de conhecimento. Rio
de Janeiro: Sextante, 2003; VARGAS, Liliana Angel. Enfermagem e a Questo Ambiental. In: FIGUEIREDO, Nbia Maria Almeida de. Ensinando a cuidar em Sade Pblica. 2 ed. So Caetano do Sul, SP: Yendis, 2008.
DESCRITORES: Enfermagem; Meio Ambiente; Sustentabilidade
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Trabalho 1762 - 3/3
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O PERFIL DA CLIENTELA ATENDIDA EM UMA UNIDADE BSICA DE SADE DO RIO DE JANEIRO. UMA CONTRIBUIO PARA A QUALIDADE DA ASSISTNCIA EM ENFERMAGEM.
Jos Gustavo Dutra Medeiros*, Liane Gack Ghelman**, Maria Helena do Nascimento Souza***.
Resumo: A Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) revelou que o nmero de pessoas com mas de 60 anos superior a 18 milhes, o que corresponde cerca de 10% da
populao total(1). Com o envelhecimento o organismo passa por modificaes biolgicas:
morfolgicas, como o aparecimento de rugas e cabelos brancos; fisiolgicas, que acarretam
alteraes das funes orgnicas; e bioqumicas, que aparecem por meio das transformaes das
reaes qumicas que se processam no organismo(4). Essas alteraes associadas com o estilo de
vida, podem favorecer ndices mais elevados de morbidade e o surgimento de mltiplas doenas
crnicas, que iro exigir acompanhamento constante, medicao de uso contnuo e maior
proporo de procedimentos mdicos. Dentre as principais doenas crnicas pertinentes ao
envelhecimento destacam-se: a Hipertenso e o Diabetes Mellitus. Os objetivos propostos neste estudo foram: identificar o perfil dos clientes portadores de Hipertenso arterial e Diabetes mellitus
atendidos em uma Unidade Bsica de Sade, verificar o grau de conhecimento da clientela
portadora de Hipertenso e Diabetes sobre as prticas de autocuidado com a alimentao,
utilizao de medicamentos, e identificar a influencia de fatores de risco associados ao quadro de
hipertenso e/ou diabetes mellitus.
* Acadmico de Enfermagem do 4. Perodo da Escola de Enfermagem Anna Nery/ UFRJ
Bolsista PIBIC/UFRJ [email protected]
** Professora Assistente do Departamento de Enfermagem de Sade Pblica da Escola de Enfermagem Anna
Nery/ UFRJ, Doutoranda em Enfermagem.
*** Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem de Sade Pblica da Escola de Enfermagem Anna
Nery/ UFRJ, Doutora em Enfermagem. [email protected]
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Trabalho 1298 - 1/4
-
Metodologia. Este trabalho do tipo descritivo, de abordagem quantitativa, foi realizado com 498 clientes
atendidos em consulta de enfermagem em uma Unidade Bsica de Sade, nos anos de 2005 a
2008.
O instrumento utilizado constituiu-se de um formulrio com questes fechadas referentes
identificao, hbitos de vida, conhecimento das patologias e complicaes decorrentes do
Diabetes e Hipertenso.
Foi realizado um exame fsico, em que se obteve os dados relativos ao estado nutricional, nveis
glicmicos, presso arterial sistlica e diastlica. Utilizou-se como critrio para deteco de
sobrepeso o valor de ndice de Massa Corporal (IMC). Para a classificao de glicemia elevada,
aps o teste de glicemia capilar, considerou-se o seguinte parmetro: abaixo de 110 para os
clientes que se encontrava em jejum e abaixo de 140 para os indivduos no perodo ps prandial.
Os parmetros utilizados para classificao de presso arterial elevada so os mesmos dos
estabelecidos pelo Ministrio da Sade(5).
O projeto atendeu os princpios ticos de pesquisa com seres humanos, de acordo com a
Resoluo 196/96 e foi aprovado pelo Comit de tica e Pesquisa da Escola de Enfermagem
Anna Nery.
Os resultados mostraram que 72,1% dos clientes estudados eram do sexo feminino e a maioria dos clientes possua acima de 40 anos, com a media de idade de 61 anos. Observamos que
82,1% dos clientes entrevis