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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS CÂMPUS OURO BRANCO TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO OURO BRANCO DEZEMBRO DE 2016

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA

E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS

CÂMPUS OURO BRANCO

TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

OURO BRANCO

DEZEMBRO DE 2016

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JAQUELINE NEDINA GONÇALVES

GESTÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS GERADOS NO BENEFICIAMENTO DE

MINÉRIO DE FERRO – ESTUDO DE CASO CSN MINERAÇÃO NACIONAL

OURO BRANCO

DEZEMBRO DE 2016

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JAQUELINE NEDINA GONÇALVES

GESTÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS GERADOS NO BENEFICIAMENTO DE

MINÉRIO DE FERRO – ESTUDO DE CASO CSN MINERAÇÃO NACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Instituto Federal de Minas Gerais – Campus

Ouro Branco, como parte dos requisitos

exigidos para a conclusão do curso

Bacharelado em Administração.

OURO BRANCO

DEZEMBRO DE 2016

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Elaborada pela Bibliotecária Márcia Margarida Vilaça – CRB6/223

Gonçalves, Jaqueline Nedina

G635g Gestão de resíduos industriais gerados no beneficiamento de minério de

ferro: estudo de caso CSN Mineração Nacional./ Jaqueline Nedina

Gonçalves. - 2016.

18 f.il

Orientador: Prof.º Haroldo Lacerda de Brito.

Trabalho de conclusão de curso (graduação) - Instituto Federal de Minas

Gerais, Campus Ouro Branco, Curso Bacharelado em Administração,

2016.

1. Gerenciamento de resíduos 2. Logística reversa. I. Gonçalves,

Jaqueline Nedina. II. Instituto Federal de Minas Gerais, Campus Ouro

Branco. III. Título

CDU: 658.788

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GESTÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS GERADOS NO BENEFICIAMENTO DE

MINÉRIO DE FERRO – ESTUDO DE CASO CSN MINERAÇÃO NACIONAL

Jaqueline Nedina Gonçalves 1, Haroldo Lacerda de Brito2.

1 Graduanda do curso Bacharelado em Administração do IFMG Campus Ouro Branco - e-

mail: [email protected]

2 Mestre em Administração pela FPL e docente do curso Bacharelado em Administração do

IFMG Campus Ouro Branco - e-mail: [email protected]

RESUMO

O setor mineral tem grande importância para o país e o mundo, e a gestão correta dos resíduos

industriais de seus processos são de grande importância para a manutenção do meio ambiente.

Este estudo teve como principal objetivo, analisar métodos de gerenciamento de resíduos

industriais em uma empresa do setor de mineração. Ao longo do trabalho, foram verificadas

as necessidades de consumo, bem como a esgotabilidade dos recursos naturais. Foram

também abordadas as classificações dos resíduos e sua correta destinação, além da

possibilidade de minimização dos gastos no processo produtivo e maximização da visão

contributiva de marketing social e ambiental. Destaca-se também nesse estudo, a logística

reversa como uma ferramenta de desenvolvimento econômico, social e ambiental, que é

caracterizada por um conjunto de ações, com a promessa de reutilizar, em seu ciclo ou em

outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente apropriada, os resíduos

industriais gerados na mineração. Por esse motivo a logística reversa cresce no Brasil, o que

torna fundamental que as empresas possuam um sistema de gerenciamento eficaz, a fim de

gerar vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Os resultados obtidos nesse estudo de

caso mostram que o sistema de gerenciamento interno de resíduos praticado pela empresa,

tem dado retornos significativos, para a imagem da organização junto aos seus stakeholders,

como também retornos financeiros, o que fortalece ainda mais o programa de gerenciamento

já implantado.

Palavras chave: Gerenciamento de resíduos, Logística Reversa.

1 INTRODUÇÃO

Desde a Revolução industrial no século XVIII, até meados do século XX, a preocupação com

o uso consciente dos recursos naturais renováveis e não renováveis era mínima, senão nula.

Com o aumento populacional, houve a necessidade de se produzir maiores quantidades de

produtos e mercadorias, aumentando assim a quantidade de insumos para a produção dos

mesmos. Contudo, a gestão dos resíduos industriais oriundos dessa produção necessitava de

destinação correta, com o objetivo de reduzir danos ambientais e custos na fabricação.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro no mundo, e Minas Gerais é

o estado minerador de maior importância no Brasil, que extrai aproximadamente 160 milhões

de toneladas/ano de minério de ferro. O estado possui hoje em seu território, as 40 maiores

mineradoras do país.

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Contudo, surgem questionamentos quanto ao aumento dos impactos ambientais na fase de

produção e beneficiamento do minério de ferro, e as formas de destinação dos resíduos

industriais gerados nos processos supracitados, e seu gerenciamento.

A partir da década de 70, com a realização da Conferência de Estocolmo, os países em

desenvolvimento tornaram explícito o argumento de que a causa da crise ambiental estava

localizada principalmente nas nações industrializadas, onde o estilo de produção, seja

capitalista ou socialista, requer grande quantidade de recursos e energia do planeta e causa

grande parte da poluição e do impacto ambiental. A presente pesquisa teve a seguinte questão

norteadora: Como uma empresa do setor de mineração, pode aperfeiçoar o gerenciamento,

segregação e disposição final dos resíduos industriais, gerados em seu processo de produção e

beneficiamento?

Este estudo teve como principal objetivo, analisar métodos de gerenciamento de resíduos

industriais em uma empresa do setor de mineração. Para cumprir esse objetivo foi necessário

avaliar os resíduos industriais gerados no processo produtivo, classificar os resíduos gerados

segundo a NBR 10004:2004 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas,

descrever as formas e tratamento dos resíduos gerados nos processos produtivos e avaliar

tecnologias aplicadas à destinação final, visando manter o resíduo em condição de segurança

ambiental.

A gestão correta dos resíduos poderão trazer ganhos tanto em curto prazo, como em longo

prazo, não só para o meio ambiente, como também para a empresa que poderá converter o

fruto desse gerenciamento, em valores. O trabalho se justifica por, apresentar formas de

aperfeiçoar o gerenciamento de resíduos industriais, gerados no beneficiamento de minério de

ferro e propor a revalorização desses resíduos.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A INDUSTRIALIZAÇÃO E A PRODUÇÃO

Para Nantes (2014), a Revolução Industrial tendo início no século XVIII, na Inglaterra, com a

mecanização dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de

produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A burguesia industrial, ávida por

maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a

produção de mercadorias. Também se pode apontar o crescimento populacional, que trouxe

maior demanda de produtos e mercadorias. Bernardes e Ferreira (2003) enfatizam a

intensificação da produção:

“Até meados do século XX,..., o complexo econômico-científico limitou-se a

consumir a matéria existente na natureza, tendo efeitos destrutivos secundários;

porém, após a Segunda Guerra Mundial, o aumento das forças produtivas,

institucionalizado pelo progresso científico e técnico, rompeu com as proporções

históricas. O complexo não se limitou a intervir na natureza, mas passou a produzir

uma “outra natureza”, na ânsia de se emancipar plenamente da mesma. Às

possibilidades de escassez de energia fóssil a resposta foi a tecnologia atômica; no

plano da transformação das matérias-primas, técnica e ciência se concentraram nas

transformações físicas e químicas da produção industrial; na agronomia os métodos

tradicionais de criação de animais e plantas, por meio da tecnologia genética, tendem

a ser substituídos por intervenções diretas no material biológico. Somente outra

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ciência e outra forma de sociedade serão capazes de mudar os rumos atuais do

conhecimento científico. (BERNARDES E FERREIRA; 2003; p. 26)”.

2.2 NECESSIDADES DE CONSUMO

Dias e Salgado (1999), ressaltam que o aumento da população, associado ao incremento da

necessidade de produção de alimentos e bens de consumo, leva o homem a transformar cada

vez mais a matéria-prima gerando maiores quantidades de resíduos, tanto no processo de

produção industrial, quanto no consumo.

Para Marques (2005), a revolução industrial trouxe a produção de bens em massa e,

consequentemente, consumo nas mesmas proporções. As cidades começaram a crescer

desordenadamente, acumulando-se construções e pessoas e construções nas circunvizinhanças

das fábricas, produtos, consumo e problemas em massa.

Portilho (1999) ressalta que:

“Com a industrialização, a concentração populacional urbana e o incentivo ao

consumo como características básicas da sociedade moderna, os problemas sociais e

ambientais se agravam. Podemos enfocar a problemática ambiental, basicamente,

com uma análise que se concentre desde o "berço", ou seja, a extração de recursos

naturais para a indústria, até o "túmulo", a dificuldade de gerenciamento dos

resíduos gerados após o consumo, passando pelos processos de produção,

armazenamento, transporte, comércio, consumo e descarte de resíduos (PORTILHO,

1999; p. 131 - 149)”.

Estudos demostram o aumento do volume do lixo sem tratamento adequado, no Brasil, e a

elevação de seu teor tóxico. Tal situação é comparada a uma bomba relógio, que poderá

explodir, a qualquer momento. Os resíduos sólidos vêm recebendo tratamento de baixa

qualidade e ainda não existe uma conscientização política dos governantes, parlamentares e

demais autoridades, efetivamente comprometidas com a prática de políticas preventivas e

corretivas (BARROS, 2002).

2.3 RECURSOS LIMITADOS

O problema da esgotabilidade dos recursos naturais está entrelaçado à cultura de consumo

levada a efeito desde a modernidade, passando pela pós-modernidade e permanecendo até os

dias atuais. Essa falta de limites para o consumo revela uma patologia social, pois, busca-se,

por meio do consumo apenas ostentar prosperidade, estilo, ao se consumir excessivamente

bens que, em sua grande maioria, são dispensáveis e facilmente descartáveis. E nessa cultura,

onde a necessidade é ilimitada e o desejo se mostra constante por mais produção, é

comumente considerada não apenas normal para seus membros, mas essencial para o

progresso socioeconômico (SLATER, 2002).

Vale observar que, havia riscos para as sociedades antes da Revolução Industrial, no entanto,

os mesmos eram associados à manifestação dos deuses. Na atualidade, os riscos estão

associados ao modelo de produção predatório que busca atender a um mercado consumidor

insaciável. Assim, o mundo pós-moderno se caracteriza como um período em que se

concentra um avanço tecnológico inigualável. Mas que não veio acompanhado de uma análise

dos possíveis efeitos negativos por ele gerados. Com isso, a sensação de irreversibilidade dos

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riscos gerados por esse modelo, prejudica o otimismo do modelo inicial cujo ideal pautava-se

na busca por melhores condições de vida (MASCARENHAS, 2009).

2.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS

2.4.1 Classificação dos Resíduos Sólidos

Brandt (2004) descreve a caracterização, quantificação e qualifica os diversos tipos de

resíduos gerados pela empresa em todas as suas atividades, pois através desses estudos, será

possível evitar vários tipos de Riscos provenientes de Resíduos Sólidos de uma Indústria de

Mineração, tais como: Contaminação do Solo e da Água, Riscos de Propagação de Doenças,

Riscos de Emissões Atmosféricas sem Controle, Destruição da Flora local e Afastamento da

Fauna, Riscos de Afeto na Imagem Institucional, Aumento de Materiais Particulados

Contaminados, Risco no Manejo com o Ácido Sulfúrico, etc.

A NBR 10.004/04 classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. Os resíduos

sólidos são classificados, por sua periculosidade, em:

• Classe I (perigosos): são aqueles que apresentam periculosidade, em função de suas

propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, ou uma das características seguintes:

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, ou patogenicidade;

• Classe II-A (não inertes): são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos

classe I ou de resíduos classe II-B. Os resíduos classe II-A podem ter propriedades tais como:

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água;

• Classe II-B (inertes): quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa,

segundo a Norma NBR 10.007/04 (Amostragem de Resíduos), e submetidos a teste de

solubilização, segundo a Norma NBR 10.006/04 (Solubilização de Resíduos), não tiverem

nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de

potabilidade de água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

2.4.2 Diretrizes e Estratégias de Resíduos da Mineração

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos do Ministério do Meio Ambiente (2012) define

diretrizes e estratégias para cada tipo de resíduo sólido descrito na Lei 12.305/10. Para cada

diretriz foi definido um conjunto de estratégias que deverão ser implantadas por todos os

atores envolvidos com a execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ou seja, a

responsabilidade pelas estratégias é compartilhada entre o poder público, a sociedade e os

geradores dos resíduos sólidos.

Diretriz 1: Compatibilizar os Planos Nacionais de Resíduos Sólidos e de Mineração 2030.

Estratégia 1: Promover, até 2014, a integração de planejamento e procedimento entre os

órgãos de licenciamento ambiental e os órgãos gestores dos recursos minerais, através de atos

Normativos oriundos dos Órgãos públicos envolvidos.

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Estratégia 2: Estabelecer, a cada 6 anos, cenários de tipologias de atividades minerárias e a

geração e destinação adequada de resíduos gerados na mineração, com base no Plano

Nacional de Mineração 2030;

Estratégia 3: Promover o levantamento de dados dos resíduos sólidos gerados pela atividade

minerária e sua destinação adequada.

Diretriz 02: Desenvolver tecnologias para aproveitamento de resíduos da mineração.

Estratégia 1: Fomentar linhas para apoiar projetos de P&D relacionados com o

aproveitamento de resíduos da mineração.

Estratégia 2: Fomentar linhas de apoio a Projetos em desenvolvimento de arranjos locais que

visem o aproveitamento dos resíduos da mineração.

2.4.3. Resíduos Sólidos Gerados na Mineração em Minas Gerais

O Instituto Brasileiro de Mineração, IBRAM (2013), informa que Minas Gerais é o estado

minerador de maior importância no país, extraindo cerca de 160 milhões de toneladas/ano de

minério de ferro. O Estado também é responsável por aproximadamente 53% de toda

produção brasileira de minerais metálicos, e 29% dos minérios em geral.

Aproximadamente, 300 minas estão em atividade no estado, e das 100 maiores do Brasil, 40

estão localizadas Minas Gerais. Entre as principais empresas exploradoras de bens minerais,

estão: Vale, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), AngloGold Ashanti, Samarco,

Usiminas, Votorantim, ArcelorMittal, Mineração Curimbaba, V & M Mineração e Cia.

Brasileira de Alumínio (CBA), Kinross, Jaguar Mining, CBMM, Alcoa e MMX.

Segundo o Inventário de Resíduos Sólidos da Mineração, divulgado pela Fundação Estadual

do Meio Ambiente, FEAM (2014), dos resíduos perigosos e não perigosos gerados no estado,

30,52% das 253.307,556 toneladas de resíduos declaradas no inventário foram classificados

pelas empresas como Resíduos classe I – Perigosos, correspondendo a 77.298,817 toneladas e

69,48% como Resíduos Classe II – Não Perigosos, correspondendo a 176.008,739 toneladas.

No Inventário de Resíduos Sólidos da Mineração FEAM (2014), a Figura 1, mostra as

principais formas de destinação dos resíduos, sendo elas, a Reciclagem (33,09%), ETE –

Estação de Tratamento de Esgotos (16,99), e Rerrefino de óleo (8,17%), totalizando essas

como as alternativas adotadas para 58,26% das destinações apontadas. As demais seriam Bota

Fora (6,59%), Sucateiros Intermediários 36 (6,47%), Aterro Industrial (6,43%), Utilização em

caldeira (3,88%), Incineração (2,29%) e Coprocessamento (1,60%).

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Figura 1: Principais Destinações de Resíduos

Fonte: Inventário de Resíduos Sólidos da Mineração Ano Base 2014 – FEAM

Ainda segundo Inventário de Resíduos Sólidos da Mineração FEAM (2014), os dados

registrados permitem verificar que os principais resíduos destinados à Reciclagem são pneus,

papel, papelão, equipamentos eletrônicos, pilhas, baterias e sucatas ferrosas; para ETE os

resíduos sanitários, lodo de estação de tratamento; para o Rerrefino de óleo é enviado o óleo

usado; os principais resíduos encaminhados para os Bota fora são os resíduos de construção

civil, amostra de minério, resíduo de varrição de fábrica; para os Sucateiros intermediários,

sucata de metais ferrosos e não ferrosos resíduos de madeira, papel, papelão e plástico.

Para o Aterro Industrial seguem os EPI´s – Equipamentos de Proteção Individual, restos de

restaurante, resíduos de laboratório, embalagens contaminadas, resíduos de ETE, resíduos

plásticos, papel, papelão e borracha, resíduos da construção civil; os resíduos que são

encaminhados para Utilização em caldeira são os resíduos de madeira e uma categoria

intitulada como “outros”; para a Incineração seguem os resíduos de saúde, embalagens

contaminadas, EPI´s, pilhas, baterias, resíduos de borracha e também uma porcentagem de

“outros”; e para o Coprocessamento são enviados os resíduos de borracha, embalagens

contaminadas, EPI´s, lâmpadas, e a porcentagem restante de “outros”.

2.5 LOGISTICA REVERSA

Logística Reversa é definida no Art. 3º, inciso XII do PNRS – Plano Nacional de Resíduos

Sólidos, como uma ferramenta de desenvolvimento econômico e social caracterizada por um

conjunto de ações, procedimentos e meios a fim de viabilizar a coleta e a devolução dos

resíduos sólidos ao setor empresarial, para reutilização, em seu ciclo ou em outros ciclos

produtivos, ou outra destinação final ambientalmente apropriada. Assim, a PNRS também

estabelece o compartilhamento da responsabilidade dos resíduos entre geradores, poder

público, fabricantes e importadores.

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Para a implatação da Logística Reversa é necessário o acordo setorial, que representa no ato

de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores,

distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade

compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Sem o acordo prévio e o conhecimento da

realidade local, regional ou nacional, o planejamento de metas e ações poderá ser inadequado

e, assim, os benefícios da gestão de resíduos sólidos não serão eficientes e eficazes e os

prejuízos ambientais e socioeconômicos continuarão a representar um ônus à sociedade e ao

ambiente.

Os primeiros estudos sobre logística reversa são encontrados nas décadas de 1970 e 1980,

tendo como foco principal o retorno de bens a serem processados em reciclagem de materiais,

denominados e analisados como canais de distribuição reversos. A partir da década de 1990,

pelas razões anteriores expostas, o tema tornou-se mais visível no senário empresarial.

(LEITE, 2009).

2.5.1 Fluxo da Logística Reversa

Leite (2000), entende que a Logística Reversa tornou-se uma nova área da Logística

Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas proporcionais,

do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo

produtivo, entre os Canais de Distribuição Reversos, aumentando-lhes valor de diversas

naturezas: econômica, ecológica, legal, competitiva e de imagem corporativa, entre outros

conforme demonstrado na figura 2.

Leite (2009) denomina logística de pós-venda, a área de atuação especifica que se ocupa do

equacionamento e da operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas

correspondentes de bens de pós venda usados ou com um pouco de uso, os quais, por

diferentes motivos, retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que se

constituem de uma parte dos canais reversos pelos quais esses produtos fluem. Seu objetivo

estratégico é de agregar valor a um produto logístico que é devolvido por razões comerciais,

erros no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou falhas de

funcionamento, avariadas no transporte dentre outros motivos.

Segundo Guarnieri (2005), a logística reversa de pós-consumo caracteriza-se por planejar,

controlar e dispor dos bens de pós-consumo, que são aqueles bens que estão no fim de sua

vida útil, devido ao uso. Tal vida poderá ser prolongada se outros indivíduos virem neste

mesmo bem, outras utilidades o mantendo em uso por um determinado tempo, posteriormente

esse bem é destinado à coleta de lixo urbano, para possível reciclagem ou simplesmente

depositados em aterros sanitários, gerando sérios impactos ao meio ambiente.

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Figura 2: Logística reversa – Etapas

Fonte: Leite (2002)

2.5.2 Custos da Logística Reversa

Para Wille (2013), o sistema de custeio que deverá ser abordado, considerando a logística

reversa, é o Custeio do Ciclo de Vida Total. Essa modalidade de custeio abrange o custo total

que a empresa tem do início ao fim do ciclo de vida do produto. Considerando o custo total

do ciclo de vida, e ao identificar os custos diretos e indiretos, as empresas poderão projetar e

tomar decisões assertivas que resultarão em redução de custos de longo prazo. Reduzir os

custos pode minimizar o desperdício, além dos impactos ao meio ambiente.

Leite (2009) aponta pelo menos três tipos de custos que incidem sobre a logística reversa:

Custos Logísticos contabilizados: Custos ditos operacionais somam-se os custos peculiares à

logística reversa em decorrência das operações de seleção de destino dos produtos retornados

e de redistribuição dos produtos ou materiais reaproveitados.

Custos Logísticos de gestão na logística reversa: Na logística reversa utilizam-se diversos

indicadores de custos que variam entre empresas, como custos controláveis, de oportunidade,

irrecuperáveis, metas, melhorias etc., que podem ser utilizados da mesma forma nas

operações de logística reversa.

Custos intangíveis ou pouco visíveis: pode-se entender como custo intangível aqueles

relativos aos riscos envolvendo imagem da marca, imagem corporativa e reputação da

empresa junto à comunidade.

2.5.3 Incentivos à Logística Reversa

Wille (2013) ressalta que as empresas necessitam avaliar o uso da logística reversa como

oportunidade de agregar valor tanto pela postura da empresa a respeito dos aspectos

ambientais e sustentavéis quanto ao agregar serviços. No mais, a gestão do ciclo de vida do

produto e os custos envolvidos ao longo do ciclo, possibilitam redução de custos o que pode

propiciar vantagem competitiva para a empresa.

Leite (2009), também destaca que legislações ambientais, visando à redução dos impactos ao

meio ambiente, desobrigam gradativamente os governos e responsabilizam as empresas, ou as

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cadeias industriais, pelo equacionamento dos fluxos reversos dos produtos de pós-consumo. A

isso, acrescenta-se o fato de que a falta do equacionamento pode acarretar em um risco para a

imagem da empresa, bem como sua reputação de empresa cidadã diante da comunidade.

Leite (2009), ainda complementa que ações convenientemente dirigidas à preservação

ambiental, dentro de uma visão contributiva de marketing social e ambiental, certamente

serão recompensadas com salutares retornos de uma imagem diferenciada como vantagem

competitiva.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Quanto aos meios, trata-se de um estudo de caso. Para Yin (2001), o estudo de caso representa

uma investigação empírica e compreende um método abrangente, com a lógica do

planejamento, da coleta e da análise de dados. Pode incluir tanto estudos de caso único quanto

de múltiplos, assim como abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa.

Quanto aos fins, trata-se de um estudo exploratório e qualitativo visando fornecer bases para

instrumentos de coleta de dados. Gil (2002), ainda cita que o estudo exploratório visa

proporcionar maior familiaridade com o problema. Pode envolver levantamento bibliográfico,

entrevistas com pessoas experientes no problema em questão.

Bandeira (2004) sugere que no projeto, o pesquisador deverá descrever detalhadamente o

método que usará para coletar seus dados. Basicamente ele pode adotar como método de

coleta de dados a utilização de documentos, a observação de comportamentos ou então a

informação dada pelo próprio sujeito, seja oralmente (entrevistas) ou de forma escrita

(questionários auto administrados).

Nesse estudo de caso, serão utilizadas informações cedidas pela unidade-caso. Nesse processo

serão utilizadas as informações coletadas em inventários de resíduos anuais. Também serão

utilizadas pesquisas históricas e estatísticas, fornecidas por órgãos governamentais, para

obtenção de dados, que serão tabulados e tratados através de planilhas do excel, gráficos e

tabelas comparativas.

3.1 UNIDADE – CASO

A CSN Mineração Nacional está localizada na Casa de Pedra, a sete quilômetros do centro

urbano de Congonhas (Minas Gerais). A mina da Casa de Pedra é responsável pelo

suprimento integral de minério de ferro da Usina Presidente Vargas/CSN, em Volta Redonda

(Rio de Janeiro), e ainda comercializa seus produtos nos mercados interno e externo.

No setor de mineração, a CSN – Companhia Siderurgica Nacional, já é a segunda maior

exportadora de minério de ferro do Brasil e a sexta maior do mundo. Em 2013, atingiu a

capacidade portuária de 45 milhões de toneladas na exportação de minério de ferro, além de

manter os 6 milhões de toneladas na transferência de minério para a Usina Presidente Vargas

em Volta Redonda.

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A Mineração Casa de Pedra situa-se na região Sudeste do Brasil do Estado de Minas Gerais

localizado em Congonhas a 80 km ao Sul de Belo Horizonte no Quadrilátero Ferrífero. Como

mostra a Figura 3.

Figura 3: Quadrilátero Ferrífero

Fonte: Portal CSN (2015)

Seu processo de extração e beneficiamento de minério de ferro é composto por Britagem,

Pátio de homogeneização de minério, Classificação/Concentração, Filtragem e Pátio de

Estocagem e Embarque, de onde advém todos os resíduos industriais1.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A CSN Mineração, conta com um sistema de gerenciamento de resíduos que segrega,

acondiciona, e destina os resíduos gerados em seus processos produtivos. O armazenamento

dos resíduos são feitos em pátios, galpões com conteções e tendas, respeitando suas

classificações segundo a NBR 10.004/04. Os resíduos em sua maioria chegam à Central de

Gerenciamento já segregados. A separação manual só é utilizada quando a área geradora não

cumpre com as regras do sistema interno de gerenciamento de resíduos da CSN Mineração

Nacional.

Dentre os resíduos gerados, podemos destacar: borracha, vidro, papel, papelão, plástico,

sucata mista, sucata ferrosa, sucata de poliuretano, sucata de equipamentos eletrônicos, pilhas

e baterias, madeira, entulhos de construção civil, óleo lubrificante usado, pneus, lixo

hospitalar, resíduos orgânicos.

Contudo, para a análise de dados, utilizou-se os resíduos mais gerados em seus processos

produtivos, que são os resíduos de borracha, utilizada principalmente em correias

transportadoras, resíduos de madeira, utilizada no transporte de mercadorias (palletes) e

1 Disponível em:

http://www.csn.com.br/irj/go/km/docs/wpccontent/Sites/CSN/Web%20Pages/Minera%C3%A7%C3%A3o/Popu

ps/menu_mina_cp.htm

DMIN- MINERAÇÃO CASA DE PEDRA DMIN- MINERAÇÃO CASA DE PEDRADMIN- MINERAÇÃO CASA DE PEDRACSN CSN

DISTÂNCIAS

( Km )

B . HORIZONTE - 80

ARCOS - 340

V. REDONDA - 350

RIO DE JANEIRO - 354

SÃO PAULO - 506

VITÓRIA - 576

MinasGerais

SP RJ

ES

Porto de

Tubarão

Quadrilátero

Ferrífero

Mineração

Casa de Pedra

CSN

Volta Redonda

CSN - Arcos

CSN

Rio de Janeiro

Brasil

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construção civil, e a sucata ferrosa oriunda de fim de vida útil dos equipamentos e

manutenções diárias. Os mesmos são segregados e dispostos em postos de coletas pré-

determinados nas áreas geradoras. Os resíduos são armazenados e transportados em caçambas

identificadas com as cores preta, para rmadeira e borracha, e amarela para sucata ferrosa.

A geração anual dos resíduos, como pode ser verificada nos gráficos abaixo, são sazonais. Tal

sazonalidade pode ser explicada pelo início da expansão da planta de processo em 2012,

aumentando significativamente a quantidade de madeira oriunda de construção civil em 2013.

Contudo a geração e venda de sucata ferrosa também foi influenciada pelo inicio das obras de

expanção. Já a geração de resíduos de borracha manteve-se nos parâmetros nomais de

geração, como consequência das manunteções e principalmente troca de correias da cablebelt

e transportadores de correias, conforme mostrado na figura 4.

Figura 4: Inventário de Resíduos 2013

Fonte: Autora, com dados fornecidos pela CSN Mineração

Em 2014, a geração de madeira caiu drasticamente com a suspensão das obras de expanção,

devido falta de investimentos. A geração de sucata ferrosa e borracha mantiveram os

parametros nomais de geração. A venda de borracha e madeira superaram a geração, devido

estoque acumulado de anos anteriores, como pode ser observado na figura 5.

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Figura 5: Inventário de Resíduos 2014 Fonte: Autora, com dados fornecidos pela CSN Mineração

O aumento da geração e venda de sucata ferrosa em 2015 foi influenciado pela troca de

equipamentos de beneficiamento e desmobilização de equipamentos de mina. Como pode ser

observado na figura 6, a venda de madeira superou a geração no ano, devido estoques

acumulados de anos anteriores. A venda de borracha foi inferior a quantidade gerada, criando

assim estoque de borracha para o ano seguinte.

Figura 6: Inventário de Resíduos 2015 Fonte: Autora, com dados fornecidos pela CSN Mineração Ainda analisando os gráficos acima, pode-se constatar o grande volume de resíduos

destinados a venda. A CSN - Usina Presidente Vargas, pertencente ao mesmo grupo, situada

em Volta Redonda, Rio de Janeiro, consome grande parte da sucata ferrosa na fabricação de

aço. Já a madeira e borracha, são vendidas através de leilões, à empresas que reutilizam os

resíduos como matéria-prima.

Nas figuras 7, 8 e 9, seguem alguns exemplos da aplicabilidade dos resíduos como matéria-

prima na fabricação de novos bens. Para Leite (2003), o sistema de reciclagem agrega valor

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econômico, ecológico e logístico aos bens de pós-consumo, reintegrando o material ao ciclo

produtivo e substituindo as matérias-primas novas.

Figura 7: Utilização de Resíduos de Borracha como Matéria-prima

Fonte: Autora, com fotos fornecidas pela CSN Mineração Nacional, www.goocecosandal.com.br e

http://canteirodiobras.blogspot.com.br

Figura 8: Utilização de Resíduos de Madeira como Matéria-prima

Fonte: Autora, com fotos fornecidas pela CSN Mineração Nacional, www.ecodesenvolvimento.org e

www.farmrio.com.br

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Figura 9: Utilização de Resíduos de Sucata Ferrosa como Matéria-prima

Fonte: Autora, com fotos fornecidas pela CSN Mineração Nacional e www.pensamentoverde.com.br/reciclagem

Tendo como referência os principais resíduos gerados pela CSN Mineração Nacional no ano

de 2015, pode-se também verificar os ganhos ambientais e finaceiros com a destinação

correta. A tabela 1 demonstra o preço médio praticado nas vendas, no mesmo ano por

empresas do setor e o tempo médio de decomposição dos principais dos resíduos na natureza,

o que evidencia a importância da correta destinação, seja para reutilização, em seu ciclo ou

em outros ciclos produtivos, venda, ou simples descarte.

Para o PNRS – Plano Nacional de Resíduos Sólidos, as empresas do setor privado, são

responsáveis pelo gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, bem como sua

reincorporação na cadeia produtiva e pelas inovações nos produtos que tragam benefícios

socioambientais, sempre que possível.

A tabela 1, ainda demosntra que os ganhos com a logística reversa são atrativos, contudo a

empresa também deve gerir bem os materiais estocados nos pátios, conforme já apresentado

nas figuras 4, 5 e 6, alguns resíduos permanecem por mais de um ano armazenados. Esse

armazenamento gera custos para a empresa o que reduz em médio prazo seu lucro, e

compromente o correto layout dos galpões e pátios. Tais custos, segundo Leite (2009), são

decorrentes de Custos Logísticos Contabilizados.

O fator mais predominante na destinação dos resíduos da CSN Mineração é a absorção de

grande parte da sucata ferrosa pela Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, pertencente

ao mesmo grupo. Essa logística possibilita a redução de custos com o transporte e a

destinação adequanda da sucata ferrosa, gerando vantagem competitiva para a empresa.

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Tabela 1: Média do Preço dos Resíduos - 2015

Fonte: Autora, com dados de: http://portal.ctc.ufsc.br/decomposicao_materiais e www.mfrural.com.br

4.1 PROPOSTAS DE MELHORIAS

Nos últimos três anos a empresa vem aperfeiçoando seus métodos de gerenciamento de

resíduos, a fim de tornar os processos mais eficazes e vantajosos financeiramente. Com isso

surgem ideias que agregariam valor ao sistema já implantado na empresa, como o conceito de

Produção Limpa, que segundo Kind (2005), visa diminuir os desperdícios e maximizar a

eficiência no processo industrial, diminuindo a necessidade de investimentos para soluções de

problemas ambientais. Contudo, para implantar tal conceito a empresa necessitará do apoio

dos gestores das áreas geradoras, que deverão se comprometer a transmitir ao empregado à

importância da redução dos resíduos e os ganhos que essas ações podem trazer em médio

prazo para a empresa.

Outra sugestão proposta para otimizar o sistema, seria a implantação do Ecotime. Segundo o

CNTL - Centro Nacional de Tecnologias Limpas, o Ecotime é uma equipe de trabalho ou

força tarefa, que deve receber capacitação e treinamento, a fim de disseminar os fundamentos

da Produção Mais Limpa aos demais empregados. Pelo porte e complexidade das plantas

produtivas da empresa estudada, essa equipe deverá ser composta por um grupo que abranja

todos os seus setores.

No entanto, o setor de compras merece atenção especial, visto que o mesmo é o principal

responsável pela aquisição dos insumos que serão aplicados na empresa. Essa área deve estar

bem alinhada com o sistema de gerenciamento de resíduos, a fim de analisar os produtos, e

seu pós-consumo. Priorizar a aquisição de produtos químicos que apresentarem características

de ausência ou menor toxidade, ausência ou menor geração de resíduos, e facilidade de

descarte ou reaproveitamento de embalagens.

Ao implantar tais sujestões, a empresa conquistaria o respeito da comunidade e mais

investidores, pois mostraria sua preocupação não só com a destinação adequada ou redução

dos resíduos oriundos dos processos produtivos, mas, também, com os insumos menos

agressivos ao meio ambiente que serão adquiridos no futuro. Contudo, para a implantação das

propostas, necessitará do apoio da diretoria, que deverá analisar os gastos com a implantação,

mesmo que em grande parte, trata-se de melhoria em práticas operacionais e simples

mudanças em processos.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A geração e controle de resíduos industriais gerados no beneficiamento do minério são de

grande interesse de empresários, investidores, órgãos ambientais e da sociedade em geral, pois

seus impactos afetam o equilíbrio e a segurança do meio ambiente, bem como a imagem da

empresa. O tema abordado tem grande destaque no Estado de Minas Gerais, em razão de ser o

estado minerador de maior importância no país.

O trabalho desenvolvido alcançou seu principal objetivo que é mostrar como uma mineradora

segrega, acondiciona e destina os resíduos de seu processo produtivo. Durante o

desenvolvimento do trabalho verificou-se que a empresa preza pelo cumprimento da NBR

10.004/04 e legislações vigentes, buscando redução, armazenagem e a destinação correta de

seus resíduos, seja para reciclagem, venda, ou simples descarte. Nota-se também que o

sistema de gerenciamento interno de resíduos praticado, tem dado retornos significativos, para

a imagem da empresa junto aos seus stakeholders2, como também retornos financeiros, o que

fortalece ainda mais o programa de gerenciamento implantado.

Para um gerenciamento eficiente, torna-se necessário o uso da logística reversa como uma

ferramenta na busca de vantagem competitiva e controle operacional das empresas, além do

atendendimento a requisitos legais. Leite (2009), ainda reforça que a gestão eficaz dos

resíduos agrega não só valor econômico, marketing social e ambiental, mas contribui

significativamente para a sustentabilidade da organização, o que reflete no produto final.

Contudo, é necessário que as empresas entendam que estratégias e métodos de gerenciamento,

devem ser aprimorados sempre. Com isso, sugere-se para próximos estudos, a análise de

novas formas para destinações ou reaproveitamento dos resíduos industriais nos processos

internos de mineradoras.

2 Stakeholders são todos os grupos de pessoas impactadas pelas ações da sua empresa, desde os acionistas,

funcionários, fornecedores, clientes até o governo e demais envolvidos.

Disponivel em: https://endeavor.org.br/stakeholders/

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