Trabalho Teórico Old London

26
universidade do porto faculdade de belas artes licenciatura em design de comunicação por: Raquel Boavista Carvalho trabalho realizado na disciplina de Introdução ao Design do 1º ano orientado por: Inês Bollen porto 2009 Tipografia Música & Tipografia Música &

description

Trabalho relacionado com o tipo de letra gótico Old London, que é associada, muitas vezes, ao estilo musical hardcore. Análise da mesma.

Transcript of Trabalho Teórico Old London

Page 1: Trabalho Teórico Old London

univ

ersi

dade

do

port

ofa

culd

ade

de b

elas

art

eslic

enci

atur

a em

des

ign

de c

omun

icaç

ão

por:

Raq

uel B

oavi

sta

Carv

alho trabalho realizado

na disciplinadeIntrodução ao Design do 1º ano

orientado por: Inês Bollen

porto 2009

Tipog

rafia M

úsica

&T

ipog

rafia M

úsica

&

Page 2: Trabalho Teórico Old London

The

Beginning

The

Beginning

Page 3: Trabalho Teórico Old London

índiceThe

Beginning

The

Beginning

apresentaçãopesquisa inicial

o que é o hardocore?biografias musicais (das bandas)

por que escolhi a old london?análise tipográfica da old london

conclusion

Page 4: Trabalho Teórico Old London

apresentaçãoUm outro exemplo da utilização desta ti-pografia, ou melhor, deste género de tipogra-fia medieval, é o título do jornal novaiorquino New York Times. A princípio pensei que fosse idêntica mas existem certas divergências, ou melhoramentos que podem muito bem ter sido feitos pela pessoa/ tipógrafo que a criou.De qualquer forma, a minha intenção/ objec-tivo com este projecto é dar a conhecer no-vas fontes (para quem não conhecer) com novos ares, novas intenções, ideias e, princi-palmente, marcadas por uma boa dose de ir-reverência. Pretendo, aqui, conseguir mostrar que se pode analisar uma tipografia de uma forma mais descontraída, informal e agradáv-el, não pondo de parte o rigor e o método que isso exige. Quero poder terminar este estudo e afirmar que já não sou portadora de ini-bições perante o “monstro” que é a tipografia.

O tema deste trabalho teórico sobre ti-

pografia foi baseado numa pesquisa relacionada com bandas de hardcore (es-

tilo musical) que são muitas vezes caracteriza-das pela sua escolha e utilização de um certo tipo de

fontes. Não variam muito, pois, como pessoas “dentro da cena” do hardcore dizem, “não se pode quebrar as re-

gras”. Tal como o género de música, a respectiva tipografia também representa uma certa agressividade e, por assim dizer, antiguidade, baseando-se em tipos de letra medi-evais, tal como a Old London, góticos tal como a Procla-mate, western, nomeadamente a Fisticuffs e de aspecto

desportivo, ou melhor dizendo, relacionados com o basquete ou o basebol, tendo como base a Varsity.

Toda esta selecção faz parte da origem do estilo em si, americano, como me-

lhor irei explicar na página seguinte.

Page 5: Trabalho Teórico Old London

VARSITY

Proclamate

Fisticuffs

Old London

pesquisa inicial

Page 6: Trabalho Teórico Old London

fonte seleccionada

Old LondonOld London

Page 7: Trabalho Teórico Old London

o que é o hardcore ?

Hardcore, no contexto punk, refere-se à cena musical surgida

internacionalmente através da “segunda onda” do punk, no início da década de 1980, e mais co-

mummente a um estilo de punk rock caracterizado inicialmente por tempos extremamente acelera-

dos, canções curtas, letras baseadas no protesto político e social, revolta e frustrações individuais,

cantadas de forma agressiva.

A palavra já era usada para designar militantes agressivos, criminosos ou qualquer

versão mais extrema ou exagerada de algo e foi adoptada por punks como sinónimo de

originalidade e radicalismo, tanto em oposição à sonoridade mais lenta e fiel ao Rock

and Roll tradicional dos medalhões do punk rock como Sex Pistols, quanto à versão

comercial e açucarada do género, conhecida como New Wave, que começava a triunfar

nas rádios.

Algumas das bandas pioneiras desta cena hardcore inicial da Califórnia, entre 1978 e

1980 foram os Germs, GG Allin, Black Flag, Middle Class, The Adolescents, Suicidal Ten-

dencies, Vicious Circle no sul do Estado e, em São Francisco, os Dead Kennedys. Parale-

lamente, os Bad Brains e os Teen Idles desenvolviam um estilo semelhante do outro lado

do país, em Washington D.C.

Dizer qual foi o primeiro disco do género é um ponto polémico, mas dois discos que

combinam pioneirismo com uma postura hardcore definida, foram os EP’s (si

ngles) “Out

of Vogue” da banda Middle Class (na altura o disco de rock mais veloz de todos os tem-

pos) e “Nervous Breakdown”, do Black Flag (menos rápido, mas igualmente agressivo),

lançados em 1978.

Em comparação com a primeira geração do Punk e com os seus contemporâneos Europeus, o Hard-core americano dos anos 80 não deu tanta importância ao visual. Assim como a música “aparava as arestas” do punk rock, tornando-o mais directo e económico, os adeptos do Hardcore abandonaram em grande parte os badulaques (bugigangas ou adereços) e cortes de cabelo exóticos, substituindo--os por cabeças rapadas ou cortes militares e roupas baratas e mais “comuns”, algumas vezes in-fluenciadas pelo skate. Aliás, os primeiros skaters estavam muito ligados à onda punk hardcore. Os “skate punks” usavam um look que era um misto de surfista californiano (cabelos pelos ombros e sempre a mesma roupa durante meses) e da onda punk hardcore (calças de ganga justas, t-shirts curtas, tatuagens nos braços e tronco). No filme Lords Of Dog Town a relação entre os primeiros skaters e a onda punk hardcore está bem presente, onde, no início, Jay Adams estava dentro da onda skate/surf e mais para a frente torna-se um skinhead.

Entre 1980 e 1981 muitos participantes da cena hardcore aproximaram-se ideologicamente da primeira geração anarcopunk que se desenvolvia na Inglaterra. Ambas cenas demonstravam uma postura punk nitidamente construtiva (apesar das referências pessimistas e agressivas). Inicialmente a atitude mental positiva, em contraposição à típica imagem do punk como um junkie vadio, foi defendida por membros dos Bad Brains, mas ganhou força com a postura anti auto-destrutiva da banda Minor Threat, que não usava nenhum tipo de drogas e foi transformada pouco tempo depois no movimento straight-edge. Na Inglaterra a primeira geração anarcopunk defendia, entre outras coisas, a não-violência e o veganismo/ libertação animal.

Outras importantes características compartilhadas são a formação de gravadoras completamente independentes e produção de folhetos e fanzines de cunho político. Jello Biafra, vocalista da banda hardcore Dead Kennedys, cria a gravadora independente Alternative Tentacles e torna-se, junta-mente com a SST (do Black Flag) um dos marcos para a produção e divulgação hardcore.

Neste mesmo ano saiu também o EP “Lexicon Devil”, dos Germs, que, acelerando o andamento em relação ao primeiro single da banda, serviu como ponte entre a primeira geração do punk de Los Angeles e o Hardcore propriamente dito. O álbum da banda, “GI”, sairia no ano seguinte e iria conter ainda mais traços do que passaria a chamar-se de Hardcore.

Enquanto isso, em Vancouver, no Canadá, bandas como D.O.A. e Subhumans desenvolviam algo se-melhante, tanto a nível musical como ideológico. D.O.A. foi um dos responsáveis pela propagação do termo, tal como no seu disco “Hardcore ‘81”.

Com a fama underground de bandas da cena hardcore de inclinação à extrema velocidade, como Bad Brains, Circle Jerks, Dead Kennedys e Minor Threat, a palavra tornou-se definitivamente um sinónimo para um novo estilo de punk rock. Este estilo, consolidado nos primeiros anos da década de 1980 é caracterizado por músicas que geralmente não chegam a 1 minuto de duração, com ritmos 2 por 2, velocidade extremamente acelerada, vozes gritadas, negação da estrutura verso-coro-verso, e guitarras exageradamente distorcidas.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hardcore_punk

(embora seja conhecida como uma fonte pouco fidedigna,

achei que estava apresentável e coerente com o tema)

continua...

América do Norte

No final dos anos 70 (pode-se usar 1978 como ano-zero), uma série de bandas, em particular nas

cidades costeiras do sul da Califórnia, nos Estados Unidos, em geral adolescentes suburbanos,

formaram uma cena punk mais extrema (tanto no aspecto musical como comportamental) com-

parada às variações de sucesso de outras regiões do país e do resto do mundo. Hardcore significa

literalmente “núcleo duro”, mas o significado mais adequado em português seria “casca-grossa”.

Page 8: Trabalho Teórico Old London

Europa

Apesar do uso do termo Hardcore ter sido, de facto, popularizado

nos Estados Unidos, a Inglaterra também desenvolveu a sua versão

mais ou menos na mesma época. Aqui, já no final dos anos 70,

nomes como os U.K. Subs já aceleravam o andamento do Punk e

bandas como o Crass radicalizavam a política

do movimento, pre-

nunciando o que estava por vir e diferenciando-se das primeiras

bandas, como Sex Pistols e The Clash.

Mas o verdadeiro marco-zero do Hardcore britânico foi o lança-

mento do EP “Realities of War”, de Discharge. Com 4 músicas em

5 minutos e letras curtas e grossas (espécies de hai kais punks)

sobre guerra e destruição, tornou-se o mais brutal pedaço de vinil

já produzido pela cena musical inglesa. A imprensa não entendeu

e apesar (ou por causa) das críticas negativas, o lançamento influ-

enciou rapidamente outras bandas a adoptarem música e discurso

semelhantes, inicialmente o Disorder (cu

jo primeiro EP “Complete

Disorder” saiu no ano seguinte) e pouco depois Chaos UK, Varukers,

Chaotic Dischord, e muitas outras.

Algumas bandas, como Exploited e GBH costumam ser lig

adas ao

Hardcore britânico, mas o som um pouco mais “ortodoxo”, menos

político e mais “fi

el” ao punk dos anos 70, tornam a sua classifica-

ção dentro do género um pouco problemática.

Ao contrário do que ocorreu nos EUA, o Hardcore inglês radicalizou

tanto na música e na política como no visual. O couro (ou qualquer

outro material) preto, arrebites (adereços) e espetos tomaram

conta da indumentária e os cortes de cabelo passaram a ser ainda

mais arrepiados e muitas vezes mais longos, em forma de múltiplos

cones.

Este estilo espalhou-se rapidamente pela Europa e por volta de

1982, o Hardcore tomou conta do velho continente. Bandas como

Anti-Cimex, Shitlickers (Suécia), Riistetyt, Kaaos, Rattus (Banda)

(Finlândia), Upright Citizens (Alemanha), Eu’s Arse, e Wretched

(Itália), usavam a base iniciada pelos Discharge e levavam-na

ainda mais longe, produzindo uma música ainda mais extrema.

Brasil

Ao contrário da Europa e dos EUA, o Brasil não vivenciou uma explosão punk/new wave nos anos 70.

Isso só ocorreu no início da década seguinte, já sob a influência do Hardcore. Inclusive, os Restos

de Nada, a primeira banda punk do país, formada na Zona Norte de São Paulo no final de 1977, já

apresentava no final dos anos 70 uma sonoridade mais áspera e veloz do que a do típico “punk 77”,

como demonstram algumas dos raros registros da época.

Portanto, pode-se dizer que o Hardcore, de uma forma ou de outra foi, quase desde o princípio, a

tendência dominante no punk brasileiro. O primeiro lançamento punk do país, a colectânea “Grito

Suburbano”, lançada no início de 1982 traz as bandas Olho Seco, Inocentes e Cólera apresentando

cada uma 4 músicas rápidas e agressivas que não devem nada aos equivalentes no hemisfério norte.

No entanto, o termo “hardcore” ainda era pouco usado e diz a lenda que a primeira banda a adoptar

o rótulo foi Ratos de Porão, a partir de 1983.

De acordo com testemunhas da época, tudo começou por aqui em 1981, quando a loja Punk Rock Dis-

cos do vocalista do Olho Seco, Fábio Sampaio, começou a receber discos como “Why?” do Discharge e

“Group Sex” dos Circle Jerks. De início, alguns punks mais co

nservadores torceram o nariz, mas este

novo som cabia como uma luva na realidade urbana de São Paulo e em poucos meses tomou a cena

de assalto. Após estes primeiros contatos, começou a chegar mais material, como os lançamentos da

Dischord (Minor Threat, Teen Idles, etc...) e bandas suecas e finlandesas. Pode-se dizer que por volta

de 1985 a influência do hardcore americano, bastante presente no início da década, havia prati-

camente sumido (com exceção de bandas como o Grinders) e a sonoridade Britânico-Escandinava

dominara a cena.

Por volta de 1983 começou em São Paulo uma divisão entre a facção mais decidida e assumidamente

Hardcore e os adeptos do punk rock dos anos 70, que continuavam se definindo apenas como punks.

Algumas bandas que aderiram ao setor “hardcore” na altura foram Ratos de Porão, Olho Seco, In-

ocentes (brevemente, pois a banda logo acabaria, para voltar pouco depois com formação e som

totalmente diferentes), Psykoze e pouco depois, alguns novos nomes como Ruidos Absurdos, SP CAOS,

Lobotomia e Armagedom, além dos Skate Punks do Grinders, inspirados pelo hardcore californiano.

No Rio de Janeiro surgiam nomes como Desordeiros e Auschwitz e em Brasília B.S.B.H. e A.R.D. Esta

nova turma “hardcore” se diferenciava da geração anterior (além do gosto musical) pelo visual mais

carregado inspirado nas bandas inglesas e escandinavas, menor apego ao ganguismo e violência

e, entre as bandas, pela temática freqüentemente abordando a guerra nuclear e temas mais “geo-

políticos”, p

or assim dizer.

Page 9: Trabalho Teórico Old London

biografiasmusicais(das bandas)

Rise and FallHardcore, Punk, Metal

Evil reigns... From the blackened depths of the soul rises one of hardcore/punk’s best kept secrets, RISE AND FALL. Possessed with an earth shaking heaviness and alarming no frills punk urgency, RISE AND FALL represent the next chapter of true hardcore/punk greatness. Wielding the same gore soaked axe that visionaries Integrity, Cursed, Ringworm, and Trag-edy also clench in their bloodstained hands.

RISE AND FALL previously sharpened their teeth with their debut album, “Hellmouth” (SA Mob/JTTP 2004), and on tours with Converge, 100 Demons and Justice. With those efforts the evil seed was planted, and RISE AND FALL began to evolve into the truly lethal live and recorded beast that we have today.

Their latest effort (and first for Reflections/Deathwish), “Into Oblivion” was recorded at CCR Studios and mixed by Kurt Ballou (Converge) at Godcity Studios. With “Into Oblivion”, RISE AND FALL captures the kind of all encompassing emotional darkness and white knuckle violence that few bands ever artistically achieve. From the unbridled ferocity of “Forked Tongues” to the sonic desolation of “Ruins”, the album is truly jaw dropping. Re-igniting even the most jaded of hardcore/punk hearts with it’s unforgettable musical presence and power.

BarcodeHardcore

O Hardcore começa a misturar-se, cada vez mais, com o Metal, e Barcode é uma prova disso, não por influências metálicas presentes no seu som, pois fazem um Hard-core directo, na direcção de bandas mais Old School (velha guarda; antigas), como Sick of it All, Madball, Agnostic Front ou mais New como Hatebreed e Terror, mas participa em festivais de Metal e trabalha com uma editora 100% Metal.

Page 10: Trabalho Teórico Old London

por que escolhi a old london ?

A escolha desta tipografia centra-se no meu gosto pessoal e na minha ligação, de

alguma forma, a este estilo musical. Para além de ser uma fonte que me agrada

pela sua complexidade e dificuldade de ser analisada, achei por isso mesmo que

me iria dar um certo gozo e tornar este trabalho/ projecto menos cansativo ou

aborrecido (na minha opinião).

O que para muitos é uma alegria, para mim torna-se monótono quando se trata

de analisar algo que para mim e por mim sempre foi tratado, usado e abusado de

forma puramente estética e visual. Pessoalmente uso a tipografia como se fosse

uma imagem e gosto de “brincar” com essa situação criando a partir daí algo

ainda mais visual. Gosto de dar importância à tipografia de forma criativa e des-

contraída, sem regras nem rigidez.

Obviamente, não coloco de parte de forma alguma a importância de um projecto

como este, que nos obriga a ter e a criar atenção para certos detalhes que usual-

mente nos passam despercebidos, pelo menos no meu caso. Criar regras no olhar

não é de todo um mau “skill” ou aptidão.

Old London

Old London

Page 11: Trabalho Teórico Old London

A Old London é uma tipografia inserida no grupo de fontes góticas e agrupada no sub-grupo das medievais (ver sítio online www.dafont.com). Foi criada pelo tipógrafo Dieter Steffmann, alemão, que criou pelo menos 130 fontes (uma vez mais guiando-me pelo endereço aci-ma citado), de variadas famílias. De entre todas, passo a enumerar al-gumas, tais como: Cloister Black (a Old London é um aperfeiçoamento desta), Honey Script, Gabrielle, Deutsche Zierschrift, Brock Script, Mar-keting Script, Challenge Contour, Saddlebag, Romantiques, Nougat, Rolling No One, Blackwood Castle, Gutenberg Textura, etc. Sobre Dieter Steffmann, não sei especificar muito mais, pois a úni-ca informação que encontrei sobre ele está em alemão, no seu sítio online www.steffmann.de. Mesmo com traduções “manhosas” feitas através do Google Translate, a informação que daí se retira, pelo que percebi é apenas sobre o seu primeiro computador, sem mais nada expor a seu respeito quer a nível profissional como pessoal.Pessoalmente, julgo que o seu trabalho é marcado pela suanacionali-dade germânica e pela história da caligrafia que aí se criou/ instalou.

Old London

Old London

Informação extra

Do século XV ao XVIII

Escrita gótica vs. carolíngia

No século XV, os primeiros impressores aproveitaram a escrita gótica como modelo, repro-

duzindo com fidelidade os manuscritos e adoptando, inclusive, os ornamentos feitos pe-

los monges. Os miniaturistas começavam o trabalho em imprensas, a fim de garan-

tir os enfeites das maiúsculas, que eram pintadas à mão ou gravadas em madeira.

Com o advento da imprensa os caracteres dividiam-se em dois grupos: os tipos angulosos, inspirados na

minúscula gótica, e os tipos arredondados/ romanos, que tinham como modelo a minúscula carolíngia.

Ainda no século XV, percebeu-se o quanto a letra gótica, caracterizada pela sua vertiginosa or-

namentação, adequava-se melhor aos manuscritos litúrgicos. Desenvolveu-se, então, uma le-

tra derivada da gótica que condizia com a simplicidade requerida pelo uso diário: a Bastarda k.

Entre 1450 e 1500, o uso da letra gótica foi lentamente abolido do quotidiano, devido ao desenvolvimento científico e comercial, e também porque a rapidez crescente com que as correspondências eram enviadas levou a um natral descuido na elaboração desta escrita estilosa.

As corporações de copistas estavam sobrecarregadas de trabalho e sem preparação para a nova realidade, impulsionada pela demanda de textos reproduzidos rapidamente. A letra gótica, caracterizada por uma escrita livresca artística e caligraficamente executada (Textura, Fraktur - escrita redonda - escrita gótica), evoluiu para um tipo que garantia maior agilidade às transações comerciais, a chamada escrita alemã, cultivada até o século XX.

Definitivamente, escrever à mão sobre pergaminhos era um procedimento muito lento, que em nada condizia com os novos tempos. O papel, vindo da China por intermédio dos árabes, substituiu o pergaminho por ser muito menos dispendioso e assim também contribuiu para instaurar a crise entre os copistas. Todavia, ainda no século XVII, eram impressos livros em pergaminho para leitores exigentes.Posteriormente, as manifestações artísticas do Barroco perceberam na escrita gótica um modo excelente para encher as maiúsculas de arabescos. Nos tipos de imprensa, esta letra vai perdendo espaço, mas entre os calígrafos é praticada com um imenso prazer, pois permite a revelação da virtuosidade desses artistas.

Os tipos angulosos predominaram ao norte dos Alpes, enquanto na Itália foram mais utilizados os caracteres góticos mais arredondados, chamados de escrita gótica redonda, caracterizada pela já mencionada Fraktur. A gótica redonda caracteriza-se pelo aspecto quebrado dos traços, pela inclinação das minúsculas, pela prolongação de certos traços altos, pela acentuação mais ou menos pronunciada dos traços baixos e pela “tromba de elefante” das iniciais.

Já no século XVI, os humanistas optaram por escrever os livros de autores clássicos, que eram novamente descobertos, com caracteres derivados da minúscula carolíngia. Ao contrário dos caracteres góticos, com os seus traços dinâmicos e duros, os caracteres romanos permitiam a construção geométrica e uma análise racional.

A profissão de caligrafista foi devidamente reconhecida até finais do século XVIII. As actas e documentos oficiais continuaram a utilizar a letra gótica até o início do século XIX. No século XX esta escrita foi cada vez menos utilizada, dando espaço à latina, com formas claras, que ocupam menos espaço no papel.Fonte: http://www.carcasse.com/

revista/pesadelar/caligrafia_me-

dieval/index.php

Escrito por: Carla Damasceno

Page 12: Trabalho Teórico Old London

análise tipográfica da

old london

Page 13: Trabalho Teórico Old London

“abecedário” da Old Londoncaixa alta, caixa baixa e números

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Ww Xx Yy Zz

1 2 3 4 5 6 7 8 9 0

Page 14: Trabalho Teórico Old London

análise tipográficatabela de análise organizada em grupos de caracteres com semelhanças construtivas/ formais

(baseada numa prévia pesquisa a este trabalho)

o

c

e

h

n l

u m r i f

j t

p

b q d

g a

s

v

y w

x z

kOld London 50pAtravés desta simples e ao mesmo tempo elaborada tabela, aper-cebemo-nos que esta tipografia tem demasiados pormenores, aca-bando por se tornar demasiado complexa, dificultando a simplifi-cação da respectiva análise (algo que seria muito mais evidente se se tratasse de outra fonte, como por exemplo a Share - utilizada neste momento).

Page 15: Trabalho Teórico Old London

linha de base 0%

linha da caixa alta 100%

c altura de X 74%

95%

gylinha da descendente -20%

Old London 200pTal como podemos observar, esta tipografia é caracterizada pela sua irregularidade e, digamos assim, incoerência. Através das letras escolhidas apercebemo-nos, certamente, que embora irregulares, obedecem a certas regras/ ordenações, tais como: • a altura do corpo da letra em caixa baixa está alinhada pelo ombro da letra “h”, tam-bém em caixa baixa; • o comprimento da cauda, tanto do “y” como do “g” estão alinhadas e coincidem uma com a outra;

anatomia tipográficaAnálise de tipos através das suas semelhanças, relações e ligações

Da mesma forma, visualizamos que existem descrepâncias com o que seria o correcto a nível construtivo da fonte. A haste do “h” deveria ficar acima da linha da caixa alta, denominando-se, assim, de linha ascendente e, como verificamos, isso não acontece na Old London. Igualmente, a sua cauda deveria ou poderia estar coincidente com a mesma do “g” e do “y”, pois atribuiria mais equilíbrio e harmonia à tipografia em geral, o que também não acontece.

T h

Page 16: Trabalho Teórico Old London

Rperna

anatomia tipográficaAnálise dos tipos através das suas características

Nomenclatura

Adiagonal fina

diag

onal

gro

ssa

junção ou conexão

barra

arco maior

arco

m

enor Mha

ste Xcinturabarra T

braço ou barra Ycauda

Kbraço ou haste diagonal

perna

junção dupla Qmiolo

bojo*

* bojo (= forma convexa de certos vasos)

cauda Oeixo 2espinha

barra

arco Jcauda

cintura tcabeçabarra

remate nespora ombro

mio

lo a

bert

o

r i gorelha d qascendente

desc

ende

nte

Page 17: Trabalho Teórico Old London

CEGanatomia tipográfica

Análise comparativa de tipos semelhantesCorpo de caixa alta entre a linha dos 0% e 100%

linha de base 0%

linha da caixa alta 100%

linha de base 0%

linha da caixa alta 100%

OT

UW

QNa minha opinião, estas letras em caixa alta são as que estão mais harmoniosas e bem interligadas entre si. O “objecto” dominante permanece intacto, excepto ligeiras modificações, necessárias para criar mais fluidez.Existem apenas algumas descrepâncias que, a meu ver, são o motivo da sua complexidade, pois por vezes torna-se confuso e complexo encontrar um fio condutor permanente e rigoroso.

Um exemplo claro das pequenas falhas de concordância nestes tipos é o “Q”, onde a sua pequena cauda ultrapassa a linha de base por uns meros milímetros (para ser exacta, 1,5mm) o que é um bocado mínimo que poderia muito bem ser recolhido até coincidir com o nível dos 0%.

Nestes dois tipos, o “W” e o “U”, vemos claramente que o “W” é um “U” duplo, sem margem para dúvidas. Por isso mesmo, decidi evidenciar esta situação, pois não se trata de algo comum ou usual. O certo é que resulta e funciona tanto a nível de rigor e clareza, como também a nível visual e estético.

Page 18: Trabalho Teórico Old London

anatomia tipográficaAnálise comparativa dos tipos

Corpo de caixa alta entre a linha dos -20% e 100%

linha de base 0%

linha de caixa alta 100%

BHlinha da descendente -20%

A questão da cauda nas letras de caixa alta é a de ser totalmente irregular, pois, apenas 5 de 10 (metade) têm as suas caudas alinhadas nos -20%, cor-respondendo à chamada linha da descendente. As restantes vão derivando de caudas com -12%, exemplo do “B” e parcialmente do “H” (uma das suas pernas encontra-se nos -20%); -10% no caso do “M”; -8% no “N”; -4% no “D” e no “Q” (considerei esta letra como dupla, pois tanto serve como termo de comparação nos tipos caixa alta sem caudas, como nos com cauda, aca-bando por parecer mais um erro do que uma cauda propositada.

hast

e ig

ual

hast

e ig

ual

linha da descendente -20%

linha de base 0%

linha de caixa alta 100%

linha D.-8%

linha D.-10%

-12%

DF MNJPY Qlinha D.

-4%linha D.

-4%

Page 19: Trabalho Teórico Old London

mnoanatomia tipográfica

Análise comparativa dos tiposCorpo de caixa baixa entre a linha dos 0% e 74%

a linha de base 0%

100%ce ruxAqui, não encontramos nenhum problema de falta de estruturação ou coerência. Todas têm um corpo de 74% e, como já verificamos anteriormente, letras como o “h”, por exemplo, têm o seu ombro alinhado pela linha dos 74%, ficando assim propor-cional com as restantes letras.

Page 20: Trabalho Teórico Old London

Aqui, existem duas linhas da descendente: uma de 15% e outra de 20%. Toda as letras, excepto, possivelmente o “j”, que tem a sua cauda um pouco mais abaixo dos -15%, nuns prováveis 16%. Letras como o “h” têm a sua descendente apenas nos -15%; mas letras como o “p”, têm a sua descendente em ambos os níveis. Relativamente à linha ascendente, essa ainda tem mais variações, passando pelos 80%, 88%, 90%, 92% e 95%. Aqui está provada a grande irregularidade que acontece, pois deveriam todas estar ao mesmo nível e, ainda para mais, este deveria situar-se acima da linha de caixa alta, rondando o 110%.

linha de base 0%

linha da descendente -15%

100%

127%

linha de base 0%

100%

linha da descendente -20%

linha da descendente -20%

123%

anatomia tipográficaAnálise comparativa dos tipos

Corpo de caixa baixa entre a linha dos -20% e 95%

stvq wyzbdfghijklp

linhas D.-17% e -20%

linha A.110%

linha A.118%

linha A.120%

linha A.120%

linha D.-19%

linha D.-19%

Nota: as percentagens definidas aqui, nos tipos em caixa baixa, são considerados a 100%, pois não estão a ser comparados com outros em caixa alta, onde representam o nível de 74%.

Page 21: Trabalho Teórico Old London

anatomia tipográficaAnálise de um tipo em caixa alta, caixa baixa e um número

ASeria de esperar que analizasse este tipo de uma forma mais es-quemática e visual mas, devido à sua complexidade, uma aná-lise baseada em rectas e cír-culos, iria acabar por se tornar demasiado complexa, confusa e dificil de visualizar/ perceber.Por isso mesmo, decidi fazer uma análise mais descritiva, pormenorizando os detalhes e as características do tipo em questão - “A” -, passando a enumerar: • o arco maior não coincide com a linha de caixa alta;

d 2 • tanto o arco maior como o menor deveriam ter sido con-struídos a partir de circunferên-cias e não de elipses; • o remate ou final do arco maior deveria coincidir com a linha inferior da barra central; • as diagonais da orelha e dos remates finais que assentam na base deveriam ter a mesma in-clinação que a diagonal fina à esquerda;

Sobre este tipo, tenho a realçar a sua boa estrutu-ração, tal como praticamente to-dos os tipos de caixa baixa. Con-seguimos perceber com facilidade que esta letra deriva do “o”, onde so-mente se acres-centa o detalhe da sua barra/ haste ascendente. Esta, deveria chegar ao

nível dos 127%, tal como o “h”, por exem-plo (esta situação pode ser verificada na página anterior).Por último, apenas sa-liento um provável alinhamento horizontal (algo necessário e in-teressante) com o res-tante corpo da letra.

Sobre o número em análise, apenas chamo a atenção para duas situações: • uma possível ne-cessidade de um a-linhamento horizontal com o fim da espinha e a barra superior; • a orientação do corte da barra supe-rior não tem a mesma inclinação que a di-agonal superior que se encontra na mesma direcção.

linha de base 0%

linha de caixa alta 100%

a diagonal grossa tem uma ligeira e ínfima inclinação que poderia ser substituida por uma recta; o miolo superior deveria for-mar um triângulo perfeito, sem ter aquele pequeno “defeito” na parte superior; • o arco maior deveria estar alinhado horizontalmente com o arabesco final do lado esquerdo; o mesmo acontece com a orelha e o remate final do lado oposto; • os dois vértices que tocam na base deveriam estar perfei-tamente alinhados com o remate final que também roça a base.

Page 22: Trabalho Teórico Old London

conclusion

Page 23: Trabalho Teórico Old London

Com esta conclusão, pretendo apenas demonstrar e exprimir o que me apercebi depois de toda esta análise tipográfica, que, pessoal-mente, me tornou alguém um pouco mais paciente com este tipo de trabalho.

Durante o tempo deste estudo, apercebi-me de que não são apenas bandas de Hardcore que “usam e abusam” da Old London ou de

variantes do seu estilo medieval. Lojas mais antigas, como por exemplo de um antiquário, também

utilizam Old London; tal como algumas marcas de cervejas internacionais; e a maior parte dos cafés em Espanha usam uma fonte

medieval.

Apesar da Old London ser uma tipografia complexa, irregular (à sua maneira) e, por assim dizer, pouco usual, penso que “chamar” para o assunto rigoroso e hierarquizado da análise tipográfica, mostra que tudo tem a sua ordem e a sua ligação, harmonia e orientação. É somente necessário ter coragem e “tomates” para querer e con-seguir, minimamente, unir e formular e criar esse olhar atento, esse debate debaixo da lupa, essa análise monstruosa.

Para além de tudo isto, fui-me apercebendo que a Old London não é o estilo maioritário representado no Hardcore, mas sim outra tipografia, denominada Proclamate (que tam-

bém foi alvo da minha pesquisa inicial). Achei interessante partilhar esta conclusão, porque, como a base de todo este projecto foi um género musical, decidi mostrar o que daí realmente retirei. Por outras palavras, talvez teria sido mais coerente com o tema, ter analisado a Proclamate, mas, por mo-tivos estéticos pessoais, optei pela aqui estudada, provavelmente pela sua elegância e

suavidade e também pela sua dureza/ agressividade.

Page 24: Trabalho Teórico Old London
Page 25: Trabalho Teórico Old London

The EndThe End

Page 26: Trabalho Teórico Old London