Trabalho sobre hidratos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO Centro Universitário Norte do Espírito Santo Rodovia BR 101 Norte, Km. 60 – Bairro Litorâneo, CEP 29.932-540 – Tel.: +55 (27) 3312-1511 Avenida João XXIII, 1.544 – Bairro: Boa Vista, CEP 29.931-220 (Pólo Universitário) – Tel.: +55 (27) 3763-8500 São Mateus – ES Sítio eletrônico: http://www.ceunes.ufes.br ENGENHARIA DE PETRÓLEO HIDRATOS DISCIPLINA: Escoamento Multifásico Professor: Fábio Ressel Mateus Borges Gustavo Gomes Assunção Joelson Kalil Coelho Taylanna Siqueira Spalenza Renato Ribeiro São Mateus 2013

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Centro Universitário Norte do Espírito Santo

Rodovia BR 101 Norte, Km. 60 – Bairro Litorâneo, CEP 29.932-540 – Tel.: +55 (27) 3312-1511 Avenida João XXIII, 1.544 – Bairro: Boa Vista, CEP 29.931-220 (Pólo Universitário) – Tel.: +55 (27) 3763-8500

São Mateus – ES Sítio eletrônico: http://www.ceunes.ufes.br

ENGENHARIA DE PETRÓLEO

HIDRATOS

DISCIPLINA: Escoamento Multifásico

Professor: Fábio Ressel

Mateus Borges

Gustavo Gomes Assunção

Joelson Kalil Coelho

Taylanna Siqueira Spalenza

Renato Ribeiro

São Mateus

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

Centro Universitário Norte do Espírito Santo

Rodovia BR 101 Norte, Km. 60 – Bairro Litorâneo, CEP 29.932-540 – Tel.: +55 (27) 3312-1511 Avenida João XXIII, 1.544 – Bairro: Boa Vista, CEP 29.931-220 (Pólo Universitário) – Tel.: +55 (27) 3763-8500

São Mateus – ES Sítio eletrônico: http://www.ceunes.ufes.br

MATEUS BORGES

GUSTAVO GOMES ASSUNÇÃO

JOELSON KALIL COELHO

TAYLANNA SIQUEIRA SPALENZA

RENATO RIBEIRO

HIDRATOS

Trabalho realizado como

cumprimento parcial da disciplina

Escoamento Multifásico, sob

supervisão do professor Fábio

Ressel.

São Mateus

2013

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 04

2. OBJETIVO.............................................................................................................. 06

3. FORMAÇÃO DE HIDRATOS ........................................................................... 07

4. FORMAÇÃO DE HIDRATOS NO ESCOAMENTO DE ÓLEO ...............09

5. FORMAÇÃO DE HIDRATOS NO ESCOAMENTO DE GÁS .................11

6. FORMAÇÃO DE HIDRATOS DURANTE A PERFURAÇÃO,

COPLETAÇÃO E EM TESTES DE POÇOS ....................................................13

7. PREVENÇÃO DE FORMAÇÃO DE HIDRATOS ...................................... 14

8. INIBIDORES TEMODINÂMICOS ................................................................... 16

9. ISOLAMENTO TÉRMICO ................................................................................. 18

10. AQUECIMENTO ATIVO ..................................................................................20

11. INIBIDORES DE HIDRATO DE BAIXA CONCENTRAÇÃO (LHI) ..... 21

12. REMOÇÃO DE ÁGUA ..................................................................................... 22

13. MÉTODOS PARA REMOÇÃO DE HIDRATOS ....................................... 23

14. ESTUDO DE CASO: Formação e remoção de um plug de hidrato no

campo de Golfinho, Espírito Santo, Brasil ........................................................ 24

14.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 24

14.2. TESTE DE BROCA ....................................................................................... 25

14.3. ESTRATÉGIA DE COMBATE AO HIDRATO ....................................... 25

14.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ......... 26

15. CONCLUSÕES .................................................................................................. 28

16. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 29

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1. INTRODUÇÃO

A formação de hidratos nas linhas de produção de petróleo, e

durante as fases de perfuração, completação e testes é tema de

inúmeras pesquisas. Por representar um sério problema, estratégias de

inibição aliadas a técnicas de inibição são utilizadas para combatê-lo. As

condições de sua formação variam muito e dependem de diversos

fatores, como temperatura, pressão, tipos de gases envolvidos,

quantidade de água nos fluidos da linha, entre outros. O porquê do

estudo do hidrato e de seus métodos de inibição serão mostrados a

seguir.

Os hidratos são compostos cristalinos semelhantes ao gelo,

formados por água e moléculas de gás aprisionadas nas cadeias

formadas pelas moléculas de água (NOTZ et.al., 1996). É necessário

para sua formação altas pressões e baixas temperaturas, além do

contato de água com o gás.

O hidrato de gás é um problema cada vez mais comum no

escoamento da produção de hidrocarbonetos. Essas estruturas

cristalinas, semelhantes ao gelo podem ser formadas pelo contato de

gás e água, em condições específicas de temperatura e pressão. As

moléculas de gás são aprisionadas em estruturas reticuladas cristalinas

pelo agrupamento de moléculas de água ao seu redor através de

ligações de hidrogênio, em temperaturas baixas e altíssimas pressões,

condições muito normais na exploração em águas profundas. Outros

fatores que determinam a formação de hidratos incluem mistura,

agitação, superfície para formação de cristais, aglomeração e salinidade

do sistema.

Os hidratos de gás contêm boa parte das reservas mundiais de

gás natural, e podem, consequentemente, representar uma boa fonte de

energia no futuro. Em regiões em que a temperatura da água no leito

marinho é de 4ºC, podem ocorrer enormes depósitos desse tipo de

estrutura cristalina, que, ao ser queimada, libera grande quantidade de

energia. Os hidratos estão sendo considerados para transporte de gás

de locais offshore remotos para a costa por meio de navios.

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Figura 1 - Formação de Hidratos

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2. OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o hidrato e os

problemas e soluções envolvendo esse tipo de incrustação no atual

cenário de perfuração em águas profundas. Um estudo de caso ilustra o

cenário desenvolvido.

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3. FORMAÇÃO DE HIDRATOS

A formação de hidratos depende da criação de uma estrutura de

moléculas de água, na qual as moléculas de hidrocarbonetos leves

ocupam os espaços vazios. Por isso, as moléculas de água são

conhecidas como host molecules (moléculas hospedeiras) e as

formadoras de hidrato (metano e outros gases), como guest molecules

(moléculas hóspedes). A estrutura formada pode ser de três tipos, que

se diferenciam no número de moléculas de água, no tamanho e tipo de

cavidades e no formato.

Durante a formação de hidratos, ocorre liberação de calor, pois

trata-se, de um processo isotérmico. Essa geração de calor intrínseca

tende a atrasar ou parar a geração de hidratos, podendo as condições

de estabilização ficarem fora do envelope, mostrado no gráfico P X T a

região na qual esse composto é termodinamicamente estável A figura 2

mostra um exemplo desse tipo de curva. A região de hidrato se localiza

acima das curvas mostradas. A curva se ajusta de acordo com a

densidade do gás, sendo densidade do gás a massa especifica do gás

em relação à massa específica do ar. Portanto, é possível notar que a

configuração desta curva dependerá basicamente do tipo de gás do qual

o hidrato é formado.

Analisando a curva, podemos observar que o hidrato é estável,

mesmo em temperaturas superiores a 0ºC, com apenas algumas

dezenas de psi. Como a temperatura da água do mar em águas

profundas em que passam as linhas de produção não ultrapassa 4ºC, o

risco de formação de hidrato é alto. A complicação surge quando a

passagem do petróleo deve ser interrompida para manutenção do poço.

Nesse caso, os dutos se resfriam gradativamente até atingir as

temperaturas favoráveis para formação de hidratos, cerca de 4ºC.

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Figura 2 - Hidratos de gás - Fonte: http://www.usgs.gov/

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4. FORMAÇÃO DE HIDRATO NO ESCOAMENTO DE ÓLEO

Segundo a proposta de Lingelem (1992), num duto contendo óleo,

água e gás dentro do envelope de hidratos, a formação do hidrato ocorre

na fase aquosa emulsionada no óleo. A água, em contato com o gás,

forma uma película de hidrato, inicialmente maleável, que isola a fase

água da fase óleo. Com o tempo, esta película vai ficando mais firme.

Por efeito de forças capilares de atração, as gotas se aglomeram com a

película de hidrato. Essa aglomeração pode formar um plug de hidrato,

como é formado pela figura 3.

Figura 3 - Envelope típico de hidrato para gases com diferentes densidades (Fonte: Adaptado de NOTZ et al, 1996)

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A aglomeração das gotas e das partículas de hidrato faz com que

a viscosidade do óleo aumente significantemente. As perdas de carga e

de pressão aumentam conforme a aglomeração aumenta, o mesmo

ocorrendo com risco de plugueamento do duto.

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5. FORMAÇÃO DE HIDRATO NO ESCOAMENTO DE GÁS

Há menos líquido no sistema, o que impede a formação de

películas de hidrato nas gotas de água. Ainda, segundo o modelo de

Lingelem (1992), a formação de hidrato no escoamento de gás se dá da

seguinte forma:

Primeiramente, temos que a água livre se encontra na parte

inferior do duto e é oriunda da água produzida e da água condensada do

gás. Assim sendo, os hidratos começam a se formar na parede do duto,

onde a temperatura é mais baixa. Com o aumento dessa deposição, a

área de fluxo diminui. Vale notar que a deposição é irregular, e se

encontra na parte inferior do duto ou em regiões localizadas, não

provocando uma redução concêntrica no diâmetro do duto, como é

mostrado na figura 4. Essa deposição aumenta as perdas de carga,

causando perda de pressão no escoamento.

Figura 4 - Taponeamento em escoamento multifásico.

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Com o tempo, o depósito não suporta tensão provocada pelo

escoamento e é arrastado, causando pequenas perdas de pressão.

Quando esse depósito se torna grande demais, o escoamento não

consegue mais arrastá-lo e tem-se o plug de hidrato. A pressão de

escoamento aumenta significantemente e em seguida, ocorre o bloqueio

do duto.

Desta forma, temos que enquanto o bloqueio do duto de óleo se

dá por aglomeração de pequenos cristais de hidratos, o bloqueio do duto

de gás se dá pela formação de um plug de hidrato aderido à parede do

duto.

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6. FORMAÇÃO DE HIDRATO DURANTE A PERFURAÇÃO,

COMPLETAÇÃO E EM TESTES DE POÇOS

Durante a fase de perfuração, completação e nos testes de poços,

nos quais ocorrem operações comuns de engenharia tradicional como

limpeza de poço, por exemplo, é comum que haja invasão de fluido

vindo da formação, dentre eles água e gás. E devido ao peso da coluna

hidrostática do fluido de perfuração ou completação, associado às

baixas temperaturas de águas ultraprofundas, o risco de se formar

hidrato é real.

A formação de hidrato durante essas fases é nociva porque pode

impossibilitar a passagem de ferramentas, aumenta as perdas de carga

ou pode mesmo obstruir por completo as tubulações. O problema se

torna maior à medida que a lâmina d’água em que ocorre a operação é

maior. Isso significa mais tempo de contato entre o fluido e a água do

mar à baixa temperatura durante a circulação e, portanto, um maior

tempo perdendo calor para o meio e maior possibilidade do fluido de

entrar na região de hidrato.

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7. PREVENÇÃO DA FORMAÇÃO DE HIDRATOS

Para evitar a formação de hidratos deve-se manter o escoamento

fora da região de hidratos, isto é, com uma temperatura acima da

Temperatura Inicial do Aparecimento de Cristais para uma dada pressão

de operação dos flowlines e pipelines. Todavia, a solução final, aquela

que evitaria por completo essa formação, é a retirada da água do fluido

multifásico antes do transporte pelas linhas submarinas, entretanto esta

não é uma solução viável na maior parte das ocasiões.

Existem diversos outros tipos de medidas que podem ser

utilizados para o mesmo fim de prevenir a cristalização e plugueamento

das linhas.

Figura 5 - Tipos de Taponeamento.

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Figura 6 - Hidratos retirados dos dutos.

Vale dizer que controle e remediação de hidratos é o maior

desafio do desenvolvimento dos campos de petróleo. Um enorme

esforço é requerido para fazer um sistema de produção que realize

controle de hidratos com aceitável nível de risco. O uso de uma ou outra

tecnologia leva em conta a eficiência de seu resultado e acima de tudo,

os custos associados. (STEVEN COCHRAN, 2003)

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8. INIBIDORES TERMODINÂMICOS

Estes incluem o metanol, monoetilenoglicol (meg), entre outros.

Seu princípio básico reside na redução da temperatura de formação dos

hidratos pela mudança do potencial químico da água. O mesmo

acontece com a adição de anticongelantes à água, diminuindo o ponto

de congelamento.

Este tipo de inibidor tem uma série de vantagens sobre outro

inibidores:

Redução da temperatura de formação;

Podem evitar formar hidratos em qualquer condição, a depender de quanto inibidor é usado;

Alguns deles, como o metanol, inibem tanto na fase vapor como na fase líquida, tendo importância em operações transientes;

Funcionam com qualquer mistura de hidrocarbonetos.

Entretanto, apresentam algumas desvantagens que são:

Necessitam de grandes quantidades para funcionarem;

Requerem grandes estoques e sistemas de bombeamento, que aumentam o investimento a ser feito;

Podem apresentar incompatibilidade com outros produtos químicos utilizados, tais como inibidores de corrosão e parafina, por exemplo.

Podem causar precipitação de sais da água produzida, gerando problemas de incrustação.

Metanol e monoetilenoglicou são os inibidores mais utilizados,

apesar de etanol e outros glicóis também serem usados com sucesso

para escoamento com óleo, todavia, o metanol é definitivamente

utilizado pelos fatores a seguir:

É mais efetivo em reduzir a temperatura de formação de hidratos que os glicóis;

Menor probabilidade de causar precipitação de sais da água produzida;

Menos viscoso;

Melhor para remediação de plugueamento;

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Rapidamente se vaporiza, sendo mais eficientes os reinícios de produção.

O gráfico a seguir demonstram os efeitos dos inibidores

termodinâmicos sobre envelope de hidratos.

Gráfico 1 – Exemplo da ação de um inibidor termodinâmico no envelope de hidratos (Fonte: Adaptado de ROSSI, GASPARETO, 1991).

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9. ISOLAMENTO TÉRMICO

É usado para manter a temperatura do fluido acima da

temperatura de formação de hidratos. Outra utilidade é aumentar o

período para esfriamento do fluido nos flowlines durante paradas até a

normalização da produção. Esse tempo adicional permite que sejam

tomadas medidas para reinício da produção ou para uma parada

prolongada. Por último, o isolamento térmico de linhas submarinas

também apresenta a vantagem de reduzir o tempo para aquecimento

dos fluidos produzidos acima das condições de formação durante a

retomada da operação.

As melhores opções de isolamento são apresentadas para

flowlines e riser.As opções para flowline são:

Dutos rígidos isolados externamente;

Duto flexível isolado;

Aterramento;

Pipe-in-pipe;

Bundle (feixe de dutos);

Duto sanduíche.

Já para risers as opções são:

SCR isolado externamente;

Riser flexível isolado;

SCR pipe-in-pine;

Torre de riser.

O nível de proteção proporcionado pelo isolamento depende da

vazão, temperatura do reservatório, distância do tie-back (ligação) e

do sistema de isolamento escolhido.

O isolamento térmico apresenta alguns riscos como:

Perda de desempenho do material isolante;

Juntas de baixas qualidades, que aumentam o coeficiente de transferência de calor;

Desempenho ruim pode levar ao precoce abandono ou reparo/substituição das linhas;

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Perda de calor convectivo não considerado no projeto, o que pode ser um problema sério em bundles, riser towers e flowlines aterrados.

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10. AQUECIMENTO ATIVO

Técnicas de aquecimento ativo incluem:

Aquecimento elétrico: consiste em um flowline como um condutor elétrico. Uma corrente de grande amperagem passa pelo duto e, devido a resistência elétrica do duto, ocorre o aquecimento. Outra configuração emprega um elemento externo que é instalado do lado de fora do tubo e o aquece por condução. Um ponto negativo desta técnica é a inviabilidade econômica, uma vez que devido as grandes extensões do sistema de tubulação, fica muito caro se manter este sistema.

Circulação de fluido quente: Apresenta configuração e vantagens semelhantes ao aquecimento elétrico. Utilizam tipicamente água quente, circulada através de bundles para fornecer calor aos fluidos fornecidos.

Circulação de óleo quente: Essa técnica é utilizada comumente na

retomada da produção. Nesse caso o óleo quente é circulado até aquecer o fluido multifásico até que fiquem fora da região de hidratos.

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11. INIBIDORES DE HIDRATO DE BAIXA CONCENTRAÇÃO (LHI)

Este tipo de inibidor é dividido em inibidores cinéticos, ou KI’s, e

antialgomerantes, ou AA’s. São aplicados em solução com baixa

concentração em peso, ao contrário dos inibidores termodinâmicos. Não

afetam a curva de formação dos hidratos, agem, entretanto, na formação

dos cristais e na aglomeração na forma de plugs.

Os AA’s inibem a formação de plugs nas linhas submarinas mas

não os inibem de serem formados. Esses inibidores permitem sua

cristalização, mas mantém os cristais com tamanho reduzido dispersos

no fluxo multifásico. São os mais utilizados em águas profundas.

Apresentam como desvantagens:

Sensibilidade à salinidade da água;

Baixa eficiência em altos watercuts;

Alto custo e toxidade.

Já os KI’s atrasam a nucleação e/ou os crescimentos de hidrato.

Agem apenas na fase água. Apresentam a vantagem de serem pouco

sensíveis a variações de watercut, entretanto, são altamente sensíveis a

alto subresfriamento, o que os impedem de serem utilizados em grandes

profundidades. Outro ponto negativo é o pouco tempo de ação, o que

torna seu uso em paradas limitado.

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12. REMOÇÃO DE ÁGUA

Tem como idéia remover a maior quantidade de água possível dos

fluidos produzidos e assim, impedir que o hidrato se forme. Há duas

técnicas para remoção de água em produção submarina: Uma que

separa a água e descarta diretamente no poço e a outra que o faz no

sistema submarino.

Além de ajudar no controle de formação de hidratos, a remoção de água facilita o escoamento e a subida do fluido, por deixar a mistura mais leve. Também evita que o manuseio, tratamento e descarte sejam realizados na superfície.

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13. MÉTODOS PARA REMOÇÃO DE HIDRATO

Descompressão: Bastante utilizada para decompor um hidrato

formado e baseia-se no abaixamento da pressão ate atingir valores

inferiores a pressão de formação do mesmo. Apesar deste

procedimento, sempre ficam pequenos cristais remanescentes no

sistema, pois esta decomposição se processa lentamente.

Aquecimento: Normalmente se utiliza gás quente próximo do local

obstruído, ao mesmo tempo em que se reduz a pressão do sistema. Não

é viável em plataformas marinhas.

Injeção de inibidores de hidratos: O inibidor de hidrato mais

comum é o álcool etílico, que não remove a água e sim diminui a

temperatura em que o hidrato se forma.

Pig: É um dispositivo que é inserido no duto e que viaja

livremente, dirigido pelo próprio fluxo de água, gás ou seu próprio fluido.

São feitos geralmente de espuma ou plástico e é utilizado apenas em

dutos de diâmetro constante. Durante o seu percurso, remove

incrustações, depósitos orgânicos, ou qualquer material aderido. O PIG

também tem um papel significativo na redução do impacto ambiental das

operações industriais.

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14. ESTUDO DE CASO: Formação e remoção de um plug de hidrato

no campo de Golfinho, Espírito Santo, Brasil

Será discutido um caso de formação de hidrato num poço

perfurado em que foram utilizadas várias técnicas de inibição, mas de

uma forma inicialmente curiosa, somente a técnica considerada mais

extrema resolveu o problema (MUSSUMECI et al, 2005).

Este estudo de caso mostrará como pode surgir um problema real

envolvendo formação de hidrato e como se deve ter em mente uma

estratégia de combate para, posteriormente, se poder utilizar das

técnicas mais convenientes de inibição neste combate.

14.1 Introdução

O caso a ser analisado ocorreu no campo de Golfinho, que possui

1402 metros de lâmina d’água, em Julho de 2004. O local do poço é

considerado de águas profundas e está localizado a leste do estado do

Espirito Santo, Brasil. A figura 4.1 mostra a localização através de um

mapa.

Figura 7 – Localização do campo de Golfinho (Adaptado).

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O poço em questão é chamado de ‘wildcat’, ou seja, um poço de

prospecção. Foi perfurado para ser usado em testes, a fim de se

determinar a viabilidade econômica de completação de um poço. Zonas

individuais foram temporariamente isoladas, para se determinar algumas

características importantes do reservatório, tais como incide de

produtividade, pressão, propriedades dos fluidos entre outros.

14.2. Teste de Broca (Drill Steam Teste)

O DST fornece dados de pressão e fluidos, e esse processo, além

de certo grau de periculosidade intrínseco, apresenta o risco de

formação de hidrato no período de retorno de fluxo. Água pode ser

produzida junto com óleo e gás, vinda do filtrado de fluido de perfuração

ou da invasão de fora do intervalo de produção. E durante a limpeza do

poço, esses fluidos devem passar por um ambiente frio, incluindo a

coluna de perfuração e o riser. A perda de calor para o meio faz com que

a temperatura dos fluidos fique abaixo da mínima para haver formação

de hidrato.

Depois de onze horas de pré-escoamento, foram notados sinais

claros de hidrato, que foram pressão estável e menor taxa de

escoamento. Através de um mandril, foi localizado o ponto de formação

de hidrato, que foi em 1087 metros de profundidade. No local, injetou-se

etanol repetidas vezes e a diferentes vazões, mas nenhuma teve

sucesso, dentro de pouco tempo, foi detectado queda súbita de pressão

no topside. A retirada do flexitubo foi inicializada. Inicialmente, nenhum

arrasto foi notado, até que em 1607 metros, o flexitubo ficou preso por

causa de um bloco de hidrato.

14.3. Estratégia de combate ao hidrato

A figura X.X mostra o esquema de formação do plug de hidrato. A

primeira estratégia adotada para desfazê-lo foi usar aquecimento ativo.

Isso porque já estando o flexitubo posicionado, as facilidades de injetar

fluidos quentes eram grandes. Entretanto, devido ao bloqueio do plug, os

fluidos injetados deveriam ser realocados para dentre da formação.

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FIGURA 8 – Esquema da formação do plug de hidrato.

Com ajuda de um software de simulação de hidrato, foi feita uma

curva para o hidrato em questão. Com a curva, pode-se concluir que

para a pressão ao qual estava submetida, que era de 130 bar, o hidrato

se dissociava a 20ºC.

Assim sendo, fez-se uma sequência de tentativas, que foi

primeiramente, injetar fluido quente (70ºC), gerar calor no próprio local

(solução de NaNO2 e NH4Cl foi bombeada pelo flexitubo), cortar o

flexitubo para permitir a remoção do fluido de completação e a

conseqüente despressurização da coluna hidrostática no anular.

Somente tentativa mais extrema funcionou.

14.4. Algumas considerações sobre transferência de calor

Foi feita uma análise de transferência de calor para o caso

apresentado com ajuda de um simulador. O esquema utilizado foi de um

fluido que escoa verticalmente num duto rodeado por dois espaços

anulares contendo fluido estagnado. O objetivo era verificar se o fluido

quente injetado, ao passar pelos 1400 metros de duto sob temperaturas

baixas conseguiria manter sua temperatura acima de 20ºC, ou seja,

acima do envelope de hidratos previamente calculado. Desta maneira, o

plug de hidrato seria derretido e o espaço anular desbloqueado.

O problema seria simples se fosse apenas um duto perdendo

calor radialmente para o meio. Um modelo que utiliza apenas uma

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dimensão seria suficiente para resolver o problema. Acontece que há

dois espaços anulares e isso dificulta bastante os cálculos, já não há

como fazer a aproximação unidimensional.

Os dois fluidos do anular estão confinados. Para definir se os

fluidos estão totalmente parados,ou sob efeito de convercção livre, pelo

menos uma análise de estabilidade linear seria necessária (KUNDU,

WHITE).

A configuração do espaço anular pode determinar quando as

forças de empuxo podem ser maiores que as forças viscosas, ou seja,

quando a convecção livre prevalece. Isso é determinado pelo número de

Nusselt e correlações para tal podem ser encontradas em Ozisik.

No caso do flexitubo, o comportamento é similar. Conforme o

fluido vai escoando para baixo, a temperatura vai diminuindo. Assim,

inicialmente, com a diferença de temperatura entre a parede do flexitubo

e do meio não sendo muito alta, a transferência de calor se dará por

meio de condução. À medida que desce, a temperatura cai e a

transferência de calor se dará por convecção livre.

A figura XX mostra a temperatura em função do tempo da área

em que estava localizado o plug de hidrato. Pode-se notar que se

considerarmos apenas condução, a temperatura seria o suficiente

(acima de 20ºC) para derreter o plug de hidrato. Entretanto, se

considerarmos a convecção livre, a temperatura da região pouco muda.

FIGURA 9 – Gráfico da temperatura em função do tempo para

transferência de calor por condução e convecção livre.

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15. CONCLUSÃO

O problema de formação de hidrato se tornou comum após a

exploração de petróleo começar a ser realizada em grande escala em

águas profundas. A baixa temperatura e a altas pressões de ambientes

submarinos de águas profundas foram as grandes responsáveis pelo

problema.

Frente ao problema, muito foi investido em pesquisas para buscar

novas técnicas de inibição e mitigação. O resultado é a existência de

vários métodos, todos adaptados aos mais variados problemas e

situações.

O surgimento recente dos inibidores de baixa dosagem foi um

exemplo de sucesso na redução dos custos. Apesar de terem certas

limitações e de seu uso ainda estar em fase de desenvolvimento, a

logística envolvida no processo de inibição permitem grande economia,

tanto na planta de produção como nos custos operacionais.

O estudo de caso mostra a importância de se conhecer e ter

disponível várias técnicas de inibição e mitigação de hidrato. Foram

necessários três métodos diferentes para corrigir o problema, tendo em

vista que as duas primeiras falharam, apesar de terem funcionado nas

simulações feitas.

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16. REFERÊNCIAS

Carvalho, R. B. ANÁLISE DE METODOLOGIA DE CONTROLE

DE HIDRATOS EM ÁGUAS ULTRA-PROFUNDAS. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, 2010.