Trabalho MPT finalissimo

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UNIVERSIDADE DE AVEIRO - DEGEI Turismo Industrial A arqueologia industrial e o turismo industrial Disciplina: Mercados e Produtos em Turismo Docente: Maria João Carneiro Joana Lopes n. mec. 42066 Pedro n. mec. 40196 Odair Tolentino n. mec. 24-05-2010

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UNIVERSIDADE DE AVEIRO - DEGEI

Turismo Industrial A arqueologia industrial e o turismo

industrial

Disciplina: Mercados e Produtos em Turismo

Docente: Maria João Carneiro

Joana Lopes n. mec. 42066 Pedro n. mec. 40196

Odair Tolentino n. mec.

24-05-2010

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Índice 1 Introdução.................................................................................................................. 2

2 Contextualização Teórica .......................................................................................... 3

2.1 Património Cultural ............................................................................................ 3

2.2 A origem da arqueologia industrial ................................................................... 3

2.3 Definição de Arqueologia Industrial .................................................................. 4

2.4 Definição de Turismo de arqueologia Industrial ............................................... 4

2.5 Vantagens e desvantagens do turismo Industrial para as Regiões ..................... 5

2.5.1 Vantagens ................................................................................................... 5

2.5.2 Desvantagens .............................................................................................. 5

3 Turismo Industrial em Portugal................................................................................. 6

3.1 Oferta ................................................................................................................. 6

3.2 Procura ............................................................................................................... 7

4 Turismo Industrial na Europa e no Mundo ............................................................... 8

4.1 Oferta ................................................................................................................. 8

4.2 Procura ............................................................................................................... 9

5 Caso de Estudo (Museu do Seixal, Museu do Papel e Museu de Portimão –

conserva) ......................................................................................................................... 11

5.1 Análise de competitividade dos três museus ................................................... 15

6 Conclusão ................................................................................................................ 16

7 Bibliografia e Cibergrafia........................................................................................ 17

Anexos ............................................................................................................................ 18

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1 Introdução

Este trabalho foi proposto pela docente da disciplina de Mercados e produtos em

Turismo e retratará um produto do sector do Turismo.

O sector do Turismo tem-se desenvolvido muito nos últimos anos tanto a nível

internacional como nacional, tendo-se verificado ano após ano um grande crescimento

no número de chegadas de turistas internacionais bem como do volume de receitas

provenientes do turismo internacional. A nível nacional, apesar do aumento deste dois

indicadores, Portugal continua muito dependente de um número reduzido de mercados

bem como se verifica um aumento da repartição das férias por parte dos turistas o que

diminui a sazonalidade mas também diminui a estada no destino o que implica menores

receitas provenientes do turismo. Portanto, uma maneira de contrariar esta tendência é

diversificar a oferta nomeadamente através de uma aposta no desenvolvimento de

produtos na área do património e da cultura.

É aqui se centra o objectivo do nosso trabalho, assim iremos falar sobre o

Turismo Industrial explicando o seu conceito e a sua ligação com a arqueologia

industrial, falaremos ainda do Turismo Industrial em Portugal e na Europa retratando a

oferta e procura e, por fim, retrataremos um caso prático de uma infra-estrutura de

oferta deste tipo de turismo.

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2 Contextualização Teórica

2.1 Património Cultural

O património cultural é como se sabe um dos motivos de visita dos turistas

sendo por isso importante perceber o que este abrange. Segundo o que consta do artigo

1º da Lei nº 13/85 de 6 de Julho, “O património cultural português é constituído por

todos os bens materiais e imateriais que, pelo seu reconhecido valor próprio, devam ser

considerados como de interesse relevante para a permanência e identidade da cultura

portuguesa através do tempo”. Portanto é um conceito bastante abrangente, no qual

podemos considerar diversos tipos de cultura: erudita, operária, popular, de empresa,

entre outras – bem como diversas vertentes da mesma, entre as quais se pode referir a

chamada cultura material que engloba grande parte do ambiente e objectos que nos

rodeiam e/ ou manuseamos no quotidiano. Então podemos concluir que este tipo de

património não está só ligado, como habitualmente se considera, a eventos ou vestígios

de índole militar, religiosa, diplomática e artística mas também a outras vertentes, sejam

elas de tempos antigos ou recentes, como as relativas às diversas actividades humanas,

sejam elas científicas, artísticas, tecnológicas, ou referentes ao trabalho, aos costumes

ou ao lazer. Assim, além dos monumentos de tipo clássico que todos reconhecemos

como património cultural temos também de considerar antigos moinhos, oficinas ou

fábricas, utensílios ou maquinismos bem como outros que caracterizam épocas e

mentalidades e portanto são objectos de cultura. Então torna-se importante preservar e

também, dado ao seu potencial, aproveitar em termos turísticos estes monumentos desde

que estes, pelas suas características como a antiguidade, a qualidade do produto, o tipo

de inovação eventualmente introduzido, o significado e a importância para a população

local tenham influenciado de alguma maneira a vida local ou nacional.

2.2 A origem da arqueologia industrial

Apesar de algumas pessoas terem considerado o nascimento do termo

arqueologia industrial no final do séc. XIX, este apenas ganha particular importância

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por volta dos anos 50 do século passado no Reino Unido. Este surgiu pelo aumento da

preocupação em registar e preservar alguns dos monumentos da revolução industrial no

momento da reestruturação urbana global da Grã-Bretanha que se deu devido à

destruição causada pela segunda guerra mundial. É a partir daqui que começa o

movimento de defesa do legado industrial. Em 1959 foi criado o Comité de Pesquisa de

Arqueologia Industrial e antes mesmo de este ter tomado qualquer acção foi demolido

um monumento dos primeiros tempos dos caminhos-de-ferro ingleses, o Euston arch

que era a entrada para o terminal ferroviário de Londres. Isto causou grande contestação

e em 1963 foi feito o primeiro levantamento de monumentos industriais neste país.

(Palmer e Neaverson, 1998)

Em Portugal, as preocupações relativas ao património industrial surgiram por

volta de 1980 começando-se a divulgar através de exposições e dos primeiros estudos

de carácter científico.

2.3 Definição de Arqueologia Industrial

A arqueologia industrial pode ser definida como o estudo das evidências

tangíveis do desenvolvimento social, económico e tecnológico principalmente desde o

período da revolução industrial (últimos 250 anos) (Palmer e Neaverson, 1998). As

paisagens e edifícios industriais são considerados como os símbolos visíveis dos

processos de produção no tempo e no espaço. Portanto, podemos concluir que o

património industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor

histórico, tecnológico, social, arquitectónico ou científico. “A arqueologia industrial é

então um método interdisciplinar que estuda todos os vestígios, materiais e imateriais,

os documentos, os artefactos, a estratigrafia e as estruturas, as implantações humanas e

as paisagens naturais e urbanas, criadas para ou por processos industriais” (APPI

citando Nizhny Tagil, 2003).

2.4 Definição de Turismo de arqueologia Industrial

Ao tipo de turismo relacionado com o que se tem falado nos textos anteriores dá-

se o nome de turismo de arqueologia industrial que é definido como o

“desenvolvimento de actividades turísticas e indústrias em locais construídos pelo

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homem, edifícios e paisagens que foram originadas com processos industriais

passados.” (Edwards & Llurdes citado por Xie, 2005). Portanto esta forma de turismo é

uma vertente do turismo industrial sendo mais restrito pois apenas explora o passado

das indústrias ao contrário deste último que é mais abrangente pois explora tudo desde a

nostalgia do passado até à actualidade dos processos industriais. Então a arqueologia

industrial é uma boa maneira para valorizar o tipo de Património cultural falado em

cima em particular aquele que está relacionado com a indústria como os sítios de antigas

fábricas, edifícios e arquitectura, máquinas, equipamento bem como as paisagens

industriais, produtos, processos e documentos da sociedade industrial.

Nos últimos anos, verifica-se uma crescente aposta neste tipo de turismo em

áreas industriais antigas com o propósito de reestruturar e desenvolver economicamente

as regiões. Para o aumento deste tipo de turismo muito contribui o aumento da

proliferação de novas técnicas de produção automatizadas e computorizadas e

consequentemente o abandono das técnicas tradicionais.

2.5 Vantagens e desvantagens do turismo Industrial para as

Regiões

2.5.1 Vantagens

A arqueologia industrial tem diversas vantagens para o desenvolvimento das regiões

nomeadamente na valorização da identidade dos residentes bem como promover a

localização num mundo globalizado (Xie, 2005). Além disso, este tipo de

aproveitamento do património industrial pode revelar-se uma óptima maneira de limpar

a imagem que as pessoas têm em relação à região e às áreas industriais em declínio, pois

fornecem postos de trabalho, reabilitam estas áreas e podem compensar de alguma

forma a reestruturação económica destas.

2.5.2 Desvantagens

No que diz respeito às desvantagens deste tipo de turismo podemos referir a

mudança cultural que pode ocorrer nas comunidades locais como consequência da

alteração de centros de produção para locais de consumo. Outra desvantagem é que

apesar de trazer novos postos de trabalho, não compensa aqueles que foram perdidos

depois do encerramento das fábricas.

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3 Turismo Industrial em Portugal

3.1 Oferta

A oferta do turismo industrial em Portugal encontra-se em desenvolvimento uma

vez que apenas recentemente este tipo de turismo começou a ter a sua relevância, mais

precisamente em 1980, quando se começou a estudar cientificamente o património

industrial e se iniciaram as primeiras exposições deste carácter.

A partir desta data o património industrial tem vindo a adquirir uma importância

cada vez mais crescente na área do Turismo Industrial. Portugal possui fortes potenciais

de património cultural dentro dos quais a indústria têxtil, vidreira, cerâmica, metalúrgica

ou de fundição, química, papeleira, alimentar, extractiva, possui ainda a actividade

mineira, as infra-estruturas públicas, comerciais ou portuárias, dos transportes e

habitações operárias.

Portugal tem apostado forte em novos tipos de turismo a fim de diversificar a

sua oferta turística promovendo assim o turismo e captando novos turistas. Sendo o

turismo industrial um desses novos produtos promovido por associações de defesa do

património industrial que, além de defenderem este tipo de património, encontram

novas formas de utilização de antigos edifícios industriais, como a criação de museus,

rotas de turismo que passem por esses marcos históricos, ou criação de outro tipos de

espaços com a arquitectura antiga que possuíam. Assim, estas associações acabam por

ajudar a desenvolver este tipo de turismo criando uma nova dimensão no turismo em

Portugal. Alguns exemplos de associações de defesa do Património Industrial são:

APPI – Associação Portuguesa para o Património Industrial;

APAI – Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial.

Desta forma pode verificar-se que Portugal possui alguma variedade de

Património Industrial, divido por vários locais e que normalmente são retratados em

museus ou paisagem industrial. Através da consulta da Associação Portuguesa de

Arqueologia Industrial identificámos as seguintes áreas industriais em que existe

Património de Arqueologia industrial:

Ciência, Técnica e Indústria;

Área agro-alimentar;

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Molinologia;

Área transformadora;

Área extractiva;

Comunicações e Transportes;

Equipamentos Colectivos.

Portanto, ao nível da oferta, Portugal possui uma vasta variedade de museus,

locais históricos e objectos de arqueologia industrial mas, que ainda necessitam de ser

promovidos para, assim, se conseguir desenvolver o Turismo Industrial. Existem ainda

outras infra-estruturas que não sendo museus, são classificadas como património

industrial e que merecem a sua importância no turismo industrial, tais como fábricas

antigas que revelam um grande valor arquitectónico de arquelogia industrial mas que

neste momento estão ao abandono e continuam com a sua degradação.

Para traduzirmos em números a oferta que Portugal possui para o Turismo

Industrial seria bastante complicado uma vez que, no IGESPAR não há essa informação

de forma específica e há uma constante variação no número de património inventariado.

Já através da European Route of Industrial Heritage (ERIH) são reconhecidos 23

espaços de Turismo Industrial em Portugal como se pode verificar no anexo (3) os quais

são classificados quando a sua área de indústria.

3.2 Procura

Ao nível da procura, Portugal não possui, também, ainda dados específicos nesta

área do turismo uma vez que o Turismo industrial ainda está em desenvolvimento e não

é um produto turístico com um grande peso no Turismo de Portugal.

Normalmente este turismo está muitas vezes associado ao Turismo cultural, pois

a maior parte do Património Industrial são museus que contêm, também, actividades

ligadas à cultura. Assim, ainda não é possível fazer uma análise mais específica da

procura por este tipo de turismo em Portugal pois seria necessário existirem estatísticas

específicas do turismo industrial o que ainda não acontece.

Contudo, Portugal possui uma boa oferta a este nível o que faz com que comece

a haver uma crescente procura, muitas vezes estrangeiros que já conhecem outros locais

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do mundo com turismo industrial e, que através das rotas europeias cheguem a Portugal

com o objectivo de visitar o nosso património industrial.

4 Turismo Industrial na Europa e no Mundo

4.1 Oferta

Na oferta do Turismo industrial assistimos a duas situações: o caso em que são

aproveitados espaço antigos para promover a arqueologia industrial e a oferta de visitas

e sua promoção no turismo industrial por parte de indústrias em laboração. No primeiro

caso, é necessário um grande investimento para recuperar os edifícios antigos, os

utensílios e espaços históricos ficando depois a ser utilizados como museus ou apenas

de exploração turística. No segundo caso as indústrias tem a sua função normal de

laboração, mas promovem o turismo industrial potencializando a própria empresa.

Assim, estas empresas exploram o turismo industrial pelas seguintes razões:

potencialização da sua imagem, potencialização do trabalho moral e forma de passar a

ter um rendimento extra.

A oferta do Turismo Industrial permite uma contribuição para o marketing da

empresa evidenciando a marca e criando uma maior fidelidade das pessoas à marca,

permite também, aumentar a produtividade da empresa, a criação de novas

oportunidades de negócio, a consciencialização da responsabilidade social e cívica das

empresas e a atracção de potenciais empregados. Em sentido contrário, a oferta deste

tipo de turismo tem custos elevados, é necessária a limitação da capacidade de visitas

para não prejudicar a produtividade das empresas, é necessário fechar a visita a certos

locais sensíveis da empresa devido a riscos de espionagem e, por fim, a sazonalidade

que é uma grande condicionante deste tipo de turismo.

Assim, ao nível da oferta na Europa e no mundo constata-se que existe um vasto

número de estabelcecimentos e objectos de património industrial onde já existe, em

muitos, locais uma maior promoção e desenvolvimento do Turismo Industrial pois já se

tem em conta a importância que o Turismo industrial pode ter na promoção das

indústrias. Alguns autores defendem que qualquer establecimento industrial se pode

tornar num atractivo turístico contudo é necessário saber promove-lo e possuir algumas

outras caracteristicas para este se tornar atractivo para os turistas. Um exemplo disto é a

coca-cola, uma indústria alimentar existente há muitos anos, que pela sua evolução

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como empresa, pelo reconhecimento que veio a ter nas pessoas, fez dela um grande

atractivo de visitantes. Contudo o património industrial não é, por si só, um atractivo

turístico que leva os visitantes a deslocarem-se até um determinado destino sendo,

assim, um complemento de outros atractivos turísticos de outros tipos de turismo, como

por exemplo, o turismo cultural ou o turismo urbano.

Na Europa os locais com um maior património Industrial promovido são: a

Alemanha, o Reino Unido ao nível da Grã-bretanha, a Polónia e Itália. Já a nível

mundial os países com uma maior promoção são os EUA, Canadá e Japão.

Para a promoção turística e defesa do património industrial existem algumas

associações internacionais entre as quais destacamos a TICCIH (The international

Comitee for the conservation of the Industrial Heritage e a ERIH (European Route of

Industrial Heritage) que contêm informação sobre os principais países com património

industrial e os seus principais museus e locais históricos.

Assim para a promoção do Turismo Industrial são elaboradas rotas das várias

áreas de indústria que englobam, por exemplo ao nível da Europa, vários países que

contenham esse tipo de indústria levando os visitantes a deslocarem pelos vários países

em tour.

4.2 Procura

A Procura do Turismo industrial no Mundo revela-se cada vez mais crescente ao

longo do tempo tendo como mercados emissores a Ásia o Médio Oriente e a África. Por

outro lado, os locais mais procurados centram-se na Europa Ocidental, pois é o destino

Turístico mais maturo do mundo que criou uma maior variedade de produtos turísticos

onde se inclui o turismo industrial que associado a outros tipos de turismo atrai mais

visitantes. Assim, termos o Turismo Industrial muitas vezes associado ao Turismo

Cultural, e, por sua vez, o Turismo Cultural associado ao Turismo Urbano, ou seja, o

que acontece é que um visitante que viaje para um destino por motivos culturais, numa

visita cultural, acaba por visitar locais que são do produto turístico Industrial.

Em geral, as perspectivas do turismo industrial são as novas tendências de

crescimento pois no futuro os visitantes serão mais existentes, selectivos e procuram,

além de obter novos conhecimentos, novas experiências activas e o contacto com outras

realidades. Teremos, ainda no futuro, uma aposta Turismo associado à educação onde

identificámos um grupo que procurará o turismo industrial. Este grupo da geração

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jovem irá, então, procurar o Turismo industrial com o objectivo de obter informação

sobre o trabalho industrial. As fábricas e os museus de arqueologia industrial são, assim,

uns dos principais motivos da procura deste tipo de visitantes, onde a maioria oferece

facilidades e serviços básicos para os visitantes. Em geral fornecem oportunidades de

ver o fabrico, contactar com a forma de produção, a experiência de produzir um desses

produtos e a compra dos produtos do museu ou da empresa, o que atrairá no futuro um

número muito maior de visitantes para este produto turístico. Existe ainda outro grupo

de visitantes que procura este tipo de turismo que se caracteriza por uma geração mais

idosa que procura reviver os tempos de trabalho voltando a contactar, muitas, vezes com

uma realidade que já viveu antes.

Analisando o quadro do anexo (2) que representa a procura do turismo industrial

das principais fábricas ao nível mundial verifica-se que apesar dessas empresas estarem

vocacionadas para a produção, conseguem atrair um grande número de visitantes.

Verifica-se então, que a coca-cola e a Hershey (empresa de Chocolate dos EUA)

possuíam um número de visitas de 2 milhões de visitantes por ano. De seguida situava-

se a Kelogg’s com um número de visitantes de 1 milhão por ano. Ou seja, as empresas

com um maior número de visitas eram da área da indústria alimentar.

Visitas de Indústrias com atractividade Turística

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O gráfico acima representa o número de visitantes em algumas empresas

industriais em 2008, como se pode verificar, ao contrário do que acontecia antes, a

Hershey (empresa de chocolate) e a empresa alemã Autastadt receberam cerca de

400.000 visitantes neste período sendo as mais visitadas. Em New South Wales

(Austrália) mais de 10% das visitas dos turistas foram atracções do turismo industrial.

Na Bélgica havia apenas cerca de 200 mil visitantes às empresas em 1992, tendo este

número aumentado para mais de 800 mil, em 2005. Stoke-on-trent (cidade de cerâmica)

tem mais 3.6 milhões de visitas por ano, com 5.000 empregos directamente relacionados

com o turismo (2009). Com isto, revela-se um crescente interesse no sector da industrial

da manufactura e outras indústrias de comercialização que transformam matérias brutas

para voltar a comercializar.

Conseguimos ainda, verificar que a procura deste tipo de turismo é sazonal,

sendo procurada em certos períodos do ano por profissionais e noutro período do ano

pelos seus outros grupos-alvo. Os grupos-alvo do Turismo industrial são, então os

seguintes tipos de turistas:

Turistas de lazer;

Estudantes;

Profissionais;

Jornalistas e Investigadores.

Por fim é de salientar, que a WTO ainda não possui informação sobre o turismo

industrial sendo muito difícil de conseguir estatísticas da procura deste produto turístico

sendo necessário procurar em fontes nacionais ou locais dependendo da informação

disponibilizada.

5 Caso de Estudo (Museu do Seixal, Museu do Papel e Museu de

Portimão – conserva)

No caso de estudo iremos analisar três museus distintos, o Ecomuseu do Seixal,

o Museu da Antiga Fábrica de Conserva de Portimão e o Museu do Papel. Para a

escolha dos museus a analisar tivemos em conta a sua localização geográfica

escolhendo um museu mais a norte de Portugal um museu mais no centro de Portugal,

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perto de Lisboa e um museu no Sul de Portugal, na zona do Algarve. Pensamos ser

relevante, esta forma de distinção, uma vez que existe, ao nível geral do turismo, uma

discrepância da actividade turística do Norte de Portugal para o Sul de Portugal. Assim,

através de uma tabela comparativa entre as várias informações sobre os 3 museus

faremos uma comparação entre os mesmos.

Museu do Papel Ecomuseu do Seixal

Museu de

Portimão

Localização Santa Maria da

Feira - Aveiro

Seixal - Lisboa Portimão - Algarve

Área da

Indústria que

retrata

Indústria

Transformadora do

Papel

Indústria da Cerâmica Indústria Alimentar

Horário de

Abertura

Horário de abertura

ao público

3ª a 6ª feira

09.30h às

12.00h

14.30h às

17.00h

Sábado e domingo

14.30h às

17.00h

Visitas guiadas

todas as visitas ao museu são

guiadas

3ª a 6ª feira

10.00h e 11.00h

15.00h e 16.00h

Sábado e domingo

15.00h e 16.00h

Encerrado

2ª feira

feriados

3ª feira de

Hórario

Verão:

De 3.ª feira a 6.ª feira:

Das 09h00 às 12h00 e

das 14h00 às 17h00.

Aos sábados e

domingos:

Das 14h00 às 18h30.

Inverno:

3.ª feira a 6.ª feira:

Das 09h00 às 12h00 e

das 14h00 às 17h00.

Aos sábados e

domingos:

Das 14h00 às 17h00

Horário

15 de Set. – 14 de

Julho

3ªfeira:

14:30h às 18:00h

4ªfeira a Domingo:

10:00h às 18:00h

15 de Julho – 14 de

Setembro:

19:30h às 23:00

Centro de doc. /

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Carnaval

sábado e

domingo de Páscoa

24, 26 e 31 de

Dezembro

Arquivo Histórico

Seg. a sex:

9:30h-12:30h

14:00h-17:30h

Parcerias Câmara Municipal

de Santa Maria da

Feira

Rede Portuguesa

dos Museus

Câmara Municipal do

Seixal

Rede Portuguesa dos

Museus

Filiação em

organizações de

museologia e

património

Internacionais

Integra a Rota da

Cerâmica

Outros

Câmara Municipal

de Portimão

Serviços

fornecidos aos

visitantes

Serviço Educativo

Exposições

(permanente e

temporárias)

Loja do Museu

Serviço Educativo

Exposições

Vários Núcleos do

Museu

Venda de Publicações

Visitas Guiadas

Exposições

Núcleo permanente

e interpretativo do

primeiro momento

do processo de

produção

Serviço educativo

Serviços

técnicos

Gestão de

Colecções

Serviço de

Documentação (Sala de

Leitura, Depósito e

Serviço de

documentação (sala

de consulta, leitura

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Serviço de

Documentação

Serviços Técnicos)

Acervo

Site de Internet

permitindo inscrições

geral e investigação,

espaço internet, sala

de registo e

tratamento,

gabinetes de

trabalhos e depósito)

Colaboradores

Técnicos

Equipa técnica com

formação específica em

informática e

documentação; técnicos

especializados para

acompanhamento

Actividades do

Serviço

Educativo

Oficinas de

Expressão Plástica

Visitas de Estudo

Visita de Grupo

Actividades em

dias

comemorativos

Projectos

Educativos

Ateliês Educativos

Conferências

Passeios (normalmente

de barco)

Visitas Temáticas

Exposições

(permanentes,

evolutivas e

temporárias)

Visitas de grupo

Projectos temáticos

Circuitos de

iniciação e

descoberta

Actividades

experimentais

Programa “Férias no

museu”

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5.1 Análise de competitividade dos três museus

Na análise desta tabela verifica-se que os três museus oferecem diversos serviços

aos visitantes. No entanto, parece-nos que o Museu do papel não tem os mesmos

argumentos que o Ecomuseu e o Museu de Portimão. Estes dois últimos oferecem

serviços que os tornam mais competitivos nomeadamente a venda de publicações, a

possibilidade de visitar diversos núcleos com diferentes temáticas (Ecomuseu) ou um

núcleo interpretativo do primeiro momento de produção (Portimão).

No que diz respeito a parcerias, o ecomuseu é o que coopera com o maior

número de organizações. Além disso, integra a rota da cerâmica o que representa uma

grande vantagem em termos de promoção pois estas rotas permitem chegar a mercados

que o museu por si só teria dificuldade de chegar.

Relativamente aos serviços técnicos, concluimos que mais uma vez o Ecomuseu

e o museu de Portimão ganham vantagem face aos serviços oferecidos pelo Museu do

Papel.

Outro serviço bastante importante neste tipo de museu é o serviço educativo e

neste aspecto todos os museus aqui apresentados oferecem uma diversidade de bons

atractivos e iniciativas sendo difícil apontar o melhor.

Em relação ao horário é de realçar a estratégia do Museu de Portimão que

durante o Verão apenas abre de tarde e encerra às 23:00h. Pensamos que isso se deve ao

facto de haver pouca afluência de público no horário da manhã dado que as pessoas

preferem ir para a praia. Parece-nos uma boa estratégia por parte da administração do

museu.

Para concluir, consideramos o Ecomuseu aquele que apresenta o conjunto de

elementos mais atractivos dado que é aquele que nos parece melhor organizado e o que

oferece mais núcleos para visita. Os seus serviços também nos parecem de qualidade e o

facto de pertencer à rota da cerâmica é considerado por nós uma grande vantagem face

aos restantes museus estudados.

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6 Conclusão

Tal como foi referido na introdução deste trabalho, Portugal apresenta uma

grande dependência de um número reduzido de mercados. Além disso, os turistas estão

cada vez mais exigentes devido aos maiores níveis de escolaridade, maior acesso à

informação e ao elevado número de viagens já realizadas, verificando-se cada vez mais

o afastamento da procura em relação ao produto Sol e Praia e por outro lado o aumento

da procura por produtos turísticos diferentes. Nesse sentido, uma das apostas possíveis é

o aproveitamento turístico do património industrial permitindo assim reconverter velhas

instalações em degradação em pontos de visita rentáveis. Portanto, são exemplos como

o do Ecomuseu do Seixal, Museu de Portimão e o Museu do Papel que contribuem para

a diversificação da nossa oferta turística e assim aumentar a atractividade e

competitividade do país. Conclui-se também que apesar de haver por vezes choque de

interesses por parte dos stakeholders que este tipo de turismo traz benefícios para as

populações residentes pois além da reabilitação dos espaços existe uma valorização na

identidade cultural, ou seja, aumenta o orgulho de pertencer àquela região.

Em relação ao caso de estudo concluímos que o Ecomuseu do Seixal oferece o

melhor conjunto de serviços aos visitantes sendo assim aquele que é mais competitivo

apesar de os outros museus também apresentarem bons argumentos para atrair

visitantes.

Para terminar gostávamos só de referir que apesar de termos contactado os

vários museus para conhecermos um pouco mais da sua oferta, não obtivemos qualquer

resposta constituindo assim uma limitação deste trabalho.

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7 Bibliografia e Cibergrafia

Ecomuseu do Seixal: 20/05/2010; 10:00h; http://www2.cm-

seixal.pt/pls/decomuseu/ecom_hpage

Museu do Papel: 20/05/2010; 16:00h; http://www.museudopapel.org/

Museu de Portimão: 20/05/2010; 16:25h; http://www.cm-

portimao.pt/portal_autarquico/portimao/v_pt-

PT/menu_municipe/servicos_municipais/museu_municipal/

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APPI: Associação Portuguesa para o Património Industrial: 13/05/2010 às

19:24h; http://www.museudaindustriatextil.org/appi/apresentacao.php

TICCIH (The international Comitee for the conservation of the Industrial

Heritage: 22/05/2010 às 10:35h; http://www.mnactec.cat/ticcih/

ERIH (European Route of Industrial Heritage): 22/05/2010 às 11:02h;

http://www.erih.net/index.php

APAI – Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial: 22/05/2010 às

10:45h; http://apai.cp.pt/p_index.html

Page 19: Trabalho MPT finalissimo

Universidade de Aveiro – DEGEI 2009/2010

Turismo Industrial Página 18

Anexos

Anexo 1

Proportion of respondents who have visited an attraction in the previous twelve

months giving reasons for visiting (Prentice et al. 1997)

Fonte: Matos Barreira (2009)

Anexo 2

Examples of successful ‘industry’ visitor attractions

Page 20: Trabalho MPT finalissimo

Universidade de Aveiro – DEGEI 2009/2010

Turismo Industrial Página 19

Fonte: Alan Fyall e al. (2003)

Anexo 3

Country City Site Theme

P Alcobaca

National Museum of Wine

P Alcoutim

Parque Mineiro da Cova dos Mouros

P Barcarena

Gunpowder Museum

P Campo Maior

Nova Delta Coffee Museum

P Covilhã

Museum of Woollen Textiles

P Figueira de la Foz

Figueira de la Foz salt museum

P Funchal

Madeira Wine Institute

P Funchal

Museum of Sugar

P Funchal

Museum of Electricity

P Fundao

Tungsten Mines

P Lisbon

Museum of Water

P Lisbon

Carris tramway museum

P Moura

Lagar de Varas do Fojo | Municipal Museum

P Portimão

Portimao Municipal Museum

P Porto

Solar Vinho do Porto

P Porto

Electric Tramway Museum

P Porto

Dona Maria Pia Bridge

P Seia

Museum of Bread

P Seixal

Tide Mill

P Seixal

Maritime Museum

P Silves

Cork Museum