Trabalho Metafísica!

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Título "O que se tranca na permanência, já está petrificado; Será que se imagina seguro no abrigo de uma decrepitude invisível? Espera: a maior dureza, á distância, adverte á dureza. Ai-: o martelo ausente se prepara! " (Rainer Maria Rilke, 12 Soneto á Orfeu) Filosofar é exercício de espírito Neste trabalho pretendemos esboçar um breve panorama dos problemas e arraigamentos que a metafísica, ou melhor, a filosofia deixa aos grandes pensadores como tentativas de definir a razão, o homem, o mundo e que intrínsecamente arrasta uma lógica que veremos como a lógica do niilismo, segundo o olhar de Nietzsche e Heidegger posteriormente. De tendência a implodir toda fuga metafísica que ocuparam outrora os Deuses, o homem, e a razão e levar ao pensamento fundamental á uma saída pelas coisas mesmas, ou seja, pela ontologia fenomenologica heideggeriana, com seu caráter analítico existencial, que pensa o esquecimento da questão fundamental: a do ser.(+sartre?) Não sem antes analisarmos os períodos turbulentos que o niilismo como <hóspede mais inquietante> quebrava pratos e batia janelas dentro de casa -do mundo da vida- e arrastava a metafísica em reações que possibilitaram uma vez mais o caminho de sua consumação na lógica do niilismo, sentido pelos espíritos mais sensíveis a negatividade da cristalização da vida na razão. A metafísica, enfim, é essa pneuma que destina a história ocidental, deixando uma última possibilidade para o pensamento. É necessário comentar o cenário que tiveram inicio as indagações filosóficas modernas, voltando a antiga Grécia de Platão posteriormente quando esse pensamento é melhor compreendido como central em toda filosofia. Esse cenário se deu numa Europa recém habilitada do fim do feudalismo com o renascimento comercial

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Do romantismo á Nietzsche

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Ttulo"O que se tranca na permanncia, j est petrificado;Ser que se imagina seguro no abrigo de uma decrepitude invisvel?Espera: a maior dureza, distncia, adverte dureza.Ai-: o martelo ausente se prepara!"(Rainer Maria Rilke, 12 Soneto Orfeu)

Filosofar exerccio de esprito

Neste trabalho pretendemos esboar um breve panorama dos problemas e arraigamentos que a metafsica, ou melhor, a filosofia deixa aos grandes pensadores como tentativas de definir a razo, o homem, o mundo e que intrnsecamente arrasta uma lgica que veremos como a lgica do niilismo, segundo o olhar de Nietzsche e Heidegger posteriormente. De tendncia a implodir toda fuga metafsica que ocuparam outrora os Deuses, o homem, e a razo e levar ao pensamento fundamental uma sada pelas coisas mesmas, ou seja, pela ontologia fenomenologica heideggeriana, com seu carter analtico existencial, que pensa o esquecimento da questo fundamental: a do ser.(+sartre?) No sem antes analisarmos os perodos turbulentos que o niilismo como quebrava pratos e batia janelas dentro de casa -do mundo da vida- e arrastava a metafsica em reaes que possibilitaram uma vez mais o caminho de sua consumao na lgica do niilismo, sentido pelos espritos mais sensveis a negatividade da cristalizao da vida na razo. A metafsica, enfim, essa pneuma que destina a histria ocidental, deixando uma ltima possibilidade para o pensamento.

necessrio comentar o cenrio que tiveram inicio as indagaes filosficas modernas, voltando a antiga Grcia de Plato posteriormente quando esse pensamento melhor compreendido como central em toda filosofia. Esse cenrio se deu numa Europa recm habilitada do fim do feudalismo com o renascimento comercial pelas cruzadas. Logo aps, com a chegada de manuscritos da Grcia antiga para a Europa deu-se incio a revoluo copernicana, que matematicamente viu uma impossibilidade de a terra se comportar de forma mobilstica como queria Aristteles e Ptolomeu. A aceitao desse sistema heliocntrico que rompia com a cosmologia antiga de forma radical s teve possibilidade pela situao Europeia de alargamento de seu campo de conhecimento com as grandes navegaes e recentes e fervilhantes descobertas como a esfericidade da terra. Porm o mais importante para a nossa exposio que essa deu incio a um ideal metafsico fundado na concepo naturalista e racionalista do mundo, afastando um pouco os problemas teolgicos e agarrando-se na razo matemtica como nica forma de saber do homem moderno. Esse sistema instaurou a dvida do mundo e de si mesmo em Descartes que estabeleceu o racionalismo que marcaria de forma determinante os problemas que a filosofia t teria de enfrentar. O homem j no pode se sentir em casa como na idade medieval, assim, com grande sensibilidade precursiona Pascal < submerso na infinita imensidade dos espaos que ignoro e que me ignoram, me espanto> (retirado de el nihilismo franco volpi traduo nossa). na modernidade que se sente mais fortemente a presena do hspede maldito, que se agarra suas questes com a incerteza do para qu? para onde? Na dificuldade de prosseguir caminho fora da experincia do mundo dogmtico, com a razo e a lgica formal matemtica de concepo de certezas esvaziadas penetra o niilismo como (como afirma pecoraro na tese).. Essa concepo de niilismo se transformar ao longo da consumao filosfica juntamente com uma melhor compreenso do legado de Plato pra a filosofia e a afirmao da morte de Deus que trataremos posteriormente.Se chega ao iluminismo e invariavelmente Kant. O racionalismo de Descartes e os progeressos da razo cientfica so fundamentais para Kant que afirma que o iluminismo a capacidade do homem de sair da sua minoridade, perodo de incapacidade de se servir de seu entendimento. Kant foi o primeiro passo de levar a razo e seus limites a obscura e Luterana Alemanha, relativamente afastada das modernas descobertas do mundo latino. Para o homem atingir sua maioridade e liberdade tudo deve passar pela crtica racional. (Bornheim, Gerd. Aspectos do romantismo)A filosofia afastada do dogma cristo se submete ento razo, a nova figura metafsica na orientao platnica da verdade do mundo, que acaba por fundamentar as cincias, abstrao emprica da natureza como funo. Ou seja, tambm a fundamentao da metafsica moderna no racionalismo, com a dvida e o posterior advento do sujeito transcendental vazio porm como assegurao de um entendimento puramente formal deixa uma nulidade enorme no homem da razo e no prprio mundo da vida que se expressa visivelmente na incapacidade de Kant de aproximar suas trs crticas, ou seja, entre cincia, moral, arte e religio tem-se um abismo em cada fragmento. Abismo esse que ser turbulentamente habitado ao longo da metafsica pelos sintomas do niilismo. A razo essa sombra que nubla Deus, homem e mundo e que aos poucos vai implodindo e reinvindicando sadas. Apesar de ainda vivermos sua figura impositiva e insustentvel em sculo XXI, a filosofia sempre diagnosticou com mais ou por vezes menos clareza os problemas e efeitos dessas ontologias dominantes para o mundo ao longo da histria do ocidente que veremos posteriormente o momento em que se chega uma clareza extraordinria acerca da metafsica ocidental com o pensamento de Martin Heidegger.Da revoluo efetuada por Kant, surgem os primeiros mpetos tanto do avano do iluminismo quanto da inquietante rebelio do homem espiritual. O gnio do pr-romantismo alemo que teria ecos, interpretao da autora, em toda filosofia que prev a negatividade do homem (a rebelio) contra a impessoalidade determinstica e formal da razo do homem fsico/matemtico. Um detrimento do homem como indivduo espiritualizado (muitas vezes por uma atitude religiosa ou esttica) e do mundo da vida, essa fora dionisaca sem forma como diria Nietzsche posteriormente e o dasein do estar-no-mundo, (sartre ideia fundamental) como mostra depois Heidegger.Nem bem Kant havia entrado em tmulo j tem incio a reao contra a firmeza da razo. Movimento que reinvindicava o lanar-se do homem ao monstruoso, (safranski) afirmava Herder em opoiso terra firme que o racionalismo e o idealismo transcendental colocavam como luz. Luz essa que nada tinha a ver com a impetuosidade da vida Se o iluminismo luz em toda sua opacidade abrigando o deserto(como dir Nietzsche), o homem do sturm und drang noite dos abismos do niilismo, lanar-se ao mar na tentiva de fugir do deserto que avana.A linguagem deste homem, deste novo homem, o gnio do romantismo, deveria ser aquela que se aproxima maximamente dos sentimentos, do lirismo, da exaltao da vida e do mistrio da coisa-em-si, a potica. Esse primeiro movimento iniciado por Herder provocou uma curiosa reao pela parte de Kant. Na tentativa de compreender Herder escreve um amigo para que este (safranski) Herder, porm, como afirma Safranski, considerava a Critica da razo pura e justamente o sturm und drang surgia como reao para celebrar o dionisaco da vida forte, esse caos demonaco (antecipando Nietzsche), o salto no abismo da coisa- em- si.Kant (no fim da vida), os romanticos e depois os idealistas absolutos tem em comum o fato de que chegaram a ver o advento da revoluo francesa. A revoluo Francesa se deu atravs dos ideias de emancipao do homem pela razo e a busca de sua liberdade, progresso e igualdade frente s antigas monarquias europeias. Foi um perodo derivado do progresso cientfico que agora se dava como direito do homem ao progresso social. Triunfo da filosofia prtica. De fato a revoluo se deu na Frana, o que vai inspirar de forma dbia a Alemanha, nostalgica ainda de absoluto e teleolgica com a dialtica Hegeliana. Porm as coisas tendem a mudar ao longo da revoluo mesmo no idealismo. Para se introduzir o tema do idealismo necessrio mencionar brevemente aqui Fichte que levou o sujeito (formal) transcendental de kant um Eu capaz de conhecer o absoluto. Um Eu que se pe a si mesmo. Esse Eu supraindividual (bornheim) aquilo que o homem traz em si de divino, que no conhece determinao. Tornar Deus e o mundo de Deus (coisa-em-si) como objeto da razo, de um Eu que se pretende absoluto e mesmo alcanar o absoluto puro niilismo como afirmar Jacobi em polmica com Fichte. O idealismo acabaria por reduzir, Deus, Homem Razo ao absoluto, ao nada. De fato a a metafsica j revela uma maior vontade de aniquilao, de se consumar. O romantismo ainda experimentaria os efeitos mais adversos da razo humanista no desenrolar da revoluo e do terror francs, onde a razo niveladora, no sentido de colocar no mesmo nvel, mesmo valor, ou seja, desvalorar mostrar material e espiritualmente no curso das reverberaes metafsicas seu potencial destrutivo.Na revoluo francesa sob o instrumento da mobilizao das massas a mesmas sobem para primeiro plano sob a figura do bem geral. Aqui vai se gerar uma nova imagem de homem, pela transferncia de questes metafsicas questes polticas como liberdade e igualdade sob uma . A poltica se torna a ordem, o funcionalismo? do dia debaixo do nome do progresso e do bem da maioria, termos que (safranski safranski pg 36). Como escreve Goethe (safranski)Aqui o pr-romantismo, de Goethe, por exemplo, sente magistralmente o mal que se aloja na nova era das massas. As massas manipulveis e confundveis. O afundamento da razo no xtase dos doutrinrios das massas e agitadores. Goethe julgava que a revoluo como uma politizao geral favorece o ser enganado e o engano de si prprio. A nova tirania, a das massas, haver de nivelar tudo aquilo que distinto.O materialismo da revoluo francesa aliado politizao de temas metafsicos, agora agrilhoados razo funcional e, portanto, dominadora aos poucos vai estabelecendo seus prprios fins. Esse estabelecer fins materiais e dominadores o libertar-se da tutela, e somente da tutela, da lei moral divina e sucumbir outra, a lei e a tutela dos homens. Nesse sentido Marqus de Sade mostrou radicalmente os efeitos de uma reverso moral de ordem burguesa. o estabelecer sinttico de tudo que natural e vinculado a natureza e em seguida reverter ao juzo do homem, de seu entendimento e tambm em virtude de sua lascvia material. O crime a imitao da natureza pelo homem, de forma sinttica. O dio e a destituio da mais recente mitologia, a saber o cristianismo, dirigida ao sacrilgio. Esse sacrilgio no se dirige necessariamente ao detrimento de um Deus, j que sua figura vai sendo enterrada sob este mesmo humanismo, mas sua maior fria liberada de homem para homem. Nada mais que a moral crist, e tambm, qualquer imperativo categrico seja desvalorado j que (adorno dialetica do esclarecimento). visvel que todos os desdobramentos do iluminismo levam a lgica do niilismo, aqui se entende a termos nietzscheanos como desvalorizao de todos os valores supremos, mais adiante. curioso aqui mencionar de passagem como a obra 120 dias de sodoma de Marqus de Sade foi concebida em pocas da revoluo francesa e foi, posteriormente, adaptada para o cinema em 1975 por Paolo Pasolini, dessa vez em uma segunda experincia extrema do niilismo, a saber, o fascismo. Do terror francs e estabelecimento da burguesia no poder, aos regimes ditatoriais reflexos da razo tambm politizada, , manipulvel, massiva, do abandono desesperado (de deus),a tranformao do homem em homem funcional e, principalmente, homem como ser material e fruto da misria espiritual, o cenrio pouco muda, apenas se agrava. Nisso o romantismo ainda tem a palavra negativa pois detm a experincia espiritual e esttica, herdada do sturm und drang de Goethe.(safranski). O desenvolvimento das ideias romnticas acaba por introduzir uma possvel nostalgia pelo absoluto, pela intuio artstica que assume papel central no iderio romntico, e pela colorao religiosa que esses aspectos vo acabar por adquirir e resgatar, por exemplo, com a converso (retrgrada) ao cristianismo por parte de Schlegel, o tom que Nietzsche tanto vai criticar como derrotismo e passividade posteriormente. O fato que toda negatividade do movimento romntico alemo um meio termo para acabar na positividade do conceito absoluto Hegeliano, e posterior irrupo de Nietzsche na consumao da metafsica.Hegel, legou uma obra de inestimvel grandeza para a filosofia, porm no trataremos aqui de uma analise crtica mais aguada em termos de que papel desempenha, de modo que no seja esvaziada, a filosofia de Hegel no na histria da metafsica, e portanto, da ontologia da modernidade. Somente nos deteremos em apontar que a filosofia de Hegel se faz a partir de . De modo que o ser da metafsica se d (heidegger heidegger constituio ontoteo da metafisica). A metafsica da subjetividade, como enuncia Heidegger, adquire aqui o carter de fundamento do ser que se pensa a si mesmo como ente. Hegel, atravs de seu mtodo dialtico, concebe um pensamento que sobreeleva e unifica todo o carter do ente como sujeito do conhecimento e da coisa como objeto do conhecimento. A se desdobram todos os momentos da coisa-em-si ontolgica como substancialidade na absoluta subjetividade do sujeito-(subjectum). A consumao da metafsica da subjetividade se faz na unidade entre sujeito e objeto como o absoluto do pensamento da subjetividade. As sadas dessa poderosa metafsica do esprito aboluto historicistas vo ser feitas por meio de Nietzsche e Kierkegaard. Nietzsche, sob esse pretexto e entre outras crticas afirma que o historicismo, possivelmente se referindo hegel, paralisa o homem e o impede de agir.Posteriormente, Heidegger vai reinvindicar o passo de volta da metafsica Hegeliana, sob pretexto de pensar o impensado, o que foi esquecido e se oculta na histria da metafsica.

A modos das transformaes ocorridas na Europa no sculo XIX com a industrializao e a crescente consolidao da burguesia no poder, reflexos ainda da revoluo de 1889, sob pretexto de um sujeito histrico de direito ao poder e da crena na revoluo, o mtodo hegeliano transposto para o mbito social-econmico-poltico- da filosofia sob pretexto de uma transformao do mundo na teoria marxiana. Neste ponto, a saber, Hegel e Marx, em que a metafsica, sob a tica heideggeriana se consuma, e tem a tentativa de extravio mais violenta dessa corrente paradigmtica em Nietzsche, j no possvel fazermos uma anlise minimamente coerente e explicativa do ponto de vista da reverberao da histria da metafsica sob o pulsar do niilismo se no adentrarmos imediatamente no prprio Nietzsche. Nietzsche de Heidegger e Nietzsche por ele mesmo. Para podermos a partir do filsofo do martelo. Recorrendo a nalises do pensamento do autor em questo na medida em que as questes forem sendo desenvolvidas, at chegarmos uma sada, deste ponto de inflexo como dir Habermas, pela filosofia do prprio Heidegger. Deus est morto. Essa sentena de Nietzsche no expressa um mero atesmo como alguns preferem no compreender. Nem mesmo se trata de outra a apario no indita dessa afirmao na histria do pensamento. Essa sentena mais propriamente atribuda a Nietzsche porque um conceito chave de sua filosofia. Seu pensamento inteiro vai expressar o significado desse acontecimento que o homem mesmo engendrou na historialidade da metafsica. (hebeche) no s como queria Hegel, mas de todo mundo suprasensvel de Plato, o elemento como verdade ideal e objetiva que dava uma explicao do homem e do mundo. Morte de Deus aqui a maior tentativa de enterrar a metafisca platnica ainda presente em todo mundo moderno.O platonismo a perpassa em diferentes desdobramentos de , ao ver de Heidegger, na medida em que determina o ser do ente em sua totalidade numa determinada poca.Com a progressiva descrena na teologia e o Deus cristo (herana platnica) como uma verdade ontolgica imperante sobre o homem, definindo sua orientao objetiva no mundo, justificando seus sofrimentos, aparncias, queda, e imperfeies atravs de uma exerccio dessa verdade divina em sentido ideal, o homem lanado fora desse imaginrio e procura fundamentar novamente suas crenas. Acontece que a morte de Deus, apesar da metafsica adentrar no racionalismo a partir de Descartes, s pode ocorrer efetivamente quando Nietzsche, finalmente, em sua filosofia anuncia e trata to somente do destino desses 2000 anos de histria.Deus o mbito das ideias e dos ideias, como afirma Heidegger. O racionalismo e toda filosofia que se seguiu da desvalorizao do Deus cristo s vem a retorcer e reorientar esse platonismo para o mbito do subjectum. Metafsica da subjetividade, na tentativa de expor como compreende Heidegger ao usar esse termo, podemos falar no sentido de que o mundo representao (cogito) do ego cartesiano como seu objeto, esse objeto formal que se desgasta tanta vezes mais para tentar ter acesso ao mundo. Pois a subjetividade uma ideia que condiciona o dispor e impor tudo a si mesmo e diante de si mesmo. A objetivao do mundo e hipostasiao do ego como aquele que , pois conhece ter uma ideia de mundo (objeto) e uma ideia de si mesmo (sujeito) e portanto, Platonismo. A matemtica de Copernico ajuda a transferir a verdade para certitude, em lugar de revelao (crist), ou seja, a verdade deve se tornar certeza atravs do pensamento calculativo como valor. Certeza de que? De que o representar do homem corresponde ao objeto fsico do mundo (pura abstrao). Dessa forma avana o deserto, para usar uma expresso de Nietzsche. A nadidade que assume e que carrega toda existncia esquecida a partir do pensamento objetificador condenatria. Condenatrio porque fora da objetividade se situa o nada condicionante da existncia e da liberdade do homem (noo que pretendemos desenvolver em heidegger e Sartre?) O supra sensvel de Plato s toma outra forma, a saber, a autoridade da razo fsico\matemtica, dualidade entre mundo sensvel e razo cognoscente.Essa ciso problema sujeito-objeto desde Plato, agora razo cognoscvel (o que posso conhecer?) mundo sensvel, tpica do racionalismo, mostra um abismo entre o homem e o mundo (ser-no-mundo) que a cincia no pode transpor. Portanto tambm no pode saber nada efetivamente dessa condio. Acontece que toda metafsica construda por cima desse ab-grund, Abismo, fundamento sem fundo em que se situava o lugar do uno primordial da antiguidade, onde h somente o caos (onde h nada) e o princpio de individuao e nenhuma categoria da razo pode atuar. Na antiguidade os deuses agiam atravs do homem no mundo, sua crena no visava uma fuga metafsica e sim uma exaltao da vida e dos Deuses antropomorfos.No um mero contraponto irracionalista, pois onde a razo no pode atingir com sua pretena de conhecimento tambm no h irracionalismo. A impera o vigor dionisaco. Com Scrates e a degenerao do mundo antigo, como acredita Nietzsche, a relegada um ambito ideal onde somente o sbio e o virtuoso teriam acesso. Posteriormente, com a maior conscincia dessa queda, a queda das possibilidades existenciais do homem a partir da objetificao do mundo e da mitologia, o carter espiritual se torna marcante com o o cristianismo e sua perspectiva de salvao. Carter que impregna toda metafsica posterior, a racionalista inclusive como estamos tentando mostrar, e que Nietzsche, com recurso a mostrar essa unidade existencial pag, ir tentar extirpar. Entermentes, entre o Deus (platnico) e a racionalidade (mbito que adquire carter funcional, tcnico e cientfico) h que nem por isso deixa de apresentar carter platnico e fortemente marcado pela . (heidegger platao)Essa sombra do homem, que j no unifica, mas divide desde Scrates, como quer Nietzsche, a origem do niilismo, da desvalorao dos valores supremos No esclarecimento h o radical afastamento da concepo mitolgica de mundo. < A que remete a enorme necessidade histrica da insatisfeita cultura moderna, a concetrao em torno de si de inmeras outras culturas, o devorador querer conhecer, se no perda do mito, perda da ptria mtica?>(Nietzsche nascimento da tragedia) De modo que Nietzsche, assim sendo, evidencia o outro da razo, como expressa Habermas. A prpria racionalidade no pode conceber um rompimento consigo mesma por sua noo de tempo linear matemtico, o tempo como diviso em partes progressivas, ou seja, no h retorno, no h como haver um instante de ruptura dentro dessa concepo. O chamado ponto de inflexo a constatao insustentvel do niilismo que carrega a racionalidade, a constatao desse deserto em que o homem se situa. (holderlin) como o romantismo alemo j havia apontado para o tempo messinico, extase da poesia, a fora de vida demonaca que carrega o homem, a necessidade de uma nova mitologia.A diferena que em Nietzsche no h a passividade da nostalgia, no h doena, no h fraqueza, o que h o niilismo ativo como tarefa da filosofia. Spleen sente o poeta com sua fora demonaca, nesse tempo em que se deve estruturar o ubermach.O terror (de schopenhauer) e o extase, o sagrado, o primordial e o demonaco de Goethe, se encontram onde a razo no pode alcanar. Dessa forma, Nietzsche no faz um mero contrapor de foras como fez o romantismo, ele, , Nietzsche (habermas habermas ). Em Nietzsche a filosofia sai de uma perspectiva cientfica, e historicista para dar as cartas novamente como aquela capaz de transvalorar todos os valores, capaz de atravessar o deserto.Agora necessrio expor os aspectos em que Nietzsche (aqui contaremos com auxlio de uma leitura um tanto heideggeriana) implode ainda mais os fundamentos da razo, ressoante da idealidade platnica, e leva a filosofia um novo horizonte.Nietzsche se afirma (vp)mas, que quer dizer isto? O filsofo utiliza este termo para mostrar esse ponto onde tudo desmorona. Com a derrocada do cristianismo, a mais poderosa moral e interpretao de mundo, j no h mais sentido em haver interpretaes de mundo fincadas nessa moral. A filosofia, para o autor, esteve toda parte voltada para valores e juzos morais do mundo cristo, desde Plato, esse refugiar-se no alm, o erro da vida.Toda cincia, como viemos tentando mostrar esta fundada sobre valores morais provenientes do mundo ideal. A ideia de progresso, de domnio, bem comum, verdade, princpios. Em suma a ideia de que < o amanh ser melhor que hoje>(hebeche). A moral cristo, como diz Nietzsche, atribui sentidos e valores ao homem que permitem que o homem e procurasse desesperadamente Tudo que se pretende mais importante que o devir, toda atribuio de sentido e valor, todo verdade que se julga permanente, volta a se mostra sem sentido. A certeza do entendimento cientfico e tambm histrico encarna fins e valoraes ao mesmo modo da verdade e da medida crist. A lei encarna o tom de mandamento, o valor social o da moral, tudo isso niilismo no consumado. O entendimento se volta contra moral mas finca seus fundamentos na sob o mesmo cho . Quando a origem desses valores se torna clara, tudo sucumbe sem sentido, e as metafsicas e conhecimentos que no querem sucumbir devem ser arrebentados. Quando se estabelecem valores, medidas, fins, determinismos para o homem e o mundo, desertifica-se a prpria vida, ento tudo mostra o seu mostra seu niilismo, o niilista consumado aquele que tem plena conscincia dessa situao e nisso consiste a ambiguidade do termo.O niilista, primeiro, procura o sentido e v que no h. Onde no h sentido h nada, conceito importante para a fenomenologia posterior. No h . Desperdcio de fora ento, em vo, errncia. O niilismo tambm manifesta-se quando o homem procura ser parte de um todo, quando ele estabelece valores e universais maiores que si, estabelece um fim para poder acreditar em si. Acredita no bem comum, depende do todo, tem instinto de rebanho, como diz o autor, cr na felicidade, no prazer como fim a ser atingido. Toda forma de felicidade em Nietzsche excomungada para o plano da idealidade.Novamente, quando o dardo do conhecimento se volta sobre si mesmo com Nietzsche, na profunda honestidade, v que sobre o devir no h nada, todo valor e universal forma vazia, gastanto a vida, tentando estabelecer uma unidade perdida desde a antiguidade. Todo sacrifcio do homem moderno em vo. Se vive para categorias que adornam a ficcionalidade do mundo, pois essas categorias, equando fundamento, enquanto idealidade, so vazias. (vp). Trata-se da perspectiva de funcionalidade do homem de por tudo domnio e a seu crtrio. Antropormorfismo.Aqui j se mostra como toda metafsica anterior a Nietzsche cai por terra sob seu pensamento. Nem mesmo as correntes historicistas mais fortes como o idealismo absoluto de Hegel, profundamente arraigado na moral cristo com o absoluto do esprito, o fim da histria. Conceitos retirados da de uma fora sobre-humana e da salvao. E, mais ainda, o socialismo, o de Marx, esse retraimento da filosofia e pulo para a economia politica e estrutura da sociedade, por mais complexos que sejam buscam seus conceitos na moral crist. O direito do povo, a redeno do sofrimento no bem comum, o progresso da histria. O compromisso profundamente moral com o marxismo tomar valores como o sofrimento e a compaixo. Todos esses valores so para Nietzsche debilidade do homem. O pensamento cientfico aquele que mais atribui valores ao homem. Necessita fundamentar-se, seu fundo a funcionalidade, toda verdade testada verdade para domnio universal e progresso, lei para funcionamento, provar atravs da aplicao da matemtica abstrata que aquilo que existe enquanto fenmeno aparncia por trs da lei-toda-poderosa da fsica a critrio do homem. por diante de si enquanto objeto, fim e ordem. Isso, para Nietzsche negao, condenao da prpria vida a mera aparncia. No devir no necessrio princpios nem fins determinados. O niilismo apra nietzsche tambm sinal de poder do esprito, vigor, que faz tombar todo valor. Ora fazer tombar todo valor aguentar o peso dos pesos . Mas tambm pode ser passividade, decadncia e negao da vida .O niilismo no consumado, aquele que espalha o deserto, desvia sua fora para causas que no a de si mesmo. Por isso nega existncia, nega liberdade, preceitos que tambm a fenomenologia vai incorporar para ultrapassar o niilismo de Nietzsche. Portanto para o autor, o niilismo ativo vontade forte, vontade de poder.Para Nietzsche, o rebanho, a saber, a massa< infla suas necessidades> at elev-las valores metafsicos e assim tiraniza o homem forte, as excees. s tentativas e manifestaes contra essas necessidades, necessidades de fundamento, de progresso, de valor, tentativas como a esttica romntica que, em sua maioria, repudiava o iluminismo e a massificao, foram fracassadas. Nietzsche o demonstra no fragmento 370 de A gaia cincia:

parafrasear o resto. vontade de poder, et ret.