Trabalho, lar e botequim
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
ReitorJOSÉ TADEU JORGE
Coordenador Geral da UniversidadeFERNANDO FERREIRA COSTA
Conselho EditorialPresidente
PAULO FRANCHETTI
ALCIR PÉCORA – ARLEY RAMOS MORENO
JOSÉ A. R . GONTIJO – JOSÉ ROBERTO ZAN
LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI – MARCELO KNOBEL
SEDI HIRANO – WILSON CANO
Sidney Chalhoub
TRABALHO, LAR E BOTEQUIMO cotidiano dos trabalhadores no
Rio de Janeiro da belle époque
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Índices para catálogo sistemático:
1. Trabalhadores – Rio de Janeiro (RJ) – Condições sociais 301.240981532. Rio de Janeiro (RJ) – Usos e costumes 301.240981533. Lazer 790.0135
Copyright © by Sidney ChalhoubCopyright © 2001 by Editora da UNICAMP
1a edição, 1986 Editora Brasiliense2a reimpressão, 2008
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenadaem sistema eletrônico, fotocopiada, reproduzida por meios
mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor.
Chalhoub, Sidney.Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro dabelle époque / Sidney Chalhoub. – 2a ed. – Campinas, SP: Editora da UNICAMP,2001.
1. Trabalhadores – Rio de Janeiro (RJ) – Condições sociais. 2. Rio de Janeiro(RJ) – Usos e costumes. 3. Lazer. I. Título.
C35t
ISBN 85-268-0543-6 CDD 301.24098153
790.0135
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BI B L I O T E C A CE N T R A L D A UN I C A M P
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PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO
Prefaciar não é ofício leve — como raspar mandioca,exemplo de cousa tida por suave no Brasil oitocentista. Pre-faciar nova edição de livro próprio, passados 15 anos dapublicação original, é tarefa canhestra, quase improvável.Não sei como isso foi acontecer. Talvez eu queira finalmentedar resposta sorridente às várias pessoas que perguntam, ain-da hoje em dia, quando haverá nova edição de Trabalho, lare botequim. Cá está. Escrevo essas linhas e fico em paz.
O tempo e lugar de um livro explicam muito de seufeitio. A pesquisa e redação deste aqui ocorreram em meioa um turbilhão político contínuo: ressurgimento dos mo-vimentos sociais de massa no país, luta pela derrubada daditadura militar, anistia, redemocratização, eleições paragovernador, campanha para as Diretas-Já. Tempo que dei-xou saudade, não apenas pelo motivo próprio da juventu-de vivida e ida. Era um momento histórico raro, desses emque a crença no futuro vira experiência coletiva. À históriavivida pertencia também a empreitada de produzir conhe-cimento histórico. Surgiam novos programas de pós-gra-duação, os debates teóricos alargavam-se, possibilidades de
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pesquisa e exploração de fontes inéditas apareciam a cadadia. O que lembro deste livro e daquela época é de umestado de excitação política e intelectual constante, queparecia mais do que idiossincrasia individual.
Penso que o autor de Trabalho, lar e botequim formu-lava, ao lado de outros estudiosos do período, uma críticaà maneira como a sociologia e a historiografia sobre movi-mentos sociais em geral, e sobre movimento operário emparticular, “representavam” os trabalhadores e sua experiên-cia na história, isto é, havia a tendência de reduzir a histó-ria dos trabalhadores àquela dos movimentos políticosorganizados, julgados todos a partir de um modelo deter-minado de desenvolvimento da “consciência de classe”. Erauma visão evolucionista e teleológica, que além disso ex-cluía da história a maior parte dos trabalhadores — todosaqueles que nunca haviam participado de uma revolta, deuma greve, ou aderido a sociedades operárias.1
O interesse em ler e analisar processos criminais es-tava exatamente na expectativa de que tais documentosflagrassem trabalhadores — homens e mulheres — agindoe descrevendo os sentidos de suas relações cotidianas forado espaço do movimento operário, do lugar da fala políti-ca articulada. A hipótese era a de que os conflitos fora dosmomentos coletivos de resistência política ajudariam aexplicar as características e os limites desses movimentos.Por exemplo, a importância das rivalidades nacionais —especialmente entre brasileiros e portugueses — no Rio doinício do século XX esclareceriam, em parte, os problemasdo movimento operário carioca do período, e assim pordiante. Essa maneira de formular o problema parece-me umtanto mecânica ou simplista — quiçá seja eu agora quematribua simplismo ao jovem autor do livro —, mas o fato
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é que, à época, era “libertadora” em dois sentidos. Primei-ro, abria uma enorme possibilidade de buscar novas fontese problemas de pesquisa, pois tornava-se “legítimo” recu-perar a experiência dos trabalhadores em geral, e não ape-nas a daqueles mais articulados, dotados de uma determi-nada forma de “consciência de classe”. Segundo, na con-juntura do início dos anos 1980, “libertava” a atividadepolítica da política tradicional, contida em partidos, sin-dicatos etc. — isto é, ajudava a fundamentar historicamen-te a idéia de que havia uma pluralidade de sujeitos políti-cos na sociedade, lutando a seu modo para atingir objeti-vos que lhes eram caros e assim governar a própria vida.Nesse sentido, foi importante, em seguida, repensar a his-tória da escravidão, e mostrar que os sujeitos históricosmais estereotipados da história do país — pois escravos, pordefinição, eram heróis da resistência ou vítimas indefesasdo arbítrio senhorial — foram, na verdade, muito mais ati-vos, sutis e complexos do que muitos logravam imaginar.2
Há coisas que ainda aprecio neste velho livro. Talveznão apenas porque goste de lembrar o gosto de descobri-las e escrevê-las. Por exemplo, a forma de apresentar, logoao início, o modo de conceber e utilizar processos crimi-nais como testemunho histórico. Questão candente à épo-ca. Se as fontes para o estudo da experiência dos trabalha-dores já não podiam se reduzir a jornais operários e outrasque tais, onde buscar alternativas? Havia um contingentede pesquisadores céticos quanto à possibilidade de utili-zar processos penais para estudar temas outros que não aprópria criminalidade ou as representações jurídicas sobredeterminados assuntos. Tais fontes “mentem”, os depoi-mentos são manipulados, respondem a uma multiplicidadede interesses que os tornam praticamente inúteis para os
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historiadores. Outros achavam que seria possível utilizaressas fontes para recuperar o cotidiano dos trabalhadores,seus valores e formas de conduta. Os seminários de pós-graduação pegavam fogo. Trabalho, lar e botequim é quaseum libelo em defesa da utilização abrangente de processoscriminais em estudos de história social. O livro foi bemsucedido neste sentido, pois outros pesquisadores logodialogaram com seu modo de ler tais documentos. A polê-mica, todavia, era até certo ponto equivocada. Dois ou trêsanos depois, Martha Abreu publicava livro primorosomostrando que com processos judiciais podia-se fazer umae outra coisa, e outros belos estudos se seguiram, culmi-nando com o de Sueann Caulfield, que faz com processosmuito mais do que imaginávamos há 15 ou 20 anos, e ain-da mais, que aparentemente só as geringonças da infor-mática tornaram viáveis.3
Desde a primeira edição deste meu livro, a histo-riografia brasileira mudou muito, diversificou-se, sofis-ticou-se, ampliou horizontes teóricos e apurou o rigor daspesquisas empíricas. A produção acadêmica sobre o Rio deJaneiro, já significativa em meados dos anos 1980, não cansade surpreender em abrangência e qualidade.4 Seria toliceminha tentar “atualizar” o livro para esta segunda edição.Trabalho, lar e botequim continua a ter o seu lugar na sólidatradição da história social marxista, preocupada em descre-ver e interpretar a cultura política dos trabalhadores, es-cravos ou “livres”, homens ou mulheres, integrantes demovimentos sociais organizados ou não, e assim por dian-te. Num país em que o costume acadêmico e político de“coisificar” os trabalhadores — isto é, de imaginar que assuas formas de lidar com as políticas de dominação sãohistoricamente irrelevantes — continua duro de matar,Trabalho, lar e botequim deve estar disponível a quem dese-
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jar lê-lo. Com os anos, corrigi rumos e arrependi-me de umou outro argumento presente no livro. Fiz até uma auto-crítica relativamente detalhada em trabalho posterior (Vi-sões da liberdade). Nunca me afastei, por um minuto sequer,do impulso original de combater produções acadêmicasque, intencionalmente ou não, contam a história do país apartir do mote da desqualificação política dos trabalhado-res, escravos ou não.
Esta nova edição sai então com pouquíssimas emen-das e correções. Todavia, resolvi introduzir material queficara ausente da publicação original devido a exigênciaseditoriais. Há aqui mais fotos encontradas nos processoscriminais, um anexo, lista de fontes e bibliografia. O fato éque nada disso altera a feição do livro. Nem podia ser deoutro modo. Encerro com Machado de Assis, em “adver-tência” ao leitor numa reedição de Helena, ocorrida mui-tos anos após a publicação original:
Ele [o livro] é o mesmo da data em que o compus eimprimi, diverso do que o tempo me fez depois,correspondendo assim ao capítulo da história do meuespírito, naquele ano de 1876.Não me culpeis pelo que lhe achardes romanesco.[...] Agora mesmo, que há tanto me fui a outras ediferentes páginas, ouço um eco remoto ao relerestas, eco de mocidade e fé ingênua. É claro que,em nenhum caso, lhes tiraria a feição passada; cadaobra pertence ao seu tempo.
Machado de Assis explicou-me. Agora posso rasparmandioca, que é ofício leve.
Sidney ChalhoubUNICAMP, abril de 2001
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NOTAS
1 Para uma resenha da produção acadêmica que foi muito influente à épo-ca, ver Maria Célia Paoli, Eder Sáder e Vera da Silva Telles, “Pensando aclasse operária: os trabalhadores sujeitos ao imaginário acadêmico”,Revista Brasileira de História, vol. 3, no 6, set., 1983, pp. 129-49; paraum balanço mais recente, Cláudio H. M. Batalha, “A historiografia daclasse operária no Brasil: trajetória e tendências”, in Marcos Cezar deFreitas (org.), Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Con-texto, Universidade São Francisco, 1998, pp. 145-58.
2 Quanto à escravidão, participei de um esforço coletivo de reinterpretaçãoque resultou na publicação de vários trabalhos importantes a partir demeados dos anos 1980; ver, por exemplo, Célia M. Marinho de Azevedo,Onda negra, medo branco. O negro no imaginário das elites: século XIX.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; Silvia H. Lara, Campos da violência:escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Ja-neiro: Paz e Terra, 1988; João José Reis, Rebelião escrava no Brasil: ahistória do levante dos malês (1835). São Paulo: Brasiliense, 1986, entreoutros. Bastante representativo da produção do período é o número es-pecial, intitulado “Escravidão” e organizado por Silvia Hunold Lara, daRevista Brasileira de História, vol. 8, no 16, mar.-ago., 1988. Minha pró-pria contribuição ao tema é Visões da liberdade: uma história das últimasdécadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
3 Martha de Abreu Esteves, Meninas perdidas: os populares e o cotidiano doamor no Rio de Janeiro da belle époque. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989;
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Sueann Caulfield, Em defesa da honra: moralidade, modernidade e nação noRio de Janeiro (1918-1940). Campinas: Editora da UNICAMP, CECULT, 2000.
4 Três exemplos recentíssimos, da melhor cepa: Martha Abreu, O Impériodo Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830-1900.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999; Maria Clementina Pereira Cu-nha, Ecos da folia: uma história social do carnaval carioca entre 1880 e1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001; Leonardo Affonso deMiranda Pereira, Footballmania: uma história social do futebol no Rio deJaneiro, 1902-1938. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
Para Sandra, como uma declaração de amor;para Beto, que renasceu; para Zé Galego, Paschoal e Júlia,
protagonistas desta história.
SUMÁRIO
PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO ................................................................................................. v
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... 17
Introdução — ZÉ GALEGO, PASCHOAL E JÚLIA ............................................... 23
A vida e a morte de Zé Galego ..................................................................................... 23Zé Galego e seus companheiros na história .............................................................. 42
SOBREVIVENDO... ......................................................................................................................... 59
Inquietações teóricas e objetivos ...................................................................................... 59Trabalhadores e vadios; imigrantes e libertos: a construçãodos mitos e a patologia social .............................................................................................. 64Companheiros de trabalho, desempregados e gatunos .............................. 89Patrão e empregado ................................................................................................................ 114Senhorio e inquilino ................................................................................................................ 131Conclusão — Ambigüidades e paradoxos na experiência devida da classe trabalhadora; o caso dos estivadores ............................... 148
...AMANDO... ................................................................................................................................ 171
Inquietações teóricas e objetivos .................................................................................. 171
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O modelo dominante de relação homem–mulher ....................................... 177Parentes, compadres e amigos ....................................................................................... 184Mulheres trabalhadoras .................................................................................................... 203Mulheres “da gandaia”? .................................................................................................. 211Epílogo ................................................................................................................................................. 240
...“MATANDO O BICHO” E RESISTINDO AOS “MEGANHAS” .......................... 247
Inquietações teóricas e objetivos .................................................................................. 247Lazer e controle social: o dono do botequim e seusfregueses; meganhas e populares ................................................................................ 256Lazer e ritual (I): o surgimento da rixae a preparação do conflito ................................................................................................. 301
O surgimento das rixas na hora do lazere o botequim como “observatório popular” .................... 309A escalada das tensões: o papel do machismo;o significado do desafio ....................................................................... 320
Lazer e ritual (II): a prática do delito e suas seqüelas;o comportamento dos circundantes ........................................................................... 327
Epílogo — A VOLTA DE ZÉ GALEGO E SEUS COMPANHEIROS,OU A REINVENÇÃO DA HISTÓRIA ..................................................................................... 345
Anexo — UM QUARTO NUMA CASA DE CÔMODOS ............................................ 349
FONTES ............................................................................................................................................. 357
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 359
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AGRADECIMENTOS
Uma versão anterior deste livro foi defendida comodissertação de mestrado em história na Universidade FederalFluminense em outubro de 1984. A versão que o leitor temem mãos neste momento está um tanto medicada, mas nãototalmente curada, das bizantinices acadêmicas comuns emtextos dessa natureza.
Encontrei muita gente e acumulei dívidas ao longo docaminho. Lembro inicialmente, com muito carinho e agra-decimento, dos funcionários do Arquivo Nacional, localonde realizei quase toda a pesquisa. Freqüentei assiduamenteo AN durante mais de dois anos, intrometendo-me assimno trabalho cotidiano de pessoas atenciosas como “dona”Dalila, “dona” Yara, “seu” Eliseu e tantos outros. Registroaqui especialmente o meu agradecimento aos funcionáriosanônimos das galerias, rostos sempre vistos em movimentoe de relance, a carregar nos braços quilos e mais quilos depapel velho empoeirado. Sem o trabalho dessas pessoas, eu,como pesquisador, simplesmente não existiria.
Vários amigos me ajudaram e incentivaram de dife-rentes formas. Celeste Guimarães, Hebe Castro, Oswaldo
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Rocha, Rachel Soihet e Sheila Faria estão entre eles. Qua-tro amigos têm sido meus instigadores constantes nos úl-timos anos, e nossas memoráveis conversas amenizaram emmuito a luta solitária e estafante necessária para redigir umtexto como este: Gladys Ribeiro, José Antonio DabdabTrabulsi, Martha Esteves e Silvia Lara.
Tive sorte de contar também com o auxílio de diver-sos professores do curso de mestrado da UFF. O professorVictor Valla leu e comentou o projeto de pesquisa e osegundo capítulo da dissertação. O professor Ciro Cardosoauxiliou na elaboração do projeto de pesquisa, criticoudetalhadamente o texto e incentivou muito a sua publi-cação. As professoras Margarida Neves e Maria Yedda Li-nhares acompanharam a pesquisa desde seu início e, comomembros da banca, leram e debateram comigo todo o tex-to. As críticas e os incentivos que esses professores dedi-cam continuamente ao meu trabalho são para mim motivode orgulho.
Não sei como agradecer ao meu orientador, profes-sor Robert Slenes, mas vou tentar. Primeiro, e mesmo queisto seja um pouco esquisito, obrigado pelo seu profissio-nalismo e competência, pela sua capacidade de indicar quetipo de documento eu precisava explorar, pela sua possibi-lidade de adivinhar sempre que texto eu necessitava ler epela sua habilidade em misturar em doses certas, por algu-ma alquimia que nunca consegui entender, crítica e enco-rajamento. Segundo, obrigado pela paciência e pela ami-zade com as quais me brindou.
Meus familiares agüentaram as variações do meu hu-mor durante quase quatro anos. Minha mãe, Ermelinda, eminha tia, Luzia, fizeram ainda mais que isso: durante o
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período em que estive sobrecarregado com aulas, elas de-cifraram, corrigiram e datilografaram uma boa parte domanuscrito. Sandra suportou meus momentos de ansieda-de e incerteza e, como idéias se fecundam com paixão, elaé a minha cúmplice nas eventuais ousadias do texto.
Agradeço, ainda, à CAPES e à FINEP, que financiaramparcialmente a pesquisa com a concessão de bolsas de es-tudo. Maria Rita Coriolano datilografou a versão final dotexto com interesse.
Finalmente, como forma de último agradecimento atodos, registro que o texto que se segue é resultado não sóde longas e árduas horas de angústia e de trabalho, mastambém de muito prazer e diversão. Cada página foi escritacom muita garra e sentimento, porém estas três, que acabode escrever e que são as últimas, foram as que escrevi commaior emoção.
Rio, janeiro de 1986