Trabalho Fundações
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RELATÓRIO AVALIAÇÃO 3 – MECÂNICA DOS SOLOS IIRESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS
Trabalho apresentado ao curso de graduação de
Engenharia Civil da Universidade Nove de Julho
para a obtenção de nota na disciplina vigente no
atual semestre.
SÃO PAULO
2015
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1. Introdução
Define-se como resistência ao cisalhamento do solo a tensão cisalhante que
ocorre no plano de ruptura no instante da ruptura. A ruptura em si é caracterizada
pela formação de uma superfície de cisalhamento contínua na massa de solo,
existe, portanto, uma camada de solo em torno da superfície de cisalhamento que
perde suas características durante o processo de ruptura, formando assim a zona
cisalhada. Inicialmente há a formação da zona cisalhada e, em seguida, desenvolve-
se a superfície de cisalhamento. Este processo é bem caracterizado, tanto em
ensaios de cisalhamento direto, como nos escorregamentos de taludes.
O cisalhamento do solo, esse que por sua vez é considerado o material de
menor custo e de maior abundancia, além de ser a base para todas as obras de
engenharia civil. Assim, espera-se que este atenda todas as solicitações impostas
com segurança, economia e respeito ao meio ambiente.
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2. Definição e Importância
Os solos, como outros materiais em engenharia, resistem bem às tensões de
compressão, mas tem resistência limitada à tração e ao cisalhamento. De acordo
com Das (2007), pode-se definir que a “resistência interna por área unitária que a
massa de solo pode oferecer para resistir a rupturas e a deslizamentos ao longo de
qualquer plano no seu interior” é a resistência ao cisalhamento. Leonards (1962)
define que tensão de cisalhamento é a tensão de cisalhamento que ocorre na
ruptura sobre o plano de ruptura.
Segundo Simons e Menzies (1981), a resistência cisalhante é a tensão
cisalhante máxima aplicada em uma estrutura do solo na determinada direção.
Quando se atinge o máximo de tensão se considera o rompimento do solo,
mobilizando assim totalmente a resistência do solo. Pinto (2002) complementa
dizendo que a tensão cisalhante máxima que um solo pode suportar sem sofrer
rupturas é a resistência ao cisalhamento que o solo possui.
Cisalhamento é a ruptura dos solos e que geralmente não ocorre através da
tensão de tração. Desta forma, podemos concluir que a capacidade que o solo tem
em suportar cargas depende da resistência ao cisalhamento, conservando assim a
estabilidade do solo.
A ruptura em si é caracterizada pela formação de uma superfície de
cisalhamento contínua na massa de solo, onde há excessivo movimento de
partícula, podendo não mais suportar o acréscimo de cargas. Existe, portanto, uma
camada de solo em torno da superfície de cisalhamento que perde suas
características durante o processo de ruptura, formando assim a zona cisalhada.
Inicialmente há a formação da zona cisalhada e, em seguida, desenvolve-se a
superfície de cisalhamento. Este processo é bem caracterizado, tanto em ensaios de
cisalhamento direto, como nos escorregamentos de taludes. Vale destacar que
quando o solo não apresenta ponto de ruptura, a ruptura é definida a partir de um
máximo de deformação admissível, onde a resistência ao cisalhamento é definida
como a tensão do solo para um nível suficiente de deformação que permite
caracterizar a condição de ruptura.
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3. Mecanismos e Resistências dos Solos
A resistência ao cisalhamento é função de dois componentes: embricamento
e resistência entre partículas (Figura 1).
Figura 1 – Esquema da resistência ao cisalhamento de um solo
3.1 Resistência entre partículas
Mecanismo de Atrito:
A resistência entre partículas pode ser vista por analogia à lei de Coulomb
que define resistência ao deslizamento de um corpo rígido sobre uma superfície
plana.
No momento do deslizamento a tensão tangencial se iguala à resistência ao
cisalhamento; isto é:
τ=τ f=TmaxA
Esta resistência depende da tensão normal e do coeficiente de atrito entre o
corpo e o plano. Em termos de tensões, a lei de Coulomb define uma linha reta e
pode ser escrita como:
Tmax=Wμ=W × tan ϕ ' ou τ f=σ × tan ϕ'
Onde é denominado ângulo de atrito, função do tipo de solo, compacidade,
etc.
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A curva tensão x deformação para esta condição indica um crescimento
crescente das tensões cisalhantes e deformações até se atingir a condição de
ruptura
Mecanismo de Coesão:
No caso dos solos coesivos (argilo minerais) ou cimentados, a presença de
uma ligação entre partículas faz com que o esforço necessário para movimentação
relativa do bloco seja aumentado de uma parcela que independe da tensão normal
(Figura 21); denominada coesão, isto é (H/Área) , neste caso a equação
englobando os dois mecanismos fica escrita como:
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Embricamento ou “Interlocking”:
O embricamento é definido com o trabalho necessário para movimentar a
partícula ascendentemente. No caso do solo fofo os grãos movimentam-se
horizontalmente, sendo mobilizada a resistência entre grãos. Já no caso do solo
denso existe um trabalho adicional para superar o embricamento entre partículas,
causando necessariamente uma expansão volumétrica durante o cisalhamento
(dilatância). Assim, quanto mais denso for o solo, maior a parcela de interlocking e,
consequentemente, maior a resistência do solo, ou seja, quanto mais adensado for o
solo, menores são as chances de ocorrer o cisalhamento.
4. Critérios de Ruptura
O Critério de Mohr e o Critério de Coulomb
Os Critérios de rupturas existem para entender as condições em que ocorrem
a ruptura dos materiais. Pinto (2002) menciona dois critérios de ruptura: o critério de
Mohr e o critério de Coulomb. O primeiro diz que um material não se rompe devido à
máxima tensão normal ou de cisalhamento isolados, mas sim da combinação entre
tensão normal e de cisalhamento (Das, 2007). Pinto (2002) complementa dizendo
que não existe ruptura enquanto o círculo representativo do estado das tensões não
encostar-se à curva que representa a envoltória dos círculos referentes a estados de
rupturas já analisados.
Coulomb estabelece que não existe ruptura se a tensão cisalhante não
exceder um determinado valor, valor esse obtido na parcela corresponde ao
intercepto coesivo, somada ao produto do coeficiente de atrito (ƒ) pela tensão
normal () existente no plano de cisalhamento, desta forma obtemos a seguinte
equação:
>ƒ+c´., sendo ƒ = tg. ´
Normalmente se utiliza na Mecânica dos Solos a expressão Mohr-Coulomb,
ocorre quando é feita uma reta sobre a envoltória de Mohr, sendo assim o critério de
resistência de Mohr semelhante ao de Coulomb.
5. Ensaio para Avaliação da Resistência ao Cisalhamento
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Tendo em vista reproduzir diferentes condições de solicitação existente nos
solos que se encontram na prática, os ensaios de cisalhamento se classificam em:
Ensaio lento ou com drenagem (CD)
Ensaio rápido ou sem drenagem (QU/UU)
Ensaio rápido com pré-adensamento (CU)
Esses ensaios podem se realizados através de técnicas diferentes:
Cisalhamento direto
Consiste em determinar sob uma tensão normal qual a tensão de
cisalhamento capaz de provocar ruptura de uma amostra de solo colocada dentro de
uma caixa composta de duas partes deslocáveis entre si. Duas pedras porosas, uma
superior e outra inferior, permitirão a drenagem da amostra, quando esta for a
técnica de ensaio usada.
O ensaio pode ser executado sob tensão controlada ou sob deformação
controlada.
Repetindo-se o ensaio para outros corpos de prova obtêm-se um conjunto de
pares de valores para determinação do gráfico contendo a envoltório de resistência.
Cisalhamento triaxial
Os testes triaxiais são realizados para estudar a resistência do solo. São mais
perfeitos que os ensaios de cisalhamento direto e os mais usados. São realizados
em aparelhos especiais, constituídos por uma câmara cilíndrica de parede
transparente, no interior da qual se coloca a amostra, envolvida por uma membrana
de borracha muito delgada . A câmara cilíndrica é cheia de água deaerada. A
amostra é submetida à pressão da água e cargas axiais adicionais são aplicadas a
seus extremos através de um pistão. Esta carga é aumentada até que a amostra se
rompa. Em cada teste 3 ou mais corpos são ensaiados cada um sob diferentes
pressões do fluido.
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A tensão total é medida através de ensaios rápidos ou sem drenagem, em
que a pressão da água não é medida ou um pouco mais lentos para que a pressão
possa ser medida. A medição da Tensão efetiva exige um ensaio mais complexo em
que diversos parâmetros podem ser avaliados. São os ensaios lentos, com
drenagem – aplicáveis a areias e argilas. Em geral,o corpo de prova é adensado
antes de ser submetido a ruptura.
Determinando-se pares de tensões correspondentes a rupturas de diversos
corpos de prova ensaiados (3 ou 4 cp’s) , traçam-se os respectivos círculos de Mohr.
Em seguida, é realizado o traçados da reta envoltória desses círculos, definindo-se à
reta de Coulomb.
Ensaio triaxial dinâmico: cíclico ou de resiliência
Os ensaios triaxiais ditos dinâmicos podem ser subdivididos entre triaxial
cíclico ou odestinado à determinação do módulo de resiliência. Nestes ensaios a
força aplicada atua sempre no mesmo sentido de compressão, de um valor zero até
um máximo, voltando a anular-se ou atingir um valor mínimo definido para voltar a
atuar, de maneira a reproduzir as condições de campo em duas situações distintas:
em um elemento de solo submetido a um carga cíclica como as geradas por ondas,
ventos e até terremotos (triaxial cíclico) ou em um elemento de solo submetido a
carregamento repetido como, por exemplo, pela passagem de rodas de veículos de
leitos estradais ( ensaio de resiliência)
Ensaio de compressão simples
Trata-se de um caso especial de compressão triaxial quando a tensão de
confinamento é giual a pressão atmosférica . É semelhante ao rompimento de
corpos de prova de concreto, mas com uma carga bem menor. A amostra cilíndrica
é colocada entre 2 pratos de uma prensa. A carga é aplicada progressivamente,
sendo a curva tensão x deformação traçada diretamente por um dispositivo
adaptado ao aparelho utilizado para este ensaio.
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6. Círculo de Mohr
O círculo de Mohr, denominado em memória de seu idealizador, Christian
Otto Mohr, é um método gráfico bidimensional representativo da lei de
transformação do tensor tensão de Cauchy.
Após realizar uma análise de tensões em um corpo material assumido como
um meio contínuo, as componentes do tensor tensão de Cauchy em um
determinado ponto do corpo são conhecidas em relação a um sistema de
coordenadas. O círculo de Mohr é então usado para determinar graficamente as
componentes de tensão em relação a um sistema rotacionado, isto é, agindo sobre
um plano de orientação diferente passando sobre o ponto.
A abscissa e a ordenada de cada ponto do círculo são as magnitudes
da tensão normal e da tensão cisalhante atuando sobre um sistema de coordenadas
rotacionado. Em outras palavras, o círculo é o locus dos pontos que representam o
estado de tensão sobre planos individuais em todas as suas orientações, onde os
eixos representam os eixos principais dos elemento de tensão.
Karl Culmann foi o primeiro a conceber uma representação gráfica para
tensões, considerando tensões normais e cisalhantes em vigas horizontais sob
flexão. A contribuição de Mohr estendeu o uso desta representação para estados de
tensão bi e tridimensional e desenvolveu um critério de falha baseado sobre o
círculo de tensão.
O círculo de Mohr pode ser aplicado a qualquer matriz simétrica 2x2, incluindo
os tensores deformação e momento de inércia.
7. Resistência das Areias
Para definir a resistência das areias deve se considerar o seus dois estados:
Areia fofa
O corpo de prova de areia fofa apresenta uma tensão desviadora que cresce
lentamente conforme o carregamento axial vai deformando o mesmo, que atinge
valores máximos somente para deformações relativamente altas, da ordem de 6 a
8%. Os ensaios também são realizados com tensões confiantes diferentes que
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apresentam gráficos com curvas de mesmo aspecto, podendo se então afirmar que
as tensões são proporcionais a tensão confiante do ensaio. A resistência da areia
fica definida pelo ângulo de atrito interno efetivo traçado nos círculos de Mohr, pela
dificuldade de se moldar corpos de prova de areia seca ou saturada.
Areia compacta
Neste caso os ensaios mostram que a tensão desviadora cresce muito mais
rapidamente com as deformações até atingir um valor máximo, sendo este valor
considerado como a resistência máxima ou resistência de pico. Nota-se por outro
lado, que atingida esta resistência máxima, ao continuar a deformação do corpo de
prova, a tensão desviadora decresce lentamente até se estabilizar em torno de um
valor que é definido como a resistência residual.
Os círculos representativos do estado de tensões máximas definem a
envoltória de resistência. Como, em primeira aproximação, as resistências de pico
são proporcionais as tensões de confinamento dos ensaios, a envoltória a estes
círculos é uma reta que passa pela origem, e a resistência de pico das areias
compactas se expressa pelo ângulo de atrito interno correspondente.
A tabela abaixo mostra valores típicos de ângulo de resistência:
MATERIAL COMPACTO MEDIANAMENTO COMPACTOSilte 30º - 34º 28º - 32º
Areia fina uniforme 32º - 36º 30º - 34º
Areia bem graduada 38º - 46º 34º - 40º
Mistura de areia e
pedregulho
40º - 48º 36º - 42º
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8. Resistências das Argilas
Para determinar a resistência da argila é preciso conhecer o histórico do solo,
se a mesma é normalmente adensada ou pré-adensada, essas condições
diferenciam o quanto a resistência da argila pode variar. Segundo (Cezar Bastos)
comportamento tensão deformação e de resistência de uma argila depende da
situação relativa da tensão confinante frente a sua tensão de pré-adensamento.
Há duas condições de ensaio para as argilas, drenada e não drenada. Na
primeira analisa-se a tensão efetiva, já que o ensaio é lento e a poropressão é
praticamente nula. Na segunda, obtêm-se a tensão total, devido a rapidez do ensaio.
A resistência de uma argila depende do índice de vazios em que ela se
encontra, que é fruto das tensões atuais e passadas, e da estrutura da argila.
Como conclusão temos que uma argila, no estado natural, sempre apresenta
uma tensão de pré-adensamento. Portanto ao ser submetida a ensaios de
compressão triaxial, alguns ensaios poderão ser feitos com tensões confinantes
abaixo e outros com tensões confinantes acima da tensão de pré-adensamento. O
resultado final é aquele indicado na figura 5. 23(h). A envoltória de resistência é uma
curva até a tensão de pré- adensamento, e uma reta, cujo prolongamento passa
pela origem, acima desta tensão. Não sendo prático se trabalhar com envoltórias
curvas, costumasse substituir o trecho curvo da envoltória por uma reta que melhor
a represente. Há, naturalmente, várias retas possíveis, devendo-se procurar a reta
que melhor se ajuste a envoltória, no nível das tensões do problema prático que se
estiver estudando.
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9. CONCLUSÃO
Pode-se dizer então que o estudo do solo é fundamental para se obter um
conhecimento profundo a seu respeito, pois usando de métodos técnicos para
estudo de amostra do mesmo, como ensaios geotécnicos, onde esses ensaios
permitem o conhecimento de sua resistência de cisalhamento, tração e compressão
do solo amostrado.
Levando em conta que a argila e a areia possuem uma boa resistência a
compressão, sabe-se no entanto que a tração e o cisalhamento tem baixa
resistência. Desta forma, esses ensaios geotécnicos na maioria das vezes são
voltados para a análise da resistência a cisalhamento e tração, para que possa ser
feito uma boa adequação do solo que será utilizado futuramente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de 2015, 22h53
GERSCOVICH, Denise M. S. Resistência ao Cisalhamento. Disponível em
<http://www.eng.uerj.br/~denise/pdf/resistenciacisalhamento.pdf> Acesso em 10 de
Junho de 2015, 22h57
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PETRONI, M.A. Resistência ao cisalhamento das areias: efeito da natureza do grão e da compacidade. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
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DAS, Braja M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. Tradução 6ª edição
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PINTO, Carlos de Souza. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 2ª edição, São
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LEONARDS, G.A. Fundation Engineering. New York: McGraw-Hill Education,
1962. 1146